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Sumário

Arte No Fauvismo ................................................................................................................... 2

Arte No Cubismo .................................................................................................................... 4

Arte No Abstracionismo .......................................................................................................... 8

Arte No Dadaísmo - Dadá .....................................................................................................10

Arte No Surrealismo ..............................................................................................................13

Arte Na Pop Art......................................................................................................................16

Arte Op Art .............................................................................................................................19

A Arte Moderna No Brasil ......................................................................................................20

Arte Contemporânea .............................................................................................................25

Arte Pré-Histórica Brasileira ..................................................................................................26

Arte Indígena .........................................................................................................................26

Referências Bibliográficas .....................................................................................................28

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ETAPA 3

ARTE NO FAUVISMO

Em 1905, em Paris, durante a realização do Salão de Outono, alguns jovens

pintores foram chamados pelo crítico Louis Vauxcelles de fauves, que significa

feras, por causa da intensidade com que usavam as cores puras, sem misturá-las

ou matizá-las.

Dois princípios regem esse movimento artístico: a simplificação das formas

das figuras e o emprego das cores puras. Por isso, as figuras fauvistas são

apenas sugeridas e não representadas realisticamente pelo pintor. Da mesma

forma, as cores não são as da realidade. Elas resultam de uma escolha arbitrária

do artista e são usadas puras, tal como estão no tubo de tinta. O pintor não as

torna mais suaves nem cria gradação de tons.

Os fauvistas, tais como André Detrain (1880-1954), Maurice de Vlaminck

(1876-1954), Othon Friesz (1879-1949) e Henri Matisse (1869-1954), não foram

aceitos quando apresentaram suas obras. Mas foram eles os responsáveis pelo

desenvolvimento do gosto pelas cores puras, que atualmente estão nos inúmeros

objetos do nosso cotidiano e nas muitas peças do nosso vestuário.

Matisse

Dos pintores fauvistas, o pintor francês Henri Matisse foi a maior expressão.

Sua característica mais forte é a despreocupação com o realismo, tanto em

relação às formas das figuras quanto em relação às cores. Em suas obras, as

coisas representadas são menos importantes do que a maneira de representá-las.

Assim, as figuras interessam enquanto formas que constituem uma composição. É

indiferente ao artista se elas são de pessoas ou de natureza morta. Abandonou

assim a perspectiva, as técnicas do desenho e o efeito de claro escuro para tratar

a cor como valor em si mesmo. Dos pintores fauvistas, que exploraram o

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sensualismo das cores fortes, ele

foi o único a evoluir para o equilíbrio

entre a cor e o traço em

composições planas, sem

profundidade.

Por exemplo, em Natureza

morta com peixes vermelhos,

quadro pintado em 1911, pode

observar que o importante para

Matisse é que as figuras, uma vez

associadas, compõem um todo orgânico. Mas esse objetivo não era procurado

apenas pela associação das figuras. As cores puras e estendidas em grandes

campos, como o azul, o amarelo e o vermelho, são também fundamentais para a

organização da composição.

Responda:

1. Cite dois princípios que regem esse movimento.

2. Qual a principal característica de Matisse?

3. Em que ano foi realizado o Salão de outono?

4. Como era chamado o crítico na época de 1905?

5. Dos pintores fautistas qual foi o de mais expressão? E como eram suas obras?

Obra: Natureza Morta

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6. Cite o nome dos fautistas nos anos de:

1880 – 1949:__________________

1876 – 1854:__________________

1879 – 1949:__________________

1869 – 1954:__________________

7. O quê Matisse explorava com as cores fortes?

8. Cite as cores fundamentais para organização de composição.

ARTE NO CUBISMO

Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois, para ele a

pintura deviria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e

Cubismo – Poucas cores

Cubismo – Preto e cinza.

“Mulher com Violão”, de

Georges Braque (1913).

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cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a

representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se

eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em

relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor o objeto não tinha

nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. Significava,

em suma, o abandono da busca da ilusão da perspectiva ou com o tempo, o

Cubismo evoluiu em duas grandes tendências chamadas Cubismo analítico e

Cubismo sintético. O Cubismo analítico foi desenvolvido por Picasso e Braque,

aproximadamente entre 1908 e 1911. Esses artistas trabalharam com poucas

cores – preta, cinza e alguns tons de marrom e ocre -, já que o mais importante

para eles era definir um tema e apresentá-lo de todos os lados simultaneamente.

