SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

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SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO Marcus Vinicius Dalla Stella Corrêa Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc. Prof. Max Suell Dutra, Dr.Ing. Rio de Janeiro Fevereiro de 2014

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SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO

Marcus Vinicius Dalla Stella Corrêa

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Mecânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientadores:

Prof. Armando Carlos de Pina Filho, D.Sc.

Prof. Max Suell Dutra, Dr.Ing.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2014

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Corrêa, Marcus Vinicius Dalla Stella

Sistema Automático para Corte de Cabos de Aço/

Marcus Vinicius Dalla Stella Corrêa. – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.

xi, 62 p.; 29,7 cm

Orientadores: Armando Carlos de Pina Filho, Max

Suell Dutra.

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Mecânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 59-61

1. Cabos de Aço. 2. Mecanismo de Corte. 3. Sistema

Hidráulico. 4. Projeto Mecânico. 5. Desenho Técnico. I.

Pina Filho, Armando Carlos de. Dutra, Max Suell II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a Deus por ter me abençoado com uma família

maravilhosa que sempre me deu estrutura, apoio, carinho e amor e que serviu de base

pra minha caminhada até aqui. Um pai e uma mãe que sempre me apoiaram, não

deixando que nada me faltasse, estando sempre ao meu lado independentemente das

dificuldades que passaram, sem nunca me deixar saber o que é ter dificuldade. Dando-

me estrutura e suporte pra que eu não me preocupasse com mais nada além de focar nos

estudos e ser uma boa pessoa. E um irmão caçula que apesar de todo o trabalho, sempre

foi um grande companheiro, um amigo, dando total sentido à palavra irmão.

Aproveito também para agradecer à instituição de ensino UFRJ que através de

suas oportunidades como o projeto de extensão Fluxo Consultoria Empresa Junior de

Engenharia, contribuiu muito para a minha formação profissional. Agradeço ao corpo

docente que me ensinou, guiou e orientou ao mesmo tempo de forma dura e quase

paternal. Um grande exemplo é meu professor orientador que desde o inicio abraçou a

ideia do projeto se fazendo muito presente em todas as etapas, orientando, guiando e

apoiando.

Agradeço aos amigos que compartilharam horas de estudos maçantes e

engraçadas, que estiveram o tempo todo comigo nessa jornada e que também considero

uma benção. São os irmãos que eu pude escolher.

Agradeço a Deus mais uma vez por colocar na minha vida pessoas maravilhosas

que sempre fizeram, fazem e farão muita diferença. Colocando em minha vida uma

pessoa muito especial, que me acompanhou desde o inicio do projeto, na escolha do

tema até a entrega do último desenho, sempre ao meu lado me apoiando com o maior

carinho e paciência e que fez muita diferença, tornando essa caminhada muito mais

fácil, sendo uma companheira em todos os momentos.

Por fim, dedico este trabalho a uma pessoa, que apesar de não estar mais

conosco fisicamente, nunca deixou de habitar nossos corações. Deus me abençoou com

uma avó que não existe igual, uma pessoa maravilhosa que sempre trouxe felicidade ao

meu coração, uma pessoa que eu sempre soube que poderia contar tudo e para tudo, ela

sempre foi uma segunda mãe, um segundo pai, sempre foi motivo de muitas

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gargalhadas e sempre esteve do nosso lado. Sei que onde está agora é maravilhoso e que

nunca deixará de olhar por nós, assim como sempre estaremos pensando nela. Nona,

esse trabalho é dedicado a você.

Todos os desenhos foram feitos no programa TopSolid 7, da Missler Software,

que concedeu um treinamento e uma licença totalmente gratuita e por isso cabe aqui

também um agradecimento a Missler Software.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO

Marcus Vinicius Dalla Stella Corrêa

Fevereiro/2014

Orientadores: Armando Carlos de Pina Filho, Max Suell Dutra

Curso: Engenharia Mecânica

O projeto do sistema automático para corte de cabos de aço surgiu de uma real

necessidade do mercado. Este sistema consiste em uma ferramenta que usa a força

gerada por um cilindro hidráulico para cortar um cabo de aço. Na fase inicial, foram

feitos estudos a fim de entender os cabos de aço e a melhor forma de cortá-los. O

guilhotinamento se mostrou a melhor forma, proporcionando um corte rápido e que não

danificaria o cabo. Além disso, foi também identificada a necessidade do uso de uma

bandagem, e uma lâmina com perfil circular, para não haver o esmagamento do cabo de

aço. Em seguida, foram analisadas as teorias de corte e selecionada a mais adequada

para o modelo adotado, que aproxima os cabos de aço para uma barra de aço. Seguindo

o critério de von Mises permitiu-se encontrar a força necessária para cortar um cabo

com bitola fixa de 1” (25mm). Em posse destas informações, foi dimensionado todo

mecanismo de corte e o sistema hidráulico, incluindo a especificação de uma bomba de

acionamento do cilindro hidráulico e demais itens pertinentes ao projeto. Por fim, foi

feita toda documentação gráfica do projeto: desenhos de montagem e peças. Todo o

sistema foi projetado para realizar a tarefa específica de corte dos cabos de forma

rápida, ergonômica e segura.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

AUTOMATED SYSTEM FOR CUTTING STEEL CABLES

Marcus Vinicius Dalla Stella Corrêa

February/2014

Advisors: Armando Carlos de Pina Filho, Max Suell Dutra

Course: Mechanical Engineering

The design of the automated system for cutting steel cables came from a real

need in the market. This system consists of a tool that uses the force generated by a

hydraulic cylinder to cut a steel cable. In the initial phase, studies were done in order to

understand the SWR and the best way to cut them. The trimming proved be the best

way, providing a quick cut and that would not damage the cable. Furthermore, it was

also identified the need to use a bandage, and a blade with circular profile, to avoid

crushing the steel cable. Then we analyzed the theories of cutting and selected the most

suitable for the adopted model, which approximates the SWR to a steel bar. The von

Misses criterion allowed finding the strength to cut a cable with fixed gauge 1" (25mm).

From this information, the cutting mechanism and hydraulics has been designed,

including specifying a pump to drive the hydraulic cylinder and other items relevant to

the project. Finally, all graphic documentation of the project was made: assembly

drawings and parts. The entire system was designed to perform a specific task for

cutting cables with quick, safe and ergonomic way.

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Índice:

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. Sistemas de Corte ............................................................................................... 1

1.2. Motivação .......................................................................................................... 1

1.3. Objetivos do Projeto .......................................................................................... 2

1.4. Escopo do Projeto .............................................................................................. 2

1.5. Requisitos e Restrições do Sistema ................................................................... 3

1.6. Organização do Projeto ...................................................................................... 4

2. CABOS DE AÇO ...................................................................................................... 6

2.1. Histórico ............................................................................................................. 6

2.2. Características Físicas e de Fabricação .............................................................. 7

2.3. Composição ....................................................................................................... 8

2.3.1 Alma (Núcleo) ........................................................................................ 10

2.3.2 Pernas ...................................................................................................... 11

2.3.3 Arame ..................................................................................................... 11

2.4. Propriedades dos Cabos de Aço ....................................................................... 12

2.4.1 Diâmetro ................................................................................................. 12

2.4.2 Especificação .......................................................................................... 13

2.4.2.1 Nomenclatura e Simbologia ..................................................... 13

2.4.2.2 Classificação e Relçações para Seleção ................................... 13

2.4.3 Análises de Carregamento ....................................................................... 15

2.4.3.1 Tração Simples Estática ........................................................... 15

2.4.3.2 Tração Dinâmica - Carga sendo acelerada ............................... 16

2.4.3.3 Tensão de Flexão - Dobramento em polia ............................... 17

2.4.3.4 Fadiga ....................................................................................... 18

2.4.3.5 Alongamento ............................................................................ 19

2.5. Dimensionamento ............................................................................................ 19

2.6. Manutenção ...................................................................................................... 21

2.7. Cuidados com o Corte ...................................................................................... 23

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3. MECANISMO DE CORTE .................................................................................... 26

3.1. Análise por Resistência dos Materiais ............................................................. 26

3.1.1 Critério de Von Mises ............................................................................. 28

3.1.2 Critério de Tresca ................................................................................... 29

3.1.3 Determinação da Força de Corte ............................................................ 29

3.2. Análise por Processo de Conformação ............................................................ 30

3.2.1 Angulação (rake angle) ........................................................................... 32

3.2.2 Folga (clearance) .................................................................................... 33

3.2.3 Determinação da Força de Corte ............................................................ 34

3.3. Análises Matemáticas ...................................................................................... 35

3.3.1 Modelo Adotado ..................................................................................... 35

3.3.2 Cálculos para Definição da Força de Corte ............................................ 35

3.4. Lâmina de Corte ................................................................................................ 37

4. SISTEMA HIDRÁULICO ...................................................................................... 40

4.1. Princípios Físicos ............................................................................................. 40

4.2. Atuadores Hidráulicos ..................................................................................... 42

4.2.1 Tipos de Cilindro .................................................................................... 42

4.2.2 Características Construtivas e de Operação ............................................ 43

4.2.3 Especificação do Fluido .......................................................................... 45

4.3. Guilhotinas Hidráulicas ................................................................................... 45

4.4. Dimensionamento do Cilindro ......................................................................... 46

4.4.1 Modelo e Condições de Contorno .......................................................... 46

4.4.2 Cálculos .................................................................................................. 47

4.4.2.1 Pressão necessária e Diâmetro do Êmbolo .............................. 47

4.4.2.2 Comprimento do Curso e Capacidade de Óleo ........................ 50

4.4.2.3 Espessura do Cilindro .............................................................. 51

4.5. Seleção da Bomba Hidráulica .......................................................................... 52

4.5.1 Cálculo da Velocidade de Corte ............................................................. 53

4.6. Acessórios ........................................................................................................ 54

4.6.1 Válvula .................................................................................................... 54

4.6.2 Mangueiras ............................................................................................. 55

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5. DOCUMENTAÇÃO GRÁFICA DO PROJETO ................................................... 56

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 57

6.1. Trabalhos Futuros ............................................................................................ 58

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 59

ANEXO – DESENHOS DE MONTAGEM E PEÇAS

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Lista de Figuras:

Figura 1 - Evolução dos cabos de aço no Brasil .............................................................. 7

Figura 2 - Composição dos Cabos de Aço ....................................................................... 9

Figura 3 - Formas de torção .............................................................................................. 9

Figura 4 - Classificação dos cabos quanto a torção ....................................................... 10

Figura 5 - Forma de medição do diâmetro ..................................................................... 12

Figura 6 - Tração Simples Estática ................................................................................ 16

Figura 7 - Tração Dinâmica ........................................................................................... 16

Figura 8 - Fadiga ............................................................................................................ 18

