SUMÁRIO - Convenção Batista...

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LIÇÕES data data data data data data data data data data data data data SUMÁRIO Atualidade O transtorno psicótico e o atirador de Realengo 13 Saúde Emocional O crente e a depressão 18 Vida Cristã Breve olhar sobre intimidade com Deus 22 Apresentação 27 28 Uma igreja alicerçada na Palavra 32 Uma igreja em sintonia com o primeiro amor 36 Uma igreja que cultiva a santidade 40 Uma igreja que investe na espiritualidade sem se desviar para o fanatismo 44 Uma igreja que corrige as suas expressões de imaturidade 48 Uma igreja que combate o império das trevas 52 Uma igreja com influência na comunidade 56 Uma igreja expressão do Reino e não empresa da fé 60 Uma igreja que socorre a humanidade em suas dores 64 Uma igreja contextualizada sem se tornar banal 68 Um corpo não seduzido pelas influências externas 72 Uma igreja que cuida do ambiente 76 Uma igreja que valoriza a essência mais do que a aparência 10 Palavras do redator 04 Primeiras Palavras Por que sermos fiéis ao Senhor?

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LIÇÕES

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SUMÁRIO

AtualidadeO transtorno psicótico e o atirador de Realengo

13

Saúde EmocionalO crente e a depressão

18

Vida CristãBreve olhar sobre intimidade com Deus

22

Apresentação27

28 Uma igreja alicerçada na Palavra

32 Uma igreja em sintonia com o primeiro amor

36 Uma igreja que cultiva a santidade

40 Uma igreja que investe na espiritualidade sem se desviar para o fanatismo

44 Uma igreja que corrige as suas expressões de imaturidade

48 Uma igreja que combate o império das trevas

52 Uma igreja com influência na comunidade

56 Uma igreja expressão do Reino e não empresa da fé

60 Uma igreja que socorre a humanidade em suas dores

64 Uma igreja contextualizada sem se tornar banal

68 Um corpo não seduzido pelas influências externas

72 Uma igreja que cuida do ambiente

76 Uma igreja que valoriza a essência mais do que a aparência

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Palavras do redator

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Primeiras PalavrasPor que sermos fiéis ao Senhor?

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Olá, estou muito feliz por ter recebido de Deus a oportunidade de escrever para a redação dessa maravilhosa revista, lembrando de um grande ensinamento da Bíblia, que diz que devemos honrar aqueles que são merecedores assim como os autores dessa maravilhosa revista.

Em especial, gostaria de agradecer a Deus por estas lições do segundo trimestre, que nos ensinam sobre “vidas que marcaram seu tempo” e que marcam até hoje. Louvo a Deus porque sinto que Ele tem sido o inspirador de tão maravilhosas lições, e agradeço a Deus pela vida do pastor Geraldo Geremias e que Deus abençoe grandemente sua vida e o seu ministério.

Aldemir Júnior, 2ª IB Campos Elíseos

Pr. Hudson,Gostei muito da lição deste

domingo (20/03/11). O tema, que se casa bem com o título da lição, fala profundamente a respeito das mudanças de perspectiva que a Igreja do Senhor deve assumir para se fazer presente antecipadamente aos acontecimentos do mundo atual.

Aliás, o único período em que a Igreja do Deserto (o povo de Israel) andou atrás dos acontecimentos foi na gestão dos juízes, que culminou com a fatídica expressão “queremos ser como as demais nações”.

A escolha de Noé como consolo para uma época que ainda viria, a chamada

de Abraão e a ida de José para o Egito revelam como Deus quer que vejamos o mundo. O que falta é pedirmos a Deus esta visão, como diz o hino missionário: “Dá-me tua visão, Senhor”.

Wilson Lima, pastor

Bom dia,Que a paz de nosso Senhor Jesus

Cristo esteja com a irmã.Em primeiro lugar gostaria de

agradecer à irmã os recursos enviados das lições anteriores, e mais uma vez se a irmã disponibilizar dos recursos das lições 12 e 13 agradeço se puder me enviar, pois ainda não estão no site.

Gostaria que a irmã relatasse à Convenção que estamos gratos e orando a Deus para continuidade deste trabalho, pois na minha igreja as classes de jovens e adultos não só os professores mas também alunos que têm acesso à internet gostam de estudar por meio destes recursos. Neste ano de 2010 ganhamos mais um professor, pois sentiu interesse nos artigos e com isto se sentiu com mais preparo para participar deste ministério.

Um abraço da irmã em CristoRosângela Simões de Souza Nascimento

Olá, Rosangela!É sempre um grande prazer poder

ajudá-la. Principalmente quando posso ver o resultado do uso dos Recursos Didáticos em sua igreja.

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Veja em anexo os recursos das lições 12 e 13 solicitados por você.

Encaminharei sua mensagem à pessoa responsável da CBF pela produção dos Recursos Didáticos para registrar o quanto eles são úteis ao ministério de ensino de sua igreja e para que também solucione a questão da postagem dos Recursos das lições 12 e 13 no site.

Caso possa auxiliá-la em mais alguma coisa é só entrar em contato, ok?

Um grande abraço para você e para todos os professores da EBD de sua igreja. Que Deus continue abençoando sua vida.

Com carinho,Cláudia Romão

Tenho estudado as lições de Palavra e Vida e sempre me encanto com o cuidado com que a redação tem em escolher os títulos e os obreiros para escreverem as lições e os artigos. Mas este trimestre me encantou muito. É muito bom e muito fácil de assimilar.

O pastor Geraldo Geremias é espetacular, seu jeito gostoso de apresentar os personagens é encantador. Gosto muito também do pastor Isaltino, do qual sou fã e já li vários de seus livros.

Gostaria de dar os parabéns aos irmãos por tão maravilhoso trimestre que têm nos proporcionado. Isso não

desmerecendo nenhum dos outros escritores, pois todos têm contribuído muito para o nosso crescimento.

Que Deus continue nos abençoando e abençoando também os irmãos, pois sei que não deve ser fácil essa tarefa de escolher os assuntos e essas jóias que o Senhor usa para o seu louvor.

Vocês estão de parabénsObservação: Gostaria de saber se

o pastor Geraldo Geremias tem livros publicados.

Desde já agradeço.Da irmã em Cristo

Dilete Ferreira Faria, 1ª IB de Rio das Ostras

As lições de 2011 estão excelentes e os autores de parabéns! Incluo já os dois próximos trimestres neste elogio, pois os temas que virão são oportunos e os autores são homens capacitados pelo Espírito Santo.

Pastor Geraldo Geremias “escreve brincando”. É muito bom ouvir suas mensagens e ler suas lições.

Deixo uma sugestão à redação: incluir na revista ao final de cada lição um glossário.

Deus abençoe a todos da Palavra e Vida.

Em Cristo,Edmílson Costa da Silva, pastor

IB Bom Samaritano (B. Roxo)

[email protected]

Escreva para nossa redação.

Mande suas sugestões, críticas e observações.

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Todo o livro de Malaquias apresenta um questionamento do povo feito a Deus, pondo em

xeque o seu poder e a sua autoridade. Um dos exemplos é a pergunta: “Os injustos prosperam, por que não os justos?”. Nesse clima de contestação do povo e de advertências e expectativas de Deus a eles, Deus afirma que eles o estavam roubando, e o povo de novo questiona: “Em que te roubamos?”. Deus passa então a mostrar-lhes em que eles o roubam. O contraditório é que há um clamor por Deus e ao mesmo tempo um questionamento quanto à pessoa e ação de Deus.

Não vemos o mesmo hoje em nosso meio evangélico? De um modo geral, as pessoas querem mais de Deus, desde que Ele faça o que eles querem, do jeito que querem. Há um desejo no ser humano de submeter Deus ao seu controle. O que é a idolatria senão a possibilidade de se ter um deus que tem restrições de mobilidade,

de autoridade, mas que está sempre disponível para os que o adoram? O povo de Israel estava vivendo descomprometido com o seu Deus e queria ser alvo das suas bênçãos. Eles estavam cultuando de forma relaxada, e queriam que o culto fosse aceito por Deus. Eles estavam tendo casamentos com pessoas de outras religiões e queriam que Deus os abençoasse, mas isso é impossível. Deus não tem compromisso com quem não tem compromisso com Ele.

O auge do desafio à fidelidade e comprometimento com Ele está no texto a seguir: “De fato, eu, o SENHOR, não mudo. Por isso vocês, descendentes de Jacó, não foram destruídos. Desde o tempo dos seus antepassados

Primei

Por que sermos fiéis ao Senhor?

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vocês se desviaram dos meus decretos e não lhes obedeceram. Voltem para mim e eu voltarei para vocês”, diz o SENHOR dos Exércitos. “Mas vocês perguntam: ‘Como voltaremos?’. “Pode um homem roubar de Deus? Contudo vocês estão me roubando. E ainda perguntam: ‘Como é que te roubamos?’ Nos dízimos e nas ofertas. Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão me roubando; a nação toda está me roubando. Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova”, diz o SENHOR dos Exércitos, “e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las. Impedirei que pragas devorem suas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu fruto”, diz o SENHOR dos Exércitos. “Então todas as nações os chamarão felizes, porque a terra de vocês será maravilhosa”, diz o SENHOR dos Exércitos”. Malaquias 3.6-12

O que vemos no texto é que o povo de Israel fazia muito questionamento e demonstrava pouco compromisso com Deus. À luz do texto bíblico, quero apontar alguns motivos por que devemos ser fiéis ao Senhor, de um modo completo, ou seja, incluindo a entrega dos dízimos e das ofertas para Deus.

Um dos motivos para sermos fiéis ao Senhor é porque Ele faz um apelo claro a cada um de nós como fez no passaso. O texto é claro: “Voltem para mim e eu voltarei para vocês”.

O apelo de Deus se justifica pelo fato de o povo pender para a apostasia (v. 6a). Desde os dias dos vossos pais, diz Deus, há essa vontade de se desviar, de olhar para trás. A apostasia, a volta para trás sempre foi uma atitude marcante na vida do povo de Deus. Sempre houve resistência à orientação divina. O povo de Israel com muita frequência deixava de lado as leis e os estatutos.

Com certeza, um dos maiores obstáculos da igreja evangélica hoje são os que estão olhando para trás, voltando atrás, e querendo viver sem a liderança de Deus nas suas vidas, mas uma vez estiveram nos caminhos do Senhor.

O apelo de Deus tem como fundamento a questão da honestidade (v.8). O povo estava errado e ainda questionava Deus quando Ele afirma que eles o estavam roubando. A pergunta foi: “Em que te roubamos?”. Havia uma desonestidade cínica. O termo em hebraico para roubar, era tomar à força, fazer algo planejado, intencional. Era uma violência ao Senhor. O povo sabia o que devia fazer e não fazia, sabia o que era certo e fazia o que era errado. Infelizmente não era por falta de conhecimento

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que agiam desonestamente com os compromissos assumidos com Deus.

Talvez hoje, de todas as orientações de Deus dadas ao seu povo, uma que o povo de Deus não pode dizer que desconhece é a de ser fiel, nos dízimos e nas ofertas. A questão é que muitos ao serem perguntados: você é um dizimista? Respondem: Sim. Mas Deus quer mais de cada um de nós: devemos dar dízimos e ofertas. O dizimo é que faço como dever, obrigação, obediência. E a oferta é ir além e dar um passo a mais na direção da dependência de Deus. Deus é tão bom e gracioso que conhecendo-nos nos desafia: Faça prova de mim. Avalie o quanto você é capaz de crer que Deus poderá abençoar você e então seja generoso na mesma medida.

Fica a advertência para nós porque sempre que deixamos de praticar a fidelidade nos dízimos e nas ofertas, estamos tomando à força o que não é nosso, antes pertence a Deus. Fique atento para o apelo de Deus.

Outro motivo de fidelidade ao Senhor está relacionado com a sua autoridade. O texto fala de um Deus que não muda. Diz a Bíblia: “De fato, eu, o SENHOR, não mudo”. (v.6)

Isto implica dizer que o Senhor não muda em seus atributos: amor, bondade, justiça, etc. Ele não muda também quanto a sua autoridade. Continua Senhor dos justos e dos injustos. Senhor dos bons e dos maus. Ele é o mesmo ontem, o mesmo hoje e sempre.

Não é necessário que os seus filhos fiquem inquietos, indiferentes e insensíveis. Nós mudamos nossos sentimentos, falhamos em cumprir os nossos compromissos, mas Deus não muda. Paulo expressa sua convicção: “Se somos infiéis, ele permanece fiel; porque não pode negar-se a si mesmo”.

O texto evidencia a expressão “Senhor dos exércitos”, de modo que ela aparece quatro vezes: nos versos 7, 10, 11 e 12. Aí está a resposta de Deus para quem o despreza. O poder está em suas mãos. Ele é o Senhor dos Exércitos. Deus não merece ser tratado com tamanho descrédito sem falar que há um risco em tratá-lo com desrespeito. Ser infiel a Deus é correr um sério risco de nos submetermos a sua autoridade. Com Deus não se brinca. “Deus não se deixa escarnecer. Tudo o que o homem semear isso também colherá”. (Gálatas 6.2)

O terceiro motivo de fidelidade ao Senhor está baseado no fato de que Ele nos dá uma ordem clara. Diz a Bíblia: “Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa”. (v.10)

Deus não está nos dando uma sugestão, mas uma ordem. A ordem era para todos: sacerdotes e o povo. Pastores, diáconos, professores da EBD, líderes de ministérios, enfim, cada crente. Não há exceção na ordem de Deus, mas sim inclusão.

Deus não está nos pedindo para primeiro colocarmos as finanças em

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ordem para depois contribuirmos; para primeiro pagarmos as contas ou primeiro comprarmos o remédio, e se sobrar a gente dá o dízimo e as ofertas. Simplesmente há uma ordem e quem obedece a ela sabe que está praticando a sua fé e sua total dependência dele em todas as áreas de sua vida.

Outra coisa que Deus quer e espera de nós é que contribuamos com todos os dízimos. Deus não quer mentira, como fizeram Ananias e Safira, que ao ofertarem deram uma parte do que tinha sido dito e disseram que deram tudo. Sabemos que esta mentira lhes custou a vida.

Você já parou para avaliar que pode ser que as janelas dos céus estejam fechadas sobre sua vida, a vida de sua família ou de sua igreja, porque as fechou com a desobediência e falta de fé na sua provisão?

A ordem é clara para trazermos os dízimos para a casa do tesouro. Não há fidelidade parcial. Ou se é fiel ou se é infiel. Há quem queira ser fiel, mas quer administrar para Deus os seus recursos como se fora mais competente do que Deus por intermédio de sua igreja, e isto também é um erro. Você pode e deve contribuir com quem você quiser com suas ofertas, mas o dizimo deve ser entregue na igreja. É uma questão de humildade, é um projeto de Deus para que não sejamos senhores de sua igreja, não controlemos o pastor ou a quem

quer que seja. Diz a Bíblia: “Ata o dinheiro da tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor, Teu Deus”. (Deuteronômio 14.25)

Por fim, devemos ser fiéis ao Senhor, porque Ele deseja nos abençoar. “Ponham-me à prova”, diz o SENHOR dos Exércitos, “e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las. Impedirei que pragas devorem suas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu fruto”, diz o SENHOR dos Exércitos. “Então todas as nações os chamarão felizes, porque a terra de vocês será maravilhosa”, diz o SENHOR dos Exércitos”.

Deus deixa claro que quando faço o que Ele manda, Ele assume o controle de tudo. Quando exercemos a fidelidade entregando os dízimos e as ofertas, Deus afirma que haverá suprimento para a casa dele. Isto quer dizer provisão espiritual para o seu povo. Os sacerdotes poderiam cuidar do culto. A igreja é o método de Deus de investir em você mesmo, de cuidar de sua saúde espiritual.

Há um derramamento de bênçãos. O texto fala de “bênçãos tais”, abrir de janelas, maior abastança. Deus se compromete a repreender as pragas que devoram sua saúde financeira. Seja o que for que esteja impedindo espiritualmente que você seja bem-sucedido, Deus remove. Diante destas

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promessas ao invés de prometer fidelidade se a sua causa na justiça for resolvida ou outra situação for solucionada, que tal agir antes num ato de fé? A fé agrada a Deus. Deus promete bênçãos e prosperidade, pois afirma o texto: “A vide dará o seu fruto no tempo certo” e ainda lemos: seremos chamados de “bem-aventurados”. Todos dirão: “Como eles conseguem e nós não?”. O povo verá a alegria dos filhos de Deus e buscarão a Deus.

Seja fiel ao Senhor em todas as áreas de sua vida, e isso inclui sermos fiéis nos dízimos e ofertas.

Eu creio que dizimar e ofertar é um ato de fé, porque ficarei na dependência de Deus para suprir as minhas necessidades hoje e amanhã.

Eu creio que dizimar e ofertar é um ato de obediência, porque há ordens claras na Bíblia sobre o assunto.

Eu creio que dizimar e ofertar é um ato de gratidão, porque Deus já me abençoou.

Eu creio que dizimar e ofertar é um ato de inteligência. Você compartilha a maior responsabilidade de sua existência com Deus, que tudo pode, que é dono de tudo. Você abre mão de dirigir a sua vida e deixa tudo com Deus. Quando você age sozinho você é responsável, quando você faz o que Deus manda, Deus assume o controle.

Você tinha alguma dúvida por que contribuir e por que contribuir com os dízimos e com as ofertas? Creio que hoje você não precisa mais ter dúvidas. Hoje você está entre o obedecer e o não obedecer. Porque a Bíblia está claramente exposta a você. Seja fiel e espere no Senhor e pelo Senhor e Ele agirá. Lembre-se: “Se creres verás a gloria de Deus e não o inverso disso”. Dê hoje o passo mais seguro de sua vida: proponha ser fiel ao seu Deus. Assuma hoje esse compromisso com Deus, confiante nas promessas dele para a sua vida.

José Maria de Souza, pastor,Diretor Executivo da CBF

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“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” (2 Tm 3.1-5).

O texto acima, escrito por Paulo, já é realidade em nossa época, chamada de pós-modernidade. Realmente, estamos vivendo um tempo de grandes dificuldades e enormes desafios em todos os setores da vida humana. Alguns problemas que nos afligem hoje: 1- Degradação moral em níveis nunca vistos - A busca pelo prazer da carne não tem limites e muitos já são escravos dessa sedução maligna. 2- Desagregação familiar - A família tem sofrido sérios e mortais ataques. O número de casamentos tem diminuído a cada ano, as separações e divórcios vêm aumentando, dia após dia. Outros tipos de união têm surgido

– homens com homens e mulheres com mulheres, 3- Violência - Por causa das desigualdades sociais, do desemprego em massa, surge a criminalidade violenta. Alguns querem levar vantagem e enriquecer rapidamente, praticando roubos, sequestros e tráfico de drogas; outros tornam-se prisioneiros em suas próprias casas, tomados pelo pânico e medo. 4- Desamor - Muitos têm esfriado em seu amor, tornando-se egoístas e amantes de si mesmos. Por isso, deixando de ajudar o próximo – que está cada vez mais longe. 5- Falsa espiritualidade - Neste início de terceiro milênio muitos não acreditam em nada, e outros tantos creem em qualquer coisa, por mais

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estranha que seja. Estes são alguns dos problemas que temos nestes dias, e para enfrentá-los precisamos entender “O Que É Ser Igreja Hoje”.

O objetivo das lições deste trimestre é estudarmos assuntos que busquem o fortalecimento da igreja, para darmos respostas a estes problemas. Quem escreveu as lições foi o pastor Vanderlei Batista Marins, titular da Primeira Igreja Batista em Alcântara e autor das lições da revista Palavra e Vida do 4º trimestre de 2009, com o tema “O que todo Crente precisa saber?”

A revista apresenta na seção Saúde Emocional o artigo “O Crente e a Depressão” com o psicólogo clínico e psicanalista Wesley Chrispim da Silva, pastor da 2ª IB de Rio Bonito, um tema muito importante para ser estudado e debatido em nossas igrejas.

