SUB-BACIAS HIDROGR.FICAS DO ALTO JAGUARIBE Tau.-CE · 2016-04-19 · ii ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO PINHEIRO SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): VULNERABILIDADES ANTE A INCIDÊNCIA DE DEGRADAÇÃO / DESERTIFICAÇÃO FORTALEZA 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO PINHEIRO

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): VULNERABILIDADES ANTE A INCIDÊNCIA DE DEGRADAÇÃO /

DESERTIFICAÇÃO

FORTALEZA

2003

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ROSÂNGELA MARIA PAIXÃO PINHEIRO

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ceará como parte das exigências do Programa Regional em Desenvolvimento e Meio Ambiente, ao Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, área de concentração em Ecologia e Organização do Espaço, linha de pesquisa Análise da Paisagem, como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Mestre.

Orientadora

Profª Drª Vládia Pinto Vidal de Oliveira

Fortaleza 2003

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P722 m PINHEIRO, Rosângela Maria Paixão

Sub-bacias Hidrográficas do Alto Jaguaribe Tauá-CE: vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação / Rosângela Maria Paixão Pinheiro. -- Fortaleza, 2003. 193 f.: il.

Orientadora: Vládia Pinto Vidal de Oliveira – Drª Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio) - Universidade Federal do Ceará. Bibliografia.

1. Análise da Paisagem. 2. Análise Morfométrica. 3. Bacias Hidrográficas – Semi-árido. I. Universidade Federal do Ceará. II. Título.

CDD-363.739

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Rosângela Maria Paixão Pinheiro

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ALTO JAGUARIBE (TAUÁ-CE): vulnerabilidades ante a incidência de degradação / desertificação

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Ceará como parte das exigências do Programa Regional em Desenvolvimento e Meio Ambiente, ao Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, área de concentração em Ecologia e Organização do Espaço, linha de pesquisa Análise da Paisagem, como um dos pré-requisitos para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em 02 de julho de 2003

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Profª Drª Vládia Pinto Vidal de Oliveira UFC

Orientadora

_____________________________________________________ Prof. Dr.Antonio Jeovah de Andrade Meireles UFC

_________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos José Nogueira de Souza UECE

Fortaleza Ceará-Brasil

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O trabalho de dissertação é apenas um dos caminhos na estrada do conhecimento científico-

tecnológico. Nesta estrada o pesquisador busca seus objetivos em leituras, palestras, conferências e

jornadas de campo, dedica-se na utópica caminhada para o desenvolvimento sustentável. Muitas

percepções e sentimentos rodeiam-lhe até alcançar proposições (como estes!).

Rosângela Paixão

A Estrada

Você não sabe o

Quanto eu caminhei

Pra chegar até aqui

Percorri milhas e

Milhas antes de dormir

Eu não cochilei

Os mais belos montes escalei

Nas noites escuras

De frio chorei

A vida ensina e

O tempo traz o tom

Pra nascer uma canção

Com a fé do dia-a-dia

Encontrar solução (..)

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À minha família.

Em especial à minha avó Otília que sempre me deu lições de vida

como as primeiras noções para viver em harmonia com a natureza através do

plantio e cuidados com as plantas no quintal de sua casa.

Aos meus pais, Julia Elena e José Mário pelo amor incondicional que

sempre me têm dedicado, colocando-se como verdadeiros anjos durante

minha trajetória pela vida e, mais uma vez, durante essa caminhada de buscar

ampliação de meus conhecimentos científicos.

Às minhas irmãs e irmãos que em várias circunstâncias me têm dado

muito incentivo e apoio. Destaco com muito carinho a irmã e amiga

Conceição, nos momentos de desabafo e apoio emocional.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por permitir-me chegar até aqui.

À Professora doutora Vládia Pinto Vidal de Oliveira, pela atenção, apoio constante

e inegável capacidade para orientar. A segurança de sua amizade nos momentos de dúvida

e incerteza, o reconhecimento nas situações de avanço e conquista fizeram com que este

esforço tivesse um resultado produtivo.

Aos professores doutores Marcos José Nogueira de Souza e Antonio Jeovah de

Andrade Meireles, pelas contribuições como participantes da banca examinadora.

À Universidade Federal do Ceará (UFC) através de todos os professores da rede

PRODEMA em Fortaleza os quais de alguma forma contribuíram para meu

amadurecimento profissional nas discussões dos questionamentos e reflexões, que

culminaram com o desenvolvimento deste trabalho, como também aos servidores dos seus

Departamentos de Geografia e Economia Agrícola.

Às instituições e pessoas que contribuíram para elaboração deste trabalho. Ao

CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pelo

financiamento da pesquisa. Ao Programa WAVES, que contribui para o desenvolvimento

desta pesquisa, especificamente à equipe Ecologia da Paisagem, que disponibilizou infra-

estrutura para deslocamento nos trabalhos de campo e documentação cartográfica.

Ao Sr.Vicente Fialho, pela boa vontade, em nos hospedar.

Aos professores e funcionários da Escola Agrícola de Tauá, na localidade de

Cachoeirinha, pelo apoio e indicações valiosas para o desenvolvimento de trabalhos em

campo.

À Prefeitura Municipal de Tauá, pelo apoio durante a coleta de informações em

campo.

A amigos da minha cidade natal, São Luís-MA que me incentivaram com apoio

solidário. Entre eles, estão Antonilson Mendes, Wilson Tinoco, Márcio Brito, Messias

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Ribeiro, Luiz Carlos dos Santos, Rosalva Reis e Adelina Alves. Aos amigos e mestres

Conceição Marques de Oliveira, Lucy Rosana da Silva e Alan de Castro Leite que me

mostraram perspectivas para buscar experiências e amadurecimento profissional através do

programa de mestrado.

Aos colegas do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFC, pelo

convívio e trocas de experiências. Em especial a Raimundo Lenilde, Ana Maria Gonçalves,

Eliedir Trigueiro, Evanildo Cardoso e Gilvaniere Batista.

Aos amigos Jackson Gonçalves, Gustavo Gomide, Denilson, e Gilvaniere Batista

pelo apoio incondicional nos momentos difíceis, colocando-se como verdadeiros irmãos

em Fortaleza.

A “Vida”, pelo companheirismo e carinhos dedicados mesmo à distância. Também

pela disponibilidade em formatar figuras e quadros deste trabalho.

Por fim, com a mesma importância, agradeço a todas as pessoas que contribuíram

anonimamente para a realização deste trabalho.

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LISTA DE FIGURAS

01 Fluxograma Metodológico ....................................................................

52

02 Localização do Município .....................................................................

55

03 Microbacias em Estudo no Município de Tauá ..................................

57

04 Mapa Geológico do Município de Tauá ..............................................

60

05 Dobramentos Suaves no Riacho Cipó ..................................................

62

06 Rede de Drenagem do Município de Tauá ..........................................

69

07 Perfil Longitudinal do Rio Jaguaribe (Tauá /CE) ...............................

71

08 Mapa das PrincipaisAssociações de Solos (Tauá / CE) ......................

84

0 9 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Cipó ..............

90

10 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras

92

11 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Trici ...............

94

12 Mapa da Cobertura Vegetal – Sub-bacia do Riacho Catumbi .........

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LISTA DE QUADROS

01 Síntese Litoestatigráfica das Sub-bacias Hidrográficas ................

63

02 Temperaturas Médias Anuais ............................................................

73

03 Insolação, Evaporação, Umidade do Ar e Pluviometria – Tauá/CE

76

04 Principais Associações de Solos nas Sub-bacias Hidrográficas ...

81

05 Principais Espécies da Cobertura Vegetal – Tauá/CE ....................

87

06 População Absoluta nas Áreas de Abrangências das Sub-bacias Hidrográficas ...................................................................................................

100

07 Distribuição da População nas Áreas Rural e Urbana – Tauá/CE

101

08 Efetivo de Rebanhos – Tauá/CE .......................................................

103

09 Principais Produtos Agrícolas - Tauá/CE .......................................

105

10 Evolução do Extrativismo Vegetal - Tauá/CE ................................

108

11 Dados Lineares ..................................................................................

111

12 Dados Areal ........................................................................................

112

13 Índices de Forma ...............................................................................

114

14 Extensão do Percurso Superficial ...................................................

117

15 Relação do Escoamento superficial-infiltração ..............................

119

16 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Cipó ................................................................................................................

129 17 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ..................................................................................................

132

18 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Trici .................................................................................................................

138

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19 Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacia do Riacho Catumbi ...........................................................................................................

142 20 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Cipó ...................

145

21 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ....

147

22 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Trici ...................

150

23 Matriz de Vulnerabilidades – Sub-bacia do Riacho Catumbi ............

152

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LISTA DE GRÁFICOS

01 Médias das Temperaturas ºC – Tauá/CE ................................................. 74

02 Curso Anual da Temperatura ºC – Tauá/CE ......................................... 75

03 Insolação Total - Tauá/CE ...................................................................... 77

04 Evaporação (%) - Tauá/CE .................................................................... 77

05 Umidade Relativa do Ar - Tauá/CE ...................................................... 78

06 Médias Pluviométricas Anuais - Tauá/CE ........................................... 79

07 Distribuição Absoluta (% por Distritos) - Tauá/CE ............................ 101

08 Efetivo Percentual de Rebanhos - Tauá/CE .......................................... 104

09 Produtos Agrícolas de Maior Produção - Tauá/CE .............................. 106

10 Importância Agrícola por Área Ocupada - Tauá/CE ........................... 107

11 Variação da Extração Vegetal - Tauá/CE ............................................... 109

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ANEXOS

ANEXO A Mapa Geomorfológico - Tauá/CE ................................................ 169

ANEXO B Documentação Fotográfica ........................................................... 170

1 Aspectos gerais do canal no Riacho Cipó ...................................................... 171

2 Aspectos gerais do canal no Riacho Carrapateiras ........................... ............... 171

3 Vista da fisionomia aberta da caatinga – Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ................................................................................................................................

172

4 Aspectos da vegetação com cactáceas – Facheiro - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ...................................................................................................................................

173

5 Aspectos da associação vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras .................................................................................

175

6 Aspectos de alterações na cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras ......................................................

175

7 Vista 01 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-obacias dos Riachos Trici e Catumbi .........................................................................................

176

8 Vista 02 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi ..........................................................................................

177

9 Vista 03 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi ..........................................................................................

178

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APÊNDICES

A Mapa de Compartimentação do Relevo – Tauá/CE .................................. 180

B Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Cipó ......................................................

182

C Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Carrapateiras ......................................

184

D Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Trici ......................................................

186

E Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Catumbi ................................................

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RESUMO

Desde os primórdios da civilização elementos naturais em bacias hidrográficas – água, solo, vegetação, entre outros – são utilizados em práticas humanas, suprindo suas necessidades. Entre estes, a água é um recurso tão importante, que sua escassez, pode influenciar o desenvolvimento de uma região e refletir-se em problemas sócio-econômicos, problemática presente na Região Semi-árida do Brasil. A área do presente estudo, alto vale da bacia hidrográfica do Jaguaribe, convive sazonalmente com a indisponibilidade de água - decorrente dos baixos índices anuais de pluviometria (650 a 550 mm/a), e elevados índices de temperatura (250C a 280C) e evaporação (119 a 307 mm), que levam a déficits hídrico. Caracteriza-se também pela potencialidade limitada de outros recursos naturais, entre eles – solos rasos (Nessolos Líticos, Luvissolos e Neossolos Flúvios) e formação vegetal complexa aberta (caatinga), que em períodos de seca são intensificadas. Ficando então, a população condicionada ao quadro de pobreza sócio-econômica e de vulnerabilidade ambiental, refletidos em suscetibilidade à desertificação. Neste contexto, o presente trabalho objetiva desenvolver análise geoambiental em sub-bacias hidrográficas no município de Tauá – CE; caracterizando e classificando-as diante das condições hidrodinâmicas, expressando cenários de vulnerabilidades, a fim de subsidiar a busca da sustentabilidade dos seus recursos naturais. A metodologia correspondeu a integração da análise quantitativa sobre a rede de drenagem, com abordagem qualitativa em perspectiva sistêmicas sobre as componentes físico-ambientais e sócio-econômicas. Foram aplicados parâmetros e concepções baseadas em HORTON (1945), STRAHLER (1952), entre outros citados por CHRISTOFOLETTI (1980); BERTALANFY (1932), BERTRAND (1972); bases cartográficas da SUDENE/ASMIC (1967), SUDENE (1973) e WAVES (2001). Nos resultados obtidos quanto as características hidrodinâmicas, as sub-bacias dos riachos Carrapateiras e Catumbi apresentaram hierarquias mais complexas (4a ordem), que as sub-bacias Cipó e Trici (3a ordem). As análises dos índices morfométricos potencializaram a caracterização das sub-bacias, quanto a maior ou menor pré-disposição aos processos erosivos e outras dinâmicas hidrológicas. Assim os parâmetros de índice de forma (Ff, Kc e “C”), levaram a autora a classificar, todas as sub-bacias com forma irregular; favorecendo o tempo adequado para formação do deflúvio. Dinâmica refletida também pelos índices “Cmc” e “Eps” – comprimento médio dos canais e escoamento superficial. O primeiro evidenciou em quase todas as sub-bacias, exceto Catumbi, a busca ao ajuste apropriado dos canais; através do qual, o comprimento médio maior está para os canis de 1a ordem, com redução do percurso médio para as ordens superiores. No segundo índice, as sub-bacias Catumbi e Cipó - 0,86 km e 0,81 km respectivamente – apresentaram indicativos mais acentuados aos processos erosivos, que as sub-bacias Carrapateiras e Trici, com 0,78 km e 0,76 km, respectivamente.Nas densidades de rios e de drenagem – “Dr” e “Dd” – os resultados para Cipó, Carrapateiras, Trici e Catumbi, em cada índice respectivamente foram: 0,1 c/km, 0,08 c/km, 0,14 c/km, 0,21 c/km e 0,61km/km2, 0,64 km/km2, 0,65 km/km2, 0,58 km/km2; indicando baixa freqüência de canais e baixo padrão de drenagem por área padrão, representando equilíbrio entre o escoamento superficial – infiltração. Dinâmica também analisada no conjunto declividade média e coeficiente de rugosidade -“D” e “Rg” – que nas sub-bacias Carrapateiras e Trici expressaram melhor equilíbrio, através dos resultados – 8,09%, 5,10% e 5,17; 3,31 para cada índice respectivamente; em relação as sub-bacias Catumbi e Cipó, respectivamente com, 3,96%, 4,20% e 2,29; 2,56. A análise sócio-ambiental evidenciou relações desarmônicas, estabelecidas nas áreas de abrangência das sub-bacias hidrográficas, pela estrutura econômica e modo de uso e ocupação do solo, ao longo de aproximadamente cinco (5) séculos de exploração dos recursos naturais. Na compartimentação das sub-bacias hidrográficas em unidades e sub-unidades geoambientais, resultou em destaque, quanto a menor e maior variação geoambiental respectivamente, para as sub-

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bacias Cipó (3 unidades e 5 sub-unidades) e Carrapateiras (5 unidades e 18 sub-unidades), e que também realçam as vulnerabilidades naturais mais acentuadas. Enquanto as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi (ambas com 4 unidades e 12 sub-unidades), destacaram-se pelas condições de maior interação e preservação das componentes físico-ambientais, refletindo em vulnerabilidades naturais menos intensas. Em quase todas as sub-bacias identificou-se a ocupação relativa pela unidade Z3 – áreas parcialmente dissecadas, exceto no riacho Catumbi, que está ocupada relativamente pela unidade Z2 – áreas aplainadas a pouco dissecadas. Evidenciando que ao longo do tempo geológico-geomorfológico, as sub-bacias são alvos de intensos processos de desnudação. As análises realizadas levaram a autora, a classificação das sub-bacias hidrográficas nas seguintes categorias: alta vulnerabilidade ambiental para Cipó; Média/alta vulnerabilidade ambiental em Carrapateiras; Média/média vulnerabilidade ambiental para Trici, e Média/baixa vulnerabilidade ambiental em Catumbi. Em face do exposto, conclui-se que as condições ambientais nas sub-bacias hidrográficas refletem um conjunto de fenômenos com forte antagonismo, entre o equilíbrio hidrodinâmico e físico-ambiental para a Região Semi-árida, com as dinâmicas sócio-econômicas de exploração dos recursos naturais. Revelando-se em intensas alterações ambientais negativas, decorrendo em fenômenos que aguçam as vulnerabilidades ambientais naturais, e que estão associados à degradação / desertificação nas sub-bacias hidrográficas no alto Jaguaribe no município de Tauá-CE.

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ABSTRACT

Since the origins of civilization, natural elements of river basins – water, soil, vegetation, among others – are used in human activities to meet man’s needs. Among them, water is such an important resource that its shortage can influence the development of a region and can cause socioeconomic problems, a problem existing in the semi-arid area of Brazil. The area of the present study – a high valley of Jaguaribe river basin – has a seasonal water unavailability caused by the low annual rainfall rates (550– 650 mm/year), high temperatures (25oC to 28oC) great evaporation rates (119 to 307 mm), which produce a water deficit. This area is also characterized by a the limited potential of other natural resources, among them - shallow soils (Lithic Nessolos, Luvissolos and Neossolos Flúvios) and complex open vegetable formation open (caatinga), which in drought periods are intensified. As a result, the population is subjected to the situation of socioeconomic poverty and environmental vulnerability, producing a susceptibility to desertification. In this context, the present work aims to develop a geoenvironmental analysis in sub river basins in Tauá Town, Ceará State, Brazil by characterizing and classifying those basins according to hydrodynamic conditions, expressing vulnerability scenarios in order to enable the sustainability of its natural resources. The methodology consisted of integrating the quantitative analysis of the drainage net with the qualitative approach in systemic perspective about the physical-environmental and socioeconomic components. We applied parameters and concepts based on HORTON (1945), STRAHLER (1952, among others mentioned by CHRISTOFOLETTI (1980); BERTALANFY (1932), BERTRAND (1972); cartographic bases of SUDENE/ASMIC (1967), SUDENE (1973) and WAVES (2001). In the results obtained concerning the hydrodynamic characteristics, the sub-basins of the brooks Carrapateiras and Catumbi presented more complex hierarchies (4th order), than the sub-basins of the brooks Cipó and Trici (3rd order). The analyses of the morphometric indexes enhances the characterization of the sub-basins in relation to the larger or smaller predisposition to erosion processes and other hydrological dynamics. Therefore, the parameters of shape index (Ff, Kc and “C”), made the author classify all the sub-basins with an irregular shape, favoring the proper time for formation of runoff. This dynamics was also expressed by the “Cmc” and “Eps” indexes – average length of canals and runoff. The first one evidenced in almost all the sub-basins, except for Catumbi, the search for the proper adjustment of the canals, through which the largest average length is to the canals of 1st order, with reduction of the average course for highest orders. In the second index, the sub-basins of Catumbi and Cipó – 0.86 km and 0.81 km respectively – presented indicators more pronounced to the erosion processes than the sub-basins of Carrapateiras and Trici, with 0.78 km and 0.76 km, respectively. In the river and drainage densities – “Dr” “Dd” – the results for Cipó, Carrapateiras, Trici and Catumbi brooks, for each index, respectively, were: 0.1 c/km, 0.08 c/km, 0.14 c/km, 0.21 c/km and 0.61km/km2, 0.64 km/km2, 0.65 km/km2, 0.58 km/km2; indicating low frequency of canals and the low pattern of drainage per pattern area, representing a balance between runoff and infiltration. This dynamics was also analyzed in the set composed of average slope roughness coefficient – “D” “Rg” – which in the sub-basins of Carrapateiras and Trici expressed a better balance by the results – 8.09%, 5.10% and 5.17%; 3.31 for each index respectively; concerning the sub-basins of Catumbi and Cipó, respectively, with, 3.96%, 4.20% and 2.29%; 2.56%. The socio-environmental analysis evidenced unharmonious relationships, established in the areas covered by the sub river basins because of the economic structure and through soil use during approximately five (5) centuries of exploitation of natural resources. In the division of the river sub basins in geoenvironmental units and sub-units, there was a predominance, with relation to the smallest and largest geoenvironmental variation,

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respectively, of the sub-basins of Cipó brook (3 units and 5 sub-units) and Carrapateiras (5 units and 18 sub-units), and that also emphasize the more pronounced natural vulnerabilities. While the sub-basins of the brooks Trici and Catumbi (both with 4 units and 12 sub-units) stood out through the conditions of greater interaction and preservation of the physical-environmental components, resulting in lower natural vulnerabilities. In almost all of the sub-basins, we identified the relative occupation by the unit Z3 - areas partially dissected, except for the brook Catumbi, which is relatively occupied by the unit Z2 - flat to dissected areas. Evidencing that, as the geological- geomorphological time goes by, the sub-basins go through intense denudation process. The analyses conducted allowed the author to classify the river sub-basins into the following categories: high environmental vulnerability for Cipó brook; medium to high environmental vulnerability for Carrapateiras brook; medium environmental vulnerability for Trici brook, and medium to low environmental vulnerability for Catumbi brook. Therefore, we conclude that the environmental conditions in the river sub-basins express a group of phenomena with strong antagonism, between the hydrodynamic and physical-environmental balance for the semi-arid area, with the socioeconomic dynamics of the exploitation of natural resources. They are revealed through strong negative environmental changes, resulting in phenomena that stimulate the natural environmental vulnerabilities, and that are related to the degradation/desertification in the river sub-basins in the high Jaguaribe river in Tauá town, CE.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. x

LISTA DE QUADROS .............................................................................................. xi

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................ xiii

LISTA DE ANEXOS ............................................................................................... xiv

LISTA DE APÊNDICES .......................................................................................... xv

RESUMO .................................................................................................................. xvi

ABSTRACT ............................................................................................................... xvii

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 18

2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 23

3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS .................................. 38

3.1 Fundamentação Teórico Metodológica .......................................................... 38

3.2 Procedimentos Técnicos e Metodológicos ........................................................ 42

4 CONTEXTUALIZACAO GEOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO ALTO JAGUARIBE ............................................................................................... 53

4.1 Localização no Sistema Geográfico ................................................................. 53

4.2 Caracterização Físico-ambiental ....................................................................... 58

4.2.1 Aspectos geológicos .......................................................................................... 58

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4.2.2 Aspectos geomorfológicos ................................................................................ 63

4.2.3 Aspectos hidrográficos ...................................................................................... 65

4.2.4 Aspectos climáticos .......................................................................................... 72

4.2.5 Aspectos pedológicos ....................................................................................... 79

4.2.6 Aspectos da vegetação natural ......................................................................... 85

4.3 O Contexto Socioeconômico .............................................................................. 97

4.3.1 Ocupação populacional e a prática agropecuária ............................................... 97

4.3.2 Aspectos demográfico e econômico atual ......................................................... 99

4.3.2.1 Aspectos demográficos .................................................................................. 100

4.3.2.2 Aspectos econômicos ............................................................................. ........ 102

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 110

5.1 Análise Geoambiental em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do Rio

Jaguaribe ..................................................................................................................

110

5.1.1 Características hidrológicas e processos dinâmicos .......................................... 110

5.1.1.1 hierarquização fluvial .................................................................................... 111

5.1.1.2 análises de forma ........................................................................................ 113

5.1.1.3 dinâmica do escoamento superficial ........................................................... 116

5.1.1.4 relação escoamento superficial –infiltração ................................................ 118

5.1.2 Evolução e dinâmica socioambiental . ............................................................. 122

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5.1.3 Compartimentação geoambiental .................................................................... 126

5.1.3.1 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Cipó ................... 126

5.1.3.2 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho

Carrapateiras...............................................................................................................

130

5.1.3.3 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Trici ................. 135

5.1.3.4 Compartimentação geoambiental da sub-bacia do riacho Catumbi ........... 139

5.2 – Vulnerabilidades Ambientais em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do

Rio Jaguaribe .....................................................................................................

143

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 154

7 – CONCLUSÕES ................................................................................................ 158

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 160

ANEXOS ................................................................................................................ 168

APÊNDICES .......................................................................................................... 179

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1 INTRODUÇÃO

Como importante elemento natural, a água é estudada em diferentes perspectivas

científicas e tecnológicas. Sua movimentação no ciclo hidrológico, quantificação de

balanços e fluxos é área de atuação da Hidrologia.

Na Ciência Geográfica, especificamente na Geomorfologia, a água é estudada como

agente modelador da superfície terrestre. Essa atuação é proveniente de fluxos canalizados

em fundos de vales como escoamentos superficiais em bacia de drenagem.

Em discussão sobre a importância da água, PINTO (1995) assinala que esse papel é

facilmente compreensível quando relacionado à vida humana. Mas lembra que através dos

efeitos catastróficos de grandes cheias e estiagens, constata-se o inadequado domínio do

homem sobre as leis naturais que regem os fenômenos hidrológicos.

Neste contexto, outros campos científicos como a Engenharia Agronômica e a

Engenharia Civil concentraram estudos, visando a obter maior aproveitamento da água em

benefício das atividades agropecuárias e em obras hidráulicas, respectivamente.

Vem dos primórdios da civilização o emprego da água entre as práticas humanas,

inicialmente no cultivo de plantas e na criação de animais, até chegar aos usos múltiplos em

quase todas as atividades. Este é seu caráter como recurso natural.

Como recurso, a água é tão importante que sua escassez, por fenômenos naturais ou

induzidos por ações antrópicas, pode influenciar o desenvolvimento de uma região e

evidenciar problemas socioeconômicos. Regiões como o Semi-Árido do Brasil buscam

enfrentar a situação, através do confinamento da água em reservatórios, com barramentos e

açudagem. Mas, ainda assim, apresentando sérios problemas na disponibilidade de água,

condicionam entraves ao desenvolvimento socioeconômico.