Figura 9 - Cuidados com o manuseio: (a) estrangulamento e (b) consequência do

estrangulamento ............................................................................................................. 21

Figura 10 - Cuidados com o manuseio: (a) mesa giratória e (b) apoio por cavaletes .... 22

Figura 11 - Gripagem - método 1 . ................................................................................. 23

Figura 12 - Gripagem - método 2 .................................................................................. 23

Figura 13 - Aplicação de banda ..................................................................................... 24

Figura 14 - Rebite submetido ao esforço de cisalhamento ............................................ 26

Figura 15 - Diagrama de Tensão x Deformação ............................................................ 27

Figura 16 - Processo de corte de chapas ........................................................................ 30

Figura 17 - Etapas do Processo de Corte ....................................................................... 31

Figura 18 - Regiões formadas pelo corte ....................................................................... 31

Figura 19 - (a) Corte em guilhotina e (b) corte em tesoura ........................................... 32

Figura 20 - (a) Folga muito pequena e (b) folga muito grande ...................................... 33

Figura 21 - Força transmitida por um fluido .................................................................. 40

Figura 22 - Prensa Hidráulica ........................................................................................ 41

Figura 23 - Representação da Lei de Stevin .................................................................. 41

Figura 24 - Cilindro de Simples ação e retorno por carga .............................................. 42

Figura 25 - Cilindro de Simples ação e retorno por mola ............................................. 43

Figura 26 - Cilindro de Dupla ação ............................................................................... 43

Figura 27 - Componentes de um cilindro hidráulico ..................................................... 43

Figura 28 - Modelo adotado: cilindro de dupla ação ..................................................... 46

Figura 29 - Sistema hidráulico ....................................................................................... 47

Figura 30 - Tensões em Vasos de Pressão Cilindricos .................................................. 51

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Figura 31 - Propriedades da Bomba selecionada ........................................................... 54

Figura 32 - Avanço e Retorno da Válvula de 4 vias ...................................................... 54

Figura 33 - Alternativas de montagem da Válvula de 4 vias ........................................ 55

Figura 34 - Tipos de Conexões das mangueiras ............................................................ 55

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Lista de Tabelas:

Tabela 1 - Tolerâncias recomendadas para cabos de aço .............................................. 12

Tabela 2 - Simbologia para cabos de aço ....................................................................... 13

Tabela 3 - Resistência à tração para cabos de aço .......................................................... 14

Tabela 4 - Resistência dos arames ................................................................................. 15

Tabela 5 - Coeficientes de segurança recomendados por fabricantes ............................ 20

Tabela 6 - Sugestão de diâmetro para fios de arame para gripagem .............................. 24

Tabela 7 - Propriedade dos materiais, relacionando cisalhamento com tração .............. 28

Tabela 8 - Valores para a constante de folga Ac ............................................................ 34

Tabela 9 - Seleção do ângulo de afiação da lâmina ....................................................... 38

Tabela 10 - Seleção do material da lâmina .................................................................... 38

Tabela 11 - Propriedades dos Materiais ......................................................................... 48

Tabela 102 - Propriedades Físicas do Teflon ................................................................. 49

Tabela 13 - Seleção de Bombas ...................................................................................... 53

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Sistemas de Corte

Atualmente, dentre as ferramentas mais comuns para o corte de aço,

estão as tesouras manuais (ou alicates), guilhotinas pneumáticas e alguns poucos

mecanismos automáticos.

Muitas empresas que fabricam derivados dos cabos de aço, como

eslingas, cintas para elevação de cargas e até mesmo os próprios cabos, precisam

cortá-los em algum momento de seu processo.

Para se projetar um sistema que corte cabos de aço é preciso entendê-los

muito bem, visto que são elementos mecânicos muito complexos e de

características estruturais únicas.

A seguir apresentam-se os principais motivos pelos quais esse tema será

o foco deste trabalho e uma breve introdução.

1.2. Motivação

Este projeto final é resultado de uma necessidade real do mercado de

produção e comercialização de cabos de aço.

A Fluxo Consultoria, empresa Junior de consultoria em Engenharia da

UFRJ, recebeu a solicitação de uma empresa, BRASCABO, para que fosse feito

o projeto de uma máquina que pudesse cortar cabos de aço. Com o objetivo de

sanar a necessidade exposta acima, foi feito o projeto que é descrito neste

documento.

A BRASCABO atua na prestação de serviços de ensaios mecânicos,

ensaios não destrutivos e na fabricação de eslingas. A empresa comercializa

cabos de aço e seus acessórios, também cintas para elevação e fixação de cargas.

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Para manter a qualidade de seus serviços a BRASCABO se baseia no Sistema de

Gestão de Qualidade certificado pela DNV e atendendo a norma ISO 9001.

A etapa de corte da linha de produção das eslingas de aço consiste nas

tarefas de desenrolar o cabo de uma bobina, esticá-lo na medida escolhida e por

fim cortá-lo. Todo o trabalho é feito de forma manual pelos funcionários, o que

torna a produção bastante lenta, pouco ergonômica, passível de falhas e sem a

segurança necessária. Esta situação configura a necessidade real de um

mecanismo que faça a etapa, de forma rápida, ergonômica e segura.

1.3. Objetivos do Projeto

O objetivo geral do projeto consiste em conceber um sistema automático

para corte de cabos de aço, respeitando as normas de segurança, pensando em

sua viabilidade econômica e usando o menor espaço possível.

Como objetivos específicos destacam-se: o estudo de cabos de aço, o

estudo das teorias de corte, o estudo do sistema hidráulico que fornecerá a força

necessária para o corte, e a elaboração da documentação gráfica de projeto,

incluindo os desenhos técnicos para fabricação de peças e manual de montagem

do sistema.

1.4. Escopo do Projeto

O escopo do projeto inclui as etapas descritas a seguir, com uma breve

descrição de cada uma delas.

Levantamento e análise das possibilidades: será realizado o levantamento das

possibilidades que podem satisfazer a necessidade do projeto. A partir disso,

serão analisadas as vantagens e desvantagens de cada opção, levando em

consideração a coleta de dados realizada no pré-projeto, as necessidades e

escolhas do cliente.

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Pesquisa de equipamentos: será feita com intuito de identificar componentes

que possam ser comprados prontos e aqueles que deverão ser projetados.

Análises matemáticas: serão levantadas as teorias matemáticas mais adequadas

para a formulação de modelos que transmitam a realidade, além da elaboração

dos cálculos para dimensionamento de peças, sistemas e acessórios.

Estudo dos cabos de aço: serão estudados a fundo, a fim de se ter maior

conhecimento sobre como devem ser tratados, não só na fase de corte, como

manutenção, armazenamento e tudo o que for pertinente. Tendo todo esse

conhecimento em mãos, pode-se analisar a melhor forma de corte e a força

necessária para tal.

Mecanismo de corte: será estudado e escolhido o sistema de corte ideal para

compor o mecanismo, baseado na força necessária para o corte dos cabos e no

que já é utilizado pelo mercado.

Sistema hidráulico: será definido o sistema hidráulico necessário para fornecer

a força ao mecanismo de corte, possibilitando a realização da operação de corte.

Desenhos técnicos e guia de montagem: serão feitos todos os desenhos

técnicos relativos às peças e sistemas que compõem o projeto, bem como sua

sequência de montagem.

1.5. Requisitos e Restrições do Sistema

Alguns requisitos são importantes para o desenvolvimento adequado do

projeto, dentre eles destacam-se o fato da máquina ser projetada visando as

questões ergonômicas do funcionário, apresentando um desempenho que supere

o procedimento atual feito de forma manual e assim, proporcionar melhores

condições de trabalho.

A máquina possuirá o menor tamanho e peso possível, sendo projetada

visando sempre a segurança de seus operadores. Deve possibilitar o corte de

cabos de aço de até 10 metros de comprimento com bitola entre ¼ e 1 polegada.

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Além disso, a máquina será projetada pensando-se no conforto acústico e

higiênico do ambiente de trabalho, o qual terá sistemas que possam suprir

necessidades hidráulicas, pneumáticas e elétricas da máquina.

Esse projeto não inclui o estudo de componentes/produtos/equipamentos

no mercado internacional, para evitar a compra de produtos importados, que são

mais caros e não interessantes, em termos de custo/benefício para o projeto.

Também não será apresentada nenhuma análise econômica, pois o

projeto não conterá nenhum produto, material ou qualquer outro componente

que seja difícil de ser encontrado ou tenha como característica intrínseca o alto

valor agregado.

1.6. Organização do Projeto

Este trabalho pretende estudar um assunto que é pouco abordado nas

literaturas e visa entender como se pode cortar um cabo de aço da melhor forma

possível, no que tange a economia de tempo, ergonomia e segurança.

Após uma breve introdução (Capítulo 1), em um primeiro momento, o

foco foi o estudo dos cabos de aço, apresentado no Capítulo 2. Foi visto que o

maior entendimento possível deste elemento agregaria muito ao projeto. Para

isso, eles foram estudados a fundo, para entender como tratá-los, mantê-los,

armazená-los, e quais seriam os cuidados necessários para realização do corte.

Levando em consideração o conhecimento primordial sobre cabos de

aço, no Capítulo 3 foi estudado o mecanismo de corte, projetado a partir do

cálculo da força requerida para o corte, a qual foi definida pelo estudo de

critérios de resistência e conformação.

O Capítulo 4 consiste na definição do sistema hidráulico, incluindo o

projeto de um cilindro de dupla ação, determinação da bomba, válvulas, etc.

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Uma breve apresentação da documentação gráfica do projeto, que inclui

o detalhamento técnico de peças e sistemas, bem como o guia para sua

montagem, é apresentado no Capítulo 5.

Por fim, as principais conclusões e possibilidades de trabalhos futuros

podem ser vistas no Capítulo 6, enquanto que o Capítulo 7 apresenta as

referências bibliográficas utilizadas para realização do projeto.

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2. CABOS DE AÇO

2.1. Histórico

Há quase 180 anos surgiu a necessidade de substituir as correntes usadas

nas minas de carvão por algum elemento mais leve, pois a profundidade destas

minas de carvão só aumentava e, com isso, o peso das correntes ia se tornando

inviável.

Foi então que em 1834, Wilhelm August Julius Albert desenvolveu a

ideia de trançar arames, fios de aço. Cada conjunto desses fios forma uma

“perna” e o trancamento dessas pernas forma então o cabo de aço. O primeiro

cabo tinha 4 arames sem alma em cada perna e um total de 3 pernas, o que hoje

seria chamado de um 3x4 compacto.

