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Montevideo, UruguayOctubre 2000

Sérgio Luiz Salles Filho

Formação profissional emciências agrárias - Agendacurricular no marco dosprocessos de integração,competitividade e inovação

Programa Cooperativo para el Desarrollo Tecnológico Agropecuario del Cono Sur

Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Paraguay, Uruguay

Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura

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Salles Filho, Sérgio LuizFormação profissional en ciências agrárias: agenda curricular no marco dos processos de integração,

competitividade e inovação / Sérgio Luiz Salles Filho. — Montevideo : PROCISUR, 200025 p.

ISBN 92-9039-444 7

/FORMACION PROFESIONAL/ /COMPETITIVIDAD/ /TECNOLOGIA/ /AGRONOMIA/ /MERCOSUR/

AGRIS C 10 CDD 630.7

Las ideas y opiniones expuestas son propias de los autores y no necesariamente pueden reflejarpolíticas y/o posiciones oficiales del PROCISUR y de las instituciones que lo integran.

ESTE TRABAJO HA SIDO ELABORADO POR EL DR. SERGIO LUIZ SALLES FILHO,

PROFESOR DEL DEPARTAMENTO DE POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA, Y

COORDINADOR DEL GRUPO DE ESTUDOS SOBRE ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA

E DA INOVAÇÃO (GEOPI) DE LA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

(UNICAMP), SÃO PAULO, BRASIL.

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Presentación

P r ó l o g o

n junio de 1999 se realizó en Rosario, Santa Fe, Argentina el Foro Regional deIntegración de la Educación Agropecuaria del Cono Sur. Este Foro tuvo comoobjetivo generar ideas y propuestas para transformar los programas de grado en

Ciencias Agrarias de la región, con miras a preparar el capital humano que requiere eldesarrollo de la agricultura del MERCOSUR.

El Comité Organizador del Foro solicitó al PROCISUR presentar las demandas acadé-micas del sector público de ciencia y tecnología en particular, de los INIAs de la región.Con esa finalidad se desarrolló una consultoría bajo la responsabilidad del "Grupo deEstudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação" de la Universidade Estadual deCampinas, Brasil.

Los resultados preliminares fueron presentados en el Foro realizado en Argentina y marcóun referencial para las instituciones de enseñanza como para los demandantes del produc-to profesional. Aportes posteriores dieron lugar al presente trabajo.

La principal contribución de este estudio es articular la formación profesional con la inno-vación y el desarrollo tecnológico, visando asegurar aportes sustantivos en la búsqueda decompetitividad del agronegocio regional dentro del actual proceso de integración delMERCOSUR.

Para el PROCISUR este trabajo reviste una contribución especial en momentos que seestá desarrollando el Proyecto "Organización y gestión de la integración tecnológicaagropecuaria y agroindustrial en el Cono Sur" - Proyecto Global, cuyo propósito centrales articular las competencias y capacidades regionales para consolidar redes de innova-ción que promuevan el acceso del bloque regional a la economía mundial con sustentabilidadambiental y social. Integración regional, competitividad internacional, innovación tecnoló-gica y formación de las competencias necesarias son los factores para impulsar el desa-rrollo económico y social del MERCOSUR, mostrando el perentorio desafío que se lepresenta al sector de educación

E

Roberto M. BocchettoSecretario Ejecutivo del PROCISUR

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Índice

Prólogo ....................................................................................... iii

I. Introducción .................................................................................. 1

II. Competitividade e inovação do SAA nomarco do Mercosul................................................................ 1

III. A dinâmica científica e tecnológica e de inovação.................. 3

IV. Inovação tecnológica e formação de Recursos Humanos..... 6

V. Demandas para a formação de pessoal científico para odesenvolvimento do SAA no Mercosul............................. 8

VI. Conclusões.................................................................................... 18

VII. Bibliografia .................................................................................... 24

Anexo: Cuestionario de encuesta...................................................... 25

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I. INTRODUÇÃO

Este texto tem como objetivo discutir asnecessidades de formação profissional na áreade Ciências Agrárias nos países do Cone Sul.Trata-se de uma primeira aproximação aoproblema que procura vincular a formaçãoprofissional à criação de competências e àinovação tecnológica voltada à competitividadesistêmica dos países da Região. É um estudo dedefinição de agendas de trabalho, feito a partirde uma análise conceitual da articulação entreformação e competitividade e também a partirde um breve levantamento de opinião junto aprofissionais ligados às Ciências Agrárias naregião.

Assim, o texto está composto dos seguintes itens:primeiro, “Competitividade e inovação do SistemaAgroalimentario e Agroindustrial (SAA) no marcodo Mercosul”, no qual se discute a necessidade deampliação da competitividade dos mercadosagrícolas e agroindustriais ligados ao Mercosul,como condição de sobrevivência do próprio Acordopara os próximos anos; segundo, “A dinâmicacientífica e tecnológica e de inovação”, itemdedicado à definição dos elementos conceituais quecompõem a dinâmica da inovação tecnológica e suaarticulação com a criação e o desenvolvimento dacompetitividade; terceiro, “Inovação tecnológica eformação de Recursos Humanos”, item no qual sediscutem as relações entre a dinâmica de inovaçãoe a criação de competências científicas etecnológicas; e, finalmente um quarto item intitulado

Formação profissional em ciências agrárias -agendacurricular no marco dos processos de integração,

competitividade e inovação

“Demandas para a formação de pessoal científicopara o desenvolvimento do SAA no Mercosul”, noqual se apresentam os resultados do levantamentofeito junto a profissionais de Ciências Agrárias.

Este trabalho empírico, baseado em doisquestionários –um dirigido e outro aberto–,representa um primeiro “vôo de reconhecimento”sobre o objeto em questão, qual seja, o daatualização e reformulação do perfil profissionale dos curricula de Ciências Agrárias a partir daótica da dinâmica da inovação e da busca dacompetitividade.

II. COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃODO SAA NO MARCO DOMERCOSUL

Nos oito anos de vigência do Mercosul, os resultadoscomerciais alcançados pelos países do bloco,embora aquém do previsto, são bastanteexpressivos. Pode-se dizer hoje que o Mercosulnecessita inaugurar uma nova etapa, que caminhena direção de sua consolidação no cenário global.O comércio intra-bloco cresceu bastante, mas ocomércio do bloco com o exterior permanece emníveis muito baixos, fato que pode ser vital paraas pretensões futuras dos países integrantes.

No perfil do comércio intra-bloco ocorreu, comoesperado, uma certa especialização entre osparceiros. Este comportamento, já previsto pelaspróprias características estruturais dos paísesenvolvidos no Acordo, deve sofrer mudanças naspróximas fases do processo de integração

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econômica. O principal motivo para tanto é a buscade ampliação da competitividade dos quatro paísesnos seus principais mercados (dentre os quaisdestacam-se os agrícolas e agroindustriais). Busca-se o investimento em novas plantas produtivas e amodernização das existentes assim como a melhoriadas condições de infra-estrutura para a produção(Jank; Nassar, 1997). Junte-se a isto a construçãode mecanismos institucionais de suporte àcompetitividade (relativos, por exemplo, àpropriedade intelectual e à regulamentação daprodução e comercialização de produtostransgênicos), tem-se então uma perspectiva desensíveis alterações nos cenários competitivosinternos e externos ao bloco.

O atual estágio em que se encontra o Mercosul (comconflitos que vão muito além da necessidade deajustes setoriais - como são os casos do RegimeAutomotivo e do comércio do açúcar, por exemplo)aponta para uma necessidade de maior integração.

No plano interno, não basta superar os contenciososcomerciais intra-bloco, é preciso equilibrar aspolíticas macroeconômicas, cujo comportamentodesigual entre os principais países (Brasil eArgentina), tem se traduzido em alteraçõessubstantivas nas relações comerciais entre os países.

No plano externo, coloca-se hoje uma disjuntivafundamental para o Mercosul, que é a danecessidade de integração a outros grandesblocos comerciais, particularmente os da ALCA(Área de Livre Comércio das Américas) e daUnião Européia. A diplomacia do Mercosul temdemonstrado claro interesse em primeiro efetivara integração comercial com os países da UniãoEuropéia antes do ano 2005, quando se iniciaria aimplantação da Zona de Livre Comércio dasAméricas.

Assim, tanto no âmbito interno como no externo,há um conjunto importante de decisões ainda porserem tomadas que vão redefinir o futuro dobloco. Qualquer que seja o rumo tomado, umacoisa é certa: a sobrevivência do Mercosuldependerá em grande medida de sua estratégia

de ampliação da participação no comércio interna-cional. Com a exceção de alguns produtos, comosuco de laranja, óleo e farelo de soja, açúcar, óleode algodão e óleo de girassol, as exportações deprodutos agrícolas in natura e agroindustrializadospelo Mercosul ficam muito abaixo do que se poderiaalcançar.

Como se sabe, o aumento das exportações passapela construção de fatores que atribuemcompetitividade aos produtos. A construçãodesses fatores, por sua vez, passa, necessariamente,pela maior e melhor organização das cadeias pro-dutivas e inovativas que atuam nos diferentes mer-cados. Assim, quando se fala em aumentar a partici-pação no comércio internacional, é preciso falar emmecanismos de organização e coordenação dasinstituições que compõem as cadeias produtivas einovativas.

Em outras palavras, a busca por maior market-share nas exportações mundiais requer a configura-ção de uma estratégia de organização continuadados mercados, o que obviamente significa definirboas políticas para a sustentação da produção e dainserção comercial. Mas significa também a criaçãode condições para a busca da competitividadesistêmica, na qual entram os mais variados fatores,como aqueles referentes à infra-estrutura (transpor-te, telecomunicações, portuária, educação e deinovação tecnológica) e à exploração das brechasde mercado abertas pela crescente diversificaçãoprodutiva da agroindústria (por exemplo, alimentose matérias-primas ambientalmente corretos).