Avanços tecnológicos e complexidade das atividades socioeconômicas exigem usos

crescentes de volumes de água: como matéria-prima na geração de energia, compondo

etapas de processos industriais; irrigação de lavouras comerciais; dessendentação de

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grandes rebanhos; emprego na aqüicultura e em usos essenciais, como consumo humano e

atividades de lazer.

Concomitante ao avanço tecnológico, percebe-se também grande incremento no

ritmo e nas dinâmicas de uso da água, bem como dos demais recursos naturais. Isso fez

emergir gravemente os problemas de conservação da água relacionados a quantidade e

qualidade. Mas estes não podem ser resolvidos independentemente da conservação dos

outros recursos naturais.

Nesta perspectiva, emergem e são fortalecidas discussões e metodologias voltadas a

identificar e analisar causas e efeitos da extração descontrolada de recursos naturais.

Perspectivas negativas, de colapso e rupturas no sistema ambiental, são evidenciadas como

problemas relacionados à redução na oferta de água em virtude da poluição e do

assoreamento de corpos d’água. Neste contexto, as ciências passam a desenvolver estudos

diagnósticos e prognósticos apoiados em bases filosóficas de percepção integrada,

sistêmica, holística entre os processos naturais, efeitos das intervenções tecnológicas e as

conseqüências sobre a sociedade.

A abordagem holística e interdisciplinar é outro direcionamento possível em estudos

ambientais, abrangendo aspectos de caráter natural, econômico e social. Demonstra a

necessidade de aplicação integrada de conhecimentos afins, para a recuperação ou

conservação de ambientes de exploração dos recursos naturais e, ao mesmo tempo,

garantindo o desenvolvimento da sociedade.

Para LEFF (2001), a interdisciplinaridade surge como necessidade prática de

articulação dos conhecimentos. Desse modo, formaliza as interações e relações dos objetos

empíricos. Assim os fenômenos são captados pela interação das partes constitutivas de um

todo visível.

O Relatório de Brundtland (1972) e a Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente

e Desenvolvimento (ECO-92) são referências importantes na questão ambiental no mundo.

Fortaleceram e difundiram conceitos e pré-requisitos de sustentabilidade e biodiversidade.

Dessa forma, na perspectiva da biodiversidade, as análises ambientais assinalam a

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importância de resguardar a variação de espécies nos ecossistemas, como indicativos de

equilíbrio ambiental.

No aproveitamento dos recursos naturais, a sustentabilidade está fundamentada na

integração de aspectos que considerem a viabilidade (eficiência) econômica e a prudência

ambiental, e que estejam voltados à eqüidade social, atendendo às necessidades da

população do presente, com preservação de garantias às gerações futuras.

Em face do que está posto, a bacia hidrográfica é uma unidade geoambiental

adequada para a compreensão e discussão das questões relativas ao melhor aproveitamento

da água e demais elementos naturais aí existentes.

A água movimenta-se entre formas da superfície terrestre, como encostas, topos e

cristas, fundo de vales, canais etc. constituindo uma bacia de drenagem. É caracterizada

como um espaço geográfico limitado por divisores (interflúvios), dividindo o fluxo hídrico

para os níveis topográficos mais baixos dos fundos de vales.

Como unidade do espaço geográfico, os elementos naturais da bacia hidrográfica

constituem recursos para a população aí residente. Sobre esta propagam-se efeitos de

alterações; que por vezes, catastróficos. Por esta razão, é uma unidade da paisagem, na qual

o entendimento das ações e processos hidrogeomorfológicos podem levar, através de

análise e planejamento, ao impedimento ou solução de problemas ambientais.

O Estado do Ceará tem cerca de 91% do território sob condições semi-áridas,

segundo a FUNCEME (1993), e vários diagnósticos têm assinalado que a incrementação da

fragilidade ambiental está associada às condições indevidas de exploração dos recursos

naturais.

O Município de Tauá, disposto entre aqueles de maior índice de aridez, ou seja,

maior ou menor vulnerabilidade ao desencadeamento da desertificação, segundo SOARES

et al (1995), têm suas terras drenadas pela bacia hidrográfica do alto Jaguaribe.

Neste cenário, o presente trabalho tem a perspectivas de integrar o rol de

conhecimentos técnico-cientifícos acerca do cenário ambiental para o Município de Tauá,

através das sub-bacias hidrográficas pré-selecionadas.

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Com fundamento nas considerações procedidas a pouco, o presente estudo partiu

das seguintes hipóteses: o uso indiscriminado dos recursos naturais nas bacias hidrográficas

do Município de Tauá consiste em vulnerabilidade ambiental, com desgaste de recursos

renováveis, declínio da capacidade de suporte dos recursos naturais, tornando-as

susceptíveis à degradação/desertificação; as condições hidrológicas, de escoamento

superficial e densidade de drenagem elevada nas bacias hidrográficas do Município,

potencializam processos erosivos intensos; o uso indiscriminado da água, do solo e da

vegetação, em práticas inadequadas, intensifica a alteração da dinâmica natural nas bacias

hidrográficas, com redução gradativa do tempo de permanência da água nos canais fluviais.

O presente estudo tem como objetivo maior desenvolver análise geoambiental,

classificando e apresentando as condições hidrológicas, com vistas a expressar os cenários

de vulnerabilidade e buscando subsidiar cenários futuros para a sustentabilidade dos

recursos naturais renováveis em sub-bacias do alto Jaguaribe, diante da incidência da

degradação/desertificação.

Na primeira parte, fez-se considerações gerais acerca da importância da água na

natureza, como recurso em suas múltiplas funções. Deu-se ênfase aos estudos ambientais

na unidade paisagística de maior referência, a fim de resguardar não só a água como

também os demais elementos naturais inter-relacionados em uma bacia hidrográfica.

A segunda parte consiste em revisão bibliográfica, expressando-se discussões

relacionadas a recursos naturais em bacias hidrográficas; faz-se breve análise sobre a

legislação ambiental pertinente, entre outras relacionadas ao semi-árido cearense.

Na terceira realizam-se discussões com fundamentação teórico-metodológica sobre

a aplicação de parâmetros quantitativos em análise de bacia de drenagem, e a importância

em correlacionar tais discussões com a abordagem sistêmica em estudos de análise da

paisagem, considerando a bacia hidrográfica como unidade de destaque para o

planejamento ambiental.

A quarta parte do trabalho trata do contexto geoambiental e socioecnômico do

Município de Tauá, subsidiando discussões sobre as dinâmicas referentes às sub-bacias

hidrográficas em estudo.

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Os resultados primários estão na quinta parte do presente estudo, onde são

apresentadas as análises dos parâmetros morfométricos e físicos (geológicos, pedológicos e

cobertura vegetal), através da setorização de áreas diferenciadas, culminando com a

identificação dos aspectos de vulnerabilidades nas sub-bacias hidrográficas estudadas.

Com base nas inter-relações das componentes, foi possível apresentar um cenário

atual da base física-ambiental e descrição das principais vulnerabilidades (fenômenos de

fragilidade).

Ao final apresentam-se considerações em conclusão acerca da análise geoambiental

nas sub-bacias hidrográficas, de modo a contribuir na organização de dados e informações

quali-quantitativas e cartográficas, subsidiando a organização do espaço das sub-bacias que

se insertas no alto Jaguaribe, Município de Tauá-Ceará.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A bacia hidrográfica apresenta elementos interligados de maneira hierarquizada,

com entrada e saída de materiais detríticos ou solúveis a um ponto comum; pode ser

desmembrada em unidades de tamanhos variados, hierarquizadas em sub-bacias ou

microbacias (COELHO NETTO: 1995).

Com esta estrutura interdependente e fluxos de energia, a bacia hidrográfica

constitui um sistema aberto, onde mudanças e alterações significativas entre seus

componentes conduzem a auto-ajuste das formas e processos. E assim, como atestou

GILBERT (1877) “(...) um membro do sistema pode influenciar todos os demais, como

também cada membro é influenciado por todos os outros” conforme ressalva feita por

CHORLEY (1962), nas citações de COELHO NETO (op.cit.).

Na busca de auto-ajuste, ocorrem alterações significativas na composição ambiental

em cada porção de uma bacia hidrográfica, podendo afetar áreas a jusante e manifestar-se

como problemas à dinâmica natural.

Os conflitos de uso dos recursos hídricos e demais recursos em bacias hidrográficas

tem provocado, em nossos dias, grandes discussões, no sentido de alcançar-se um cenário

de menor desperdício e melhor aproveitamento de tais bens em regiões de clima úmido e,

mais ainda, em regiões de clima seco, onde há maior escassez.

No que se refere à utilização de recursos naturais em bacias hidrográficas, além da

água, dentro do gerenciamento trabalha-se em perspectiva de manejo, geralmente vinculado

às bacias rurais. Manejo em bacia hidrográfica é definido por Hernández-Becerra como

... a forma lógica de harmonizar a conservação e produção agrícola, pecuária e florestal de bacias com o manejo de recursos hídricos, sobretudo, quando este tem elevada transcedência socioeconômica para os usuários localizados a jusante LANNA (1995: 96).

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Neste sentido, a origem do manejo de sub-bacias, de acordo com LANNA (op.cit),

pode ser estabelecida em duas iniciativas paralelas e independentes: ações na região dos

Alpes, ao final do século XIX, voltadas ao desenvolvimento econômico e para a

recuperação de terras e correção de cursos torrenciais. Em 1930 nos E.U.A. estudos eram

direcionados para o manejo da vegetação, conservação do solo e dos recursos hídricos, com

objetivos de proteção e conservação dos recursos naturais em bacias hidrográficas. Essa

concepção mais tarde foi expandida para os países em desenvolvimento após a Segunda

Guerra, com objetivo de proteger grandes estruturas hidráulicas e projetos de cultivo ou de

assentamento humano.

As iniciativas internacionais foram concebidas para bacias hidrográficas com pouca

ou nenhuma atividade antrópica. Por essa razão, obtiveram resultados consideráveis. Nos

países em desenvolvimento, foram implementadas em regiões já bastantes povoadas e de

alta concentração populacional. Tais decisões tomaram caráter complexo, tornando

necessário orientar na redução dos impactos ambientais, propagados via cursos d’água, bem

como a função de criar condições para produção e sustento dessa população alijada

socialmente, pela própria política econômica vigente.

As evoluções das dinâmicas de usos levam também ao desenvolvimento das

concepções de administração, conservação e preservação dos recursos naturais das bacias

hidrográficas em todo o mundo. As experiências precursoras mostram ser este um processo

longo, com fortes decisões governamentais e cooperações de segmentos da sociedade.

No Brasil, LANNA (op.cit.) expressa, entre as experiências de planejamento e

gerenciamento dos recursos em bacias hidrográficas, a criação, em 1948, da Companhia de

Desenvolvimento, que depois passou a ser a Superintendência de Desenvolvimento do São

Francisco (SUVALE) e, mais tarde, Comissão de Desenvolvimento do Vale do São

Francisco (CODEVASF), como entidade pioneira no desenvolvimento de bacias

hidrográficas. No mesmo período e no plano regional, cita o Programa de Desenvolvimento

Integrado da Bacia Rios Araguaia-Tocantins (PRODIAT). Já em âmbito estadual,

menciona a Comissão de Desenvolvimento do Vale do Paraguaçu (DESENVALE), na

Bahia.

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Tais órgãos estaduais constituem empresas públicas com plenos poderes para

planejar, construir e operar projetos com múltiplos propósitos, vinculados aos recursos

ambientais de interesse, e atingir metas de desenvolvimento econômico e social, portanto,

com atribuições normativas, deliberativas e executivas.

São empresas de grande autonomia, com fontes de financiamentos específicos no

orçamento do Governo ao qual estão subordinadas. Por essa razão, verifica-se não existir

integração participativa, porque não trabalhavam com a negociação política nem por outro

lado, queriam perder poderes e autonomia.

Estas experiências tidas como precursoras no Brasil mostram que a continuação

destas ações resultou em superposições de atribuições entre os órgãos criados para trabalhar

recursos ambientais para o desenvolvimento. Assim a Companhia Hidrelétrica do São

Francisco (CHESF), com o objetivo de explorar o potencial hidrelétrico da bacia; a

Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para promoção econômica

e social da região; o Departamento Nacional de Obra Contra as Secas (DNOCS) e ainda a

CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), que usam os

recursos hídricos para a irrigação, entraram em constantes conflitos de interesse.

A consolidação de posturas para melhor uso, preservação e conservação dos

recursos naturais nas bacias hidrográficas, no mundo e no Brasil, tem como base os

momentos de organização social no final dos anos 1960, que, buscando formas alternativas

de comportamento, acabam por configurar a chamada “primeira onda ambiental”. Isso

resulta em preocupações gerais sobre o meio ambiente, no contextol mundial, como

expressa SETTI (1995).

As tentativas do Poder Público no passado, aliadas aos esforços científicos e às

pressões da sociedade civil, terminaram em discussões e tomadas de decisões sobre os

recursos hídricos no País, sendo tratadas em diversas seções da Constituição Federal.

Chegaram à elaboração de leis complementares, leis específicas federais e estaduais. Neste

sentido, fazem-se referências jurídicas, destacando alguns artigos pertinentes direta ou

indiretamente à situação dos recursos hídricos, especificando-se referências ao Estado do

Ceará e à região em estudo – sub-bacias no Município de Tauá.

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A Constituição Federal trata de forma direta ou indireta sobre recursos hídricos e,

para efeito deste estudo, destaca-se do Título III, que trata “Da Organização do Estado”, o

capítulo II – “Da União”: artigos 20, 21, 22, 23 e 26.

De maneira simplificada, o artigo 20 faz referências aos bens da União,

considerando assim, todo o corpo de água em seus limites territoriais. Do artigo em

seqüência, fez-se destaque dos itens XVIII e XIX, que determinam como de competência

da União:

O artigo 22 expressa que a legislação sobre a água compete privativamente à União.

Mas, em parágrafo único autoriza os Estados a comporem a lei complementar para legislar

sobre questões específicas acerca dessa matéria, em que o Estado do Ceará se destaca por

ter sido um dos primeiros a tratar do assunto pois, já em 1987, a lei estadual nº 11.306, de

01 de abril, criou a Secretaria de Recursos Hídricos, dando início às questões específicas da

água.

Faze-se evidência do artigo 23 por expressar a necessidade de que as esferas do

poder público (União, estados Distrito Federal e os municípios), realizem esforços comuns

para:

XVIII – planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso (BRASIL,1988:23).

VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu território;

Parágrafo Único – Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem- estar em âmbito nacional (BRASIL,1988:26).

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E, por fim, o artigo 26 vem reafirmar a competência dos rstados em resguardar seus

recursos hídricos, pois inclui entre os seus bens:

Ainda da Constituição Federal, há o Título VIII, que trata “Da Ordem Social”, em

seu capítulo VI, que cuida do Meio Ambiente, relacionando-se ao artigo 225. Considera-se

esse um disposto dos mais importantes para as questões dos recursos hídricos na região

semi-árida e particularmente para o Ceará. Isto porque, sendo as bacias hidrográficas do

Ceará constituídas naturalmente por fluxos sazonais (intermitentes ou efêmeros), a

problemática acerca da disponibilidade de recursos hídricos é iminente, com questões

complexas e múltiplas, como a “seca” e as migrações em períodos de calamidades.

Portanto, devem ser tratadas no contexto das questões ambientais, como expressa o artigo

225 da Constituição Federal, transcrito a seguir:

Para complementar com maior rigor, organização e validade funcional as questões

acerca de recursos hídricos presentes na Constituição Federal, em 1997 foi promulgada a lei

nº 9433, de 8.01.97 relativa à Política Nacional dos Recursos Hídricos considerada pelo

então Ministro do Meio Ambiente – Gustavo Krause - como :

I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes em depósito, ressalvadas, neste último caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União (BRASIL, 1988:29).

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defende-lo para as presentes e futuras gerações.

§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I – Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e promover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

VI – promover educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL,1988:146).

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De maneira geral, são ali ressaltados alguns aspectos desta Política, associando-se

com à problemática comumente enfrentada por comunidades no semi-árido cearense. No

Capítulo I, tratando sobre os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, o

artigo 1º expressa que no item III, que :

No Capítulo II que menciona os objetivos, o artigo 2º expressa, entre outras

decisões:

E, para implementação, no Capítulo III, tratando das diretrizes gerais de ação, o

artigo 3º expressa :

... um novo marco institucional no País. Incorporando princípios, normas e padrões de gestão das águas, envolvendo múltiplos usos e diferentes formas de compartilhamento. Vai operar em verdadeira revolução não apenas na gestão hídrica, como também na própria questão ambiental como um todo (...) (BRASIL, 1997:02).

... em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais (BRASIL,1997:12).

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aqüaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrente do uso inadequado dos recursos naturais (BRASIL,1997:13).

II - a adequação da gestão dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País;

III – a integração dos recursos hídricos com a gestão ambiental;

V - a articulação dos recursos hídricos com o uso do solo (BRASIL,1997:13-14).

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No Capítulo VI, destacam-se os artigos 31 e 32, que tratam, respectivamente, da

integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, conservação, e ocupação do

solo e do meio ambiente com as políticas federal e estadual de recursos hídricos; e da

necessidade de planejar, regular e controlar o uso para a preservação e conservação;

também os artigos 37 38, o primeiro voltando-se à importância dos comitês de bacias e

colocando como área de atuação as sub-bacias hidrográficas de tributários do curso de água

principal da bacia, enquanto o 38, refere-se à competência destes comitês, correspondendo

a:

No contexto, a esfera do Poder público estadual passa a buscar também a

organização administrativa das águas sob seu domínio, aprovando leis próprias.

No que se refere ao gerenciamento dos recursos hídricos no Estado do Ceará, já em

1987, pode-se dizer que com a lei nº 11.306 de 01 de abril, que cria a sua Secretaria de

Recursos Hídricos, dá o início para as questões específicas da água. O art. 6º dessa lei traz

as incumbências deste órgão:

Para desenvolver suas atividades a contento a SRH/CE tem estrutura organizacional

interligada com outros órgãos criados no plano estadual, e que constituem um sistema

inter-ligado, a saber:

- SOHIDRA (Superintendência de Obras Hidráulicas), criada pela lei de nº 11.380,

de 15 de dezembro de 1987;

- SIGERH (Sistema Integrado da Gestão dos Recursos Hídricos), instituída pela lei

nº 11.996, de 24 de julho de 1992;

Promover o aproveitamento racional e integrado dos recursos hídricos do Estado, coordenar, gerenciar e operacionalizar estudos, pesquisas, programas, projetos, obras, produtos e serviços tocantes a recursos hídricos, e promover a articulação dos órgãos e entidades do setor com os federais e municipais (CEARÁ,1994:06).

I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das entidades intervenientes (BRASIL,1997:26).

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- FUNORH (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), criado pela lei de nº 12.245 de

30 de dezembro de 1993;

- COGERH (Companhia para Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará), criada em

18 de novembro de 1993, pela lei nº 12.217.

Dentro dessa estrutura, cabe ressaltar que existem outras instituições atuantes no

Estado que auxiliam em questões técnicas, como por exemplo, a FUNCEME (Fundação

Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), IPLANCE (Fundação Instituto de

Planejamento do Ceará), SEMACE (Superintendência Estadual do Meio Ambiente), entre

outras.

Relacionado especificamente ao contexto da bacia hidrográfica em que está inserido

o presente estudo, ou seja, para a bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, existem alguns

trabalhos técnicos institucionais e técnico-científicos realizados, uma vez que é a maior e a

mais importante bacia hidrográfica do Estado do Ceará.

Entre os estudos e documentos gerados, tem destaque o Plano Estadual dos

Recursos Hídricos do Estado do Ceará, pois diante das condições físico-climáticas

desfavoráveis, busca-se o desenvolvimento de setores estratégicos (agropecuária,

energético e industrial), organizando-se um planejamento global para cada bacia

hidrográfica. Entre elas, está a bacia hidrográfica do Jaguaribe, constando diagnóstico,

estudo de base e estudos de planejamento.

O Plano de Gerenciamento das Águas do Rio Jaguaribe elaborado pela COGERH

(Companhia da Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará) faz parte da política e estratégias

contidas no documento relacionado a pouco. Buscou planejar e gerenciar, de forma

integrada, descentralizada e participativa, o uso, o controle, conservação, proteção e

preservação dos recursos hídricos do referido rio e seus tributários Deste documento resulta

o diagnóstico, planejamento e programas de ação.

Para o Estado do Ceará, os antecedentes históricos da política da água mostram

sempre associação com os problemas decorrentes dos fenômenos da seca, que, de maneira

geral, correspondem a:

Falta de água com relação às necessidades dos seres vivos. Há um defict quando a evaporação é maior que as precipitações, e influência diretamente na organização hidrológica e na evolução dos solos (VIERS,1975:201).

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Ao longo de mais de três séculos, o fenômeno da seca leva a população a enfrentar

sérios problemas de suprimento d’água, uma vez que se, tornam insuficientes à germinação

das sementes, com ressecamento da cobertura vegetal, para o desenvolvimento das culturas

e da atividade criatória em razão do rareamento das pastagens.

Através das considerações de GUERRA (1981), pode-se dar indícios dos cenários

políticos que envolveram ações de combate às secas no Nordeste do País, entre os séculos

XVIII ao meados do séc. XX.

Desde o processo histórico de colonização no Brasil, os padres jesuítas registraram a

ocorrência de longos períodos sem chuva nesta região do Brasil Tem-se os primeiros

registro através dos padres Fernão Cardim em1583, da Companhia de Jesus, e do também

Jesuíta Serafim Leite em 1959.

No séc. XVII, ocorreram quatro secas, em 1603, 1614, 1645 e 1642, com registros

do Senador Thomás Pompeu de Souza Brasil, Ildefonso Albano e Barão de Studart. No séc.

XVIII tem-se o registro de dez secas, com períodos e intensidade diferenciada entre os

Estados da Região (1711, 1721 - 25, (1723-27), 1736-37, 1745-46, 1754, 1760, 1766, 1772,

1777-1778 e1781-93). E com o incremento populacional os problemas vão se tornando

mais graves, notificando-se a ocorrência de fome.

No séc. XIX, já ocorriam incursões de cientistas pelo NE a fim de obter-se

informações seguras acerca do fenômeno para busca de soluções, tão requeridas pela

população e políticos da época. Foram registrados no Estado do Ceará secas em 1809,

1810, 1824-25, 1844-45, 1877-79 e 1900. Este período foi de grande atuação do senador

Pompeu e do médico farmacêutico Rodolfo Teófilo.

No séc. XX, ocorreram secas em 1903-04, 1908 (RN), 1915, 1919, 1930-32, 1942,

1953 (RN e PB), 1958, 1970, 1976 ("seca verde" parcial). Em 1979 e 1980, apesar de

algumas chuvas iniciais, deu-se o escasseamento até a seca total, acrescentando-se ainda as

de 1985.

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Ao longo destas etapas, alguns fatos marcaram as decisões políticas, por muito

tempo, a perspectiva de assistência foi o caráter dado para enfrentar o problema da seca.

Até 1845 eram distribuídas esmolas. Em 1877, na seca calamitosa de grandes seqüelas

sociais, econômicas e de saúde, com a ocorrência de flagelos, aglomeração, epidemias,

violência, e muitos óbitos, D. Pedro II intervém, com a criação de trabalhos na construção

de cadeias e igrejas.

A partir dessa catástrofe e das pressões sociais e políticas, começa-se a cogitar em

medidas definitivas de combate aos efeitos das secas. Foi criada, então, pelo Governo

Imperial, uma comissão para estudar o assunto, dando início às incursões de pesquisadores

pelo semi-árido nordestino.

Ao longo do séc. XIX, até algumas décadas do séc. XX, os relatórios deixados pela

primeira e as demais comissões nortearam as tomadas de decisões políticas contra a seca.

Assim, segue-se com planos para instalação de barragens e açudes por todo o semi-

árido do Nordeste do Brasil, tanto por meio de políticas públicas como por iniciativa

privada, em parceria com a administração provincial.

Mas os resultados não corresponderam ao esperado, ou seja, não levaram à irrigação

das terras, pois não foi traçada uma política voltada para essa atividade. Ainda assim, tais

intervenções políticas atenuam as calamidades que traziam muitas mortes e, a partir de

1942, sente-se tal resultado, quando a população passa a contar com água saudável em

reservatórios, peixes, produtos alimentares e forrageiras que minoravam o sofrimento das

comunidades.

As ações do Governo Federal para o combate aos efeitos da seca passam a acontecer

de maneira sistemática, salientando-se as reivindicações sociais e políticas pela quantidade

de estudos e levantamentos já realizados, com indicações para a busca de soluções bem

como pelas medidas que já vinham sendo tomadas por particulares e instâncias políticas

regionais. A partir de então, consolidam-se as políticas desenvolvidas pelas instituições

públicas criadas para este fim, conforme apresentadas anteriormente.

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Secas graves constituem problemática mundial, mesmo assim, onde ocorrem a

população sobrevive e aproveita ativamente as terras nestas regiões. Neste contexto, faz-se

destaque das discussões em alguns estudos neste âmbito.

BRUK & POKSHISHEVSKI (1987), tratando sobre problemas de la población em

las zonas Áridas e Semiáridas del Mundo expressam que no transcurso de milênios a

humanidade aproveita ativamente as terras secas no Velho Continente, através de métodos

de baixo rendimento por unidade de superfície, em razão dos fatores negativos do clima.