Os arames eram mais grossos que os atuais, tinham aproximadamente

3,5mm de diâmetro e uma resistência à tração de 520N/mm². Se comparados aos

cabos de hoje seriam considerados fracos, mas cumpriam a função a qual foram

designados e substituíam bem as correntes. Outra característica a ser ressaltada é

que os arames e as pernas eram torcidos para o mesmo lado, o que hoje é

chamado padrão “Lang” ou torção “Lang”.

Após estudos e alguns anos de evolução, foi visto que a formação ideal

teria 7 pernas sendo uma delas a alma, porque assim seriam do mesmo diâmetro

e teriam mesma formação. Tempos depois se notou que a alma não precisaria ser

uma perna e poderia ser formada de fibra e ser lubrificada aumentando

consideravelmente a flexibilidade dos cabos.

Ainda mais evoluções se deram. Os norte-americanos começaram a

melhorar os métodos de produção e descobriram que poderiam usar arames com

diâmetros diferentes e torcê-los uma vez só com o mesmo passo. Descobriram

que a uniformização do passo fazia com que os cabos não se autodestruíssem e

assim apareceram as formações Seale, Warrington e Filler, que são usadas até

hoje.

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No Brasil, os cabos começaram a ser fabricados em 1953 pela CIMAF

(Companhia Industrial e Mercantil de Artefatos de Ferro), naquela época

subsidiária da Siderúrgica Belgo Mineira. Mais detalhes podem ser vistos em

CIMAF (2003).

A Figura 1 apresenta um histórico sobre a utilização de cabos de aço no

Brasil.

Figura 1 - Evolução dos cabos de aço no Brasil (CIMAF, 2003).

2.2. Características Físicas e de Fabricação

Como apresentado anteriormente, os cabos são elementos mecânicos

compostos por um conjunto de arames de aço, reunidos em um feixe helicoidal,

formando uma corda de metal. Sua função é resistir aos esforços de tração, mas

ao mesmo tempo ter grande flexibilidade. Para o caso estudado, os cabos são

usados para elevação de cargas e usados para fazer eslingas.

Sua matéria-prima é o fio de máquina, produto da laminação a quente do

aço sem liga e de alto teor de carbono. Este fio passa por um processo de

decapagem química para que fique limpo e preparado para a trefilação.

A trefilação é o processo onde o arame passa por uma matriz onde é

esticado e consequentemente tem seu diâmetro reduzido. É através dessa

deformação plástica sofrida pelo arame que ele ganha a resistência à tração

exigida para seu funcionamento. Dentre duas etapas de trefilação acontece o

patenteamento, que é dito um processo muito importante onde o arame é

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aquecido acima de seu ponto crítico (915ºC) e resfriado à 550ºC antes de seu

resfriamento final.

No caso de arames galvanizados, estes são levados à imersão no zinco

fundido em paralelo ao patenteamento. Em outros casos, a zincagem é feita no

fim, após a última trefilação.

A fim de garantir a qualidade, os cabos passam por testes laboratoriais

como: diâmetro e ovalização; estado superficial; resistência à tração; e

ductilidade. Para os galvanizados ainda são feitos: espessura e centralização da

camada de zinco dos arames; e aderência da camada de zinco. Além dos testes,

existe todo um acompanhamento metalográfico durante o processo.

Depois de obtido o arame ideal, ele é levado a máquina de encordoado,

onde é feita a torção helicoidal, a fim de formar as pernas. Formadas as pernas,

estas também precisão ser torcidas de forma helicoidal, entram em ação as

máquinas de produção de cabos fechados, que de forma semelhante às de

encordoado, torcem as pernas.

O grande desafio no estudo de cabos de aço está nas suas características

físicas, como não homogeneidade dos materiais que os compõem, seção de

arames torcidos, atrito entre estes componentes, etc. Para o seu

dimensionamento e até mesmo para sua consideração em posteriores cálculos de

corte, serão usados valores empíricos, aliados a altos coeficientes de segurança.

2.3. Composição

Como foi amplamente abordado até o momento, esse conjunto de cabos e

sua composição não são feitas de forma aleatória e nem tão simples.

Recapitulando, torcemos primeiro os arames ao redor do elemento

central formando as pernas e posteriormente as pernas em volta da alma

formando o cabo. A Figura 2 apresenta um exemplo de cabo de aço e os

elementos de sua composição.

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Figura 2 - Composição dos cabos de aço (Catálogo Morsing & Carlstahl).

É válido destacar que as pernas podem ser torcidas da esquerda para

direita (torção à direita Z) ou da direita para esquerda (torção à esquerda

S)(Figura 3). Este último tipo de torção é mais incomum, mas antes de definir

qual será a torção, devem-se considerar as características de aplicação.

Figura 3 - Formas de torção (Catálogo Hyperlift).

Além desta distinção, ainda dentro de torção, os cabos são divididos em

cabo de torção regular e cabo de torção Lang (Figura 4). No primeiro caso, os

arames das pernas são torcidos no sentido oposto a torção das próprias pernas

em volta da alma. Esse tipo de torção fornece boa estabilidade, resistência ao

desgaste interno e são fáceis de manusear, além de resistir mais aos

amassamentos e deformações pelo curto comprimento de arames expostos. No

segundo caso, os arames e pernas são torcidos para o mesmo lado, assim os

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arames externos ficam diagonalmente posicionados em relação ao eixo

longitudinal do cabo e com um comprimento de exposição maior, por isso eles

têm maior resistência à abrasão, são mais flexíveis e tem maior resistência à

fadiga.

Figura 4 - Classificação dos cabos quanto à torção (Catálogo Hyperlift).

2.3.1. Alma (Núcleo)

Este é o elemento central do cabo, que dá suporte aos arames e pernas, e

pode ser formado de aço ou fibras.

A alma de aço (AA) é formada por uma perna do próprio cabo, enquanto

que a alma de aço de cabo independente (AACI) é formada por um cabo de aço

independente, e é mais comumente utilizada, por ter maior resistência à tração e

mais flexibilidade.

A alma de fibra (AF) é formada por fibras vegetais (ex: sisal, rami,

cânhamo ou juta) lubrificadas com óleos, para a redução do desgaste devido ao

atrito e proteção anticorrosiva, enquanto que a alma de fibras artificiais (AFA) é

geralmente formada por fibras artificiais de polipropileno.

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11

2.3.2. Pernas

As pernas são o conjunto de arames torcidos, que envolvem a alma do

cabo de aço. Os tipos de pernas podem ser divididos em: Seale, Filler,

Warrington, e Warrington Seale.

A principal característica da perna do tipo Seale é ter os arames da última

camada com diâmetros maiores, o que lhes fornece maior resistência à abrasão.

Já a principal característica da perna Filler é ter os arames mais finos

entre duas camadas, para preencher o espaço entre elas, o que fornece maior

resistência ao esmagamento por ter uma seção metálica maior.

Na perna Warrington a camada exterior é formada por arames de

diâmetros diferentes, e sua colocação é alternada, fazendo com que os fios das

camadas adjacentes não se interceptem, e cada fio se aloje no sulco formado por

outros dois. Essa formação reduz a pressão específica entre dois fios e aumenta a

flexibilidade e vida útil.

Por fim, a perna Warrington Seale é uma combinação das duas citadas

anteriormente, e com isso possui as principais características de cada uma: alta

resistência à abrasão e alta resistência à fadiga por flexão.

2.3.3. Arames

Representam a unidade básica do cabo de aço, sendo fios estirados a frio,

fabricados segundo abordagem feita na Seção 2.2, tendo a seguinte composição

básica: de 0,3 a 0,8 %C; no máximo 0,3 %Si; de 0,4 a 0,8 %Mn; e no máximo

0,04 %(P+S). Outros materiais usados são o aço inox, bronze fosforoso, cobre,

latão e alumínio.

Seu acabamento superficial pode ser: lubrificado, zincado ou

galvanizado, dependendo da resistência à corrosão requerida. Os acabamentos

mais comuns são a galvanização e lubrificação. No primeiro caso, são

apropriados para uso estático ou relativamente estático, submetido à ação de

Page 25: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

12

meio agressivo (umidade, acidez, etc). O segundo caso é recomendado para a

maioria das aplicações, sendo protegidos contra corrosão e tendo atrito reduzido,

por conta da lubrificação.

2.4. Propriedades dos Cabos de Aço

2.4.1. Diâmetro

O diâmetro encontrado nas tabelas normalizadas de fabricantes é

chamado de nominal e atende as tolerâncias recomendadas na norma ABNT

NBR ISO 2408, conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Tolerâncias recomendadas para cabos de aço (CIMAF, 2009).

A forma de medição desse diâmetro nominal é feita pela circunferência

que o envolve, conforme Figura 5.

Figura 5 - Forma de medição do diâmetro (CIMAF, 2009).

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13

2.4.2. Especificações

2.4.2.1. Nomenclatura e Simbologia

Sempre ao utilizar os catálogos de fabricantes e as demais literaturas

de cabos de aço, encontra-se uma configuração como esta, por exemplo: Cabo

de Aço 22 x 6 x 7 - AF.

O primeiro número (22) equivale ao diâmetro do cabo. O segundo

número (6) é o número de pernas, e o terceiro (7), o número de fios. A última

informação (AF) se refere ao tipo de alma, no caso, alma de fibra.

Para especificação dos cabos são utilizadas algumas formas de

simbologia, as principais são apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 - Simbologia para cabos de aço (de Marco, 2009).

2.4.2.2. Classificação e Relações para seleção

A classificação dos cabos é uma informação muito importante, quando

se pensa na escolha do cabo certo para o a aplicação desejada, e mais ainda

quando seu objetivo é escolher um equipamento para cortá-lo.

Quanto à resistência, eles podem ser divididos em seis categorias,

como apresentado na Tabela 3.

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14

Tabela 3 - Resistência à tração para cabos de aço (de Marco, 2009).

Para que seja possível trabalhar com cabos de aço e saber como se

comportam, são utilizadas algumas relações (de Marco, 2009), apresentadas

pelas equações (1) a (3).

Da ≈ K.Dc (1)

Am = F.Dc² (2)

w = F.(Dc²). 10-2

(3)

Tanto para as relações (1-3), quanto para as demais fórmulas usadas

nesse capítulo, têm-se as seguintes variáveis:

Dc – diâmetro do cabo;

Da – diâmetro do arame;

Ds – diâmetro da polia;

Am – área metálica;

F e K – fatores de multiplicação dos cabos de aço;

w – peso por unidade de comprimento;

Ec – módulo de elasticidade;

Ft – força atuante no cabo;

Fu – carga efetiva mínima de ruptura.

Os cabos também são analisados do ponto de vista da resistência à

abrasão e flexibilidade. Esse segundo item é inversamente proporcional ao

Page 28: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

15

diâmetro dos arames externos, enquanto a resistência à abrasão é diretamente

proporcional.