Na seção Atualidades, o pastor Alfredo Neves Brum, psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (RJ), fala sobre “O Transtorno Psicótico e o Atirador de Realengo”. Sintomas dos Psicóticos: O Que Sentem? Como Se Desenvolvem? Como Evitar? Já na seção Vida Cristã encontra-se o artigo “Breve olhar sobre intimidade com Deus”, escrito por Jorge Luís Silvério, membro da 1ª IB Vila Camarim, Queimados.

Todos estes artigos poderão ser utilizados em reuniões de pequenos grupos, das organizações, nos cultos de quarta-feira ou em outros encontros.

Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaCoordenador de Educação Religiosa

Redator da Revista

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O transtorno psicótico e o atirador de RealengoSintomas dos Psicóticos: O que sentem? Como se desenvolvem? Como evitar?

Esquizofrenia (Psicose Esquizofrênica)

A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total, que afeta a zona central do eu e altera toda a estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereótipo do “louco”, um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo pela realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias. (Psiqweb)

Até hoje não se conhece nenhum fator específico causador da Psicose Esquizofrênica. Há, no entanto, evidências de que seria decorrente de uma combinação de fatores biológicos, genéticos e ambientais, que contribuiriam em diferentes graus para o surgimento da doença. Sabe-se que filhos de indivíduos esquizofrênicos têm uma chance de aproximadamente 10% de desenvolver a doença, enquanto na população geral o risco de desenvolver a doença é de 1%.

Os quadros de esquizofrenia podem variar de paciente para paciente,

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sendo tal combinação em diferentes graus dos sintomas abaixo:

DELÍRIOS - o indivíduo crê em ideias falsas, irracionais ou sem lógica. Em geral são temas de perseguição, grandeza ou místicos.

ALUCINAÇÕES - O paciente percebe estímulos que na realidade não existem, como ouvir vozes ou pensamentos, enxergar pessoas ou vultos, sendo para o paciente bastante assustador. Pode sentir como se um bicho estivesse andando dentro da sua pele (sinestesia).

DISCURSO E PENSAMENTO DESORGANIZADO - O paciente fala de maneira ilógica e desconexa, demonstrando uma incapacidade de organizar o pensamento em uma sequência lógica.

EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES - O paciente tem um “afeto inadequado ou embotado”, uma dificuldade de demonstrar a emoção que está sentindo. Não consegue demonstrar se está alegre ou triste, por exemplo, tendo dificuldade de modular o afeto de acordo com o contexto, mostrando-se indiferente a diversas situações do cotidiano.

ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO - Os pacientes podem ser impulsivos, agitados ou retraídos, muitas vezes apresentando

risco de suicídio ou agressão, além de exposição moral, como, por exemplo, falar sozinho em voz alta ou andar nu em público.

Todas as alucinações, auditivas, visuais, tácteis, olfativas, gustativas, cinestésicas, embora sejam considerados sintomas acessórios, ocorrem na Psicose Esquizofrênica com frequência bastante significativa. Normalmente as alucinações auditivas são as primeiras a surgir e as últimas a desaparecer.

A história biológica e o ambiente interfem

No popular se diz que “de médico, de poeta e de louco todos temos um pouco”.

Por esses e outros ensinos antigos se pode afirmar, por estatística, que muitos de nós temos uma predisposição psicótica, uma possibilidade de qualquer um descontrolar-se e surtar em maior ou menor grau.

O contexto em que se vive (ambiente social) poderá facilitar o surgimento do surto, ou protegerá para que nunca desperte (pouca possibilidade de crises).

Percebe-se até que em pequenos atritos pessoais, nas agressões e ironias, atribuem-se ao outro termos como doido, maluco, pirado, etc. sempre com sentido de preconceito e diminuição da consciência daquele.

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No quadro real, enfermidades e vícios facilitam o surgimento de crises psicóticas.

Grande parte dos alcoólatras desenvolve doenças neurológicas com perdas sociais que alterarão o ambiente relacional e, consequentemente, possibilitarão o desencadeamento da doença.

Não quero produzir uma ameaça coletiva, mas posso dizer que neste tempo de fragilidade social, de excitação e exagero do prazer pela estimulação dos sentidos, todos estamos propensos a de repente surtar, sentindo e fazendo atos de agressão e violência pessoal e/ou coletiva, como gestos intoleráveis do dia a dia. Um bom exemplo é aquele motorista no Rio Grande do Sul, que passou com o carro sobre os ciclistas em passeio, até ao Wellington, que matou as 12 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro.

A prevenção como melhor remédio

Conhecemos bem esta prática na saúde do brasileiro: espera-se o descontrole pela chegada de alguma doença para depois procurar o socorro médico.

Este texto é uma busca de prevenção psiquiátrica. O grande pavor que o povo tem de buscar o tratamento de um psiquiatra ou de um psicólogo – retratado por expressões do tipo “não estou doido”, ou “isto é coisa de maluco” – reforça

a possibilidade de aparecer na sociedade comportamento como os que conhecemos nas ruas e até nas escolas.

São os bullyings, tão difundidos pela mídia, que ocorrem nas escolas e lugares coletivos como nos estádios de futebol, festas sociais em clubes etc.

Nem toda ação drástica caracteriza um ato psicótico

Não pensemos que alguns comportamentos isolados, como os citados acima, já seriam um quadro “psicótico”, mas a sequência destes precisa ganhar melhor atenção.

Aliás, todo comportamento exótico ou excêntrico, principalmente em crianças e adolescentes, deve despertar uma observação mais cuidadosa de professores e familiares. Visto que é a faixa dos 15 aos 30 anos o período mais comum para o surgimento deste tipo de transtorno mental, de alteração e envolvimento social.

A vida religiosa frenética, como os movimentos que têm surgido, são focos de atração dos jovens e pode ser desencadeadora das alucinações e delírios, inclusive em nome de uma vida de muita espiritualidade, relembrando a alucinação mística.

Tenho em meus arquivos alguns trabalhos de clientes evangélicos e psicóticos, que demonstram riscos pessoais e coletivos. Quando estes se instalam plenamente é difícil recuperar

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completamente o seu estado de lucidez.

Melhor que a cura é a prevenção Uma atitude religiosa equilibrada,

sem exageros na liturgia, faz com que aquilo que é possibilidade de surto passe sem maiores riscos. Alguém pode demonstrar traços, mas que não se confirmam por meio de uma vida saudável.

Daí porque pessoas com esta predisposição procuram as igrejas e grupos mais exóticos para se agregarem e ali desenvolverem suas tendências e às vezes surtar, desencadeando planamente tal potencial, comuns nas manifestações de “endemoninhamentos”.

Trabalhei 10 anos em Hospital psiquiátrico e vi dezenas de pacientes religiosos evangélicos apresentando comportamentos de natureza mística, que os remetiam a rituais e

práticas bem características dessas doenças mentais.

A igreja precisa ser resposta deste equilíbrio

Os ambientes sociais de facilitação pelo uso de drogas, bebidas, bem como os ritmos musicais exagerados nas igrejas podem ser desencadeadores dos atos acima.

As igrejas precisam ser base de uma religiosidade reflexiva, equilibrada para, além de trazer informações, oferecer ambiente para que esta faixa jovem nas idades citadas supere essa fase sem maiores rupturas e transtornos emocionais, firmado-se no equilíbrio.

Alfredo Neves Brum, pastor - e-mail [email protected]

Psicólogo Clínico, Pós graduado em Psicologia pela Santa Casa de

Misericórdia – RJ

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O crente e a depressão

De vez em quando ouvimos alguém dizer que está “com uma deprê” para tentar explicar um

momento de tristeza ou angústia, ou então para expressar uma falta de ânimo diante de algo a ser feito.

A depressão tem sido uma das enfermidades mais evidentes em nosso tempo. Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, a incidência da depressão está em segundo lugar nas doenças incapacitantes, estando apenas atrás das doenças coronarianas.

A sua incidência ocorre duas vezes mais em lares com histórico de alcoolismo, e quatro vezes mais no sexo feminino.

Não se conhece ainda a sua causa. Entretanto algumas pessoas são predispostas a ela. É preciso que haja um mecanismo desencadeante, que pode ser separação conjugal, nascimento de filho, problemas financeiros, algumas enfermidades, morte de alguém próximo, estresse, excesso de trabalho, desemprego, baixa resistência, entre outros.

Uma curiosidade é que em lugares de grande fluxo de turismo em determinada época do ano, como por exemplo em cidades praianas, após o período de grande movimento é comum o aumento de casos de depressão em virtude da mudança drástica de ambiente. Já em lugares muito frios, a incidência tende a aumentar, pois pelo excesso de agasalho há uma diminuição da sintetização da vitamina D, que auxilia na liberação da ocitocina, que é o hormônio do bom humor.

O que não é depressão? Depressão não é preguiça, corpo

mole, ou problema espiritual, como

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falta de fé, de Deus ou possessão demoníaca, apesar de termos consciência de que muito do sofrimento humano é conseqüência do pecado e que Satanás tenta de todas as formas nos destruir, inclusive, pelas enfermidades.

A depressão é mais antiga do que se pensa. Galeno, 2 séculos antes de Cristo, já descrevia sobre a melancolia e suas manifestações patológicas. Na Bíblia vemos duas figuras bem conhecidas por todos nós com sintomas clássicos da depressão, Elias e Davi.

O que é a depressão?É alteração bioquímica grave, que

descarrega sobre o organismo excesso de neurotransmissores, causando alterações do humor, psicomotoras, cognitivas e somáticas, que nos casos graves pode levar à morte pelo suicídio.

Ela pode se manifestar sob dois tipos: Endógena (interna) e exógena (fatores externos), e pode se manifestar de forma leve, moderada ou severa.

Os principais sintomas são:• Alterações repentinas do humor• Alterações no sono, no apetite e no

ciclo menstrual (Tensão Disfórica Pré-menstrual - TDPM)

• Dificuldade de concentração e memorização, conteúdo de pensamento pobre, repetitivo e pessimista

• Incapacidade para atividades laborativas

• Dores generalizadas pelo corpo (fibromialgia)

• Fadiga constante, falta de interesse ou inibição, inclusive, sexual.

• Postura encurvada• Rigidez da mímica, fala com

amplitude, marcha lenta e arrastada (nos casos severos)

• Campo vivencial estreitado• Visão pessimista de vida e futuro• Sentimento de culpa• Ideação e desejo de morte (nos

casos de moderada e severa)

A depressão pode se relacionar com algumas doenças clínicas, como cardiopatias, ou as gastrointestinais, ou as da área da ginecologia e obstetrícia e, especialmente, da oncologia. E também pode estar em comorbidade com outras doenças psicológicas, tais como a ansiedade, pânico e isolamento social.

A falta de perdão, sentimento de culpa e pendências não resolvidas, especialmente familiares, dão à depressão o seu conteúdo subjetivo, geralmente percebidos durante o processo terapêutico.

O tratamento é longo, mas eficiente, geralmente com o uso de medicamentos, prescritos especialmente por psiquiatra, e da terapia realizada com psicólogos.

Na Bíblia vemos que o rei Davi, nos salmos 32.3-5 e 102.3-11, descreve muito daquilo que uma pessoa com

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depressão sofre. Ele chega a relatar dores terríveis que sentia nos ossos, a ponto de emagrecer pela falta de apetite e de uma visão pessimista quanto à vida, sintomas clássicos da depressão.

O sentimento de culpa, somado a situações familiares não resolvidas, e pecados cometidos dominavam a sua vida de forma constante, tirando-lhe a alegria e o prazer de viver. Na força da enfermidade, a morte seria a melhor solução.

Entretanto, Davi foi tratado por Deus, reconhecendo que Ele está no controle de todas as coisas. Pelo processo do perdão, Davi não somente foi perdoado por Deus, como também pôde se perdoar.

Gosto de definir perdão como o aumentativo da palavra perda, portanto, “perdão é uma perda muito grande”.

O que perdemos no processo de perdão?

A primeira grande perda é a da nossa zona de conforto: saímos desta para a zona de confronto, onde nos vemos e percebemos o que somos com nossas falhas e qualidades. Davi afirma: “contra ti pequei”, houve erro de sua parte, mas ele reconheceu que era preciso sair de onde estava, da projeção para o reconhecimento.

Uma outra grande perda é também estar disposto a reescrever um novo

momento. Deus não faz por nós o que temos condições para fazer. Na vida de Davi Deus sempre permitiu a presença de gigantes, além do filisteu, para que dentro dele não crescesse um gigante que o levasse à soberba, afinal de contas, como lidar com o fato de ser um “rei segundo o coração de Deus”? Era preciso que Davi reconhecesse que Deus estava no controle, e que seria sustentado sempre por Ele.

Uma terceira grande perda no perdão é que quem perdoa precisa pagar o preço de uma nova postura, que em muitos casos significa expressar amor prático ao inimigo. Como é difícil amar quem nos ofendeu, mas isto é libertador.

Perdoar é libertar-se, é ter a oportunidade de reescrever um momento difícil, tornando-o um grande aprendizado.

A depressão traz um sentimento de culpa, carregado de marcas da nossa história, feridas na alma, que em muitos casos por meio do processo terapêutico emergem na fala e nos gestos, como um grito de socorro de alguém em desespero.

Procurar uma nova forma de vida, novas escolhas, fazer algo novo, olhar os acontecimentos com “outros olhos”, tudo isso trará significantes novos, e dará um novo ânimo àquele que, em muitos casos, por anos carregou um enorme peso, pois quem tem depressão tem a sensação de que está carregando um “saco de

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cimento” nas costas (daí a postura encurvada).

Apesar de não ter cura, a depressão pode ser controlada na maioria dos casos, especialmente quando se busca desenvolver um processo terapêutico que envolve psicólogo e psiquiatra, conforme afirmamos anteriormente. Mas o apoio familiar é de suma importância, apoio este demonstrado pelas manifestações de carinho, de paciência, de amor, e especialmente pela certeza de que Deus não nos abandona um instante sequer. O tratamento é longo, mas eficiente.

Crente pode ter depressão, como pode ter câncer ou outra enfermidade qualquer. Não é da vontade de Deus isto, mas Ele permite. O principal é que o Senhor nos sustenta e nos mostra sempre o quanto Ele nos ama.

Somos do Senhor, mas isto não nos faz “super-heróis”. Muitos não gostam de admitir que estão cansados, tristes ou doentes emocionalmente ou psiquicamente.

No meio evangélico, tem-se criado a figura do supercrente, aquele que é inabalável, qualquer coisa que ameace a sua posição é vista como diabólica ou demoníaca. Mas sentir a nossa fraqueza é o primeiro passo para sermos fortalecidos.

Se você está com depressão, procure ajuda. Você não precisa continuar assim. Ore, tenha fé que Deus é capaz de realizar muito mais do que aquilo que esperamos e vemos, mas faça a sua parte.

A ressurreição de Lázaro foi possível graças ao poder de Deus, mas a pedra foi retirada por aqueles que estavam no velório. Mesmo após quatro dias, para que a vida voltasse era necessário enfrentar o que estava cheirando mal. No tempo do Senhor até um velório pode ser transformado em festa.

Wesley Chrispim da Silva,pastor da 2ª IB de Rio Bonito,

psicólogo clínico e psicanalista

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Breve olhar sobre intimidade com DeusMeditar sobre intimidade no

sentido restrito das relações humanas já é algo bastante

complexo. No entanto, quando refletimos na relação do ser humano com Deus, essa intimidade torna-se ainda mais complexa. Não em relação a Deus com o ser humano, pois o Senhor, desde o início, sempre almejou ser íntimo do ser humano, conforme registram inúmeras passagens da Bíblia Sagrada. A etimologia da palavra intimidade é o termo latino ‘intìmus, a, um’ (‘o mais recôndito; o âmago, o mais secreto’), que pode exprimir a ideia sobre aquele a quem se é bem achegado por laços afetivos.

Diante desse contexto, podemos depreender que o significado da palavra baseia-se num relacionamento ligado por afeição e confiança. Portanto, a intimidade não se compra nem se ganha, mas se conquista.

Sendo assim, como podemos ter intimidade com Deus? Buscando conhecer a sua vontade, para cada área de nossa vida, e querendo nos comprometer com ela. E qual é a vontade de Deus para a nossa vida, a fim de termos intimidade com o Pai? A Epístola aos Romanos (12.1,2) pode nos responder.

Neste texto, o apóstolo Paulo inicia suplicando aos cristãos romanos uma total consagração de suas vidas a Deus (“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus...”), ou seja, que a igreja de Jesus Cristo, situada em Roma, se relacionasse intimamente com o Pai. De igual maneira, o Senhor exige de cada um nós, servos d’Ele, a mesma atitude para este tempo: uma atitude de intimidade com Ele, pois o texto nos apresenta, em primeiro lugar, as condições para termos

Vida

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intimidade com Deus; depois nos sugere princípios seguros para essa intimidade; e o resultado que essa intimidade com Deus pode nos proporcionar.

De acordo com os versículos 1 e 2 de Romanos 12, as condições para termos intimidade com Deus são:

1.ª Condição: vida nas mãos de Deus Uma vida nas mãos de Deus é a

condição fundamental para se ter intimidade com Ele. O versículo 1 diz: “...que se ofereçam em sacrifício vivo (...) a Deus...”. Isto significa oferecermos nossa vida em renúncia ao pecado para dedicarmos a Deus, ou seja, é mortificarmos a nossa carne para o pecado e revesti-la dos padrões de Jesus Cristo, conforme nos recomenda o apóstolo Paulo em Romanos 13.13 e 14: “Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja. Ao contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne”.

Também uma vida nas mãos de Deus produz, em nosso interior, o que podemos chamar de percepção espiritual (capacidade de perceber, observar e compreender circunstâncias à nossa volta). Assim como percebemos o mundo físico por meio dos sentidos (tato, visão, gustação, olfato e audição),

Deus nos equipou com a percepção espiritual, para nos conduzir à dimensão espiritual de nossa vida. Poderíamos comparar esse equipamento interior ao de um radar através do qual detectamos realidades que os nossos sentidos físicos não conseguem captar. Logo, só a pessoa “nascida de novo” (João 3:5) tem essa percepção espiritual aguçada, conforme o apóstolo Paulo afirma em 1Coríntios 2.14-16: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.

Essa percepção espiritual, portanto, nos dá certeza da existência de Deus, da sua presença e da sua atuação em nossa vida.

2ª Condição: vida purificada a Deus Nossa intimidade com Deus se

estabelece e se mantém a partir de uma vida santificada que temos com Ele. O versículo 1 também nos diz: “... que se ofereçam em sacrifício santo (...) a Deus...”. Isto significa termos nossa vida purificada do pecado diante de Deus, ou seja, é deixarmos que o Senhor purifique tudo aquilo que precisa ser purificado em nós, conforme declara o apóstolo Paulo em Tito 2.14: “Ele [Jesus] se entregou

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por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras”. E em Tiago. 4.8: “Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração”.

A bem da verdade, o pecado é a “enfermidade” que nos impede de termos uma vida pura diante de Deus, conforme afirma Isaías 59.2: “mas as suas maldades separam vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá.” No entanto, a Palavra de Deus afirma em 1Joào 1.9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça”. E também adverte em 1João 3.9: “Aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”.

3ª Condição: vida obediente a Deus Ainda no versículo 1 diz: “... que

se ofereçam em sacrifício agradável (...) a Deus; este é o culto racional”. Isto significa oferecermos a nossa vida em obediência por amor a Deus, que representa a verdadeira oferta aceitável de vida cristã para o Senhor, ou seja, quando somos obedientes a Deus por meio do amor

que sentimos por Ele é que prestamos uma adoração realmente aceitável. Afinal, para o servo de Deus agradar ao seu Senhor, o mais importante é obedecer. Vejamos o que diz 1Samuel 15.22: “Samuel, porém, respondeu: Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrificar, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros”.

