Somos Todos Filhos de Deuses - Erich Von Daniken

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Otimo livro!!

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    "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e no mais lutando por dinheiro epoder, ento nossa sociedade poder enfim evoluir a um novo nvel."

  • Erich von Dniken

    Somos todos filhosdos deuses

    Se os Tmulos Pudessem Falar.. Edio integral Ttulo do original: "Wir alie sind Kinder der Gtter Wenn Grber redenknnten" Copyright Erich von Dniken Traduo: Airton Gandolfi CIRCULO DO LIVRO LTDA. Caixa postal 7413 01065-970 So Paulo, Brasil Licena editorial para o Crculo do Livro por cortesia da Cia Melhoramentos de So Paulomediante acordo com C. Bertelsmann Verlag GmbH Venda permitida apenas aos scios doCrculoComposio cedida pela Cia Melhoramentos de So Paulo Impresso e acabamento: GrficaCrculo ISBN 85-332-0257-1

  • Captulo 1 ERA UMA VEZ DOIS PRNCIPES VIAGEM DE RECONHECIMENTO AO IMEN Uma fbula uma ponte que leva verdade.Ditado rabe.

    Roma antiga deve ter sido fundada em 733 a.O, a cidade maia de Tikal 100 anos antes. Afundao de Atenas data de aproximadamente 1500 a.O, e supe-se que Jerico foi construda porvolta de 6000 a.C. Existem cidades ainda mais antigas em nosso planeta? possvel, pois todos oscronistas rabes garantem que Sanaa, sobre o planalto do macio iemenita, 2.500 m acima donvel do mar, era a cidade mais antiga do mundo, construda antes mesmo do Dilvio.

    Conheo Roma, Atenas, Tikal e Jerico. Precisava conhecer Sanaa. Ela no fica exatamentena rota, e o caminho que me levou at a d muitas voltas e cheio de aventuras. Vamospercorr-lo.

    O Imen fica ao sul da Pennsula Arbica. A regio habitada desde tempos imemoriais,tendo presenciado culturas altamente desenvolvidas como a do reino de Sab, por volta de 1200a.C.

    Era uma terra rica, pois possua como se pode constatar em qualquer obra de referncia um impressionante sistema de irrigao para seus osis, sendo grande exportadora de incenso,artigo bastante procurado at hoje.

    Acontecimentos de 1951"Descarregamos completamente nosso caminho, tirando tudo o que estava dentro dele, e

    partimos diretamente atravs do Hadi. L atrs, as pessoas que ficaram no carro estavam comgarras e dentes preparados, espreitando por sobre o terreno plano procura de algum sinal dacaravana de camelos que vinha de Harib ... enquanto Chester, que agora se dava conta dadimenso do perigo ... repentinamente desviava para a esquerda, escapando por pouco dosiemenitas e mantendo seu caminho fora do alcance dos tiros."

    O jovem paleontlogo americano Wendell Phillips, de 36 anos, sofreu esse ataque quando,com seu colega William Frank Albright, fazia algumas escavaes 180 km a leste de Sanaa.

    A autorizao para esse empreendimento fora concedida pelo rei Im Achmed, do Imen, American Foundation for the Study of Man, a Fundao Americana para o Estudo do Homem.

    Atravs de relatos dos estudiosos alemes Carl Rathjens e Hermann von Wissmann, do anode 1928, os americanos sabiam da existncia de um templo prximo a Marib. Devia tratar-se,portanto, do misterioso templo da rainha de Sab.

    Apesar dos soldados e funcionrios que o Im tinha colocado disposio da expedio, apsalguns meses de bom trabalho comearam a surgir dificuldades considerveis: os iemenitas no

  • gostaram que infiis nessa terra, quem no acredita em Al infiel estivessemdesenterrando tesouros escondidos em seu pas.

    As ordens dos arquelogos no eram cumpridas por causa das contra-ordens dadas pelosfuncionrios reais. Um infortnio levou primeira revolta: um trabalhador esbarrouinadvertidamente em um balco de proteo de madeira, que arrastou consigo seis colunasantigas; um trabalhador egpcio e um rapaz iemenita sofreram ferimentos leves. Imediatamenteos funcionrios do Im exigiram que lhes fossem entregues todos os moldes de ltex* que atento tinham sido feitos das antigas inscries do templo, um trabalho cansativo que j duravameses.

    * Arquelogos empregam borracha de ltex para fazer cpia de textos e figuras em relevo. Oltex mido pressionado contra o original, e ento retirado da pedra: obtm-se assim umnegativo exato.

    Tendo voltado de uma breve viagem Amrica, onde havia levantado dinheiro para a

    continuao dos trabalhos, Phillips encontrou no local uma situao to delicadaemocionalmente, que os trabalhos no puderam prosseguir. Aps uma reunio secreta, realizada noite, os arquelogos decidiram fugir imediatamente. Eles espalharam a notcia de que no diaseguinte iriam at as colinas para filmar a regio. O engodo foi bem sucedido pois, ao embarcarnos dois caminhes com seus auxiliares egpcios, os arquelogos estavam deixando para trs osequipamentos da expedio, avaliados em mais de 200.000 dlares. Os soldados e funcionriosficaram bastante contentes, pois podiam agora fazer, sem ser observados, o que vinham fazendoo tempo todo: roubar.

    36 anos depoisHoje o lugar que Phillips abandonou em fuga uma atrao turstica, pois Marib foi ligada

    capital Sanaa por uma estrada asfaltada. Meu colaborador Ralf Lange e eu desfrutamos opanorama, uma extenso de 175 km, do assento traseiro de um Land-Cruiser. No assentodianteiro um jovem iemenita nos servia de motorista, com a adaga curva (Dschambia)obrigatria, presa sobre a barriga por um cinto de um palmo de largura. Assim que um jovemiemenita faz 14 anos, recebe a adaga curva para atestar sua virilidade a partir de ento. Elapende do cinturo, de onde sobressai a lmina, grande e larga ou mais modesta, com o cabo deprata trabalhado ou simplesmente de madeira ou outro metal menos valioso, a bainha de courobordada com fios de prata ou bem rstica. O importante que se trata de uma adaga! Ao lado domotorista, nosso guia meditava, de palet e gravata, o que o caracterizava como arrivista.Conhecimento e inteligncia no faziam parte de seus predicados, como tivemos de constatar,infelizmente.

    O funcionrio da agncia de turismo no centro da cidade havia recomendado que eucontratasse o motorista iemenita; l que os estrangeiros conseguem autorizao para viajar pelointerior. Foi um bom conselho. No se deve alugar um cano a uma pessoa para que ela prpria odirija, pois isso pode ser uma forma tranqila de suicdio. Neste pas no importa absolutamentese em um acidente voc ou no culpado, pois a legislao do trnsito ainda influenciada pelosdireitos de religio e descendncia: ferimentos fsicos so encarados como homicdios. Ainda que

  • no tendo nenhuma culpa pelas regras de trnsito ocidentais, segundo o direito islmico, aqueleque causou o acidente deve pagar famlia do ferido ou morto um "dinheiro de sangue". Em1986 os valores eram os seguintes: por um homem morto em um acidente de trnsito pagava-secerca de 50.000 marcos alemes, e a metade dessa quantia caso se tratasse de uma mulher;durante o ms de jejum e peregrinao, o Ramad, o "dinheiro de sangue" dobra. E a coisa podeser pior: os familiares podem exigir vingana. Para ns isso seria pura e simplesmenteassassinato. Mas l vigora a justia familiar ou de descendncia, e o executor pratica um atohonroso. E se, como passageiro, no seria necessrio recorrer minha carteira, graas a Deustampouco precisei comprov-lo.

    Um segundo bom conselho me foi dado pelo porteiro do hotel. Ele me aconselhou a fazervrias cpias da autorizao para viajar. Como ele estava certo! J no primeiro controle naestrada, feito por jovens armados, fiquei sem meu original. O sentinela o levou para os arquivos.No prximo controle eu seria mandado de volta.

    Apreciamos o panorama ao longo dos 175 km de estrada.

  • Do alto do desfiladeiro avista-se, embaixo, o Wadis. De longe, os morros que cintilavam ao sol, de um castanho luminoso contra a sombra negra,

    aproximavam-se cada vez mais rapidamente. A estrada sobe em aclive at o desfiladeiro de Bin-Ghay lan, a 2.315 m de altitude, estendendo-se em curvas sinuosas atravs de gargantas rochosasbastante estreitas. A partir do desfiladeiro de Al-Fardah, atravessa-se uma paisagem rochosaantiqssima: gigantescos monlitos quadrangulares erguem-se como verdadeiros arranha-cus.Trata-se de um Skyline!* Pontes naturais de pedra pendem sobre torres cbicas como em umamaquete. Refletindo a luz do sol, picos rochosos brilham ao longe como se tivessem sidoborrifados recentemente com cores berrantes por grafiteiros. Do alto do desfiladeiro avista-seabaixo o Wadis, um vale no deserto de um colorido castanho amarelado que se estende nadistncia. Aps longas curvas cavadas na rocha avista-se, 1.000 m abaixo, a plancie sobre a qualse encontra Marib. A cada metro que nosso carro avana, aproximando-se do fundo do vale que ainda assim encontra-se a 1.300 m de altitude , o ar torna-se mais quente. Apenas unspoucos arbustos e rvores miserveis margeiam a estrada, e alm disso areia, nada mais queareia, uma desolao que faz com que nos perguntemos de que vivem, ou melhor, sobrevivem,

  • os bedunos e seus animais. Pedras vulcnicas negras como piche orlam nossa estradapraticamente sem interrupo a escurido do inferno, uma paisagem marciana, da qual osmorros se erguem como gigantescos montes de carvo. um palco natural grandioso ao sol domeio-dia. Luz bruxuleante. Sombras do negrume do universo. Antracita emitindo reflexosprateados ao sol.

    * Linha formada pelos edifcios de uma cidade, vista distncia, contra o horizonte. (N. doT.)

    Aps duas horas e meia de jornada, partindo de Sanaa, avistamos a antiga aldeia de Marib

    com suas construes de vrios andares. Extrai-se petrleo nas proximidades. Vages-tanquesesperam ser carregados sob o sol abrasador.

    Quanto a runas milenares, no se v nada, absolutamente nada.Apenas o forte calor do meio-dia podia deter minha febre de caador, e alm disso uma

    refeio para meus acompanhantes viria a calhar. Dirigimo-nos a um hotel cuja limpezapermitia a suposio de que fora construdo para convidados por uma empresa petrolfera.

    Seguiu-se, ento, uma pantomima grotesca. Meu iemenita no conhecia nenhuma palavraem ingls alm de money, e eu ento, atravs de gestos, convidei-o para o almoo. Recebemoscardpios escritos em rabe e ingls. Ralf e eu pedimos uma omelete com champignons frescos,nossos acompanhantes fizeram seus pedidos ao garom em rabe, e este os rabiscou em seubloco. Comemos nossa "omelete" dois ovos fritos com champignons em lata enquantoserviam a nossos iemenitas duas suculentas bistecas de boi. Eles no as tocaram. Prossegui comminha linguagem de gestos, animando-os a comer como se faz com crianas: nham-nham. Nadaaconteceu. Como que hipnotizados, eles no tiravam os olhos de seus bifes, garfos e facas. E seeles estivessem rezando em silncio? Neste caso no deveriam ser perturbados. Um pensamentoento iluminou minha mente. Agarrei o osso de uma das bistecas e a levei boca comentusiasmo. O encanto ento se desfez: desembaraados e sorridentes, eles comearam a comercom as mos, lambendo os beios. Aps alguns arrotos ruidosos, nossos companheiros deram aentender que nada mais impedia nossa partida.

