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Geografia Frente 1 Capítulo 4: Estrutura geológica, relevo e recursos minerais 202 Capítulo 5: Dinâmica climática 219 Sumário

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Geografia

Frente 1Capítulo 4: Estrutura geológica, relevo e recursos minerais 202

Capítulo 5: Dinâmica climática 219

Sumário

202

GEOGRAFIA

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frente 1

Estrutura geológica, relevo e recursos minerais

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Estrutura geológica, relevo e recursos mineraisCapítulo 4

1. Dinâmica da crosta terrestre

Neste capítulo, trataremos de uma das três dife-rentes esferas ou estruturas que, em interação, possibilitam a existência da vida. Abordare-mos os estudos da litosfera (relevo), que, com a atmosfera e a hidrosfera, garantem a dinâ-mica harmônica da biosfera, onde todos os seres vivos habitam.

Atmosfera Hidrosfera

Biosfera

Crosta terrestre

Atmosfera Hidrosfera

Biosfera

Crosta terrestre

1.1. Estrutura interna da terra

A dinâmica interna do planeta é um dos principais fatores responsáveis pela formação do relevo que visualizamos hoje. Essas estrutu-ras guardam a história da Terra de milhões de anos, desde sua formação.

Observe a imagem para conhecer as estruturas que formam o planeta.

1. Núcleo InternoTambém chamado de grão ou nife, essa é a área mais pro-

funda do planeta, localizada a cerca de 5.000 km de pro-fundidade, e apresenta uma temperatura perto dos 6 mil graus Celsius.

Composto principalmente dos elementos ferro e níquel, possui densidade imensa (12,2 g/cm³) e apresenta-se em estado sólido.

2. Núcleo ExternoComposto por níquel e ferro em estado pas-

toso, também apresenta altas temperaturas, próxi-mas dos 5 mil graus Celsius, e possui densidade de 4,7 g/cm³. Encontra-se a cerca de 3.000 km da superfí -cie terrestre.

3. MantoCamada intermediária, de aproximadamente 4.600 km

de espessura e com temperaturas entre 1.200 ºC e 3.400 ºC, apresenta o magma na sua composição, que contém dife-rentes elementos minerais numa consistência pastosa e em constante movimento por correntes de convecção.

4. Crosta TerrestreTambém chamada de litosfera, a crosta pode ser divi-

dida em duas porções: a continental, que chega a pos-suir até 70 km; e a crosta oceânica, que possui de 5 a 10 km. A litosfera é dividida em duas subcamadas, SIMA e SIAL. SIMA, que fi ca nas porções mais inferiores, é uma camada rica em silício e magnésio, bem como em rochas basálticas. O SIAL é a por-ção mais superior, externa da litosfera, rica em silício e alumínio.

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© FABIOCONCETTA, JOSE ENRIQUE VELOCCIA, BJØRN HOVDAL, DALIBOR SEVALJEVIC | DREAMSTIME.COM

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1.2. Eras geológicas

A Terra possui cerca de 4,5 bilhões de anos de idade. Quando foi formado, nosso planeta não passava de uma massa incandescente que, ao resfriar, passou a emi-tir uma série de gases que formaram uma atmosfera primitiva, o que teria gerado as primeiras chuvas, os primeiros mares e oceanos. O planeta resfria de fora para dentro, por isso as camadas mais superficiais são as mais frias, e as porções mais internas conservam ainda muito calor. Do surgimento do planeta até os dias atuais, muitas modificações ocorreram na litosfera, na hidrosfera, na atmosfera e também na biosfera. Por essa razão, os cientistas dividiram os diversos momentos da evolução do planeta de acordo com os acontecimentos que marcaram as gran-des eras geológicas e suas subdivisões, os períodos.

Era Período Principais Acontecimentos Anos Atrás

Pré-Cambriana ou Primitiva

Azoico - Ausência de vida

- Formação da crosta terrestre

- Início da vida na Terra

- Início da movimentação das placas tectônicas

- Surgimento das jazidas de minerais metálicos

- Formação da atmosfera

4,6 bilhões

Arqueozoico

Proterozoico

Paleozoicaou Primária

Cambriano - Formação dos mares e oceanos

- Aparecimento dos primeiros animais e vegetais

- Formação das rochas calcárias

- Soterramento de grandes florestas que deram origem às reservas de carvão mineral

- Surgimento e desapareci-mento dos grandes répteis (dinossauros)

- Intenso vulcanismo

570 milhões

Ordoviciano 510 milhões

Siluriano 440 milhões

Devoniano 410 milhões

Carbonífero 355 milhões

Permiano 290 milhões

Mesozoica ou Secundária

Triássico 250 milhões

Jurássico 200 milhões

Cretáceo 135 milhões

Cenozoica Terciário - Domínio dos mamíferos

- Formação das grandes cadeias de montanhas - Era glacial- Surgimento do homem

65 milhões

Quaternário 1,5 milhão

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1.3. Teorias

1.3.1. Teoria da Deriva Continental

Em 1912, o geofísico alemão Alfred Wegener apresentou uma teoria que ficou conhecida como deriva continental. Analisando a semelhança no encaixe do contorno de vários continentes, além de pro-ximidade na fauna, flora e geolo-gia, ele chegou à conclusão de que o formato e a localização dos conti-nentes que conhecemos não foram sempre os mesmos. Ao longo do tempo, as grandes massas continen-tais movimentaram-se lentamente a partir de um supercontinente que ele chamou de Pangeia, que estava cercado por um grande oceano cha-mado de Pantalassa. Veja abaixo um resumo desse movimento que, de acordo com a teoria, ocorreria até os dias de hoje.

1.3.2. Teoria da tectônica de placas

Um dos pontos falhos da deriva continental era a dificuldade de explicar as causas que levaram ao deslocamento das grandes mas-sas continentais.

Isso foi resolvido nos anos 1960, quando um grupo de pesquisado-res dos Estados Unidos, liderado por Jason Morgan, demonstrou que a crosta terrestre é dividida em uma série de partes (8 grandes pla-cas e uma série de placas menores) – as placas litosféricas ou tectônicas – que deslizam a partir da ação da convecção interna. Assim, a energia do interior da Terra criaria o movi-mento de convecção do magma que movimentaria as diferentes placas tectônicas que “flutuam” e “deslizam” sobre o manto.

Essas correntes de convecção originam-se na pressão que o magma do manto terrestre realiza sob a crosta. As diferenças de temperatura e pressão do magma acabam repercutindo na crosta terrestre, que não é uma estrutura uniforme, mas dividida em uma série de placas tectônicas que acabam movimentando-se e gerando uma série de consequências (como terremotos e vulcões) e também modelam e renovam a crosta.

EUROPA

EUROPAÁSIA

EUROPAAMÉRICA DO NORTE

AMÉRICA DO NORTE

ÁFRICA

ÁFRICAÍNDIA

AMÉRICADO SUL

AMÉRICADO SUL

ANTÁRCTICA

ANTÁRCTICA

AUSTRÁLIA

AUSTRÁLIA

EURÁSIA

AMÉRICA DO NORTE

ÁFRICAAMÉRICA

DO SUL

ANTÁRCTICAAUSTRÁLIA

PANGEIA

LAURÁSIA

GONDVANA

Posição atual aproximada dos continentes na Terra.

700 km

Manto Astenosfera

Núcleo externo

Fossa Fossa

“Tração da placa”Crista ou dorsal

Litosfera

A Teoria Tectônica de Placas explica o deslocamento das grandes massas continentais

através de correntes de convecção no manto terrestre

Vale destacar que as regiões de encontro das placas tectônicas são as zonas mais instáveis da Terra, extrema-mente sujeitas a tectonismo e vulcanismo. Esse movimento horizontal das placas, como apresentado abaixo, chama-se orogênese. Conheça os diferentes tipos de movimentos das placas tectônicas:

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Placa Indoaustraliana

Placa da Antártica

Placa Euro-Asiática

PlacaFilipina

PlacaAnatólica

PlacaNorte-Americana

Placado Pací�co

PlacaSul-Americana

Placa do Caribe

PlacaAfricana

Placa Indoaustraliana

Placa da Antártica

Placa Euro-Asiática

PlacaFilipina

PlacaAnatólica

PlacaNorte-Americana

Placado Pací�co

PlacaSul-Americana

Placa do Caribe

PlacaAfricana

1. Movimento transformante (transcorrente ou conservativa): quando as placas deslizam tangencialmente. Este tipo de movimento causa, normalmente, abalos sísmicos. Nessa área do mapa, temos a falha de San Andreas, uma área de deslize entre a Placa do Pacífi co e a Norte-A-mericana, e se prolonga por 1.290 km na Califórnia.