Convém também fazer uma pequena observação sobre a expressão culto racional. Esta, por sua vez, em razão do contexto ser de consagração pessoal, seria melhor a tradução “culto espiritual ou culto puro ou culto autêntico”, pois, apesar de a palavra grega (‘logikós’ ), registrada no versículo em questão, poder ser traduzida por racional, a tradução mais adequada seria um dos três termos já mencionados. O ensino que Paulo quer elucidar é que o ato de se prestar culto/homenagem (de ‘cultiva

_re’ = cultivar, desenvolver,

aperfeiçoar pelo cuidado, trato contínuo) a Deus baseia-se numa vertical e permanente relação de sinceridade do cristão com o seu Senhor, que repercutirá naturalmente, como consequência, numa horizontal e permanente vida íntegra desse cristão com a sociedade. O resultado desta conduta pode corresponder à afirmação do Senhor Jesus em João 4.23a: “... está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros

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adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade...”.

4ª Condição: vida em oposição aos padrões morais e espirituais do mundo

Agora, no início do versículo 2, o apóstolo Paulo recomenda: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente...”.

Antes, porém, de entramos no cerne desta primeira parte do versículo 2, qual a concepção da palavra mundo neste texto paulino? O termo grego empregado aqui é ‘aio

_n’ (= era,

época), que tem o sentido de indicar que o rumo desse mundo (= dessa sociedade) está afastado de Cristo e debaixo do poder do pecado, sem esquecer também de que Satanás é o “deus deste século/mundo” (2Coríntios 4.4). Daí a exortação, para nós, cristãos: “Não se amoldem ao padrão deste mundo...”. Na verdade, Paulo emprega a concepção judaica apocalíptica sobre os dois mundos, cujo fator preponderante entre ambos é de que Deus permanece o Senhor tanto desta era, apesar de ser o tempo do pecado, da injustiça e dor, quanto da outra que substituirá a era temporal pela eternidade, que será a era plena dos salvos, justos e do gozo infindável.

Podemos, então, inferir nessa advertência paulina que a nossa vida como igreja lavada e redimida pelo sangue de Jesus não deve estar fundamentada nos mesmos fundamentos em que o mundo (= a

sociedade) se encontra e quer nos ajustar, que redundam em todo tipo de pecado contra Deus. Pelo contrário, como cristãos, devemos estar ávidos a possuir uma mente remodelada pela Palavra de Deus e que influencie positivamente, por intermédio de nossas atitudes, esse padrão de vida proposto pela a sociedade (= mundo). Afinal, o Pai conta conosco, porque em Cristo Jesus somos nova criatura (2Coríntios 5.17), somos filhos de Deus (João 1.12), somos sal da terra e luz do mundo (Mateus. 5.13a e 14a), temos a unção do Espírito Santo de Deus, para nos orientar contra todo o tipo de erro (1João 2.27) e temos a mente de Cristo (1Coríntios 2.16).

Enfim, para termos intimidade com Deus, nessa sociedade tão corrompida pelo pecado e influenciada pelo Diabo e as hostes espirituais malignas, precisamos ter diariamente uma mente transformada pela ação do Espírito Santo em nossas vidas. Mas como se dá essa transformação? Por meio dos princípios seguros da intimidade com Deus, para que assim possamos desfrutar do resultado que essa intimidade com Deus pode nos proporcionar. Na próxima edição da revista, estes dois aspectos serão o fechamento deste artigo.

Jorge Luís Silverio, 1ª IB Vila Camarim, QueimadosGraduado em teologia e letras

(STBSB/UFRJ/UNESA)pós-graduado em letras (UCB/UERJ/

E-mail: <[email protected]>

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Vanderlei Batista Marins é natural de São João da Barra, hoje, São Francisco do Itabapoana - RJ. É pastor titular da Primeira Igreja Batista em Alcântara desde 05.05.2001. Doutor em Teologia pela Cohen University&Theological Seminary (Califórnia - EUA), onde também obteve o grau de Mestre em Divindade. Mestre e Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista Fluminense e Bacharel em Ciências Jurídicas pela Universidade Salgado de Oliveira. É licenciado em Filosofia e Pós-Graduado em Docência

do Ensino Superior pela Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais do Brasil. Autor de Excelência no ministério (Niterói, editora Epígrafe, 2009) e do Capítulo

17 - Família - Comentários à Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. É presidente da Convenção Batista Fluminense até 30 de julho deste e 2º vice-

presidente da Convenção Batista Brasileira.É casado com a prof.ª Rita de Cássia Silva Miranda Marins, pai de Eber Jonathas e

Mikhael e Fátima.

A palavra igreja ou igrejas aparece muitas vezes no Novo Testamento, mas não com um

sentido uniforme. Refere-se a um grupo ou assembleia de pessoas que nem eram cristãs (At 19.32,39,41). Refere-se aos filhos de Israel na dinâmica do Antigo Testamento (At 7.38; Hb 2.12) e na grande maioria das vezes, a palavra foi usada para referir-se a um corpo de verdadeiros crentes em Jesus Cristo.

Essa compreensão aponta para duas vertentes: igreja invisível, corpo total dos cristãos, salvos, de todas as épocas, povos, tribos e nações, e a igreja local, grupo de salvos por Cristo, localizado em determinada comunidade ou região.

O Mestre por Excelência utilizou essa dupla abordagem em Mt 16.18; 18.17), e Paulo, o apóstolo aos gentios, a ela se referiu da mesma forma (Ef 5.23,25: 1Co 1.2; 4.17).

A igreja em todos os tempos não pode deixar de ser vista como expressão do Reino; vitrine de Deus no mundo, que avança em sua trajetória firmada na Palavra, em sintonia com Jesus; cultivando santidade; desenvolvendo espiritualidade sadia; buscando maturidade; combatendo as trevas; influenciando a comunidade; socorrendo pessoas; contextualizando-se; fugindo das influências externas; cuidando do seu ambiente e sendo autêntica diante de Deus e dos homens.

Quem escreveu?

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Data do Estudo

Licao

Introdução

Para orientar seus discípulos, Jesus retirou-se para as partes de Cesareia de Filipe (Mt

16.13). Cidade construída por Filipe, filho de Herodes, o Grande, num planalto rochoso às sombras do monte Hermom, para homenagear o imperador Tibério César. Esse era um lindo cenário para a confissão da divindade de Jesus e de sua identidade como o messias prometido e esperado, pois naquela área ainda havia marcas das práticas

LicaoData do Estudo

Uma igreja alicerçada na Palavra

Texto Bíblico: Mateus 16.13-191

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cúlticas dedicadas aos deuses Baal e Pan.

O Mestre havia concluído sua jornada ministerial na Galileia e a consumação de sua missão estava prestes a acontecer. Ter os discípulos por perto, afinados com sua pessoa, confiando de forma consistente em sua missão como messias, para enfrentar os desafios de um futuro próximo era o que Ele muito desejava. Então, veio a notável indagação: “Quem dizem os homens ser o filho do homem?”. As respostas foram diversificadas, identificando Jesus com vultos importantes do passado e do presente (Mt 16.14). Então veio a enfática pergunta (Mt 16.15) e Simão responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Somente Mateus apresenta a resposta conforme descrita acima. Em Marcos 8.27-30 e Lucas 9.18-21 o assunto é tratado citando apenas: “Tu és o Cristo”. Encanta-me a abordagem de Mateus por apresentar Jesus como o messias prometido e reconhecer n’Ele a sua natureza divina, o que era tremendamente complicado para os líderes judeus, que até podiam aceitar o messias humano, mas com pretensão de divindade era demais. Foi por isso que rejeitaram Jesus e o levaram à morte, acusando-o de blasfêmia (Mt 26.64,65). Com a declaração de fé proferida por Pedro, Jesus anuncia a sua notável criação (Mt 16.17-19).

I – Valoriza suas Raízes A igreja foi edificada sobre a

Rocha, a pedra que os edificadores rejeitaram, a pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (Rm 9.33). Jamais a rocha poderia ser Pedro, porque quem n’Ele crê não será confundido. Essa é uma atribuição exclusivamente de Jesus. É bom frisar que no original encontramos um jogo de palavras sobre o assunto: Pedro é petros e rocha é petra. O rochedo – petra é diferente de petros, pedra solta. Daí, a palavra de Jesus em Mt 16.18 “Tu és Pedro (petros) e sobre esta pedra (Petra-Rocha) edificarei a minha igreja...” significa que a igreja foi edificada sobre esta Rocha de verdade revelada, ou seja, a verdade que o apóstolo Pedro tinha proclamado de que o Messias era Divino, uma rocha imutável sobre a qual a sua igreja estaria segura, onde nem a morte, a destruição ou as forças que se opõem a Cristo e ao seu Reino terão êxito.

A igreja não é produto do acaso, suas raízes estão firmadas em Jesus (Ef 2. 18-22). Recebemos um legado dos nossos antepassados, que deve ser trabalhado e ampliado para ser transmitido às próximas gerações. A igreja tem história, expressa o comprometimento de servos e servas do Senhor que cooperam no evangelho, que amparam a muitos e até arriscam suas vidas (Rm 16.1-4), pois os salvos são frutos para Cristo (Rm 16.5). Como igreja, temos

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lembranças, registros históricos em nossa memória e a certeza de que o nosso Salvador é Deus Eterno (Hb 13.8), que age, comanda e preserva os seus (Jo 10.7-18) e de suas mãos ninguém conseguirá arrebatá-los (Jo 6.37). Isso traz segurança para a comunidade dos santos!

A igreja precisa de equilíbrio para agregar em si os mais novos com o seu vigor, entusiasmo e alegria, mas também os mais antigos na fé, com os seus hábitos e com a sua estrutura de vida definida. A expectativa e o encanto pelo novo precisam se aliar à experiência e às raízes para que haja progresso do todo e alegria contagiante. Daí, a necessidade de uma tradição aberta e não de um tradicionalismo míope. Uma tradição criativa que não invalide a Palavra de Deus (Mt 15.6), nem acorrente a consciência humana (Cl 2.8), mas que transporte em si a herança. Esta se abre para o novo, dialogando e construindo possibilidades que edifiquem e promovam unidade (Ef 4.16), tendo em mente que não dá para progredir como igreja sem buscar herança, sem ter memória, sem agir com prudência e sem orientar sua vida na perspectiva de um legado saudável e construtivo.

II – Investe no presente com olhos no futuro

A igreja é uma célula viva onde as pessoas são lapidadas, assim como

o fogo contribui para que a pedra bruta seja transformada numa joia preciosa. É na igreja que descobrimos e preparamos os valores para o reino de Deus.

Precisamos alcançar as pessoas com a graça de Cristo, desafiá-las à fé, cuidar delas, para que elas vejam o amor de Deus em ação, que é o antídoto para a obra do diabo, que veio para matar, roubar e destruir (Jo 10.10). As chaves do reino dos céus mostram a relevância da igreja e apontam para a sua autoridade, vista primeiro em Atos 2, quando as portas do Reino foram abertas aos judeus e prosélitos, depois Atos 10, quando foram abertas aos gentios, na casa de Cornélio, sendo destruída a barreira da separação, para que todos fossem um em Cristo (Ef 2.13-16). Como Corpo de Cristo e expressão do Reino, a igreja tem uma perspectiva: trabalhar no tempo para a eternidade, instruir sobre a vida no céu e ensinar aos salvos que eles são pedras vivas, edificados como casa espiritual, povo de propriedade exclusiva de Deus (1Pe 2.5,9).

Não dá para a igreja chegar atrasada nas pessoas. O que queremos que elas sejam amanhã, devemos trabalhar agora, apontando para Jesus, que opera mudança integral (1Pe 1.14-23).

III – É abrigo para os exilados da féA vida neste mundo é um duro

desafio (Jo 16.33b), a vida cristã é

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Segunda

Leitu

ras

Diár

ias Terça

QuartaQuintaSextaSábadoDomingo

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um desafio maior. Passamos por lutas, provações, tempestades, incompreensões e sofrimentos diversos. Os filhos de Deus nunca tiveram vida fácil (2Tm 4.9-18; Mt 5.10-12).

Como tem atraído pessoas a pregação que ensina dar ordens a Deus, determinar o que se deseja, que filho de Rei não pode ser pobre, que sofrimento é falta de fé ou obra do Diabo, que o salvo é cabeça e não cauda, que se deve brigar com Deus, dizer que não aceita e determinar a vitória! Essa é uma postura de aparente fé, mas na realidade, de total ignorância, é distúrbio quanto à fé. O evangelho bíblico diz que nós somos servos (Mt 20.25-27), que o nosso tesouro é incorruptível nos céus (Lc 12.34). Isso não quer dizer que é proibido progredir ou adquirir bens; o que não se deve é colocar neles o coração (Mt 6.21). Os salvos pertencem ao Senhor e jamais serão separados do seu amor (Rm 8.35-39). Não se trata de cabeça ou cauda. Somos Corpo de Cristo e herdeiros de Deus (Rm 8.17). Não precisamos determinar vitória, como se de nós mesmos pudéssemos coisa alguma; a nossa vitória está garantida em Cristo (1Co 15.57). O cristianismo de autoajuda, de barganhas com Deus e de promessas mirabolantes tem exilado muitos na fé. São aqueles que dão tudo, que aguardam tudo, que estão felizes com Cristo pelo que Ele pode oferecer e

não, propriamente, pelo que Ele é. Quando passa a empolgação e não contemplam as coisas acontecendo conforme prometidas, distanciam-se, desiludem-se e se revoltam contra Deus e tornam-se inimigos da igreja, exilando-se dela.

Para pensar e agirNão basta pertencer a uma igreja

local, é preciso comprometer-se com Cristo e com a sua Palavra. O evangelho bíblico tem conteúdo imutável, é resistente ao tempo e atua como paradigma da vida cristã.

Dá para ser igreja sem doutrina, sem herança, sem legado e sem bases teológicas?

O evangelho não é para dar suporte às ideias dos estudiosos, mas todos que o examinam, devem se submeter ao seu conteúdo revelacional.

Fugir do Evangelho Bíblico é prestar um desserviço ao Reino, é formar adeptos e não servos, é promover distúrbio espiritual nas pessoas, é viabilizar que elas se tornem exiladas da fé e da igreja.

Mateus 18.15-17Atos 2.37-47Atos 17.1-13Gálatas 1.6-12Colossenses 2.4-231Tessalonicenses 1.5-10Atos 19.31

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Data do Estudo

Licao

Introdução

Apocalipse é revelação de nosso Senhor Jesus Cristo ao seu povo, que sofria nas mãos dos

agressores da fé; mostra as vitórias reservadas aos que fossem fieis até que se lhes pedissem a vida (Ap 2.10). Para melhor compreensão do seu conteúdo, apresenta os fatos do passado, “as coisas que tens visto” (Ap 1.19), do presente “as que são”,

Texto Bíblico: Apocalipse 2.1-72

Uma igreja em sintonia com o primeiro amor

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condições vivenciais nas igrejas cristãs da Ásia Menor, e do futuro, “as coisas que hão de vir”.

A igreja de Éfeso evidencia que aquele cristianismo bonito, cordial e empolgante do primeiro século estava em declínio, com o abandono do seu primeiro amor (Ap 2.4). A influência era grande e negativa nesta cidade portuária, metrópole agitada, que por ser a porta de entrada da Ásia, o principal acesso a Roma, recebia gente de todos os lados, inclusive da Itália e de Corinto. Éfeso chegou a ser chamada de a Rota dos Mártires, pois no início do segundo século, por lá, de navio, passavam os cristãos que eram levados para entretenimentos, escárnio e para alimentar leões na arena de Roma. Conquanto fosse chamada de a luz da Ásia, com o templo de Ártemis, considerado uma das sete maravilhas do Mundo Antigo, era uma cidade mergulhada na superstição e no paganismo, vivendo longe da gloriosa luz do evangelho (Jo 8.12). Paulo, o apóstolo, teve uma atuação missionária mais ampla nesta cidade do que em outra (At 20.31). Aqui, orientais e ocidentais se encontravam, viam-se gregos, romanos e asiáticos por todos os lados, e grande foi o número de convertidos (At 19.10). Essa igreja tornou-se expressiva, zelosa, ortodoxa, mas negligenciou no amor.

I – O empenho humano não bastaNossas obras são insuficientes para

estabilizar a igreja (Ap 2.2,3,6), apesar de necessárias para o progresso do Reino. Nossas ações não têm valor por si mesmas, sem o respaldo divino (Jo 15.5), o agasalho do Espírito.

João diz que conhecia a firmeza da igreja, o seu trabalho, a sua ortodoxia (centralização na verdade comprovada, resistente ao tempo e às averiguações) e o seu zelo, mas isso foi insuficiente para que ela só recebesse elogios. Foi criticada porque falhou na forma de fazer as coisas, na prática do amor. O Senhor não se distrai na análise de nossas ações. No v. 2 encontramos: “Eu sei”. É motivação e conforto a certeza de que Ele está perto (Fp 4.5) e nos conhece de forma total e correta. Esta igreja foi elogiada por seu trabalho, labuta que absorve toda a energia do ser. Pois é nesse contexto que se encaixa a paciência, “persistência imperturbável”, que não se desespera diante de sofrimentos, privações e perdas, mas coloca-as no trono de graça de Jesus, glorificando o seu nome, com os olhos n’Ele firmados (Hb 12.1,2), voltado para as coisas do alto e certo de que está escondido com Cristo em Deus (Cl 3.1-3).

As obras dessa igreja eram conhecidas: trabalho árduo, persistência, discernimento espiritual, zelo ao repreender os que desrespeitavam o sacrifício do

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Calvário, não aliviava para os falsos apóstolos (2Co 11.13-15; 1Jo 4.1-3), não era conivente com o pecado, cuidava da disciplina, por não suportar os maus (Ap 2.2), seus obreiros eram incansáveis, viviam de acordo com a verdade e nenhuma heresia tinha vantagens por lá (Ap 2.6).

Ah! Se ainda hoje todo o povo pudesse proclamar: “Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem?! (Sl 139.21a). Com certeza, todos gostaríamos de pertencer a uma igreja assim: crentes que trabalham com entusiasmo, zelam pela vida reta e defendem a sã doutrina. Só que essa não era uma igreja perfeita, apesar de ter feito tudo muito bonito, não convenceu o Senhor, pois faltou o mais importante (1Co 13.1-3).

II – O amor como motivador das ações

O Senhor viu algo errado na igreja de Éfeso, embora fosse zelosa, perseverante na verdade e ortodoxa (firme nas doutrinas centrais da fé). Ela havia abandonado o seu primeiro amor (qualidade sem a qual todas as outras se tornam sem sentido) e deixado de lado as primeiras obras. Faltou a devoção, o fazer não somente pela obrigação e a postura de realizar tudo por amor a Deus e ao próximo. Éfeso tinha obras, mas não obras de fé; trabalho, mas não trabalho de amor; paciência, mas não paciência de amor. É o oposto daquilo que Paulo

fala como sucesso do evangelho em Tessalônica (1Ts 1.2,3). É possível envolver-se com a obra e não com o Senhor da obra, ter ações virtuosas, mas destituídas de espiritualidade e ser trabalhador da lavoura de Jesus Cristo, motivado pelo que perece e não pelo que permanece para a vida eterna (Jo 6.26,27). No princípio, Paulo orou para que os efésios conhecessem o verdadeiro amor (Ef 3.17-19; 6.23) e eles tiveram amor pelos santos (Ef 1.15), mas com o passar do tempo, esse amor havia desaparecido.

Como igreja de Jesus, precisamos crescer no amor vertical (Jo 14.15,21,23), aquele direcionado para o aprofundamento do relacionamento com Deus; desenvolver o amor na comunidade cristã, entre irmãos (Jo 13.34,35), que nos faz cuidar e zelar uns pelos outros, com fé e amor sacrificial (Jo 15.13), pois somos produtos da graça, propriedade exclusiva do Pai (Êx 19.5; Lv 20.26; Tt 2.14; 1Pe 2.9,10); e cultivar o amor pelos de fora, capaz de abrir mão de comodidades (Jo 20.21) para levar a mensagem salvadora, que traz de volta, reconciliando com Deus.