Jank; Nassar (1997) apontam, para a busca daampliação da presença do bloco nos mercadosmundiais a necessidade de construção de vantagenscompetitivas nacionais e supra-nacionais. “Apossibilidade de produzir sinergicamente grãos,carnes, lácteos e frutas desde os vales irrigados doNordeste, passando pelos cerrados brasileiros, pelapampa úmida, até a região costeira do Chile colocao Mercosul mais Chile entre as melhores regiõesdo planeta para produzir e exportar eficientementeesses produtos” (Jank; Nassar, 1997). Para tanto épreciso alcançar um elevado grau de coordenação

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e de organização das cadeias envolvidas (intra eintercadeias). De toda forma, trata-se de construiro caminho da coordenação e da articulaçãoinstitucional (em seu sentido mais amplo) comoforma de alcançar a competitividade sistêmicae, portanto, sustentada no longo prazo.

Ciência, tecnologia e inovação são elementoscentrais para a construção desse caminho. Nãoapenas porque vêm na direção de ganhos deprodutividade, mas também -e talvez principalmente-porque há um forte processo de diversificação demercados, que se caracteriza justamente pelacapacidade inovativa dos agentes envolvidos.Fortalecer e ampliar o negócio agrícola da regiãoimplica definir as competências e os nichos que sequer explorar dentro de uma economia crescen-temente globalizada. Uma pergunta chave paraformular o problema é: quais competências desen-volver e em quais mercados para conseguir umainserção crescente na economia global? A perguntaseguinte seria: que estratégia de capacitação seriapreciso desenvolver para alcançar as competênciasnecessárias?

Um dos guidelines mais importantes dos últimoscinco anos para a formulação de políticas paraampliar a competitividade agrícola e agroindustrialdo Cone Sul tem sido a perspectiva das cadeiasprodutivas. Ou seja, de se trabalhar acompetitividade a partir da visão do agro-negócio,integrando a diversidade dos agentes econômicosque atuam no sistema agro-alimentar, numaperspectiva integrada e indissociável. A liderançaque a região apresenta em certas cadeias não éresultado do acaso, mas sim da visão integrada do

negócio agrícola, desde as condições de produçãona agricultura até a estrutura de comercialização dosprodutos finais (in natura ou processados).

Os casos de sucesso são exatamente os quepromovem a melhor articulação entre as cadeiasprodutivas e as cadeias inovativas. Se tomamos,por exemplo, o caso dos citros no Brasil, veremosque a forte articulação entre as instituiçõespúblicas e privadas de pesquisa com produtoresagrícolas e indústrias processadoras, oferece umabase sólida de apoio à produção e comercializaçãode citros e seus derivados. A pronta resposta quehistoricamente a pesquisa vem dando para osprodutores quando da ocorrência de problemasfitossanitários, é fator essencial na manutenção dacompetitividade da cadeia.1

III. A DINÂMICA CIENTÍFICA ETECNOLÓGICA E DE INOVAÇÃO

A orientação do desenvolvimento da pesquisa emqualquer tipo de instituição deve estar intrinsecamenteligada ao papel que ela cumpre no processo deinovação. Ou seja, o processo que orienta a(re)formulação de programas de pesquisa e deensino deve ter bem definidas as funções que cadaagente tem ou poderá vir a ter nos sistemas deinovação em que participa. Tais funções, deve-sedizer, não são estáticas, o que significa que devemser alvo de revisões sistemáticas.

Como tem sido largamente discutido pela literaturaespecializada, busca-se cada vez mais oaproveitamento das economias de escala e deescopo ligadas às atividades de P&D, o que, emtermos práticos, significa uma orientação àinteração e à cooperação entre os diferentesagentes que atuam no processo inovativo. Aeficácia e a eficiência das organizações voltadasà inovação dependem, crescentemente, docompartilhamento das ações. Há uma novadivisão de tarefas no cenário da inovação queimpõe, tanto às instituições públicas como àsprivadas, mudanças significativas de postura.

1 Tal não significa dizer que não haja conflitos entre os diversosagentes. Entretanto, a rapidez e a eficiência da comunicaçãoentre as cadeias produtivas e inovativas é elemento centralna sustentação da competitividade do setor em âmbitointernacional.

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Este cenário coloca, evidentemente, novas deman-das para a formação de profissionais, que se revela,em primeiro lugar, pela redefinição do perfil doprofissional que se quer formar. No caso dasCiências Agrárias, há uma verdadeira revoluçãotécnico-científica em curso e adequar os currículosdas escolas é uma tarefa urgente. Voltaremos a esteassunto ao final deste trabalho.

A concepção de um projeto de pesquisa passa aintegrar, tanto quanto possível, as diferentes fasesda inovação – desde a etapa de laboratório até adifusão do produto/serviço, passando pelodesenvolvimento industrial e demais etapas para aconsolidação de uma inovação. Muda, assim, adivisão do trabalho nas atividades de P&D: oespaço de ação torna-se crescentemente regionale internacional e participar desse espaço significacriar competências específicas e essenciais àestruturação de redes de inovação. Significa,sobretudo, buscar economias de escala e deescopo na atividade de inovação.

Uma rede de inovação é composta de nós e deligações (de estrutura quase sempre assimétrica)e, como tal, só funcionará com um mínimo de

eficiência se os agentes desempenharem seu papelde forma satisfatória e se houver uma coordenaçãoque os articule e que promova a tradução entre asdiferentes visões de mundo que estarão presentes.2

Se a busca de competitividade exige - entre outrascoisas essenciais - o planejamento para a inovação(tecnológica e organizacional), então estamosfalando da necessidade de formar, articular ecoordenar competências de diferentes naturezas.Estamos, assim, falando da estratégia de formaçãode profissionais.

Neste contexto, saber posicionar-se nas redes deinovação é um passo essencial para o sucessodos sistemas de inovação. Definir isto é o marcozero da orientação do ensino e da pesquisa.Capacitar-se para melhor se posicionar no proce-sso inovativo, com uma qualificação particular – masbem definida – é mais importante do que tentarabranger todas as áreas do conhecimento. Aorganização das atividades de P&D é hoje tãoversátil e ágil que, quando um dos agentes nãocorresponde às necessidades do processo inovativocomo um todo ele é prontamente substituído,restando-lhe pouco mais que o jus esperniandi.

O que vem acontecendo com as Ciências Agráriasnos países latinoamericanos (e em outros paísesmenos desenvolvidos) é um exemplo dramáticodesse ponto. Com uma forte competência emmelhoramento genético, construída ao longo dedécadas de capacitação,3 esses países têmtestemunhado uma obsolescência crescente dacompetência existente, na exata medida do avançodas novas técnicas de biologia molecular. Cabe apergunta: como estão estruturados os curricula dasescolas de agronomia nesta matéria?

Torna-se essencial, portanto, definir as competênciasrequeridas pelo ambiente inovativo. O processo deformação de competências científicas e tecnológicasse dá através de vários caminhos, mas com um pontode partida fundamental: a formação profissional.Uma formação incompleta ou desatualizada podesignificar um enorme custo adicional nodesenvolvimento de capacitação para a inovaçãoe, consequentemente, para a ampliação da

2 As redes técnico-econômicas, para Callon (1992), são umconjunto coordenado de atores heterogêneos, por exemplo,laboratórios públicos, centros de pesquisa técnica,companhias, organizações financeiras, usuários e governo- que participam coletivamente na concepção,desenvolvimento, produção e distribuição ou difusão deprocedimentos para produção de bens e serviços, algunsdos quais dão origem a transações de mercado. Essas redessão organizadas ao redor de três pólos: científico, técnicoe mercado, sendo que o processo de produção e troca queocorre envolve uma série de atividades de intermediaçãoentre estes pólos. O autor se utiliza do conceito deintermediários, ou seja, elementos que descrevem ecompõem uma rede para identificar as interações queocorrem entre os componentes dos pólos, e identifica quatrotipos de intermediários: textos; artefatos técnicos;comportamento e habilidades humanas; e dinheiro emdiferentes formas.

3 No caso brasileiro há mais de um século, desde a fundaçãodo Instituto Agronômico de Campinas, berço das variedadesdas culturas que movimentaram a economia brasileira nafase primário exportadora (café, algodão e cana-de-açúcar,para ficarmos nas mais importantes).

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competitividade de um país. Assim, quando se falaem atualização e renovação curricular, está-sefalando da criação de condições básicas decompetitividade.

Posto isto, vejamos alguns elementos conceituaischaves para nossa proposição.

Uma visão dinâmica do processo inovativo

O primeiro ponto a se destacar é o da definição doque entendemos por atividade inovativa. Existe naliteratura neo-schumpeteriana uma gama deconceitos, mais ou menos abrangentes, que vêmsendo desenvolvidos para analisar a mudançatécnica, de um ponto de vista econômico einstitucional, segundo uma ótica sistêmica. Demaneira resumida, apresentamos abaixo algunselementos do processo inovativo presentes nessaabordagem:

● a atividade inovativa comporta um procedimentode busca, não de escolha. Não se pode saberde antemão se uma tecnologia a ser desenvolvidaencontrará, automaticamente, uma respostapositiva no mercado (ou pelo usuário). Aprospecção da demanda é importante como umguia, mas não uma profecia auto-realizável;

● em sendo assim, a inovação é conduzida sobcondições de incerteza. Por mais que seconheçam os atributos tecnológicos, econômi-cos e institucionais de uma inovação, suasinterrelações não são totalmente dedutíveis(Nelson; Winter, 1982);

● considera-se, portanto, que o processo inovativosó possa ser completado após uma instânciaseletiva que, grosso modo, pode ser identificadacomo o mercado para onde a inovação édirigida. Na verdade, essa instância representao próprio ambiente institucional e sua delimitaçãoé crucial para o entendimento do processo. Umainovação, portanto, só pode ser consideradacomo tal após sua adoção pela instância seletiva,o que sugere que geração e difusão de tecnologia

devem ser concebidos juntos, como processosde uma mesma atividade;

● assim, as expectativas com respeito ao futurotêm também forte influência sobre a direção daformação de competências;

● as condições de formação profissional, deconstrução de competências e de desenvolvi-mento de capacitação influi na direção damudança técnica. Essas condições são um fatorque condiciona a direção e o grau de exploraçãode uma tecnologia. Como mostrou Rosenberg(1982), a inovação decorrente do aprendizadoé um fato estilizado na história dodesenvolvimento tecnológico deste século; tantoo learning by doing, como o learning by usingconformam, ao mesmo tempo, um requisito e umresultado do processo inovativo;

● existem externalidades e interdependênciastecnológicas que precisam ser captadas paradefinir a formação de competências profissio-nais. O processo de aprendizado, apesar deespecífico às firmas, grupos, instituições etc.,envolve “capacidades tecnológicas de aplicaçãocoletiva” (Canuto, 1992);

● o conhecimento não é completamente transferí-vel, no sentido de que não pode ser integralmentecodificável. Há elementos relativos à prática doconhecimento que estão ligados às habilidadese ao conhecimento tácito específico. Esteaspecto, ao mesmo tempo em que dificulta atransferência de tecnologia, coloca oportunidadesaos países menos desenvolvidos, que definindonichos de atuação podem criar competênciasexclusivas e assim inserirem-se nos sistemas deinovação.