  • A antiga aldeia de Marib, com seus edifcios de vrios andares. A misteriosa rainha de SabPreparamo-nos ento para visitar a barragem de Marib, que h milnios j era considerada

    uma obra-prima da tecnologia, admirada na literatura como um prodgio da Antigidade.Quem iniciou a construo? Ela atribuda lendria rainha de Sab. O Antigo Testamento

    comenta sua visita ao rei Salomo; no trabalho arqueolgico de campo, no entanto, no seconseguiu trazer luz nenhum indcio, nenhum testemunho de sua existncia sobre a Terra.Quem foi, portanto, essa rainha? fascinante penetrar nos enigmas de sua existncia para chegaraos fatos. A busca de indcios, pois!

    A histria abaixo foi transmitida pelo antigo poeta rabe Semeida Ibn Allaf 2:

  • "Hadhad (um poderoso rei) saiu um dia para caar. Encontrou ento um lobo que perseguiauma gazela, tendo-a encurralado em um barranco de tal forma que no havia nenhuma maneirade escapar. Hadhad atacou o lobo, afugentando-o, e salvou a gazela, cujo rastro seguiu. E assimse afastou cada vez mais de sua comitiva, at que repentinamente viu diante de si uma majestosacidade: lindos edifcios, incontveis rebanhos de camelos e cavalos, espessos bosques depalmeiras e exuberantes campos cultivados ofereciam-se a seus olhos. Um homem veio ao seuencontro, dizendo-lhe que essa cidade chamava-se Ma'rib, bem como sua prpria residncia,embora o povo que vivia ali fosse chamado 'Arim, sendo uma linhagem dos Dschinnen*: elemesmo, no entanto, era seu rei e soberano, e Ieleb I. Sa'b era seu nome.

    * Em rabe pr-islmico: espritos e demnios, tais como aparecem, por exemplo, nas Mil eUma Noites.

    Enquanto eles assim conversavam, passou uma moa de grande beleza, e Hadhad no podia

    desviar os olhos dela. E disse ento o rei dos Dschinnen: 'Essa moa minha filha, e se quiser eua darei a voc como esposa, voc salvou sua vida, pois ela era a gazela que voc livrou do lobo, etoda a sua vida no ser suficiente para agradecer-lhe por isso. Esteja aqui em 30 dias com seusparentes e os prncipes do seu povo para a celebrao do casamento'.

    Hadhad foi embora, e logo a cidade fantasma desapareceu de vista. Mas 30 dias depois eleretomou com sua comitiva para o casamento. Nesse entretempo os Dschinnen tinham construdopalcios com fontes e jardins. O rei Ieleb os recebeu e os entreteu magnificamente durante trsdias e trs noites at que Harura, sua filha, foi introduzida nos aposentos de Hadhad.

    Um desses palcios passou a ser sua residncia. Harura, por sua vez, foi a me de Bilkis."(Bilkis o nome rabe para a rainha de Sab.)

    No satisfeito com as maravilhas da Arbia, o historiador e lexicgrafo Nashwan Ibn Sa'id,morto em 1195, observa que a cidade surgida do nada era feita de metal, apoiando-se sobrequatro imponentes colunas de prata, sendo a gua conduzida atravs da cidade por canos demetal. Um conto de fadas das Mil e Uma Noites ou fico cientfica antiga?

    O velho Semeid Ibn Allaf prestimoso; ele sabe que a rainha de Sab, alis Bilkis, possuadois jardins que eram irrigados por duas fontes, que por sua vez brotavam de uma represa2.Estou realmente muito curioso com essa barragem.

  • A barragem de Marib um trabalho prodigioso da engenharia rabe antiga, e sua construo atribuda rainha de Sab.

  • Aterros milenares na barragem de Marib. O que foi e permaneceuHouvera um Livro Guiness dos Recordes, e a represa de Marib constaria dele!

    Evidentemente autores antigos escreveram sobre o assunto, descrevendo o prodgio tecnolgicocomo um dos pontos altos da cantaria e engenharia do sul da Arbia. O muro da barragem tinha70 m de largura na base e 615 m de comprimento comparvel em todos os sentidos sbarragens atuais. Entre as montanhas dos lados norte e sul*, a barragem represava as guasprovenientes das enchentes anuais do Wadi Adana. Nas encostas ao norte e ao sul, os construtoresergueram audes e canais de distribuio com blocos de pedra cuidadosamente trabalhados; poreles corriam os preciosos cursos d'gua at os jardins norte e sul da rainha de Sab. Este trabalhode cantaria me fazia lembrar das construes incas no distante altiplano do Peru.

    * As montanhas Dschabal Balaq al Qibli e Schabal Bal aq Awsat.

  • No aude sul da barragem, as fundaes de um muro monoltico foram fixadas no rochedo.

  • No lado sul o muro do aude resistiu aos milnios. Tanto l como aqui no se pode introduzir nem mesmo a lmina de uma faca entre os

    monlitos.O aude sul foi o que melhor se conservou. As fundaes do muro monoltico foram fixadas

    no rochedo. Os engenheiros da Antigidade instalaram o aude propriamente dito entre rochasnaturais e muros construdos pelo homem. Monlitos cortados em ngulos retos foram dispostosum sobre o outro em cruz a partir do cho. Essa barragem sobreviveu ao tempo, e eu pude medi-la: ela tem 4,63 m de largura, os blocos mais pesados da base tm 3,54 m de comprimento e 51cm de espessura. Da comporta propriamente dita no sobrou nada para ser visto.

    Durante a cheia, a massa de gua precipitava-se primeiro em uma barragem de proteo,uma depresso onde a torrente era "acalmada", para ser ento conduzida ao canal principal, comvrios canais secundrios, at os campos ao sul. Como os mestres construtores eram espertos,levaram tambm em considerao uma inundao temporria do canal principal: eles oproveram com um vazadouro que recolhia a gua excedente e a conduzia em direo ao vale ato Wadi.

    A partir da construo ao sul, a barragem se estendia por mais de 600 m, atravessando o valeat as edificaes ao norte. Neste lugar a represa est bem conservada, e tambm a torrenteescorria primeiro em uma barragem de proteo e s ento para o canal principal at o "jardimnorte". Imensos diques erguidos ao lado de muros com metros de espessura suportavam apresso da gua, e foram construdos com o intuito de se estar preparado para qualquer situao um vazadouro cuja altura aumentava gradualmente, controlando a altura do nvel da gua narepresa.

    O prodgio de MaribEm 1982 Ulrich Brunner, da Universidade de Zurique, apresentou sua dissertao3 sobre o

    antigo osis de Marib. Nela o doutorando citava um estudo da firma Elektrowatt, de Zurique, queconstri represas em todo o mundo e que tambm projetou uma nova represa em Marib para ogoverno do Imen.

    Em seu estudo, a Elektrowatt ficou sabendo que nos tempos de Sab havia em Marib umarea irrigada de aproximadamente 9.000 ha, e que a vazo da gua numa mdia de 2 anosalcanava 950 m3 por segundo. "Em mdia pode-se esperar uma vazo de 3.750 m' por segundoa cada 10 anos, e a mdia em 100 anos indica uma vazo de 7.250 m3 por segundo." Sob taiscondies, a represa em seu tempo se encheria "em pouco mais de duas horas"; entretanto, ovazadouro cuja altura aumentava gradualmente podia evitar a catstrofe caso a barragem serompesse. Segundo clculos recentes, a velocidade de vazo nos canais das represas norte e sulalcanava 30 m3 por segundo e podiam com isso satisfazer a demanda dos "jardins norte e sul",calculada em aproximadamente 60 milhes de metros cbicos, em 12 dias. Ulrich Brunnerresume: "O que genial no sistema de irrigao de Marib, e que lhe permitiu uma vida til decerca de 2.000 anos, foi talvez essa simplicidade das edificaes funcionais de todo o complexo".

  • O muro do aude tem 4,62 m de largura. Os monlitos inferiores tm 3,54 m de comprimento e51 ande largura.

    Pode-se ter uma idia da enormidade da tecnologia de Marib se imaginarmos uma represa

    construda pelos romanos na Alta Baviera no ano 100 a.C. que estivesse em funcionamento athoje!

    Nenhuma construo de qualquer poca tabu para as foras da natureza. Evidentemente

  • ocorreram rompimentos de diques no complexo de Marib, mas apenas estes foram atingidos,permanecendo as represas inclumes. Diz a lenda que uma primeira represa de alvenaria epedras j havia sido construda em 1700 a.C, e s ento os habitantes de Sab acrescentaram aeste "dique primordial" os muros e barragens admirados at hoje. Sabe-se que ocorreu umrompimento de dique em 500 d.C. em cujos reparos foram empregados 20.000 homens.Finalmente houve um rompimento catastrfico. O que havia sido construdo h milnios foidestroado pelas massas de gua. Campos e jardins ficaram submersos. A Surata 34 do Alcoro,versculo 17, relata o seguinte:

    Em cima: O portal do aude do lado norte tambm est bem conservado. Embaixo: Muroscom metros de espessura suportavam a presso da gua.

  • "Mas eles se desviaram da crena, e ns enviamos a eles a inundao dos diques, e

    transformamos seus dois jardins em dois jardins que produziam frutos amargos, tamarindos e umpouco de ltus. Isso ns demos a eles como recompensa por sua ingratido".

    Que jogada comercial deixou Marib, logo aps a represa, beira da runa? Havia sistemas deirrigao por toda parte no antigo Imen, e tambm pequenas represas, embora todas juntas noalcanassem o volume de gua de Marib, que com seus campos produtivos e jardins luxuriantesflorescia como grande cidade comercial.

    Hoje, petrleo ontem, incenso

  • A soluo do enigma o incenso.A histria bblica faz um relato comovente do Menino Jesus, para o qual trs reis do Oriente

    trouxeram incenso e mirra at a estrebaria onde ele havia nascido, em Belm. Incenso era umpresente digno, que naquele tempo valia tanto quanto o ouro. O historiador grego Herdoto (c.490-425 a.C), que viajou pelo Oriente Prximo, relata que em Babilnia gastavam-seanualmente 1.000 talentos de prata para incenso em honra do deus Baal.

    Os egpcios, que purificavam o ar no templo com incenso, e o misturavam como essnciaperfumada ao betume utilizado na mumificao de seus mortos, cobriam suas necessidades deincenso atravs de expedies ao mar Vermelho.

    O imperador romano Nero, durante o enterro de sua amada de longos anos e, posteriormente,esposa, Popia Sabina (65 d.C), promoveu uma orgia de incenso. Por dias a fio ele deixou quemais incenso subisse aos cus do que toda a Arbia colhia em um ano uma perfumada etardia reparao pelo brutal pontap dado por ele, e em conseqncia do qual Popia Sabinamorreu.

    Entretanto, o incenso era mais que um artigo balsmico e narctico e uma preciosa oferendaaos deuses. O mdico grego Hipcrates (c. 460-375 a.C.) descobriu seus efeitos curativos naasma e males do tero, e tambm como ingrediente para pomadas cosmticas. Esse remdiomilagroso era receitado pelos hipocrticos para grande xito da medicina da poca.

    Aquilo que Hipcrates havia descoberto como um novo remdio j havia sido empregado porMoiss cerca de 800 anos antes para desinfetar seu povo de doenas contagiosas durante oxodo:

    "E Moiss disse a Aaro: Pegue o turbulo, acenda-o com o fogo do altar e coloque incenso,leve-o ento depressa ao povo e consiga sua expiao; pois a praga j comeou. E Aaro pegouo turbulo, como Moiss havia recomendado, e caminhou com ele em meio ao povo. Erealmente a praga j havia comeado; e ele defumou e conseguiu a expiao para o povo. Pois,caminhando assim entre os mortos e os vivos, ele ps termo praga". (Nm. 16:46.)

    Pode-se assegurar sem exagero: as imensas riquezas proporcionadas aos rabes pelo petrleona atualidade eram trazidas aos palcios em troca de incenso na Antigidade, e isso no umconto das Mil e Uma Noites.

