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SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE A ESFINGE Manoel Antonio Ferreira ... A Vida está em tudo. E, com Ela, as experiências incessantes nos quatro Reinos da Natureza. Podemos, assim, conceber nas pedras brutas latentes humanidades futuras. Não sem razão, falam as mitologias dos Adões de barro, e o Deucalião grego atira pedras que se transformam em homens, após o Dilúvio. No envolver de cada Reino, ensina a Ciência, não visa a Natureza ao indivíduo em particular, mas sempre a Espécie. E os sábios e místicos de todos os tempos e em todas as partes, unanimemente, apontaram a Natureza como a imagem ou manifestação de Deus. Eis a Verdade que se revela: o Ser Coletivo, o Ser Total Deus encausado, manifestado como a primeira chave do grande enigma, da arquimilenar Esfinge. Os valores da Evolução, através dos eons infindáveis (os Manvantaras, as Idades, as Eras e as Raças) do Ser Total são o que constitui, ao final, a Grande Realidade que há de explicar todos os “porquês”, se tais houver. A partir deste modo de entender, a ESFINGE pode ser definida como a objetivação alegórica desse Ser encausado no Quaternário ou Quarto Sistema Evolucional (o presente Manvantara, astronomicamente corporificado na Terra) e sintetizando quatro “Animais”. As “vestes” animais identificadas na Esfinge coadunam-se com a linguagem e estado de consciência lunares característicos daqueles que pela primeira vez contemplaram tão insólito movimento: os lemurianos. E, como bem sabe todo estudante de Teosofia, na Raça Lemuriana reflete-se a terceira Cadeia, a LUA, na qual se desenvolvem todos os atributos emocionais, depois transferidos à sua representação terrestre que é o Reino Animal. Cada um dos três Universos ou Manvantaras anteriores, conforme a Sabedoria Arcaica ou das Idades, tem nos reinos da Natureza representações residuais. Diz-se “residuais” porque, tal qual se prevê para a Terra, igualmente eles atingiram os termos finais de suas Evoluções, glorificando-se pela “volta à Divindade”. Tais Seres, assim glorificados, são os que hoje constituem as Hostes Celestes de que falam as Tradições, as Hierarquias Criadoras, como verdadeiros Deuses ou Pais amparando e orientando os seres em evolução na Face da Terra. E seus preciosos resíduos consubstanciaram-se, à proporção que a massa sideral se desenvolvia até alcançar a forma que lhe conhecemos de SER PLANETÁRIO, nos conhecidos Reinos da Natureza: O Mineral, o

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE

A ESFINGE

Manoel Antonio Ferreira

... A Vida está em tudo. E, com Ela, as experiências incessantes nos quatro Reinos da

Natureza. Podemos, assim, conceber nas pedras brutas latentes humanidades

futuras. Não sem razão, falam as mitologias dos Adões de barro, e o Deucalião grego atira pedras que se transformam em homens, após o Dilúvio.

No envolver de cada Reino, ensina a Ciência, não visa a Natureza ao indivíduo em particular, mas sempre a Espécie. E os sábios e místicos de todos os tempos e em todas as partes, unanimemente, apontaram a Natureza como a imagem ou manifestação de Deus.

Eis a Verdade que se revela: o Ser Coletivo, o Ser Total – Deus encausado, manifestado – como a primeira chave do grande enigma, da arquimilenar Esfinge.

Os valores da Evolução, através dos eons infindáveis (os Manvantaras, as Idades, as Eras e as Raças) do Ser Total são o que constitui, ao final, a Grande Realidade que há de explicar todos os “porquês”, se tais houver.

A partir deste modo de entender, a ESFINGE pode ser definida como a objetivação alegórica desse Ser encausado no Quaternário ou Quarto Sistema Evolucional (o presente Manvantara, astronomicamente corporificado na Terra) e sintetizando quatro “Animais”.

As “vestes” animais identificadas na Esfinge coadunam-se com a linguagem e estado de consciência lunares característicos daqueles que pela primeira vez contemplaram tão insólito movimento: os lemurianos. E, como bem sabe todo estudante de Teosofia, na Raça Lemuriana reflete-se a terceira Cadeia, a LUA, na qual se desenvolvem todos os atributos emocionais, depois transferidos à sua representação terrestre que é o Reino Animal.

Cada um dos três Universos ou Manvantaras anteriores, conforme a Sabedoria Arcaica ou das Idades, tem nos reinos da Natureza representações residuais. Diz-se “residuais” porque, tal qual se prevê para a Terra, igualmente eles atingiram os termos finais de suas Evoluções, glorificando-se pela “volta à Divindade”. Tais Seres, assim glorificados, são os que hoje constituem as Hostes Celestes de que falam as Tradições, as Hierarquias Criadoras, como verdadeiros Deuses ou Pais amparando e orientando os seres em evolução na Face da Terra.

E seus preciosos resíduos consubstanciaram-se, à proporção que a massa sideral se desenvolvia até alcançar a forma que lhe conhecemos de SER PLANETÁRIO, nos conhecidos Reinos da Natureza: O Mineral, o

Vegetal e o Animal, respectivamente da primeira, segunda e terceira Cadeias ou Universos pretéritos.