Falha de San Andreas, no estado da Califórnia, EUA.

Placa de Nazca

Fossa do Peru-Chile

Andes

PlacaSul-Americana

2. Movimento convergente (destrutivo): quando as pla-cas aproximam-se, o que faz com que uma delas fi que sobre a outra (mais densa), que volta para o manto (sub-ducção). Nesse caso, a de Nazca, menos densa, rebaixa-se, enquanto na placa Sul-Americana temos a formação da cordilheira dos Andes.

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Placa Norte-Americana

Crosta oceânica

Dorsal Médio-Atlântica

Manto

PlacaEuro-Asiática

3. Movimento divergente (construtivo): é quando as placas afastam-se, abrindo espaço para o soerguimento do manto, que, resfriado, torna-se rocha e renova a adução. Aí se encontram o rift e e as dorsais, como a Mesoatlântica, que destaca-mos nessa área do mapa.

As áreas de encontro ou separação das placas tectônicas apresentam-se, por-tanto, muito instáveis. A pressão do magma nessas áreas pode ser percebida pela presença do vulcanismo e dos abalos sísmicos, de que trataremos adiante.

1.4. Abalos sísmicos

O magma encontra-se em constante movimento através das correntes de con-vecção que já estudamos. O impacto do movimento deste magma com a litosfera pode ser muito violento e, caso a placa seja recente, pouco densa ou esteja com muito fratura (situações que geralmente ocorrem nas bordas das placas), esse impacto do magma pode dar origem às ondas sísmicas que serão possíveis de serem percebidas na parte externa da crosta, fazendo surgir o terremoto. Quando o terremoto acontece em áreas oceânicas, pode acontecer a formação de tsunamis, palavra de origem japonesa que signifi ca “onda do porto”. Os tsunamis consistem em um grande deslocamento de massa líquida que, ao atingir a costa de um conti-nente, pode provocar estragos devastadores.

Onda

Epicentro de umterremotoO tsunami atinge

a costa

O tsunami se inicia durante o terremoto.As ondas gigantes se propagam ao longo do mar.

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© ROBERT PAUL VAN BEETS | DREAMSTIME.COM

Prédio em Los Angeles (EUA) atingido por um sismo.

© VALERY2007 | DREAMSTIME.COM

Prédio destruído em Santiago (Chile) depois de um terremoto.

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1. HipocentroÁrea do foco inicial do tremor provocado

pelo impacto do magma ou movimento da placa tectônica. É a área a partir de onde se deslocam as ondas sísmicas.

2. EpicentroÁrea acima do hipocentro onde o tre-

mor é mais sentido na parte externa da litos-fera. Região onde as ondas sísmicas agem com mais intensidade. Considerado o foco externo do tremor.

© TOM WANG | DREAMSTIME.COM

Estrada no Haiti logo após o terremoto de março de 2012

© FBENCIVENGA | DREAMSTIME.COM

Destruição causada por um terremoto em Áquila (Itália).

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1.5. Vulcanismo

Atividade vulcânica acontece quando o material do interior da Terra (magma) é expelido para a parte externa da litosfera. Como a região de borda de placa é uma área mais frágil e instável, é comum termos ativi-dade vulcânica nessas áreas.

Áreas que pertenceram à borda de placas em eras geológicas passadas apresentam, hoje, resquícios de ati-vidade vulcânica presente no solo gerado por rochas oriundas de vulcões ou na existência de fontes termais.

A região do globo que concentra maior quantidade de vulcões é conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico.

N Círculo de Fogo

Círculo de Fogo do Pacífico.

Conheça a seguir os diferentes tipos de vulcões:

1. Explosivo ou VulcanianoTemos a formação de um cone

dando o aspecto mais conhecido para o vulcão e a intensa saída de magma e fumaça e detritos sóli-dos lançados ao ar por uma única saída.

2. Misto ou StrombolianoO vulcão forma-se parecendo

um cone, à medida que a pressão do magma na litosfera eleva o ter-reno e o magma sai para a parte externa por uma área principal, porém temos outras áreas de saída de magma, ao lado do cone central, chamadas de canais secundários.

3. Passivo ou HavaianoNesse formato de vulcão, a

terra praticamente não se eleva em forma de cone e não ocorrem gran-des explosões. Aqui o magma per-fura o solo e a lava sai para a parte externa e começa a escorrer para os lados, sem grandes explosões ou ruídos.

Meteorização, erosão,transporte e sedimentação

Diagênese(os sedimentossão compactadose cimentados)

RochasSedimentares

Temperaturae pressão

RochasMetamórficas

Magma

RochasÍgneas

Temperaturae pressão

Fusão

Arrefecimentoe cristalização

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Fusão

Fusão

Temperaturae pressão

Levantamento

Vulcão Guallatire (Chile). Erupção do Etna (Itália). Cratera do Kerid (Islândia), um vulcão inativo.

Exemplos de vulcões

2. Relevo terrestre e estrutura geológica

2.1. Rochas

A rocha é o elemento mais básico da constituição do relevo e é formada pela agregação de um ou mais mine-rais presentes na litosfera. Analise o ciclo das rochas abaixo para entender suas diferenças e formações.

© FERRUCIO ZUCCOLOTTO, SERGIO BERTINO, DALIBOR KANTOR | DREAMSTIME.COM

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C. Rochas sedimentares são formadas a partir da acumulação de sedimentos de origem variada, de fontes minerais ou orgânica. Essa matéria acumulada sofre, ao longo do tempo, um processo de litifi cação. As rochas sedimentares podem ser divididas em três tipos:

• Clástica ou detrítica: formada a partir da agregação mecânica de sedimentos de outras rochas. • Orgânica: formada a partir da sedimentação de elementos orgânicos, como conchas e corais.• Química: formada pela sedimentação de elementos provenientes da dissolução química de outras rochas.

Granito Basalto Gabro Obsidiana

Arenito Montanhas de dolomita. Calcário Travertino

D. Rochas metamórfi cas são originadas através de processos fí sicos e químicos (alterações de temperatura e pressão ocorridas no interior da Terra ao longo do tempo) que alteram a estrutura de rochas magmáticas, sedi-mentares e das próprias rochas metamórfi cas, originando um novo material.

Mármore Gnaisse

Pedra sabão.Xisto Quartzito

A. O magma é constituído por material em estado de fusão situado no interior da terra, sendo responsável pela formação das rochas ígneas.

B. Também chamadas de rochas magmáticas, elas são formadas a partir do resfriamento do magma. As rochas magmáticas são divididas em dois grupos, as intrusivas ou plutônicas (quando o resfriamento do magma ocorre no interior da crosta) e as extrusivas ou vulcânicas (quando o resfriamento ocorre próximo ou na superfí cie terrestre, em contato com a atmosfera).

© YURIY CHABAN, MICHAL BARANSKI, SIIM SEPP, IGORIUS | DREAMSTIME.COM

© THERINA GROENEWALD, VACLAV VOLRAB, BIDOUZE STÉPHANE, FELIKS KHRAMYKH | DREAMSTIME.COM

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2.2. Estrutura geológica

As estruturas geológicas são os embasamentos rochosos que compõem o relevo. São de três tipos:

Montes Apalaches (EUA).

• Escudos Cristalinos: forma-ções rochosas mais antigas do pla-neta, com origem na solidificação do magma durante o Pré-Cambriano. Nessas áreas podemos encontrar grandes estruturas com minerais metálicos.

Planície da região de Extremadura (Espanha).

