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SISTEMA DE SINALIZAÇÃO TURÍSTICA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL DA REGIÃO CENTRAL DE CAMPINAS 1 Mirza Pellicciotta 2 1 Os estudos e proposta de confecção de um sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas foram desenvolvidos para o Departamento de Turismo da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas, com reconhecimento de autoria intelectual. 2 Mestre em História Social e Doutoranda em História Cultural pela Unicamp, professora do Dep. de História da PUC de Campinas

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Estudos que subsidiaram a montagem do sistema de sinalização turística do patrimônio histórico na região central de Campinas/SP

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SISTEMA DE SINALIZAÇÃO TURÍSTICA DO

PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL DA REGIÃO

CENTRAL DE CAMPINAS1

Mirza Pellicciotta2

1 Os estudos e proposta de confecção de um sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região

central de Campinas foram desenvolvidos para o Departamento de Turismo da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e

Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas, com reconhecimento de autoria intelectual. 2 Mestre em História Social e Doutoranda em História Cultural pela Unicamp, professora do Dep. de História da PUC de

Campinas

Page 2: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

ÍNDICE:

INTRODUÇÃO PERCEPÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E PROPOSTA DE SINALIZAÇÃO PATRIMONIAL DA REGIÃO

CENTRAL DE CAMPINAS

ZONEAMENTO HISTÓRICO E LEITURA DAS CAMADAS DE TEMPO

AS PLACAS

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

CONJUNTO DOS MUPIS, PLACAS INTERMEDIÁRIAS E DE MONUMENTO

Mapa do sistema de sinalização de patrimônio histórico e ambiental da região central

1. Largo de Santa Cruz

1.1 Capela de Santa Cruz

2. Largo de São Benedito

2.1 Casa da Cônego Cipião

2.2 Casa grande e tulha

3. Praça Bento Quirino

3. Antigos arruamentos

3.1 Jócquey Clube

3.2 Solar do Barão de Itapura/PUCC

3.3 Clube Republicano

4. Largo das Andorinhas

4. Praça Carlos Gomes

4.1 Beco do Inferno

4.2 Escola Estadual Carlos Gomes

4.3 Banda Carlos Gomes

4.4 Santa Casa

5. Centro de Convivência

5.1 Hospital Irmãos Penteado

5.2 Colégio Progresso

5.3 Museu do Negro

6. Largo do Rosário

6. R. César Bierrenbach

6.1 Sobrado do Visconde de Indaiatuba

6.2 Centro de Ciências, Letras e Artes

7. Catedral

7. Rua Conceição

8. Praça Rui Barbosa (Teatro)

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8.1 Solar do Barão de Ataliba Nogueira/Centro Cultural Evolução

8.2 Palácio dos Azulejos

8.3 Escola Ferreira Penteado

9. Praça Luiz de Camões

10.1 Escola Orozimbo Maia

10.2 Hospital Penido Bournier

10.3 Liga Humanitária dos Homens de Cor

10.4 Academia Campinense de Letras

10.5 Academia Campineira de Letras

10.6 Delegacia de Polícia

10. Estação Cultura 11.1 Museu da Cidade

11.2 Bebedouro

11.3 Túnel de pedestres

11. Mercado Central

12.1 Colégio Culto à Ciência

12.2 Inst. Prof. Bento Quirino

12.3 Antigo Colégio C de Jesus

12. Largo do Pará

13.1 Externato São João

13. Bosque dos Jequitibás

14. 13 de Maio

9.1 Palácio da Mogiana

9.2 Maçonaria

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INTRODUÇÃO

Quando criança, meu pai percorria cidades barrocas de Minas Gerais encantado com o que via... Ruas

coloniais, edifícios e detalhes construtivos ganhavam um tal brilho em seus olhos que nós tentávamos identificar

naquilo que ele enxergava, as pistas de um verdadeiro mapa do tesouro. Assim nós crescemos, atentos aos

detalhes no alto dos muros, em restos de piso, em fragmentos de parede, telhados e malhas urbanas que, com o

passar do tempo, alimentaram e se traduziram em uma percepção de mundo fundida a uma militancia surda e

profunda pela preservação de um tesouro maior chamado História. Com os anos, todas as cidades se tornaram

interessantes, da mesma forma que nós passamos a buscar uma compreensão mais profunda das teias de

significados e experiências escondidas no interior de cada uma delas, alargando-se a percepção e compreensão

de História. Com o passar do tempo, ainda, conseguimos observar melhor o que nos cercava e a perceber a

urgência de zelar pela preservação de uma gama infindável de testemunhos imersos em processos acelerados de

crescimento e transformação urbana.

Com a graduação e pós graduação em História, adquirimos ferramentas para o trato do tempo: a

percepção de que os fenômenos se construíam em meio às mudança e permanência, às intercalações,

sobreposições e rupturas, e com base nestas dimensões de tempo, procuramos desenvolver uma perspectiva de

reflexão específica acerca dos testemunhos urbanos, ou ainda, da cultura material nas/das cidades, de forma a

analisar a cidade como um território histórico. Tratava-se, portanto, de tentar compreender a História nas cidades

como condição para refletir sobre a História das cidades, parecendo-nos inegável considerar que, antes de tudo,

as cidades nos permitiam perceber a própria História em seus diferentes processos de constituição e

materialização (ou não) na forma de edificações, expressões artísticas, maneiras de viver, hábitos culinários,

enfim, em um vasto conjunto de experiências e códigos culturais perpassados por significações de presente e

passado.

A cidade se revelava, enfim, um universo cultural, social, político, econômico em movimento, e na

medida em que constatamos que cada uma delas escondia marcas e trajetórias singulares de constituição

histórica, nós passamos a refletir sobre a construção de um caminho investigativo específico da cultura material

do mundo urbano; uma proposta que se revelasse sensível à formação, desenvolvimento e transformação do

espaço, ou ainda, que nos permitisse captar e cruzar seus dados com a dinâmica do tempo, fundada em

sobreposições, intercalações e rupturas. E através desta perspectiva de análise urbana (atenta às camadas do

tempo), a reflexão histórica se revelou em toda a sua força, mostrando-se capaz de captar as mudanças e

permanências do mundo urbano, ou ainda, de nos fazer perceber de forma mais sutil e profunda, os caminhos

contraditórios e dinâmicos de formação e transformação das cidades.

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Os fundamentos desta “metodologia” de investigação foi, por fim, ganhando forma através de uma

sucessão de projetos: nos trabalhos de concepção e implantação do Museu da Cidade de Campinas (1990/1992)3;

na elaboração do estudo “Os Sertões do Paranapanema”, obra de subsídios para o trabalho arqueológico em uma

área de 30 municípios da região oeste do Estado de São Paulo4; na realização do estudo “O Alto e Médio

Tocantins em tempo e espaço de transformação”, obra de subsídios para o trabalho arqueológico na porção sul

do atual Estado do Tocantins5 e, mais recentemente, na proposição e coordenação do “Programa Conheça

Campinas”, da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo da PMC6.

PERCEPÇÃO, IDENTIFICAÇÃO E PROPOSTA DE SINALIZAÇÃO PATRIMONIAL DA

REGIÃO CENTRAL DE CAMPINAS

Se em cada um destes projetos, o estudo das cidades assumiu finalidades diferentes, a identificação e

análise de suas dinâmicas singulares nos permitiu alcançar resultados importantes no campo da preservação

histórica, fortalecendo-se os laços da pesquisa com a prática preservacionista, ou ainda, dos estudos do passado

com o tempo presente. Mas, de maneira particular, o “Programa Conheça Campinas”, desenvolvido junto à

Prefeitura Municipal de Campinas, permitiu-nos associar os trabalhos de levantamento, análise e cruzamento

(rigoroso e abrangente) de dados da cidade à construção, propriamente dita, de instrumentos de intervenção no

espaço público, articulando-se as pesquisas com as ferramentas do turismo cultural.

No curso dos anos 2002/2004, nós desenvolvemos no Departamento de Turismo da SMCET o Programa

“Conheça Campinas”7, um programa composto por oito projetos de intervenção turística, entre os quais a

proposta de “Sinalização Turística do Patrimônio Histórico-Cultural da Região Central de Campinas”8. Esta

proposta, orientada pelos princípios do direito à memória e à história como condição para o acesso à cidade,

3 Coordenação de Estudos Historiográficos do Projeto de Implantação do Museu da Cidade, da Secretaria Municipal de

Campinas, entre os anos 1990/1992 4 “Projeto Taquaruçu-Sumaré. Linha de transmissão 440 kv” da Empresa Documento Arqueologia e Antropologia,

coordenado pelos arqueólogos Dra. Erika M. Robrahn-González e Ms. Paulo Eduardo Zanettini, 2000 5 “Projeto Peixe Angical” da Empresa Documento Arqueologia e Antropologia, sob coordenação da Profa. Dra. Erika M.

Robrahn-González, 2001/2002 6 Coordenação de Eventos do Departamento de Turismo; Coordenação do Programa Conheça Campinas; Proposição,

Desenvolvimento e Coordenação de Projeto, de Pesquisa Histórica e de Produção de Textos da “Sinalização Turística do

Patrimônio Histórico-Cultural da Região Central de Campinas”. 2002 e 2004 7 O Programa “Conheça Campinas” contou com toda a equipe técnica do Departamento de Turismo formada na ocasião por:

Sônia Aparecida Fardin (Diretora), Mirza Pelllicciotta e Cristina Sampaio (Coordenadoras), Éros de Marconsini e Vizel,

Maria Erli Hemetério de Miranda, Fabíola Rodrigues, José Luiz Santos, Tatiane Cristina de Oliveira, Cleber de Moura Fé,

Dora Lucia Mazzer Vechini e Arlindo Alves Costa (equipe técnica), além dos prestadores de serviços técnicos: Antonio

Carlos Lorette, Fabiana Bruno e Marta Fontenele; de estagiários: Luis Gustavo Andrade Mariano, Marcelo Douglas Rosa de

Moraes, Cleiton Guedes; do consultor em educação: Prof. Dr. Ângelo E. Silva Pessoa (Coordenador do Grupo de Formação

de História da Secretaria Municipal de Educação) e da colaboração da Profa. Dra. Carolina Galzerani e do Grupo Memória,

História e Educação da Fac. De Educação da UNICAMP 8 A equipe que integrou o Projeto de Sinalização foi formada por: Mirza Pellicciotta (proposição, desenvolvimento e

coordenação de projeto, de pesquisa histórica e de produção de textos), Fabíola Rodrigues, Marcelo Moraes, Antonio Carlos

Lorette, Fabiana Bruno, Marta Fontenele, Ângelo E. Silva Pessoa, Carolina Galzerani e Grupo Memória, História e

Educação, além da participação de Américo Vilela.

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assumiu a forma de um projeto de cidadania histórica, e buscou propor uma leitura urbana através de placas de

sinalização do patrimônio histórico, cultural e ambiental do Município.

Concebida para oferecer a moradores e visitantes de Campinas, informações capazes de ampliar e

qualificar a circulação por meio do reconhecimento e fortalecimento das significações e sentimentos de

pertencimento à cidade, este Sistema de Sinalização procurou também se associar à uma proposta mais ampla de

turismo público, fundada na valorização do patrimônio material e imaterial de Campinas como base para uma

nova modalidade de ação, a do turismo cultural.

Esta proposta nasceu da convicção de que o turismo poderia (ou deveria) ser pensado como

ferramenta/instrumento de realização/operacionalização da apropriação dos bens simbólicos do espaço, ou ainda,

de que o turismo poderia desempenhar um papel estratégico na gestão da circulação urbana ao dar sentido à

própria produção social do espaço. Neste caso, o Projeto se fundamentou na idéia de que ao se circular pelo

espaço urbano, tem-se a oportunidade de tomar contato com uma infinidade de aspectos materiais e imateriais da

cidade e que, a depender da sensibilidade ou abertura para a(s) a(s) particularidade(s) de cada um, pode-se

ampliar o olhar, reconhecer o outro e se situar melhor dentro deste e do próprio espaço de vida e trabalho. O ato,

portanto, de circular e fazer “turismo”, cumpre com um papel importante de sociabilidade no tempo e sociedade

em que vivemos, merecendo nossa atenção (ou talvez, algum engajamento) por associar a circulação à

construção de um olhar mais amplo e profundo sobre o mundo.

De maneira mais específica, esta proposta visou instalar na região histórica (área central) de Campinas,

um sistema de sinalização turístico-cultural com o propósito de sensibilizar, informar, propor e orientar a

circulação dos moradores e visitante por diferentes espaços de constituição histórica, convidando-os a conhecer

edificações, espaços, costumes, etc.. importantes na formação deste território e de sua(s) identidade(s)

cultural(s). No mesmo sentido, visou contribuir para um maior reconhecimento deste “centro histórico”,

atualmente deteriorado em seus marcos de formação e transformação histórica. Para tal, o sistema de sinalização

pretendeu oferecer à região, um suporte de informações, referências e análises, nas proximidades dos

testemunhos sobreviventes.

Para a realização dos estudos necessários, contamos com um rigoroso esforço de levantamento e

cruzamento de dados que incluiu, entre outros aspectos, trabalhos de identificação e seleção de fontes

iconográficas, identificação e seleção de fragmentos documentais, levantamento e cruzamento de referências

relativas à cultura material dos espaços, deparando-nos neste percurso, com a presença de 14 sub-áreas de

constituição histórica; sub-áreas que apresentaram marcos de formação e transformação singulares e

fundamentais à compreensão mais ampla da história da cidade. Este projeto, portanto, compõe-se de 14 painéis

interpretativos, 5 placas intermediárias e 33 placas de monumento externo; estruturas que apresentam

formatos diferentes na perspectiva de cumprir com finalidades de leitura e de educação patrimonial específicas.

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ZONEAMENTO HISTÓRICO E LEITURA DAS CAMADAS DE TEMPO

Como aspecto fundamental desta leitura da cidade (materializada no sistema de sinalização), nós

desenvolvemos uma proposta de zoneamento histórico da região central; ferramenta capaz de apontar (e

qualificar) a presença de diferentes áreas de formação histórico-cultural na cidade. Através deste zoneamento,

procuramos estabelecer uma visão articulada dos espaços históricos, associando através de cores e

representações, vários elementos e sentidos históricos presentes nas 14 sub-áreas da região central. Procuramos

também chamar a atenção e convidar ao moradores e visitantes à circular e desvendar estas áreas.

Em paralelo à identificação espacial, procuramos representar a cidade em quatro dimensões de tempo,

indicando por meio delas, a presença de períodos, sentidos e experiências históricas diferentes. No primeiro

tempo, organizamos os registros do século XVIII e espacializamos as informações identificando a presença de

“campinhos” em meio à mata fechada. No segundo tempo, buscamos representar um período histórico posterior,

no qual atividades agrícolas extensivas e uma crescente dinâmica de mercado levaram à expansão dos canaviais,

depois dos cafezais, intensificando-se a vida urbana entre as últimas décadas do século XVIII e o final do século

XIX. No terceiro tempo, procuramos identificar um outro momento de transformação urbana: o caracterizado

pela expansão das atividades agro-industriais, responsáveis, entre outros processos, pela formação dos primeiros

bairros nos arrabaldes da cidade. No quarto tempo, demarcamos a expansão urbana contemporânea que, a partir

da década de 1930, assumiu uma intensa dinâmica urbana, potencializada pela complexificação capitalista.

Por fim, em conjunto com a identificação de aspectos e processos em transformação no tempo e no

espaço, procuramos abarcar uma última esfera de reflexão: a das percepções. Neste caso, através de impressões e

representações deixadas por cronistas, viajantes, estudiosos e habitantes da cidade, nós podemos tomar contato

com uma outra dimensão de cidade: aquela que diz respeito às significações e dimensões simbólicas. De fato, os

espaços também se constituem como dimensões simbólicas, dimensões permeadas por significações em

transformação (ou permanência) no tempo, ou ainda, por testemunhos e projetos de vida revelados no espaço.

AS PLACAS

Em seu conjunto, o Sistema de sinalização compõe-se de painéis e placas com finalidades específicas.

Os Painéis interpretativos (também conhecidos como mobiliário urbano para informação, ou simplesmente,

MUPI) visam articular o “ponto turístico” (isolado) à área envoltória que lhe confere significado, podendo-se

através dele: identificar a área histórica em que se encontra; obter dados importantes do seu entorno, obter

informações específicas sobre os “pontos turísticos” próximos e correlatos. O painel é composto por um mapa da

região central (com zoneamento histórico em cores), textos explicativos da evolução urbana, um amplo acervo

iconográfico, referências historiográficas e identificação dos principais pontos turísticos da área. A cada painel,

apresenta-se um determinado recorte urbano, associando-se a área demarcada (em suas especificidades) com a

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evolução urbana de toda a cidade. Os MUPIs deverão ser instalados nos seguintes logradouros: Praça XV de

Novembro, Centro de Convivência Cultural, Largo das Andorinhas, Praça Bento Quirino, Largo do Rosário,

Mercado Municipal, Praça José Bonifácio (Convívio), Praça Rui Barbosa, Largo do Pará, Largo São Benedito,

Estação Cultura, Praça Luís Vaz de Camões, Bosque dos Jequitibás, Rua 13 de Maio

As Placas Intermediárias voltam-se a oferecer ao morador/turista uma compreensão e orientação mais

detalhada de circulação no território em visitação, fornecendo detalhamentos de ruas e travessas, usos e

tradições no curso do tempo, ou ainda, enriquecendo a percepção do morador/visitante nas áreas de fronteira

entre os territórios dos MUPIs. Elas deverão ser instaladas nos seguintes logradouros: Praça Antonio Pompeu,

Praça Carlos Gomes, Rua César Bierrenbach, Rua Conceição e Rua Senador Saraiva

As Placas de Monumento visam oferecer informações históricas/culturais/ambientais de um “ponto

turístico” ou atrativo específico, apresentando um texto explicativo com referências ou associações de conteúdo

com o “painel interpretativo” de uma região, além de sinalizar o patrimônio edificado e os bens tombados pelo

Município. Elas deverão ser instaladas nas seguintes edificações: Capela de Santa Cruz, Antigo Gasômetro,

Jockey Clube, Palacete Itapura (PUC – Central), Centro de Ciências, Letras e Artes, Antiga sede do Clube

Republicano , Beco do Inferno, Escola Estadual Carlos Gomes, Banda Carlos Gomes, Sobrado do Visconde de

Indaiatuba, Palácio dos Azulejos, Escola Ferreira Penteado, Correios e Telégrafos, Palácio da Mogiana, Loja

Maçônica Independência, Solar do Barão Ataliba Nogueira (Centro Cultural Evolução), Hospital Irmãos

Penteado, Colégio Progresso. Museu do Negro, Colégio Culto à Ciência, Academia Campinense de Letras,

Academia Campineira de Letras, Inst. Prof. Bento Quirino (Colégio Técnico Bento Quirino), Escola Orozimbo

Maia, Hosp. Penido Burnier, Liga Humanitária dos Homens de Cor, Delegacia de Polícia, Antigo Colégio

Coração de Jesus, Externato São João, Casa Tombada da Rua Cônego Scipião, Santa Casa de Misericórdia,

Bebedouro e Museu da Cidade.

No mês de outubro de 2004, o “Sistema de Sinalização Turística do Patrimônio Histórico-Cultural da

Região Central de Campinas” foi aprovado com louvor pelo CONDEPACC (conselho de preservação municipal)

e em novembro, o mesmo Conselho tombou seus arquivos digitais como acervo sob guarda do Museu da

Imagem e do Som. O Projeto aguarda a confecção do mobiliário capaz de instala-los nas ruas e praças de

Campinas.

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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

1. TIPOLOGIAS DAS PEÇAS:

Os equipamentos e peças de sinalização a serem executados e instalados são:

1.1 MUPI – Mobiliário Urbano Para Informações – são peças para informações turísticas, localização e histórico de um

bem imóvel ou de um logradouro ou marco urbano de relevante valor histórico-cultural. Tais informações serão

fornecidas em arquivo eletrônico (CD), prontas para impressão (processo de plotagem) em 600dpi em lona adesivada

1.2 Tótem Multiuso – a ser usado para informações históricas e identificação dos logradouros do entorno das obras. Tais

informações fornecidas em arquivo eletrônico (CD), prontas para impressão (processo de plotagem) em 600 dpi em

lona adesivada.

1.3 Placa Informativa – são peças com informações históricas/culturais/ambientais de um ponto turístico ou atrativo

específico. Tais informações serão fornecidas em arquivo eletrônico (CD), prontas para impressão (processo de

plotagem) em 300 dpi em lona adesivada.

2. CARACTERÍSTICAS DO PROJETO

Foi desenvolvida uma família de equipamentos e peças de sinalização, com funções distintas, mas que guardam as mesmas

características estético-construtivas entre si, seja pelo acabamento, tipo de vedação, cor, tipo de suporte ou outro detalhe

relevante.

2.1 Estrutura de apoio das peças:

Todas as peças serão metálicas, estruturadas em perfis retangulares tipo metalon, com 2mm espessura das paredes e seções

variáveis, galvanizados, reforçados ou não com peças soldadas entre os vãos, conforme detalhes.

Esses quadros de suporte das peças serão recobertos por chapas planas lisas de 5mm de espessura, soldadas nos 2 lados

maiores e paralelos, com as bordas soltas na extremidades, conforme detalhe nas diversas plantas. Esses apoios deverão

suportar o corpo das peças propriamente ditas.

O acabamento dos quadros de apoio será em pintura eletrostática, em cor contrastante à cor do corpo das peças. A cor dos

apoios será variável de acordo com as características do material de fechamento do corpo das peças. O corpo poderá ser em

chapa perfurada, ou em caixas de chapas lisas, conforme segue:

2.2 Fechamento do corpo das peças:

a) Corpo do MUPI, Tótem e Placa: corpo das peças em chapa lisa com ou sem vidro

A caixa do corpo do MUPI, em chapa de aço carbono e alumínio com vidro, do Tótem, em chapa côncava, e da Placa, em

chapa plana, com todas as peças externas necessárias à sustentação do corpo da peça nos seus respectivos suportes, como:

perfis em metalon, chapas frontais, tubos, dobradiças e parafusos terão o mesmo acabamento em cor contrastante à das

peças dos apoios no piso ou parede.

Acabamento:

Corpo: Todas as peças externas da caixa do painel de informações, em cada caso, terão acabamento pintura eletrostática

epóxi pó em cor preto.

Estrutura: Os quadros de apoio no piso (ou na parede, para a placa) com todas as peças externas: metalon, chapas laterais,

chapa da base para chumbamento na no piso (e o tubo de fixação da placa) e parafusos terão acabamento em

aço carbono pintado, com pintura eletrostática epóxi pó em cor a ser definida pelo cliente.

Procedimentos para Instalação

Todas as peças deverão ser fornecidas prontas para instalação. A firma responsável pela execução da mesma deverá

chumbar cada peça na base de concreto correspondente, a ser executada nos pontos indicados.Deverão ser executados pelo

menos 4 (quatro) furos por peça, para parafusos de chumbamento na base “grouteda” existente no piso, que indica o local

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onde foram executadas as sapatas para receber cada peça. Os diâmetros dos parafusos são variáveis: 5/8” ou 1,58mm para

peças maiores, e de 1/2" para peças menores. Esses deverão receber o mesmo acabamento da chapa da base das peças.

A chapa da base deverá cobrir a base em “grout” executada no piso pela firma de implantação das peças. O chumbamento

será feito com parafusos de expansão tipo Kwik Bolt II, da Hilti, ou similar, com 120mm enterrados na base de concreto

para todas as peças. O recobrimento final das calçadas, deverá ser lateral à superfície de chumbamento. As peças não

poderão ser chumbadas sobre o acabamento do piso, somente direto na base de concreto.

Das fundações

A contratada deverá executar as fundações dos MUPI’s e Totens Multiuso em conformidade com o projeto anexo e de

acordo com as seguintes especificações:

Fundação para MUPI’s

Consiste na execução dos seguintes serviços e etapas:

- escavação manual em solo de vala com 1,5m x 1m x 0,65m;

- apiloamento manual de 1,5m² de fundo de vala;

- execução de 0,075m³ de lastro de concreto com consumo de 150kg de cimento por m³;

- execução de 1,5m² de chapisco nas laterais da vala;

- execução de 1m² de forma para fundação;

- fornecimento e lançamento de 0,7m³ de concreto fck = 20 MPa;

- fornecimento de 30 kg de aço CA- 50;

- reaterro apiloado de 0,2m³;

- execução de 1,5m² de contra-piso de concreto com 5cm de espessura;

- fornecimento e assentamento de 1,5 m² de piso de ladrilho hidráulico tipo podo táctil;

- limpeza e remoção de todo o entulho resultante da execução dos serviços.

Fundação para Totens Multiuso

Consiste na execução dos seguintes serviços e etapas:

- escavação manual em solo de vala com 1,5m x 0,85m x 0,65m;

- apiloamento manual de 1,3m² de fundo de vala;

- execução de 0,065m³ de lastro de concreto com consumo de 150kg de cimento por m³;

- execução de 1,4m² de chapisco nas laterais da vala;

- execução de 1m² de forma para fundação;

- fornecimento e lançamento de 0,55m³ de concreto fck = 20 MPa;

- fornecimento de 25 kg de aço CA- 50;

- reaterro apiloado de 0,2m³;

- execução de 1,275m² de contra-piso de concreto com 5cm de espessura;

- fornecimento e assentamento de 1,275 m² de piso de ladrilho hidráulico tipo podo táctil;

- limpeza e remoção de todo o entulho resultante da execução dos serviços.

Das instalações elétricas

Na instalação dos MUPI – Mobiliário Urbano Para Informações – a contratada deverá executar a interligação elétrica das

peças ao quadro de alimentação e/ou distribuição existente no logradouro ou edificação pública mais próxima.

É de inteira responsabilidade da contratada:

- a execução de rasgos nos pisos, alvenarias e outros elementos necessários à passagem dos eletrodutos;

- o fornecimento e instalação de eletrodutos de ¾”, tipo mangueira e seu chumbamento e/ou envelopamento de concreto do

MUPI ao quadro de alimentação;

- a execução do acabamento e recomposição das superfícies danificadas com iguais características as superfícies originais;

- o fornecimento e instalação da enfiação em fio rígido de 4mm²;

- o fornecimento e instalação de disjuntor de proteção de bipolar de 35Amperés para acionamento da iluminação, e sua

interligação à circuito dentro do quadro existente.

No orçamento elaborado pela PMC foi prevista uma verba para instalação elétrica de cada MUPI na qual está prevista:

- a demolição manual de 1m³ de concreto;

- o fornecimento e instalação de 45 metros de eletroduto tipo mangueira de 3/4”;

- o fornecimento e instalação de 100 metros de fio rígido de 4mm²;

- o fornecimento e instalação de 1 disjuntor bipolar termomagnético de 35Amperés;

- a execução de 0,5m³ de envelope de concreto;

- a execução de 5m² de piso tipo mosaico português, assentado sobre berço de areia;

- limpeza e remoção de todo o entulho resultante da execução dos serviços.

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DESCRIÇÃO DAS PEÇAS

MUPI – Mobiliário Urbano de Para Informações

Peça para instalação de painel de informações iluminado, responsável pelo referencial turístico da cidade, com emprego de

mapas ou esquema representativo da cidade (ou de uma parte dela), fotos, textos etc. deverá fornecer a indicação de quais

são os atrativos turísticos, assim como uma noção básica de localização e do histórico dos pontos de interesse.

Composto por duas peças:

1. uma caixa estrutural em aço carbono pintado, estruturada em perfis de metalon,

2. um painel central com 2 portas em alumínio anodizado e vidro, também estruturado em metalon,

onde serão fixadas as 5 lâmpadas fluorescentes e respectivos reatores a serem fornecidos pela

contratada.