Neste contexto é o homem considerado, do ponto de vista dos Reinos da Natureza, como o quarto – REINO HOMINAL. No ponto de vista da Sabedoria das Idades, integra a quarta Hierarquia, esotericamente denominada JIVA.

(JIVA é a onda de Vida que, emanada do Absoluto, vem atravessando as idades geológicas a par e passo com a evolução das formas, desde os primórdios energéticos até os futuros e finais estados de consciência que lhe compete, e constitui o pivô do presente Manvantara).

Os quatro “Animais” congregados na Esfinge expressam, pois, quatro Hierarquias Criadoras, também chamadas Rúpicas, isto é, objetivadas, formais, que se adensaram até um plano concreto e elaboraram corpos ou vestes: ASSURAS, AGNISVATAS, BARISHADS e JIVAS, respectivamente do primeiro, segundo, terceiro e quarto Sistemas de Evolução ou Universos manifestados. Tais “Animais” são: a ÁGUIA, dos Assuras, representados pelas ASAS; o LEÃO, dos Agnisvatas, representados pelas GARRAS; o ANJO ou MULHER, dos Barishads, representados pela CABEÇA e BUSTO; e, finalmente, o TOURO, dos Jivas, representados pelo CORPO.

Reunidos num todo dinâmico, representa já um outro “Animal” – uma quinta e desconhecida Hierarquia, por isso ainda vista de modo quimérico. Tal é a ESFINGE.

Sim, quatro cósmicos “Animais”, melhor dito, quatro grandes Animas, se reúnem para gerar – fantástico metabolismo! – um Devenir Universal: o QUINTO SISTEMA DE EVOLUÇÃO onde vai evoluir uma QUINTA HIERARQUIA CRIADORA, suporte formal dos valores do MENTAL ABASTRATO ou Superior, perenemente bafejado pela Intuição, como o dom da verdade sempre presente em todo Ser elevado.

Esses “Animais” compõem, igualmente, a esfingética imagem do EVANGELHO, pela sua quádrupla narração: a de Mateus, a de Marcos, a de Lucas e a de João. Pois a cada um desses Apóstolos, como consta dos textos bíblicos, corresponde um animal, seja a Águia, o Leão, a Pomba (outro modo de simbolizar o Anjo ou Mulher) e o Touro.

(A Igreja da Cruz dos Militares, localizada à Rua 1º de Março, no Rio de Janeiro, mostra em sua belíssima fachada as estátuas destes quatro importantes Apóstolos, acompanhados de seus respectivos animais).

Que concluir? – tais Hierarquias, inegavelmente, estiveram presentes, à época, na realização da Grande OBRA, colaborando com o meigo Avatara da Galiléia. E sua confirmação surge, de fato, no simbolismo da CRUZ, onde se exprimem por seus quatro braços, entre os quais se glorifica o Cristo, como quinta coisa ou pródromo ideal de uma quinta Hierarquia no Quaternário projetada como conseqüência do “Movimento” da mesma Cruz, Roda, Rota ou Rosa-Cruz, Swástica ou Cruz do Pramantha.

Também a PIRÂMIDE, por suas quatro faces triangulares, expressa as quatro Hierarquias ou Universos manifestados, e os lados da base

quadrada, suas objetivações ou reflexos na Terra. O vértice aponta o dealbar do Quinto Sistema, denunciado pelos valores do Mental Abstrato e laivos de Intuição já se desenvolvendo nos homens como prova inconteste da fixação existencial da nascente quinta Hierarquia.

Esfinge e Pirâmide ligando-se subterraneamente, é como se ligasse a Lemúria à Atlântida, pois este Monumento sintetiza a quarta Raça, onde se agigantou o Mental Concreto, de raciocínio, de medições, de comparações, de números e geometria, a justificar a forma e as medidas nele encontradas.

Esfinge e Pirâmide proclamam, cada qual em sua linguagem sônica, a mesma Verdade. A Esfinge em termos alegóricos, figurativos e ideais; a Pirâmide nos termos geométricos. Diríamos da primeira, que usou uma linguagem religiosa e emocional; da segunda, uma linguagem matemática, ou melhor, científica – o pensamento concreto da velha Atlântida ali petrificado em sua máxima síntese.

Esse Ser Cósmico de quatro aspectos é idêntico ao Brahma de quatro faces das velhas teogonias hindus.

São os quatro cálices do Senhor Budha que num só se fundem. Estão na Terra, por suas quatro direções – Norte, Sul, Leste e Oeste

– aprisionadas na Rosa dos Ventos, Rota, Roda, Rosa-Cruz, estrela ou Cruz dos pontos cardeais.

É ainda o glorioso Cavalo Branco calcando sobre suas quatro patas o Dragão Infernal. Sobre ele, como em cima de quatro colunas, está montado o fantástico Akdorge das tradições tibetanas, o guerreiro São Jorge dos cristãos que mata o Dragão da própria animalidade a fim de conquistar a sua Mônada, ao mesmo tempo que sua “shakti” ou elemento feminino e genetrix capaz de objetivar no Filho, que o eterniza, os valores tão arduamente por ele conquistados.