• Bacias Sedimentares: áreas no entorno dos grandes escudos, geral-mente rebaixadas e compostas pelos sedimentos depositados ao longo de diferentes eras geológicas, portanto são formações do Paleozoico, Meso-zoico e Cenozoico. Nas bacias, encon-tramos os combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral.

Região dos Andes (Peru).

• Dobramentos Modernos: gru-pos montanhosos mais recentes (período Terciário da Cenozoica), for-mados pelo movimento orogenético de subducção das placas tectônicas.

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2.3. Agentes externos do relevo

Os agentes externos modeladores de relevo incluem, além da ação antrópica (modifi cações realizadas pelo homem), aquelas geradas pelo intemperismo. O intemperismo é o conjunto de ações que enfraquecem, mode-lam e modifi cam as rochas. É classifi cado de três formas:

• Biológico: é o intemperismo resultado da ação de seres vivos (animais e vegetais), como o pisoteio do gado ou as raízes das plantas entrando pelas fendas de uma rocha.

• Químico: gera a decomposição dos minerais das rochas através da ação (separada ou conjunta) de várias reações quí-micas, que acabam por alterar o material original: oxidação, hidratação, dissolução, hidrólise e acidólise.

• Físico: abrange as alterações ocorridas no relevo rea-lizadas ao longo do tempo por forças mecânicas ou termais (grandes variações de temperatura, isto é, amplitude térmica elevada) que provocam a fragmentação das rochas, alterando o relevo, sem, contudo, interferir nas estruturas elementares do material.

Veja a seguir imagens que apresentam os principais agentes externos do relevo e suas ações:

© DIRK ERCKEN | DREAMSTIME.COM

Vento – nessa imagem de uma formação rochosa na Bolívia, temos o resultado da ação eólica sobre o relevo, onde, ao tocar a rocha, o vento vai desagregando partículas, modelando o relevo

© RIEKEFOTO, VASSILIY MIKHAILIN, VLASENKO | DREAMSTIME.COM

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© LIDPS | DREAMSTIME.COM

Mares e oceanos – por milhares de anos de elevação e regressão do nível do mar de oceanos, pode-se dar origem a essa formação de falésia que encontramos nessa foto onde a ação da água batendo na costa retirou sedimentos, criando esse formato.

© HARJU ALEXANDRU CORNEL | DREAMSTIME.COM

Chuvas – por muitos anos a ação pluvial é responsável pelas formas arredondadas de algumas áreas do terreno, como nessa imagem do Vale de Añisclo (Espanha).

© JACEK SOPOTNICKI | DREAMSTIME.COM

Rios – antigos rios que secaram deixaram de herança sua erosão marcando seu antigo caminho que um dia foi cheio de água, como na região do Grand Canyon (EUA).

© TOM EAGAN | DREAMSTIME.COM

Geleiras – as marcas de antigas áreas de gelo (glaciação) fi cam no relevo, formando esses imensos paredões que vemos na foto de um fi orde canadense.

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3. Unidades de relevo do Brasil

3.1. Características gerais

Agora que vimos a teoria geológica, vamos tratar exclusivamente do relevo brasileiro utilizando os conceitos das aulas anteriores.

O território brasileiro está localizado ao centro na Placa Tectônica Sul-Ame-ricana. É um conjunto geológico estável, por sua estrutura de rochas cristali-nas, não ocorrendo movimentos orogenéticos, que são movimentos horizontais e em direções opostas de placas tectônicas que formam os dobramentos moder-nos, as cadeias montanhosas, como as Cordilheiras dos Andes, Rochosas, Alpes, Himalaias.

PLACA ANTÁRTICA

PLACA AFRICANA

PLACA SUL- AMERICANA

PLACA DE NAZCA

PLACADE COCOS

PLACAPACÍFICA

PLACADE CARIBE

PLACA NORTE AMERICANA

PLACAINDO AUSTRALIANA

PLACAFILIPINA

PLACAPACÍFICA

PLACA EUROASIÁTICA

PLACAARÁBICA

Placas tectônicas.

© ANDREW ORLEMANN | DREAMSTIME.COM

Sol – a ação do calor do Sol é capaz de provocar fi ssuras nas rochas, alterando seu formato original.

No Brasil, ocorreram os movimentos epirogenéticos, que são movimentos ver-ticais e lentos, em conjunto, e grandes extensões, nas placas tectônicas, formando os feixes de falhas ou fraturas, como na borda leste da América do Sul, no Brasil, os quais originaram as “serras” do Mar e da Mantiqueira da Borborema.

216

A estabilidade geológica na maior parte do território brasileiro é decorrente da formação geológica do Pré-Cambriano, constituída por rochas muito antigas, ou seja, a estrutura geológica cristalina é muito resistente às modificações das pres-sões dos agentes internos. No entanto, essa estrutura foi sendo lentamente rebai-xada pela ação dos agentes externos construtores e modeladores do relevo (ero-são/sedimentação), principalmente as águas correntes (chuvas, enxurradas, rios), os ventos, as geleiras e os seres vivos.

Movimentos epirogenéticos são movimentos verticais (quando este movimento ocorre “para cima”, é chamado de soerguimento ou horst; se for “para baixo”, chamamos de subsidência ou graben) e lentos, em conjunto, e grandes extensões, nas placas tectônicas, formando os feixes de falhas ou fraturas.

3.2. Estrutura geológica do Brasil

Por sermos um território tão antigo, a maior parte da estrutura geológica do Brasil é composta pelas bacias sedimentares (64%), que são áreas que datam das

eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica. Nesses terrenos, encontramos rochas sedimentares e metamórficas e áreas onde se formaram os

combustíveis fósseis que encontramos hoje (carvão mineral e petró-leo). No Brasil, na era Mesozoica, no atual Planalto Meridional,

ocorreram intensas atividades vulcânicas, com derra-mes de lavas através de fendas (longas rachadu-

ras na superfície/crosta), originando extensa superfície de rochas basálticas (rochas forma-das pelo resfriamento das lavas). Estas, poste-riormente, sob ação de clima quente e úmido (decomposição da rocha por intemperismo químico), formaram os férteis solos de terra roxa que favoreceram, inicialmente, a expan-

são da cafeicultura no estado de São Paulo e no norte do Paraná.

No resto do território nacional (36%), há os Escudos Cristalinos, onde se encontram principalmente rochas

ígneas (magmáticas) e metamórficas. Nessa estrutura, podemos encontrar grandes reservas de minerais metálicos,

como na Região de Carajás (PA), e também boa parte das áreas serra-nas do Brasil são formadas por composições cristalinas, como a Serra

do Mar, no Sudeste.É interessante frisarmos que o Brasil não possui Dobramentos Moder-

nos, afinal não temos território em área de subducção de placas tectônicas.

Escudos das Guianas

Bacia doMaranhãoe Piauí

BaciaLitorânea

Bacia doParaná

Bacia doPantanal

Baci

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nfra

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Escudo Brasileiro

Bacia Amazônica

Escudos cristalinosTerrenos arqueanosTerrenos proterozoicos(ricos em jazidas minerais)

Bacias sedimentares

Sismos no BrasilPor estar situado na porção centro-oriental da Placa Sul-Americana, o Brasil não está exposto aos sis-

mos de grande magnitude, porém existem registros de terremotos em nosso país e estes, mesmo rápidos e de baixo impacto, são causados principalmente por dois motivos:

• reflexo de terremotos em outras áreas;• acomodações no interior da placa Sul-Americana.Acesse o site do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília para conhecer mais sobre a ocor-

rência dos sismos no Brasil: http://www.obsis.unb.br/

Horst Graben

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3.3. Classificações de relevo no Brasil

Os tipos e as formas do relevo estão direta-mente relacionados com a estrutura geoló-gica (as rochas existentes) e a ação dos agen-tes externos condicionados pelo tipo de clima dominante.

No Brasil predominam os baixos pla-naltos, as extensasplanícies e depres-sões relativas. Segundo Aziz Ab’Saber, predominam em nosso território os pla-naltos (cerca de 59% dos terrenos). Já para o geógrafo Jurandyr Ross, que elabo-rou a nova classificação do relevo brasileiro, as depressões são os terrenos predominantes junto aos planaltos.

