SUMÁRIO - sigiatentadonuclear.files.wordpress.com · essas simulações são uma oportunidade...

44
1

Transcript of SUMÁRIO - sigiatentadonuclear.files.wordpress.com · essas simulações são uma oportunidade...

1

2

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE……………………………………………………...........2

2 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ………………………………………………….............5

3 APRESENTAÇÃO DO TEMA E CONTEXTO HISTÓRICO…………………................7

3.1 Armas nucleares………………………………………………………………….............7

3.1.1 Contexto de surgimento……………………………………………………….............7

3.2 O conflito da Caxemira……………………………………………………..……..........10

4 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES……………………………………………........30

4.1 Índia……………………………………………………………………………….............30

4.2 Paquistão…………………………………………………………………………............30

4.3 China…………………………………………………….……………………………......30

4.4 Cruz Vermelha…………………………………………………………………...............31

4.5 Afeganistão……………………………………………………………………….............31

5 QUESTÕES RELEVANTES PARA AS DISCUSSÕES……………………………....32

REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….......33

TABELA DE DEMANDA DAS REPRESENTAÇÕES……………………………...........35

ANEXOS………………………………………………………………………………...........39

3

1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

Senhorxs delegadxs, sejam bem-vindxs à 5ª Simulação Geopolítica do Ifes

(SiGI) e ao comitê do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o CSNU. A mesa

diretora do comitê é composta pela Diretora Geral Emanuelle Lamas e pelas Diretoras

Assistentes Maria Eliza Rodrigues e Quéren Bortolini Magevski.

“Saudações, queridxs delegadxs. Eu me chamo (Emanuelle) Manu Lamas

Rocha e serei a diretora geral de vocês. Atualmente, curso o 3º ano de Técnico em

Eletrotécnica Integrado ao Ensino médio no IFES (Campus Vitória). Meu envolvimento

com o projeto começou em 2016, quando participei das simulações internas que o

campus oferece. Elas serviram de preparação para minha participação na 4ª SiGI, no

comitê AGNU (2016) – Reforma do CSNU e, depois, como Mongólia no comitê de

língua estrangeira OSCE (2016) – Tráfico de Personas na 17ª MiniONU. Acredito que

essas simulações são uma oportunidade enorme para quem se envolve, tanto para

aprender sobre geopolítica, conhecer novas (e incríveis) pessoas, conscientizar-se,

perder a timidez e desenvolver habilidades para falar em público.

A primeira grande simulação que participei foi representando a Índia (#VemG4)

e isso acabou desenvolvendo um grande interesse pela região em mim, além da minha

preferência por atuar em comitês de guerra, e assim, junto às (maravilhosas) diretoras

assistentes, surgiu o tema desta sessão, que é a tentativa de apresentar questões do

cenário geopolítico atual misturando o uso de armas de tamanha magnitude com uma

região onde a guerra já se estende desde 1947.

Por tudo isso, espero que o comitê desperte nos senhores interesse,

curiosidade e prazer desde a preparação até a participação em si. Estou aberta para

ajudar em quaisquer dúvidas ou questões. Bons estudos e até 2033!”.

“Meu nome é Maria Eliza Rodrigues Gonçalves, tenho 17 anos, estou

cursando o 4° ano de Mecânica Integrado ao Ensino Médio no IFES – Campus Aracruz

e serei diretora assistente neste comitê. Comecei no projeto desde 2014 com as

4

pequenas simulações e acabei me interessando bastante por geopolítica. No mesmo

ano, participei da II SIGI no comitê CSNU(1992) – Guerra Civil da Somália

representado a Itália e, meses depois, participei da Conferência das Nações Unidas

Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 no MINIONU representando os

Países Baixos. Na III SIGI, participei do G20 2008 - Mercado Financeiro e Economia

Mundial como Rússia. E no ano passado, participei do comitê AGNU (2016) – Reforma

do CSNU como Chile. Mesmo não querendo seguir essa área, eu acredito que essas

simulações nos transformam em grandes cidadãos. Pessoas com pensamento muito

além do imaginável. Além de conhecer muita gente legal e melhorar seu poder de

discurso.

Bom senhores delegados, estou a dispor para sanar quaisquer dúvidas e

espero que se interessem tanto quanto nós diretoras nos interessamos sobre este

assunto. Bons estudos e até a nossa reunião.”

