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¹ Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina 2 Mestrado em Engenharia de Transporte e Gestão Territorial ³ Docente do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA DE APOIO AO CONTROLE DE OCUPAÇÃO E USO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ Derik König¹ Bruno Montibeller¹ Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de Geociências [email protected] [email protected] Thiago Panchiniak² Universidade Federal de Santa Catarina Centro Tecnológico Departamento de Engenharia Civil [email protected] Prof. Dr. Everton da Silva³ Prof. Dr. Joel Robert Georges Marcel Pellerin³ Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de Geociências Curso de Geografia [email protected] [email protected] Resumo: O presente trabalho visa descrever a metodologia empregada para estruturar os dados oriundos do projeto intitulado “Elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais no Município de São José” em um Sistema de Informação Geográfica. As etapas desenvolvidas neste processo envolveram a elaboração de um diagrama de entidade e relacionamento das classes que formaram a base de dados, com a descrição dos atributos de cada uma das classes, e a preparação dos dados para formarem a base de dados, onde procedimentos de correção topológica foram aplicados para evitar erros nos processamentos dos dados. São apresentados os elementos da visualização das camadas (classes) que possibilitam a geração de adequada interface para os usuários e, por fim, demonstra-se a estratégia de disponibilização do Sistema de Informação Geográfica para uso do município. Este trabalho foi realizado pelo Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com o Ministério das Cidades. Palavras chaves: Sistemas de Informação Geográfica, Desastres Naturais, Urbanização.

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¹ Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina 2 Mestrado em Engenharia de Transporte e Gestão Territorial

³ Docente do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina

SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA DE APOIO AO

CONTROLE DE OCUPAÇÃO E USO DO SOLO NO MUNICÍPIO DE

SÃO JOSÉ

Derik König¹

Bruno Montibeller¹ Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de Geociências [email protected]

[email protected]

Thiago Panchiniak² Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Tecnológico Departamento de Engenharia Civil

[email protected]

Prof. Dr. Everton da Silva³

Prof. Dr. Joel Robert Georges Marcel Pellerin³ Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de Geociências Curso de Geografia

[email protected]

[email protected]

Resumo:

O presente trabalho visa descrever a metodologia empregada para estruturar os dados oriundos do projeto

intitulado “Elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à urbanização frente aos desastres naturais no Município

de São José” em um Sistema de Informação Geográfica. As etapas desenvolvidas neste processo envolveram a

elaboração de um diagrama de entidade e relacionamento das classes que formaram a base de dados, com a

descrição dos atributos de cada uma das classes, e a preparação dos dados para formarem a base de dados, onde

procedimentos de correção topológica foram aplicados para evitar erros nos processamentos dos dados. São

apresentados os elementos da visualização das camadas (classes) que possibilitam a geração de adequada

interface para os usuários e, por fim, demonstra-se a estratégia de disponibilização do Sistema de Informação

Geográfica para uso do município. Este trabalho foi realizado pelo Laboratório de Geoprocessamento do

Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com o Ministério das

Cidades.

Palavras chaves: Sistemas de Informação Geográfica, Desastres Naturais, Urbanização.

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Abstract:

This present work aims to describe the methodology used for organizing the data from the project entitled

“Elaboration of Geotechnical charts for urbanization aptitude in the context of Natural Disasters in the

municipality of São José” in a Geographic Information System. The steps developed in this process

involved the elaboration of a diagram of entity and relationship of classes that formed the Data Base, with

the description of attributes of each one of the classes, and the preparation of data to constitute the Data

Base, where procedures of topological correction were applied to avoid errors in the processing of data.

The elements of visualization of layers (classes) that enable the generation of adequate interface for users

is presented and, by the end, the strategy for the presentation of the Geographic Information System for

use of the municipality is demonstrated. This work was realized by the Laboratório de Geoprocessamento

of the Universidade Federal de Santa Catarina, in partnership with the Ministério das Cidades.

Keywords: Geographic Information Systems, Natural Disasters, São José.

