Sistematizacao_Educacao_Ambiental

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Sistematização das Experiências Consultoria: Edneida Rabêlo Cavalcanti Maio de 2011 Projeto Referencial de Educação Ambiental nas escolas das comunidades de atuação do Projeto Sertão no Território do Pajeú-PE

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aborda sobre educação ambiental

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  • Sistematizao das Experincias

    Consultoria: Edneida Rablo Cavalcanti

    Maio de 2011

    Projeto Referencial de Educao Ambiental nas escolas das comunidades de atuao do Projeto Serto no Territrio do Paje-PE

  • 2

    Sumrio

    Apresentao 03

    Introduo 03

    1. Sobre o Recorte e a Metodologia Utilizada para o Processo de Sistematizao

    05

    1.1 Objetivo da Sistematizao 05

    1.2 Objeto da Sistematizao 05

    1.3 Eixos da Sistematizao 05

    1.4 Caminho Metodolgico 06

    2. Contextualizao do Projeto 07

    2.1 A Regio do Paje 07

    2.1.1 Diagnstico Local 09

    2.2 Condies materiais e polticas existentes para a execuo da experincia

    10

    2.3 A Experincia 11

    2.3.1 Objetivos 11

    2.3.2 O pblico 12

    3. Princpios Envolvidos no Projeto 14

    3.1 A Dimenso Ambiental no Processo Educativo Educao Ambiental 14

    3.1.1 Aspectos Legais da Educao Ambiental 14

    3.1.2 O Carter Permanente e Interdisciplinar da Educao Ambiental 14

    3.2. Princpios Filosficos e Temas Transversais 17

    4. Estratgias de Articulao 20

    5. Metodologia e Etapas do processo de Educao Ambiental 21

    5.1 O Processo Formativo 21

    5.1.1 Oficinas de Formao 22

    5.1.2 Oficinas Locais de Educao Ambiental: 25

    5.1.3 Intercmbio de Experincias 26

    5.1.4 Experincias Comunitrias 29

    5.1.5 Oficina de Avaliao e Sistematizao 30

    5.1.6 Seminrio Territorial 32

    6. O que foi aprendido com a experincia? 33

    7. Reflexo e Anlise sobre a Experincia Vivida 36

    Bibliografia 41

    Anexos 44

  • 3

    Apresentao O presente documento tem por objetivo apresentar a sistematizao das

    experincias de educao ambiental desenvolvidas no mbito do Projeto

    Referencial de Educao Ambiental nas escolas das comunidades de

    atuao do Projeto Serto no Territrio do Paje-PE. Para tanto, tomou-se

    como referncia o roteiro constante do Termo de Referncia (TR) que trata da

    Contratao de Servios de profissional especializado em Educao

    Ambiental visando sistematizao dos processos pedaggicos de

    capacitao e formao em Educao Ambiental realizados no mbito do

    Projeto Referencial de Educao Ambiental do PDHC/MDA Projeto

    Serto.

    Introduo

    Os processos de sistematizao pressupem construir a memria de uma

    experincia de desenvolvimento local, divulgar saberes relacionados a prticas

    (lies e ensinamentos), estimular o intercmbio e a confrontao de idias.

    Alm disso, permite contribuir a reconstituir vises integradas dos processos de

    interveno social. Ou seja, sistematizar contar o que a organizao da

    sociedade civil faz na sua prtica a fim de ajud-la a aprender com seus

    prprios processos. A sistematizao revela conhecimentos, deixa razes,

    transforma histrias de vida, interfere em processos sociais. Permite relacionar

    teorias e prticas tanto da ao individual quanto da ao coletiva. Ela pode

    ajudar a dar sentido aos inmeros atos individualizados em um mbito mais

    amplo e complexo da ao do grupo e pode contribuir a repensar a teoria do

    campo social em que a experincia se situa.

    Sistematizar uma experincia ou projeto, no se restringe, portanto, a agrupar

    e ordenar informaes, mas deve, sobretudo, enfatizar a reflexo crtica sobre

    as prprias experincias da organizao para, a partir delas, identificar lies e

    aperfeioar seus mtodos de ao. Assim, de uma srie de projetos e

    experincias implementadas ao longo de um perodo pode resultar uma prtica

  • 4

    consolidada, um conjunto de metodologias que podem vir a ser utilizadas em

    contextos diversos.

    Tal iniciativa torna-se particularmente importante no tocante a experincias

    voltadas a educao contextualizada, seja pela pouca quantidade de trabalhos

    dessa natureza em detrimento das inmeras prticas existentes, seja pela

    fragilidade terico-metodolgica que permeia muitas dessas prticas.

  • 5

    1. Sobre o Recorte e a Metodologia Utilizada para o Processo de Sistematizao

    1.1 Objetivo da sistematizao

    Construir um documento que sirva como instrumento motivador de iniciativas

    de educao ambiental contextualizada para professores do meio rural. Esta

    sistematizao atende aos objetivos propostos no projeto e a partir dele

    pretende-se contribuir na prtica formativa das professoras e professores. Ser

    transformado em uma publicao institucional elaborada em parceria pelo

    Centro Sabi e o PDHC/MDA.

    1.2 Objeto da sistematizao

    O foco da sistematizao ser a prtica pedaggica das professoras, que foi

    exercitada no decorrer do processo formativo proposto pelo projeto durante as

    Oficinas Locais realizadas nas escolas rurais. Ser valorizado neste processo

    de formao a construo, planejamento e execuo das mesmas. A opo por

    este foco considera as Oficinas Locais como produto/resultado do processo

    formativo realizado com as professoras, e refletem o fazer da sua prtica

    pedaggica, da a sua importncia na sistematizao.

    1.3 Eixos da sistematizao

    a) Questionamento baseado no como a prtica das oficinas locais de

    educao ambiental podem ter colaborado na formao das professoras

    atravs do resgate e construo do conhecimento.

    b) A promoo da autonomia e protagonismo das professoras com a

    prtica da educao ambiental atravs da construo coletiva do

    conhecimento e do aprender fazendo.

    c) A valorizao da auto-estima e do contexto onde a experincia

    realizada: escolas e comunidades rurais.

    d) Os resultados para as crianas, as famlias e os profissionais da

    educao: o envolvimento de diferentes atores na promoo de uma

    discusso acerca da questo scio-ambiental na comunidade.

    e) O rendimento dos alunos/as na sala de aula e as mudanas de atitude

    protagonizadas por eles na escola, em casa e na comunidade.

  • 6

    1.4 Caminho Metodolgico

    Alm das perguntas orientadoras dispostas nos itens anteriores, que permitem

    delinear o foco da sistematizao, outros aspectos, ou tempos conforme

    indicado por Holliday, foram considerados, como pode ser observado no

    Quadro 1 abaixo.

    Quadro 1 Tempos e elementos constitutivos presentes na metodologia de Oscar Jara Holliday

    Tempos Elementos Constitutivos O ponto de partida Ter participado da experincia.

    Ter o registro das experincias.

    Recuperao do processo vivido

    Reconstruir a histria

    Ordenar e classificar a informao

    A reflexo de fundo - Por que aconteceu o que aconteceu?

    Analisar, sintetizar e interpretar criticamente o processo

    Os pontos de chegada Formular concluses

    Comunicar a aprendizagem

    No tocante ao registro das experincias, o material existente vasto e permite

    uma apropriao ampla de todas as fases do processo formativo dos dois

    anos. Alm disso, a consultoria contratada para elaborao do presente

    documento tambm elaborou instrumentos prprios baseado em visita de

    campo e entrevista com professores/as e tcnicos envolvidos diretamente no

    projeto. O conjunto dos materiais utilizados pode ser observado no Anexo I.

  • 7

    2. Contextualizao do Projeto

    2.1 A Regio do Paje

    O Territrio da Cidadania Serto do Paje (PE), possui 13.350,3km2, formado

    por 20 municpios: Afogados da Ingazeira, Brejinho, Calumbi, Carnaba,

    Flores, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Mirandiba, Quixaba, Santa Cruz da Baixa

    Verde, Santa Terezinha, Serra Talhada, Sertnia, So Jos do Belmonte, So

    Jos do Egito, Solido, Tabira, Triunfo e Tuparetama. O territrio, em sua

    totalidade, possui 389.580 habitantes, dos quais 164.559 (42,24%) vivem em

    rea rural. O IDH mdio do territrio 0.65, porm apresentando diferenas

    marcantes entre o IDH de municpios como Calumbi (0,58) e Carnaba (0,58),

    em comparao com Triunfo (0,71) e Afogados da Ingazeira (0,68). O Serto

    do Paje tem 33.804 agricultores familiares, 1.810 famlias assentadas, 16

    comunidades quilombolas e uma terra indgena.1

    Em 2008 os Territrios Rurais2, programa especfico do Ministrio do

    Desenvolvimento agrrio (MDA), foram transformados nos Territrios da

    Cidadania, com escopo mais amplo e que tem como objetivo promover o

    desenvolvimento econmico e universalizar programas bsicos de cidadania

    por meio de uma estratgia de desenvolvimento territorial sustentvel. A

    participao social e a integrao de aes entre Governo Federal, estados e

    municpios so fundamentais para a construo dessa estratgia.

    1.Informao adaptada do site: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/sertodopajepe/one-

    community?page_num=0 Os municpios destacados em negrito fazem parte do projeto. 2 Os Territrios Rurais foram formados por um conjunto de municpios unidos pelo mesmo perfil econmico e ambiental e que tinham identidade e coeso social e cultural. Eram articulados a partir de colegiado cujo objetivo consistia em trabalhar na perspectiva de elaborao e implementao do Plano de Desenvolvimento.

    O nome da regio vem do

    nome do seu rio, que era

    chamado pelos ndios de

    paya ou rio do paj.

    Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Paje

  • 8

    Os objetivos especficos do Programa Territrios da Cidadania so:

    Superar a pobreza e gerar trabalho e renda no meio rural por meio de uma estratgia de desenvolvimento territorial sustentvel. Incluso produtiva das populaes pobres dos territrios;

    Planejar e integrar polticas pblicas; Busca da universalizao de programas bsicos de cidadania; Ampliao da participao social.

    Contudo, existem outras possibilidades de recorte que precisam ser citadas e

    caracterizadas, com a finalidade de integr-las nessa perspectiva de

    sustentabilidade. Um desses recortes diz respeito Regio de

    Desenvolvimento do Paje e a outra a Bacia Hidrogrfica do Rio Paje.

    No processo de criao das Regies de Desenvolvimento iniciado em 1999

    foram considerados os seguintes aspectos/ documentos:

    Base fsico-geogrfica do IBGE: foram mantidas as 05 Mesorreges do IBGE: Metropolitana, Mata, Agreste, So Francisco e Serto e as 19 Microrregies foram agrupadas, em Unidades Territoriais de Planejamento denominadas Regies de Desenvolvimento (RDs);

    Regionalizao adotada pela Associao Municipalista de Pernambuco AMUPE: compreendendo 09 Regies;

    Regionalizao das Secretarias de Sade (DIRES) e de Educao (DERES); Proposta de Ao Participativa e Regionalizada realizada pelo CODEPE (1987);

    Bacias Hidrogrficas.

