SOBRE AS SITUAÇÕES DE ENFERMAGEM E SEUS GRAUS DE COMPLEXIDADE – MENOR, MÉDIA E MAIOR - NA...

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Situaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeQueluci GC, Figueiredo NMAEsc Anna Nery Rev Enferm 2010 jan-mar; 14 (1): 171-76

SOBRE AS SITUAES DE ENFERMAGEM E SEUS GRAUS DECOMPLEXIDADE MENOR, MDIA E MAIOR - NA PRTICAASSISTENCIAL HOSPITALAR

La situacin/realidad/contexto de la enfermera y sus gradosde complexidad baja, mdia y superior en la prcticaasistencial hospitalaria

Esc Anna Nery Rev Enferm 2010 jan-mar; 14 (1): 171-76

RESUMO

Nbia Maria Almeida de Figueiredo2

Reflexo sobre o conceito de situao de enfermagem e as variaes por graus de complexidade no cotidiano assistencial.Destacamos a importncia da compreenso da situao-problema do cliente hospitalizado diante dos graus de complexidade menor, mdia e maior com o objetivo principal de estimular a conscincia crtica dos estudantes e profissionais de enfermagem.Compreender a complexidade das situaes implica a identificao de fenmenos relacionados ao cliente, ambiente e outros queinterferem na dinmica assistencial. Portanto, a abordagem situacional ao cliente incluir uma associao de fenmenos que estorelacionados ao saber-fazer das enfermeiras, no qual constam tambm as tomadas de decises mais pertinentes para asresolues das situaes que surgem na prtica. Finalmente, a complexidade das situaes no inclui apenas o processofisiopatolgico do cliente, mas um conjunto de fatores, que, de acordo com a experincia dos profissionais e sua associao comfenmenos inclusos no ambiente, determinam o grau de complexidade da situao de enfermagem.

Palavras-chave: Enfermagem. Situaes. Assistncia.

Abstract Resumen

Reflexin sobre el concepto de situacin/realidad/contextode la enfermera y sus variaciones por grado de complexidaden el cotidiano asistencial. Se destac la importancia de lacompresin de la situacin-problema del cliente hospitalizadoen relacin a los grados de complejidad baja, mdia ysuperior , con el objetivo de estimular la conciencia critica delos estudiantes y profesionales de la enfermera. Comprenderla complexidad de situaciones que implican la identificacin delos fenmenos relacionados con el cliente, con el ambiente ycon otros elementos que interfieren en la dinmica asistencial.Por lo tanto, el abordaje situacional del cliente debe incluiruna asociacin de fenmenos relacionados al saber-hacer delas enfermeras. Son consiradas tambin la toma de decisionespertinentes para la solucin de situaciones que surgen duranteesta practica. Finalmente, la complexidad de las situacionesno incluye apenas el proceso fisiopatolgico del cliente, sinotambin un conjunto de factores que, segn la experiencia deprofesionales y su relacin con fenmenos incluidos en elambiente, determinan el grado de complexidad de la situacinde enfermera.

PPPPPalaalaalaalaalabrbrbrbrbras-cas-cas-cas-cas-clalalalalavvvvve:e:e:e:e: Enfermera. Situacin. Asistencia.

1Doutora em Enfermagem pela EEAN/UFRJ. Professora Assistente do Depar tamento de Fundamentos de Enfermagem e Administrao da EEAAC/UFF.Brasil. E-mail: [email protected] em Enfermagem pela EEAN/UFRJ. Diretora da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto/ UNIRIO. Brasil.E-mail: [email protected]

REFLEXOREFLECTION - REFLEXIN

Reflexion on the concept of nursing situation and variations bydegrees of complexity in daily assistance. We point out therelevance in understanding the hospitalized client problem-situation in relations to degrees of complexity minor, mediumand major, aiming to promote the development of nursingprofessional and students cr titical thought. The understand thecomplexity of situations require the identification of eventsinvolving the patient, the environment and any other that mayinterfere with the dynamic of assistance. Therefore, the patientsituation approach will include various events related to knowingand doing of nurses and decisions taken to solving situationsin the practice. Finally, the complexity of situations does notcomprise only the physical and pathological process of thepatient, but also the various factors that, according toprofessional experience and its relation with environment factors,will determine the degree of complexity of nursing situation.