1. Introdução

A elaboração de uma base de dados para compor um Sistema de Informação

Geográfica é composta por diversas etapas, entre estas: a aquisição de dados, que podem

possuir entre si um maior ou menor grau de heterogeneidade de formatos em virtude da

multiplicidade de fontes a partir das quais podem ser adquiridos; a integração dos mesmos

através de um ou mais programas com a capacidade de lerem e/ou converterem dados

arquivados em diversos formatos; o manejo dos dados, tais como: edições gráficas e de

atributos requeridos para viabilizar a execução futura de operações de geoprocessamento; a

execução dessas mesmas operações para geração de Camadas constituintes da base de dados

em si e a disposição final dos dados, constituindo base de consultas e execução de operações

ou como recomendação de ordenação dos dados transmitidos.

A execução dessas etapas é influenciada por fatores diversos, tais como: as

necessidades do usuário final, que orientam a busca e a edição, organização e disposição de

dados; as fontes de dados disponíveis e passíveis de serem integradas ao sistema e o tempo

destinado à montagem do sistema de informação como um todo. Os Sistemas de Informação

Geográfica, juntamente com o geoprocessamento, dentre várias aplicações, podem ser

utilizados para averiguar as condições ambientais de áreas suscetíveis à processos que

desencadeiam prejuízos econômicos, danos humanos e materiais. Tais consistem em

condicionantes adicionais da execução de um banco de dados, que passa a se destinar a

identificar a aptidão das áreas de estudo, no caso do projeto descrito neste artigo, à

urbanização.

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Em virtude dos objetivos do Projeto “Elaboração de cartas geotécnicas de aptidão à

urbanização frente aos desastres naturais no Município de São José, Estado de Santa

Catarina”, procedeu-se à formação, através de uma metodologia calcada nos princípios dos

Sistemas de Informação Geográfica, de uma Base de Dados Georreferenciada que integrasse

os resultados do Projeto de extensão.

2. Sistemas de Informação Geográfica: definições de amparo

O termo Sistema de Informação Geográfica (SIG) é aplicado para sistemas que

realizam o tratamento computacional de dados geográficos e armazenam a geometria e os

atributos dos dados que estão georreferenciados, isto é, localizados na superfície terrestre e

representados numa projeção cartográfica (Câmara et al., 2004).

De acordo com Longley et al. (2005) há seis partes componentes em um SIG: Pessoas,

Software, Hardware, Dados e Procedimentos interconectados por uma rede. Esta rede possui

relações crescentes com a internet, cuja rápida evolução nas últimas duas décadas permitiu a

acelerada transferência e divulgação de dados e atualmente favorece o geoprocessamento

acessível através do ‘Webmapping’.

Tantas são as concepções de SIG quantos são os contextos de sua utilização. A

definição sob a qual se ampara o presente trabalho parte da consideração de que o SIG é uma

ferramenta tecnológica computadorizada utilizada para performance de operações que seriam

de outra forma (analógica) tediosas, inacuradas e custosas e como tal serve para resolução de

problemas geográficos (LONGLEY et al., 2005). Dessa forma considera-se o Sistema de

Informação Geográfica um sistema de suporte para decisões com repercussões espaciais

(LONGLEY et al., 2005).

De maneira objetiva, Rosa e Brito (1996) afirmam que um SIG consiste de um

conjunto de ferramentas destinado à aquisição, armazenamento, manipulação, análise e

apresentação de dados referidos espacialmente na superfície terrestre. E, neste sentido, vê-se

como fundamental para a aplicação que se propõe no trabalho, uma vez que, conforme

Câmara et al.(2004), os SIG têm como característica básica e geral a capacidade de tratar as

relações espaciais entre os objetos geográficos.