    Esse recorte sofreu alteraes ao longo do tempo fruto de demandas locais

    pautadas na questo de identidades econmicas e culturais e atualmente

    prevalece a Regionalizao do Estado em 12 RDs Regionalizao Atual (Lei

    n12.427 de 25/09/2003) PPA 2004-2007.

    J a bacia hidrogrfica representa o conjunto de terras que fazem a drenagem

    da gua das precipitaes para um curso principal de gua e seus afluentes.

    No caso do Rio Paje representa 17,02% do Estado de Pernambuco e o

    maior afluente no Sub-mdio So Francisco. Nessa rea encontra-se parte do

    Ncleo de Desertificao identificado por Vasconcelos Sobrinho (2002) e

    tomado como referncia para os trabalhos de implementao da UNCCD por

    parte do Ministrio do Meio Ambiente (MMA).

  • 9

    O Rio Paje nasce na Serra do Balano, municpio de Brejinho, entre os

    Estados de Pernambuco e Paraba. Percorre uma distancia de 347 km ate

    desaguar no lago formado pela Barragem de Itaparica no Rio So Francisco.

    Geograficamente a bacia est localizada entre as latitudes 927 e 1130 Sul e

    entre as longitudes 4022 e 4130 Oeste. A bacia ocupa uma rea de 16.760

    km2, sendo integrada pelos municpios de: Salgueiro, Belm de So Francisco,

    Verdejante, So Jos do Belmonte, Mirandiba, Carnaubeira da Penha,

    Itacuruba, Floresta, Serra Talhada, Tacaratu, Santa Cruz da Baixa Verde,

    Betnia, Calumbi, Triunfo, Flores, Inaj, Quixaba, Ibimirim, Custdia, Carnaba,

    Solido, Afogados da Ingazeira, Sertnia, Iguaraci, Tabira, Ingazeira, Santa

    Terezinha, So Jos do Egito, Brejinho, Tuparetama e Itapetim.

    2.1.1 Diagnstico Local

    A realizao do projeto teve incio com a realizao de um diagnstico sobre a

    realidade local que teve o objetivo de conhecer o contexto das escolas, dos/as

    professoras/es e das comunidades e assim subsidiar o planejamento e ajudar

    na escolha dos contedos das atividades a serem trabalhadas nas escolas

    envolvidas durante o processo formativo.

    Para tanto, foram realizadas entrevistas com gestores e professores/as da

    escolas e oficinas nas comunidades para apresentao do projeto e

    levantamento dos problemas ambientais. A coleta de dados permitiu identificar

    os principais problemas socioambientais percebidos pelas comunidades e com

    isso orientar os contedos a serem abordados nas Oficinas de Formao e

    tambm na escolha das Experincias Comunitrias.

    Refletir sobre o que e quais so os problemas socioambientais percebidos

    constitui-se em momento importante para delinear temas e sequncias que

    pudessem facilitar o processo de sensibilizao. Alm disso, problemas bem

    identificados, que suscitem reflexo crtica, construo de argumentos de

    causalidade e inter-relaes, contribuem para levar a aes de participao

    mais eficazes, que tendem a atuar na raiz da questo.

  • 10

    No levantamento realizado, cujo resultado pode ser visualizado na Figura 1, as

    brocas (derrubada de rvores e arbustos para preparar a rea de plantio) e as

    queimadas apareceram como os problemas mais citados seguidos da

    aplicao de venenos na agricultura (agrotxicos). A queimada foi citada como

    prtica de destruio da natureza. A gua suja e a escassez de sementes

    tambm foram citadas como problemas ambientais. Os problemas ambientais

    causam morte de plantas, doenas em crianas, prejudicam a terra,

    contaminam a terra e acaba com o verde. A perda da vegetao nativa, seja

    por desmatamento ou queimada, que resulta na perda da biodiversidade, da

    vegetao diretamente, com conseqncias sobre os demais seres vivos que

    dependem deste recurso natural, aparece contribuindo com quase 30% dos

    problemas apontados.

    2.2 Condies materiais e polticas existentes para a execuo da

    experincia

    importante destacar que a realizao deste projeto contou com a existncia

    de uma Rede de Organizaes da Sociedade Civil no Territrio do Paje que

    desenvolve h mais de 10 anos um trabalho de assessoria tcnica a famlias

    agricultoras na perspectiva da transio para a agroecologia, o que deu suporte

    aos intercmbios e garantiu o acompanhamento das aes do projeto nas

    comunidades. A ao destas organizaes (em especial a Diaconia e a

    Fonte: Relatrio Leitura Analtica do Dianstico

  • 11

    COOPAGEL que foram parceiras no projeto), se desdobram na realidade

    concreta destas comunidades e no universo efetivo dos agricultores e

    agricultoras.

    Outro elemento importante foi o apoio do PDHC/MDA no processo de

    articulao poltica com as prefeituras e no apoio material para garantia da

    equipe e das atividades do projeto.

    Por sua vez, a relao com as estruturas formais de ensino e com o universo

    escolar constituem um elemento relativamente novo na prtica dessas mesmas

    instituies que atuam no contexto da agricultura familiar no Territrio do Paje.

    Isso impe um tempo de aprendizagem institucional necessrio para o

    amadurecimento das estratgias a serem fortalecidas nessa direo.

    Essa densidade de instituies e aes concretas possibilitou um processo de

    mobilizao e de adeso a proposta de implantao da experincia. Contudo,

    do ponto de vista da gesto municipal ligada a educao, a abertura no se

    traduziu em participao efetiva, havendo mais o comprometimento e

    envolvimento por parte direta dos/das professores/as.

    2.3 A experincia

    2.3.1 Objetivos

    - Desenvolver uma proposta piloto de Educao Ambiental para escolas rurais

    de nove municpios do Territrio do Paje, possvel de ser replicada para

    outras escolas rurais dos territrios de atuao do Projeto GEF Serto.

    - Elaborar e divulgar idias sobre a metodologia de implementao da

    Educao Ambiental em escolas e contribuir na discusso mais ampla sobre

    Educao Ambiental como instrumento de desenvolvimento, de cidadania e

    garantia de direitos.

  • 12

    2.3.2 O pblico (comunidades e escolas que participaram e as parceiras).

    Foram articuladas as secretarias de educao de sete municpios da regio do

    Paje: Afogados da Ingazeira, Calumbi, Carnaba, Santa Cruz da Baixa Verde,

    So Jos do Egito, Tabira e Triunfo. Dentre os municpios citados, nove

    comunidades participaram do projeto e esto representadas no Quadro 2

    abaixo.

    Quadro 2 Municpios, comunidades e escolas envolvidas no projeto, com nmero de professores, alunos e famlias.

    Municpio Comunidade / Assentamento

    Dist. Sede ida e volta (km)

    Escola N

    Alunos N

    Prof. N

    Famlias PED PDHC

    Tabira Boqueiro 242 Escola Municipal Vicente Correia Brasil

    35 02 25 COOPAGEL

    Carnaba Gameleira 128 Escola Municipal da Gameleira

    60 05 36 COOPAGEL

    Afogados da Ingazeira

    Riacho da Ona 148 Escola Municipal Maria Aparecida Bezerra Neves

    24 01 23 COOPAGEL

    Pintada 142 Escola Municipal Santa Lucia

    34 02 29 COOPAGEL

    Santo Antonio II 96 Escola Municipal Hortncio Barbosa Lira

    62 03 20 DIACONIA

    Calumbi Riacho 250 Escola Jos Joaquim do Nascimento

    52 02 30 Centro Sabi

    So Jos do Egito

    Curralinho 208 Escola Municipal Manoel da Costa

    150 05 45 DIACONIA

    Sta. Crus da Baixa Verde

    Ic 30

    Escola Municipal Joo Bosco Rodrigues de Sousa

    30 03 100 Centro Sabi

    Triunfo guas Claras 35 Escola Municipal de guas Claras

    40 02 60 Centro Sabi

    07 Municpios

    09 Com. + Assentam.

    ---- 09 Escolas 487 25 368 03 parceiras

    Diretamente estiveram envolvidos no processo de formao 25 professores e

    gestores das escolas e Secretarias de Educao, que em suas atividades

    locais trabalharam com 487 alunos. Contudo, esse universo se amplia se forem

    consideradas as 368 famlias que esto por trs dos alunos que participaram e

    que atravs dos mesmos ou de envolvimento direto de pais em atividades

  • 13

    educativas como intercmbios, prticas de educao ambiental das escolas,

    foram incorporadas a experincia em foco.

    Alm disso, outros sujeitos sociais tambm estiveram presentes:

    representantes de Secretarias de Educao Municipais de Sertnia, Flores,

    Afogados da Ingazeira e Carnaba, Calumbi, Santa Cruz da Baixa Verde, So

    Jos do Egito; mobilizadores sociais dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais

    e Tcnicos da Diaconia e da Coopagel; representantes do Projeto Dom Helder

    Cmara e a equipe tcnica do Centro Sabi.

    Quanto representao por sexo, nos dois anos de atuao do projeto a

    predominncia foi de mulheres. Em termos de faixa etria variou entre 25 e 50

    anos.

  • 14

    3. Princpios Envolvidos no Projeto

    3.1 A Dimenso Ambiental no Processo Educativo Educao Ambiental

    3.1.1 Aspectos Legais da Educao Ambiental

    Existe um conjunto de instrumentos legais (Quadro 3) que respaldam a

    obrigatoriedade da incluso da dimenso ambiental em todos os nveis de

    ensino e em todos os segmentos da sociedade. necessrio, contudo, que

    sejam apropriados pela gesto pblica, principalmente na esfera dos

    municpios, assim como reconhecidos como estratgia de atuao por parte

    dos movimentos sociais.

    A educao a instncia de organizao da sociedade que tem mais

    capilaridade e permanncia ao longo do processo de formao da cidadania.

    Da, iniciativas que pressuponham mudanas de paradigmas, de viso de

    mundo, de valores e hbitos, devem buscar se articular com o universo da

    escola e de seus ambientes educativos. Ou seja, reconhecer que a educao

    no a frmula mgica para garantir, sozinha, transformaes no mbito da

    sociedade, mas ao mesmo tempo no existem mudanas sociais sem passar

    pela educao.

    3.1.2 O Carter Permanente e Interdisciplinar da Educao Ambiental

    Um dos princpios estruturantes do trabalho com educao ambiental o da

    abordagem integrada das questes socioambientais o que significa dizer que

    o/a educador/a individualmente precisa desenvolver essa habilidade de viso

    sistmica, contrapondo-se na maioria das vezes a sua bagagem de formao

    fragmentada.