Mesmo assim há casos com focos de centros ilhados de economia rentável, baseados na

extração de petróleo, gás e outros minerais. Historicamente, as terras secas (áridas e semi-

áridas) têm baixos rendimentos econômicos, determinados por sua pequena capacidade

absoluta de fixação do homem. Sobre o modo de vida das populações nestas áreas, os

autores assinalam que problemas de desertificação podem ser aguçados, diante de todos os

problemas sociais e econômicos.

ARU (1996) desenvolveu estudo integrado de desertificação e uso da terra na região

do Mediterrâneo, especificamente no rio Santa Lucia. De maneira geral, apresentou

considerações como os problemas relacionados à desertificação na região em destaque

foram formados ao longo dos anos, quando os recursos renováveis podem tornar-se não

renováveis ou de recuperação extremamente longa.Os estudos voltam-se a problemas de

larga escala, como queimadas em florestas, erosão, perda de solo por expansão urbana,

intrusão de água salgada em aqüíferos, salinização de solos irrigados. As conseqüências são

sentidas através de efeitos como assoreamento de rios, introdução de espécies exóticas,

poluição por metais pesados e ainda atividades industriais, sem gerenciamento ambiental.O

Projeto MEDALUS I selecionou a área do rio Sta. Lucia, em razão da existência de vastas

áreas degradadas, perda de seus recursos naturais, número de florestas exóticas, minas

abandonadas, extensas e intensas utilizações do solo por atividades urbano-turísticas e

agrícolas. Essa variedade de cenários permite comparações de situações similares existentes

nas regiões da Sardenha e do Mediterrâneo.

De acordo com ICID (1994), no Brasil, sob esta perspectiva de desertificação, o

problema é discutido desde o início dos anos 1980. Em 1994, foi realizada na cidade de

Fortaleza a Conferência Internacional sobre o Impacto das Variações Climáticas no

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Desenvolvimento do Semi-árido (ICID), quando foi discutida, também, a desertificação no

Nordeste brasileiro, com tratamento das suas principais causas e dando-se uma estimativa

da população afetada.

Um dos resultados da Conferência foi a produção de trabalhos técnico-científicos

acerca da situação no Estado do Ceará entre os quais se evidenciam GASQUES et al

(1995); RODRIGUES et al (1995) e SOARES et al (1995).

O primeiro trabalho ora citado apresenta diagnóstico, cenários e projeções dos anos

2000 a 2020 para o Nordeste brasileiro. Dentro de suas conclusões os autores ressaltam a

análise da base natural revelou, além de grandes extensões de clima semi-árido, regiões

com pequenas proporções de solos com fertilidade natural (em áreas calcárias do

embasamento cristalino e faixas de deposição aluvial), como também grande variabilidade

das precipitações. Identificaram unidades de paisagens mais sensíveis às mudanças

climáticas onde a ocorrência de secas leva a grandes perdas (50% a 90%) na produção

agrícola.

RODRIGUES et al (op.cit), entre outros aspectos discute como é tratada a

desertificação no cenário científico e político nacional. Entre suas conclusões, afirmam que

uma proposta de desenvolvimento ecologicamente sustentável para o NE somente é

possível com atenção especial para o sertão semi-árido, compreendendo as regiões rurais

secas, com os piores índices socioeconômicos do País, pois, dos investimentos nacionais e

internacionais, quase nada chega à região. Relatam ainda, que:

Neste contexto, SOARES et al (op.cit) desenvolvem trabalho a fim de indicar e

mapear as áreas dos municípios e microrregiões homogêneas do Estado do Ceará

Nas condições de semi-aridez, e com a forma tradicional de relacionamento com o ambiente, qualquer tentativa de desenvolvimento estará subjugada por mecanismos de regulação natural e intensificação de nosso poder de destruição ambiental. É preciso conhecer melhor as relações estabelecidas entre os sistemas socioculturais e os fatores ecológicos da aridez (RODRIGUES et al.;op.cit.:298).

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suscetíveis aos processos de desertificação, tomando por base o critério de áreas semi-

áridas adotado pela ONU (1991) e a ocorrência nestas áreas de evidências de degradação

dos fatores físicos e biológicos detectadas na análise de imagens orbitais, através do uso de

técnicas de sensoriamento remoto.

Municípios como Irauçuba, Tauá, Independência, Parambu, Novo Oriente e outros

aparecem entre aqueles de índice de aridez mais críticos.

Procurou-se ainda tecer considerações socioeconômicas quanto à problemática

estudada, além de proceder-se a um diagnóstico generalizado das condições geoambientais

das áreas afetadas, buscando-se, desta forma, um conhecimento mais abrangente.

Atualmente, a discussão sobre o fenômeno da seca no Nordeste brasileiro está

relacionada não só com questões de preservação dos recursos hídricos mas também com a

problemática ambiental da desertificação.

O conceito de desertificação foi adotado internacionalmente a partir Convenção das

Nações Unidas de Combate à Desertificação, em 1977, que compreende:

As decisões tomadas e adotadas nesta convenção, teve seu reconhecimento e

fortalecimento na Agenda 21, importante documento resultante da Conferência Mundial do

Rio de Janeiro (ECO-92) que, em seu capítulo 12, trata do manejo de ecossistemas frágeis,

na luta contra a desertificação e a seca, fornecendo base para o combate à desertificação,

utilizando-se da perspectiva de desenvolvimento sustentável, dessa forma relacionando-se à

preservação e à conservação dos recursos naturais em bacias hidrográficas em regiões semi-

áridas, como no caso do Estado do Ceará.

Em estudos ambientais, a fragilidade de organismos no ambiente pode ser discutida

através do conceito de fatores limitantes. ODUM (1988:143), os apresenta como um

conceito valioso, uma “porta de entrada” para estudos de situações complexas. Ao se

Degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de vários fatores incluindo as variações climáticas e as atividades humanas (PNUD: 1993).

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estudar determinada situação, isto proporciona a descoberta de prováveis elos fracos nas

condições ambientais com maiores chances de serem críticas ou limitantes.

Para o autor, a análise ambiental deve atingir objetivos importantes, como descobrir

quais os fatores operacionalmente significativos e determinar como estes afetam o

indivíduo (no caso o ambiente). Assim, pode-se predizer com certa precisão o efeito de

perturbações ou alterações ambientais.

Ao trabalhar a importância da avaliação ambiental MACEDO (1995) expressa que

esta permite a identificação das potencialidades de uso, de não-uso, de ocupação, das

vulnerabilidades e o desempenho futuro de uma região. E conceitua vulnerabilidade

ambiental como:

Em estudos sobre as Bases Naturais e Esboço do Zoneamento Geoambiental do

Estado do Ceará SOUZA (2000:12) busca definir as vulnerabilidade ambientais das

unidades de paisagem através de critérios de definição das categorias de ambientes e da

tipologia da vulnerabilidade ambiental, baseando-se nos critérios de TRICART (1977). E

assim classificou as unidades de paisagem do Estado quanto à vulnerabilidade ambiental,

como ambientes estáveis, ambientes de transição e ambientes fortemente instáveis.

Qualquer conjunto de fatores ambientais de mesma natureza que diante das atividades ocorrentes ou que venham se manifestar, poderão sofrer adversidades e afetar, de forma vital ou total ou parcial, a estabilidade da região em que ocorre (MACEDO: op.cit).

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3 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS TÉCNICOS

3.1 Fundamentação Teórico-metodológica

Os conflitos de uso dos recursos hídricos e demais recursos em bacias hidrográficas

provocam na atualidade discussões, no sentido de alcançar-se um cenário de menor

desperdício e de seu melhor aproveitamento, em regiões de clima úmido e mais ainda

naquelas regiões de clima seco, onde há maior escassez desses bens.

Neste sentido, a realização de estudos analíticos em bacia hidrográfica é importante,

tanto para a caracterização do meio físico quanto para a compreensão de sua dinâmica.

A análise do presente estudo está apoiada nas orientações metodológicas de

abordagem quantitativa para bacias de drenagem, inter-relacionada com esboços

metodológicos de estudos geoambientais, desenvolvidos no âmbito do Estado do Ceará, a

fim de tratar sobre a fragilidade ambiental em bacias hidrográficas do semi-árido do Brasil.

Sendo a área do estudo proposto relacionada às condições gerais para o semi-árido,

torna-se possível a utilização desta técnica em unidades geoespaciais, como bacias, sub-

bacias e microbacias hidrográficas. Através de interações de fatores morfopedológicos, de

cobertura vegetal e hidrográficos, por exemplo, apresenta as condições temporais do

ambiente, quanto à dinâmica natural e/ou vulnerabilidade em razão de interferências

antrópicas.

A quantificação morfométrica em bacias hidrográficas é uma concepção

metodológica, divulgada inicialmente em ROBERT E. HORTON (1945), que logo recebe

várias contribuições, através de pesquisas de seguidores, como STRAHLER (1952); V. C.

MILLER (1953); WISLER & BRATER (1964); SHERE (1966); SCHEIDEGGER (1968);

WAY (1978), citados em CHRISTOFOLETTI (1980) e Ministério de Obras Públicas y

Urbanismo – Madrid (1972).

No Brasil, CHRISTOFOLETTI (op.cit.:1980); LIMA (1986) e ROCHA (1997),

entre outros, expressaram a importância do uso de parâmetros quantitativos para análise em

bacia hidrográfica. De igual forma, no Estado do Ceará foram realizados estudos de

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planejamento em bacias hidrográficas, envolvendo o vale do Jaguaribe, pela

SUDENE/ASMIC (1967); CAVALCANTE et al (1990); outros.

Os parâmetros quantitativos em bacias hidrográficas constituem um meio de análise

das condições hidrológicas que, associadas a outros elementos de sua estrutura, permitem a

compreensão das dinâmicas naturais e evolução de fenômenos decorrentes das intervenções

antrópicas. Assim, KLOFFER (1976) analisou o comportamento de padrão de drenagem

através de imagens fotogramétricas e orbitais, além de utilizar parâmetros quantitativos,

como densidade de drenagem e freqüência de rios em análise de solos originários do

Arenito Bauru, dos Municípios de Lins e Marília (SP) e no Planalto Ocidental do Planalto

de São Paulo.

Com o objetivo de fundamentar o uso de índices morfométricos,

CHRISTOFOLETTI (1980) relaciona a hierarquização fluvial, que estabelece a

classificação dos cursos d'água; a análise linear, relacionada às medições efetuadas ao

longo das linhas de escoamento; a análise de área, que corresponde às medições

planimétricas e lineares; e análise hipsométrica, referidas às proporções ocupadas por

determinados tipos de rochas, em relação às faixas altimétricas.

Na avaliação das influências litológicas e topográficas na classificação de bacias

hidrográficas no Planalto Ocidental Paulista, CESAR (1982) ressalta que os estudos

relacionados à drenagem fluvial podem levar à compreensão de numerosos problemas,

notadamente de caráter geomorfológico, em função de constituírem processos

morfogenéticos dos mais ativos na esculturação da paisagem.

VERISSÍMO et al (1996), na bacia do rio Passaúna-PR, utilizou parâmetros de

densidade de drenagem e densidade de rios, inter-relacionados com características físicas e

de uso do solo, para obtenção de características ambientais nos diferentes compartimentos,

e a partir daí, demonstrou a potencialidade de erosão de cada um deles.

Estudos integrados na abordagem sistêmica foram iniciados por BERTALANFY

(1932), com a Teoria Geral dos Sistemas que, abrangendo diferentes áreas do

conhecimento científico, propõe compreensão do todo, passando a trabalhar partes e

objetos de estudo de maneira ordenada, unificando-as em uma interação dinâmica.

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Nesta perspectiva, a análise sistêmica foi introduzida no contexto das ciências

ambientais que trabalham com elementos da natureza, a fim de melhor se compreender a

evolução dos processos físicos e biológicos que mantêm o equilíbrio de determinado

sistema ambiental, e assim subsidiando análise de possíveis evoluções decorrentes da

dinâmica natural, em associação com as interferências do homem, por meio de práticas que

proporcionam sobrevivência e desempenho econômico.

Dentre os estudos sistemáticos, destaca-se os de BERTRAND (1972), com

classificação taxonômica de paisagens, através da análise interativa dos complexos naturais

e sociais, indicando os seis níveis hierárquicos para as unidades de paisagens superiores

(zona, domínio e região natural) e inferiores (geossistemas, geofácies e geótopo).

TRICART (1977) tratou da análise ecodinâmica, demonstrando que a “gestão dos

recursos devem ter por objetivo à avaliação do impacto de inserção da tecnologia humana

no ecossistema”. Ele explicita que se deve, verificar a sustentabilidade do ambiente à

extração de recursos ou ainda determinar as medidas de exploração com maior

produtividade, sem degradação ambiental.

Neste contexto, o estudo integrado em bacia hidrográfica torna-se um instrumento

de grande valia no planejamento de uso múltiplo de seus recursos. Corroborando o

pensamento CHRISTOFOLETTI (1979), esta funciona como um sistema geoambiental não

isolado, recebendo constantes fluxos de água e detritos que levam ao seu funcionamento. A

estrutura do sistema determina sua evolução e arranjo, os quais, inter-relacionados aos

processos e fatores naturais e antrópicos, refletem alterações contínuas e processuais em

escala têmporo-espacial.

Reafirmando tal importância, TROPPMAIR (1989), citando ELHAI (1968), mostra

a inviabilidade de estudar-se os elementos da natureza de forma isolada, devendo-se fazê-lo

dentro de uma visão integrada. Expressa ainda ser este um dos motivos pelos quais ganham

forças os estudos desenvolvidos sob a óptica da caracterização, estrutura e dinâmica da

paisagem.

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No que diz respeito à aplicação de estudos de abordagem sistêmica no Estado do

Ceará, destacam-se as contribuições de SOUZA (1981; 1983; 1998 e 2000), OLIVEIRA

(1989); GOMES et al (1995); OLIVEIRA et al (1990, 2000 e 2001) entre outros.

SOUZA (1981) em estudos sobre as principais implicações geomorfológicas para a

caracterização ambiental, propõe esboço de zoneamento dos geossistemas nas bacias

hidrográficas do Acaraú-Coreaú. Na verdade, expressa um “misto de conceitos de

geossistemas e geofácies que podem ser enriquecido com pesquisas interdisciplinares”.

De acordo com este pesquisador, o zoneamento dos geossitemas “representa o

principal subsídio para que sejam procedidas as discussões relacionadas com as unidades

de manejo e as limitações do potencial ecológico” (op. cit. p:159).

Em contribuição à visão conjunta da realidade territotial e sócio-espacial

para o Estado do Ceará, SOUZA et al (2000) apresentaram critérios modernos do

zoneamento físico e da visão integrada da gestão do território, sendo mostrados as bases

naturais e um esboço de zoneamento geoambiental, levando em consideração regiões

naturais do Estado. Assim, levantaram para o Sertão dos Inhamuns e Alto Jaguaribe as

seguintes condições e vulnerabilidades – “ambiente de transição com tendência à

instabilidade nos setores mais densamente degradados; vulnerabilidade moderada a alta;

com evidências isoladas de processos de desertificação”.

Ainda dentro das contribuições, OLIVEIRA (1990) realizou estudo com

zoneamento geoambiental no Município de Quixeramobim – CE, e ressaltou a importância

do uso desta técnica, quanto ao estabelecimento de diagnóstico dos recursos naturais e para

a avaliação de potencialidades e limitações em uma área qualquer.

Identificou geossistemas, sob a perspectiva de fatores morfopedológicos,

relacionando diretamente elementos e condições lito-estratigraficas, geomorfológicas e

pedológicas, estabelecendo 10 unidades geoambeintais que receberam denominações a

partir da topomínia local.

Em estudos mais recentes, OLIVEIRA et al (2000) através do grupo Ecologia de

Paisagem do Programa WAVES, detectam 3 níveis de riscos de degradação ambiental para

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o Município de Tauá; com valores de 1 – baixos, para área de 341, 64 km2; 2 – médio, com

1.435,96 km2; 3 – alto, para 1.197.04 km2 de área, e 4- muito alto, com 42.43 km2 de área.

Em estudo na serra de Uruburetama no Ceará, OLIVEIRA (2001) interrelaciona

abordagem metodológica usual em estudos edafológicos com técnicas de análise da

paisagem e delimitações de unidades cartográficas. Apresenta os solos existentes na região,

analisando sua variabilidade e distribuição espacial e fatores determinantes, para

compreender a dinâmica e suas relações de interdependência com os demais componentes

da paisagem regional.

3.2 Procedimentos Técnicos e Metodológicos

A base teórico-metodológica aplicada nesta pesquisa está fundamentada na

abordagem quantitativa das bacias de drenagem e interrelacionada com aspectos de análise

sistêmica em unidades de paisagem.

Para entender a estrutura e a dinâmica na bacia hidrográfica, torna-se importante

expressar suas características em termos quantitativos. Neste sentido, vários índices foram

desenvolvidos, alguns aplicáveis à bacia toda, enquanto outros relativos a apenas algumas

características do sistema (LIMA – 1986:53).

A bacia hidrográfica corresponde a um sistema complexo. Por esta razão, a

abordagem sistêmica dentro dos aspectos utilizados na presente pesquisa torna-se um

instrumento lógico de que se dispõe para estudar os problemas do meio ambiente.

Na figura 01, pode-se visualizar de maneira simplificada as etapas dos

procedimentos aplicados no presente estudo.

A primeira etapa consistiu no levantamento de todo o material bibliográfico,

documentação cartográfica, dados climáticos e censitários da população e da economia

referentes ao Município de Tauá, bem como indicadores da bacia hidrográfica do alto

Jaguaribe. Também foram levantados aqueles referentes à abordagem teórico-metodológica

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e à revisão bibliográfica pertinentes à exploração dos recursos naturais e análise ambiental,

direcionados à região semi-árida.

Os materiais e dados disponibilizados consistem em: cartas planitimétricas na escala

de 1:100.000 da DSG (Divisão de Serviços Cartográficos do Exército Brasileiro), de 1973;

referentes às folhas: SB.24-Y-B-I (Tauá); SB.24-V-D-IV (Várzea do Boi); SB.24-V-D-V

(Mombaça); SB.24-V-D-I (Independência); SB.24-Y-B-II (Catarina); SB.24-V-C-VI (Novo

Oriente); SB.24-N-I (Parambu); carta de solos, da cobertura vegetal e uso da terra, da

geologia e geomorfologia do Município de Tauá, escala de 1:250.000; do Programa

WAVES (Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid

Northeast Brazil), de 2001; cartas geomorfológicas da SUDENE\ASMIC (Superintendência

de Desenvolvimento do Nordeste\Association pour L’organisation dês Missions de

Cooperation Technique), folhas S24H; S 24I; SB24N; SB24O, de 1973. Dados

climatológicos do INEMET (Instituto Nacional de Meteorologia) no período de 1961 a

1990; dados censitários do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a

população, de 2000, além de indicativos econômicos do Anuário Estatístico do Ceará, ano

de 2000.

Ainda nesta etapa, seguem-se como análise preliminar a triagem e a formação de

um banco de dados do material disponibilizado, o qual subsidiou levantamentos de dados

quantitativos (índices morfométricos), qualitativos (características dos elementos físico-

naturais e socioeconômicos) referentes às sub-bacias hidrográficas selecionadas.

As cartas planimétricas da DSG serviram para obtenção do mapa básico da rede de

drenagem e posterior setorização em sub-bacias hidrográficas no Município, a partir dos

divisores de águas superficiais.

Sobre o overlay do mapa básico, várias medições foram realizadas, subsidiando a

quantificação dos parâmetros de morfometria com medições ao longo da linha de

escoamento (lineares), medições de área e planimétricas.

Os levantamentos lineares foram realizados com o auxílio de materiais, como escala

métrica e curvímetro em escala compatível com o mapa básico.

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47

As medições de áreas, nesta e demais etapas, foram obtidas por leituras do

planímetro polar modelo ZOIZUMI, tipo KP27, e aplicadas em fórmula a seguir

relacionada, apresentada em DUARTE (1980), para obtenção do valor levantado.

Ainda nesta etapa, realizou-se a hierarquização da rede de drenagem de acordo com

a proposição de STRAHLER (1957), citado por CRHISTOFOLETTI (op. cit.: 1980);

elaborou-se o perfil topográfico longitudinal dos principais riachos, através do método

explicado em SANCHEZ (1975). E por fim, foi organizado overlay das curvas de níveis

das sub-bacias, que subsidiou dados para cálculo de declividade média das mesmas.

A segunda etapa corresponde aos tratamentos aplicados sobre as componentes

levantadas na fase anterior. Consiste na composição de dados para a análise morfométrica,

ensejando as devidas classificações e interpretações dos processos hidrológicos dinâmicos;

análise dos parâmetros qualitativos referentes aos aspectos físico-ambientais e

socioeconômicos.

Nesta fase, a análise morfométrica e a caracterização hidrológica das sub-bacias,

basearam-se nos estudos de ROCHA (1997:75), aplicando os parâmetros quantitativos que

mais se relacionam com a deterioração ambiental – comprimento de vazão superficial,

densidade de drenagem, índice de circularidade, índice de forma, declividade média das

sub-bacias e coeficiente de rugosidade.

Na busca de corroborar alguns resultados, foram incluídos, indicadores quanto à

forma, o índice de compacidade, e quanto à densidade da rede de drenagem e de densidade

de rios.

A caracterização hidrológica e as dinâmicas possíveis de ocorrência em cada

microbacia são discutidas e classificadas dentro dos padrões de classes dos parâmetros nos

devidos métodos aplicados sendo as fórmulas aplicadas apresentadas a seguir:

Onde: L –leitura no planímetro;

D2 – denominador da escala ao quadrado;

K – valor da constante para a escala

utilizada.

L. D2 K

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• extensão do percurso superficial – apresentado por CHRISTOFOLETTI (1980),

através da fórmula abaixo; cujo resultado expressa, “a metade do recíproco do

valor da densidade de drenagem”.

• Comprimento médio dos canais de cada ordem – pelo método de HORTON (1945), através da expressão abaixo.

• Comprimento do eixo da bacia – que pode ser medido de várias maneiras,

optando-se por utilizar a maior distância medida em linha reta, entre o ponto de

deflúvio e determinado ponto ao longo do perímetro da bacia. O resultado é

expresso em quilômetros.

• Forma da bacia – observando-se a representação de bacias hidrográficas em um

plano, estas apresentam-se, de maneira geral, com a forma semelhante a uma

pera. Mas a determinação da forma, através da quantificação, revela as

diferenciações geométricas. Neste sentido, vários índices foram criados e, de

acordo com CHRISTOFOLETTI (1980), guardam subjetividade na

interpretação. Por esta razão, neste estudo, foram aplicadas três fórmulas, na

perspectiva de atenuar esse caráter. São expressas a seguir:

Onde:

Eps – extensão do percurso superficial

Dd – densidade de drenagem.

Onde:

Lm = comprimento médio dos

canais

Lu = comp. dos canais em cada

ordem

Nu = número de canais em cada

ordem.

1 Eps=

2.Dd2

Lu Lm= Nu

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49

- índice de circularidade, de V. C. MILLER (1953), citado por J. Sales Mariano da

ROCHA (1997), através da expressão abaixo.

- Fator de forma, de HORTON (1932) e o índice de compacidade apresentado por

LIMA (1986), com as expressões abaixo relacionadas.

• Densidade de rios e densidade de drenagem, pelo método de HORTON

(1945). Os resultados das expressões abaixo são apresentados

respectivamente, em km e km/km2.

onde:

IC= índice de circularidade

A = área da bacia

AC = área do círculo de igual perímetro.

Onde:

Kc – índice de compacidade

P – perímetro da bacia

A – área da bacia.

onde:

Ff – fator de forma

A – área da bacia

L - comprimento do eixo da bacia.

Onde:

Dr – densidade de rios

Nr = número de rios

A = área da bacia.

Onde:

Dd – densidade de drenagem

Lt = comprimento total de rios na

bacia

A = área da bacia.

A Ic=

AC

A Ff= L2

P Kc = 0,2821

A0,5

N Dr= A

Lt Dd= A

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50

• Declividade média nas sub-bacias, a fim de “relacionar com o tempo de

escoamento superficial e de concentração da precipitação nos leitos dos cursos

d’água”. Foi obtida a partir do método mínimos quadrados (Pitágoras) citado em

ROCHA (1997). As fórmulas são as seguintes:

• Coeficiente de rugosidade, índice proposto por MELTON (1957) citado por

CHRISTOFOLETTI (1980) utilizado para “expressar aspectos da análise

dimensional da topografia”, através da fórmula abaixo.

Na terceira etapa, trabalha-se com a integração das cartas temáticas para

individualização de unidades e subunidades no interior das sub-bacias, a fim de buscar

melhor análise acerca de condições naturais nas sub-bacias hidrográficas em estudo.

Partiu-se de conceitos e aspectos de abordagem sistêmica, integralizando

informações das cartas de geologia, compartimentação do relevo, associações de solos e da

cobertura vegetal, além de informações sobre aspectos socioeconômicos.

onde

1CN = comprimento da

curvas de níveis

∆h = eqüidistância das curvas

de níveis (hm ou m)

A = área da bacia (hm ou m).

Onde:

Cr = coeficiente de rugosidade

Dd = densidade de drenagem

Dm = declividade média da bacia.

Σ 1CN x ∆ h

A x 100

Cr = Hx Dd

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51

A base inicial foi a carta de classificação morfológica da SUDENE\ASMIC –1973

(ANEXO A), e o cruzamento de informações do mapa geomorfológico do WAVES (2001),

prosseguindo com as demais cartas temáticas. Estas foram reduzidas para a escala de

1:100.000 através de pantógrafo Tridente – 40 cm. Nesta fase, também utilizou-se

materiais como papel vegetal, canetas 0,5; 0,3; 0,2, dentre outros, para a confecção de

overlays para cada microbacia.