KKKKKeeeeey wy wy wy wy wororororords:ds:ds:ds:ds: Nursing. Situation. Assistance.

Gisella de Carvalho Queluci1

On Nursing situations and degrees of complexity minor, mediumand major in hospital assistance practice.


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Situaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeSituaes de enfermagem e graus de complexidadeQueluci GC, Figueiredo NMA

INTRODUO

Trata-se de uma reflexo crtica sobre as situaes deenfermagem e a variao de graus de complexidade - menor,mdia e maior - no cotidiano da prtica assistencial hospitalar.O objetivo principal aprimorar nossa compreenso do sentidoessencial da Enfermagem na prtica da assistncia sade,principalmente quando se pretende alcanar a explicaopossvel e condizente com a objetividade daquilo que se entendepor situao de enfermagem, - situao-problema -, nacasustica assistencial de interesse profissional da prtica daenfermagem.

A importncia da aprendizagem na profisso, dando nfases situaes de enfermagem, discutida por Carvalho1 nasetapas da mudana empreendida no currculo NovasMetodologias da Escola de Enfermagem Anna Nery daUniversidade Federal do Rio de Janeiro - EEAN/UFRJ. A autoraressalta a integrao da teoria prtica, do estudo ao trabalho,do contedo experincia e das atividades planejadas aoencontro vivo com a clientela ou grupos da comunidade1, eenfatiza:

(...) as experincias de aprendizagem, no novocurrculo, so bem mais adequadas questo doprocesso de enfermagem, uma vez que o estudanteaprende atravs de novas metodologias de resolversituaes-problema no interesse da enfermagem,em vivncias de prtica e de fato. Experinciasestruturantes da prtica assistencial e que, de certaforma, servem ainda ao estilo de atividades decuidar e de atuar consistentes com o exerccio daarte profissional, da utilidade e da participaosocial 1:15

Segundo essa autora, (...) a situao de enfermagem eseu grau de complexidade podem ser percebidos no plano doencontro enfermeira-cliente,1 haja vista que as enfermeiras,habitualmente ao prestarem cuidados, manifestam dificuldadesem determinar condutas adequadas diante da atribuio decausalidade em relao s condies especficas e aspectosafetados, ou diante dos graus de complexidade menor, mdiae maior - nas situaes envolvendo os problemas dos clienteshospitalizados.

A autora destaca, ainda, a necessidade de aplicaometodolgica para a resoluo de problemas emergentes dassituaes dos clientes, e que sejam compatveis com apragmtica das funes de enfermagem e ampliao do papelprofissional2. Nesse sentido,

A metodologia de resoluo de situaes-problemafoi escolhida como a mais acer tada para a

concretizao do processo de formar um novo perfilprofissional. Alm de servir de viga mestra noprocesso ensino-aprendizagem, esperava-se queesta metodologia servisse de contexto aodesempenho das aes de enfermagem 2:15.

Assim, o trabalho de enfermagem, quando voltado para acompreenso da situaoproblema do cliente, tem comoobjetivo principal estimular a conscincia crtica do profissional,ou do estudante de enfermagem quanto resoluo deproblemas a partir das principais necessidades dos clientes, eno dar nfase ao estudo das doenas com enfoque biomdico.A prtica assistencial de enfermagem, em geral, entendidapor Santos e Figueiredo3 como relativa

[...] s condutas clnicas [clnico-assistenciais], que,na enfermagem, so realizadas para qualquer tipode clientela, pois trazem em si os fundamentos deaes para atender aos doentes ou sadios, em fasediagnstica, ou ainda [em funo] de necessidadesde manter a sade3:15.

Pode-se inferir que o intuito das enfermeiras tem a ver coma manuteno das condies da vida, evitar complicaes,detectar sinais adversos, sintomas (signos) novos, de modo aagir para restaurar o bem-estar, o bem-viver do ser humano,estado geralmente reconhecido como sade.3

A isso pode-se acrescentar que a prtica assistencial, deum lado, caracterstica da prtica da enfermagem centradano cliente, e no exclusivamente na doena causadora do mal-estar ou desequilbrio da sade e motivo da hospitalizao. Apreocupao profissional, por outro lado, com o corpo3 total(para ns o lugar-sujeito do cuidado, onde nossa prtica/arteacontece), onde a doena/mal-estar pode suceder como umevento na vida de todos. Alm disso, a prtica assistencial, naenfermagem clnico-hospitalar, busca apoiar-se em umasemiologia prpria para a enfermagem, entendida essa comofundamental para a Enfermagem que se aprende, que seensina e que se pratica - cujo conhecimento se processapropiciando uma cincia do intelecto. Cincia que busca aevidncia objetiva, considerando tambm os requisitos da artedo sentir subjetivo - dos sentidos, da sensibilidade, das emoese das intuies humanas.