    Por sua vez, as aes de educao ambiental devem ser permanentes,

    permeando assim todo o universo das aes desenvolvidas no contexto

    escolar e fora dele.

  • 15

    Quadro 3 Instrumentos Legais da Educao Ambiental e

    Informaes Gerais

    Instrumentos Legais Caracterizao

    Constituio Federal de 1988

    Art. 225 Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    A Poltica Nacional de Meio Ambiente

    Estabeleceu em 1981, no mbito legislativo, a necessidade de incluso da educao ambiental em todos os nveis de ensino, incluindo a educao da comunidade, objetivando a capacit-la para a participao ativa na defesa do meio ambiente. Reforando essa tendncia, a Constituio Federal, estabeleceu, no inciso VI do artigo 225, a necessidade de promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente.

    1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:

    VI promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente;

    Leis de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    No Art. 32 trata do ensino fundamental obrigatrio, com durao de 9 (nove) anos, gratuito na escola pblica, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, ter por objetivo a formao bsica do cidado. (Redao dada pela Lei n 11.274, de 2006).

    I - O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como mios bsicos o pleno domnio da leitura, da escrita e do clculo;

    II - A compreenso do ambiente natural e social, do sistema poltico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

  • 16

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN)

    Constitui-se como subsdio de apoio escola na elaborao do seu projeto educativo, inserindo procedimentos, atitudes e valores no convvio escolar, bem como a necessidade de tratar de alguns temas sociais urgentes, de abrangncia nacional, denominados como temas transversais: meio ambiente, tica, pluralidade cultural, orientao sexual, trabalho e consumo, com possibilidade de as escolas e/ou comunidades elegerem outros de importncia relevante para cada realidade.

    Segundo o PCN, a educao deve-se considerar que, a realidade funciona de um modo complexo em que todos os fatores interagem, bem como o ambiente deve ser compreendido com todos os seus inmeros problemas. Tratar a questo ambiental, portanto, abrange a complexidade das intervenes: a ao na esfera pblica s se consolida atuando no sistema como um todo, sendo afetada e afetando todos os setores, como educao, sade, saneamento, transportes, obras, alimentao, agricultura, etc.

    Poltica Nacional de Educao Ambiental

    A Lei n 9.795, de 27 de abril de 1999 e o Decreto

    4.281/2002

    Dispe sobre a educao ambiental e institui a Poltica Nacional de Educao Ambiental no Brasil, conhecida como Lei de Educao Ambiental, define em seus trs primeiros artigos os conceitos essenciais para o desenvolvimento de programas de educao ambiental: Art. 1.o Entende-se por educao ambiental os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a conservao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade; Art. 2o. A educao ambiental um componente essencial e permanente da educao nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no-formal; Art. 3.o Como parte do processo educativo mais amplo, todos tm direito educao ambiental.

    Programa Nacional de Educao Ambiental -

    ProNEA

    O ProNEA, criado em 2003, tem como objetivos promover a articulao das aes educativas voltadas s atividades de proteo, recuperao e melhoria socioambiental e de potencializar a funo da educao para as mudanas culturais e sociais, que se insere a educao ambiental no planejamento estratgico do governo federal do pas. Nessa perspectiva, assume as seguintes diretrizes: Transversalidade e Interdisciplinaridade; Descentralizao Espacial e Institucional; Sustentabilidade Socioambiental; Democracia e Participao Social; Aperfeioamento e fortalecimento dos Sistemas de Ensino, Meio Ambiente e outros que tenham interface com a educao ambiental. Princpios: Abordagem articulada das questes ambientais locais, regionais, nacionais, transfronteirias e globais; Respeito liberdade e eqidade de gnero.

    Programa de Educao Ambiental do Estado de

    Pernambuco

    Elaborado em 2006, est estrutura em sete linhas de ao: EA como Instrumento de Gesto; EA no Ensino Formal; EA e Capacitao; EA Comunicao e Arte; EA Saneamento e Sade; Estudos e Pesquisas em EA; EA Participao e organizao Comunitria.

  • 3.2. Princpios Filosficos e Temas Transversais

    O Projeto de Educao ambiental, foco da presente sistematizao, teve como

    referncias filosficas, que perpassaram todo o processo formativo como

    temas mobilizadores e transversais: a perspectiva da convivncia com o

    semirido, da agricultura familiar, da agroecologia, da soberania e da

    segurana alimentar.

    De acordo com Silva (2006, p.189),

    a convivncia, a modernizao conservadora e o combate seca no so expresses vazias (chaves). Cada uma delas possui significados ideolgicos prprios com base em interesses socioeconmicos e fundamentadas em diferentes vises de mundo e intenes de futuro, influenciando na identificao das necessidades e na definio de prioridades.

    Nessa direo, necessrio explicitar que a proposta de convivncia com o

    semirido no se constitui em pregar a passividade. Ela formulada e

    lapidada pelos movimentos sociais e setores de instituies de ensino e

    pesquisa atuanes nessa regio, ao longo da histria das crises regionais, a

    partir da crtica ao pensamento e poltica de combate seca e aos seus

    efeitos, amparada no modelo de modernizao econmica conservadora. Por

    sua vez, essa construo e proposio de alternativas tambm sofrem

    influncias e se fortalece no bojo do debate sobre o desenvolvimento

    sustentvel, que se constitui em um novo paradigma civilizatrio (SILVA, 2006).

    A convivncia com o semirido o contexto prioritrio com o qual a educao

    ambiental, concebida como crtica, emancipatria e transformadora da

    realidade, deve trabalhar. Alm de construir e/ou resgatar relaes de

    convivncia entre os seres humanos e destes com a natureza, atravs de

    saberes e prticas, a convivncia tambm expressa uma mudana na

    percepo da complexidade territorial.

    Por sua vez, o recorte dado agricultura familiar tanto dialoga com o

    universo de atuao do Projeto Dom Helder Cmara e das instituies

    parceiras, a exemplo do Centro de Desenvolvimento Agroecolgico Sabi,

  • 18

    como pela importncia que esse segmento possui em funo de sua

    abrangncia em termos de famlias e unidades produtivas e pela participao

    no tocante a produo de alimentos no pas e da diretamente na segurana e

    soberania alimentar do pas. Nessa perspectiva, inserir a agricultura familiar na

    dinmica territorial requer polticas pblicas que valorizem os atributos locais e

    regionais no processo de desenvolvimento e que estimulem a formulao

    descentralizada e participativa de projetos que incorporem tais atributos.

    Pressupe ainda ampliar no ambiente local e regional as margens de escolha

    na comercializao dos produtos, na obteno de financiamentos, na compra

    dos meios de produo e na ampliao de acesso informao e construo

    do conhecimento.

    A designao agricultura ou agricultores/as familiares tem um lugar de

    significado, de elaborao de outras representaes da sociedade brasileira,

    assegurando legitimidade a construo de uma categoria socioeconmica

    dotada de direitos, para mostrar uma outra agricultura no latifundiria, no

    predatria e no excludente (BERGAMASCO, 1995; WANDERLEY, 1995)

    Nesse caminho da agricultura familiar vem se construindo tambm concepes

    e iniciativas que se baseiam em uma agricultura socialmente justa,

    economicamente vivel e ecologicamente sustentvel. Na agroecologia a

    agricultura vista como um sistema vivo e complexo, inserida na natureza rica

    em diversidade, vrios tipos de plantas, animais, microorganismos, minerais e

    infinitas formas de relao entre estes e outros habitantes do planeta Terra. A

    agroecologia engloba modernas ramificaes e especializaes, como:

    agricultura biodinmica, agricultura ecolgica, agricultura natural, agricultura

    orgnica, os sistemas agro-florestais, permacultura, etc.

    (http://www.agroecologia.inf.br/secoes.php?vidcanal=7)

    Convivncia com o semirido, agricultura familiar e agroecologia por sua vez

    dialogam diretamente com o tema da soberania e segurana alimentar, que

    por sua vez demandam a perspectiva do acesso terra e da segurana hdrica.

    Pressupe a definio de polticas e estratgias sustentveis de produo,

  • 19

    distribuio e consumo de alimentos que garantam o direito a alimentao para

    toda a populao, respeitando as culturais locais e a diversidade de modos de

    produo, de gesto dos espaos rurais e de comercializao.

    Atualmente, a discusso sobre soberania e segurana alimentar depara-se

    com novos desafios: os agrocombutveis, os trangnicos e o uso inadequado

    da biotecnologia, que em diversas circunstncias dificultam o uso de sementes

    orgnicas e crioulas.

  • 20

    4. Estratgias de Articulao

    Articulao da temtica da educao ambiental ao cotidiano de estudantes,

    professores/as e gestores/as de escolas pblicas rurais do ensino fundamental,

    bem como as famlias dos/as estudantes nas comunidades e assentamentos

    da reforma agrria, em que vivem.

    Relao com a gesto municipal: os gestores municipais (prefeitura e

    secretaria relacionada) sero envolvidos Prefeito e Secretaria de Educao

    toparem juntos perspectiva de poltica municipal de educao aderir

    proposta e continuidade. Arranjo poltico local.

    Articulao das aes do Sabi com o GEF Serto de forma que o projeto

    apie aes existentes do GEF e vice-versa.

    Olhar para potenciais de aes relacionadas convivncia com o semirido

    que estejam sendo desenvolvidas na regio para serem ambiente de

    aprendizagem nos processos de vivncia atravs de visitas e intercmbios.

  • 21

    5. Metodologia e Etapas do processo de Educao Ambiental

    5.1 O Processo Formativo

    A estratgica pedaggica central adotada para o projeto realizado foi a da

    formao pela prtica aliada reflexo, envolvendo oficinas tericas para

    reflexo conceitual; oficinas prticas de orientao para insero da Educao

    Ambiental nas escolas; visitas de intercmbio; estabelecimento de relaes

    com famlias agricultoras da comunidade e de comunidades vizinhas que

    desenvolvem propostas tcnicas que trazem em sua concepo o respeito ao

    ambiente e prticas de conservao e bom uso dos recursos naturais.

    A proposta foi concebida e implementada tomando como referncia os

    processos de educao ambiental no-formal, ou seja, aquele no

    necessariamente est atrelado estrutura curricular. Contudo, como o pblico

    envolvido foi predominantemente de professores/as, a associao com a

    dinmica do currculo acaba sendo desenvolvida no processo de planejamento

    das oficinas nas escolas. Essa relao em verdade de extrema importncia j

    que os projetos financiados por instituies junto sociedade civil possuem

    tempo definido, enquanto que a atividade escolar permanente.

    No entanto, a educao no-formal possui alguns pr-requisitos em seu

    desenvolvimento:

    Identificao de problemas ambientais locais e construo de propostas

    para superao dos mesmos.

    Utilizao de linguagem simples e de metodologias que valorizem a

    observao e percepo dos grupos, assim como de prticas simples

    que possibilitem reflexo, construo e reconstruo do conhecimento.