Levada às últimas consequências, essa tendência chegou a uma fragmentação

tão grande dos seres, que tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura

nas pinturas cubistas.

Reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua

estrutura, os cubistas passaram ao Cubismo sintético. Basicamente, essa

tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Mas, apesar de ter

havido uma certa recuperação da imagem real dos objetos, isso não significou o

retorno a um tratamento realista do tema. Foi mantido o modo característico do

Cubismo apresentar simultaneamente as várias dimensões de um objeto, como

podemos observar em Mulher com violão, de Braque.

O Cubismo sintético foi chamado também de Colagem porque introduziram

letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros

nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artista de criar

novos efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a

pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.

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A Pintura de Picasso e Braque, os iniciadores do Cubismo

Pablo Picasso (1881-1973)

O artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973), tendo vivido 92 anos e

pintado desde muito jovem até próximo à sua morte, passou por diversas fases.

Entretanto, são mais nítidas a fase azul (1901-1904), que representa a tristeza e a

melancolia dos mais pobres, e a fase rosa (1905-1907), em que pinta acrobatas e

arlequins.

Depois de descobrir a arte africana e

compreender que o artista negro não pinta ou

esculpe de acordo com as tendências de um

determinado movimento estético, mas com

uma liberdade muito maior, Picasso

desenvolveu uma verdadeira revolução na arte.

Em 1907, com a obra Les Demoiselles

d’Avignon, começa a elaborar a estética

cubista, como já foi visto, se fundamenta na

destruição da harmonia clássica das figuras e

na decomposição da realidade.

Aos poucos o artista começa a voltar sua atenção para o homem europeu

envolvido pelos conflitos que desembocarão nas guerras da década seguinte. Em

1937 pinta o seu mais famoso mural em que representa, com veemente

indignação, o bombardeio da cidade espanhola de Guernica, responsável pela

morte de grande parte da população civil.

Além de pintor, Picasso foi gravador e escultor, realizando nessas atividades

uma obra independente da pintura. Suas gravuras, por exemplo, são trabalhos de

um autêntico gravador, pois dominou com vigor as mais variadas técnicas: água-

forte, água-tinta, ponta-seca, litografia e gravura sobre linóleo colorido. A

característica mais marcante da obra de Picasso – que se estende de 1907 a 1972

Les Demoiselles d’Avignon

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– está na força expressiva do desenho e na oposição entre áreas de claridade e

de sombra.

Georges Braque (1882-1963)

Ao lado de Picasso, Georges Braque, também renovou a arte do século XX

ao considerar a pintura como uma obra diferente de uma descrição objetiva da

realidade. Depois de 1908, quando pintou Casa do Estaque, Braque passa pela

fase do Cubismo analítico, de que é exemplo sua obra O Português. Entre 1913 e

1917, já sob o Cubismo sintético, Braque começa a representar os objetos

destacando-lhes as partes mais significativas. É dessa época, por exemplo, A

Mesa do Músico.

A partir da década de 30, e depois de uma fase de transição, o artista

descobre novos interesses estéticos, e supera o Cubismo inicial. Morreu aos 79

anos, em Paris, depois de produzir uma obra que revolucionou a pintura desde o

início do século XX.

Responda:

1. Onde se originou o cubismo?

2. Qual seu significado?

3. Quais suas tendências e quem as criou?

4. Diferencie cubismo analítico de cubismo sintético.

5. Faça uma análise dos pintores abaixo:

- Picasso

- Braque

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ARTE NO ABSTRACIONISMO

Em sentindo amplo, abstracionismo refere-se às formas de arte não regidas

pela figuração e pela imitação do mundo. Em acepção específica, o termo liga-se

às vanguardas europeias das décadas de 1910 e 1920, que recusam a

representação ilusionista da natureza. A decomposição da figura, a simplificação

da forma, os novos usos da cor, o descarte da perspectiva e das técnicas de

modelagem e a rejeição dos jogos convencionais de sombra e luz, aparecem

como traços recorrentes das diferentes orientações abrigadas sob esse rótulo.

Inúmeros movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna, a partir da

década de 1930, um dos eixos centrais da produção artística do século XX.

A principal característica da pintura abstrata é a ausência de relação

imediata entre suas formas e cores e as formas e cores de um ser. Por isso, uma

obra abstrata não representa nada da realidade que nos cerca, nem narra

figurativamente alguma cena histórica, literária, religiosa ou mitológica. A arte

abstrata tende a eliminar toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as

linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos podem sugerir.

Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma,

quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade visível,

ela passa a ser abstrata.

No Abstracionismo Informal predominam os sentimentos e emoções. Por

isso, as formas e cores são criadas mais livremente, sugerindo associações com

elementos da natureza. Na Alemanha surge o movimento denominado Der blaue

Reiter, que significa O Cavaleiro Azul, cujos fundadores são os Kandinsky, Franz

Marc entre outros. A obra Impressão. Domingo, de Kandinsky, constitui um bom

exemplo dessa tendência.

Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua expressividade maior.

Estes artistas se aprofundam em pesquisas cromáticas, conseguindo variações

espaciais e formais na pintura, através das tonalidades e matizes obtidos. Eles

querem um expressionismo abstrato, sensível e emotivo.

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Com a forma, a cor e a linha, o artista é livre para expressar seus

sentimentos interiores, sem relacioná-los à lembrança do mundo exterior. Estes

elementos da composição devem ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra

musical.

Já no Abstracionismo Geométrico, as formas e as cores devem ser

organizadas de tal maneira que a composição resultante seja apenas a expressão

de uma concepção geométrica.

Kandinsky

Os estudiosos de arte comumente consideram o pintor russo Wassily

Kandinsky (1866-1944) o iniciador da moderna pintura abstrata. O começo de

seus trabalhos neste sentido é marcado pela pintura Batalha. Nessa obra ainda é

possível identificar – mesmo com formas simplificadas – algumas lanças e

montanhas, uma fortaleza e um arco-íris. Entretanto, mais do que objetos,

reconhecemos uma série de planos e de linhas diagonais cujas cores vão desde o

negro bem nítido, até borrões de cores suaves.

Mondrian

As obras do pintor holandês Piet Mondrian

(1872-1974) são as mais representativas do

Abstracionismo geométrico, pois, assim como

Cézanne, ele buscava o que existe de

constante nos seres, apesar de eles parecerem

diferentes. Segundo Mondrian, cada coisa, seja

ela uma casa, uma árvore ou uma paisagem,

possui uma essência que está em harmonia no

Universo. O papel do artista, para ele, seria revelar essa essência oculta e essa

harmonia universal.

Batalha ou Cossacos

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Responda:

1. Qual a principal característica do Abstracionismo?

2. Diferencie abstracionismo “informal” e “geométrico”.

3. Faça uma análise dos pintores abaixo:

- Kandinsky

- Mondrian

ARTE NO DADAÍSMO - DADÁ

Formado em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), em

Zurique, por jovens artistas e intelectuais - franceses e alemães - contrários ao

envolvimento de seus países no conflito, exilaram-se em Zurique, na Suíça. O

Dadá foi um movimento de negação, movimento literário que deveria expressar

suas decepções com o fracasso das ciências, da religião e da filosofia existentes

até então, pois se revelavam incapazes de evitar a grande destruição que

assolava toda a Europa.

Esse movimento foi denominado Dadá, nome descoberto acidentalmente por

Hugo Ball e pelo húngaro Tzara Tristan num dicionário alemão-francês. Dadá é

uma palavra francesa que significa na linguagem infantil cavalo de pau. Esse

nome escolhido não fazia sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido

diante da irracionalidade da guerra.

É preciso considerar também que os estudos de Freud chamavam a atenção

para um aspecto da realidade humana. Eles revelavam que muitos atos praticados

pelos homens são automáticos e independentes de um encadeamento de razões

lógicas.

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Dessa forma, os dadaístas propunham que a criação artística se libertasse

do pensamento racionalista e sugeriam que ela fosse apenas o resultado do

automatismo psíquico, selecionando e combinando elementos ao acaso. Na

pintura, essa atitude foi traduzida por obras que usaram o recurso da colagem.

Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência,

a desordem, o caos. Politicamente, firma-se como um protesto contra uma

civilização que não conseguiria evitar a guerra. O fim do Dadá como atividade de

grupo ocorreu por volta de 1921.

Duchamp

Pintor e escultor francês, Marcel Duchamp

(1887-1968), reinterpretou o cubismo a sua

maneira, interessando-se pelo movimento das

formas. O experimentalismo e a provocação o

conduziram a ideias radicais em arte, antes do

surgimento do grupo Dadá (Zurique, 1916).

Criaram os ready-mades, objetos escolhidos ao

acaso, e que, após leve intervenção e receberem

um título, adquiriam a condição de objeto de arte.

Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um

urinol de louça que chamou de Fonte. Depois fez

interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para

demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos ópticos.

Picabia

François Picabia (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se

sucessivamente com os principais movimentos estéticos do início do século XX,

como cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista

Bigodes na Mona Lisa

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Dadá. Suas primeiras pinturas cubistas eram mais próximas de Léger do que de

Picasso, são exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam

umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por

volta de 1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de

índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por

anos e criou pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas

lineares e transparentes.

Ernst

Max Ernst (1891-1976), pintor alemão, adepto do irracional e do onírico e do

inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas

em pintura e escultura. No Dadaísmo contribuiu com colagens e fotomontagens,

composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos

para tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em

aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a madeira de veios

salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o

aspecto da superfície posta debaixo dele. Como o artista não tinha controle sobre

o quadro que estava criando, o frottage também era considerado um método que

dava acesso ao inconsciente.

Responda:

1. O que foi o movimento “DADÁ”?

2. O que propunham os dadaístas?

3. Quais as suas influências?

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4. Faça uma análise dos pintores abaixo:

- Duchamp

- Picabia

- Ernest

ARTE NO SURREALISMO

O Dadaísmo, e principalmente o seu princípio do automatismo psicológico,

propiciou o aparecimento do Surrealismo, na França, em 1924. O poeta e escritor

André Breton (1896-1966) liderou a criação desse movimento e escreveu o seu

primeiro manifesto, em que associa a criação artística ao automatismo psíquico

puro. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do instinto

como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso

que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e

encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são

percebidas totalmente isentas de contradições. O surrealismo foi por excelência a

corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente.

Influenciada, também, pela pintura metafísica de Giorgio de Chirico.

Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se

manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso

psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a

emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas

com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o

controle. A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da

psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do

surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja,

qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de

controle, os surrealistas tentavam exprimir, seja por meio de formas abstratas ou

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figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do ser humano: o

subconsciente.

Às vezes, as obras surrealistas representam alguns aspectos da realidade

com excesso de realismo. Entretanto, eles aparecem sempre associados a

elementos inexistentes na natureza, criando conjuntos irreais. A pintura surrealista

desenvolveu duas tendências: a figurativa e a abstrata. Entre os pintores de

tendência figurativa estão Salvador Dalí, Marc Chagall (1887-1985) e René

Magritte (1898-1967). Já entre os surrealistas de tendência abstrata estão Juan

Miró e Max Ernst (1891-1976).

Dalí

Dos pintores surrealistas,

o espanhol Salvador Dalí

(1904-1989) é o mais

conhecido, com suas obras A

Persistência da Memória e A

Ceia. Ele criou o conceito de

paranoia crítica para referir-se

à atitude de quem recusa a

lógica que rege a vida comum

das pessoas. Segundo o

próprio pintor, é preciso

“contribuir para o total descrédito da realidade”.

Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura

metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu

amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor começou a se interessar pela

psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua obra. Desde

1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além

da pintura, ele desenvolveu esculturas e desenho de joias e móveis.

A Persistência da Memória

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Quantas formas você vê?

Miró

Joan Miró (1893-1983), artista espanhol, pintou

La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento

estilístico posterior e na qual demonstrou uma grande

precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou

radicalmente. Breton falava dela como o máximo do

surrealismo e se permitiu destacar o artista como um

dos grandes gênios solitários do século XX e da

história da arte. A famosa magia de Miró se manifesta

nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na

aparência, mas difíceis de serem conforme o contexto histórico em que se realiza,

a Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em

refinado, e aproximou a arte das massas, desmistificando, já que se utilizava de

objetos próprios delas, a arte para poucos.

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Responda:

1. Como e onde surgiu o surrealismo?

2. Quais as tendências da pintura surrealista?

3. Faça uma análise dos pintores abaixo:

- DALI

- MIRÓ

4. Qual o poeta que liderou a criação desse movimento e escreveu o primeiro

manifesto?

ARTE NA POP ART

Movimento principalmente americano e britânico,

sua denominação foi empregada pela primeira vez em

1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para

designar os produtos da cultura popular da civilização

ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos

Estados Unidos. A Pop art surgiu como uma rebelião

aos estilos convencionais de arte, trazendo de volta as realidades do dia a dia e a

cultura popular. Essa nova modalidade de manifestação artística surgiu na

Inglaterra, porém teve seu pleno desenvolvimento em Nova York, EUA, nos anos

60. A pop art começou a tomar forma quando alguns artistas, depois de estudar

símbolos e marcas da propaganda, começaram a transformar isso em arte. O

objetivo principal dos artistas da pop art era criticar a sociedade por causa do

consumismo.

Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular,

de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a

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volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava

a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da

televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.

Mas ao mesmo tempo em que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e

necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava. Além disso, muito

do que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem

um determinado valor e significado mostrou sua concepção da produção mecânica

da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos

da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol

entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da

ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando, sobretudo a

técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa

para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell,

automóveis, crucifixos e dinheiro. Produziu filmes e discos de um grupo musical,

incentivou o trabalho de outros artistas e uma revista mensal.

Lichtenstein

O interesse de Roy Lichtenstein (1923-1997)

pelas histórias em quadrinhos como tema artístico

começou provavelmente com uma pintura do

camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os

filhos. Em suas pinturas a óleo e tinta acrílica,

ampliou as características das histórias em

quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a

mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por exemplo, uma

técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das historietas. Cores

brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para o

intenso impacto visual.

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Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a

linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de

uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do

mundo moderno. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração.

Rauschenberg

Depois das séries de superfícies brancas ou pretas reforçadas com jornal

amassado do início da década de 1950, Robert Rauschenberg (1925-2008) criou

as pinturas combinadas, com garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos

industrializados e pássaros empalhados. Por volta de 1962, adotou a técnica de

impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas à grandes extensões

da tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta. Esses

trabalhos tiveram como temas episódios da história americana moderna e da

cultura popular.

Responda:

1. Onde surgiu o movimento Pop Arte?

2. Como ele surgiu?

3. Faça uma análise dos pintores abaixo:

- Lichtenstein;

- Rauschenberg

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ARTE OP ART

A expressão Op Art vem do inglês optical art e significa arte óptica.

Defendia para arte “menos expressão e mais visualização”. O termo foi

incorporado à história e à crítica de arte após a exposição The responsive eye (O

olhar compreensivo, MoMA) em 1965, Nova York, para se referir a um movimento

artístico que conhece seu auge entre 1965 e 1968. Os artistas envolvidos com

essa vertente realizam pesquisas que privilegiam efeitos óticos, em função de um

método ancorado na interação entre ilusão e superfície plana, entre visão e

compreensão.

Dialogando diretamente com o mundo da indústria e da mídia (publicidade,

moda, design, cinema e televisão), os trabalhos da op art enfatizam a percepção a

partir do movimento do olho sobre a superfície da tela. Nas composições - em

geral, abstratas - linhas e formas seriadas se organizam em termos de padrões

dinâmicos, que parecem vibrar, tremer e pulsar. O olhar, convocado a transitar

entre a figura e o fundo, a passear pelos efeitos de sombra e luz produzidos pelos

jogos entre o preto e o branco ou pelos contrastes tonais, é fisgado pelas

artimanhas visuais e ilusionismos.

A Op art é produzida através da combinação de figuras geométricas

especialmente em preto e branco, essas combinações dão ao espectador a

impressão de que a imagem na tela está em movimento. Quando o observador

troca de posição, a peça em op art dá a ele a impressão de que a obra sofre

transformações. Essa arte encontra-se em constante transformação.

Calder

Alexander Calder (1898-1976), artista americano, criou os

móbiles associando os retângulos coloridos das telas de Mondrian

à ideia do movimento. Os seus primeiros trabalhos eram movidos

manualmente pelo observador. Mas, depois de 1932, ele verificou

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que se mantivessem as formas suspensas, elas se movimentariam pela simples

ação das correntes de ar. Embora, os móbiles pareçam simples, sua montagem é

muito complexa, pois exige um sistema de peso e contrapeso muito bem estudado

para que o movimento tenha ritmo e sua duração se prolongue.

Responda:

1. Onde surgiu a expressão OP ART?

2. Quais suas características?

3. O que é Móbile?

A ARTE MODERNA NO BRASIL

O Século XX inicia-se no Brasil com muitos fatos que moldam a nova

fisionomia do país. Observa-se um período de progresso técnico, resultante da

criação de novas fábricas surgidas principalmente da aplicação do dinheiro obtido

através do café. Ao lado disso, outro fato contribuiu para fazer o Brasil crescer e

alterar sua estrutura social: a vinda de imigrantes. Assim, as forças sociais que

atuam na realidade brasileira já em 1917 são bem complexas. Esses tempos

novos vivem, então, “à espera de uma arte nova que exprima a saga desses

tempos”.

Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e literária de

Oswald de Andrade, Menotte Del Picchia, Mario de Andrade e alguns outros

artistas que vão se conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade,

já em 1912, começa a falar do Manifesto Futurista de Marinetti, que propõe “o

compromisso da literatura com a nova civilização técnica”.

Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade, alerta para a valorização das

raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros.

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Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil e participa de grupos de artistas que

começam a se unir em torno de uma nova proposta estética. Antes dos anos 20,

são feitas em São Paulo duas exposições de pintura em que colocam a arte

moderna de um modo concreto para os brasileiros: a de Lasar Segal, em 1913, e

a de Anita Malfatti, em 1917.

A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os

adeptos da arte acadêmica. Dessa polêmica, o artigo de Monteiro Lobato para o

jornal O Estado de S. Paulo de 1917, foi a reação mais contundente dos espíritos

conservadores.

Em posição totalmente contrária à de Monteiro Lobato estaria, anos mais

tarde, Mário de Andrade. Suas ideias estéticas estão expostas basicamente no

Prefácio Interessantíssimo de sua obra Pauliceia Desvairada, publicada em 1922.

Anita Malfatti

Essa artista, que teve uma importância muito grande nos acontecimentos

que antecederam o Movimento Modernista no Brasil de 1922, nasceu em São

Paulo e aí realizou seus primeiros estudos de pintura. Em 1912 foi para a

Alemanha, onde frequentou a Academia de Belas Artes de Berlim. De volta ao

Brasil, em 1914, realizou sua primeira exposição individual.

Sua exposição mais famosa é a de 1917. Foi esta exposição que provocou o

artigo de Monteiro Lobato contendo severas críticas à arte e Anita. Nessa mostra

figuraram, por exemplo, A Estudante Russa, O Homem Amarelo, Mulher de

Cabelos Verdes e Caboclinha, trabalhos que tornaram marcos na pintura moderna

brasileira, por seu comprometimento com as novas tendências.

As críticas desfavoráveis à Anita Malfatti, porém, fizeram com que muitos

artistas se unissem à pintora e, juntos, trabalhassem para o desenvolvimento de

uma arte brasileira livre das limitações que o academicismo impunha. Neste

sentido, Anita acabou tendo uma importância histórica muito grande para as artes

do Brasil, pois, na medida em que foi criticada, polarizou a atenção dos artistas

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inovadores e revelou que sua arte apontava para novos caminhos, principalmente

para os novos usos da cor. Como dizia a própria artista à Revista Anual do Salão

de Maio, em 1939: “os objetos se acusam só quando saem da sombra, isto é,

quando envolvidos na luz (...) Nada neste mundo é incolor ou sem luz”.

Di Cavalcanti

Depois das exposições de Lasar Segall e Anita Malfatti, precursora da arte

moderna no Brasil, os artistas mais inovadores começaram a se reunir em torno

da ideia da realização de uma mostra coletiva que apresentasse ao público o que

fazia de mais atualizado no país. Entre esses artistas estava Emiliano Agusto

Cavalcanti de Abulquerque Mello (1897-1976), pintor conhecido como Di

Cavalcanti, um dos grandes incentivadores da realização da Semana de Arte

Moderna de 1922. Durante a Semana, esse artista participou da seção de pintura

com doze trabalhos, entre os quais Ao Pé da Cruz, Boêmios e Intimidade.

As obras deste pintor ficaram muito conhecidas pela presença da mulher

mulata – uma espécie de símbolo de brasilidade e, na opinião do jornalista Luís

Martins, um admirável elemento plástico. Exemplos disso são Nascimento de

Vênus, obra de 1940, ou Mulher de Vermelho, de 1945. Di Cavalcanti foi

influenciado por diversos pintores, como Picasso, Gauguin, Matisse e Braque. Mas

ele foi capaz de transformar essas influências numa produção muito pessoal e

associada aos temas nacionais. É assim, por exemplo, em Pescadores, obra de

1951.