III – Confrontar para mudarA igreja recebeu elogios, agora

repreensão (Ap 2.5). O Senhor não estava satisfeito só porque o passado foi produtivo, Ele a confrontava com o pecado e com a necessidade de

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arrependimento para que o presente e o futuro fossem frutíferos: uma igreja sem manchas e inculpável (Ef 5.25-27).

No confronto, concluímos que toda queda produz abatimento de alma, lembrança dos motivadores de tal realidade e das bênçãos espirituais do passado. Assim como devem ser feitas as projeções para o futuro, o confronto é em amor, de forma objetiva, para corrigir e restaurar, sem omitir as consequências da desobediência (Ap 2.5). Quais atitudes deveriam ser tomadas? “Lembra-te, pois donde caíste”, ou seja, reflita sobre o que aconteceu, não se deixe levar pelas circunstâncias que promoveram o esfriamento do amor; arrependa-se, mude sua mente e atitude, sua forma de pensar, de agir e pratique as primeiras obras, ou seja, creia e obedeça como antes. É o arrependimento que se manifesta em realizações diferentes.

O desafio da igreja na atualidade é confrontar suas ações com a Palavra de Deus, tendo atitudes dignas do Senhor (Cl 1.10), com ouvidos aguçados para ouvir (Ap 2.7a), sendo praticante da Palavra (Tg 1.22) e retornando às atitudes do primeiro amor.

Para pensar e agirA igreja está firmada em Cristo,

n’Ele está assegurada a sua caminhada em triunfo e em vitória, por mais que seja minado o terreno e expressivos os ataques.

O que fazemos é importante; não menos valiosa é a forma e a intenção.

Caracteriza falta de amor deixar de investir em pessoas, para investir em coisas, valorizar mais a forma do que a essência, aplicar disciplina como punição e não usar de compaixão na defesa ou na aplicação da verdade.

Por que será que com o passar dos anos muitos perdem a empolgação, o ardor e esfriam na fé?

Por que será que dentro do Exército de Deus há “fogo amigo” (quando pessoas do mesmo exército abatem por engano os seus companheiros) na trincheira? Somos soldados de um mesmo comandante, e estamos lutando a mesma luta.

A igreja sintonizada com o primeiro amor se alegra com a vitória, não importa quem esteja na linha de frente. É consciente da promessa ao vencedor, de comer da árvore da vida que está no meio do Paraíso de Deus (Ap 2.7b), onde os salvos por Cristo desfrutarão de tudo que a vida futura tem a oferecer.

O que a igreja faz no Reino precisa expressar amor a Deus e ao próximo (1Co 13.2).

Mateus 6.1-15Marcos 7.1-23Mateus 7.1-12Romanos 12.9-211João 3.16-24Romanos 14.1-231Coríntios 13.1-13

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pelas regiões do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, reconhecidos como eleitos segundo a presciência de Deus, em santificação do Espírito, para a obediência (1Pe 1.1,2)

Introdução

A 1ª Epístola de Pedro foi endereçada aos membros da igreja cristã, e chamados de

estrangeiros, que haviam sido dispersos

Data do Estudo

LicaoTexto Bíblico: 1Pedro 1.13-25

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Uma igreja que cultiva a santidade

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A santidade ornamenta a natureza de Deus, é uma de suas características, faz parte da essência da perfeição divina. Sendo um dos seus atributos comunicados a nós, criados à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Desenvolver uma vida de santidade está intimamente ligado aos que foram selados para o Dia da Redenção (Ef 4.30), que lavaram as suas vestiduras no sangue do Cordeiro (Ap 7.14) e que foram justificados por Jesus (Rm 8.33). A santificação deve ser marca visível na vida da igreja de Cristo em peregrinação (Jo 17.15-17), pois sem ela ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). É diante da sociedade, com seus defeitos, insinuações, influências e perversidades que os santos de Deus precisam mostrar diferença (Hb 13.12). Ser santo enclausurado, trancado a sete chaves, não é tão difícil; complicado é estar no meio da massa, sendo fermento (Gl 5. 9) e sal (Mt 5.13) da parte de Deus.

Santidade é mais do que cumprir regras, ser maleável aos padrões comportamentais, afinado aos aspectos culturais socialmente aceitos e abster-se de determinadas práticas. Ser santo, à luz da Palavra, é ser separado por Deus e para Deus, e isso não é resultado do que estamos fazendo, mas do que Cristo fez.

I – Submete-se ao padrão de DeusA santificação é obra de Deus

Pai, garantida pela morte redentora

de Jesus e instrumentalizada pelo trabalho do Espírito Santo, que inclui processo e resultado de sua operação, purificação do mal moral e ajuste da pessoa à vontade de Deus, pois seu propósito eterno é que o homem seja como Ele (Ef 1.4).

O padrão de Deus está revelado em sua Palavra, é plenitude de vida para os salvos com uma viva esperança na herança incorruptível (1Pe 1.4), sendo disciplinados em sua maneira de viver (1Pe 1.13), obedecendo às suas ordens, desviando-se do mal e amando a sua vinda (2Tm 4.8).

Na dinâmica do tempo, passamos por crises, incertezas, privações e provações (Tg 1.2,12,13) que incomodam o nosso ser, mas não possuem poder para tirar nossos olhos do alvo (Hb 12.1,2) nem para nos seduzir à velha vida. É preciso serenidade, obediência, esperar na graça e suplantar as paixões do tempo da ignorância (1Pe 1.13,14), tendo caráter e conduta compatíveis com a fé em Cristo, pois fomos gerados de novo (1Pe 1.23) e nos tornamos participantes da natureza do Pai, que expressa a santidade e nos desafia a ela (Mt 5.48), a viver diferente diante de Deus e dos homens. Deus é modelo de santidade (1Jo 2.6) e sua santidade é motivadora de uma vida santa (1Pe 1.15, 16). Os salvos têm consciência que são propriedade exclusiva de Deus, seus filhos amados, que precisam evidenciar um caráter semelhante ao d’Ele (2Co

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3.17,18). Sendo assim, a santidade não é alcançada pela realização de sacrifícios, pela obediência aos regulamentos da religião, pelo mero desejo de querer ser santo nem pela dedicação à causa do Mestre, mas pelo compartilhar da santidade de Deus por meio de Cristo (Hb 12.10; 1Jo 1.7), que permite nos apropriarmos de suas promessas, nos fazendo participantes da natureza divina (2Pe 1.3,4).

II – Valoriza o sacrifício do Calvário

Por meio de Cristo recobramos a consciência de pecado e não o desejamos como integrante de nossas ações. Buscar a vontade do Senhor torna-se algo natural na vida do salvo.

A obra do Calvário transmite valores eternos (1Pe 1.7), suplanta a rudimentar e equivocada ideia de salvação pelas obras (Ef 2.8,9), a rotina de rituais e a idolatria (Ap 2.14,20). Esse sacrifício expressa o amor de Deus (1Pe 1.17-21) e nos projeta para um relacionamento íntimo com Ele, alterando o comportamento e a prática de vida.

Santificação é crescimento espiritual a ser alcançado gradativamente (Fp 3.13,14), pois vivemos pela fé em Cristo, alimentados pela viva esperança e manifestação da glória de Jesus (Tt 2.13), avançando até o momento de deixar a matéria e morar para sempre com o Senhor

(2Co 5.4-7). Ao identificar a grandeza da obra de Cristo e sua intensidade na vida daquele que crê, percebe-se o sentimento nobre de gratidão, do apego ao que é espiritual e do reconhecimento da santidade do nome do Senhor. Essa percepção mostra temor e reverência a Deus (1Pe 1.17), trazendo limites para a vida, suas escolhas e decisões. A santidade também motiva uma caminhada cristã com mais devoção, piedade, compaixão, evidenciando o fruto do Espírito (Gl 5.22) e agindo na terra de forma mais parecida com o céu.

A santidade permite nos relacionar com o mundo, mas sem copiar seus padrões, sem que os olhos se encantem com suas propostas e sem que o coração fique inclinado para as coisas da carne (Rm 8.4,5,9), desejos incompatíveis com os ideais divinos. A santificação é motivada pelo Espírito, que nos guia para fazermos tudo para a glória de Jesus (Jo 16.14).

III – Evidencia filiação espiritualOs salvos estão firmados em

Jesus, foram gerados de semente incorruptível, mediante a Palavra de Deus (1Pe 1.23), seus anseios são espirituais e suas ações compatíveis com a sua filiação celestial.

A santidade faz com que a nossa prática de vida mostre de Deus, ou seja, ações que refletem a sua presença. Conquanto sejamos marcados pela transitoriedade, temos

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um referencial eterno (1Pe 1.24,25), que é lâmpada para os pés e luz para o caminho (Sl 119.105).

A palavra revela Cristo (Jo 1.1,14; 1Jo 1.1-4) e nele estamos fundamentados e arraigados em amor (Ef 3.17), para superarmos deficiências e fragilidades, sendo dependentes, subordinando-lhe projetos, realizações e vivendo de maneira afinada com o evangelho.

A santidade envolve obediência à verdade (1Pe 1.22), purificação do coração e aplicação adequada da disciplina. Quando essas coisas acontecem, a igreja tem respaldo humano e divino para avançar. Purificação é superar-se de tudo que é indigno, e começa quando alguém se submete a Cristo e suas exigências, tendo o Espírito Santo em seu ser (At 15.8,9). O resultado do coração puro é o amor fraternal não fingido, ausência de falsidade e de hipocrisia no relacionamento. A disciplina mantém a pureza da igreja (1Co 5.6-8) e evita certos distúrbios espirituais e morais. Abrir mão da disciplina é perder o respeito dos de fora e dos de dentro. Sua prática reprime os vícios, impede que outros caiam em pecado (1Tm 5.20) e cultiva as virtudes cristãs. É arma contra a santidade abster-se da disciplina ou aplicá-la com severidade, como expressão de punição. A recomendação de Deus é que todas as coisas sejam exercidas em amor (1Co 16.14) e aquele que admoesta, confronta com o ato de

corrigir e encaminha os que caíram em alguma ofensa, deve fazê-lo de forma espiritual (Gl 6.1-3)

Para pensar e agirSantidade não é perfeição, mas é

tê-la como alvo, é participação na intimidade de Deus e viver segundo o seu padrão.

A essência da santidade não está na moralidade humana, mas nos méritos do Calvário, conquanto tenhamos consciência que uma vida debaixo do senhorio de Cristo realiza em seu cotidiano ações coerentes, dignas e concretas na dinâmica do Reino.

A prática de vida do salvo se desenvolve em conformidade com o caráter de Deus, em inconformidade com o mundo (Rm 12.2) e produzindo coisas que acompanham a salvação (Hb 6.9), pois uma pessoa santificada preocupa-se em viver de forma reta e digna do Senhor (Cl 1.10).

Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Seu propósito foi nobre, criar filhos semelhantes a Ele, e mesmo com toda a oposição do diabo esse intento será cumprido.

Romanos 6.1-221João 2.3-81Tessalonicenses 3.9-131Tessalonicenses 4.1-9Hebreus 12.3-14Colossenses 3.1-17João 17.13-20

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Data do Estudo

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Introdução

Paulo recebe de Epafras, pastor de Colossos (Cl 1.7; 4.12,13), informações quanto ao

surgimento de correntes teológicas ameaçadoras da saúde espiritual das igrejas organizadas na província romana da Ásia, novo centro de divulgação do cristianismo. Era o gnosticismo, do grego gnosis, conhecimento, usado para designar

um corpo de ensino herético que se alastrou e foi combatido nos séculos iniciais da igreja. Essas correntes acreditavam que o mundo criado era mau e encontrava-se separado do mundo do espírito, e existia em oposição a ele; nesse mundo espiritual, o Deus majestoso e supremo habita em esplendor inacessível, sem se relacionar com o mundo material. Esta falsa filosofia

Texto Bíblico: Texto: Colossenses 2.1-234

Uma igreja que investe na espiritualidade sem se desviar para o fanatismo

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era inimiga ferrenha de Cristo e da sua igreja.

Os ensinos aqui ministrados esclarecem que a melhor forma de combater a heresia não é guerrear contra os hereges, mas desafiar e motivar os santos de Deus a viverem a fé, a construírem uma espiritualidade saudável, levantando a bandeira do evangelho e vivendo de modo digno de Cristo (Cl 1.10), que é a imagem de Deus (Hb 1.2,3) e tudo em todos (Cl 3.11).

I –Desenvolve a espiritualidadeEssa construção ou prática da

espiritualidade está intimamente ligada à consciência de Deus (Cl 2.2), do pecado (Cl 2.8), da confissão (Sl 32.6; 1Jo 1.9; Tg 5.16), do autoexame (2Co 13.5) e da palavra, andar de acordo com o que recebeu de Cristo (Cl 2.6). A igreja milita no campo da fé, visando desenvolver no ser humano a espiritualidade, motivando-o a responder ao agir de Deus na História, a ter contato com seu criador e com Ele cultivar um relacionamento perceptível por meio de transformações concretas em sua vida (Ef 4.17,18). Como promotora da espiritualidade ao longo dos tempos, a igreja sofre ataques frontais do inimigo, que sutilmente tenta introduzir filosofias e vãs sutilezas, com o objetivo de afastá-la de sua missão e dos interesses do Reino. A espiritualidade pode ser

extremamente nociva se não vivida equilibradamente nos fundamentos de Cristo (Ef 2.20; 2Tm 2.19), se desconectada da fé (Hb 11.6) e sem conhecimento de Deus: sua natureza e atributos (Rm 1.19-21).

A igreja de hoje precisa estar ancorada em Cristo, em quem estão contidos todos os tesouros divinos da sabedoria e da ciência (Cl 2.3), naquele que é caminho para o perdão, para a santificação e para o conhecimento espiritual, única fonte de poder. Por isso, os métodos gnósticos para alcançar conhecimento, por meio de mera especulação humana e sem Cristo, eram falsas. Além do exposto, a igreja precisa viver uma fé genuína e gerar cristãos, pela obra da redenção (Ef 1.7; Hb 9.12), que sejam equilibrados em meio a um mundo em desequilíbrio, cristãos centrados, maduros e com consciência crítica e não massa de manobra, levados por todo vento de doutrina (Ef 4.14); cristãos que anseiem pelo céu, mas que exerçam bem a sua cidadania terrena, que não naufraguem frente às adversidades (Sl 27.5), cristãos flexíveis, sintonizados com o tempo, mas firmes e constantes em suas ações (1Co 15.58).

II – Visão focada na verdadeNão existe espiritualidade com

ausência de lucidez quanto à verdade. Jesus disse que o conhecimento da verdade esclarece, tira a miopia

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espiritual e liberta (Jo 8.32,36). O entendimento traz luz, inibe a manipulação e projeta para além da mediocridade. O Dr. Martin Loyd Jones lecionou que a igreja anterior à Reforma Protestante do século XVI estava moribunda e sonolenta debaixo da filosofia escolástica (uma linha dentro da Filosofia da Idade Média, que tentava harmonizar a fé e a razão) que ostentava grande destreza e perspicácia intelectual e crítica. Entretanto, tudo estava nas nuvens e era tratado com vagos conceitos e generalidades, enquanto o povo era mantido na mais completa ignorância. Espiritualidade sem visão focada na verdade, no aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.12) não passa de retrocesso espiritual, um campo aberto para a proliferação do fanatismo, das crendices e das superstições.

Focados na verdade, agimos regidos pelo Senhor e iluminados pelo Espírito, aprendemos a escolher o que convém, que terá primazia sobre o que queremos (1Co 6.12) e a praticar os ensinos de Cristo: onde o menor é o maior (Mt 18.1-3); o que se humilha é exaltado (Lc 18.14); o perseguido é feliz (Mt 5.11); o que chora é consolado (Mt 5.4); quem é ferido em uma face, oferece a outra (Mt 5.39); anda a segunda milha (Mt 5.41); deixa a capa (Mt 5.40); ama o inimigo (Mt 5.44); ora pelo que o persegue (Mt 5.44b); o ofendido procura o ofensor para ganhá-lo (Mt 18.15,16);

o temperamento é controlado pelo Espírito; o mal cede espaço ao bem; a vingança ao perdão; a guerra à paz; a intolerância ao amor; e a fraqueza, à graça que fortalece. Essa prática reflete uma espiritualidade sadia, seguindo os padrões de Deus e jamais se desviará para as evidências de práticas equivocadas.

III – Foge do supérfluo e da superficialidade

A vida cristã não pode ser centrada em sentimentos e emoções, mas na Palavra, para não ser oscilante, vulnerável e superficial. A Palavra traduz a essência de Deus, é a base para prevalecer sobre toda a sutileza. O apóstolo combateu o ascetismo (moral que desvaloriza os aspectos corpóreos e sensíveis do homem) ensinando que Cristo liberta dos tabus; que castigar o corpo praticando autoflagelo tendo uma religião de fachada, sem mudança no íntimo, não combate os desejos da carne nem traz vigor espiritual (Cl 2.20-23). Não há como alcançar a moralidade sem estar unido a Cristo. Ele é a essência da revelação, padrão e motivador para a conduta ética.

Escrevendo aos gálatas, o mesmo apóstolo deixou claro que eles estavam recuando, admitindo volta à lei, porque foram superficiais na compreensão da mensagem do evangelho (Gl 1.6-8). O conhecimento da essência da verdade eterna

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Gálatas 5.13-25Hebreus 3.1-61Coríntios 2.1-5Atos 4.8-201Pedro 2.1-51Coríntios 10.1-13Colossenses 1.9-23

proporciona embasamento na fé, impede os desatinos da natureza carnal (Gl 5.19-21) e dá segurança para resistir aos propagadores de falsas mensagens (Gl 1.9; Cl 2.8; 2Ts 2. 2) e a tudo o mais que se opõe a Deus.

Quem deseja viver firmado em Cristo precisa crescer n’Ele (2Pe 3.18), pois nos resgatou dos princípios elementares do mundo para adoção de filhos (Gl 4.3,4). Agora que o conhecemos e d’Ele somos conhecidos não dá para retroceder (Gl 4.9), nem viver de forma leviana ou dissoluta (Lc 15.13), agindo como infantil, necessitando ser conduzido pela mão e incapaz de digerir alimento sólido (Hb 5.12). O conhecimento traz zelo de Deus e entendimento (Rm 10.2), viabiliza um aperfeiçoamento continuado (Hb 6.1), subtraindo o supérfluo e o superficial.

A espiritualidade, quando desenvolvida sobre bases superficiais, abre caminhos que conduzem ao fanatismo, ao misticismo e a toda a sorte de distúrbios na prática cristã. Espiritualidade estável, firmada na essência, que reflete a profundidade do evangelho, alimenta-se da devoção cotidiana e da pregação da Palavra, que tem como finalidade edificar os salvos, “confortar os perturbados e perturbar os confortáveis”, para que não se tornem reféns das circunstâncias, boas ou más. É o poder da Palavra que desfaz a dureza petrificada de corações racionalizados,

obstinados e indiferentes, tornando-os sensíveis a Deus (Ez 36.26,27).

Para pensar e agirReligiosidade é a mesma coisa que

espiritualidade? Esta se relaciona apenas com o culto ou com os demais assuntos da vida?

O espiritual precisa ser desenvolvido na verdade. A pregação, o culto e as ações no Reino devem acontecer refletindo a verdade revelada. Não dá para levar a “verdade” por um caminho mentiroso ou apresentar um conteúdo certo de forma errada. A Bíblia diz que não é suficiente abster-se do mal, mas também da aparência dele (1Ts 5.22). Espiritualidade sem foco na Bíblia é veneno para a fé cristã, assim como a espiritualidade fruto da superficialidade não produz edificação nem resultados espirituais.

