SISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO DO FEIJÃO PRETO EM CRUZ … · Foi o início do desenvolvimento do...
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SISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO DO
FEIJÃO PRETO EM CRUZ MACHADO
Autores: Engenheiro Agrônomo
Msc. Fitotecnia José Eustáquio
Pereira (União da Vitória) e
Engenheira Agrônoma Vânia Di
Addario Guimarães (UFPR –
Curitiba)
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................02
2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................04
3. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................06
3.1. Condução do Trabalho.................................................................................06
3.2. Parâmetros Avaliados ..................................................................................07
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...............................................................................08
4.1. Principais Compradores de Feijão Preto......................................................08
4.2. Relações de Comércio .................................................................................11
4.3. Associativismo.............................................................................................23
4.4. Arrecadação de Impostos.............................................................................25
5. CONCLUSÕES..........................................................................................................28
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................29
3
1. INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da civilização, o homem tem dependido da agricultura e de
atividades manufatureiras, mesmo que rudimentares todavia, apenas nas épocas mais
recentes tem o homem vivido em sociedades organizadas, nas quais o processo de
comercialização passou a fazer parte integrante do próprio sistema de vida dos povos
(BERCKAMNN, 1.962).
Com o aparecimento das grandes cidades, distanciando produção e consumos
permitiu o surgimento dos intermediários, substituindo a ligação direta entre produtor e
consumidor. Foi o início do desenvolvimento do sistema de comercialização. O
desenvolvimento econômico permitiu o crescimento do setor de comercialização que
nos dias atuais tem papel preponderante na comercialização de produtos agropecuários.
Na agricultura do município de Cruz Machado, o feijão preto é um dos mais
importantes porque é cultivado em quase todas as propriedades e responder por 60%
da renda agrícola. No entanto pouco se conhece a respeito da comercialização de feijão
preto na região sul do Paraná, e em particular no município de Cruz Machado.
A necessidade e a importância de aumentar os conhecimentos a respeito da
comercialização do feijão preto no município de Cruz Machado, motivou a elaboração
de um estudo cujos objetivo são:
a) Objetivo Geral:
- Determinar os canais de comercialização do feijão preto no município de
Cruz Machado;
b) Objetivos Especifico:
- Verificar se os produtores rurais tem ou não vantagem no sistema de
comercialização de feijão preto no município;
- Detectar os maiores centros compradores de feijão preto do município e
seus percentuais;
- Quantificar a produção de feijão preto na safra 1.993/94, correlacionando
com o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
O produtor rural precisa a passar a pensar como um empresário rural. Este
empresário pode ser o proprietário rural, o arrendatário e até mesmo o parceiro,
dependendo de quem detém o controle dos recursos produtivos. Qual seja um desses,
ele deve Ter em mente seis funções primordiais para o sucesso do processo produtivo,
que abrange desde a área tecnológica, passando pela administrativa, financeira, contábil,
econômica e a que mais interessa, a função comercial. Esta última se refere a compra e a
venda, beneficiamento, armazenamento, transporte e distribuição do produto. É uma das
tarefas mais difíceis com que o administrador se defronta; mais difícil, mas muito
importante e não impossível, (TEXEIRA & TEXEIRA (10) e TEXEIRA & TEXEIRA
(11). Neste contexto é que se insere a grande problemática do processo de
comercialização, onde o produtor rural, principalmente o pequeno, na sua grande
maioria apresenta pouco domínio, pelo desconhecimento de como funciona o processo,
principalmente devido a fatores externos ou incontroláveis como mercado, recursos
naturais, institucionais, explorações, dentre muitos outros. É neste momento que entra o
papel do intermediário, que em suas diferentes formas, vem suprir esta lacuna no
processo de comercialização, primeiro pelo melhor conhecimento de mercado, em
comparação a estes mesmos produtores, fazendo assim, um mero tomador de preço do
produto a nível (BERCKMANN, 1.962).
Devida a eficiência dos meios de comunicação, as informações atualmente
circulam em curto espaço de tempo, razão esta pela qual não se justifica um agricultor
vender seus produtos por preço inferior ao de mercado, por desconhecimento,
(TEXEIRA & TEXEIRA, 1.992).
