Sorocaba sempre 2015

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Valorizar o passado reflete a emergência de resgatar a his-tória e manter a memória e relação de identidade entre cidadãos e cidade. Retratar é olhar com reverência. Esta é a essência da proposta desta edição comemorativa pela

passagem dos 361 anos de Sorocaba, neste 15 de agosto. Com esta edição especial, retratamos alguns dos principais símbolos da cida-de que fizeram história e marcaram o crescimento do município.

São alusões que nos levam a refletir sobre o tempo como fator imprescindível para a compreensão do momento atual. Materializadas na paisagem e na arquitetura ou vivas na cultura e cotidiano dos moradores, dão suporte mais sólido a esta con-dição diferenciada de uma metrópole que cresce e se credencia como vitrine de tecnologia e qualidade de vida.

Ao lançarmos o nosso olhar carinhoso e cuidadoso sobre o local que escolhemos para viver, percebemos o quanto a cidade se relaciona com as suas memórias, o quanto os soro-cabanos conhecem suas raízes, graças à força criativa e capaci-dade de seu povo, seja ao revisitar a história de lugares como a Estação Ferroviária, o Mosteiro de São Bento, o Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, seja ao reviver a tradição de fé e devoção por meio da Romaria de Aparecidinha ou, ainda, ao relembrar a importância do ciclo industrial que lhe rendeu o justo cognome de Manchester Paulista.

Sorocaba é uma cidade que distingue com clareza tudo aqui-lo que une seus moradores à condição de cidadãos e protago-nistas desta trajetória de progresso. Apresentamos um estoque de lembranças eternizadas em retratos que servem de elo entre a Sorocaba de ontem, de hoje e de sempre, garantindo às novas gerações um lastro de memória importante para a sua identida-de. Afinal, não queremos apenas estar entre os municípios mais desenvolvidos do país, mas, acima de tudo, queremos desfru-tar desta cidade que respeita a sua história, a sua gente e que caminha com responsabilidade em direção ao futuro.

E D I T O R I A L

Gerente Geral: Wilson Rossi

Coordenaçãoe textos: Cida Haddad

Entrevista: Erick Rodrigues

Colaboração:Marisa Batalim

Capa produzida porDaniel Guedes

Diagramação e Arte:Daniel Guedes

Revisão:Robson Camargo Súnica

Distribuição: Sorocaba e regiãoTiragem: 30 mil exemplaresImpressão: Log&Print Gráficae Logística S.A.

Direção:Francisco Pagliato Neto

Editor:Benedito Urbano Martins MTB 36504

PORTAL DO JORNAL IPANEMA:www.jornalipanema.com.br

Ipanema Sistema Gráfico e Editora Ltda.Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira, 199 - Lageado - Votorantim/SP

CEP 18.110-008 - Fone/Fax (15) 2102-0300

Sistema de Comunicação

A VALORIZAÇÃODE UMA HISTÓRIA

O tropeirismo é o capítulo mais importante da história de Sorocaba, afirma o historiador e jornalista Sergio Coelho.

Sempre que o assunto é tropeirismo, Coe-lho destaca: “tropeirismo não é folclore, moda de viola ou uma cavalgada. Sem as mulas, nosso país te-ria andado mais devagar”, afirma.

Entre os nomes importantes do movimento, está o do bandeirante Bartolomeu Paes de Abreu, que sentiu a necessidade de abrir caminho entre o Sul do país e São Paulo para o escoamento das tropas de burros e cavalos. Francisco de Souza Faria, em 1727, abriu a primeira estrada. Cristovão Pereira de Abreu partiu da região de Viamão (RS) em direção a Minas Gerais, passando por Sorocaba somente em 1733.

Outro ponto que merece destaque é a criação do Registro de Animais em Sorocaba, em 1750, pelo rei Dom João VI. O Registro de Animais foi se tornando o centro do tropeirismo e aí surge a Feira de Muares, um ponto de encontro do norte do Brasil para com-prar e do Sul para vender os animais.

Anualmente, uma série de eventos são desenvol-vidos em Sorocaba para que a história e importância do tropeirismo não sejam esquecidas.

CIDADE TEMSUAS RAÍZESNO TROPEIRISMO

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falecer, legou o sítio do Passa-Três a seu sobrinho, o capitão de Ordenanças An-tonio Francisco de Aguiar, casado com dona Ana Gertrudes Eufrosina Aires de Aguirre. Dentre os filhos do casal, o Bri-gadeiro Rafael Tobias de Aguiar.

À época da construção do imóvel, era o sítio do Passa-Três destinado à plantação de cana-de-açúcar e a Casa Grande, a sede desse engenho. Com o passar dos anos, e já propriedade do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e suas irmãs, transformou-se o Passa--Três em plantação de café. Naquela época, por volta de 1860-1870, o imó-vel sofreu a primeira alteração, quan-do a varanda dos fundos foi fechada, transformando-se em nova sala, cons-truiu-se nova cozinha fora da casa e a porta principal foi trocada pela de arco pleno. Os caixilhos e vidros nas janelas são também dessa época.

Atualmente abriga o Centro de Es-tudos do Tropeirismo. Mantém expo-sição permanente, promove as periódi-cas e preserva parte da Mata Atlântica remanescente da região. Realiza tam-bém eventos e atendimento a grupos escolares e ao público em geral interes-sado no Tropeirismo.

inicialmente, para receber, justapostas aos seus flancos, pequenas casas que teriam servido de senzala para os es-cravos da fazenda. Em 1839 eram mais de sessenta escravos no local. Essas pequenas casas anexas ao imóvel prin-cipal foram demolidas por ocasião da restauração do Casarão, em 1980.

O imóvel chama atenção por ter sido construído em taipa, técnica herdada dos portugueses dos árabes, à base de argila (barro) e cascalho, por volta de 1780, por Rafael Tobias de Aguiar que, ao

T R O P E I R I S M O

Se existe um lugar onde a história do tropeirismo nunca é esquecida, esse local é o Casarão de Brigadei-ro Tobias, que abriga, atualmente,

o Centro de Estudos do Tropeirismo. Segundo a chefe de divisão do Pa-

trimônio Histórico da Secretaria Mu-nicipal da Cultura, Claudia Tavares Ri-beiro, o Casarão, que fica no bairro de Brigadeiro Tobias, é um lugar que não deixa a tradição do movimento tropei-ro morrer, com costumes e persona-gens. De acordo com informações da Secretaria de Cultura, o acervo do Ca-sarão conta com telas, esculturas em madeira, pinturas, arreios e utensílios do cotidiano tropeiro, além de facas e facões sorocabanos.

A história está em todo o local, não somente nos objetos. Dados for-necidos pela Secretaria da Cultura apontam que, segundo o historiador Aluísio de Almeida, a Casa Grande que pertenceu à dona Gertrudes Aires de Aguirre e depois ao filho, o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, foi construída por volta de 1780, sendo identificado pelo arquiteto Carlos Lemos, como um “edifício urbano”, construído na zona rural e que permaneceu isolado

CASARÃO DE BRIGADEIRO TOBIAS:CENTRO DE ESTUDOS PRESERVA HISTÓRIA

O acervodo Casarão conta

com telas, esculturas em madeira, pinturas, arreios e utensílios do

cotidiano tropeiro, além de facas e facões

sorocabanos

O IMÓVEL SOFREU A PRIMEIRA ALTERAÇÃO,

QUANDO A VARANDA DOS FUNDOS FOI FECHADA,

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M A N C H E S T E R P A U L I S T A

A Fábrica Nossa Senhora da Ponte foi idealizada em 1880, fundada em 1881, e oficialmente inaugu-rada em 2 de dezembro de 1882,

por Manoel José da Fonseca, comercian-te português estabelecido em Sorocaba.