O superficial anda na periferia do evangelho, tem uma fé rasa e sua prática é equivocada, pois não reflete a essência do conteúdo divino. O espiritual descobre o valor das coisas, busca a essência, enquanto o superficial contenta-se com o aparente, ficando sempre aquém.

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Data do Estudo

LicaoData do Estudo

Licao

progresso traz as suas consequências. Negociantes, vagabundos, caçadores de dotes e os que buscavam prazer foram atraídos para lá. É nesta cidade que o apóstolo Paulo desenvolve uma campanha missionária nas casas, mostrando a graça de Cristo como suficiente para alterar qualquer

Introdução

A cidade de Corinto era próspera, para ela convergia um grande volume de tráfego por terra e

pelo mar. Suas naturais instalações portuárias e sua localização estratégica fizeram dela um importante centro de navegação. Como sempre, o

Texto Bíblico: 1Coríntios 1.10-175

Uma igreja que corrige as suas expressões de imaturidade

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realidade e trazer diferença para o tecido social. Mas para isso o apóstolo enfrentou muitas lutas. Bateu de frente com o pensamento grego como fez em Atenas, só que aqui “o intelecto grego não era dedicado à ciência, eloquência ou literatura... mas era dado à luxúria aberta e efeminada”. O edifício mais destacado de Corinto era o templo de Vênus, que representava o gosto e o caráter de seus habitantes. Esta era uma das mais luxuriantes, ostentadoras e dissolutas cidades de então. Era lugar de imoralidade e de práticas licenciosas, estimuladas pelo culto a Afrodite, com as muitas prostitutas do templo. A depravação era tão expressiva que o nome da cidade passou a fazer parte do vocabulário da língua grega, pois a palavra “corintianizar” significava agir de forma leviana. É nesse contexto que o evangelho entra, para mostrar que o corpo é o templo do Espírito (1Co 6.19,20), que não se deve nutrir os hábitos da volúpia, que as práticas pagãs e indecentes precisam ficar para trás (Cl 3.5-7), que a graça salvadora de Cristo propicia mudança interna e externa da vida (Ef 4.22-30) e que toda a imaturidade precisa ser superada pelo poder de Deus atuando na vida humana.

I – Trabalhando a unidade da féQualquer expressão de imaturidade

recebe o tratamento adequado com o ensino, com as devidas admoestações

e encaminhamentos espirituais (Gl 6.1-3). Trabalhar o ser humano, dando-lhe suporte para crescer na graça e no conhecimento (2Pe 3.18), para superar suas fragilidades e para desenvolver uma convivência saudável como família espiritual é projeto que demanda ação do Espírito Santo e atuação pastoral eficaz. “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentindo e em um mesmo parecer” (1Co 1.10). Unidade não é uniformidade, esta é utopia, aquela é comungar dos mesmos ideais, tendo similaridade de sonhos, compartilhando dos mesmos anseios. A unidade aproxima pensamento e ação. A unidade do Espírito é fruto eminentemente da graça (Ef 1.7-10,13,14; 2.8-10; Rm 8.15), que nos retorna a Deus, quebrando as barreiras da inimizade e ligando-nos aos céus (Ef 2.15,16). A unidade da fé é parceria que envolve a graça e o púlpito, em que o povo é trabalhado e instruído, recebendo aperfeiçoamento para o exercício do seu ministério (Ef 4.12-15). Por intermédio do púlpito, o rebanho aprende a ter a mesma linha de compreensão das verdades de Deus; com palavras diferentes fala da mesma essência, demonstrando coerência em suas convicções de fé. Conquanto os salvos sejam distintos e únicos, vivem harmonizados, submissos ao senhorio

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de Jesus e dotados de maturidade, o que não deixa espaço para brigar em nome da fé, que não se deixam levar pelas sutilezas de falsos mestres (Cl 2.4-8) nem sendo inconstantes ou vulneráveis pelos ventos de doutrina (Ef 4.14).

II – Trabalhando as preferências para que elas não sufoquem a razão

No cotidiano da igreja, os partidarismos ou preferências, as dissensões, a disputa pelo poder, a corrida desenfreada para ser importante e estar acima dos outros (Fp 2.3) são sinais de imaturidade cristã.

Lendo 1Coríntios 1.12-16, entendemos que as preferências não devem sufocar a razão nem causar prejuízos à harmonia do corpo de Cristo. Nesses versículos o apóstolo ensina que as divisões na igreja eram uma associação carnal aos nomes de líderes, não que eles estivessem em litígio, mas o desacordo estava na mente e no coração das pessoas, quando insistiam na autoridade de um líder sobre o outro. O grupo de Paulo possivelmente fosse de pessoas simples e sinceras, aquelas que começaram o trabalho com ele e que desejavam usar essa condição para exigir prioridade sobre a liderança da igreja. O grupo de Apolo, homem eloquente, poderoso nas Escrituras (At 18.24), natural de Alexandria e habilidoso na oratória,

priorizava a parte estética, intelectual e as habilidades humanas. O grupo de Cefas possivelmente fosse de judeus convertidos que defendiam que os cristãos deveriam observar a lei judaica. O grupo de Cristo provavelmente fosse de pessoas que desejavam ter uma maior liberdade ética e religiosa, sem que houvesse autoridade apostólica exercida sobre elas. Erraram feio! Exibiram um espírito faccioso, demonstraram suas preferências, quando deveriam ter lucidez para submeterem-se ao Senhor. Devemos checar nossas preferências, para que elas não firam os princípios eternos, não nos incomodem no futuro nem causem sofrimento ao Reino.

III – Buscando a sabedoria divinaA sabedoria é a “princesa das

virtudes”. Feliz é aquele que a encontra, seu lucro excede ao da prata e, tudo quanto alguém possa desejar não é comparável a ela (Pv 3.13-15), só não dá para ser sábio aos próprios olhos (Is 5.21) nem para dar testemunho de si mesmo (Jo 5.31).

Na Bíblia encontramos duas vertentes da sabedoria: a do homem e a de Deus (Tg 315-17), e é em nossas ações que elas se evidenciam, mostrando a intensidade dos nossos feitos, se vinculados à terra ou aos céus. Precisamos de prudência, discernimento e visão espiritual para desenvolver o ministério cristão de

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1Coríntios 3.1-8Efésios 2.1-7Efésios 2.13-22Efésios 4.17-32Filipenses 1.12-20Colossenses 1.24-291Tessalonicenses 4.1-8

forma mais parecida com Deus. A sabedoria do alto é fruto do temor ao Senhor (Pv 1.7; Sl 111.10), encontra-se à disposição de todos (Tg 1.5) e não está atrelada à bagagem cultural de ninguém; já a sabedoria humana encontra-se alicerçada na “lógica e em bases científicas”.

A sabedoria divina é o exercício do discernimento, a capacidade de perceber o que é mais importante fazer dentro das situações e agir expressando o senhorio de Cristo na vida. É sabedoria que se busca em Deus (Tg 1.5-8), com fé, dependência e desejo de honrá-lo. É pelo Espírito Santo que somos conduzidos nas realizações espirituais, guiados na compreensão da verdade (Jo 14.26;16.13) e que encontramos a chave para todas as coisas. É com sabedoria divina que se trata as expressões de imaturidade (1Co 1.17). Paulo considerava a igreja como um corpo (1Co 12.12-27), que devia funcionar de forma harmoniosa e que não poderia ser despedaçado por nenhuma discussão ou ação carnal. A sabedoria humana não dá respaldo para conhecer a essência divina nem para viver os ideais de Deus. A Bíblia diz que Moisés foi instruído em toda ciência dos egípcios (At 7.22), mas não foi suficiente para liderar aquele grupo de escravos, nem para agir em nome de Deus. Precisou da escola do deserto (At 7.30) para despir-se da grandeza e ter equilíbrio, paciência, mansidão e humildade.

Para pensar e agirA igreja é composta de pessoas

falhas, limitadas e imperfeitas, que em sua peregrinação aprende a enfrentar suas lutas, superar suas crises e celebrar suas vitórias. É com devoção, investimento nos salvos e dependência de Deus que a igreja caminha saudável.

As expressões de imaturidade surgem em decorrência das ações e preferências humanas sobrepondo-se às espirituais. Só os carnais promovem desencontros, desajustes e dissensões na igreja do Senhor, ainda que sob a alegação de defesa de uma boa causa.

Tem como justificar contender em nome de Deus, brigar pela Palavra, matar em nome da fé e pelo zelo religioso expor o evangelho ao escândalo público?

É possível trabalhar maturidade cristã sem púlpito amável e seguro, sem sabedoria divina e sendo afeito às preferências, partidarismos e politicagens?

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Data do Estudo

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Introdução:

A igreja entra nessa guerra consciente de sua vitória (Mt 16.18b). Seu Senhor deu-lhe

a garantia (1Co 15.57). Contudo, a batalha é monumental, pois não lutamos contra a carne e o sangue, mas contra as hostes sobrenaturais da maldade (Ef 6.12). Temos que enfrentar

um mundo que está no maligno (1Jo 5.19), marcado por problemas, desencontros, sofrimentos, violências, conflitos, tragédias, corrupção e crimes ambientais que destroem a natureza, onde as pessoas vivem assustadas, angustiadas e cheias de incertezas. Mas é este o mundo pelo qual Jesus veio e, por ele, deu a sua vida (Jo 3.16).

Texto Bíblico: Efésios 6.10-186

Uma igreja que combate o império das trevas

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A ideia de guerra e campo de batalha aparece nesta segunda parte do capítulo 6 e não em toda a Epístola aos Efésios. Sendo indispensável para combater esse império das trevas, a propagação do evangelho, único capaz de eliminar as guerras entre os homens, promover a paz espiritual (Rm 5.1), viabilizar um ambiente cordial no Corpo de Cristo (Ef 6.1-9) e expandir o domínio de Deus sobre as pessoas, promovendo reconciliação com Ele (2Co 5.17-19).

I – Conhecendo o seu inimigoNossa luta é contra forças crueis

e poderosas que se empenham por agredir a Deus, o seu Reino e a todos quantos foram alcançados e libertos pela graça redentora de Jesus.

Pertencemos a dois mundos: espiritual e material. Daí, sermos atacados por essas forças invisíveis, mas perceptíveis, que ameaçam e promovem grandes males.

Satanás é o estrategista dessa guerra, ele mina o campo de batalha com os explosivos da mentira, da sedução, da ilusão, do desejo desenfreado e do engano. É o grande patrocinador das obras da carne (Gl 5.19-21); age de forma traiçoeira e perspicaz (Lc 4.1-13; Ap 12.9) e faz camuflagens para enganar (At 13.9-11; 2Co 11.3,4; 3Ts 2. 9,10).

Esse poder maligno arrasa a vida humana, escraviza e almeja tê-la como sua contínua morada (Mt 12.43-45),

além de obscurecer o entendimento (Ef 4.18), distanciar de Deus, degradar a vida e procurar devorá-la (1Pe 5.8). O inimigo a ser derrotado, o Diabo e seu exército de forças demoníacas, são ferozes. Na linguagem do apóstolo Paulo devemos nos armar contra os principados, as potestades, os príncipes das trevas, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12; Rm 8.38,39; Cl 1.13).

O Comandante do império das trevas é falível, não possui os atributos da onisciência, onipotência, onipresença e imutabilidade, que são exclusivos de Deus, incomunicáveis a qualquer ser. Mas isso não o torna menos implacável. Ele tem o poder da morte (Hb 2.14), age por intermédio dos seus demônios em todo o lugar, muda suas táticas para alcançar seus planos maléficos, é organizado em suas estratégias para prometer o que não pode cumprir (Lc 4.6), para oprimir (At 10.38), para armar ciladas (Ef 6.11), para atrapalhar a propagação do evangelho e afastar da fé (At 13.4-12). Seu alvo é derrotar o povo de Deus, e para isso ele se articula de todos os meios visando conseguir o seu intento. Só que não ficará impune, sem a sua recompensa (Ap 20.10).

II - Resgatando vidas do poder do pecado

O salário do pecado é a morte e a vida eterna é o dom gratuito de

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Deus, em Cristo (Rm 6.23). Só por meio d’Ele há libertação (Jo 8.32,36), redenção e remissão dos pecados (Cl 1.14; At 26.18). Ele é o meio de resgate, mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5) e viabilizador da promessa da eterna herança (Hb 9.15).

Paulo é enfático ao descrever o estilo de vida de quem se encontra à margem da graça salvadora e vivificadora de Cristo, afirmando que os tais estão mortos nos seus delitos e pecados (Ef 2.1). Isto significa que sem Cristo a humanidade está espiritualmente perdida, separada de Deus, morta, não tendo a percepção de que o verdadeiro sentido da vida suplanta a existência finita do corpo (Gn 3.19; Ec 12.7). É terrível, mas o pecado conduz segundo o curso do mundo, debaixo da influência do inimigo de nossas almas e em desobediência, para servir aos desejos da carne e dos pensamentos corrompidos (Ef 2.2,3).

Para o apóstolo, o poder transformador exercido por Cristo e comunicado à sua igreja sobrepõe-se às forças das trevas e alcança o gênero humano em sua integral dimensão. Pois aprouve a Deus salvar o homem pela loucura da pregação (1Co 1.21).

A pregação do evangelho é plano divino de resgate da vida humana, pois conduz a aceitação de Jesus (Rm 10.8-17), que derruba as barreiras da separação (Ef 2.13-16) e nos submete ao seu jugo suave (Mt 11.29,30). Sendo Ele rico em misericórdia e

movido pelo seu imenso amor, nos ressuscitou para uma novidade de vida, nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo, mostrando a suprema riqueza de sua graça e sua bondade infinita (Ef 2.4-7), destruindo o domínio do pecado (Rm 6.14), por meio do seu sacrifício no Calvário.

III – Usando armadura de DeusO império das trevas é a esfera

onde Satanás “manda” e o pecador vive. É lugar de arbítrio, de impulsos e vontades insaciáveis, onde vale tudo, por ser sem leis, sem ordem, sem respeito, sem amor, sem temor, onde o ladrão vem para cumprir a sua função (Jo 10.10a) e tentar desfazer a criação de Deus. Nesse império, Satanás dá a impressão ao homem de que ele pode fazer o que deseja, mas ai de quem ousar pensar diferente, pois será pressionado com fúria para cair.

Não dá para enfrentar esses inimigos sem comando e munição à altura. A orientação bíblica é que sejamos revestidos de toda a armadura de Deus (Ef 6.11), meio de resistir às ciladas, astúcias ou enganos do diabo. A ideia central aqui é que precisamos de um equipamento divino, completo, pois nosso inimigo é violento, de sorte, que devemos usar tudo que Deus nos disponibiliza para nossa luta defensiva e ofensiva. A armadura transmite a ideia de completude, poder de

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1Coríntios 15.21-26Efésios 1.17-23Colossenses 1.10-14Colossenses 2.12-192 Timóteo 3.1-51João 4.1-6Romanos 1.16-17

Deus que precisa ser uma realidade plena na vida dos seus filhos, para que eles triunfem, vencendo este conflito visível e invisível de planos enganosos e de investidas astuciosas. De acordo com Efésios 6.13-18, o apóstolo dos gentios apresenta uma descrição das armaduras: cinturão da verdade, caráter firme, ilibado e aliado ao entendimento iluminado pelo Espírito; couraça da justiça, vida santa para dar suporte ao enfrentar as críticas e perseguições; escudo da fé, recurso para repreender os ataques do maligno; pés calçados, para desenvolver a trajetória em obediência ao Senhor, levando a preciosa semente; capacete da salvação, para guardar os pensamentos e guiar nos combates, desenvolvendo a vitória que Cristo já concedeu, impedindo que prevaleçam desejos egoístas e pecaminosos; espada do Espírito, para avançar na batalha com a Palavra de Deus na mão, no coração e na mente (Hb 4.12). Sendo a dependência fator primordial para que o manejo da armadura seja exitoso, melhor dizendo, essas armas precisam ser utilizadas em oração.

De nós mesmos não somos capazes, nem alcançaremos absolutamente nada, mas envolvidos pelo poder de Deus, utilizando as suas armaduras somos imbatíveis (Fp 4.13; Ef 1.19; 3.20), enquanto reconhecedores que a glória não será nossa, os méritos não serão nossos nem nos pertence a grandeza da vitória, mas a Jesus, Rei

dos reis e Senhor dos senhores, e nós, por sermos d’Ele, nos alegramos com as conquistas do Reino, pois o poder das trevas só será combatido na força do Senhor.

Para pensar e agirO mundo está no maligno, mas não

pertence a ele (Sl 24.1,2). Como igreja do Senhor, temos um compromisso com este mundo: apresentar a mensagem do evangelho que destrona o pecado e traz o brilho da glória de Deus.

Cada salvo é um carregador de luzeiro (Fp 2.15) e aonde chega a luz de Cristo as trevas são dissipadas (Jo 8.12; 9.5;12.46).

É na Palavra que conhecemos o nosso inimigo, recebemos as instruções para combater na batalha contra o império das trevas e nos vestirmos da armadura de Deus para resgatar vidas, tirando-as do reino das trevas e levando-as para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.13). Como usar a armadura de Deus? A batalha é cruel! O desafio é por um fortalecimento continuado.

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limita à transformação do homem; ela vai além, transformando também a sociedade.

Jesus olhava o homem como um todo, atendendo suas múltiplas necessidades (Mt 9.35). Ele pregava, ensinava e curava, era tratamento completo, atingia corpo, coração e intelecto. Tornou-se procurado, desejado e relevante para o povo,

Introdução

A igreja tem uma grande tarefa: influenciar o meio social. Isso só será possível com a proclamação

do evangelho, com o testemunho dos crentes e com o exercício da compaixão, por intermédio do socorro aos carentes, necessitados e sofredores. É confortador saber que a mensagem do evangelho não se

Texto Bíblico: Atos 2.37-477

Uma igreja com influência na comunidade

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por isso grandes multidões o seguiam (Mt 19.2). A igreja tem a mensagem de Jesus e precisa compartilhá-la também de forma integral para se tornar, de igual modo, relevante na sociedade, influenciando e alterando comportamentos. A igreja que assim procede é vista pela comunidade como necessária, não propriamente por socorrer o ser humano com o trabalho social, mas por transmitir esperança e instrução, promovendo dignidade.

I – Tem resposta para as inquietações

A igreja precisa, com voz profética, marcar presença na sociedade, proclamando com a autoridade que lhe foi conferida pelo Filho de Deus, a mensagem do evangelho, que liberta das trevas do pecado (Mt 4.16,17) e traz salvação, esperança, conforto e ânimo; não se amoldando com a forma existente (Rm 12.2), sendo voz de quem não tem voz, lutando para melhorar a qualidade de vida do povo e não se calando diante das injustiças (Lc 3.4-6) e do pecado praticado por gente simples ou nobres (Lc 3.1-20). A sociedade tem se desumanizado de maneira preocupante, o convívio social tem se mostrado em desajuste com as pessoas, sem rumo, vivendo uma crise de respeitabilidade, de desvalorização da história de vida, em que tudo é transitório, descartável e sem limites, evidenciando tempos trabalhosos de

inversão de valores e da ordem natural das coisas, com homens amantes de si mesmos, obstinados, cruéis e mais amigos dos deleites do que amigos de Deus (2Tm 3.1-5); em que a visão religiosa da sociedade contemporânea tem se mostrado plural, marcada pelo misticismo, pelo modelo oriental de introspecção e quietude como solução para um povo que vive em agitação, pelo esoterismo e magia que dão ênfase ao transcendental e a capacidade mental interior; pelo espiritismo que oferece alívio para a dor pela comunicação com os mortos e reencarnação e pelos grupos religiosos que pregam prosperidade, valorizando em demasia as emoções e as experiências. Por intermédio da mídia, a mensagem de liberar geral tem chegado aos lares, onde tudo é permitido e, fazer diferente é ser retrógrado e desconectado com a modernidade.