Em resumo, o processo inovativo é caracterizadopor um ambiente de incerteza, no qual as condiçõese os resultados não são conhecidos de antemão;delimitado por fatores relativos à natureza datecnologia; condicionado pelo ambiente institucional;objetivamente buscado pelos agentes; e dependentedo aprendizado e de capacidades tecnológicasindividuais e coletivas. Neste último aspectoinscreve-se a necessidade da boa formaçãoprofissional.

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IV. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EFORMAÇÃO DE RECURSOSHUMANOS

Aprendizagem, habilidade e competência sãoelementos-chave para a diferenciação entre asorganizações (firmas e instituições públicas eprivadas) no processo de concorrência e,consequentemente, na própria competitividadenacional ou regional. A aprendizagem é oprocesso essencial para a acumulação decompetências e para a resolução de problemas,conduzindo à especialização das atividades. Aaprendizagem é um processo pelo qual arepetição e a experimentação fazem com que astarefas sejam realizadas com maior eficiência emais rapidamente e que novas oportunidades deprodução sejam identificadas (Dosi; Telce;Winter, 1990).

Entre as características principais do processo deaprendizagem estão o seu caráter local e cumulativo(o que é aprendido num período se apoia sobreaquilo que se aprendeu durante períodosprecedentes, Dosi;Teece; Winter, 1990), osdiversos procedimentos de ensaio, de realimentaçãoe de avaliação envolvidos, ou seja, a própriaorganização da inovação. Se por um lado taiscaracterísticas do processo de aprendizagem podemlevar a um problema de lock-in sobre determinadoscaminhos (trajetórias), podem também favorecer oaumento de gaps (lacunas) de informação e decompetência entre as instituições, justamente numcontexto de incerteza que é aquele característicodos ambientes de inovação.

É assim que a competência torna-se elementoessencial, pois permite colocar em práticaprocedimentos para resolver problemas, paracapacitar a utilização de conhecimentos externos,para criar, dominar e desenvolver tecnologias eprocessos/produtos, para melhor compreender ademanda de consumidores e usuários epossibilitar melhor interação entre estes (Dosi;Marengo, 1994). A criação de competências foradesse “norte” resulta, invariavelmente, emdefasagem tecnológica e desperdício de recursos.

A dificuldade em se articular esses elementosdemonstra o quanto as competências são altamente

específicas, dificilmente transferíveis e não facilmentecompradas, vendidas ou reproduzidas. Assim, asinstituições de uma forma geral são diferentes umasem relação às outras em suas habilidades paramobilizar recursos, para identificar as dimensõesestratégicas mais importantes e para introduzirmudanças nestas.

Conhecimento e aprendizagem são, portanto, abase para a diferenciação das organizações e paraa concorrência. Empresas investem em pesquisa nãopara transformar todo conhecimento gerado emexclusividade do inovador, mas para reter o suficientede benefícios gerados para alcançar uma alta taxade retorno no investimento feito (Rosenberg, 1990).Entre esses benefícios podem ser citados aacumulação de experiência e aprendizado e o acessoa ativos complementares (Teece, 1986) exigidospara a viabilização comercial da inovação(propriedade intelectual, por exemplo). Oconhecimento adquirido no processo de pesquisatambém enseja capacitação para obtenção devantagens a partir de pesquisas iniciadas por outrosagentes.

A produção de conhecimento vem ganhando, cadavez mais, características de heterogeneidade etransdisciplinaridade, sendo levada a termo fora deseu local de aplicação. As inovações mais relevantescomeçam a aparecer quando áreas de conhecimentoantes separadas, passam a criar fluxoscompartilhados, ou ainda, fundem-se em novasáreas. Essas condições enfatizam a necessidade derevisão sobre o perfil do profissional a ser formadoe do próprio conteúdo das grades curriculares.

A estruturação de arranjos entre agentes doprocesso de inovação, sob a forma de redes depesquisa, por exemplo, possibilita a adequação paraum processo de “aprendizado compartilhado”. Oaprendizado compartilhado é um caminho profícuopara a prática da percepção sistemática detendências do entorno no qual se movem os atoresde uma determinada cadeia produtiva (trata-se dacapacidade de awareness). Isto é, há a possibilidadede tendências gerais serem assimiladas na superaçãode problemas de caráter mais, ou particularmente,específico. Essa também deve ser uma orientaçãogeral para a revisão da estratégia de formaçãoprofissional.

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Processo inovativo, competitividade eformação de Recursos Humanos

Os sistemas de inovação, particularmente na suacomponente de ensino, pesquisa e desenvolvi-mento, têm como produto principal a criação decapacitação. Dizemos principal porque é ela quesustenta o desenvolvimento tecnológico nolongo prazo. Além de gerar produtos, o sistemade C&T atua sobre o sistema econômico pelaformação de competências, cujos efeitos terãodesdobramentos na atividade profissionalpropriamente dita.

Sabe-se também que mesmo para se negociar aaquisição de novas tecnologias é necessário terincorporado conhecimento e recursos humanoscapacitados, isto é, faz-se necessária capacitaçãotecnológica. E isso só é possível com a atualiza-ção contínua de mão-de-obra especializada e comuma formação atualizada de profissionais.

Capacitação e geração/atualização de conhecimentoestão intimamente relacionadas ao nível decompetitividade de nações e empresas. Por sua vez,baixo nível educacional da força de trabalho, aliadaà falta de crédito e financiamento e à deterioraçãoda capacidade de financiamento e regulatória doEstado, impõem dificuldade para se fomentar oavanço da competitividade nacional (Coutinho;Ferraz, 1994).

Esses mesmos autores afirmam que esse quadroimpõe um maior grau de desenvolvimentotecnológico local, para o qual um dos elementos

centrais é um alto nível educacional e formaçãoadequada de mão-de-obra especializada. Tal lógicaapresenta como resultado a emergência de usuáriose consumidores mais exigentes e de empresas locaisde maior nível tecnológico. As opções de estratégiasfora dessa equação tem pouca ou nenhuma chancede sucesso. Como afirma Porter (1998),competitividade está intimamente relacionada comprodutividade e estas com alta qualificação e altossalários.

“Há um novo perfil de trabalhador que só pode seralcançado com um sistema educacional renovado.O novo trabalhador tem que ter conhecimentosbásicos sólidos, grande capacidade de apendizado,de ser treinado e treinar-se para o exercício defunções constantemente renovadas e reformuladas,ter iniciativa para se defrontar com o imprevisto,cada vez mais comum nas situações cotidianas, eter polivalência e capacidade de comunicação. Porisso, o sistema educacional (…) tem que ser capazde renovar-se no sentido de privilegiar novasaptidões, especialmente o desenvolvimento daquelasque, de forma dinâmica, podem ser construídas emparalelo às modificações nos processo de produção”(Coutinho; Ferraz, 1994: 112).

Se a busca de competitividade exige -entre outrascoisas essenciais- o planejamento para ainovação (tecnológica e organizacional), entãoestamos falando da necessidade de formar,articular e coordenar competências de diferentesnaturezas. Estamos, assim, falando da estratégiade formação de profissionais. A equação quesintetiza essa idéia pode ser vista na Figura 1.

Figura 1. Representação esquemática das ligações entre formação, inovação e competitividade

ORGANIZAÇÃO DAINOVAÇÃO:CADEIAS,

CONSÓRCIOS EREDES

BU

SC

A D

E

CO

MP

ET

ITIV

IDA

DE

FORMAÇÃOPROFISSIONAL

CRIAÇÃO DECOMPETÊNCIAS

DESENVOLVIMENTODE CAPACITAÇÃO

PROJETOS,PROGRAMAS ETECNOLOGIAS

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Uma adequada formação de recursos humanos,através, por exemplo, da atualização dos curriculaescolares assim como dos programas detreinamento da mão-de-obra trabalhadora, é umaestratégia de primeira ordem para a busca decompetitividade e de capacitação tecnológica tantoquando se pensa em países como em instituições.

V. DEMANDAS PARA A FORMAÇÃODE PESSOAL CIENTÍFICO PARA ODESENVOLVIMENTO DO SAA NOMERCOSUL

Neste item apresenta-se o resultado de levantamentofeito com pesquisadores e especialistas das áreasde Ciências Agrárias sobre a necessidade dereformulações nos curricula das escolas deformação superior. Trata-se de um trabalho de curtoprazo, que tem como objetivo a obtenção de umaprimeira aproximação sobre o tema, para posicionaro estado da discussão e propor uma agendametodológica para trabalhos posteriores de maiorabrangência e profundidade.4

Assim, construiu-se um questionário que foi aplicadoa um amplo grupo de profissionais constituído porpesquisadores e gerentes dos institutos nacionais depesquisa agropecuária –INIAs– e por especialistasde renome que atuam em outras instituições, públicas

ou privadas, dos seis países do Cone Sul (Argentina,Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai).5

O questionário –apresentado no Anexo – foiestruturado em duas partes. Na primeira, oprofissional foi solicitado a avaliar a importância e aurgência de implantação de 25 disciplinas, temasou áreas relativos ao currículo de Ciências Agrárias.Na segunda parte os entrevistados deveriam emitiropiniões a partir de cinco questões abertas. A seguirdescrevemos os procedimentos e os resultadosdessas duas partes da encuesta.