De acordo com dados fornecidos pelo Setor de Patrimônio Municipal da Secre-taria de Cultura, aproveitando o ciclo do algodão que havia sido introduzido na região após a Guerra da Secessão nos Estados Unidos, comerciantes soroca-banos enviavam o algodão em caroço e rama para a Inglaterra. Esse algodão era conhecido por Santos, por ser exportado por meio do porto do mesmo nome.

Assim, montaram uma fábrica usando essa matéria-prima e mão de obra local.

Utilizando-se de madeira da região, tijolos e telhas que eram trazidos por carro de boi.

A Fábrica Santo Antônio foi construí-da em 1913 como a primeira expansão da recém-fundada Companhia Nacional de Estamparia, sendo considerada, na época, uma das mais suntuosas e mo-dernas do país. Sua concepção para a época foi considerada arrojada, sendo os pavilhões alinhados em um grande eixo de circulação, por onde entrava a luz do dia e ventilação. Além desse cor-redor central, havia as grandes janelas e o sistema de shed, até então, uma gran-de novidade da época.

O fato de a fábrica ser movida totalmente por energia elétrica era também uma novidade, sendo que,

FÁBRICAS NOSSA SENHORA DA PONTE E SANTO ANTÔNIO REPRESENTAM A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CIDADE

para isso, foi construída uma Usina Hi-droelétrica em Pilar do Sul.

Em 1914 a fábrica foi adquirida pelo comendador Francisco Scarpa, que al-terou a razão social para Companhia Fiação e Tecidos Nossa Senhora do Carmo. Por questões de ordem admi-nistrativa e operacional, as duas fábri-cas, Nossa Senhora da Ponte e Santo Antônio, foram unidas no seu espaço físico, sendo introduzidas modifica-ções quanto a sua circulação interna, portaria e pátios de serviço.

O harmonioso conjunto arquitetônico das fábricas é formado por edificações que apresentam, em suas composições, algumas características do estilo clássi-co inglês, como a alvenaria externa em tijolos aparentes com pilares salientes revestidos na face interna das mesmas. A construção foi considerada como uma das pioneiras do ramo têxtil no estado de São Paulo. As fábricas foram totalmente desativadas em outubro de 1991.

Com a construção do Terminal de Ônibus Santo Antônio, em 1991, mais precisamente no pátio frontal da Fá-brica de mesmo nome, houve a demo-lição de vários barracões e edificações existentes, fazendo ressurgir a fachada original da antiga tecelagem, que estava escondida havia uma década.

A Fábrica Nossa Senhora da Ponte teve, ao longo dos anos, alguns de seus pavilhões utilizados para cursos, feiras temporárias, festas, desfiles de moda, a Biblioteca Municipal e atualmente o local é ocupado por um shopping.

A Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da Ponte e Santo Antônio são tombadas pelo Patrimônio Histórico, grau de preservação 2.

As fábricas foram temas do livro “So-rocaba - A Cidade Industrial”, do historia-dor e jornalista Geraldo Bonadio.

A Fábrica de Tecidos Nossa

Senhora da Ponte foi oficialmente

inauguradaem 1882

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foram aprovados pelo Decreto Imperial nº 4.729, de 24 de maio de 1871. Os traba-lhos de construção em Sorocaba inicia-ram-se em 13 de junho de 1872, nas proxi-midades da rua General Couto Magalhães e da atual Estação da Luz, até Sorocaba.

Os trabalhos são inaugurados com gran-de festa em 13 de junho de 1872, às margens do riacho Supiriri, onde hoje se situa a antiga Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da Ponte, da Companhia Nacional de Estamparia.

E S T R A D A D E F E R R O S O R O C A B A N A

Quem passa pela avenida Afon-so Vergueiro tem contato com a história da Estrada de Ferro Sorocabana, com o prédio da Estação e o museu com acervo referente ao tema.

De acordo com o administrador da Biblioteca Infantil, José Rubens Incao, a história da Estrada de Ferro Soroca-bana está ligada a de Luiz Matheus Maylasky (também nome lembrado na fundação do Gabinete de Leitura Soro-cabano). Ele, vindo da Europa, chegou a Sorocaba e conseguiu emprego ao demonstrar habilidades no conserto da máquina de beneficiamento de al-godão que pertencia a Roberto Dias Batista. Passa a sócio da empresa e é reconhecido pelas ideias arrojadas.

A época era o auge no cultivo do al-

godão e surge a necessidade de alter-nativas para o escoamento do produto. Assim, alguns sorocabanos, liderados por Maylasky, recorrem à Companhia Ituana para a construção de um ramal daquela ferrovia até Sorocaba. Como não conseguiram apoio, resolvem cons-truir, por conta própria, uma ferrovia.

Segundo dados fornecidos pelo setor de Patrimônio da Secretaria Municipal da Cultura, os estatutos da “Sorocabana”

A IMPORTÂNCIAHISTÓRICA SOBRE TRILHOS

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O TRECHO DE SÃO PAULO-SOROCABA FOI ENTREGUE OFICIALMENTE AO TRÁFEGO NO DIA 1O DE JULHO DE 1875, COM A PRESENÇA DO PRESIDENTE DA PROVÍNCIA DE SÃO PAULO, AUTORIDADES CIVIS E MILITARES, CONVIDADOS E REPRESENTANTES DA IMPRENSA PAULISTA

A época era o auge no cultivo do

algodão e surge a necessidade de alternativas para o escoamento do

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sionais; além de em datas festivas como fim de ano ou em emergências, como o acidente ocorrido no Natal de 1964, quando uma composição descontro-lada invadiu a estação, causando duas mortes e espalhando a carga de animais.

Mais mudanças vieram. Em 1971, a Estrada de Ferro Sorocabana incorpo-rou-se às demais ferrovias do estado para formar uma única empresa, a Fepa-sa. Em 1998, a Fepasa foi incorporada à Rede Ferroviária Federal (RFFSA), como parte no pagamento da dívida ocasio-nada desde a estatização das ferrovias pelos governos estaduais. No ano se-guinte, com o leilão da malha paulista, conclui-se o processo de desestatização da malha da RFFSA, sendo a Estrada de Ferro Sorocabana arrematada por consórcio formado pelas Ferrovias Ban-deirantes S.A. (Ferroban), e após mu-danças na concessão, arrendada pela América Latina Logística (ALL).

Mais um destaque da história da ferrovia está no prédio da estação, na avenida Afonso Vergueiro. Projetado pelo engenheiro alemão Clemente No-velleto Spetzler, o local foi o primeiro prédio de tijolos da cidade, construído em 1875, e tinha ao lado as oficinas e o setor de bagagens.

Atualmente, o belo prédio aguarda restauração e a secretária municipal de cultura, Jaqueline Silva, comenta que já foram solicitados orçamentos.

Em 18 de junho de 1875, chega à estação de Sorocaba a primeira loco-motiva, “Ypanema”. O trecho de São Paulo-Sorocaba foi entregue oficial-mente ao tráfego no dia 10 de julho de 1875, com a presença do presidente da Província de São Paulo, autoridades ci-vis e militares, convidados e represen-tantes da imprensa paulista.

Acompanhando a expansão da lavou-ra cafeeira, a “Sorocabana” avançou para o oeste do estado, atingindo, em 1878, Tietê, Tatuí, Itapetininga e Botucatu.

Com o passar do tempo, mudanças aconteceram e, conforme material do Setor de Patrimônio da Secretaria de Cultura, os principais acionistas conse-guem, com o apoio do Governo Impe-rial – principal credor da Companhia, a transferência de sua sede administrati-va para o Rio de Janeiro, a fim de facili-tar a fiscalização de contas e, em 1880, Maylasky é destituído de seu cargo de presidente. Tornando-se então diretor da Companhia um dos homens mais ri-cos e influentes do Império, o banquei-ro Francisco de Paula Mayrink.