É hora de levantar a voz, viver a diferença que o evangelho produz, mostrando o padrão de Deus como alternativa para essa sociedade corrompida (Gn 6.12; Fp 2.15). O que às vezes vemos, são crentes com vergonha de serem diferentes: não se embriagar, não fumar, guardar-se virgem para o casamento, ser fiel ao cônjuge e não se encontrar na roda dos escarnecedores (Sl 1. 1). Só uma mudança espiritual, uma experiência profunda com Jesus permitirá uma nova visão, uma nova postura com ações diferentes, em que a vida tem

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valor por ser dádiva dos céus, a família é respeitada e cuidada por ser ideia de Deus (Gn 2.18,24; 1Tm 5.8), o ser humano, valorizado por ser coroa da criação e o temor, sinalizado nas escolhas e decisões da vida.

II – Faz diferença com o seu exemploA igreja precisa de referência

espiritual, estar centrada na Bíblia. É virtude cristã preservar e vivenciar os ensinos fundamentais de Cristo (At 2.42). Era perceptível o zelo que eles tinham uns pelos outros (At 4.32), quando surgiam as necessidades especiais, algum ou alguns crentes vendiam propriedades e deixavam os resultados das vendas disponíveis para solucionar a emergência. Era um sentimento bonito de temor a Deus e cuidado com os irmãos (At 2.43-45). Não faz parte dos ideais de Cristo para os seus servos a mesquinharia, a exploração alheira e o viver encostado nos outros. A recomendação de Deus é que devemos trabalhar “fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidades” (Ef 4.28) e não sermos pesados a ninguém (1Ts 2.9). Mas se o irmão precisar, é nosso dever cristão socorrê-lo em suas necessidades. É uma agressão à Palavra de Deus agir com indiferença ao sofrimento de alguém, podendo ajudar e não ajudando (Tg 4.17), usar de mentira para ficar bem diante da

opinião pública e praticar a agiotagem (Dt 24.10-13; Sl 15.5; Lc 6.34,35). Aprendemos na Palavra de Deus que não era permitido acrescentar naquilo que emprestavam aos filhos de Israel (Êx 22.25-27), podia haver penhora, desde que obedecesse a regras (Am 2.8) e não executassem de maneira desumana as hipotecas contra os devedores; aos pobres israelitas todos deveriam ajudar, mas sem aplicar usura (Lv 25.35-37).

A comunidade foi influenciada com ações práticas da igreja: valorização da família (1Tm 5.8), proteção e cuidado com os que foram gerados por Jesus (1Pe 1.23), lutar em favor dos desfavorecidos, participar com os outros organismos e entidades em prol da justiça, socorrer e investir nos necessitados, desenvolver qualidade nos relacionamentos e dar atenção respeitosa em obediência aos preceitos divinos (Lc 1.6; 1Co 11.2).

III – Alcançando resultadosA influência dos convertidos em

Jerusalém foi tão expressiva que os de fora reconheciam o seu amor fraternal, percebiam que havia harmonia entre o que eles falavam, criam e viviam (At 4.19,20) e apreciavam a postura cristã que eles evidenciavam. Por conseguinte, se abriam para conhecer o que eles tinham para compartilhar, pois haviam caído na graça do povo, ou seja, o terreno estava preparado e fértil para semear e germinar a semente (Mt

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Romanos 12.1,2Atos 4.32-37Romanos 12.9-21João 17.1-12Atos 14.1-28Tito 3.1-91João 3.14-18

13.1-8;18-23), pois “... todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que estavam sendo salvos” (At 2.47b). Era uma atuação primorosa da igreja como sal e luz do mundo (Mt 5.13,14), marcando mais do que presença, impactando as vidas com o testemunho de Cristo (At 8.25). Era uma igreja relevante, que colocava à disposição da comunidade os resultados da obra do Espírito: convicção, conversão e comunhão. Uma igreja sem convicção não é referencial da verdade (Ef 2.20-22), promove imaturidade e contenda (1Co 3.1-5) e expõe a obra de Cristo aos escândalos, além de não desfrutar de um ambiente saudável para compartilhar a mensagem salvadora e desenvolver um convívio marcado pelos laços do Calvário (Ef 2.18,19). O testemunho é a arma da graça para alcançar o pecador, trazendo-o para a riqueza espiritual, que é muito mais do que bens materiais.

O evangelho sempre promoveu resultados positivos e enriquecedores. Na igreja de Tessalônica, os crentes tornaram-se imitadores do Senhor (1Ts 1.6), haviam se convertido dos falsos deuses para o Deus verdadeiro (1Ts 1.9), opuseram-se à falsa religião, não tomando parte nela (At 17.5-9) aguardavam o retorno de Jesus com uma esperança inabalável (1Ts 1.10) e amadureceram rapidamente pelo poder da Palavra (1Ts 2.13). Na igreja de Filipos, houve uma grande atuação evangelística e uma generosidade ímpar ao desenvolver a mordomia

da graça (At 16.15-34; Fp 4.15,16). O testemunho é um facilitador, ele viabiliza credibilidade para comunicar a mensagem que traz uma nova dimensão para a vida humana e abre a porta do céu (At 20.24; 1Jo 5.9-13).

Para pensar e agirSe a sua igreja fechasse as portas

ou mudasse o local, as pessoas da comunidade sentiriam falta dela?

Não dá para ser igreja e fechar os olhos para tudo que acontece à sua volta. É preciso amar o pecador, afastar o pecado, apontar alternativas, desempenhar cidadania, votar com consciência, fiscalizar as ações dos mandatários e não ser massa de manobra.

A igreja relevante se faz necessária, indispensável à sua comunidade, cumpre a sua missão em todos os aspectos básicos: de adoração, proclamação e serviço.

Quais os serviços que sua igreja oferece à sua comunidade?

Os crentes têm mostrado no cotidiano a diferença que Cristo faz na vida deles?

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de salvação; um meio de ganhar dinheiro; o ópio (entorpecente que causa dependência) do povo; uma democracia religiosa que deseja apresentar as regras morais para o mundo; e uma empresa para comercializar os produtos da fé. Apesar de na prática de vida da igreja encontrarmos vários equívocos e inúmeras fraquezas, também

Introdução

Ao longo dos anos, a igreja tem sido vista de diversas formas: um clube religioso; um grupo

de ação política pressionando contra os males da sociedade; a vitrine de Deus no mundo; um reformatório; um hospital para curar as feridas da alma; uma agremiação de fanáticos religiosos; uma espécie de tábua

Texto Bíblico: Atos 20.17-388

Uma igreja expressão do Reino e não empresa da fé

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percebemos sua influência positiva, a sua poderosa força na defesa do bem e na restauração da dignidade dos seres humanos; sendo luz na escuridão (Mt 5.14,15) e sal para retardar o alastramento da corrupção moral na sociedade (Mt 9.50); atuando como um tempero de alta qualidade para trazer sabor à vida; quebrando as barreiras étnicas e de classes em nome de Cristo, que nos fez um n’Ele (Rm 10.12;12.5); livrando as pessoas do medo, da culpa, da vergonha e da ignorância. A igreja do Senhor não é uma empresa da fé. Seus objetivos são divinos e não humanos. Seus resultados são trabalhados no tempo, mas voltados para a eternidade e sua finalidade principal vai muito além de lucros e bens materiais.

I - Tem líderes e não gerentesNa igreja de Cristo não há

clericalismo, estrutura hierárquica e governo totalitário. A relação não pode ser por imposição, mas deve ser de cordialidade, de parceria, de respeito e de cooperação mútua.

Os gerentes não se encaixam nessa visão. A função deles é de fiscalizar os projetos ou alvos de terceiros, supervisionar o que está em execução e motivar para o cumprimento das metas, visando a uma maior produção e lucratividade. Os líderes são de natureza diferente. Sua visão é de servo. Sua preocupação é com o

Reino. Seu investimento é nas pessoas, de valor excedente aos resultados por elas produzidos. Sua maior realização é o crescimento pessoal dos liderados, e pela causa sacrificam a própria vida. Paulo estava de viagem para Jerusalém, desejando contato com os irmãos de Éfeso. Preferiu parar em Mileto e chamar os líderes efésios (At 20.17) para transmitir-lhes uma mensagem visando à preservação de elevada pureza na doutrina e na conduta cristã. O apóstolo proferiu uma aula magistral àqueles líderes: a mensagem que transmitimos precisa ter o respaldo da vida (At 20.18-21). Somos servos dos servos de Cristo e o nosso valor reside em servir e cumprir a missão que nos foi confiada (At 20.24), pois aqueles que servem às reais necessidades do povo servem melhor ao seu Senhor (Mt 25.34-40).

É missão do líder desafiar a igreja de Deus a ter seus olhos fixados para além das coisas visíveis – nas eternas (2Co 4.16-18); a não desanimar diante das tribulações (2Co 7.4), a ser vigilante para não se ensoberbecer caindo nos laços do maligno (1Pe 5.6-9) e a envolver-se com Deus em consagração e edificação; vivenciando a sua herança entre os santificados (At 20.32), realidade que afasta a ganância e a cobiça, pois a prata e o ouro estão aquém de um coração purificado, da plenitude do Espírito e de uma vida submetida incondicionalmente à vontade de Deus.

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II - Tem uma missão integralNo percurso de sua história, a

igreja tem apresentado diferentes percepções sobre o sentido e a definição de sua missão no mundo. Não dá para olhar essa missão de forma fracionada, mas coesa e que se apresenta com aspectos diferentes descrevendo a mesma essência. A igreja que evangeliza é a mesma que educa, que louva e que adora e que, em amor sacrifical, desenvolve ações que traduzem de forma prática e concreta o seu amor ao próximo (Lc 4.14-21).

Os líderes de Éfeso foram instruídos quanto a investir e socorrer os que carecem (At 20.34,35), sendo generosos com as pessoas, fato que está perfeitamente de acordo com o espírito e o caráter dos ensinos de Cristo (Lc 6.38).

A missão da igreja deve ser entendida como koinonia, comunhão com Deus e com os homens; relacionamentos de intimidade, de respeito e de valorização; didaskalia, ensinar aos servos de Deus o aprimoramento da fé e a crescer no conhecimento (2Pe 3.18); aproximado-se da Palavra e conhecendo os mistérios de Cristo; poimenia, assistência aos que necessitam de encorajamento espiritual, dar suporte na fé e velar pelos Santos de Deus e diaconia, que é o serviço prestado ao Senhor em todos os níveis. Tudo isso nos mostra que a igreja, expressão

do Reino, tem sua visão voltada para o gênero humano (Mc 1.14, 15), viabilizando qualidade de vida na dinâmica do tempo, entendendo que a suprema excelência da riqueza está reservada nos céus (Ef. 1.18; 2.7). O que conquistamos aqui é fruto da bondade de Deus e deve ser empregado para abençoar a nós mesmos e as pessoas que nos cercam; a exaltar e glorificar o nome de Jesus. Não é sábio construir tesouros para o deleite exclusivamente pessoal (1Tm. 6.17) nem esperar em Cristo só para esta vida (1Co 15.19).

III – Não tem adeptos nem celebridades, mas servos

Na igreja do Senhor, o culto não é show, espetáculo nem programa de auditório; o dirigente não é artista nem apresentador e a igreja não é plateia. O culto precisa ser alegre (Fp 4. 4), reflexivo, uma festa em homenagem a Jesus Cristo; em que não há lugar para celebridades, para os que desejam a atenção e ser o centro das coisas. Só o Senhor é merecedor de toda a honra, louvor e glória (1Tm 1.17; 2Pe 1.17). É distúrbio espiritual e carência de conhecimento bíblico tratar a igreja como não sendo expressão do Reino, comprada por Jesus com preço de sangue (Ef 1.7; Ap 5.9). Usar a influência da liderança para exercer proeminência sobre as pessoas, colocando-se acima delas e puxando

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2Coríntios 9.1-13 Atos 8.14-23Mateus 20.20-28Romanos 16.1-6;17-20Lucas 4.14-30Efésios 5.1-271Coríntios 4.1-14

todas as luzes só para si (3Jo 1.9-11). É megalomania querer ser além do que se é, ter mais do que os outros e desejar que todos o vejam como celebridade. Para alguns, ser pastor, ternura de Deus para os crentes, não basta. Intitulam-se bispos, não como superintendentes, mas no sentido de hierarquia eclesiástica. Também de apóstolos e patriarcas, o que foge ao padrão da revelação bíblica, que recomenda não ser sábio aos próprios olhos (Rm 12.16) nem se julgar superior aos outros (Fp 2.3). No livro “A crise de integridade”, Warren W. Wiersbe afirma que a igreja tem tido celebridade demais e servos de menos, um número grande de pessoas com muitas medalhas, mas sem cicatrizes. A celebridade religiosa fabrica a mensagem que mais realça a sua popularidade e talvez aumente a sua renda. O servo verdadeiro se preocupa tanto com a sua integridade quanto com a sua mensagem. Para os servos de Cristo, que não são adeptos de homem algum nem desejam ser celebridades nas ribaltas da vida, é confortador lembrar: “importa que ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30).

Para pensar e agirA natureza da igreja é divina e não

humana, conquanto seja composta de seres humanos limitados e falhos, mas regenerados, nascidos de novo de semente incorruptível, pela Palavra de Deus (1Pe 1.23).

A igreja não tem como seu alvo primeiro construir bens materiais, mas espirituais, apesar de saber que tudo que Deus faz chegar às suas mãos é espiritual, só que o nosso maior empenho deve ser pelo que não perece, mas sem fechar os olhos para melhorar, em todos os níveis, a condição de nossa peregrinação por esta pátria (1Pe 1.17). Se a igreja fosse empresa da fé tinha gerentes; o dono da Razão Social seria figura proeminente, sua missão seria monetária e as pessoas seriam funcionárias e não corpo.

Como igreja, temos demonstrado a grandeza do Senhor? Representamos bem aquele que nos salvou e comissionou para fazermos discípulos de todas as nações (Mt 28.19,20)? A igreja é testemunha de Jesus em todos os lugares, começando em sua Jerusalém e indo até os confins da Terra (At 1.8). A igreja é expressão do reino de Deus, por intermédio dela Ele tempera esse mundo e trabalha na terra os que viverão na eternidade. O domínio de Deus estende-se, por meio da igreja, sobre o mundo e o seu maior patrimônio são as vidas.

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Introdução

Essa parábola foi contada por Jesus em um contexto bem amplo de atuação do seu ministério

evangelístico e de ensino, enquanto desenvolvia sua caminhada para Jerusalém, a poucos meses de sua paixão.

A igreja do Senhor precisa ter os seus olhos voltados para as carências e necessidades das pessoas, à semelhança do seu Mestre, que as via como ovelhas perdidas e machucadas da casa de Israel (Mt 9.36;10.6).

Tenho consciência que nenhuma parábola deve ser usada para embasar ou justificar uma doutrina, mas pode ser utilizada em um diálogo de cunho teológico (Lc 7.36-50;18.18-30), com aplicabilidade para a vida. A parábola do Bom Samaritano deve ser vista como um diálogo intercalado com perguntas e respostas (Lc 10.25-28) entre Jesus e um doutor da lei, pessoa instruída na legislação mosaica, na tradição judaica, e não meramente como uma exortação ética para alcançar as pessoas necessitadas.

9Texto Bíblico: Lucas 10.25-37

Uma igreja que socorre a humanidade em suas dores

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O diálogo apresentado prioriza o princípio da inversão, o que a sociologia chama de Argumento do Contraditório, em que o Mestre por excelência não se rende às indagações, mas responde com perguntas confrontadoras.

I – Além do ideário religiosoÀ religião pode-se atribuir atos

formais e informais. Ela tem formas, ritos e liturgia. A religiosidade do Antigo Testamento era mais ritualista, presa às formas descritas na Lei; já a do Novo Testamento é mais flexível e sua liturgia deve expressar o conteúdo da Palavra, sem prescindir da decência e da ordem (1Co 14.40). A igreja não é mais espiritual ou menos espiritual por ser formal ou informal, mas por evidenciar respeito à Palavra revelada, amor e compaixão pelo próximo e santidade nas ações. Conhecer os regulamentos da religião, as necessidades sociais e os fundamentos da fé é necessário, mas não essencial em si mesmo. Esse conhecimento precisa ser alimentado pela experiência de salvação em Cristo (Tt 3.4-7), pela sensibilidade espiritual, pela consciência que servindo a Deus servimos às pessoas e pelo intento de imitar Jesus, que ensinou ser sublime dar a vida pelos semelhantes, devotando-lhes amor, compaixão e misericórdia. Discurso de bondade não reflete a bondade, falar de amor não traduz a sua grandeza (Ef 5.2), usar de

misericórdia sem estender a mão, sem dispor de comodidades e sem investir no outro é andar na contramão dos ideais de Cristo (1Ts 4.1).

O ideário religioso (conjunto de ideias sobre religião) apresentado pelo mestre da Lei foi excelente, pois versava sobre a salvação em Cristo: “Que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 10.25b), mas tudo não passou de fachada, pois sua pergunta não expressou a sinceridade de sua alma pela busca da verdade eterna; foi malicioso, tinha a intenção de deixar o Mestre grandemente exposto às disputas judaicas. Não foi além do conjunto das ideias por ele apresentado, ficou emaranhado em suas próprias palavras. O Mestre percebeu que ele estava sendo ardiloso e que na simples busca de orientação espiritual estava uma grande artimanha.

Como salvos, precisamos ir além das palavras. O amor a Deus e ao próximo é o grande desafio para a religião (Mc 12.30,31).

II – Omissão não dáQuerendo justificar-se o doutor da

Lei pergunta quem era o seu próximo (Lc 10.29). Jesus responde contando uma parábola muito significativa como história, inesquecível como parte da revelação divina e extremamente apropriada para definir a condição interior do gênero humano.

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O trecho percorrido pelo homem que caiu nas mãos dos salteadores era movimentado. Por ali passavam muitos viajantes, embora fosse de geografia acidentada, áspera, com descida íngreme e desabitada em alguns lugares, o que fez dele um ambiente favorável para malfeitores e bandidos. A parábola não descreve o homem com toda a sua identidade. Diz apenas que ele foi despojado de tudo, espancado e deixado a ponto de morrer (Lc 10.30. Estava inconsciente e reduzido a um mero ser humano em estado de necessidade; não dava para identificar a cultura, língua e comunidade étnica ou religiosa a que pertencia. Quem poderá ajudá-lo? O primeiro que passa é o sacerdote (Lc 10.31), possivelmente retornando do serviço de uma semana no Templo. Para evitar a profanação cerimonial, que inviabilizaria o desempenho de suas funções sacerdotais por algum tempo, passou para o outro lado da estrada e não se comprometeu. Sua função foi mais importante do que a vida de uma pessoa, não sendo sensível à necessidade humana, ficou preso à omissão. Depois, passa o levita, auxiliar do sacerdote, que chegou mais perto, por um lampejo de compaixão ou por curiosidade, mas não prosseguiu para servir (Lc 10.32). Passou para o outro lado. Deve ter raciocinado que não era conveniente desempenhar uma tarefa perigosa, a qual o seu superior, não se prontificou a executar. Com certeza,

o que mais pesou não foi a intenção de prestigiar o superior, mas a falta de amor e compaixão por alguém que perecia à beira do caminho. Acabou por abraçar a omissão. Agora aparece o samaritano, sem nome e nível social importantes, cuja origem era menosprezada pelos judeus (Jo 4.9 ), por não ser considerado “puro sangue” e pela “religião paralela” centralizada no Monte Gerizim (Jo 4.20-22); este, ao desenvolver sua viagem viu o homem meio morto, chegou perto e teve uma reação de íntima compaixão (Lc 10.33) por um ser humano que estava sofrendo. Não foi insensível nem omisso. Atrasou sua viagem para ajudar alguém, demonstrando valorizá-lo além dos projetos pessoais.

