Sobre a Lei e o Evangelho · 1. Por que a lei não é a regra de vida do crente. 2. Qual é a...

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Sobre a Lei e o Evangelho Título original: On the Law and the Gospel Por J. C. Philpot (1802-1869) Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra Jan/2017

Transcript of Sobre a Lei e o Evangelho · 1. Por que a lei não é a regra de vida do crente. 2. Qual é a...

Sobre a Lei e o Evangelho

Título original: On the Law and the Gospel

Por J. C. Philpot (1802-1869)

Traduzido, Adaptado e

Editado por Silvio Dutra

Jan/2017

2

P571

Philpot, J. C. – 1802 -1869

Sobre a lei e o evangelho / J. C. Philpot Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 44p.; 14,8 x 21cm Título original: On the Law and the Gospel 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves,

Silvio Dutra I. Título CDD 230

3

Sumário

Introdução.......................................................

4

Por que a lei não é a regra de vida do crente.................................................................

6

Qual é, então, a regra de vida do crente? ..............................................................

14

Desmentir a objeção lançada sobre nós de que nossas opiniões conduzem ao antinomianismo doutrinário ou prático...............................

21

4

Introdução:

Meu caro senhor,

Em uma de suas cartas, você expressa o

desejo de que eu dê meu ponto de vista

sobre este assunto: "Por que, a meu ver, a

lei não é a regra de vida do crente". Ao fazer

isso, aproveitarei a ocasião para oferecer

meus pensamentos sobre esses três

pontos distintos;

1. Por que a lei não é a regra de vida do

crente.

2. Qual é a regra.

3. Desmentir a objeção lançada sobre nós,

de que nossas opiniões conduzem ao

antinomianismo doutrinário ou prático.

Por um crente, eu entendo alguém que

pela fé em Cristo é libertado da maldição e

escravidão da lei e que sabe algo

experimentalmente da vida, luz, liberdade

e amor do evangelho glorioso da graça de

Deus. Pela lei eu entendo principalmente,

5

embora não exclusivamente, a lei de

Moisés. E pela regra da vida, eu entendo

um guia para fora e para dentro, segundo o

qual um crente dirige sua caminhada e

conversão diante de Deus, da Igreja e do

mundo.

É muito necessário ter estritamente em

mente, que estamos falando inteiramente

e unicamente de um crente. O que tem a lei

a ver com um crente em Cristo Jesus? Será

exigido pela vontade revelada de Deus,

para tomar a lei como uma regra

orientadora em sua vida? Respondo; Não. E

por várias razões.

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1. Por que a lei não é a regra de vida do

crente.

Deus não nos deixa em liberdade para

tomar à vontade uma parte da lei e deixar a

outra. Deve ser tomado ou deixado como

um todo, pois Deus assim o revelou. Não

consigo encontrar em nenhuma parte da

Palavra de Deus qualquer mitigação de

seus termos, ou qualquer redução à

metade dela, de modo que, de acordo com

os pontos de vista de muitos teólogos que

escreveram sobre o assunto, podemos

estar mortos para ela como uma aliança;

como regra geral.

A característica essencial e distintiva da lei

é que ela é uma aliança de obras, exigindo

completa e perfeita obediência, anexando

uma tremenda maldição à menor violação

de seus mandamentos. Se, então, eu, como

crente, tomar a lei como minha regra de

vida, eu a tomo com a sua maldição;

coloco-me sob o seu jugo, pois ao recebê-la

como meu guia, (e se não o faço, não é o

meu governo), tomo-a com todas as suas

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condições e fico sujeito a todas as suas

penalidades. A conexão entre uma aliança

e suas regras é claramente mostrada em

Gálatas 5: 1-6 onde o apóstolo testifica

"todo homem que é circuncidado, é

devedor de toda a lei". É ocioso falar de

tomar a lei para uma regra de vida, e não

para um pacto, pois as duas coisas são

essencialmente inseparáveis; e como

aquele que guarda toda a lei e, no entanto,

ofende em um ponto, é culpado de todos os

demais (Tiago 2:10), assim aquele que leva

apenas um preceito da lei para o seu

governo, (como os gálatas tomaram o da

circuncisão),e tendo adotado um,

praticamente adota-se o todo, e adotando o

todo se coloca sob a maldição que atribui a

sua infração.

As pessoas falam muito fluentemente

sobre a lei ser uma regra de vida, e pensam

pouco das consequências resultantes,

porque entre elas está que seus preceitos

escritos e não o seu mero espírito, devem

ser a regra. Ora, estes preceitos pertencem

a ela somente como uma aliança, pois

nunca foram separados pela Autoridade

8

que os deu, e o que Deus uniu, que

nenhum homem separe. Mostrar a

conexão entre os preceitos e a aliança é o

tema principal da Epístola aos Gálatas, que

estavam olhando para a lei e não para o

evangelho, de modo que tendo começado

no Espírito, estavam tentando ser

aperfeiçoados pela carne. Ler com olhos

iluminados, esta Epístola abençoada

decidiria de imediato em favor do

"evangelho" como nossa regra orientadora

da conduta cristã e da nossa conversação.