Os SIG’s apresentam como característica comum a capacidade de tratar e armazenar

as relações topológicas entre objetos, permitindo sua apresentação em diferentes sistemas de

coordenadas e diferenciando-se, portanto, de um CAD. Isto é fundamental para materialização

de um mapa de aptidão à urbanização resultante da análise de diferentes variáveis que

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caracterizam o meio ambiente. Denota-se por topologia a estrutura de relacionamentos

espaciais (vizinhança, proximidade, pertinência) que podem se estabelecer entre objetos

geográficos. Armazenar a topologia de um mapa é uma das características básicas que fazem

um SIG se distinguir de um sistema CAD.

Uma etapa importante da estruturação dos dados consistiu na possibilidade oferecida

pelos programas relacionados à SIG de agregação e desagregação de dados, conforme,

prioritariamente, a disposição temática em primitivas gráficas.

3. Localização da Área de Estudo

A bacia do Rio Forquilhas está localizada no município de São José, no estado de

Santa Catarina, Brasil (Figura 1), ocupando uma área de 54,2km² e perfazendo um perímetro

de 42,917km.

Fig. 1 - Localização da Área de Estudo

Fonte: CARDOZO, Francielle da Silva. Análise das áreas suscetíveis a inundações e

escorregamentos na bacia do rio Forquilhas, São José/SC. 2009. p.25

A área relativa à escala de Projeto ocupa uma superfície de 1,84km² e perfaz 27,5km

ao longo de sua linha de delimitação (Fig. 2).

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Fig. 2 - Escala de Bacia Hidrográfica e Escala de Projeto

Compondo fração da vertente atlântica, o rio Forquilhas é afluente do rio Maruim pela

margem esquerda, desenvolvendo seus 12km de extensão no sentido geral Noroeste-Sudeste

(CARDOZO, 2009).

4. Materiais

4.1. Programas

- Microstation v. 8 (Licença Educacional)

O MicroStation é um programa CAD derivado do Intergraph Graphics Software (IGDS),

sendo empregado para desenhos bidimensionais (2D) e tridimensionais (3D), projeto,

visualização, análises, gerenciamento de dados, programação e modelamento. Este programa

foi desenvolvido pela Bentley Systems. (website: http://www.bentley.com/pt-

BR/products/microstation/).

- Kosmo 3.0

O Kosmo é um SIG de desktop que utiliza da linguagem de programação Java e conta com

funções avançadas, além do fato de ser livre. O Kosmo é utilizado para visualizar e processar

dados espaciais. Sua interface é de fácil entendimento e interativa, contando com uma série de

códigos livres. Trabalha com dado vetorial e raster. Atualmente está sendo desenvolvido pela

plataforma JUMP GIS (PAZOLINI et al, 2013).

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- ArcGIS 10.0;

O ArcGIS 10.0 é um sistema de informação geográfico (SIG) criado para trabalhar com

mapas e informações geográficas. É um programa proprietário usado para criar e usar mapas,

compilar dados geográficos, analisar informações mapeadas e manejar informação geográfica

em um banco de dados. É um progrma licenciado em três níveis de funcionalidade: ArcView,

ArcEditor e ArcInfo, em ordem crescente de capacidade de manipulação de dados, edição e

análise.

- ArcReader (v. 10.2)

ArcReader é uma aplicação livre, de fácil uso que permite seus usuários visualizarem,

explorarem e imprimirem mapas. Qualquer um que utilize o ArcReader pode visualizar mapas

em alta qualidade criados no ArcGis para Desktop e publicados com a extensão ArcGis

Publisher. (website: http://www.esri.com/software/arcgis/arcreader)

4.2. Material Cartográfico

- Base Cartográfica Oficial do Município de São José na escala 1:2000, Sistema de Projeção

UTM e Datum SAD-69 Zona 22s.

- Base Cartográfica editada para composição de Mapas Temáticos impressos que incluem,

entre outros, feições de: hidrografia, altimetria (curvas de nível e pontos cotados), sistema

viário, edificações.

- Arquivos vetoriais oriundos de estudos de campo.

- Arquivos matriciais gerados mediante operações de geoprocessamento.

