Stephan Doitschinoff

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CULTURA

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Abril 2010 - Revista Ragga

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CULTURA

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ArtistA plástico punk

zen budistapor Bruno Mateus fotos carlos Hauck

stephan Doitschinoff,

também conhecido como “calma”, lança livro e documentário

sobre sua arte que incita a reflexão acerca

dos caminhos da religião

seus desenhos e contornos mais antigos ganharam vida quando ele tinha 4 anos. aos 11, começou a estudar história em qua drinhos. Filho de pastor da igreja evangélica ação bíblica do brasil, da qual a mãe era umas das diretoras, stephan doitschinoff foi obrigado a frequentar os cultos até os 14. “nessa época, eu brincava de fazer história em quadrinhos. Quando não era mais obrigado a ir a igreja, passei a andar mais na rua, andar de skate, me envolver com o movimento punk da região sul de são paulo. Eu tinha uma banda punk e comecei a usar minha arte em torno dela e de outras também, fazendo capas de disco, camisetas, pôsteres”, conta o artista plástico.

stephan também é conhecido como “Calma”, apelido que ganhou nas ruas de são paulo. abreviação de “com alma” em latim, ‘Calma’ é também o nome do livro sobre sua carreira, publicado em novembro de 2008, pela Gestalten. O artista plástico esteve em belo Horizonte, no mês passado, para lançar – antes já havia divulgado em nova York, Los angeles, são paulo e porto alegre – o livro e o documentário ‘temporal’, sobre a intervenção que fez em Lençóis, na bahia,

quando passou dois anos na cidade pintando casas de moradores, igrejas e túmulos.

“desde 2002 a Gestalten publica meu trabalho, já saí em 12 livros deles, sempre de coletâneas. ‘Calma’ é uma monografia, conta minha história. O livro tem três partes: a primeira de telas, desenhos e instalações em museus e galerias, depois o projeto na bahia.” a terceira parte conta com cinco contos escritos por stephan, que refuta a ideia de trilhar caminho pela literatura: “sou fã de livro, do livro como objeto, sempre gostei de ler. Já escrevia passagens, experiências da minha vida, mas nunca tinha tido um convite para publicar. agradeço a oportunidade, mas não me considero escritor, é só um relato do que aconteceu”.

O curta ‘temporal’, de 13 minutos, mostra a experiência do artista em Lençóis. “uma equipe me acompanhou pintando a igreja, casas, túmulos. tem entrevistas também. Essa produção é focada na minha passagem por Lençóis, já o livro é mais amplo, conta um pouco da história da minha vida, vai bem mais a fundo no meu trabalho.”

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transpor o sagrado e o profano e temas religiosos para sua criação é assunto de grande interesse para stephan. Ele diz que a religião é, para a maioria das pessoas, um assunto ultrapassado, até pelo ritmo e estilo de vida que temos hoje, mas considera essa uma visão superficial. “se você pensar, todas as leis que governam sociedades do Ocidente são baseadas na bíblia. Muda-se a lei de cada país conquistado, baseando-se na fé do conquistador. acho [a religião] um tema importante de ser analisado com um olhar cético, porque influencia nossa vida e, muitas vezes, se não analisarmos, não conseguimos entender como aquilo pode influenciar nossa maneira de interagir com outras pessoas e conosco mesmo.”

depois de fazer uma exposição no Masp que durou três meses e terminou em fevereiro deste ano, na qual pela primeira vez conseguiu montar uma instalação grande – “bem grande, dá para a pessoa entrar” –, stephan já trabalha em uma nova exposição, a partir de 8 de abril, na galeria Choque Cultural, em são paulo. O artista também terá uma escultura de cerâmica exposta por um ano no parque do ibirapuera, sua primeira obra pública. Em julho, montará uma exposição no Museu de arte Contemporânea de san diego (MCa), nos Estados unidos. para stephan, 2010 é um ano de novidades: “agora é um grande período de transição, uma nova fase pra mim como artista. Vou para san diego montar uma instalação de tamanho grande, estou tentando pensar nas obras com as quais as pessoas conseguem interagir.”

olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho olho

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E a música, que outrora foi um fator determinante na sua carreira, agora é vista como diversão. “Escuto muito, muitos dos meus amigos são músicos, vou aos shows, mas não tenho muita vontade de fazer trabalho comercial. não é nem vontade, estou me dedicando tanto à pintura, demoro tanto a fazer um trabalho, que nem tenho tempo de focar em outros projetos. É mais a minha trilha sonora”, admite, enquanto desenha em uma cartolina branca ao som de the Clash.

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