Vicente do Rego

Entre as pinturas expostas na Semana de 22, estavam algumas de Vicente

do Rego Monteiro (1899-1970), consideradas as primeiras realizações de um

artista brasileiro dentro da estética cubista. Natural de Recife, aos 12 anos ele foi

para a Europa estudar pintura e aos 14 anos já participava do Salão dos

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Independentes, em Paris. Em 1922, participou da Semana de Arte Moderna com

dez trabalhos. Depois disso, sua vida alterou-se entre a França e o Brasil. Na

França, suas obras foram muito apreciadas, recebendo críticas favoráveis ou

sendo adquiridas para o acervo de importantes museus franceses.

Entre as tendências artísticas que influenciaram a obra de Vicente do Rego

Monteiro está, sem dúvida, o Cubismo, que foi trabalhado pelo pintor de um modo

muito próprio. Exemplos disso são as telas de temas religiosos, como a

Crucificação, Flagelo e Pietá. Nessas obras predominam linhas retas e o corpo

humano é reduzido à formas geométricas, o que sugere ao espectador a

percepção de volumes. Esse artista interessou-se muito pelos temas que

envolviam os mitos indígenas brasileiros.

Tarsila do Amaral

Com Tarsila do Amaral (1886-1973) a

pintura brasileira começa a procurar uma

expressão moderna, porém mais ligada às

nossas raízes culturais. Apesar de não ter

exposto na Semana de 22, colaborou

decisivamente para o desenvolvimento da arte

moderna brasileira, pois produziu uma obra

indicadora de novos rumos. Sua carreira

artística começou em 1916. Em 1920 foi para a

Europa, onde estudou com os mestres franceses até 1922. Nesse mesmo ano,

voltou ao Brasil e participou do Grupo Klaxon, formado por Mario de Andrade,

Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e outros intelectuais.

Em 1923, a artista voltou a Europa. Passou pela influência impressionista e,

a seguir, encontrou o Cubismo. Nessa fase, ligou-se a importantes artistas do

modernismo europeu, tais como Fernand Léger, Picasso, De Chirico e Brancusi,

entre outros.

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No ano seguinte, ou seja, em 1924, Tarsila estava novamente no Brasil. Foi

quando iniciou a fase que ela própria chamou de pau-brasil. Segundo o crítico

Sérgio Milliet, as características dessa fase são as cores ditas caipiras, rosas e

azuis, as flores de baú, a estilização geométrica das frutas e plantas tropicais, dos

cablocos e negros, da melancolia das cidadezinhas, tudo isso enquadrado na

solidez da construção cubista.

Em 1928, Tarsila do Amaral deu início a uma nova fase: a antropofágica. A

ela pertence à tela Abaporu, cujo nome, segundo a artista, é de origem indígena e

significa antropófago. Foi a partir dessa tela que Oswald de Andrade elaborou a

teoria da antropofagia para a arte moderna do Brasil, que resultou no Manifesto

Antropofágico, publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, em

1928. A teoria antropofágica propunha que os artistas brasileiros conhecessem os

movimentos estéticos modernos europeus, mas criassem uma arte com feição

brasileira.

Vitor Brecheret

Na década de 20, graças principalmente à produção de Vitor Brecheret

(1894-1955), a escultura brasileira ganhou um aspecto mais moderno. As obras

desse artista afastaram-se da imitação de um modelo real e ganharam expressão

por meio de volumes geometrizantes, delimitados por linhas sintéticas e de poucos

detalhes.

Em 1913, foi para a Europa aperfeiçoar-se no aprendizado da escultura e

voltou ao Brasil em 1919. No ano seguinte, começaram a aparecer na imprensa

críticas elogiosas ao seu trabalho. Em 1920, ele apresentou a maquete do

Monumento às Bandeiras, provavelmente o mais conhecido de seus trabalhos.

Essa escultura em granito que se encontra no Parque do Ibirapuera, em São

Paulo, foi iniciada em 1936 e inaugurada em 1953.

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Em 1922 Brecheret participou da Semana de Arte Moderna com doze peças;

entre 1923 e 1929 tomou parte em salões franceses com esculturas que sempre

foram bem aceitas nos meios artísticos europeus. Durante a vida, ele produziu

muito e criou obras gigantescas, como o Monumento às Bandeiras e o

Monumento a Caixas. Mas foi capaz também de dar beleza a pequenas e

graciosas peças em mármore, como Balairina e Tocadora de Guitarra.