    O incenso obtido extraindo-se a resina de uma rvore, a Boswellia carterii; essa pequenarvore silvestre, que chega a atingir 3 m de altura, um arbusto na verdade, cresce principalmenteno litoral calcrio seco do reino de Hadramaut, no que hoje o golfo de Aden, at Dhofar, emOman. Sua casca spera e pintalgada, mais ou menos como a da btula-europia. Sob elaencontra-se uma camada mais macia com uma resina grudenta e leitosa semelhante ao ltex. Acada incio de vero essa resina surge no tronco da rvore, no qual so feitas ento incises emvrios lugares, brotando delas, em gotas, a resina. Em contato com o ar quente essas gotassecam, formando pequenas pelotas, que aps uma semana so raspadas e jogadas fora. Oprocesso repetido um ms depois. A resina que novamente escorre das incises, secandorapidamente, vendida como incenso de qualidade inferior. Somente a terceira sangria,executada durante os quentes meses de vero, produz incenso de primeira qualidade. Escravosformavam pelotas com a resina, que era ento purificada e, acondicionada em cestinhas,enviada aos depsitos, de onde era distribuda.

    Oh, sim, a natureza sempre foi cheia de boas intenes para com os rabes seja fazendo

  • medrar o incenso ou deixando o petrleo jorrar.Com boas razes os gegrafos romanos se referiam freqentemente a pennsula arbica

    como Arbia felix, a feliz Arbia.Os custos de transporte em imensas caravanas de camelos atravs de milhares de

    quilmetros at o destino final faziam com que a mercadoria fosse vendida a peso de prata e atmesmo de ouro. O grande beneficirio com o comrcio de incenso sempre foi Marib.

    O financiamento das construes de Marib fica assim esclarecido... bem como a decadnciada prspera cidade e do reino de Sab. Com o ltimo rompimento da barragem, que no foiconsertado, as rendas estancaram. A partir de ento o transporte de incenso passou a ser feito pormar. Enquanto na Amrica Central a floresta cobria os templos e palcios maias, dunas de areiafaziam o mesmo com Marib e suas plantaes de incenso. Em breve somente historiadores daAntigidade como Herdoto, Estrabnio (63 a.C.-26 d.C.) e Plnio (24-79 d.C.) podiam aindaescrever relatos sobre o feliz reino da rainha de Sab. Se no houvesse no Antigo Testamento eno Alcoro nenhum dado concreto sobre a soberana envolta em mistrios e seu rico reino, essapoca teria passado despercebida e teria sido talvez completamente esquecida, e ningum teriase dado ao trabalho de sair em busca de indcios.

    A surpresa e a admirao so o comeo da compreensoOrtega y Gasset (1883 -1955) A caminho de Sanaa, tendo partido de Hadramaut, em 1589 o padre jesuta Pero Pais passou

    por Marib. Ele a contemplou com venerao, e escreveu sobre blocos de pedra impressionantese inscries desconhecidas, que ningum podia decifrar.

    Quase 200 anos depois, em 1762, uma expedio dinamarquesa, dirigida pelo viajantepesquisador alemo Carsten Niebuhr (1733-1815), viajou pelo Imen. Niebuhr foi o nicoparticipante que retornou Europa. Em vrios livros ele confrontou pela primeira vez a cinciacom os tesouros do sul da Arbia: monumentos e inscries indecifrveis.

    O ano de 1843 fez com que a Europa se familiarizasse de forma mais intensiva com a regiodesconhecida. O francs Thomas Joseph Arnaud enviou a Paris 56 cpias de inscries de Sabcom sua bagagem. O baro alemo Adolph von Wrede (1807-1863) escreveu um relato de suaviagem ao Imen, onde falava de tmulos, edificaes e inscries, embora naturalmente notenha encontrado um editor para seu livro Viagem a Hadramaut, j que tinha sido acusado deexagero por Alexander von Humboldt, entre outros. O trabalho de Wrede somente foi publicado13 anos aps sua morte, e h muito que todo o mundo sabe que o autor descreveu apenas fatos.Em 1870 o francs Joseph Halvy (1827-1917) se introduziu em uma expedio iemenita ecopiou, arriscando freqentemente a prpria vida, mais de 600 inscries antigas.

    Mas os europeus ficaram realmente de orelha em p aps o retorno do austraco EduardGlaser (1855-1908), que percorreu o Imen de 1882 at 1884- Disfarado de rabe, eleconseguiu alojar-se na casa de um x por seis semanas em Marib. H uns bons 100 anos,portanto, Glaser viu e descreveu o seguinte4:

    "As runas do templo tm a forma de uma elipse. Exatamente ao longo do eixo que vai de

  • noroeste a sudeste ... Do ponto central do edifcio exatamente para noroeste h quatro colunas ..."

  • Ao fundo pode-se reconhecer ainda o grande aterro cm forma de elipse. Sob a areiaencontram-se restos do templo da Lua da rainha de Sab.

    No templo assim esboado por Glaser, os eruditos europeus farejaram uma religio de

    orientao astronmica. Em 1904, Ditlef Nielsen colocou em discusso sua viso de uma antigareligio rabe da Lua4:

    "A orientao astronmica em direo a determinadas regies celestes ... e todo o complexoparecem ter servido a instituies astronmicas ... Todo o servio divino estava intimamenterelacionado a observatrios astronmicos, pois o caminho dos astros no cu era tambm aquelepercorrido pelos seres divinos ..."

    O assunto ficou nessa avaliao at hoje. Desde ento colocam-se perguntas como estas:existia um culto csmico em torno da rainha de Sab? Sua origem fabulosa indica uma relaocom o universo, com os deuses? De qualquer forma o Imen passou a atrair grande curiosidade.Pesquisadores, arquelogos e aventureiros partiam para l.

    Em 1928 os alemes Hermann von Wissmann e Carl Rathjens descobriram templos nasproximidades de Sanaa. Em 1936 o britnico Harry St. John B. Philby5 descreveu edificaesmisteriosas e inscries indecifrveis obtidas no planalto de Asir, localizado no que hoje aregio fronteiria do Imen, e em 1948/49 a expedio Ry ckmans-Philby -Lippens6 ficouestupefata na regio do sul da Arbia ao deparar-se com crculos de pedras monolticasorientados astronomicamente semelhantes queles conhecidos na antiga Europa (Stonehenge).Seguiram-se em 1952 as monumentais escavaes de Marib levadas a cabo por Frank Albright eWendell Phillips.

    Desde ento nenhuma escavao mais foi feita. O Instituto Arqueolgico Alemo abriu atmesmo uma filial em Sanaa e tambm um pequeno posto avanado em Marib, que se ocupacom a proteo e catalogao do que j foi obtido mas escavaes extensas somente seronovamente possveis quando o jovem Estado iemenita for suficientemente forte para impor suasleis tambm s estirpes, linhagens e xs ainda poderosos, que consideram cada objeto encontradoem suas regies propriedade particular.

    Datao do local Eu estava, decepcionado e confuso, nos lugares dos quais arquelogos haviam contado coisas

    assombrosas. O que havia restado do Mahram Bilqis, o templo da rainha de Sab? Alguns aterrosem forma de elipse, de cuja areia erguiam-se algumas pequenas colunas. Atrs de alguns restosde muralha pouco importantes, oito pilastras enfileiradas. Dois pedaos de pedra. Isso era tudo.Algumas poucas colunas permitiam entrever a engenharia exata do construtor. Em torno dasvigas de pedra que antigamente se apoiavam sobre as colunas foram esculpidos suportes deforma cnica para se obter a maior estabilidade possvel. As peas correspondentes que seapoiavam transversalmente sobre eles tinham buracos que se encaixavam exatamente nossuportes cnicos. Dessa forma, a "cobertura" ligava-se aos pilares, literalmente firme como umarocha. As pontes de concreto pr-moldado atuais so feitas exatamente da mesma maneira.

  • A alguns quilmetros do local onde est aquele que foi o templo da rainha, os restos doTemplo da Lua se desfazem. Cinco monlitos de 15 m de altura surgem contra o cu azul,acusadores como os dedos de uma mo gigantesca. Deuses, onde est seu esplendor, onde estsua glria? As superfcies laterais parecem polidas, e as arestas afiadas. No cho, blocos de pedracalcria, nos quais, com um pouco de sorte, podem-se encontrar inscries dos tempos de Sab.De qualquer direo que brilhe o sol, as cinco imponentes colunas projetam gigantescas sombrasnegras uma ao lado da outra sobre o cho de p. No decorrer do dia as sombras do uma voltaem torno do quinteto de pedra, como gigantescos mostradores de um relgio solar. O tempo vem,o tempo vai.

    Nesse dia ramos os nicos visitantes ... at que surgiu um garoto de sete ou oito anos deidade, vindo no se sabe de onde. Ele se colocou entre duas colunas, pressionando as costas e osps contra elas e, sem usar as mos, comeou uma escalada acrobtica. Um impulso comjoelhos e ps, um impulso com as ndegas, e o menino franzino subia 15 cm, contrabalanando opeso do corpo com os braos. No havia nenhuma salincia, nenhuma cavidade em que elepudesse ter arranhado os ps nus. Eu estava com medo; caso ocorresse um acidente, ser que scom minha presena de esprito eu conseguiria escapar da vingana dos parentes? "Ora!", eudisse a mim mesmo, observando-o pular de um monlito para outro a 15 m de altura, de onde elenos fazia reverncias e abanava os braos, "ele faz isso como talvez o pai dele fazia antes assim que descobre um turista." Aps sua apresentao ele desceu l de cima como umesquilo ele desapareceu to rpido como havia surgido. Sabe Deus para onde.

    O jornalista de TV Volker Panzer 7, que juntamente com o Dr. Gottfried Kirchner produziu odocumentrio Terra X, escreve: "Novas pesquisas do Instituto Arqueolgico Alemo constataramque Marib seguramente j era habitada em 1500 a.C, se no antes".

    Isso quer dizer 3.500 anos atrs, e os indcios dessa poca encontram-se a apenas 15 m deprofundidade, sob minhas botas. Sendo um apaixonado andarilho que caminha entre as cincias,me vi tentando cavar com as mos nuas. Para mim era insuportvel ver como o resultado daexpedio Phillips-Albright transformava-se em p, como tesouros que tinham sido praticamentearrancados do passado desapareciam novamente no nada.

  • Oito pilastras erguem-se ainda da areia, como se alinhadas em relao s trs colunas queesto defronte.

  • Um garoto de sete ou oito anos apresentou um nmero artstico de circo entre as colunas.

  • Jogo de adivinhao com a rainha de Sab Quando nada pode ser decifrado por meios arqueolgicos, preciso recorrer aos escritos

    antigos, fazer um jogo de adivinhao com lendas, lidar com tradies obscuras, isso paraencontrar os caminhos que levam a esse passado primordial, que os historiadores no costumampercorrer.

    J que se pode recorrer ao Antigo Testamento, vamos comear com esta lenda, que seencontra no Terceiro Livro dos Reis, captulo 10:1:

    "E at a rainha de Sab, tendo ouvido falar da fama de Salomo no nome do Senhor, foiexperiment-lo com enigmas. E, tendo entrado em Jerusalm com grande comitiva, e riquezas, ecamelos, que levavam aromas, e infinita quantidade de ouro e pedras preciosas, apresentou-se

  • diante do rei Salomo, e falou-lhe de tudo o que ela tinha no seu corao. E Salomo instruiu-aem todas as coisas que ela havia proposto; no houve nenhuma que o rei ignorasse, e sobre a qualno lhe respondesse. Vendo, pois, a rainha de Sab toda a sabedoria de Salomo, e a casa que eletinha feito, e os manjares da sua mesa, e os aposentos dos seus oficiais, e as diversas classes dosque o serviam, e os seus vestidos, e copeiros, e holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor,ficou fora de si, e disse ao rei: verdadeiro o que eu ouvi no meu pas acerca da tua conversaoe da tua sabedoria; e eu no dava crdito aos que mo diziam, at que eu mesma vim, e vi com osmeus olhos, e reconheci que me no tinham dito metade do que era; maior a tua sabedoria e astuas obras do que a fama que tenho ouvido ... Deu, pois, ao rei cento e vinte talentos de ouro, egrandssima quantidade de aromas e pedras preciosas; desde ento no foram levados aJerusalm tantos aromas, como os que a rainha de Sab deu ao rei Salomo ... E o rei deu rainha de Sab tudo o que ela desejou e lhe pediu ... A rainha voltou, e foi para o seu reino comos seus servos".