- Arquivos vetoriais e matriciais oriundos de estudos geotécnicos.

5. Metodologia

As camadas temáticas1 dos arquivos em formato Design (dgn

2) editados passaram por

um processo de desmembramento (em ambiente CAD Microstation V.8). Tal

desmembramento foi efetuado através da geração de novos arquivos vetoriais com tema

específico representado por uma só categoria de primitiva geográfica. Este processo de

fragmentação foi efetuado para fins de simplificação e redução de possíveis falhas na

1 (Inglês: level ou layer) Níveis passíveis de sobreposição, contendo informações georreferenciadas;

2 Formato de arquivo vetorial de Desenho, contendo feições geométricas vetoriais em ambiente CAD

(Microstation) (Inglês: Computer Aided Design) Desenho assistido por Computador;

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realização de operações de conversão para o formato Shapefile3 (shp). Tais conversões foram

realizadas através da extensão ArcToolBox constante no programa ArcGIS 10.0, definindo-se

para os arquivos vetoriais (shp) gerados, consoante os arquivos oriundos do desmembramento

temático, o Sistema de Projeção e o Datum do Projeto (Sistema de Projeção UTM Datum

SAD 69 Zona 22S).

Foram realizadas edições nas tabelas de cada camada vetorial, eliminando-se os

campos resultantes da conversão desnecessários para fins de Projeto e criando-se campos

relativos aos dados de incorporação visada, como apresentado no excerto de planilha (Figuras

3 e 4), observando-se as restrições impostas pelo programa ArcGIS 10.0 (mínimo de três

campos de atributos: Identificador, Forma e Campo de Variável). Definiu-se uma simbologia

para cada camada vetorial, de modo a possibilitar uma adequada visualização aos dados

apresentados pelas mesmas.

Fig. 3 - Excerto das Planilhas de Inventário de camadas e operações a serem efetuadas para

fins de integração em Banco de Dados, Escala de Bacia Hidrográfica

3 (Abrev. de formato: shp) Formato de arquivo de formas ou feições geométricas vetoriais de programa SIG,

passíveis de incorporação de dados através de identificadores;

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Fig. 4 - Excerto das Planilhas de Inventário de camadas e operações a serem efetuadas para

fins de integração em Banco de Dados, Escala de Projeto

Constituídos os arquivos vetoriais (shp) e camadas temáticas (lyr) relativos a cada área

e escala, procedeu-se à composição dos projetos (formato mxd) no programa ArcGIS 10.0. A

estruturação definida foi em um mesmo Quadro de Visualização4, realizando-se agrupamentos

de camadas (lyr), resultando em Grupos de Camadas Temáticas5, e identificando-se, desta

forma, a temática geral das camadas componentes.

De modo geral, as imagens incorporadas ao SIG em questão, resultantes de operações

de geoprocessamento e edição cartográfica digital6, foram importadas para ArcGIS 10.0 em

formato ‘tiff’. Para as imagens foi definido o Sistema de Projeção e o Datum do Projeto, e

permitiu-se a construção de pirâmides de visualização, que aceleram a performance de

visualização de frações de informação, ao recuperar apenas os dados com resolução requerida

para o display7, por default (Vizinho Mais Próximo, o método de reamostragem de dados

mais conservativo). Foi necessário o Georreferenciamento da maior parte das mesmas

(Tabela 1).

4 (Inglês: Data Frame) Quadro de Visualização de Dados;

5 (Inglês: Group Layers) Do inglês ‘Group’ grupo, conjunto de elementos com características comuns;

6 Objetiva-se aqui descrever o método geral de construção do SIG do Projeto. A descrição da geração do Modelo

Digital de Elevação e seus derivados (Mapas hipsométricos e de declividade) bem como a composição da Carta Geotécnica final (que materializa o método e o objetivo do Projeto de Extensão) constituem, por si sós, tema para trabalho a parte; 7 ESRI, 2012;

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Tabela 1 - Erro Médio Quadrático alcançado no Georreferenciamento das Imagens