Os overlays posteriormente foram digitalizados e editados a partir de software

apropriado, nas escalas devidas, compondo parte dos resultados apresentados em cartas

especiais.

Dentro das duas etapas anteriores, foram realizadas jornadas de campo, inicialmente

para reconhecimento da área de estudo, levantamentos e amostragens pedológicas para

checagem de características da vegetação, de acordo com o material cartográfico existente.

Nas demais, foram realizadas observações in loco para checagem dos resultados obtidos e

para levantamento de condições ambientais nas sub-bacias em estudo, tendo-se utilizado

entre os materiais: GPS 45 (Sistema de Posicionamento Global Via Satélite) - Garmin

internacional (1994); máquina fotográfica – Yashica MG-motor 36 mm; fichas de campo,

sacos plásticos para amostragem e escala métrica.

Os aspectos socioeconômicos, inicialmente,foram abordados de modo generalizado.

Nesta etapa vieram compor discussões acerca da evolução e dinâmica socioambiental atual,

com ênfase na relação homem-natureza, quanto ao modo de exploração dos recursos

ambientais nas sub-bacias estudadas.

Neste contexto, foram utilizados dados do Anuário Estatístico do Ceará – 1999 e

2000 e dados censitários da população a partir do Instituto de Geografia e Estatística.

Na quarta etapa do trabalho, realiza-se a classificação das sub-bacias quanto à

vulnerabilidade ambiental. Os procedimentos tomados para a detecção dos elos de

vulnerabilidade corresponderam à integração das técnicas de análises na perspectiva da

abordagem geosssistêmica e de indicadores dos graus de sensibilidade de PAIVA

(1999:98), que no presente estudo são identificados como – graus de vulnerabilidades.

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52

A aplicação de análises na perspectiva geossistêmica subsidiou a identificação dos

fatores ambientais de maiores impactos, associados aos principais fenômenos e possíveis

problemas ocorrentes nas sub-bacias em estudo. Pelo cruzamento dos fatores e fenômenos,

com os indicadores de vulnerabilidades identifica-se o grau de vulnerabilidade entre elas.

Adaptando-se as técnicas às condições ambientais prevalecentes na região das sub-

bacias, os graus de sensibilidade foram definidos nas seguintes categorias: baixa, média

baixa, média média, média alta e alta.

A matriz-síntese foi estruturada com os fatores de impactos negativos e os

respectivos fenômenos distribuídos nos eixos das abscissas, enquanto os indicadores de

vulnerabilidades compuseram o eixo das ordenadas. Do cruzamento destes, a categoria do

grau de vulnerabilidade foi expressa em palheta de cores.

Por fim, a quinta etapa é a composição do relatório final, que advém de todo o

processo da discussão e interrelações dos resultados anteriores. Nessa fase, fez-se uso de

materiais como: papel A4, computador, impressora, cartucho de tinta, e programas editor de

texto, editor de planilhas e editor de fotografias.

As etapas aqui descritas podem ser visualizadas a seguir, na figura 01 – Fluxograma

Metodológico.

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FIGURA 01 – Fluxograma metodológico

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55

DADOS QUANTITATIVOS

PARÂMETROS QUALITATIVOS

Eta

pa

Eta

pa

Eta

pa

FORMAÇÃO DE BANCO DE DADOS

OBJETIVO Análise geoambiental e

Sub-bacias do Alto do

Dados Climáticos

Material Bibliográfico

Parâmetros Morfométricos

Condições Climáticas Dados

Termopluviométric

Bases Cartográficas

Aspectos Socioeonômic

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA

Abordagem Quantitativa em Bacias

Dados Censitário da

População

Documentação Cartográfica

Solos, Associações e Características

Geomorfologia Unidades

Geomorfológicas

Geologia Crono-litoestratigrafia

Vegetação Unidades

Fitoecológicas

CARACTERÍSTICAS

HIDROLÓGICAS E EVOLUÇÃO E

DINÂMICA

COMPARTIMENTAÇÃO

GEOECOLÓGICA

NÍVEIS DE

VULNERABILIDADES

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DAS

SUB-BACIAS

Eta

pa

JO

RN

AD

A D

E C

AM

PO

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57

4 CONTEXTUALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA DO ALTO

JAGUARIBE

4.1 Localização da Área de Estudo

De maneira geral, as sub-bacias em estudo distribuem-se nos setores norte e oeste

do Município de Tauá que, por sua vez, está localizado na Microrregião Sertão dos

Inhamuns, na parte SW do Estado do Ceará. Insere-se entre as coordenadas geográficas de

05º 25’48”S na parte norte; 06º 19’ 27” S ao sul; 39º 48’ 38” W a leste; e 40º 42’ 09” W, ao

oeste (FIGURA 02) distando 344 km de Fortaleza.

Limita-se ao norte pelas serras do Logradouro e São Domingos; ao sul pelas serras

Cachoeirinha, Branca e Serra do Arraial; na parte leste pelas serras de Marruás, Guaribas, das

Almas e do Urubu; e na parte oeste pela serra da Joanhinha.

As serras ora destacadas constituem os principais divisores de águas superficiais para este

setor no alto curso da bacia hidrográfica do Jaguaribe, onde quatro (04) sub-bacias foram

selecionadas para este estudo, estando delimitadas na FIGURA 03.

As unidades em estudo receberam denominações de acordo com os principais canais da

drenagem que as atravessam. Assim as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi localizam-se no setor

oeste e envolvem a área das nascentes do rio Jaguaribe, enquanto as sub-bacias dos riachos Cipó e

Carrapateiras situam-se na parte norte do Município de Tauá.

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BRASIL

TAUÁ

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59

FIGURA 03 - Sub-bacias em Estudo no Município de Tauá

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62

4.2 Caracterização Físico-ambiental

De maneira geral, as sub-bacias em estudo apresentam dinâmicas físico-ambientais

relacionadas aos processos naturais antigos e recentes registrados na evolução da região

natural em que está inserido o Município de Tauá.

Por esta razão, é necessário apresentar os aspectos físicos mais relevantes dessa

região, partindo-se da base física de Tauá, gerando subsídios para a compreensão, análise e

discussão acerca de condições físico-ambientais das sub-bacias dos riachos Trici, Catumbi,

Cipó e Carrapateiras. Posteriormente serão interrelacionados aos parâmetros básicos de

análise do presente trabalho, a fim de compor cenários atuais de vulnerabilidades e

ambientais para as unidades em estudo.

4.2.1 Aspectos geológicos

A geologia correspondente as sub-bacias em análise caracteriza-se pela presença de

coberturas sedimentares cenozóicas e terrenos cristalinos posicionados no Pré-Cambriano

inferior ao superior, sendo composta basicamente pelas seguintes unidades

litoestratigráficas, de acordo com RADAM-BRASIL (1980), conforme a FIGURA 04.

• Cenozóico (Quaternário) – Sedimentos Aluvionares.

• Pré-cambriano (Proterózoico) – Complexo Pedra Branca e Complexo

Nordestino

Neste contexto, as sub-bacias hidrográficas dispostas na parte norte do Município

são constituídas principalmente pela formação do Complexo Pedra Branca (pEpb);

enquanto aquelas da parte oeste pela formação do Complexo Nordestino (pEn).

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FIGURA 04 - Mapa Geológico do Município de Tauá

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66

Os sedimentos aluvionares do Quaternário (Qa) distribuem-se em todas as sub-

bacias hidrográficas, associados aos vales dos canais de drenagem principais. Apresentam-

se geralmente em dimensões reduzidas e recobrindo as rochas Pré-Cambrianas.

A litologia das aluviões está representada desde areias finas a grosseiras, de cores

variadas, incluindo matacões, cascalhos e argilas; de acordo com RADAM-BRASIL

(1980:160).

A ocorrência deste sedimento, em maior ou menor proporção às margens dos canais

de drenagem nas sub-bacias hidrográficas em estudo, relaciona-se intimamente com o

desenvolvimento da morfologia atual. Como pôde ser verificado in loco, setores a montante

nos canais exibem predominantemente afloramentos rochosos no próprio curso, e, para

jusante, exibem material de granulação grosseira de natureza e tamanhos variados.

As rochas do Complexo Nordestino são amplamente complexas, com

predominância de litológias - como migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados,

granitóides, anfibolitos, quartzitos, metarcóseos, calcários cristalinos, xistos, itabiritos,

cacossilicatadas e rochas clásticas.

A litologia do Complexo Pedra Branca compõe-se basicamente de gnaisses

variados, como quartzo-feldspático com biotita, muscovita e outros, associados a xistos

básicos, com muscovita e\ou magnetita, biotita-xistos, metabásicos, ultrabásicos

serpentinizados.

Esta formação tem contato tectônico com falhas expressivas na área do Município,

como Sabonete-Inharé e Tauá, e que influenciam a ocorrência de rochas em diques ácidos,

observado in loco na sub-bacias hidrográfica do riacho Cipó, cujas características,

apresentaram-se com estrutura interna complexa em dobramentos suaves com sinformes e

antiformes abertas ou apertadas (FIGURA 05).

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67

FIGURA 05 - Dobramentos Suaves no Riacho Cipó

Foto de GONÇALVES 2003.

De maneira geral as litoestatigrafias aqui apresentadas estão inseridas na unidade

morfológica dominante no semi-árido cearense, denominada Depressão Sertaneja que se

caracteriza por:

No QUADRO 01, pode-se verificar de maneira sintetizada as litologias ora

expressadas.

Apresentando morfologia predominante e extensivamente plana, com dissecação incipiente nos interflúvios tabulares, onde a dinâmica decorrente dos fenômenos de diferenciação litológica e as condições climáticas reinantes expressam feições diferenciadas. (SOUZA et al , op.cit: 90)

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68

Quadro 01 – Síntese Litoestatigráfica das Sub-bacias Hidrográficas

UNIDADES GEOCRONOLÓGICAS ESTRATIGRAFIA LITOLOGIAS

ERA PERÍODO FORMAÇÕES

C E N O Z Ó I C A

Q U A T E R N Á R I O

Sedimentos Aluvionais

(Qa)

Areias finas a grosseiras, incluindo matacões, cascalhos e argilas.

Complexo Nordestino

(pEn)

Migmatitos, gnaisses, gnaissses migmatizados e granitóides, anfibolitos,quartsitos e outros.

P R É

C A M B R I A N O

P R O T E R O Z Ó I C O

M É D I O

A I N F E R I O R

Complexo Pedra Branca

(ePpb)

Gnaisses variados associados a xistos básicos, biotita-xistos e outros.

FONTE: Baseado em RADAM-BRASIL (1981)

4.2.2 Aspectos geomorfológicos

A morfologia atual em destaque nas sub-bacias hidrográficas em análise está

relacionada com as feições do modelado da paisagem do Município de Tauá. Resulta de um

conjunto de fatores morfogenéticos, impelidos por ações tectônicas, dinâmicas

paleoclimáticas e processos climáticos e biogenéticos atuais.

Portanto, de acordo com as unidades morfoestruturais estabelecidas para o Estado

do Ceará estabelecidas por SOUZA (1988), o Município de Tauá está inserido nas

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69

Unidades dos Domínios de Depósitos Sedimentares Cenozóicos, relacionando-se às

planícies e terraços fluviais; e no Domínio dos Escudos e Maciços Residuais, envolvendo

ramificações de relevos cristalinos com cristas e a Depressão Sertaneja.

Com base na compartimentação do relevo para o Município de Tauá realizada pelo

WAVES (2001), as sub-bacias hidrográficas em estudo estão constituídas pelas seguintes

unidades morfológicas: Maciços Residuais denominados no local de Maciço Residual do

Complexo Pedra Branca e Maciço Residual da Serra da Joanhinha, Depressão Sertaneja

Dissecada e Aplainada e Planícies e Terraços Fluviais (ANEXO A).

Os Maciços Residuais do Complexo Pedra Branca é uma unidade morfo-estrutural

caracterizada pelas feições dissecadas, exibindo diferenciações altimétricas, em razão da

maior resistência litológica à erosão diferencial. Podem ser observados nos setores N-E da

sub-bacias do riacho Carrapateiras, com altitudes de 600m a 800m aproximadamente.

Recebem a denominação local de serra de São Domingos.

A Unidade Morfoestrutural Maciço Residual Serra da Joanhinha está como o

principal dispersor de águas, com altimetrias em torno de 600m a 650m, unidade em que a

sub-bacias do riacho Catumbi distribui-se por suas vertentes orientais e dispondo-se nos

quadrantes NW-SW do Município.

A Depressão Sertaneja no Município de Tauá constitui-se de setores esbatidos em

altimetrias de 350m a 550m. São compartimentos oriundos dos processos de pediplanação,

podendo ser individualizados em dois (2) níveis distintos, a Depressão Sertaneja Dissecada

e Depressão Sertaneja Aplainada.

As quatro sub-bacias hidrográficas em estudo apresentam setores destas unidades

morfológicas. De maneira geral, o nível mais elevado da Depressão Sertaneja aí existente

está disposto entre 450m e 550m. Configuram-se em um relevo parcialmente dissecado a

dissecado em colinas rasas de topografias suave ondulada, intercaladas por vales abertos,

podendo, em alguns setores, apresentar-se em forma de cristas.

No segundo nível, a Depressão Sertaneja Aplainada, dispõe em altimetrias entre

350m a 400m, apresentando-se como vasta superfície de erosão, truncando variados tipos

de rochas do embasamento cristalino. A ação da intensa morfogênese mecânica expressa-se

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70

nas topografias de colinas onduladas a suavemente onduladas, intercaladas por superfícies

planas e vales abertos, recobertos por um pavimento detrítico grosseiro.

A Unidade Morfoestrutural correspondendo aos Depósitos Sedimentares,

constituídos pelas planícies e terraços das sub-bacias em estudo, e pouco expressiva e

relativamente estreita, uma vez que os canais de drenagem principais estão localizados em

curso superior da grande bacia do Jagauribe, estando entalhados em terrenos de

embasamento cristalino.

4.2.3 Aspectos hidrográficos

De maneira geral, o sistema de drenagem do alto Jaguaribe no Município de Tauá é

constituído por canais intermitentes e efêmeros sazonais e conseqüentemente, com vazões

apenas em período chuvoso.

Os divisores topográficos dispõem-se nos limites municipais. Com rede de

drenagem com direções variadas, divergindo por interflúvios com altimetrias máximas

entre 800m a 600m.

Entre os canais mais expressivos na rede de drenagem, destacaramm-se pela

esquerda, os riachos Abóbora, Olho D’água, Antonica, Cipó, Carrapateiras, Mucurana e

Favelas; e ,pela margem direita, os riachos Lajes, Catingueira, Puiú e Cacimbas (FIGURA

06).

O vale principal apresenta forma dissimétrica em “U”, com direcionamento geral

W-SE-S. O perfil longitudinal (FIGURA 07) demonstra que das cabeceiras a 600m de

altitude até o ponto de deflúvio a 350m de altitude, o curso principal com extensão

aproximada de 127 km apresenta caimento em desnível suave em razão da média em torno

de 2,1 a 2,5 m\km2.

Neste contexto, inserem-se as sub-bacias selecionadas neste estudo. De maneira

geral, partindo-se de observações das cartas planialtimetricas (SUDENE:1973) e, in loco

apresentam características como as que seguem:

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71

A sub-bacias do riacho Cipó (ANEXO B - Foto 1) apresenta rede de drenagem

pouco expressiva, distribuída em altimetrias de pequena variação, pois os interflúvios

encontram-se em faixa altimétrica de 500m.

O canal principal com direcionamento geral de NE-S-SE é raso, estreito e levemente

sinuoso, Podendo-se registrar setores no leito com largura de 6m, fundo rochoso com

afloramentos esfoliados e\ou desagregados em blocos, matacões e cascalhos alternados

com trechos arenosos irregularmente distribuídos.

A rede de drenagem desta sub-bacias flui para o riacho Carrapateiras, com

declividade média de 0,8 m\km2 para o canal principal.

Após alimentar importante açude no Município (Várzea do Boi), a drenagem da

sub-bacias do riacho Carrapateiras deságua no vale do Jaguaribe; com declividade média de

1,6 m\km para o canal principal. Esta inclinação, que reflete sua variação topográfica,

distribui-se em faixas hipsométricas de 750m a 350m.

Nos setores a montante desta sub-bacias hidrográfica, a drenagem na margem

esquerda está mais bem evidenciada, pois aí estão dispersores topográficos de maior

expressão espacial, já que aqueles da margem direita constituem apenas terrenos muito

desgastados, de baixa altitude, e por essa razão, recebem a denominação de “serrotes”.

Pelas condições acima apresentadas, o canal principal encontra-se em vale

encaixado, com pequena largura e leito rochoso.

Para jusante da sub-bacias Carrapateiras (ANEXO B - Foto 2), os canais

apresentam-se em drenagem mais aberta, de considerada distribuição e formação, pois

recebem contribuições tanto pela margem esquerda quanto pela direita. O canal principal é

bem desenvolvido, com largura de aproximadamente 9m, altura de 1,5 para o pacote

sedimentar, e leito constituído predominantemente com areia grossa, apresentando

direcionamento geral NW-SE até o exultório.

As sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi constituem o sistema de drenagem da

área das nascentes do rio Jaguaribe, Que recebe tal denominação somente após a

confluência destes riachos no povoado Trici.

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72

A sub-bacias do riacho Trici apresenta rede de drenagem de considerável

expressividade, distribuída por interflúvios com altimetrias em faixas hipsométricas entre

500m a 450m, quando encontra a faixa de distribuição do canal principal. Este apresenta-se

pouco sinuoso com declividade média de 0,6 m\km2 e direcionamento geral de W-SE,

reflexo da baixa variação altimétrica.

A rede de drenagem para a sub-bacias do riacho Catumbi apresenta canais bem

distribuídos e de considerável estrutura, com interflúvios de 600m a 500m, até alcançar o

vale principal dentro de faixas de 450m de altitude.

Em setores a montante desta sub-bacias, os canais são pequenos e estreitos, com

leitos arenosos, podendo apresentar trechos com afloramentos rochosos. Para jusante, os

canais tornam-se mais expressivos em extensão e largura com trechos de 8m a 10m de

largura, e calha predominantemente constituída de material arenoso.

Pela variação altimétrica de forte expressão, o canal principal desce em desnível até

o exultório (saída) da sub-bacias, com declividade média de 1,6 m\km, e com

direcionamento geral W-SE-NE.

Em virtude das condições da litologia das rochas cristalinas aí existentes e das

estruturas geológicas, todas essas sub-bacias apresentam arranjo geométrico da rede de

drenagem em padrão dendrítico.

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73

FIGURA 06 – Rede de Drenagem do Município

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74

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76

FIGURA 07 – Perfil Longitundinal do rio Jaguaribe (Tauá/CE)

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78

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79

4.2.4 Aspectos climáticos

As sub-bacias em estudo estão inseridas nas condições de clima semi-árido

predominante no Estado do Ceará, que por sua vez, está intrinsecamente relacionado aos

princípios básicos de circulação atmosférica no Nordeste, apresentadas por NIMER (1989).

Dessa forma as massas de ar atuantes são a ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) e a

mEa (massa Equatorial Atlântica).

No verão do hemisfério sul, a ZCIT está mais próxima do Equador, alcançando em

março posição extrema meridional, pelo maior resfriamento do pólo Ártico. Nesta

dinâmica, o centro de ação do Atlântico, responsável pelo bom tempo neste hemisfério,

alcança sua máxima pressão no inverno (julho) e a mínima no verão (janeiro).

Assim de fevereiro a maio, a ZCIT é responsável pela ocorrência da estação

chuvosa no Nordeste. E nos demais meses ocorre o período de estiagem, pelo domínio do

centro de ação do Atlântico, representado pela mEa. Esta massa compõe-se de duas

correntes: uma inferior fresca e úmida, por ser ar polar velho e da evaporação do oceano, e

outra superior, quente e seca, em virtude da forte inversão de temperatura que a separa da

superficial.

Com a elevação e enfraquecimento da descontinuidade térmica entre as correntes,

ambas ascendem de maneira rápida. Assim, a corrente úmida e fresca (quase-saturada)

resfria-se, seguindo gradiente adiabático úmido; e a outra, quente e seca, segue o adiabático

seco. Como resultante, tem-se a ocorrência de fortes chuvas no litoral, pela queda da

temperatura em altitude e forte instabilidade. Enquanto isso no interior, ocorre a estiagem

durante o inverno, quando o alísio é mais freqüentemente resfriado (op.cit:33 –35),

caracterizando fortes secas, ou seja, um mau “inverno”.

Por outro lado, quando no verão ocorrem intensas e contínuas passagens da FPA

(Frente Polar Atlântica) no sul do Brasil, e também nos E.U.A., o anticiclone quente dos

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80

Açores é destruído, provocando mudanças atmosféricas no Nordeste, trazendo fortes

chuvas, período denominado popularmente como bom “inverno” (op. cit:40).

Em interação com as características das massas de ar, o comportamento térmico

para o setor em estudo da bacia hidrográfica do Jaguaribe apresenta as seguintes

características básicas.

QUADRO 02 – Temperaturas Médias Anuais

MÊS

MINÍMA

MÁXIMA

ANUAL

JAN 19,9 33,1 27

FEV 22,4 31,1 25,9 MAR 20,6 30,1 25,4 ABR 21,3 30,3 25 MAI 19,3 30,3 24,8 JUN 19,5 30,5 24,5 JUL 20,1 30,7 24,5 AGO 20 32,3 25,8 SET 21,6 33,4 26,8

OUT 22,2 32,2 27,3 NOV 22,7 32,1 27,8

DEZ 22,9 33,5 27,7 ANO 21 31,6 26

As temperaturas médias anuais (QUADRO 02) permite inferir que, em média, as

temperaturas máximas ficam em torno de 30,1º C a 33,5º C, e as mínimas entre 19,3º C a

22,9º C, com médias anuaisde 24,5º C a 27,8º C, resultando em elevada amplitude térmica

diuturna, em torno de 10,6º C, sentida através de diferença brusca de temperaturas diurna-

noturnas.

Ao longo do ano, ocorre pequena variação para a amplitude térmica, em torno de 3º

C. Assim, as condições térmicas relacionadas ao setor em estudo na bacia hidrográfica do

rio Jaguaribe caracterizam-se por considerável estabilidade ao longo do ano.

Esta situação é ilustrada no GRÁFICO 01, onde se pode verificar médias das

máximas e médias das mínimas com pequenas variações ao longo dos anos, com o mínimo

das mínimas dentro do bimestre – maio e junho - e o máximo das mínimas no trimestre –

Fonte: INEMET(1961–1990

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81

outubro, novembro e dezembro. Enquanto isso, o mínimo das máximas ocorre a partir de

abril a junho, com crescentes térmicas em agosto, bem demarcadas até outubro.

GRÁFICO 01 – Médias das Temperaturas º C – Tauá/CE

FONTE: Baseado em Dados do INEMET.

No mesmo gráfico, a linha das médias anuais demonstra pouca sinuosidade, com

oscilações visíveis a partir do mês de agosto, quando as temperaturas mostram maior

elevação, mas mantendo o comportamento constante. No curso anual da temperatura média

(GRÁFICO 02), pode-se observar que a sinuosidade da curva denota regularidade no

comportamento das temperaturas ao longo do ano, estando sempre elevadas no Município

de Tauá.

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

3 0

3 5

4 0

J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l A g o S e t O u t N o v D e z

M e se s

Tem

pera

tura

s ºC

M ín im a sM á x im a sA n u a l

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82

GRÁFICO 02 – Curso Anual da Temperatura Média ºC – Tauá/CE

FONTE: Baseado em Dados do INEMET.

Os fenômenos de insolação, evaporação e a umidade relativa do ar estão inseridos

na dinâmica térmica e todo o conjunto é inter-relacionado com as dinâmicas de chuva

(QUADRO 03).

A insolação apresenta valores médios expressivos, fundamentados pelo efeito da

latitude, em razão da área de estudo estar entre as latitudes onde os raios solares caem

verticalmente durante 86 dias consecutivos no solstício, e também pelo movimento

aparente do Sol pelo zênite, reduzindo a velocidade em relação ao Equador.

22

23

24

25

26

27

28

29

Jan

Fev Mar Abr Mai Jun Ju

lAgo Set Out Nov Dez

TOTAL

Meses

Tem

pera

tura

s ºC

Anual

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83

QUADRO 03 – Dados de Insolação, Evaporação e Umidade Relativa do Ar e Pluviometria

– Tauá/CE

MESES

INSOLAÇÃO

(DÉCIMOS E

HORAS)

EVAPORAÇÃO

TOTAL

%

UMIDADE

RELATIVA DO

AR

%

MÉDIAS

PLUVIMÉTRICAS

ANUAIS (mm)

JAN 174,1 220,3 68 68,4

FEV 153,8 160,9 69 108

MAR 148,3 119,2 75 156

ABR 162,3 129,2 78 130,3

MAI 200,5 131,7 71 48,6

JUN 221 166,2 66 19

JUL 229 225,9 5 9,3

AGO 300,9 247,9 54 3,8

SET 228,4 273,7 44 2,7

OUT 257,8 307,8 51 4,0

NOV 235,1 289,7 50 16

DEZ 220,5 275,5 54 31

TOTAL 2540,2 2548 61,6 597,2

Fonte: INEMET

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84

Esta dinâmica torna os dias mais longos nos trópicos e causa zonas de máximo

aquecimento, segundo (BARRY & CHORLEY,1988:39). O GRÁFICO 03 ilustra o

comportamento da insolação relacionada a essa área.