Observe como Paulo repreende aqueles

que assim agem; ele os chama de "gálatas

insensatos", e pergunta quem enfeitiçou

aqueles que não queriam obedecer à

verdade (isto é, ao evangelho), "diante de

cujos olhos Jesus Cristo foi evidentemente

posto Crucificado entre eles".

Ele apela à sua própria experiência e

pergunta-lhes; "Vocês receberam o

Espírito pelas obras da lei, ou pelo ouvir da

fé?"

Ele traça uma linha de distinção aqui,

entre aquelas obras que são feitas em

9

obediência à lei como uma regra

orientadora, e o poder de Deus sentido no

coração que assiste a um evangelho

pregado quando ouvido na fé,

perguntando-lhes sob qual dos dois eles

tinham recebido o ensinamento e o

testemunho do Espírito abençoado.

Mas, observe, ainda, como ele os convida a

"caminhar no Espírito" Gálatas 5:16. Agora,

andar é viver e agir, e a regra que ele dá

aqui para viver e agir não é a lei, mas o

Espírito. Ele lhes fala da bem-aventurança

deste divino guia; "Se você é conduzido

pelo Espírito, você não está sob a lei", isto é,

nem como um pacto nem como regra, pois

que eles eram livres da sua maldição como

uma aliança condenadora, e dos seus

mandamentos como um jugo aflitivo que

nem eles nem seus pais puderam suportar

(Atos 15:10). Mas, mostra-lhes que a

libertação da lei não os libertou de uma

maior e mais perfeita regra de Obediência,

ele lhes ordena a "cumprirem a lei de

Cristo", que é amor, um fruto do Espírito,

não produzido pela lei que opera ira e gera

10

filhos para a escravidão (Romanos 4:15;

Gálatas 4:24).

Se estamos dispostos a cumprir a inspirada Palavra da Verdade, precisamos ir além da própria Epístola para decidir toda a questão, porque nela estabelecemos a regra segundo a qual os crentes devem andar, que é uma "criatura nova" (ou uma nova criação); " Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.

E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus”. (Gálatas 6: 15-16).

A lei ou a obra do Espírito sobre o coração

é mantida aqui, como a regra de uma

caminhada de crentes?

A lei é estritamente um pacto de obras;

nada sabe de misericórdia, nada revela

sobre a graça e não comunica o Espírito

abençoado. Por que, então, se sou crente

em Cristo, e tenho recebido a Sua graça e a

verdade no meu coração, devo adotar para

a regra da vida aquilo que não testifica de

Jesus na Palavra, ou na minha

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consciência? Se eu devo andar como um

crente, deve ser por uma vida de fé no

Filho de Deus (Gálatas 2:20). A lei é minha

regra aqui? Se é, onde estão essas regras

para serem encontradas? "A lei não é de fé".

Como, então, pode estabelecer regras para

a vida de fé? Se eu quiser andar como um

crente com a Igreja, que ajuda a lei me dará

lá?

Caminhar como tal deve ser pela lei do

amor, como revelado em Cristo e tornado

conhecido em meu coração pelo poder de

Deus. Se eu ando nas ordenanças da casa

de Deus, será que estas coisas serão

reveladas na lei?

Damos à lei a devida honra. Ela tinha uma

glória, como o apóstolo argumenta em 2

Coríntios 3, como ministério da morte e

condenação, mas esta glória é eliminada;

por que devemos olhar para ela agora,

como nosso regra orientadora? O

ministério do Espírito, da vida e da justiça

"excede muito mais em glória", e por que

seremos condenados, se preferirmos o

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Espírito à letra, a vida à morte e a justiça à

condenação?

Uma regra deve influenciar, assim como

orientar, ou então será uma regra morta.

Se você escolheu ser guiado pela carta de

morte, que só pode ministrar condenação

e morte, e escolhemos para o nosso

governo o que ministra o Espírito, a justiça

e a vida, quem tem a melhor regra? É

muito temível que aqueles que assim

andam e falam, ainda têm o véu sobre o

coração e não sabem nada do que o

Apóstolo quer dizer quando diz; "Agora, o

Senhor é o Espírito, e onde o Espírito do

Senhor está aí há liberdade, mas todos nós,

de rosto aberto, contemplando como por

espelho a glória do Senhor, somos

transformados na mesma imagem de

glória em glória, como o Espírito do

Senhor." (2 Coríntios 3: 17-18).

Mas não só temos essas deduções para

influenciar a mente em rejeitar a lei, como

uma regra para a caminhada dos crentes,

porém temos o testemunho expresso de

Deus como um mandado para fazê-lo.