“Olá, senhores delegados e delegadas da V SIGI, meu nome é Quéren

Bortolini Magevski e é com imenso prazer que me apresento como diretora assistente

do CSNU 2033. Atualmente frequento o 3° ano do curso técnico em estradas integrado

ao ensino médio no IFES campus Vitória e foi nessa instituição que, através dos

veteranos, tive meu primeiro contato com as simulações que me levaram a participar

da IV SIGI e da 17ª MINIONU no ano de 2016.

Simular em tais projetos me trouxe maior conhecimento sobre geopolítica, além

de aprimorar minha habilidade de falar em público e argumentar, espero que o mesmo

ocorra com os senhores através deste comitê e, para isso, faz-se necessário o vosso

empenho e foco nos estudos, desejo a todos enorme sucesso e que possam aproveitar

o máximo e crescer dentro do projeto.”

Por fim, uma mensagem de nossa querida ex-diretora que, junto a nós três,

permitiu a presença desse comitê nesta quinta edição, porém, não está conosco por

estar agora cursando a UFES:

“Meu nome é Thayná de Mello Barbosa, estudante do 4º ano do IFES - Vitória

5

ensino médio integrado ao técnico com Eletrotécnica. Minha primeira participação foi

na SiGIVix em 2015 como delegada no comitê AGNU 2050 que teve como tema a crise

do envelhecimento populacional. Foi uma experiência muito interessante e diferente de

tudo que eu já tinha participado e eu estava bastante nervosa pra falar em público e, a

partir daí, o projeto me ajudou muito a vencer essa barreira. Nesse mesmo ano,

participei do MINIONU na PUC no comitê Rio+20 e foi uma experiência maravilhosa

por ter sido minha primeira viagem com a escola e tudo era muito novo, desde o relevo

de Minas Gerais até a gigantesca PUC.

Em 2016 participei novamente do MINIONU como delegada do comitê da

OMS&FAO. O projeto nos permite uma interação com várias pessoas de culturas e

regiões diferentes e nos ensina como funciona todo esse sistema da geopolítica e a

política de cada país. Espero que os senhores tenham experiências incríveis em nosso

comitê e aprendizados que irão, assim como eu, levar por toda a vida. Sejam bem

vindxs!”

Portanto, toda a Equipe CSNU (2033) deseja que tenham uma experiência

incrível e transformadora. Será encantador trabalharmos com vocês! Pedimos que

acompanhem também (nosso grupo do comitê no Facebook*) para que recebam

informações novas a qualquer momento sobre o tema e sobre a SiGI. Encorajamos xs

senhorxs a pesquisarem também outras fontes a fim de enriquecer ainda mais as

discussões. A equipe se encontra à disposição para eventuais dúvidas. Bons estudos!

6

2 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) surgiu junto à

Organização nas conferências pós Guerra como uma substituta da Liga das Nações.

Esse órgão foi idealizado para atuar como decisor frente a conflitos emergenciais

devido a seu poderio e representatividade.

É o único órgão de caráter mandatório dentro das Nações Unidas e reúne-se

para tratar ou de questões emergenciais ou do programa de trabalho mensal, assim,

costuma tratar de atentados, guerras e armas de potencial altamente destrutivo, sendo

que raramente ocorre unanimidade sobre as resoluções alcançadas ou, até mesmo,

sejam aprovadas propostas finais sobre os assuntos tratados. Devido à tamanha

importância, os delegados que compõem as sessões são os representantes de mais

alto cargo de seu Estado, como primeiro-ministros e presidentes, tendo poder de tomar

decisões de alto peso, iniciando e terminando conflitos.

Inicialmente, foi formado com 15 assentos, divididos em membros permanentes

e membros rotativos. Os primeiros, como o nome sugere, possuem cadeira fixa no

Conselho e também o poder de vetar questões substanciais, ou seja, impedir a

aprovação de propostas. Essa medida foi adotada para evitar um novo conflito de

proporções mundiais, especialmente na geração nuclear, visto que o P5, nomeação

dada aos primeiros membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, França, Reino

Unido e China), possuem esse armamento e a Guerra Fria despontava no cenário

mundial. Já os membros rotativos são aqueles que não possuem assento fixo, sendo

eleitos para representarem seus respectivos continentes no prazo de dois anos e sem

direito ao veto. Essa foi a estrutura do Conselho que perdurou de seu surgimento até o

ano de 2028.