Anos mais tarde, por servirem à mesma região, fundiram-se as ferro-vias, surgindo a Companhia União So-rocabana e Ytuana, formando a maior rede ferroviária do estado, que se con-solidaria com uma rede extensa por toda metade do sul do estado.

E S T R A D A D E F E R R O S O R O C A B A N A

Projetadopelo engenheiro

alemão Clemente Novelleto Spetzler,

o local foi o primeiro prédio de tijolos da cidade, construído

em 1875

SorocabanaRailway CompanyEm 1904, o governo federal assumiu

o controle da empresa, transferindo, no ano seguinte, o controle ao estado de São Paulo que, por força de um contra-to com a Companhia, estava impedido de adquirir a estrada antes de decorri-dos 30 anos de sua construção. De 1907 a 1919, o governo paulista arrendou a “Sorocabana” à Southern Railway Com-pany. Operou, então, renomeada como “Sorocabana Railway Company”.

Uma grande greve de funcionários em 1919, contudo, deu destaque às compli-cações da empresa, assim voltou ao con-trole do estado sendo renomeada como Estrada de Ferro Sorocabana, vinculada à Secretaria de Viação e Obras Públicas.

Outro momento importante desta-cado em dados fornecidos por Rubens Incao é que, em 1930, as oficinas de Mai-rinque são transferidas para Sorocaba, o que atrai um grande número de fer-roviários que ajudam no povoamento dos atuais bairros da Vila Santana, Além--Linha e Vila Amélia. Naquele período, foi criado o Curso Ferroviário. Entre as curiosidades da época, está o fato de que os ferroviários eram considerados “bons partidos” para casamento, já que tinham bom salário e benefícios.

O apito das oficinas era ouvido às sete, onze e meia, treze e dezessete horas, nas entradas e saídas dos profis-

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De acordo com o presidente, Silvio Cesar Góes Menino, no Gabinete de Lei-tura há, aproximadamente, mais de 30 mil livros, sendo que os mais antigos da-tam do século XVIII.

Entre os materiais de destaque está o Livro de Visitantes do Gabinete de 20 de janeiro de 1874 a 13 de dezembro de 1884 (com a assinatura de D. Pedro II de 20 de agosto de 1875) e um livro enca-dernado com anotações da Guarda Na-cional de Cavalaria de 1820 a 1826.

Jornais antigos também podem ser encontrados, como a Folha Popular de 1957 a dezembro de 1972, Correio de Sorocaba (1924), Gazeta Jurídica (1872 a 1873), Gazetas dos Tribunais (de 1849 a 1853), Verdade e Luz São Paulo (de 1900), A Ilustração (de 1869 a 1913) e Correio Paulista (de 1880, 1885 e 1886), Cruzeiro do Sul e Diário de Sorocaba.

Atualmente, o Gabinete de Leitura é destaque: além de um lugar para quem busca saber sobre fatos importantes da história sorocabana, serve também como local onde amigos se encontram em variados eventos e homenagens durante datas especiais.

G A B I N E T E D E L E I T U R A

Na região central, o Gabinete de Leitura Sorocabano guarda “te-souros” de momentos impor-tantes para Sorocaba.

A história do local, que fica na praça Coronel Fernando Prestes, teve início em 1866, em uma reunião com a finali-dade de obter associados para a funda-ção do Gabinete de Leitura, com a lide-rança de Luiz Matheus Maylasky.

Naquele ano, o Gabinete de Leitura funcionou em uma modesta casa da rua da Ponte e tornou-se ponto de en-contro para a leitura de jornais e con-

versas sobre os principais assuntos da época. Em 13 de janeiro de 1867 foi ofi-cialmente fundado o Gabinete.

Com o passar dos anos, foi obser-vado que a pequena coleção de livros doada pelos fundadores aumentou e a sede social foi transferida para um sobrado na rua Direita; mais tarde houve a mudança para um sobrado na rua da Penha e depois para uma casa no Largo da Matriz (hoje praça Coro-nel Fernando Prestes). Em 1959 era inaugurado o novo prédio do Gabine-te de Leitura Sorocabano.

UMA HISTÓRICAFONTE DE PESQUISAS

O Gabinetefoi fundado em

13 de janeirode 1867

ENTRE OS MATERIAIS DE DESTAQUE ESTÁ O LIVRODE VISITANTES DO GABINETE DE 2O DE JANEIRO DE 1874 A 13 DE DEZEMBRO DE 1884 (COM A ASSINATURA DE D. PEDRO II DE 2O DE AGOSTO DE 1875)

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C A S A D E A LU Í S I O D E A L M E I D A

ONDE A HISTÓRIADE SOROCABA RESISTEHÁ MAIS DE SESSENTA ANOS

e a ampliação do local tem sido um dos objetivos que, conforme o presidente, foi conseguida com muita dedicação, principalmente quanto à captação de recursos. A inauguração do anexo ocorreu em 2012 e os destaques são a biblioteca, auditório e o espaço onde há peças do Museu da História Militar e do Museu Sorocabano de Imagem e Som, inclusive com negativos de fotos que precisam ser recuperados.

No espaço referente à Casa, há a Ca-pela Cultural do Monsenhor Castanho onde são realizadas três missas no ano.

Na sala maior da Casa, fica a tradi-cional mesa grande e cadeiras, onde

A Casa de Aluísio de Almeida, sede do Instituto Histórico, Geográ-fico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS), guarda um rico acervo

da história de Sorocaba. A Casa, patrimônio histórico, foi cons-

truída no início do século XX pelo coronel Aníbal Castanho de Almeida, pai do Mon-senhor Luiz Castanho de Almeida. O pre-sidente do Instituto, professor Adilson Ce-zar, comenta que Aluísio de Almeida era o pseudônimo de Monsenhor Luiz Castanho de Almeida, conhecido como “Pai da His-tória de Sorocaba”, vivendo na casa, que fica na rua Ruy Barbosa, no Além-Ponte, até 1981, ano de seu falecimento.

Na casa, por iniciativa do monsenhor Luiz Castanho e de profissionais interes-sados em preservar a história de Soro-caba, foi fundado em 3 de março de 1954, o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba.

Manter o acervo armazenado corre-tamente sempre foi uma das principais preocupações da diretoria do Instituto

reuniões de diretoria são realizadas. Nesse espaço também estão livros de história de Sorocaba e outros assun-tos históricos.

A inauguraçãodo anexo ocorreu em 2012 e

os destaques são a biblioteca, auditório e o espaço onde há peças do Museu da História

Militar e do Museu Sorocabano de Imagem e Som, inclusive

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da Cultura, quanto ao quantitativo do acervo, está em processo de levanta-mento e catalogação, estimado em tor-no de 1.700 peças, segundo levantamen-to realizado pela equipe da Divisão de Patrimônio Cultural em 2015. No primeiro semestre deste ano, aproximadamente 50 mil pessoas passaram pelo local.

Construído em 1.780, o Casarão pos-sui paredes externas em taipa de pilão e internas de taipa de mão. O telhado é de quatro águas com telhas de barro do tipo “capa e canal” e os forros são de madei-ra. Na construção colonial há o armário no quarto principal, que ainda dá acesso ao forro e, no passado, ao porão que hoje se encontra aterrado.

O Museu da Estrada de Ferro Soro-cabana foi constituído em março de 1997, no governo estadual de Mário Covas, em parceria entre a Fepasa, a Prefeitura de Sorocaba e o Instituto de Recuperação do Patrimônio His-tórico do Estado de São Paulo, com o apoio do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de Sorocaba e a Fundação de Auxílio ao Preso – Fu-nap. A principal temática é a preser-vação da história e da memória da Estrada de Ferro Sorocabana.

Uma das casas, que à época foi utilizada por engenheiros da So-rocabana, foi cedida à Prefeitura e restaurada para abrigar a exposição permanente, com objetos doados para o acervo. O Museu foi inaugu-rado em 29 de novembro de 1997.