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Lemos, por exemplo que; "Eu pela lei estou

morto para a lei, para viver para Deus"

(Romanos 7: 4). Como crente em Cristo, a

lei está morta para mim, e eu para ela. O

Apóstolo abriu clara e lindamente este

assunto. Ele assume que um crente em

Cristo é como uma mulher que se casou

novamente após a morte de seu primeiro

marido; e declara que "ela é obrigada pela

lei de seu marido enquanto ele vive, mas se

o marido morrer, ela é solta da lei de seu

marido" (Romanos 7: 2) e está livre para

contrair novas núpcias com outro. Claro

que o primeiro marido é a lei, e o segundo

marido é Cristo. Agora, adotando a figura

de Paulo, não podemos justamente

perguntar: Qual é a regra da conduta da

esposa quando se casou novamente, os

regulamentos do primeiro ou do segundo

marido?

14

2. Qual é, então, a regra de vida do crente?

Ele está sem regra? Será que ele é infiel,

porque abandona a lei de Moisés, porque

seu governo não tem guia para dirigir seus

passos? Deus me livre! Porque eu

subscrevo coração e alma às palavras do

Apóstolo - "Não estando sem lei diante de

Deus, mas debaixo da lei de Cristo" (1

Coríntios 9:21) - (nota de rodapé - não sob a

lei, como nossa versão registra, não

havendo nenhum artigo expresso ou

implícito no original). O crente tem então,

uma regra de orientação que podemos

chamar brevemente de "o evangelho".

Esta regra podemos dividir em dois ramos;

o evangelho escrito pelo dedo divino sobre

o coração, e o evangelho escrito pelo

Espírito abençoado, na Palavra da verdade.

Estes não formam duas regras distintas,

mas uma é a contrapartida da outra, e são

mutuamente úteis e corroborativas uma

da outra. Uma das promessas da Nova

Aliança em Jeremias 31: 21-34 e Hebreus 8:

8-12 (comparada) foi - "Escreverei a Minha

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lei no seu interior e escreverei em seus

corações". Esta escrita da lei de Deus em

seu coração, eu não preciso te dizer, é o

que a distingue da lei de Moisés, que estava

escrita em tábuas de pedra, e se torna uma

regra interna, enquanto a lei de Moisés era

apenas uma regra externa.

Esta regra interna parece ser apontada em

Romanos 8: 2 onde encontramos estas

palavras "Porque a lei do Espírito de vida

em Cristo Jesus me libertou da lei do

pecado e da morte". Por "a lei do Espírito da

vida", entendo que a regra orientadora

(uma regra na Escritura é frequentemente

chamada de lei; a palavra “lei” em hebraico

significando literalmente "instrução") do

Espírito de Deus, enquanto no coração de

crentes, é vida comunicadora. É, portanto

a influência libertadora, santificadora e

orientadora do Espírito de Deus em sua

alma, como lei ou regra, que o livra da "lei

do pecado e da morte"; pelo que não

entendo como sendo a lei de Moisés, mas

o poder e prevalência de sua natureza

corrupta. Se esta é então, uma exposição

correta do texto, temos uma regra interna

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orientadora distinta da lei de Moisés e uma

regra viva no coração, que a lei de Moisés

nunca foi nem poderia ser, pois não

comunicou o Espírito (Gálatas 3: 2-5).

“1 Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou

a vós, ante cujos olhos foi representado

Jesus Cristo como crucificado?

2 Só isto quero saber de vós: Foi por obras

da lei que recebestes o Espírito, ou pelo

ouvir com fé?

3 Sois vós tão insensatos? tendo começado

pelo Espírito, é pela carne que agora

acabareis?

4 Será que padecestes tantas coisas em

vão? Se é que isso foi em vão.

5 Aquele pois que vos dá o Espírito, e que

opera milagres entre vós, acaso o faz pelas

obras da lei, ou pelo ouvir com fé?” (Gál 3.1-

5)

Mas esta regra interna como sendo "a lei

do Espírito de vida" tem poder para

conduzir todos os filhos de Deus, pois no

mesmo capítulo em Romanos 8:14 o

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Apóstolo declara que, "todos os que são

guiados pelo Espírito de Deus, são filhos de

Deus". Esta liderança é peculiar aos filhos

de Deus e é uma evidência de sua filiação,

que os livra da lei; pois se formos guiados

pelo Espírito, não estamos sob a lei

(Gálatas 5: 8), nem como uma aliança nem

como uma regra, pois temos uma aliança e

uma regra melhor (Hebreus 8: 6). Qual é o

principal uso de uma regra, senão

conduzir? Mas quem pode conduzir como

um guia vivo? Como uma lei morta pode

levar uma alma viva?

A prova de que somos filhos de Deus é que

somos guiados pelo Espírito, e esta

liderança interior torna-se nossa regra

orientadora.

E não é desprezível a orientação do Espírito

abençoado, para estabelecer-se em

oposição à Sua regra orientadora, a lei

morta de Moisés, e chamar aqueles

antinomianos que preferem um guia vivo

para uma letra morta.

Este guia vivo é aquele Espírito Santo

abençoado que "guia a toda a verdade"

(João 16:13).