Segundo a Tabela 4, essas duas características indicam a escolha de

uma formação de arames externos mais finos (Ex: 6x41 Warrington-Seale)

quando houver grande esforço de fadiga ou dobramento, ou uma formação

com arames externos mais grossos (Ex: 6x7) quando for exigida grande

resistência à abrasão.

Tabela 4 - Resistência dos arames (de Marco, 2009).

2.4.3. Análises de Carregamento

Quando se estuda os carregamentos mais comuns sofridos pelos cabos de

aço, pode-se agrupar e consolidar as seguintes situações: tração simples; tração

dinâmica; tensão de flexão devido ao dobramento em torno de uma polia; fadiga;

e alongamento.

2.4.3.1. Tração Simples Estática

Pode-se fazer um modelo onde o cabo estaria preso a um teto

suspendendo uma caixa, o que caracteriza uma tração simples e estática,

como mostrado na Figura 6.

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16

Figura 6 - Tração Simples Estática (de Marco, 2009).

A equação para cálculo da força de tração estática (Fte) é:

Fte = P + Pcabo (4)

Fte = P + w.L (5)

2.4.3.2. Tração Dinâmica - Carga sendo acelerada

Para esse caso, pode-se modelar uma carga que desce com uma

aceleração, na qual o cabo está preso, passando por uma polia (Figura 7).

Figura 7 - Tração Dinâmica (de Marco, 2009).

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17

O somatório de forças atuando no sistema é igual a:

Ʃ F = m.a = Ftd – w.L – P (6)

Considerando que:

m = (w.L + P) / g (7)

E substituindo essa equação (7) na equação (6), pode-se calcular a

força de tração dinâmica (Ftd):

Ftd = [(w.L + P) / g].a + (w.L + P) (8)

2.4.3.3. Tensão de flexão - Dobramento em polia

É muito comum que um cabo tenha que passar ao menos uma vez por

uma polia, e consequentemente sofra com esse tipo de tensão. Nesse caso,

devem-se considerar as seguintes relações (de Marco, 2009):

Deformação do cabo: x = -y/ (9)

Raio de curvatura: = (Ds + Dc)/ 2 (10)

Deformação máxima: ymáx = Da/ 2 (11)

Tensão máxima: máx = Ec. máx (12)

Portanto, substituindo (9) e (10) em (11), tem-se:

máx = Da/(Ds + Dc) (13)

Substituindo (13) em (12), tem-se:

máx = (Ec . Da)/(Ds + Dc) (14)

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18

Admitindo-se o diâmetro do cabo muito menor que o da polia, tem-se:

máx = (Ec . Da)/Ds (15)

Logo, a carga de flexão do cabo em torno da polia é:

Fb = máx . Am (16)

2.4.3.4. Fadiga

Esse tipo de situação deve ser sempre levado em consideração. Pode-

se utilizar o caso de um cabo apoiado em uma polia, como visto na Figura 8.

Nesse caso, será determinada uma pressão de apoio, dada pela equação:

p = F/A (17)

Onde:

F = 2Ft (18)

A = (π². Ds . Dc)/4 (19)

Figura 8 - Fadiga (de Marco, 2009).

Page 32: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

19

2.4.3.5. Alongamento

Qualquer cabo, se tracionado, sofre algum tipo de alongamento, seja

estático ou de assentamento. O tamanho do alongamento sofrido depende da

elasticidade do aço usado e da interação entre os arames e pernas.

O alongamento elástico é transitório, ou seja, se o cabo parar de sofrer

tração o alongamento some. Já o alongamento de assentamento é permanente.

O alongamento inicial varia entre 2% e 4% e depende do tipo de cabo e sua

construção. Esse alongamento progride até chegar a faixa de 5% a 8%,

quando deve ser substituído. Em instalações fixas deve-se usar cabos com

alto módulo de elasticidade aparente, para se obter menor alongamento.

2.5. Dimensionamento

Para dimensionar um cabo de aço, pode-se dizer que as informações mais

importantes seriam o tipo de carregamento que o cabo sofrerá e o equipamento

onde ele será usado. Essa segunda informação é essencial para determinar o

coeficiente de segurança a ser aplicado.

Os valores dos coeficientes de segurança são bem elevados, porque a

utilização dos cabos normalmente envolve riscos para pessoas e cargas. Outro

fator que colabora para o aumento do coeficiente de segurança é a grande

dispersão da carga de ruptura tomada em ensaios de tração. Cabos que saem da

mesma linha de produção, com as mesmas características, podem ter os arames

acomodados de forma diferente ao serem tracionados, ou terem tensões de

contato, devido ao atrito interno, diferentes entre os arames e pernas. Um último

fator que também colabora para essa dispersão é o fato da não homogeneidade

dos materiais que compõem os cabos.

A Tabela 5 apresenta os coeficientes de segurança usados para diversos

tipos de equipamentos.

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20

Tabela 5 - Coeficientes de segurança recomendados por fabricantes (de Marco, 2009).

Considerando as forças apresentadas na Seção 2.4, e escolhido o

coeficiente de segurança de acordo com o equipamento, utiliza-se a equação

mais adequada para o tipo de carregamento, a saber:

Tração Simples Estática:

CS = Fu/ Fte (20)

Tração Dinâmica:

CS = Fu/ Ftd (21)

Flexão:

CS = Fu - Fb/ Ft (22)

Fadiga:

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21

p = 2Ft/ (Dc. Ds) (23)

Se p < 0,0015 N> 106 ciclos Vida infinita

p > 0,0015 N< 106 ciclos Vida finita

Alongamento:

ʌL = (F. L)/(Ec. Am) (24)

Tendo essas informações e conhecendo as características abordadas

anteriormente sobre classificações e propriedades, pode-se dimensionar o melhor

cabo para a aplicação desejada.

2.6. Manutenção

Não é tão simples manter um cabo, e para saber como fazê-lo é preciso

saber o que influencia sua vida útil, como manusea-lo, como lubrificá-lo e a hora

apropriada de fazer sua substituição.

Com relação à vida útil do cabo, além de estudar e dimensionar o cabo

mais apropriado para determinada aplicação, é necessário também o

conhecimento sobre fatores relativos ao meio ambiente e suas condições de uso,

tais como: temperatura, umidade, estado das polias e tambores, etc.

Figura 9 - Cuidados com o manuseio: (a) estrangulamento e (b) consequência do estrangulamento

(CIMAF, 2009).

Quanto ao manuseio, todo cabo deve ser manuseado com cuidado, para

que não haja estrangulamento/nó (Figura 9a), que provoque uma torção

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22

prejudicial. Caso isso aconteça e o nó seja desfeito (Figura 9b), mesmo que o

cabo pareça estar em perfeitas condições novamente, ele nunca voltará a ter seu

desempenho máximo, podendo ser perigoso e causar acidentes.

Uma boa maneira de se evitar esse problema nos cabos é colocando a

bobina com o eixo na vertical e em cima de uma mesa giratória (Figura 10a), ou

com o eixo na horizontal e em cima de dois cavaletes (Figura 10b).

Figura 10 - Cuidados com o manuseio: (a) mesa giratória e (b) apoio por cavaletes (CIMAF, 2009).

Os cabos já vêm lubrificados internamente de fábrica, por isso quando se

fala em lubrificação, não é incomum chamar esse processo de relubrificação, a

qual é feita para diminuir o atrito interno entre os arames e as pernas, prevenir a

corrosão, abrasão, desgaste por atrito, cross-nicking e fadiga.

Mesmo com a manutenção adequada dos cabos, em algum momento será

necessária uma substituição, devido a fatores tais como: número de arames

rompidos, desgaste externo, corrosão, e deformações. Ainda assim, mesmo que o

cabo não apresente nenhuma deformação, ele atinge o fim de sua vida útil em

algum momento, devido ao desgaste natural. Determinar o quanto você pode

usá-lo até fazer a substituição é um grande desafio e por isso não existe uma

regra precisa, mas recomenda-se a utilização de critérios de descarte das normas:

NBR ISO 4309, ASME B30.2 e ASME B30.5 para equipamentos, e a NBR

13543 para laços.

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23

2.7. Cuidados com o corte

O corte de cabos de aço muitas vezes é feito sem muita precisão e

podem-se utilizar alicates para cabos com diâmetros de no máximo 8mm.

Contudo, um corte especializado pode prevenir muitos problemas, tais como:

pontas afiadas, desenrolamento dos arames, amassamento dos fios, etc.

Os fabricantes e fornecedores de cabos têm algumas indicações sobre as

melhores formas de se conduzir um corte de cabos de aço e o que se deve fazer

para preparar o cabo.

A técnica mais comum é a gripagem "seizing", que assegura a

integridade do cabo após o corte. A gripagem deve ser feita dos dois lados do

local onde será realizado o corte e pode ser feita por dois métodos.

No método 1 (Figura 11) coloca-se o arame no vale entre uma perna e

outra, então se enrola o arame em volta do cabo e sobre ele mesmo. Assim que

esse enrolamento estiver pronto, se junta as duas pontas do arame e gira-se uma

contra a outra para fixar o arame.

Figura 11 - Gripagem - método 1 (Wirerope Works Inc., 2010).

No método 2 (Figura 12) enrola-se o arame normalmente sobre o cabo e

depois se junta as duas pontas e gira-se uma contra a outra para fixar o arame.

Figura 12 - Gripagem - método 2 (Wirerope Works Inc., 2010).

Page 37: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

24

O diâmetro do arame e o comprimento da gripagem dependem do

diâmetro do cabo de aço. A Tabela 6 apresenta uma sugestão para as

propriedades da gripagem.

Tabela 6 - Sugestão de diâmetro para fios de arame para gripagem (Wirerope Works Inc., 2010).

Uma forma alternativa à gripagem é o uso de bandas, que são feitas de

material flexível, endentados com uma ranhura de bloqueio e um bordo de

costura. A aplicação da banda é simples, não requer ferramentas especiais,

podendo ser feita com um par de alicates, como mostrado na Figura 13.

Figura 13 - Aplicação de banda (Catálogo Morse Starrett Wire Rope Cutters).

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25

Esse tipo de preparação para corte é comum no uso de guilhotinas para o

corte, e além de fazer o papel do "seizing", também homogeniza a superfície de

corte. Cada diâmetro de cabo tem uma banda específica, segundo sugestão do

fabricante Hydrashear, apresentado no catálogo da Morse Starrett Wire Rope

Cutters.

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26

3. MECANISMO DE CORTE

Para entender um pouco sobre corte, é necessário primeiro entender sobre como

os materiais reagem a forças externas e deformações. É preciso algum conhecimento de

resistência dos materiais, que por sua vez, fornece uma explicação do comportamento

dos sólidos submetidos a esforços externos, considerando o efeito interno.