Cabe ressaltar que compreendemos o corpo, no cuidado deenfermagem, como um corpo vivo, pleno do sentido de viver,no apenas como objeto das cincias naturais.3 Mas, por serum corpo movido por impulsos sensrio-motrizes, subjacentesao sensvel e sensibilidade - um corpo humano que pensa eracionaliza, e que tambm sonha, ama, sofre, imagina, cria,acredita, e enfrenta os desafios ou impasses do viver e domorrer.3

Todavia, o conhecimento sobre as situaes de enfermageme seus graus de complexidade menor, mdia e maior - aindaprecisa ser ampliado com base nas investigaes e nas prticasde ensinar a cuidar e de aprender a cuidar. As caractersticasdas situaes de enfermagem exercem, por si, importante

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influncia na definio de qual o cliente mais grave de umaenfermaria. Em geral, partimos do pressuposto de que, nointeresse da enfermagem, imprescindvel o engajamentoproposital de enfermeiras(os) com as situaes-problema,2

como entendidas nos termos da hospitalizao. Via de regra, medida que elas (enfermeiras) se particularizam nas condiesdos clientes envolvidos, alteram-se em seus graus decomplexidade no s de ordem biolgica (quadro clnico), mastambm variam em razo de fatores psicolgicas, ambientaise outros aliados execuo de procedimentos teraputicos oude cuidados de enfermagem.

SOBRE AS SITUAES DE ENFERMAGEM

Em realidade, precisamos definir, primeiramente, osignificado de situao-problema, para a enfermagem, naprtica assistencial hospitalar. Para tanto, necessrio tomarpor base a prpria situao de enfermagem. A princpio, apalavra situao equivale condio de situar ou localizar ocliente em determinada realidade espacial e temporal.4

Tambm pode significar a realidade contingente a partir daqual se define a posio ou estado do ser do cliente que seencontra disposto, determinado, ou lanado em uma certaconjuntura.4 Em termos filosficos, a situao definida comoaquela realidade pela qual se entende [...] a relao dohomem com o mundo, na medida em que limita, condiciona e,ao mesmo tempo, fundamenta e determina as possibilidadeshumanas como tais.4

Vale destacar que, em Filosofia, a situao uma das dezcategorias aristotlicas, designando - o termo categoria - opredicado fundamental de uma coisa, de um objeto, ou o modode ser do sujeito, por exemplo, como ele est: deitado,sentado, etc.5 Assim, (...) as categorias so, alm desubstncia (o prprio sujeito): quantidade, qualidade, relao,lugar, tempo, posio, estado ou situao, ao e paixo.5

Nesse sentido, as categorias conferem com as determinaesmais diretas do objeto, correspondem s estruturas objetivasdo ser - concepo filosfica objetivista e so formas dopensamento, determinaes do pensamento concepofilosfica apriorstica.5

Ao refletirmos sobre essas concepes filosficas,consideramos que a expresso situao-problema envolvemuitos elementos, abrange aspectos que transcendem o quese pode perceber, o que conhecemos ou vivenciamos emqualquer momento da vida. Para Huxley,

Viver sempre foi uma situao-problema. Nossosantepassados, apesar de sua grande vontade desobreviver, dispunham de poucos recursos(sobretudo tecnolgicos) para isso. Podia haver faltade comida, o sol s vezes queimava e nem sempreiluminava ou aquecia a vida. Sabemos que aindahoje isso ocorre para a maioria de ns. O mesmo

vale para cada criana que nasce. Como mamfero,herdou o poder de ordenhar, mas seu reflexo estadaptado para uma mama da espcie. Contudo, emuma relao particular, como assimilar o leite,construindo sobre o reflexo da suco, um esquemapsicolgico acomodado s caractersticas fsicas esocioculturais daquela que alimenta a criana?Depois disso, mal tendo aprendido a mamar, logonascem os dentes, o leite diminui ou seca, criandoum novo contexto ou recorte para o qual osprocessos anteriores de acomodao agora soinsuficientes. Diante dessa nova situao, comomobilizar recursos, alterar hbitos, atualizaresquemas de ao? Assim tambm acontece emoutros momentos de nossa vida: mal nos tornamosadultos e precisamos refletir, tomar decisesrelacionadas ao nosso envelhecimento.6:15

