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    E.E.E.M. CNEGO JOO BATISTA SORG

    VIOLNCIA: POSSIBILIDADES E LIMITES

    NOMES: DANIEL Z., GIORDANA B., NIDHYANE S. E PATRCIA N.

    PROFESSOR: DILCEU R.PIVATTO JR.

    TURMA: 113

    JULHO, 2014

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    IntroduoConsiderando a violncia enquanto problema social, que vem se configurando como prtica

    recorrente na sociedade brasileira, sendo mesmo representada por setores da sociedade como partedo cotidiano da vida social e tida por alguns como natural e naturalizada, busca-se refletir sobre o

    conceito de violncia, levando em considerao as possibilidades e os limites subjacentes a essatarefa.

    Violncia e representaes sociaisAbrindo um parntese sobre as reflexes a violncia, as representaes sociais so as formas

    como os indivduos concretizam a necessidade de se situarem no mundo, explicar esse mundo e seexplicarem dentro dele. um conhecimento que tem um sentido prtico, orientando as condutas eajudando os indivduos a interpretar e a dar sentindo ao mundo que os rodeia.

    Fechando o parntese e voltando a definio da violncia, o olharsociolgico permite defini-la no apenas considerando as relaes entre o fenmeno e suas representaes, mas diferenciando

    igualmente o conceito de suas manifestaes empricas. O conceito terico e as manifestaesempricas so praticas de atores sociais.

    A violncia e sua construo como problema sociolgicoA primeira dificuldade de natureza conceitual a violncia de ser um fenmeno no emprico

    (ou seja, um acontecimento violento do dia a dia, como, por exemplo, um assassinato, umsequestro, um estupro). O fenmeno da violncia construdo como objeto sociolgico, de modo aque sua utilizao adquira fora explicativa e sentido, no interior do discurso cientfico. A busca doconceito do fenmeno da violncia distingue em diferentes tipos de violncia: construosociolgica do conceito seria possvel falar da violncia rural ou urbana, para uma delimitaoespacial; poltica, religiosa, tnica, se estivesse em motivos derivados a maneira de ser e de pensar

    do indivduo; violncia de jovens, da poltica, violncia domstica etc., se estivesse tratando dosatores da violncia; violncia contra crianas, adolescentes, mulheres, idosos, homossexuais, pobres,desempregados etc., se a questo fosse a violncia fsica (que deixa marcas, traos, feridas) eviolncia doce (que deixa sem marcas fsicas, como propem Bourdieu, a subjetividade quecaracteriza as dimenses da moral ou do simblico no elimina o carter de constrangimento dosatos agressivos ao indivduo mesmo na ausncia de danos fsicos. Conforme tambm discutido porLuiz Roberto Cardoso de Oliveira. Mesmo que tal privilegio possa parecer difcil de ser sustentadoquando acontecimentos como massacres, linchamentos e cenas de violncia policial(acontecimentos como os de Carandiru, da Candelria ou de Vigrio Geral, que foram massacresenvolvendo violncia policial), pela sua crueldade e urgncia explicativa, esto como que atropelaros mecanismos da reflexo dos cientistas sociais e a cobrar medidas prticas.

    Pensando com clssicos e contemporneos:Como que para iluminar as ideias at aqui citadas, pode-se recorrer obras de autores

    clssicos e contemporneos. Nesse contexto observamos, por exemplo, a troca de socializao porsociabilidade (o que pode ser justificado por uma fortssima hiptese: novas sociabilidades pareceexpressar mais concisamente a realidade complexa contempornea).

    Socializao um conceito elementar e fundante da ideia sociolgica da definio de normase padres de comportamento que tornam um indivduo membro da sociedade. SocializaoPrimria, por exemplo, promove os primeiros contatos de uma criana com o ambiente a que estexposta. J a socializao secundria (que nos exige maior foco) gera transformaes socioculturais,devido a unio de duas ou mais culturas. Nesse ponto socializao sugere que os processos scias

    (valores bsicos) so uma conscincia comum (so homogneos de uma cultura a outra). Nessadiferenas sociais originadas em processos diferenciados de desenvolvimento histrico mostram

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    mltiplas possibilidades de estruturao das relaes sociais, gerando contextos sociais que nopodem ser pensados a partir de critrios generalizados ou homogeneizados.

    A complexidade social prevista por clssicos da Sociologia centrada em: situaes dediferenciao e especializao (choque de teorias e maneiras certas de se fazer algo); processos de

    especializao, racionalizao e desencantamento do mundo (choque de vises do mundo e fs).

    Configurando o oposto da homogeneidade social. O que gera enfraquecimento do senso coletivo:um mesmo fato pode ser criticado de inmeras formas (Durkheim 1971). (Em Weber) podemosilustrar essa situao como uma guerra dos deuses: valores plurais que disputam a

    homogeneidade e a legitimidade.Analisando clssicos teremos um diagnstico de diferenciao e especializao sociais que,

    na atualidade, ganha contornos mais agudos, conformando e estruturando contextos societriosfragmentados, plurais, mltiplos (socioculturais), que comportam valores igualmente variveis. Essascaractersticas evidenciam as transformaes contemporneas, e a ausncia de normas fixasunificadas de conduta entre as culturas, gerando diferentes identidades e alguns possveis conflitosnas relaes scias, essa ltima pela forma de estruturao social.