    Quando ocorreu essa reunio de cpula real? O rei Salomo deve ter vivido por volta de 965-926 a.C. Teoricamente pode-se pensar em um tal encontro nessa poca, pois ela coincide com apoca em que Marib florescia. Os arquivos, entretanto, so discutveis.

    Para os judeus o Midrasch pertence ao Antigo Testamento; ele contm interpretaes eesclarecimentos, sua leitura era acrescentada promulgao da Escritura e fazia parte doservio divino. Como o Midrasch contm toda a literatura rabnica, no de admirar ser ele umafonte da histria da religio judaica.

    Dessa compilao deriva tambm o segundo Targum (traduo) caldeu do Livro de Esther.No se pode precisar quando surgiu o "segundo Targum", um romance histrico. Especialistasdatam-no do VII sculo a.C, embora os autores fossem quem fossem remetam-se a fontesmais antigas, que no existem mais. No "segundo Targum" h tambm descries das viagens deSalomo, relatos do exlio dos judeus (por volta de 597 a.C.) sob Nabucodonosor II, afirmaessobre o trono de Salomo, bem como sobre a visita da rainha de Sab sua corte. Pode-se aindadescobrir mais detalhes que no Antigo Testamento. No "segundo Targum" o rei Salomo envia rainha de Sab a mensagem ameaadora de que a est esperando imediatamente.

    A rainha leu a mensagem e ficou to assustada que rasgou seus preciosos vestidos,convocando seus conselheiros aos berros. Esses homens sbios disseram: Ns no conhecemos orei Salomo, e no nos preocupamos com seu governo8. A rainha no seguiu esse conselho.

    "Ela no entanto carregou todos os navios do mar com prolas e pedras preciosas parapresentear Salomo, e enviou-lhe ainda 6.000 meninos e meninas que haviam nascido na mesmahora do mesmo dia do mesmo ms e ano, todos da mesma altura e com a mesma aparncia,todos vestidos com roupas de prpura. Ela entregou-lhes uma carta para que levassem aSalomo, onde ela propunha, apesar de a viagem de seu pas ao dele demorar sete anos inteiros,apresentar-se a ele em trs. Quando ela chegou aps o decurso desse prazo, encontrou Salomosentado em um aposento de vidro. Ela, entretanto, achou que ele estivesse sentado em meio gua, e ergueu seu vestido para chegar at ele. Foi ento que ele viu que os ps dela eramrecobertos de plos, e disse: Sua beleza a beleza das mulheres; seus plos, no entanto, so osplos de um homem. Os plos so um ornamento para o homem, mas para a mulher umadeformao."

  • Seis mil meninos e meninas todos parecidos um com o outro como ovos foramcertamente produto da fantasia dos contadores de histrias rabes. Husein ibn Muhammed ibn alHasan, um bigrafo de Maom, reduz o nmero a 500, afirmando no entanto, como o cronistapersa Mansur autor de uma crnica mundial rabe , que fala de apenas 100 meninos emeninas, que todos tinham a mesma aparncia. Assombroso.

    No interessa saber quantos garotos e garotas participaram da expedio; o que interessasaber o que eles foram fazer na corte do rei Salomo. Husein ibn Muhammed ibn ai Hasansabia8:

    "Ao receber a mensagem ... ela vestiu 500 meninas como meninos e 500 meninos comomeninas e ensinou a estes como se comportar como moas, e quelas como rapazes. Com elesenviou a Salomo uma caixinha trancada com uma prola no perfurada e um diamante comuma perfurao torta, e finalmente uma taa que ele deveria encher com gua que no tivessecado do cu nem brotado da terra".

  • Exemplo tpico da maneira iemenita de construir: este palcio de cinco andares foi colocadocomo um "trono" sobre o rochedo de 60 m de altura; era a residncia de vero de Imam Yahyah

    (1904-1948). Extremamente capciosa, a rainha de Sab queria enganar Salomo, que tinha fama de ser

    muito esperto, mas ela no conseguiu. Salomo perfurou a prola com uma pedra mgica,deixou que um bicho-da-seda tecesse um fio atravs do diamante e encheu a taa com urina decavalo. Ele tambm desmascarou os 500 rapazes e moas observando-os enquanto se lavavam.Os rapazes erguiam os braos para esfregar-se, e as moas no.

    A mensagem que a rainha de Sab enviou a seu real colega tambm misteriosa, elaprecisava de sete anos para chegar a seu pas! Marib ficava e fica a uma distncia deaproximadamente 2.500 km de Jerusalm. Tomemos uma caravana de camelos pois eraassim que se viajava naquele tempo que percorre 30 km por dia; a viagem teria durado trsmeses. Mas se a rainha como est no "segundo Targum" utilizou os "navios dos mares",tendo portanto embarcado em um porto do mar Vermelho, e desembarcando na atual Akaba, adistncia teria sido vencida em bem menos que trs meses.

    Segundo a mesma tradio, presume-se que o par real finalmente se casou, e que Salomo, apartir da, passava "trs dias de cada ms na capital Marib". Com essa distncia e tempo deviagem? Salomo estava escondendo alguma coisa, pois suas visitas mensais a Marib so aceitascomo bvias at mesmo por intelectuais do mundo islmico. Elas so confirmadas entre outrospelos comentrios feitos no sculo XI pelos sbios al-Kisa'i e ath-Tha'lab. Segundo essescomentrios, Salomo parava em Meca um santurio de Abrao em tempos pr-islmicos.No h nenhuma palavra sobre isso no Antigo Testamento, o que no quer dizer nada, pois osjudeus evitavam qualquer meno aos antigos santurios rabes em seus escritos.

    Em Meca, portanto, o rei decidiu viajar ao Imen para ver com seus prprios olhos osfloridos jardins da rainha de Sab. Se a viagem tivesse sido feita pelas vias normais, a excursosentimental teria exigido no mnimo um ms: "Mas com a ajuda dos ventos, que ele comandava,Salomo e sua armada venceram entre o nascer e o pr-do-sol a distncia at Canopus (umaestrela)"9.

    Segundo as tradies, o rei bateu esse recorde com a ajuda de demnios, ventos ... e com um"meio de transporte sobrenatural". Sem avies, helicpteros ou pelo menos alguns econmicosbales de ar quente, os fins-de-semana mensais no ninho de amor em Marib no teriam sidopossveis ..."Um meio de transporte sobrenatural?"

    Salomo tinha problemas considerveis com a senhora de seu corao! Cronistas rabesjuram por tudo o que lhes sagrado que a rainha tinha pernas peludas, e apresentavam essamcula animalesca em sua beleza como prova de sua origem extraterrena, demonaca. Desdeaquela poca o amor j era engenhoso; o rei fez com que o mago da corte executasse o primeirodepilador de todos os tempos!

    O louco trono real totalmente mecanizado

  • Os autores bblicos adornaram o nome do rei Salomo com o epteto "o Sbio". Os"julgamentos salomnicos" eram anunciados do alto do trono que no tinha igual no mundo. Erauma maravilha mecnica da qual o "Targum Scheni para o Livro de Esther" nos d umadescrio impressionante10. Das passagens interminveis eu retirei apenas os dados relativos tecnologia do trono. Eles so espantosos:

    "Ainda no fora feito trabalho semelhante para rei algum ... E o trono foi construdo assim:Ao lado do trono havia doze lees dourados e doze guias douradas um em frente ao outro, de

    forma que a pata direita de um leo confrontava a perna esquerda de uma guia. No total havia72 lees dourados e 72 guias douradas. Acima do espaldar do trono havia uma cpula redonda.Seis degraus dourados levavam at ela ... No primeiro degrau havia um touro, e em frente a eleum leo; no segundo, um urso e em frente a ele um carneiro; no terceiro, uma guia e em frentea ela um anca; no quarto, uma guia e em frente a ela um pavo; no quinto, um gato e em frentea ele uma galinha; no sexto um falco e em frente a ele uma pomba, todos esses animaistrabalhados em ouro puro ... Sobre o trono foram construdas 21 asas douradas para fornecersombra a Salomo.

    De qualquer lugar que Salomo quisesse subir ao trono, podia faz-lo valendo-se de ummecanismo: ao colocar o p sobre o primeiro degrau, o leo dourado o levava at o segundo; oleo do segundo degrau at o terceiro; e assim por diante ao quarto, quinto e finalmente ao sexto.Ento as guias voavam at ele, agarravam-no e erguiam-no ao alto do trono. Nesse mecanismofora construdo tambm um drago prateado...

    Quando o rei Salomo estava assim acomodado em seu trono, uma grande guia pegava acoroa e a depositava sobre sua cabea. Ento o drago ligava o mecanismo, e os lees e asguias se erguiam e sombreavam a cabea do rei Salomo ... Quando as testemunhas seapresentavam perante o rei, a engrenagem do mecanismo punha-se em funcionamento: o touromugia, os lees rugiam, o urso grunhia, o carneiro balia, a pantera uivava, o anca chorava, o gatomiava, o pavo gritava, o galo cantava, o falco piava, pssaros gorjeavam ...

    Quando a cota de pecados de Israel se esgotou, Nabucodonosor, o criminoso rei de Babel,tornou-se poderoso ... Ele levou tambm o trono do rei Salomo, e quando ele, que no conheciaseu mecanismo, tentou subir no trono, assim que colocou o p no primeiro degrau, o leoadiantou sua pata direita atingindo-o na esquerda, o que o deixou coxo por toda a vida. ApsNabucodonosor, Alexandre da Macednia capturou o trono de Salomo e o trouxe para o Egito.Mas quando Sisak, rei do Egito, viu esse trono magnfico, o mais belo de todos os tronos reais, quissubir nele e a sentar-se, mas ele no sabia que o mecanismo o ergueria, e quando colocou o pno primeiro degrau, o leo deslocou sua pata direita e atingiu sua perna esquerda, por isso elepassou a ser chamado pelo resto da vida de Fara manco ..."

    "Primeiro os olhos criam o mundo", disse Christian Morgenstern (1871-1914). O que osantigos cronistas viram foi um prodgio incompreensvel. Quem o havia inventado? Quem haviaexecutado a idia? Quem construiu esse rob nico? Para movimentar essa parafernlia deanimais prestativos era preciso sem dvida energia. Que energia? O sbio rei precisava domin-la. Esse sujeito surpreendente era "Senhor dos Ventos" e possua "meios de transportesobrenaturais". Isso tudo era um pouco demais para essa poca. Que mundo era esse?

  • O presente de Salomo: um veculo areo A mais antiga tradio etope o pico Kebra Negest, que significa algo como "Glria do Rei"

    ou "Fama dos Reis". A verso original datada de aproximadamente 800 a.C, o que se aproximabastante dos tempos de Salomo.