A base de apoio da caixa estrutural de aço inox é um quadro estruturado em perfis tipo metalon de aço carbono de 800 x

400 x 80 mm e parede de 2,5 mm, com 4(quatro) barras de reforço soldadas na diagonal do vão maior. São 4 (quatro) peças

em forma de cantoneiras de 1” x 1” x 825 mm e parede de 2,5 mm. Na parte superior sobre o painel informativo, a caixa

estrutural também será feita em um quadro de metalon, com as mesmas dimensões da seção recomendada na base, sem

necessidade do reforço. Esses quadros de metalon serão recobertos por 2 chapas independentes, lisas e planas, de com

chapa de aço carbono de 800 x 400 mm e parede de 5 mm a serem soldadas em 2 faces maiores e paralelas do quadro;

O painel central é composto por uma caixa de perfil de alumínio 2000 x 1300 x 75 mm anodizado na cor preta, que

funcionará como uma vitrine, fechada com vidro temperado 6 mm nas duas portas, fixado por silicone estrutural à estrutura

do painel. O quadro informativo, a ser afixado na estrutura do painel central acima, deverá ser em lona vinílica estruturada

em moldura em alumínio ou metalon 1” x 1” parafusada no quadro com cantoneiras em alumínio 1/2” x 1/2” . Isso permitirá

eventuais substituições das informações. A iluminação interna será do tipo “back-light”, com cinco lâmpadas fluorescentes.

A passagem de alimentação elétrica do piso para o quadro de iluminação será garantida internamente à base de apoio da

peça, por um conduíte, conforme descrição em projeto. Todos os serviços e peças descritas deverão ser produzidos pela

empresa contratada, bem como a impressão da arte final (em painel), que serão coloridas, estampadas na lona vinílica, área

de impressão mínima de 1800mm x 1200mm, com a resolução mínima de 600dpi, contendo as informações necessárias à

sinalização e orientação. A lona vinílica deverá ser estruturada com moldura de alumínio ou metalon de 1” x 1” fixada com

parafusos. A base da caixa estrutural do MUPI, ou seja, a estrutura em metalon será soldada em uma chapa de aço 900 x

200 mm e parede de 8 mm, com 4 furos de 5/8” para chumbamento na base de concreto do piso.

Dimensionamento da peça:

Altura total: 3000 mm

Largura: 1400 mm

Espessura: 215 mm

Área de informações: 2,16 m² (1800 x 1200 mm)

Instalação: executar ligação à rede de energia elétrica

TÓTEM MULTIUSO

O Totem projetado na planta HT 03 08 E MU 0011 01 é composto por duas peças: uma caixa estrutural de aço carbono e

um painel informativo central pivotante, também em chapas de aço carbono. A base estrutural da peça é composta por uma

caixa em chapas de aço carbono, vazadas no centro. Essa caixa está estruturada internamente por um quadro em metalon,

que são perfis retangulares de aço carbono de 750 x 82 mm e parede de 1,5 mm. Deverá ser feito um reforço estrutural na

base desse quadro, com quatro barras de aço em forma de cantoneiras de 1” x 1” x 590 mm e parede de 2,5 mm soldadas na

diagonal do vão do quadro. O revestimento desse quadro deverá ser feito com 2 chapas de aço independentes, uma em cada

face, com as suas extremidades soltas da estrutura de apoio. As chapas serão galvanizadas, em aço carbono de 2300 x 750

mm e parede de 2 mm de espessura, recortadas conforme planta e soldadas no quadro dos dois lados. O painel central, é

composto por duas chapas de aço carbono liso, côncavas e soldadas entre si nas extremidades, com 1500 x 450 mm e

paredes de 2 mm de espessura. Esse painel será estruturado por um tubo central longitudinal, onde serão soldadas as chapas

côncavas, com pinos nas extremidades superior e inferior , que permitam o giro da peça pelo seu eixo central. Para fixação

das duas peças, será utilizado um tubo de aço inox apoiado entre a chapa de aço carbono e o metalon da peça estrutural,

fixado por parafuso sextavado de 5/8” x 200 mm e 20 mm de rosca em porca soldada na parte superior do metalon da peça

estrutural, conforme descrição em projeto. O Totem será fixado no piso através de uma chapa de aço carbono 670 x 200 mm

e parede de 5 a 8 mm soldada nos apoios de metalon e com furos de ¾” para encaixar em arranques de 500 x 5/8”

concretados no piso. Verificar a necessidade de reforço de sustentação na base, que poderá ser feito em chapas triangulares

soldadas a 90º entre a aba da chapa da base de fixação e a parede da peça, distribuídas ao longo da maior dimensão lateral

da peça, de modo que ela possa resistir a esforços ortogonais nas suas laterais. Todos os serviços e peças descritas deverão

ser produzidos pela empresa contratada, bem como a impressão da arte final (em painel), que serão coloridas, estampadas

Page 12: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

em lona vinílica adesivada, com a resolução mínima de 600dpi, contendo as informações necessárias à sinalização e

orientação.

Dimensionamento:

Altura: 230cm

Largura total da peça: 75cm

Área de informação: 0,67 m² (1500 x 450 mm)

PLACA INFORMATIVA

A placa informativa descrita na planta HT 0308 E MU 012 01 é composta por duas peças:

Suporte: composto por uma chapa de apoio em aço inox de 500 x 197 mm e parede de 1,5 mm, côncava na parte central,

com 2 aberturas simétricas de 400 x 6 mm para encaixe da placa informativa.para encaixe, com as

extremidades superior e inferior recortadas formando abas planas de fixação. As abas deverão ter quatro furos

para parafusos 3/16”

Placa: Chapa de lisa plana de aço carbono galvanizada, de 650 x 400 mm e parede de 5 mm, com duas seções de

cantoneiras de aço carbono soldadas no lado posterior, para fixação por parafuso 3/16” e porca na chapa

côncava de aço de suporte da peça informativa.

Todos os serviços e peças descritas deverão ser produzidos pela empresa contratada, bem como a impressão da arte final

(em painel), que serão coloridas, estampadas na lona vinílica, com a resolução mínima de 300dpi, contendo as informações

necessárias à sinalização e orientação.

Dimensionamento:

Altura Total: 650 mm

Largura da chapa côncava: 500 mm

Área de informação: 0,2 m² (500 x 400 mm)

Procedimento para instalação da Placa: fixação direta por parafusos 3/16” e 1” de comprimento, com bucha plástica, nas

paredes das lojas, em superfície de alvenaria ou concreto, com ou sem revestimento.

No caso das Placas Informativas caberá exclusivamente a contratada à instalação das peças.

Page 13: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

CONJUNTO DOS MUPIS, PLACAS INTERMEDIÁRIAS E DE MONUMENTO

Mapa do sistema de sinalização de patrimônio histórico e ambiental da região central

1. Largo de Santa Cruz

1.4 Capela de Santa Cruz

2. Largo de São Benedito

2.1 Casa da Cônego Cipião

2.2 Casa grande e tulha

3. Praça Bento Quirino

3. Antigos arruamentos

3.1 Jócquey Clube

3.2 Solar do Barão de Itapura/PUCC

3.3 Clube Republicano

4. Largo das Andorinhas

4. Praça Carlos Gomes

4.1 Beco do Inferno

4.2 Escola Estadual Carlos Gomes

4.3 Banda Carlos Gomes

4.4 Santa Casa

5. Centro de Convivência

5.1 Hospital Irmãos Penteado

5.2 Colégio Progresso

5.3 Museu do Negro

6. Largo do Rosário

6. R. César Bierrenbach

6.1 Sobrado do Visconde de Indaiatuba

6.2 Centro de Ciências, Letras e Artes

7. Catedral

7. Rua Conceição

8. Praça Rui Barbosa (Teatro)

8.1 Solar do Barão de Ataliba Nogueira/Centro Cultural Evolução

8.2 Palácio dos Azulejos

8.3 Escola Ferreira Penteado

9. Praça Luiz de Camões

10.1 Escola Orozimbo Maia

10.2 Hospital Penido Bournier

10.3 Liga Humanitária dos Homens de Cor

10.4 Academia Campinense de Letras

10.5 Academia Campineira de Letras

10.6 Delegacia de Polícia

Page 14: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

10. Estação Cultura

11.1 Museu da Cidade

11.2 Bebedouro

11.3 Túnel de pedestres

11. Mercado Central

12.1 Colégio Culto à Ciência

12.2 Inst. Prof. Bento Quirino

12.3 Antigo Colégio C de Jesus

12. Largo do Pará

13.1 Externato São João

13. Bosque dos Jequitibás

14. 13 de Maio

9.1 Palácio da Mogiana

9.2 Maçonaria

Page 15: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

MUPI

Largo de Santa Cruz

2. Largo de São Benedito

3. Praça Bento Quirino

4. Largo das Andorinhas

5. Centro de Convivência

6. Largo do Rosário

7. Catedral

8. Praça Rui Barbosa (Teatro)

9. Praça Luiz de Camões

PLACA INTERMEDIÁRIA

1. Antigos Arruamentos

Praça Carlos Gomes

3. César Bierrenbach

4. Rua Conceição

PLACA DE MONUMENTO

Capela de Santa Cruz

Antigo Gasômetro

3. Casa do Cônego Scipião

4. Casa Grande e Tulha

5. Jockey Clube

6. Solar Itapura/PUCC

7. Clube Republicano

8. Beco do Inferno

9. Escola Carlos Gomes

10. Santa Casa de Misericórdia

11. Banda Carlos Gomes

12. Hosp Irmãos Penteado

13. Colégio Progresso

14. Museu do Negro

15. Sobrado do Visconde de

Indaiatuba

16. Centro de Ciên Letras e

Artes

17. Solar do Barão Ataliba

Nogueira/ Centro CEvolução

18. Palácio dos Azulejos

19. Esc. Ferreira Penteado

20. Escola Orozimbo Maia

21. Hosp. Penido Bournier

22. Liga Humanitária dos

Homens de Cor

Page 16: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

10. Estação Cultura

11. Mercado Central

12. Largo do Pará

13. Bosque dos Jequitibás

14. 13 de Maio

5. Av. Senador Saraiva

23. Academia Campinense de

Letras

24. Academ. Campinera de

Letras

25. Delegacia de Polícia

26. Bebedouro

27. Museu da Cidade

28. Túnel de Pedestre

29. Colégio Culto à Ciência

30. Inst. Prof. Bento Quirino

31. Antigo Colégio Coração de

Jesus

32. Externato São João

33. Palácio da Mogiana

Page 17: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

1. SANTA CRUZ

POUSO DE SANTA CRUZ

UMA PARADA NO CAMINHO DOS GOIASES

CAPELA DE SANTA CRUZ

Entre fins do século XVII e início do XVIII se espalhou a notícia da descoberta de ouro nos vastos

sertões do Brasil e, logo, aventureiros se deslocaram para diversas áreas correspondentes a Minas Gerais, Goiás

e Mato Grosso em busca do sonho do Eldorado. Atrás deles seguiram os primeiros comerciantes, levando

gêneros necessários às áreas distantes. Ao longo da “Estrada dos Goiases”, aberta em 1722 para interligar São

Paulo aos “sertões” mineradores, surgiram diversos pousos de parada de tropeiros que deram origem a várias

cidades em seu roteiro. No bairro do “Mato Grosso de Jundiahy” e nas proximidades de uma pequena capela

construída em data ignorada, localizou-se um desses pousos; “paragem” que se transformou em um dos lugares

mais movimentados da pequena localidade que então nascia e que deu origem a Campinas.

POUSO REAL

O pouso de Santa Cruz oferecia abastecimento e descanso aos viajantes, pasto e aguadas para as

montarias, dando lugar no curso do tempo a um importante comércio de suprimentos e serviços para as tropas

(celeiros, ferreiros, artífices) capaz de transformar a parada em uma das melhores da “Estrada dos Goiases”. No

início do século XIX, em particular, o bairro mereceu a instalação de um “pouso real”, estrutura construída em

taipa de pilão com recursos do Estado que tencionava oferecer maior comodidade e infra-estrutura ao intenso

trânsito de pessoas, gêneros agrícolas e produtos diversos transportados em lombo de burro, carros de boi e

outros veículos, entre os sertões e as vilas paulistas.

LARGO E BAIRRO

Nas imediações do pouso, localizava-se também a antiga “Rua da Pinga”, espaço em que os tropeiros

reunidos à gente do lugar, divertiam-se em festas profanas e religiosas celebradas em torno do cruzeiro com

fartura de mate, causos, violas, fandangos e catiras. A fama do bairro ficou por conta das belas e fogosas

mulheres, ou ainda, da pinga dos alambiques locais cujo nome batizou a primeira rua do bairro de Santa Cruz.

Por ser ponto de saída da cidade até fins do século XIX, aqui se instaurou também a primeira forca para executar

o escravo Elesbão (1835), acusado de assassinar seu senhor; ou ainda, foi nas proximidades do pouso que se

arrancharam as tropas rumo à guerra do Paraguai (1865). Com o passar do tempo, outras mudanças vieram: o

antigo rancho acabou demolido (1868), as festas populares resistiram até 1879 e o bairro ganhou, pouco a

pouco, novas oficinas e fábricas, entre elas as de chapéus, carros, troles e máquinas de beneficiamento agrícolas

dos Irmãos Bierrenbach (1857) e o complexo de fundição e olaria de tijolos prensados de Carlos Sampaio

Peixoto, no interior do bairro (1867).

PERSONAGENS: tropeiro, mulheres com vestimentas antigas, personagens da festa do Divino, cidadão da

virada do século

CITAÇÕES NA LATERAL:

“...à saída da Vila, o qual se passa por uma ponte de pranchões; e a poucos passos, subindo-se uma

ladeira pouco inclinada, existe o Bairro de Santa Cruz formado de algumas casas em torno de um largo e uma

Ermida na frente”. Luiz D’Alincourt, 1818

“Ao chegar a Campinas instalei-me à entrada da cidade, num vasto rancho coberto de telhas e protegido

por sólidas paredes de taipa. A partir daí até São Paulo encontra-se uma série de ranchos construídos dessa

maneira, os quais são chamados de reais”. Saint Hilaire, 1819

Page 18: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“Permanecemos para fazer alguns reparos nas selas, etc.” Edmundo Pink, 1823

“Tanto os colonos como os imigrantes livres, despertaram vida nova na população (...) certos ofícios,

certas indústrias que nunca tinham sido exercidos ou tentados na província, foram introduzidos por imigrantes

alemães” Von Tschudi, 1860

“A força, ao chegar àquela cidade (..) foi acampar no pitoresco bairro de Santa Cruz” A d’Escragnolle-

Taunay, 1865 “....Oh festas de Santa-Cruz! Oh imperios do Espirito-Santo! Oh cavalhadas saudosas! Tudo passou. Em

vez disso (...) chegou a civilisação, fez pouso entre nós, e ahi se vão os costumes” Francisco Quirino dos

Santos, 1872

“Tanto o largo quanto essa rua acabaram se tornando um espaço maldito da cidade, embora situados à

volta da capela de Santa Cruz” José Roberto do Amaral Lapa, 1995

“A nossa Campinas de hoje nasceu de sonhos de brasileiros que buscavam terras e por aqui pararam

trazendo seus conhecimentos (...) Hoje nós somos o resultado de todas as experiências e expectativas destas

pessoas que nos procederam” Guarda Municipal, 2004

Legendas das imagens:

Óleo de Castro Mendes da Capela de Santa Cruz, baseado em desenho de H. Lewis da década de 1870.

Acêrvo: Museu da Cidade.

Um rancho. Thomas Ender, anos 1817/1818. Fonte: Viagem ao Brasil nas aquarelas de Thomas Ender. Ed.

Kapa

Pessoas a caminho da missa. Fragmento de aquarela de J.B. Debret, 1834. Coleção: Marqueses de

Bounerval

Vista aérea da Praça 15 de Novembro, antigo “Largo de Santa Cruz”, em meados do século XX. Acêrvo:

MIS

PRAÇA QUINZE DE NOVEMBRO

O CENTENÁRIO “LARGO DE SANTA CRUZ”

Legendas:

Do Pouso de Santa Cruz avistava-se a Vila de São Carlos e, depois, a cidade de Campinas. Aquarelas de

Edmund Pink (1823) e Miguel Dutra (1846). Acêrvos: Bovespa e Museu Paulista.

Últimas décadas do século XIX. Praça 15 de Novembro (1889) que também se chamou “Largo de Santa

Cruz”, “Campo da Forca” (1835) e “Praça do Comércio” (1846). Acêrvo: CMU

Década de 1910. Detalhe lateral do largo. Acêrvo: CMU

1918. Praça arborizada com Flamboyants plantadas por João Bierrenbach (1872). Acêrvo: CMU

1867. Folheto da Olaria Sampaio Peixoto, com uso de fotografia para fins comerciais. Acêrvo: Biblioteca

Nacional

1871. Fundição de Ferro e Bronze dos Irmãos Bierrenbach. Acêrvo: Ema Camillo

1900. Prédio comercial no Largo. Acêrvo: CMU

Início do século XX. Antiga Rua da Ponte (ou “do Rio”), hoje Major Sólon. Acêrvo: MLPM

Início do século XX. Postal com registro de boiadas em passagem pelo Guanabara. Acêrvo: Coleção A C

Lorette

Page 19: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Início do século XX. No Taquaral, a criação do “Lyceo de Artes e Ofícios” (1892/1897), hoje Liceu

Salesiano N.Sra. Auxiliadora. Acêrvo: MIS/BMC

TEXTO:

Do Pouso de Santa Cruz os viajantes avistavam no início do século XIX a Vila de São Carlos, deixando

suas impressões gravadas em desenhos aquarelados e textos que ainda hoje nos permitem observar as primeiras

ruas, edificações e quadras de uma cidade que nascia e que se moldava por entre os arboredos naturais. Desde

então, Campinas cresceu, e com ela o “Santa Cruz”, bairro que desempenhou um papel fundamental na formação

de várias regiões da cidade como o Cambuí, o Taquaral e em especial, o Guanabara, área suburbana que se

formou de um loteamento de americanos residentes no Santa Cruz a partir de 1881. Em sua trajetória dinâmica,

marcada pelo intenso trânsito de gente e de produtos, de fábricas e histórias, encontramos uma das fontes mais

importantes para o enriquecimento, reconhecimento e prestígio adquiridos pela cidade de Campinas.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Capela de Santa Cruz, construída no século XVIII (data indefinida) e reconstruída no início do século XIX. Há

quase cem anos, abriga as irmãs Dominicanas Tombado pelo CONDEPACC. Largo de Santa Cruz. Visita

mediante autorização.

Antiga Rua do Rio ou da Ponte (R. Major Sólon), via que dava acesso ao centro da Vila de São Carlos através

das ruas “do meio” (Dr. Quirino) e “de baixo” (Luzitana).

Antiga Rua da Pinga (R. Santa Cruz), via em que se concentravam botequins e tavernas frequentadas por

tropeiros, viajantes, comboeiros de escravos, moradores do bairro e da cidade em busca de bebida, festas e

“fandangos”.

Canal de saneamento, obra de engenharia que canalizou os córregos “Serafim” e “Tanquinho” na virada dos

séculos XIX e XX, permitindo a expansão da cidade por terrenos alagadiços. Avenida Orozimbo Maia.

Antigo Gasômetro, reservatório da Companhia Campineira de Iluminação a Gás (1875) que iluminou as ruas e

praças principais da cidade, hoje pertencente à CPFL. Entre as ruas Dona Libânea e Major Solon. Visita com

autorização.

CONHEÇA TAMBÉM:

Seminário Presbiteriano do Sul, edifício de 1949 criado por missionários presbiterianos (presentes em

Campinas desde meados do século XIX) para sediar uma Faculdade de Teologia. Avenida Brasil, 1200. Visita

mediante autorização.

Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, antigo Liceu de Artes e Ofícios idealizado por D.Nery durante a

epidemia de febre amarela (1897), foi assumida por salesianos. Tombado pelo CONDEPACC. R. Baronesa

Geraldo de Rezende, 330. Visita mediante autorização.

Usina Salto Grande, criada no início do século XX para fornecer energia elétrica às fazendas de café, fundiu-se

em 1906 com a Companhia Campineira de Iluminação à Gás. Distrito de Joaquim Egídio. Visita mediante

autorização.

Page 20: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

PLACAS DE MONUMENTO

1. Capela de Santa Cruz

Entre os templos católicos mais antigos de Campinas, esta capela em taipa de pilão de data ignorada teve origem

no bairro rural do Mato Grosso e por longo período permaneceu associada à religiosidade de escravos e camadas

populares. Marcada por comemorações de santos padroeiros, novenas e procissões, muitas vezes seguidas por

batuques e congadas, a capela foi sede provisória da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição em 1774/1781 e

da Paróquia de Santa Cruz em 1870, merecendo no curso do século XIX várias reformas que lhe conferiram

elementos neoclássicos à fachada. Há quase cem anos abriga as irmãs Dominicanas. Tombado pelo

CONDEPACC.

2. Antigo Gasômetro

Criada pela Companhia Campineira de Iluminação à Gás, hoje pertencente à CPFL, esta área abrigou em 1872

um reservatório destinado a fornecer iluminação à gás para a cidade. Seus canos começaram a ser assentados em

1874 e no ano seguinte alguns largos e ruas receberam iluminação pública. Em 1878, a luz chegou ao Jardim

Público (Centro de Convivência), em 1883 à Matriz Nova (Catedral) e em 1896 ao bairro do Guanabara. Em

1900, a Companhia já atendia 1048 combustores públicos e 913 consumidores particulares ao preço de 250 réis

por meio metro cúbico de gás consumido. Em paralelo, as experiências elétricas iniciadas em 1886 alteraram os

planos da Companhia que, em 1906 se fundiu à empresa Cavalcanti, Byngton e Cia, proprietária da Usina Salto

Grande, para criar a Companhia Campineira de Iluminação e Força. Dois anos depois surgiam as primeiras

lâmpadas elétricas de Campinas.

Page 21: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

2. SÃO BENEDITO

NAS ORIGENS DE CAMPINAS TESTEMUNHOS DO BAIRRO RURAL DO “MATO GROSSO DE JUNDIAHY”

CAMPINAS VELHAS

Ao longo da antiga “Estrada dos Goiases”, aberta para ligar São Paulo aos sertões goianos em 1722,

surgiram diversas localidades e entre elas algumas palhoças, roças e criações destinadas a abastecer as tropas e

viajantes que passavam pelo bairro rural do “Mato Grosso de Jundiahy”. Nas proximidades da estrada,

localizava-se também o “cemitério bento” do bairro rural (1753); área que registrou sinais muito antigos de

povoamento e que permaneceu por longo tempo conhecida como “Campinas Velhas”. Do bairro rural sobraram

poucos testemunhos, achando-se o “Cemitério Bento” localizado sob a atual Creche Bento Quirino no Largo de

São Benedito e, nas proximidades do estádio do Guarani uma edificação em taipa de pilão mais conhecida como

“Casa Grande e Tulha” ainda guarda marcas das primeiras fazendas da região.

CEMITÉRIO BENTO E CEMITÉRIO DOS CATIVOS

Impulsionado pela estrada e pelo crescimento do comércio, o bairro do “Mato Grosso de Jundiahy”

ampliou e diversificou suas atividades pastoris e agrícolas e, na segunda metade do século XVIII começou a

desenvolver lavouras de cana de açúcar que alteraram de maneira significativa a dinâmica econômica e

populacional da localidade. Estas mudanças ficaram registradas no “cemitério bento” que passou a receber, além

de “despossuídos”, os corpos de negros vitimados pelo trabalho escravo nos canaviais e engenhos, tornando-se

conhecido como “cemitério dos cativos”, “dos negros” ou “dos pretos”. Nas suas imediações, os enterros

(realizados pelos próprios escravos) passaram também a imprimir novos traços culturais à área ao trazer um

novo sentido à morte; sentido que a partir de então se fazia associado à “alegria” de poder retornar à África e

encontrar os ancestrais. Nascia o “Campo da Alegria”, primeiro nome atribuído à região do Largo de São

Benedito, hoje ocupado pela Praça Silvia Simões Magro. A área recebeu também algumas décadas depois, a

instalação da segunda forca de Campinas para execução do mulato Cândido, condenado pelo assassinato de

Antonio Patrício Manso (1848).

IGREJA DE SÃO BENEDITO E “LARGO DO RIACHUELO”

Passadas várias décadas, a área do cemitério recebeu uma capela funerária (1837), construída para

guardar os restos mortais de famílias de posses que se encontravam impedidas de realizar sepultamentos no

interior da Igreja Matriz. A capela-jazigo, erguida pelo Padre Melchior, ganhou forma e sobreviveu ao

fechamento do próprio cemitério (1855), dando origem anos depois ao templo da Irmandade de São Benedito

que, há muito tempo tentava construir sua ermida. Aproveitando-se das grossas taipas e através de campanhas

memoráveis levadas a cabo pelo Mestre Tito, a Irmandade inaugurou em 1885 a Igreja de São Benedito,

ornamentada com fachada em estilo neo-românico projetada pelo ilustre arquiteto Ramos de Azevedo. Na

mesma ocasião, a região passou a receber novas instituições, casario e a urbanização do “Campo da Alegria”;

área que já se prestara a ser campo de treinamento militar e que a partir da década de 1870 se transformara em

“Largo do Riachuelo”, com arborização e cercamento.

PERSONAGENS: tropeiros, mascates, escravos, aventureiros, funcionários régios, detalhes de congada

(Rugendas)

CITAÇÕES NA LATERAL:

“O açúcar faz o primeiro, e mais considerável ramo de exportação (...) A escravatura forma o principal

ramo de importação ” Luiz D’Alincourt, 1818.

Page 22: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“A Estrada Real – Royal road – para a capital de Mato Grosso passa por esta cidade” Edmund Pink,

1823

“Era um cidadão estimavel o mestre Tito, digno de um aperto de mão de todos os que comprehendem

que, neste mundo, há dois grandes títulos de nobreza para o homem: - a honestidade e o trabalho, mesmo quando

esse homem tenha sido escravo” Carlos Ferreira, Gazeta de Campinas, 1882

“Quem não conhecia em Campinas e não festejava a mamã Maria, mamã Honoria, mamã Marciana (...)

Quem não as conhecia e não as saudava pedindo notícias dos seus filhos brancos?” Vitalina P S Queiroz, final

do século XIX

“Todos viviam de roça, de lavouras ou de tropas (...) O ponto de referência das roças do Mato Grosso

era a paragem das Campinas ou pouso dos Três Campinhos (...) ‘paragem deserta’ da estrada de Goiás” Celso

Pupo, 1969

“A Irmandade de São Benedito (...) desde sua fundação nunca se constituiu um espaço de atuação

autônoma dos negros” Cleber da Silva Maciel, 1987

“Situado na metade do ancestral percurso bandeirista entre Jundiaí e Mogi-Mirim (...) este pouso

antecedeu em quatro décadas o marco geográfico da fundação da própria freguesia” Antonio da Costa Santos,

1999

“Dos primeiros tempos de povoado, remanescia o Cemitério Bento (...) Com o tempo, transformou-se

em Cemitério dos Cativos (...) até o seu fechamento em 1855” Antonio Carlos Lorette, 200-

Legendas das imagens:

Pouso nas vizinhanças de Campinas (Rocinha). Desenho de H Lewis,1863. Acêrvo: MIS

“Pouso de Juqueri e pinheiros no caminho de Jundiaí”. Desenho de Hercules Florence, 1825. Acêrvo:

Cicillo Hércules Florence

Crochis do Cemitério Bento da Vila de São Carlos (margens da estrada dos Goiases), do Cemitério dos

Cativos e da capela-jazigo do Cônego Melchior (Igreja São Benedito). Levantamento e desenho: Antonio

Carlos Lorette

“Detalhe de enterramento de um negro na Bahia”. Rugendas, 1824. Fonte: Ed. Capivara, 2002

Por volta de 1865. Vendedor de flores. Acêrvo: Ministério das Relações Exteriores Fonte: Escravos

Brasileiros do Século XIX na fotografia de Christiano Jr/Ed. Ex Libris

Igreja de São Benedito (1885), em imagem do final do século XIX. Acêrvo: MIS/MLPM

PRAÇA SILVIA SIMÕES MAGRO E LARGO SÃO BENEDITO REMANESCENTES DAS “CAMPINAS VELHAS”

Legendas:

Meados do século XX. Vista aérea da região histórica do Largo São Benedito. Acêrvo: MIS

Por volta de 1913. O “Campo da Alegria”, depois conhecido como “Largo da Capelinha” e “Largo do

Riachuelo” recebeu arborização e cercamento em 1874. Também foi conhecido como “Praça Municipal”

(1876), Praça D. Pedro II (1913) e “Praça Silvia Simões Magro” (1984). Acêrvo: MIS/MLPM

Anos 1920/30. Como “Praça D.Pedro II”, recebeu ajardinamento e arborização. Acêrvo: MIS/BMC

Década de 1930. O Largo de São Benedito é renomeado “Praça Anita Garibaldi” (1932). Acêrvo: MIS/BMC

Final do século XIX. Circolo Italiani Uniti, hoje Casa de Saúde (1886). Acêrvo: MIS

Page 23: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Início do século XX. Primeiro Grupo Escolar “Francisco Glicério” (1897). Acêrvo: MIS

Década de 1920. Creche Bento Quirino (1916), construída sobre o “Cemitério dos Cativos”. Acêrvo: MIS

Início do século XX. Colégio São Benedito (1902/1937) na Rua das Campinas Velhas (Av. Moraes Sales).