Questões dirigidas

A montagem da primeira parte do questionário –que como se disse teve como objetivo fazer umprimeiro “vôo de reconhecimento sobre oterreno”– foi baseada na busca –por Internet e porcorreio normal– de curricula de várias escolas deCiências Agrárias nos seguintes países: Austrália,E.U.A, e França, além dos países do Cone Sul.6

Dessa busca resultou um conjunto de 25 disciplinas,temas ou áreas que despontavam como as maisrenovadoras dos curricula de Ciências Agrárias.Nesta mesma parte do questionário foi dado espaçopara que os respondentes acrescentassem novasdisciplinas, temas ou áreas que julgassemimportantes e que não estavam presentes naqueleconjunto.7 Já as questões abertas visavam captaras opiniões dos respondentes sobre as relaçõesentre formação profissional e competitividade dascadeias produtivas.

Foram obtidas 77 encuestas respondidas, cujacomposição por país e por instituição pode ser vistano Quadro 1. 8

A composição das respostas por países foi aseguinte: Bolívia (21) e Brasil (20) apresentaramos maiores números de questionários respondi-dos, seguidos por Uruguai (14), Argentina (12),Chile (6) e Paraguai (4). Os INIAS são o tipo deorganização de maior participação (44 questio-nários respondidos). O maior número absolutodos questionários nesta categoria é relativo aoBrasil e ao Uruguai (13 questionários cada país),

4 A idéia é a de dar início a um estudo de Technology Foresightpara se chegar a uma indicação mais precisa das necessidadesde reformulação dos curricula para ciências agrárias.

5 Não foi possível determinar com precisão o número dequestionários enviados, pois estes foram endereçados aosgerentes e dirigentes dos INIAs que reproduziram osquestionários e os repassaram aos colegas de instituição.

6 No caso dos países do Cone Sul, as informações curricularesde países como Paraguai e Uruguai foram obtidas por correio.

7 Como veremos, esse procedimento revelou-se extremamenteimportante, dado que houve quase uma centena de novassugestões de disciplinas, temas ou áreas. Este fato revela arelevância de se preparar um estudo de maior fôlego para sechegar a conclusões de maior densidade.

8 Duas pessoas não se sentiram aptas a responder oquestionário, uma do Chile e outra do Brasil.

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Sérgio Luiz Salles Filho

Quadro 1. Organizações contatadas no estudo – país e tipo de organização

* As letras entre parênteses representam a sigla utilizada para a identificação das instituições nas planilhas de compilaçãodos dados.

porém esta categoria tem maior representação nocaso do Uruguai (92%), seguido por Argentina(67%), Brasil (65%) e Chile (50%). No caso doParaguai e da Bolívia, a maior participação derespondentes corresponde aos profissionais dosrespectivos Ministérios da Agricultura (75% no casodo Paraguai e 67% no caso da Bolívia), dada

a própria estrutura de inserção institucional dapesquisa nesses países.

Uma análise sobre o número absoluto e empercentual dos questionários recebidos por país epor tipo de organização pode ser visto abaixo, noQuadro 2.

Quadro 2. Número e percentual de questionários recebidos – por país etipo de organização (77 respondentes)

País/ Tipo deOrganização

Univer-sidade(UN)*

InstitutoPúblico

depesquisa

(IPP)

INIA

Ministé-rio da

Agricul-tura (MA)

Orga-nismosinterna-cionais

(OI)

Insti-tuições

privadas(IPR)

Consul-tores(C )

ArgentinaUniv.Nac. de laPlata;

INTA SanCor

Bolívia MAGDR CIAT;CIMMYT

Brasil

Esalq; UFViçosa;UFLavras;UFBa;Unicamp

Inst. deBiociên-cias; IAC;IAPAR

EmbrapaMonsanto;FundaçãoABC

Chile INIA ODEPA CEPAL FundaciónChile

Paraguai DIA MAG FAOUruguai INIA CIEDUR

Tipo de organização

UN IPP INIA MA OI IPR CPaís Total derespostas

n. % n. % n. % n. % n. % n. % n. %

Argentina 12 2 17 8 67 1 8 1 8

Bolívia 21 6 28 14 67 1 5

Brasil 20 2 10 3 15 13 65 2 10

Chile 6 3 50 2 33 1 17

Paraguai 4 1 25 3 75

Uruguai 14 13 92 1 8

Total 77 4 5 3 4 44 57 19 25 2 3 4 5 1 1

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Formação profissional em ciência agrárias - Agenda curricular nomarco dos processos de integração, competitividade e inovação

Sérgio Luiz Salles Filho

Para a compilação dos dados e análise dosquestionários respondidos adotou-se o seguinteprocedimento:

● Os questionários receberam um número deidentificação por ordem de chegada.

● Foi construída uma planilha no Programa MS-Excel com o número de identificação dorespondente; o país onde se encontra; e o tipode organização em que trabalha; e suaavaliação sobre as 25 questões apresentadas.

● Simultaneamente constituiu-se um Quadro queordena o resultado da pesquisa de opinião deacordo com as freqüências relativas de notasAltas, Médias e Baixas para os graus deImportância e de Urgência para 25 disciplinas,áreas ou temas. Esta ordenação pode ser vistano Quadro 3, de forma decrescente segundo ograu de importância das disciplinas que obtiveramo maior “grau de Importância” para aquelas com“menor grau de Importância”.

Estes dados foram também tabulados em gráficos“scatterplot” (software “Statistica”) que mostram asposições relativas das sugestões em um planoImportância x Urgência. No Quadro 4 (pág. 12),encontram-se os códigos de numeração utilizadospara posicionar cada sugestão nos gráficos.

A Figura 2 (pág. 12) mostra o gráfico da distribuiçãodas escolhas no plano Alta Importância x AltaUrgência em relação aos valores de freqüênciadessas respostas para cada uma delas.

Pode-se observar que existe alta correlação entreas avaliações de Alta Importância e Alta Urgência,ou seja, que as disciplinas, temas ou áreas considera-das altamente importantes para a atualização docurso, na maior parte dos casos, também foi consi-derada como muito urgente para implementação.Esta é uma resposta esperada e coerente por partedos respondentes.

A distribuição das sugestões não aponta para divisãode grupos muito distintos, resultando numa relativauniformidade de hierarquização entre elas. Asdisciplinas 4, 25 e 22 (ver Quadro 4) aparecem

como destaques positivos e as disciplinas 19, 2, 15e 24 como destaques negativos.

Observando em seguida a Figura 3 (pág. 13), quemostra a distribuição das freqüências no plano BaixaImportância x Baixa Urgência, pode-se constatarque a linearidade da Figura 1 não se apresenta nestecaso, mostrando que não há forte correlação e,portanto, consenso entre Importância e Urgênciaquando estas são avaliadas como Baixas. Porém, omais interessante a ser notado é que quando secompara esta distribuição com a anterior, osextremos não são tão claros e nem mesmo osmelhores e piores são os mesmos, exceto paraalgumas, como as disciplinas 4 (destaque positivo)e 19 (destaque negativo).

Comparativamente, foi pequena a incidência deavaliações Baixas, fato que não permitiudiscriminar efetivamente as sugestões segundoesse critério, salvo as exceções apontadas.

Isto nos remete a uma outra figura (Figura 4,pág. 13), a qual utiliza como escala as razões Alta/Baixa Importância e Alta/Baixa Urgência. Destaforma, procura-se aumentar o destaque dos itensque, simultaneamente, obtiveram alta freqüência deavaliações Altas e poucas avaliações Baixas. Ocritério passa então a valorizar os bons posiciona-mentos relativos dos mesmos. Trata-se de um crité-rio que engloba todas as variáveis em jogo. Aavaliação Média é complementar da soma Alta+ Baixa, pois juntas todas somam 100% de fre-qüência e está, portanto, indiretamente incluída.

Tem-se novamente a confirmação das extremidades,onde 4 e 19 aparecem em destaque. As disciplinas15 e 24 também podem ser incluídas no grupo dosdestaques negativos, enquanto 8 e 9 surgem comAlta Importância e 10 e 11 com grande Urgência.As disciplinas 25 e 22, que na Figura 2 (pág. 12)apareciam em destaque, neste novo posicionamentorevelam que, apesar do alto grau de avaliaçõesAltas, possuem um considerável nível de avaliaçõesBaixas, sendo, portanto, temáticas um tantocontroversas.

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Quadro 3. Resultado da pesquisa de opinião sobre atualização de currículo deCiências Agrárias (77 respondentes) *

* Obs. Os percentuais por disciplina, área ou tema não totalizam 100% devido a respostas incompletas ou duplas respostasque foram desconsideradas.

* * Mediana da amostra pelo critério de maior importância relativa.

Importância UrgênciaDisciplinas, temas ou áreas

Alto Médio Baixo Alto Médio BaixoSustentabilidade técnica da produção(técnicas de produção sustentável)

84% 13% 1% 77% 18% 5%

Comercialização e marketing de produtosagrícolas e agroindustrializados

78% 14% 6% 72% 19% 9%

Manejo da informação (Intranet e Internet) 73% 20% 5% 68% 22% 10%

Manejo de Recursos Naturais 68% 29% 1% 61% 32% 7%

Conhecimento e manejo da biodiversidade 68% 30% 1% 57% 35% 8%Prim

eiro

Qua

rtil

Biotecnologia e agricultura 68% 29% 3% 55% 38% 7%

Manejo de resíduos agrícolas eagroindustriais

65% 27% 6% 62% 26% 12%

Educação ambiental 62% 34% 3% 47% 45% 8%

Recuperação de áreas degradadas 62% 32% 4% 57% 38% 6%

Administração informatizada da produção 60% 32% 6% 47% 42% 11%

Novas técnicas em proteção de plantas 57% 38% 5% 58% 33% 10%

Seg

undo

Qua

rtil

Empreender e administrar pequenas emédias empresas agrícolas eagroindustriais

55% 36% 8% 55% 37% 8%

**Biologia molecular aplicada aomelhoramento vegetal 53% 30% 16% 45% 40% 15%

Administração da qualidade 51% 38% 9% 38% 55% 7%

Fundamentos de biologia molecular 49% 39% 12% 37% 42% 21%

Desenvolvimento rural agrícola e nãoagrícola 47% 40% 13% 39% 38% 24%

Dinâmica técnica-econômica da inovaçãotecnológica 45% 40% 13% 34% 56% 10%

Biologia molecular aplicada aomelhoramento animal

44% 33% 21% 35% 41% 24%Ter

ceiro

Qua

rtil

Cenários econômicos e produtivos daagricultura nos Mercados Comuns

40% 47% 12% 42% 49% 9%

Elementos de economia global 34% 43% 22% 39% 44% 17%

Informação geográfica e seu uso 32% 47% 19% 34% 46% 20%

Microeletrônica aplicada à agricultura 30% 46% 22% 24% 51% 24%

Cultivos protegidos (off-soil plantproduction)

22% 51% 25% 19% 57% 25%

Alimentação e política alimentar (worldfood issues)

22% 55% 22% 26% 57% 17%Qua

rto

Qua

rtil

Geografia agrária global e regional 9% 55% 34% 11% 53% 36%

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Figura 2. Gráfico da distribuição da freqüência das escolhas pela relaçãoAlta Importância X Alta Urgência.