A casa foi construída no início do século, em 1910. De estilo arqui-tetônico inglês, é toda erigida de tijolos e cal. Os tijolos foram con-feccionados pelos funcionários da Companhia Sorocabana, já as te-lhas são originalmente francesas, vindas de Marselha. A casa fica no Jardim Matheus Maylasky, em ho-menagem ao fundador da Estrada de Ferro Sorocabana.

O Museu da Estrada de Ferro

Sorocabanafoi inaugurado em 29 de novembro

de 1997

M U S E U S

Para eternizar a memória e a histó-ria sorocabana, o Museu Histórico Sorocabano surgiu em 3 de Março de 1954, com o ímpeto cosmopo-

lita e proximista da comunidade nas rela-ções humanas que permearam o desen-volvimento de Sorocaba.

Conforme conta a museóloga Daniella Gomes Moreira, começaram na cidade as discussões sobre a preservação da memó-ria local e um bom acervo foi reunido em algumas salas do Gabinete de Leitura. Em 1966, a família Prestes de Barros doou a chácara e o casarão datado de 1780 para a prefeitura. Em 1968 foi inaugurado o par-que que leva o nome de seu último mora-dor – Quinzinho de Barros – e também foi reinaugurado o Museu Histórico Soroca-bano, que ocupa o casarão histórico.

Quem visita o museu pode conferir rico acervo histórico formado por telas, pinturas, esculturas em argila, maquiná-rios, mobiliário, acervo tropeiro, bandei-rante e artefatos indígenas. Entre os am-bientes estão: Arqueologia e Pré-História, Cestaria Indígena, Acervo da Fábrica de Ferro de Ipanema e História da Bandeira (História da Fundação de Sorocaba). De acordo com informações da Secretaria

PRESERVAÇÃO DE MOMENTOS IMPORTANTES DA CIDADE

MEMÓRIA DAESTRADA DE FERROSOROCABANA

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Quem visitao Museu Histórico

Sorocabano pode conferir rico

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e Arqueologia

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rocaba a CPL 959/2013 que trata da con-tratação de empresa especializada para a criação de projeto de restauro. A em-presa responsável e ganhadora dessa licitação já entregou o projeto de restau-ro completo. O Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico e Artísti-co de Sorocaba já o analisou e deliberou favoravelmente. Sua análise e delibera-ção pautou-se, principalmente, nas prin-cipais necessidades do imóvel, sendo as fachadas externas, a acessibilidade e a revisão/manutenção do telhado.

A secretária municipal da Cultura, Jaqueline da Silva, ressalta que o local guarda uma “rica história” da cidade e os profissionais da área de Cultura mostram comprometimento com a preservação desses momentos. No prédio está o Ar-quivo Histórico, que reúne as principais fontes primárias históricas de Sorocaba, os livros da Câmara (antiga Prefeitura), de 1811 a 1940, os livros de sepultamen-tos, além de expressiva coleção de do-cumentos, fotografias, mapas e plantas e hemeroteca (recortes de jornais) e material bibliográfico (livros e publica-ções) histórico. A reserva técnica dos museus tem no local o seu espaço para a guarda e preservação de mobiliário e objetos que não estão expostos. Jaque-line cita também a Fonoteca, um arqui-vo sonoro de gravações, partituras e bibliografia sobre música, que objetiva a guarda e difusão destes suportes junto à população. O acervo encontra-se em fase final de digitalização.

O Palacete Scarpa, na região cen-tral, atualmente é sede da Se-cretaria Municipal da Cultura e tem um atendimento direto aos

munícipes que procuram informações sobre a agenda cultural, eventos, cursos e informações em pesquisa histórica em livros, processos e livros de cemitérios.

Quem passa pela rua Souza Pereira, 448, vê um prédio imponente, que guar-da muitas histórias. Segundo dados da Secretaria Municipal de Cultura, o edifício teve sua construção iniciada em 1921, a pe-dido de Nicolau Scarpa. Foi construído em função de sua família, que necessitava, na-quele momento, de um sistema financeiro para apoio nos negócios. Foi no Palacete Scarpa que funcionou um dos primeiros sistemas bancários na cidade e algo que chamou a atenção na época foi o fato de ter sido o primeiro imóvel a possuir três pa-vimentos e a ter elevador, do tipo gaiola.

O edifício também abrigou o Hotel Pe-reira Inácio, além de sediar, anos depois, a primeira loja de enfeites natalinos e presentes de Sorocaba. O Palacete tam-bém foi sede do Sorocaba Hotel e quase

P A L A C E T E S C A R P A

todos os dormitórios possuíam varanda, diferente do que é hoje, pois apenas as janelas da esquina a possuem.

Naquela época o imóvel já era proprie-dade das Indústrias Têxteis Votorantim. Até 1945, abrigou um posto provisório para recebimento e entrega de corres-pondência. Em 1950, o imóvel foi doado ao governo do estado - Secretaria da Fa-zenda, onde por alguns anos foi instalada a Delegacia Regional Tributária e depois seu Arquivo, até finalmente ser repassado à Prefeitura de Sorocaba.

A chefe da Divisão do Patrimônio His-tórico Cultural, Claudia Tavares Ribeiro, comenta que a arquitetura do local é um ponto que não pode ser esquecido pelo seu estilo neoclássico, com detalhes no en-torno e escadarias em mármore italiano. O elevador em estilo gaiola já não existe mais e não se sabe de seu paradeiro. Atualmen-te, possui um elevador em caixa de madei-ra, datado de 1960, aproximadamente.

O Palacete Scarpa recebeu, por meio do decreto nº 20.884 de 2013 seu tomba-mento definitivo, com grau de proteção 2. Atualmente, tramita na Prefeitura de So-

MARAVILHA ARQUITETÔNICA: PRIMEIRO PRÉDIO COM ELEVADOR

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aos finais de semana, com o aproveita-mento de áreas externas. Rita de Cás-sia e Paula lembram que outro atrativo está nos sorteios de prêmios em épo-cas como o aniversário (comemorado em 12 de outubro) e Natal.

Não somente no ato das compras, mas a tradição está também nos co-merciantes. Quem compra no Mercado Municipal, com certeza, conhece nomes como o de Zé Franco (que começou a trabalhar no local com 15 anos e em mais de 70 anos acompanha a venda de ervas medicinais variadas no seu box), e sobre-nomes de famílias tradicionais nos negó-cios do local como Ganiko, Henna, Utya-ma, Nakazoni, além de muitos outros.

Sorocaba (que tem como presidente Aparecido Rosa de Paula), Hudson Lean-dro de Paula, comenta que dificilmente é visto um fluxo de pessoas muito baixo.

Modernização é uma das palavras mais usadas por Paula quando cita o trabalho com o passar dos anos. Por exemplo, o mercado conta hoje com sistema de som, tudo para o bem-estar do cliente; aliás, segundo o secretário, o atendimento faz realmente a diferença no Mercado, pois é possível negociar di-retamente com o proprietário da banca.

A diretora social da Associação, Rita de Cássia Lopes Batista, afirma que en-tre os planos está o de proporcionar mais lazer aos clientes, principalmente

Inaugurado em 1938, em linhas art-déco, o prédio substituiu o antigo Mercado, no mesmo local, que já não comporta-va o volume de mercadorias. Naquela

época, o Mercado Municipal era o princi-pal centro comercial do município. A sua construção foi iniciada no governo do então prefeito Alcino Oliveira Rosa e con-cluída na administração de seu sucessor, Augusto César do Nascimento. Custou, na época, 600 contos de réis.