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Aqui está a principal bênção da obra e a

graça no coração, que a liderança e

orientação do Espírito abençoado formam

um regime vivo a cada passo do caminho;

pois Ele não só vivifica a alma na vida

espiritual, mas mantém a vida que Ele deu;

e realiza (ou termina) até o dia de Jesus

Cristo (Filipenses 1: 6). Esta vida é eterna,

como o bem-aventurado Senhor no poço

de Samaria declarou, que a água que Ele dá

ao crente é uma fonte saltando para a vida

eterna (João 4:14).

É, pois, o que está nascendo na alma do

crente, que é a regra que guia, pois como

produzindo e mantendo o temor de Deus,

é "uma fonte de vida para se afastar das

armadilhas da morte" (Provérbios 14:27).

Mas, para que esse "governo interno que

guia" não seja abusado, o que poderia ser

por "entusiasmo", e para que não sejam

substituídos por fantasias ilusórias para o

ensino do Espírito Santo, o Deus de toda a

graça deu a Seu povo uma "Regra externa"

nos preceitos do evangelho como

declarado pela boca do Senhor e Seus

apóstolos, porém mais particularmente

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como recolhido nas epístolas, como um

código permanente de instrução para a

família viva de Deus. Tampouco se opõem

à regra que acabo de falar, mas pelo

contrário, harmonizam-se inteira e

completamente com ela, pois de fato é

uma e a mesma regra; a única diferença

entre elas é que o Espírito abençoado

revelou-a primeiro na PALAVRA

ESCRITA, e pela aplicação da Palavra à

alma faz com que a outra seja uma regra

viva no coração.

Agora, não há uma única partícula de

nossa caminhada e conduta diante de Deus

ou do homem, que não seja revelada e

inculcada nos preceitos do evangelho,

embora não tenhamos minúsculas

orientações, temos o que excede todas

essas minúcias desnecessárias; princípios

mais abençoados, impostos por todo

motivo gracioso e santo, formando,

quando corretamente visto e acreditado,

um perfeito código de conformidade

interna e externa com a vontade revelada

de Deus, bem como de toda caminhada e

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conduta santa em nossas famílias na igreja

e no mundo.

Eu diria que um crente tem uma regra para

andar que é suficiente para orientá-lo em

cada passo do caminho, pois se ele tem os

eternos e vivificantes ensinamentos e

orientações do Espírito Santo para tornar a

sua consciência terna no temor de Deus, e

uma lei de amor escrita no coração pelo

dedo de Deus; e além disso tem os

preceitos do evangelho como um código

completo de obediência cristã, o que mais

pode querer para torná-lo perfeito em toda

boa palavra e obra? (Hebreus 13:21). A lei

pode fazer alguma destas coisas por ele?

Pode dar-lhe a vida, em primeiro lugar,

quando é uma carta de morte?

Pode manter a vida, se não está em seu

poder outorgá-la?

21

3. Desmentir a objeção lançada sobre nós

de que nossas opiniões conduzem ao

antinomianismo doutrinário ou prático.

Mas, pode ser perguntado: "Vocês então,

deixam de lado os dois grandes

mandamentos da lei; "Amarás o Senhor

teu Deus" etc. e "teu próximo como a ti

mesmo"?

Não, pelo contrário, o evangelho como

uma regra externa e interna cumpre

ambos, pois "o amor é o cumprimento da

lei". (Romanos 13:10). Portanto, esta regra

abençoada do evangelho, não só não anula

a lei quanto ao seu cumprimento, mas por

assim dizer, absorve em si mesma e

glorifica e harmoniza seus dois grandes

mandamentos, cedendo-lhes em

obediência de coração, (que a lei não podia

dar), porque os crentes servem na

novidade do Espírito, não na velhice da

letra (Romanos 7: 6), como o homem livre

de Cristo (João 8:32) e não como o escravo

da lei de Moisés. Esta é obediência

disposta, e não uma tarefa legal. Isto

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explicará o significado do Apóstolo,

"Porque eu me deleito na lei de Deus

segundo o homem interior", pois o novo

homem da graça, sob a poderosa

influência do Espírito Santo, se deleita na

lei de Deus, não apenas por sua santidade,

mas como inculcando aquilo que

preenche o coração renovado, e o deleite

interior no amor a Deus e ao Seu povo.

(Nota do tradutor: Em Romanos 3.31 o apóstolo

diz o seguinte:

“Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo

nenhum; antes estabelecemos a lei.”

Assim, ao mesmo tempo que o crente não está

sob a lei, e sim sob a graça, ele não está de modo

nenhum, vivendo contra a lei, por viver na fé,

pois, na verdade, não há outro modo de se

cumprir de fato todas as exigências morais da

lei, como expressadas nos dez mandamentos,

senão por um viver na fé, que é somente

mediante a graça de Jesus Cristo operando no

coração.