Uma das formas de reverter este processo de “entrega” dos produtos à mercê dos
intermediários é o fator educacional, visto que dentro de um contexto de
desenvolvimento agropecuário, a educação entra como primordial na percepção de
oportunidades, no entendimento das informações e tecnologias, principalmente na
organização de grupos, da produção e na participação da comunidade, não esquecendo
que, no tocante aos recursos naturais, mais que a informação de manejo sustentável, é
preciso que haja educação e sensibilidade para compreender essa necessidade e
consciência da ação com espírito voltado ao grupo, (SEVERINO, 1.994), a estas
relações grupais, sejam formais ou não, levam o processo de comercialização mais
organizado e mais consistente, com proposta de agregação de valores daquilo que é
5
produzido a nível local e viabilizando os diferentes sistemas de produção, com a
diminuição dos custos da produção e na participação da comunidade, não esquecendo
que, no tocante aos recursos naturais, mais que a informação de manejo sustentável, é
preciso que haja educação e sensibilidade para compreender essa necessidade e
consciência da ação geral com espírito voltado ao grupo, (SEVERINO, 1.994), a estas
relações grupais, sejam formais ou não, levam a processo de comercialização mais
organizado e mais consistente, com proposta de agregação de valores daquilo que é
produzido a nível local e viabilizando os diferentes sistemas de produção, com a
diminuição dos custos de produção, com a garantia de preços melhores e mais atrativos.
Em todo este processo de ser levado em conta os aspectos de educação, tradição e
organização de grupos e aspectos naturais em geral, (GRZYBOWSKI, 1.994 e
SEVERINO, 1.994).
O setor agrícola tem um papel duplamente estratégico no processo de
desenvolvimento econômico: é nele que se inicia a principal cadeia de produção de bens
de consumo e é também onde se pode criar emprego mais rapidamente e com menor
custo de investimento para cada novo posto de trabalho, (PASTORE, 1.993). É neste
setor que verdadeiros milagres vem acontecendo, pois sem nenhuma política
conseqüente, sem infra-estrutura adequada e outros problemas, o setor tem aumentado
sua produção, mesmo não tendo uma organização adequada entre os produtores,
principalmente no que se refere aos pequenos, (CARDOSO, 1.994).
A capacitação do produtor e sua família para que atuem como protagonistas na
solução de seus problemas mais imediatos, mesmo nas adversidades e limitações,
através da adoção de tecnologias apropriadas que reduzem os custos de produção e de
organização que lhes permitam diminuir os custo de insumos e de aumentar o valor de
sues produtos, permitirá paulativamente criar, de maneira endógena, os recursos para
impulsionar um processo de desenvolvimento auto-sustentável e permanente,
(GRZYBOWSKI, 1.994).
A hipótese que se aventa é que o processo de comercialização de feijão preto no
município de Cruz Machado traz prejuízo aos produtores devido a presença do
intermediário. Acredita-se também que estas perdas se estendem a nível municipal, uma
vez que grande parte do volume do feijão comercializado não se realiza a arrecadação
de Imposto sobre Circulação Mercadorias e Serviços (ICMS).
6
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Condução do Trabalho
3.1.1. Local
O trabalho foi desenvolvido no ano de 1.995 no município de Cruz Machado,
região sul do Estado do Paraná. Está situado a 940 metros de altitude, 23o50’30’’
longitude sul e 51o09’20’’ longitude oeste
3.1.2. Amostragem
O município foi dividido em 05 regiões geográficas homogêneas e nelas feita
uma distribuição dos 770 produtores cadastrados na EMATER-PR. Deste universo foi
feita uma distribuição dos produtores, dividindo em 04 grupos por produtividade de
feijão preto. Dentro de cada grupo foi retirada uma amostra estratificada de 10%
conforme método estipulado por GOMES (1.990).
3.1.3. Questionário
3.1.3.1. Questionários com produtores
Foram realizado questionários, compostos por n06 levantamentos: composição
familiar, explorações (safra 1.993/94), maquinário/benfeitorias, associativismo,
tecnologias/ culturas e comercialização.