Localizado na região central com en-tradas pelas ruas Francisco Scarpa, Pa-

M E R C A D O M U N I C I P A L

É também muito procurado por

habitantes de cidades vizinhas. Com mais de

sete décadas de atuação, a variedade de produtos

está em mais de40 boxes

COM CERTEZA, UM DOSCARTÕES POSTAIS DA CIDADE

dre Luiz e Nicolau Scarpa, o Mercado oferece variedade, desde alimentos até eletrô-nicos. É possível encontrar peixes, aves, carnes, todos os tipos de grãos, cereais, plantas medicinais, espe-ciarias e temperos. Há tam-bém boxes que oferecem produtos no setor de taba-caria, acessórios, presentes, bolsas, malas, botas, sapa-tos e flores. Tem até uma barbearia, raras nos dias de hoje, especializada no corte de barbas e cabelos masculinos, como era comum no passado. O Mercado Municipal também é muito procurado por habitantes de cida-des vizinhas. Com mais de sete décadas de atuação, a variedade de produtos está em mais de 40 boxes.

Tombado pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico em 1988, o Mercado Municipal passou por restau-ração e revitalização de seu entorno, com projeto de iluminação. A reforma entre os anos de 2000 e 2003 dotou o prédio de novo piso, caixa d’água, sanitá-rios, nova fiação elétrica e novo telhado.

Mesmo em tempos de crise, o secre-tário da Associação dos Mercadores de

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para os espetáculos e vive momentos de decisões políticas tornando-se sede da Prefeitura de Sorocaba.

Anos depois, em 1981, a Prefeitura de Sorocaba ganha nova sede e o teatro passa a ser sede do Poder Legislativo.

Hoje, conforme explica Fonseca, todos da Fundec têm orgulho em for-mar jovens talentos.

Fonseca comenta que a Fundec ti-nha como primeira função administrar a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, po-rém, no decorrer dos anos, promoveu, no setor cultural, “a mais profunda re-volução já vivida na cidade”.

Outro destaque é o Instituto Muni-cipal de Música de Sorocaba, com os objetivos de suprir a necessidade de se formar músicos para integrar a Orques-tra Sinfônica de Sorocaba, divulgar a arte musical como forma de expressão e cultura e, principalmente, exercitar a criatividade e sensibilidade, procurando desenvolver uma juventude mais sadia com valores mais humanos. O Instituto conta também com o Núcleo de Artes Cênicas. Atualmente, o Instituto Muni-cipal de Música de Sorocaba possui 832 alunos regularmente matriculados entre os núcleos de Música e Teatro.

F U N D E C

A Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba (Fundec) fica em um prédio com uma ar-quitetura ímpar para aqueles que passam pela rua Brigadeiro To-

bias, no Centro. Não é só a beleza de sua arquitetura, mas a música que se ouve de seu interior e registra os belos momentos, em meio à correria do dia a dia.

Em 14 de abril de 1992, regulamenta-da por meio da Lei Municipal 3496, de 2 de julho, foi criada a Fundec , entidade civil de direito privado e sem fins lucra-tivos, tendo como principal objetivo o “patrocínio, o apoio e o incentivo a to-dos os movimentos que tenham como foco ao desenvolvimento da cultura e das artes no município de Sorocaba”.

A Fundec tem sua sede no antigo Teatro São Raphael, construído em 1844. Desde essa data até hoje, muitas mudanças foram registradas no local. Restaurado e modernizado, o prédio conta com a Sala Fundec e espaço para mostras artísticas das mais variadas.

O presidente da Fundec, Nelson

Raul da Cunha Fonseca, apresenta al-guns dos fatos que marcaram a história do prédio-sede. O local ficou famoso pelos frequentadores ilustres, como o imperador D. Pedro II, pelas Compa-nhias que ali se apresentaram, como a Lírica Italiana, e pela sua arquitetura.

Em 1933, o teatro fecha suas portas

TEATRO SÃO RAPHAEL: HOJE SEDE DA FUNDEC, JÁ FOI PREFEITURA E CÂMARA

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A Fundectinha como primeira função administrar a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, porém, no decorrer dos anos, promoveu, no setor

cultural EM 1981,A PREFEITURA DE SOROCABA GANHA NOVA SEDE E OTEATRO PASSA A SER SEDE DO PODER LEGISLATIVO

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E N T R E V I S T A

ENFRENTANDO DESAFIOS

m pleno terceiro ano de man-dato, o prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB) pode dizer que já enfrentou algumas situ-ações difíceis em sua adminis-tração. Recentemente, o chefe

do Executivo já teve que lidar com uma crise envolvendo a Santa Casa de Soroca-ba, que obrigou a prefeitura a requisitar o hospital. O governo também teve que mobilizar uma “força tarefa” para com-bater uma epidemia de dengue, que con-tabilizou mais de 52 mil notificações da doença. Apesar dos percalços, Pannunzio enxerga com otimismo o desenvolvimen-to do município para o futuro. Em entre-vista concedida à revista Sorocaba Sem-pre, o prefeito falou sobre as principais questões que envolvem a cidade.

Sorocaba Sempre – A procura por va-gas em creches já foi uma questão que ge-rou muita discussão na sua administração. Como a prefeitura está lidando com isso?

Antonio Carlos Pannunzio – Ainda na época da campanha, percebemos que não havia um número certo dessa defa-sagem de vagas. Decidimos, então, que o município precisava ter um Cadastro Único. Anteriormente, as mães das crian-ças iam às creches, faziam a matrícula e cada diretora tinha o seu controle. Há pouco tempo, soube que temos mais de três mil crianças no Cadastro Único, ofe-recemos uma quantidade substancial de vagas, mas percebemos que a demanda também aumentou. Isso, por um lado, é bom, porque nos dá números precisos

Epara trabalhar, mas, por outro, é mais ou menos como enxugar gelo. Isso tam-bém tem a ver com a crise que estamos passando. Com as pessoas perdendo o emprego, inflação alta e contenção de despesas, muitas pessoas, que tinham seus filhos em escolas particulares, es-tão vindo procurar o ensino público.

Sorocaba Sempre – Sorocaba pas-sou por uma epidemia de dengue nes-te ano. Como isso afetou a cidade e a preparação para enfrentar a situação no próximo ano?

Pannunzio – Afetou, primeiramente, pois, além do sofrimento das pessoas, nós tivemos perdas de vida e isso é ter-rível! Além do sofrimento das pessoas tivemos que empenhar R$ 7,8 milhões, valor que o município gastou nesses meses de explosão de dengue, além do que já estava previsto para a área. Montamos duas centrais de atendimen-to, abrimos uma ala da Santa Casa para atender às internações necessárias, além de celebrarmos convênios para o caso de necessidade de mais vagas. Pulamos de cerca de 400 casos (2014) para mais de 52 mil notificações. É mui-ta coisa. Com isso, agora, eu já tenho o recurso separado para a área e terei que gastar, ainda, cerca de R$ 500 mil por mês para continuar fazendo a limpeza para tirar os inservíveis que servem de criadouro para a larva do mosquito da dengue. Também vamos continuar com a pulverização para tentar evitar ao má-ximo a proliferação da doença.

CONDUZINDO SOROCABA QUANDO A CIDADE CHEGA AOS 361 ANOS DE FUNDAÇÃO, O PREFEITO ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB) FALA SOBRE QUESTÕES QUE ENVOLVEM O DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO PARA O FUTURO

COM OTIMISMO

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Sorocaba Sempre – Falando sobre a Santa Casa, cujo prazo de requisição termina no fim de 2015: a prefeitura, recentemente, discutiu a questão com a Procuradoria-Geral de Justiça do Es-tado de São Paulo. Qual será o encami-nhamento sobre o futuro do hospital?

Pannunzio – Nós tínhamos uma situ-ação em que, se o município não requi-sitasse a Santa Casa, ela desmoronaria. A Santa Casa é o pilar-mestre da saúde pública em Sorocaba, que não possui outro hospital público. Temos convênio com outras instituições, mas há uma in-suficiência brutal de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade e, até mesmo, de leitos particulares. Com isso, tivemos que conversar com autorida-des para pedir ajuda, assim como estou conversando com diversos segmentos da sociedade para dizer o que é preciso para encontrar uma solução definitiva.