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É tão verdadeiro que esta vida de fé que nos

chegou por meio de Jesus Cristo é o que dá pleno

cumprimento à lei, que o próprio Senhor viveu

sob a lei e a cumpriu perfeitamente, inclusive

em obediência passiva ao morrer em nosso

lugar na cruz, carregando sobre si os nossos

pecados, de modo que a lei tivesse o motivo

necessário para que Ele morresse, uma vez que

não tinha pecado. Se Jesus não tivesse carregado

os nossos pecados sobre Si, ele viveria

eternamente na carne neste mundo, porque é

certo que aquele que não tem pecado não deve

morrer de modo algum.

Assim, cumprindo perfeitamente todas as

exigências da Lei, e morrendo em nosso lugar,

também morremos para a Lei, pela nossa

identificação com Ele, não para vivermos contra

a Lei, mas para vivermos de modo digno de

Deus, conforme o dizer do apóstolo que não

anulamos a lei pela fé, antes confirmamos a lei.

O Que é a Antiga Aliança

A Antiga Aliança ou Antigo Testamento recebe

também as seguintes designações na Bíblia:

Primeira Aliança (Hb 8.7); Lei de Moisés (I Cor

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9.9); Lei do Senhor (II Cr 31.3,4): Lei de Deus (Ed

7.21); Lei (Rom 3.19); Aliança da Letra (II Cor 3.6);

Ministério da Morte (II Cor 3.7), e Ministério da

Condenação (II Cor 3.9).

Foi celebrada por Deus com a nação de Israel

quando esta foi libertada do cativeiro egípcio

(cerca de 1440 aC). A Antiga Aliança abrangia

todos os israelitas em todas as gerações de

Israel, de Moisés até a morte de Jesus, e por isso,

possuía também um caráter essencialmente

coletivo quanto às aplicações das suas

promessas de bênçãos (Lev 26.3-13; Dt 7.12-26;

11.8-32; 28.1-14), e de maldições (Lev 26.14-42; Dt

11.26-28; 27.26; 28.15-68). Apesar do caráter

essencialmente coletivo daquela aliança, a

mesma não excluía a responsabilidade

individual de cada israelita perante Deus (Dt

24.16; Ez 18.20). Mas, à responsabilidade pessoal,

sobrepunha-se a coletiva, com vistas

principalmente, à manutenção da unidade de

Israel como nação separada para o serviço de

Deus, e para preservá-la da idolatria e costumes

pagãos das demais nações. Daí o mandamento

que proibia o casamento de israelitas com

gentios.

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Não porque os demais povos fossem

desprezados por Deus, conforme os israelitas

passaram a interpretar o mandamento, mas

simplesmente para preservar Israel dos

costumes das nações até que Jesus viesse e

inaugurasse a Nova Aliança.

Ao dar a lei a Israel através da mediação de

Moisés, firmando com a nação a chamada

Antiga Aliança ou Testamento, Deus não tinha

em vista forjar o legalismo no seu povo, mas

forjar a justiça, o amor e a santidade, através da

obediência à Sua santa vontade, expressada nos

diversos mandamentos da lei.

A palavra LEI, recebe no texto da Bíblia,

diferentes conotações. Por vezes, é usada com o

significado do Pacto ajustado por Deus com os

israelitas a partir de Moisés, ou seja, a Aliança

Antiga propriamente dita.

Em outras passagens, refere-se aos cinco

primeiros livros da Bíblia, ou Pentateuco,

também conhecidos como livros da lei de

Moisés.

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Quando aparece a expressão a Lei e os Profetas,

normalmente é uma referência ao conjunto das

Escrituras do Velho Testamento (At 13.15), ou ao

Pacto Antigo propriamente dito (Lc 16.16).

E, finalmente, em outras porções bíblicas, a

palavra Lei, designa o conjunto de

regulamentos e mandamentos civis,

cerimoniais e morais, constantes sobretudo do

Pentateuco.

Por exemplo, quando Jesus disse que não veio

revogar a lei e os profetas (Mt 5.17), estava se

referindo às Escrituras do Velho Testamento; e

quando afirmou que a lei e os profetas haviam

vigorado até João Batista (Mt 11.13; Lc 16.16), ao

Pacto, à Aliança Antiga.

O Que é a Nova Aliança

Ao instituir a Nova Aliança no seu sangue, Jesus

revogou a Antiga Aliança e marcou o

encerramento do período da dispensação da lei,

mas não revogou, isto é, não cancelou, as

Escrituras do Velho Testamento (Mt 5.17).

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Essa questão não pode ser compreendida à luz

de um enfoque legalista, pois nos remeteria

consequentemente a considerar que a Antiga

Aliança ainda estaria em vigor por não terem

sido revogadas as Escrituras que lhe são

correspondentes.

Entretanto, o Velho Testamento, incluindo os

preceitos relativos à Aliança, é um testemunho

da vontade de Deus e da própria revelação

referente a Jesus Cristo.