Quadro 4. Lista das sugestões de disciplinas, temas ou áreas para atualização dos curriculaIM

PO

RT

ÂN

CIA

4

25

22

129811

13 1023

117

716

53

186

20

1421

24

2 15

19

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

URGÊNCIA

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

Cod. Disciplinas, temas ou áreas1 Novas técnicas em proteção de plantas2 Cultivos protegidos (off-soil plant production)3 Desenvolvimento rural agrícola e não agrícola4 Sustentabilidade técnica da produção (técnicas de produção sustentável)5 Fundamentos de biologia molecular6 Biologia molecular aplicada ao melhoramento animal7 Biologia molecular aplicada ao melhoramento vegetal8 Biotecnologia e agricultura9 Conhecimento e manejo da biodiversidade

10 Recuperação de áreas degradadas11 Manejo de resíduos agrícolas e agroindustriais12 Manejo de Recursos Naturais13 Educação ambiental14 Elementos de economia global15 Alimentação e política alimentar (world food issues)16 Administração da qualidade17 Empreender e administrar pequenas e médias empresas agrícolas e agroindustriais18 Dinâmica técnica-econômica da inovação tecnológica19 Geografia agrária global e regional20 Cenários econômicos e produtivos da agricultura nos Mercados Comuns21 Informação geográfica e seu uso22 Manejo da informação (Intranet e Internet)23 Administração informatizada da produção24 Microeletrônica aplicada à agricultura25 Comercialização e marketing de produtos agrícolas e agroindustrializados

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URGÊNCIA

IMP

OR

NC

IA

4

25

12 98

11

1310

2322

17

7

16

5318

6

20

14

21

24

2

15

19

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40

Figura 3 . Gráfico da distribuição da freqüência das escolhas pela relaçãoBaixa Importância X Baixa Urgência.

IMP

OR

NC

IA

3

4

2522

98

10

12

13

11

231

17

75

16 186

201421241519

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

URGÊNCIA

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 4 . Gráfico da distribuição da freqüência das escolhas pela relaçãoAlta/Baixa Importância X Alta/Baixa Urgência.

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Entretanto, uma análise mais cuidadosa aponta queestes resultados são ainda muito instáveisestatisticamente. Por exemplo, se são retiradosaleatoriamente sete respondentes (pouco menosde 10% da amostra), o resultado se alterasensivelmente (ver Figura 5). Há portanto umacontrovérsia considerável que só pode serresolvida adotando-se metodologias mais amplasde análise, como é o caso do TechnologicalForesight.

Os resultados obtidos apontam algumas tendên-cias que deverão ser confirmadas no âmbito deum estudo de maior alcance. Entretanto, fazendoum pequeno exercício sobre os resultados daprimeira parte dessa enquete.

Considerando os resultados obtidos no Quadro 3,e tomando uma divisão por quartis da hierarquiade preferências indicada pelo levantamento feito,as seguintes sugestões seriam feitas para aatualização dos curricula: a) incorporação detemas ligados à Sustentabilidade técnica daprodução; Manejo da informação; Marketing deprodutos agrícolas e agroindustriais; Biotecnologia(exceto biologia molecular aplicada aomelhoramento animal); Manejo da biodiversidade

e de resíduos; e Gestão da propriedade rural. Poroutro lado, seriam rejeitadas Geografia agrária;Política alimentar; e Microeletrônica aplicada àagricultura, sobre as quais muitos respondentesrevelaram nas questões abertas (que serãodiscutidas adiante) serem atribuições pertinentes aoutros profissionais, de formações distintas, ou aespecializações posteriores. Ficariam por seraprofundadas opiniões a respeito de Desenvolvi-mento rural; Biologia molecular aplicada aomelhoramento animal; e Administração daqualidade.

Já se tomarmos a relação Alto/Baixo entre“importância” e “urgência”, as definições deprioridades se reduzem para duas disciplinas/áreas/temas (Sustentabilidade técnica da produção -técnicas de produção sustentável e conhecimentoe manejo da biodiversidade) e as de rejeição paracerca de 15 disciplinas/áreas/temas.

Pode-se concluir que esta enquete forneceu umbom material para um primeiro mapeamento sobrea atualização curricular das Ciências Agrárias noâmbito do PROCISUR, mostrando o alto grau dediversidade de opiniões e de controvérsias sobreos caminhos a se seguir. A maioria dos respondentes

IMP

OR

NC

IA

621

4

2522

9

8 10

1213

1123 1

1775 163 1820

1424 152190

2

4

6

8

10

URGÊNCIA

0 2 4 6 8 10

Figura 5 . Gráfico da distribuição da freqüência das escolhas pela relação Alta/Baixa ImportânciaX Alta/Baixa Urgência para a amostra aleatoriamente subtraída de sete questionários.

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sugeriu novos temas e disciplinas para seremincluídos à proposta enviada e a compilação dasrespostas das questões abertas mostraram que asvisões sobre as deficiências da formação e seusimpactos na competitividade agrícola de suasrespectivas regiões e países são bastante diversas ecobrem uma vasta gama de conteúdos. De qualquerforma, parecem concordar em um ponto; quemudanças devem ocorrer.

O encaminhamento natural seria, portanto, fomentaresta rica discussão através de uma metodologia maisrefinada de Foresigth, construindo um painel Delphie promovendo uma maior e mais efetivacomunicação e participação dos atores.

O presente trabalho, entendido como etapapreliminar de tal Foresigth, é capaz de orientar seudesenvolvimento e aplicação de modo a identificarbases consensuais para a definição curricular dasCiências Agrárias, no âmbito do Cone Sul. Ao tratardinamicamente as diferenças de opiniões presentes,definindo direções gerais e específicas por regiões,está-se fornecendo importantes subsídios para queas escolas/universidades atuem no sentido degarantir uma inserção mais efetiva da região nopanorama agrícola mundial dos novos tempos.

Questões abertas

No âmbito da enquete sobre as necessidades deformação profissional em Ciências Agrárias, aspessoas consultadas foram solicitadas a expressaropinião sobre as relações entre formação, capaci-tação, inovação e competitividade agropecuária eagroindustrial, associadas à eficiência ambiental. Estafoi a segunda parte da consulta. A compilação dasquestões abertas (segunda parte da encuesta)revelou um quadro interessante, com grandediversidade de opiniões e sugestões.

Quando solicitados para incluir disciplinas, temasou áreas além das 25 já assinaladas na primeira parteda encuesta, os respondentes sugeriram quase umacentena de novas disciplinas, temas ou áreas emcomplemento às apresentadas pela encuesta.Muitas são de caráter bastante específico e outrassão apenas leves modificações, tanto generalizandoquanto apontando recortes daquelas apresentadaspara avaliação. O Quadro 5 apresenta algumas dassugestões dadas pelos consultados.

Como se pode constatar, há sugestões de todo otipo, algumas podem ser consideradas subsumidasnas disciplinas/áreas/temas apresentadas na primeiraparte da encuesta, outras colocam novos temas,outras confundem formação curricular comaperfeiçoamento de ferramentas didáticas e assimpor diante. De fato, pode-se extrair, comocomplemento ao apresentado pelas Questões Diri-gidas, as seguintes sugestões: Agricultura deprecisão (que embora tenha relação com “Micro-eletrônica aplicada à agricultura”, é um campopróprio), Certificação ambiental, Identidade rurale indígena regional, Legislação (onde acrescenta-ríamos legislação ambiental), Modelos de decisãoempresarial e Desenvolvimento de atividades nãoeconômicas no meio rural (uma ampliação dasugestão Turismo rural).

Além do espaço dado à proposição de novassugestões, como observado acima, foi solicitadoaos profissionais consultados que respondessemcinco questões abertas. Passemos à análise de cadauma delas. A discussão das sugestões que surgiramdas questões abertas, assim como as relações entrea enquete como um todo e o marco teóricodesenvolvido na primeira parte deste estudo estãoapresentadas no item referente às conclusões. Nopresente item serão brevemente analisadas asrespostas dadas às cinco questões abertas.

Questão 1 - A partir de um ponto de vistatécnico, de formação profissional, indiqueaté cinco principais pontos de estrangula-mento para o sucesso da competitividadeagropecuária e agroindustrial na região eo cuidado com o meio ambiente.

Neste caso, pode-se perceber um amplo universode respostas dadas para os principais pontos deestrangulamento. Realizando uma sistematizaçãodas respostas, observa-se que as opiniões sobreos gargalos ao sucesso da competitividade estãoligados a quatro grandes fontes. São, conformeapresenta-se no Quadro 6, de natureza econômicae financeira, de manejo técnico das atividadesprodutivas, de qualificação profissional e de caráteradministrativo/estratégico. Dentro de cada uma

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Grandes areas Sub-áreas

Condições macroeconômicas desfavoráveisEconômica e financeira

Condições microeconômicas desfavoráveis

Uso ineficiente ou inadequado de insumos

Manejo inadequado dos recursos naturais e do meio ambiente

Controle deficiente da qualidade da produçãoManejo técnico

Ineficiência da produção

Escolas deficientes

Formação deficienteQualificação profissional

Profissional desajustado à realidade

Má administração da tecnologia

Descuido para com os recursos naturais

Má administração das empresas agrícolas e dos recursos humanos

Falta de estratégias de mercado

Administrativa ou Estratégica

Falta de estratégias setoriais

Quadro 6. Sistematização das respostas à questão aberta 1

Disciplinas, temas ou áreas

Administração agrícola

Administração da paisagem rural

Agricultura biológica e outras alternativas

Agricultura de precisão

Apresentações orais

Avaliação de impactos ambientais em desenvolvimento tecnológico agropecuário

Caracterização (botânica, citológica, genética)

Ciência, tecnologia e sociedade

Comunicação rural

Conservação de recursos genéticos

Ecocertificação aplicada a bosques e produtos florestais

Economia e produção campesina

Formas associativas para melhorar a competitividade das cadeias agroindustriais

Gestão e desenvolvimento de recursos genéticos

Identidade rural e indígena regional

Industrialização de produtos florestais e agrícolas - pequena e grande escala

Intercâmbio e quarentena de plantas

Legislação agrária e ambiental

Legislação profissional

Modelos de decisão empresarial, relações com marcos geográficos e culturais

Ordenação territorial

Organização de programas de investigação e transferência de tecnologia

Perdas na agricultura

Segurança alimentar

Técnicas de levantamento de demanda

Tecnologia de alimentos

Turismo rural

Valorização econômica de recursos ambientais

Quadro 5. Exemplos de disciplinas, temas ou áreas sugeridas pelos consultados

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dessas grandes áreas, as respostas se dividem emsub-áreas específicas.

