Soldagem de Ligas de Alumínio Ok
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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE MECÂNICA
LABORATÓRIO DE SOLDAGEM E ASPERSÃO TÉRMICA
Professor Fábio Martins
PROCESSOS DE FABRICAÇÃO VPROCESSOS DE FABRICAÇÃO V
SOLDAGEM DE LIGAS DE ALUMÍNIO
PROPRIEDADES
Físicas
Densidade: A mais conhecida das características físicas do alumínio e a mais interessante do ponto de vista da engenharia. O alumínio tem uma das menores densidades entre os metais, o que o torna competitivo com outros metais em função do baixo peso, mesmo quando outros metais apresentam melhores propriedades em base volumétrica.
Condutividade elétrica: varia de metal para metal e, para o alumínio, de liga para liga. O alumínio puro perde apenas para o cobre. Ainda assim, apesar de um condutor de alumínio necessitar Ter 1,67 vezes a área de seção transversal de um condutor equivalente de cobre, o seu peso seria apenas a metade deste. Esta propriedade tem pouca influência em soldagem a arco elétrico,
CEFET-PR
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contudo é muito importante na soldagem por resistência.
Condutividade térmica: uma das mais altas entre os metais, aproximadamente 5 vezes a do aço.
Ponto de fusão: para o alumínio puro, 660 ºC, decrescendo para ligas.
Módulo de elasticidade: Determinado pela força necessária para produzir determinada deformação elástica em um material, é definido como a razão da tensão por unidade de deformação. O módulo de elasticidade do alumínio é 3 vezes menor que o do aço.
Coeficiente de expansão linear: Medida da variação de seu comprimento com a variação da temperatura. O do alumínio é aproximadamente o dobro do aço.
Calor específico: É a medida da quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um dado material.
Calor latente de fusão: calor absorvido quando uma substância passa do estado sólido para o líquido sem acréscimo de temperatura. No alumínio o calor latente de fusão é relativamente pequeno comparado a outros fatores e seu efeito sobre a soldagem por fusão é normalmente desconsiderado.
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Químicas
A principal característica química do alumínio e
suas ligas é a resistência à corrosão pelo meio
ambiente, devido à presença de uma camada
superficial de óxido de alumínio (Al2O3). Esta
camada é originada pela oxidação do alumínio
metálico, e sua espessura no início de sua formação
é cerca de 15 Å, mas a taxa de crescimento da
camada decresce rapidamente, de modo que a
espessura final normal da camada de óxido fica
entre 25 a 50 Å. Embora esta camada seja
extremamente fina, ela é suficiente para proteger e
isolar o metal dos mais diversos meios corrosivos.
Esta resistência à corrosão pode ser aumentada por
meio da anodização, que é um crescimento artificial,
por meios eletroquímicos, da camada de óxido.
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A camada de óxido é tenaz, aderente, impermeável e
funde por volta de 2052 ºC, o que impossibilita a
soldagem por fusão a arco sem a retirada da camada.
A camada superficial de óxido possui ainda outras
características, tais como elevada dureza, isolação
térmica e elétrica e irregularidade superficial, o que
faz com que a camada retenha umidade e
contaminantes. Por estas características, a camada
superficial de óxido é indesejável para o
estabelecimento do arco elétrico, devendo ser
removido para a realização da soldagem.
A retirada da camada superficial de óxido pode
ser feita por 3 maneiras distintas: retirada mecânica,
ataque químico ou ataque catódico. A mais simples
é a retirada mecânica por meio de escovação ou
esmerilhamento, momentos antes da soldagem. Este
método, apesar de reduzir a camada de óxido e
permitir o estabelecimento do arco de soldagem, não
a elimina totalmente, pois ela se forma
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continuamente em função do contato do alumínio
com o ar, com poucos segundos de contato, o que
faz com que este método tenha pouca durabilidade.