Quando um sistema de forças atua sobre um corpo, o efeito produzido é

diferente, segundo a direção, sentido e ponto de aplicação, podendo ser axiais quando

atuam no sentido do eixo do corpo, ou transversais se atuam perpendiculares ao eixo do

corpo. Os esforços axiais são compressão e tração e os transversais são cisalhamento e

torção.

Para o estudo do corte serão considerados os esforços de cisalhamento, visto que

estes são os esforços sofridos por um corpo ao ser cortado. Esse tipo de solicitação é

aquela que ocorre quando um corpo tende a resistir à ação de forças agindo próximas e

paralelas, mas em sentidos contrários (veja um exemplo clássico na Figura 14).

Figura 14 - Rebite submetido ao esforço de cisalhamento (Bento, 2003).

3.1. Análise por Resistência dos Materiais

Antes de apresentar o estudo do corte propriamente dito, é importante

analisar alguns conceitos fundamentais de resistência dos materiais, como por

exemplo, a análise de tensões, e principalmente o diagrama “Tensão x

Deformação” (Figura 15).

Esse diagrama apresenta informações sobre diversas tensões e

deformações. A tensão de proporcionalidade (p) é a máxima tensão na qual o

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27

material obedece a lei de Hooke. Depois surge a tensão de escoamento (e),

onde o material passa a “escoar”, e as deformações aumentam sem que se altere,

praticamente, o valor da tensão. A seguir, tem-se a tensão limite de resistência

(R), que corresponde à máxima tensão atingida no ensaio de tração. Por fim, a

tensão de ruptura (r) é onde ocorre a ruptura do corpo de prova.

Figura 15 - Diagrama de Tensão x Deformação (Bento, 2003).

Em relação às deformações, existe a denominada elástica (e), que ocorre

no trecho da curva de tensão entre a origem e o limite de proporcionalidade, e a

deformação plástica (p), que surge no trecho da curva, entre o limite de

proporcionalidade e a ruptura do material.

A partir da análise gráfica e da introdução sobre as principais tensões,

pode-se estudar melhor a tensão de cisalhamento em cabos de aço. Isso porque é

preciso entender sobre o comportamento do material sob o esforço de tração,

para então relacioná-lo ao cisalhamento.

Page 41: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

28

As tabelas de propriedades dos materiais, como a Tabela 7, indicam

valores das tensões de cisalhamento (r e e), baseados nas tensões de ruptura e

escoamento por tração.

A tensão de cisalhamento aparece quando um corpo sofre um esforço

transversal e pode ser obtida pela razão entre a força cortante e a área da seção

transversal. Em termos de corte, pode-se separar a tensão de cisalhamento em:

= Fcortante/ A (para corte simples) (25)

= Fcortante/ 2.A (para corte duplo) (26)

Nas seções a seguir serão apresentados os critérios de resistência.

Tabela 7 - Propriedade dos materiais, relacionando cisalhamento com tração (Bento, 2003).

3.1.1. Critério de von Mises

Esse critério sugere um modelo que se aplica aos materiais cujo limite de

plastificação é isotrópico e independente da componente média de tensão.

Como o foco é o cisalhamento, deve-se analisar o modelo de von Mises

para cisalhamento puro. Este ensaio é feito através da torção de um tubo, onde se

produz o cisalhamento puro e a tensão de cisalhamento aumenta até atingir o

limite de plastificação.

O modelo de von Mises propõe a comparação com tração de escoamento,

que é uma característica do material obtida em laboratório. Dessa comparação,

Page 42: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

29

ele conclui que "se um material pode ser representado mediante o modelo de

plastificação de Mises, então nos ensaios de tração e torção se encontram limites

de plastificação na relação 31/2

" (Zouain, s.d.), o que pode ser representado

como:

= 0,577 r (27)

3.1.2. Critério de Tresca

Esse critério sugere um modelo que também se aplica aos materiais cujo

limite de plastificação é isotrópico e independente da componente média de

tensão.

Da mesma forma que o modelo de von Mises, ele propõe a comparação

entre os ensaios de tração e torção puras, só que conclui que "se um material

pode ser representado mediante o modelo de plastificação de Tresca, então nos

ensaios de tração e torção se encontram limites de plastificação na relação 2".

(Zouain, s.d.), o que pode ser representado como:

= 0,5 r (28)

3.1.3. Determinação da Força de Corte

Tendo analisado os dois critérios de resistência, podem-se utilizar as

tensões de cisalhamento propostas por eles para calcular a força cortante

necessária, a partir da equação (25): = Fcortante/ A

Logo, dependendo do critério adotado, têm-se duas fórmulas para a força

de corte:

Fcortante = A . = A . 0,577 r (usando von Mises) (29)

Fcortante = A . = A . 0,5 r (usando Tresca) (30)

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30

Além dessas duas, ainda é possível utilizar os dados fornecidos pela

Tabela 7 (página 24), e segundo abordado na Seção 2.3.3, a composição do

arame que compõe o cabo de aço tem de 0,3 a 0,8 %C, portanto pode-se usar a

relação r = 0,75 r, e a força de corte seria:

Fcortante = A . 0,75 r (31)

3.2. Análise por Processo de Conformação

É grande a quantidade de processos de conformação, e por esse motivo

eles podem ser separados de acordo com alguns critérios de classificação.

Quanto ao tipo de esforço predominante, pode ser: compressão direta

(forjamento e laminação); compressão indireta (trefilação, extrusão,

embutimento); tração (estiramento de chapas); flexão ou dobramento

(dobramento e calandragem); e cisalhamento (corte de chapas).

Quanto à temperatura de trabalho, pode ser: trabalho mecânico a frio

(cold working); trabalho mecânico aquecido (warm working); trabalho mecânico

a quente (hot working); e trabalho isotérmico (isothermal forming).

O interesse é analisar o processo de cisalhamento ou corte. Como é

possível comprovar na literatura (Groover, 2010), esse é um processo altamente

voltado para a conformação plástica de chapas (Figura 16), por isso adaptou-se

essa análise para o âmbito dos cabos de aço, apresentando-se assim mais um

ponto de vista para análise da força de corte necessária.

Figura 16 - Processo de corte de chapas (Groover, 2010).

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31

O processo de corte está sempre presente em todos os processos de

conformação plástica a partir de chapas. O corte é uma operação mecânica, que

tem como objetivo separar uma parte metálica da outra. Alguns exemplos de

corte incluem: o furo, onde a parte cortada não é aproveitada; os entalhes, onde a

parte cortada é aproveitada; e o fendilhamento (ou corte guilhotina), o qual não

retira material da chapa, apenas separa as partes.

O processo de corte pode ser dividido em três etapas: deformação

plástica, penetração e fratura, como apresentado na Figura 17.

Figura 17 - Etapas do Processo de Corte (Groover, 2010).

Após a fratura, é possível ver algumas características de cada uma das

regiões formadas pelo processo de corte (Figura 18).

Figura 18 - Regiões formadas pelo corte (Groover, 2010).

A zona de deformação (rollover), que é a região inicial no topo da peça,

caracterizada por uma depressão causada pela ferramenta de corte, é onde

começa a deformação plástica.

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32

Logo depois desta região existe a zona de corte ou penetração (burnish),

que é o resultado da penetração da ferramenta antes da ruptura, deixando uma

faixa polida e brilhante.

Após o corte encontra-se a região da ruptura, zona de fratura, uma

superfície mais rugosa e irregular, dada a ação contínua da ferramenta de corte.

Por fim, tem-se uma quina, na borda do material, dada pelo alongamento

do material metálico, que é arrastado pela ferramenta, conhecido como

“rebarba”.

A seguir serão apresentados os principais parâmetros do processo de

corte por conformação, a saber: angulação, folga, e força de corte.

3.2.1. Angulação (rake angle)

O ângulo de inclinação ou de cisalhamento () é formado pelas arestas

das lâminas ou da lâmina e o ponto morto. Um aumento no ângulo de inclinação

reduz a força necessária para se cortar uma peça de certa espessura, já que esta é

cortada progressivamente. Porém, um aumento excessivo pode causar defeitos e

distorções como dobramento, torção ou camber.

Na Figura 19 pode-se ver como é a propagação da trinca, por dois tipos

de corte diferentes.

Figura 19 - (a) Corte em guilhotina e (b) corte em tesoura (Oliveira, 2011).

Page 46: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

33

Para o corte de cabos não será preciso usar esse tipo de ângulo ou

inclinação, visto que o “comprimento” do corte é muito curto, o que torna

desnecessária essa questão do corte progressivo.

O que se pode fazer é analisar a forma como a trinca se propaga em uma

chapa de metal, verificando o que isso poderia ocasionar no cabo. Caso fosse

usada uma inclinação na guilhotina, a frente da trinca na chapa tenderia a ser

arredonda, e provavelmente no cabo haveria um escorregamento ou até mesmo

um esmagamento, visto que este é um elemento ainda mais flexível.

A sugestão encontrada para esse processo, e para evitar o escorregamento

e esmagamento do cabo, seria a utilização de uma banda metálica, que é

comumente usada nos equipamentos de corte de cabos, como já foi visto na

Seção 2.7, Figura 13 (página 21).

3.2.2. Folga (clearance)

A folga no processo de corte é a distância horizontal entre a lâmina e o

ponto morto, ou entre lâminas. Normalmente, essa folga é igual a 4% ou 8% da

espessura que será cortada (Groover, 2010).

Figura 20 - (a) Folga muito pequena e (b) folga muito grande (Groover, 2010).

Page 47: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

34

Se a folga for muito pequena, então as linhas de fratura se sobrepõem,

causando uma dupla zona de cisalhamento e exigindo uma força de corte muito

alta. Já no caso da folga ser muito grande, o metal é empurrado e comprimido

dentro da folga, causando um excesso de rebarba (Figura 20).

A recomendação para o cálculo da folga é:

c = Ac. t (32)

Onde: c é a folga; Ac uma constante do material, dada pela Tabela 8; e t é

a espessura a ser cortada.

Tabela 8 - Valores para a constate de folga Ac (Groover, 2010).

Material Ac

Ligas de alumínio 1100S e 5052S 0,045

Ligas de alumínio 2024ST e 6061 ST;

Aço laminado a frio e aço inox macios

0,060

Aço laminado a frio e aço inox duros 0,075

3.2.3. Determinação da Força de Corte

É possível estimar a força de corte para cabos a partir da análise do corte

de chapas, onde a força pode ser determinada pela equação:

Fcortante = S. t. L (33)

Onde: S é igual a (tensão de cisalhamento); t é a espessura do material

cortado; e L o comprimento do corte ou da lâmina.

Se a tensão de cisalhamento não for conhecida, uma forma alternativa

para estimar a força de corte, segundo Groover (2010), seria usar a tensão de

ruptura:

Fcortante = 0,7. (TS). t. L (34)

Page 48: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

35

Onde: TS é igual a r (tensão de ruptura).