3.1.3.2. Questionário com comerciantes
Foram realizados questionários, para aqueles comerciantes citados nos
questionários para produtores. Este questionário procurou levantar os seguintes dados:
volume de feijão comprado em 1.994, preço médio pago ao produtor, preço médio
vendido, sistemas de troca-troca de mercadorias (“financiamento”) e principais
compradores do município.
7
3.2. Parâmetros Avaliados
3.2.1. Principais Compradores de Feijão em Cruz Machado: procurou-se fazer
o levantamento do número de compradores de feijão no município bem
como o percentual comercializado de cada um.
3.2.2. Relações de Comércio
3.2.2.1.
Vendas de Insumos: procurou-se avaliar de como está o
fornecimento de insumos agropecuários a nível municipal.
3.2.2.2.
Formas de Pagamento: avaliou-se as formas de pagamentos e suas
diferenças “moedas”.
3.2.2.3. F
ormas de Compra de produtos Agropecuários: avaliou-se as
diferentes formas de compra de produtos e seus respectivos valores
em comparação com a saca de feijão.
3.2.2.4. C
anal de Comercialização: determinou-se os principais compradores
de feijão dentro e foras do município.
3.2.2.5. A
ssociativismo: avaliou-se o grau de associativismo e suas respectivas
participações, bem como sua influência no processo de
comercialização de feijão preto.
3.2.2.6. S
istemas de Arrecadação de impostos: procurou-se detectar o
processo de conscientização do produtor quanto a utilidade da nota
fiscal na comercialização como quantificar o Imposto sobre
Circulação de mercadorias e Serviços (ICMS).
8
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Principais Compradores de Feijão Preto
Os compradores levantados foram somente aqueles mencionados durante a
aplicação dos questionários para produtores. Foram detectados 11 compradores de
feijão dentro do município e suas respectivas participações neste processo, no total
comercializado em 1.994, (QUADRO 01). Os números confirmam as observações do
dia a dia, considerando que os principais compradores de feijão do município, detém
juntos 45m80% do total comercializado em 1.994, são eles: Transportadoras E. Otto e
Indústria e Comércio de Carvão Vegetal Carvoindo Ltda. Numa posição intermediária
ficaram, respectivamente, Barczak Cia. Ltda. E Jucelino Wrubleski com um percentual
inferior de compras ficou outro grupo formado por Roberto da Silva, Supermercado
Cemik, Supermercado Kistmacher, Luiz Matzembacher e Comércio de Gêneros
Alimentícios Kwiniewski. Estes últimos, com uma compra inferior funcionam como
pequenos intermediários dos grandes compradores do próprio município. Foi notado
que a procura por estes pequenos comerciantes se deve ao fato da maior facilidade de
comercialização em função do escoamento da produção em pequenas distâncias, lucro
fácil para este comerciante e finalmente facilitando parte das compras dos grandes
compradores por não necessitar de viagens a grandes distâncias. Estimativas realizadas
pela EMATER-PR/SEAB/IBGE, chegaram ao volume de produção de feijão preto no
município de Cruz Machado, safra 1.993/94, de aproximadamente 179.100 sacas de 60
kg, demonstrando que o volume comercializado em 1.994 atingiu a cifra de 151.733
sacas, ficando muito aquém dos números fornecidos pelo comércio local, (QUADRO
02). Na propriedade ficaram armazenadas cerca de 27.366 sacas, destinadas ao
consumo próprio e para semente para próxima safra.
Neste levantamento notou-se que ao comparar os dados da pesquisa com as
estimativas feitas pela EMATER-PR/SEAB/IBGE, encontrou-se grandes distorções
com aqueles fornecidos pelos comerciantes. Isto pode ser explicado, uma vez que, estas
informações foram baseadas naquilo comercializado legalmente dentro do município,
pois quando se comparou com dados da arrecadação tributária do município, pouco se
arrecadou de impostos sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS).
9
QUADRO 01: Volume de feijão comprado por comerciante no município de Cruz
Machado, safra 1.993/94.