Acêrvo: CMU.

Primeiras décadas do século XX. Externato São João (1909), criado pelos padres salesianos. Acêrvo: MLPM

Início do século XX. Residência do arquiteto Hendrich Hüsemann, na Rua Cônego Cipião. Acêrvo:

MIS/BMC

Na lateral: Monumento “Mãe Preta”, do escultor paulista Rui Guerra.

TEXTO:

O conjunto formado pelas Praça Silvia Simões Magro, Largo de São Benedito, Casa de Saúde, Escola

Estadual Francisco Glicério e Creche Bento Quirino guarda testemunhos das origens e transformação de

Campinas. Foi nesta área que se instaurou no século XVIII o “cemitério bento” do bairro rural do “Mato Grosso

de Jundiahy” e em que se registrou, no curso do século XIX, a presença de escravos africanos trazidos por

lavradores de cana e por produtores de café, permanecendo em seu interior um capítulo sagrado da história negra

em Campinas. Em meio ao casario abastado, do hospital e da escola pública criados no final do século XIX, ou

ainda, de novas instituições e ritmos do século XX, nós ainda conseguimos identificar alguns traços primitivos,

como a presença de um ramal da centenária “Estrada dos Goiases” no traçado da antiga Rua das Campinas

Velhas, depois Rua São Carlos e hoje Avenida Moraes Sales.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Igreja de São Benedito - Inaugurada em 1885 com estrutura rústica, recebeu fachada (Ramos de Azevedo),

mobiliário e entalhes internos em estilo neo-românico. As reformas externas foram posteriores. Tombado pelo

CONDEPACC.

Casa de Saúde de Campinas, antigo Circolo Italiani Uniti, foi inaugurado em 1886 com projeto de Samuele

Malfatti e Ramos de Azevedo para dar assistência, educação e lazer à colônia italiana. Tombado pelo

CONDEPACC. Praça Dr. Toffoli, 28. Visita com autorização.

Escola Estadual Franciso Glicério, “Primeiro Grupo Escolar de Campinas”, foi criado em 1897 em estilo

eclético com elementos neo-renascentistas e neo-góticos, recebendo o Ginásio em 1971. Tombado pelo

CONDEPACC. Av. Moraes Salles, 988. Visita com autorização.

Creche Bento Quirino, inaugurada em 1916, abriga crianças de 2 a 11 anos e mantém íntegra sua arquitetura

eclética com elementos art-nouveau. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Cônego Cipião, 802. Visita com

autorização.

CONHEÇA TAMBÉM:

Casa Grande e Tulha, originária da primeira sesmaria da região, são remanescentes do século XVIII. De

propriedade da família Antônio da Costa Santos, abriga uma fundação. Tombado pelo CONDEPACC. Av.

Arlindo Joaquim de Lemos, 1300/Jardim Proença. Visita com autorização.

Antiga residência de Hendrich Hüsemann e de Silvia Simões Magro, construção de 1894 inspirada nas

habitações rurais européias, foi moradia deste arquiteto e posteriormente, da primeira vereadora de Campinas.

Tombado pelo CONDEPACC. R. Cônego Cipião,1074

Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, instalado em 110 hectares com diferentes atrativos, a área

preserva a sede (1806/1820), a tulha e a capela da antiga Fazenda Mato Dentro. Tombado pelo CONDEPACC.

Rod. Heitor Penteado, altura do km 3,2, Vila Brandina

Page 24: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

PLACAS

PLACAS DE MONUMENTO

1. Antiga residência de Hendrich Hüsemann e Silvia Simões Magro

Residência do arquiteto Hendrich Hüsemann, autor do prédio da Lidgerwood Manufacturing (atual Museu da

Cidade), esta construção foi erguida em 1894 em alvenaria de tijolo, barro e cal, seguindo técnica trazida pelos

ingleses com inspiração em habitações rurais européias. Além de moradia do arquiteto, foi residência da

professora Sílvia Simões Magro, a primeira vereadora de Campinas. Tombada pelo CONDEPACC

2. Casa Grande e Tulha

Entre os testemunhos mais antigos de Campinas, esta antiga propriedade guarda marcas do período em que a

Vila de São Carlos se firmou como produtora de açúcar com bases escravistas e mercantis. De posse de Cláudio

Fernandes de Sampaio e sua mulher Rosa Maria de Abreu e Silva (pioneiros no município), a “tulha” foi erguida

em taipa de pilão provavelmente na década de 1790 e a “casa grande” em um período posterior pela filha e

herdeira Maria Felicíssima M. Abreu. Em 1978, os novos proprietários realizaram reformas criteriosas no

imóvel. Tombada pelo CONDEPACC

Page 25: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

3. PRAÇA BENTO QUIRINO

NASCE A CIDADE

AS ORIGENS DA FREGUESIA E DA VILA

IGREJA MATRIZ E CAPELA PROVISÓRIA

As cidades surgem de várias maneiras, por diversos motivos; algumas de forma mais espontânea, outras

por decisões legais de autoridades. Campinas se originou da instalação de “pousos” nas margens da Estrada dos

Goiases e do desenvolvimento de um comércio de abastecimento que, pouco a pouco, atraiu para a região a

presença de agricultores e de comerciantes, e motivou algumas décadas depois a criação da “Freguesia de Nossa

Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso” (1774) nas terras do bairro rural do “Mato Grosso de

Jundiahy”. A área hoje ocupada pela Praça Bento Quirino foi, no passado, o centro desta Freguesia, achando-se

sua “capela provisória” instalada no local do monumento túmulo de Carlos Gomes e a antiga “Igreja Matriz”

(“Matriz Velha” ou “Matriz de Santa Cruz”) nas imediações da atual Basílica do Carmo. A Matriz foi erigida em

taipa de pilão e permaneceu presente na extremidade da Praça Bento Quirino entre os anos 1781 e 1930

(demolição).

CASA DE CÂMARA E CADEIA

A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição se transformou em Vila de São Carlos no ano de 1797

graças à intensificação das atividades de comércio e a instalação de grandes lavouras de cana de açúcar na

região. A criação da Vila permitiu ao povoado instalar sua Câmara Municipal, originalmente em um edifício

alugado e a partir dos anos 1824/1829 em prédio próprio localizado na outra extremidade da praça, em frente a

Igreja Matriz (Matriz Velha). A Casa de Câmara e Cadeia funcionou nesta área por setenta anos (1898), tempo

no qual a riqueza obtida com a lavoura e produção de açúcar, seguida pela produção de café, permitiu à vila

pleitear o estatuto de cidade (1842), registrando-se desde então um novo processo de crescimento urbano.

O ROCIO

O território público da Vila, mais conhecido como “rocio”, consistia na demarcação a partir do

pelourinho, de uma área isenta de impostos capaz de abrigar moradores interessados em se fixar na região. Sob

administração da Câmara, o rocio orientou a expansão urbana de Campinas ao longo do século XIX, conforme

observamos no mapa de 1878. Durante este período, os antigos Largos “da Matriz Velha” e “da Cadeia”

continuaram a desempenhar um papel central na vida política e religiosa da vila e da cidade.

PERSONAGENS:

INSERIR IMAGENS DE: CAPITÃO MÓR E CIDADÃOS ILUSTRES (sécs XVIII e início do XIX),

CARROCEIRO, CARREGADOR DE ÁGUA, TROPEIRO, VENDEDOR AMBULANTE

CITAÇÕES NA LATERAL:

“Antes de ser Vila, constava somente de nove moradas de casas, hoje chegam estas a mil (...) A Igreja

(...) está bastantemente arruinada (...) A cadeia é um pequeno edifício velho, com grades de pau, e a Casa da

Câmara é pouco melhor” Luiz D’Alincourt, 1818

“...faça castigar com 200 assoites no Pelourinho da Villa a todos os Escravos daquela Fabrica que

entrarão na tirada do prezo das mãos do Alcaide e na rezistencia” Ofício do Governo para a Câmara, 3 de

março de 1819

Page 26: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“A cidade de Campinas deve sua origem ao fabrico de açúcar (...) Desde 1819, contava com êle com

cêrca de uma centena de engenhos de açúcar compreendidos entre os mesmos as usinas de distilação de cachaça”

Saint Hilaire, 1819

“Pela sua posição, o lugar tornou-se o ponto de encontro das tropas que levam açúcar para o litoral e de

lá trazem sal e outros artigos” Daniel Kidder, 1838

“A casa da câmara e cadeia, reunidas em um mesmo edifício (...) são acanhadas para o lugar, e

construídas com mau gôsto e sem as condições convenientes para o seu duplo destino” Zaluar, 1860

"A indústria açucareira (..) se implantou em Campinas, entre 1790 e 1795" Ulisses Semeghini, 1988

“Índios, caboclos e ex-escravos foram recrutados e obrigados a povoar a nova Freguesia” Figueira de

Mello, 1991

“Com vistas a assegurar fronteiras paulistas (...) desenhou-se um arco de ocupação composto por cinco

vilas e freguesias (..) sobre esta imaginária figura geométrica, instalou (...) a Freguesia de Nossa Senhora da

Conceição (...), a única criada sobre a épica estrada goiana, bem no cruzamento com o arco acima citado”

Antonio da Costa Santos, 1999

Legendas das imagens:

“Capela Provisória” da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso (1774),

segundo visão de José de Castro Mendes. Óleo de 1963. Acêrvo: MLPM

Igreja Matriz da Vila de São Carlos (1781). Aquarela de Hércules Florence, meados do século XIX. Acêrvo:

Cirilo H. Florence

Vila de São Carlos. Aquarela de Jean Baptiste Debret, 1827. Acêrvo: Coleção Marqueses de Bonneval

Câmara Municipal. Óleo de Ruy Martins Ferreira (1974) baseado em desenho de H. Lewis, de 1874.

Acêrvo: CMC

Mapa de Campinas de 1878. Acêrvo: CMC

PRAÇA BENTO QUIRINO

NA TRANSFORMAÇÃO DO LARGO, A HISTÓRIA DA CIDADE

Legendas:

Por volta de 1910. Cartão postal da Matriz Velha (com torres de 1907) e da “Praça Bento Quirino”

(renomeada em 1889). Acêrvo:MIS

1830. “A inocência sobre o túmulo de um ilustre liberal”. Desenho de Hércules Florence sobre enterro

no interior de uma igreja; tradição mantida na “Matriz Velha” entre 1780 e 1840. Acêrvo:Cirilo H

Florence

Início do século XX. Matriz Velha com traços e estruturas originais após reforma de 1870 (que também

arborizou o largo). Acêrvo: MIS/BMC

1917. Altar mor e altares laterais da “Matriz Velha” em imagem de Haralto. Acêrvo: MIS/MLPM

1867. Carnaval na Praça Bento Quirino com os “beduínos” do Club Semanal, tradição de meados do

século XIX. Acêrvo: MLPM

1905. Praça Bento Quirino recebe mudas de alecrins (1904), os primeiros lampadários de arco voltaico

(iluminação elétrica) e o recém inaugurado monumento túmulo de Carlos Gomes. Acêrvo: MIS

Década de 1940. Igreja do Carmo (1938) e Praça Bento Quirino em novo formato. Acêrvo: MIS/BMC

Page 27: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

1886. Jorge Miranda, Francisco Glicério e Rangel Pestana (sentados); Jorge Tibiriçá, Campos Sales e

Quintino Bocaiúva (em pé), republicanos que se reuniam na sede do Club Republicano, localizado na

Praça. Acêrvo: CMU.

1896. Cortejo Fúnebre de Carlos Gomes pela Rua Direita (Barão de Jaguara) e Casa de Câmara e

Cadeia, dois anos antes da demolição. Acêrvo: MIS/BMC

1937. Inauguração do monumento a Bento Quirino. Acêrvo: MLPM

Na lateral, legenda: Demolição do Palacete Ambrust na década de 1940. Acêrvo: MLPM

TEXTO:

Com a expansão urbana, os antigos Largos “da Matriz Velha” e “da Cadeia” perderam sua centralidade

na vida política, cultural e religiosa da Vila e da cidade de Campinas para se transformarem em testemunhos da

história. No curso do século XX, a instalação de marcos célebres como o monumento túmulo de Carlos Gomes

(1905), o busto de César Bierrenbach (1912) e a estátua de Bento Quirino (1937) integraram estas mudanças,

contribuindo para que os largos se convertessem em símbolos de origem e poder. A derrubada de prédios mais

velhos, assim como a instalação de edificações associadas à nova dinâmica expressaram o mesmo fenômeno,

envolvendo o “marco zero” da Vila de São Carlos em um conjunto mais amplo de testemunhos e referências

fundamentais à história e memória da cidade.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Jockey Clube, instituição centenária que remonta ao período áureo do café. Sua sede de 1925 abriga parte de

suas atividades tradicionais. Praça Antonio Pompeu, 39. Tombado pelo CONDEPACC. Visita mediante

autorização.

Solar do Barão de Itapura, palacete urbano de 1883, abriga na atualidade a Pontifícia Universidade Católica de

Campinas. Rua Marechal Deodoro, 1099. Tombado pelo CONDEPACC. Visita mediante autorização.

Túmulo de Barreto Leme, fundador de Campinas, seus restos mortais encontram-se sepultados na Igreja do

Carmo desde 1939. Igreja tombada pelo CONDEPACC.

Antiga sede do Clube Republicano, centro de atividade política criado em 1886 por lideranças do Partido

Republicano, com destacado papel na história política do País. Praça Bento Quirino, ---

Arruamentos originais, a rua Luzitana foi outrora a “rua de baixo”; a Dr. Quirino chamou-se “rua do meio” e a

R. Barão de Jaguara denominou-se “rua de cima”. Elas interligavam o centro aos pousos.

CONHEÇA TAMBÉM:

Câmara Municipal, localizada no Paço Municipal, ao lado da Prefeitura. Avenida Anchieta, 200

Arquivo Municipal, formado pela documentação da Prefeitura, possui registros que remontam ao final do

século XIX. Av. Heitor Penteado, 2145. Lago do Café/Taquaral

Centro de Memória da Unicamp, composto por amplo acervo da história da cidade. R. Sérgio Buarque de

Holanda, 800 – ciclo básico/Unicamp

Page 28: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

PLACAS

PLACA INTERMEDIÁRIA

Arruamentos Originais

LADO A

Imagem principal: Em fragmento da aquarela de Edmund Pink, de 1863, podemos observar os arruamentos

originais da Vila de São Carlos a partir do Largo de Santa Cruz. Acêrvo: Bovespa Ref. Imagens\ED01 com

recorte

Imagens secundárias: Modelos de vestimentas típicas. (1826). CD Imagens\HF06Vestimentas.

Costumes paulistas : moças apreciam a boa música caipira. CD Imagens\R01Costumes paulistas (recortar

moças).

Tropeiro se preparando para seguir viagem. CD Imagens\TE03 Tropeiros.

As primeiras ruas que acessavam o núcleo formador da Vila de São Carlos beiravam a encosta natural do

córrego do Tanquinho, chamando-se mais tarde "rua de Baixo", "rua do Meio" e "rua de Cima". Da análise de

textos de viajantes e dos primeiros desenhos da povoação, deduz-se que o caminho mais antigo fosse a rua "do

Meio", atual Dr. Quirino, que bifurcava de um ramal da “Estrada dos Goiases”, mais conhecido como “Estrada

das Campinas Velhas” (hoje, Av. Moraes Sales), descia a rua da Ponte (Major Solon), passava pelo pouso da

Santa Cruz e seguia em direção a Mogi Mirim. A partir do final do século 18, as ruas “de baixo” e “de cima”

também foram ganhando forma, sobretudo em decorrência da intensa atividade econômica ligada ao

abastecimento interno que impulsionou a instalação de casas de comércio nessa região.

LADO B

Imagem principal: Vista aérea dos arruamentos originais em meados do século XX. Acêrvo: MIS/BMC ref.

BMC 570

Imagens secundárias:

Gravura do “Au Boulevard des Italiens”. Ref: CD Marcelo\Teresa Bernabé\Boulevard des Italiens.

Fachada da chic livraria e tipografia “Casa do Livro Azul”. Ref: CD Marcelo\Teresa Bernabé\ Casa do Livro

Azul.

Moças passeando pela Barão de Jaguara. Ref: CD Marcelo\Teresa Bernabé\Barão de Jaguara com General

Osório (recortar moças).

Três arruamentos, uma vocação: o comércio.

Rua de Baixo (Lusitana)

A rua Lusitana, chamada “Rua de Baixo” desde os primórdios da formação do núcleo em decorrência de sua

localização geográfica, também foi popularmente conhecida por “Rua da Quitanda” (1860) por abrigar

principalmente negociantes portugueses, que vendiam secos e molhados, armarinhos, ferragens, fazendas e

carnes. Recebeu a denominação atual (Lusitana) em 1922.

Rua do Meio (Dr. Quirino dos Santos)

A “Rua do Meio” recebeu a denominação de rua do Comércio em 1848, em reconhecimento ao seu movimento

mercantil. Em 1872, nela se achavam estabelecidos hotéis, bancos, confeitarias, lojas de fazendas finas e grossas,

móveis, louças, relojoarias, calçados, alfaiatarias, bilhares, secos e molhados, modistas, costureiras, armarinhos e

depósitos de cigarros, vinhos e de madeira. Em 1886 ganhou a denominação atual de “Dr Quirino”, em

homenagem ao ilustre jornalista republicano Francisco Quirino dos Santos.

Page 29: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Rua de Cima (Barão de Jaguara)

Inicialmente chamada "Rua de Cima", a Barão de Jaguara ligava os largos Matriz Velha e do Rosário e em 1848

recebeu o nome de Rua Direita. Em virtude da decadência das ruas “de baixo” e “do meio”, passou a receber nas

últimas décadas do século XIX os estabelecimentos comerciais mais elegantes da cidade, entre eles: Au Monde

Elegant, Casa do Livro Azul, Casa Genoud, Hotel Ville de France, A Bota Campineira, o jornal “Correio de

Campinas”. Na esquina da Barão de Jaguara com a Rua General Osório foi levantado o primeiro sobrado da

Vila, construído por Pedro Gonçalves Meira, local que abrigou a escola particular de João Coração, onde Carlos

Gomes cursou as primeiras letras. A denominação atual da rua Barão de Jaguara foi dada pela Câmara em 1889.

PLACAS DE MONUMENTO

1. Solar do Barão de Itapura

O “Palacete Itapura”, residência do Barão e Baroneza de Itapura (Fazenda Chapadão) foi inaugurado em 1883

com projeto de Luís Pucci, em estilo neoclássico. Composto de ambientes diferentes e ricamente ornados, a

propriedade contava com amplo pomar e dependências externas. O solar foi doado à Igreja e posteriormente

ocupado pela futura Pontifícia Universidade Católica de Campinas que, a partir da década de 1950 passou a lhe

conferir finalidades educacionais, realizando reformas para a instalação. Tombado pelo CONDEPACC

2. Jockey Clube

Instituição que remonta ao período áureo do café, o Jóquei Clube Campineiro foi formado pela fusão dos antigos

Jóquei Clube e Club Campineiro (1891). Com imponente prédio inaugurado em 1925, foi palco de festas,

recitais de piano, violino e canto das famílias mais ricas da cidade. Construído em estilo eclético com elementos

"art-noveau" e neo-renascentistas, suas instalações se compunham no primeiro andar de salão de festas, casa de

apostas e restaurante, e no segundo andar, de pinacoteca, biblioteca e salas para reuniões. Na década de 1950, o

clube inaugurou o novo hipódromo em área próxima à via Anhanguera. Tombado pelo CONDEPACC

3. Antigo Clube Republicano “A 14 de Julho de 1886, data de grande significado para a humanidade, num sobrado situado no Largo da Matriz

Velha, ao lado da cada de Bento Quirino dos Santos, abria-se o Clube Republicano onde a palavra quente e

persuasiva dos propagandistas deveria ecoar explanando a idéia e as vantagens do regime que modificaria o

sistema político do País”. Castro Mendes, 1968

Page 30: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

4. LARGO DAS ANDORINHAS

LARGO DO PELOURINHO. LARGO DO CHAFARIZ VELHO

O QUINTAL DA CIDADE, NAS ORIGENS DE CAMPINAS

MERCADO GRANDE

A Avenida Anchieta foi no passado, o fundo de um pequeno vale atravessado pelo Córrego do

Tanquinho; lugar de várzea, fundo dos quintais das primeiras casas que surgiam nas ruas de cima da povoação,

área de despejo de lixo e de águas servidas (águas já usadas pela população). Em meados do século XIX, quando

a cidade de cima começou a abrir espaço para novas moradias e atividades econômicas, iniciaram-se as

primeiras obras de aterro dos charcos, constando entre as novas necessidades a instalação de um mercado para

substituir o “das casinhas” (atual R. General Osório) e desta forma organizar e fiscalizar melhor o comércio de

abastecimento da cidade. O Mercado Grande (Mercado Velho, Mercado dos Caipiras) foi erguido entre 1860 e

1861 sob área aterrada (hoje ocupada pela Escola Estadual Carlos Gomes), seguindo-se novas obras para captar

as águas da vertente do Tanquinho (Largo do Pará) e canalizar o “córrego do mercado” (nascente do futuro

Jardim Carlos Gomes) entre os anos 1873 e 1876. Desde então, a região passou a reunir uma população de

feirantes, atravessadores, vendedores de bebidas espirituosas e os mais diversos tipos humanos que causavam

apreensão às autoridades. O funcionamento regular do mercado estendeu-se até 1896 quando seu espaço foi

cedido ao Desinfectório Municipal para combate da febre amarela. Anos depois, em 1908, um novo Mercado

Público foi inaugurado do outro lado da cidade, na Praça Corrêa de Lemos.

MERCADO DAS HORTALIÇAS

Em complemento às atividades do Mercado Grande foi instalado em terreno defronte o “Mercado das

Hortaliças”, edifício que em 1886 passou a vender produtos até então comercializados no Largo do Capim, ao

lado da Casa de Câmara e Cadeia (Praça Bento Quirino). Este terreno integrava-se a uma área que fora

conhecida como “Largo do Pelourinho”, “Largo do Chafariz Velho”, “Largo Carlos Gomes” (1874), mas que a

partir de 1885 passava a se chamar “Largo da Liberdade”. Um dos acessos para ele e para os mercados era o

antigo “Beco do Inferno” (Travessa São Vicente de Paula em 1906); lugar de “maus cheiros” e de divertimentos

noturnos, frequentado por pessoas “de má fama” segundo as famílias mais importantes do local. Esta situação,

aliás, foi um dos motivos que provocou a transferência dos mesmos estabelecimentos para área mais distante do

centro e dos Cambuhys, bairro que nas primeiras décadas do século XX passou a receber as novas elites da

cidade. O edifício, cuja venda de hortaliças fora transferida para o novo mercado (1908), permaneceu

desocupado e conhecido como “casa das andorinhas” até sua demolição em 1956.

SANTA CASA DE MISERICÓRDIA

A mesma área de várzea e aterros mereceu também a instalação do primeiro hospital de Campinas

(1872/1876), obra idealizada pelo Cônego Joaquim José Vieira que por diversos anos moveu intensa campanha

de doações e esmolas para erguer o edifício e sua capela. Com a inauguração, a Santa Casa passou a

desempenhar um papel da maior relevância na cidade e em especial junto aos segmentos mais pobres de

Campinas, destacando-se no combate de epidemias como a varíola e a febre amarela (1889/1896). De maneira

particular, foi durante a febre amarela que a instituição ofereceu, além de abrigo, tratamento e alívio aos doentes

carentes, o recolhimento de meninas órfãs em um edifício anexo. A história desta instituição se confunde com a

trajetória de formação e desenvolvimento de Campinas.

PERSONAGENS: tipo humano, cego e menina, recorte de negros vendedores de frutas, galinhas, etc.. carroça

CITAÇÕES NA LATERAL:

Page 31: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“...há o projeto para a construção de uma Santa Casa e os fundos até agora reunidos para tal fim são já de

30 a 34 contos de réis” J.T. Von Tschudi, 1860

“Abandonada. A preta Joana, sexagenária e mentecapta, há oito dias que vive ao relento no Largo da

Liberdade (..) Diz a quem a interroga que (...) sendo forra pode morar onde quiser e que está muito bem ali”

Correio de Campinas, 1885

“..enxurradas (...) descem pela Rua das Casinhas, carregando com tudo quanto é sapo morto, galinha

podre, sapatos e chinelos rasgados, cestos, jacás; todo “pandemonium” a despejar dos córregos que

tortuosamente existiam”. Carlos Gomes em carta para Ramos Júnior, 1894.

“...vinha subindo a rua de Baixo, em direcção á cidade, vinda de Sancta Cruz, uma tropa carregada de

generos para o commercio (.. ) seguiam tropegas a madrinha (..) Á retaguarda, marchava o capataz, cavalgando

um macho rosilho (..);– Cajupa! Eia, mula! Vorta, Picaça! Bamo, Dengosa! Carrega, Malacara!” Raphael

Duarte, 1905

“Foi em começos do ano da República: de quantos caíam, morria uma porcentagem aterradora!” Amélia

de Rezende Martins, 1939

“A Santa Casa tornou-se desde logo o maior hospital da cidade” José Roberto do Amaral Lapa, 1995

“Poder participar da vida dos mercados e das ruas, como vendedores, pode ter significado a conquista,

para alguns escravos, de uma certa autonomia” Regina Célia Xavier, 1996

“Mas era entre os escravos que a debilidade da saúde deixava-os expostos a muitas doenças” Valter

Martins, 1996

“Os perfumes da vegetação local misturam-se aos odores fétidos que se desprendem dos cães mortos e

dos depósitos de lixo, facilmente encontráveis em suas ruelas estreitas e becos sinuosos..” Carolina Boverio

Galzerani, 1998

LEGENDA DAS IMAGENS:

Vista do Mercado Grande instalado em meio aos charcos do Córrego do Tanquinho. Aquarela de Castro

Mendes a partir de desenho de H. Lewis, da década de 1870. Acêrvo: Museu da Cidade

1885. Mercado das Hortaliças. Acêrvo: MIS/BMC

Vista lateral da Santa Casa de Misericórdia no início do século XX. Acêrvo: MIS/BMC

LARGO DAS ANDORINHAS

DE PERIFERIA A CENTRO DA CIDADE

Legendas:

Década de 1990. Largo das Andorinhas. Acêrvo: MIS/DETUR

1878. Detalhe de mapa da cidade com a identificação do mercado, da praça municipal (Centro de

Convivência), da santa casa e de pastos nas imediações. Acêrvo: MIS/BMC

Década de 1880. Nas imediações da nova Praça Carlos Gomes (1880), casario modesto começa a ser

substituído por palacetes. Acêrvo: MIS/BMC

Page 32: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Meados do século XX. Vista do “Jardim Carlos Gomes”, inaugurado em 1913, sob orientação de Ramos de

Azevedo. Acêrvo: MIS

1905. Em lugar do antigo Mercado, o Desinfectório Municipal (1896). Acêrvo: MIS/BMC

Meados do século XX. Em lugar do Desinfectório Municipal, a “Escola Normal” (1924). Acêrvo: MIS

Meados do século XX. Mercado já desativado, torna-se conhecido como “Casa das Andorinhas” até ser

derrubado nos anos 1950. Acêrvo: MIS

Início do século XX. Coliseu Taurino (1905/1944): espaço popular de touradas instalado diante da Praça

Carlos Gomes, transforma-se em cine teatro (1916) para receber bandas, companhias de revista, artistas e

filmes. Acêrvo: CSCA.