Se as Escrituras dão testemunho do Senhor,

como Ele as revogaria? Se o fizesse estaria

negando a Si mesmo e à obra que recebeu do Pai

para realizar. Abraão, Moisés e os profetas,

falaram de Jesus. Os utensílios e ofícios do

tabernáculo e do templo ensinam-nos acerca

dEle, em figura.

A forma como o pecado entrou no mundo e a

provisão que Deus fez para salvar o pecador ali

também estão revelados.

A própria remoção do pacto antigo está revelada

nas Escrituras do Velho Testamento, atestando

que de fato o problema do pecado só poderia ser

28

resolvido pela inauguração da Nova Aliança (Jer

31.31-34).

Vemos assim, a confirmação da validade das

Escrituras porque por elas se testifica que o

Pacto Antigo foi substituído pelo Novo, e que

Jesus é o Seu Mediador, conforme nelas

também se testifica (Is 42.6,7; 49.8,9).

A Nova Aliança não foi um plano emergencial

concebido por Deus, por terem os israelitas

violado a Antiga Aliança.

Em absoluto. Ela já estava no Seu coração desde

antes da criação do mundo. E fora prometida a

Abraão antes mesmo da celebração da Antiga

(Gên 17.1-5), tendo sido a promessa

posteriormente confirmada pelo ministério dos

profetas.

“6 Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te

pela mão, e te guardei; e te dei por mediador da

aliança com o povo, e luz para os gentios;

7 para abrir os olhos dos cegos, para tirar da

prisão os presos, e do cárcere os que jazem em

trevas.” (Is 42.6,7)

29

“6 Sim, diz ele: Pouco é que sejas o meu servo,

para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a

trazer os preservados de Israel; também te porei

para luz das nações, para seres a minha salvação

até a extremidade da terra.

7 Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel, e o

seu Santo, ao que é desprezado dos homens, ao

que é aborrecido das nações, ao servo dos

tiranos: Os reis o verão e se levantarão, como

também os príncipes, e eles te adorarão, por

amor do Senhor, que é fiel, e do Santo de Israel,

que te escolheu.

8 Assim diz o Senhor: No tempo aceitável te

ouvi, e no dia da salvação te ajudei; e te

guardarei, e te darei por pacto do povo, para

restaurares a terra, e lhe dares em herança as

herdades assoladas;

9 para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em

trevas: Aparecei; eles pastarão nos caminhos, e

em todos os altos desnudados haverá o seu

pasto.”(Is 49.6-9)

Paulo compreendeu melhor e mais

rapidamente do que qualquer outro o caráter da

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Nova Aliança, que estava sendo oferecida a

todos os gentios, e que os desobrigava do

cumprimento minucioso das condições de

culto, ritos e todos os mandamentos civis e

cerimoniais da Lei de Moisés.

Um gentio não precisaria viver como um judeu,

como no caso da Antiga Aliança, para que

pudesse ser aceito como integrante do povo de

Deus.

Jesus e nenhum dos apóstolos ensinaram contra

a lei, pois fora outorgada pelo próprio Deus a

Moisés para vigorar como termos da Antiga

Aliança, que firmara com a nação de Israel, e

para servir também de testemunho a todo o

mundo gentílico, acerca do Seu caráter e da Sua

vontade.

Desta forma, nem Paulo ou qualquer outro dos

apóstolos ensinou contra a lei.

Eles sabiam que a justiça que é pela fé, e

operante segundo a graça, passou a se

manifestar com o advento de Jesus. Mas

também sabiam que Deus havia salvado e

31

justificado pela graça, mediante a fé, a muitos

nos dias do Antigo Testamento.

Não foi este o caso de Abraão? A ponto de ser

designado como pai dos que creem.

Mas, a Antiga Aliança foi revogada, e suas

ordenanças civis e cerimoniais já não são

obrigatórias aos israelitas, com quem foi

celebrada, e muito menos aos gentios, quanto

ao seu cumprimento, bem como não é aplicável,

à igreja, de forma específica, o seu sistema de

bênçãos e maldições, ritos etc, desde a

inauguração da Nova Aliança, que a revogou.

“Pois todos os profetas e a lei profetizaram até

João.” (Mt 11.13)

“A lei e os profetas vigoraram até João; desde

então é anunciado o evangelho do reino de

Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.”

(Lc 16.16)

“e rasgou-se ao meio o véu do santuário.” (Lc

23.45)

32

“9 Porque, se o ministério da condenação tinha

glória, muito mais excede em glória o ministério

da justiça.

10 Pois na verdade, o que foi feito glorioso, não o

é em comparação com a glória inexcedível.

11 Porque, se aquilo que se desvanecia era

glorioso, muito mais glorioso é o que

permanece.” (II Cor 3.9-11)

“13 Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes

estáveis longe, já pelo sangue de Cristo

chegastes perto.