Outra maneira de se retirar a camada de óxido é a
limpeza química do material, que pode ser feita pela
aplicação de bases e ácidos alternadamente, a
temperaturas variadas, intercaladas por lavagens
com água. Este método é mais duradouro que a
retirada mecânica, porém mais demorado e caro. Os
dois primeiros métodos implicam em procedimentos
de preparação da junta antes da soldagem,
consumindo tempo para estas operações e
aumentando o custo final do processo. O terceiro
método consiste do estabelecimento de um arco
elétrico, que pode ser o próprio arco de soldagem,
entre a peça e um eletrodo, com o fluxo de corrente
elétrica atuando no sentido peça-eletrodo,
arrancando a camada superficial de óxido.
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Mecânicas
O alumínio puro é um metal que apresenta
resistência mecânica relativamente baixa e
dutilidade elevada. No entanto, por meio da adição
de elementos de liga a sua resistência pode ser
substancialmente aumentada, mantendo ainda a
dutilidade em níveis aceitáveis. Como a maioria dos
metais, o alumínio perde resistência com o aumento
da temperatura, e, a baixas temperaturas, a
resistência mecânica aumenta sem perda de
dutilidade.
Outras propriedades
Antimagnético, para a maioria dos fins práticos.
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Antifagulhante, característica fundamental em
ambientes explosivos ou inflamáveis.
Refletividade, podendo chegar a 90%, atuando em
largo espectro de comprimentos de onda, passando
pelo espectro visível, infravermelho, calor e até
ondas de rádio e radar. Devido a esta característica,
o alumínio é largamente aplicado em luminárias e
refletores de luz e calor (espelhos de grandes
telescópios, por exemplo). O alumínio pode ser
utilizado como blindagem térmica quando a sua
propagação se dá por radiação.
Soldabilidade
Para se obter melhor compreensão dos efeitos das
propriedades físicas do material, compara-se o
alumínio e suas ligas com o aço.
A condutividade térmica exerce grande influência na
soldabilidade, sendo quase 5 vezes maior no
alumínio do que no aço. Isto significa que é
necessário um fornecimento de energia cerca de 5 7
vezes superior ao do aço, para que uma mesma
massa de alumínio atinja a mesma temperatura
localmente.
Na prática, significa a necessidade de fontes de calor
de maiores intensidades para que a soldagem seja
bem sucedida.
Em uma primeira análise, devido ao ponto de fusão
do alumínio ser inferior ao do aço (660 ºC contra
1350 ºC), pode parecer que o calor requerido para a
soldagem do alumínio é menor do que o requerido
para a soldagem do aço. Entretanto, a alta
condutividade térmica do alumínio compensa estas
diferenças entre as temperaturas de fusão, e, de fato,
o alumínio necessita de pelo menos tanto calor, ou
mais provavelmente, mais calor do que o aço para
ser soldado.
A alta condutividade térmica, o alto coeficiente de expansão linear e a necessidade de maior energia podem causar consideráveis distorções, se não se utilizar altas velocidades de soldagem. Outra característica digna de nota é a rápida solidificação
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da poça de fusão, devida à elevada condutividade térmica.
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Propriedades físicas aproximadas de vários materiais
Propriedade Alumínio Cobre Bronze 63/35 Aço Inox 304 Magnésio
Densidade [Kg/m3] 2700 8925 8430 7800 7880 1740
Condutividade elétrica [% IACS] 62 100 27 10 2 38
Condutividade térmica a 25 ºC [W/mºC] 222 394 117 46 21 159
Coeficiente de expansão linear [1/ºC] 23,6 x 10-6 16,5 x 10-6 20,3 x 10-6 12,6 x 10-6 16,2 x 10-6 25,8 x 10-6
Calor específico médio 0 – 100 ºC [J/Kg ºC] 940 376 368 496 490 1022
Calor latente de fusão [KJ/Kg] 388 212 272 372
Ponto de fusão [ºC] 660 1083 930 1350 1426 651
Módulo de elasticidade [MPa] 69 x 103 110 x 103 103 x 103 200 x 103 200 x 103 45 x 103
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CLASSIFICAÇÃO
As ligas de alumínio são classificadas de acordo
com o sistema proposto pela Aluminum Association
em 1969, que mais tarde, em 1972, foi adotado pela
American National Standards Institute como norma,
sob o código ANSI H35.1-1972. No Brasil, a norma
que trata da classificação das ligas de alumínio
recebeu o código NBR 6834. De acordo com este
sistema, as ligas de alumínio são divididas em dois
grupos básicos, ligas trabalháveis e fundidas,
conforme ilustra a figura 1:
Figura 1: Classificação das ligas de alumínio.