1910. Banda Ítalo-Brasileira, origem da atual Banda Carlos Gomes. Acêrvo: CMU.

1973. Obras de construção da Biblioteca Municipal. Acêrvo: MIS/BMC

Lateral: Monumento “Andorinhas” de Lélio Coluccini, 1957

TEXTO:

Antes mesmo desta região de charcos ser aterrada para receber o mercado e a santa casa, ela já cumpria

um papel importante na Vila ao dar passagem para tropas, comerciantes e viajantes em trânsito entre os pousos

de Santa Cruz e Campinas Velhas. Com a instalação dos Mercados, da Santa Casa e da Praça Carlos Gomes, as

modesta moradias e seus fundos de quintais foram cedendo espaço para residências mais abastadas, ruas e praças

mais equipadas, coexistindo, no entanto, por muitas décadas, áreas de vivência popular, como o “Coliseu

Taurino” (defronte a Praça Carlos Gomes) e espaços destinados a segmentos mais ricos. Em 1922, a Escola

Normal ocupou o lugar do Desinfectório Municipal, o Coliseu Taurino cedeu lugar ao tradicional Clube Semanal

de Cultura Artística (1959), o Edifício Itatiaia (com projeto de Oscar Niemayer) foi erguido nas imediações de

uma casa simples ocupada, no passado, pela família de Carlos Gomes. Os edifícios da Prefeitura de Campinas

(1968), Museu de Arte Contemporânea e Biblioteca Municipal (1973) concluíram os trabalhos de modernização

da região.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Capela de Nossa Senhora da Boa Morte da Santa Casa de Misericórdia, edifício de 1875 que, no final do

século XIX, figurava entre os melhores templos da cidade. Rua Benjamin Constant, 1657. Tombada pelo

CONDEPACC e CONDEPHAAT. Visita mediante autorização.

Museu de Arte Contemporânea José Pancetti, criado por iniciativa de artistas do “Grupo Vanguarda” (1965),

o museu reúne obras de artistas locais, nacionais e internacionais. Rua Benjamin Constant, 1633

Biblioteca Municipal Ernesto Manoel Zink, abriga importante acervo bibliográfico. Rua Benjamin Constant,

1633

Escola Estadual Carlos Gomes, criada para formar professores (Escola Complementar em 1902 e Escola

Normal em 1912), a instituição recebeu novo edifício em 1924 e foi posteriormente transformada em escola

regular. Tombado pelo CONDEPHAAT e CONDEPACC. Av. Anchieta, s/n

Beco do Inferno, atual travessa São Vicente de Paulo, consiste em um dos arruamentos centenários de

Campinas.

Banda Carlos Gomes, originada em 1895 da Banda Ítalo-Brasileira, esta instituição deu prosseguimento à

tradições musicais ainda mais antigas. Rua Benjamin Constant, 1423

Praça Carlos Gomes, com 12.500 m² a praça foi urbanizada na década de 1870 e em 1913 recebeu as bases de

seu ajardinamento atual. Tombada pelo CONDEPACC. Rua Irmã Serafina, s/n

Page 33: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

CONHEÇA TAMBÉM:

Clube Semanal de Cultura Artística, criado em 1857 para discutir política e arte, conquistou sua primeira sede

em 1873 para a realização de recitais de arte, concertos, solenidades cívicas e sociais. A sede atual foi

inaugurada em 1959. Visita mediante autorização. Rua Irmã Serafina, --

Banda Musical Campineira de Homens de Côr, criada no início do século XX e integrada à Liga Humanitária

dos Homens de Cor, a banda é herdeira da mais antiga veia musical de Campinas. Rua Visconde do Rio Branco,

788, Botafogo

Associação Campineira de Imprensa, instituição criada em 1927 (a primeira do Estado) de forte tradição na

vida intelectual da cidade. Rua Barreto Leme, 1479

PLACAS

INTERMEDIÁRIA

Praça Carlos Gomes

LADO A

Imagem principal:

Década de 1870. A antiga “Praça do Passeio” (1848), depois “Largo do Lixo” (1871), “Praça Correia de

Mello” e “Largo do Mercado” (1877) ganha árvores de cazuarinas para drenagem do solo. Acêrvo: MIS

Imagens secundárias:

Década de 1880. Após canalização, drenagem e limpeza, a nova “Praça Carlos Gomes” (1880) recebe dois

chafarizes (1882) e 100 palmeiras imperiais (1883). Acêrvo: MIS/BMC BMC 141

Década de 1890. Missa campal na Praça Carlos Gomes. Acêrvo: MIS/BMC Ref BMC 179

recorte de um “caipira” da imagem da festa

A área que hoje abriga o Jardim Carlos Gomes foi no passado o fundo de um vale pantanoso ladeado, por um

lado, pela Estrada dos Goiases, e pelo outro, pelo núcleo urbano da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição

das Campinas do Mato Grosso (1774), em formação. Durante o século XVIII e por boa parte do século XIX, a

região funcionou como barreira natural ao crescimento da Vila e da cidade, recebendo as primeiras obras de

drenagem e saneamento nos anos de 1860. Desde então, a área ganhou finalidades diversas: largo, praça e

jardim. Nas origens de sua urbanização, a “Praça do Passeio” (1848) se compunha de solo pantanoso e

esburacado que, no curso do tempo, recebeu dejetos e entulhos tornando-se conhecido como “Largo do Lixo”.

Esta prática se intensificou com a instalação do mercado (1860/61) e com a autorização oficial de despejo em

1871. As proximidades do mercado lhe trouxeram também um chafariz (a partir da canalização do “córrego do

mercado”) e o nome de “Largo do Mercado”, transformando-se novamente em 1880 ao receber a denominação

de “Praça Carlos Gomes”, dois chafarizes (alimentados pelas águas do córrego Tanquinho em 1882) e o plantio

de cem palmeiras imperiais (1883). Com o adensamento da região, a praça, por fim, deu lugar ao “Jardim Carlos

Gomes” (1913); área que passava a dispor de ajardinamento (orientado pelo arquiteto Ramos de Azevedo),

pavimentação em mosaico português, ponte, esculturas, lago para patos e um coreto eclético.

LADO B

Imagem principal:

1935. Vista do Jardim Carlos Gomes com o Coliseu Taurino aos fundos. Acêrvo: Loja Maçônica

Independência. Ref. CD Marcelo\Largo Carlos Gomes

Imagens secundárias:

Meados do século XX. Vista aérea do Jardim Carlos Gomes e do terreno que abrigou o Coliseu Taurino.

Acêrvo: MIS ref. localizar

Page 34: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Nina Senzi, atriz brasileira que se apresentou no Theatro São Carlos em 1909. Acêrvo: MLPM ref. CD

Marcelo Arquivo teresa bernabé\Nina Senzi

A urbanização do largo, praça e jardim se fez acompanhar pelo crescimento e adensamento da região que, a

partir da década de 1860, começou a ultrapassar os limites do terreno pantanoso. Nas margens do largo que

pouco a pouco ganhava forma e embelezamento, passaram a se instalar casas mais requintadas e ruas calçadas

capazes de trazer para a área uma população mais abastada, ou ainda, os primórdios de uma vida propriamente

cultural. Transformada em “Praça Carlos Gomes” (1880), o espaço começou a oferecer uma programação

semelhante à do “Passeio Público” (centro de convivência) que, permeada pela sonoridade das retretas, conferia

magia às apresentações artísticas das tardes modorrentas de domingo. No terreno defronte à praça, instalou-se

também o “Coliseu” (1905), um pavilhão destinado originalmente a touradas que se transformou em um dos

espaços mais populares de Campinas, incluindo sua adaptação para o cinema (1916). Este centro popular

conseguiu sobreviver até 1944, erguendo-se em seu lugar, anos depois, a nova sede do tradicional Clube

Semanal de Cultura Artística, uma agremiação fundada na década de 1870 por cidadãos campineiros destacados.

Praça tombada pelo CONDEPACC.

“As alegres festas já, então, eram effectuadas nos elegantes salões do ‘bailante’, (como se dizia) do Club

Semanal, edifício erguido por iniciativa dos dedicados socios (...) o edifício (...) constava de um salão de dansas

e de outros de menores proporções; entre os dois principaes havia um corêto para a musica, fazendo face para

ambos (..) Seis lustres de illuminação a gaz derramavam deslumbrante claridade no salão (...) estava alli

Campinas, na sua máxima demonstração de riqueza e de opulencia!” Leopoldo Amaral, 1925

“No coliseu, que deixou gratas recordações, ouvia-se o debulhar de milhões de amendoins pelo chão, o

‘trinchar’ das rapaduras e pés de moleques e cuscuz fornecidos pelo seu ‘Tranco’; sentia-se o cheiro do gostoso

pastel feito pela rochunchuda mulata Ramira e apreciava-se as dolentes valsas das orquestras que ali se exibiram.

Lembramos dos primeiros seriados que foram projetados na tela (...) Êsse cinema funcionou continuamente,

perto de quatro décadas até que um dia, condenado pelo tempo, fôra obrigado a encerras as suas atividades”

Geraldo Sesso Jr, 1970

PLACAS DE MONUMENTO

1. Beco do inferno

No período imperial, esta antiga ruela se tornou conhecida como “beco do inferno” por ser freqüentada por

pessoas consideradas, na ocasião, marginais à ordem social: prostitutas, bêbados, vagabundos e arruaceiros. A

denominação de “travessa São Vicente de Paulo” foi dada em 1906 pela Câmara Municipal em “reconhecimento

aos serviços prestados pelas Conferências São Vicente de Paulo à pobreza”.

2. Escola Estadual Carlos Gomes

Edifício inaugurado em 1924 para receber a “Escola Normal” (formação de professores), esta instituição

remonta à “Escola Complementar” (1903), depois renomeada de “Escola Complementar Primária” (1912) que se

achava instalada no Largo da Catedral. Em seu novo e imponente edifício projetado por César Marchisio em

estilo eclético com elementos neo renascentistas, a instituição se destacou como um dos mais importantes

centros educacionais do Estado de São Paulo. Em 1936 recebeu o nome de “Escola Normal Carlos Gomes" e em

período posterior assumiu a função de escola regular. Tombado pelo CONDEPHAAT e CONDEPACC.

3. Banda Carlos Gomes Existiram em Campinas diversas associações artísticas que adotaram o nome do célebre regente, inclusive

corporações musicais como a Sociedade Carlos Gomes que em 1878 criou sua banda. Seguiram-se as Bandas

Carlos Gomes regidas por Moreira Lopes (1889) e por Agide Azzoni (final do século XIX). Mas, a atual Banda

Carlos Gomes se originou da Banda Ítalo-Brasileira, criada em 1895 sob a regência de Constantino Soriani e que

durante a segunda guerra mundial (1941) assumiu a nova denominação. Esta instituição mantém vivo um legado

de mais de cento e cinquenta anos de história musical na cidade.

Page 35: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

4. Santa Casa de Misericórdia

A Santa Casa de Misericórdia de Campinas foi fundada pelo padre Joaquim José Vieira para dar “assistência

hospitalar” e “conforto moral” aos pobres enfermos. O terreno foi doado por Maria Felicíssima de Abreu Soares

e a pedra fundamental lançada em 1871, contando com grande número de contribuições e a participação direta

de personalidades como Antonio Francisco Guimarães (“o Bahia) e José Bonifácio de Campos Ferraz

(posteriormente Barão de Monte-Mor). No curso das obras, uma ala do hospital foi reservada para receber o

“Asilo das Órfãs”; ala que durante a epidemia de febre amarela se transformou em internato. O Hospital e a

Capela foram inaugurados em 1876 e o Asilo das Órfãs em 1878. Seu conjunto neoclássico se destaca como um

dos mais importantes e preservados do Estado de São Paulo. Capela tombada pelo CONDEPHAAT e

CONDEPACC

Page 36: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

5. CENTRO DE CONVIVÊNCIA

PASSEIO PÚBLICO

UM NOVO PADRÃO DE PRAÇA E LAZER

PROJETO DE HORTO

Na primeira metade do século XIX, a Câmara Municipal começou a discutir a criação de um horto

botânico em Campinas à semelhança do que fora criado no Rio de Janeiro: um espaço de experimentações

botânicas e de apoio às iniciativas agrícolas. A região em que se encontra hoje o centro de convivência foi

cogitada para este fim, mas o projeto não saiu do papel, restando a demarcação da área como “Largo Municipal”.

Décadas depois, passou-se a discutir a criação de um “Passeio Público” em Campinas, um espaço no qual os

moradores, visitantes e suas distintas famílias pudessem “tratar da saúde, do bem estar, da vida” (nos dizeres da

“Gazeta de Campinas” de 1876), cogitando-se na ocasião duas áreas: a do “Largo do Mercado” (depois

transformado em Jardim Carlos Gomes) e a do Largo Municipal; esta última escolhida pelos seus atrativos e pelo

empenho de alguns grupos políticos locais. O antigo bairro do cambuizal ou dos Cambuys, região até então

ocupada por sítios, fazendas e moradias populares originadas, inclusive, de antigos quilombos, começava a

sofrer profundas mudanças.

PASSEIO PÚBLICO

O “Largo Municipal” transformou-se em “Passeio Público” através da iniciativa privada que, por meio

de campanhas e apoio da Câmara Municipal (que preparou o terreno e instalou luz à gás), conseguiu atrair

donativos e colaborações suficientes para erigir a nova praça. Entre os anos de 1876 e 1883, vários segmentos da

cidade participaram desta construção, a começar pelos fazendeiros que doaram recursos e o trabalho de seus

escravos para o ajardinamento e arborização do espaço; de dois botânicos (Joaquim Corrêa de Mello, o

“quinzinho da botica”, e Alberto Lofgren) que incumbiram-se da seleção de árvores, de plantas e do desenho da

praça, ou ainda, de comerciantes e “empreendedores” que contribuíram com vários equipamentos e

melhoramentos para transformar a área em um “jardim inglês” (padrão de logradouro público que tinha o

“Passeio Público” do Rio de Janeiro como referência). No mesmo período foram instaladas grades e portões de

ferro (para cobrança de ingressos), um chalet quiosque (1878), caramanchões com trepadeiras, gruta de cimento,

lago artificial com cascata e chafariz, e ainda, um novo coreto de ferro trabalhado (1883); equipamentos que

atraíram diferentes pessoas e “distintas famílias” para uma nova forma de lazer público caracterizado pela

música, pelos encontros e passeios, ou ainda, por uma programação especial que tornava as tardes de domingo

mais agradáveis.

PERSONAGENS:

CITAÇÕES NA LATERAL:

“Um individuo qualquer, até mesmo casmurro, um caipira fica limitado em pouco tempo, pela

sociabilidade, pelo espírito dos outros. Elle em pouco tempo aprende a não dizer asneira, a não bater no ombro

do interlocutor, e a não cuspir nos circunstantes quando falla com assomos pedantes” Gil Blás, Diário de

Campinas, 1881

“O Jardim, nesses dias, regorgitava de famílias, vendo-se ali o que Campinas tinha de mais chic e mais

distincto” Leopoldo Amaral, 1927

“..tornou-se moda entre as famílias campineiras o passeio pela gare da Estação (...) Foi quando surgiu a

idéia de se construir um jardim público” José de Castro Mendes, 1968

Page 37: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“O domingo em Campinas, dava à mulher (...) oportunidade para um desfile em que podiam ser

apreciadas as suas toaletes” Benedito Barbosa Pupo, 1995

“É um dos principais exemplos de jardins de Campinas e importante marco na sua urbanização e na

inserção de áreas verdes projetadas para o passeio público” Siomara B. Lima, 2000

“...no interior dos ‘novos’ ‘espaços públicos’ campineiros (...) está em curso o engendramento de um

processo dramático de transformação de hábitos cotidianos, convicções, modos de percepção intimamente

articulados ao avanço do sistema capitalista (...) onde não têm lugar os negros (..) os doentes, dentre os quais os

varilosos, os portadores de ‘hannseníase’, as ‘camélias sujas’, além dos mendigos” Carolina Galzerani, 1998

“As matas, os rios, as casas (...) as janelas, os lagos, as pessoas eram diferentes” Filho da Guarda

Municipal, 2004

LEGENDA DAS IMAGENS

Planta do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, meados do século XIX. Acêrvo: MIS

Passeio Público de Campinas em 1880. Acêrvo: MIS/BMC

Coreto do Passeio Público, em 1909. Acervo: MIS/BMC

Gruta do Passeio Público (1909). Acêrvo: MIS/BMC

PRAÇA IMPRENSA FLUMINENSE

CENTRO DE CONVIVÊNCIA CULTURAL

Legendas:

Década de 1990. Show noturno no Teatro de Arena do Centro de Convivência Cultural. Acêrvo: DETUR

Final do século XIX. Campineiros em Milão: em busca de “civilidade”. Acêrvo: MIS/BMC

Década de 1890. Residência de médico da Santa Casa, hoje estabelecimento comercial. Acêrvo: MIS

Primeiras décadas do século XX. Casario abastado nas margens do Passeio Público Acêrvo: MLPM

1919. Em terreno mais distante, a Chácara Laranjeira: o caráter rural do bairro (Nova Campinas). Acêrvo:

MLPM

Anos 1940. Avenida Júlio de Mesquita. Acêrvo: MIS

Anos 1940. Remanescente de construções mais antigas na outrora “Rua Nova do Sales” (Av. Júlio de

Mesquita) Acêrvo: CMU

Década de 1930. Hospital Irmãos Penteado. Acêrvo: MIS

Década de 1940. Colégio Progresso. Acêrvo:MIS/BMC

Anos 1990. Instituto Agronômico, antiga Estação Agronômica de Campinas (1887): de forma semelhante à

um horto botânico, coube-lhe apoiar iniciativas agrícolas. Acêrvo: DETUR/Nívea Camargo.

TEXTO:

O “Passeio Público” sofreu muitas transformações no curso do século XX acompanhando as mudanças

da cidade. Novas avenidas foram abertas para dar passagem ao fluxo progressivo de pessoas e carros; novas

casas e edifícios reurbanizaram a área, empurrando para longe as antigas e populares moradias que originaram o

Cambuí. A praça, renomeada de “Imprensa Fluminense” em 1889 (em homenagem à ajuda prestada pelos

jornais cariocas no início da epidemia de febre amarela), manteve-se arborizada até a década de 1960 quando a

construção do Centro de Convivência Cultural redefiniu sua ocupação e sentido original. O projeto de Flávio

Penteado nascia da necessidade de suprir a cidade de um vazio deixado pela demolição do Teatro Municipal

(1965), ao mesmo tempo em que procurava imprimir um novo conceito de “espaço cultural”. O projeto procurou

Page 38: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

também preservar algumas das centenárias árvores que outrora formaram o “passeio”; árvores que ainda hoje

insistem em sobreviver nos cantos e nas esquinas tomadas pelo trânsito.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Casa de Taipa, uma das mais antigas construções da região, abriga estabelecimento comercial mas mantém

aparente técnica construtiva do século XIX. Rua General Osório, 1273

Colégio Progresso, criado em 1900 para receber jovens moças do complexo cafeeiro, o colégio funcionou na

rua José Paulino até a inauguração do atual edifício em 1917. Av. Júlio de Mesquita, 840

Hospital Irmãos Penteado, originado como anexo da Santa Casa, foi inaugurado em 1936. Av. Júlio de

Mesquita, 571

CONHEÇA TAMBÉM:

Museu do Negro, criado em 2001, ocupa casa remanescente da comunidade negra do Cambuí, registrando a

história dos afro-descendentes em Campinas. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Emílio Ribas, 1468/Cambuí

Igreja Nossa Senhora das Dores, pertencente à Paróquia de N.Sra. Dores (1936), foi erguida na década de

1940. Rua Maria Monteiro, 1212

Imóvel da Rua Padre Vieira, em estilo chalét, foi construído no período 1880/1890 por um médico da Santa

Casa de Misericórdia, registrando um padrão construtivo que marcou por poucos anos a arquitetura da cidade.

Tombado pelo CONDEPACC. Rua Padre Vieira, esquina com R. Benjamin Constant

Instituto Agronômico de Campinas, centro de “ciência agrária”, o instituto foi fundado em 1887, por D.Pedro

II, para desenvolver a agricultura e promover a diversificação produtiva da região. Tombado pelo

CONDEPACC. Av. Barão de Itapura, 1481/Guanabara

Teatro Municipal José de Castro Mendes. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Sales de Oliveira, Vila

Industrial.

Estação Cultura, antiga “Estação da Paulista” (1872), abriga um amplo conjunto de espaços culturais além da

Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo da PMC. Tombado pelo CONDEPACC. Praça Marechal

Floriano, s/n.

PLACAS

PLACAS DE MONUMENTO

1. Hospital Irmãos Penteado

As origens do Hospital Irmãos Penteado remontam à criação, em 1926, do Pavilhão de Cirurgia da Santa Casa de

Misericórdia, construído a partir de doações do Dr. Salustiano Penteado. Suas obras, no entanto, alcançaram uma

nova dimensão com o legado de seu irmão, Sr. Severo Penteado que em 1932 deixou recursos para ampliar e

transformar o pavilhão em um novo hospital. Sua inauguração ocorreu em 1936 e desde então o Hospital

funciona sob orientação da Mesa Administrativa da Santa Casa, com corpo médico próprio.

2. Colégio Progresso Campineiro

Criado em 1900 por iniciativa de empresários e políticos locais para receber jovens moças do complexo cafeeiro,

o Colégio Progresso se tornou marco no ensino de Campinas sob a direção de Emília de Paiva Meira (1902),

funcionando em diversos endereços: Avenida Barão de Itapura, Praça do Pará e Rua José Paulino. Em 1917 foi

transferido para o prédio da Avenida Júlio de Mesquita e desde então assumiu perspectivas educacionais mais

Page 39: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

amplas, entre elas, a condição de “Instituto Livre de Ensino Secundário” (1934), curso de aplicação, pré-

primário, Escola Normal Livre e Colégio (1942).

3. Museu do Negro

Integrada a um antigo núcleo de trabalhadores negros e italianos do bairro do Cambuí, a edificação em que se

encontra instalado o Museu do Negro foi construída entre 1911 e 1913 para ser residência do cocheiro Adão

Bernardino dos Santos. O imóvel, instalado entre chácaras e casarões de comerciantes e barões de café abrigava

também carros e animais de transporte. Em 2001 foi transformado em centro de referência da cultura, identidade

e memória da comunidade negra de Campinas, compondo-se de importante acervo de fotos, vídeos e

documentos, além de oferecer cursos e atividades. Tombado pelo CONDEPACC.

Page 40: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

6. LARGO DO ROSÁRIO

UM NOVO CENTRO DE COMÉRCIO E DE VIDA

AS ORIGENS DO LARGO NA EVOLUÇÃO DA CIDADE

IRMANDADE E IGREJA DO ROSÁRIO

Nos primórdios da cidade, as atividades comerciais se realizavam nas proximidades do “Largo da

Matriz” (hoje, Praça Bento Quirino). Com o crescimento do povoado, elas se deslocaram para terrenos mais

planos na extremidade do Largo, começando a se formar no início do século XIX uma nova área frequentada

por trabalhadores livres e escravos empregados na venda de alimentos, carnes verdes e artefatos. Esta área tinha

em seu centro uma igreja em construção (1817 e 1827), fundada pelo Padre Antônio Joaquim Teixeira e

destinada ao culto de homens negros e pardos livres da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e,

posteriormente, de ex-escravos da Irmandades de São Benedito. No curso do tempo, a Igreja do Rosário tornou-

se um espaço importantíssimo de celebrações cristãs (inclusive com a presença de outras irmandades), mas

também das festividades de origem africana, como as congadas, que se realizavam nas suas escadarias e calçada.

O LARGO, O COMÉRCIO, O CASARIO

No mesmo período da construção da Igreja, a Câmara Municipal definiu nova organização para o

comércio de abastecimento da área erigindo em terreno próximo o mercado das “casinhas”, um conjunto de

barracos perfilados que seguia em direção à “rua do meio” (R. Dr. Quirino) e que daria origem à rua General

Osório. Nas décadas seguintes, e na outra margem do largo em formação, a “rua de cima”, depois chamada “rua

direita” (R. Barão de Jaguara) também começava a desenvolver atividades comerciais, mas de um outro tipo: de

artigos manufaturados, ferragens e serviços, ampliando-se ainda mais o papel de entreposto comercial assumido

pela Vila de São Carlos na região; o Largo do Rosário transformava-se, pouco a pouco, no centro comercial

deste núcleo urbano. De forma paralela, o Largo se destacou ao receber os primeiros sobrados da Vila,

residências de ricos comerciantes e lavradores de cana que se celebrizaram pelas festas e acontecimentos, ou

ainda, se firmou como espaço cívico ao receber celebrações importantes como as “cavalhadas” para o Imperador

D. Pedro II em 1846, entre outras manifestações e atividades públicas que permaneceram presentes por todo o

século XX.

MATRIZ PROVISÓRIA

A igreja do Rosário, edifício simples e sem torres, ganhou uma maior importância na medida em que a

construção da Matriz Nova (Catedral) se prolongou e em que a Matriz Velha (no local da atual Basílica do

Carmo) perpetuou uma precária condição de conservação, assumindo este mesmo templo, por duas vezes, o

papel de Matriz Provisória da Paróquia da Conceição (1846/1852; 1870/1883). Esta situação lhe trouxe

reformas e, inclusive, a criação da prestigiosa “Irmandade do Santíssimo Sacramento”, formada por homens

brancos. As reformas se iniciaram com a visita do imperador D.Pedro II à cidade, em 1846, e se repetiram por

outras ocasiões (1887,1910, 1928), atestando a importância que o largo continuava a desempenhar na dinâmica

da cidade.

PERSONAGENS:

INSERIR IMAGENS DE: NEGROS TRABALHADORES, VENDEDORA DE ALIMENTOS, CARROCEIRO,

VENDEDOR AMBULANTE, MULHERES RICAS, CIDADÃOS ILUSTRES, CAPITALISTA

Page 41: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

CITAÇÕES NA LATERAL:

“o comércio é pois ativo e florescente, porque é aqui o entreposto de Goiás, Uberaba, Franca, e outras

povoações do interior da côrte. Asseguram-me, porém, que já foi muito mais importante e ativo com êstes

pontos”. Zaluar, 1860

“... Pedro Gonçalves Meira (...) Foi elle quem construiu o primeiro sobrado – aquelle que faz esquina no

pateo do Rosario e rua Direita.” Ricardo Gumbleton Daunt, 1879.

“Havia em Campinas, em éras remotas, muitas casas que se forneciam diretamente de tudo na Europa”.

Vitalina P S Queiroz, final do século XIX.

“A primeira congada, de que tenho lembrança, foi aqui effectuada, com grande pompa, no ano de 1837.

Os membros que (...) nella tomaram parte, eram (...) quasi todos escravos de origem africana do Congo, de

Benguella, de Moçambique (...) Apresentavam-se para as folganças, trajando roupagens vistosas e multicôres

(...). Reuniam-se em uma de nossas praças (Matriz Velha ou Rosário), onde houvesse egreja, em cuja frente,

sobre a calçada, (...) collocavam-se thronos (...) para presidir as dansas”. Raphael Duarte, 1907

“A cidade, antes destinada para os fins de semana, tornou-se a morada efetiva dos fazendeiros que para

ela se transferiam com toda a família e o séquito de escravos” Ricardo Badaró, 1986

“Na verdade o sistema viário externo parecia mais com uma cortina de fumaça para a real interferência

na área central da cidade (...) libera-se esse centro à verticalização (...) cravando grandes edifícios verticais em

lotes de origem colonial (...) Sem critério de uso e ocupação (..) surgia a cidade de concreto sobre os escombros

da cidade imperial de tijolo” Luiz Cláudio Bittencourt, 1990

“Dos três largos, o Rosário foi o único que surgiu antes da Igreja (...) e seguia com certa fidelidade os

preceitos urbanizadores da coroa (..) um triângulo áureo perfeito” Evandro Z. Monteiro, 2001

Legenda das imagens:

Vista da Igreja do Rosário, do largo (ainda indefinido) e da “rua das casinhas” em formação (R. General

Osório). Detalhe de aquarela de Edmund Pink, 1823. Acêrvo: Bovespa

Panorâmica do Largo do Rosário em 1890, onde se vê a Igreja do Rosário (sem as torres, demolidas em

1887), o sobrado da família Teixeira Nogueira (ao lado) e o primeiro sobrado da Vila pertencente ao

Capitão Pedro Gonçalves Meira (a direita). Acêrvo: MIS/BMC

Nos preparativos para a chegada do Imperador, Hércules Florence prepara uma de suas “polygraphias”.

