SINDSEP apoia greve da educação

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Manifesto do SINDSEP em apoio à greve da educação

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Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias

do Município de São Paulo

Tel.: (11) 2129 2999 - Abril de 2012www.sindsep-sp.org.br

A decisão do TJ de São Paulo, no último dia 26, de proibir férias e recessos em CEIs e EMEIs irritou

muito os profissionais da educação infantil. A revolta parece ter sido mais sentida nos CEIs. Isso porque a conquista de direitos garantidos pela Constituição desde 1988 não se refletiu no dia-a-dia das creches, e o seu reconhecimento como primeira etapa da educação básica tem dependido de uma luta permanente nas últimas décadas. Demoramos muito para garantir o direito das férias coletivas nos CEIs e o recesso em dezembro. Sequer conquistamos o recesso em julho como há tempos acontece nas EMEIs. E qualquer um acha que pode definir o que o professor da primeira infância faz. O ataque assistencialista dos desembargado-res foi fruto de quem nem se importou com a defesa feita pelos sindicatos e governo, e talvez, de quem sequer leu a posição do Conselho Nacional a favor das férias coletivas.

Foi um ataque de puro preconceito. Preconceito con-tra a população que usa creche, contra as crianças que lá frequentam e contra o trabalhador da educação infan-til. Cuidadores, limpadores ou sabe lá o que pensam es-ses representantes da elite, que se julgam aplicadores da justiça, é assim que o profissional da educação infantil é visto por eles e por boa parte da sociedade. Em um país de herança escravocrata, educar e cuidar dos pequenos é tarefa de menos valor, que deve ser mal paga e não tem uso intelectual, assim o pensam. É pelo mesmo motivo que demoramos para ter horário coletivo e que não é cumprida a lei do piso que garante 1/3 da jornada para atividades extraclasse. É por isso que o tempo de ADI não serve para nada, nem para evoluir, nem para aposen-tar. Roubam-nos nossa história e por isso, nossa identi-dade. E cada vez que tentam nos reinventar como apenas “aqueles que cuidam de crianças”, cada vez que tentam reduzir o significado do cuidar e educar bebês, sempre que ridicularizam nossa história, matam nossa infância de hoje e atrasam o desenvolvimento do país no amanhã.

A mobilização dos professores no dia 28 foi marcada por essa angústia e revolta. Algo que não estava em pauta passou a permear e protagonizar o coro de reivindicações. A greve marcada para 02 de abril é fruto dessa raiva e alimentou a vontade de luta. No ano passado o governo enrolou com a história de que ia entrar na justiça. O Sindsep per-guntava há um ano: “E se perdermos?” Há recurso jurídico para ser julgado sim, mas

isso mantém a mesma pergunta. O que o governo ainda não respondeu, com certeza, cabe dizer agora. O parecer do Conselho Nacional de Educação deixou clara a diferença entre direito à educação infantil e atendimento à infância. Mas ambos são responsabilidades do poder público. Não cabe aos professores e gestores educacionais resolverem o problema que o governo empurrou para a sociedade e que a justiça devolveu. Atender a infância em janeiro, julho e dezembro, é tarefa que cabe à administração compartilhar com os setores da assistência social, cultura, esportes e la-zer. Essa é a resposta que deve o governo Kassab garantir mediante a greve decretada.

O Sindsep e seus dirigentes têm sido constantemen-te procurados para opinar sobre a greve da educação. É claro que apoiamos a greve, mesmo que não tenha sido iniciada por nosso sindicato. Afinal, o governo não deu uma resposta sequer. Nem para as questões salariais da carreira da educação nem para a integração dos Agen-tes de Apoio e AGPPs prometida nas negociações com o Sindsep. Apesar desses motivos já serem o bastante para justificar nosso apoio, há mais. Nosso sindicato nasceu há 25 anos da unidade de várias associações. Uma das mais importantes nessa luta foi a dos profissionais de creche e da assistência social. Vivemos essa história, trouxemos esses profissionais para a educação. E lá brigamos cons-tantemente, todos os dias, contra o desrespeito com que são tratados Agentes de Apoio, ADIs e PEIs, por conta de sua origem e que é a mesma que a nossa. Impossível não apoiar e não ajudar na cobrança dessas respostas. Já!

MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DE APOIO À GREVE DA EDUCAÇÃO

Sem férias

coletivas? E agora?