COMÉRCIO
VOLUME DE
COMPRA (sacas de 60kg)
%
COOPERCRUZ 342 09,30
ROBERTO DA SILVA 60 01,60
SUPERMERCADO CEMIK 30 00,80
TRANSPORTADORA E. OITO 910 24,90
SUPERMERCADO KISTMACHER 187 05,01
BARCZAK CIA. LTDA 438 12,00
IND.COM.CARVÃO CARVOINDO LTDA 764 21,00
JUCELINO WRUBLESKI 175 04,80
COM. GÊNEROS ALIM. KWASCHIEWISKI 96 02,60
LUIZ MATZEMBACHER 95 02,60
PRODUTOR RURAL* 558 15,30
TOTAL 3.655 100,00
Fonte: Dados da pesquisa.
• Volume armazenado na propriedade para consumo próprio.
10
QUADRO 02: Volume de feijão comprado por comerciante no município de Cruz
Machado, safra 1.993/94.
COMÉRCIO
VOLUME DE
COMPRA (sacas de 60kg)
%
COOPERCRUZ 4.716 06,90
ROBERTO DA SILVA 1.000 01,50
SUPERMERCADO CEMIK 5.000 07,30
TRANSPORTADORA E. OITO 35.000 51,00
SUPERMERCADO KISTMACHER 6.500 09,50
BARCZAK CIA. LTDA 10.000 14,60
IND.COM.CARVÃO CARVOINDO LTDA 1.644 02,40
LUIZ MATZEMBACHER 1.000* 01,50
JUCELINO WRUBLESKI 2.500* 03,80
COM. GÊNEROS ALIM. KWASCHIEWISKI 1.000* 01,50
TOTAL 68.360 100,00
% SOBRE A PRODUÇÃO 45,00
Fonte: Dados da pesquisa.
* Dados não fornecidos (estimados).
11
4.2. Relações de Comércio
4.2.1. Vendas de Insumos
Ao ser analisado o sistema de vendas de mercadorias/insumos observou-se as
vendas realizadas por setores subdivididos do comércio especializado por produto. Os
maiores compradores de feijão, na sua maioria comercializaram principalmente o
calcáreo e o adubo; o setor de sementes ficou no domínio de apenas três
estabelecimentos. Embora o volume de agrotóxicos utilizado no município seja
considerável, grande parte foi adquirido fora do município e, daqueles vendidos no
município a maioria foi via Souza Cruz S.A, Comercial Remi e Casa do Colono,
QUADRO 03.
12
QUADRO 03: Participação de cada estabelecimento na venda de
mercadoria/insumos no município de Cruz Machado, 1.994.
ADUBO
ESTABELECIMENTO
CALCAREO
PLANTIO
COBERTURA
SEMENTE
AGROTÓXICOS
COOPERCRUZ 03,70 14,30 12,10 28,60 00,00
CARVOINDO LTDA 18,50 20,60 21,20 00,00 00,00
TRANSP. E. OTTO 50,00 31,80 33,40 06,10 00,00
SUPMERC. KISTMAC 05,50 00,00 00,00 00,00 00,00
BARCZAK CIA. LTDA 05,50 07,90 06,00 00,00 00,00
CASO COLONO 00,00 00,00 00,00 36,70 22,20
L. MATZEMBACHER 05,60 01,60 03,03 00,00 00,00
SUPMERC. CEMIK 03,70 01,60 00,00 00,00 00,00
AGROPEC 00,00 09,50 03,00 10,20 00,00
SOUZA CRUZ S.A. 01,90 01,60 06,00 00,00 33,30
DOMINGOS 05,60 00,00 00,00 00,00 00,00
MARCZAL
CLAC 00,00 04,80 03,00 00,00 00,00
CASA ALMEIDA 00,00 03,10 00,00 18,30 00,00
COM.REMI 00,00 03,10 12,10 00,00 44,40
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
13
4.2.2. Formas de Pagamento
No sistema de comercialização de produtos feito pelos produtores rurais em
1.994, a forma pagamento foi bastante variável, dependendo daquilo que estava
disponível, ou melhor daquilo que se produzia, variando desde a moeda propriamente
dita até o leite, porém a maior parte dos pagamentos foram realizados com o feijão,
principal produto comercializado, (QAUDRO 04).
Informações dadas pelos produtores, na sua grande maioria diziam que durante
as negociações não existia nenhuma cobrança de juros para compras a longo prazo.