3.3.1. Aziz Ab’Saber

Divulgada em 1958, a classificação do relevo brasileiro pro-posta pelo geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber foca nos agentes geo-morfológicos para dividir o território no conjunto de 7 planaltos (cerca de 75% do país) e 3 planícies (25%).

Os planaltos seriam áreas onde os processos de erosão supe-ram os de sedimentação, ou seja, predominam as ações de des-gaste dos agentes externos do relevo. Já nas planícies acontece o inverso, ou seja, os processos de sedimentação seriam mais atuantes do que os de erosão.

• Planalto das GuianasO Planalto ou Escudos das Guianas está localizado no norte do Brasil e é for-

mado basicamente de escudos cristalinos e apresenta a maior altitude do nosso país, o Pico da Neblina com 2.994 metros, localizado no Amazonas, na serra do Imeri.

• Planalto CentralLocalizado na região dos Cerrados, o Planalto Central apresenta grandes áreas

de média altimetria (entre 300 e 600 metros, principalmente) com superfícies muito aplainadas como a região das chapadas dos Veadeiros (MT) e dos Guimarães (GO). É uma região composta de escudos cristalinos de onde elevam-se áreas sedimen-tares formando as chapadas, regiões de topo plano e extremidades com declivi-dade abrupta.

• Planalto MeridionalSituado no sul do Brasil, encontramos nele os principais resquícios de atividade

vulcânica no Brasil onde a estrutura original de arenito recebeu diversas camadas de rocha vulcânica basáltica, como resultado da lava expelida em eras geológicas passadas. A sedimentação desse material vulcânico deu origem ao solo terra roxa, um dos mais férteis do Brasil. A maior elevação dessa região é a chamada Serra Geral, que atravessa o Paraná, Santa Catarina e chega até o Rio Grande do Sul.

• Planalto Uruguaio – Rio-grandenseLocalizado no sul do Rio Grande do Sul, apresenta um terreno cristalino muito

desgastado, formando pequenas colinas levemente onduladas, também conheci-das como coxilhas, com altitudes que raramente passam dos 400 metros.

• Planalto do Maranhão-PiauíÉ uma área sedimentar que apresenta deposição de sedimentos marinhos da

era Paleozoica e também é conhecido como Bacia do Parnaíba.

• Planalto NordestinoCom modestas altitudes que variam entre 300 e 900 metros, esse planalto cris-

talino pode apresentar áreas de chapadas sedimentares como as de Ibiapaba (CE) e Apodi (RN).

Planalto das Guianas

Planícies e Terras BaixasAmazônicas

Planalto Central

Planíciedo Pantanal

PlanaltoMeridional

Serras ePlanaltos doleste e Sudeste

PlanaltoUruguaio-Sul-Rio-Grandense

Planícies eTerras BaixasCosteiras

PlanaltoNordestino

Planalto doMaranhão-Piauí

Classificação do relevo brasileiro proposta por

Aziz Ab’Saber.

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• Serras e Planaltos do Leste e SudestePlanalto Atlântico e Mar de Morros são alguns nomes dessa região de formação cristalina e orogenética

antiga (Pré-Cambriano) muito acidentada e desgastada que apresenta serras e escarpas importantes no terri-tório brasileiro, como a da Mantiqueira, do Mar, do Espinhaço e Diamantina.

• Planícies e Terras Baixas AmazônicasSituada ao longo do curso do Rio Amazonas, essas planícies abrangem as áreas da várzea do rio, que são as

áreas inundadas pelas águas do Amazonas nas cheias, os terraços fluviais, logo ao lado da várzea e a região de terra firme (até 350 metros).

• Planície do PantanalEstá entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul e é uma área quaternária (recente) formada por depósitos

dos lugares do entorno (planaltos) levados principalmente pelos rios que têm seus cursos ao longo desta planí-cie, onde o mais representativo deles é o Rio Paraguai.

• Planícies e Terras Baixas CosteirasLocalizadas em toda costa brasileira, são resultado de lentos processos de sedimentação marinha responsá-

veis pela formação das inúmeras praias brasileiras ao longo da era Cenozoica que dá origem a diferentes for-mações como mangues, dunas e restingas.

3.3.2. Jurandyr Ross

Classificação criada em 1989 a partir das análises de imagens de radar do projeto RADAM, por isso o deta-lhamento é muito grande e apresenta o Brasil com planaltos (áreas mais elevadas onde predominam processos de erosão), planícies (regiões mais baixas onde a sedimentação é predominante) e depressão (regiões de menor altimetria formadas pela ação de agentes erosivos, rebaixando o terreno), além de levar em consideração a união de elementos esculturais, estruturais e morfoclimáticos.

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23

28

2425

26

27

28

13

12

1214

151617

1821

22

20

1 Planalto da Amazônia Oriental2 Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba3 Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná4 Planaltos e Chapadas dos Parecis5 Planaltos Residuais Norte-Amazônicos6 Planaltos Residuais Sul-Amazônicos7 Planaltos e Serra do AtIântico-Leste-Sudeste8 Planaltos e Serras de Goiás-Minas9 Serras Residuais do Alto Paraguai10 Planalto da Borborema11 Planalto Sul-Rio-Grandense

Baciassedimentares

Estruturascristalinas

e dobradasantigas

Planaltos

12 Depressão da Amazônia Ocidental13 Depressão Marginal Norte-Amazônica14 Depressão Marginal Sul-Amazônica15 Depressão do Araguaia16 Depressão Cuiabana17 Depressão do Alto Paraguai-Guaporé18 Depressão do Miranda19 Depressão Sertaneja e do São Francisco20 Depressão do Tocantins21 Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná22 Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense

Depressões

23 Planície do Rio Amazonas24 Planície do Rio Araguaia25 Planície e pantanal do Rio Guaporé26 Planície e pantanal Mato-Grossense27 Planície da Lagoa dos Patos e Mirim28 Planícies e tabuleiros litorâneos

Planícies

19

1

219

3 000

Perfil norte-sul da Amazônia

Planaltos ResiduaisNorte-Amazônicos

Planaltos ResiduaisSul-Amazônicos

Planície doRio Amazonas

Terrenos sedimentares

Planaltos da Amazônia OrientalDepressão MarginalNorte-Amazônica Depressão Marginal

Sul-Amazônica

2 000

1 000Altit

ude

(m)

0A B

Terrenos sedimentares

Terrenos cristalinos

3 000

Perfil oeste-leste da região Nordeste

Planaltos e Chapadas da Bacia do ParnaíbaPlanalto da Borborema

TabuleirosLitorâneos

Oceano Atlântico

Rio Parnaíba

Depressão Sertaneja2 000

1 000Altit

ude

(m)

0C D

Terrenos sedimentares

Terrenos cristalinos

Perfil oeste-leste das regiões Centro-Oeste e Sudeste

Planaltos e Chapadasda Bacia do Paraná

Rio Paraná

Planaltos e Serras doAtlântico Leste-Sudeste

Oceano Atlântico

Planície e PantanalMato-Grossense

Depressão do São Francisco

2 000

1 000

Altit

ude

(m)

0E F

Terrenos sedimentares

Terrenos cristalinos

4. Apropriação econômica dos recursos minerais

4.1. Tipos de recursos minerais

Minerais são substâncias presentes na litosfera. São for-mados a partir de diversos processos físico-químicos envol-vendo os elementos da crosta terrestre, que são submetidos a condições específicas de temperatura e pressão. Isso garante as características específicas de cor, dureza, brilho, transpa-rência e peso, que permitem sua diferenciação. A maioria dos minerais ocorre no estado sólido, como o carvão, compondo rochas. Outros são líquidos, como o petróleo bruto, ou gasoso, no caso do gás natural.

Os minerais que são aproveitados economicamente deno-minam-se minérios, cuja atividade de exploração é a minera-ção. Esta abrange a extração, elaboração e tratamento (bene-ficiamento), que permitem sua transformação para serem comercializados, sem, contudo, alterar suas condições primárias. A exploração pode ser realizada com minas subterrâneas ou na superfície, a céu aberto, como em pedreiras e poços.