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Como pode ser visto na figura 1, os dois grupos
básicos se subdividem em ligas tratáveis e não
tratáveis termicamente. Ligas trabalháveis são
aquelas cuja forma final do material é obtida através
do processamento de um produto semi-acabado.
Este processamento pode ser, por exemplo,
laminação, extrusão, forjamento, etc. Ligas fundidas
são aquelas obtidas pelo vazamento do metal líquido
em um molde, sem processamentos posteriores que
alterem a forma da peça. Ligas tratáveis
termicamente são aquelas cujas propriedades
mecânicas apresentam sensível melhora pela ação de
tratamentos térmicos, quando se verifica o fenômeno
da solubilização e precipitação de elementos de liga,
conhecido também como envelhecimento. As ligas
não tratáveis termicamente não apresentam melhora
significativa em suas propriedades mecânicas pela
ação de tratamentos térmicos.
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Este aperfeiçoamento de propriedades é
conseguido pela deformação à frio, pelo
encruamento do material, ou, em outras palavras,
pelo empilhamento de discordâncias de sua rede
cristalina sobre obstáculos tais como contornos de
grão. Quanto maior for este acúmulo de
discordâncias mais tensionada estará a estrutura
cristalina e maior será a resistência do metal à novas
deformações.
O encruamento do metal tende a diminuir ou
mesmo desaparecer com o aquecimento do material,
ou seja, ligas não tratáveis termicamente tem suas
propriedades mecânicas deterioradas quando
submetidas à soldagem, conforme ilustra a figura 2,
onde pode-se ver, de maneira esquemática, a seção
transversal de uma solda com suas respectivas
regiões, a ZF, ou zona fundida, a ZAC, ou zona
afetada pelo calor, e o MB, ou metal base. Ainda na
mesma figura é mostrado esquematicamente a
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variação de temperatura em função da região do
metal, e como as propriedades mecânicas de um
material encruado variam em função do aporte de
calor. A resistência média do material é mostrada na
zona fundida para soldagem com adição de material,
onde, pela ação de elementos de liga consegue-se
uma maior resistência do material, e sem adição de
material, situação em que a resistência média do
material sofrerá queda bastante apreciável. O mesmo
não se verifica quando se solda uma liga não tratável
termicamente que não tenha sofrido encruamento.
Neste caso não se verificarão grandes variações nas
propriedades mecânicas entre o metal base, a ZF e a
ZAC.
As propriedades mecânicas de uma liga de
alumínio não tratável termicamente podem ser
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recuperadas por trabalho a frio posterior à soldagem,
desde que a geometria da junta assim o permita.
As ligas trabalháveis, ao contrário das fundidas,
podem ser utilizadas com propósitos estruturais,
uma vez que podem ser produzidas na forma de
chapas ou perfis, motivo pelo qual tem maior uso na
indústria.
Figura 2- Variações de microestrutura e
propriedades mecânicas devido a soldagem em ligas
de alumínio não-tratáveis termicamente.