Refletindo sobre o significado de situao-problema, acitao referida nos mostra que ela ocorre em todas as etapasdo processo de vida e est sempre presente nos momentos emque o ser humano necessita enfrentar obstculos para seadaptar, tomar decises e buscar solues para seu crescimentoe aprendizagem. Viver algo amplo e intenso, que envolve aexistncia humana, seus espaos, cultura, costumes,acrescentando desafios diversos. Uma caracterstica importanteda situao-problema desafiar-nos para uma realizao, deum lado, estruturada pelas coordenadas que lhe dopossibilidade e, de outro, que se expressa de pronto, em termosde aqui e agora.6 Contudo,

Um dos obstculos de uma situao-problema ar ticular diversidade com singularidade.Diversidade porque sua lgebra pode ser expressade muitos modos, ainda que cada caso seja nico edemande uma compreenso que nunca se repeteem sua singularidade 2:15.

Quando pensamos na prtica assistencial de enfermagem, interessante observar em que ponto ocorre tal articulao dadiversidade com a singularidade. Vrios clientes com o mesmodiagnstico mdico manifestam aspectos distintos e que, emcada caso, caracterizam uma situao-problema particular,singularizada, que poder estar relacionada a quaisquer fatores,seja de ordem pessoal, emocional, institucional, ambiental, entreoutros. Por exemplo, efetuar um banho no leito, ou auxiliar emum banho de asperso, pode significar a distino da funo daEnfermagem diante das situaes-problema. Fazer um curativo,administrar medicamentos e conversar com um cliente podemsignificar procedimentos que se repetem, cotidianamente, emmuitas situaes de enfermagem. Mas, o que no se repete arelao do trabalho da enfermeira com a situao-problema e a


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execuo de um mesmo procedimento - (auxlio no banho deasperso ou a execuo de um banho no leito) - com anecessidade particular de cada cliente. Nesse sentido, Carvalho,ao discorrer sobre obstculos e implicaes na abordagem ssituaes de enfermagem, descreve as caractersticas dassituaes-problemas na seguinte forma:

[...] As situaes comportam componentes como atotalidade, as coisas ou fatos, o lugar, a durao, eos personagens. Mas cada situao nica, emboraas situaes de enfermagem possam assemelhar-se entre si. Isto permite que se aprenda com osdados da experincia concreta. As dificuldades naabordagem situacional surgem em razo de fatoresligados ambincia social, ao ndice crescente detransformaes, s novidades e transitoriedade dascoisas, s implicaes psicolgicas relativas aoserros de percepo, s dificuldades de adaptao, incapacidade de fazer escolhas, e talvez a umacerta falta de coragem para assumir os riscos e osdesafios de nosso tempo2:15.

Nossa compreenso do assunto acerca das situaes-problema de clientes hospitalizados firma-se na proposio deCarvalho, especialmente em que pese as dificuldades daabordagem situacional, posto que [...]) as situaes-problema,em sua estrutura, envolvem: personagens; durao dosacontecimentos, espao/ambiente (com transformaes,novidades, transitoriedade, implicaes, adaptaes,incapacidades2. necessrio identificar (clarear), nasinvestigaes, as dificuldades das situaes de enfermagem,as condies especficas dos clientes e os aspetos distintivosque podem diferenar uma dada situao-problema de umaoutra qualquer, e como elas se manifestam na prtica assistencialde enfermagem.

A autora ressalta, ainda, que [...] as situaes deenfermagem so todas as situaes humanas, na esfera do agirprofissional, no importando a dimenso espao-tempo em queelas se encontram e nem as distines existentes nas pessoasassistidas2. E acrescenta que essas situaes podem serencontradas nos domiclios, nas escolas e tambm nos demaisespaos institucionalizados ou no.