Porém aos questionar os comerciantes constatou-se que na realidade existia uma
cobrança de juros que variava de 8,03% ao ano, sem correção monetária. Junto aos
comerciantes este tipo de negociação é bastante comum e pose ser comprado todo o
tipo de mercadoria, onde funciona um verdadeiro ”sistema bancário” para
financiamentos particulares. Podemos citar alguns financiamentos realizados no ano de
1994: insumos agropecuários, arado, trator, grande, pneus de automóveis, carreta de
trator, medicamentos, construção de paiol, animais, automóveis, e até casos urgentes de
saúde, dentre dezenas de mercadorias, das quais os agentes financeiros oficiais não
financiam normalmente.
Observou-se que os produtores tem os preços de seus produtos, na sua grande
maioria, sem influenciado frete, ou seja, em 57,90% dos casos dos preços dos produtos
não variam com o frete. Isto ocorria devido ao fato de que os comerciantes, quase
sempre aproveitavam as viagens de entrega de insumos e já transportavam a produção
de feijão.
Uma relação feita entre a dependência de “ financiamentos” juntos aos
comerciantes, constatou-se que, embora pequena a diferença, ocorrem variações entre
quatro categorias de produtividade. Verificou-se uma maior dependência dos
“financiamentos” daqueles com menores produtividade e, a medida que aumentava a
produtividade, diminuía esta dependência, (QUATRO 5).
14
QUATRO 04: principais formas de pagamento de mercadorias/insumos e suas
respectivas participações, ano de 1994.
FORMAS DE PAGAMENTO PARTICIPAÇÃO(%)
FUMO 01,00
PAPEL 35,00
LEITE 06,70
FEIJÃO 45,00
MILHO 03,30
ERVA MATE 03,30
CARVÃO 01,70
TOTAL 100,00
QUADRO 05: Relação entre produtividade/”financiamento” e variação de preço
do produto em função de frete nas diferentes categorias de produtividade.
FINANCIAMENTO
100%
VARIAÇÃO DE
PREÇO
CATEGORIAS
(HG/HÁ) SIM NÃO SIM NÃO
200 A 500 58,30 41,70 - 100,00
501 A 800 54,40 45,60 36,30 63,70
801 A 1.500 55,00 45,00 40,00 60,00
> 1.500 50,00 50,00 50,00 500,
15
4.2.3. Formas de Compra dos Produtos Agropecuários
O sistema de compra de produtos agropecuários no município de Cruz Machado é
baseado nos preços formados pelos principais compradores que detém informações
diária do mercado de feijão preto. Nos valores de hoje, o preço pago ao produtor por
saca de feijão oscilava na média de R$ 32,00 (trinta e dois reais) e o valor vendido pelos
comerciantes oscilava na média de R$ 38,00 (trinta e oito reais).
Para aquisição de qualquer mercadoria, as compras eram realizadas com base na
equivalência – produto variando o preço conforme QUADRO 06.
16
QUADRO 06: Preço pago, em equivalência – produto por produto agropecuário
encontrado em Cruz Machado, 1.994.