Sorocaba Sempre – Como a prefeitura enxerga a questão da mobilidade urbana, que envolve a implantação do Bus Rapid Transit (BRT) para o transporte coletivo?

Pannunzio – Há uma expectativa de que o BRT possa trazer uma maior confiabilidade no serviço de transporte público, porque ele vai ter corredores exclusivos e faixas preferenciais para que as pessoas possam fazer as viagens no menor tempo possível. Ao mesmo tempo, quando se fala em mobilidade, precisamos ver que temos, hoje, a mais antiga integração tarifária, que era so-mente física nos terminais, no começo, e hoje é feita de forma temporal, permi-tindo que as pessoas troquem de ônibus em qualquer parte da cidade. Também investimos bastante em tecnologia e na frota do transporte coletivo.

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Leia no Jornal Ipanema deste sábado (15) sobre outras questões respondidas pelo prefeito Antonio

Carlos Pannunzio durantea entrevista

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F A D I / S O R O C A B A C LU B E

DE UMA CHÁCARA PARA UMA DASMAIS IMPORTANTES FACULDADES DE DIREITO

O prédio da Faculdade de Direito de Sorocaba (Fadi) é um dos des-taques do bairro Vergueiro. Nos primeiros anos de atividades, a Fadi funcionava no prédio da Fa-

culdade de Filosofia. No dia 22 de agosto de 1957, o prefeito Gualberto Moreira reu-niu, em seu gabinete, representantes da fa-culdade e imprensa para tratar da doação do “Casarão da Colina do Vergueiro” para funcionamento da instituição de ensino.

O Casarão da Colina do Vergueiro, no passado, fazia parte da chácara do Ver-gueiro, um terreno de 4.980 m² e área construída de 444 m². O então diretor da Fadi, Hélio Rosa Baldy, declarou que o prédio seria reformado, mantendo o estilo colonial da construção. A reforma foi feita no ano de 1957 e seu funciona-mento começou no ano de 1958.

Segundo a publicação “O Vergueiro”, a história do casarão do Vergueiro inicia-se com o casamento de Messias Freire de An-drade, filha de Fernando Lopes de Sousa Freire (assassinado por um escravo) com dr. Nicolau Pereira de Campos Vergueiro.

O dr. Vergueiro logo se tornou conheci-do como médico e, durante sua permanên-cia na Chácara, desenvolveu a cultura da vinha com processos científicos. Durante longo tempo, a chácara funcionou como uma espécie de hotel para curas e descan-so. A partir de 1900, com o surto da febre amarela e início da industrialização, Soro-caba deixou de ser a cidade de bons ares e repouso e os hóspedes escasseavam-se.

Nesta época, o residente era o sena-dor Luís Vergueiro, que se mudou para a região central, mas conservou a chácara.

Em 1950, residia no solar dos Verguei-ros o capitão Franco Pinto. Naquela oca-sião, a propriedade foi comprada por Pau-lo Pence Pereira e seu amigo e sócio Pedro Facini. A chácara foi loteada dando origem ao Jardim Vergueiro, com seus cinco al-

queires que iam desde a avenida Barão de Tatuí até a baixada da rua Salvador Correia. A própria avenida Barão de Tatuí foi aberta dentro da área da Chácara.

Na rua São Bento, bem no coração da cidade - em frente à Praça Coronel Fer-nando Prestes - o Sorocaba Clube se des-taca também por sua bela arquitetura.

O presidente João Câncio Pereira relembra que, oficialmente, o clube foi fundado em 1926 e tinha, como sede, o que antes era, no mesmo lo-cal, uma casa de seis janelas, confor-me era descrito na escritura.

“O jogo de baralho atraía os homens para os clubes”, comenta Pereira. “De-pois as mulheres quiseram começar a vir e elas ficavam nas chamadas salas para senhoras. Com o passar do tem-po, o clube teve um salão para a dança

SOROCABA CLUBE: LOCAL JÁ TEVE SALAS EXCLUSIVAS PARA SENHORAS

deixando de ser tão frequentes. As crianças, então, cresceram e começa-ram a frequentar os bailes inicialmen-te aos domingos, depois aos sábados.

O presidente relata que o clube ficou muito conhecido, principal-mente pelos bailes de debutantes. O primeiro foi em 1957.

Em 1961, o local passou por refor-mas e ganhou características como as encontradas até hoje.

A partir da década de 1980, com mais opções de lazer, o movimento no clube caiu e, para atrair mais sócios, até mesmo uma piscina foi construída.

O prédio já foi sede do Espaço Cultural da Prefeitura de Sorocaba.

Hoje, o clube tem sócios remi-dos e bailes às quintas e domingos e tornou-se também um ponto de encontro para amigos.

Em 1954, o casarão foi desapropriado pela Prefeitura Municipal, ficando aban-donado por um longo tempo, até a sua aquisição pela Faculdade de Direito.

e outro para as senhoras”, com-plementa o presidente.

Com o passar dos tempos, as crianças foram chegando ao clube e começaram as matinês e os jogos de baralho foram

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O Cemitério da Saudade, no Além-Li-nha, guarda muitas histórias, além de ser o primeiro municipal. O historiador José Rubens Incao,

coordenador da Biblioteca Infantil, ex-plica que com o aumento da população e o perigo das doenças, em 1855 foi or-çada a construção de um cemitério no então chamado Campo do Piques, lugar considerado longe e alto para evitar a contaminação de rios e dos miasmas dos corpos em decomposição.

Em 31 de janeiro de 1863, o local já estava pronto, com regulamento e des-

Rafael Tobias de Aguiar. Condenados por matarem o feitor da fazenda Pas-sa-Três, no Natal de 1841, foram julga-dos e mortos em abril de 1842.

João de Camargo,Julieta Chaves... Famílias tradicionais, nomes im-

portantes para a história de Sorocaba estão entre as pessoas sepultadas no Cemitério da Saudade.

Entre os túmulos mais visitados está o de João de Camargo (1858-1942), fi-lho de escravos, que teve visões que o estimularam a construir uma igreja [atual avenida Barão de Tatuí], onde auxiliava os necessitados e curava do-entes com plantas, rezas e muita fé.

NA FRENTE, ERAM ENFORCADOSOS CONDENADOS À MORTE

• Monsenhor João Soares do Amaral (1844-1900) – líder religioso. Em 1900, duran-te o surto de febre amarela, amparou doen-tes e faleceu contaminado pela doença.

• Professor Toledo (1825-1903) – pro-fessor de Francês e Latim, proprietário do Colégio do Lageado e presidente da Câmara Municipal de Campo Largo, atual Araçoiaba da Serra.

• Julieta Chaves – menina que, aos sete anos, desapareceu de casa e foi encontrada morta no córrego Itabaca, vítima de violência. Sua morte gerou muita comoção na cidade, que se uniu para a construção de seu túmulo, feito em mármore. Posteriormente, um novo túmulo foi construído em forma de ca-pelinha, doação de Nicolau Scarpa.

C E M I T É R I O D A S A U D A D E

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crito, incialmente, como fechado na frente com muros de taipa e cerca-do por grades.

De acordo com In-cao, o terreno do cemi-tério era a metade do que ocupa hoje, indo da capela central até a rua Princesa Isabel. Em 1942, foi ampliado da capela Central à atual praça Pedro de Toledo. A área interna era dividida em setores próprios para sepultamento de “anjinhos” (crian-ças de até 12 anos), escravos, virgens, adultos e vítimas da febre amarela.

A Forca O Largo do Piques serviu, desde

1840, como local para as tropas de muares. Ali também foi instalada a forca, na qual sete escravos condena-dos por crimes foram mortos. A po-pulação assistia aos enforcamentos e um médico atestava a morte.