O sistema de classificação das ligas trabalháveis
utiliza um código alfanumérico conforme o modelo:
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XXXX-LXXXX
onde,
X= número
L= letra
Os primeiros quatro números determinam a
composição química da liga, enquanto que o
segundo grupo de números, juntamente com a letra,
está relacionado com as propriedades mecânicas da
liga em questão. Na tabela 1 estão listados os grupos
de ligas normalizados em função de seu principal
elemento de liga.
Tabela 1 - Classificação das ligas trabalháveis de
alumínio em função do principal elemento de liga.
LIGA PRINCIPAL ELEMENTO DE LIGA
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1XXX Alumínio não ligado, com no mínimo
99,00% de pureza
2XXX Cobre
3XXX Manganês
4XXX Silício
5XXX Magnésio
6XXX Magnésio e Silício
7XXX Zinco
8XXX Outros elementos
9XXX Série não utilizada
Como se pode ver na tabela 1, o primeiro
número está relacionado com o principal elemento
de liga presente. Os dois últimos números
identificam a liga ou, no caso do alumínio puro,
indicam o grau de pureza. O segundo dígito indica
modificações na liga original ou nos limites de
impurezas. Assim, o alumínio designado como
1050, por exemplo, indica que o alumínio não é
ligado e que tem 99,50% de pureza.
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Além dos códigos apresentados na tabela 1, as
ligas de alumínio são designadas por um código de
têmpera, sendo que este termo, para a nomenclatura
das ligas de alumínio, tem o significado de
modificação das propriedades do material, a quente
ou a frio. A designação de têmpera tem os seguintes
códigos:
F- Como fabricado
O- Recozido
H- Encruado
W- Solubilizado
T- Tratado termicamente
O código H refere-se apenas às ligas não-
tratáveis termicamente e pode ser subdividido em:
H1- Apenas encruada
H2- Encruada e recozida parcialmente
H3- Encruada e estabilizada
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Pode-se ainda seguir o código H com mais um
número, variável de 0 a 9, para indicar o grau de
encruamento.
O código T também pode ser subdividido em 10
subcódigos, variando de T1 a T10, indicando a
seqüência de tratamentos a que o material foi
submetido. Este código pode ainda ser seguido por
dois algarismos para indicar uma alteração
significativa nas características do material.
A série 5000, entre as ligas não tratáveis
termicamente, é a que alcança as melhores
propriedades mecânicas, sendo que, das quatro ligas
de alumínio mais utilizadas em todo o mundo, três
são desta série. A liga 5052, que está incluída neste
grupo, é utilizada na indústria marítima e como
material estrutural na forma de chapas. Em sua
composição química o teor de magnésio está por
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volta de 2,5%, o que, como veremos a seguir, torna
esta liga bastante suscetível à trinca de solidificação.
METALURGIA DA SOLDAGEM
- Principais problemas
Fissuração a quente
- Trinca de solidificação
- Trinca de liquação
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Porosidade
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Fontes de hidrogênio
Metal de adição
Metal base
Gás de proteção
Compostos hidrogenados: umidade,
hidrocarbonetos, etc.
Hidrogênio é dissociado, convertido em H atômico e
forçado para o interior da poça por ação de forças
eletromagnéticas.
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Questões Propostas
1. Discorra sobre o potencial do alumínio como material de engenharia.
2. Por que a soldagem do alumínio é considerada problemática?
3. Quais são os cuidados que devem ser tomados antes de se realizar a soldagem de
uma liga de alumínio por um processo a arco elétrico para que esta operação possa
ser realizada com sucesso?
4. Quais são os fatores que afetam a ocorrência da fissuração à quente na soldagem de
ligas de alumínio? É possível evitar este problema? Como?
5. Explique as consequências do ciclo térmico da soldagem para as propriedades
mecânicas de uma liga de alumínio tratável termicamente.
6. Explique as consequências do ciclo térmico da soldagem para as propriedades
mecânicas de uma liga de alumínio não tratável termicamente.
7. Como ocorre a porosidade em soldagem de ligas de alumínio?
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