Existem minerais que precisam ser industrializa-dos para que sejam transformados em metais, como o alumínio, produzido a partir da bauxita.

Nome do (s)minério (s)

Metais

Cuprita, calcopirita,malaquita

Cobre

Galena ChumboBauxita AlumínioHematita,magnetita,siderita, limonita

Ferro

Pirolusita ManganêsCassiterita Estanho

Lista de metais produzidos a partir da transformação de minérios.

Oxigênio 46,71%

Silício 27,69%

Alumínio 8,07%

Ferro 5,05%

Cálcio 3,65%

Magnésio 2,08%

Sódio 2,75%

Potássio 2,58%

Titânio 0,63%

Outros 0,79%Composição química da litosfera: a combinação dos elementos forma os diferentes tipos de minerais.

220

Classificação dos minerais

Os minerais podem ser classificados em:Minerais metálicos: Ferro, alumínio (extraído da bauxita), cromo, manganês, titânio, cobre, magnésio,

chumbo, zinco, tungstênio, ouro, estanho, prata, platina, urânio, mercúrio, molibdênio.

Minerais não metálicos: cascalho, argila e areia (utilizados na indústria de construção), fosfato, enxo-fre, nitratos e potássio (usados na indústria de fertilizantes) e carvão, petróleo e xisto, que são resultado da decomposição de restos animais e vegetais marinhos e que constituem os combustíveis fósseis. Por isso, são chamados de energéticos.

© VENELIN PETKOV | DREAMSTIME.COM

Mina de carvão abandonada em Pernik, na Bulgária.

© STANKO07 | DREAMSTIME.COM

Grande pedreira em Valência, na Espanha.

4.2. Exploração Mineral No Brasil

As características geológicas do território brasileiro e a existência de terrenos de for-mação Pré-Cambriana favorecem a existên-cia de uma grande reserva mineral. Os escu-dos antigos correspondem a 36% do território brasileiro, sendo 32% da Era Arqueozoica e 4% da EraProterozoica. Já as bacias sedimenta-res, nas quais se encontram combustíveis fós-seis, carvão mineral e petróleo, correspondem a aproximadamente 60% do território. Esses terrenos de formação mais recente resultam da cobertura de sedimentos nos terrenos cris-talinos, ocorrida na Era Paleozoica.

Atualmente, o setor mineral representa cerca de 4% do PIB brasileiro. As atividades de mineração exigem grandes investimentos tanto na extração e transformação quantoem energia e infraestrutura para escoamento da grande produção, que envolveferrovias e por-tos. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Mineração, o Brasil produz 72 substâncias minerais, sendo 45 não metálicas, 23 metálicas e 4 energéticas (combustíveis fósseis).

Mineral Locais

Ferro (2º maior produtor mundial)

• Quadrilátero Ferrífero (MG)• Serra dos Carajás (PA)• Maciço do Urucum (MS)

Manganês• Marabá (PA)• Serra dos Carajás (PA)• Maciço do Urucum (MS)

Bauxita • Vale do rio Trombetas (PA)• Poços de Caldas, Mariana e Ouro Preto (MG)

Estanho (cassiterita) • Amazonas• Rondônia

Ouro

• Minas Gerais (principal produtor)• Bahia • Goiás • Mato Grosso • Pará • Maranhão

Sal marinho • Mossoró, Macau e Areia Branca (RN)

Petróleo

• Bacia de Campos (RJ) • Recôncavo Baiano (BA)• Rio Grande do Norte• Sergipe• Alagoas

Carvão • Vale do Tubarão (SC)• Rio Grande do Sul

221

Evolução da exploração mineral

As atividades de mineração são muito antigas, com relatos desde a Pré-História. Os minerais eram uti-lizados para a fabricação de armas e utensílios, como esse vaso de prata e cobre, datado de 2400 a.C. Encon-trado na região do Iraque, está atualmente exposto no Museu do Louvre, na França.

Minerais ProduçãoBrasileira

Posição no Ranking

ReservasBrasileiras

Posição no Ranking

Bauxita 14% 3o 6,8% 5o

Cobre 2% 5o 2% 13o

Rochas Ornamentais 7,7% 3o 5,6% 6o

Ouro 2,3% 12o 3,3% 9o

Minério de Ferro 17% 2o 11% 5o

Caulim 6,8% 5o 28% 2o

Manganês 20% 2o 1,1% 6o

Nióbio 98% 1o 98% 1o

Tantalita 28% 2o 50% 1o

Estanho 4,1% 5o 13% 3o

Zinco 2,4% 12o 0,85% 6o

Posição do Brasil na produção e na quantidade de reservas em relação aos demais países, em 2012.Fonte: PNM/Ibram.

Ilustração de 1637, que demonstra a extração de carvão em antigas

minas chinesas.

©

JAST

RO

W |

WIK

ICO

MM

ON

S

OCEANOATLÂNTICO

1. Quadrilátero Ferrífero – MG 2. Projeto Carajás – PA 3. Projeto Trombetas – PA4. Maciço do Urucum – MS N

1

2

3

4

Ferro Manganês BauxitaOuro

OCEANOPACÍFICO

Principais áreas mineradoras no Brasil

222

As atividades de extração mineral ocorrem desde a Pré História, com a reti-rada de argila para a fabricação de objetos de cerâmica, rochas para a produção de armas e objetos cortantes e pigmentos para uso em pinturas rupestres. A partir da idade do bronze, cerca de 3300 a.C., desenvolveu-se a liga metálica, resultado da mistura de estanho e cobre.

Inicialmente, os minerais eram usados principalmente para a fabricação de armas, ferramentas e outros utensílios, além de construções. Com a ampliação do comércio entre os povos e o desenvolvimento de novas técnicas de extração mine-ral, tornaram-se vantajosos economicamente (monopólio comercial), como ocor-reu no Egito, que monopolizou a mineração de cobre. As pedras preciosas, como ouro e diamantes, eram as que mais interessavam, provocando ondas migratórias a diversas regiões de mineração.

Com a Revolução Industrial, outros recursos minerais tornaram-se indispen-sáveis ao progresso industrial e comercial da sociedade moderna. O fornecimento de carvão, ferro e petróleo, por exemplo, favoreceram a tecnologia industrial e o desenvolvimento dos meios de transportes. Por envolver técnicas avançadas, a mineração é uma atividade que atualmente exige altos investimentos. Inicia-se com a localização das jazidas por meio de estudos geológicos. Em seguida, é feita pesquisa mineral para identificar as características da jazida, as melhores formas de extração e os custos envolvidos. Caso seja viável, a extração e o beneficiamento acontecem após a qualificação e quantificação do minério.

Os minerais são intensamente aproveitados na sociedade atual, sendo utiliza-dos em construções (pisos, ferragens, vidros, encanamentos), na produção de fer-tilizantes, utensílios domésticos, equipamentos eletrônicos, meios de transporte e na geração de energia, além de diversas outras aplicações.

Antiga mina de ouro e prata.

Moderna mina de carvão, com transporte para os trabalhadores.

Mina de Chuquicamata, no deserto do Atacama (Chile), uma das maiores minas de extração de cobre a céu aberto do mundo.

© TOMAS1111 , MARCELO VILDÓSOLA GARRIGÓ, GOLASZA | DREAMSTIME.COM

223

Anotações

224

©

DM

YTR

O TO

LOK

ON

OV

| DR

EA

MST

IME

.CO

M

GEOGRAFIA

Dinâmica climática

frente 1

225

Dinâmica climáticaCapítulo 5

225

1. O clima

O clima é um dos elementos naturais fundamentais, ou melhor, determinan-tes, na construção, esculturação ou modelagem do relevo, a geomorfologia, e nos demais elementos das paisagens da superfí cie terrestre.

As paisagens terrestres proporcionam comparações entre o planeta Terra e os demais planetas e satélites do sistema solar que o ser humano conhece e especula até hoje.

O clima é altamente dinâmico por infl uir, condicionar e proporcionar modifi ca-ções na ampla diversidade de espaços (paisagens) terrestres. Um exemplo natural: por meio dos ventos, há a distribuição de umidades/chuvas ou secas, afetando a ação e a intensidade da erosão, o volume dos rios, a formação dos solos, os tipos de vegetação, entre inúmeros outros.