    A traduo para o alemo foi executada pelo assirilogo Carl Bezold (1859-1922) para aAcademia Real Bvara para as Cincias. Essa traduo est baseada em textos dos etopes Isaake Jemharana-Ab do ano 409 a.C, que se remetem, no entanto, a escritos ainda mais antigos. OKebra Negest novamente descreve a visita da rainha de Sab ao rei Salomo. Aqui ela se chama na variante etope da Bilqis de Sab Makeda. Novamente so fornecidas aos leitores cifrascontabilsticas sobre a quantidade de po consumida, o nmero de bois gordos levados na viagem,carneiros, etc., novamente irrompe um romance tempestuoso entre Makeda e Salomo, cujasmuitas outras amantes a crnica no deixa de mencionar. Mas para Makeda que ele dirige todaa arte da seduo de um galanteador real; no quer apenas us-la, ele a pede em casamento elhe oferece at mesmo a realeza. Makeda faz amor com ele, mas, compreensivelmente, quervoltar a seu belo e verdejante pas. O rei permite que ela se v, cobrindo-a entretanto depresentes principescos at mesmo um veculo areo, como garantem os cronistas":

    "Ele deu a ela todo tipo de riquezas e magnificncias preciosas, belos e atraentes vestidos etodas as magnificncias desejadas pelo pas da Etipia, camelos e carros em nmero de 6.000,carregados de utenslios desejveis e valiosos. Veculos, nos quais se viajava por terra, e umcarro que viajava pelo ar, que ele havia construdo com a sabedoria que Deus lhe haviaconcedido". (Kebra Negest, captulo 30.)

    Notvel! O antigo cronista traa uma clara diferena entre veculos que viajam por terra e ocarro que viajava pelo cu.

    A viagem celeste do filho do rei Nove meses aps o retorno a durao da gestao no mudou neste entretempo a

    rainha Makeda trouxe o fruto do amor ao mundo. Quando esse filho j estava crescido, foi visitaro pai em Jerusalm. L esse rapazola, criado com todas as guas da Arbia, roubou de seu paiSalomo a sagrada Arca da Aliana, que Moiss fizera construir seguindo instrues de Jeov, oDeus de Israel, que era uma misteriosa caixa de madeira de accia, com 1,75 m decomprimento e 1 m de altura e largura, recoberta de ouro por dentro e por fora. Alm dessaestimada propriedade de Salomo, o filho varo apropriou-se tambm de um ou vrios carro voador de seu corpo expedicionrio, que foi retirado do estacionamento de Salomo. NoKebra Negest o caso reconstitudo. Na viagem de ida da Etipia a Jerusalm uma ricacaravana, trotando sob o sol escaldante, descrita no geral e em detalhes enquanto a viagemde volta do prncipe etope a bordo de um carro celeste de tirar o flego:

    "E o carro se adiantava rapidamente como um navio sobre o mar impulsionado pelo vento, ecomo uma guia voando com facilidade sobre o vento ... (Kebra Negest, captulo 52) ... e oshabitantes do Egito lhes contaram (aos que perseguiam o rei Salomo): h muito tempo as

  • pessoas da Etipia passavam por aqui, e elas viajavam em um carro como os anjos, e eram maisrpidas que a guia no cu ... (Kebra Negest, captulo 58) ... Este o terceiro dia aps sua (doprncipe etope) partida, e quando seu carro foi carregado, ele no prosseguiu por terra, mas elesflutuavam no carro sobre o vento; eles eram mais rpidos que a guia no cu, e toda a suaaparelhagem vinha com eles no carro sobre o vento ... (Kebra Negest, captulo 58). O rei e todosos que seguiam suas ordens voavam no carro sem doenas e sofrimentos, sem fome e sem sede,sem suor e sem cansao, pois eles cobriam em um dia um percurso de trs meses".

    E com isso pode-se esclarecer tambm as misteriosas visitas mensais que o rei fazia rainha;com o carro celeste de Salomo a viagem de trs meses era feita em um dia!

    Um castelo pode desaparecer? Ah, se a Bblia e o Alcoro fossem apenas livros de fbulas orientais que pudessem ser

    folheados e postos de lado num piscar de olhos! Na verdade trata-se de grandes livros da histriada humanidade. Um bilho e seiscentos milhes de cristos aceitam o contedo da Bblia;oitocentos e cinqenta milhes de muulmanos, o do Alcoro. De onde quer que tenham seoriginado suas extraordinrias informaes, de antigas tradies ou inspirao divina oAlcoro sabe que Al colocou espritos prestativos a servio do rei Salomo:

    "Ns tornamos o vento submisso a Salomo ... Alm disso, em seu tempo, pela vontade deAl espritos trabalhavam para ele ... Eles faziam qualquer coisa que ele quisesse, palcios,monumentos e alguidares grandes como viveiros de peixes..."

    Todos os antigos cronistas rabes so unnimes em afirmar que Salomo fez construir com aajuda de "demnios" e "gnios" trs imponentes castelos, um dos quais seria a cidade em runasde Baalbek. O que Baalbek, no atual Lbano, tem a ver com o reino da rainha no Imen, no possvel descobrir. Salin e Gumdan, o segundo e o terceiro castelos, no teriam sido de acordocom o que foi transmitido construdos pelos trabalhadores do rei Salomo, mas "seresfantsticos" teriam atuado l. O castelo de Gumdan, primeira edificao aps o Dilvio13, aceito como tendo existido um dia por todos os arquelogos do Imen, embora no se tenhamprovas concretas at hoje. Seria preciso procurar o castelo a leste da atual Sanaa, l onde agoraest a cidadela. Seria bom se o Instituto Arqueolgico Alemo conseguisse uma autorizao paraexecutar escavaes; seria possvel cavar bem em frente porta de casa.

    O historiador rabe Al-Hamdani deixou vrias obras. Em seu oitavo livro ele assegura tervisto com seus prprios olhos as runas monumentais do castelo de Gumdan. Essa inspeo deveter ocorrido por volta de 930-940 d.C. Suas afirmaes coincidem exatamente com as de seucolega afego Biruni, que viveu mais ou menos na mesma poca e descreveu as gigantescasrunas de Gumdan prximas a Sanaa. O alemo Carsten Niebuhr, j mencionado, tambmtrouxe consigo de sua expedio uma descrio de Gumdan14:

    "A cidade de Sanaa fica a 15 21' de latitude norte ao sul de uma montanha chamada Nikkamou Lokkum, da qual ainda se podem ver as runas de um castelo muito antigo, que teria sidoconstrudo por Sem, o filho mais velho de No".

    H informaes dos anos 70 de nosso sculo15, do arquelogo e orientalista italiano Gabriel

  • Mandei. Ele pesquisou muitas fontes no Imen, de onde concluiu que o palcio de Gumdan teriatido 200 m de altura, tendo sido, portanto, a mais alta construo do mundo aps a Torre deBabel. Al-Hamdani caracterizava Marib como a "cidade das torres celestes"16. Qualquer turistase admira ainda hoje em Sanaa com os antigos edifcios de vrios andares. Por queespecificamente no Imen se construa de modo vertical, quando na verdade no havia nenhumafalta de superfcie para esse fim? Construa-se segundo os modelos de Marib e Gumdan?

    Ainda que os cronistas rabes no concordem em alguns detalhes, esta afirmao feita emunssono: Sanaa era a cidade mais antiga do mundo, fundada logo aps o Dilvio por Sem, o filhomais velho de No. Ns, os ocidentais, no estamos familiarizados com a idia de que tantorabes quanto judeus so semitas, porque so descendentes de Sem17. Muitas geraes apsSem, os rabes dividiram-se em dois ramos principais: uma linha remetia-se a Ismael, um filhode Abrao; outra a Qahtan, mencionado no Antigo Testamento como Joktan. Um descendentedireto de Qahtan foi Abd-Shams, chamado sheba pelos rabes em portugus, Sab. Abd-Shams significa "adorador das estrelas", e com isso retornamos aos habitantes de Sab, quecultuavam as estrelas.

    Os historiadores rabes deixaram genealogias exatas, atravs das quais pode-se saber quemdescendia de quem. to difcil provar se essas genealogias estavam corretas quanto a exatidodaquelas que se encontram no Antigo Testamento. Em casos individuais as rvores genealgicasrabes derivam diretamente dos astros, que seus respectivos soberanos veneravam18:

    "Himy ar orava ao Sol.Kinanah venerava especialmente a Lua.Misam orava s cinco estrelas em Taurus.Lakhm e Jadham veneravam o planeta Jpiter.Tay y orava constelao de Canopus.Qay s venerava a estrela-co Sirius.Asad venerava o planeta Mercrio..." Em boa parte as interminveis listas de nomes no podem ser checadas, mas indiscutvel

    que elas existem h muito tempo. No sculo IX d.C. o historiador Ibn Wadih al-Ya'qubi 19dedicou-se a passar a limpo antigas listas de descendncia. Somente a linha rabe do sul, quedescende de Qahtan/Joktan, cita 31 dinastias que teriam reinado por aproximadamente 3.500anos. Segundo essas listas, o rei Salomo teria ocupado o trono de Sab por 350 anos. Puraloucura! O Antigo Testamento concede a Salomo um slido governo que vai de 960 a 932 a.C.Depois, como se pode deduzir da Bblia, o reino de Salomo foi dividido em dois Estados: o filhode Salomo, Roboo, regia o reino de Jud, enquanto Jeroboo I um funcionrio de Salomo assumiu o reino de Israel. Os rabes contam outra histria: aps a morte de Salomo, Robooteria assumido tambm a regncia do reino de Sab, sendo sucedido por um sobrinho da rainhade Sab, com o que a antiga linhagem foi restabelecida aps o interregno de Salomo.

  • Como em toda parte, no mercado de Sanaa so oferecidas adagas curvas de todos os materiaise preos.

    As lendas amam o maravilhosoAps ter-me ocupado por 30 anos com lendas populares, ficou claro para mim que as lendas

    regalam-se com exageros e prodgios, mas como um acompanhamento beletrstico daverdadeira histria, digamos contm verdades. Embora as lendas contraponham-se histria,elas costumam completar a histria escrita. Dois exemplos clssicos comprovam que, nas lendas,datas e nomes de personalidades raramente concordam.

    Segundo a descrio do Dilvio na Bblia, No construiu um navio, no qual sobreviveu comsua criadagem e seus animais. O pico sumeriano Gilgams, muito mais antigo, escrito 2.000

  • anos antes de Cristo, relata o mesmo acontecimento. No Gilgams, o No da Bblia chama-seUtnapischtim, e ele conta sua histria na primeira pessoa, que essencialmente a mesma. Oantecessor de Utnapischtim foi o ainda mais antigo Ziusudra. Todos os povos antigos transmitiramlendas do Dilvio, e todas tinham um heri assim ou assado que sobreviveu.

    Qualquer pessoa conhece a tocante histria do menino Moiss, que, colocado em uma cestade juncos, flutuou pelo Nilo e foi salvo pela caridosa filha do Fara. No pico indianoMahabharata que j era um best seller no sculo IV a.C. , a virgem Kunti espera um filhodo deus Sol. Temendo a vergonha, ela coloca o beb em uma cesta de juncos impermeabilizadacom piche e a solta em um rio. O bravo Adhirata pesca a criana e a cria. A lenda do reibabilnico Sargo foi transmitida em placas de argila: ele mesmo conta que sua me o colocouem uma cesta de juncos impermeabilizada com piche, e o rio o levou at Akki, um homem que ocriou.

    Moiss, Kunti e Sargo viveram separados no tempo e no espao. Mas algum dia, em algumlugar, um recm-nascido foi colocado em uma cestinha ... e em todos os lugares a crianaextraviada cresceu para tornar-se um soberano admirvel. Esta a essncia com a qual todosconcordam.

    H 70 anos o Dr. J. Bergmann20, rabino da comunidade judaica de Berlim, escreveu:"A lenda no concorda inteiramente com as fontes histricas, ela ama o maravilhoso, e ela se

    desloca incansavelmente pelos sculos e pases, e vrios acontecimentos so relatados demaneira uniforme por diversas pessoas. Mas nem tudo o que a lenda conta inventado; a fantasiapopular no cria a partir do nada, mas est relacionada com acontecimentos reais e pessoasvivas".