Questão 2 - Em sua opinião, entre as novasáreas do conhecimento, quais são as quemais podem contribuir para ampliar a com-petitividade do setor agropecuário e agro-industrial da região e o fortalecimento dabase agroecológica?

As respostas da Questão 2, sistematizadas noquadro abaixo (Quadro 7), indicam também umagrande diversidade sobre as novas áreas quecontribuiriam para ampliar a competitividade dossetores agropecuários e agroindustriais. Muitasrespostas apontaram para áreas já tradicionais nasCiências Agrárias, com o desejo, porém, de queenfoques renovados de suas temáticas sejamincorporados.

Área Disciplina ou temaBiotecnologia (14)Genética (2), engenharia genética (2), controle genético de estresse,biologia molecular (2)Recursos genéticos (2)

Biotecnologia

Bioquímica e biofísicaManejo da informação, informática (7)Eletrônica, automaçãoInformação de satélites

Informação

Predição agroclimáticasConservação e manejo de recursos naturais e ecossistemas (8)Controle integrado de doenças e pragas, controle biológico (2), novastécnicas de proteção de plantasEducação ambiental (3)Biodiversidade (2)Sistemas de trabalho e rotações sustentáveis, técnicas de produçãosustentáveisAgroecologia (2)Recuperação de áreas degradadasValoração econômica de recursos naturais (2)Avaliação de impactos ambientais (2)Qualidade ambiental

Meio ambiente

Manejo de resíduosTécnicas de gestão de empresas (2), comercialização (8)Pesquisa e conhecimento de mercados, marketing (7)Administração da qualidade (4)Cenários econômicos e produtivos (3), levantamento de demandasOrganização de produtores agrícolas e industriaisModelos participativos de capacitação de produtoresElementos de economia globalGerenciamento e desenvolvimento de inovações, dinâmica técnica

Economia e gestão

Ordenação territorialAgricultura de precisão (3),Diversificação de produtos em sua origem (2)Empreendimentos associativosProdução integrada com uso racional de tecnologiasQualidade de produtos e processosNovas técnicas de proteção vegetal (MIP)Agricultura de baixo uso de insumosTecnologias de pós-colheita

Técnicas de produção agrícola

Tecnologia de alimentos

Quadro 7. Sistematização das respostas à questão aberta 2

Obs.: os números entre parênteses registram o número de vezes que a disciplina foi mencionada pelos encuestados.Quando não aparece nenhum número significa que a disciplina foi mencionada apenas uma vez.

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Pode-se observar a predominância de determina-dos temas, notadamente biotecnologia, informática,conservação e manejo de recursos naturais eecossistemas, marketing e comercialização.

Questão 3- Quais são, em sua opinião, as prin-cipais áreas acadêmicas com as quais se devacriar diálogo para uma boa formação do pro-fissional de Ciências Agrárias (ex. bioquí-mica, biologia molecular, economia, etc.)?

As respostas da Questão 3, compiladas no quadroabaixo (Quadro 8), repetem as tendências apresen-tadas na questão anterior. Muitas respostas tambémapontaram para áreas tradicionais das CiênciasAgrárias. Também como no caso acima, parêntesesregistram os números de profissionais que citaramas mesmas disciplinas/temas. Os temas mais citadosforam economia (17), biologia molecular (13),bioquímica (13) e administração (6).

Questão 4 - Por outro lado, quais são asdisciplinas, temas ou áreas presentes noscurrícula de Ciências Agrárias que podemser considerados obsoletos?

Na questão 4, os consultados foram solicitados aapontar disciplinas/temas/áreas consideradosabsoletos nos currícula de Ciências Agrárias. Aquitambém a lista é extensa, como aponta o Quadro9. Porém, é preciso cuidado na leitura desse quadro,uma vez que o que mais se destacou entre asrespostas foi a necessidade de se oferecer um novoenfoque às disciplinas tradicionais, muitas das quaiscontinuam sendo básicas, porém encontram-se comconteúdos defasados.

Questão 5 - Na questão anterior, que discipli-nas, temas ou áreas deveriam substituiraquelas que você considera obsoletas?

As sugestões apresentadas nesta quinta e últimaquestão (ver Quadro 10) seguem as tendências dasquestões anteriores e novamente dão ênfase ànecessidade de novos enfoques e renovação dasestruturas didáticas existentes.

Como pode ser constatado, as questões abertaslevantaram um amplo conjunto de sugestões quecomplementam as questões dirigidas apresentadasna primeira parte da encuesta. Revelam a necessi-dade de supressão de algumas disciplinas tradicio-nais, assim como a necessidade de atualização demuitas outras (consideradas defasadas).

Há uma grande coerência entre as questões relativasa sugestões de disciplinas, áreas e temas e a primeiraquestão, que pede a opinião sobre os pontos deestrangulamento das cadeias produtivas nos paísesda região. Por exemplo, os gargalos referentes aosaspectos de administração e gestão da produção eda propriedade somado àqueles referentes aomanejo técnico da produção (Quadro 6), são alvode cerca de metade das sugestões feitas nosQuadros seguintes.

Não se deve deixar de registrar algumas incoerências–sempre presentes nesse tipo de levantamento– asquais, para serem resolvidas, devem ser alvo deinvestigação mais aprofundada e prolongada.Exemplos recaem sobre as avaliações relativamentemal posicionadas na primeira parte do trabalho parabiologia molecular, elementos de economia global,cenários para os mercados comuns e informaçãogeográfica, que acabaram recebendo opiniõesfavoráveis na segunda parte do trabalho.

VI. CONCLUSÕES

Os resultados encontrados nesse trabalho apontampara a necessidade de se conduzir uma pesquisamais sistemática e de mais longo prazo, a fim deque as conclusões possam ser mais incisivas. Houveconsenso entre os consultados sobre a necessidadede atualização e transformação dos curricula deCiências Agrárias. Em decorrência, há consensosobre a necessidade de transformar o perfil doprofissional que atua em Ciências Agrárias.Depreende-se ainda deste levantamento que há forteconsenso sobre algumas poucas disciplinas, árease temas, mas alta controvérsia sobre a maior partedelas.

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Sérgio Luiz Salles Filho

Área Disciplinas e temasBiologia molecular (13)Bioquímica (13)Genética (4)Biotecnologia (2)Melhoramento genético animal e vegetal (2)

Biotecnologia

Manejo de germoplasmaMicroeletrônica e informática (4), manejo da informação (2)Bioestatística (2), estatística (3)Informação de satélites (2)

Informação

Genomics, bioinformática, proteonicsEcofisiologia (4)Biodiversidade (3)Recursos naturais e ambiente (3)Conservação e manejo de solo e água (2), recursos naturais (2)Controle integrado de doenças e pragasAgroecologia

Meio Ambiente

Ciências ambientaisEconomia (17), agribusiness, agronegócio e cadeias produtivasAdministração (6), para pequenas e médias empresasComercialização e marketing (5)Sociologia (4) e extenção rural, ciências humanasMétodos quantitativos/ modelagem de sistemasLegislaçãoTransferência de inovações técnicasGestãoEnfoque sistêmico

Economia e Gestão

Desenvolvimento rural sustentávelEdafologia (2) e solosAgricultura sustentável (2)Produção animal (2)Qualidade de produtos (2) e processosBotânica (2), fitotecniaFisiologia animal e vegetal (2)HortifruticulturaFlorestasSistemas de produçãoCultivosTecnologia de pós-colheitaTecnologias limpas na área fitossanitáriaTecnologia de alimentosZootecniaAgricultura geral, ciências agrárias básicasForrageiras

Técnicas de produção agrícola

Nutrição animalBiologia (4)Ecologia (4)Química (4)Microbiologia (2)GeografiaFísica e química dos solosBiofísica

Disciplinas básicas

Climatologia

Quadro 8. Sistematização das respostas à questão aberta 3

Obs.: os números entre parênteses registram o número de vezes que a disciplina foi mencionada pelos encuestados.Quando não aparece nenhum número significa que a disciplina foi mencionada apenas uma vez.

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Quadro 9. Sistematização das respostas à questão aberta 4

Quadro 10. Sistematização das respostas à questão aberta 5

Disciplinas, temas ou áreasFísica (2)Matemática

Sociologia (3)Economia política (2)Direito, legislação agráriaHistóriaPolíticas agráriasEconomia agrária

Humanas

PsicologiaEcologia

Disciplinas básicas

GeologiaMaquinaria (4)Agrimesura, topografia (2)HidráulicaDesenho técnicoConstruções

Infra-estrutura

SolosExtenção agrícola (2)Terapêutica vegetal (2)Culturas (fruticultura, silvicultura etc) (2)Fisiologia e morfologia animalAdministração ruralSistemática vegetal geral

Disciplinas técnicas

Produção

GenéticaÉ preciso um novo enfoque nos temas tradicionais (7)

OutrasNenhuma

Área Disciplinas ou temasControle integrado de doenças e pragas (2)Biossegurança, proteção de varidades e recursos genéticosAspectos biológicos relacionados ao crescimento de plantas e animaisBioquímica e biologia celular

Biotecnologia

Recursos genéticosMatérias primas alternativasReciclagem de materiaisSistemática de culturas de maior importância estratégicaAgricultura de precisãoSistemas de produçãoEspecializar por região

Tecnologia

Técnicas de manejo que conservem o meio ambienteInformática na agricultura (2)

InformáticaBiostatísticaTecnologia e economia globalizadas (2)Normas de certificaçãoAdministração de empresas rurais, desenvolvimento ruralPesquisas participativas (no lugar de extenção rural)

Administração

MarketingNenhumaEnfoque integradoDividir a carreira em várias especialidades: sociais, econômicas, tecnológicaRelações humanas – sociologiaMelhorar a eficiência da educaçãoAtualizar conteúdos

Outras

Mais trabalhos práticos

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O confronto da análise entre as duas partes daencuesta, ou seja, entre as questões fechadas e asabertas apresenta alguns elementos comuns quepassamos a discutir a seguir.