A constância do clima, ao longo de milhares ou milhões de anos, em determi-nado espaço, possibilita a evolução de uma paisagem, mais ou menos homogênea, através das inter-relações e interações do conjunto dos elementos naturais que a constituem (ecossistema), como a fl oresta da Amazônia, as caatingas do sertão nordestino, os cerrados do Brasil Central ao Pantanal Mato-grossense e os man-gues do litoral tropical.

É necessário diferenciar o clima do tempo (climático). Na conversa do dia a dia, no coloquial, confundimos os termos:

• Tempo É o estado momentâneo da atmosfera e instável ao longo de um dia: de manhã,

ameno e sol; à tarde, o calor é de “rachar” e, depois, aquela chuva “pesada” e rápida; à noite, quente e abafado e, de madrugada, bem mais fresco. Portanto, o tempo muda várias vezes durante um mesmo dia.

• Clima É a sucessão de estados de tempo por um longo período que ocorrem sempre

da mesma maneira, com certa regularidade, através das estações do ano que mar-cam determinada região.

1.1. Elementos do clima

Os elementos do clima são aqueles itens que estão presentes em todas as con-dições climáticas e, a partir de sua análise, permite-nos compreendê-los e compa-rá-los. A seguir temos os principais desses elementos:

Parte da radiação é refletida pela atmosfera

e pela Terra

Parte da radiação infravermelha é absorvida e reemitida

pela atmosfera

A maioria da radiação é absorvida pela Terra

e a aquece

A Terra aquecida emite radiação infravermelha

Temperatura é o estado térmico da atmosfera, apresentando-nos a sensação de calor ou frio

226

Condensação

Evapotranspiração

Chuva convectiva1

Ar frio

Ar quente

Chuva frontal2

Chuva orográfica ou de relevo

Mar

Vento

Barlavento(com chuva)

Sotavento(sem chuva)

3

Umidade é a quantidade de vapor d’água presente na camada mais inferior da atmosfera, chamada de troposfera. Responsável pela

presença ou ausência de precipitações nos diferentes climas.

VentosRotação da Terra

Zona polarde alta pressão

Zona polarde alta pressão

Zona subpolar de baixa pressão

Zona subpolar de baixa pressão

Zona subtropical de alta pressão

Zona subtropical de alta pressão

Zona equatorial de baixa pressão – ZCIT

Zona subpolar de baixa pressão

Zona subpolar de baixa pressão

Zona subtropical de alta pressão

Zona subtropical de alta pressão

Zona equatorial de baixa pressão – ZCIT

60°

30°

30°

60°

Vento é o deslocamento do ar provocado pela diferença

de pressão atmosférica. Os ventos alísios caracterizam a

circulação geral da atmosfera e merece destaque a célula

de Hadley, formada pela convergência das médias latitudes para o equador.

© PAWEŁ OPASKA | DREAMSTIME.COM

Pressão atmosférica é a pressão exercida pelo ar sobre a superfí cie terrestre. Sua ação é responsável pela presença ou ausência dos ventos nos diferentes climas.

227

Zonas climáticas

As diferenças de calor que encontra-mos nas diferentes latitudes dão origem às zonas climáticas:

Relembrando a latitude

Latitude e longitude são as coordenadas geográfi cas responsáveis pela localização de qualquer ponto na superfí cie da Terra.

Conceitualmente, latitude é a posição de qualquer ponto da Terra, medida em graus, em relação à linha do equador.

As linhas da latitude, também cha-madas de paralelos, estão marcadas na imagem ao lado.

1.2. Fatores climáticos

Os fatores do clima dizem respeito aos agentes e às estruturas da Terra respon-sáveis pelas características determinadas dos diferentes climas terrestres. Eles agem criando condições específi cas dos diferentes elementos do clima.

• LatitudeDevido à inclinação da Terra e ao seu formato geoide, os raios do Sol se concen-

tram, ao longo do ano, entre os trópicos, nas porções mais centrais da Terra, o que faz com que essas regiões possuam as médias térmicas mais altas. Conforme nos afastamos do equador, as temperaturas médias caem.

–50 –40 –30 –20 –10 0 10 20 30

–40 –20 200 40 60 80°F

°C

Círculo Polar Ártico

Paralelos nohemisfério

norte

Norte

Trópicode Câncer

Equador

Trópicode Capricórnio

SulCírculo Polar Antártico

Oeste LesteParalelos nohemisfério

sul

66°33’

66°33’

23°27’

23°27’

Trópicode Câncer

Equador 0°

Trópicode Capricórnio

Sul

Zona polar do Norte

Zona polar do SulCírculo polarAntártico

Círculo polarÁrtico

Zona tropical

Zona temperada do Sul

Zona temperada do Norte

A temperatura média anual varia de acordo com a latitude.

228

• AltitudeOs gases da atmosfera apresentam-se mais con-

centrados nas áreas mais baixas e, quanto mais ele-varmos a altitude, menor será a quantidade desses gases, ou seja, quanto maior a altitude, os gases tor-nam-se mais rarefeitos.

Esses gases são os grandes responsáveis pela reten-ção de calor e pelo aquecimento da superfície terrestre. Portanto, quanto maior a altitude, menor a concentra-ção dos gases, resultando numa menor concentração de calor, criando áreas mais frias.

metros4 800

4 000

3 100

2 400

1 600

800

0

403020100–10

403020100–10

403020100–10 Apesar de ter uma parte do seu território locali-

zada dentro da região intertropical, portanto numa área quente, a Cordilheira dos Andes apresenta áreas com picos de neve permanente, reflexo da influência da grande altitude na redução da temperatura.

• Continentalidade e maritimidadeA Física nos explica a noção de calorespecífico dos mate-

riais. Assim, percebemos que a capacidade dos meios sólidos de ganhar ou perder calor é diferente da dos meios líquidos.

Na climatologia, utilizamos esse conceito para analisar as diferenças na amplitude térmica entre as regiões próxi-mas do litoral ou outros meios líquidos (maritimidade) e as áreas no interior, onde a presença dos meios líquidos é muito menor (continentalidade).

Definições

Calor específico: variação térmica de uma substância ao receber certa quanti-dade de calor.

Amplitude térmica: diferença entre a temperatura máxima e a temperatura mínima de uma dada região por um deter-minado período de tempo.

12 1 2

3

4 5 6 7

8

9

10 11

Máxima46 °C

Máxima37 °C

Cordilheira dos Andes

229

12 1 2

3

4 5 6 7

8

9

10 11

Máxima46 °C

Máxima37 °C

12 1 2

3

4 5 6 7

8

9

10 11

Máxima46 °C

Amplitude térmica = 51 °C

Mínima–5 °C

Calor

Máxima37 °C

Amplitude térmica = 7 °C

Mínima30 °C

• Correntes marítimasCorrentes marítimas são como rios com temperatura e direção próprias dentro dos oceanos, graças em

especial à ação dos ventos. As correntes marítimas são classifi cadas como frias (originadas em zonas de altas latitude) ou quentes (originadas em zonas de baixa latitude).

O índice de evaporação nas correntes quentes é grande, justamente pela presença do calor, causando eleva-ção da umidade e precipitações no litoral. Já nas correntes frias acontece o inverso, pois a baixa temperatura impede a evaporação, fazendo a ação dessas correntes gerar tempo muito seco nos litorais que atravessam, podendo criar, até mesmo, áreas desérticas em zonas costeiras.

Correntes marítimasQuentesFrias

Corrente do GolfoCorrente do

Pací�co Norte

N. Equatorial

N. EquatorialAgulhas

Kuroshio

N. Equatorial

Equatorial

S. Equatorial

S. Equatorial

S. Equatorial

Corrente Circumpolar Antárctica

S. Equatorial

PeruBenguela

Brasil

230

• Massas de arMassas de ar são ventos que se deslocam das zonas de alta pressão (anticiclonais) para as zonas de baixa

pressão (ciclonais), podendo ter diferentes escalas, desde locais (brisas) até regionais ou ainda numa dinâmica global. As massas de ar interferem nas regiões que atravessam, pois se deslocam com temperaturas e umidade específi cas, alterando a temperatura e a umidade locais.