    Por que os deuses foram eliminados? Salomo e a rainha de Sab atuam em um cenrio totalmente lendrio, que est associado a

    "acontecimentos reais e pessoas vivas". As tradies rabes e judaicas esto baseadas emmaterial mais antigo, ao qual os "novos" narradores acrescentam seus prprios heris. Caso essaafirmao fosse contestada com a tese de que a Bblia no uma lenda, mas, pelo contrrio,contm apenas a palavra de Deus, citamos a seguir as palavras de Deus que se encontram noLivro de Esther (6:1), e que se referem a fontes mais antigas:

    "O rei passou aquela noite sem dormir, e mandou que lhe trouxessem as histrias e os anaisdos tempos passados, que foram lidos para o rei".

    " melhor acender uma pequena luz que praguejar contra uma grande escurido", disse ofilsofo Confcio (551-479 a.C). Acendamos, portanto, uma pequena luz para reconhecer que o"Livro dos Feitos Passados" no contm nada mais que tradies!

    Com a passagem para o monotesmo judaico, a crena em um nico Deus, tudo o que sereferia a quaisquer deuses ou divindades anteriores foi eliminado. Os redatores da Bblia, espertoscomo eram, deram a eles para no roubar ao povo sua ligao com os antepassados novosnomes semticos em lugar dos tradicionais, atribuindo acontecimentos do mundo dos deusestotalmente incompreensveis ao novo e nico Deus.

  • Uma operao cosmtica semelhante foi efetuada no Isl do mundo rabe: Maomamaldioou o antigo culto aos deuses pr-islmicos com as em seu gnero assustadoras ameaasde que as tradies antigas raramente e apenas de forma muito tnue podem ser relacionadas anomes e datas, isso quando mantidas. Como Al punia impiedosamente, no de admirar queeruditos islmicos dos tempos da fundao do Isl mal tivessem coragem de mencionar antigastradies.

    O mesmo sucedeu mais tarde, quando enviados cristos atuaram como missionrios naAmrica Central. Eles eliminaram todos os cultos pagos antigos, impondo o novo como vlido ecorreto, sendo o antigo sem valor e errado.

    fantstico dar-se conta de que em todas essas reas geogrficas houve cronistas queanotaram as lendas antigas s escondidas, transmitindo-as dessa maneira para a posteridade.Uma dessas obras foi feita por Ibn al-Kalbi, chamada Kitab Al-Asnam, que significa O Livro dosdolos21.

    Com uma seqncia de nomes e datas, al-Kalbi esforou-se em dar tradio um ar decorreo:

    "Em nome de Al Todo-Misericordioso.O x Ab'1-Husain al-Mubrak b.Abd al-Gabbar b. Ahmad as-Sairafi nos contou ... enquanto

    eu escutava ... que quando Ism'il, filho de Ibrahm (que sejam ambos abenoados por Deus),morava em Meca, tendo-lhe l nascido muitas crianas, expulsando de l os Amalequitas, Mecatornou-se muito pequena para eles. Aconteciam lutas e inimizades entre eles, e uma parte delesexpulsou a outra; ...

    Em conseqncia eles passaram a adorar o que bem queriam ... E assim eles adoravam osdolos e retornaram ao comportamento religioso dos povos que os tinham antecedido, e exibiramos dolos que o povo de No (louvado seja) costumava adorar, fundamentando-se na lembranadeles que haviam herdado, e que permanecia entre eles."

    O Livro dos dolos conta tambm uma histria que retorna aos primeiros homens: os filhos deSeth, um dos filhos de Ado, tinham erguido cinco esttuas de deuses que ainda eram adoradosna poca de No. Finalmente o Dilvio levou as esttuas at a praia de Gidda e os habitantes dasterras baixas encontraram e passaram a adorar as imagens divinas, que se chamavam Wadd,Sowa, Jaghut, Ja'uk e Nasr. Elas foram descritas com exatido, e tambm relacionadas aslinhagens que as adoravam. De Wadd foi dito o seguinte:

    "Wadd era a esttua de um homem, grande como o maior dos homens que j existiu. Doisvestidos foram cinzelados sobre ele ... Ele tinha uma espada desembainhada e trazia um arco aoombro. Diante de si havia uma lana com uma flmula e uma aljava com flechas".

    No possvel que se trate de quimeras de contadores de histrias orientais semdiscernimento. O Livro dos dolos diz, por exemplo, que Nasr "foi colocado em um lugar na terrade Sab chamado Balha, onde os Himjar* o reverenciavam". Realmente foram encontradasinscries himjricas com o nome "Nasr" na regio do reino de Sab. Lendas, lendas, mas asinformaes do local onde "Nasr" era adorado coincidem.

    Isto penoso para aquelas corporaes de eruditos que supem serem as lendas uma espciede fico cientfica da Antigidade. E o que acha tambm Werner Daum, grande conhecedor doImen, no que se refere anlise das divindades do sul da Arbia22:

  • * Populao pr-islmica do sul da Arbia. As inscries antigas do sul da Arbia sochamadas himjricas.

    "Justo nesse ponto as portas esto totalmente abertas especulao, e provvel que no haja

    nenhuma cincia cujos representantes tenham tantas desavenas um com o outro quanto os daque estuda o sul da Arbia antigo".

    As viagens do "Columbia" confirmam as lendas"A experincia so os culos da razo", diz um ditado rabe. Atravs de que culos o passado

    deve ser observado? Conheo eruditos que gostariam de entregar todas as lendas s chamas, numauto-de-f pseudocientfico, atendo-se exclusivamente a fatos histricos autnticos. Essa espciede "saber" sustenta-se somente at o momento em que inscries, esttuas ou edificaes vm luz, e das quais no havia at ento nenhum indcio garantidamente histrico. Em momentos deperplexidade, quanto ao que se classifica de "historicamente garantido", deve-se recorrer samaldioadas lendas para a busca de indcios. Algum anti-lendrio gostaria de negar que lendasderam o impulso inicial para escavaes arqueolgicas? (Schliemann!) Oh, sim, h verdades"lendrias", que, como um raio em cu azul, modificam a paisagem cientfica cotidiana. Ospopulares contadores de histrias egpcios sempre falaram de Bahr-Bela-Ma, de grandes rios noSaara, que eram mais largos que o Nilo, em cujas margens existiu um dia uma cultura muitodesenvolvida. Absurdo, conto de fadas, palavrrio popular, diziam as desqualificaes.

    Em novembro de 1982 a nave americana Columbia constatou atravs de um equipamentoespecial de radar a bordo que a lenda estava correta. Sob a areia do Saara existiam vales derios com at 15 km de largura. Sondagens de teste encontraram cascalhos de rio apenas poucosmetros abaixo da areia do Saara. O arquelogo americano Vance Haynes acredita ser possvelque, aps a avaliao de todos os dados do radar, surja "uma espcie de mapa de estradas decolnias de grupos humanos pr-histricos"23.

    As lendas so mais resistentes que couro, sobrevivem at mesmo s mmias, de cujas bocasvivas foram transmitidas tradies um dia.

    O misterioso Senhor D. do Alcoro Tanto o Alcoro quanto o Antigo Testamento so fontes de informaes misteriosas. A

    "verdade" que vale a pena ser encontrada no est nos floreios da narrativa, mas em seu ncleo.Para a busca de indcios deve-se regular o compasso com perguntas como: O que que onarrador da lenda quer realmente transmitir? O que que ele sabe apenas de ouvir dizer, e o que que ele vivenciou? Preocupar-se com o surpreendente constitui o cerne das tradies.

    No Alcoro (Surata 18:84 e seg.) contada a histria do poderosoDhulkarnain, que veio ao pas dos rabes. Ningum sabia quem era esse estranho Senhor D.

    Uma escola de exegetas do Alcoro supunha que ele fosse at mesmo Alexandre, o Cirande(336-323 a.O), uma outra achava que seu nome deveria ser traduzido como "o de dois cornos".Um ser fantstico? O estranho Senhor D., segundo o Alcoro, "prosseguiu seu caminho at

  • chegar entre duas montanhas, onde encontrou um povo que no entendia praticamente nenhumalngua". Eles se fizeram compreender de alguma maneira, queixaram-se ao Senhor D. deguerreiros que assolavam o pas e perguntaram-lhe se ele no poderia construir um muro entre opovo pacfico e as tribos guerreiras. O misterioso Senhor D. respondeu: "Basta vocs meajudarem com energia, e eu construirei uma slida muralha entre vocs e eles. Tragam-megrandes peas de ferro para preencher o espao entre as duas encostas". Assim como o Alcorono tem nenhuma informao precisa acerca do Senhor D., no se sabe tampouco onde amuralha protetora toi construda.

    Fico cientfica?Sob a data de 16 de julho de 1843, Adolph von Wrede anota em seu livro Viagem a

    Hadramaut24:"As runas de 'Obne no so de uma cidade, como eu havia imaginado, e sim de um muro

    construdo transversalmente atravs do vale e que ento avana sobre uma montanha no muitongreme ... A funo desse muro fica clara na maneira como foi disposto. Ele evidentemente noservia para outra coisa seno para bloquear o acesso ao Wadi Hadschar e ao Hadramaut ...Deixo aos eruditos a tarefa de determinar a poca da construo desse muro ..."

    O pesquisador viajante Adolph von Wrede confirmou o ncleo da lenda do Alcoro. Em busca do tnel de Bainun Tomando as tradies ao p da letra, os "demnios" de Salomo, alm de trs castelos,

    devem ter construdo para a rainha de Sab um tnel atravs do pico de uma montanha na aldeiade Bainun. Essa afirmao, que no pode ser datada, confirmada pelo erudito Al-Hamdani*,que morreu na priso de Sanaa em 945 d.C, em seu livro Descrio da Pennsula Arbica25:

    * Seu nome completo: Ahu Muhammeil al-Hasan ibn Ahmed ibn Ja'qub ibn Jusuf ibn da'ud aiHamdani.

    "Bainun, urna montanha, tambm foi perfurada; um dos reis himjricos a perfurou para que

    fosse trazido um aqueduto do pas que ficava atrs dela at a regio de Bainun".Al-Hamdani atribui a construo do tnel a "um dos reis himjricos", mas infelizmente

    esquece de mencionar seu nome. A localidade de Bainun era um dos centros de poder doImprio na poca himjrica.

    Partes do antigo castelo real podem ser vistas at hoje, e deve haver tambm restos do tnelpara ser observados. Eu li. Procurei uma imagem do tnel, cheguei at mesmo a encontrar umafoto em preto e branco de um canal de irrigao da poca himjrica no guia de viagens deDuMont26, mas nenhuma do tnel. Eu pressentia a chance de dar de cara com o contedo deverdade de uma lenda. Eu queria ver Bainun!

    A hora do "kat"

  • Sanaa. Fui at a agncia de turismo, que concede as autorizaes para viajar. O motorista dotxi tinha uma bochecha inchada; fiquei com pena dele e pensei: "Esse sujeito deveria estar emuma cadeira de dentista, e deve estar com um dente muito podre que precisa ser arrancado".Observei seu rosto, para ver se no estava contorcido de dor. Dava-se exatamente o contrrio:tinha a expresso relaxada, quase alegre. De tempos em tempos ele enfiava alguma coisa verdena boca, guardando-a na bochecha. s 14 h paramos em frente agncia de turismo, descirapidamente, mas a porta exibia uma placa: CLOSED. Fechado. Fiquei passeando pela cidade,at o mercado. Havia pessoas de ccoras por toda parte, e os homens, no cho, tinham todos asbochechas cheias. Em uma ruela, em frente a uma loja aberta, um adolescente com as duasbochechas cheias olhava fixamente para mim com olhos vidrados, e me estendeu um embrulhocom uma coisa verde. Seriam folhas de coca, como as que os ndios do Peru e da Bolviamascam? Folheei o Guia de Viagens Poliglota e li: "Diariamente, entre as 13 e as 17 horas, osservios pblicos param de funcionar. O clima e a altitude exigem uma pausa para descanso,durante a qual a populao entrega-se aos prazeres do kat".