Na definio de Carvalho e Castro7, situaes desituaes desituaes desituaes desituaes deenfenfenfenfenfererererermamamamamagggggememememem (...) so o conjunto de circunstncias darealidade espacial e temporal que afetam a sade de indivduos,grupos ou comunidades e em cuja esfera ocorre o encontro doenfermeiro com seu cliente. Vale registrar que as situaes-problema diferem, s vezes, quanto ao grau de complexidadeno apenas porque so relacionadas com a sintomatologia docliente, mas talvez pela soma das dificuldades na proporo deelementos presentes na trama do que ocorre em torno docliente, elementos percebidos na experincia prtica e que do

o sentido de problema situao de enfermagem entendidatambm como situao clnico-assistencial - que envolve ocliente, com certo grau de complexidade.

importante dizer que uma situao de maiorcomplexidade, por exemplo, nem sempre a que se encontrasomente nas unidades de terapia intensiva. Os clientes graves,por suposto, podem ser encontrados em qualquer unidade decuidados intensivos. A distino entre as situaes deenfermagem por seus graus de complexidade pode se constituircomo conferindo com um problema a ser definido. Na prticaassistencial, o que se observa em geral que a complexidadede uma situao muito mais compreendida como acoplada ouao somatrio do aparato tecnolgico ou execuo deprocedimentos de enfermagem. Mas o que destacamos, porexemplo, que a situao de um cliente entubado e conectado prtese respiratria, com cateter de artria pulmonar, nemsempre pode ser considerada mais complexa do que a de outrocliente hospitalizado em qualquer setor de clnica mdica eque esteja somente com acesso venoso perifrico. s vezes, umbanho de asperso pode tornar-se mais complexo do que umbanho no leito devido a diversos fatores relativos s condiesde sade do cliente, e que interferem no encontro enfermeira-cliente em qualquer ambiente sujeito aos cuidados deenfermagem.

De acordo com Carvalho:

[...] as situaes de enfermagem, com todos osseus fatores influentes e intercorrentes eperfeitamente inter-relacionados, no podendo serpr-elaboradas, automaticamente observadas earbitrariamente rotuladas, fatalmente tero deconfigurar-se a partir das prprias funes dosenfermeiros; fora desta perspectiva elas no tmsentido. Evidentemente, os enfermeiros, atravs docriterioso desempenho de suas funes, sejam quaisforem as realidades em que se encontremengajados, em vez de meros expectadores ouexecutores, tornam-se efetivamente os criadores emodeladores das situaes de enfermagem quevivem, e de que participam8:15.

Nestes termos, compreendemos que a concepo desituao-problema abrange fatores intrnsecos e extrnsecosno plano do que-pensar e do que-fazer das enfermeiras, em suaprpria prtica. E a noo de complexidade aliada aoentendimento do conceito desta palavra, de uma forma geral,se deve, tambm, por suposto, s dificuldades das enfermeirasem identificar os problemas de enfermagem - evidentes e noevidentes - na prtica assistencial,9 com efeito, haja vista todosos elementos que influenciam, ou podem influenciar, nasdecises e intervenes de enfermagem, estabelecendo umcerto tipo de complexidade durante a realizao dos cuidadosna prtica de enfermagem.

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De acordo com Abdellah9, os problemas de enfermagemevidentes (overt nursing problem) condizem com condiesenfrentadas pelo cliente e famlia, e nas quais a enfermeirapode assisti-los, ou ajud-los, mediante o desempenho de suasfunes profissionais (por exemplo: um cliente com lcera dedecbito requer cuidado pela enfermeira para promover acicatrizao e/ou prevenir o surgimento de outras lceras). Masno s isto. Um problema de enfermagem no evidente (covertnursing problem) confere com uma condio oculta, escondida,encoberta, mas enfrentada pelo cliente, s vezes sentida pelafamlia, e em face da qual a enfermeira pode assisti-los aodesempenhar suas funes profissionais (por exemplo: umindivduo traqueostomizado que, mesmo de retorno ao domiclio,est impossibilitado de dormir noite pela ansiedade de ficarsozinho e sem poder pedir ajuda caso a cnula fique obstrudacom secrees).