Escala Temática da Imagem RMS Pontos de

Controle

10000 Declividade 0,04 4

10000 Hipsometria 0,148 4

10000 Geotécnico Aptidão Urbana 0,157 4

25000 Declividade 0,246 4

25000 Hipsometria 0,306 4

25000 Suscetibilidade a deslizamentos 0,608 4

25000 Geotécnico Aptidão Urbana 0,241 4

Considerando-se todas as imagens georreferenciadas, 93% não superaram 1/10 (um

décimo) do erro permitido conforme a escala, obtido através da multiplicação do erro gráfico

pelo fator de escala. Para integração em banco de dados, optou-se pela compressão das

imagens através do algoritmo LZW. Quanto ao arquivamento das imagens em File

Geodatabase8 (Modalidade de Geodatabase com acesso de Sistema Operacional não

exclusivo, Nomenclatura ArcInfo), foi utilizado o algoritmo default de compressão LZ77. Já

para integração em Personal Geodatabase (Modalidade de Geodatabase que arquiva dados em

formato mdb, Nomenclatura ArcInfo) as imagens foram comprimidas em RLE9 (default).

No decurso da elaboração do Sistema de Informação Geográfica do Projeto (Figura 5),

foram necessárias operações de geoprocessamento para integração dos dados vetoriais,

principalmente em virtude da conversão efetuada a partir dos dados da Base Cartográfica

adquirida e editada em ambiente CAD. Precisou-se, de forma geral, aplicar, para cada arquivo

convertido, uma revisão para avaliar a integridade de transmissão de dados, e aplicar o

processo de edição de atributos constantes nas respectivas tabelas de atributos.

No caso das feições edificações, estas se encontravam conforme a base de dados

original, dissociadas em Níveis (‘Levels’) conforme o uso especificado. Após definido o

8 Bancos de Dados Georrenferenciados, Nomenclatura ArcInfo;

9 Algoritmos de compressão escolhidos pelo critério funcionalidade e por se enquadrarem na categoria de

compressão Loss Less, que não altera os valores das células de um arquivo ráster (ESRI, 2012). Dados matriciais tendem a ocupar mais memória, e com vistas à performance de exibição de dados busca se comprimi-los para que ocupem menos espaço em disco, sendo no entanto passíveis de serem restaurados para execução de análises;

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sistema de projeção e Datum de todos os níveis convertidos em arquivo vetorial (Polilinha10

em formato shp), e estabelecida a equivalência de campos entre estes através do processo de

edição nas tabelas de atributos, procedeu-se à operação Merge11

, constante no ArcGIS 10.0,

reunindo-se todas a feições edificações em uma única camada e preservando-se, assim, os

atributos característicos à cada feição.

Fig. 5 - Fluxograma de Trabalho

Para aquisição da localização com acurácia dos pontos cotados com as cotas

correspondentes inseridas como campo em tabela de atributos procedeu-se da forma como se

segue: observado que a modalidade de desenho ‘Célula’12

no Microstation V.8 não é

reconhecida por ArcGIS 10.0, iniciou-se com a desagregação das mesmas nos arquivos

vetoriais (em formato dgn) desmembrados (Pontos Cotados). Importaram-se os novos

arquivos vetoriais, com o texto das cotas e as feições poligonais representativos dos pontos

cotados em ambiente CAD, como Polilinha e Polígono em ArcGIS 10.0. Através do programa

Kosmo 3.0, extraiu-se os centroides e eliminou-se a geometria duplicada através da extensão

Sextante, e realizou-se a operação Junção Espacial13

entre os arquivos vetoriais Pontos Únicos

e Texto das Cotas, que passaram a compor o campo ‘Elevação’ das feições correspondentes

10

Linhas compostas, com mais de dois vértices; 11

Adição, em uma mesma camada, de feições semelhantes presentes em diversas camadas; 12

Inglês: Cell; 13

União de atributos entre feições vetoriais distintas, conforme uma relação estabelecida;

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na tabela de atributos. Procedeu-se desta forma para geração dos arquivos vetoriais Pontos

cotados do sub-banco Forquilhas 1:10000. Para integração ao sub-banco Forquilhas 1:25000,

realizou-se também a desagregação e extração de centroides das feições poligonais

representativas de pontos cotados da área de toda a bacia em ambiente CAD, mas preservou-

se o campo ‘Elevation’ no processo de edição da tabela de atributos, com as elevações (em

metros) das feições pontuais.