    O que se passa aqui no tem relao com a tendncia de nossa poca de se viciar em drogas.O pesquisador viajante Hans Helfritz27, que ficou preso em Sanaa, j escreveu h 50 anos:

    "Por volta das cinco horas quase tudo estava fechado, pois era a hora do kat, que l tosagrada quanto talvez a hora do ch nos pases ocidentais. O kat to indispensvel para aexistncia do rabe do sul quanto o Alcoro. Trata-se de uma droga, mas os iemenitas chamam-no de seu elixir da vida. O consumo de kat est difundido por toda a populao; homens,mulheres e crianas cultivam o hbito praticamente sem exceo ..."

  • Nas estreitas vielas de Sanaa maos de droga nacional so oferecidos na hora do kat.

  • O kat a droga: ele deixa o iemenita pacfico, seus olhos vidrados, e supostamente faz com

    que seus pensamentos fiquem mais claros quando est drogado. Noventa por cento da populao praticamente todos, portanto, at os bebs de colo relaxam durante a hora do kat de todasas tardes. Com certa habilidade lingual e mastigativa, a coisa verde moda na boca at formaruma pelota do tamanho de um ovo, que rolada de uma bochecha para a outra, embebida emsaliva, chupada, sendo continuamente reabastecida com novas folhas de kat. Os nativos do pas,brincando, chamam sua droga de "whisky iemenita". At onde sei, no so necessrias tantashoras de consumo de whisky para se ficar "alto", mas devo mencionar que o kat no deixanenhuma ressaca o que se diz , e tampouco embota os sentidos. Nenhum bom negcioseria fechado sem antes usar o kat. "At mesmo as crianas temem no ter bom rendimento na

  • escola caso no tenham consumido a erva mgica antes."27Com o sol a pino nas aldeias, os homens, acocorados e armados com as adagas curvas,

    bebericam ch, fumam cigarros e mastigam kat. uma cena pacfica. Disseram-me que o kat(Catha edulis) plantado em todo o Imen, desenvolvendo-se melhor, no entanto, em altitudesque vo de 1.000 a 2.000 m. Os brotos desse arbusto, de 2 ou 3 m de altura, que no d flores, soverde-claros. Aps quinze meses nascem as primeiras folhas em um p de kat, que a partir deento podem ser colhidas trs vezes por ano. A colheita feita de forma cuidadosa. As folhas noso arrancadas, mas cortadas com os ramos e atadas em maos fceis de manejar. O kat deveser consumido fresco; por isso chega aos consumidores no dia em que foi colhido, ou o maistardar um dia depois. Um mao custa aproximadamente 40 francos suos; trata-se de umadroga cara. Segundo clculos de especialistas em agronomia, os iemenitas gastam cerca de 1bilho de francos suos por ano com seu prazer dirio.

    Para o Imen, a erva da felicidade uma bno e uma catstrofe. Apenas uma pequenaquantidade de kat exportada para a preparao de medicamentos. Em todos os pases vizinhos,sua importao proibida, e o consumo de kat na Arbia Saudita reprimido com penaspesadas. reas produtivas valiosas so plantadas com kat, embora pudessem ser utilizadas para aproduo de alimento ou caf, que se desenvolve de maneira notvel no Imen e que so muitomais necessrios.

  • Em algum lugar, em uma esquina como esta, compramos um mao de kat para experimentar Por aquele dia a autorizao para viajar at Bainun havia desaparecido em uma nuvem de

    kat. Comprei um mao e me dirigi ao hotel com meu colega Ralf, que qumico, para umarodada de kat. Limpamos as folhas, o que presumivelmente j estava errado, pois elas deixavamestrias amareladas nas toalhas com que as secvamos. Tendo uma garrafa de gua mineral aoalcance da mo, pusemo-nos valentemente a mastigar. O gosto era horrvel, como um caldo deespinafre cru e folhas de louro, embora isso seja apenas uma descrio gentil do verdadeirosabor. As folhas se desfiavam rapidamente, desfazendo-se e deixando um gosto amargo e oleoso.Passamos as fastidiosas pelotas de um lado para o outro da boca, enfiando nelas novas folhas,como havamos observado. Uma hora Ralf perguntou: "Voc est sentindo alguma coisa?""Nada!" Esperando o efeito, continuamos mastigando. Na hora do jantar j estvamos cheios.

  • Senti o pulso acelerado e uma agradvel sensao de formigamento no crebro, mas a exaltadailuminao naturalmente no ocorreu. possvel que um mao no fosse suficiente para levar-nos luz, mas pelo menos a viagem provocou um sono profundo do qual despertamos sem dor decabea ou qualquer outro tipo de mal-estar.

  • Do gracioso arbusto do kat sua folha: plantas com um efeito sedutor

  • Antes de partir, compramos mais um mao de kat com belas folhas. Ralf guardou-as em umrecipiente plstico para analis-las em casa. Aqui est o resultado para os que se interessam porfarmcia:

    Cathin [(+ )-amino-2-fenil-1-propanol]C9H13NO,

    Cathinon ( -Aminopropiofenon),40 outros alcalides bem como steres diversos. O que vocs querem fazer em Bainun? perguntou no dia seguinte o funcionrio no

    escritrio da Tourist Corporation. Eu gostaria de ver o tnel que foi construdo pelos reis himjricos ou pelos demnios de

    Salomo. Vocs sabem onde fica Bainun? quis saber o simptico funcionrio. Comprei o mapa no Museu Nacional eu disse, e apontei Bainun, claramente impressa

    no mapa. Com isso vocs no vo nem comear. Precisam de uma caminhonete, um motorista e

    um guia!Lembrando-me do "guia" que nos acompanhara at Marib, e que no compreendia nem uma

    palavra em ingls, insisti junto ao funcionrio que me conseguisse um guide que falasse ingls,que por mim podia ser tambm alemo, francs, italiano, espanhol ou holands. O funcionrio

  • compreendeu meu desejo e prometeu que no dia seguinte, s 6 h da manh, veculo, motorista eguia estariam diante do meu hotel, desde que eu fechasse contrato com o proprietrio do carronaquele dia mesmo; ele me apanharia no hotel.

    Por volta das 19 h meu funcionrio apresentou-se no hotel para levar-me ao proprietrio doveculo. Foi-me oferecida uma cadeira e ch preto e quente, preliminares para uma longanegociao. O iemenita disse Good evening e passou a me escutar, mascando kat, enquanto eu,com uma eloqncia puramente oriental, apresentando sempre novos argumentos, pleiteava umcarro absolutamente seguro e um motorista que falasse ingls, o que era imprescindvel. Ohomem mascava e me observava calado, e o funcionrio bem-intencionado tampouco abria aboca. O orgulhoso proprietrio do automvel dirigiu-se ao funcionrio com uma torrente depalavras rabes. Ele respondeu com um palavrrio no menos torrencial, participando-me apsum longo dilogo que o proprietrio do carro, que no era exatamente um especialista em lnguainglesa, estava pronto para fechar um contrato comigo. Em um jogo de perguntas e respostas,tendo o funcionrio como intrprete, o resultado simples da interminvel conversa foi que eumesmo redigi o contrato, em ingls. No dia seguinte, s 6 h da manh, o automvel utilitrio, emcondies tcnicas impecveis, estaria diante do meu hotel, com um motorista e um guia quefalavam ingls. Preo pelo automvel, dois homens, seguros, combustvel e gorjeta: 200 dlaresamericanos por dia.

    Sete e trinta da manh. Com atraso rabe a tripulao surge diante do hotel, o motorista comadaga curva, o guia de gravata. Aps um teste de trs frases ficou claro para mim que oorgulhoso guide no entendia nem uma palavra de ingls, e tampouco de nenhuma outra lnguaque no fosse o rabe. Ele tinha na mo um carto com perguntas em ingls: "Como vai voc?""Aonde voc quer ir?" "Voc est com fome?" No tinha sentido suspender o empreendimento.Partimos.

    O sol havia surgido. Sanaa ardia em uma difusa luz avermelhada, as casas coloridas comjanelas de molduras brancas brilhavam como se tivessem sido pintadas ou lavadas durante anoite.

    Viagem por uma estranha estrada Seguimos pela estrada que vai de Sanaa em direo ao sul, asfaltada e excelente. Tem 240

    km de extenso. Lembrei-me da histria dessa estrada. Meu conterrneo Dr. Heinz Rudolf vonRohr a registrou em seu eminente volume ilustrado28:

    Em 1958, o ano do "grande salto" na China, os chineses deram um grande salto no Imentambm. Como projeto de auxlio ao desenvolvimento, eles construram uma estrada que ia dacidade porturia de Al Huday dan, s margens do mar Vermelho, at Sanaa. Cheios deproblemas em seu prprio pas, os chineses levaram adiante o gigantesco projeto atravs dedesertos ardentes e atravessando cadeias de montanhas com obstinao at o fim. Osengenheiros chineses conseguiram feitos notveis, ultrapassando diferenas de altitude de at3.000 m. Rudolf von Rohr nota com assombro que os chineses, "durante os quatro anos quelevaram para construir a obra, nunca tentaram influenciar diretamente os destinos polticos do

  • pas".Onde os chineses esto trabalhando ativamente, os russos no podem ficar de braos cruzados

    sem fazer nada. Eles sugeriram ao Im um projeto de estrada para ligar Al Huday dan a Taiz.Ela foi executada de 1966 a 1969. Parece que os russos se portaram de maneira menosdiplomtica que os chineses. Rudolf von Rohr: "Diz-se que eles se comportavam como senhores,bebiam muito, e isso no se refere ao ch iemenita, e metiam o nariz em toda parte".

    Numa estrada solitria a caminho de Bainun, passando por montanhas e ninhos de rochas.

  • Descanso em meio areia, deserto e cascalho. Bem. Os americanos no iam se deixar abater por tantos quilmetros "vermelhos" de estrada.

    Eles submeteram o projeto de uma estrada de Sanaa a Dhamar e Taiz. Em determinadomomento surgiram divergncias polticas. Os americanos que j tinham preparado boa partedo leito da estrada deixaram o Imen. Vieram ento os alemes. No incio dos anos 70 elescompletaram a obra iniciada pelos americanos.

    por essa estrada que estvamos viajando. Bainun fica em algum lugar Logo aps sair de Sanaa, a paisagem, com suas montanhas e picos rochosos, trouxe-me

    lembrana o trajeto que vai de Lima a Ica, no Peru. No fosse pelos fios de alta tenso queacompanhavam o percurso, qualquer civilizao seria esquecida, podendo-se imaginar que seestava em um pedao de terra jamais tocado pelo homem. Campos e terras no cultivados,desertos e plantaes de kat e como comum no Imen controles de estrada feitos por

  • homens armados. Aps 60 km, a cidade de Mabar, e ento novamente terras incultas e deserto.No crebro de nosso guide havia-se formado um pensamento que ele mastigou em uma frase

    em ingls/rabe ou rabe/ingls: ele queria saber de ns onde ficava Bainun! Respireiprofundamente para no explodir. E assim, o mais calmamente possvel, eu lhe disse lenta einsistentemente que ele deveria levar-nos at l, e portanto deveria saber onde ficava Bainun.Mostrei a ele o mapa de estradas e indiquei Bainun. O valoroso cicerone de palet preto e umaelegante gravata verde-amarelada, a julgar por seu olhar vazio, no estava entendendo nada,absolutamente nada, podendo-se presumir que ele no sabia de forma alguma ler um mapa. Eletagarelou com o motorista, que para meu desgosto mantinha apenas uma das mos na direo,enquanto com a outra acariciava ininterruptamente sua adaga. Estava claro para mim queseguamos a rota correta, e por isso dei a entender, atravs de gestos, que prosseguissem. Umpouco antes de Dhamar o carro morreu. Pane? No, a gasolina havia acabado. O teimosocondutor no havia enchido o tanque, mas encontramos um posto a somente 80 km de distncia.Insch-Allah.