3.3. Análises Matemáticas

3.3.1. Modelo Adotado

Todos os cálculos serão baseados no modelo adotado a partir de agora,

que foi escolhido para representar as condições deste projeto e que serão

constantes para todas as hipóteses de força cortante a serem analisadas.

O cabo de aço terá um diâmetro D = 1” (ou 25mm), com alma de aço, e

resistência a tração EIPS (r), segundo a Tabela 3 da Seção 2.4.2.2 (página 12),

igual a 2300 MPa. O material do arame tem composição de 0,3 a 0,8 %C.

3.3.2. Cálculos para Definição da Força de Corte

A partir do modelo de cabo/arame adotado, pode-se aplicar cada uma das

equações determinadas pelos critérios, fazendo-se as devidas comparações.

Para o critério de von Mises, tem-se pela equação 29, página 25:

Fcortante = A . 0,577 r

Onde: r = 2300 MPa = 2300. 106 N/m²; e A = π . (D/2)² = 4,9. 10

-4 m²

Substituindo os valores: Fcortante = 4,9. 10-4

. 0,577 . 2300. 106

Fcortante = 6,5. 105 N

Para o critério de Tresca, tem-se pela equação 30, página 25:

Fcortante = A . 0,5 r

Fcortante = 4,9. 10-4

. 0,5 . 2300. 106

Page 49: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

36

Fcortante = 5,6. 105 N

Para o critério que relaciona a tensão de cisalhamento com a de ruptura,

segundo características do material, tem-se segundo a equação 31, página 25:

Fcortante = A . 0,75 r

Fcortante = 4,9. 10-4

. 0,75 . 2300. 106

Fcortante = 8,5. 105 N

Para o critério de conformação mais apropriado, onde a força de

cisalhamento é desconhecida, tem-se segundo equação 34, página 29:

Fcortante = 0,7. r. t. L

Onde: t = D = 0,025m; e como discutido anteriormente, o comprimento L

pode ser igual ao comprimento de corte ou da lâmina, por isso, pode-se analisar

os dois pontos de vista. Primeiro para o comprimento de corte linear, seria o

próprio diâmetro, logo: L = D = 0,025m. Por outro lado, o perímetro de corte

seria o mais apropriado segundo a fórmula, e descreve uma semicircunferência

com diâmetro do cabo de 1”, então tem-se: L = (π. D)/2 = 0,039m.

Portanto, têm-se duas forças de corte:

Fcortante = 0,7. 2300. 106. 0,025. 0,025

Fcortante = 1,0. 106 N

e

Fcortante = 0,7. 2300. 106. 0,025. 0,039

Fcortante = 1,6. 106 N

Page 50: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

37

Pela comparação dos resultados, nota-se que a força encontrada segundo

a adaptação feita para o critério de conformação está bem acima de todas as

demais. Como se trata de uma adaptação de um critério utilizado para estimar a

força em um processo de estampagem, onde tal força de fato é muito maior, e

considerando um corte contra as fibras do material, onde as demais análises, que

são teoricamente válidas, apresentaram resultados mais baixos, optou-se por

descartar o critério de conformação.

A análise feita segundo a Tabela 7, página 24, onde se encontra uma

indicação de estimativa da resistência ao cisalhamento pela multiplicação da

resistência à ruptura, também pode ser considerada uma superestimação para

efeito de segurança.

Logo, tendo em vista os aspectos apresentados, fica claro que o mais

válido é optar por um dos critérios de resistência dos materiais (Tresca ou von

Mises), visto que são amplamente usados e comprovados, além de terem maior

embasamento teórico e proximidade com a realidade do projeto. Nesse sentido,

optou-se por utilizar o resultado do critério de von Mises (Fcortante = 6,5. 105 N),

visto que atendendo a esse critério, atende-se automaticamente a Tresca, cuja

força estimada é menor.

3.4. Lâmina de Corte

Acerca da lâmina de corte, duas variáveis precisam ser definidas: o

ângulo de afiação, e o material utilizado.

O ângulo de afiação da lâmina, apesar de não ser levado em consideração

nos cálculos da força de corte, colabora para uma maior capacidade de corte da

lâmina, além de determinar a resistência do fio desta. O ângulo ideal é o que

melhor se adapta ao serviço da lâmina. Quanto mais agudo o ângulo (15º), mais

afiada é a lâmina, que em contrapartida, se torna mais frágil, e quanto maior for

este ângulo (30º), mais massa terá seu fio, tornando-o adequado para trabalhos

mais pesados.

Page 51: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

38

Para a escolha desta angulação foi usada a orientação apresentada na

Tabela 9. Portanto a lâmina a ser utilizada terá ângulo de afiação entre 25º e 30º.

Tabela 9 - Seleção do ângulo de afiação da lâmina (sbccutelaria.org.br).

Ângulo do fio Uso

15°-17° Deve ser usado para instrumentos de corte como navalhas, lâminas de barbear ou

instrumentos cirúrgicos.

17°-20° Facas para corte de carnes, legumes e outros tipos de trabalhos leves.

20°-23° Facas de caça e canivetes que são utilizados em tarefas mais pesadas.

23°-25° Facas pesadas.

25°-30° Ferramentas de corte para materiais duros, como machados, facões, etc.

Quanto ao material da lâmina, ela pode ser feita com um aço rápido

equivalente ao AISI/SAE M2, de acordo com as características expostas na

Tabela 10, ou ainda um aço para trabalho a frio equivalente ao AISI/SAE S1,

específico para ferramentas de corte, punções, e tesouras guilhotinas, para o

processamento de placas.

Tabela 10 - Seleção do material da lâmina (Favorit Aços Especiais, 2012).

Page 52: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

39

Por fim, para que a lâmina possa realizar o corte de forma adequada é

preciso definir uma folga, como visto na Seção 3.3.2, página 28. Essa folga pode

ser calculada pela equação 32, página 29:

c = Ac. t

Onde Ac seria igual a 0,075 (Tabela 8), e t igual a 0,025m.

Logo, c = 0,001875m. Esse valor equivale ao recomendado por Groover

(2010), normalmente igual a 8% da espessura a ser cortada, ou seja, 8% de

0,025m, igual a 0,002m.

Page 53: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

40

4. SISTEMA HIDRÁULICO

A hidráulica e também pneumática são tecnologias associadas à geração, ao

controle e à transmissão de potência empregando fluidos pressurizados. Essas duas

tecnologias abrangem uma diversidade muito grande de campos de aplicação, tais

como: direções e freios de automóveis, acionamento de máquinas, controle de

aeronaves, alimentação de processos, lançamento de veículos espaciais, maquinário de

colheita, mineração, equipamentos odontológicos, etc. Logo, nesse projeto do cortador

de cabos de aço um sistema desse tipo será utilizado para acionamento da lâmina de

corte, mais especificamente um sistema hidráulico.

4.1. Princípios Físicos

O estudo de hidráulica deve ser iniciado pela definição da pressão

exercida por um fluido e pelo enunciado da lei de Pascal. A pressão exercida por

um fluido em uma superfície pode ser definida como:

Pressão = Força / Área (35)

A Lei de Pascal diz que a pressão sobre um líquido confinado em um

recipiente fechado é exercida também, integralmente e igualmente, em todas as

direções dentro da massa fluida e age de forma perpendicular às paredes do

recipiente. Um exemplo dessa configuração é apresentado na Figura 21

Figura 21 - Força transmitida por um fluido (Ferreira, s.d.).

Page 54: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

41

Apesar de enunciada no século XVII, pelo francês Blaise Pascal, a

primeira prensa hidráulica só foi construída dois séculos mais tarde, pelo inglês

Joseph Bramah (Ferreira, s.d.). O esquema desse tipo de prensa pode ser visto na

Figura 22.

Figura 22 - Prensa Hidráulica (Ferreira, s.d.).

Assim como enunciado por Lavoisier, nada se cria e nem se perde,

apenas se transforma. Com a hidráulica, quando se faz o que parece uma

multiplicação de força, se sacrifica a distância e a velocidade.

Além da Lei de Pascal, também é muito importante lembrar a Lei de

Stevin (Figura 23 e Equação 36), que diz: “a diferença de pressão entre dois

pontos de uma mesma massa líquida é igual a diferença de altura entre eles,

multiplicada pelo peso específico do fluido em questão” (Souza, s.d.).

Figura 23 - Representação da Lei de Stevin (Souza, s.d.).

Page 55: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

42

P2 – P1 = .g.(Z2 Z1) (36)

4.2. Atuadores Hidráulicos

Os atuadores hidráulicos convertem energia de pressão de fluidos em

energia mecânica. Eles representam um dos principais elementos a serem

considerados no projeto de um sistema hidráulico, sendo divididos em dois

tipos: rotativos e lineares. Para o projeto do cortador de cabos de aço será

utilizado um atuador do tipo linear, também conhecido como cilindro hidráulico.

Os cilindros transformam energia hidráulica em energia mecânica linear,

que é aplicada a um objeto resistivo para realizar trabalho. Um cilindro

hidráulico consiste basicamente em uma “camisa” cilíndrica, um pistão e uma

haste móvel ligada a esse pistão. Através de roscas, prendedores, tirantes ou até

mesmo solda, prende-se o cabeçote ao cilindro. A haste é empurrada para dentro

e para fora, sendo guiada pelas guarnições, que são embuchamentos removíveis.

4.2.1. Tipos de Cilindro

Existem vários tipos de cilindro hidráulico, que são divididos em: de

simples ou dupla ação, e de retorno por carga ou por mola. As Figuras 24 a 26

apresentam alguns exemplos de tipos de cilindros.

Figura 24 - Cilindro de simples ação e retorno por carga (Ferreira, s.d.).

Page 56: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

43

Figura 25 - Cilindro de simples ação e retorno por mola (Ferreira, s.d.).

Figura 26 - Cilindro de dupla ação (Ferreira, s.d.).

4.2.2. Características Construtivas e de Operação

A partir de um cilindro hidráulico comercial, fabricado, por exemplo,

pela Parker, pode-se destacar e entender as características construtivas desses

equipamentos, conforme Figura 27.

Figura 27 - Componentes de um cilindro hidráulico (Catálogo Parker, 2003).

Page 57: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

44

Peça 1. Haste do Pistão: normalmente é feita de aço de alta resistência,

retificada, cromada e polida para assegurar uma superfície muito lisa e que seja

resistente a entalhes para ter uma longa vida e vedação efetiva.

Peça 2. Mancal: geralmente vem completo, com vedações de haste, e

deve ser facilmente removível para que não precise desmontar o cilindro toda

vez que a manutenção se faça necessária.