1840. Acêrvo: MIS/HF

Desenho da Igreja do Rosário após as reformas para recepção de D.Pedro II, em 1846. Acêrvo: MIS/BMC

LARGO DO ROSÁRIO

UM ESPAÇO MUTANTE

Legendas:

1956. Por orientação do “Plano de Melhoramentos Urbanos” de Prestes Maia, a Igreja é demolida para

alargamento das ruas F.Glicério e Campos Sales. Acêrvo: MIS/BMC

1846. Registro das “cavalhadas” apresentada ao Imperador D.Pedro II no Largo do Rosário. Acêrvo: Cirillo

H. Florence

1846. No segundo momento das cavalhadas, o ataque à “cabeça de turco”. Acêrvo: Cirillo H. Florence

Por volta de 1865. Registro de uma congada: uma outra forma de celebração (RJ). Acêrvo: IPHAN Fonte:

Ed. Ex Libris

Page 42: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

1890. A Igreja (sem as torres, demolidas em 1887) e o Largo, centro de atividades e feiras livres. Acêrvo:

MIS/BMC

Década de 1930. Igreja do Rosário após reforma de 1928 (com nova torre). Acêrvo: MIS/BMC

1937. Esboço de Prestes Maia para reforma do largo, prevendo a demolição da Igreja . Acêrvo: Coleção

Ricardo Badaró

1920. “Jardim do Rosário” (criado em 1895), com vegetação, bancos e chafariz de ferro. Acêrvo:

1934. Reurbanização do Largo com monumento a Campos Sales. Acêrvo: MIS

Anos 1960. Com novo formato, o Largo reafirma seu sentido cívico e nas décadas seguintes, passa a ocupar

lugar central nas lutas políticas da cidade. Acêrvo: Coleção Carolina Galzerani

Lateral:

Aparecida Ramos de Freitas ou simplesmente “Gilda” (1904/1977), iluminou a cidade, entre os anos 1950/1970,

com sua simpatia e alegria.

TEXTO:

O Largo do Rosário surgiu com a expansão da Vila de São Carlos e por cerca de 200 anos vem ocupando

um lugar primordial na trajetória de formação e desenvolvimento de Campinas. Como ponto de encontro da

população e de seus visitantes, o Largo e a antiga Igreja desempenharam diversos papéis, entre eles, o religioso,

o cívico e o cultural além de uma permanente função de centro comercial. Com o passar das décadas, a

dinamização e diversificação das atividades urbanas levou à derrubada da centenária Igreja do Rosário bem

como a transformação do Largo em um espaço eminentemente cívico, palco de acontecimentos importantes da

história política e cultural mais recente. Os testemunhos desta mudança se confundem com a trajetória de

participação social e reivindicação política de sua população, celebrizando-se como o espaço de lutas e

conquistas por direitos e reivindicações coletivas da cidade.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Solar do Visconde de Indaiatuba, edifício de 1846, é o mais antigo palacete urbano da cidade Imperial. Além

de residência do Visconde de Indaiatuba, abrigou o Clube Campineiro (1891), o Centro de Ciências, Letras e

Artes (1901) e o Clube Semanal de Cultura Artística (1926/59). Sofrendo alterações, reformas e um incêndio em

1994. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Barão de Jaguara, 1252

Rua César Bierrenbach, via que se integra ao traçado original de Campinas. Imagens e textos explicativos no

local.

Rua Barão de Jaguara, antiga “Rua de Cima” e “Rua Direita”, mais antiga rua de comércio da cidade.

CONHEÇA TAMBÉM:

Igreja Nossa Senhora do Rosário, construída após a demolição do centenário templo do Largo do Rosário

(1956), apresenta projeto arquitetônico similar. Rua Francisco José de Camargo Andrade, 535, Castelo

Sousas e Joaquim Egídio, antigos arraiais, hoje distritos, localizam-se na Área de Proteção Ambiental de

Campinas (APA) e guardam tradições e testemunhos históricos e ambientais do Município, além do

Observatório Municipal. Acesso pela Rodovia Heitor Penteado.

Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), área de 33 alqueires com variados espaços recreativos e culturais. Av.

Heitor Penteado, s/n

Page 43: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Escola Preparatória de Cadetes do Exército, instalada em Campinas em 1959, a “Escola de Cadetes” recebe e

prepara jovens para o ingresso na Academia Militar das Agulhas Negras. Visitação sob agendamento. Av. Papa

Pio XII, 350

Bosque Augusto Ruschi, área com 26 mil m² de árvores nativas, queda d'água natural, lago, pista e

equipamentos de ginástica, entre outros atrativos. Rua Carlos Roberto Gallo esquina com Avenida Coacyara -

DIC I

PLACAS

INTERMEDIÁRIA

Rua César Bierrenbach

LADO A

Imagem principal:

Imagens secundárias:

Jornal Diário do Povo

A antiga “Travessa do Góis” nasceu entre as três ruas originais de Campinas e com elas partilhou de uma

trajetória histórica singular. De fato, foi na proporção em que as antigas ruas “de cima” (Barão de Jaguara), “do

meio” (R. do Comércio, depois, R. Dr. Quirino) e “de baixo” (Luzitana) se configuraram como centro de

comercio e de serviços da cidade, que a travessa ganhou destaque, transformando-se em local privilegiado de

instituições e atividades culturais. De maneira especial, a proximidade das ruas “do Comércio” e “Barão de

Jaguara” atraiu para a travessa a circulação de um público letrado que saia às ruas em busca de tipografias,

jornais e associações culturais, surgindo desta circulação espaços recreativos de grande significação. Em 1905, a

“Travessa do Góis” recebeu o “Coliseu” (estabelecimento dos mais populares da cidade que abrigava

“variedades” e, a partir de 1916, um cinema); em 1909, o Cine Recreio; em 1913 o jornal Diário do Povo

(presente na rua até 1944) e em 1924, o Cine Teatro São Carlos (instituição que sobreviveu até 1951 e por

muitos anos foi frequentada pela elite campineira).

LADO B

Imagem principal:

Imagens secundárias:

Imagens de incêndio – MIS/BMC pasta

A denominação “Travessa do Góis” (oficializada pela Câmara em 1848) foi alterada em 1908 para Rua César

Bierrenbach por solicitação de comerciantes locais que pretendiam homenagear o bacharel de direito, jornalista,

professor e escritor campineiro (falecido no ano anterior). Fundador do Centro de Ciências, Letras e Artes, César

Bierrenbach expressou como ninguém o grande apego que uma significativa parcela da população campineira

nutria pelas letras, entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX. Este apego se estendia

ainda às idéias políticas, e em particular, aos ideários de “modernidade” e civilidade disseminados para o grande

público através dos “almanachs” de José Maria Lisboa. Em meio, então, de livrarias e tipografias como a “Casa

do Livro Azul” e a “Casa Mascotte” na Rua Barão de Jaguara; de grêmios e associações literárias e artísticas, ou

ainda, de certas barbearias que mais se assemelhavam à centros culturais; cidadãos como César Bierrenbach

emprestaram à Campinas a fama de ser uma “cidade letrada”. Por outro lado, um conjunto mais diversificado de

estabelecimentos e serviços a incluir alfaiatarias, chapelarias, modistas, ourives, relojoeiros e casas de produtos

importados como “Au Monde Elegant”, integrava-se à uma dinâmica social, cultural e política que tinha as ruas

Page 44: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Barão de Jaguara, do Comércio (Dr. Quirino), Travessa do Góis (R. César Bierrenbach) e Formosa (Conceição)

como centro irradiador.

“tudo aquilo que não for leitura ligeira (...) não pode actualmente ser agradavel ao espirito (...) O

escrever de hoje é como o adejar da bôlha de sabão, o voar do colibri, o correr das estradas de ferro!...Uma certa

inpaciencia apodera-se dos espiritos e os lança em uma verdadeira vertigem de aspirações, das quais a principal é

saber muito sem lêr muito (...) O senhor tem almanachs? (...) compra o precioso livro, vae para casa, reune a

mulher e os filhos, põe-se em mangas de camisa e faz a felicidade de todos com a leitura aos bocadinhos, como

colheradas de crême, de toda a vasta secção das anedotas...” Carlos Ferreira, Almanach Popular de Campinas

para o anno de 1879.

PLACAS DE MONUMENTO

1. Solar do Visconde de Indaiatuba

Residência de José Bonifácio do Amaral (Fazenda Sete Quedas), este solar foi inaugurado em 1846 seguindo

padrões arquitetônicos coloniais. Entre os casarões mais antigos e expressivos da cidade, destacou-se por

acontecimentos sociais ilustres, como a recepção e hospedagem de D. Pedro II (1875 e 1878). No final do

século, transformou-se em sede do Clube Campineiro (1891) e no curso do século XX foi ocupado pelo Centro

de Ciências, Letras e Artes (1901) e pelo Clube Semanal de Cultura Artística (1926/59), sofrendo no curso do

tempo diversas descaracterizações além de um incêndio, em 1994. Tombado pelo CONDEPACC.

2. Centro de Ciências, Letras e Artes

Entidade cultural sem fins lucrativos, o Centro de Ciências, Letras e Artes foi fundado em 31 de outubro de 1901

por um grupo de cientistas, artistas e intelectuais de grande destaque na história da cidade. Com presença

marcante na trajetória cultural de Campinas por todo o século XX, o CCLA reúne testemunhos preciosos de sua

trajetória, da história de Campinas e do país, presentes nos acervos de seus Museus Carlos Gomes e Campos

Sales, na Pinacoteca e na Biblioteca César Bierrenbach.

Page 45: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

7 CATEDRAL

LARGO DA MATRIZ: UM OUTRO PROJETO DE CIDADE

MATRIZ NOVA

No início do século XIX, moradores enriquecidos com o comércio, canaviais e engenhos da Vila de São

Carlos decidiram construir em uma área relativamente distante do Largo da Matriz (ou da “Matriz Velha”), uma

nova Igreja; templo que pretendiam erguer em taipa de pilão e que desejavam atribuir grandes proporções. Com

o novo edifício, os moradores buscavam também reordenar o crescimento e o traçado da Vila, fazendo-a seguir

por terrenos mais altos, planos e secos através de um desenho reticulado de quadras e quarteirões. O grande porte

da construção, no entanto, traria problemas para Campinas, estendendo-se suas obras por mais de setenta anos

(1808-1883) e com recursos que, se inicialmente provinham da produção agrícola, em meados do século

passaram a exigir novos impostos. Em 1845, enfim, o corpo principal da igreja recebeu cobertura, momento no

qual já se achavam presentes os primeiros sobrados, ruas e o projeto de um teatro que em breve seria instalado

nas imediações.

CATEDRAL DE TERRA

Uma vez erguido o corpo central da Matriz Nova, começaram os trabalhos de estruturação e

ornamentação interna e externa, atividades que se estenderam por mais quatro décadas e que contaram com

várias equipes de artistas, arquitetos, engenheiros, mestres de obra, artesãos e trabalhadores. O primeiro grupo

foi o de Vitoriano dos Anjos, um experiente entalhador bahiano trazido pela Irmandade do Santíssimo

Sacramento que chegou a Campinas em 1853 com seus artífices aprendizes. Sua equipe conseguiu construir em

poucos anos e em grandes proporções (pelo porte das taipas) o altar-mór, o balcão das tribunas, do coro e os dois

púlpitos em estilo rococó tardio, revelando grande competência e dedicação. Mas, Vitoriano dos Anjos, cerca de

dez anos depois seria dispensado para dar lugar ao arquiteto da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro,

Bittencourt da Silva e ao entalhador Bernardino de Sena, artista que produziu o forro e os altares da nave em

estilo neo-barroco. À Bittencourt da Silva coube a sessão do projeto já utilizado na Igreja da Glória do Catete

(RJ) com fachada de torre única e estilo neo-clássico. As obras seguiram seu curso até o ano de 1866, momento

em que o desmoronamento de uma parte dos alicerces (com a morte de quatro pessoas) recolocou em discussão o

projeto da Matriz, seguindo-se novas trocas de equipes das quais participaram Vilaronga, Cantarino (que

retomou o projeto de Bittencourt, com alterações), Cristovam Bononi (1876) e Ramos de Azevedo (1879).

VIDA RELIGIOSA

Com uma população constituída por diferentes grupos étnicos e sociais, a vida religiosa de Campinas foi

e continua a ser diversa. A Igreja Católica, que no curso dos séculos deu origem à dezenas de Paróquias,

conviveu desde cedo com outros grupos e comunidades religiosas presentes nas senzalas, nas colônias rurais e

nas franjas da malha urbana. Já em meados do século XIX, começavam a chegar grupos protestantes, judeus,

espíritas, muçulmanos, entre outros; grupos que por diferentes meios e situações conviveram com a presença

africana que, sem dúvida alguma, cumpriu papel central na constituição social e cultural de Campinas. Os seus

diferentes templos, crenças e rituais integram a história da cidade e lhe conferem uma singularidade e riqueza

excepcional.

CITAÇÕES NA LATERAL:

“No lugar marcado na Planta com uma cruz, projeta-se edificar um novo Templo” Luiz D’alincourt,

1818.

Page 46: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“...a Matriz Nova promete ocupar lugar de destaque entre os demais templos do país” J.J. Von Tschudi,

1860

“O plano de sua construção geral foi confiado ao hábil artista baiano o Sr. Vitoriano dos Anjos, que fêz

da capela-mor (..) um verdadeiro sonho de artista! (..) É um poema de flores (...) Este notável artista, já ancião e

coberto de cãs, vive na mais ignorada obscuridade. Os seus trabalhos não são talvez apreciados nem

remunerados como devem, o que explica a expressão de profunda tristeza e desgôsto que se descobre na

fisionomia do infatigável entalhador baiano. Surpreende ver o trabalho concluído por êste homem em pouco

mais de seis anos!” Zaluar, 1860

“...A procissão do entêrro desenvolvia-se imensa, na sexta feira santa” Vitalina P S Queiroz, final do

século XIX.

“A julgar pelas dimensões vastíssimas (..) imaginamos que se erguia o templo para engrandecer a vila,

emprestando-lhe uma opulência que, na verdade, era só dele” Nelson Omegna, 1961

“... de sua implantação, originaram-se as ruas da Constituição e São José, que juntamente com a rua

Formosa, formaram um eixo perpendicular à rua Direita, conectando, desta forma, o desenho da vila ao desenho

assumido pela cidade, em uma nova direção” Luiz Claudio Bittencourt, 1990

“Temos assim constituído os elementos que viriam, mais tarde, formar a estrutura do centro urbano de

Campinas, a malha ortogonal e os três largos – o da Matriz, o do Rosário e o da Matriz Nova” Antonio Carlos

C. Carpintero, 1996

LEGENDA DAS IMAGENS

O “socamento” das taipas da Matriz Nova. Aquarela de Castro Mendes, a partir de desenho de Hércules

Florence de 1830. Acêrvo: Museu da Cidade

Obras da fachada da Matriz Nova. Litogravura de Jules Martin, 1869. Acêrvo: MIS

Matriz Nova, após conclusão e consagração em 1883. Acêrvo: MIS

Igreja de Nossa Senhora da Glória do Rio de Janeiro; projeto de Bittencourt Silva que inspirou a fachada da

Matriz Nova. Coleção: Augusto C. da Silva Telles/Revista Barroco

Lavagem da escadaria da Catedral. Acêrvo: SMCET

LARGO DA CATEDRAL

A “MATRIZ NOVA” EM MEIO À MODERNIDADE

Legendas:

1935. Vistas do alto da Catedral: à frente, a rua Conceição (antiga Formosa); aos fundos, as ruas 13 de Maio

(antiga São José) e Costa Aguiar (antiga Constituição). Acêrvo: MIS/BMC

Final do século XIX. Festa no Asilo dos Varilosos. Acêrvo: MIS

Primeiras décadas do século XX. Procissão de Corpus Cristi pela Rua Barão de Jaguara. Acêrvo: MIS

Anos 1930. Missa campal na frente da Catedral. Acêrvo: MLPM

Início do século XX. Á esquerda da Catedral e da Estação da Paulista, uma área de forte presença alemã,

recebeu um Cemitério não confessional alemão (1855/1897, no pátio da Estação), a Sociedade Alemã de

Instrução e Leitura e sua Escola (1863), a Sociedade Allemã de Canto Concórdia (1870), a Nova Escola

Alemã (1892) e a Igreja Evangélica Luterana (1893), vista aos fundos. Acêrvo: MIS/BMC

1903. Desfile da Nova Escola Alemã (1892/1931) no Largo Carlos Gomes, vinculada à Igreja Evangélica

Luterana. Acêrvo: MIS

Page 47: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Primeiras décadas do século XX. Igreja Presbiteriana, criada em 1870 por migrantes norte-americanos,

fundadores também do “Colégio Internacional” (1874). Acêrvo: MIS/BMC

Final do século XX. Solar da família Ferreira Penteado (1878); edifício que abrigou a partir de 1908 o Paço

Municipal e hoje cedia o Museu da Imagem e do Som. Acêrvo: MIS/DETUR

Início do século XX. Na extremidade do Largo, o antigo Solar Campos Andrade, agora transformado em

Escola Complementar. Acêrvo: Coleção Panattoni

Início do século XX. Na outra extremidade do Largo, o antigo sobrado da Viscondessa de Campinas (família

Aranha) transformado em Grupo Escolar Dr. Quirino dos Santos. Acêrvo:MIS/BMC

NA BASE DA PLACA: recorte de altar-mór com legenda:

Altar-mór da Matriz Nova, obra executada em cedro pelo entalhador bahiano Vitoriano dos Anjos

TEXTO:

Nesta cidade marcada por uma diversidade religiosa tão expressiva, fruto da confluência de populações

vindas de diferentes regiões do País e de outras Nações, encontramos um grande número de casas, templos,

igrejas, mesquitas, sinagogas, centros e associações religiosas, cada qual encerrando em seus códices a

celebração da dignidade humana. Mas, em meio a elas e sem diminuir-lhes a importância, é preciso reconhecer

na história da Catedral uma parte da história de Campinas. Sua fachada de inspiração neo-clássica com interior

em estilo rococó tardio e neo-barroco, registram uma mistura de formas e de momentos distintos da arte que nos

ajudam a entender um pouco mais sobre o tempo histórico em que foi construído, sobre as aspirações que

moveram suas elites, ou ainda, sobre a arte dos seus construtores. É tempo, então, de celebrar diante desta igreja

considerada como um dos maiores edifícios de taipa do mundo, o “poema de flores” de Vitoriano dos Anjos que

tanto encantou Zaluar. O “poema de flores” de um artista baiano que à semelhança de tantos outros migrantes

que emprestaram e que continuam a emprestar suas vidas à esta cidade, merece todo o nosso reconhecimento,

respeito e gratidão pelo seu esforço sagrado.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Museu de Arte Sacra da Catedral de Campinas, criado em 1967, compõe-se de peças dos séculos XVIII e

XIX. No interior do templo, em horários especiais.

Igreja Evangélica Luterana, formada em meados do século XIX, foi organizada oficialmente em 1893. Rua

Álvares Machado, 492. Visita mediante consulta

Igreja Presbiteriana de Campinas, criada em 1870. Rua General Osório, 619. Visita mediante consulta

Igreja Presbiteriana Independente, criada em 1903. Rua Luzitana, 824. Visita mediante consulta

Igreja Metodista, organizada oficialmente em 1914. Rua José Paulino, 881. Visita mediante consulta

Sociedade Israelita Brasileira Beth Jacob. Rua Barreto Leme, 1203. Visita mediante consulta

Centro Espírita Allan Kardec. Rua Irmã Serafina, 674. Visita mediante consulta

CONHEÇA TAMBÉM:

Primeira Igreja Batista de Campinas, criada em 1907. Av. Andrade Neves, 1848. Visita mediante consulta

Centro Islâmico Campinas. R.Prof. Nicolau Marchini, 87/Parque São Quirino. Visita mediante consulta

Page 48: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Templo de Umbanda Pai Congo Aruanda. Rua L. P. Silva, 51/Parque Jambeiro II. Visita mediante consulta

Associação Budista Honpa Hongandhl. R. Cnêo Pompeu de Camargo, 1251/jardim Novo Campos Elíseos.

Visita mediante consulta

Associação Brasileira Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons). Rodovia Heitor

Penteado, km 5/Sousas. Visita mediante consulta

Igreja Universal do Reino de Deus. Avenida João Jorge, 256. Visita mediante consulta

PLACAS

INTERMEDIÁRIA

Rua Conceição

Imagem principal:

Rua Formosa, cartão postal, c. 1905, coleção Antonio Carlos Lorette

Imagens secundárias:

Rink Campineiro, originalmente um “rink” de patinação (1878), foi reconstruído como cinema (1940) e

demolido em 1951 Acêrvo: MIS/BMC pasta

LADO A

Rua Formosa

A rua Conceição fez parte, no passado, de um projeto de valorização visual da “Matriz Nova”, hoje Catedral de

Nossa Senhora da Conceição. No início do século XIX, quando as obras da matriz se iniciaram (1808), a rua

recebeu o nome de “Formosa” para registrar esta presença, sendo traçada em linha reta a partir do Largo da

“Matriz Nova” em direção à Estrada das Campinas Velhas (nas imediações da “Estrada dos Goiases”) de onde

tropeiros e viajantes poderiam avistar e admirar toda a pretensão de progresso que se imprimia neste colossal

templo, de secular construção. Inicialmente, a Rua Formosa interligava as ruas “de cima”, “do meio” e “de

baixo”; mas entre os anos 1842 e 1845 (ocasião em que a Vila se transformou em cidade) ela foi estendida até a

Rua Irmã Serafina. Mais tarde, seu nome mudou para “Boaventura do Amaral” e às vésperas da inauguração da

Igreja Catedral, 58 proprietários solicitaram à Câmara a alteração do nome para “Rua Conceição” (1883). Neste

período, a rua já abrigava importantes instituições comerciais, de serviços e culturais, como o “Rink

Campineiro”, espaço de “variedades” (1878) que recebeu em 1906 um cinematógrafo, em 1930 o cinema sonoro

e em 1940 (após demolição e reconstrução) o cinema mais requintado de Campinas. Este estabelecimento, de

grande público, desabou em 1951 causando inúmeras mortes na cidade.

LADO B

Imagem principal:

Imagens secundárias:

Vista da catedral para a rua conceição

Vista da rua da conceição da Catedral

Rua Conceição No curso do século XIX, a Vila de São Carlos ganhou estatuto de cidade (1842) e assumiu uma nova condição

de desenvolvimento com a multiplicação das grandes propriedades produtivas (açúcar e café) e a intensificação

de atividades comerciais e serviços que, pouco a pouco, “desprenderam” Campinas da “Estrada dos Goiases”

para transforma-la em “entroncamento” viário de uma grande região do Estado de São Paulo. Com esta expansão

Page 49: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

rural e urbana, as dimensões da rua Conceição deixaram de corresponder às suas necessidades originais,

impondo-se diversas alterações. A partir de 1939, o plano urbanístico de Prestes Maia desapropriou e alargou

suas margens, sacrificando edifícios de grande importância histórica e arquitetônica para a cidade, como o

Centro de Ciências, Letras e Artes, instalado desde 1907 na esquina com a Rua do Rosário (atual Avenida

Francisco Glicério). Por outro lado, a Rua Conceição passou a desempenhar uma nova função urbana ao

interligar a região central com um novo bairro em formação, o “Cambuhy”; área que nas primeiras décadas do

século XX se transformou em região de moradia de segmentos abastados da cidade.

Page 50: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

8. PRAÇA RUI BARBOSA

LARGO DO TEATRO

UMA TRAJETÓRIA DE CULTURA E ARTE

THEATRO SÃO CARLOS

O projeto de criar um teatro em Campinas surgiu em 1835, quando a Sociedade Teatral da Vila de São

Carlos requereu à Câmara Municipal um terreno para a construção do edifício. As obras tiveram início em 1848

nos fundos da Matriz Nova (em construção) em uma região que começava a receber imponentes sobrados e a se

transformar em um novo centro de vida social e cultural da cidade. Com o rápido crescimento urbano, o teatro

mereceu uma primeira reforma em 1867 e na década seguinte a instalação de cadeiras e iluminação à gás, em

lugar do querosene. Já com maior estrutura e requinte, o Theatro São Carlos se transformou em palco de uma

variada gama de atrações a incluir companhias de variedades (como a “Fauré Nicolai”), companhias líricas e

teatrais (como a “Bohemia Dramatica Campineira, de 1870); a apresentação de artistas como Carlos Gomes

(1871) e Sarah Bernardt (1886); ou ainda, a realização de bailes (inauguração da Companhia Paulista, em 1872),

banquetes (Partido Republicano, em 1882) e a demonstração de inventos, entre eles o “kynitoscópio” de Edison

(1895) e o “cinematógrapho” de Lumiére (1898) que permitiu a instalação no teatro do primeiro cinematógrafo

da cidade (1905).

TEATRO MUNICIPAL

Na intenção de remodelar e ampliar a capacidade de público do Theatro São Carlos, a Municipalidade

autorizou em 1922 a demolição de sua antiga estrutura e a construção, no mesmo ano, de uma nova edificação. O

Teatro Municipal foi inaugurado em 1930 com uma capacidade de público quatro vezes maior, em um período

no qual a cidade já contava com diversos clubes, salas de cinema e casas de espetáculo (Rink, Coliseu, Carlos

Gomes/Cassino, Recreio, Éden, Bijou, Radium, República), ou ainda, com associações culturais, grupos

artísticos e organizações representativas, cabendo ao novo equipamento responder às diferentes formas de lazer,

cultura e política que se achavam em emergência. Entre as novas agremiações constava a Sociedade Sinfônica

Campineira (1929) e um movimento de produção cinematográfica (iniciado nos anos 1920) que encontrou no

Teatro Municipal um espaço privilegiado de atuação. Por fim, a presença de organizações e manifestações

políticas no interior deste espaço, rebatizado em 1959 de “Teatro Carlos Gomes”, conferiu-lhe um significado

cívico muito especial.

NO ENTORNO, UMA INTENSA VIDA CULTURAL

No entanto, não apenas no interior do teatro aconteciam atividades culturais. Nas ruas centrais de

Campinas, a chegada da luz (primeiro a querosene, depois à gás, e na primeira década do século XX, à

eletricidade) fez multiplicar os seresteiros; tradição que se somou aos bandos e grupos de carnaval que desde os

anos 1850 animavam o espaço público da cidade. Mas, foi de fato do coração das fazendas, das comunidades

migrantes e dos bairros em formação que surgiram novas formas de convívio e produção artísticas, a começar

por uma vasta rede de bandas que expressou como nenhuma outra instiutição a diversidade das nacionalidades,

profissões, cultos e filosofias desta população. A mesma diversidade social e cultural levou ainda à criação de

agremiações literárias, clubs, jornais, “folhas”, revistas, rádios e associações que, no curso do tempo,

imprimiram uma intensa e diversificada vida cultural ao município.

PERSONAGENS: figuras da ópera de Carlos Gomes, ituano, mulheres e homens com vestimentas variadas

(saia balão, fraque, vestidos mais curtos e modernos do século XX)

CITAÇÕES NA LATERAL:

Page 51: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“No teatro existente as representações são medíocres” Von Tschudi, 1860

“O teatro de Campinas, melhor do que o da capital, faz honra ao bom gôsto e riqueza da população”

Zaluar, 1860

“...Quem alugava um camarote podia enchel-o a vontade (..) Uma hora antes de começar, lá vinha o

batalhão possuidor de camarotes: o pagem na vanguarda, trazendo á cabeça, enorme penca de cadeiras (..) a

pirralhada desmammada, pelas mãos da cozinheira e da mucama (...) Fechando a marcha vinha o chefe, á banda

de sua dona” Raphael Duarte, 1905

“...Então a banda de música da Sociedade Carlos Gomes (...) executou (...) uma bella marcha (...) Carlos

Gomes (...) radiante de alegria, desceu do carro. Estava visivelmente sensibilizado pelo gesto de seus

conterraneos” Leopoldo Amaral, 1922

“...só o fato de tornar-se músico representava algo com que o indivíduo se sentia como que sublimado”

Geraldo Sesso jr, 1969

“...uma banda de música (...) transita nos diversos cantos e recantos da vida social” Maria Luisa

Páteo,1997

“A Gazeta de Campinas, no dia 04/05/1873, registra (..) uma notícia (..) do Theatro São Carlos, da qual

resultou a expulsão de ‘uma dessas mulheres de conceito perdido’, com atitudes ‘cômicas e indecorosas’, e

toilette extravagante (...) esta ‘ergueu-se de golpe à frente da balaustrada do camarote e desafiou os brios

revoltados de todos” Carolina Boverio Galzerani, 1998

“Ficou claro que as contradições fazem a história de uma cidade. E a história de nossas vidas” Guarda

Municipal, 2004

LEGENDA DAS IMAGENS

Theatro São Carlos inaugurado em 1850. Aquarela de J. Castro Mendes a partir de desenho de H. Lewis,

década de 1870. Acêrvo: Museu da Cidade

Theatro São Carlos no início do século XX após reformas que introduziram frente assobradada com 3 portas

e 2 bilheterias laterais (1867), luz a gás, cadeiras próprias (1875) e um cinematógrafo (1905). Acêrvo: MIS

Teatro Municipal, inaugurado em 1930 em lugar do Theatro São Carlos, já equipado com cinema (1938).