14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os

povos fez um; e, derrubando a parede de

separação que estava no meio, na sua carne

desfez a inimizade,

15 isto é, a lei dos mandamentos contidos em

ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois

um novo homem, assim fazendo a paz”, Ef 2.13-

15)

“18 Pois, com efeito, o mandamento anterior é

ab-rogado por causa da sua fraqueza e

inutilidade

33

19 (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e

desta sorte é introduzida uma melhor

esperança, pela qual nos aproximamos de

Deus.” (Hb 7.18,19)

“6 Mas agora alcançou ele ministério tanto mais

excelente, quanto é mediador de um melhor

pacto, o qual está firmado sobre melhores

promessas.

7 Pois, se aquele primeiro fora sem defeito,

nunca se teria buscado lugar para o segundo.

8 Porque repreendendo-os, diz: Eis que virão

dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a

casa de Israel e com a casa de Judá um novo

pacto.” (Hb 8.6-8)

“Dizendo: Novo pacto, ele tornou antiquado o

primeiro. E o que se torna antiquado e

envelhece, perto está de desaparecer.” (Hb 8.13)

“8 Tendo dito acima: Sacrifício e ofertas e

holocaustos e oblações pelo pecado não

quiseste, nem neles te deleitaste (os quais se

oferecem segundo a lei);

34

9 agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua

vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o

segundo.” (Hb 10.8,9)

Nova Aliança é designada na Bíblia como sendo

As Fiéis Misericórdias Prometidas a Davi, como

se lê em Is 55.3 e Atos 13.34.

“E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos

para que jamais voltasse à corrupção, desta

maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as

santas e fiéis promessas feitas a Davi.” (Atos

13.34)

“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a

vossa alma viverá; porque convosco farei uma

aliança perpétua, que consiste nas fiéis

misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3)

É dito no texto de Isaías (VT) que seria feita uma

aliança eterna, que estaria baseada nas

misericórdias fiéis que Deus havia prometido a

Davi.

Trata-se de uma aliança de misericórdias, e

misericórdias que não falharão, porque não

foram prometidas pelo homem, mas

prometidas por Deus a Davi.

35

Esta aliança eterna, que é a Nova Aliança, que

vigoraria na dispensação da graça em que temos

vivido, foi prometida em várias passagens do

Velho Testamento.

Davi veio a se referir a ela tanto na hora da sua

morte, conforme relato de II Samuel 7.12-17,

quanto no Salmo 89, nos quais afirma a

segurança e estabilidade desta aliança

prometida, bem como o seu caráter de

livramento da condenação eterna para os

aliançados, ainda que estes viessem a

transgredir eventualmente os mandamentos de

Deus, porque o Senhor afirmou que corrigiria os

aliançados, mas que não deixaria jamais de estar

aliançado com eles.

O fiador, o mediador, seria o Renovo justo que

brotaria do tronco de Jessé, a saber, o Senhor

Jesus, quem é Aquele que garante a eternidade

da aliança.

Vejamos então, alguns textos da Bíblia que se

referem à citada aliança de misericórdias, e de

misericórdias fiéis que durarão para sempre, e

pelas quais nossos pecados e transgressões são

perdoados e esquecidos por Deus para sempre:

36

“12 Quando teus dias se cumprirem e

descansares com teus pais, então, farei levantar

depois de ti o teu descendente, que procederá

de ti, e estabelecerei o seu reino.

13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu

estabelecerei para sempre o trono do seu reino.

14 Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se

vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de

homens e com açoites de filhos de homens.

15 Mas a minha misericórdia se não apartará

dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de

diante de ti.

16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados

para sempre diante de ti; teu trono será

estabelecido para sempre.

17 Segundo todas estas palavras e conforme toda

esta visão, assim falou Natã a Davi.” (II Samuel

7.12-17)

Esta passagem das Escrituras registra quando a

promessa foi feita por Deus a Davi através do

profeta Natã.

37

“20 Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo

óleo o ungi.

21 A minha mão será firme com ele, o meu braço

o fortalecerá.

22 O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há

de afligir o filho da perversidade.

23 Esmagarei diante dele os seus adversários e

ferirei os que o odeiam.

24 A minha fidelidade e a minha bondade o hão

de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu

poder.

25 Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita,

sobre os rios.

26 Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu

Deus e a rocha da minha salvação.

27 Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais

elevado entre os reis da terra.

28 Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça

e, firme com ele, a minha aliança.

38

29 Farei durar para sempre a sua descendência;

e, o seu trono, como os dias do céu.

30 Se os seus filhos desprezarem a minha lei e

não andarem nos meus juízos,

31 se violarem os meus preceitos e não

guardarem os meus mandamentos,

32 então, punirei com vara as suas transgressões

e com açoites, a sua iniquidade.

33 Mas jamais retirarei dele a minha bondade,

nem desmentirei a minha fidelidade.

34 Não violarei a minha aliança, nem

modificarei o que os meus lábios proferiram.

35 Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu

falso a Davi?):

36 A sua posteridade durará para sempre, e o

seu trono, como o sol perante mim.