OCEANOPACÍFICO

OCEANOPACÍFICO

OCEANOÍNDICO

OCEANOATLÂNTICO

Trópico de Capricórnio

Equador

Trópico de Câncer

Áreas formadoras de massas equatoriais

Áreas formadoras de massas tropicais

Áreas formadoras de massas polares

2. O regionalismo climático

Nesta unidade, trabalharemos principalmente a ação das massas de ar, capazes de criar climas específi cos ou comportamentos muito particulares da atmosfera.

A ação dos ventos acontece sempre por diferença de pressão, das áreas de maior para as regiões de menor pressão, porém sua ação acontece com intensidades e escalas diferentes, onde podemos ter a ação de ventos em níveis locais, regionais ou numa escala global.

2.1. Ventos de monções

Os ventos de monções, responsáveis por altos índices pluviométricos e pela ocorrência de gran-des enchentes e inundações em vários países do sul e sudeste asiático, são resultado da diferença de pressão atmosférica entre o oceano Índico e o continente.

• Inverno1: Durante o inverno, o sudeste asiático fi ca com

temperaturas bem rigorosas, portanto, torna-se uma área de alta pressão, deslocando ventos.

2: Os ventos, frios e secos, deslocam-se do con-tinente para o oceano, que se torna uma área de maior temperatura em relação ao continente, por-tanto, de baixa pressão.

1

2

Alta pressão

Baixa pressão

231

• Verão1: No solstício de verão, no hemisfério Norte, o

Sol incide diretamente na região do Trópico de Cân-cer, atingindo o sul e o sudeste da Ásia, elevando as temperaturas.

2: A região do oceano Índico, mais fria em rela-ção ao continente (lembre-se de que as porções con-tinentais ganham calor muito mais rápido), torna-se área de alta pressão, “lançando” seus ventos para a porção continental – estes serão ventos quentes e muito úmidos.

3. Toda umidade que entra no continente é bar-rada pela presença de grandes cadeias montanho-sas, como o Himalaia, concentrando o calor e a umi-dade apenas nas porções mais ao sul e sudeste do continente, provocando grandes tempestades.

1

2

3

Alta pressão

Baixapressão

Baixapressão

HimalaiaHimalaia

© THOR JORGEN UDVANG | DREAMSTIME.COM

Verão em Bangkok, na Tailândia

© MIROSLAV FERKUNIAK | DREAMSTIME.COM

Trabalhador em campos de arroz inundados em Bali (Indonésia).

2.2. Brisas

Na região litorânea ou próxima a grandes porções de água, como lagos e represas, o clima é fortemente influenciado pela maritimidade, como já estudamos. A dinâmica dos ventos obedece também à diferença de tempo no ganho e perda de calor dos meios sólidos e líquidos nessas regiões, apresentando uma direção no dia e outra durante à noite.

Alta pressão

Baixa pressão

Alta pressão

Baixa pressão

Durante o dia, como o continente ganha calor mais rapidamente, ele se torna uma área de baixa pressão, portanto passará a receber as correntes de vento diretamente da porção mais fria, no caso a água do mar.

232

Baixa pressão

Alta pressão

Ao longo de todo o dia de Sol, o mar foi se aquecendo e, ao chegar a noite, ele ainda mantém temperaturas maiores que o continente, pois este, com a ausência do Sol, perdeu calor rapidamente. Assim, a região mais quente passa a ser o oceano, portanto o vento se deslocará da área mais fria (continente) para o oceano (baixa pressão).

3. Fenômenos climáticos e catástrofes naturais

3.1. El Niño e La Niña

El Niño é um fenômeno climático de curta duração cujas causas não são bem determinadas e que ocorre em intervalos periódicos de 2 a 7 anos. Ele é caracterizado por alterações atmosféricas e oceânicas, a partir de um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico, que afetam o clima regional e globalmente, alterando os regimes pluviométricos em zonas de baixa e médias latitudes.

O fenômeno La Niña, também de característica oceânico-atmosférica, configura-se como o oposto do El Niño. Nele presenciamos a ocorrência de um resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico. Também com repercussões de amplo alcance territorial, as decorrências do La Niña tendem a ser contrárias àquelas apresentadas em anos de El Niño.

Consequências no Brasil

No Brasil, as consequências desses dois fenômenos são:El Niño • Diminuição dos índices pluviométricos e ocorrências de secas e estiagens nas regiões Norte

e Nordeste.• Aumento da temperatura média nas regiões Sudeste e Sul e aumento da precipitação média (chu-

vas de outono e inverno) na região Sul.La Niña• Elevação dos índices pluviométricos da região Nordeste.• Queda da temperatura média dos meses de verão no Sudeste.• Diminuição dos índices pluviométricos do inverno nas regiões Sudeste e Sul.

Equador

120° Leste

80° Oeste

Normal

1

2

3

1. Em condições normais, temos a presença de águas mais frias na costa oeste da América do Sul. Essas águas frias

são cheias de nutrientes, o que estimula a atividade pesqueira nesse litoral.

2. Na porção leste do continente asiático encon-tramos águas mais quentes, incentivando a grande evaporação das águas dessa região, resultando em áreas muito chuvosas.

3. Esse movimento leste-oeste dos ventos que influenciam a ação das águas é chamado de Célula de

Walker e cria um ciclo de águas frias na costa da Amé-rica do Sul e águas quentes na porção asiática.

233

Equador

El Niño

1

2

3

Equador

120° Leste

80° Oeste

Condições La Niña

1

2

1. Durante o El Niño, temos um aquecimento da porção da costa da América do Sul, provocando uma expansão das águas

quentes pela extensão leste-oeste do Pacífi co. 2. A porção leste do continente asiático deixa de ser

a região com as águas mais quentes, e estas se deslo-cam para a porção central do Pacífi co, dando ori-

gem a nuvens e chuvas nessa outra área, reduzindo a umidade nessa região, podendo dar origem a secas prolongadas.

3. Assim, a Célula de Walker divide-se em duas, concentrando chuvas no meio do oceano e levando tempo seco para o litoral da Ásia e da América do

Sul. Na região da América do Sul, a alteração da tem-peratura das águas tem um efeito danoso para a ativi-

dade pesqueira, pois o aumento do calor reduz a quanti-dade de peixes nessa região.

1. Durante La Niña, as águas do Pacífi co resfriam mais que em condições normais. Esse processo, apesar de

provocar diversas alterações climáticas em mui-tos lugares, intensifi ca a atividade pesqueira na América do Sul.

2. Já na Ásia temos o efeito da intensifi ca-ção dos ventos vindos da região da América do Sul, aumentando o poder das chuvas na região e

alongando a Célula de Walker nas duas extremi-dades do fenômeno.

3.2. Furacão

Conceitualmente, furacão ou tufão é um fenômeno climático que con-centra ventos num mesmo espaço com velocidades que atingem até 118 km/h. Esses ventos podem chegar a até 250 km/h, dando origem aos tor-nados. Sua formação é apresentada a seguir:

1

2 3

4Ciclones e furacões se originam nomar, quando as águas super�ciaischegam à temperatura de 27 °Ce começam a evaporar.

O vapor de água sobe paraas camadas mais frias daatmosfera e se condensa,formando nuvens densas.

A formação das nuvens libera muitaenergia, criando uma zona de baixapressão nessa região, o que atraicorrentes ascendentes de ar,formando o fenômeno.

O ar ao redor das correntes ascendentesé atraído para o centro e ocupa o espaçodo ar que acabou de subir, reforçandoo furacão ou ciclone.

Vaporde água

234

© MATTHEW TROMMER | DREAMSTIME.COM

Imagem de satélite da formação de um furacão.

© MARINA PISSAROVA | DREAMSTIME.COM

Furacão visto em terra.

© BRUCE MACQUEEN | DREAMSTIME.COM

Destruição após a passagem do furacão Katrina (EUA – 2005).

© MARY KATHERINE WYNN | DREAMSTIME.COM

Destruição após a passagem de um furacão na Flórida (EUA).