Imagem do início dos anos 1950. Acêrvo: MIS

Banda Philorphênica, fundada em 1864 por Sant’Ana Gomes (sentado, o quarto da esquerda para a direita):

irmão de Carlos Gomes e filho de Manuel José Gomes, um dos mais prestigiados professores da cidade.

Acêrvo: CMU

Page 52: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

PRAÇA RUI BARBOSA A INTERRUPÇÃO DE UMA TRAJETÓRIA CULTURAL

Legendas:

1965. Demolição do teatro. CMU

Final do século XIX. Banquete republicano no interior do Theatro São Carlos. Acêrvo: CMU

1933. Apresentação da Orquestra Sinfônica de Campinas no Teatro Municipal. Acêrvo: MIS/MLPM

1962. Comemoração do primeiro aniversário da Associação das Empregadas Domésticas. Acêrvo: MIS

Por volta de 1865. Escravo carregando cadeiras, em fotografia de Christiano Jr. Acêrvo: IPHAN Fonte:

Escravos Brasileiros do século XIX na Fotografia de Christiano Jr/Ed. Ex Libris

Final do século XIX. Grupo de músicos amadores em ensaio de serenata. Acêrvo: CMU

Final do século XIX. Oficina de impressão da Gazeta de Campinas. Acêrvo: MLPM

1902. Diretoria do Centro de Ciências, Letras e Artes Acêrvo: CCLA

1920. Interior do velho Rink Campineiro (1878/1939) na estréia da Companhia Arruda. Acêrvo: CMU

1956. “Fernão Dias”, interpretado por Plácido Soave: realização do segundo ciclo do cinema campineiro.

Acêrvo: MIS

TEXTO:

Em uma trajetória de pouco mais de cem anos, o velho Theatro São Carlos e depois, o Teatro Municipal

Carlos Gomes deixaram saudades, permanecendo a demolição do segundo edifício como um assunto ainda hoje

polêmico na cidade. Na ocasião, a demolição recebeu diversas explicações, mas a constatação de que o edifício

apresentava problemas estruturais assumiu conotações dramáticas em função do desabamento do Rink

Campineiro em 1951. Por outro lado, a necessidade crescente de abrir novas ruas para “desafogar” o trânsito do

centro influenciou na decisão. O teatro foi então derrubado em função das novas necessidades de Campinas,

providenciando o Poder Público a construção do Centro de Convivência Cultural no local do antigo “Passeio

Público”. A cidade moderna optava por modificar seus espaços.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Museu da Imagem e do Som e Palácio dos Azulejos, criado em 1975, o MIS é guardião de mais de 10 mil

imagens, 20 mil discos, 3 mil publicações, cerca de 500 filmes e objetos audiovisuais que registram a história

social e cultural de Campinas. Instalado no “Palácio dos Azulejos”, este edifício foi inaugurado em 1878 para

receber dois palacetes urbanos da família Ferreira Penteado (Barão de Itatiba), sediando o Paço Municipal a

partir de 1909. Rua Regente Feijó, 859

Antiga Escola Ferreira Penteado, criada por Joaquim Ferreira Penteado (Barão de Itatiba) em 1880 para o

ensino de crianças carentes, tornou-se escola municipal em 1893. Rua Ferreira Penteado, defronte ao Palácio dos

Azulejos

Centro de Ciências, Letras e Artes, instituição criada em 1901 por intelectuais e artistas da cidade, abriga os

Museus Campos Sales, Carlos Gomes e a Biblioteca César Bierrenbach. Rua Bernardino de Campos, 989

Solar do Barão Ataliba Nogueira, inaugurado em 1878 como residência do Barão de Ataliba Nogueira, foi

transformado em um luxuoso hotel nos anos 1940 e hoje abriga o Centro Cultural Evolução. Tombado pelo

CONDEPACC. Rua Regente Feijó, 1087

CONHEÇA TAMBÉM:

Instituto Cultural Baba Toloji, espaço cultural dedicado à cultura negra. Rua Mário Bassani, 154/Jardim São

Vicente

Page 53: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Casa de Cultura Tainã, desenvolve Projeto da Nação Tainã, tambores de maracatu e a Orquestra de Tambores

de Aço. Rua Inhambu, 645/Vila Padre Manoel da Nóbrega

Centro de Convivência Cultural Teatro da Vila Padre Anchieta, oferece biblioteca, esportes, oficinas de

dança, teatro, ginástica para a terceira idade e apresentações artísticas. Av. Cardeal Dom Agnelo Rossi, s/n Nova

Aparecida

PLACAS

PLACAS DE MONUMENTO

Museu da Imagem e do Som e Palácio dos Azulejos

O Museu da Imagem e do Som foi fundado em 1975 para captar, organizar, preservar e divulgar registros

iconográficos da história social e cultural de Campinas, desenvolvendo desde então atividades de pesquisa,

difusão cultural e ação educativa. Instalado no “Palácio dos Azulejos”, seu edifício abrigou no passado

(1878/1909) duas residências da Família Ferreira Pentedo (Barão de Itatiba), apresentando fachadas revestidas

integralmente de ajulejos, janelas no piso inferior e portas para uma única sacada, no piso superior, além de

salões de visita e jantar que se destacaram pela riqueza e ostentação. Também conhecido como “Sobrado do

Ferreira Velho”, este edifício foi adquirido pela Prefeitura de Campinas em 1908 para abrigar o Paço Municipal.

Tombado pelo CONDEPACC.

Escola Ferreira Penteado

Criada para oferecer o ensino das primeiras letras à crianças carentes, a Escola Ferreira Penteado foi inaugurada

em 1880 por Joaquim Ferreira Penteado que, por esta obra filantrópica, recebeu o título de Barão de Itatiba do

Imperador D. Pedro II. Em estilo neoromânico e “inédito” recuo para jardim, o pequeno prédio foi projetado

pelo engenheiro arquiteto Francisco Ramos de Azevedo em seu início de carreira, em terreno frontal ao sobrado

de seu benfeitor.

Solar do Barão de Ataliba Nogueira

Residência do Barão Ataliba Nogueira (Fazenda Santa Úrsula), este solar foi inaugurado em 1894 com grande

requinte, ostentando estilo eclético com elementos neo renascentistas italianos e projeto de Ramos de Azevedo.

O edifício permaneceu com a família até sua transformação no luxuoso Hotel Vitória (anos 1940) que se

destacou na cidade pela recepção de personalidades ilustres. Na década de 1990 recebeu o Centro Cultural

Victória e em período mais recente, o Centro Cultural Evolução. Tombado pelo CONDEPACC.

Page 54: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

9. PRAÇA LUIZ DE CAMÕES

PRAÇA LUIZ DE CAMÕES

NAS PROXIMIDADES DA “ESTAÇÃO DA PAULISTA”,UM NOVO CENTRO EM FORMAÇÃO

SOCIEDADE PORTUGUESA DE BENEFICIÊNCIA

As origens da Sociedade Portuguesa de Beneficiência em Campinas são muito antigas; as suas

instalações são contemporâneas às da Santa Casa de Misericórdia, o primeiro hospital da cidade. Criada em 1873

por membros da colônia portuguesa, o hospital de Beneficiência foi construído e inaugurado em uma chácara

próxima à “Estação da Paulista” em 1879 para atender, principalmente, aos integrantes da comunidade lusa. No

curso do tempo, a instituição se ampliou motivada pelo desenvolvimento e expansão da cidade, da mesma forma

que sua presença estimulou a criação de outros hospitais e instituições na região. Nesta trajetória, a prestigiada

instituição mereceu a visita da Princesa Isabel e do Conde d’Eu, em 1884, sucedendo-se diversas reformas que

ampliaram, no curso do tempo, suas condições de atendimento.

LARGO LUIZ DE CAMÕES

A criação do “Largo da Beneficiência” se deu associada à construção do hospital e sua inauguração foi

contemporânea à ele; mas já no ano seguinte, as comemorações do tricentenário do poeta luso alteraram o nome

da praça para “Largo Luiz de Camões” (1880), ocorrendo nos anos seguintes a plantação de pinheiros cauri

(1884) e a instalação, algumas décadas depois, do busto de Luiz de Camões (1922). As transformações mais

significativas, no entanto, vieram com o desenvolvimento da região, em especial, dos negócios, dos serviços e

dos fluxos migratórios promovidos pela expansão do complexo cafeicultor e pela presença da rede ferroviária

em suas imediações. Pouco a pouco, a região recebeu novas instituições, ruas e casario, urbanizando-se esta

antiga área de chácaras. A praça mereceu também o calçamento do entorno (1901), o ajardinamento (1911) e a

colocação de mosaicos portugueses no piso (1928).

EDUCAÇÃO, SAÚDE, SERVIÇOS

A proximidade da ”Estação da Paulista” e de um trânsito intenso de pessoas e mercadorias levou à

formação, no interior de uma área até então ocupada por chácaras, de um novo centro urbano especializado. Seus

terrenos começaram a receber novas instituições entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século

XX, instalando-se um vasto setor de serviços composto por enfermarias, clínicas, hospitais, escolas, colégios e

estabelecimentos comerciais que, apesar de repetir um fenômeno mais amplo da cidade, possuíam uma

particularidade: a de atender à uma clientela diversa e “em trânsito”, procedente do interior do Estado e do

complexo cafeicultor como um todo. A história desta região surge, então, associada à trajetória de uma

Campinas cafeeira que, pouco a pouco, ampliava suas funções de pólo de produção e serviços para uma grande

região.

PERSONAGENS:

CITAÇÕES NA LATERAL:

Page 55: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“O commercio, em sua pequena escala (...) era constituido em sua maioria por elemento portuguez (..)

Moços (..) (...) estabeleceram-se, abraçando a maioria a carreira commercial nos seus diversos ramos (...) A

operosa colonia crescia. Tornava-se premente a situação dos homens de trabalho, desprovidos de recursos”

Leopoldo Amaral, 1927

“A Maternidade de Campinas é um estabelecimento modelar no seu genero e faz honra á cidade”

Leopoldo Amaral, 1927

“O porte da cidade e sua posição estratégica na expansão para oeste com as ferrovias, exerceu forte

atração sobre uma parcela dos imigrantes” Ulisses Semeghini, 1991

“Em 1918, segundo recenseamento realizado pela Prefeitura de Campinas (...) a população do município

ultrapassava a casa dos 100 mil habitantes (...) A população estrangeira representava 20,3% da população urbana

e 25,6% da rural” Rosana Baeninger, 1992

“...surgem nesse momento, duas avenidas ‘perimetrais’ ao reticulado. Estas avenidas objetivavam

desviar do centro da cidade, o trânsito de mercadorias (...) ao mesmo tempo em que interligavam a estação da

Mogiana à Paulista” Luiz Claudio Bittencourt, 1990

“Os hospitais, assim como os colégios, se localizavam em terrenos maiores, ou chácaras, nas bordas da

área central” Antonio Carlos Carpintero, 1996

“Quando a febre amarela alarmou a população (..) inaugurou-se a enfermaria para amarelentos (..) A

enfermaria, custeada pela sociedade (..) acolheu portugueses, e excepcionalmente doentes de outras

nacionalidades” Lycurgo C Santos Filho e José N Novaes, 1996

LEGENDA DAS IMAGENS

Hospital Beneficiência Portuguesa na década de 1940. Acêrvo: MIS

Praça Luiz de Camões. Acêrvo MIS/BMC

Prédio da antiga maternidade, inaugurada em 1916, hoje Rodoviária de Campinas Acêrvo: MLPM

PRAÇA LUIZ DE CAMÕES TESTEMUNHOS DE UMA CIDADE CAFEEIRA

Legendas:

Últimas décadas do século XIX. Av. Andrade Neves em formação: eixo a partir do qual se irradia uma densa

malha de comércio e serviços. Acêrvo: MIS

Final do século XIX. Em terrenos mais distantes, a Estação Guanabara da Companhia Mogiana (Av. Barão

de Itapura) articula os fluxos de abastecimento de uma ampla região com a Estação da Paulista. Acêrvo: MIS

Década de 1940. Em meio ao trânsito de pessoas, mercadorias e negócios, a Avenida Andrade Neves

encontra as bases de seu desenvolvimento. Acêrvo: MIS

Década de 1940. Em atendimento a uma demanda regional, a Escola Orozimbo Maia é criada em 1924.

Acêrvo: MIS

Início do século XX. Família de imigrantes italianos em Campinas. Acêrvo: CMU

1908. Imigrantes japoneses que já nas primeiras décadas do século XX começam a chegar na região.

Acêrvo: Coleção Nosso século

Início do século XX. Com a industrialização nascente, avolumam-se os trabalhadores operários. Imagem da

região de São Paulo. Acêrvo: Coleção Nosso século

Page 56: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Final do século XIX. Prédio da Cadeia Nova, instalada na Avenida Senador Saraiva, com projeto de Ramos

de Azevedo. Acêrvo: MIS

Década de 1920. Hospital Penido Bournier, inaugurado em 1920. Acêrvo: MIS/BMC

Meados do século XX. Hospital Vera Cruz, criado em 1928. Acêrvo: Loja Maçônica Independência

TEXTO:

A formação de uma nova região da cidade nas imediações da Estação Paulista testemunha a profunda

transformação que o complexo cafeicultor e as estradas de ferro trouxeram para Campinas. A urbanização da

nova área, nas últimas décadas do século XIX, fez-se marcada pela implantação de instituições e

estabelecimentos que, em sua essência, procuravam responder à uma dinâmica centenária de “entroncamento

viário” que, com a implantação da rede ferroviária, alcançou outra vitalidade. Em pouco tempo, a região se

transformou em um novo “ponto de encontro” da cidade, reunindo as mais diversas populações que chegavam a

Campinas em busca de tratamento médico, escolas e colégios, artigos especializados e serviços. Nos edifícios,

nas praças e largos desta área nós nos deparamos com uma trajetória importante de trocas e confluências sociais

e culturais.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Liga Humanitária dos Homens de Côr, instituição centenária de Campinas que mantém viva entre suas

tradições a Banda Musical Campineira de Homens de Côr. Rua Visconde do Rio Branco, 788. Visita com

autorização.

Antiga Cadeia Pública, hoje Delegacia Seccional de Campinas, foi inaugurada em 1898 em estilo eclético e

projeto de Ramos de Azevedo, em substituição à antiga Casa de Câmara e Cadeia na Praça Bento Quirino.

Tombado pelo CONDEPACC. Av. Andrade Neves, 471. Visita com autorização.

EEPSG Orozimbo Maia, antigo “Quarto Grupo Escolar de Campinas, foi criado em 1924 em estilo eclético.

Av. Andrade Neves, 214. Visita com autorização

Hospital Vera Cruz, originado do hospital do Dr. Carlos Stevenson, foi arrendado ao Dr. Bernardes de Oliveira

e em 1943 adquirido por uma associação de médicos, ampliando-se desde então suas instalações. Avenida

Andrade Neves, 402. Visita com autorização

Hospital Penido Bournier, instituição privada, foi inaugurado em 1920 como hospital especializado em casos

de oftalmologia. Av. Andrade Neves, 683. Visita com autorização

Academia Campinense de Letras, fundada em 1956 por Francisco Ribeiro Sampaio, tem o propósito de

discutir e difundir a língua portuguesa. Reunião ordinária (aberta ao público) na primeira Segunda feira de cada

mês, as 20 horas. Rua Marechal Deodoro, 525. Visita com autorização

Academia Campineira de Letras e Artes, fundada em 1970 por Luso Ventura, João Baptista de Sá e Jolumar

Brito, tem o propósito de discutir e difundir a língua portuguesa e as artes em geral. Reunião ordinária (aberta ao

público) no último Sábado de cada mês, as 15h30 horas. Rua Dr. Mascarenhas, 412. Visita com autorização

PLACAS

PLACAS DE MONUMENTO

Escola Estadual Orozimbo Maia

Criado em 1923 em decorrência de reformas educacionais que estabeleciam como obrigatório o ensino primário,

o 4º Grupo Escolar foi instalado em imponente edificação projetada por Carlo Rosencrantz em estilo eclético

Page 57: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

com elementos art nouveau (e inspiração no Grupo Escolar de Amparo) para receber crianças da região central e

bairros próximos, em especial, do Bonfim e Vila Industrial. Em 1936, com 34 classes, configurava-se como a

maior escola pública de Campinas.

Hospital Penido Burnier

O Instituto Oftálmico de Campinas, posteriormente Instituto “Penido Burnier”, foi fundado em 1920 pelo Dr.

João Penido Burnier, médico da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Em 1927, o instituto deu origem à

Associação Médica do Instituto Penido Burnier com o propósito de reunir atividades médicas e científicas,

consolidando-se a partir de então uma instituição referencial no campo da oftalmologia no país. O Instituto

também participou na criação da Faculdade de Ciências Médicas de Campinas, além de Ter originado a

Fundação Dr. João Penido Burnier, criada em 1965 para atender a população mais carente e formar médicos

residentes.

Liga Humanitária dos Homens de Cor

Localização: R. Visconde do rio Branco, 788.

Academia Campinense de Letras

Criada por Francisco Ribeiro Sampaio em 17 de Maio de 1956 nos moldes da Academia Brasileira de Letras, a

Academia Campinense compõe-se de 40 membros indicados por sua atuação na área literária. Com o propósito

de discutir e difundir a língua portuguesa através de sessões literárias e da publicação “Coletâneas”, destacam-se

em sua trajetória personalidades como Celso Maria de Melo Pupo, Carlos Stevenson, Maria Dezoni Pacheco

Fernandes, Maria Conceição Arruda Toledo, Odilon Nogueira de Mattos, entre outros. Instalada em 1974 na Rua

Marechal Deodoro, ocupou anteriormente uma sala na Av. Francisco Glicério. Suas reuniões ordinárias, abertas

ao público, ocorrem na primeira Segunda feira de cada mês, as 20 horas.

Academ. Campineira de Letras e Artes

Criada por Luso Ventura, João Baptista de Sá e Jolumar Brito em 2 de Novembro de 1970 a partir de uma

dissidência da Academia Campinense de Letras (1956), a Academia Campineira compõe-se de 40 membros

indicados por sua atuação nas áreas literária e artística. Com o propósito de discutir e difundir a cultura brasileira

através de sessões lítero-musicais e da publicação “Revista Literária da Academia Campineira de Letras e

Artes”, destacam-se em sua trajetória personalidades como Aldo Cardarelli, Samuel Lisman, Niza de Castro

Tank, Almeida Prado, Léa Giziatti, Maurício Moraes, entre outros. Suas reuniões ordinárias, abertas ao público,

ocorrem no último Sábado de cada mês, as 15h30 horas

Delegacia de Polícia

Page 58: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

10. ESTAÇÃO CULTURA

LARGO DA ESTAÇÃO

UMA PARCELA DO COMPLEXO FERROVIÁRIO DE CAMPINAS

“ESTAÇÃO DA PAULISTA”

A cidade ganhou uma nova dinâmica e sentido histórico na década de 1870 com a instalação de duas

estradas de ferro: a Companhia Paulista (1868/1872) e a Companhia Mogiana (1872); empresas que se somaram,

décadas depois, ao Ramal Férreo Campineiro (1889/1894), Companhia Funilense (1890/1899, com estação

localizada no mercado municipal) e Estrada de Ferro Sorocabana (1921) para ampliar ainda mais o papel de

entroncamento viário que Campinas assumira no interior do Estado de São Paulo. No pátio da “Estação da

Paulista” reuniam-se cerca de uma centena de trilhos para receber, armazenar e escoar milhões de sacas de café,

gêneros de abastecimento, maquinarias, artigos de consumo e passageiros em trânsito entre a “capital” e o

“interior”; concentrando-se nas imediações, uma variada gama de instituições e estabelecimentos destinados a

atender à forte demanda por serviços (comércio, indústria, saúde, educação) e produtos do complexo cafeicultor

em expansão.

COMPANHIAS FÉRREAS

A “Companhia Paulista de Estradas de Ferro” surgiu da necessidade de transportar café de Campinas a

Jundiaí (e daí, para o porto de Santos, através da Companhia “São Paulo Railway”). No curso dos anos, seus

trilhos passaram a integrar a estruturação da economia cafeeira na região oeste do Estado, dando origem a 900

km de linha tronco (sentido São Carlos), 1200 km de ramais e a uma complexa rede de serviços distribuída entre

Campinas, Rio Claro e Jundaí. Já a Companhia Mogiana nascera da necessidade de escoar café entre Mogi

Mirim e Campinas (e daí, pela “Paulista” e pela “São Paulo Railway” ao porto de Santos), vindo a formar em

pouco tempo uma outra rede de escoamento que seguia para Minas Gerais através de 650 km de linha tronco

(sentido Araguari/MG), 2200 km de ramais (o que a tornou conhecida como “cata café” ou “ferrovia dos

ramais”) e uma rede de serviços e parque industrial instalada em Campinas. A Estrada de Ferro Sorocabana,

criada para interligar Itú e Sorocaba (1872) expandiu-se em direção a Botucatu (1889) e dali, pela margem

direita do Rio Paranapanema, atingiu o Rio Paraná, vindo a ocupar um importante papel na década de 1920.

NAS IMEDIAÇÕES DA ESTAÇÃO

Com a instalação das Companhias Paulista e Mogiana, a área que até então se encontrava ocupada por

atividades rurais ganhou novo sentido. O trânsito de produtos e passageiros motivou a formação de um centro

especializado de comércio e de serviços que em pouco tempo passou a oferecer uma variada gama de

“mercadorias”: de maquinarias agrícolas importadas à prestação de serviços médicos e educacionais. A malha

urbana que desde a inauguração da estação se redesenhara nesta direção, também se adensou, recebendo novas

vias, instituições e áreas de moradia popular. Esta região testemunha, no entanto, algo mais. Ela nos fala de uma

trajetória de desenvolvimento articulada à economia cafeeira que, no curso do tempo foi capaz de gerar uma

outra dinâmica econômica e social marcada pela crescente industrialização de substituição de importações e pela

intensificação no uso e especulação do solo urbano. Ou ainda, ela registra uma intensa circulação de pessoas das

mais variadas procedências que, no interior desta dinâmica “moderna”, passou a experimentar mais

“desencontros” que “encontros”, muito embora a “Estação da Paulista” tenha ocupado um lugar afetivo em suas

vidas.

PERSONAGENS: carroceiro, vendedor ambulante, comerciante, mulheres e homens distintos

Page 59: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

CITAÇÕES NA LATERAL:

“...certo, é que a estrada de ferro de Santos a Campinas, apenas realizada, abrirá como por encanto novos

e fecundos mananciais de riqueza pública” Zaluar, 1860

“O café, na sua ‘marcha’, ou no seu ‘roteiro’, marcaria a fisionomia paulista. Na sua itinerância, cansaria

terras, abandonaria regiões, mataria cidades (...) mas, por outro lado, povoaria regiões novas, abriria zonas

pioneiras, plantaria um rol de cidades vivas” Odilon Nogueira de Matos, 1974

“Nenhuma outra inovação da revolução industrial incendiou tanto a imaginação quanto a ferrovia, como

testemunha o fato de Ter sido o único produto da industrialização do século XIX totalmente absorvido pela

imagística da poesia erudita e popular” Eric Hobsbawm, 1982

“No dia 15 de maio de 1906, teve início a greve dos ferroviários da Companhia Paulista (..) abrangendo

as mais diferentes cidades do interior do Estado (...) chegou a ser de quase 4000 o número de paredistas,

incluindo o pessoal das oficinas, tráfego e linha” Dulce Camargo Leme, 1986

“O acelerado processo de urbanização (...) marcou a passagem para uma sociedade essencialmente

urbano-industrial. Entre 1930 e 1940 as atividades urbanas em Campinas já eram mais relevantes que as rurais”

Rosana Baeninger, 1992

“..dia 16 de julho de 1917 (...) à partida de um trem de passageiros para São Paulo (...) deveria ir para a

capital um elemento de Campinas, preso como agitador (...) um movimento desusado de operários começou a

processar-se na Porteira do Capivara (...) Os grevistas colocavam pedras na via férrea. Um deles subira num

poste e tentava cortar os fios telegráficos, quando começou a fuzilaria. Uma bala derrubou o homem que se

achava no poste. Outras mortes houve..” Benedito Barbosa Pupo, 1995

LEGENDA DAS IMAGENS:

Inauguração da “Estação da Paulista” a partir de desenho de Jules Martin. Acêrvo: Museu de Jundiaí

Locomotiva e instalações do complexo fabril da “Companhia Mogiana” (fundição, marcenaria, serralheria,

carpintaria, casa de carros e vagões e oficinas) na extremidade do pátio da “Companhia Paulista”. Acêrvo:

MIS

“Estação da Paulista” no final do século XIX, com casario e estabelecimentos nas imediações. Acêrvo:

MIS/BMC

PRAÇA MARECHAL FLORIANO

A FERROVIA NA DINÂMICA DA CIDADE

Legendas:

1903. Santos Dumont “se rende” ao trem... Acêrvo: MLPM

1898. Na frente da Estação (1882). Acêrvo:MIS

Início do século XX. “Estação da Paulista” com o “bondão de Sousas” à frente: remanescente do Ramal

Férreo Campineiro (1889/1911). Acêrvo: MIS

Início do século XX. Nos fundos da Estação, a Vila Industrial, área de moradia de ferroviários e

trabalhadores. Acêrvo:MIS/BMC

Final do século XIX. Marco da Estrada de Ferro Mogiana entre os trilhos da Companhia. Acêrvo: MIS

Início do século XX. Sede administrativa da Companhia Mogiana instalada na avenida Campos Sales.

Acêrvo: MIS

Page 60: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Início do século XX. Estação Guanabara, da Companhia Mogiana, localizada em bairro do mesmo nome.

Acêrvo: MLPM

Primeira metade do século XX. Chafariz instalado nas proximidades da Estação em 1889, na ocasião da

febre amarela. Acêrvo: MIS

Anos 1910/1920. Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo. Acêrvo: CMU

Primeiras décadas do século XX. Angelo Soave, lider anarquista da greve campineira de 1917. Acêrvo:

Correio Popular

Obervação: se não for possível inserir a imagem de Santos Dumont, inserir duas imagens no local com a

seguinte legenda:

Primeiro edifício da Companhia Paulista (1872), em aquarela de Castro Mendes a partir de desenho de Jules

Martin. Ao lado, o segundo edifício, construído no curso das décadas de 1880 e 1890, em um de seus mais

antigos registros (final do século XIX). Acêrvos: Museu da Cidade e MIS

TEXTO:

A “Estação da Paulista” desempenhou um papel fundamental na história de Campinas ao responder,

por cerca de um século, a uma ampla e diversificada demanda regional. A área registrou também importantes

lutas e conquistas por direitos sociais, ou ainda, marcou a vida de pessoas que em suas idas e vindas construíram,

efetivamente, a cidade. Entre as décadas de 1950 e 1960, algumas mudanças estruturais na rede ferroviária

levaram à incorporação das companhias paulistas pela Fepasa, seguindo-se uma série de concessões que

alteraram ou interromperam a prestação de serviços centenários. Nesta trajetória, surgiu um movimento de

preservação do patrimônio histórico (Grupo “Febre Amarela”, no final dos anos 1970), do qual fez parte Antonio

da Costa Santos e que contribuiu de maneira decisiva para a criação do CONDEPACC e para o tombamento de

grande parte do Complexo Ferroviário em 1990. Na atualidade, o Complexo Ferroviário abriga a “Estação

Cultura” e a Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo com a finalidade de garantir sua preservação

através de diferentes usos culturais.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Estação Cultura. A partir da gare da antiga “Estação da Paulista” (1872) é possível avistar parte das instalações

das Companhias Paulista e Mogiana, ou ainda, os remanescentes do Ramal Férreo e da Estrada de Ferro

Sorocabana, componentes do complexo ferroviário de Campinas. Visitas monitoradas.