Estando os arquivos vetoriais (dgn) das Curvas de Nível da Base cartográfica na

equidistância de 1m, procedeu-se à conversão para Polilinhas (em formato shp) e processo de

edição de tabela de atributos em ArcGIS 10.0. Posteriormente efetuou-se uma operação para

extração das curvas de nível de 5m e equidistância de 10m relativo à Bacia de Forquilhas na

Escala 1:25000, em virtude da maior relevância destas na temática de inundações, para

avaliação da restrição espacial à urbanização.

Na tabela de atributos do arquivo vetorial de curvas de nível com equidistância

vertical original de 1m criou-se os campos complementares relativos às operações, aplicadas

sobre o campo Elevação, consecutivas de divisão de altimetria por 10, arredondamento do

valor da divisão, e subtração entre o segundo e o primeiro valor, para diferenciação entre

valores múltiplos de 10 e valores compreendidos entre múltiplos de 10. Dessa forma no

terceiro campo (resultante da subtração) as feições com altitude múltipla de 10m ficaram

caracterizadas com o atributo 0 (zero), passíveis, portanto, de serem selecionadas em conjunto

por uma definição de grade de busca e integrarem um novo arquivo vetorial.

As curvas de nível com altitude 5m foram selecionadas e salvas em arquivo vetorial

separado a partir do resultante da conversão das Curvas de Nível de equidistância 1m da Base

Cartográfica. Assim, procedeu-se à operação Merge do arquivo vetorial (shp) relativo às

curvas de nível de 5m e das curvas de nível de equidistância 10m (shp), formando-se o

arquivo vetorial de Curvas de Nível integrante do sub-banco Forquilhas 1:25000. As curvas

integradas ao sub-banco Forquilhas 1:10000 foram extraídas mediante a operação Clip14

, com

base no polígono da Área de Projeto, das curvas de nível do sub-banco Forquilhas 1:25000.

As feições relativas ao Sistema Viário, as quais no arquivo base encontravam-se

dissociadas em níveis diversos (Rodovia ou Logradouro e Trilha ou Caminho), foram

incluídas em um mesmo arquivo vetorial (formato dgn) para importação na modalidade de

feição Polilinha em ArcGIS 10.0. Tais passaram a integrar um mesmo arquivo vetorial

14

Recorte de feições segundo um limite espacial estabelecido;

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(Sistema Viário), permanecendo sua distinção na tabela de atributos através de um campo

intitulado ‘Tipo’.

Para elaboração dos arquivos vetoriais APP Topo de Morro15

, não presentes na Base

Cartográfica adquirida, foram necessárias edições no programa ArcGIS 10.0. Extrairam-se

dos arquivos vetoriais Curvas de Nível do sub-banco Forquilhas 1:25000 as curvas de nível de

altitude 100m. Assegurando-se que as Polilinhas estivessem fechadas, através das curvas de

nível consigo mesmas ou do contato das mesmas com os limites de Bacia Hidrográfica na

mesma categoria gráfica, procedeu-se à construção de Polígonos através da extensão

ArcToolBox, e ao processo de edição das tabelas de atributos. Para obtenção das Áreas de

Preservação Permanente Topo de Morro no setor relativo à escala 1:10000, efetuou-se à

operação Clip com o arquivo vetorial poligonal relativo ao limite do setor de escala de

Projeto. Dessa forma tais arquivos vetoriais (em formato shp) foram integrados ao banco de

dados.

