Sócrates e a Maiêutica

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Sócrates inventa uma técnica chamada Maiêutica, em que, através de uma série de perguntas oportunas inteligentes, encaminha o seu adversário na senda da produção do próprio conhecimento que ele deseja gerar com a discussão. Platão aperfeiçoa a Maiêutica socrática, conservando seus elementos fundamentais, mas elevando-a a uma dialética (arte do diálogo). Na dialética platônica, parte-se primeiramente de uma determinada tese (ou idéia), que é melhorada e aperfeiçoada, cada vez mais, no decorrer da discussão. Dessa tese, surge uma antítese, que tem como finalidade contrariar a tese inicialmente levantada. A dialética platônica nasce justamente da fusão entre a tese e a antítese, que passam a compor uma nova tese, e assim sucessivamente, num eterno movimento dialético de conciliação entre idéias opostas e complementares. A atividade filosófica de Sócrates se dava em duas etapas. A primeira era conhecida como ironia, nesta parte do processo o filósofo se expressava parecendo indicar o oposto do que pensava ou conhecia sobre algo, levando o interlocutor a apresentar a sua posição ou opiniões a respeito de uma determinada temática. Com esse recurso Sócrates levava o interlocutor a desembocar na sua própria ignorância, ou seja, a pessoa que conversava com Sócrates se percebia como quem na verdade não sabia muito ou muito pouco a respeito do objeto da discussão, que este possuía na verdade um conjunto de afirmações mal estruturadas, confusas ou vazias, contraditórias. A segunda etapa do método socrático era conhecida como maiêutica. Esta parte faz referencia a profissão da mãe de Sócrates, que era parteira; Sócrates mesmo disse que sua mãe dava luz a crianças, enquanto que ele dava luz a ideias. Maiêutica vem do grego maieutiké e é traduzido justamente como “arte do parto”. Neste caso, Sócrates era um parteiro da verdade, das ideias verdadeiras. A partir das ideias confusas apresentadas pelo interlocutor na primeira fase, Sócrates, através do diálogo, busca descobrir a verdade dos objetos de conhecimento em questão com seu interlocutor. Vale destacar que todo este processo se desenrola baseado no diálogo entre Sócrates e os interlocutores. Ademais, estes diálogos não eram desestruturados ou casuais, pelo contrário, eram puramente sistematizados e intencionais. Este método socrático de buscar a verdade através do diálogo, incluindo os processos da ironia e da maiêutica, recebe o nome de dialética. Em suma, este método visa levar o indivíduo a transcender a suas ideias imediatas

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Breve resumo sobre socrates

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Sócrates inventa uma técnica chamada Maiêutica, em que, através de uma série de perguntas oportunas inteligentes, encaminha o seu adversário na senda da produção do próprio conhecimento que ele deseja gerar com a discussão. 

Platão aperfeiçoa a Maiêutica socrática, conservando seus elementos fundamentais, mas elevando-a a uma dialética (arte do diálogo). Na dialética platônica, parte-se primeiramente de uma determinada tese (ou idéia), que é melhorada e aperfeiçoada, cada vez mais, no decorrer da discussão. Dessa tese, surge uma antítese, que tem como finalidade contrariar a tese inicialmente levantada. A dialética platônica nasce justamente da fusão entre a tese e a antítese, que passam a compor uma nova tese, e assim sucessivamente, num eterno movimento dialético de conciliação entre idéias opostas e complementares. 

 A atividade filosófica de Sócrates se dava em duas etapas. A primeira era conhecida como ironia, nesta parte do processo o filósofo se expressava parecendo indicar o oposto do que pensava ou conhecia sobre algo, levando o interlocutor a apresentar a sua posição ou opiniões a respeito de uma determinada temática. Com esse recurso Sócrates levava o interlocutor a desembocar na sua própria ignorância, ou seja, a pessoa que conversava com Sócrates se percebia como quem na verdade não sabia muito ou muito pouco a respeito do objeto da discussão, que este possuía na verdade um conjunto de afirmações mal estruturadas, confusas ou vazias, contraditórias. A segunda etapa do método socrático era conhecida como maiêutica. Esta parte faz referencia a profissão da mãe de Sócrates, que era parteira; Sócrates mesmo disse que sua mãe dava luz a crianças, enquanto que ele dava luz a ideias. Maiêutica vem do grego maieutiké e é traduzido justamente como “arte do parto”. Neste caso, Sócrates era um parteiro da verdade, das ideias verdadeiras. A partir das ideias confusas apresentadas pelo interlocutor na primeira fase, Sócrates, através do diálogo, busca descobrir a verdade dos objetos de conhecimento em questão com seu interlocutor. Vale destacar que todo este processo se desenrola baseado no diálogo entre Sócrates e os interlocutores. Ademais, estes diálogos não eram desestruturados ou casuais, pelo contrário, eram puramente sistematizados e intencionais. Este método socrático de buscar a verdade através do diálogo, incluindo os processos da ironia e da maiêutica, recebe o nome de dialética. Em suma, este método visa levar o indivíduo a transcender a suas ideias imediatas acerca de determinado assunto e alcançar as ideias mais puras, mais inteligíveis, mais autênticas.

Podemos interpretar o mito da caverna mediante a nossa realidade, entendendo que em nossos dias, muitas pessoas vivem enclausuradas em cavernas. Pois vivem das informações que são meramente produzidas pelos veículos de comunicação, que projetam ou reproduzem as imagens daquilo que na realidade compreendemos que seja uma verdade, que quando provadas, testifica-se que realmente não são. Ou seja, formam opiniões a partir do que vêem ou do que ouviram dizer, e não meramente daquilo que comprovaram ser uma verdade.

Viver sem comprovação daquilo que vemos e ouvimos, sem estabelecer critérios comprovativos e críticos, configura-se um estado de a alienação do ser. Configura-se um quadro em torno de um individuo “ facilmente manipulados ”,  por nos manter reféns de um mundo obscuro, sem a claridade de uma verdade, da realidade que nos cerca, do que realmente é. 

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4.3. MITO DA CAVERNA  

Para Platão, a tarefa do filósofo é posta em forma de metáforas, extraídas do Mito da Caverna. A caverna escura é o nosso mundo; os escravos acorrentados são os homens; as correntes são as paixões e a ignorância; as imagens ao fundo da caverna são as percepções sensoriais; a aventura do escravo fora da caverna é a experiência filosófica; o mundo fora da caverna corresponde ao mundo das ideias, o único, verdadeiramente; o Sol que ilumina o mundo verdadeiro é a ideia do Bem, que conduz ao conhecimento; o regresso do escravo é o dever do filósofo de envolver a sociedade na experiência da verdade; a incapacidade do escravo em readaptar-se à vida na caverna é a inadequação dos filósofos; o escárnio do escravo é o destino reservado ao escravo; a morte final do escravo-filósofo é a morte de Sócrates.