Segundo Incao, os últimos três escravos a serem enforcados perten-ciam à família de dona Gertrudes Eu-frosina de Aguirre, mãe do Brigadeiro

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ro, conforme explica dom José Carlos. Segundo o monge, as obras de restau-

ro, que tiveram projeto aprovado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio His-tórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e Ministério da Cultura, em 2005, represen-tam a preocupação com a memória do local, com suas paredes de taipa.

Representantes da chamada Associa-ção Amigos de São Bento têm buscado recursos para a conclusão das obras de restauro e já conseguiram apoio da Prefei-tura de Sorocaba e do governo do estado de São Paulo. Eles contaram também por um período com a Lei Rouanet. Já foi inau-gurada a nova hospedaria dos monges e o Centro Social do Mosteiro de São Bento.

O Mosteiro de São Bento compre-ende o espaço do monastério e a Igreja de Sant´Ana. O local faz parte de um dos roteiros de

passeios culturais organizados pela Se-cretaria Municipal da Cultura. Todo o conjunto surge a partir de uma capela construída por ordem de Baltazar Fer-nandes, antes de 1654.

O monge responsável pelo Mosteiro, dom José Carlos Camorim Gatti, afir-ma que Sorocaba cresceu em torno do Mosteiro e isso mostra a importância do local para a cidade.

A capela aparece no testamento de Isabel de Proença, a segunda esposa de Baltazar Fernandes. Dom Gatti ressalta que esse testamento é o primeiro docu-mento preservado no qual se registra o nome de Sorocaba.

Com a elevação de Sorocaba à ca-tegoria de Vila, em 3 de março de 1661, Baltazar Fernandes iniciou o processo de arruamento da região, com a abertura da rua São Bento, Largo de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba, para a construção da nova igreja, da Câmara e Cadeia.

Após a morte de Baltazar Fernandes, a Câmara e os moradores da Vila utiliza-ram propriedades do Mosteiro, geran-do atrito em 1695, quando os monges, seguindo ordens superiores, ameaça-ram abandonar a cidade. A disputa ter-minaria em 1728, resultando no Termo de Composição, que definia as terras pertencentes ao Mosteiro e à Câmara.

O mosteiro foi construído posterior-mente à capela e alguns metros à frente.

M O S T E I R O D E S Ã O B E N T O

AQUI NASCEUA CIDADE

Com o tempo, a capela foi ampliada em sua nave, nivelando-se à fachada do Mos-teiro. Entre 1769 e 1772, a igreja adquiriu seu tamanho atual. A técnica de constru-ção das paredes era de taipa de pilão.

Na Igreja de Sant´Ana encontram-se sepultados nomes importantes da his-tória de Sorocaba, como Pascoal Mo-reira Cabral, Jacinto Moreira Cabral, Frei Mauro da Trindade, Frei Baraúna e pos-sivelmente Baltazar Fernandes.

Atualmente, quem passa pelo Largo de São Bento vê a igreja em obras de res-tauro. O Mosteiro de São Bento de Soro-caba está autorizado a receber recursos fi-nanceiros de empresas privadas, por meio de incentivos fiscais do Programa de Ação Cultural (ProAC), para as obras de restau-

Todo o conjunto surge a partir de uma

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faziam suas orações a Nossa Senhora. O bairro, então, passou a se chamar

Aparecidinha. Em 1785, Antônio José da Silva, que vinha de Minas Gerais, pediu autorização ao arcebispo de São Paulo e construiu uma capela de taipa de pilão em louvor a Nossa Senhora, para onde foi levada a imagem da santa.

A capela foi instituída Santuário em 1992 (é a segunda igreja mais antiga dedicada a Nossa Senhora da Concei-ção Aparecida, depois do Santuário Na-cional de Aparecida) e no ano 2000 foi construído o novo santuário.

R O M A R I A D E A P A R E C I D I N H A

O dia 1° de janeiro e o segundo domingo de julho representam demonstrações de fé dos soro-cabanos e moradores da região ,

durante a tradicional Romaria de Apare-cidinha. No início do ano, a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é trazida do Santuário de Aparecidinha, no bairro de mesmo nome, para a Cate-dral Metropolitana, no centro da cida-de, e em julho é feito o caminho inverso.

Segundo o pároco de Aparecidinha, padre José Antônio Leite de Oliveira, oficialmente a romaria acontece desde 1899, mas a tradição centenária existe desde 1804, não de forma continuada, como vista até hoje. Tanto Padre José Antônio, como o pároco da Catedral, pa-dre Tadeu Rocha Moraes, citam a relação da fé em momentos como os surtos de febre amarela registrados no passado.

Em 1897, aconteceu o primeiro gran-de surto de febre amarela em todo país que também afetou Sorocaba e entre os que “lutaram contra a doença” esta-va o monsenhor João Soares. As pesso-as, então, faziam seus pedidos e acredi-tavam que, com a fé em Nossa Senhora, a cura viria, tornando-se costume trans-portar a santa para abençoar o povo.

Em 1899 aconteceu o segundo surto de febre amarela em todo o Brasil e no-vamente Sorocaba foi afetada. Mais uma vez monsenhor João Soares mostrou sua preocupação e o então pároco da Cate-dral Nossa Senhora da Ponte foi até Apa-recidinha para buscar a imagem, quando ele definiu as duas datas da romaria para que a santa levasse bênçãos em toda a ci-dade. Em 1900, monsenhor João Soares contrai febre amarela e morre.

A imagem foi trazida, em 1782, de Lorena (MG) por um dos tropeiros que

viajavam para o sul do país comerciali-zar muares. O bairro era chamado antes de Piragibú do Meio, devido ao córrego Piragibú. A imagem da santa, inicialmen-te, foi deixada sobre uma árvore. Os tropeiros que passavam por ali sempre

UMA IMENSA DEMONSTRAÇÃO DE FÉ

NO INÍCIO DO ANO,A IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA É TRAZIDA DO SANTUÁRIO DE APARECIDINHA, NO BAIRRO DE MESMO NOME, PARA A CATEDRAL METROPOLITANA,NO CENTRO DA CIDADE,E EM JULHO É FEITOO CAMINHO INVERSO

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Em 15 de agosto de 1961, foi inaugu-rada a atual fachada, onde estão quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João), o brasão da Arquidiocese e a inscrição D.O.M (do Latim - Deo Optimo Maximo), Ao Deus Supremo. Com o pas-sar do tempo, os trabalhos de pintura foram ganhando destaques.

Tombada pelo Patrimônio Histórico em 2007, a igreja, segundo padre Tadeu, é um referencial urbanístico no centro da cidade, que representa a fé dos soroca-banos. Para que o local não sofra com a deterioração, é dada atenção a questões como a rede elétrica e sonorização.

Entre as reformas, será entregue oficialmente neste sábado (15) um moderno sistema de som digitalizado que usará apenas duas caixas (uma na nave e outra para os fiéis), em vez das 14 que eram utilizadas.

Na praça Coronel Fernandes Prestes, no Centro, a Catedral Metropolita-na de Sorocaba chama atenção e o destaque vai além da arquitetura.

O pároco responsável, padre Tadeu Rocha Moraes, comenta sobre algumas das principais datas e fases pela qual passaram a igreja.

Na Catedral, que tem como padroei-ra Nossa Senhora da Ponte, rezou-se a primeira missa no dia 11 de fevereiro de 1783. É a primeira obra de pedra em Soro-caba. Esta é a segunda igreja Matriz; a pri-meira foi a atual igreja de Sant’Ana, mais conhecida como Mosteiro de São Bento.