Peça 3. Guarnição de Limpeza: funciona como uma vedação

secundária, evitando a entrada de sujeira e aumentando a vida do mancal e das

demais vedações.

Peça 4. Vedação de Borda: é a melhor opção por aumentar a pressão.

Essa combinação de guarnição de limpeza de borda dupla com vedação de borda

serrilhada garante a haste seca, evitando gotejamentos.

Peça 5. Vedação do Corpo do Cilindro: é importante que essa vedação

seja à prova de choques de pressão, para garantir a estanqueidade do cilindro,

mesmo sob pressão.

Peça 6. Tubo do Cilindro: o material usado deve ser um aço de alta

qualidade e ter certo grau de acabamento, para assegurar uma longevidade para

as vedações.

Peça 7. Pistão: deve ter amplas superfícies de apoio para resistir às

cargas laterais e ao encaixe por rosca na haste. Uma característica adicional pode

ser a fixação com um pino de travamento.

Peça 8. Encaixe do Tubo: deve ser feito por uma saliência precisa e

concêntrica com o diâmetro interno, permitindo alinhamento e precisão.

Peça 9. Anel e Luvas de Amortecimento: têm a função de amortecer de

forma eficaz o retorno do curso do pistão, e devem ser autocentrantes,

permitindo tolerâncias estreitas.

Page 58: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

45

4.2.3. Especificação do Fluido

Normalmente a indicação dos fabricantes de atuadores hidráulicos é um

óleo hidráulico mineral à base de petróleo (Manual Parker, p.32). Porém existem

aplicações onde podem ser usados outros fluidos, tais como: água com aditivos,

fluidos sintéticos, fluidos resistentes ao fogo (soluções de glicol em água), etc.

Dentre suas principais funções destacam-se: a transmissão de energia,

lubrificação das peças móveis, resfriamento ou dissipação de calor, e a própria

contribuição para a limpeza do sistema.

Na escolha do fluido, uma característica muito importante a ser

observada é a viscosidade, definida como sendo a medida de resistência do

fluido ao se escoar ou o inverso da fluidez. Quanto maior a temperatura de

trabalho do óleo, menor será a viscosidade necessária.

Para o projeto do cortador de cabos recomenda-se um óleo hidráulico

específico para uso em bombas hidráulicas, a ser adquirido facilmente no

mercado.

4.3. Guilhotinas Hidráulicas

Depois do entendimento sobre como funcionam sistemas hidráulicos de

uma forma geral e especialmente como são os cilindros hidráulicos, deve-se

agora analisar as guilhotinas hidráulicas.

As guilhotinas hidráulicas são formadas por um cilindro hidráulico, cujo

pistão é empurrado pela força exercida no óleo e bombeada por uma bomba de

acionamento.

Estes equipamentos são projetados com uma capacidade de carga fixa, o

que impede que o operador exceda essa capacidade, prevenindo assim a

ocorrência de danos na máquina. Elas são as mais empregadas no mercado, em

especial quando a espessura do aço a ser cortado passa de 12,7 mm.

Page 59: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

46

A pressão do apoio deve ser maior que as forças necessárias para o corte

do material, que dependem da folga, ângulo e espessura e já foram amplamente

abordadas nos capítulos anteriores. Pode-se usar uma boa afiação para impedir

que a guilhotina trave próxima à capacidade máxima.

4.4. Dimensionamento do Cilindro

Para possibilitar o dimensionamento do cilindro é preciso montar um

modelo que estará restrito às condições de contorno impostas pelo projeto.

4.4.1. Modelo e Condições de Contorno

O sistema hidráulico é fundamental para o cortador de cabos de aço, visto

que o mesmo fornece a pressão necessária para que a lâmina possa realizar o

corte o cabo. Com o objetivo de simplificar as análises, o modelo de cilindro

adotado será similar ao da Figura 28, um cilindro de dupla ação.

Figura 28 - Modelo adotado: cilindro de dupla ação (Rodrigues et al., 2008).

Além do cilindro, será preciso selecionar uma bomba para fornecer a

pressão necessária. Será usado um sistema hidráulico cuja configuração é similar

à apresentada na Figura 29, com a diferença que ao invés de elevar uma carga, a

força produzida será usada para cortar o cabo de aço.

Page 60: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

47

Figura 29 - Sistema hidráulico (Catálogo ENERPAC, 2012).

O sistema representativo na Figura 29 é usado em cilindros de simples

ação. Para cilindros de dupla ação, como nesse projeto, existe uma válvula

específica que distribui a vazão para as duas conexões do cilindro. Essa válvula

será apresenta posteriormente.

As seguintes variáveis deverão ser analisadas: pressão necessária;

diâmetro do êmbolo; tamanho da haste (comprimento do curso); espessura do

cilindro; capacidade de óleo; vazão; velocidade da haste e consequentemente

velocidade de corte.

Tais variáveis serão analisadas com base nas seguintes condições de

contorno, que já foram definidas até o momento para o projeto: diâmetro

máximo do cabo a ser cortado igual a 1” (25mm); força de corte máxima

necessária igual a 650 kN; e um cilindro de dupla ação, visto que a força é muito

alta e inviabilizaria o uso do retorno por mola.

4.4.2. Cálculos

4.4.2.1. Pressão necessária e Diâmetro do Êmbolo

Baseado nas informações de mercado é possível verificar que uma

bomba comum para o serviço, e muito provavelmente de fácil acesso dentro

da indústria, seria aquela com uma pressão em torno de 700 bar (10.000 psi).

Page 61: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

48

A pressão e o diâmetro são variáveis dependentes, e a escolha de uma

influencia a outra, visto que a força já foi calculada e a lei de Pascal relaciona

essas três variáveis (veja equação 35, página 40).

Logo, considerando o valor da força pode-se fazer uma estimativa

para área do êmbolo, e consequentemente seu diâmetro, para uma pressão

próxima de 700 bar, sem ultrapassá-la. Contudo, antes de adotar a força

cortante para cálculo, seria interessante analisar a influência da força de atrito,

que ocorre entre as vedações e o cilindro. Para isso, pode-se usar como

modelo matemático uma fórmula simples de atrito:

Fat = N. (37)

Onde: é o coeficiente de atrito entre a vedação e o cilindro; e N é a

força normal exercida pelo êmbolo no cilindro.

Para a criação de um modelo matemático próximo da realidade serão

necessárias condições de contorno adequadas. Em um primeiro momento,

precisa-se do peso do êmbolo para encontrar a força N exercida por ele.

Tabela 11 - Propriedades dos Materiais (Shigley et al., 2005).

Page 62: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

49

Para que seja encontrado esse peso, se faz necessário saber o material

(peso unitário) e suas dimensões (volume). O material mais comumente

utilizado em cilindros hidráulicos é o aço carbono e, portanto, nesse projeto

não será diferente. A Tabela 11 fornece a densidade do aço carbono (76,5

kN/m³).

Considerando a força necessária de 650 kN e a pressão de 700 bar

(7000 N/cm²), pela aplicação da equação 35 (página 40), tem-se uma área do

êmbolo em torno de: A = 650 kN / (7 kN/cm²) = 92,8 cm².

Uma estimativa para a espessura desse êmbolo seria em torno de 3

cm, para que haja espaço para as vedações, assim, o volume de aço carbono

seria em torno de 275 cm³. Com isso é possível calcular a força normal

exercida pelo êmbolo:

N = peso unitário x volume (38)

N = 76,5 kN/m³ x 0,000275 m³ = 0,02 kN

Tabela 12 - Propriedades Físicas do Teflon (Catálogo Hipermetal LTDA).

Page 63: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

50

A seguir, deve-se definir o coeficiente de atrito, para cálculo da força

de atrito. Pode-se utilizar o coeficiente de atrito do PTFE, componente

comum em elastômeros de vedação. Logo, pela Tabela 12, o coeficiente de

atrito encontrado é 0,02 a 0,06. Portanto, a força de atrito será:

Fat = 0,02 kN x 0,06 = 0,0012 kN

Notadamente, para coeficientes de atrito muito baixos, como os dos

materiais utilizados para a vedação, a força de atrito será muito pequena

quando comparada a força de corte calculada. Dessa forma, a força de atrito

gerada e as perdas relacionadas podem ser desconsideradas.

Sendo assim, a partir da área previamente calculada (92,8 cm²), tem-se

um diâmetro do êmbolo de aproximadamente 11 cm.

4.4.2.2. Comprimento do Curso e Capacidade de Óleo

O comprimento do curso é determinante para a capacidade de óleo e

se baseia na profundidade de corte exata do cabo.

Considerando a condição de projeto, que determina que a espessura

máxima de cabo a ser cortado é de 25 mm, não seria necessário um curso

maior que 40 mm, para que quando a lâmina esteja recuada ela não fique tão

próxima do local de colocação do cabo.

Na literatura dos catálogos dos fabricantes de cilindros hidráulicos e

seus acessórios, encontram-se fórmulas para o cálculo da capacidade de óleo.

A ENERPAC Industrial Tools fornece a seguinte expressão para o cálculo

dessa capacidade:

Ct = A x S (39)

Onde: Ct é a capacidade de óleo teórico; A é a área efetiva do cilindro;

e S é o curso do cilindro. A área é calculada a partir do diâmetro definido

anteriormente (11 cm), sendo igual a 95 cm², e S = 40 mm = 4 cm. Portanto,

Ct = 380 cm³.

Page 64: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

51

Porém, esse é um cálculo teórico, e segundo orientação de fabricantes,

pode-se considerar que o óleo terá uma compressão específica para uma

determinada pressão. Estima-se um valor de 4,3% para uma pressão de 700

bar, o que deve ser levado em consideração no cálculo. Logo, a capacidade de

óleo real (Cr) considerada será: Cr = 397 cm³.

4.4.2.3. Espessura do Cilindro

Admitindo o cilindro hidráulico como um vaso de pressão cilíndrico,

submetido a uma pressão interna, pode-se usar a seguinte formulação: seja

um vaso cilíndrico AB de parede fina, a ser determinada.

Analisando-se as tensões que agem sobre o cilindro, têm-se as

situações de tensões radiais e longitudinais, respectivamente, como

apresentado na Figura 30.

Figura 30 - Tensões em vasos de pressão cilíndricos (Buffoni, s.d.).

Page 65: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

52

Focando-se apenas nas pressões e tensões atuantes de modo

circunferencial, que serão limitantes para determinar a espessura do cilindro,

tem-se a seguinte equação de equilíbrio:

1. (2.b.t) – 2.p.b.r = 0

t = (p.r) / 1 (40)

Onde: t é a espessura; p a pressão interna; r o raio interno; e 1 a

tensão circunferencial.

Sendo a pressão interna de 700 bar, o raio interno aproximadamente

igual ao do êmbolo (5,6 cm), e a resistência à tração de um aço SAE 1020

laminado a quente de 3800 bar, tem-se que a espessura t = 1,3 cm (adotando

um fator de segurança de 1,25).