    Potencializar aes que j estejam sendo realizadas pelos

    professores/as ou por outros integrantes da comunidade ou de reas

    prximas que possam ser visitadas, que estejam ou no sendo

    assessoradas por rgos pblicos ou da sociedade civil.

  • 22

    A sequncia do processo formativo est baseada no arco da

    aprendizagem, pressupondo diagnstico, reflexo/teorizao,

    identificao e priorizao de alternativas, implantao de prticas,

    reflexo, redimensionamento da prtica.

    O planejamento das atividades da formao/capacitao foi estabelecido

    em conjunto com o grupo, de forma a gerar a perspectiva da co-

    responsabilidade pelo processo, associando as datas de

    formao/capacitao quelas j previamente acordadas nas

    comunidades e com a secretaria de educao municipal.

    5.1.1 Oficinas de Formao com as/os professoras/es

    Tiveram como principal objetivo construir contedos e metodologias para de

    implementao da Educao Ambiental em escolas rurais e contribuir na

    discusso mais ampla sobre Educao Ambiental como instrumento de

    desenvolvimento de cidadania e garantia de direitos. Como suporte ao objetivo

    geral tambm foi foco das oficinas: Formar e motivar as professoras a

    trabalharem educao ambiental com seus alunos; construir ferramentas de

    educao ambiental com as/os professoras/es que dialogassem com o

    contexto em que trabalham; construir uma agenda coletiva de atividades do

    projeto com as/os professoras/es para o perodo de execuo do projeto em

    cada ano.

    Foram desenvolvidas a partir de uma metodologia baseada no dilogo de

    saberes e construo coletiva do conhecimento. Contou com momentos em

    sala de aula e atividade prticas de vivncias fora da sala de aula (Figura 2)

  • 23

    Alm disso, cada Oficina foi permeada de temas especficos (Quadro 4) e de

    atividades que buscavam oferecer possibilidades concretas para os

    desdobramentos a serem dados no contexto das escolas: vdeos sobre a

    temtica ambiental contextualizados para o semirido; dinmicas para trabalho

    participativo; oficinas temticas e vivncias de campo trilhas e visitas a

    experincias.

    O cardpio de temas especficos desenvolvidos durante as Oficinas foram

    oriundos do diagnstico realizado junto s comunidades nas quais esto

    situadas as escolas que fazem parte do projeto. No processo das Oficinas,

    demandas oriundas das lacunas de informaes e conhecimentos apontadas

    pelas/os professoras/es foram sendo incorporadas a esse cardpio geral.

    Quadro 4 - Temas Trabalhados nas Oficinas de Formao

    Oficinas 2009 - Temas Trabalhados

    A escola e a educao ambiental Impactos Ambientais: Queimadas, Desmatamentos, Poluio, Desertificao

    O Bioma Caatinga: Biodiversidade, Plantas medicinais, Conservao e valorizao do

    Bioma

    A agroecologia, a agricultura familiar, segurana alimentar e a convivncia com o

    semirido

    Resduos Slidos: separao, reciclagem, compostagem

    Recursos Hdricos: Rio Paje, Assoreamento, Mata Ciliar

    Oficinas 2010 - Temas Trabalhados

    Discutindo acerca dos problemas ambientais e suas conseqncias desastrosas, a fim de

    sensibilizar para uma atitude de cuidado e ateno s questes ambientais

    A Biodiversidade da Caatinga e alternativas de uso sustentvel dos recursos naturais

    O Lixo: tipos de lixo, responsabilidades e destinos dos resduos e algumas alternativas

    Conservao dos Recursos Naturais: gua e Solo. Gesto de Recursos

    Hdricos:Tecnologias de uso sustentvel dos recursos hdricos no semirido; Poltica

    Nacional de Recursos Hdricos

    Figura 2 Fotos das Oficinas de Formao.

  • 24

    De maneira geral, os temas que prevaleceram no processo de organizao

    para experimentao das oficinas Locais foram: Biodiversidade; Resduos

    slidos/Lixo; gua e Solo.

    Vale destacar que esses temas foram abordados a partir de concepes

    filosficas gerais, j referidas anteriormente: convivncia com o semirido e a

    perspectiva da agroecologia. Fora isso, mesmo tratando-se de uma iniciativa

    baseada em educao no-formal, a prtica das/os professoras/es buscou

    dialogar com a educao formal e os contedos do currculo. Esse movimento

    pode ser melhor compreendido na Figura 3.

    5.1.2 Oficinas Locais de Educao Ambiental formao pelas/os

    professoras/es

    Solo

    gua

    Biodiversidade

    Resduos Slidos

    PORTUGUES

    MATEMTICA

    CICIAS

    GEOGRAFIA

    HISTRIA

    ARTES

    Convivncia com o semirido;

    agricultura familiar;

    agroecologia; soberania e

    segurana alimentar

    Figura 3 Esquema ilustrativo dos princpios filosficos e temas geradores desenvolvido no mbito do Projeto.

  • 25

    As Oficinas Locais de Educao Ambiental consistiram em atividades

    realizadas pelas professoras e professores nas escolas e tiveram como

    objetivo proporcionar a sua formao atravs do encontro com a prtica da

    educao ambiental contextualizada com o semirido. Alm disso, possibilitou

    a aproximao, a vivncia e sensibilizao quanto as questes ambientais

    presentes no contexto da escola e da comunidade (Figura 4)

    Os temas abordados tiveram origem no trabalho inicial de diagnstico sobre as

    comunidades e problemas ambientais identificados e percebidos pelas

    mesmas. Esse elenco inicial conformou um cardpio de temas geradores para

    os quais os professores e professoras tiveram suporte terico, de materiais de

    consulta e de sugesto de prticas durantes as oficinas de formao.

    Num primeiro momento os relatos foram de receio em encarar a mudana na

    prtica pedaggica, ou mesmo de estarem assumindo um sobre trabalho. No

    entanto, os resultados presentes nos momentos de relato das experincias

    evidenciam um significativo empenho e envolvimento com o processo, assim

    como de respostas positivas por parte da comunidade escolar (alunos e alunas,

    pais e mes, merendeiras, tcnicos de projetos desenvolvidos pelo PDHC e

    parceiros, etc)

    O nmero de oficinas locais previsto inicialmente pelo Projeto de Educao

    Ambiental foi superado, sendo realizadas diversas oficinas em diferentes

    momentos distribudas em atividades por vezes em campo e outros momentos

    Figura 4 Oficinas Locais de Educao Ambiental

  • 26

    em sala de aula, como tambm atividades interligadas no campo e sala de

    aula. Os professores e professoras realizaram oficinas com suas turmas e

    tambm em parceria com outras professoras/es e suas respectivas turmas. Em

    algumas destas oficinas houve a participao das famlias com atividades em

    casa colaborando na preparao dos trabalhos escolares ou respondendo a

    entrevistas, bem como com reunies e debates nas escolas.

    Alguns exemplos das dinmicas desenvolvidas podem ser apreciados no

    Anexo II.

    5.1.3 Intercmbios de Experincias

    O intercmbio de experincias uma estratgia de vivncia concreta por parte

    de atores sociais que possuem elementos que se assemelham em suas

    prticas. No caso do presente projeto possibilitou a troca de experincias entre

    professores/as, agricultores e tcnicos em diversos contextos e escalas.

    Intercmbio para Ouricuri O Paje vivenciando o Araripe

    Este intercmbio teve como objetivos conhecer, vivenciar e gerar referncia de

    trabalhos concretos e de xito em Educao Ambiental e convivncia com o

    semirido realizado por duas escolas de Ouricuri/PE que so acompanhadas

    pela ONG Caatinga (Figura 5).

    Nas visitas as duas escolas (Escola So Luis, no Stio Lagoa do Pau Ferro e a

    Escola Maria do Socorro Rosa de Castro, conhecida como a Escola da

    Agrovila), houve uma recepo organizada pelos/as alunos/as e

    Figura 5 Intercmbio para visitar experincias de convivncia com o semirido acompanhadas pela ONG Caatinga em Ouricuri.

  • 27

    professores/as, apresentao do histrico e da experincia da escola,

    momento de conversa com o professor/a da escola visitada e posterior visita a

    estrutura da escola para conhecer as experincias desenvolvidas entre a

    escola e a comunidade. Na visita a Escola da Agrovila houve uma atividade de

    campo a duas reas de experincias de prticas agroecolgicas e convivncia

    com o semirido que foram conduzidas pelos agricultores e acompanhadas

    pelas professoras da comunidade e por tcnicos/as do Caatinga.

    Horta orgnica e biodigestor Assentamento Santo Antnio II, Afogados

    da Ingazeira

    Estas vivncias funcionam como espaos de aprendizagem e promovem a

    construo de conhecimento, trazendo em seu bojo a reflexo crtica sobre

    questes relevantes para a educao ambiental contextualizada com o

    semirido. Atravs dessas atividades foi possvel discutir questes como:

    segurana alimentar, incluso social, gerao de renda, responsabilidade

    socioambiental, tica, manejo de recursos hdricos, conservao de solo,

    matriz energtica, recuperao de reas degradadas entre outras

    possibilidades (Figura 6).

    Serra da Matinha Carnaba

    O intercmbio da Serra da Matinha (Figura 7) teve como objetivo vivenciar uma

    experincia de contato com a natureza. A experincia da Educao Ambiental

    Figura 6 Visita a experincia com horta e biodigestor.

  • 28

    em reas como essa, de relevante estado de conservao da Caatinga, levou a

    contemplao e despertou curiosidades sobre os recursos naturais.

    Esta experincia buscou trabalhar a observao da natureza e compreenso

    dos seus princpios ecolgicos. Alm disso, buscou refletir sobre estes

    princpios ecolgicos e como eles inspiraram os princpios da agroecologia que

    podem ser reproduzidos nos agroecossistemas. Alguns dos temas e contedos

    trabalhados nas oficinas territoriais puderam ser exemplificados e observados

    na visita a Serra da Matinha. Como exemplo: a biodiversidade do Bioma

    Caatinga, sua beleza e potencial para diferentes fins, a relao entre a

    vegetao e a conservao dos recursos hdricos, o papel da mata ciliar, reas

    degradadas por estarem sem cobertura vegetal.

    Figura 7 Visita a Serra da Matinha.

  • 29

    A prtica da Educao Ambiental aplicada em remanescentes florestal

    desperta e sensibiliza quanto ao funcionamento e a importncia da

    conservao dos recursos naturais como um todo. Seja nas reas de mata,

    preservando e conservando, como no uso sustentvel dos recursos na

    agricultura familiar. Estas vivncias funcionam como espaos de aprendizagem

    e sensibilizao dos visitantes acerca da problemtica ambiental, do resgate e

    construo do conhecimento ecolgico e ambiental. E neste intercmbio

    buscou-se uma reflexo acerca da paisagem natural do semirido e seu bioma.