GRÁFICO 03 - Insolação Total – Tauá/CE

FONTE: INEMET (1961 - 1990).

As médias de evaporação total apresentaram-se elevadas, com 119mm e 307mm,

refletindo-se sobre a dinâmica térmica e pluviométrica para o Município, e cujo

comportamento é ilustrado no GRÁFICO 04.

GRÁFICO 04 - Evaporação (%) – Tauá/CE

FONTE: Baseado em Dados do INEMET.

0

50

100

150

200

250

300

350

Total (horas e décimos)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

Insolação

0

50

100

150

200

250

300

350

Porcentagem (%)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

Evaporação Total

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85

TUBELIS & NASCIMENTO (1987:95), concluem que em geral, quanto maior a

temperatura, maior é a capacidade do ar em reter vapor d’água. Neste contexto, os dados de

evaporação para a área justificam as condições de umidade relativa do ar, através de valores

como 44% a 50% e, por sua vez, coincidindo com temperaturas no período das médias das

máximas absolutas, entre os meses de setembro, outubro e novembro. A situação é

verificada na ilustração do GRÁFICO 05.

GRÁFICO 05 - Umidade Relativa do Ar – Tauá/CE

FONTE: Baseado em Dados do INEMET .

A variação da umidade relativa é inversa à temperatura e está associada à dinâmica

diuturna de temperaturas elevadas, registradas durante o dia, e amenizações ao longo da

noite, sendo esta favorecida pela elevada evaporação e evapotranspiração, com presença de

cobertura vegetal rala, de caráter caducifólio, para formação vegetal predominante no

Município de Tauá – a caatinga.

Pela dinâmica atmosférica na região em estudo, o comportamento pluviométrico

apresenta baixos índices médios anuais, detectando-se estação chuvosa de janeiro a maio,

0

10

20

30

40

50

60

70

80

%

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

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86

com índices crescentes a partir de fevereiro, maior concentração entre março e abril,

quando os valores registrados são de 156mm e 130mm, respectivamente (GRÁFICO 06).

GRÁFICO 06 - Médias Pluviométricas Anuais – Tauá/CE

FONTE: Baseado em Dados do INEMET.

A partir do, mês de maio registra-se queda acentuada, e os índices mais expressivos

estão concentrados no quadrimestre de julho a outubro, ficando setembro com 2,4mm, para

o mês menos chuvoso no período. No mês de novembro, registra-se subida gradativa de

chuva, e dessa forma, deixando em destaque o caráter bastante irregular da dinâmica

pluviométrica.

4.2.5 Aspectos pedológicos

De maneira geral, a constituição e ascaracterísticas físico-químicas dos solos de

uma região estão diretamente ligadas a dois fatores preponderantes pelo menos - as

condições geológicas e a atuação da dinâmica climática sobre estas. Em segundo plano,

aparecem características mais isoladas, como as geomorfológicas e as interferências

antrópicas decorrentes da ocupação e uso do solo.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Médias (mm)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meses

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87

No presente tópico, são apresentadas as principais associações de solos ocorrentes

nas sub-bacias hidrográficas em estudo Município de Tauá, de acordo com mapa do

WAVES (2000).

A partir das análises nas documentações do referido estudo, inferiu-se (QUADRO

04) que as associações de solos ocorrentes nas sub-bacias dos riachos Cipó e Carrapateiras

expressam-se, de maneira geral, mais rasos, pouco profundos e com maior ocorrência de

afloramentos rochosos, do que nas sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi. Enquanto nas

duas primeiras sub-bacias predominam as associações de solos LITÓLICOS e BRUNO

NÃO CÁLCICO, as outras são quase que completamente tomadas por associações de

PODZÓLICOS VERMELHO-AMARELOS; salvo os trechos descontínuosm, onde

ocorrem solos ALUVIAIS incipientes.

As principais composições, características físicas e comportamento dos constituintes

sólidos estão no QUADRO 04, cujas disposições espaciais aproximadas são apresentadas

na FIGURA 08.

Na recente classificação de solos do Brasil, feita pela Empresa Brasileira de

Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1999), as associações acima receberam

denominações de LUVISSOLOS para as antigas classificações de Solos Bruno não

Cálcicos e Podzólicos Vermelho-amarelos; NEOSSOLOS Líticos e NEOSSOLOS Flúvicos

para os Solos Litólicos e Fluviais, respectivamente. E, ainda, CHERNOSSOLOS para o

Brunizem, PLANOSSOLOS para o Planossolo Solódico, e VERTISSOLOS para a mesma

categoria anterior.

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88

QUADRO 04 – Associações de Solos nas Sub-bacias Hidrográficas

PRINCIPAIS ASSOCIAÇÕES DE SOLOS

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS

Siglas Características Principais

Re 27

Associação de SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa com cascalho, fase pedregosa +BRUNO NÃO CÁLCICO, textura média argilosa, fase erodida e pedregosa, ambos A moderado.

PLS 16

Associação de PLANOSSOLO SOLÓDICO Tb textura arenosa\cascalhenta\argilosa como +SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS textura arenosa fasepedregosa e rochosa, todo A fraco.

Re 48

Associação de SOLOS LITÓLICOS A fraco textura arenosa e média cascalhenta, fase pedregosa e rochosa + AFLORAMENTOS ROCHOS.

NC 19

Associação de BRUNO NÃO CÁLCICO A fraco e moderado textura média\argilosa + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS A fraco textura arenosa e média.

Riacho Cipó

NC 24

Associação de BRUNO NÃO CÃLCICO, textura média\argilosa PLANOSSOLO SOLÓDICO, Ta textura arenosa\média e argilosa ambos A fraco.

BV 5

Associação de BRUNIZEM AVERMELHADO, fase erodida + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A moderado a chenozênico, textura média, fase pedregosa e rochosa.

BV 6

Associação de BRUNIZEM AVERMELHADO, fase erodida +SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS com A fraco e moderado, textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO AMARELO EUTRÓFICO Tb, com A moderado, textura média\argilosa.

NC 39

Associação de BRUNO NÃO CÁLCICO vértico textura média\argilosa, fase pedregosa +SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa.

V 11

VERTISSOLOS A fraco

Re 30

Associação de SOLOS LITÓLICOS A fraco e moderado, textura arenosa e média fase pedregosa e rochosa +PODZÓLICO VERMELHO AMARELO Tb A moderado textura média\argilosa, ambos autróficos.

Riacho Carrapateiras

Re 48

Associação de SOLOS LITÓLICOS A fraco textura arenosa e média cascalhenta, fase pedregosa e rochosa + AFLORAMENTOS ROCHOSOS.

Continua ...

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89

continuação ...

PRINCIPAIS ASSOCIAÇÕES DE SOLOS

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS

Siglas Características Principais

PE 102

Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb eutrófico, textura média\cascalhenta + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa-argilosa e média, fase pedregosa e rochosa + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, textura média argilosa.

PE 105

Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb raso,textura média\argilosa cascalhenta + SOLOS LITÓLICOS, textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb textura média\argilosa, todos eutróficos.

PE 99

Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb, A moderado textura média\argilosa + SOLOS LITÓLICOS textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb raso, textura média\argilosa e cascalhenta, todos EUTRÓFICOS A fraco e moderado.

Riacho Trici

Ae 7

SOLOS ALUVIAIS ETRÓFICOS A fraco e ondulado, textura indiscriminada

PE 102

Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb eutrófico, textura média\cascalhenta + SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, textura arenosa-argilosa e média, fase pedregosa e rochosa + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, textura média argilosa.

PE 99

Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb, A moderado textura média\argilosa + SOLOS LITÓLICOS textura arenosa e média, fase pedregosa e rochosa + PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb raso, textura média\argilosa e cascalhenta, todos EUTRÓFICOS A fraco e moderado.

PE 63

Associação de PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO Tb EUTRÓFICO A fraco e moderado + BRUNO NÃO CÁLCICO A fraco, fase com calhaus, ambos textura média\argilosa.

Riacho Catumbi

Ae 19

Associação de SOLOS ALUVIAIS DISTRÓFICOS, textura indiscriminada + PLANOSSOLO SOLÓDICO Ta textura arenosa\média + SOLONETZ SOLODIZADO textura arenosa\média e arglosa, todo A fraco.

FONTE: Baseado no WAVES (2001).

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90

FIGURA 08 – Mapa das Principais Associações de Solos (Tauá/CE)

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92

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93

4.2.6 Aspectos da vegetação

As condições edafoclimáticas anteriormente enunciadas, referem-se às forças e às

condições que compõem o meio ambiente semi-árido no alto vale do Jaguaribe,

responsáveis pelas condições e aspectos naturais da cobertura vegetal nas sub-bacias

hidrográficas em estudo.

FERNANDES & BEZERRA (1990:167) afirmam que, em áreas com características

de semi-aridez, surge uma vegetação reconhecidamente xerófila. Esta expressa uma

condição de sobrevivência ligada a um ambiente seco, ecologicamente com deficiência

hídrica, onde a água disponível para as plantas procede unicamente do curto período da

estação chuvosa, já que seus solos são incapazes de acumular água. Esta vegetação é

denominada de caatinga, palavra indígena que significa, “mata aberta, clara”, em

contraposição às matas fechadas, escuras.

Na classificação da vegetação, de acordo com RIZZINI (1997:515), caatinga é um

complexo vegetacional constituído por arvoretas e arbustos decíduos durante a seca, com

presença freqüente de espinhos, cactáceas, bromeliáceas e ervas, quase todas anuais.

Apresenta ainda muitos râmulos secos e duros, mais ou menos espiniformes. As folhas são

pequenas e compostas.

Sobre a fisionomia da caatinga, muitos estudos mostraram haver divisões e/ou

modalidades de classificações. Entre estes, os estudos ora referidos expressam idéia prática

na divisão da caatinga em – arbórea, arbustiva/subarbustiva, para FERNANDES &

BEZERRA (op.cit) enquanto para RIZZINI (op.cit)- arbórea, arbustiva e subarbustiva.

Neste estudo, adota-se a classificação do WAVES (2001), com as seguintes

variações para a cobertura vegetal, no Município de Tauá:

• caatinga arbórea densa com mata seca - formação arbórea baixa das áreas de

pediplanos. A fisionomia é constituída por árvores com altura em torno de 8 a

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94

10m, densamente distribuídas. Apresenta um estrato de plantas arbustivas

espinhosas, perene e outro herbáceo de plantas anuais;

• caatinga arbórea aberta - constituída por árvores e arbustos de altitudes variadas,

esparsamente distribuídas, entremeadas de plantas suculentas (cactáceas), sobre

um estrato herbáceo estacional. Sua composição florística é mais simples, pelos

fatores ecológicos desfavoráveis ao maior desenvolvimento, possibilitando

assim maior interferência antrópica;

• caatinga arbórea-arbustiva densa - apresenta fisionomia com características de

regeneração da cobertura vegetal, com predominância de árvores baixas e

arbustos como testemunhos para a caracterização. Ocorre o aumento de

cactáceas com menor porte;

• caatinga arbórea-arbustiva aberta - pelo desflorestamento nos vales e depressões

mais úmidas, onde a topografia é mais ou menos plana, desenvolve-se uma

fisionomia vegetal com pequena presença de arbustos e cactáceas, bem

espaçados, com estrato herbáceo anual considerado.

Nas condições e características ors expressadas, está a classificação para a cobertura vegetal

nas sub-bacias dos riachos Cipó, Carrapateiras, Trici e Catumbi, que apresentaram, ainda, estreita e

descontínua faixa de mata ciliar nos riachos principais. Estão representados nas figuras 09, 10,11 e

12, cujos aspectos da fisionomia são ilustrados em ANEXOS B (fotos 3 a 9).

A seguir são expressadas (QUADRO 05) algumas espécies da composição florística nas

sub-bacias hidrográficas em análise.

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95

QUADRO 05: Espécies da Cobertura Vegetal – Tauá\CE

NOME

Nº POPULAR CIENTÍFICO

01 Pinhão Jatropha sp.

02 Pereiro Asisdoperma pirifolium Mart.

03 Aroeira Myracrodruon urundeuva Fr. All.

04 Jurubeba Solanum sp.

05 Angico Anadenanthera colunbrina (Vell.) Brenan.

06 Gonçalo Alves Astronium fraxinifolium Schott.

07 Catingueira Caesalpinia bracteosa Tul.

08 Faveleira Cnidosculus phyllacanthus Pax & K. Hoffm.

09 Marmeleiro Croton sonderianus

10 Mofunbo Combretum leprosum Mart.

11 Facheiro Cerus squamosus Guerk

12 Camara Lantanna camara Linn.

13 Sabiá Mimosacaesalpinifolia Benth.

14 Embiratanha Bombax cearensis Ducke

15 Quebra-faca Cassia trachypus Mart.

16 Xique-xique Cerus goumelli K. Schum.

Continua ...

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96

Continuação ...

NOME

Nº POPULAR CIENTÍFICO

17 Ingazeira Inga fagifolia Willd.

18 Jurema Preta Mimosa hostilis Benth.

19 Calumbi Mimosa malacocentra Mart.

20 Pau d'arco roxo Tabebuia impetiginosa (Mart. Ex DC.) Stand.

21 Imburana de cheiro Torresia cearensis Fr. All.

22 Pajeú Triplaris gardneriana Willd.

23 Ameixa Ximenia coriacea Engl.

24 Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart.

25 Inharé Brosimum gaudichaudii Trec.

26 Mororó Bauhinia fortificata Lin.

27 Pau - ferro Caesalpinia leiostachya Ducke

28 Imburana de espinho Commiphora lepthafloeos Mart. Gillet.

29 Velaame Croton floribundus Spreng

30 Frei jorge Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. Ex Steud

31 Jucá Caesalpinia ferrea mart. Ex. Tul.

32 Mandacaru Cerus jamacaru DC.

33 Mulungu Erythrina velutina Willd.

34 João Mole Guapira opposita Vell.

35 Jurema Branca Piptadenia stipulaceae (|Benth.) Ducke

Fonte: MOREIRA-2001

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FIGURA 09 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Cipó

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FIGURA 10 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Carrapateiras

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100

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101

FIGURA 11 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Trici

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FIGURA 12 – Cobertura Vegetal nas Sub-bacias dos Riachos Catumbi

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105

4.3 O Contexto Socioeconômico

A abordagem socioeconômica apresentada nesta parte do trabalho, vem maneira

sintética com principais fatos e fenômenos da dinâmica de ocupação, de aspectos

demográficos e econômicos da área de abrangências das sub-bacias em estudo, a fim dar

suporte a discussões posteriores sobre a relação de exploração dos recursos naturais aí

existentes.

4.3.1 Ocupação populacional e prática agropecuária

A ocupação nas sub-bacias hidrográficas em estudo está inserida no contexto das

disputas de terras entre índios e colonizadores portugueses, durante as expedições para o

interior do Brasil, iniciadas no séc. XVI.

Habitação nos vales de rios importantes no sertão nordestino está relacionada a

movimentos populacionais saídos de Olinda e Salvador à procura de espaço para a criação

de gado. A corrente de Olinda foi responsável pela introdução desta atividade no Estado do

Ceará, destacando-se o vale do rio Jaguaribe.

Grupos de desbravadores incursionaram cada vez mais a montante do vale do

Jaguaribe, controlando vastas extensões de terras, recebidas nas doações de sesmarias, fato

que também contribui para a constituição de grandes latifúndios no Brasil.

Segundo VALE et al (1999), a ocupação das sesmarias na região dos Inhamuns,

área de abrangência das sub-bacias, foi iniciada por membros da família Feitosa, que

ocuparam a barra do rio Jucás, onde viveram grupos indígenas de mesma denominação. A

partir daí, logo expandiram seus domínios na região, levando seus currais ao longo do

Jaguaribe e seus afluentes.

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106

Dessa forma, outros grupos também chegaram à região, entre eles os Montes, os

Fonsecas, Ferreiras, Araújos, Barretos, Mendes, Lobatos, Barbalhos, Esteves, Almeidas,

Andrades e outros.

A entrada do “homem branco” na região resultou em graves conflitos com os índios.

Estes perderam suas áreas, constituídas pelas terras férteis junto às ribeiras, para a fixação

do gado, sendo espoliados para áreas de serras e caatingas em interflúvios, com escassez de

água.

Os confrontos travados com os empregados das fazendas (vaqueiros, escravos e

posseiros) duraram anos, resultando em muitas mortes, com aniqüilamento de tribos e

aldeamento dos remanescentes, bem como ocupação de vez da região dos Inhamuns e a

fixação do gado.

Neste contexto, áreas como estas no sertão nordestino foram incorporadas

economicamente à Colônia Portuguesa, passando a fornecer animais de trabalho e carne

para áreas mais povoadas até então.

Como o sistema implantado para a criação do gado foi o extensivo, a mão-de-obra

era reduzida. Quase sempre um vaqueiro, que era também o administrador, e poucos

empregados. Já o proprietário e a família viviam na cidade. Na dinâmica de trabalho,

durante o período de estiagem, cabia entre as atividades a construção de cacimbas,

alimentação do gado em áreas onde existisse pastagem e para a dessedentação.

Por este período, as fazendas adquiriram grandes extensões e chegaram a abrigar

grande número de cabeças de gado, algumas de mais de 5.000 cabeças, segundo

ANDRADE (1979).

Em razão das grandes distâncias e da difícil comunicação, o homem aí fixado

procurou tirar do próprio meio suprimentos de necessidade, onde a própria atividade

criatória fornecia alimentos e até utensílios domésticos e vestimentas de couro, como

relatou CAPRISTANO DE ABREU, citado por ANDRADRE (op. cit.). Este último

pesquisador denominou a época de “Civilização do Couro”.

Com tamanha expressão econômica da criação de gado, proporcionando acúmulo

de capital dos fazendeiros no sertão, estes buscam experimentar outras atividades como

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107

expansão econômica. A partir daí experimentam entrar nos ciclos econômicos que

predominavam na economia brasileira, como a cana-de-açúcar, por exemplo.

Para a região em estudo, os poucos registros de plantio de cana-de-açúcar estão

relacionados com fracassos, pois as condições do semi-árido não permitiram boa produção,

mas, por outro lado, permitiram a grande produção de algodão entre fins do séc. XVII e séc.

XIX, sendo inserida no Ciclo Algodoeiro do Sertão Nordestino, onde a maior parte era

consumida internamente enquanto, o restante era levado a entrepostos, para a demanda do

porto de Recife e daí enviado para beneficiamento na Inglaterra.

A crise do mercado internacional da época levou à queda do mercado de algodão no

País e, conseqüentemente, o desinteresse dos fazendeiros, deixando de lado os algodoais.

Neste contexto, os trabalhadores assalariados tiveram que voltar às suas atividades

anteriores, lavouras de subsistência e trabalho na pecuária. A partir daí, passaram a

trabalhar com outra prática de cunho agrícola, o algodão junto das culturas comerciais de

produtos alimentícios,predominantemente milho, feijão e mandioca, de maneira intercalada.

4.3.2 Contexto demográfico e econômico atual

A fim de compreender mais sobre a dinâmica de uso dos recursos naturais nas sub-

bacias em estudo, nesta parte do trabalho, são apresentadas de maneira suscinta aspectos

recentes da demografia e da economia em suas áreas de abrangências.

Neste sentido, as áreas de abrangências correspondem aos Distritos de Barra Nova e

Carrapateiras para as sub-bacias dos riachos Cipó e Carrapateiras, e os Distritos de Santa

Tereza e Trici para as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi.

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108

4.3.2.1 aspectos demográficos

A partir dos dados censitários do IBGE (2000), apresentados no QUADRO 06,

pode-se inferir que a população absoluta residente na área de abrangência das sub-bacias

dos riachos Cipó e Carrapateiras é de aproximadamente 5.912 habitantes, e representa cerca

de 11,37% do total da população municipal. E nas áreas de abrangências das sub-bacias

Trici e Catumbi, cerca de 6.984 habitantes, que compõe 13,44% do total da população do

Município de Tauá.

QUADRO 06 – População Absoluta nas Áreas de Abrangências das Sub-bacias Hidrográficas

DISTRITOS SUB-BACIAS

HIDROGRÁFICAS Áreas de Abrangências

POPULAÇÃOABSOLUTA %

Riacho Cipó Barra Nova 2.407 4,63 Riacho

Carrapateiras Carrapateiras 3.505 6,74

TOTAL 5.912 11,37 Riacho Trici Trici 3.653 7,03

Riacho Catumbi

Santa Tereza 3.331 6,41

TOTAL 6.984 13,44 TOTAL

MUNICIPAL 51.948

FONTE: Baseado em dados censitários do IBGE (2000)

O GRÁFICO 07 ilustra o comportamento de distribuição percentual da população

absoluta dos distritos envolvidos pelas sub-bacias em relação aos demais do Município de

Tauá.

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GRÁFICO 07 – Distribuição da População Absoluta (% por Distritos)

FONTE: Baseado em dados censitários do IBGE 2000

No que diz respeito à distribuição da população nas áreas rural e urbana, o

QUADRO 07 demonstra que a população ocupa predominantemente a área rural.

QUADRO 07 – População nas Áreas Rural e Urbana – Tauá/CE

DISTRITOS POPULAÇÃO RURAL POPULAÇÃO URBANASUB-BACIAS

HIDROGRÁFICAS Áreas Abrangências Absoluta % Absoluta %

Riacho Cipó

Barra Nova 2.396 99,5 11 0,45

Riacho

Carrapateiras

Carrapateiras 2.851 81,3 654 18,6

TOTAL 5.247 88,75 665 11,24

Riacho Trici

Trici 3.534 96,7 119 3,2

Riacho

Catumbi

Santa Tereza 1.410 42,3 1.921 57,6

TOTAL 4.944 70,79 2.040 29,2 TOTAL

MUNICIPAL 25.227 48,56 26.721 51,4

FONTE: Anuário Estatístico do Ceará 2000

4,63 6,747,75

8,92

8,96,41

7,03

49,59

Barra NovaCarrapateirasInhamunsMarrecasMarruásSanta TerezaTauáTrici

TOTAL

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110

A representação é de 88,75% e 70,79%, respectivamente nas áreas de abrangência

das sub-bacias dos riachos Cipó-Carrapateiras e dos riachos Trici-Catumbi contra 11,24% e

29,20% para a população urbana, respectivamente, na mesma seqüência das áreas de

abrangências das sub-bacias em análise.

É importante ressaltar que o destaque para o percentual de população urbana na área

de abrangência no segundo grupo ora citado fundamenta-se nos dados expressados pelo

distrito de Santa Tereza, com 57,6% do contingente urbano sobre 42,3% do rural, fato este

que poderá ser analisado em estudo específico.

4.3.2.2 aspectos econômicos

A evolução histórico-econômica apresentada para a região dos Inhamuns levou a

pesquisadora associar o desenvolvimento de práticas econômicas na área de abrangência

das sub-bacias no setor primário, mais especificamente no desenvolvimento da pecuária

extensiva, agricultura e na extração de produtos vegetais.

Dentre outros aspectos, os totais de produção, rendimentos e área ocupada pelas

atividades econômicas acima no Município de Tauá, levam a se inferir que estas compõem

a base econômica nas sub-bacias em análise.

A pecuária extensiva é a atividade econômica predominante. Os números

apresentados (QUADRO 08) revelaram, através do efetivo de cabeças de gado, maior

produção para os rebanhos ovinos, bovinos e caprinos.

Os três anos enfocados na análise demonstram a colocação em primeiro lugar para o

rebanho ovino, mantendo certa estabilidade na produção, com 115.136 cabeças no último

ano. A produção relativa de 42,62% expressa quase a metade do efetivo total da produção

pecuária no Município.

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QUADRO 08 – Efetivo de Rebanhos – Tauá/CE

REBANHOS

EFETIVO (CABEÇAS)

1997

%

1998

%

1999

%

Bovinos

67.455

24,56

65.094

24,23

63.596

23,54

Suínos

22.919

8,34

22.574

8,4

22.158

8,2

Equinos

2.642

0,96

2.615

0,97

2.575

0,95

Asininos

6.100

2.22

6.008

2,23

5.887

2,17

Muares

1.313

0,47

1.306

0,48

1.279

0,47

Ovinos

114.611

41,74

112.438

41,86

115.136

42,62

Caprinos

59.521

21,67

58.568

21,8

59.505

22,02

TOTAL

274.561

268.603 270.136

Fonte: Baseado no Anuário Estatístico do Ceará-2000.

Contrária ao resultado do rebanho ovino, a bovinocultura, com cerca de 63.596

cabeças de gado, vem em segunda posição, com 24, 82% do efetivo total para ao Município

mas apresenta decréscimos dentro do período analisado.

A caprinocultura apresenta-se como o terceiro rebanho em importância, pelo efetivo

de 59.505 cabeças, que participam com 22,02% do efetivo total, e com demonstração de

evolução constante para o período.

O quadro demonstra, ainda, que os demais rebanhos apresentam quedas no efetivo

de cabeças de gado, dentro do período analisado.

A representação visual (GRÁFICO 08) expressa a importância do efetivo de

cabeças para os rebanhos em destaque no Município de Tauá, estando estes relacionados às

sub-bacias hidrográficas em foco.

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112

GRÁFICO 08 – Efetivo Percentual de Rebanhos em 1999 – Tauá/CE

FONTE: Baseado no Anúario Estatístico do Ceará: 2000.

A produção destinada ao corte é comercializada em geral na região; enquanto a

produção de leite fica principalmente para o consumo familiar, com aproveitamento in

natura ou através da produção de queijo e outros derivados, que também são

comercializados em pequena escala.