4. O clima no Brasil

O Brasil caracteriza-se por ser um país tropical, em razão da grande extensão territorial (92%) na Zona Inter-tropical. Predominam no país os climas quentes e úmidos, isto é, a tropicalidade do país é marcante. Só para relembrarmos, observe a seguir os dois limites que determinam a chamada Zona Intertropical.

Trópico de Capricórnio

Trópico de Câncer

Zona intertropical.

Agora vamos trabalhar como os elementos do clima, vistos em unidades anteriores, são determinantes para a formação dos diferentes climas no Brasil.

235

4.1. Fatores do clima brasileiro

• LatitudeQuanto menor a latitude, próximo ao equador, maior a temperatura média, pois os raios solares atin-

gem a superfície com maior perpendicularidade durante o ano, portanto a faixa mais quente da Terra é a Zona Intertropical.

OCEANOPACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

AM

ACRO

AP 0°02’N

15°35’’S

Porto Alegre 30°01’S

RR

PA MA CE RNPB

ALPE

SEBA

ES

RJ

PI

TOMT

MS

SC

RS

MG

SP

GODF

PR

N

Macapá

Cuiabá

Cidade Temperatura Média (°C)

Macapá 27,2

Cuiabá 26,3

Porto Alegre 20,2

OCEANOPACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

AM

ACRO

AP

BH 19°49’S

Vitória 20°19’S

30°01’S

RR

PA MA CE RNPB

ALPE

SEBA

ES

RJ

PI

TOMT

MS

SC

RS

MG

SP

GODF

PR

N

Cidade Altitude (m) Média Térmica (°C)

Belo Horizonte 858,3 22,8

Vitória 3,3 25,4

Diferençasnasmédiastérmicasem latitudes diferentes.

• Continentalidade e maritimidadeEsses conceitos tratam da capacidade que os meios sólidos (continentes) têm de ganhar e perder calor

muito mais rapidamente (continentalidade) e como áreas com influência de meios líquidos (próximas ao mar, por exemplo) ganham e perdem calor mais lentamente.

Isso gera uma diferença na amplitude térmica das áreas do interior comparadas às áreas do litoral.A amplitude térmica é a diferença entre a temperatura máxima e a temperatura mínima de uma dada

região por um determinado período de tempo.

• Altitude Quanto maior a altitude de um lugar, menor

é a temperatura média. Quanto mais alto, maior a rarefação do ar, isto é, menos gases atmosféricos, o que dificulta o aquecimento por contato e, ainda, influencia no esfriamento noturno da superfí-cie terrestre.

Embora o Brasil seja um país de baixa alti-metria, algumas áreas, como as serras do Sul e do Sudeste sofrem influência direta da altitude.

Temos também o exemplo a seguir. Observe as cidades da tabela para descobrir como a altitude influencia nas médias térmicas.

Diferençasnasmédiastérmicasem altitudes diferentes.

236

• Massas de arVento é o ar em movimento se deslocando da região de

maior para a de menor pressão atmosférica. Os fluxos de mas-sas de ar, os ventos, são realizados das “zonas de alta pres-são”, com temperaturas mais baixas (frias), para as “zonas de baixa pressão”, com temperaturas mais altas (quentes).

Os ventos são os mais importantes distribuidores de tem-peraturas e umidades na superfície terrestre, positivo ou

negativo, do ponto de vista humano.

Área anticiclonalbaixas temperaturas

AP

Área ciclonalaltas temperaturas

BP

Explore a seguir as massas de ar que atuam sobre o território brasileiro durante o inverno e durante o verão:

mEa

mEc

mTa

mTc

mEa

mEc

mTa

mTc

mPa

Equatorial Atlântica

Equatorial Continental

Tropical Atlântica

Tropical Continental

Polar AtlânticaN

mEa

mEc

mTa

mTc

mEa

mEc

mTa

mTc

mPamPa

Equatorial Atlântica

Equatorial Continental

Tropical Atlântica

Tropical Continental

Polar AtlânticaN

mEaTem origem em áreas quentes da

parte central do oceano Atlântico, pró-ximo às ilhas de Açores, formando os ventos Alísios de Nordeste e atuando no litoral Norte e em parte do Nordeste do Brasil e apresentando características de uma massa muito quente e úmida.

mEcSurge na região da Amazônia Oci-

dental, portanto apresenta-se quente e, apesar de ser de áreas continentais, é uma massa muito úmida, resultado da presença de muitos rios no seu ponto de origem. Atua em praticamente todo o Brasil no verão e recua para o noroeste amazônico no inverno.

mTaForma os Alísios do Sudeste sur-

gindo em áreas quentes e úmidas do Atlântico Sul (próximo ao Trópico de Capricórnio) atuando em pratica-mente todo litoral brasileiro, do Sul até o Nordeste.

mTcOriginária da região da depressão do

Chaco paraguaio, portanto numa área muito quente e seca, influenciando os climas da região Centro-Oeste e parte do Sul e Sudeste brasileiro.

mPaÚnica massa fria do país, forma-se

nas áreas do Atlântico Sul argentino, portanto numa região fria e úmida. No inverno divide-se em três ramos: no Sudeste e Sul provoca queda brusca de temperatura, podendo até mesmo pro-vocar neve nas terras altas do Sul; no litoral do Nordeste leva ligeira queda de temperatura e provoca chuvas frontais;

e, para a região amazônica, se deslocando pelas planícies e terras baixas do Sul e Centro-Oeste, provoca queda de temperatura na porção meridional da Amazônia, num fenômeno conhecido como ‘friagem’.

VERÃO

INVERNO

237

Equatorial

• Localização – Abrange a região Norte, o oeste do Maranhão e o norte do Mato Grosso.

• Características – Possui médias térmi-cas elevadas, baixas amplitudes térmicas e ele-vado índice pluviométrico o ano todo.

• Climas brasileirosObserve a seguir os climogramas de cada região do mapa. Climogramas são

uma representação gráfica que permite visualizar as médias mensais de precipi-tação e temperatura de uma determinada região.

N

Equatorial

Tropical

Semi-árido

Subtropical

Tropical Litorâneo

Tropical de Altitude

600

500

400

300

200

100

0

Equatorial (Manaus - AM)

30

25

20

15

10

5

0J F M A M J J A S O N D

600

500

400

300

200

100

0

Tropical (Cuiabá – MT)

30

25

20

15

10

5

0J F M A M J J A S O N D

Tropical• Localização – Regiões Centro-Oeste,

Sudeste e parte do Nordeste.• Características – Possui duas esta-

ções do ano bem definidas: verões chuvosos e invernos com seca.

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238

600

500

400

300

200

100

0

Semi-Árido (Juazeiro – BA)

30

25

20

15

10

5

0J F M A M J J A S O N D

Semiárido• Localização – Sertão Nordestino e norte

de Minas Gerais.• Características – Possui médias térmi-

cas elevadas, baixas amplitudes térmicas com elevado e baixo índice pluviométrico.

600

500

400

300

200

100

0

Subtropical (Porto Alegre – RS)

30

25

20

15

10

5

0J F M A M J J A S O N D

Subtropical• Localização – Região Sul e Vale

do Ribeira.• Características – Possui as quatro esta-

ções do ano bem definidas e chuvas bem dis-tribuídas o ano todo.

600

500

400

300

200

100

0

Tropical Litorâneo (Salvador – BA)

30

25

20

15

10

5

0J F M A M J J A S O N D

Tropical Litorâneo• Localização – Litoral do Brasil, desta-

cando-se as regiões NE e SE.• Características – Possui médias tér-

micas elevadas, baixas amplitudes térmicas com elevado índice pluviométrico no período do inverno.

600

500

400

300

200

100

0

Tropical de Altitude (Ouro Preto – MG)

30

25

20

15

10

5

0J F M A M J J A S O N D

Tropical de Altitude• Localização – Regiões mais elevadas

do Sudeste, como Campos do Jordão e sul de Minas Gerais.

• Características – Possui duas estações do ano bem definidas: verões chuvosos e inver-nos com seca, porém a temperatura é ameni-zada pelo fator da altitude.