De modo geral, na arquitetura de disposição ou exibição dos dados, resultantes do

processo de constituição do SIG, foi procurado o estabelecimento de Grupos de Camadas

Temáticas com diferentes classes de feições que mantivessem entre si um relacionamento

temático Intra-Grupo e Inter-Grupo. Buscando o ordenamento, sob a forma de projeto

(formato mxd), os Grupos Temáticos foram ordenados entre si de forma que as informações

mais estruturais, basais e temporalmente mais distantes do visualizador ou usuário, estivessem

situados na parte inferior da coluna de conteúdos e as informações mais superficiais,

temporalmente recentes ou no porvir do visualizador ou usuário estivessem na parte mais

superior da coluna de conteúdos.

No interior dos Grupos Temáticos buscou-se um ordenamento semelhante à lógica do

Geodatabase, o qual ordena todas as feições de forma que todas elas se tornem visíveis ao

usuário. Dessa forma, a composição interna dos Grupos Temáticos foi determinada, de forma

geral, sob dois critérios: a memória física alocada para o elemento (Layer) e relacionado a

este, a dimensionalidade e densidade de feições encontradas em cada camada, em ordem

decrescente: Raster, Polígono, Polilinha e Ponto.

15

Delimitação de Áreas de Preservação Permanente, modalidade Topo de Morro;

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Todos os arquivos vetoriais convertidos e editados foram arquivados conforme

relevância temática, em Feature Datasets16

e incorporados tanto a File Geodatabases quanto a

Personal Geodatabases. A disposição final com ordenamento específico intra e inter-

agrupamentos dos bancos relativos à composição em cada localidade e escala, armazenados

sob a forma de projetos (formatos mxd e mpk) e publicados em formato pmf17

sem restrições,

foram alocados nos diretórios associados aos dados com os quais mantém relacionamento.

16

Denominação ArcInfo para conjunto temático de arquivos geométricos georreferenciados, alocados em

Bancos de Dados (Geodatabases), que incorporam nos atributos alfa-numéricos resultados de mensuração das feições contidas; 17

Formato de arquivo de projeto com capacidade de exibição de dados no programa ArcReader;

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Fig. 6 - OMT-G do Banco de Dados do Projeto

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6. Resultados Dentro das possibilidades oferecidas pelos programas utilizados, efetuou-se um

desmembramento temático passível de conversão permitindo a integridade da transmissão de

dados e um reordenamento estruturado em pastas de diretórios dos dados disponíveis e

compostos, resultado da metodologia empregada.

As recomendações de disposição dos dados, com agregações temáticas e características

de simbologia, podem ser acessadas em programa ArcReader 10.2 (Figuras 7 e 8).

Fig. 7 - Exibição dos dados no Programa ArcReader 10.2, Escala de Bacia Hidrográfica

Fig. 8 - Exibição dos dados no Programa Livre ArcReader 10.2, Escala de Projeto

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7. Considerações Finais

● Consolidou-se um Sistema de Informação Geográfica que possui ordenamento

propício para o gerenciamento optimizado de dados, associado à recomendação da

disposição dos dados na função de exibição de resultados em programa gratuito.

● A importância dos Sistemas de Informação Geográfica é comprovada pelas etapas de

sua própria construção, através da integração, revisão e atualização dos dados oriundos

de fontes diversas, analógicos ou digitais;

● Os dados incorporados organizados nesse tipo de sistema passam a ser alvo de

atualização e acréscimo facilitado em virtude da continuidade dos princípios de

ordenamento propiciada pela estrutura dos dados já alcançada;

● A incorporação e atualização de dados fornecem subsídios para execução de análises

atuais e cada vez mais profundas da realidade. Ressalta-se, portanto, o importante

papel que os Sistemas de Informação Geográfica desempenham para o avanço da

Ciência.

Agradecimentos

À Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) e ao Ministério das

Cidades (MCidades), pelo financiamento do Projeto de Extensão;

Referências bibliográficas

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