    A Serra da Matinha est localizada no municpio de Carnaba, consiste numa

    rea de relevante estado de conservao do Bioma Caatinga. Com rica

    biodiversidade, possui diferentes estratos herbceos, arbustivos e florestais.

    Muitas das espcies vegetais encontradas esto em extino. No percurso

    foram observados alguns exemplares de plantas como Cedro, Inagazeira,

    Mulung, Barriguda e outros.

    Intercmbio intermunicipal para conhecer Fogo Ecolgico e Biodigestor

    Este intercmbio teve como objetivo apresentar experincias de produo

    alternativa de energia para a agricultura familiar, buscando a convivncia com o

    semirido e a conservao da Caatinga.

    O grupo foi visitar duas experincias em Afogados da Ingazeira: o Eco Fogo

    na comunidade Xique-Xique e o Biodigestor na comunidade de Santo Antnio

    II. A primeira comunidade assessorada pela Casa da Mulher do Nordeste e a

    segunda assessorada pela Diaconia.

    5.1.4 Experincias Comunitrias

    Trata-se de uma categoria que foi gestada no processo de formao, por

    demandas concretas oriundas da integrao entre escola e comunidade.

    Foram desenvolvidas atravs de pequenos projetos que incentivem a

    criatividade local tratando problemas ambientais e produo agroecolgica.

    Foram organizadas por meio de reunies nas escolas das comunidades

  • 30

    envolvidas no projeto, com definio das experincias a serem implantadas,

    qual o papel das pessoas envolvidas, onde seriam essas experincias, como

    seria a gesto dessas experincias e que articulaes seriam feitas para

    fortalec-las.

    Participaram dessas reunies tcnicos de ATP, mobilizadores sociais,

    coordenadoras pedaggicas das secretarias de educao, agricultores/as pais

    de alunos e as professoras. As experincias comunitrias foram definidas em

    todas as comunidades, conforme pode ser observado no Quadro 5 .

    Quadro 5 - Experincias Comunitrias

    Municpios Comunidades Projeto

    Afogados da Ingazeira

    Riacho da Ona Horta

    Pintada Coleta seletiva do lixo

    Santo Antonio II Coleta Seletiva do lixo

    Carnaba Gameleira Horta e Sistema Agroflorestal

    Tabira Boqueiro Horta

    So Jos do Egito Curralinho Horta e viveiro de mudas

    Santa Cruz da Baixa Verde Ic Horta

    Calumbi Riacho Horta

    Triunfo guas Claras Agrofloresta

    5.1.5 Oficina de Sistematizao

    O objetivo principal foi o de resgatar o processo de formao do Projeto em

    Educao Ambiental na regio do Paju, bem como organizar o material

    (desenhos, fotografias, textos, poesias, etc.) resultante das oficinas,

    seminrios, visitas de intercmbio e visitas locais, vivenciados durante o

    projeto. Alm deste resgate das atividades buscou-se o dilogo com as/os

    professoras/es afim de ouvir seus depoimentos diante das fases do projeto,

    como se deu a troca de conhecimentos, o que foi aprendido, quais os desafios.

    E assim, proporcionar espaos de discusso e reflexo das vivncias em

    prticas de educao ambiental contextualizada com o semirido.

  • 31

    Esse resgate proporcionou ainda avaliar as metodologias e ferramentas

    utilizadas e criadas ao longo do projeto e com isso contribuir para fortalecer

    uma proposta de educao ambiental contextualizada para o semirido.

    As/os professoras/es puderam trabalhar com base em um roteiro (Quadro 6)

    que j havia sido definido no planejamento das Oficinas de Formao.

    Quadro 6 - Proposta de Roteiro para a Sistematizao das

    Experincias das Oficinas Locais

    O espao para reflexo sobre o que significa e qual a importncia da

    sistematizao pde ser visto como um momento que proporcionou um

    diferencial ao projeto, uma vez que alm de criar condies de avaliao da

    prtica de ensino-aprendizagem, de discusso sobre dificuldades encontradas

    e caminhos construdos, tambm possibilitou o fortalecimento da auto-estima e

    da identificao de que possvel concretizar propostas de educao

    ambiental nas escolas.

    5.1.6 Seminrio Territorial

    Roteiro para Sistematizar as Oficinas Locais (Apresentado durante as Oficinas de Formao)

    1. O que foi proposto? Qual atividade foi programada? 2. Qual a atividade foi realmente realizada? 3. Quando foi realizada? Que turma? Idade? 4. Qual(is) o(s) tema(s) ambiental(is) trabalhado(s)? 5. Como foi a preparao? Quais recursos ou materiais utilizados? Algum mais contribuiu ou participou do processo com voc? Houve alguma parceria ou participao da comunidade? 6. Como foi realizada a oficina local? 7. Qual a reao dos alunos? Como aconteceu a participao? 8. Houve algum resultado? Qual(is)? 9. Qual o desafio encontrado? Houve alguma dificuldade? 10. Voc tem alguma sugesto, reclamao ou alguma considerao sobre a oficina de Educao ambiental com as professoras? E sobre a realizao da oficina local?

  • 32

    Os Seminrios Territoriais de Educao Ambiental tiveram como objetivo

    apresentar e debater os resultados construdos, durante o Projeto de Educao

    Ambiental, com os agricultores e agricultoras, com os gestores pblicos do

    territrio do Paje, como tambm com as parceiras do PDHC. Sobretudo, esta

    apresentao teve como expectativa compartilhar uma proposta metodolgica

    cujos resultados possam contribuir com Polticas Pblicas territoriais e

    municipais para a educao ambiental com foco na Zona Rural do semirido.

    Ao apresentar os resultados, foi realizada tambm uma retrospectiva da

    trajetria das experincias e atividades desenvolvidas na formao das/os

    professoras/es, por meio de fotografias, textos, poesias, relatos de

    experincias, cartazes, desenhos, maquetes, etc. Estes materiais so produtos

    criados pelas/os professoras/es atravs da prtica das Oficinas Locais de

    Educao Ambiental, como tambm dos seminrios, visitas de intercmbio,

    visitas locais, vivenciados durante o projeto.

    Durante o seminrio, as/os professoras/es puderam expressar e compartilhar

    como aconteceram as experincias e a troca de conhecimentos durante as

    diferentes fases do projeto.

  • 33

    6. O que foi aprendido com a experincia?

    Sextilhas (Nossa caminhada)

    Autores: Professor Raimundo e

    Professora Elenilda Amaral

    O que trabalhou nossa gente

    Em cada curso ministrado?

    Sobre o meio ambiente

    Tudo o que foi planejado

    Ficou no papel somente

    Ou deu algum resultado? (Raimundo)

    O meio ambiente foi trabalhado

    Vendo o clima e a paisagem

    A biodiversidade do estado

    A poluio e a reciclagem

    O solo tambm foi estudado

    Recebeu mais de uma homenagem.

    (Raimundo)

    O que se trabalha agora

    Na rea da poluio?

    A lata que se joga fora,

    O papel jogado no cho.

    E a poluio sonora

    No tempo da eleio?

    (Raimundo)

    Houve um curso de formao

    Em Triunfo realizado

    Na rea de educao

    Um projeto foi implantado

    Para uma maior conscientizao

    Deixando o povo educado.

    (Raimundo)

    E sobre gua e solo

    E sobre gua e solo

    O que j foi estudado?

    Que trabalhos foram feitos,

    O que j foi preparado?

    Houve alguma formao

    J deu algum resultado?

    (Elenilda)

    Referente gua e solo

    Tivemos a formao

    Um estudo de dois dias

    Pra embasar nossa ao

    Foram feitas oficinas

    E trabalhos de monto.

    (Elenilda)

    Vrios temas trabalhados

    Pra quem quiser aprender

    O que a compostagem

    E como deve fazer,

    Como ocorre a eroso

    E como o solo proteger.

    (Elenilda)

    A gua tambm foi foco

    Nessa nossa atividade

    Foram feitos intercmbios

    Com aulas de qualidade

    Visitas as fontes dgua

    Que servem comunidade.

    (Elenilda)

  • 34

    Alm do conjunto de temas que tiveram seus contedos explorados tanto nos

    momentos de formao dos/as professores/as, como desses/as no contexto

    das escolas, no processo geral de desenvolvimento do Projeto destacam-se

    alguns pontos estruturantes e estruturadores de aprendizagem:

    - A importncia da observao e identificao de problemas socioambientais no

    contexto da comunidade e a articulao com discusses mais globais como

    estratgia de construo do elenco de temas geradores.

    - Informaes e produo de conhecimento sobre o Bioma Caatinga, sua

    significativa sociobiodiversidade, as presses existentes quanto ao uso da

    cobertura vegetal e suas consequncias. O exerccio do olhar e ver, pois havia

    professoras que no conheciam espcies nativas como aroeira, umburana,

    mulungu, reforando a necessidade de trabalhar a questo socioambiental de

    forma que dialogue com o contexto local.

    - O resgate e incorporao do contexto rural e da agricultura familiar no

    processo de ensino-aprendizagem; contribuindo para quebrar o estranhamento

    sobre o universo do mundo produtivo e da realidade das famlias, seus modos

    de vida e insero no contexto regional.

    - A insero da dimenso da convivncia com o semirido respaldada por

    experincias concretas ligadas ao uso sustentvel das terras e de intercmbios

    que possibilitaram a troca direta de percepes, dificuldades e possibilidades

    da prtica pedaggica entre professores/as que atuam no mbito de escolas

    rurais do semirido.

    - A extenso das atividades das oficinas Locais para alm dos muros da

    escola, envolvendo os pais dos/as alunos/as e possibilitando troca de saberes,

    alm da valorizao do saber local, emprico.

    - A necessidade de aproximao entre as aes de convivncia com o

    semirido desenvolvidas a partir de projetos como o PDHC e por instituies

    parcerias, que prioritariamente focam os/as agricultores/as, com o universo das

  • 35

    escolas e dos processos de construo de conhecimentos e de cidadania da

    populao.

  • 36

    7. Reflexo e Anlise sobre a Experincia Vivida

    A educao e, por conseguinte, a educao ambiental, como toda prtica

    social pode significar transformao ou manuteno de uma dada situao ou

    realidade. Da necessrio pontuar que no qualquer educao ambiental

    que contribui para formao de sujeitos ambientais.

    Apesar de podermos identificar vrias iniciativas ao longo das ltimas trs

    dcadas nomeadas como de educao ambiental, geralmente carecem de

    maior sustentao em suas prticas pedaggicas. Segundo Guimares (2004,

    p. 120),

    Os professores, na maior parte das vezes, esto preocupados com a degradao da natureza, mobilizam-se com empenho sincero para enfrentar essa questo, mas as prticas resultantes, geralmente so pouco eficazes para atuar, de forma significativa, no processo de transformao da realidade mais imediata com a qual esto lidando e, reciprocamente, com uma realidade mais ampla.