Museu da Cidade. Instalado nas antigas oficinas da Lidgerwood Manufacturing Co. Ltd, (1886), este museu

histórico visa estimular estudos e discussões sobre a cidade através de exposições itinerantes, cursos, oficinas,

performances teatrais, seminários, palestras, ciclos de vídeos e lançamentos de livros. Tombado pelo

CONDEPACC. Avenida Andrade Neves, 33.

Túnel de Pedestres e Vila Industrial. Através de um túnel aberto sob o pátio de manobras da ferrovia em 1918,

podemos alcançar o primeiro bairro nos arrabaldes da cidade criado para receber trabalhadores das Companhias

Paulista e Mogiana. Nas imediações da Rua Francisco Teodoro, conheça as Vilas Manoel Dias e Manoel Freire,

tombadas pelo CONDEPACC.

Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, criada em 1975 e considerada uma das melhores do país,

destaca-se pelos aprimoramentos e preocupação em levar música erudita ao espaço público. Teatro Castro

Mendes/Vila Industrial

Bebedouro

Instalado em 1889 durante a primeira epidemia de febre amarela, contava com água trazida pela Companhia

Paulista de uma bica nas imediações das Estações de Rocinha e Vinhedo.

Page 61: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

CONHEÇA TAMBÉM:

Palácio da Mogiana. Sede administrativa da Companhia Mogiana, o edifício foi inaugurada em 1891 para

controlar um complexo sistema de escoamento, produção e serviços. Nos anos 1980/90 abrigou atividades da

Secretaria Estadual de Cultura, e partir de 2004, da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo. Av. Dr.

Campos Sales, 427

Trem Maria Fumaça. Na Estação Anhumas (Companhia Mogiana) é possível embarcar em uma viagem de

“Maria Fumaça” para a região de Jaguariúna. Associação Brasileira de Preservação Ferroviária. R. Dr. Antonio

da Conceição, s/n (próximo ao Shopping Galeria)

Bairro Carlos Gomes. Criado nas proximidades da Estação Carlos Gomes (Companhia Mogiana), este bairro

centenário guarda tradições e testemunhos históricos do período cafeeiro, achando-se localizado na Área de

Proteção Ambiental de Campinas (APA). Visite sua feira de artesanato e comidas típicas.

PLACAS DE MONUMENTO

Túnel de Pedestre Aberto sob o pátio de manobras da ferrovia em 1918, sua construção foi uma conquista dos trabalhadores das

Companhias Mogiana e Paulista que há algumas décadas vinham se mobilizando por meio de reivindicações,

protestos e greves pela melhoria das condições de trabalho. Entre as reivindicações da greve da Cia. Paulista de

1906, por exemplo, pretendia-se a retirada do chefe e do sub-chefe da Estação de Jundiaí, reagia-se à redução de

salário em 10% e ao aumento do número de horas e dias de trabalho com a manutenção do mesmo número de

trabalhadores; reagia-se à dispensa de trabalhadores e à intenção de reduzir em 30% o pessoal de certas

repartições, ou ainda, lutava-se contra a obrigatoriedade da integração na Associação Beneficiente e na “Escola

Prática” da Paulista (paga pelos funcionários). O mesmo espírito associativo permitiu a criação de outras

agremiações, como o Esporte Club Mogiana, em 1933.

Bebedouro

Em 1858 Campinas obteve recursos da Província de São Paulo para a construção de um primeiro chafariz; obra,

no entanto, que só ocorreu vinte anos depois com a captação, canalização e instalação, a partir das águas do

córrego Tanquinho, dos chafarizes nos Largos do Rosário, do Teatro e de Santa Cruz (1874). Em 1889,

momento no qual a cidade enfrentava a epidemia de febre amarela, foi construído mais um chafariz nas

proximidades da Estação que contava com as águas armazenadas no pátio da Companhia Paulista e trazida por

trem (em carro tanque) de uma fonte situada entre as Estações de Rocinha e Vinhedo.

Museu da Cidade

O Museu da Cidade foi criado em 1992 para reunir acervos de três museus até então existentes na cidade: o

Museu do Índio (1967), o Museu Histórico (1969) e o Museu do Folclore (1977). Com o propósito de estimular

estudos e discussões sobre a trajetória histórica da cidade através de exposições provisórias, exposições

itinerantes, cursos, oficinas, performances, seminários, palestras, ciclos de vídeos, lançamentos de livros, entre

outras atividades; a nova instituição foi instalada nas antigas oficinas da Lidgerwood Manufacturing Co. Ltd,

indústria produtora de máquinas e implementos agrícolas que funcionou no local até 1922. Tombado pelo

CONDEPACC.

Page 62: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

11. MERCADÃO

BREJO DA PONTE, BREJO DO POENTE

A URBANIZAÇÃO DE UMA NOVA PORÇÃO DA CIDADE

EM MEIO AOS COLÉGIOS

A região conhecida como “Brejo da Ponte” ou “Brejo do Poente”, área pantanosa do Córrego Serafim,

encontrava-se coberta por árvores de “jurumbevas” quando a Câmara Municipal, em meados do século XIX,

resolveu demarca-la para criar um largo; o nome ficou sendo Largo Jurumbeval. Na década seguinte, a área

recebeu o Colégio Florence (1863/1865), instituição que se destinava à educação de mulheres seguindo padrões

e princípios liberais e que estimulou, anos depois, a instalação nas imediações, do Colégio Culto à Ciência

(1874) e da Escola Correia de Melo (1881). Esta última, criada por republicanos para homenagear Correia de

Melo (químico e farmacêutico falecido), destinava-se a receber crianças carentes e assim procedeu até ser

incorporada pela Câmara (1894). Mas, tal área “de estudos” se caracterizava também pelo despejo de lixo sob as

áreas de charco, o que tornou a região insalubre e exposta às epidemias. Coube, então, aos Colégios (em

especial, ao Florence) pressionar pelo seu saneamento, desenvolvendo-se as obras de limpeza, drenagem e aterro

entre as décadas de 1870 e 1890. A urbanização do “Largo Correia de Melo” (1880), no entanto, não conseguiu

impedir novas epidemias, e em especial a de febre amarela (1889/1897) que causou muitas mortes à cidade,

inclusive no Colégio Florence. Este estabelecimento prestigiado deixou Campinas em 1889 para se instalar em

Jundiaí.

FUNILENSE

A epidemia de febre amarela desencadeou uma verdadeira batalha sanitarista que foi empreendida, em

especial, pelo poder público. A “Praça Correia de Melo” mereceu uma atenção especial; as obras de dissecação e

aterro se intensificaram e receberam fundações de tijolos, permitindo que, que em 1899, a Companhia Agrícola

Funilense instalasse seus trilhos e conferisse ao Largo uma outra característica e função. Criada para interligar

Campinas ao bairro do Funil (Cosmópolis) passando pelo Núcleo Colonial Campos Sales, a Companhia Carril

Agrícola Funilense tinha como propósito “fixar” colonos na área rural para produzir abastecimento e, ao mesmo

tempo, oferecer uma nova fonte de alimentos para a cidade. À linha férrea cabia a função de escoar a produção e

garantir sustentação econômica para as populações rurais, localizando-se seu “quilometro zero” no terreno que

alguns anos depois recebeu o Mercado Municipal. A Funilense foi inaugurada em 1899 e até 1924 trouxe para

Campinas alimentos, produtos e os próprios colonos que encontravam nesta ferrovia a melhor condição para

circular pela região. Sua história encontra-se associada às regiões de Barão Geraldo, Paulínia, Cosmópolis, entre

outras, transformadas posteriormente em Distritos e Municípios.

MERCADO PÚBLICO

O Mercado Municipal, inaugurado em 1908 em terreno já urbanizado, foi criado para atender às novas

necessidades da cidade, reunindo em um mesmo edifício a comercialização de produtos até então separados:

carnes verdes, hortaliças, secos e molhados. O Mercado tinha também o papel de associar o produtor ao

consumidor, utilizando-se da linha férrea para receber a produção do Núcleo Colonial Campos Sales (e de áreas

vizinhas) para oferece-la à uma cidade que dobrara de tamanho entre os anos 1850 e 1900. Com a criação do

novo edifício, pessoas e atividades até então reunidas no entorno dos mercados “Velho” e “das Hortaliças”

(Largo das Andorinhas) passaram a se concentrar nesta nova porção da cidade, juntando-se a elas um grupo de

fotógrafos ambulantes (“lambe-lambes”) que, com suas máquinas, cadeiras e baldes ofereciam aos colonos,

moradores e visitantes da região um recurso há décadas desenvolvido por Hércules Florence em Campinas, a

fotografia.

Page 63: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

PERSONAGENS: lambe lambe, vendedores de frutas, personagens das próprias imagens do Mercado, figura

associada ao trem?, coche brasileiro (E12), estrada de ferro.

CITAÇÕES NA LATERAL:

“Neste ano de 1832 (..) vêm-me a idéia de que talvez pudesse fixar as imagens na câmara escura, por

meio de um corpo que mude de cor pela ação da luz (...) Vou Ter com o senhor Joaquim Correia de Melo (...)

que me diz existir o nitrato de prata” Manuscritos de Hércules Florece, 1832

“Êste delicioso torrão da província de S.Paulo é fértil em grande cópia de árvores frutíferas (..) que

todos os anos oferecem aos seus moradores os agradáveis passeios a que chamam ‘ir às frutas’. As famílias

viajam então em romaria de umas para outras fazendas, e se distraem com êste salutar refrigério” Zaluar, 1860

“O café tomado depois da comida facilita a digestão. Não torrado, reduzido a pó, e assim tomado ou em

infusão, tem sido empregado (...) nas afecções (...) em que é preciso excitar o cérebro” Correia de Melo, 1872

“...muitos pediam, nas horas das refeições, o saboroso feijão gôrdo com torresmo e angú de fubá, de

caldeirão da gente, misturado com verdura variada e silvestre, que colhiam em abundância nos cafezais”

Vitalina P. Souza Queiroz, final do século XIX.

“.. as famílias Krug e Florence influenciaram no desenvolvimento da Educação em Campinas. A

contribuição cultural delas e a mentalidade voltada para as mudanças (...) foram introduzidas em várias

instituições” Arilda Ribeiro, 1996

“Irrompida a epidemia de 1889, José Paulino Nogueira acomodou nas salas da Escola Correia de Melo

uma enfermaria municipal (..) sustentada inteiramente pela Câmara Municipal” Lycurgo C Santos Filho e José

N Novaes, 1996

“Angélica, que pena que você não veio conhecer aqui a plantação de café, o café feito na hora é uma

delícia. Eu te levo um pouco” Filha da Guarda Municipal, 2004

LEGENDA DAS IMAGENS

O quintal do Colégio Florence (que permaneceu na área até 1889) terminava no brejo do Serafim. Hercules

Florence, 1863. Acêrvo: CMU

Estação Carlos Botelho (na lateral do novo Mercado Municipal) em 1912, o “quilometro zero” da Funilense.

Acêrvo: CMU

Mercado Municipal e região, em plena urbanização no início do século XX. Acêrvo: MIS/BMC

LARGO DO MERCADÃO

O PONTO DE ENCONTRO DA CIDADE

Legendas:

Final do século XIX. Colégio “Culto à Ciência” (1874), depois “Ginásio de Campinas” (1896): inspirado em

ideais positivistas e maçons, visava formar os filhos da elite cafeeira. Acêrvo: MIS/BMC

Final do século XIX. Escola Correia de Melo (1881) e Praça Corrêa de Melo. Acêrvo: MIS

Década de 1920. Instituto Profissional Bento Quirino, inaugurado em 1918 com projeto de Ramos de

Azevedo. Acêrvo: MIS/BMC

Colégio Sagrado Coração de Jesus (1909): instituição cristã que permaneceu na região entre 1928 e 1983.

Acêrvo: MIS.

Page 64: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Meados do século XIX. Hércules Florence (1804/1879): cientista, desenhista, escritor, inventor, comerciante

e fazendeiro de origem francesa, desenvolveu técnicas pioneiras de fotografia em Campinas. Acêrvo:

MIS/HF

Década de 1880. Corpo docente do Colégio Florence com educação em moldes europeus. Coleção Cyrillo H

Florence

Início do século XX. Carolina Krug Florence com três de seus sete filhos: uma família voltada ao ensino.

Acêrvo: Coleção Cyrillo Hercules Florence

1903. Cardápio de banquete servido a Santos Dumont em visita à Campinas. Acêrvo: Nosso Século/Ed.

Abril

Início do século XX. Detalhe de fundos de quintal: espaço tradicional de cultivo e preparo de alimentos.

Acêrvo: MIS/BMC

Primeiras décadas do século XX. Detalhe dos boxes externos do mercado. Acêrvo: MIS

NA LATERAL: Anos 1990. Interior do mercado. Acêrvo: Teresa Bernabé

TEXTO:

Em um território até então ocupado por importantes colégios, a instalação dos trilhos e da estação da

Companhia Funilense (1899), ou ainda, do novo Mercado Municipal (1908) significou para Campinas a

formação de um novo centro de comércio e cultura. Neste espaço, toda uma diversidade de gêneros e produtos

permitiu o encontro de costumes, hábitos alimentares, tradições religiosas e saberes procedentes dos mais

variados lugares do Brasil e do mundo. Nos bares e bancas de legumes, frutas, carnes, temperos, pimentas,

embutidos, secos e molhados do “mercadão” encontramos, então, histórias e tradições de um profundo

significado para a vida dos campineiros. Em suas imediações podemos ainda presenciar a mesma circulação de

pessoas outrora garantida pela Companhia Funilense; circulação que acabou por se sobrepor e apagar as marcas

educacionais e residenciais da região, mas que manteve viva a dinâmica fundamental de “encontros” entre novos

e velhos habitantes, os verdadeiros construtores da cidade.

CONHEÇA:

Mercado, construído com projeto de Ramos de Azevedo em estilo mourisco, possui dois mil m² de área e 143

boxes com os mais variados produtos. Tombado pelo CONDEPACC e CONDEPHAAT.

CONHEÇA TAMBÉM:

Colégio Culto à Ciência, fundado em 1874 por fazendeiros e comerciantes ligados aos ideais da República,

propunha uma nova perspectiva de educação baseada em preceitos da ciência e lógica positivista. Tombado pelo

CONDEPACC. Rua Culto à Ciência, 422. Visita mediante autorização.

Antigo Colégio Sagrado Coração de Jesus, criado em 1910, destacou-se como instituição de ensino feminino,

permanecendo neste endereço entre 1928 e 1983, até sua transferência para o Parque Nova Campinas. Tombado

pelo CONDEPACC. Rua José Paulino, 1359. Visita mediante autorização.

Colégio Técnico Bento Quirino, antigo Instituto Profissional Bento Quirino, foi criado em 1915 e inaugurado

em 1918 para oferecer ensino profissional masculino e gratuito. Instalado em edifício eclético com projeto de

Ramos de Azevedo, foi assumido pelo Estado em 1927. Tombado pelo CONDEPACC. Rua Culto à Ciência,

177. Visita mediante autorização.

PLACAS

Page 65: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

PLACAS DE MONUMENTO

1. Colégio Culto à Ciência Fundado em 1874 como colégio para rapazes sob administração de uma entidade sem fins lucrativos, o ”Culto à

Ciência” foi criado por fazendeiros e comerciantes ligados aos ideais da República, constituindo-se um marco

da influência positivista na educação brasileira. Em sua estrutura original, compunha-se de um único bloco com

dois pavimentos, 4 salas de aula, ambientes administrativos, sanitários e biblioteca. Após a decretação da

República, o Colégio foi transferido para o Estado (1894) e transformado em “Ginásio de Campinas” (1897), o

primeiro instituto secundário oficial da cidade e o segundo do Estado. Desde então, a edificação ganhou novos

blocos até alcançar, na atualidade, 5.800,00 m² de área construída. Tombado pelo CONDEPHAAT e

CONDEPACC.

4. Antigo Colégio Sagrado Coração de Jesus

Fundado em 1910, o Colégio Sagrado Coração de Jesus é uma das mais importantes instituições de ensino de

Campinas, particularmente no que se refere ao ensino e instrução de mulheres. O colégio Sagrado Coração de

Jesus funcionou no prédio da R. José Paulino entre 1928 e 1983, quando se transferiu para o Parque Nova

Campinas. Tombado pelo CONDEPACC.

5. Colégio Técnico Bento Quirino

O antigo Instituto Profissional Bento Quirino, fundado em 1915 e inaugurado em 1918, foi criado por uma

entidade sem fins lucrativos para oferecer ensino profissional masculino e gratuito com recursos doados por

Bento Quirino dos Santos. Sua formação remonta à um período de crescente carência por mão-de-obra

especializada para a indústria e à abertura de escolas técnico-proissionais no Estado de São Paulo. Instalado em

edifício de alvenaria de tijolos e estilo eclético, com projeto de Ramos de Azevedo, apresenta três pavimentos

com plantas distintas entre si, corpos salientes, pequenas sacadas e modelos diversos de esquadrias. Em 1927, o

Instituto foi assumido pelo Estado; na década de 1950, seu patrimônio foi doado e a instituição transformada em

“Ginásio Industrial Estadual Bento Quirino”; em 1977, seu ensino restringiu-se ao segundo grau e, mais

recentemente, sua administração foi assumida pela Unicamp. Tombado pelo CONDEPACC.

Page 66: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

12. LARGO DO PARÁ

LARGO DO TANQUINHO

NA UTILIZAÇÃO DA ÁGUA, A HISTÓRIA DA CIDADE

CÓRREGO TANQUINHO

O córrego Tanquinho, hoje canalizado sob a praça, fazia parte de uma rede de cursos d’água, nascentes e

áreas de inundação que, espalhados pelo interior de um terreno acidentado, trouxeram possibilidades e

dificuldades para a ocupação e o desenvolvimento da cidade. A história do Largo do Pará se encontra então

associada à relação que Campinas estabeleceu com seus córregos; uma história que se tornou problemática na

medida em que o crescimento urbano e suas novas necessidades transformaram nascentes, cursos d’água e áreas

inundadas em territórios insalubres.

O LARGO SOBRE O CÓRREGO

No passado, o terreno em que hoje se encontra o Largo do Pará formava uma bacia de nascentes do

córrego Tanquinho; águas que seguiam para o norte, passando pelas atuais Rua Barão de Jaguara e Avenida

Anchieta para desaguar no córrego Serafim (na altura da Av. Orozimbo Maia). Mais adiante, ambos se fundiam

com o córrego Anhumas (nas proximidades da Av. Norte Sul), formando um território de “aguadas” que, por

muito tempo, abasteceu tropeiros, viajantes e pessoas instaladas na região. Na primeira metade do século XIX, a

bacia do Tanquinho ainda permanecia preservada quando a malha urbana começou a se aproximar da área; as

obras de transformação se iniciaram em 1854 com a instalação de um tanque com canalização subterrânea para

aproveitar a nascente para o abastecimento da cidade. Vinte anos depois, o tanque seria substituído por um

chafariz e o terreno, já envolto pela malha urbana, batizado de “Largo dos Andrada” (1874), ou ainda, “Largo

São Paulo” (1882).

LARGO DO PARÁ

Na segunda metade do século XIX, multiplicaram-se as ruas, casas e população da cidade em um

processo de crescimento que ganhou maior intensidade com a implantação do parque ferroviário. Neste percurso,

as nascentes e córregos do Tanquinho e do Serafim passaram a ser vistos como “entraves” ao desenvolvimento

urbano, da mesma forma que suas áreas inundadas transformaram-se em “fócos” de insalubridade devido ao

acúmulo de lixo e detritos. A situação levou a Câmara a implementar um projeto proposto por Teodore Langaart

(década de 1860) que previa a dissecação dos brejos através do plantio de árvores cazuarinas. Esta solução, no

entanto, não impediu a eclosão de epidemias e em especial, a emergência da febre amarela (1889/1896) que

levou o poder público a desenvolver um grande “projeto sanitarista” capaz de drenar pântanos, canalizar

córregos e separar as águas pluviais das águas servidas (esgoto). Neste percurso, o Largo São Paulo sofreu uma

profunda transformação. Suas obras se iniciaram em 1896 e em três anos elas deram origem à “Praça Carlos

Gomes” (1896); um jardim que, além das árvores adequadas para drenagem do solo, recebeu um passeio,

canteiros com plantas ornamentais (1899) e um coreto (1901). Nos anos seguintes, já com casas e edifícios nas

imediações, a praça ganhou um novo paisagismo (1908), monumentos (como o do Bicentenário do Café, de

1927) e um chafariz (procedente do Largo do Rosário, em 1933), alterando-se o nome para Praça João Pessoa

(1930) e, novamente, para Praça do Pará (1937).

PERSONAGENS: mulher foto AP 32,

CITAÇÕES NA LATERAL:

Page 67: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“...além da admirável posição, que ocupa, e da fertilidade do terreno; respira-se ali um ar puro, goza-se

de um clima sadio, e de belas águas; e finalmente ainda se não tem conhecido uma só moléstia endêmica” Luiz

D’Alincourt, 1818

"..havia tudo que fazer no sentido de podermos dizer que Campinas, já então, o mais possante centro

agrícola, era uma cidade digna deste nome. Era escasso o calçamento das ruas, não havia illuminação, a

apparencia, em geral, das casas era desagradável" Henrique de Barcelos, 1870

“..no verão havia um grande capinzal que servia para deposito de lixo. Só a capina feita alli,

periodicamente, absorvia mais gastos que os de ajardinamento realisado” Intendencia de Campinas, 1902

“No centro, corria claro regato, derivado de uma nascente situada no terreno (...) A pequena corrente

descia pelo meio da rua Direita (hoje Barão de jaguara) (..) esta seguia até a esquina da rua do Góes

(C.Bierrenbach) tomando por alli o seu curso natural” Leopoldo Amaral, 1927

“Os problemas decorrentes da ausência de saneamento compatíveis com a aglomeração, acabou por

criar uma lógica do uso e convivência com as águas da cidade (...) deixaram de ser visíveis os córregos da área

central de Campinas e os que estavam à sua periferia tornaram-se ‘canais de saneamento’” Juleusa Turra, 1994

“As questões das condições da vida urbana e do trabalho, somente se constituirão em objeto de estudo e

intervenção quando tornaram-se uma ameaça à produção” Kleber Pinto Silva, 1996

LEGENDA DAS IMAGENS:

Lavadeiras nas imediações da cidade: os córregos, nascentes e rios ofereciam sobrevivência a viajantes e

moradores da região. Acêrvo:MIS

Pelo traçado da rua Direita (Barão de Jaguara) corria o leito do córrego Tanquinho, até sua canalização nos

anos 1870. Imagem de 1899, durante as chuvas de verão. Acêrvo: MIS

“Largo do Pará” plenamente urbanizado: com passeios, monumento e o antigo chafariz do Largo do Rosário

(instalado em 1933). Imagem de meados do século XX. Acêrvo: MIS

Page 68: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

PRAÇA DO PARÁ

A URBANIZAÇÃO E O CÓRREGO

Legendas:

Largo do Pará nos anos de 1990 com coreto instalado no início do século XX. Acêrvo: MIS/DETUR

Década de 1870. Chafariz do “Largo do Mercado” (Praça Carlos Gomes), alimentado pelas águas do córrego

Tanquinho, em desenho de H. Lewis. Acêrvo: MIS/BMC

Final do século XIX. Chafariz do “Largo da Matriz Velha”, alimentado pelas águas do córrego do

Tanquinho. Acêrvo: MIS/BMC

Início do século XX. Chafariz do “Largo do Teatro”, alimentado pelas águas do córrego do Tanquinho.

Acêrvo: MIS/BMC

1915. Canal de Saneamento (atual Avenida Orozimbo Maia): obra de canalização dos Córregos Serafim e

Tanquinho. Acêrvo:MIS/BMC

Anos 1930. Inauguração do sistema de água encanada a partir da captação do Rio Atibaia. Acêrvo: MIS

Anos 1950. Instalação de tubulações para ampliação da rede de água e esgotos de Campinas. Acêrvo: MIS

Início do século XX. Detalhe de coreto da Praça Bento Quirino, transferido no período para o Largo do Pará.

Acêrvo: MIS/BMC

1904. Chafariz do Largo do Rosário, transferido nos anos 1930 para o Largo do Pará. Acêrvo: MIS/BMC

Imagem da Avenida Francisco Glicério, ampliada no final da década de 1950. Acêrvo: MIS

TEXTO:

As águas que integravam a rede de nascentes, córregos e rios do município de Campinas ofereceram

condições vitais para a fixação das primeiras populações na região. Com o desenvolvimento da malha urbana, os

charcos e córregos começaram a ser “ordenados” para oferecer água em bicas e, através de tubulações, por

chafarizes e torneiras instaladas em pontos estratégicos da cidade. Na década de 1880, já se tornava necessário

captar água dos riachos Iguatemi e Bom Jesus (Rocinha/Vinhedo), e na década de 1930, do Rio Atibaia. O

córrego Tanquinho, hoje canalizado sob o “Largo do Pará” integra esta história: suas nascentes e charcos foram

incorporados à malha urbana através da captação, canalização e transformação em um dos mais belos jardins de

Campinas. Sua urbanização motivou também a instalação de imponentes residências que, em meio ao

progressivo transito de veículos e pessoas, acabaram em parte destruídos e substituídos por edifícios. O

alargamento e abertura de novas ruas e avenidas destruiu também remanescentes de mata, salvando-se o

“Bosque dos Jequitibás” por força da tradição e da presença de um movimento preservacionista consequente.

Mas, na atualidade, o Largo do Pará continua a materializar uma herança importante: a de que, para encontramos

qualidade de vida no interior da cidade, é preciso preservar suas áreas verdes.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Externato São João, fundado em 1909 pelos padres salesianos, foi criado como extensão do “Lyceu de Artes e

Officios Nossa Sra Auxiliadora” para oferecer ensino profissionalizante e primeiras letras às camadas populares.

Na década de 1960, tornou-se privado. Mantém antigas salas de aula, capela e teatro. Tombado pelo

CONDEPACC. Rua José Paulino, 479

CONHEÇA TAMBÉM:

Cemitério da Saudade, inaugurado em 1881, o Cemitério da Saudade permaneceu por quase um século como

única área de sepultamento da cidade. Desde sua fundação, reuniu cerca de um milhão de pessoas. Tombado

pelo CONDEPACC. Avenida da Saudade, ----

Page 69: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Estação de Água da Sanasa, originada em 1875, foi construída por proposta do engenheiro Jorge Harrat que

edificou uma primeira caixa de captação para recolher as águas do córrego Tanquinho e leva-las através de tubos

de ferro fundido aos chafarizes da cidade.

Torre do Castelo, edifício construído na década de 1930 para abastecimento de água da região norte da cidade,

hoje abriga um museu, um mirante e a Rádio Educativa. Praça Vinte e Oito de Outubro - Castelo

Museu Dinâmico de Ciências, compõe-se entre outros equipamentos, de um Planetário. Av. Heitor Penteado,

s/n Taquaral

Aquário Municipal, instalado no interior do Bosque dos Jequitibás, reúne variadas espécies. Rua Coronel

Quirino, 02 - Bosque

PLACAS

PLACAS DE MONUMENTO

1. Externato São João

Fundado em 1909, pelos padres salesianos, o externato São João ocupou por muitos anos, o antigo casarão,

construído muito antes de 1860, pertencente a família Estanislau de Campos Salles Redimensionado para sediar

um projeto voltado exclusivamente a jovens carentes e localizado na área central, a escola atraiu muita gente e

ali funcionou por 85 anos. Em abril de 1994, o velho casarão foi demolido indevidamente, restando porém as

salas de aula, a capela e o antigo teatro. Em 1995, a capela e o teatro, já restaurados pelos salesianos, foram

tombados pelo CONDEPACC. Rua José Paulino, 479 – Centro. O Externato São João foi criado em 1909 como

extensão do “Lyceu de Artes e Officios Nossa Sra Auxiliadora” objetivando atender à demanda por oficinas

profissionalizantes e ensino de primeiras letras para a população mais pobre da cidade. O Externato manteve o

curso primário gratuito até pouco depois dos anos 1950, quando então a instituição torna-se privada; como

balanço de sua contribuição para a cidade se destaca sua notória presença na educação popular, principalmente

nas primeiras décadas do século 20. Tombado pelo CONDEPACC.