A igreja como comunidade dos santos e coluna da verdade (1Tm 3.14-16) não pode se omitir diante das dores das pessoas, agindo como o sacerdote, descendo por uma estrada, sem se incomodar com os que sofrem à margem das oportunidades e agredidas por toda a sorte de ataques; nem como o levita, que até se aproxima um pouco, só que utiliza desculpas e subterfúgios para não estender a mão aos que estão sofrendo; mas como o samaritano que para, corre riscos, investe atenção e recursos com as providências para salvar, ajudar e impedir que as ações do mal se concretizem, destruindo vidas.

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1Tessalonicenses 1.3-10Mateus 8.5-13Mateus 25.31-46Marcos 2.1-121João 2.7-111João 4.7-12Romanos 8.18-27

III –Amor na prática Praticar o amor é evidenciar ações

que mostram interesse pelo gênero humano. O Pai nos deu essa notável lição (Jo 3.16,17;15.9) e o Filho a consumou de forma magnífica (Rm 5.6,8; Gl 2.20). É preciso dar forma aos sentimentos, materializá-los com visibilidade para abençoar; socorrendo os que foram feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26).

O samaritano mostrou compaixão. Colocou o amor em prática e desenvolveu ações restauradoras: atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho, colocou-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele (Lc 10.34). Este ato é desafiador e mobilizador! Ensina que fazer o bem, em qualquer tempo, é arriscado e perigoso, mas não dá para ser indiferente. Só abençoamos quando compartilhamos o que somos e o que temos, pois cuidar do ser humano, dar sem cobrar devolução é prova de amor. É corresponder com o ideal de Deus, que nos amou primeiro (1Jo 4.19) e é demonstrar uma filosofia de vida que está na contramão deste tempo: “O que é meu pode ser seu. Vamos dividir”.

A igreja não pode se furtar em agir como o samaritano para amenizar as dores da humanidade, tão agredida em sua dignidade, por malfeitores, pessoas inescrupulosas que querem mudar os métodos, a essência, e que desejam o progresso a qualquer custo.

Para pensar e agirSocorrer os aflitos em suas

necessidades, proteger o direito dos órfãos e das viúvas (Is 10.2 e Is. 58. 6-11) e dar do seu pão ao pobre (Pv 22.9) é generosidade e prática religiosa que agrada a Deus. Ser indiferente ao clamor do pobre (Pv 21.13), à dor dos que sofrem e às angústias dos necessitados é não ter compaixão nem vínculo com os ensinos de Cristo, que viu, parou, chorou, socorreu e investiu nos que careciam. A igreja socorre a humanidade em suas dores a partir da sua Jerusalém, sendo ilimitado o seu campo de atuação. A negligência de quem pode socorrer e não o faz, contribui para aumentar o sofrimento das pessoas feridas.

Quais as dores que a humanidade tem sofrido? O que fazer para amenizar? Vivemos numa sociedade que jaz no maligno (1Jo 5.19b), que tem sido açoitada e machucada pelo pecado e que carece da graça restauradora de Jesus (Tt 2.11-14). Como igreja temos o que a humanidade precisa.

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do Espírito e da reflexão humana, pois dela dependeria o avanço da igreja: ser um apêndice do judaísmo ou um grupo fiel a Jesus, apelidado de cristãos (At 11.26), que tinha uma missão concedida pelo Mestre (Mt 28.18-20;At 1.8), sendo uma religião não circunscrita ao Oriente Médio.

No texto de Atos 15, percebe-se a atuação expressiva do Espírito e da igreja, onde figuras destacadas se levantaram com veemência e

Introdução O livro dos Atos do Espírito

Santo registra um dos mais destacados eventos da história da igreja, o Concílio de Jerusalém. Sua finalidade era ouvir, discutir e trazer solução para um conflito que prejudicava o funcionamento da igreja. Deveria responder o seguinte questionamento: os gentios cristãos eram obrigados a obedecer às leis dos judeus? A resposta precisava ser obra

Texto Bíblico: Atos 15.1-3110

Uma igreja contextualizada sem se tornar banal

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abordaram o assunto, com vistas a uma saudável solução.

A decisão do Concílio foi precisa, equacionou um problema que parecia ser eminentemente teológico (At 15.1), mas na verdade também era administrativo, moral e ético. Não dá para tratar das coisas do Espírito de outra forma, sem que seja com honestidade, com respeito às coisas sagradas (1Sm 2.22-26), com temor (Êx 20.20) e com vontade de subtrair obstáculos de qualquer ordem para que o povo viva melhor e apaziguado no íntimo, na fé, no convívio cristão e em suas relações com Deus.

I- Administra conflitos para não obstruir o progresso

A igreja do Senhor precisa ser sábia para não perder o foco, não se deixar levar pelas demandas, desafios e ações equivocadas (Fp 3.12-14).

Com o avanço da pregação do evangelho em Antioquia, muitos gentios se converteram, eram membros da igreja havia vários anos sem que fossem circuncidados. Surgiram então os questionamentos e até os que defendiam que eles deveriam se submeter ao ritual da circuncisão, conforme preceito mosaico. A situação avolumou-se tanto que, se esse problema não fosse resolvido, poderia atrapalhar o avanço da obra que eles realizavam. Temiam que esse ritual afrontoso e doloroso afastasse as pessoas da graça por não

se submeterem a ele e, por outro lado, os que se submeteram, poderiam achar que não precisavam de Cristo (Gl.5.2). A igreja decidiu, então, enviar uma comitiva a Jerusalém (At 15.2), para que essa questão fosse tratada com diplomacia e dependência de Deus.

Em Jerusalém a decisão sobre o assunto foi democratizada. O Concílio não usou de parcialidade, ouviu algumas exposições, inclusive de Paulo, que era fariseu zeloso, mas sua lealdade a Cristo foi tão acentuada que o levou a separar-se da prática dos ritos da Lei como indispensáveis para a salvação, pois entendia que o sacrifício de Cristo era suficiente. Também foi proclamada a posição do cristianismo farisaico, que defendia a circuncisão como meio de salvação (At 15.1b). A posição de Pedro foi clara ao dizer que submeter um crente em Cristo a tal prática era o mesmo que tentar a Deus e colocar um jugo pesado, andando na contramão dos ensinos do Mestre (At 15.10; Mt 11.29,30).

Não dá para olhar a igreja com visão estreita, político-eclesiástica, como os fariseus viam. Para eles era um partido dentro da congregação judaica. Essa visão distorcida era fruto da falta de entendimento da Palavra como um todo. Não compreendiam que a justiça excede o ritual (Os 6.6; Mq 6.6-8) e que o Senhor deseja um coração sincero e voltado para Ele, motivado pelo amor e não somente

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pela obediência legal (Ez 36.25-27; Jr 31.31-34).

II- Tem uma mensagem proféticaSomos cidadãos de uma pátria

conflituosa, com marcas de corrupção (Rm 8.20-22), de degradação moral e que jaz no maligno (1Jo 5.19). Isso nos leva, em alguns momentos, à apatia, à indiferença, achando que nada vai melhorar e que nem compensa lutar. É claro que esse não pode ser o quadro! Nosso desafio é pregar a Palavra contextualizada, recheada da essência divina e não das preferências humanas, que culminam com a banalização do sagrado; Palavra que mostre a dureza e a sublimidade da verdade (Jo 6.60-69); que apresente o evangelho bíblico mostrando a realidade do sacrifício e a necessidade de renúncia e compromisso com Cristo e sua igreja (Rm 12.1; Lc 14.33); que leve as pessoas ao amadurecimento para conviver com as diferenças para alimentar as convicções pessoais e a respeitar, sem murmuração, os que pensam e vivem diferente.

A pregação profética contextualizada não apresenta Deus mandando recados, mas comunicando vida; não fala em nome de Deus o que não está de acordo com a sua natureza e registrado em sua Palavra, o “assim diz o Senhor” (Êx 5.1); não apresenta Deus e o diabo como numa queda de braços disputando uma alma; o inimigo está derrotado

(1Co 15.57; Rm 8.37) e, denuncia o pecado onde quer que ele esteja (Lc 3.2-6; Mt 14.3-5). Muitos, no ideal de contextualizar, acabam banalizando; quando amenizam a intensidade da Palavra, quando fazem concessões negociando a verdade (Gl 2.3-5), desprezando os princípios e romanceando a Palavra, dizendo o que ela não diz na essência (1Rs 22.16; Rm 1.25). Na pregação contextualizada, o pregador traz o passado para o presente, o distante para próximo, o de outro tempo para este tempo e o de outra cultura para a nossa cultura. O que foi dito aos outros será dito aos nossos, quando com piedade, temor, competência e humildade buscarmos em Deus a mensagem e a localizamos diante do povo e a aplicarmos para deleite e vigor espirituais para o seu progresso.

III – Confronta os fatos e as ideiasA grande beleza da verdade bíblica

é comunicar o querer de Deus, que resiste aos questionamentos e averiguações (At 4.19,20). A igreja comportou-se de maneira lúcida ao desejar tratar da questão dos judaizantes de forma ampla e irrestrita. No Concílio, os relatos foram vistos como abordagens consistentes e inquietantes, pois receberam elogios e objeções. Ouvem-se Barnabé e Paulo sobre a obra que, por intermédio deles, Deus fazia entre os gentios (At 15.12) e, a partir daí, Tiago, irmão

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Colossenses 4.2-6Provérbios 16.1-9, 16-24.Hebreus 2.1-181Timóteo 1.3-112Timóteo 2.14-262Pedro 3.14-18Gálatas 2.1-16

de Jesus e pastor titular da igreja de Jerusalém, que moderava o concílio (At 15.19a), faz uso da palavra de maneira habilidosa e surpreendente resumindo o assunto: Agora não estamos mais sozinhos como povo de Deus, não devemos perturbar os gentios que se converteram (At 15.19), as palavras dos profetas apoiam essa verdade (At 15.15-18), estão isentos de obedecer à lei judaica, contudo vamos escrever-lhes uma carta (At 15.20) dizendo que como gentios cristãos deveriam se abster das contaminações dos ídolos, grande preocupação da igreja primitiva (1Co 8.1-10; 10.19); da prostituição, prática adotada por pagãos até nos cultos; do que é sufocado, pois o sangue não era retirado da carne e, do comer sangue, restrição desde o tempo de Noé (Gn 9.4).

A conclusão do Concílio de Jerusalém foi simpática aos apóstolos, aos anciãos e a toda a igreja (At 15.22). Foi a sentença de emancipação dos gentios da tutela cerimonial judaica. Eles agora continuariam na igreja servindo a Jesus e ligados aos preceitos de sua Palavra.

Esta solução agradou a todos, promovendo alegria espiritual (At 15.31). Sendo assim, contextualizar é confrontar fatos e ideias e não pessoas. É equacionar conflitos promovendo saídas com alternativas sábias. É descortinar diante das pessoas o que era obscuro. É mudar

métodos e não o caráter. É ajustar as formas sem abrir mão da postura digna.

Para pensar e agirA igreja contextualizada se envolve

neste mundo sem se contaminar com ele, fazendo diferença e sendo útil para dar respostas aos seus anseios. Não banaliza a verdade reduzindo o sagrado ao profano, nem o contrário. Contextualizar é deixar a Palavra ao alcance da compreensão das pessoas, mas não é mudar o tempo nem a Bíblia.

Quando a ideia de contextualização leva em conta destruir a história, fazer ruptura no presente e projetar o futuro de forma autônoma, é divisão, golpe ou deslealdade. Contextualizar não é romper, mas adequar e apropriar-se de mecanismos novos, e dos avanços tecnológicos para melhorar a performance.

Vale a pena administrar conflitos, confrontar fatos e ideias à luz da mensagem profética para encontrar as soluções e alternativas necessárias ao progresso espiritual.

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Introdução

É difícil ser igreja nos dias atuais. Alguns podem discordar dessa afirmação, mas se olharmos

à nossa volta e pensarmos sob o ponto de vista dos “não crentes” vamos acabar refletindo e até mesmo concordando com eles em algumas coisas. Como convidar alguém para participar de um culto em nossas igrejas, na expectativa de que o visitante que ainda não conhece o evangelho possa ouvir a mensagem e entendê-la como mensagem de Deus? Como aconselhar alguém com as verdades bíblicas, se vemos e ouvimos todos os dias sobre pessoas ligadas ao evangelho fazendo coisas horríveis? Como igreja, como combater os pensamentos mundanos, secularizados sobre a conduta, a fé, a moral e a vida como um todo, se dentro dos nossos “espaços” religiosos o mundanismo vem crescendo? Temos percebido que as igrejas têm sido seduzidas não pela Palavra, mas por palavras.

Texto Bíblico: Gálatas 1.6-1111

Um corpo não seduzido pelas influências externas

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I- A sedução do relativismo existencial

Em Colossenses 2.6-8 o apóstolo Paulo orienta que os santos de Deus, separados do pecado e do mundo para a vida na graça, devem viver em conformidade com aquele que os resgatou, sendo firmados na fé, edificados em amor e cautelosos quanto às influências externas.

Sempre houve opiniões divergentes sobre o que é a vida e o que ela vale. O culto ao prazer não é coisa da modernidade, mas nos últimos tempos essa ideia tem sido amplamente divulgada. Ninguém quer sofrer nada. Ninguém pode passar por nenhum aperto, por nenhuma enfermidade, nenhuma dificuldade. A vida tem que ser sempre de vitórias, de alegrias e prazer incontáveis. Quando alguém diz que é preciso fazer algum sacrifício pelo outro, esse alguém é quase execrado. E o sacrifício pelo evangelho, esse nem pensar! Queremos cultuar em santuários lindos, agradáveis, confortáveis, com uma boa música, uma programação vasta, variada, que atenda às expectativas de todos, mas sem que nos custe qualquer coisa (2Sm 24.24). Temos nos tornado cristãos das festividades, dos encontros sociais, dos espetáculos da fé, mas sem a essência da vida. Estamos preocupados com assemelhar a nossa imagem à imagem dos bem-sucedidos da sociedade, só com o diferencial da fé que dizemos abraçar (Lc 12.20).

Há também aqueles que “passam pela vida em brancas nuvens”. Não conseguem pensar além da sua casa, da sua família e da sua igreja. Confundem a rotina da vida com a própria vida (Lc 10.40). Estes são disciplinados, boas pessoas, honestas, trabalhadoras, mas não deixam o evangelho dar sentido à vida, abrir os olhos da alma. A vida é mais que prazer, é mais que dever (rotina), é o carinhoso sopro do Criador compartilhando a sua vida conosco (Gn 2.7).

II- A sedução do relativismo moral A integridade moral e espiritual

é resultado da graça de Cristo pela mensagem do evangelho (1Co 1.18-21), poder de Deus.

Lutero ensinou certa vez que fora de Cristo o nosso Deus é um fogo que consome; reage a tudo que é contrário à sua santidade, não tolerando perversidade religiosa nem corrupção moral ( Rm 1.16-32).

Numa ocasião, ouvi uma entrevista com uma conhecida figura do mundo artístico brasileiro. O entrevistador perguntou-lhe sobre o que ela pensava da sociedade e ela respondeu que não se importava com a opinião desta, porque não era verdadeira nas suas palavras, que vivia mudando de opinião a respeito das coisas. Completou ela: – Falo os mesmos palavrões que falava antigamente. Antes me consideravam uma pessoa desprezível; hoje dizem que sou patrimônio cultural.

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Essa pessoa aprendeu que não se pode ter a vida moldada pela moral estabelecida pela sociedade que, a cada época defende uma moralidade. Cada um faz o que acha certo, não aceitando regras ou leis. Cada um diz ter o seu conceito de verdade, honestidade, ética. Tudo é permitido, tudo é lícito e, se é lícito, posso fazer o que quiser sem dar satisfação a quem quer que seja; pode ser pai, mãe, família, igreja, estado, etc.; esquecendo-se que, mais do que dar satisfação, “cada um dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.12) da vida que dele mesmo recebeu.

Muitos estão nas nossas igrejas e afirmam que, se fomos salvos e não perdemos a salvação, dá para fazer o que bem quiser, sem que nada aconteça. Que a carne (corpo) é má, foi feita para ser “maltratada e vai ser destruída”, então podem beber, drogar-se, relacionar-se sexualmente antes do casamento, adulterar, prostituir-se, abortar ou fazer qualquer outra coisa contra essa “maldita carne”, pois o que interessa a Deus é o espírito e eles defendem que estão bem com Deus, esquecendo-se do que a Bíblia diz (1Co 6.20, 7.23; 3.16).

O cuidado com o falar, com o trato, com a honestidade nos relacionamentos são vistos como coisas do passado, e como tais devem ser descartadas, mas a Palavra imutável de Deus nos alerta (Mc 10.19; Tt 2.10; Lc 3.14).

Há também os que querem adaptar o evangelho ao momento social,

substituindo as verdades absolutas pelas necessidades contemporâneas. Essa mentalidade tem levado muitos à destruição e nossas igrejas têm sido fortemente contaminadas por ela. Mais uma vez a Bíblia nos adverte contra tais atitudes (2Co 4.2).

III- A sedução do relativismo da fé A admoestação bíblica é pelo

equilíbrio da fé e sua centralidade na Palavra, para desviar-se dos equívocos, dos exageros e dos “doutores conforme as suas próprias concupiscências”, sendo prudente, pagando o preço pelo evangelho e cumprindo a sua missão de agente da graça em um mundo de tantas oscilações (2Tm 4.1-4).

Nos últimos tempos, observamos o renascimento do sentimento religioso. Há uma avalanche de “fé”. As igrejas concorrem com os bares e “botequins”: em cada esquina há sempre uma. Pode até parecer algo pejorativo, mas todos têm presenciado esse fenômeno: igrejas que surgem da noite para o dia, mudam de lugar, mudam de nome, mudam a liturgia, tudo fazem para atrair um número cada vez maior de adeptos. Por isso muitos afirmam: o importante é ter fé, não importa fé em quê e o tipo de fé: fé crença (Tg 2.19).

A essência do evangelho que víamos permanecer em determinadas denominações tem desvanecido. Alguns estão enveredando-se pela sedução do

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Romanos12.1-3Gálatas 2.11-14Gálatas 3.1-4Gálatas 5.9-13 Gálatas 5.16-25Gálatas 6.1-72Timóteo 4.1-5,7

crescimento fácil, pela pregação de um evangelho que não preceitua mudança nem compromisso e pela imitação da postura de “igreja-empresa” e de “profissionais da fé”. Parece-nos que o alerta que o apóstolo Paulo nos deu não vem sendo observado (Gl 1.8,9).

Muitas igrejas, que ninguém conhece suas origens históricas, até começam pela Bíblia, para enganar as pessoas carentes da Palavra de Deus, mas logo depois abandonam a Palavra e seguem palavras, ideias e posturas de líderes que, mesmo parecendo pastores, no íntimo, são lobos devoradores (Mt 7.15).

Por essas e outras atitudes é que muitas pessoas têm erradamente abandonado a filiação a uma igreja local, e andam “batendo de porta em porta”(Hb 10.25).

É preciso também estar alerta a uma nova moda que diz que o importante para a vida é ter uma ou várias experiências místicas. Tais pessoas se julgam num estado de paz interior e dizem que esse estado já é o céu – um estado de espírito, não um lugar; muito diferente do que a Bíblia nos diz (Mt 25.41). Vivem em busca de emoções espirituais e só.

Outra tendência é a do “culto em casa” para os acomodados da fé ou para os revoltados com a igreja. Agora, com a moda das igrejas televisivas, as pessoas escolhem o culto programado que mais lhes agrada, assistem no horário que bem desejarem, não precisam sair de casa,

gastar dinheiro com transporte, se cansar, sustentar aquele ministério, ter normas a seguir etc. Só isso já dá sentido à vida. É uma fé que se basta. Os que assim agem, esquecem-se que culto é serviço prestado a Deus (Ap 2.19), é comunhão com a igreja local (At 11.26; 14.27; Hb 2.12) e treinamento para viver na eternidade (Ap 7.9,10).

Ter fé em Deus é imprescindível para a vida. Acreditar e investir na fé são privilégios divinos.