Na produção agrícola, destacam-se as culturas de milho, feijão e mandioca quanto à

ocupação de área e quantidade produzida (QUADRO 09). Dentro do período analisado,

verifica-se que, na maioria das culturas, houve ampliação da área colhida e decréscimo

acentuado na produção.

Nas três culturas de maior produção, o feijão aumentou em 470 há, perdendo um

pouco mais do que uma tonelada. O milho teve aumento de 1.220 ha e perda de tonelada e

meia; ao passo que a mandioca mantém a área do período anterior, mas tem perda de 825

kg.

23,54

8,2

0,95

42,62

22,02

0,472,17

Bovinos

Suínos

Equinos

Asininos

Muares

Ovinos

Caprinos

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113

Os dados apresentados para os produtos em destaque levam a pesquisadora a inferir

para as sub-bacias em estudo, o fato de que estas culturas são praticadas

predominantemente em médias e pequenas propriedades agrícolas e constituem pequenas

lavouras comerciais e de subsistência.

QUADRO 09 – Principais Produtos Agrícola – Tauá/CE

1997 1998 PRODUTOS Área Colhida

(há)

Quantidade Produzida

(t)

Área Colhida (há)

Quantidade Produzida (t)

Algodão Arbóreo (carroço) 70 6

Algodão herbáceo (carroço) 56 24 60 9

Arroz (em casca) 35 21

Banana 30 27 40 18

Cana-de-açúcar 20 700 20 230

Castanha de Caju 4 1 34 5

Coco-da-baía 6 30 10 54

Feijão (em grão) 10.530 2.136 11.000 825

Mamona (baga) 56 34 50 15

Mandioca 150 1.350 150 525

Manga 4 160 12 480

Milho (em grão) 10.780 2.048 12.000 528

FONTE: Baseado no Anúario Estatístico do Ceará: 2000.

Os demais produtos agrícolas expressados são destinados à comercialização, e entre

estes somente o coco-da-baía e a manga apresentam aumento na produção, fato que pode

ser analisado em estudo específico. Ainda no período em foco, o algodão arbóreo e o arroz

não apresentaram produção de um ano para outro.

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114

A visualização gráfica evidencia as culturas tradicionais na subsistência da

população, e as duas culturas comerciais de maior produção, que podem ser consideradas

como novidades para a região (GRÁFICO 09).

Em termos percentuais, é possível verificar (GRÁFICO 10) que as culturas de milho

e feijão ocupam praticamente o total da área plantada, correspondendo juntas a 98% da área

total no Município ocupada pela agricultura, enquanto a mandioca ocupa apenas 1% desta

área.

GRÁFICO 09 – Produtos Agrícolas de Maior Produção – Tauá/CE

Fonte: Anuário Estatístico do Ceará : 2000

9

18

230

5

54

825

15

525

480

528

0 200 400 600 800 1000

1

Quantidade (t)

Milho (em grão)MangaMandiocaMamona (baga)Feijão (em grão)Coco-da-baíaCastanha de CajuCana-de-açúcarBananaArroz (em casca)Algodão herbáceo (carroço)Algodão Arbóreo (carroço)

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115

GRÁFICO 10- Importância Agrícola por Área Ocupada – Tauá/CE

Fonte: Baseado no Anuário Estatístico do Ceará-2000

Dados da atividade extrativa (QUADRO 10), expressam o destaque para a produção

de carvão e madeira, e levam a que se infira deverem estes produtos ter maior rentabilidade,

dentro dessa atividade.

0%0%0%

48%

0%

1%

0%

51%

0%0%

0%0%Algodão Arbóreo (carroço)Algodão herbáceo (carroço)

Arroz (em casca)BananaCana-de-açúcar

Castanha de CajuCoco-da-baíaFeijão (em grão)

Mamona (baga)MandiocaManga

Milho (em grão)

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116

QUADRO 10 – Evolução do Extrativismo Vegetal – Tauá/CE

PRODUTOS

QUANTIDADE (T)

1995

%

1996

%

1997

%

1998

%

1999

%

Carvão Vegetal

39

1

2

2

2

Lenha

165.00

29

30

29

29

Madeira em Tora

14.100

1

1

1

1

FONTE: Baseado no Anuário Estatístico do Ceará: 2000.

Ao longo do período analisado, verifica-se queda intensa na quantidade dos

produtos explorados no extrativismo vegetal, com destaque para a produção de lenha .

É possível perceber também o decréscimo generalizado para os produtos destacados

no extrativismo vegetal (GRÁFICO 11), fato que pode estar associado ao ritmo intenso de

retirada da cobertura vegetal natural.

A produção decorrente da extração vegetal na região tem caráter de renda

complementar, pois é praticada por pequenos agricultores e criadores de gado, que realizam

a extração de madeira de maneira avulsa em terras que na maioria das vezes não lhes

pertencem.

Outras atividades como criação de aves e pesca continental também constituem

aspectos importantes na economia do Município de Tauá. Dados de 1995 e 1996

demonstraram que a avicultura obteve crescimento intenso, de 49.364 no primeiro ano

exposto passa para 170.368 efetivos de aves; enquanto a pesca praticada em açudes oficiais,

com destaque para o Trici teve produção de 18.685 kg em 1995, passando para 32.800 kg

em 1996.

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117

GRÁFICO 11 –Variação da Extração Vegetal – Tauá/CE

FONTE: Baseado no Anúario Estatístico do Ceará-2000

02 04 06 08 0

1 0 01 2 01 4 01 6 01 8 0

Q u a n tida de ( t)

C a rv ã o V e g e ta l L e n h a M a d e ira e mT o ra

P rodu tos

V a r ia ç ã o d a E x t ra ç ã o V e g e ta l e m 5 a n o s -T a u á /C E

1 9 9 51 9 9 61 9 9 71 9 9 81 9 9 9

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118

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Análise Geoambiental em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do Rio

Jaguaribe

A análise geoambiental sobre considerada porção do espaço geográfico, de maneira

geral, está relacionada com a avaliação ambiental acerca das condições dos recursos

naturais ali desenvolvidos. Neste contexto, MACEDO (1995:15) considera ser esta ampla

atividade analítica, que busca compreender e mensurar o objeto de estudo, segundo as

relações mantidas entre seus elementos constituintes.

De acordo com a aplicação dos parâmetros quantitativos e abordagem qualitativa

explicitados nos procedimentos metodológicos, são apresentados nesta parte do estudo os

resultados e discussões obtidos para as sub-bacias hidrográficas pré-selecionadas.

Neste contexto, serão apresentadas as características hidrológicas e dinâmicas

decorrentes; evolução e dinâmica socioambiental; compartimentação geoecológica; além de

vulnerabilidades nas (entre) sub-bacias dos riachos Trici, Catumbi, Cipó e Carrapateiraas.

5.1.1 Características hidrológicas e processos dinâmicos

Parâmetros quantitativos em bacia hidrográfica e suas subunidades, como as

sub-bacias, são importantes na classificação e análise das suas dinâmicas hidro-

geomorfológicas.

Dentro da análise ambiental, os parâmetros morfométricos em sub-bacias podem ser

interrelacionados com outros de caráter qualitativo, aplicados na compreensão das

dinâmicas geossistêmicas e assim fornecer dados e informações mais concisas acerca de

condições naturais e possíveis evoluções das dinâmicas decorrentes.

Nesta perspectiva, segue-se com a quantificação de índices morfométricos nas sub-

bacias dos riachos Cipó, Carrapateiras, Trici e Catumbi, para apresentar as condições

hidrológicas e as dinâmicas naturais decorrentes.

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119

5.1.1.1 hierarquização fluvial

A ordenação de canais fluviais é uma simples quantificação da confluência de um

canal com outro. Parte-se do critério de que os menores canais, sem tributários, são

considerados de primeira ordem e confluem com outros, de segunda ordem, e que só

recebem afluentes de primeira ordem. A confluência de dois canais de segunda ordem leva

à formação de canais de terceira ordem, e assim sucessivamente, aonde os de ordens

maiores recebem os de ordens menores (De acordo com STRAHLER (1952), citado por

CRHISTOFOLETTI (1981: 106-107).

QUADRO 11 – Dados Lineares

DADOS LINEARES

L1 L2 L3 L4 1a 2a 3a 4a total 1a 2a 3a 4a total*

SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS

Riacho Cipó

3a ordem 90 8 20 128 40 23 3 1 23

Riacho Carrapateiras 4a ordem 190 50 28 15 305 80 40 9 2 1 40

Riacho Trici

3a ordem 94 30 24 148 33 23 5 1 23

Riacho Catumbi

4a ordem 149 18 32 37 214 80 51 8 2 1 51

• de acordo com STRAHLER

L1 – Hierarquia L2 – Comprimento dos canais por ordem (km) L3 – Comprimento total do rio principal (km) L4 – Quantidade de rios por ordem

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Dessa maneira, a hierarquização fornece indícios do grau de desenvolvimento de

um determinado sistema de drenagem, quando a confluência entre canais resulta em

aumento de ordem; por conseguinte, apresenta maior evolução da dinâmica hidrológica.

Quanto maior a hierarquia da rede de drenagem, maior a complexidade hidrológica,

ou seja, maior extensão dos canais, melhores condições de receber consideráveis volumes

dos fluxos superficiais (água ou materiais terrígenos).

Pode-se verificar, para as sub-bacias em estudo (QUADRO 11), que a maior

complexidade hidrológica está para as sub-bacias dos riachos Catumbi e Carrapateiras,

ambas de 4ª ordem, sendo as dos riachos Trici e Cipó de 3ª ordem.

É possível verificar também que os dados lineares e de área da seqüência acima

(QUADRO 12) corroboram o resultado apresentado, pois as duas primeiras sub-bacias,

com áreas de aproximadamente 368 km2 e 470,9 km2 respectivamente, apresentam maior

quantidade de rios – 51 e 40; cursos principais com 80 km de comprimento cada um, em

toda a rede de drenagem com 214 km e 605 km de comprimento total.

QUADRO 12 – Dados de Área

DADOS DE ÁREA SUB-BACIAS

HIDROGRÁFICAS DA1 (km2)

DA2 (km)

DA3 (km)

Riacho Cipó

208 27 79

Riacho Carrapateiras 470,9 55 170

Riacho Trici

227,2 25,8 86

Riacho Catumbi

368 34,1 97

DA1 – Área (km2) DA2 – Comprimento da bacia (km) DA3 – Perímetro da bacia (km)

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As outras duas sub-bacias dos riachos Trici e Cipó apresentam índices que no

conjunto refletem menor complexidade no arranjo de suas redes de drenagem. Apresentam

um total de 23 rios cada uma , cerca de 148 km e 128 km de comprimento total para toda

rede, e 33 km e 40 km para os canais principais, respectivamente, distribuídos em áreas

com cerca de 227,2 km2 e 208 km2.

5.1.1.2 análises de formas

A forma geométrica de uma bacia hidrográfica, segundo LIMA (1986), está na

dependência da interação de fatores físicos-ambientais como clima e geologia. Em geral, é

representada em plano semelhante a uma pera, em razão do alargamento nos interflúvios,

com direcionamento da rede de drenagem para o exultório comum, onde se verifica o

afunilamento, mas, em qualquer situação, a bacia hidrográfica é côncava determinando o

direcionamento geral do fluxo.

A interpretação visual da geometria de bacias hidrográficas é muito subjetiva. A fim

de eliminar esse caráter, foram desenvolvidos índices morfométricos com propostas de

processos diferentes para caracterização da forma de uma bacia hidrográfica, por meios

quantitativos.

Dentro dessa multiplicidade, para as sub-bacias em estudo, são apresentadas

análises baseadas em métodos propostos por V. C. MILLER:1953, citado por

CHRISTOFOLETTI (1981) e HORTON: 1952 (QUADRO 13).

Pelo método de Horton, a identificação da forma de uma bacia hidrográfica está na

comparação entre os resultados apresentados pelo Fator de forma (Ff), que é estabelecido

pela relação entre a área e o eixo da bacia ao quadrado. Aquela de resultado mais elevado

apresenta geometria regular (forma quadrada, oval, circular ou triangular), e a com

resultado mais baixo tem forma irregular.

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QUADRO 13 – Índices de Forma

INDICES DE FORMA Ff C Kc

SUB-BACIAS

Riacho Cipó

0,28 0,51 1,53

Riacho Carrapateiras

0,15 0,18 2,19

Riacho Trici

0,34 0,32 1,59

Riacho Catumbi

0,31 0,36 1,41

Dessa forma, os resultados apresentados pela sub-bacias do riacho Carrapateiras

expressam 0,15, pela do riacho Catumbi 0,31; do riacho Trici 0,34 , e do riacho Cipó 0,28,

o que levou a se inferir que as sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi têm tendências à

forma regular, enquanto Cipó e Carrapateiras têm a forma irregular.

Com a aplicação do índice de circularidade (“C”) proposto por MILLER (1957), as

sub-bacias dos riachos Carrapateiras, Trici e Catumbi - 0,18- 0,32 e 0,36 - podem ser

classificadas com forma irregular, pois os valores estão abaixo da unidade. Enquanto isso,

a sub-bacias do riacho Cipó, com o resultado mais aproximado da unidade (0,51), apresenta

tendência a forma circular.

Fc – Fator de fator C – Índice circularidade Kc – Coeficiente de

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No coeficiente de compacidade (Kc) - fundamentado na relação entre o perímetro

da bacia e o perímetro de área igual a da bacia - o resultado tende a unidade para a bacia de

forma circular, portanto quanto maior o valor, mais se aproxima da forma circular.

Através deste índice, as sub-bacias em estudo apresentaram resultados acima da

unidade, ou seja, Trici – 1.59; Catumbi – 1.41; Carrapateiras – 2.19 e Cipó – 1.53, e

portanto classificadas como irregulares.

A existência de processos variados para a caracterização da forma das bacias

hidrográficas, conduz a se estabelecer, corroborando CHRISTOFOLETTI (1981) e LIMA

(1986), que o índice de forma é permeado de subjetividade, e por isso torna-se um dos mais

difíceis de se expressar.

Com análise comparativa entre os métodos aplicados, buscou-se reduzir o caráter de

subjetividade, na caracterização da forma nas sub-bacias hidrográficas. Por conseguinte, os

resultados acima expressados conduzem a pesquisadora a enquadrar as sub-bacias em

estudo na forma geométrica irregular.

Compreende-se que, em condições naturais de equilíbrio hidrológico, a forma

irregular favorece a movimentação mais lenta para os fluxos e, por sua vez, amplia o

tempo de formação para o deflúvio. Enquanto que na forma regular ocorre de maneira mais

rápida, com deflúvio.

A caracterização do deflúvio através da forma da sub-bacias hidrográfica pode

revelar fenômenos inter-relacionados com fatores climáticos e geológicos. Dentro das

condições climáticas, destacam-se as precipitações, quanto ao tipo, intensidade, duração e

distribuição. Nas condições geológicas, o tipo de rocha e comportamento de processos

intempéricos e de desnudação.

Como discutido anteriormente, para a área de abrangências das sub-bacias, o

comportamento anual das chuvas irregulares no tempo e no espaço, concentradas em

poucos meses do ano (e com ocorrências eventuais de fenômenos intensos associadas à

estrutura geológica de substrato cristalino-metamórfico, rochas bastante desgastadas, com

presença de diáclases por processos intempéricos), é responsável pela formação de

deflúvios de baixos volumes, com vazões temporárias e esporádicas, sazonais.

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5.1.1.3 dinâmica do escoamento superficial

Nem toda precipitação em uma bacia hidrográfica é transformada imediatamente em

deflúvio. Parte escoa rapidamente e parte permanece armazenada por algum tempo nas

depressões e no próprio solo, podendo percolar em direção ao aqüífero. Parte ainda, nunca

chega a escoar, sendo perdida por evaporação (MARTINS,1995:36).

A fração da chuva que não infiltra no solo e escoa pelas porções mais

impermeáveis do terreno até o canal mais próximo constitui o escoamento superficial.

A movimentação do fluxo d’água, entre o interflúvio e o canal permanente, inicia

como pequenos filetes em película laminar, aumentando de espessura e podendo até se

transformar em enxurrada.

Na Perspectiva dos índices quantitativos, a organização de bacias hidrográficas pode

ser analisada sob o ponto de vista das variáveis do comportamento médio dos canais e

extensão do percurso superficial, entre outros.

O comprimento médio dos canais (Cmc), de acordo com

CRHISTOFOLETTI (1981), vem pela relação da soma dos comprimentos dos canais de

cada ordem (Lu), pelo número de segmentos encontrados em cada ordem (Nu).

Dessa forma, obteve-se uma série para cada sub-bacias hidrográfica, de acordo com

a hierarquização. Os resultados expressados foram: Trici – 4 km, 6 km e 24 km; Catumbi –

2,9 km, 2,3 km, 15 km e 15 km; Carrapateiras – 4,75 km, 5,5 km, 14 km e 37 km; e Cipó –

3,9 km, 6 km e 20 km.

Como resultado final, o primeiro termo da série expressa o comprimento médio dos

canais de primeira ordem, ao passo que a razão entre os componentes da série representa o

comprimento médio dos canais nas demais ordens.

Como interpretação, tem-se para o resultado final (QUADRO 14) o primeiro termo

da série expressa o comprimento médio dos canais de primeira ordem, e, através da razão

entre os componentes da série, obteve-se o comprimento médio dos canais nas demais

ordens.

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Neste contexto, percebe-se que os canais de primeira ordem, na maioria, apresentam

comprimentos médios maiores do que as ordens sucessivas (exceto a sub-bacias Catumbi).

Tal fenômeno evidencia a busca inicial de ajuste apropriado dos canais e quando alcançam

o equilíbrio, o percurso médio de um canal para o outro tende a ser reduzido.

QUADRO 14: Extensão do Percurso Superficial

ÍNDICES DE EXTENSÃO E COMPRIMENTO DOS

CANAIS SUB-BACIAS

HIDROGRÁFICAS Eps

(km) Cmc (km)

1a 2a 3a 4a

Riacho Cipó

0,81 3,9 6 1,5 20 3,3

Riacho Carrapateiras 0,78 4,75 5,5 1,2 14 2,5 37 2,6

Riacho Trici

0,76 4 6 1,5 24 4

Riacho Catumbi

0,86 2,9 2,3 0,7 16 6,9 15 0,5

Através da inversão da densidade de drenagem, calcula-se a extensão do percurso

superficial (Eps), índice que representa a distância média percorrida pelas enxurradas entre

o interflúvio e o canal permanente.

A variável “Eps” é aplicável ao escoamento de fluxo direto na bacia hidrográfica,

segundo LIMA (1986), e, assim como o “Cmc”, está relacionada a leis básicas de

composição da rede de drenagem.

Eps – Extensão do percurso superficial (km) Cmc – Comprimento médio dos canais por ordem (km)

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Os resultados (QUADRO 14) para as sub-bacias dos riachos Catumbi e Cipó

apresentaram as maiores extensões para o escoamento superficial, com 0,86 km e 0,81 km,

respectivamente. Enquanto isso as sub-bacias dos riachos Trici e Carrapateiras

apresentaram 0,76 km e 0,78 km, respectivamente.

Na perspectiva ambiental, de acordo com ROCHA (1997), o índice acima pode ser

relacionado ao indicativo de erosão. Dessa maneira, quanto maior o resultado, mais forte é

a predisposição à erosão, e vice-versa, pois o sistema está buscando ajustamento às

condições naturais. Esta perspectiva, mesmo com ínfima proporção, é expressada entre as

sub-bacias, principalmente dos riachos Catumbi e Cipó.

5.1.1.4 relação escoamento superficial – infiltração

A quantidade de rios, as condições para manutenção e formação de canais na bacia

hidrográfica, estão diretamente associadas às características climáticas, geológicas e

pedológicas, e indiretamente relacionadas a outros fatores, como a vegetação, por exemplo.

O clima que determina o regime e a vazão dos rios; as condições geológicas através

do tipo de rochas e a constituição litológica, e as condições pedológicas, por suas

características físicas e constituição mineralógica, exercem forte influência sobre a

dinâmica de escoamento superficial – infiltração.

Dessa forma, as bacias hidrográficas com presença de rochas permeáveis como

substrato arenítico favorecem a ocorrência de menor número de rios em área-padrão, com

manutenção dos canais existentes; refletindo melhores condições à infiltração e menores ao

escoamento.

Por outro lado, bacias hidrográficas em condições diferentes daquelas citadas

quanto à permeabilidade possibilitam a ocorrência de maior número de rios por área e o

surgimento de outros canais, refletindo maiores condições ao escoamento superficial.

Os indicativos para esta análise, na área de abrangências das sub-bacias, foram

expressos através dos índices de densidade de rios (Dr) e densidade de drenagem (Dd), de

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HORTON (1945). Enquanto isso para a intensidade e movimentação dos fluxos nos canais

de drenagem, foram analisados os parâmetros de declividade média e conformação do

relevo, através dos métodos de WISLER & BRATER (1964) e de rugosidade (Rg) de

MELTON (1957), expressados por LIMA (1986).

Mas os fluxos dos canais apresentam aspectos de velocidades associados, entre

outros fatores, à declividade e à conformação da superfície. O QUADRO 15 apresenta a

situação encontrada para as sub-bacias em estudo.

A relação entre o número total de rios e a área de uma bacia hidrográfica revela a

densidade de rios que expressa, em seu resultado, a freqüência (ou quantidade) com que os

cursos d’água aparecem em uma área-padrão. No presente estudo, a área-padrão é o km2.

Neste contexto, a freqüência mais acentuada foi apresentada na sub-bacias do riacho

Catumbi-0.217 segmentos de rios/km2. As demais expressam 0.145 seg. de rios/Km2 na

sub-bacias do riacho Trici; 0.084 seg. de rios/km2 para Carrapateiras e 0,110 para a sub-

bacias Cipó.

QUADRO 15: Relação escoamento superficial-infiltração

RELAÇÃO ESCOAMENTO SUPERFICIAL-INFILTRAÇÃO

Dr Dr D RN

SUB-BACIAS HIDROGRÁFIC

AS (km\ km2) %

Riacho Cipó

0,11 0,61 4,2 2,56

Riacho Carrapateiras 0,084 0,64 8,09 5,17

Riacho Trici 0,145 0,65 5,1 3,31

Riacho Catumbi 0,217 0,58 3,96 2,29

Dr – Densidade de rios Dd – Densidade de drenagem (km\km2) D – Declividade média da bacia RN – Coeficiente de rugosidade

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128

Pelas condições apresentadas no índice de densidade de rios, considera –se que

todas as sub-bacias hidrográficas são analisadas com padrão de baixa freqüência de canais

por área padrão, e, por este motivo, em condições naturais favorecem a infiltração.

A partir da relação comprimento total dos rios na bacia hidrográfica com sua área,

obteve-se a densidade de drenagem, cujo resultado dá indícios acerca das condições de

manutenção ou formação de canais.

Dessa maneira, corrobora-se os achados de HORTON (1945), para quem o

resultado de 2,74 é para uma bacia hidrográfica mal drenada, e de 0,73 para uma bacia

hidrográfica bem drenada. As sub-bacias hidrográficas em análise estão classificadas no

baixo padrão de drenagem, pois apresentaram os seguintes resultados: 0,61 km/km2 para

Cipó; 0,64 km/km2 em Carrapateiras; 0,65 km/km2 em Trici; e 0,58 km/km2 para Catumbi.

Sob condições físicas naturais, os fluxos d’água que chegam à superfície são

drenados para os canais, caracterizando-as como bem drenadas.

Tem-se a compreensão de que, assim como os demais índices aqui analisados, tanto

a densidade de rios como densidade de drenagem estão ajustados às características de área,

extensão dos canais e às condições de balanço, escoamento superficial-infiltração.

O resultado da declividade média (Dm) em bacia hidrográfica pode ser relacionado

à dinâmica do escoamento superficial, quanto a velocidade e caráter dos fluxos, o que

qualifica, entre outros aspectos, o tempo de concentração da água (rápida e/ou lenta) nos

canais de drenagem após a precipitação.

Assim, em declividades elevadas, os fluxos que partem das linhas divisórias e/ou

pontos a montante para canais adjacentes, geralmente, apresentam tendência a velocidades

rápidas, enquanto em declives menos acentuados tendem a velocidades lentas.

Neste âmbito, o quadro 15 demonstra que a sub-bacias do riacho Carrapateiras

apresenta 8,09% de declividade média, sendo mais acentuada em relação às demais.

Enquanto a sub-bacias do riacho Trici expressa-5,10% , a do em riacho Cipó mostra 4,20%

e a sub-bacias do riacho Catumbi- 3,96%.

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129

Assim, nas sub-bacias hidrográficas que apresentaram declividades mais

acentuadas, a ação da gravidade favorece o aumento de velocidades dos fluxos em

deslocamento para a base ou ponto de equilíbrio da rede de drenagem. Com a redução das

declividades nas sub-bacias, as velocidades podem ser atenuadas pelas condições de

altitudes menos acentuadas e/ou alongamento das vertentes.

A conformação topográfica, ou seja, a variabilidade na morfologia dos interflúvios,

é outro elemento de importância na dinâmica do escoamento superficial-infiltração. No

presente estudo, este agente é analisado através do coeficiente de rugosidade (Rg), que

demonstrou relação direta com a declividade média.

Assim, a sub-bacias do riacho Carrapateiras apresenta índice mais elevado de

rugosidade – 5,17, na sub-bacias do riacho Trici-3,31, na sub-bacias do riacho Cipó-2,56, e,

por fim, na sub-bacias do riacho Catumbi- 2,29.