    Equipado com algumas fotocpias do guia de viagens DuMont, consegui deduzir que 30 km aleste de Dhamar encontraramos uma estrada que se dirigia ao norte. Como no havia nenhumaplaca na estrada, irremediavelmente ficaramos dirigindo a esmo se no fosse por essasinformaes sobre a quilometragem. Olhei para o velocmetro, bati no ombro do motorista e,abaixando suavemente as mos, como um regente que conduz sua orquestra at pianissimo,reduzi a velocidade a 29 km por hora, fixando o norte na bssola. Como promete o guia DuMont,exatamente 30 km depois desvia-se uma pista ou, para ser mais exato, duas trilhas de pneus naareia para a esquerda, na direo norte, deserto adentro. A partir da o mapa no ajudavamais, estradas de terra logicamente no esto marcadas. ltima informao: atinge-se Bainunaps mais ou menos uma hora de viagem entre as montanhas Dschebel Isbil e Dschebel DhuRakam. Isso seria uma indicao excelente se houvesse placas luminosas nos picos dasmontanhas. Agora s podamos adivinhar e entregar-nos sorte.

    As silhuetas de duas montanhas ao longe. Talvez fossem estas as mencionadas pelo guia.Homens e mulheres trabalhavam em um campo. Dei a entender ao nosso guia que ele poderiaperguntar por Bainun; ele arrumou sua gravata e, com infinita m vontade, levantou-se. Pelorosto das pessoas podia-se deduzir que Bainun para eles no queria dizer nada.

    O motorista teve uma intuio: dirigiu-se a uma casa de dois andares cercada por um jardimde kat, animando o guide a acompanh-lo. Os dois desapareceram, voltando um quarto de horamais tarde com um notvel compatriota. Ele usava a maior e mais bela adaga que eu j vira noImen. O punho de chifre era cravejado de pedras preciosas ou seria apenas vidro colorido?, com lmina de prata, o cinto largo era trabalhado com fios de prata e de ouro. Em torno dosquadris bamboleava uma cartucheira, e apertada sob o brao ele trazia uma carabina da SegundaGuerra Mundial. Atravs do rosto barbado dois olhos negros espreitavam, e ele usava um panobranco enrolado em volta da cabea cujas pontas caam por sobre os ombros, tocando umacamisa azul-clara, que exibia toda uma paleta de manchas de gordura. Um homemimpressionante, enfiado em sapatos de tamanho recorde. O trio de rabes se acomodou no carrosem nos dirigir nem mesmo um nico olhar.

    O carro rangeu morro acima at chegar a um plat interminvel, polvilhado, cravejado depedras vulcnicas negras como o piche, com pequenos muros feitos com o mesmo material. O

  • tempo voava. Uma hora at Bainun, tinha prometido o guia. J estvamos sacolejando por entrepedaos de rochas e dunas h uma hora e meia. Eu me imiscu na animada conversa doshomens: "Ei! Bainun?"

    O sujeito exibiu seus dentes amarelados e continuou a conversar com seus compatriotas.Seguimos adiante. O sol j havia ultrapassado o znite h mais de uma hora quando comecei ater c minhas dvidas se aqueles trs tinham idia de aonde queramos chegar. Coloqueienergicamente minha mo no ombro do motorista e ordenei: "Stop!" Se por acaso ou por tercompreendido o mais curto de todos os sinais internacionais, no se pode determinar, de qualquerforma ele parou o carro. Descemos. Ralf desenhou as runas de um castelo em uma folha de seubloco de notas, esboando uma montanha com a entrada de um tnel. "Bainun! Bainun?", repeti.Eles olhavam fixamente para ns sem compreender. Fiz um monte de areia e cavei um buraconele. Crianas teriam compreendido a linguagem visual, mas no nossos acompanhantes. Ohomem da gravata era para diz-lo educadamente, mas de forma clara estpido, e para omotorista dava na mesma para onde dirigia, enquanto o sujeito armado continuava alegre, falavae gesticulava. Cui bono? Para quem serve isso?, perguntou o sbio Ccero. Entramos no carro eprosseguimos. Assim que chegamos ao final de um planalto, descendo em curvas por entre asrochas, surgiu uma outra trilha que quase no podamos distinguir visualmente. Onde estvamos?

  • Onde poderamos encontrar o tnel de Bainun?Os nativos tambm no tinham nenhuma resposta.

    Do desolado deserto de areia e pedras erguiam-se, em um vale com campos verdes, cabanas

    de barro. O homem armado grunhiu: "Bainun!" apontando com o cano de sua carabina as runasde um castelo que se equilibravam sobre uma salincia rochosa contra a luz do sol. O triodesapareceu de vista sem dizer uma palavra, entrando com determinao em uma cabana debarro. Eles retomaram com um feixe da coisa verde. Hora do kat!

  • A distncia, um rochedo com uma edificao. Nosso destino, finalmente: o castelo de Bainun Seja dito em honra de nossos acompanhantes que eles ficavam rolando na boca as pelotas de

    kat, mas nos mostraram uma ngreme rampa natural de pedra que levava ao castelo de Bainun.L eles tiveram tempo para, mastigando, encontrar a bem-aventurana.

    O impressionante castelo deve ser "uma das fortificaes que foram construdas pelos gniosna poca do rei Salomo"29. O orientalista austraco David Heinrich Mller (1846-1912) trouxeconsigo poesias rabes antigas que foram escritas para enaltecer o castelo30. O poeta Alqamaescreveu:

    "E Bainun e Salhin so agora destroos, enquanto seus senhores devastavam todo o mundo".

  • Ou a ameaa:"Ai daquele que v Bainun em runas, vazios e abandonados seus edifcios de pedra.Raposas agora habitam os palcios a cuja proteo entregavam-se sditos poderosos, que

    envelheciam no poder".O que vimos foram as runas dos palcios construdos pelos "demnios" do rei Salomo para a

    rainha de Sab. Esses demnios ou gnios eram feiticeiros! As runas ainda o testemunham comblocos de construo lavrados que pesam toneladas e que se encaixam uns nos outros. De longenos lembramos dos castelos medievais europeus, que como ninhos de guias se protegiam emmontanhas escarpadas. O que l foi construdo d uma impresso tranqilizadora quandocomparado com essas edificaes: o minsculo com o gigantesco. Foram erguidas torres demonlitos! Alguma experincia obtida em outras partes do mundo, especialmente no altiplano doPeru e da Bolvia, permite-me avaliar esses blocos de pedra. Os monlitos inferiores devematingir pelo menos 20 t! Que tecnologia possibilitou a construo? Com quais dispositivos deelevao, gruas, cordas, esses pesos foram iados at o local onde se encontram? Do fundo dovale at o cimo do penhasco h uma diferena de 200 m a ser vencida.

  • Logo estvamos diante das runas do castelo de Bainun.

    Mas o castelo no era o objetivo da minha busca, e sim o tnel de que falam as lendas.A enervante mmica com nossos companheiros continuou. Novamente constru uma pequena

    montanha com pedrinhas, enfiando nela um graveto e dando a entender que ele a atravessava. O

  • sujeito armado indicou o prprio morro onde estvamos com sua carabina, apontou um trechomais para cima e balanou a cabea afirmativamente. Ento! No era possvel faz-lo com ocarro. Ralf e eu colocamos as cmeras nos ombros e galgamos a trilha acidentada at o cimo.Nada de tnel. Nenhuma entrada de tnel. Aps descer novamente, mostrei ao sujeito dacarabina uma fotocpia que eu havia trazido comigo na bagagem. Ela no mostrava exatamenteo tnel, mas um "canal" que levava a ele.

    Uma luzinha faiscou em seus olhos brilhantes de kat. Ele assentiu e desapareceu em um nichodo castelo em runas, retornando algum tempo depois com um velho que ele amparavacuidadosamente. O ancio logo entendeu, falou calmamente a seus conterrneos, enquanto coma mo nodosa apontava para o vale abaixo, para um ponto invisvel que ele aparentementedescrevia.

    Se nesse entretempo no tivssemos ouvido que o kat acalma e faz com que vejamos commais clareza, estaramos perturbados por mil receios quando o motorista, olhando fixamente,iniciou a descida: uma trilha beirando o penhasco, to estreita que as rodas do lado esquerdoesbarravam nas bordas. Mas para que criar suspense? No aconteceu nada, pois em casocontrrio eu no estaria sentado escrivaninha.

    O carro dava a volta na montanha quando, distncia, uma parede de pedra perpendicularcom uma fenda pouco natural atraiu nossos olhares. Logo o carro parou exatamente a.Estvamos pasmos. Diante de ns, a tera parte de uma montanha, que um "demnio" haviacortado. Mesmo quem no acredita em "gnios" ou "demnios", como eu, tem que admitir quegnios atuaram ali. A inciso superior direita e esquerda da parede de pedra era lisa, ametade inferior de pedra rstica, dando a impresso de que placas lisas como acima haviam se desprendido com o tempo. No fim da garganta do tnel, um buraco escuro, sobre aentrada um gigantesco monlito polido com as bordas lisas. Exatamente como se no tivesse sidocinzelado a partir da massa rochosa, e sim colocado ali. Estendemos nossas trenas: na entradaoriental medimos uma largura de 3,37 m e uma altura de 3,48 m.

    Estvamos ocupados com medies e fotografias quando fomos paralisados por um estrondofortssimo, que levantou nuvens de poeira. Abaixamo-nos e chegamos concluso de que os tirosno se dirigiam a ns. O kat provavelmente subira cabea do sujeito armado, e ele estavaatirando para dentro do tnel. Como pontas de pedras podem ser to perigosas quanto um tiro,encostamo-nos contra a parede, e ento avancei corajoso como um confederado emdireo aos tiros e, rindo, pedi sua carabina. Mirei uma pequena torre de trs pedras, e a de cima Al seja louvado! se fez em pedaos. O Guilherme Tell iemenita ficou admirado e seguiuatirando na outra direo, mas provocou uma longa interrupo em nosso trabalho, poisorgulhosamente queria mostrar como era bom atirador. Ao final dessa festa de tiros ele posoupara uma foto.

    Apalpvamos o caminho tnel adentro. No se avistava nenhuma luz no outro lado porque eletem um ligeiro desvio para a direita. Medido em passos, o tnel tem mais ou menos 160 m decomprimento. Na sada oeste tem 5,92 m de altura e 3,03 m de largura. O tnel sai do penhascodo lado ocidental alguns metros acima do solo.

    Desse lado no havia nem sinal de um canal ou uma barragem de proteo. Longe, esquerda, vale abaixo, as runas de Bainun acenavam para ns, enquanto do tnel troavam assalvas de nosso acompanhante. Impressionante!

  • O assim chamado canal comea no lado oriental, l onde se inicia a fenda na rocha acompanhando a encosta em direo ao sul, elevando-se aos poucos. Em um ponto largo elemedia 2,94 m, em um estreito, 2,46 m. Especialistas do Instituto Arqueolgico Alemo sustentama opinio de que por esse canal eram "recolhidas as guas que escorriam pela encosta, levando-as atravs do tnel pelo prolongamento ocidental at os campos localizados no Wadi al-Galahim"". Como a gua recolhida no vale ocidental no seria suficiente para irrigar os camposcultivados, seria necessrio recorrer gua suplementar do vale vizinho. Por isso o tnel e ocanal.

    Essa interpretao por si s no resolve o enigma. No h dvida de que durante a poca daschuvas e quando ocorriam tempestades intermitentes passava gua pelo canal. Ainda assim noconsigo imaginar que todo esse complexo tenha sido construdo desde o incio como um aquedutosuperdimensionado.

    Quando os arquelogos partem do princpio de que a gua da encosta