Para a autora, o problema de enfermagem no evidente a ansiedade do cliente, nem sempre demonstrada tambm pelafamlia, e cabe enfermeira encontrar ocasio de instruir clientee famlia, orientando-os sobre os meios para aliviar a ansiedadee proceder desobstruo da cnula. Os problemas noevidentes so complexos, mormente porque podem se seguirde outras complicaes e, assim, mais difceis de seremidentificados, visto que a prpria singularidade do ser humano(cliente e famlia) ressalta-se pelas individualidades. Cadaindivduo, via de regra, est mais preocupado com seus problemasparticulares; e isto se deve ao progresso biolgico e tecnolgicopelo qual o homem vive, mas no consegue experimentarsubjetivamente os fatos em uma viso de totalidade. SegundoHuxley,.

[...] Ao menos teoricamente, deveria ser possvelpara o indivduo ter uma experincia subjetiva diretado progresso e, at certo ponto, isso acontece.Porm, no experimentamos uma ao progressiva.(...) A vida humana em si no-progressiva, ouseja, avana at certo ponto, permanece numplanalto, depois desce10:15 .

Para o autor, a vida humana em si no progressiva porquequeremos viver em nossa vida pessoal, isolada e ilhada. Sendoassim, temos que compreender o contexto do mundo em quevivemos em sua totalidade, no entender as partes para depoisvisualizar o todo, e sim a situao como um todo a partir dosproblemas que se apresentam em um momento especfico.

O prprio autor ressalta que

[...] Para uma criana nascida hoje, a televiso eavies a jato so parte da ordem das coisas. Elano tem idia do tipo de mundo em que os adultos,mais idosos, foram criados, um mundo de cavalos etrens, - de pocas anteriores -, embora essas coisas,

que para ela [a criana] so curiosos legadosneolticos, ainda existam. Essa outra razo pelaqual muito difcil experimentarmos o progressosubjetivamente, como se experimentam outrosaspectos da vida pblica e histrica; a maior partede ns preocupa-se apenas com os fatos de nossasvidas privadas, relaes familiares, brigas, cimes,compaixo, sexo e mexericos. Estamos unicamenteenvolvidos na vida da molcula, no na vida do gs10:15.

Com base no pensamento de Huxley, podemos inferir, apartir de nossas experincias enquanto docentes na supervisode alunos de enfermagem em campo da prtica assistencial,que as enfermeiras manifestam dificuldades de identificar osproblemas de enfermagem no contexto da situao do cliente,em um determinado momento, local, tempo e relacionamentosenvolvidos. Quase sempre os problemas so identificados emsuas ligaes ou com o aparato tecnolgico ou com osprocedimentos tcnicos executados, mesmo os de rotina.

O entendimento, adequado ou inadequado, dacomplexidade resulta, quase sempre, de uma forma decompreenso insuficiente em relao aos aspectos queenvolvem emoes, angstias ou outros sentimentos querequerem no s conhecimento terico das enfermeiras, mastambm a sensibilidade do corpo para trabalhar junto ao clientee, ao mesmo tempo, saber tomar decises apropriadas para asoluo dos problemas presentes na situao de enfermagem.O organograma a seguir demonstra nosso entendimento acercado que consistem as situaes de enfermagem:

Situao-problema

Problemas de enfermagem

Problemas Evidentes

Problemas No evidentes

Graus de complexidade da

situao-problema

Enfermagem cincia e arte (Base terica e prtica)

OrganogramaOrganogramaOrganogramaOrganogramaOrganograma*****

Desdobramento conceitual de situao-problema:Desdobramento conceitual de situao-problema:Desdobramento conceitual de situao-problema:Desdobramento conceitual de situao-problema:Desdobramento conceitual de situao-problema:consequncias e repercussesconsequncias e repercussesconsequncias e repercussesconsequncias e repercussesconsequncias e repercusses

*Organograma elaborado pelas autoras


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CONCLUSOConforme o organograma, as situaes de enfermagemincluem os problemas de enfermagem identificados (evidentesou no evidentes). Os problemas evidentes, como tambm osno evidentes, permeiam todo o processo de enfermagem epodem estar presentes em relao a aspectos individuais docliente no que tange doena, famlia, aspectos clnicos(sintomatologia), aspectos ambientais ou institucionais ououtros.