Page 70: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

13. BOSQUE DOS JEQUITIBÁS

UM LUGAR DE “RECREIO” PÚBLICO

AS ORIGENS DO BOSQUE DOS JEQUITIBÁS NA HISTÓRIA DA CIDADE

RESQUÍCIOS DE MATA

A região de Campinas achava-se ocupada por uma densa cobertura vegetal entremeada por áreas de

campos quando as plantações de cana de açúcar começaram a ocupar o território no final do século XVIII. Nas

décadas seguintes, novas e contínuas queimadas abriram espaço para os cafezais, transformando-se

profundamente a paisagem. O crescimento urbano e o desenvolvimento de uma agricultura diversificada

complementaram este fenômeno secular de recriação da natureza, desaparecendo progressivamente as mata

remanescentes. Na passagem de viajantes e na memória de cronistas encontramos registros destas mudanças,

restando-nos lembranças e alguns poucos testemunhos do que foi a mata de outrora.

O “PASSEIO” DE RAMOS DE AZEVEDO

A área de “bosque” que então se localizava no “Campo das Caneleiras” nas imediações do Largo São

Benedito, pertencia a Francisco Bueno de Miranda; empreendedor que em 1880 resolveu contratar o escritório

de Ramos de Azevedo para “aformosear” e transformar o terreno em um “ponto de recreio” da população de

Campinas. As primeiras intervenções vieram no mesmo ano com a inauguração de um lago artificial, o “Lago da

Prata”, e um botequim. No ano seguinte, o bosque recebeu um “Chalet” restaurante, um pavilhão e uma “casa de

banhos” (sanitários) na intenção de conferir ao espaço o mesmo estilo de “jardim inglês” que inspirara alguns

anos o “Jardim Público” (Centro de Convivência). Mas, de maneira especial, o “Bosque dos Jequitibás”

pretendia atrair famílias campineiras para um local de refúgio de aspecto rústico e “pinturesco” (com vegetação

densa e pouco alterada) de forma a aliar descanso, diversão e saúde. O projeto trouxe ainda um coreto (criado

pelo mesmo arquiteto) e uma programação especial de atividades que, no ano de 1885 incluiu “caçadas”

simbólicas para o entretenimento de um público pagante.

O “PARQUE” DOS URBANISTAS MODERNOS

Em 1915, o poder municipal adquiriu a propriedade na intenção de ampliar seu acesso público,

realizando reformas para adequar a área a uma visitação mais ampla. Foram feitas obras no chalet restaurante e

construído alguns ranchos, além de reforços nos muros de arrimo e a criação de barragem no tanque. Nas

décadas seguintes, a área mereceu novas atenções e esforços no embelezamento e preservação da mata;

iniciativas que contaram com o incentivo, alguns anos depois, de importantes urbanistas trazidos para Campinas

para propor e realizar mudanças de maior vulto. De maneira especial, Anhaia Mello e Prestes Maia ofereceram

um destacado apoio à conservação da mata e à concepção paisagística da área, reforçando a importância da

cobertura vegetal para a cidade. Por isso mesmo, entre as décadas de 1920 e 1930, o bosque transformou-se em

símbolo de um novo conceito de “Parque” em proposição na cidade, tornando-se parte das propostas do “Plano

de Melhoramentos Urbanos”. Às “áreas verdes” cabia agora o papel de trazer saúde e lazer à cidade como um

todo, devendo o Bosque dos Jequitibás permanecer com a mesma fisionomia “pitoresca” que assumira nas

décadas anteriores.

PERSONAGENS:

CITAÇÕES NA LATERAL:

Page 71: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

“Há na estrada várias subidas, e descidas, e é descoberta por causa dos roçados; as árvores são mais

corpulentas, do que as que ficam do rio Jundiahy (...) formando densos bosques” Luiz Dalincourt, 1818

“A cidade de Campinas é totalmente rodeada de matas” Saint Hilaire, 1819

“ A região é bem arborizada e apresenta (...) mais sinais de cultivo e mais povoações são encontradas”

Edmundo Pink, 1823

“Ao voltar para Campinas, encontrei um viajante que montava um animal já bastante cansado (...)

contou-me que viera da Baía (...) que ouvira muito falar dessa zona cafèeira, mas (...) nunca deparara com região

assim bem cultivada, o que o levara a tomar a resolução de (...) vir estabelecer-se aí” J.J. Von Tschudi, 1860

“...a sombra dos jequitibás, das perobas e das figueiras bravias, derramavam sôbre a cabeça dos viajores

uma frescura mais vivificante e amena” Zaluar, 1860

“No imponente congresso Diocesano realizado em Campinas, em 1912 (...) D. João B. Corrêa Nery

versou sobre a criação de um colégio católico para meninos”. Anuário do Seminário e Ginásio Diocesano de

1915

“Campinas dedica especial carinho aos seus jardins e bosques. Possui ao todo 19, dos quais, um é o

maravilhoso Bosque dos Jequitibás” Alaôr Malta Guimarães, 1953

“... a ordem social também se impunha no jardim, e nem todos se sentiam participantes desta nova

cidade” Siomara Barbosa de Lima, 2000

LEGENDAS DAS IMAGENS

Plantação de cana de açúcar. Aquarela de Hércules Florence, de 1848. Acêrvo: Cirilo Hercules Florence

Plantação de café entre árvores queimadas. Aquarela de Miguel Dutra, 1846. Acêrvo: Museu Republicano de

Itú

Imagem de pic nic no Bosque dos Jequitibás. Acêrvo: MIS

Antigo chalé na década de 1950. Acêrvo: MIS/BMC

BOSQUE DOS JEQUITIBÁS

A PERMANÊNCIA DE UM CONCEITO DE LAZER

Legendas:

1998. Região do Bosque dos Jequitibás. Coleção: Antônio da Costa Santos/aerofotogrametria da

Embrapa

Prática da “caçada”, divertimento apreciado pelas elites campineiras no século XIX. Acêrvo:

Década de 1920. Vegetação e passeio do Bosque. Acêrvo: MLPM.

Anos 1950. Lago da Prata. Acêrvo: Loja Maçônica Independência

Primeira década do século XX. Palácio Episcopal, sede do Bispado de Campinas criado em 1908.

Acêrvo:MIS/BMC

Anos 1940. Vista aérea da região, com abertura de loteamento e construção do Estádio Moisés Lucarelli

pela Associação Atlética Ponte Preta (1900). Acêrvo: MIS

Page 72: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Anos 1950. Colégio Diocesano, hoje Colégio Pio XII, criado por D.Nery, o primeiro bispo de Campinas.

Acêrvo: AMG

Meados do século XX. Estádio Brinco de Ouro da Princesa (1953) do Guarani Futebol Clube (1911).

Acêrvo: CMU/V-8

1910. Equipe da Associação Atlética Ponte Preta (1900), o mais antigo clube do Brasil. Acêrvo: Loja

Maçônica Independência

1914. Equipe do Guarani Futebol Clube (1911). Acêrvo: Loja Maçônica Independência

NA LATERAL: Monumento ao primeiro Bispo de Campinas, D. Nery, localizado defronte à Catedral. Imagem

das primeiras décadas do século XX. Acêrvo: MIS/BMC.

TEXTO:

No curso do século XX, a população e a malha urbana de Campinas multiplicaram-se várias vezes e a

cidade ganhou, em poucas décadas, novas formas e características. Entre as mudanças, o “Plano de

Melhoramentos Urbanos” (1934/1938) desempenhou um papel importante ao estabelecer, entre outros aspectos,

uma reserva de áreas verdes e um novo sistema viário para interligar o centro e a periferia da cidade através de

radiais e perimetrais. A região do Bosque incorporou-se à estas mudanças mas, por pouco, não foi destruída pela

abertura de novas vias. Na atualidade, o Bosque conta com dois alqueires de reserva florestal, um zoológico e

vários equipamentos (museu, aquário, teatro) que, em muitos aspectos, continuam a oferecer a mesma concepção

de lazer assumida em sua origem. Talvez por isso, o Bosque permaneça presente no cotidiano e no imaginário

dos moradores da cidade. A área foi tombada pelo CONDEPHAAT (1970), CONDEPACC (1993) e IBAMA

(1995).

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Estádio Moisés Lucarelli, da Associação Atlética Ponte Preta, inaugurado em 1948, pertence ao clube mais

antigo do Brasil (1900). Praça Dr. Francisco Ursáia, 1900

Estádio “Brinco de Ouro da Princesa”, do Guarani Futebol Clube, inaugurado em 1953, pertence ao

prestigiado clube fundado em 1911. Av. Imperatriz Teresa Cristina, 11 Jardim Proença

Cúria Metropolitana, criada em 1908, nasceu das necessidades da Igreja em uma cidade que em poucas

décadas viu multiplicar sua população, seus bairros e suas paróquias. Rua Irmã Serafina, 88

Colégio Pio XII, antigo “Ginásio Diocesano Santa Maria”, foi fundado em 1915 por D. Nery, primeiro Bispo de

Campinas. Rua Boaventura do Amaral, 354

CONHEÇA TAMBÉM:

Mata de Santa Genebra, área de 2.517.759 m² de mata nativa da antiga Fazenda Santa Genebra. Rua Mata

Atlântica, 447/Barão Geraldo. Tombada pelo CONDEPACC. Visitas com autorização.

Bosque São José, área de 33.500 m² de densa cobertura vegetal, passeios, bancos e playground. Rua Barretos,

s/n/Jardim Proença

Observatório Municipal de Campinas “Jean Nicolini”, instalado na Serra das Cabras, no Distrito de Joaquim

Egídio, oferece a observação dos astros, exposições e atividades. Tombado pelo CONDEPACC. Acesso pela

Estrada das Cabras.

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Parque Portugal (Lagoa do Taquaral), área de 33 alqueires com variados espaços recreativos e culturais. Av.

Heitor Penteado, s/n

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14. 13 DE MAIO

UM ESPAÇO PÚBLICO POR EXCELÊNCIA

PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES NA RUA 13 DE MAIO

NOS FUNDOS DA MATRIZ NOVA

Quando a rua 13 de Maio começou a se formar com o nome de São José, Campinas deixara há pouco de

ser uma pequena vila para se transformar em uma pequena cidade, de ruas calmas e população diversa. Uma

cidade que, ainda que marcada por uma trajetória de comércio e de serviços, mantinha em suas ruas um sentido

de cidade ainda muito especial, podendo-se ouvir ao longo do dia o apito do amolador de facas, a matraca do

mascate, o ferrinho do folheiro, o berrante do bucheiro ou os guizos do padeiro. Ao cair da tarde, era a vez do

descanso doméstico que levava às ruas as donas de casa com suas crianças e maridos recém chegados do serviço;

hora de conversar, de jogar baralho e de se divertir com a bola. Nos domingos e nas ocasiões de festas, as

mesmas ruas se faziam tomadas pela venda de cartuchos de sequilhos e amendoins, pelas cocadas, balas, pés de

moleque e paçocas; e quando a semana recomeçava, não era raro que os fregueses fossem tratados no interior

das lojas com doces e refrescos, em um cotidiano permeado por um outro significado de tempo. A Rua São José,

nascida na lateral da Matriz Nova, marcou por um longo período os limites da cidade; no entanto, na proporção

em que ela começou a abrigar novas atividades, edifícios e passantes, o seu trânsito se adensou e através dele, a

cidade inteira ganhou um outro ritmo.

ENTRE A MATRIZ E A ESTAÇÂO

Foi na década de 1870 que a região dos fundos da Matriz Nova adquiriu um novo formato. Os antigos

traçados, até então ocupados por moradias esparsas e por um matadouro, começaram a experimentar uma

profunda transformação com a instalação, nas extremidades da cidade, da “Estação da Paulista”. No pátio da

Companhia Paulista, aberto em 1872, ganhou forma o escoamento de produtos que, em poucas décadas, atingiu a

cifra de milhões de sacas de café procedentes das mais diversas fazendas e cidades do interior da Província rumo

ao porto de Santos. Nas imediações da Estação, por sua vez, começava a se instalar uma nova rede de atividades

constituída por fundições, oficinas, armazéns, fábricas, escolas e hospitais destinados a atender uma ampla

demanda regional por produtos e serviços. Na conexão, então, do pólo ferroviário com o centro da cidade estava

a Rua São José, rebatizada de 13 de Maio em 1888: eixo que, nas últimas décadas do século XIX recebeu

inúmeras casas de comércio, fábricas, hotéis, escritórios, linhas de bonde, ou ainda, instituições (instaladas nas

imediações) que cumpriram papel central no funcionamento do complexo cafeicultor, como os escritórios da

Companhia Mogiana e a Loja Maçônica Independência, reduto de projetos políticos liberais.

AS TRADIÇÕES DE UMA CIDADE MUTANTE

Passado o tempo, a rua 13 de Maio continuou a preservar tradições... Com uma dinâmica diversa, capaz

de misturar atividades produtivas, lojas tradicionais e um comércio informal de “maçãs do amor” e balões de

gás, os passantes se sentem à vontade como se pertencessem a este lugar; talvez pela semelhança que tracem

com suas ruas e cidades de origem, talvez pela identidade que estabeleçam com seus bairros de residência, nos

quais ainda hoje coexistem atividades de comércio, serviços e produção. De fato, esta dinâmica de “atividades

plurais” que se repete há 130 anos (tempo suficiente para sedimentar tradições) garante à rua uma sensação de

pertencimento especial, sendo curioso considerar que apesar da interferência do Plano Prestes Maia (que a partir

da década de 1940 buscou “ordenar” a cidade, definindo para a região central um sentido eminentemente

comercial), o eixo da rua 13 de Maio permanece um referencial de circulação popular exatamente por agregar

usos tão diversos de espaço. Por tudo isso e como herdeira da vitalidade do complexo cafeeiro, esta rua carrega

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em si mesma a intensidade, a diversidade e a sofisticação que possibilitaram à Campinas do passado superar suas

crises e assumir novos rumos de desenvolvimento no presente.

PERSONAGENS: carroceiro, vendedor ambulante, comerciante, mulheres e homens distintos

CITAÇÕES NA LATERAL:

"...a função industrial de Campinas foi provocada pela necessidade de instrumentos de lavoura e

máquinas de beneficiamento que os volumes (...) do café exigiam de ano para ano. A cifra monetária aplicada na

importação destes materiais aumentava com as safras, e o comércio local e regional ressentiam-se de uma praça

abastecedora perto de si” Maria Stella de Abreu Bergó, 1952

“Cerca de 150 trens cortam o território do município, diáriamente, perfazendo um total de mais de 60

mil trens por ano. Dêsse total, pelo menos 50% são trens de carga” Alaôr Malta Guimarães, 1953

“A rua mastiga os homens: mandíbulas de asfalto, argamassa, cimento, pedra e aço (...) a rua digere os

homens: mistério dos seus subterrâneos com cabos e canos” Guilherme de Almeida, “A rua”, 1962.

“A produção paulista de café até o início da década de 1870, representava apenas 16% do total

brasileiro, a partir desse momento, ingressava num período de vigorosa expansão, perfazendo, em 1875, cerca de

um quarto da produção nacional, saltando, dez anos depois, para 40%” Wilson Cano, 1977

“A ‘minha rua’ não foi uma só. Foram várias, mas quando nelas morava eram minhas, porque,

diferentemente de hoje, a rua era ainda uma dependência das casas, que nela se situavam” Benedito Barbosa

Pupo, 1995.

“...a cidade se expandia, dilatando o seu perímetro urbano, encompridando as distâncias...” José

Roberto do Amaral Lapa, 1995

“De 1836 a 1854, Campinas salta de uma produção de 8.021 para 335.550 arrobas de café (...) Em 1870,

o município produziu 1.300.000 arrobas (...) Localmente isto traduziu-se em estímulos às atividades econômicas

em geral exigindo a modernização da economia” Ema Camilo, 1998

LEGENDA DAS IMAGENS

Legendas :

Nas fronteiras da Vila de São Carlos, uma área em crescimento. Desenho de Hércules Florence, 1837.

Acêrvo: MIS

Relógio da Estação da Paulista: referência histórica na marcação do tempo em Campinas. Final do século

XIX. Acêrvo; MIS

Fragmento de um “Armazém de Secos e Molhados” localizado nas proximidades da Estação, no final do

século XIX. Acêrvo: MIS/BMC

RUA 13 DE MAIO

DE VOLTA AOS PEDESTRES

Page 76: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Legendas:

1897. Postal “Lembrança de Campinas”, com pontos interligados pela R. 13 de Maio. Acêrvo: MIS

1896. População vê a passagem do cortejo de Carlos Gomes nas imediações da rua 13 de Maio. Acêrvo:

MIS/BMC

1903. Passagem de Santos Dumont pela Rua 13 de Maio e imediações. Acêrvo: BMC

1913. Passantes na região central. Acêrvo: MLPM

Anos 1940. Companhia Mac Hardy, instalada há várias décadas nas proximidades da Estação. Acêrvo:

MIS/BMC

Anos 1940. Detalhe de hotel, barbearia e café da rua 13 de Maio. Acêrvo: MIS/BMC

Anos 1950. Detalhe de comércio da rua 13 de Maio. Acêrvo: MIS/BMC

Anos 1960. Sob o Viaduto Miguel Vicente Cury e o Terminal Central, sobreviveu uma área de lazer.

Acêrvo: MLPM

Anos 1970. Em lugar do teatro e dos passantes, o trânsito. Acêrvo: MIS/BMC

Anos 1980. Apesar das mudanças, a tradição da circulação se perpetua.

LATERAL: Bonde Elétrico, em funcionamento na cidade entre 1912 e 1968. Acêrvo: CMU/V-8

TEXTO:

A 13 de Maio é uma rua que continua a pertencer às pessoas, apesar do “embrutecimento” de seu

entorno rasgado por grandes avenidas de escoamento de automóveis. O moderno zoneamento urbano pretendeu

transforma-la em uma grande artéria de concentração de comércio e serviços, mas a rua 13 de Maio sobreviveu,

sobretudo, como uma artéria pulsando fluxo de gentes envolvidas por atividades lúdicas e produtivas, e que

teimam em reafirma-la como o espaço público por excelência.

CONHEÇA NAS PROXIMIDADES:

Palácio da Mogiana, sede administrativa da Companhia Mogiana (1891). Nos anos 1980/90 passou a abrigar

atividades da Secretaria Estadual de Cultura, e partir de 2004, da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e

Turismo. Tombado pelo CONDEPACC. Av. Dr. Campos Sales, 427

Loja Maçônica Independência, fundada em 1897, cumpriu papel destacado na história política da cidade, em

particular na luta contra a escravidão e na construção de um projeto educacional de inspiração liberal. Av. Dr

Campos Sales, 514. Visita com autorização.

CONHEÇA TAMBÉM:

Museu do Café, reinaugurado em 2003, busca difundir a memória da cultura cafeeira em Campinas, e em

particular, refletir sobre sua memória social. Av. Heitor Penteado, 2145, Lago do Café.

Museu Dinâmico de Ciência, criado em 1987, oferece às escolas e ao público em geral cursos, palestras,

exposições e oficinas. Dispõe de Planetário e Laboratório Didático. Av. Heitor Penteado, s/n Parque Portugal

(Lagoa do Taquaral)

Bosque da Paz Yitzhak Rabin, 65 mil m² com mata natural, lago com queda d'água, parquinho e equipamentos

esportivos. Rua Prof. Ary Monteiro Galvão e rua José Strazzacappa/Jardim Madalena

Bosque Valença, com mata natural, lagos e equipamentos esportivos. Rua Olindo Gardelin/rua 15/rua 16 -

Parque Valença

Page 77: Sistema de sinalização turística do patrimônio histórico-cultural da região central de Campinas

Parque dos Guarantãs, com 87.016 m² formado por bosque, lago, área de piquenique, parquinho e

equipamentos esportivos. Jardim Nova Europa.

PLACAS

PLACA INTERMEDIÁRIA

Senador Saraiva

LADO A

Imagem principal:

Imagens secundárias:

A antiga “Rua Alegre” marcou, no passado, os limites da cidade de Campinas. Área de atividades relativamente

desprezadas pela sociedade, mas fundamentais à reprodução social (em especial, de “lupanares”); esta rua de

fisionomia modesta ganhou novas características e funções na medida em que a região se transformou em pólo

central de atividades de comércio, industria e serviços. Em 1882, seu nome foi alterado para “rua Senador

Saraiva” (em homenagem ao chefe do Partido Liberal, de grande destaque na democratização do sistema

eleitoral do Império), mas sua dinâmica, propriamente dita, só apresentou mudanças significativas com a

implantação do Plano Prestes Maia. Este plano conferiu à via o papel central de escoamento de mercadorias e

automóveis no novo sistema viário da cidade; dinâmica que provocou, no início da década de 1950, o seu

alargamento, sendo realizadas inúmeras desapropriações durante administração de Miguel Vicente Cury (no lado

ímpar da numeração) que levaram a avenida a assumir suas feições contemporâneas.

LADO B

Imagem principal:

Imagens secundárias:

Antônio José Saraiva nasceu a 1 de março de 1823, no Engenho de Quitangá, município de Bom Jardim, Bahia,

e morreu a 23 de julho de 1825, em Salvador, Bahia. Político e estadista brasileiro de formação monárquica,

destacou-se entre outras razões por garantir a vigência da lei eleitoral nº 3.029, de janeiro de 1881 (a chamada

“Lei Saraiva”); lei que conferia fundamentos democráticos à dinâmica política Imperial. Formado pela

Faculdade de Direito de São Paulo, elegeu-se em 1853 como Deputado e em 1867 assumiu o cargo de Senador.

Ocupou as funções de Presidente da Província do Piauí (fundando a cidade de Teresina como nova capital, em

substituição a Oeiras), das províncias de São Paulo, Pernambuco e Alagoas. Em 1861 tornou-se ministro do

Império nas pastas da Guerra (1865), do estrangeiro, da Marinha (1875) e da Fazenda (1880). Membro do

Partido Liberal e da mais alta confiança de D. Pedro II, o “Senador Saraiva” presidiu ainda o Conselho de

Ministros (1880) e elegeu-se, no período republicano, senador pela Bahia, cargo ao qual renunciou por

desentendimentos políticos.

PLACAS DE MONUMENTO

Palácio da Mogiana

Construído em 1891 pela Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, este edifício em estilo neoclássico

concentrou por cerca de setenta anos os escritórios da Companhia, administrando uma complexa rede de

escoamento que compreendia cerca de 3 mil km de trilhos, um parque industrial e um amplo setor de serviços

instalados em Campinas. No final dos anos 1950, o edifício perdeu parte de suas estruturas com o alargamento

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da Avenida Dr. Campos Sales e cerca de dez anos depois, a Companhia foi incorporada à FEPASA. Sua

presença marcou profundamente a história da cidade, transformando-se o edifício em sede do Museu Histórico

Pedagógico Campos Sales e da Delegacia Regional de Cultura. Em 2004, o Palácio passou a abrigar as

atividades da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo. Tombado pelo CONDEPACC.

PLACAS DE RUA

Em construção – textos em revisão

Andrade Neves

Antiga rua do Campo

O antigo nome se deve ao fato que no momento anterior as obras para instalação das Companhias Ferroviárias na

região, as atuais Andrade Neves e 11 de Agosto eram utilizadas para a realização de Corridas de Cavalos e

Cavalhadas. Com o crescimento da cidade e a chegada das ferrovias foi construído o Hipódromo do Bonfim no

bairro de mesmo nome e as ruas voltaram a ter sua função original. Em uma delas foi homenageada a vítima da

Guerra do Paraguai, José Joaquim de Andrade Neves, por indicação do Vereador Rafael de Abreu Sampaio.

11 de Agosto

Antiga Rua do Campo

O antigo nome se deve ao fato que no momento anterior as obras para instalação das Companhias Ferroviárias na

região, as atuais Andrade Neves e 11 de Agosto eram utilizadas para a realização de Corridas de Cavalos e

Cavalhadas. Na sessão de 22 de janeiro de 1872, por indicação do Vereador Alves Cruz, a via pública então

conhecida como rua do Campo deveria receber como nome a “data da inauguração do serviço ferroviário em

Campinas.”

Saldanha Marinho

Antiga rua do Matadouro

O nome antigo da rua é uma referência ao Matadouro que lá existiu durante o século XIX e que foi transferido

para a região que posteriormente seria ocupada por parte do bairro conhecido como Vila Industrial. Em 1871, o

nome foi alterado para homenagear o Presidente da Província de São Paulo no ano de 1868 e que apoiou a

Criação da Cia Paulista de Estradas de Ferro.

Visconde do Rio Branco

Antiga rua de São João

A rua Visconde de Rio Branco é uma homenagem da cidade ao chefe do ministério que apresentou a Lei do

Ventre Livre e iniciou o processo de desmonte do sistema escravista que vigorava no Brasil. O nome anterior é

uma característica das cidades coloniais do Brasil que através dos nomes de suas ruas representavam as tradições

católicas do país.

Álvares Machado

Antiga rua Deserta

Até 1871, devido sua característica de local ermo e de poucas residências era conhecida como rua Deserta. As

obras para a instalação da Cia. Paulista de Estradas de Ferro resultaram em uma mudança bastante drástica do

desenvolvimento da malha urbana da cidade e propiciou a ocupação da rua que por indicação do Vereador

Côrrea Dias passará a homenagear o médico cirurgião e oculista, morador de Campinas.

Ernesto Kuhman – José de Alencar

Antiga rua do Teatro

A antiga Rua do Teatro aberta ainda na primeira metade do século XIX representava uma possibilidade de

entretenimento e lazer cultural na cidade de Campinas através do Teatro São Carlos. A demolição do São Carlos

e a construção do Teatro Carlos Gomes quebrou a antiga rua em duas que passaram a homenagear,

respectivamente, o professor Campineiro e o escritor do romantismo brasileiro.

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Rua José Paulino

Antiga rua das Flores

Aberta em 1853 recebeu a denominação de Rua das Flores em virtude da existência de muitas rosas brancas

entre as ruas Bernardino de Campos e General Osório. Em 1º de julho de 1889, a Câmara aprova a alteração do

nome para Rua de José Paulino como uma homenagem ao ilustre vereador e comissário de café que liderou a

campanha de combate à epidemia de febre amarela e que quase tombou vítima da mesma.

Rua Regente Feijó

Antiga rua da Matriz Nova

A rua Regente Feijó é marcada por ter sido o local de moradia de diversas personalidades destacadas da história

brasileira, entre eles podemos citar o próprio Regente Feijó, Campos Sales e Carlos Gomes. A alteração do nome

foi uma homenagem proposta pelo Vereador Ricardo Gumblenton Daunt que assim justificava sua idéia: “ao

alto mérito cívico do ilustre paulista o Regente Feijó e em memória de haver sido ele residente neste município

durante muitos anos se dê a rua que hoje se chama de matriz Nova, em qual ele por algum tempo residia a

designação de “Rua do Regente Feijó” Ata da Sessão Ordinária em 3 de Julho de 1871, Livro 149 de Atas da

Câmara Municipal de Campinas, folha 61.

Rua Francisco Glicério

Antiga rua do Rosário

A antiga rua do Rosário é uma referência a Igreja de mesmo nome que se localizava na atual praça Guilherme de

Almeida. Com a Proclamação da República, os vereadores de Campinas “considerando mais os importantes

serviços que o nosso conterrâneo Francisco Glicério tem prestado a pátria pugnando sempre pelas liberdades

públicas, e o papel saliente que tomou nos acontecimentos do dia 15 de Novembro, propõe que se dê a rua do

Rosário o nome de“Francisco Glicério”, tanto mais quanto este ilustre cidadão nasceu nessa rua”. Ata da

Sessão Ordinária em 25 de novembro de 1889, Livro 157 de Atas da Câmara Municipal de Campinas, folhas 30

verso e 31