    So exemplos: Zaluar (1997) que escreve sobre sociabilidades que tm no antagonismo e na

    violncia seu ethos primeiro, mas tenta instituir e expandir formas de sociabilidade que resgatem asolidariedade. E Machado (1997) que precisa aprofundar em vrias oportunidades a ideia de umasociabilidade violenta. Tanto Zaluar como Machado no utilizam o plural sociabilidades, e como jdito uma tendncia contempornea: as sociedades contemporneas no comportam um processode socializao, mas sim, um conjunto variado de sociabilidades em contnua transformao. Nessecontexto, interpreta-se a violncia como resultado de um processo de socializao fracasso, em umaleitura simplificada, segundo Martuccelli (1999) que ressalta: na medida em que seria esse mesmosocial o espao da vigncia de princpios contraditrios de ao e o espao da pluralidade de normase valores, concorrentes ou no.

    A gama de novas sociabilidades no so desenvolvidas como sinnimo ou de semelhana aorientaes de conduta dos participantes do processo. Ao contrrio, uma tendncia ao uso da

    violncia como meio de resoluo de conflitos e de organizaes sociais, a nvel institucional ouinterpessoal (carncias, falhas, rupturas, etc.), ou seja, violncia como um recurso disponvel (entremuitos outros). Nessa ideia, violncia se vincula a uma hierarquia valorativa, passa a ser questo deeficcia, oportunidade, afirmao de identidades negadas pela sociedade, exploso de raivas, etc.,inclusive, violncia entre alguns grupos sociais nada menos que sua forma de estruturao social.

    possvel imaginar que alguns desses tipos de sociabilidades (no baseadas em umasolidariedade) se constroem e se desfazem sem grandes razes, sem durao de tempo, de modocircunstancial, j que se formaram em funo de um objetivo tpico, que quando atingido perderazo de ser as relaes constitutivas das referidas sociabilidades.

    Pensar a violncia sociologicamente demanda estudar o que vigente, no o que legal ounormativamente correto, ou seja, o socilogo tem a tarefa de entender o que , sem julgar seu valor,

    sem focar em o que moral e justificvel e o que no . Todavia o socilogo no um relativistaexacerbado, no qual todos os valores se equivaleriam. Tudo isso significa que anlise sociolgica refletir sobre a sociedade como ela de fato , e no como leis ou normas as supem ser.

    Compreender os contedos de sentido que agentes sociais distintos emprestam s suasaes pode se constituir em caminho frtil para compreender processos sociais e chegar explicaode regularidades que tm seu locus de realizao em relaes sociais efetivas em contextosinstitucionais. Assim, analisar como agentes sociais respondem a determinadas prticas de violncia uma forma de entender e buscar as origens sociais da violncia. H duas alternativas de reao: 1)Acatar as normas vigentes e 2) Contornar ou burlar as normas (colocar seus valores acima dosvalores normativos compartilhados por setores hegemnicos). Em outras palavras, o agir subjetivocontm igualmente componentes objetivos, vinculados ao contexto e condicionado a algum grupo

    (sociedade), embora seja uma experincia individual.

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    A construo do objeto violncia, dentro dos pressupostos de uma sociologia compreensiva,supe integrar momentos de compreenso subjetiva a contextos objetivos. Perseguir a naturezasociolgica significa encontrar o que especfico anlise sociolgica, sem que este procedimentoimplique, no entanto, no negao de outras dimenses de anlise (viso religiosa, filosfica,psicolgica, econmica, poltica, etc.).

    Para a conceituao (sociolgica) da violncia, convm fazer referncia temtica da relaoentre indivduo/sociedade, nos termos da tradio sociolgica clssica (autor/estrutura), sem sevoltar polmica, til analisarmos a analogia com o estudo do suicdio empreendido por Durkheim(1985): dado determinado contexto sociocultural e econmico, nem todos os indivduos estopropensos a participar e a engrossar a corrente suicida que compe o contingente de mortesvoluntrias que cada sociedade est disposta a oferecer (por que alguns reagem de modo violento adeterminada situao e outros no?).

    No fenmeno violncia interferem certamente a natureza pessoal de cada indivduo,religio, poltica, ideologia, etc. H manifestaes de violncia de carter individual, no caso dedeterminadas carreiras criminosas, nas quais nada tem a haver com seu contexto social ou familiar.Embora relevantes tais situaes no podem ser confundidas com a explicao sociolgica, por

    analticas ou explicativas que sejam suas contribuies. Voltamos a Durkheim (1971) e sua mximade se buscar no social os componentes da explicao sociolgica, da mesma forma que demandacompreender a solidariedade entre o objeto e a pluralidade de suas representaes.

    Universal/particular, objetiva/subjetivaDo ponto de vista terico, ressaltar o aspecto relativo do fenmeno no sinnimo de

    assumir um relativismo puro. Do ponto de vista da realidade a ser entendida, a nfase posta nacultura e em suas especificidades aponta ao olhar sociolgica a existncia de distintos valores.

    Um dos elementos mais complexos da questo da definio da violncia: no h umadefinio em abstrato, que se aplique a qualquer sociedade. Pensando na relao objetiva/subjetiva,

    seria vivel admitir-se, pelo menos como uma hiptese operacional, que se pode definir algo comoviolncia sempre que a alteridade (ou seja, a existncia do outro) for desconsiderada. Em outraspalavras, sempre que o ato praticado por algum desconsiderar o outro (que sofre este ato) comosujeito e, em funo disso, trat-lo como objeto, inviabilizando, em ltima instncia, a interaosocial, seja ela de natureza consensual ou conflituosa. Para Michaud, h violncia quando, numa

    situao de interao, um ou vrios atores agem de maneira direta ou indireta, macia ou esparsa,causando danos a uma ou varias pessoas em graus variveis, seja em sua integridade fsica, seja emsua integridade moral, em suas posses, ou em suas participaes simblicas e culturais.