O coeficiente de rugosidade combina as qualidades de declividade e comprimento

das vertentes com a densidade de drenagem, de acordo com MELTON (1957) citado por

CHRISTOFOLETTI (1986:121).

Neste contexto, fazendo-se inter-relações dos resultados em declividade média e

rugosidade, em relação a densidade de drenagem, infere-se que as sub-bacias em análise

são constituídas de rampas alongadas, que podem receber fluxos em movimento de caráter

turbulento, com velocidades diferenciadas.

Tais características são evidenciadas através dos resultados crescentes expressados

pela declividade média e rugosidade entre as mirobacias hidrográficas, que por sua vez,

afetam a velocidade. Mas são contra balanceados pela baixa de densidade de drenagem.

Por outro lado a rugosidade também pode ser relacionada ao caráter dos fluxos

quanto à tipologia, que pode ser laminar ou turbulento. Em virtude da localização em

ambiente semi-árido, onde o caudal dos rios tem volume muito reduzido, com regimes

temporários e vazões registradas em período chuvoso na região, e com precipitações

irregulares, mal distribuídas e por vezes de caráter torrencial classificam-se os fluxos como

turbulentos.

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130

O fluxo turbulento ocorre quando a velocidade excede determinado valor crítico e

está caracterizado por uma variedade de movimentos heterogêneos para jusante onde a

rugosidade da superfície do canal é um dos fatores que afetam a velocidade

(CHRISTOFOLETTI,1989:66).

5.1.2 Evolução e dinâmica socioambiental

A análise do processo histórico de ocupação demográfica do sertão nordestino e as

práticas e estruturas econômicas decorrentes, ensejaram a que se compreendesse neste

estudo como se consolidou a dinâmica de uso do solo na área de abrangência das sub-

bacias, e a partir daí, pudesse se indicadas as evidências do mau uso dos recursos naturais.

De maneira geral, a fixação do “homem branco” na região em foco, pela atividade

da criação de gado, reflete o contexto econômico da época e sua relação com os recursos

naturais, ali sempre uma atividade sobrepujava as demais, pelo interesse econômico do

colonizador de ocupar os espaços com melhores condições naturais.

A retirada do gado bovino do litoral para o interior do Brasil denota a busca de

espaço e pastagem, elementos importantes que, na perspectiva da exploração dos recursos

naturais, significa solo (terra) e vegetação. Junto a estes, podem ser agregados algumas

características específicas e outros elementos, entre os quais a seguinte situação: a terra

com certa umidade para desenvolvimento de pastagem, e, nas proximidades, a ocorrência

de água - elemento imprescindível para o desenvolvimento da vida.

No contexto para o vale do Jaguaribe, o processo histórico de fixação do homem e

expansão das práticas econômicas evidencia os seguintes aspectos na relação homem-

natureza:

- na busca de concessões de terras, os fazendeiros expandiram seus domínios ao

longo do vale e seus afluentes, preferencialmente pelas terras férteis e mais

úmidas;

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131

- o conflito étnico-cultural teve grande evidência, pela espoliação dos grupos

indígenas das suas terras . Mas traz implícitas as bases dos conflitos ambientais,

quando estes são repelidos das terras úmidas para as mais secas;

- a concepção econômica da sociedade que se estruturava estabeleceu que as áreas

de melhores condições naturais na região deviam ser destinadas basicamente à

criação de gado, o que totalmente contrário à concepção indígena;

- o crescimento da população, por necessidade alimentar, direciona o uso do solo

também para a agricultura de subsistência. A partir daí revelam-se os conflitos

ambientais pois, no mesmo espaço, passam a concorrer: terra fértil e água para

irrigação natural das culturas e terra úmida, pastagem e água para a criação de

gado;

- neste conflito, sempre tiveram maior importância os interesses econômicos. Não

importavam as limitações naturais que já eram evidenciadas a cada período de

estiagem. Os indígenas percebiam e por isso travavam conflitos para

reconquistar suas terras e garantir sua sobrevivência;

- enquanto cresciam o número de cabeças de gado e o contingente populacional

também aumentava, a pressão sobre os recursos naturais. Sobre a vegetação pela

extração de madeira e lenha; sobre o solo, no uso da terra, pelas novas culturas

agrícolas- como o algodão -, e sobre os recursos hídricos disponíveis nos rios e

riachos.

- Este fato agrava cada vez mais as relações de conflito ambiental, pois a

monocultura algodoeira, assim como o gado, exigiu o melhor dos recursos

naturais necessários de maneira intensa e rápida, já que ainda no séc. XIX, a

atividade pecuária perde sua importância econômica.

Dessa maneira, o que fica para a região do vale do Jaguaribe, especificamente na

área de abrangências das sub-bacias estudadas, é uma estrutura socioeconômica com

predomínio da relação homem-natureza com dinâmica desarmônica, com forças

antagônicas.

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132

De um lado, o grupo minoritário fortalecido pelo capital para exploração dos

recursos naturais em favor de suas ambições econômicas; e do outro lado, o grupo

majoritário constituído por descendentes de vaqueiros, escravos e indígenas, que buscam

desenvolver atividades econômicas na região em menor escala de produção, na intenção de

garantir a sobrevivência da família.

Na atualidade, pode-se constatar que a dinâmica demográfica e econômica na área

de abrangências das sub-bacias em estudo foi cada vez mais incrementada. Ali o

contingente populacional exerce intensa pressão sobre os recursos naturais, pelo modo

como trabalham suas atividades, dentro do modelo econômico vigente. E, assim, agravou e

implementou os impactos ambientais decorrentes da relação homem-natureza.

Com a produção econômica baseada nas leis de mercado e a ofertar apoio às

atividades destinadas às demandas de mercado externo nacional ou como suprimento de

matéria-prima, as atividades agropecuárias praticadas na região sempre foram voltadas a

obter elevadas produções. Assim, incidem cada vez com maior ônus aos recursos naturais,

já muito fragilizados pelo uso ao longo deste tempo.

Dessa maneira, os problemas ambientais atuais decorrentes da dinâmica

socioeconômica atual nas áreas de abrangências das sub-bacias em estudo, entre outros

aspectos, expressam as seguintes manifestações:

- o sobrepastejo, acarretado pela técnica predominante aplicada há mais de cinco

séculos na região e pelo elevado número de cabeças de gado por área de pastejo. Isto

porque a movimentação de grandes rebanhos entre as áreas para pastagem e para

dessedentação muito contribuem para a degeneração da cobertura vegetal, na perda do

capeamento do solo (camada mais fértil), através de processos erosivos em razão de

pisoteios contínuos e, conseqüentemente, constituem volumes de sedimentos carreados até

os canais de drenagem;

- a agricultura e o extrativismo vegetal, com pouca ou nenhuma orientação técnica

adequada às condições naturais da região. Além de provocar os problemas acima

mencionados, traz à tona outros aspectos;

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- a limpa do terreno, através de queimadas e retirada da vegetação em áreas

declivosas, contribui para a destruição dos micronutrientes (microorganismos) do solo, que

o tornam mais infértil, e também para a aceleração de processos erosivos nas vertentes, os

quais, favorecem consideravelmente a ocorrência de solos desnudos;

- o ritmo de retirada de madeira e outros produtos no extrativismo vegetal, junto aos

problemas há pouco evidenciados, têm levado à queda da biodiversidade e destruição da

caatinga e da mata ciliar. O fato foi constatado in loco pela expressão de baixo

adensamento da mata, a apresentar aspecto de faixa mais estreita e avanço da caatinga

arbustiva, ou constitui pequenas manchas intercaladas a áreas de vegetação de baixo porte a

rasteira, e ainda solos desnudos.

O panorama das manifestações dos impactos ambientais para cada sub-bacias

analisada está expresso na parte que trata especificamente das vulnerabilidades.

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134

5.1.3 Compartimentação geoambiental

A bacia hidrográfica é um sistema ambiental heterogêneo. Reúne em mesmo

espaço, entre vertentes, solos, vegetação, água e outros elementos solubilizados de

características e condições ambientais variáveis e que podem ser ressaltadas pelas

influências antrópicas.

Dentro da classificação da paisagem de BERTRAND (1972), a bacia hidrográfica

constitui um geossistema, paisagem nítida e bem circunscrita, que resulta da combinação

local e única de fatores e dinâmicas comuns.

Nesta parte do estudo, trabalha-se na perspectiva da abordagem sistêmica para

compartimentar em unidades e subunidades geoambientais as sub-bacias dos riachos Trici,

Catumbi, Carrapateiras e Cipó.

5.1.3.1 compartimentação geoambiental na sub-bacias do riacho Cipó

A interação dos elementos físicos dispostos na sub-bacias do riacho Cipó refletem

as variações da compartimentação geoambiental através das unidades Z1, Z2 e Z3.

A unidade Z1 distribui-se na compartimentação de áreas aplainadas, no fundo de

vale, e ocupa cerca de 8,37 % da área total da sub-bacias em questão em relação às demais

unidades.

Na parte mais próxima ao canal de drenagem desta unidade, ocorrem depósitos

sedimentares fluviais compostos por areias e argilas, associações de solos aluviais

(NEOSSOLOS FLÚVICOS) e vegetação de mata ciliar. Destacam-se consideráveiss

setores com ocorrência de sucessão vegetacional e de solos desnudos.Tais características

constituem a subunidade denominada Z1a.

Nesta mesma unidade, ocorre área constituída litologicamente pelas rochas

cristalinas com gnaisses variados associados a xistos; há ocorrência de associações de solos

litólicos eutróficos (NEOSSOSLOS LÍTICOS), cobertura vegetal caatinga arbóreo-

arbustiva, nas fisionomias densa e aberta.

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135

Estas variações fisionômicas identificam as subunidades Z1b e Z1c. Nestas, o solo

está intensamente aproveitado pela pecuária extensiva e o extrativismo vegetal.

Z2 é a unidade geoambiental disposta em áreas aplainadas a pouco dissecadas e

ocupa cerca de 50,27 % na sub-bacias hidrográfica em foco compõe áreas completamente

desgastadas, onde podem ser encontrados glacis de erosão.

A Z2 é composta de rochas cristalinas, onde podem ocorrer gnaisses variados,

associados a xistos, interrelacionadas com associações de solos litólicos eutróficos

(NEOSSOLOS LÍTICOS), e cobertura vegetal com caatinga arbóreo-arbustiva densa e

aberta, e caatinga arbóreo aberta. Essas variações fisionômicas representam as subunidades

Z2b; Z2c e Z2d.

Ressalta-se que a subuindade Z2c apresenta consideráveis manchas de sucessão

vegetacional e solos desnudos.

Na unidade geoambiental Z3, a morfologia compõe-se de áreas parcialmente

dissecadas que, em virtude da atuação de agentes morfogenéticos intensos, resultou na

formação de pedimentos e outras formas isoladas, resistentes à erosão diferencial, como os

inselbergs e blocos de rochas em geral.

Esta unidade representa cerca de 52,46% do total de área ocupada na sub-bacias

Cipó. Está constituída com as mesmas características litológicas e pedológicas da unidade

anterior, mas com ocorrência da cobertura vegetal de caatinga arbórea-arbustiva densa e

aberta, o que identifica as subunidades Z3b e Z3c.

A síntese das condições geoambientais da sub-bacias do riacho Cipó está expressa

no QUADRO 16 e no APÊNDICE B, com ilustração da disposição das unidades ora

discriminadas.

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QUADRO 16 – Síntese da Compartimentação Geoambiental - Sub-bacias do

Riacho Cipó

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CATEGORIAS ESPACIAS

ÁREA

SUB-BACIA DO RIACHO CIPÓ

Unidades de Paisagem

Subunidades m % Principais Características

Z1a 1.410 6,95

Depósitos sedimentares fluviais compostos por areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS); vegetação de mata ciliar. Ocorrência de sucessão vegetacional e solos desnudos, uso intensivo com agricultura de subsistência e extração vegetal.

Z1b 140 0,69 Gnaisses variados, xistos; associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOSLOS LÍTICOS), cobertura vegetal caatinga arbóreo-arbustiva densa; pecuária extensiva e extrativismo.

Z1 Áreas Aplainadas

(300m-350m) Z1c 150 0,73 Gnaisses variados, xistos; associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOSLOS LÍTICOS),

cobertura vegetal caatinga arbóreo-arbustiva aberta, pecuária extensiva e extrativismo. Z2b 3.520 17,35

Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS); cobertura vegetal com caatinga arbóreo-arbustiva densa.

Z2c 4.410 21,74 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS); cobertura vegetal com caatinga arbóreo-arbustiva aberta com manchas de sucessão vegetacional e solos desnudos.

Z2 Áreas Aplainadas a Pouco Dissecadas

(400m-450m) Z2d 240 1,18 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS); cobertura vegetal com caatinga caatinga arbóreo aberta.

Z3b 2.290 11,29 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS, caatinga arbóreo-arbustiva densa. Z3

Áreas Parcialmente Dissecadas

(500m-550m) Z3c 8.110 39,99 Gnaisses variados, xistos, associações de solos litólicos eutróficos

(NEOSSOLOS LÍTICOS, caatinga arbóreo-arbustiva aberta.

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110

5.1.3.2 – compartimentação geoambiental da sub-bacias do riacho Carrapateiras

Na sub-bacias do riacho Carrapateiras, foram individualizadas cinco (5) unidades

geoambientais. As três unidades anteriormente caracterizadas, e as unidades identificadas

como Z4, e Z6 - cujas características apresentadas a seguir - estarão sintetizadas no

QUADRO 17 e as devidas disposições em APÊDICE C.

É importante salientar a ocorrência de solos desnudos e a sucessão vegetacional

distribuídos de maneira aleatória nesta sub-bacias, visualizados como manchas, mais

extensas e adensadas em setores de altitude baixa a moderada em toda área; e também

ocorrência de variação morfológica plana fora de fácies fundo de vale, na extremidade sul

da sub-bacias.

Na sub-bacias hidrográfica focalizada, a unidade geoambiental Z1 ocupa cerca de

2,36 % do total da área. Caracteriza-se por áreas aplainadas, com afloramentos de rochas

cristalinas, em setor a montante do canal principal e, para jusante, a ocorrência de

sedimentos aluvionais compostos por areias de finas a grosseiras.

Tais características estão interrelacionadas com as ocorrências de associações de

solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e de Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com

vegetação de mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva aberta e, ainda, mata ciliar com

caatinga arbórea aberta. Assim são as respectivas subunidades - Z1a, Z1c e Z1ad.

Caracterizada por topografias aplainadas a pouco dissecadas, a unidade

geoambiental Z2, na micorbacia do riacho Carrapateiras, está distribuída de maneira

descontínua e ocupa aproximadamente 22,89.% da área total.

É a unidade nesta sub-bacias hidrográfica que apresenta maior variação

geoambiental, em razão das diferenciações litológicas das associações pedológicas e

combinações fisionômicas da cobertura vegetal. Desse modo, as subunidades em Z2 estão

apresentadas a seguir.

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QUADRO 17 – Síntese da Compartimentação Geoambiental - Sub-bacias do

Riacho Carrapateiras

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CATEGORIAS ESPACIAS ÁREA

SUB-BACIA DO RIACHO CARRAPATEIRAS

Unidades de

Paisagem

Subunidades m % Principais Características

Z1a 90 0,20

Afloramentos de rochas cristalinas com sedimentos aluvionais de areias finas a grosseiras, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com vegetação de mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva aberta e ainda, mata ciliar com caatinga arbórea aberta.

Z1c 810 1,88 Afloramentos de rochas cristalinas com sedimentos aluvionais de areias finas a grosseiras, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com vegetação caatinga arbórea-arbustiva aberta .

Z1 Áreas Aplainadas

(300m-350m)

Z1ad 120 0,28 Afloramentos de rochas cristalinas com sedimentos aluvionais de areias finas a grosseiras, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), com vegetação de mata ciliar com caatinga arbórea aberta.

Z2e 2.710 6,28 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), e litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS), caatinga arbórea densa com manchas de sucessão da vegetação e uso com atividades agropastoris e agroextrativas.

Z2d 410 0,93 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associação de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), e caatinga arbórea aberta.

Z2da 510 1,18 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associação de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), e caatinga arbórea aberta.

Z2b 640 1,48 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e Brunizem (CHERNOSSOLOS), caatinga arbórea-arbustiva densa.

Z2ca 180 0,42 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS), de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), caatinga arbórea-arbustiva aberta e manchas de mata ciliar.

Z2c 1.490 3,45 Gnaisses variados, xistos e biotita-xistos, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcico (LUVISSOLOS) e vertissolos (VERTISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva aberta.

Z2 Áreas Aplainadas a Pouco Dissecadas

(400m-450m)

Z2c’ 3.950 9.15 Gabros e dioritos, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcico (LUVISSOLOS) e Planossolo (PLANOSSOLOS), com a caatinga arbórea-arbustiva aberta.

Continua ...

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Continuação ...

CATEGORIAS ESPACIAS

ÁREA

SUB-BACIA DO RIACHO CARRAPATEIRAS

Unidades de Paisagem

Subunidad

es m % Principais Características

Z3e 410 0,95Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS LÍTICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOSLOS), Brunizem (CHERNOSSOLOS), com caatinga arbórea densa.

Z3d 8.260 19,13Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS LÍTICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOSLOS), Brunizem (CHERNOSSOLOS), com caatinga arbórea aberta.

Z3 Áreas

Parcialmente Dissecadas

(500m-550m) Z3a 7.960 18,43 Gabros e dioritos, associações de Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), e mata ciliar.

Z4 Áreas Dissecadas

com Cristas (550m-600m)

Z4a 490 1,13 Gnaisses, xistos e biotita-xiatos, com associações de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e mata ciliar.

Z6e 1.520 3,52Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea densa.

Z6d 1.850 4,28Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea aberta.

Z6b 4.950 11,46Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea-arbustiva densa.

Z6 Áreas

Montanhosas (650m-800m)

Z6c 1.720 3,98Gnaisses, xistos e biotita-xistos, associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS), Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS) e caatinga arbórea-arbustiva aberta.

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A subunidade Z2e caracteriza-se pela ocorrência de gnaisses variados, associados a

xistos e biotita-xistos, com predominância de associações de Brunos não cálcicos

(LUVISSOLOS), mas também de associações de solos litólicos eutróficos (NEOSSOLOS

LÍTICOS), e com cobertura vegetal de caatinga arbórea densa. Pelo uso do solo com

atividades agropastoris e agroextrativas, apresenta manchas de sucessão da vegetação.

A subunidade Z2d corresponde à inter-relação das características litológicas e

morfológicas, com associação de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e caatinga

arbórea aberta. Enquanto isso, na Z2b, ocorre a inter-relação com associações de solos

Litólicos (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Brunizem (CHERNOSSOLOS), com a caatinga

arbórea-arbustiva densa.

Pela ocorrência das associações de solos Litólicos (NEOSSOLOS), com solos

Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e caatinga arbórea-arbustiva aberta com manchas de

mata ciliar, forma-se a subunidade Z2ca. E a inter-relação das associações de solos aluviais

(NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e Vertissolos

(VERTISSOLOS) ), com caatinga arbórea-arbustiva aberta, caracteriza a subunidade Z2c.

E, por fim, a subunidade Z2c’ constitui-se pela variação litológica de rochas

cristalinas antigas, onde podem ocorrer blocos de dioritos, em combinação com associações

de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e

Planossolos (PLANOSSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva aberta.

Caracterizada por áreas parcialmente dissecadas, a unidade Z3 ocupa

aproximadamente 39,11% da área na sub-bacias em questão, e está constituída por quatro

(4) subunidades.

De maneira geral, duas destas subunidades estão constituídas de rochas cristalinas,

como gnaisses, xistos e biotita-xistos, em combinação com associações de solos Litólicos

(NEOSSOLOS LÍTICOS), Brunos não cálcicos (LUVISSOSLOS), Brunizem

(CHERNOSSOLOS), com caatinga arbórea densa ou com caatinga arbórea aberta; são

identificadas como Z3e e Z3d, respectivamente.

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As outras duas compõe-se pela litologia acima, associadas às rochas mais antigas,

como gabros e dioritos, ocorrências de associações de Brunos não cálcicos

(LUVISSOLOS) e solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), mata ciliar na cobertura

vegetal, constituindo a subunidade Z3a. E para o setor de associações de Brunos não

cálcicos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva aberta, constitui a subunidade

Z3c.

A unidade geoambiental Z4 apresenta pequena proporção na sub-bacias do riacho

Carrapateiras, ocupando cerca de 1,13%. Esta unidade ocorre em áreas dissecadas com

presença de cristas, reflexo do desgaste pronunciado sobre afloramento de controles

estruturais, como falhas, diáclases e/ou dobramentos.

É constituída pela subunidade Z4a, caracterizada por inter-relações de rochas

cristalinas, como gnaisses, xistos e biotita-xiatos, com associações de solos Brunos não

cálcicos (LUVISSOLOS) e mata ciliar.

Nas áreas montanhosas, distribui-se a unidade geoambiental Z6, que ocupa

cerca de 33,24% da área total na sub-bacias em questão. De maneira geral, as subunidades

nestas áreas estão compostas por litologias com gnaisses, xistos e biotita-xistos, recobertas

com associações de solos Brunizem (CHERNOSSOLOS), Brunos não cálcicos

(LUVISSOLOS) e Litólicos eutróficos (NEOSSOLOS LÍTICOS). A diferenciação está na

fisionomia da cobertura vegetal em que, onde a subunidade Z6d corresponde à caatinga

arbórea aberta, a subunidade Z6b, com caatinga arbórea-arbustiva densa, e a subunidade

Z6c com caatinga arbórea aberta.

5.1.3.3 –compartimentação geoambiental da sub-bacias do riacho Trici

A sub-bacias do riacho Trici está composta pelas unidades geoambientais Z1 a Z4.

A unidade geoambiental Z1 tem área percentual de 4,66%. Está representada pelas

áreas aplainadas no fundo de vale, constituídas com sedimentos aluvionais como areias e

argilas, e inter-relacionados às associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS),

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de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com ocorrência de mata ciliar ou

caatinga arbórea-arbustiva, que por sua vez, compõem as subunidades Z1a e Z1b.

É de considerável expressão na sub-bacias em foco, com aproximadamente 34,35%

de área relativa, a unidade geoambiental Z2 é representada por áreas aplainadas a pouco

dissecadas. Está composta por litologia complexa de rochas cristalinas, onde podem ocorrer

migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides quartiztos e outras.

Estes elementos estão inter-relacionados com as associações de Podzólicos

vermelho-amarelo (LUVISSOLOS) e com as variações fisionômicas da cobertura vegetal,

que individualizam as subunidades.

Neste conjunto, a ocorrência da caatinga arbóreo-arbustiva densa corresponde à

subunidade Z2b; e da caatinga arbórea densa à subunidade Z2e. Os setores onde a

vegetação aparece bem mesclada, ocorrem as subunidades Z2db, com ocorrência de

caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea-arbustiva densa; Z2abd, com faixa de mata ciliar,

caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta; e, por fim, a subunidade

Z2abcde constituída por todas as fisionomias anteriormente relacionadas.

Com a maior proporção percentual na sub-bacias do riacho Trici, com cerca de

59,65%, a unidade geoambiental Z3 é composta de maneira semelhante à unidade Z2. No

que diz respeito às características litológicas e pedológicas, a diferenciação está na

morfologia, que corresponde a áreas parcialmente dissecadas e nas variações da cobertura

vegetal, que formam mosaicos bem diferenciados.

Dessa maneira, esta unidade está composta pelas subunidades Z3b para o setor onde

ocorre a caatinga arbórea aberta. E nos setores onde a vegetação encontra-se mesclada,

caracterizam-se as subunidades Z3abc para a cobertura vegetal, composta por mata ciliar,

caatinga arbórea-arbustiva densa e aberta; Z3abcd que, além das outras, está acrescida pela

caatinga arbórea aberta. E por fim, a subunidade Z3abde, acrescentada da caatinga arbórea

densa.

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QUADRO 18 – Síntese da Compartimentação Geoambiental – Sub-bacias do

Riacho Trici

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CATEGORIAS ESPACIAS

ÁREA

SUB-BACIA DO RIACHO TRICI

Unidades de Paisagem

Subunidades m % Principais Características

Z1a 860 3,65 Areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS) e mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa. Z1

Áreas Aplainadas (300m-350m)

Z1b 240 1,01

Areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS) e caatinga arbórea-arbustiva densa. Areias e argilas, associações de solos aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS), de Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS) e caatinga arbórea-arbustiva densa.

Z2b 540 2,29

Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartiztos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva densa. Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras, associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea-arbustiva densa.

Z2e 200 0,84 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartiztos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea densa.

Z2db 750 3,18 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea-arbustiva densa.

Z2abd 830 3,52 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta.

Z2 Áreas Aplainadas a Pouco

Dissecadas (400m-450m)

Z2abcde 5.770 24,52 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa, caatinga arbórea-arbustiva aberta, caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea densa.

Z3b 290 1,23 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com caatinga arbórea aberta.

Z3abc 1.590 6,75 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea-arbustiva aberta

Z3abcd 3.550 15,08 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa caatinga arbórea-arbustiva aberta, caatinga arbórea aberta.

Z3 Áreas Parcialmente

Dissecadas (500m-550m)

Z3abcde 8.610 36,59 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Podzólicos vermelho-amarelos (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea-arbustiva aberta, caatinga arbórea aberta e caatinga arbórea densa.

Z4 Áreas Dissecadas com Cristas

(550m-600m Z4b 300 1,27

Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartiztos e outras associações de solos Bruno não cálcicos e caatinga arbórea-arbustiva densa.