Primeiramente, cabe uma conclusão sobre osgrandes temas que envolvem as questões atuais daformação do profissional de Ciências Agrárias. Setomarmos as sugestões resumidas no Quadro 6, quesistematiza a questão aberta 1, temos três grandesblocos que merecem ser considerados: o do “manejotécnico”, o da “gestão e administração” e o da“qualificação técnica”. Os dois primeiros apontampara a existência de lacunas e deficiências do manejoe da gerência da produção. Ambos estão em acordocom a tendência mundial de preparar o profissionalpara enfrentar, conjuntamente, condições deprodução e de comercialização assentadas naracionalização de custos, na conservação ambiental,no aprimoramento da qualidade, na diversificaçãoda produção, na gerência eficiente da produção ecomercialização e no uso de tecnologias deinformação que melhor integrem a produção àscadeias produtivas. Esses são delineamentos geraisque norteiam as demais questões referentes àatualização curricular propriamente dita.

A análise das demais questões abertas pode ser feitaagregando-se as sugestões apresentadas para asquestões 2 e 3 (Quadros 7 e 8) e para as questões4 e 5 (Quadros 9 e 10). No primeiro caso temoscinco blocos temáticos que representam assugestões feitas de disciplinas, temas ou áreas quemais contribuem para ampliar a competitividade ecom as quais se deva criar diálogo na formação doprofissional de Ciências Agrárias. São eles:biotecnologia, informação, ambiente, economia egestão e técnicas de produção agrícola.

O exame de cada bloco temático leva às seguintesconclusões:

● Biotecnologia: como era esperado, não restadúvida quanto à importância da ampliação dacapacitação em biologia molecular, o que leva ànecessidade de revisão da base curricular relativaàs disciplinas que dão suporte às técnicas damoderna biotecnologia. Aqui, a revisão dasdisciplinas de bioquímica e a introdução de outrasreferentes à bioinformática, entre outras, éconclusão inescapável. Decorre disto anecessidade de maior articulação com curriculaatualizados de biologia, ciência da computação,química e matemática.

Ainda no bloco “biotecnologia”, ressalte-se assugestões relativas à conservação e ao usosustentável da biodiversidade. A presença destestemas nos curricula é extremamente deficiente,quando não ausente, e a criação de competênciatécnica é requisito fundamental na busca dacompetitividade. Basta dizer que grande parteda atual estratégia de diversificação da baseeconômica da agricultura em todo o mundo estábaseada no desenvolvimento de capacitação ede estratégias de uso sustentado dos recursosgenéticos.

● Informação: aqui ressaltam-se duas grandesáreas: o manejo da informação para a produçãoe a comercialização e incorporação detecnologias de base microeletrônica no processoprodutivo. Na primeira área estão talvez aslacunas mais gritantes na formação doprofissional de Ciências Agrárias na região. Háausência de disciplinas básicas relativas á buscae processamento da informação, tanto relativa aaspectos da produção como da comercialização.Trata-se de um tipo de formação que não requerinvestimentos de monta, dado não haver tecno-logias e equipamentos caros e complexosenvolvidos, mas fundamentalmente capacidadede uso de informação, muitas vezes disponível.9

Saber manejar Internet para a busca, a criaçãoe a disponibilização de informação é um elementobásico na formação de qualquer profissional.

9 Estamos nos referindo ao acesso a informação sobre mercado,situação dos compradores e dos fornecedores, informaçõesclimáticas, previsões de safras, entre outras.

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A segunda área destacada no bloco “informa-ção” é a da capacitação em tecnologias de basemicroeletrônica para a produção agropecuária.Aqui não se trata da formação de profissionaispara lidar com maquinaria e instrumentoseletrônicos complexos. Trata-se sim de formá-los para incorporar certos avanços da eletrônicabastante úteis para uma agricultura maiscompetitiva, como por exemplo aquelesreferentes ao uso de equipamentos maisprecisos para semeadura, adubação, irrigaçãoe racionalização de outras práticas agrícolas,como as operações de preparo do solo(através, por exemplo, da localização porGPS).

● Ambiente: assim como em biotecnologia,também surge a preocupação com recursosnaturais e com a biodiversidade, porém comênfase no manejo sustentável e no conheci-mento dos ecossistemas regionais. Como ma-nejo sustentável enquadram-se os aspectosrelativos à conservação, exploração erecuperação de RRNN.

Os temas, áreas e disciplinas apontadosreferem-se à qualidade ambiental; técnicas demanejo da produção; avaliação de impactosambientais; ecofisiologia; educação ambien-tal; técnicas de recuperação de sistemasnaturais e agroecologia. Neste bloco cruzam-se os demais temas, ou seja, biotecnologia,informação, economia e gestão e técnicas deprodução agrícola. É portanto um ponto deconvergência e que requer forte diálogo com asdemais áreas disciplinares.

● Economia e gestão: neste bloco são várias asdimensões sugeridas pelos encuestados,destacando-se a administração da propriedade;a gestão dos mercados; a organização dosprodutores; e elementos de economia global.Como se pode notar, há lacunas de formaçãonas áreas de economia e administração, cujasdisciplinas, dentro dos curricula tradicionais,estariam bastante defasadas. Ademais danecessidade de disciplinas próprias das

respectivas áreas, há aqui uma forte interaçãocom o bloco da “informação”.

● Técnicas de produção agrícola: neste temaenquadram-se as disciplinas que decorrem emgrande parte dos três primeiros blocos –biotecnologia, informação e ambiente. Assim,destacam-se: novas técnicas de proteçãovegetal; desenvolvimento de novos produtosna agricultura (diversificação da produção);agricultura de precisão; renovação dastécnicas de melhoramento genético; manejoecológico da produção e tecnologia pós-colheita visando qualidade do produto.

Se agora cruzarmos as sugestões das questõesabertas com as das questões fechadas, veremosque há forte relação entre elas. Os dois primeirosquartis apresentados no Quadro 3, que sintetizao resultado da parte dirigida do questionário, sãobastante coerentes com as sugestões apontadasnos blocos de informação, ambiente, economiae gestão. Resta o bloco da “biotecnologia”. Nestecaso, embora nas questões abertas os responden-tes tenham insistido na necessidade de atualizartécnicas de melhoramento por meio dacapacitação em biologia molecular, a mesmapreocupação não apareceu nas questões fechadas,nas quais o tema biotecnologia é priorizadoapenas em sua forma mais agregada. As demaisquestões abertas referentes ao mesmo tema sãoclassificadas em posição de menor prioridade(mediana e terceiro quartil).

Uma possível explicação para isso é o fato de existirforte competência na região em melhoramentogenético de plantas, o que teria levado osrespondentes (boa parte deles técnicos quetrabalham com melhoramento) a desconsiderarema necessidade de sua própria reciclagem quandoargüidos diretamente sobre isto. É hoje inegável queo melhoramento genético passa por uma revoluçãoem suas bases disciplinares. Não se concebe maiso desenvolvimento de variedades sem o uso detécnicas de biologia molecular e sem o conhecimentodo manejo da biodiversidade e isto nem sempre éencarado com a devida atenção por aqueles que se

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formaram no melhoramento tradicional e que, comesta competência, realizaram, durante décadas, umtrabalho de alto impacto produtivo e econômico.

A análise das duas últimas questões abertas sugereum panorama que em boa parte corrobora o quese está afirmando nestas conclusões. As disciplinasconsideradas obsoletas na questão 4 (Quadro 9) eaquelas indicadas como substitutas destas naquestão 5 (Quadro 10) refletem a necessidade de:

● reformatação da formação em ciências humanas,cujas disciplinas ainda se baseiam em conceitosessencialmente “agraristas” que não se ocupamdas transformações produtivas e sócio-econômicas pelas quais vêm passando aagricultura nos últimos 20 anos;

● reorientação da formação técnica pelas seguintesrazões: i) consolidação do novo paradigmacientífico da biologia molecular e das disciplinasque lhe dão suporte, ii) necessidade de atençãoaos aspectos de conservação e uso sustentadodos recursos naturais, e iii) desenvolvimento doselementos relativos à qualidade do produto;

● inclusão de formação voltada para a busca e usoda informação, bem como de sua aplicação nogerenciamento da produção e dos mercados;

● incorporação à produção das tecnologiasbaseadas na microeletrônica;

● ampliação da capacidade gerencial doprofissional.

Mesmo considerando-se o caráter preliminar dopresente estudo, acreditamos que o resultado destainvestigação de prioridades aponta para um bominício de discussão da revisão curricular. Os cincoblocos apresentados representam, sem sombra dedúvida, temas, áreas e disciplinas que devem serobjeto de análise para a atualização da formaçãodo profissional de Ciências Agrárias.

Como uma observação de natureza metodológica,o presente estudo abre caminho para umlevantamento mais detalhado e completo. Este

levantamento se faz necessário dentro da própriaconcepção metodológica aqui apresentada, ou seja,a de que é preciso incluir os diversos atores queintegram os sistemas produtivos e suas cadeias. Ouniverso a ser consultado deve comporrepresentações de todos os nós e ligações das redesde inovação que influenciam os sistemas e as cadeiasprodutivas. Para tanto, uma metodologia relevanteé a de Technological Foresight, na qual será precisoum painel Delphi com, provavelmente, cerca deduas rodadas estruturadas a partir dos resultadosdeste estudo. As controvérsias aqui encontradas sãoa expressão da densa malha de profissionais e deinstituições envolvidas com Ciências Agrárias nospaíses latinoamericanos. Reduzi-las e melhorformulá-las por meio de uma pesquisa deForesight poderá trazer insumos de grandeimportância para a tarefa de reorientação do perfildo profissional de Ciências Agrárias nos paísesdo Cone Sul e nos demais países latino-americanos.