4.5. Seleção da Bomba Hidráulica

A seleção da bomba hidráulica pode ser feita utilizando um catálogo de

fabricantes. Para este projeto foram utilizadas as tabelas e informações da

ENERPAC Industrial Tools, mas existem vários outros fabricantes com

equipamentos similares.

Todos os fabricantes de bombas para acionamento de cilindros fornecem

seus equipamentos baseados na capacidade do cilindro. Considerando que a

força exercida pelo cilindro será de 650 kN, como calculado anteriormente,

então o cilindro estudado nesse projeto deve possuir uma capacidade de pelo

menos 65 ton.

Dada a Tabela 13, pode-se escolher qualquer um dos tipos de bombas

oferecidos para um cilindro com capacidade de 75 ton, que atenderá as

necessidades do projeto.

Page 66: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

53

Tabela 13 - Seleção de bombas (Catálogo ENERPAC, 2012).

O objetivo do mecanismo é realizar um corte limpo, razoavelmente

rápido e com o menor aparato possível, de modo a tornar o equipamento mais

portátil. Logo, foi escolhida uma bomba pequena, potente e com acionamento

elétrico, como a série ZU4, que possui controle remoto e é utilizada para

cilindros de dupla ação, pesando aproximadamente 30 kg com óleo.

4.5.1. Cálculo da Velocidade de Corte

A velocidade de corte será equivalente à velocidade da haste. Esse

cálculo pode ser feito utilizando as dimensões do cilindro e as informações da

bomba, segundo a fórmula a seguir (Hatami, 2013):

Vc = (Q / Acil) x (1/6) (41)

Onde: Vc é a velocidade da haste ou velocidade de corte [mm/s]; Q a

vazão da bomba [cm³/min]; e Acil a área efetiva do cilindro [cm²].

A área efetiva do cilindro já foi calculada anteriormente, na Seção

4.4.2.2, sendo igual a 95 cm², enquanto que a vazão da bomba pode ser

verificada na Figura 31, sendo igual a 1 l/min (1000 cm³/min). Logo, a partir da

equação (41) tem-se: Vc = 1,75 mm/s, e dessa forma é possível cortar um cabo

de 25 mm em aproximadamente 15 s.

Page 67: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

54

Figura 31 - Propriedades da bomba selecionada (Catálogo ENERPAC, 2012).

4.6. Acessórios

4.6.1. Válvula

Para cilindros de dupla ação, como adotado no projeto, o ideal é utilizar

uma válvula de 4 vias (pressão, reservatório, avanço e retorno). Com este tipo de

válvula é possível o controle da vazão nas duas entradas do cilindro. A Figura 32

mostra como se dá o avanço e retorno para o caso dessa válvula.

Figura 32 - Avanço e retorno da válvula de 4 vias (Catálogo ENERPAC, 2012).

Além disso, os fabricantes têm alternativas de onde a válvula pode ser

montada e qual o tipo de acionamento. As alternativas mais comuns estão

apresentadas na Figura 33.

Page 68: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

55

Figura 33 - Alternativas de montagem da válvula de 4 vias (Catálogo ENERPAC, 2012).

4.6.2. Mangueiras

As mangueiras hidráulicas de alta pressão são importantes para garantir a

segurança do equipamento. O fabricante escolhido deve fornecer tanto as

termoplásticas quanto as de borracha para serviços mais pesados. Os dois

modelos são aplicáveis ao sistema.

As conexões escolhidas para o projeto foram as de 1/4” NTPF, por isso

as pontas das mangueiras devem ter essas conexões. A Figura 34 apresenta

diversos tipos de conexões existentes, inclusive a escolhida.

Figura 34 - Tipos de conexões das mangueiras (Catálogo ENERPAC, 2012).

Page 69: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

56

5. DOCUMENTAÇÃO GRÁFICA DO PROJETO

Após o estudo dos diversos aspectos relacionados ao projeto, incluindo os cabos

de aço, mecanismo de corte e sistema hidráulico, para finalizar o trabalho é preciso

apresentar a documentação gráfica do projeto. Essa documentação é composta pelo

desenho do conjunto mecânico, que representa a montagem do sistema, juntamente com

o desenho das peças a serem fabricadas. Também é interessante apresentar um manual

de montagem.

Cada desenho possui uma série de dados necessários para representação gráfica

adequada do projeto. Para elaboração de tais desenhos foram utilizadas recomendações

de Pina Filho (2011), bem como normas técnicas vigentes no país, tais como: NBR

10067; NBR 10126; NBR 12298; NBR 13272; e NBR 8196.

Todos os desenhos foram feitos utilizando-se um software especializado de

CAD (Computer-Aided Design), mais especificamente o TopSolid, da Missler. Toda

documentação gráfica, incluindo os desenhos de montagem e peças, está apresentada

em anexo ao projeto.

Page 70: SISTEMA AUTOMÁTICO PARA CORTE DE CABOS DE AÇO ...

57

6. CONCLUSÕES

O projeto de um sistema para corte de cabos de aço requeria o conhecimento

desse elemento mecânico amplamente usado, porém de difícil modelagem e

compreensão das propriedades e comportamentos. Para que esse conhecimento fosse

adquirido, foi feito um estudo sobre os cabos de aço, as formas de se tratar e entender o

comportamento dos mesmos, seu manuseio, dimensionamento para o serviço, e

principalmente os cuidados necessários para seu corte, como a utilização de uma

bandagem. O resultado foi a escolha do cabo de aço com a maior resistência à tração

possível (2300 MPa), o EIPS (Extra Improved Steel), visto que se este cabo pudesse ser

cortado pelo mecanismo a ser projetado, todos os demais também seriam. Além disso,

foi fixada uma bitola máxima de 1” (25 mm), que é a mais usada para os serviços, e cuja

quantidade a ser cortada por dia é maior.

Tendo o entendimento necessário sobre o elemento a ser cortado, partiu-se então

para a definição do método de corte e detalhes deste processo. O mecanismo de corte

escolhido foi a guilhotina, e seria preciso então definir a força de corte necessária. Pela

falta de literatura e trabalhos teóricos sobre o corte específico de cabos de aço, foram

utilizados quatro métodos para cálculo da força de corte: os critérios de tensão de Tresca

e von Mises, aplicados ao cisalhamento; um cálculo estimado, por uma aproximação

feita em literaturas de resistência dos materiais; e uma adaptação de fórmulas usadas

para o cálculo das forças de corte no processo de conformação. Constatou-se que essa

última análise resultou em uma força muito grande, quando comparada aos demais

critérios, e por isso foi descartada, assim como a análise feita por aproximação, pois não

apresentava embasamento teórico suficiente. Considerando então os dois critérios

restantes, mais usuais e confiáveis, optou-se por usar o que fornecia a maior força de

corte necessária (650 kN), visto que assim os dois seriam atendidos. Além disso, foram

definidos detalhes sobre a lâmina de corte, tais como: ângulo de afiação de 30º; material

utilizado (Aço AISI/SAE M2); e a folga necessária (2 mm), para realizar o corte de

forma adequada.

Calculada a força necessária para o corte, definiu-se que ela seria fornecida por

um sistema hidráulico formado por um cilindro de dupla ação, perfeitamente adequado

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58

ao mecanismo de corte, constituindo um sistema simplista, mas eficiente, e que não

ocupa tanto espaço. Baseando-se em informações de mercado, foi fixada uma pressão

padrão para este tipo de sistema (700 bar), possibilitando o cálculo do diâmetro do

êmbolo (110 mm), pela aplicação da lei de Pascal. Também foi especificado o

comprimento do curso, de 40 mm, e a capacidade de óleo real (397 ml). Além disso, o

cilindro foi analisado do ponto de vista de um vaso de pressão, calculando-se a

espessura necessária para suas paredes (13 mm). Foi feita então a seleção de uma

bomba comercial, com vazão de 1 l/min, resultando numa velocidade de corte de 1,75

mm/s, possibilitando o corte de um cabo de 25 mm em aproximadamente 15 s.

Concluindo o sistema hidráulico, foram especificados certos acessórios como

mangueiras e uma válvula de quatro vias.

Com todas essas informações em mãos, foi possível a elaboração dos desenhos

técnicos que servirão para a fabricação deste sistema. Vale lembrar que todo o projeto

foi desenvolvido conforme a motivação citada na introdução deste trabalho, visando

sanar uma real necessidade do mercado de comercialização de cabos de aço. Espera-se

que o sistema apresentado nesse projeto possa servir de protótipo, e certas melhorias

possam ser feitas de acordo com a necessidade.

De acordo com tudo que foi apresentado, acredita-se que o projeto trará uma

rapidez maior a etapa de corte e com o equipamento automático, o corte se torna mais

seguro.

6.1. Trabalhos Futuros

O sistema para corte de cabos de aço poderia ser mais amplo do que o

cortador automático. Alguns acessórios tornariam o trabalho mais rápido e

dinâmico. Por exemplo, uma mesa de medição seria ideal para complementar o

cortador. Esta mesa teria dois andares: um mais próximo do chão, onde ficaria

posicionada a bomba de acionamento, e o segundo andar, na altura das mãos,

onde ficaria o próprio cortador hidráulico. Como complemento, à frente do

cortador, poderia existir um tambor para o enrolamento e medição do

comprimento do cabo a ser cortado. Este tambor também poderia ser automático

e teria um contador de passos, que forneceria o tamanho do cabo de aço.

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59

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60

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2003.

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http://hyperlift.com.br/catalogos.htm

Catálogo Morse Starrett Wire Rope Cutters, Fabricante de Cabos de Aço.

Disponível em: http://www.morse-starrett.com

Catálogo Morsing & Carlstahl, Fabricante de Cabos de Aço. Disponível em:

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Norma NBR 10126, Cotagem em desenho técnico, 1987.

Norma NBR 12298, Representação de área de corte por meio de hachuras em

desenho técnico, 1995.

Norma NBR 13272, Desenho técnico - Elaboração das listas de itens, 1999.

Norma NBR 13543, Movimentação de carga - Laços de cabo de aço - Utilização

e inspeção, 1995.

Norma NBR 8196, Desenho técnico - Emprego de escalas, 1999.

Norma NBR ISO 2408, Cabos de aço para uso geral - Requisitos mínimos, 2008.

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Engenharia mecânica, UFRJ.

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63

ANEXO – DESENHOS DE MONTAGEM E PEÇAS

CC01 - Cilindro

CC02 - Êmbolo

CC03 - Lâmina

CC04 - Mancal

CC05 - Máscara

CC06 - Trava Central

CC07 - Trava Superior

CC08 - Montagem

CC09 - Montagem Explodida