Entre os pontos destacados pelo pá-roco, está o das reformas do local, como a de 1918, quando a matriz se transferiu para a igreja Santo Antônio, que era no largo do mesmo nome, hoje Nicolau Scarpa. Em 1924 houve a consagração da Igreja que deixava de ser Matriz para se tornar Catedral, ou seja, Igreja onde está a cátedra, cadeira do bispo. O pri-meiro bispo era dom José Carlos de Aguirre. Nessa reforma, a igreja recebeu a cúpula, nova capela-mor e arcadas.

C A T E D R A L M E T R O P O L I T A N A

PRIMEIRA MISSA FOIEM 11 DE FEVEREIRO DE 1783

Tombada pelo Patrimônio Histórico em 2007, a Catedral,

segundo padre Tadeu, é um referencial

urbanístico no Centro da cidade, que

representa a fé dos sorocabanos

EM 1924 HOUVE A CONSAGRAÇÃO DA IGREJA QUE DEIXAVA DE SER MATRIZ PARA SE TORNAR CATEDRAL

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R E L I G I O S I D A D E

de Salvador de Oliveira Leme, o Sarutaiá. Segundo dados encontrados no li-

vro, por meio da Câmara Municipal, elas encaminharam ao governador o pedido em 5 de julho de 1804. O pedido foi in-deferido por Franca e Horta, mas elas continuaram a construir o convento. Estava-se numa época de propaganda contra a instalação de conventos, con-forme explicações encontradas no livro.

Ainda segundo dados do livro, passa-ram-se quatro anos. “... D. João chegou com a Corte ao Rio de Janeiro e em 1810, as duas heróicas moças se abalaram por terra ao Rio de Janeiro. No requerimen-to, falaram em educação de meninas, para facilitar o despacho. Deram contra, pois o patrimônio era pouco”.

Novamente, elas não desistiram. “Com o auxílio da marquesa camareira-mor, que falou a um desembargador, este ao conde de Aires, o requerimento foi do Príncipe à mesa do desembargador do Paço, mas a resposta, em forma de consulta, demo-rava. O príncipe regente, alma boníssi-ma, mandou o conde de Aires escrever a Franca e Horta, a 22 de junho de 1810, que enquanto não saísse a consulta, ele, governador, não estorvasse a fundação do recolhimento, para começarem com a educação de seis meninas”, segundo da-dos do livro de Aluísio de Almeida.

A história do Mosteiro tem o nome de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, conhecido como Frei Galvão. Em agos-to de 1811 chegou a Sorocaba onde permaneceu até junho de 1812 para cumprir a tarefa de fundar o Mosteiro da Imaculada Conceição e de Santa Cla-ra, a mais antiga comunidade religiosa feminina da cidade. Frei Galvão foi ca-nonizado em 11 de maio de 2007 por Papa Bento XVI. É o primeiro brasileiro declarado santo pela Igreja.

Os caminhos da escolha pelo tra-balho religioso nos levam ao Mosteiro da Imaculada Concei-ção e de Santa Clara e ao Semi-nário Diocesano.

O Mosteiro da Imaculada Conceição e de Santa Clara (da Ordem da Imacu-lada Conceição – monjas concepcionis-tas franciscanas), que fica na rua Maria Domingas Milego, no Jardim Vera Cruz, tem uma história de mais de 200 anos e começou na região central, na rua São

Bento, esquina com a rua Padre Luiz. Durante a década de 1960, foi feita a mudança para o Jardim Vera Cruz. Atu-almente, onze monjas fazem as chama-das pílulas de Frei Galvão, segundo a irmã Maria de Lourdes Paiva e há missas diariamente na igreja anexa.

O surgimento do Mosteiro está no livro de Aluísio de Almeida, “História de Sorocaba” (Ottoni Editora). A fun-dação de um recolhimento começou com as moças Manoela e Rita, netas

MOSTEIRO DA IMACULADA CONCEIÇÃO E DESANTA CLARA: HISTÓRIA DE MAIS DE 2OO ANOS

Durantea década de 1960,o mosteiro deixou a região central e foi para o Jardim

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Na avenida Eugênio Salerno, no Cen-tro, o prédio imponente do Seminário Arquidiocesano não passa despercebi-do. O chamado Seminário Menor São Carlos Borromeu foi fundado em 1939 por Dom José Carlos de Aguirre.

O padre José Ernani Angelini, pároco da igreja São José do Cerrado, conta que entrou para o Seminário em 1950, época em que a avenida ainda era de “chão bati-do”. Segundo o padre, ao local chegavam meninos com idades entre nove e onze anos e, conforme a época, o prédio che-

SEMINÁRIOCHEGOU A TER15O SEMINARISTAS

gou a abrigar até 150 meninos. O número diminuiu com a exigência de que apenas jovens adultos frequentassem o seminá-rio, não mais adolescentes.

Aos poucos, o espaço foi sendo ocu-pado por outras atividades, com aluguel

para o governo do Estado, Prefeitura de Sorocaba. Lá também funcionou o câm-pus Seminário da Uniso. O Seminário mudou de lugar até onde está hoje, em Aparecidinha, sendo que o reitor é o pa-dre José Antônio Leite de Oliveira.

Localfoi câmpus da Universidade de Sorocaba

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placas, por exemplo; e de maneira dire-ta, com cursos), conservação, pesquisa e bem-estar do animal. O Quinzinho de Barros é considerado pioneiro na área de Educação Ambiental, com atividades educativas que tiveram início em 1979.

Estudantes universitários de áreas como Ciências Biológicas, não somente do Brasil, mas de locais como Peru, Uru-guai, Colômbia e Chile, têm o zoológico como uma fonte de aprendizado na prática. Cecília destaca também o com-prometimento das equipes desde trato em situações do dia a dia, como alimen-tação e cuidados com filhotes.

mumente encontrados na região. Em 1965, a prefeitura construiu uma área de lazer às margens do rio Sorocaba, no es-paço entre a ponte da Rua XV de Novem-bro e a Praça Lions, e alguns recintos de animais foram instalados naquela região, que teve sua inauguração em 1966.

No mesmo ano, ocorreu a aquisição da chácara pertencente à família Prestes de

No primeiro semestre deste ano, o Parque Zoológico Mu-nicipal “Quinzinho de Barros” foi destaque na mídia nacio-nal com a notícia de que um

flamingo-chileno (Phoenicopterus chi-lensis) macho recebeu uma prótese de pata, após ter o membro amputado.

O zoo também chama atenção em tratamentos com a utilização de equi-pamentos modernos, como um digitali-zador de imagens de Raio-X, importado e de alta tecnologia, que começou a ser usado em abril. O equipamento permitiu a substituição dos filmes radiográficos e possibilita correções técnicas na captu-ra da imagem, sem necessidade de tirar

P A R Q U E Z O O L Ó G I C O M U N I C I P A L

outra chapa, o que agiliza o manejo do animal examinado. Assim ele é liberado mais rápido e com menor estresse.

Cecília Pessutti, chefe de seção de Biologia e Veterinária da Secretaria do Meio Ambiente, afirma que o zoo é uma “mancha verde” no meio da cida-de, que atrai pessoas que buscam estar em contato com a natureza e conhecer mais sobre os animais.

Muitas pessoas que visitam o zoo, que fica na Vila Hortência, não imagi-nam que sua história começou na re-gião central da cidade, em 1916, no local onde hoje é a Praça Frei Baraúna.

O lugar era chamado de Jardim dos Bichos e foram alojados ali animais co-

TÉCNICAS DE TRATAMENTO SÃO MODELOS PARA VÁRIOS PAÍSES

Barros e a construção ali do novo zoológico que foi inaugurado em 20 de ou-tubro de 1968. No início dos anos 2000, o recinto passou por reforma.

Entre as característi-cas vistas no zoo de So-rocaba estão, de acordo com Cecília, o lazer, a educação (de forma in-direta, com informações sobre animais vistas em O “Quinzinho

de Barros” promove inúmeras

atividades educacionais

Bem-estardos animais e

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