37 Ele será estabelecido para sempre como a lua

e fiel como a testemunha no espaço.” (Salmo

89.20- 37)

39

Nesta passagem do Salmo 89, Deus fala

profeticamente acerca da aliança que faria com

os crentes através de Jesus Cristo.

Note a promessa que é feita especialmente nos

versos 28 a 35.

“1 São estas as últimas palavras de Davi: Palavra

de Davi, filho de Jessé, palavra do homem que foi

exaltado, do ungido do Deus de Jacó, do mavioso

salmista de Israel.

2 O Espírito do SENHOR fala por meu

intermédio, e a sua palavra está na minha

língua.

3 Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim

me falou: Aquele que domina com justiça sobre

os homens, que domina no temor de Deus,

4 é como a luz da manhã, quando sai o sol, como

manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da

chuva, faz brotar da terra a erva.

5 Não está assim com Deus a minha casa? Pois

estabeleceu comigo uma aliança eterna, em

tudo bem definida e segura. Não me fará ele

40

prosperar toda a minha salvação e toda a minha

esperança?” (II Samuel 23.1-5)

Estas foram as últimas palavras proferidas por

Davi, antes de morrer, e ele foi levado pelo

Espírito a falar do caráter da Nova Aliança, que

seria feita com Jesus Cristo, que descenderia

segundo a carne, da sua casa, da qual se diz no

verso 5 que é eterna, e em tudo bem definida e

segura, ou seja, ela foi planejada

meticulosamente por Deus para dar a

segurança da eternidade aos aliançados, a

saber, aos crentes que perseveram em Jesus

Cristo.

“32 E nós vos anunciamos o evangelho da

promessa, feita aos pais,

33 a qual Deus nos tem cumprido, a nós, filhos

deles, levantando a Jesus, como também está

escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, hoje

te gerei.

34 E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos

para que jamais voltasse à corrupção, desta

maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as

41

santas e fiéis promessas feitas a Davi.” (Atos

13.34)

Este é um dos testemunhos confirmatórios do

Novo Testamento de que as promessas feitas a

Davi, se referiam à aliança que é feita entre Jesus

Cristo e os eleitos, e Paulo afirma

expressamente no verso 32, que tal promessa foi

a promessa do evangelho que Deus fizera aos

patriarcas de Israel, e neste caso,

especificamente a Davi.

Há muitas outras referências na Bíblia a esta

aliança, e também especialmente ao modo

como Deus a prometeu através de Davi, dAquele

que viria a descender dele no futuro, e com o

qual o trono de Davi é estabelecido eternamente

com todos aqueles que também viverão

eternamente, por estarem aliançados ao Rei

Justo que reinará com justiça pelos séculos dos

séculos.

Veja por exemplo, para finalizar, a repetição da

promessa através do profeta Jeremias, cerca de

quatrocentos anos depois de Davi.

42

“14 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que

cumprirei a boa palavra que proferi à casa de

Israel e à casa de Judá.

15 Naqueles dias e naquele tempo, farei brotar a

Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e

justiça na terra.

16 Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém

habitará seguramente; ela será chamada

SENHOR, Justiça Nossa.

17 Porque assim diz o SENHOR: Nunca faltará a

Davi homem que se assente no trono da casa de

Israel;

18 nem aos sacerdotes levitas faltará homem

diante de mim, para que ofereça holocausto,

queime oferta de manjares e faça sacrifício

todos os dias.

19 Veio a palavra do SENHOR a Jeremias,

dizendo:

20 Assim diz o SENHOR: Se puderdes invalidar a

minha aliança com o dia e a minha aliança com

a noite, de tal modo que não haja nem dia nem

noite a seu tempo,

43

21 poder-se-á também invalidar a minha aliança

com Davi, meu servo, para que não tenha filho

que reine no seu trono; como também com os

levitas sacerdotes, meus ministros.

22 Como não se pode contar o exército dos céus,

nem medir-se a areia do mar, assim tornarei

incontável a descendência de Davi, meu servo, e

os levitas que ministram diante de mim.” (Jer

33.14-22)

Estas palavras foram proferidas por Jeremias no

Espírito, depois de lhe ter sido revelado qual o

efeito prático de tal aliança que seria firmada

conforme a promessa que Deus havia feito a

Davi:

“31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que

firmarei nova aliança com a casa de Israel e com

a casa de Judá.

32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais,

no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da

terra do Egito; porquanto eles anularam a minha

aliança, não obstante eu os haver desposado, diz

o SENHOR.

44

33 Porque esta é a aliança que firmarei com a

casa de Israel, depois daqueles dias, diz o

SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas

leis, também no coração lhas inscreverei; eu

serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo,

nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece

ao SENHOR, porque todos me conhecerão,

desde o menor até ao maior deles, diz o

SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e

dos seus pecados jamais me lembrarei.” (Jer

31.31-34)

Esta promessa é repetida em várias passagens

do Novo Testamento, como por exemplo em

Hebreus 8.6-13; 10.15-18.)