Sobre as teorias da complexidade

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Sobre as teorias da complexidade Por Lúcia De acordo com o pensador, comunicador, sociólogo, antropólogo e filósofo francês Edgar Morin, “conhecimentos são informações”. No entanto, as informações são pedaços de conhecimentos sem sentido se não há um conhecimento organizador, ou seja, não basta conhecer, temos que integrar as partes destes conhecimentos. O cosmos seria uma visão global, geral, que tem em conta as relações locais e particulares, singulares. A questão fundamental, segundo Morin, seria as relações das partes com o todo e do todo com as partes. O que significaria dizer que o todo se encontra nas partes; que a sociedade como um todo se encontra na mente de cada indivíduo através de sua linguagem, de sua cultura. Para o autor, a reforma da educação precisa da reforma do pensamento. A educação sofreu uma transformação importante durante o século XIX quando houve a separação curricular em disciplinas, um modelo que agora é universal, no qual os conhecimentos são fragmentados, sem comunicação entre as disciplinas. O que impede as mentes de ver e conceber os problemas fundamentais e os problemas globais. Com isso houve a destruição da idéia de um possível cosmos, de uma unidade de mundo. A idéia de homem como ser humano desintegrou-se. Muitos pedaços da humanidade encontram-se em várias ciências humanas desintegradas, o que impede de conceber o que realmente significa ser humano. Necessitamos de uma reforma na educação, não a supressão de disciplinas e sim a (re)ligação dos sentidos entre elas. Isto é o que Leffa entende por abordagem transdisciplinar fundamentado teoricamente nas Teorias da Complexidade. A Teoria da Complexidade se pode entender como um conjunto de idéias que incorpora os princípios de diversas teorias, entre as quais se destacam os Sistemas Complexos, a Teoria do Caos, o Pensamento Complexo e a Teoria da Atividade. Embora diferentes, todas essas teorias têm em comum o princípio de que tudo está relacionado. Nada acontece por acaso e de forma isolada.

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Sobre as teorias da complexidade

Por Lúcia

De acordo com o pensador, comunicador, sociólogo, antropólogo e filósofo

francês Edgar Morin, “conhecimentos são informações”. No entanto, as

informações são pedaços de conhecimentos sem sentido se não há um

conhecimento organizador, ou seja, não basta conhecer, temos que integrar

as partes destes conhecimentos. O cosmos seria uma visão global, geral,

que tem em conta as relações locais e particulares, singulares. A questão

fundamental, segundo Morin, seria as relações das partes com o todo e do

todo com as partes. O que significaria dizer que o todo se encontra nas

partes; que a sociedade como um todo se encontra na mente de cada

indivíduo através de sua linguagem, de sua cultura.

Para o autor, a reforma da educação precisa da reforma do pensamento. A

educação sofreu uma transformação importante durante o século XIX

quando houve a separação curricular em disciplinas, um modelo que agora é

universal, no qual os conhecimentos são fragmentados, sem comunicação

entre as disciplinas. O que impede as mentes de ver e conceber os

problemas fundamentais e os problemas globais.

Com isso houve a destruição da idéia de um possível cosmos, de uma

unidade de mundo. A idéia de homem como ser humano desintegrou-se.

Muitos pedaços da humanidade encontram-se em várias ciências humanas

desintegradas, o que impede de conceber o que realmente significa ser

humano.

Necessitamos de uma reforma na educação, não a supressão de disciplinas

e sim a (re)ligação dos sentidos entre elas. Isto é o que Leffa entende por

abordagem transdisciplinar fundamentado teoricamente nas Teorias da

Complexidade. A Teoria da Complexidade se pode entender como um

conjunto de idéias que incorpora os princípios de diversas teorias, entre as

quais se destacam os Sistemas Complexos, a Teoria do Caos, o

Pensamento Complexo e a Teoria da Atividade. Embora diferentes, todas

essas teorias têm em comum o princípio de que tudo está relacionado. Nada

acontece por acaso e de forma isolada.

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Leffa conclui o que, em outras palavras, analisa Morin: A tendência entre os

teóricos da atualidade tem sido submeter os dados que encontram a uma

determinada teoria, dessa forma o que seria plural (os dados) ficaria

submetido ao que é singular (uma teoria). O que Leffa propõe é pluralizar as

teorias e singularizar os dados, vendo-os como um problema específico,

partindo do problema para a teoria e não da teoria para o problema. Em

outras palavras, defini-se um determinado problema, atravessa-se com ele

diferentes teorias e vai-se além, construindo no processo e no fim o

conhecimento de que se precisa para a solução do problema. Isso será

proposto através do que se pode chamar, de modo global, de teoria da

complexidade.