    A educao ambiental uma prtica pedaggica, que para acontecer necessita

    de um ambiente educativo propcio, o que significa falar no apenas do

    ambiente escolar, mas da interao de diferentes atores, motivada pelo/a

    professor/a.

    O resultado positivo do Projeto, identificado seja atravs da avaliao feita

    junto aos professores ao final de cada oficina, seja registrado em entrevistas

    especficas tanto com professores/as como com pais dos alunos durante o

    processo de coleta de informaes para a sistematizao das experincias,

    deve-se a implementao da proposta em sua totalidade. Significa dizer que

    desde a mobilizao, formao dos/as professores/as, oficinas locais nas

    escolas, intercmbios, presena de instituies e de aes de convivncia com

    o semirido no territrio, preparo especfico para o registro das experincias

    at a realizao dos seminrios territoriais, pode-se falar em ambientes

    educativos e possibilidades concretas de transformao.

  • 37

    Formao de Professores/as Educadores/as Ambientais

    necessrio evidenciar que existe uma forte lacuna no processo de formao

    dos professores numa perspectiva geral e que no tocante a incluso da

    dimenso ambiental essa fragilidade torna-se ainda mais evidente,

    principalmente se a perspectiva for a da dimenso da cidadania, da

    possibilidade de leitura crtica das questes socioambientais e da organizao

    para ao.

    importante ter claro que os processos de ensino-aprendizagem implicam

    sempre em mediaes sociais, mas tambm cognitivas e afetivas, e no em

    um rol de contedos a serem repassados e multiplicados. Nesse sentido,

    envolve criatividade, identificao e/ou desenvolvimento de habilidades, de um

    universo de estratgias participativas. Pressupe reflexo crtica e ao criativa

    e o reconhecimento de que a difuso de informaes e tcnicas sozinha no

    produz transformao.

    A escola representa o contexto imediato, em sua insero na realidade local e

    como espao de interveno do/da professor/a, mas necessrio criar e/ou

    fortalecer comunidades de aprendizagem e redes de comunicao que

    possibilitem a educao continuada e ampliem a possibilidade de interveno

    de cada educador/a.

    ainda importante perceber cada vez mais o quanto a perspectiva da auto

    estima faz-se necessria para o desempenho do/da educador/a, que precisa

    estar seguro para inovar e reformular suas prticas. Da, os processos

    formativos no devem abrir mo tanto do tempo necessrio para construo do

    conhecimento, como para o acompanhamento das aes, assim como das

    condies materiais mnimas para o desenvolvimento dos processos de

    pesquisa-interveno educacional. Esses foram fatores diferenciais do Projeto,

    principalmente no que toca a assessoria dada pelos tcnicos do Sabi no

    desenrolar das atividades nas escolas em sua insero nas comunidades.

  • 38

    Na prtica do sistema escolar, essa atividade desenvolvida pelo coordenador

    pedaggico, mas concretamente parece haver um distanciamento forte dos/as

    gestores/as com o universo da sala de aula, da realidade objetiva e subjetiva

    dos/as professores/as. Esta uma fragilidade concreta quando da inteno de

    ampliar a iniciativa para outros territrios de atuao do PDHC, considerando a

    perspectiva de continuidade das aes.

    Vislumbrando a possibilidade de ampliao da proposta metodolgica que

    subsidiou a experincia de educao ambiental, deve-se incluir no processo

    formativo opes de elaborao do diagnstico participativo, como caminho

    que possibilita organizar temas geradores sobre os quais sero pensadas as

    estratgias pedaggicas. O diagnstico tambm contribui para aprofundar as

    reflexes, identificar os atores envolvidos, as responsabilidades diferenciadas

    diante de situaes conflituosas,

    A experincia desenvolvida demonstrou tambm a importncia do processo de

    planejamento das atividades por parte dos/as professores/as e da formao

    para a sistematizao das experincias, contribuindo para o repensar das

    aes, para o fortalecer das iniciativas, para o aumento da auto-estima. No

    tocante a sistematizao, a discusso conceitual baseada na percepo dos

    participantes, assim como a estruturao do como fazer, poderiam estar como

    item especfico no incio do processo de formao.

    Conhecimentos, valores ticos e participao poltica so dimenses que

    precisam ser consideradas para o desenvolvimento de educao ambiental. Da

    mesma forma, capacidade para ler a complexidade do mundo, predisposio

    para o novo e capacidade de organizao e liderana, so requisitos para o

    trabalho do educador ambiental.

    A educao ambiental em sua perspectiva crtica se prope, segundo

    Guimares (2004, p. 134) a

    formar dinamizadores de ambientes educativos (e no multiplicadores), que, ao compreenderem a complexidade dos processos (movimentos) sociais, motivados pela reflexo crtica, mobilizem (mobilizao = ao em movimento prxis),

  • 39

    com sinergia, processos de interveno sobre as dinmicas constitudas e constituintes da realidade socioambiental.

    Porque educao construo, mais do que reproduo e transmisso de

    conhecimentos.

    Continuidade das Aes

    Toda situao de inovao educativa gera resistncias, que precisam ser

    percebidas e em algum momento explicitadas, pois podem significar entraves

    para que se siga adiante. Por sua vez, os/as professores/as que se envolvem

    nesses processos de mudanas precisam de incentivos para reconhecer suas

    potencialidades para a transformao, superar inseguranas e contribuir para

    identificar as brechas no mbito de ambientes resistente s mudanas.

    A continuidade das aes no contexto das escolas passa por um conjunto de

    condies: formao continuada dos/as professores/as; planejamento

    permanente; monitoramento/acompanhamento das iniciativas, com

    identificao de indicadores, preferencialmente qualitativos; sistematizao e

    reflexo sobre as aes.

    A dimenso temporal circunscrita no desenho de projetos financiados por

    instituies sejam elas pblicas, da sociedade civil ou mesmo privadas no so

    suficientes para amparar esse vis de carter permanente e leva a

    necessidade de incluir a discusso e identificao de sadas, de estratgias

    ousadas no sentido da institucionalizao das aes.

    Importncia da articulao escola-sociedade

    A educao ambiental pressupe reconhecer a importncia do ambiente

    educativo, compreendido como a dinmica existente entre escola e

    comunidade e entre esta e a sociedade na qual est inserida, em suas

    diferentes escalas (municpio, territrio, estado, nao, mundo).

  • 40

    A realidade buscada no local e no cotidiano, que possibilite a construo de um

    universo temtico que tenha significado para os participantes, que contribua

    para gerar o sentido de pertencimento, de identificao, de envolvimento.

    Materiais

    Materiais em educao ambiental um tema que tambm merece ateno,

    haja vista ainda ser precrio, pouco presente nos livros didticos disponveis,

    ou mesmo no acesso dos/das professores/as e alunos/as a materiais para

    consulta atualizados e contextualizados, bibliotecas, vdeos e internet.

    No processo das Oficinas de Formao, foi disponibilizado um universo de

    materiais de consulta (livros, artigos, livretos, vdeos, dentre outros), que no

    fazem parte necessariamente do que os/as educadores/as que atuam nas

    escolas rurais dispem no cotidiano de seus planejamentos e de suas prticas.

    Significa dizer que o desenho de ampliao do projeto precisa contemplar essa

    dimenso.

  • 41

    Bibliografia

    APOIO NAS OFICINAS DE FORMAO DAS/OS PROFESSORAS/ES CUNHA, Nilson. Seu Z e as rvores do Serto: O Juazeiro. No. 04. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis. 1987 CUNHA, Nilson. Seu Z e as rvores do Serto: O Sabi. No. 03. Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis. 1987

    CRUZ, Jos Walter B.; REZENDE, Vanise; PORTO, Everaldo Rocha. Potencialidades da Vegetao Nativa. Programa Pernambuco Convivendo com a Seca. Cartilha No. 08. Secretaria de Agricultura de PE. 39p.

    DELMONDES, J.A.S.; HOLANDA, R.C.H. Plantas Medicinais: receitas do povo do Araripe. Ouricuri PE: Caatinga, 2003. 59p LEGAN, Lcia. A Escola Sustentvel - Eco-alfabetizando pelo ambiente. Capitulo: A gua est em todo lugar. Editora Imprensa Oficial. 2a Edio 2007.

    IDEC. Consumo Sustentvel: Manual de Educao. Capitulo: III Segurana Alimentar e o solo; Capitulo IX: A gua. 2002.

    LIMA, Marcelino. Um quintal com plantas medicinais uma farmcia na porta de casa: Uma experincia de Dona Maria do Carmo com plantio e uso de plantas medicinais. ASPTA Assessoria e Servios a projetos em Agricultura Alternativa. CNIP Centro Nordestino de Informaes sobre Plantas. 9p INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS. DIRETORIA DE RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS. Manejo Florestal Sustentado da Caatinga. 2 ed. Braslia. 1999. 26 p.

    Manual de atividades de educao do campo do Caatinga.

    OLIVEIRA, ngelo Custdio Neri de Oliveira; SOUZA, Ivnia Paula Freitas de

    (Orgs.). Educao de jovens e adultos no semi-rido brasileiro. Mludos I e

    II. So Paulo: Peirpolis, 2008.

    OLIVEIRA, ngelo Custdio Neri de Oliveira; SOUZA, Ivnia Paula Freitas de

    (Orgs.). Educao de jovens e adultos no semi-rido brasileiro. Mludos III

    e IV. So Paulo: Peirpolis, 2008.

  • 42

    REZENDE, Vanise; PIRES, Luciana Correia; PORTO, Everaldo Rocha. Alimentao Alternativa no Semirido. Programa Pernambuco Convivendo com a Seca. Cartilha No. 09 Secretaria de Agricultura de PE. 27p. SABI. Cartilha Agrofloresta no Semirido. Recife: Centro Sabi, 2010. SAMPAIO, Everardo V.S.B. et al. Vegetao e flora da caatinga. Everardo V.S.B. Sampaio, Ana Maria Giuliette, Jair Virgnio; Cntia F. L. Gamarra-Rojas (editores). Recife: Associao Plantas do Nordeste APNE; Centro Nordestino de Informaes sobre Plantas CNIP, 2002. 176p.

    WWF BARSIL. Investigando a Biodiversidade: Guia de Apoio a Educadores do Brasil. Captulo: O que e Biodiversidade? Belo Horizonte/Braslia: Conservao Internacional, Instituto Supereco, WWF Brasil.. 2010.

    BIBLIOGRAFIA DE APOIO AO PROCESSO DE SISTEMATIZAO

    BERGAMASCO, Snia M. Pessoa P. Caracterizao da agricultura familiar no

    Brasil, a partir dos dados da PNAD. Revista Reforma Agrria, n. 25.

    Campinas: ABRA, p.. 167-177, 1995.

    BRASIL, MINISTRIO DA EDUCAO. Panorama da educao ambiental

    no ensino fundamental. Braslia: MEC, SEF, 2001, 149 p.