Responda:

1. Quais os fatos que moldaram a arte moderna no Brasil?

2. Como essa nova arte apareceu?

3. Cite três artistas e suas principais características.

ARTE CONTEMPORÂNEA

Os estudos disponíveis sobre arte contemporânea

tendem a fixar-se na década de 1960, sobretudo com o

advento da arte pop e do minimalismo, um rompimento

em relação à pauta moderna, o que é lido por alguns

como o início do pós-modernismo. Impossível pensar a

arte a partir de então em categorias como “pintura” ou

“escultura”. Mais difícil ainda pensá-la com base no

valor visual, como quer o crítico norteamericano

Clement Greenberg (1909 - 1994). A cena contemporânea - que se esboça num

mercado internacionalizado das novas mídias e tecnologias e de variados atores

sociais que aliam política e subjetividade (negros, mulheres, homossexuais etc.) -

explode os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se à

experiências culturais díspares. As novas orientações artísticas, apesar de

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distintas, partilham um espírito comum: é, cada qual o seu modo de tentativas de

dirigir a arte às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da

tecnologia. As obras articulam diferentes linguagens - dança, música, pintura,

teatro, escultura, literatura etc. -, desafiando as classificações habituais, colocando

em questão o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte.

Interpelam criticamente também o mercado e o sistema de validação da arte.

1. Faça uma análise da Arte Contemporânea:

ARTE PRÉ-HISTÓRICA BRASILEIRA

O Homem entrou na América, no período quaternário. As migrações

processaram-se dentro de milênios, possivelmente por terra, vindas da Ásia,

passando pelo atual estreito de Bering, que ligava os dois continentes.

ARTE INDÍGENA

Na época do descobrimento, havia em nosso país cerca de 5 milhões de

índios. Hoje, esse número caiu para aproximadamente 200.000. Mas essa

redução numérica não é o único fator a causar espanto nos pesquisadores de

povos indígenas brasileiros. Assusta também a verificação constante e agora

acelerada da destruição das culturas que criaram, através de séculos, objetos de

uma beleza dinâmica e alegre.

Acreditavam em deuses ou gênios, como Tupã, que pelo raio ou tempestade

manifestava seu poder ou sua cólera; Anhangá, o deus que trazia pesadelos; Saci,

o pequeno índio de uma perna só e um barrete vermelho na cabeça; o Curupira

cujos pés eram voltados para trás.

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É possível identificar duas modalidades gerais de cultura indígena: a dos

silvícolas que vivem em áreas florestais e a dos campineiros, que vivem nos

cerrados e nas savanas. Os silvícolas têm uma agricultura desenvolvida e

diversificada que, associada às atividades de caça e pesca, proporciona-lhes uma

moradia fixa. Suas atividades de produção de objetos para uso da tribo, também

são diversificados e entre elas estão a cerâmica, a tecelagem e o trançado de

cestos e balaios. Já os campineiros têm uma cultura menos complexa e uma

agricultura menos variada que a dos silvícolas. Seus artefatos tribais são menos

diversificados, mas as esteiras e os cestos que produzem estão entre os mais

cuidadosamente trançados. O material que ambos os grupos utilizam eram:

madeiras, cortiças, fibras, palmas, cipós, sementes, cocos, resinas, couros, ossos,

dentes, conchas, garras e belíssimas plumas das mais diversas aves.

Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, estamos

tratando de conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao

índio. Para ele, o objeto precisa ser mais perfeito na sua execução do que sua

utilidade exigiria. Nessa perfeição para além da finalidade é que se encontra a

noção indígena de beleza.

A arte indígena é mais representativa das tradições da comunidade em que

está inserida do que da personalidade do indivíduo que a faz. É por isso que os

estilos da pintura corporal, do trançado e da cerâmica variam significativamente de

uma tribo para outra. Outro fator é a variedade de matéria prima para confecção

de seus artefatos encontrada em cada região onde viviam.

Três fatores eram usados instintivamente em sua arte: a simetria (na

decoração de seus corpos), o ritmo (no desenho regular geométrico, usados na

cerâmica e nos trançados de palha) e acentuação formal (no volume acentuado

pela expressão da forma na escultura). Os motivos decorativos eram usados nas

armas e utensílios feitos pelos homens, em forma de animais. A cerâmica era

ornamentada pelas mulheres, com representações de animais, dentre os mais

usados, estavam as tartarugas, os jacarés, as rãs e as cobras.

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Responda:

1. Quais as modalidades gerais da cultura indígena? E quais suas

características?

2. Quais os fatores instintivos expressão em sua arte?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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aprendizagem da arte na escola. São Paulo: Cortez, 2003.

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ed. Reform. São Paulo: Saraiva, 2004.

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