Para pensar e agirOs tempos são difíceis, mas

precisamos lutar contra “os descartáveis” da fé, que proporcionam até algumas vantagens momentâneas, mas causam transtornos duradouros.

A “fé” nos foi entregue como um tesouro, por isso, precisamos dela cuidar, multiplicando-a em amor e serviço cristãos.

Precisamos escolher nossos pensamentos e bens não apenas pela beleza, mas pela qualidade deles.

A igreja precisa viver a contracultura cristã, para sobreviver.

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Licao

Introdução

Nos últimos tempos as pessoas têm voltado sua atenção para algumas questões até então

ignoradas. Uma delas é a preocupação com o meio ambiente. Essa é sem dúvida uma questão urgente, pois diariamente testemunhamos graves desastres ambientais (Os 4.3). Mas também havemos de considerar os outros ambientes dos quais todos nós indistintamente fazemos parte: o ambiente espiritual e social.

Na década de 60, um historiador norte-americano, chamado Lymn White Jr. afirmou categoricamente que o mundo ocidental cristão era responsável pela atual crise ecológica do nosso planeta. Entendia, à luz de Gênesis 1.28, que as matrizes de todos os problemas ambientais e ecológicos fundamentavam-se na concepção antropológica judaico-cristã; era uma severa crítica ao cristianismo. Em sua visão deturpada da mensagem bíblica ele afirmava que era vontade de Deus que o homem explorasse a natureza em benefício próprio. Seu pensamento provocou uma onda de agitação no campo da

Texto Bíblico: Romanos 8.21,2212

Uma igreja que cuida do ambiente

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sociologia, filosofia e da teologia. Do lado da teologia, deu-se início a um movimento chamado Ecoteologia; mas, embora o tempo tenha passado e os problemas ecológicos se tornado mais visíveis no mundo todo, muito pouco se fez. E hoje, eles batem à nossa porta, à porta de nossas casas, de nossas famílias e de nossas igrejas.

I- O ambiente natural – nossa relação com a natureza

Diante dos últimos acontecimentos catastróficos, nossa fé tem sido desafiada em todas as esferas da vida, inclusive na individual e também na social.

De acordo com as Sagradas Escrituras, o ser humano é o representante de Deus na obra da Criação, é aquele que deveria prolongar a obra criadora de Deus (Gn 1.26-28), cuidando da terra com responsabilidade (Gn 2.15) e desenvolvendo uma convivência pacífica com as árvores e os animais (Dt 20.19; 22.6), consciente da importância do planeta e que não dá para ter desenvolvimento agredindo a natureza.

Deus em sua infinita bondade e sabedoria orientou o homem a administrar e cuidar de uma rica herança – o paraíso. Cultivar é o mesmo que trabalhar a terra, e guardar é o mesmo que preservá-la, portanto, a ordem do Pai é clara e objetiva. Ele nos emprestou a terra, que é sua

propriedade (Sl 24.1,2) e dela devemos ser bons usuários, preservando sua fauna, sua flora e seus recursos naturais, que são finitos. Um fato importante a ser sempre lembrado é que o ser humano, induzido por aquele que veio para matar, roubar e destruir, tem se valido daquilo que não é seu – A Terra com tudo que nela há (Sl 24.1) – para intervir na ordem natural dos fatos, ocasionando prejuízo para si e para os outros.

Na agitação descomunal dos dias atuais, até os cristãos estão perdendo a sensibilidade, a capacidade de parar, admirar a beleza da natureza e ver nela a grandiosidade de Deus e percebê-la como amiga e ensinadora dos propósitos divinos (Sl 8; Mt 6.26-29).

Esse mundo esplêndido, maravilhoso, mas também tão frágil, tem sofrido as consequências da desobediência humana e, como não podemos fugir da “lei do retorno”, todos temos sofrido também (Gl 6.7).

A natureza, fonte da revelação geral de Deus, precisa ser vista pela igreja como a grande ajudadora no plano de evangelização: Ela anuncia as obras de Deus (Sl 19.1).

II- Ambiente espiritual – o relacionamento com Deus e na casa de Deus

Enquanto a igreja não se perceber como detentora de uma mensagem de vanguarda, viveremos na

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retaguardasendo rebocados pela ditadura das paixões mundanas e da espiritualidade superficial.

Com o advento da tecnologia, principalmente da informática, da internet, ingressamos num mundo novo: o mundo virtual. De repente nos tornamos conhecidos em vários lugares do mundo, sem sequer sairmos de um dos cômodos de nossa casa. Conhecemos "um milhão de amigos", que não são reais, mas apenas virtuais. Somos alienados por que não passam de mensagens “twitadas”, “orkutadas”, sem profundidade, sujeitas ao tempo, à vontade, ao vício e créditos de cada um. São amigos que vêm e se vão na velocidade de um click ou no aperto de uma tecla.

Há aqueles que já perderam ou nem adquiriram a capacidade de compartilhar sentimentos profundos; são incapazes de se verem nos olhos do outro, preferem os contatos telefônicos, as mensagens via internet, os recadinhos no orkut e nos celulares.

Há também pastores que já aconselham suas ovelhas pelo MSN. É mais prático para eles e menos constrangedor para elas; não é mais preciso o tão incômodo “olho no olho”.

Em muitas igrejas, a entrega dos dízimos e das ofertas é feita por meio de cartão de crédito ou de transferências, depósitos bancários e assim, vamos perdendo a alegria do doce momento da dedicação (Sl

122.1). No lugar da obediência com gratidão, valoriza-se a eficiência.

O resultado de tudo isso é aquele que já começamos ver em algumas igrejas: templos vazios, porque as pessoas estão muito cansadas, ocupadas, preocupadas consigo e com seus negócios e com uma fé que se basta, são como ramos amputados da videira (Jo 15.6). Outra realidade também é notada: templos superlotados onde as pessoas dão os seus “lances de fé” ou se acotovelam para alcançar alguma bênção (Jo 6.26).

Como está o meu ambiente espiritual? Ele também precisa ser cuidado e preservado para que não se perca.

III- Ambiente social – minha relação com o próximo

Creio que todos os itens deste estudo estão intimamente ligados e isso é proposital.

Durante décadas e décadas a sociedade como um todo está exposta a um tipo de doutrina filosófica chamada Deísmo. O que é o Deísmo? É uma crença em um Deus criador, mas que não mantém envolvimento contínuo com o mundo e os eventos da história humana. Em suma, é o deus apenas Criador, mas não Senhor.

Essa doutrina tem ao longo dos anos causado estrago em muitas vidas.

Isso tem gerado nas pessoas um sentimento de solidão, abandono e

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Gênesis 2.4-15Gênesis 3.9-18Levítico 25.1-4Lucas 18.9-14João 8.1-11João 17.1-24Mateus 6.2-18

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revolta. Muitos crentes também se sentem assim: sozinhos no mundo, enfrentando todas as dificuldades e, à medida que vão conseguindo sobreviver, vão se sentindo mais capazes por si mesmos, se fecham, não abrem espaço para ninguém a não ser para eles mesmos.

É a geração de egoístas, que busca seus próprios interesses, amantes de si mesmos (2 Tm 3.2); que olha para si e para os outros e diz: “não há Deus” (Sl 14.1).

Geração que ajunta tesouros na terra (Mt 6.19-21), que busca os primeiros assentos (Mc 12.39), e até as orações nas esquinas (Mt 6.5), mas muito distante dos propósitos de Deus (Mc 12.30).

Essa postura vem, ao longo dos anos, alimentando um espírito de disputa, de competição na sociedade e na igreja também. Ninguém mais quer servir; todos querem ser servidos (Lc 22.24-27). Ninguém quer ser servo. Todos querem ser senhores (Mt 20.26-28). Também pensam que se Deus existe, existe para atender às exigências de seus filhos caprichosos, infantis na fé e cada vez mais exigentes.

Como o Deísmo ensina, se Deus não está preocupado com a sua criação, também as criaturas podem fazer o que bem entendem e o culto não precisa ser para agradar a Deus, mas para agradar os próprios adoradores. Então, vale tudo que os adoradores desejarem.

Algumas igrejas já nem conseguem mais ver-se, e serem vistas como tais.

Outras há que se preocupam muito com o “ir até Deus”, mas não em trazer o reino de Deus à terra. O sal precisa sair do saleiro (Mt 5.13-16).

Para pensar e agirA Terra é a nossa casa, ainda que

por um pouco de tempo. Enquanto estamos aqui, zelemos pela obra de Deus. O que podemos fazer hoje pelo mundo de amanhã?

O progresso é bom e inevitável, mas ele precisa estar a serviço da qualidade de vida das pessoas.

O modo como me relaciono com as pessoas diz como me relaciono com Deus. Já pensou nisso?

A espiritualidade precisa ir além das paredes do templo e do meu local individual de leitura da Bíblia e oração.

Como tem sido o meu ambiente espiritual?

Devemos cuidar da criação, mas sem transformar a natureza em divindade e a causa ecológica em culto. Amá-la sim, idolatrá-la jamais (Rm 1.25)!

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Introdução

A igreja é um organismo, corpo vivo de Cristo, que louva, dignifica e exalta o seu nome. Também

é uma organização, uma sociedade singular, um ajuntamento de pessoas que nenhum outro a ele se iguala. Ela é guardiã da verdade eterna, prega o evangelho anunciando as virtudes dos céus (1Pe 2.9), e caminha desenvolvendo ações pastorais, educacionais, missionárias e sociais. “É a igreja que, na palavra escrita e falada, assim como na vida e conduta

de seus membros, confronta o homem com Jesus Cristo”.

A vida da igreja e suas ações no mundo devem exalar “o bom perfume de Cristo” (2Co 2.15).

O tempo do farisaísmo, da religião legalista, do orgulho ostensivo por comandar ou manipular os outros, da busca pelo poder religioso como promotor da figura humana (Mt 23.5) e da falta de sensibilidade, precisa ficar para trás, cedendo espaço a sentimentos e atitudes mais nobres e cristãs (Hb 6.9). É certo que nem

Texto Bíblico: Mateus 23.1-3113

Uma igreja que valoriza a essência mais do que a aparência

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todos os fariseus agiam assim, da mesma forma como, em nossos dias, postura assim não é a regra geral (Ef 6.6).

Algumas atitudes devem ser tomadas por nós, a fim de que evitemos confundir aparência com essência.

I -Conhecer o que crêA vida cristã não pode ser fruto de

regulamentos religiosos produzidos por homens ou instituições, que firam o conteúdo do “manual do fabricante”, que sufoquem a consciência, que torçam a essência, onde o mais importante não é agradar a Deus, que conhece o coração, mas aos homens (1Ts 2.4;4.1; At 4.19,20).

Os grandes erros apresentados pelos fariseus foram: a autonomia espiritual, ensinar uma coisa e fazer outra, aumentar o jugo quando Jesus suavizou-o (Mt 11.29,30), desejarem os primeiros lugares, quando o Mestre afirmou que os últimos seriam os primeiros (Mt 19.30). Estavam caminhando opostamente a Jesus.

O conhecimento dos fundamentos da fé nos traz da periferia para o centro do evangelho, onde passamos a lidar com o mérito da verdade. Quando Jesus falou dos primeiros lugares nas ceias, das saudações nas praças, do querer ser chamado de Rabi e recomendou que a ninguém na terra chamassem pai ou mestre (Mt 23.6-9), falava de algo que só poderia

ser entendido no poder do Espírito, que vivifica, e nunca na mera letra, que mata (2Co 3.6). Jesus não estava normatizando o emprego ou uso técnico dos títulos, mas combatendo o orgulho ou presunção, que leva alguém a apreciar-se em demasia, vendo-se além daquilo que é, exigindo homenagens e honrarias.

Percebe-se que a atitude mais recomendável é reconhecer que somente um é mestre (Mt 23.10). Aqui Jesus enfatiza a sua autoridade como Filho de Deus.

Quando o crente conhece a razão de sua esperança, encontra-se preparado para dar respostas quanto à sua fé (1Pe 3.15,16), valoriza pertencer à igreja por amor a Jesus e por gratidão pela obra da redenção (Ef 1.7-9). Sabe que a igreja não é só um ajuntamento de pessoas, mas uma comunidade de fé, onde os crentes vivem suas convicções, contribuem financeiramente e anunciam a Cristo. O conhecimento permite ter o alimento certo, em quantidades certas, fugindo da ditadura das regras – o legalismo – e apresentando-se como servo, condição em que as honras são consequências do servir bem (Jo 12.26).

II – Aperfeiçoar o que crêNossa prática de fé não pode

expressar exibição nem orgulho. Jesus condenou a hipocrisia daqueles líderes religiosos ao dizer: “Ai de vós,

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escribas e fariseus...”, por mascararem a verdade, mostrando ao povo um rosto falso (Mt 23.13-36). A religião legalista vive mais da aparência do que da essência. Ela impede o prazer e a leveza das realizações espirituais (Mt 23.13), valorizando mais a pureza ritual do que a da vida (Mt 23.15). Esse distúrbio pode ser corrigido pelo conhecimento de Deus, por meio da Palavra. Aperfeiçoar o que crê é um dos pontos essenciais no trabalho cristão: demanda investimento contínuo, trabalho árduo e permanente. Por que se faz necessário o aperfeiçoamento do que se crê? Porque, embora a salvação seja um ato (Ef 1.13), a santificação é um processo (Fp 2.12).

Aperfeiçoar-se requer disciplina e disponibilidade. Muitos até dizem que gostariam de aprender mais da Palavra, servir mais e melhor ao Senhor por meio da igreja local, mas nunca estão disponíveis, colocam empecilhos em tudo (Lc 9.59-62; 14.15-20).

Crer é também pensar e pensar demanda trabalho árduo, por isso muitos crentes em Jesus não querem amadurecer na fé, porque para tanto vão precisar, não apenas receber as doutrinas mas estabelecer-se nelas (At 2.42), edificando suas vidas no fundamento dos apóstolos (Ef 2.20).

Precisam conhecer as bases da fé e as doutrinas em que afirmam crer; caso contrário, serão levados por

qualquer vento de doutrina (Ef 4.14); não trabalhando no Reino, mas dando trabalho aos trabalhadores desse Reino.

Também não podemos nos esquecer de uma outra tarefa de ato contínuo para o aperfeiçoamento do que se crê – o enchimento do Espírito Santo (Ef 5.18); pois é Ele quem nos impulsiona a buscar conhecer mais e mais da obra que o próprio Espírito deseja fazer em nós.

Quando buscamos conhecer e continuar conhecendo o Senhor, mais nos aprofundamos, criamos raízes fortes e profundas e ampliamos a nossa visão e entendimento do que Cristo deseja para a sua igreja.

III – Utilizar-se do que se crêCerta vez um líder de juventude,

incomodado com a inércia de seus liderados, lançou a seguinte pergunta: Para que nós estamos sendo treinados? Para morrer? Na época, achamos até engraçado, mas depois concordamos e saímos à luta.

A pergunta daquele líder também deve ser a nossa nos dias de hoje. Para que estamos sendo aperfeiçoados durante todo o tempo?

Creio que as respostas nós já as temos. Primeiramente, a fé e o equipamento que os salvos recebem são para viver a vida aqui na terra. Não é fácil viver. Estamos expostos aos embates, sofrimentos, angústias e principalmente à luta diária contra “o

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Mateus 5.33-371Pedro 3.8-17Atos 3.12-26Marcos 8.10-21Mateus 6.1-8Isaías 29.1-16Lucas 20.41-47

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pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12.1).

É preciso ter fé e conhecimento de Deus por intermédio de sua Palavra, pois onde não há conhecimento do que se crê, o povo se corrompe (Os 4.6).

Mas continuamos perguntando: crer para quê?

Além de crer para a própria vida, precisamos viver essa vida em comunhão: com Deus, com a família, com a igreja e com a sociedade. Não podemos nos portar como estranhos ao nosso meio; pois somos chamados para sermos santos (1Pe 1.15,16), diferentes, mas não estranhos ou esquisitos.

É nesses contatos que surgem oportunidades de colocarmos em prática aquilo que levamos aprendendo a vida toda.

A igreja é prenúncio do céu; é nela que recebemos treinamento para vivermos na “comunhão eterna”.

De nada adianta recebermos alimento espiritual da melhor qualidade se não utilizarmos, compartilharmos esse alimento. Quando isso não acontece, tornamo-nos “obesos da fé”. Seremos aqueles que aprendem sempre, sem nunca chegar ao conhecimento (2Tm 3.7); este não tem utilidade se não for colocado em prática – é a mesma relação que existe entre o ensino e a aprendizagem.

A essência do ser igreja é louvar a Deus, mas também compartilhar tudo

aquilo que de Deus tem recebido (2Tm 1.7-12).

Para pensar e agirNão dá para viver de aparência, de

superficialidade e de engodo. A vida com Deus é consistente, marcada pela sinceridade, pela essência e pela beleza interior aos olhos benditos do Pai, que tudo vê, conhece e avalia não só a partir do que foi feito mas pela forma como se fez. Ser igreja é viver de modo integral: sabendo quem é, a missão, o caminho a ser percorrido e o objetivo a ser alcançado. Você sabe por que é cristão e o que deseja para a sua vida?

Crer é importante, mas continuar crendo é mais importante ainda. O conhecimento é dinâmico como dinâmica é a vida. Seu conhecimento, sua fé aumentaram ou são os mesmos “daquela época”?

Viver a essência do ser igreja é ter alegria de compartilhar o “alimento espiritual”. Aquele que compartilha a sua fé alimenta outros e fica livre de uma doença chamada “obesidade espiritual”.

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Seja mordomoAlgumas Igrejas poderão estar recebendo

mais revistas que o número de jovens e adultos matriculados na EBD ou em outro grupo de estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção se for este o seu caso. Queremos investir seu dízimo também em outros projetos.

www.batistafluminense.org

CONVENÇÃOBATISTAFLUMINENSE

Veja no novo site: sugestões didáticas

Revista da Convenção Batista FluminenseAno 8 - N.30 - Julho/Agosto/Setembro de 2011

Diretor Executivo: Pr. José Maria de Souza

Diretoria da Convenção Batista Fluminense:Presidente - Pr. Vanderlei Batista Marins1º Vice-Presidente - Pr. Aécio Pinto Duarte2º Vice-Presidente - Pr. Elildes Junio Macharete Fonseca3º Vice-Presidente - Pr. Josué Ebenézer de Sousa Soares1ª Secretária - Erly Barros Bastos2ª Secretária - Ana Lúcia Reghin da Silva Santos3º Secretário - Pr. Samuel Mury de Aquino4º Secretário - Pr. Antônio Vieira de Souza Júnior

Diretor de Educação Religiosa: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda

Redação: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda

Revisão Bíblico-Doutrinária: Pr. Paulo R. F. Albuquerque Pr. Francisco Nicodemos Sanches Pr. Paulo Pancote

Revisão Geral: Adalberto de Souza

Produção Editorial: oliverartelucasDireção de Arte: Rogério de OliveiraProjeto Gráfico: Vitor CoelhoDiagramação: Andréa Menezes

Distribuição:Telecarga Express Transporte Rodoviário Ltda

Convenção Batista FluminenseRua Visconde de Morais, 231, Ingá, NiteróiTel.: (21) 2620-1515 E-mail: [email protected]

Esta revista foi elaborada pela Convenção Batista Fluminense, com o dízimo dos crentes batistas, com a participação de sua igreja no Plano Cooperativo e com a contribuição das Associações Regionais. A distribuição desta revista é gratuita.

Currículo 2011Primeiro Trimestre

Missões e evangelização Autor: Pr. Hudson Galdino

Segundo Trimestre

Vidas que marcaram seu tempo (Personagens do NT)Autor: Pr. Geraldo Geremias

Terceiro Trimestre

O que é ser Igreja Hoje?Autor: Pr. Vanderlei Batista Marins

Quarto Trimestre

Cânticos do Servo ( Livro de Isaías)Autor: Pr. Francisco Nicodemos Sanches