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De proporção muito pequena, na extremidade nordeste da sub-bacias em foco,

ocupando aproximadamente 1,27%, ocorre a unidade geoambietal Z4, que apresenta

morfologia de áreas dissecadas com cristas.

De maneira geral, esta unidade é constituída de rochas cristalinas com migmatitos,

gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras, em combinação com

associações de solos Brunos não cálcicos (LUVISSOLOS) e cobertura vegetal de caatinga

arbórea-arbustiva densa. Assim, é constituída a subunidade Z4b.

A disposição das unidades geombientais da sub-bacias hidrográfica do riacho Trici

está ilustrada em APÊNDICE D, com síntese de suas características no QUADRO 18.

5.1.3.4 – compartimentação geoambiental da sub-bacias do riacho Catumbi

As unidades geoambientais da sub-bacias do riacho Catumbi apresentam condições

e características semelhantes aos da sub-bacias anteriormente analisada, quanto aos

aspectos geológicos, pedológicos e de cobertura vegetal.

A diferença básica está existência da unidade Z5 na sub-bacias em questão, que

corresponde a áreas com a presença de colinas, formas modeladas que recebem atuação de

agentes morfogenéticos atuais.

A unidade geoambiental Z1 tem aproximadamente 3,08% de área relativa. É

constituída por sedimentos aluvionais e rochas cristalinas, com migmatitos, gnaisses,

gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e outras associações de solos Aluviais

(NEOSSOLOS FLÚVICOS), Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e cobertura

vegetal nas fisionomias de mata ciliar, caatinga arbórea densa, que compõem as

subuindades Z1a e Z1e.

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E nas combinações de gradação da vegetação, com ocorrência da mata ciliar e

caatinga arbórea-arbustiva densa para a subunidade Z1ab. E, ainda, a mata ciliar com

caatinga arbóreo-arbustiva aberta na subuindade Z1ac.

Na unidade geoambiental Z2, as rochas cristalinas apresentam litologias complexas,

com ocorrência de migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos e

outras, com associações de solos Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS) e

cobertura vegetal, formando as seguintes subunidades: Z2abce, corresponde à faixa de mata

ciliar, caatinga arbóreo-arbustiva densa e aberta; e Z2abd, com mata ciliar, caatinga

arbóreo-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta. E ainda, Z2e, área somente com caatinga

arbórea densa.

Esta unidade ocupa a maior proporção na área da sub-bacias do riacho Catumbi,

aproximadamente 57,25% do total.

A unidade geoambiental Z3, com cerca de 28,98% é constituída por áreas

parcialmente dissecadas. É composta das mesmas características litológicas e pedológicas

apresentadas na unidade anterior. As fisionomias da cobertura vegetal de mata ciliar,

combinadas com a caatinga arbórea-arbustiva densa, e mata ciliar com caatinga arbórea-

arbustiva aberta, correspondem às subunidades Z3a Z3ac, respectivamente. E, ainda,

somente com caatinga arbórea densa, a subunidade Z3e.

A unidade de geoambiental Z5, constituída por áreas dissecadas com presença de

colinas, ocupa cerca de 10,64% da área da sub-bacias em estudo.

Esta unidade, além de mostrar as mesmas características litológicas e pedológicas

anteriormente apresentadas, expressa-se pelas combinações de cobertura vegetal,

constituindo as seguintes subunidades: Z5abd, relacionada a mata ciliar, caatinga arbórea-

arbustiva densa e caatinga arbórea aberta, e Z5abe, que corresponde a mata ciliar, caatinga

arbórea-arbustiva densa e caatinga arbórea densa.

No APÊNDICE E, pode-se verificar a disposição das unidades geoambientais para a

sub-bacias do riacho Catumbi , no QUADRO 19, a síntese de suas características.

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QUADRO 19 – Síntese da Compartimentação Geoambiental - Sub-bacias do Riacho Catumbi

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CATEGORIAS ESPACIAS

ÁREA

SUB-BACIA DO RIACHO CATUMBI

Unidades de Paisagem

Subunidades m % PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Z1a 30 0,11 Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e cobertura mata ciliar. caatinga arbórea densa. Z1

Áres Aplainadas (300m-350m) Z1e 480 1,81

Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e caatinga arbórea densa.

Z2ab 190 0,71 Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e mata ciliar com caatinga arbórea-arbustiva densa.

Z2ac 120 0,45 Areias a argilas com migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de solos Aluviais (NEOSSOLOS FLÚVICOS) e Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e mata ciliar com caatinga arbórea-arbustiva aberta.

Z2abce 7.130 26,91 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa, caatinga arbórea-arbustiva aberta e caatinga arbórea densa.

Z2abd 2.700 10,19 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva densa, caatinga e caatinga arbórea aberta.

Z2 Áreas Aplainadas a Pouco

Dissecadas (400m-450m)

Z2e 5.340 20,15 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS), e caatinga e caatinga arbórea densa.

Z3ab 1.670 6,30 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS, com mata ciliar com caatinga arbórea-arbustiva densa.

Z3ac 790 2,98 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS, com mata ciliar, caatinga arbórea-arbustiva aberta.

Z3 Áreas Parcialmente

Dissecadas (500m-550m) Z3e 5.220 19.70 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-

amarelo (LUVISSOLOS, com caatinga arbórea densa.

Z5abd 1.710 6,45 Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS,mata ciliar, caatinga arbóreo-arbustiva densa e caatinga arbórea aberta. Z5

Áreas Dissecadas c/ Colinas(550m-600m) Z5abe 1.110 4,19

Migmatitos, gnaisses, gnaisses migmatizados e granitóides, quartzitos; associações de Podzólicos vermelho-amarelo (LUVISSOLOS,mata ciliar, caatinga arbóreo-arbustiva densa e caatinga arbórea densa.

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5.2 Vulnerabilidades Ambientais em Sub-bacias Hidrográficas do Alto Vale do

Rio Jaguaribe

Vulnerabilidade é todo o processo físico ou químico, de ordem natural ou produzido

pelo homem, que exalta aspectos e características da fragilidade dos elementos constituintes

de um ecossistema qualquer na superfície terrestre.

Através das variações dos elementos e fenômenos relacionados às condições físicas

e ambientais em uma unidade da paisagem, pode-se expressar a freqüência, a quantidade ou

a intensidade da vulnerabilidade, ocorrentes na mesma ou entre algumas delas.

No presente estudo, através do cruzamento e análise de dados expressados em

capítulos e partes anteriores, foram identificadas as principais vulnerabilidades ambientais

nas sub-bacias hidrográficas estudadas. Através de quadro-matriz, demonstra-se a

intensidade das vulnerabilidades no interior destas, seguindo-se a comparação entre elas.

A partir das análises, observou-se que, de maneira geral, as vulnerabilidades

ambientais nas sub-bacias são fortemente evidenciadas pelos fatores antrópicos. Com

referência ao grau de sensibildade, apresentam-se com intensidades predominantes entre

alta a média alta para as sub-bacias dos riachos Cipó e Carrapateiras, enquanto, nas sub-

bacias dos riachos Trici e Catumbi, variam entre os graus de intensidade média, com

predominância entre média/média a média baixa.

Neste contexto, a sub-bacias do riacho Carrapateiras expressa o maior grau de

sensibilidade em relação às demais, enquanto as sub-bacias hidrográficas dos riachos Cipó,

Trici e Catumbi estão na seqüência.

As vulnerabilidades decorrentes dos fatores naturais analisados e expressados

demonstraram-se em consideráveis forças de equilíbrio no sistema das sub-bacias

hidrográficas.

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QUADRO 20 – Matriz de Vulnerabilidades da Sub-bacias do Riacho Cipó

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IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO CIPÓ

Fatores Climáticos

Fatores Hidrológicos

Fatores

Geológicos

Fatores Antrópicos

INDICADORES DE VULNERABILIDADES

fc1

fc2

fh1

fh2

fh3

fh4

fh5

fh6

fh7

fg1

fg2

fa1

fa2

fa3

fa4 I

II

II

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

XI

XII

XIII

XIV

I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo

Graus de Vulnerabilidade

Baixa Média baixa

Média média

Média alta

Alta Sem relação direta

fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado

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QUADRO 21 – Matriz de Vulnerabilidade da Sub-bacias do Riacho Carrapateiras

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IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO CARRAPATEIRAS

Fatores Climáticos

Fatores Hidrológicos

Fatores

Geológicos

Fatores Antrópicos

INDICADORES

DE VULNERDADES

fc1

fc2

fh1

fh2

fh3

fh4

fh5

fh6

fh7

fg1

fg2

fa1

fa2

fa3

fa4

I

II

III

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

XI

XII

XIII

XIV

I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo

Graus de Vulnerabilidade

Baixa Média baixa

Média /média

Média alta

Alta Sem relação direta

fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado

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Assim, verifica-se que os fatores climáticos, apesar de incidirem com graus de

sensibilidade alta a média alta, não apresentaram relação direta com a maioria dos

problemas relacionados, expressando-se na matriz com o não-preenchimento de nenhuma

das cores dos graus de sensibilidade, mas, exatamente pela intensidade do grau

apresentado, requer atenção em perspectivas relevantes.

Os fatores hidrológicos apresentaram, no geral, graus de sensibilidades baixas,

porém deve-se dar atenção aos elementos fh1 e fh2 na sub-bacias do riacho Cipó

(QUADRO 20), por expressarem grau de sensibilidade média alta, enquanto os demais

elementos constituintes apresentaram bom equilíbrio, com graus de sensibilidade média

media a baixa.

Dentro dos problemas ambientais relacionados e nas condições naturais hidrológicas

expressadas, a sub-bacias do riacho Carrapateiras (QUADRO 21) apresentou-se

predominantemente de vulnerabilidade ambiental baixa.

Este mesmo grau de sensibilidade é considerado também para as sub-bacias dos

riachos Trici e Catumbi (QUADRO 22 e 23), reservadas as atenções para a expressão dos

elementos fh1 e fh2, respectivamente, para cada sub-bacias, e de acordo com os impactos

relacionados, uma vez que apresentaram graus de sensibilidade média alta a alta.

Os fatores geológicos expressaram-se nas sub-bacias dos riachos Cipó e

Carrapateiras, respectivamente, com fortes graus de sensibilidade que evidenciam os

impactos negativos. A primeira sub-bacias destaca-se pelo grau de sensibilidade alta a

média alta, enquanto a segunda expressa grau entre a média alta e média/média,

predominantemente.

Nas sub-bacias dos riachos Trici e Catumbi, os fatores geológicos relacionados aos

impactos negativos expressados apresentaram-se com graus de vulnerabilidades que variam

na intensidade média/média a baixa, o que representa um fator de considerável importância

para o equilíbrio ambiental, perante os fenômenos de impactos negativos.

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QUADRO 22 – Matriz de Vulnerabilidade da Sub-bacias do Riacho Trici

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IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO TRICI

Fatores Climáticos

Fatores Hidrológicos

Fatores

Geológicos

Fatores Antrópicos

INDICADORES

DE VULNERABILIDADES

fc1

fc2

fh1

fh2

fh3

fh4

fh5

fh6

fh7

fg1

fg2

fa1

fa2

fa3

fa4

I

II

III

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

XI

XII

XIII

XIV

I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo

Graus de Vulnerabilidade

Baixa Média baixa

Média/ média

Média alta Alta Sem relação direta

fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado

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QUADRO 23 – Matriz de Vulnerabilidade da Sub-bacias do Riacho Catumbi

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IMPACTOS NEGATIVOS \ GRAUS DE VULNERABILIDADE – SUB-BACIA DO RIACHO CATUMBI

Fatores

Climáticos

Fatores Hidrológicos

Fatores

Geológicos

Fatores Antrópicos

INDICADORES

DE VULNERABILIDADES

fc1

fc2

fh1

fh2

fh3

fh4

fh5

fh6

fh7

fg1

fg2

fa1

fa2

fa3

fa4 I

II

II

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

XI

XII

XIII

XIV

I – Canais limitados p\ grandes volumes II- Processos erosivos pronunciados III- Vazões em baixos níveis IV – Predominância de solos rasos V – Afloramentos rochosos VI – Solos desnudos VII – Solos aluviais incipientes VIII – Degradação da mata ciliar IX – Perda da biodiversidade na caatinga X – Rápidos deflúvios XI – Redução do tempo de água nos canais XII – Processos erosivos em vertentes XIII – Evidências do aspecto seco do ambiente XIV – Perda do horizonte A solo

Graus de Vulnerabilidade

Baixa Média baixa

Média / média

Média alta

Alta Sem relação direta

fc1 – Escassez Pluviométrica fc2 – Intensa Evapotranspiração fh1 – Forma fh2 – Extensão do percurso superficial fh3 – Hierarquia da rede de drenagem fh4 – Densidade de rios fh5 – Densidade de drenagem fh6 – Declividade média da microbacia fh7 – Rugosidade fg1 – Sedimentos incipientes fg2 – Predomínio de rochas creistalinas fa1 – Desmatamentos fa2 – Sobrepastejo fa3 – Queimadas em cabeceira / declives fa4 – Manejo agropastoril inadequado

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De acordo com as indicações das análises aqui inter-relacionadas, classificou-se

as sub-bacias dos riacho Cipó e como Alta Vulnerabilidade Ambiental (AVA), a sub-

bacias hidrográfica do riacho Carrapateiras como de Média Alta Vulnerabilidade

Ambiental (MaVA), a sub-bacias hidrográfica do riacho Trici como de Média/média

Vulnerabilidade Ambiental (MmVA), enquanto e para a sub-bacias do riacho Catumbi

foi classificada na Média Baixa Vulnerabilidade Ambiental (MbVA).

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6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em face das análises realizadas no presente trabalho, considera-se que os

sistemas hidrogeomorfológicos estudados apresentaram-se dentro das condições abaixo

relacionadas.

Diante das medições morfométricas sobre o sistema de drenagem, as sub-baciass

de 4ª ordem – riachos Carrapateiras e Catumbi - expressaram estruturas ideais para

receber consideráveis volumes de fluxos de água e materiais terrígenos, e tendência à

formação de deflúvios de maneira equilibrada com as características geológicas e

climáticas da região, proporcionada pela irregularidade de suas formas.

As sub-baciass de 3ª ordem – riachos Cipó e Trici – são sistemas confluentes aos

primeiros, com estruturas menos desenvolvidas, destinando-se a fluxos em fracos

volumes.

A dinâmica de escoamento superficial revelou-nos no geral que os canais de 1ª

ordem têm comprimentos médios maiores do que as ordens sucessivas, com tendência a

redução no percurso médio de um canal para outro, ao alcançar o equilíbrio hidrológico,

exceto para a sub-bacia hidrográfica do riacho Catumbi, que constitui área de nascente e

eixo de escoamento principal da bacia hidrográfica do rio Jaguaribe, onde o trabalho

erosivo tem maior extensão na rede de drenagem.

Tal condição também foi revelada pelo Índice de Extensão do Escoamento

Superficial (Eps) mais elevado para as sub-bacias dos riachos Catumbi e Cipó,

revelando-se com maior predisposição à erosão. A primeira sub-bacias, em razão dos

aspectos então citados, e a outra, pela ocorrência predominante de solos rasos e

afloramentos rochosos.

No que diz respeito à relação de escoamento superficial – infiltração, os padrões

de densidade de rios e de drenagem foram respectivamente de baixa freqüência e baixo

padrão de drenagem para todas as sub-bacias estudadas. Isto revelou que, mantidas as

condições físicas naturais, este fenômeno desenvolve-se em pleno equilíbrio, pois a água

que alcança a superfície das sub-bacias tende escoar para os canais já formados.

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Neste contexto, pela expressão da declividade média e rugosidade, infere-se que

os fluxos apresentam tendências maior atenuação de velocidades nas sub-bacias dos

riachos Carrapateiras e Trici, enquanto as sub-bacias dos riachos Cipó e Catumbi, são

tendentes a menor atenuação nas velocidades dos fluxos de água e materiais terrígenos.

Portanto, nas sub-bacias com indicativos de fluxos considerados mais lentos, há

melhores condições ao desenvolvimento equilibrado do processo de escoamento

superficial – infiltração do que nas sub-bacias de fluxos com velocidades relativamente

mais rápidos.

As dinâmicas socioeconômicas, submetidas há longo tempo ao modelo

econômico de máxima produção de acordo com as demandas do mercado, e mantidas as

técnicas agropecuárias e agro-extrativas tradicionais, levaram conseqüentemente ao uso

intensificado dos recursos naturais (água, solo e vegetação), com degeneração paulatina

de suas potencialidades naturais.

Tal modelo e as técnicas praticadas são responsáveis pela aceleração de

alterações ambientais portanto, refletidas nas sub-bacias com manifestações negativas na

dinâmica hidrológica e físico-ambiental.

Na compartimentação geoambiental, a sub-bacia do riacho Cipó expressou a

menor variação. Constituída principalmente pelas unidades Z2 e Z3, que refletem

fragilidades naturais pela ocorrência predominante de solos rasos e pouco

desenvolvidos, com afloramentos rochosos e cobertura vegetal de caatinga de variação

fisionômica aberta, a unidade Z1, que poderia atenuar tais condições, apresenta-se muito

reduzida e refletindo cobertura vegetal rala, aberta com solos desnudos.

Dentro desta análise, a sub-bacia do riacho Carrapateiras apresentou-se com

maior variação de unidades e subunidades em relação à ocupação de área e certa

interação dinâmica de suas componentes para as unidades Z3, Z6 e Z2, respectivamente.

A unidade Z6 reflete melhor preservação das dinâmicas de interação pela expressão da

caatinga arbórea e arbóreo-arbustiva, ambas na fisionomia densa. Em Z3, a considerável

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expressão da subunidade Z3a constitui fator preponderante ao equilíbrio dinâmico, pela

interação de associações de NEOSSOLOS FLÚVICOS e mata ciliar, que nas demais

subunidades têm baixa expressão, pelo intenso uso do solo.

Ainda sobre a sub-bacia do riacho Carrapateiras, considera-se a unidade Z2 mais

compartimentada em decorrência da intensa exploração socioeconômica, com acesso

favorecido nas feições muito pouco onduladas do terreno e nível altimétrico menor em

relação às demais unidades, e ainda pela proximidade com áreas relativamente mais

úmidas.

Aponta-se dois fatores importantes na dinâmica de interação das componentes

nas unidades ora discriminadas. A ocorrência predominante de associações de

LUVISSOLOS (Brunos não cálcicos) e o aspecto da altitude, sobretudo na unidade Z6,

que limitou a máxima exploração do solo e favoreceu a maior preservação das

componentes fisionômicas da cobertura vegetal.

As sub-baciass dos riachos Trici e Catumbi expressam a melhor interação com

suas componentes geoambientais. A predominância de associações de LUVISSOLOS

(Podzólicos vermelho-amarelos) por quase todas as compartimentações morfológicas

reflete dinâmicas mais complexas, com mosaicos da cobertura vegetal bem mesclados.

Assim, em todas as unidades, é possível verificar a ocorrência dos estratos já

relacionados, inclusive com ocorrência de mata ciliar.

Sobre as vulnerabilidades ambientais identificadas nas sub-bacias estudadas,

considera-se serem decorrentes da própria condição hidrológica e geoambiental

inerentes à região semi-árida do Nordeste brasileiro, mas a intensificação de processos e

dinâmicas por intermédio de ações antrópicas, faz que as condições naturais de

vulnerabilidades sejam fortemente evidenciadas.

Dentro destas condições considera-se que as sub-bacias hidrográficas analisadas

apresentam-se em níveis pouco diferenciados de vulnerabilidades ambientais, estando

quase todas na classificação de MVA (Média Vulnerabilidade Ambiental). Com as

variações de “MVA” (Média Vulnerabilidade Ambiental) para a sub-bacia do riacho

Carrapatieras, “MmVA” (Média média Vulnerabilidade Ambiental) para a sub-bacia do

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riacho Trici, e “MbVA” (Média baixa Vulnerabilidade Ambiental) para a sub-bacia do

riacho Catumbi. Somente a sub-bacia do riacho Cipó foi classificada com “AVA” (Alta

Vulnerabilidade Ambiental).

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7 CONCLUSÕES

Diante do quadro de considerações, conclui-se que:

1 as sub-baciass dos riachos Carrapateiras e Catumbi são os sistemas

hidrogeomorfológicos mais complexos, recebem sistemas menores – as sub-baciass

Cipó e Trici respectivamente, e são contribuintes importantes da bacia hidrográfica do

alto rio Jaguaribe.

2 Mantida a dinâmica hidrológica natural, as linhas de drenagem das sub-baciass

apresentam fluxos com deflúvios paulatinamente crescentes em extensão e volume, com

tendência a processos erosivos pronunciados até o equilíbrio do sistema. As condições

de densidades na rede de drenagem, declividade média e rugosidade da superfície

promovem o balanço pleno do escoamento superficial – infiltração.

3 O modelo e a dinâmica das intervenções antrópicas ao longo de séculos

submeteram fortemente as componentes geoambientais, principalmente a água, o solo e

a vegetação das sub-baciass, às alterações ambientais negativas, com ocorrências de

dinâmicas desarmônicas nas condições naturais do semi-árido cearense. Entre elas

destacam-se:

• perda do potencial hidrológico natural, com redução nas vazões e tempo

de permanência de água nos canais principais da rede de drenagem, ao

longo do ano;

• descaracterização sucessiva da cobertura vegetal natural, sendo que, nas

sub-baciass mais atingidas, dá-se a diminuição do estrato elevado e da

fisionomia densa, passando a predominar vegetação arbustiva, rala e

mais aberta;

• maior impacto pelo escoamento superficial, com formação de rápidos

deflúvios, intensificação dos fluxos em detrimento da infiltração,

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refletidos sobre o assoreamento de canais, evolução de formas erosivas

nas vertentes e ablação dos horizontes superficiais;

• intensificação de fenômenos climáticos, como a evapotranspiração,

tornando o ambiente mais fortemente submetido às deficiências

hídricas, tendendo à ampliação das condições de semi-aridez.

4 Existe um antagonismo na relação entre as condições hidrológicas

quantificadas e as condições geoambientais e socioeconômicas qualificadas. A primeira

demonstra que as componentes hidrológicas nas sub-baciass estão em harmonia com as

condições da região semi-árida do sertão dos Inhamuns. A segunda, revela que as

componentes socioeconômicas constituem força maior nas transformações

geoambientais processadas nos sistemas analisados.

5 Dessa forma, as vulnerabilidades naturais estão aguçadas, contribuindo para a

ocorrência de fenômenos associados à degradação / desertificação.

6 A mitigação ou reversão dos eventos relacionados à degradação /

desertificação nas sub-baciass estudadas dar-se-á através da aplicação de políticas

públicas integradas nas três esferas do Poder - Políticas comprometidas em instaurar e

resguardar o desenvolvimento sustentável nestes ecossistemas, com suporte técnico-

científico aos usuários dos recursos naturais, e ainda com a participação destes últimos.

7 Para o desenvolvimento sustentável, é fundamental que as políticas públicas

para a região semi-árida, e em particular para as sub-baciass hidrográficas enfocadas,

estejam fundamentadas em leis ambientais existentes no País, e convenções

internacionais relacionadas às problemáticas associadas ao uso dos recursos naturais.

8 Que estudos dessa natureza possam ser utilizados como subsídios ao manejo,

planejamento e gestão dos recursos naturais do sertão dos Inahmuns, proporcionando o

uso múltiplo da água, do solo e da vegetação nas sub-baciass hidrográficas do alto

Jaguaribe, no Município de Tauá – Estado do Ceará.

9 Necessário ainda é o trabalho que conscientize as entidades civis, políticas e

econômicas de que a água é prioridade para o consumo humano, sem a qual não poderá

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sobreviver e desenvolver suas atividades; é um recurso finito, que em regiões semi-

áridas é escasso e assume grau de importância bem mais elevada do que em outras

regiões do Brasil.

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WAVES – Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid Northeast Brazil. Fortaleza / Munique: WAVES (UFC/TUM), 2001. Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal. WAVES – Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid Northeast Brazil. Fortaleza / Munique: WAVES (UFC/TUM), 2001. Mapa Geomorfológico. WAVES – Water Availability and Vulnerability of Ecosystems and Society in Semi-arid Northeast Brazil. Fotaleza/Munique: WAVES (UFC/TUM), 2001. Mapa Geológico.

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ANEXO A

Mapa Geomorfológico - Tauá/CE

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ANEXO B

Documentação Fotográfica

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(GONÇALVES: JAN.2003) Figura 1 - Aspecto gerais no canal do Riacho Cipó (GONÇALVES: JAN.2003) Foto 2 – Aspectos gerais no canal do Riacho Carrapateiras

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Foto 3 – Vista da fisionomia aberta da caatinga – Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras

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Foto 4 – Aspectos da vegetação com cactáceas - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras

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Foto 5 – Aspectos da associação vegetal: Facheiro - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras

Foto 6 – Aspectos de alterações na cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-

bacias dos Riachos Cipó e Carrapateiras

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Foto 7 – Vista 01 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi

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Foto 8 – Vista 02 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi

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Foto 9 – Vista 03 – Cobertura vegetal - Áreas de Abrangências nas Sub-bacias dos Riachos Trici e Catumbi

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APÊNDICE A

Mapa de Compartimentação do Relevo -Tauá/CE

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APÊNDICE B

Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de

Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Cipó

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APÊNDICE C

Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de

Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Carrapateiras

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APÊNDICE D

Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de

Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Trici

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APÊNDICE E

Mapa da Compartimentação Geoambiental e Nível de

Vulnerabilidade Ambiental na Sub-bacia do Riacho Catuambi

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