    CAATINGA; DIACONIA; SABI. III Caderno de Experincias: Agroecolgia

    transformando paisagens desertificadas. Pernambuco, s/d.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica

    educativa. So Paulo: Paz e Terra, 1996, 146 p.

    GUIMARES, Mauro. Educao ambiental crtica. In: LAYRARGUES, Phillippe Pomier. Identidades da educao ambiental brasileira. Braslia: Ministrio do Meio Ambiente, 2004. GUIMARES, Mauro. A formao de educadores ambientais.So Paulo: Papirus, 2004, 174 p. HOLLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experincias. 2 ed. Braslia: MMA, 2006. KAPLAN. Allan. O processo social e o profissional do desenvolvimento. Artistas do invisvel. So Paulo: Instituto Fonte para o Desenvolvimento Social e Editora Fundao Peirpolis, 2005.

  • 43

    LEAL, R. Inara; SILVA, Jos Maria C.; TABARELLI, Marcelo; LACHER JR., Thomas E. Mudando o rumo da conservao da biodiversidade da Caatinga no Nordeste do Brasil. Megadiversidade, Vol. 1, N. 1, jul, 2005. LIMA, Gustavo Ferreira da Costa. Educao, emancipao e sustentabilidade: em defesa de uma pedagogia libertadora para a educao ambiental. In: LAYRARGUES, Phillippe Pomier. Identidades da educao ambiental brasileira. Braslia: Ministrio do Meio Ambiente, 2004. ________. Crise ambiental, educao e cidadania: os desafios da sustentabilidade emancipatria. In: LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo; LAYRARGUES, Philippe Pomier; CASTRO, Ronaldo Souza (Orgs.). Educao ambiental: repensando o espao da cidadania. So Paulo: Cortez, 2002. ________. Questo ambiental e educao: contribuies ao debate. Ambiente & Sociedade, NEPAM/Unicamp, Campinas, ano II, N 5, 135-153, 1999.

    MARTINS, Josemar da Silva. Anotaes em torno do conceito de educao para a convivncia com o semi-rido. In: RESAB. Secretaria Executiva. Educao para a convivncia com o semi-rido: reflexes terico-prticas. 2 edio. Juazeiro/BA: Selo Editorial Resab, 2006.

    MORIN, Edgar. Os sete saberes necessrios educao do futuro. So Paulo: Cortez; Braslia/DF: Unesco, 2000. SILVA, Roberto Marinho Alves da. Entre o combate seca e a convivncia com o semi-rido: transies paradigmticas e sustentabilidade do desenvolvimento. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2006.

    WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. A agricultura familiar no Brasil: um

    espao em construo. Revista Reforma Agrria, n. 25. Campinas: ABRA, p.

    37-57, 1995.

    Ensinar exige a convico de que a mudana possvel Exige alegria e esperana Requer apreenso da realidade

  • 44

    ANEXOS

  • 45

    Anexo I Fontes de Informao

    Ano Fonte de Informao Tipo

    Arq. Origem dos Registros

    2009

    Projeto EA no Paje PDHC GEF Serto Word

    Centro Sabi

    Sistematizao do processo de capacitao em Educao Ambiental

    Word

    Leitura Analtica do Diagnstico Word

    Resultados Projeto de EA Paje Ppt

    Relatrio Atividade 13 e 14 de agosto Pdf

    Relatrio de Acompanhamento das Oficinas Locais 1

    Pdf

    Relatrio II Oficina Territorial EA Paje Pdf

    Relatrio Intercmbio Ouricuri 27 e 28 de agosto

    Pdf

    Relatrio Intercmbio Horta orgnica e Biodigestor

    Pdf

    Relatrio Intercmbio Serra da Matinha Pdf

    Relatrio Oficina de Avaliao Final Word

    Relatrio Oficina de Sistematizao Final

    Relatrio Seminrio Territorial de EA Pdf

    Relatrio de Acompanhamento I Word

    Relatrio de Acompanhamento II Word

    Relatrio de Acompanhamento III Word

    Relatrio de Acompanhamento IV Word

    Fotos

    Ano Fonte de Informao Tipo

    Arq. Origem dos Registros

    2010

    Projeto EA 2010 Word

    Centro Sabi

    Relatrio acompanhamento Oficinas Locais Pdf

    Relatrio de Intercmbio Intermunicipal Pdf

    Relatrio I Curso EA Abril 2010 Word

    Relatrio I Curso EA Julho 2010 Pdf

    Relatrio Seminrio Territorial de EA Pdf

    Relatrio II Oficina de Avaliao de EA

    Sistematizao Final EA 2010 Word

    Relatrio de Acompanhamento I Word

    Relatrio de Acompanhamento II Word

    Relatrio de Acompanhamento III Word

    Relatrio de Acompanhamento IV Word

    Fotos

    Ano Fonte de Informao Tipo

    Arq. Origem dos Registros

    2011

    Relatrio da visita de campo da consultoria Word

    Edneida Cavalcanti (Consultora para Sistematizao)

    Entrevista com professores/as envolvidos no projeto

    Word

    Entrevista com Juliana Quaresma colaboradora do projeto

    Word

    Entrevistar com tcnicos/as do Centro Sabi

    Fotos

  • 46

    Anexo II - Dinmicas

  • 47

    Caatinga,

    Biodiversidade

    A Caatinga

    A caatinga brasileira

    Que mais rica foi outrora

    Est sendo destruda

    Por quem nela mesmo mora

    Por que no sabe a riqueza

    Que tem na fauna e na flora

    Na flora catingueira

    de admirar

    Tem planta alta e rasteira

    Sem precisar de plantar

    Mas se cortar sem controle

    Um dia vai acabar

    A caatinga muito sbia

    Em todas suas escolhas

    Pra se proteger da seca

    As plantas ficam zarolhas

    Algumas guardam a gua

    E outras perdem as folhas.

    Professora Elenilda Amaral.

    Afogados da Ingazeira

    22 de julho de 2010.

  • 48

    DESENVOLVIMENTO - Realizao de aula passeio nas proximidades da comunidade para

    reconhecimento da diversidade de plantas existentes.

    - Escolha de algumas espcies para coleta de razes.

    - Identificao, contando com a colaborao dos pais dos alunos/as e das

    merendeiras da escola; distribuio, identificao e etiquetagem.

    - Registro da espcie e seus usos.

    - Elaborao de um caderno sobre Razes da Caatinga.

    Os alunos e alunas acreditam na medicina alternativa por ser algo utilizado nas suas casas por suas mes.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Rita de Cssia Andrade para alunos do 3 ano (8 a 11 anos) da Escola Municipal do Stio Gameleira, municpio de Carnaba

    OBJETIVO

    Reconhecer diferentes tipos de razes da vegetao de Caatinga;

    Identificar o seu uso medicinal.

    Razes da Caatinga

  • 49

    DESENVOLVIMENTO - Aula passeio no entorno da escola.

    - Estmulo para o reconhecimento de cheiros e sons diferentes ao longo do

    passeio e compartilhamento da experincia.

    - Trabalho em sala de aula com produo de textos e desenho em cartazes a

    partir da vivncia.

    - Realizao da atividade da Arca de No com a construo de uma lista com

    nomes de animais conhecidos da regio. Os animais escolhidos so imitados

    atravs de sons formando pares.

    - Elaborao de livro-desenho sobre meio ambiente e realizao de trabalhos

    com massa de modelar sobre os animais.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Maria Aparecida Almeida para alunos do Pr at 4 ano (6 a 18 anos) da Escola Municipal do Assentamento Queimada Nova, municpio de Sertnia.

    OBJETIVO - Trabalhar outros rgos do sentido alm da viso. - Sentir os cheiros da Caatinga; - Ouvir os diferentes sons e tentar associar a origem.

    Cheiros e sons da Caatinga

  • 50

    DESENVOLVIMENTO

    - Realizao de atividade de campo para conhecer as variedades de flores da

    Caatinga.

    - Coleta de algumas espcies (de pequeno porte).

    - Discusso em sala sobre o que foi percebido com registro em desenhos que

    depois so expostos.

    - Orientao para construo de um jardim na escola.

    - Construo de um roteiro de perguntas para realizao de pesquisa sobre a

    vegetao da regio junto aos pais.

    - Discusso em sala de aula e incluso de temas sobre queimadas,

    desmatamento e as conseqncias na biodiversidade da Caatinga.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Maria Aparecida Almeida para alunos do 4 ano (6 a 18 anos) da Escola Municipal do Assentamento queimada Nova, municpio de Sertnia.

    OBJETIVO Observar a variedade de espcies da Caatinga. Identificar as flores existentes. Construir um jardim na escola.

    Flores da Caatinga

  • 51

    DESENVOLVIMENTO

    - Elaborao do croqui da comunidade atravs de desenho feito pelos alunos,

    mostrando a natureza, como eles perceberam, principalmente a vegetao, a

    partir de trajeto feito caminhando.

    - Realizao de uma pesquisa, com entrevista a ser aplicada em casa com os

    pais, sobre a realidade anterior: Como era antes? Existiam tantas rvores

    derrubadas?

    - Fazer registro dos resultados em sala de aula.

    - Adicionar o tema: os animais dependem das plantas a partir da leitura de

    texto que fale sobre o ciclo da vida, a interdependncia. Discutir o que

    acontece quando o ambiente desmatado, quem sofre com as conseqncias,

    como ficam os seres humanos, o que pode ser feito.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Maria Aparecida Almeida para turma multisseriada da Escola Municipal Antnio Leite do Assentamento Queimada Nova, municpio de Sertnia.

    OBJETIVO

    Estimular a percepo do lugar por parte dos/as alunos/as.

    Desenvolver a reflexo sobre as mudanas ocorridas e suas causas.

    Trazer referenciais dos pais dos alunos e/ou de pessoas mais velhas que vivem na comunidade.

    Construindo o Desenho da Comunidade

  • 52

    DESENVOLVIMENTO

    - Aula passeio. Visita a uma rea desmatada e queimada e conversa com o/a

    agricultor/a sobre as prticas realizadas, o porqu feito dessa forma. Visita a

    uma rea conservada (se possvel a uma experincia com agrofloresta) e

    conversa com o/a agricultor/a sobre as prticas realizadas, o porqu feito

    dessa forma e quais as vantagens.

    - Discusso em sala de aula com colocao das justificativas para cada uma

    das prticas, a partir de uma reflexo socioeconmica, da condio histrica da

    agricultura familiar, dos aspectos culturais, etc. Evitar a anlise que condena a

    atividade de desmatamento e queimada em prol da preservao sem fazer as

    ponderaes necessrias.

    - Apresentao de algumas alternativas de usos sustentvel da Caatinga.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Ana Paula para turma de Pr 1 e 2 ano (4 a 6 anos) da Escola Municipal do Stio Gameleira, municpio de Carnaba.

    OBJETIVO Observar situaes de degradao e de conservao da Caatinga. Identificar aspectos culturais e socioeconmicos que levam ao uso no sustentvel. Apresentar alternativas de uso sustentvel.