PRODUTO EQUIVALÊNCIA – PRODUTO
SACA/PRODUTO
CALCÁRIO(t)
PLANTIO (SC)
1:1
3:1
FERTILIZANTES COBERTURA (SC) 4:1
SEMENTE FISCALIZADA (30 KG) 2:1
ARADO TRAÇÃO ANIMAL 10:1
GRADE TRAÇÃO ANIMAL 6:1
MATRACA 2:1
ARADO TRAÇÃO MECÃNICA 50:1
GRADE TRAÇÃO MECÂNICA 50:1
PULVERIZADOR MANUAL (20L) 3:1
17
4.2.4. Canal de Comercialização
4.2.4.1. Indústria e Comércio Carvoindo Ltda
PRODUTOR RURAL
2,56% 2,56% 2,56% 2,56% 10,25%
J. RENTIUK PEDRO KRUL ANDRIGUETO BARTMAN MARCZAL
INDÚSTRIA E COM. CARVOINDO LTDA
20,49%
16,39% 2,05% 2,05%
MALANSKI CIA LTDA KLEIN FEIJÃO 3 LAGOAS
(IRATI) (UNIÃO DA VITÓRIA) (CURITIBA)
18
4.2.4.2. Barczak Cia Ltda
PRODUTOR RURAL
11,55%
BARCZAK CIA LTDA
2,30% 5,79% 1,73% 1,75%
MALANSKI CIA LTDA PRATO BOM COM. WOICIK CEREAIS LAGOA
4.2.4.3. Supermercado Kistmacher Ltda
PRODUTOR RURAL
9,09%
SUPERMERCADO KISTMACHER
4,56% 4,56%
NORDESTE DE MINAS GERAIS RIO DE JANEIRO E ESPÍRITO SANTO
19
4.2.4.4. Supermercado Cemik Ltda
PRODUTOR RURAL
0,42%
CEMIK
0,14% 0,12% 0,16%
MALANSKI CIA LTDA KLEIN J.S. CEREALISTA
(IRATI) (UNIÃO DA VITÓRIA) (UNIÃO DA VITÓRIA)
4.2.4.5. Roberto Silva
PRODUTOR RURAL
1,23%
ROBERTO SILVA
0,61% 0,62%
CEREALISTA LAGOA CEREALISTAS
(CURITIBA) (CONTENDA)
20
4.2.4.6. Transportadoras Edmundo Otto
PRODUTOR RURAL
1,23%
TRANSPORTADORA EDMUNDO OTTO
43,45% 7,26%
MALANSKI CIA LTDA REGIÃO DE UNIÃO DA VITÓRIA
(IRATI)
21
4.2.4.7. Cooperativa Agropecuária de Cruz Machado – COOPERCRUZ
PRODUTOR RURAL
6,49%
COOPERCRUZ
0,40% 2,19% 0,32% 0,35%
MALANSKI MATIOSKI CEREAIS OURO ABRAMAR
(IRATI) (MALLET) (MARINGÁ) (CURITIBA)
0,35% 0,16% 0,71%
COAMIG GONÇALVES FREITAS COOPERCANOINHAS
(PINMHÃO) (CONTENDA) (CONGOINHAS-SC)
22
4.2.4.8. Esquema Geral do Canal de Comercialização de Feijão Preto
PRODUTOR RURAL
50,70% 20,50% 6,50%
INTERMEDIÁRIO PEQUENO COOPERATIVA
TRANSPROTADOR INTERMEDIÁRIO COOPERCRUZ
22,30%
INTERMEDIÁRIO
DO CMUNICÍPIO
87,00% 3,0% 10,00%
INTERMEDIARIO CEREALISTA OUTROS
OUTRAS REGIÕES DO (CURITIBA) ESTADOS
ESTADO
23
4.3. Associativismo
O processo de associativismo no município se apresenta muito disperso, uma
vez que existem produtores filiados em mais de uma entidade, porém, com funções
antagônicas. Existem produtores rurais que são, ao mesmo tempo, sócios do sindicato
dos trabalhadores e do sindicado patronal, fato este que contraria os interesses próprios
dos produtores rurais, pois sindicatos diferentes são destinados a associados diferentes,
(ACARPA, 1985) e (PIP/AÇÃO, 1984). Desta forma não possibilidade do
fortalecimento desses produtores rurais, pois sempre estarão divididos entre os
interesses particulares de cada sindicato. Do total de produtores questionados 3,3%
pertencem ao sindicato patronal, entidade que luta por interesse contrário a esta classe e
1,6% pertencem, ao mesmo tempo dois sindicatos. As demais formas de associativismo
podem ser analisados no QUADRO 07.
Apesar de 67,90% dos produtores terem algum tipo de associação, este na sua
maioria, não tem uma participação ativa junto á entidade que lhe apresenta. Os
produtores alegam que essas entidades não trazem nenhum benefício, tanto que aqueles
27,90% que são sócios da cooperativa Agropecuária de Cruz Machado, comercializam
grande parte de suas produções de feijão preto através dos comerciantes, alegando terem
dívidas pendentes e pelo fácil acesso aos “financiamentos”, bem como maior facilidade
na aquisição de insumo, facibilidade estas que não encontram junto ás entidades
associadas. Tais fatos ocorrem devido ao completo abandono dos associados e pela falta
de um processo educativo a respeito de associativismo e trabalhos em grupo,
fundamentais em qualquer processo de desenvolvimento rural, (SEVERINO, 1.994).
isto vem a confirmar a grande dependência que os produtores tem na comercialização
da produção em relação aos comerciantes do município.