Enfim, a totalidade das experiências das quatro Hierarquias a compor sempre a Divinal Realidade.

Em movimento, vão constituir as excelsas Hostes do TETRAGRAMATON das tradições hebraicas: IOD-HE-VAU-HETH, IHVH ou Javé, o homem cósmico que outros dizem JEOVAH. É também a TETRACTIS pitagórica com seus sagrados números, 1, 2, 3 e 4, cuja soma é 10 que, sendo o número de Brahma ou Divindade criadora (A Tríade Eternal e o setenário Ishwárico, os sete Eloins) é, arcanicamente, a RODA, tora, Rosa – Rosa-Cruz em movimento – ou seja, a LEI.

Teosoficamente, tais Hostes, como Potestades ou Vestes (experiências coletivas finais assumindo papel de Atributo ou função da Divindade) são designadas por MANU, YAMA, KARUNA e ASTAROTH, surgindo na vivência humana, no supremo esforço de conduzir as Mônadas a se individualizarem, como cósmicos Poderes: Legislativo, Judiciário, Executivo e Coordenador respectivamente, a disciplinar as miríades de personalidades que, ao balanço interminável dos contrastes (vida/morte, paz/guerra, construção/destruição, espírito/matéria, gozo/sofrimento etc. etc.), jogam com os valores do Karma reajustador, evoluindo e despertando para o EQUILÍBRIO ou descoberta da Verdade

em si mesmos, isto é, libertando-se do estado energético para ganhar o de autoconsciência ou Iluminação.

Por isso se entra na Esfinge ou na Pirâmide, como se, na linguagem do Nazareno, se dissesse “Entra em teu quarto (4) e ora a teu Pai que no secreto te ouve”. Sim, entra em ti mesmo através do teu personal quaternário e contempla esta quinta coisa que é o Portal da Trindade imanente, tua Individualidade ou EU INTERNO, realidade única em ti, tua Luz e tua Verdade a identificar-te com a Luz ou Verdade Universal que pela Trindade transcendente se manifesta.

Pois, tanto a Esfinge como a Pirâmide, consoante o princípio hermético de que “o que está em baixo é como o que está em cima” e o de que “o microcosmo é símile do macrocosmo”, estão também no Homem.

Donde Esfinge ou Fênix dizer ao viandante, o Peregrino ou Édipo que é a própria Humanidade: “Ou tu me decifras ou eu te devoro”, o método, alegoricamente falando, com o qual a LEI “separa o Joio do trigo” pelo acerto ou não da resposta à pergunta: “O que é que de manhã anda com quatro pernas, à tarde com duas e à noite com 3?” a que o herói da lenda respondeu ser o Homem. Pois, de manhã ou início da vida, engatinha; à tarde ou fase adulta, anda sobre as duas pernas; e ao anoitecer da vida, tendo trôpegas essas duas, apóia-se num bordão ou terceira perna.

O que, entretanto, possui mais amplos significados, por isso que o Homem na marcha ou “andar” evolutivo é, inicialmente, apenas um “chaya” ou conglomerado de energia anímica proveniente da terceira Cadeia, identificando-se ao próprio animal que se apóia nas quatro pernas para andar; neste momento, exprime-se apenas pelo quaternário da matéria que o constitui, ou impulso da Natureza; depois, alcança o estado de Homem propriamente pelo desenvolvimento do Mental, o insipiente pensamento concreto, funcionando à imposição dos contrastes e, portanto, comparativo ou binário, suas duas pernas; para, finalmente, atingir o plano monádico já denunciado por seus cinco sentidos, plano este o mais inferior da trinaria Mônada (atmã, budi, manas) e, pois “andando” com três pernas, seja revelando por suas idéias e atos, a VONTADE, o AMOR e a SABEDORIA, quando se torna uma Individualidade imortal, Senhor de si mesmo, e parte integrante da Lei – Libertação ou Vitória dos quatro Animais da Esfinge!

Ele mesmo se tornou na Esfinge ou Pirâmide Humana em meio ao deserto – miríades de grãos de areia a constituir a humanidade vulgar – “Saara” das personalidades transitórias, material “seara” donde cada grão se acrisola pelo triturar da MÓ ou Roda de Sansara, na ingente tarefa de se integrar ao EU Interno, cuja expressão perceptível é o quinto Princípio, anunciado ao mundo pela alegoria viva do Cristo pregado nos quatro braços da cruz.

Razão, igualmente, porque as Tradições simbolizam o Homem por um PENTAGRAMA, estrela na qual as quatro pontas inferiores representam as pernas e os braços (o quaternário ou cruz) e a quinta, ou superior, àquelas encimando, a Cabeça, sede da INTELIGÊNCIA, cuja

conquista justifica ao pleno a existência desses Colossos Pétreo, retratos da própria Humanidade que, por neles não se reconhecer, contempla-os com admiração e assombro!