    Consequncias dos Desmatamentos e Queimadas

  • 53

    DESENVOLVIMENTO

    - Na atividade de sala, leitura do texto O Medo da Sementinha.

    - Apresentao de tarjeta com uma nova palavra para a turma:

    Reflorestamento.

    - Exerccios de interpretao do texto e de conhecimento sobre a nova palavra.

    - A atividade de campo foi de reconhecimento de espcies da Caatinga, que

    pode contar com o auxlio de pessoas mais velhas da comunidade ou de algum

    tcnico agrcola.

    - Confeco de mudas de plantas da Caatinga. Apresentao das sementes a

    serem trabalhadas (precisam ser coletadas antes, ou adquiridas em parceria) e

    dos procedimentos com a terra e as sementes.

    - Ao final, quando as mudas estiverem no tamanho adequado, cada aluno

    ficar responsvel por levar uma muda para casa e cuidar.

    - As outras mudas podem ser utilizadas para arborizao da escola ou das

    proximidades da comunidade.

    Dinmica organizada e utilizada pelo professor Cludio para turma de Pr 1 e 2 ano (4 a 6 anos) da Escola Municipal do Stio Gameleira, municpio de Carnaba.

    OBJETIVO

    Trabalhar a importncia das plantas nativas da Caatinga.

    Preparar mudas e um viveiro na escola.

    Reconhecendo a Biodiversidade da Caatinga

  • 54

    DESENVOLVIMENTO

    - Aula passeio nos arredores da comunidade fotografando a variedade de

    plantas da Caatinga no local.

    - Discusso em sala de aula a partir das fotos, com posterior produo de

    texto.

    - Construo de livro coletivo com imagens das plantas, informaes sobre

    elas, que podem ser buscadas junto aos pais e tcnicos que atuem na

    comunidade, e textos elaborados pelos/as alunos/as.

    - A atividade pode ser enriquecida com leitura de textos sobre o tema ou de

    uso de vdeos.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Adriana Suzi B. Vasco para turma de 3

    o e 4

    o

    ano (8 a 15 anos) da Escola Municipal da Comunidade Pintada, municpio de Afogados da Ingazeira.

    OBJETIVO

    Estimular os/as alunos/as a perceberem a diversidade de vida existente na Caatinga, principalmente de plantas.

    Desenvolver a curiosidade sobre as espcies fotografadas, inclusive sobre os usos.

    Fotografando a Biodiversidade da Caatinga

  • 55

    Resduos Slidos

    Lixo de luxo

    Vem de boa e bela rvore

    cada folha de um caderno.

    Por isto no gaste toa...

    para o verde ser eterno!

    Ainda bem que inventaram

    esta tal de reciclagem.

    Papel velho vira novo.

    Veja s que bela imagem!

    Todo lixo, que fantstico,

    pode ser aproveitado.

    Lata, vidro, papel ou

    plstico

    vo em cesto separado.

    Na escola, d para inventar

    coisa nova at de lata.

    gostoso de brincar

    com brinquedo de sucata.

    Autor: desconhecido

  • 56

    DESENVOLVIMENTO - Realizao de caminhada no entorno da escola, utilizando um raio de

    aproximadamente 10 metros, com durao de cerca de 20 minutos.

    - Distribuio de sacos grandes para coleta dos resduos slidos encontrados.

    - Em sala de aula realizar a contabilizao do material coletado. Para facilitar

    podem ser utilizadas sacas de 60 Kg utilizadas para armazenar gros.

    - Na sequncia fazer a separao e identificao do material (metal, plstico,

    papis e vidros), conversando sobre como esses resduos so produzidos,

    como foi parar prximo a escola, a diferena entre resduos que se degradam e

    os que levam muito tempo para se decompor, bem como sobre a importncia

    do destino adequado do lixo e as alternativas para os resduos, como

    reciclagem e em alguns casos cavar buracos e enterrar.

    - Como forma de trabalhar a reutilizao de materiais pode ser construda uma

    pequena horta com a participao de alunos/as, pais dos alunos e merendeiras

    da escola, aproveitando garrafas pet, pneus e bacias quebradas.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Maria das Graas para alunos do Pr ao 4 ano (4 a 9 anos) da Escola Municipal do Assentamento Capim, municpio de Sertnia.

    OBJETIVO Identificar se h problemas com destinao inadequada dos resduos slidos no entorno da escola. Identificar os tipos de resduos e realizar a separao dos mesmos. Refletir sobre o problema e as conseqncias do mesmo.

    Sensibilizao sobre Resduos Slidos

  • 57

    DESENVOLVIMENTO - Leitura compartilhada do texto Tratamento do lixo.

    - Exerccio de separao dos resduos slidos em sala de aula, relacionando as

    cores utilizadas como referncia.

    - Pesquisa em grupo, a partir de material disponibilizado pelo professor/a,

    sobre: tempo de decomposio, impacto causado pela produo da

    embalagem, o apelo publicitrio do produto e opo para reutilizao do

    material.

    - Questionamentos sobre o destino que a comunidade vem dando aos seus

    resduos.

    - Visita na rea da comunidade e entrevista com os/as moradores/as.

    - Discusso sobre medidas que podem ser tomadas para melhorar o problema:

    como colocao de tonis para coleta, contatos com os rgos responsveis

    para melhoria do servio na comunidade, etc.

    - A atividade pode ser ampliada com a utilizao de vdeo que trata da origem

    dos materiais e finalizar com uma produo de textos e desenhos sobre o

    assunto.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Adriana Suzi B. Vasco para alunos do 3o e 4

    o

    ano (8 a 15 anos) da Escola Municipal da Comunidade Pintada, municpio de Afogados da Ingazeira.

    OBJETIVO

    Refletir sobre a questo dos resduos slidos.

    Tratar o assunto a partir da situao da comunidade.

    Buscar identificar formas de melhorar a situao

    Tratamento do Lixo

  • 58

    DESENVOLVIMENTO - Realizao de visita de campo para observar a situao dos resduos slidos

    na comunidade e coleta dos materiais encontrados.

    - Trabalho em sala de aula com textos, textos fatiados, caa palavras,

    cruzadinhas, construo de acrstico com a palavra LIXO e construo de

    poema a partir da leitura.

    - Realizao de oficina sobre separao dos resduos slidos atravs das

    cores, confeco de caixas para coleta seletiva e uma pesquisa para fazer em

    casa com a questo: Para onde vai o lixo da minha casa?

    - Elaborao de diagnstico a partir da atividade de casa.

    - Apresentao dos resultados comunidade (aos pais dos alunos) por meio

    de oficina, com apresentao dos trabalhos produzidos e debate sobre a

    questo.

    - Identificao de possveis parcerias (empresas de reciclagem, associao de

    catadores, prefeitura) com o objetivo de implantar a coleta seletiva na

    comunidade.

    Dinmica organizada e utilizada pelos professores Alessandro, Ronalda Pires e Ivanilda para alunos do Pr at 4 ano (4 a 13 anos) da Escola Municipal da Comunidade de Santo Antnio II, municpio de Afogados da Ingazeira.

    OBJETIVO Refletir sobre a questo dos resduos slidos.

    Tratar o assunto a partir da situao da comunidade.

    Identificar as conseqncias para a fauna, flora e sada das pessoas.

    Buscar identificar formas de melhorar a situao

    Poluio pelos resduos slidos quais as consequncias

  • 59

    DESENVOLVIMENTO - Construo de caixas seletivas a partir das cores padronizadas para papel,

    metal, vidro e plstico. Colocao de balde para a coleta do material orgnico.

    - Caminhada pela comunidade para observar a destinao dos resduos,

    coletando o material slido encontrado.

    - Em sala de aula, separao e acondicionamento nas caixas seletivas.

    - Debate explorando o destino que seria dado ao lixo coletado.

    - Visita a cozinha da escola e identificao do lixo orgnico; tempestade de

    idias em torno do que o lixo orgnico, sua importncia como evitar

    desperdcio e como utiliz-lo na prpria escola.

    - Discusso sobre compostagem e como implantar.

    - Compostar o lixo simples. criar condies mnimas para que a natureza faa o seu trabalho de decomposio da matria orgnica. Numa composteira, que pode ser um recipiente com tampa e furos nas laterais (para deixar o ar circular), microorganismos encontram um banquete perfeito para dois ou trs meses. O que antes eram cascas de frutas, restos de hortalias, folhas do jardim, cascas de ovos e um ou outro restinho de comida que sobrou no prato (aqui preciso ficar de olho no desperdcio e no famoso olho maior do que a barriga, hein), na composteira se transforma em adubo de tima qualidade.

    Dinmica organizada e utilizada pela professora Adriana Suzi B. Vasco para alunos de turma multisseriada de 3 e 4 srie da Escola Municipal Santa Lcia na comunidade de Pintada, municpio de Afogados da Ingazeira.

    OBJETIVO Identificar a diferena entre esses dois tipos de resduos.

    Trabalhar em conjunto com a cozinha da escola.

    Discutir sobre a compostagem do lixo orgnico.

    Lixo orgnico e inorgnico

  • 60

    Solos

    Solo

    O solo merece estudo

    Em sua composio

    Desde a sua formao

    At o seu contedo

    Pois no solo tem de tudo:

    Restos de animal de vegetal

    Sem esquecer o mineral

    Da decomposio da rocha

    no solo que desabrolha

    Cada flor em especial

    O solo um laboratrio

    Para o estudo da escola

    no solo que desenrola

    Da cincia um relatrio

    O homem no sendo simplorio

    Sabe que o solo tem vida

    Cada minhoca escondida

    Sob a terra importante

    uma fabrica de fertilizante

    Pela natureza construda

    O solo composto de argila

    Mas tambm possui areia

    Para formar uma cadeia

    Onde o humus desfila

    E o micro organismo faz a fila

    Para decompor a matria

    Com a ao da bactria

    Por isso vamos preservar

    Para ter onde plantar

    Pois o solo coisa sria

    Professor Jos Raimundo de

    Lima

    (So Jos do Egito)

  • 61

    DESENVOLVIMENTO

    - Iniciar com algumas questes para alimentar o debate sobre o solo e provocar

    curiosidades a serem respondidas durante as diversas atividades: O que

    eroso? Como ocorre? Quais so as principais causas da eroso? A eroso

    pode ser evitada? Como? Qual a relao existente entre a vegetao e o solo?

    O que solo arenoso? O que solo argiloso? O que solo rico em humos?

    - Para responder estas perguntas foram realizadas demonstraes,

    observaes e registros sobre:

    - A ao da chuva sobre o solo desprotegido de vegetao.

    - O desenvolvimento de plantas em solo diferentes, plantando sementes

    de milho e feijo em areia, em barro e em humos.

    - Visita a alguma experincia de prticas alternativas de uso e

    conservao de solo existente na regio(*).