Feita a análise dos resultados da encuesta, restaainda uma consideração final. Como se afirmounos primeiros itens desse estudo, a formaçãoprofissional é parte indissociável do processomais geral de criação de capacitação. Assim, eantes de mais nada, um ponto de partidaimportante da revisão curricular é aquele queassocia formação à estratégia de desenvolvi-mento dentro de um cenário de transição econô-mica e social como o que se vive atualmente. Areorganização produtiva, comercial, do trabalhoe das relações sociais básicas que hoje se desenha,implica o reposicionamento e a clara identificaçãodas competências dos atores, e o profissional deCiências Agrárias não é exceção a esta regra. Falarhoje em ganhos competitivos das cadeias produtivasna agricultura é falar em mecanismos de organizaçãoe de coordenação dessas cadeias (governance).Neste sentido, o ponto de partida que estamos nosreferindo é precisamente aquele que inscreve arevisão curricular não apenas nos avanços técnico-científicos, mas também –e principalmente– nabusca de organização e de coordenação dossistemas produtivos.

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VII. BIBLIOGRAFIA

CALLON, M. (1992) The dynamics of techno-economic networks. In : R. Coombs; P.Saviotti; V. Walsh (eds) Technologicalchange and company strategies. London:Academic Press. pp. 72-102

DOSI, G.; TEECE, D.; WINTER (1990) Lefrontière des entreprises: vers une théoriede la cohérence de la grande entreprise.Revue d’Economie Industrielle, n. 51, 1.Trim

DOSI, G.; MARENGO, L. (1994). Some elementsof an evolutionary theory of organizationalcompetences. In : R. England, Evolutionaryconcepts in contemporary economics. TheUniversity of Michigan, p. 157-178

CANUTO, O. (1992) Mudança técnica econcorrência: um arcabouço evolucio-nista. Texto para discussão (6), IE/UNICAMP

COUTINHO, L.; FERRAZ, J. C. (1994) Estudoda competitividade da indústria brasileira.Editora da UNICAMP/Papirus

JANK, M.; NASSARA, A. (1997) A reconfigu-ração do agribusiness no MERCOSUL eChile. In: IICA, Agricultura noMERCOSUL e Chile. IICA, CentroRegional Sul, , p. 21-28

NELSON, R.; WINTER, S. (1982) Anevolutionary theory of economic change.Cambridge: Harvard University Press

PORTER, M. (1998) A Vantagem competitiva dasnações. In : C. Montgomery & M. Porter(org.) Estratégia - a busca da vantagemcompetitiva. RJ, Editora Campus, p. 145-179

ROSENBERG, N. (1982) Inside the black box:technology and economics. London.Cambridge University Press

ROSENBERG, N. (1990) Why do firms do basicresearch with their own money? ResearchPolicy v.19 n.2 p.165-174

TEECE, D. (1986) Profiting from technologicalinnovation: implications for integration,collaboration, licensing an public policy.Research Policy, v. 15, n. 6, pp. 285-305

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ANEXO

CUESTIONARIO DE ENCUESTA

El Programa Cooperativo para el Desarrollo Tecnológico Agropecuario del Cono Sur (PROCISUR)creado en 1980, constituye un esfuerzo conjunto de los Institutos Nacionales de Tecnología Agropecuaria(INIAs) de Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Paraguay y Uruguay y el Instituto Interamericano deCooperación para la Agricultura (IICA).

En el ámbito del PROCISUR los países dan respuesta a las demandas tecnológicas que consideran másimportantes para incrementar la competitividad del sector agropecuario y agroindustrial de la región,procurando, al mismo tiempo, preservar la salud ambiental de los agroecosistemas y mejorar el cuadrode equidad social.

El PROCISUR está realizando un trabajo sobre necesidades de formación profesional resultantes deldesarrollo presente y futuro del sector agroalimentario y agroindustrial en la región del Cono Sur, en elmarco de una consultoría a cargo del Grupo de Trabajo sobre Organización de la Investigación y de laInnovación, del Departamento de Política Científica y Tecnológica de la Universidad de Campinas, Brasil.

Usted está siendo invitado a participar de este trabajo, emitiendo su opinión sobre las necesidades deactualización de los curricula de ciencias agrarias. No se pretende, en esta etapa del trabajo, detallar laestructura curricular pero sí obtener una indicación de disciplinas, temas y áreas que, en su opinión, sonfundamentales para ampliar la eficiencia, la efectividad y la eficacia de la formación profesional orientadaa la creación de competencias para la innovación tecnológica y la competitividad sistémica de las cadenasagroindustriales de los países de la región, tomando cuidado de los recursos naturales y del medio ambiente.

En las páginas siguientes usted encontrará un cuestionario organizado en dos secciones. En la primera sepresentan disciplinas, temas o áreas de avanzada que fueron obtenidas por medio de una comparaciónentre las estructuras curriculares de ciencias agrarias de universidades correspondientes a los países delCono Sur, con programas académicos de universidades de Australia, Estados Unidos y Francia.

Sobre esta lista, solicitamos que usted complete el cuadro respectivo, indicando las prioridades en términosde: a) grado de importancia de la disciplina, tema o área para la ampliación de la competitividad de lascadenas agroindustriales y el fortalecimiento de la base agroecológica de su país y b) grado de urgenciade implantación en los curricula de ciencias agrarias, o sea, si es de corto, mediano o largo plazo.1

1 Corto plazo: hasta 2 años; mediano plazo: entre 2 y 5 años; largo plazo: entre 5 y 8 años.

Programa Cooperativo para el Desarrollo Tecnológico Agroalimentario y Agroindustrial del Cono Sur

Argentina,Brasil, ChileParaguay, Uruguay

BoliviaInstituto Interamericanode Cooperación parala Agricultura

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Sérgio Luiz Salles Filho

Este listado tiene también el objetivo de provocar su reacción para que incluya disciplinas,temas o áreas que juzgue importantes y que no están señaladas en el cuadro. Para esoutilice el espacio dejado en blanco al final del cuadro.

La segunda sección presenta preguntas abiertas para que usted exprese su opinión sobrelas relaciones entre formación, capacitación, innovación y competitividad agropecuaria yagroindustrial, asociado a la eficiencia ambiental. Al final, se pide que usted complete unpequeño registro con algunos datos personales, incluyendo su inserción profesional.

Una vez completadas las dos secciones, agradeceremos que remita esta información a:

Sergio Salles FilhoGrupo de Estudios sobre Organización de la Investigación y de la InnovaciónDepartamento de Política Científica y TecnológicaUNICAMP CP 615213083-970 Campinas, SP, BrasilE-mail: [email protected]

[email protected]

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Formação profissional em

ciência agrárias - Agenda curricular no

marco dos processos de integração, com

petitividade e inovaçãoSérgio L

uiz Salles Filho

Grado de importancia Grado de urgenciaDisciplinas, temas o áreas

bajo mediano alto bajo mediano altoNuevas técnicas en protección de plantas

Cultivos protegidos (off-soil plant production)

Desarrollo rural agrícola y no agrícola

Sustentabilidad técnica de la producción (técnicas de producciónsustentable)

Fundamentos de biología molecular

Biología molecular aplicada al mejoramiento animal

Biología molecular aplicada al mejoramiento vegetal

Biotecnología y agricultura

Conocimiento y manejo de la biodiversidad

Recuperación de áreas degradadas

Manejo de residuos agrícolas y agroindustriales

Manejo de recursos naturales

Educación ambiental

Elementos de economía global

Alimentación y política alimentaria (world food issues)

SECCION 1 - DISCIPLINAS , TEMAS O ÁREAS QUE DEBERÍAN CONSTAR O SER AMPLIADAS EN LOS CURRÍCULA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

CONTINÚA

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Formação profissional em

ciência agrárias - Agenda curricular no

marco dos processos de integração, com

petitividade e inovaçãoSérgio L

uiz Salles Filho

Grado de importancia Grado de urgenciaDisciplinas, temas o áreas

bajo mediano alto bajo mediano altoAdministración de la calidad

Emprender y administrar pequeñas y medianas empresas agrícolas yagroindustriales

Dinámica técnica-económica de la innovación tecnológica

Geografía agraria global y regional

Escenarios económicos y productivos de la agricultura en los MercadosComunes

Información geográfica y su uso

Manejo de la información (Intranet e Internet)

Administración informatizada de la producción

Microelectrónica aplicada a la agricultura

Comercialización y marketing de productos agrícolas yagroindustrializados

CONTINÚA

CONTINUACIÓN

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Formação profissional em

ciência agrárias - Agenda curricular no

marco dos processos de integração, com

petitividade e inovaçãoSérgio L

uiz Salles Filho

Grado de importancia Grado de urgenciaDisciplinas, temas o áreas

bajo mediano alto bajo mediano alto

CONTINUACIÓN

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Sérgio Luiz Salles Filho

Sección 2 – PREGUNTAS ABIERTAS

1- A partir de un enfoque técnico, de formación profesional, indique hasta cinco puntosprincipales de estrangulamiento para el éxito de la competitividad agropecuaria yagroindustrial en la región, y el cuidado de la salud ambiental.

2- En su opinión, entre las nuevas áreas de conocimiento ¿cuáles son las que más puedencontribuir para ampliar la competitividad del sector agropecuario y agroindustrial en laregión y el fortalecimiento de la base agroecológica?

3- ¿Cuáles son, en su opinión, las principales áreas académicas con las cuales se debecrear la base para una buena formación del profesional de ciencias agrarias (ej.bioquímica, biología molecular, economía, etc.)?

4- Por otro lado, ¿cuáles son las disciplinas, temas o áreas presentes en los curricula deciencias agrarias que pueden ser consideradas obsoletas?

5- Respecto a la pregunta anterior ¿qué disciplinas, temas o áreas deberían sustituir aquellasque usted considera obsoletas?

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SOBRE EL ENCUESTADO

Nombre:

Edad:

Institución en la cual trabaja:

Tiempo durante el que ha trabajado en esa institución:

Cargo o función:

e-mail:

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Esta publicación del PROCISUR fue editadaúnicamente en formato electrónico.

Corrección: Laura Siqueira y Marcos Montaño

Diagramación y armado: Cristina Díaz

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