24
QUADRO 07: Formas de associativismo e suas respectivas representações no
município de Cruz Machado, 1.994.
FORMA DE ASSOCIATIVISMO PERCENTAGEM
COOPERATIVA 04,91
SINDICATO DOS TRABALHADORES 08,19
SINDICATO PATRONAL 03,28
ASSOCIAÇÕES 08,91
SINDICATO PATRONAL + COOPERATIVA 09,83
SINDICATO PATRONAL + ASSCOIAÇÕES 06,55
SINDICATO DOS TRABALHADORES + COOPERATIVA 09,83
SINDICATO DOS TRABALHADORES + ASSOCIAÇÕES 09,83
SIND. DOS PATRONAL +COOPERATIVAS+ASSOCIAÇÕES 03,28
SINDICATO TRAB.+COOPERTAIVA+ASSOCIAÇÕES 03,28
SINDICATO PATRONAL+SINDICATO 01,64
TRABALHADORES SEM NENHUMA ASSOCIAÇÃO 32,10
TOTAL 100,00
25
4.4. Arrecadação de Impostos
A arrecadação tributária no município de Cruz Machado apresentou-se bastante
deficitária, uma vez que, 59,30% do total de produtores questionados, n~]ao exigiam a
nota fiscal de qualquer produto comprado e, aqueles que exigiam estas notas, 67,60%
recebiam notas vindas de outros estabelecimentos comerciais fora do município. Os
produtores alegaram que estas notas eram retiradas diretamente em seus nome, não
aparecendo o nome do estabelecimento local que na sua maioria, funcionava como
apenas como transportador dos produtos. Quando o feijão preto foi vendido, 50%
daquilo comercializado não se retirava a nota fiscal do produtor e quando isto acontecia,
80,80% das notas eram preenchidas de forma inadequada, onde o nome do comprador
era sempre de outros municípios, onde mais uma vez, o comerciante local apenas
entrava como um transportador. Dessas notas que foram preenchidas, 39,10
apresentavam um volume comercializado menor que a realidade, ficando 34,80%
preenchidas com o volume à escolha do produtor e o restante com um volume maior
que o comercializado.
A relação feita entre produtividade de feijão preto e a retirada da nota fiscal do
produtor, constatou-se que a medida que diminuía a produtividade, também diminuía o
número de produtores que recebia sua nota fiscal devidamente preenchida,
demonstrando que aqueles com menor produtividade arcavam com os maiores
prejuízos, por não terem comprovantes de sua produção (QUADRO 08).
A análise feita sobre a produção de feijão preto no município de Cruz Machado,
mostrou que das 179.100 sacas produzidas em 1.994, 151.733 sacas foram
comercializadas e, comparando estes números com aqueles levantados nos questionários
para os comerciantes, chegou-se a um volume comercializado 54,90% inferior. Isto
pode ser explicado em função do total “descontrole” daquilo que o comercializado por
parte dos comerciantes do município. Quando este processo foi analisado pelo lado da
arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
encontrou-se distorções ainda maiores, tendo arrecadado impostos sobre um volume
comercializado de apenas 17.986 sacas de feijão, ou seja, uma sonegação de impostos
na cifra de 88,10% em relação ao produzido na safra 1.993/94. Observou-se que do total
arrecadado, 58,7% foi realizado por apenas dois estabelecimentos e, aqueles que
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apresentaram os maiores volumes de comercialização, apresentaram as menores
Arrecadações, (QUADRO 09).
QUADRO 08: relação entre produtividade e a retirada de nota fiscal do produtor
na comercialização de feijão preto em Cruz Machado, 1.994.
PREENCHIMENTO DA NOTA FISCAL(%) PRODUTIVIDADE 9KG/HA)
SIM NÃO
200 a 500
501 a 800
801 a 1.500
>1.500
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QUADRO 09: Comparação do volume de feijão comercializado e arrecadação
de ICMS no município de Cruz Machado, 1.994.