Para a compreenso do desdobramento conceitual desituaes-problema, Carvalho explica que a metodologia deresoluo de situaes-problema2 inclui: abordagem inicial situao; levantamento (coleta de dados) da ambincia e docliente; diagnstico/descrio da situao de sade (ambientee cliente); planejamento das intervenes para resoluo dosproblemas identificados; execuo das intervenes e avaliaoda ajuda prestada.2 Os problemas pertinentes s situaesdevem ser objetivamente resolvidos por graus de complexidade menor, mdia ou maior. Os cuidados de enfermagem soprestados, tanto quanto possvel, conforme a sistemtica doprocesso de enfermagem e de modo a atender especificamentes necessidades dos clientes e famlias a partir da situao-problema que se encontram. Alm disso, o que-pensar e o que-fazer das enfermeiras devem ser pautar pelos princpioscientficos e conhecimentos fundamentais de Enfermagem cincia e arte.

REFERNCIAS

Por conseguinte, partimos do pressuposto de que assituaes-problema fazem parte no somente do processo deenfermagem, mas, de fato, do cotidiano das enfermeiras nopanorama assistencial. As situaes-problema incluemproblemas evidentes e no evidentes, os quais estorelacionados ao cliente e famlia no mbito da prtica deenfermagem. Cada situao nica e, portanto, seus graus decomplexidade - menor, mdia ou maior - no dependem somenteda sintomatologia do cliente hospitalizado, mas tambm deoutros aspectos presentes no encontro enfermeira-cliente queconferem um grau de complexidade a uma situao-problemasingular.

Deste modo, o que se pode compreender por grau decomplexidade de uma situao-problema no abrange apenasos sujeitos envolvidos, mas os cuidados de enfermagem e osfatores relacionados ao ambiente, mais claramente destacadose outros talvez obscuros, que podem interferir ou no naabordagem da enfermeira ao cliente durante a assistncia.Assim, as situaes como recortes de um domnio complexo1,se comparadas analiticamente entre si, certamente poderointerferir nas decises das enfermeiras e podem comprometera compreenso de todo o contexto assistencial. Portanto, asdecises de enfermagem podem, por sua vez, ser mais ou menoscomplexas, em vista do prprio entendimento do que possaestar interferindo em qualquer protocolo de tratamento pr-estabelecido.

1- Carvalho V. acerca de uma educao apropriada enfermagem emnossa poca. In: Carvalho V. Enfermagem: ensino e perfil profissional.Rio de Janeiro (RJ): UFRJ/EEAN; 2006. p. 115-34.

2- Carvalho V. Sobre o projeto para aplicao de novas metodologiasao processo ensino-aprendizagem: a experincia de mudanacurricular na Graduao da EEAN/UFRJ. In: Carvalho V. Sobreenfermagem: ensino e perfil profissional. Rio de Janeiro (RJ): UFRJ/EEAN; 2006. p.159-75.

3- Figueiredo NMA, Santos I. Introduzindo a enfermagem clinica noambiente teraputico hospitalar. In: Santos I, et al. Enfermagemassistencial no ambiente hospitalar. So Paulo (SP): Atheneu; 2004. p.3-20.

4- Abagnano N. Dicionrio de filosofia. 4 ed. So Paulo (SP): MartinsFontes; 2000. p. 910.

5- Hessen J. Teoria do conhecimento. Traduo de Joo VerglioGallerani Cuter. 2ed. So Paulo (SP): Martins Fontes; 2003.

6 - Perrenoud P, et al. As competncias para ensinar no sculo XXI: aformao dos professores e o desafio da avaliao. Porto Alegre(RS): Artmed; 2002.

7- Carvalho V, Castro IB. Marco conceitual para o ensino e a pesquisade enfermagem fundamental; um ponto de vista. Rev Bras Enferm1985 jan./mar; 38 (1): 76-86.

8- Carvalho V. A problemtica do diagnstico de enfermagem. Separatado Boletim do Centro de Estudos n5 do Ministrio da Justia/Departamento de Administrao e Diviso Pessoal; 1973.

9- Abdellah FG, et al. Patient - centered approaches to nursing. 2nded. New York(USA): Macmillan Company; 1960.

10 - Huxley A. A situao humana. Rio de Janeiro (RJ): Ed Globo;1982.

Recebido em 21/05/2009Reapresentado em 09/10/2009

Aprovado em 28/01/2010

SOBRE AS SITUAÇÕES DE ENFERMAGEM E SEUS GRAUS DE COMPLEXIDADE – MENOR, MÉDIA E MAIOR - NA...

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