VOLUME(sc.) ESTABELECIMENTO COMERCIALIZADO ARRECADADO
PARTICIPAÇÃO
(%)
SUPERMERC.KISTMACHER 6.500 6.815 37,9
COOPERCRUZ 4.716 3.757 20,9
BARCZAK CIA. LTDA. 10.000 2.610 14,5
COM. KWASCHINIEWSKI 1.000 34 0,2
CAVOINDO LTDA 1.644 1.335 7,4
TRANSPORTADORA E.OTTO 35.000 3.315 18,4
VICENTE WALCZAK - 120 0,7
ROBERTO DA SILVA 1.000 00 0,0
SUPERMERCADO CEMIK 5.000 00 0,0
LUIZ MATZEMBACHER 1.000 00 0,0
JUCELINO WRUBLEWISKI 2.500 00 0,0
TOTAL 68.360 17.986 100,00
Fonte: Secretaria da Fazenda – Agência Cruz Machado
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5. CONCLUSÕES
De acordo com as condições em que foi realizado este trabalho, podemos concluir que:
- O maior comprador de feijão preto de Cruz Machado, no ano de 1.994 foi Irati-
Pr, principalmente através da Malanski Cia. Ltda.
- Os produtores tem uma vantagem ilusória a respeito da comercialização de
feijão preto, uma vez que, seu produto é adquirido por preços menores que o do
mercado, sem opção de venda para outros locais devido a dependência de
“financiamentos” junto ao comerciante do município.
- Houve ma grande dependência dos produtores rurais na aquisição de insumos
agropecuário e outras mercadorias em função do fácil acesso aos
“financiamentos” informais realizados pelos comerciantes, a base de
equivalência- produto, realizado até a longo prazo com juros reais menores que
nos agentes financeiros oficiais sem correção monetária, contribuindo pela
evasão das associações e cooperativas.
- Os produtores rurais ainda não se conscientização da grande força que tem
devido ao completo abandono dos sindicatos associações e cooperativas por não
estar amadurecido o pensamento de m trabalho associativista e grupal, o que os
tornam sem nenhuma interferência no processo de comercialização de feijão
preto no município.
- A sonegação de impostos sobre a circulação de mercadorias e serviços na
comercialização de feijão preto ocorreu principalmente com os maiores
compradores, justamente pelo fato de que a maioria das notas de produtores
serem preenchidas de forma inadequada
- O município de Cruz Machado deixou de arrecadar impostos o equivalente a
88,15% no ano de 1.994, transformando um grande prejuízo, principalmente
para os produtores rurais por não receber benefícios, indiretos advindos deste
imposto.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Press Co. 1.62. 873p.
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1.994.
3. GOMES,Frederico Pimentel. Estatística e Experimentação, 13º ed. São Paulo,
Nobel, 1.990. 466p.
4. GRZYBOWSKI, Lourdes M. Desenvolvimento rural soluções simples para
problemas complexos, Rio de Janeiro, Desktop Publicações, mar. 1.991. p.23.
5. PANTIAGO, Enter, RIBON, Miguel, Comercialização na agricultura na Zona da
Mata de Minas Gerais, Viçosa, Imprensa Universitária, 1.971 68p.
6. PASTORE, José. Agricultura e desenvolvimento, APEC/ABCAR, 1.993
7. SEVERINO, Joaquim. Fatores do contexto agropecuário e base para a política
agrícola. Apostila de Polícia Agrícola, 1.994. p. 13.
8. SINDICALISMO: Respostas a algumas questões, Elaboração: Escritório Local
ACARPA, Lapa. Fev. 1.984.p.9.
9. SINDICATO: Como surgiram os sindicatos, Equipe do projeto Interestadual de
pesquisa- Ação/ Rio Azul, 1.984.
10. TEIXEIRA, Ely Cardoso; GOMES, Sebastião Teixeira. As funções do empresário
rural In: Elaboração e análise de projetos agropecuários, 3ºed. Viçosa, 6-7,
1.992.
11. ___________________,____________________ Fatores que afetam a renda. In:
Elaboração e análise de projetos agropecuários, 3ºed. Viçosa, 7-10, 1.992.
12. ___________________,____________________ Estudos de mercado. In:
Elaboração e análise de projetos agropecuários, 3ºed. Viçosa,1.992.