Porém, mesmo com tudo isso, o órgão não alcançou seu objetivo, o que levou

a diversas críticas quanto à sua composição e eficácia quando observados sua então

formação e incapacidade de atuação da ONU frente a episódios de massacres e

genocídios, como a invasão a Indonésia de Timor-Leste e o massacre de Srebrenica

em julho de 1995. Esses, entre vários outros fatos, levaram a desmoralização do órgão

7

e a consequentes pedidos de reformulação. Após várias reuniões com esse intuito,

sem nenhuma delas apresentar um resultado efetivo, em 2028, o CSNU foi remodelado

nos moldes da proposta do G4 por meio de uma Assembleia Geral da ONU.

Assim, o atual CSNU possui 25 cadeiras, sendo dez as permanentes e 15 as

rotativas. As primeiras pertencem à Índia, Brasil, França, Estados Unidos da América,

Alemanha (eleita como representante do assento da União Europeia), Reino Unido,

China, Japão, Rússia e África do Sul. Nessa reformulação, também foi decidido que os

países e organizações palco e/ou de relevância significativa no assunto tratado seriam

convidados para a reunião, porém com direito apenas à fala, os votos se restringindo

aos membros.

Outra alteração feita foi quanto a questão do veto: a partir dessa

reestruturação, para que uma questão substancial seja vetada, faz-se necessária a

decisão de veto ou por, no mínimo, dois países permanentes ou por doze dos países

rotativos optando por essa opção a respeito do objeto da eleição. Essa foi uma ideia

que surgiu devido à necessidade de democratizar o órgão sem que ele perdesse seu

prestígio e força. Ainda assim, nem todas as críticas foram resolvidas, pois os países

permanentes ainda detém mais poder no órgão, então muitos Estados não se

encontram satisfeitos com as mudanças.

Em meio a tudo isso e de um cenário de tensões e crises mundiais, ocorre um

atentado utilizando armas nucleares na Índia, que acusa o Paquistão e promete

respostas aos autores, oficialmente não identificados até o presente momento. Essa

situação de guerra despertou o interesse de várias nações como alternativa à crise,

pois levaria à movimentação da economia, ainda que esse episódio traga a iminência

de uma Guerra Atômica.

Assim, no dia 23 de Janeiro de 2033, é convocado, em caráter emergencial, o

órgão mais poderoso da ONU para mediar e tratar a situação, sendo a Índia, o

Paquistão, o Afeganistão e a Cruz Vermelha consideradas delegações palco.

8

3 APRESENTAÇÃO DO TEMA E CONTEXTO HISTÓRICO

A grande corrida neocolonialista levou a busca de novos mercados e territórios,

sendo uma das consequências o domínio da Ásia. Diferente de outros continentes,

suas comunidades já possuíam uma longa e rica história de grandeza e cultura, com

povos de longa data e tradição, mas, mesmo assim, o poderio avançado das potências

imperialistas, acabou, quase sempre, determinando a vitória.

A dominação estabelecida não se preocupou com as divisões socioculturais já

existentes, o que foi o gatilho de uma série de conflitos e crises devido a grupos rivais

forçados a dividir o mesmo espaço. As rivalidades históricas geraram guerras,

massacres e o desenvolvimento de um novo risco para a humanidade: as armas de

destruição em massa.

As explosões das bombas atômicas, em 1945, sobre Hiroshima e Nagasaki

marcaram o fim da segunda guerra e o início da era atômica, com o desconhecido

explodindo em solo japonês e deixando como rastros os horrores da guerra, a completa

destruição e o medo do momento em que um novo uso dessas armas não marcasse o

começo de uma guerra em proporções nunca antes vistas. Porém, a mudança de

cenário advinda com a Nova Ordem Mundial trouxe uma suposta busca por paz.

Mas, por baixo desse ideal, nunca antes houveram tantos conflitos e, devido à

tecnologia, de tamanho porte. Essa política de acobertamento, omitindo os casos da

mídia mundial até a chegada das crises, permitiu que o mundo acreditasse que o poder

dos núcleos atômicos nunca seria novamente usado em intenções bélicas, sendo seus

danos restritos às tragédias como a de Chernobyl e Almaraz, até que, esse atentado

põe em xeque todo o frágil equilíbrio encontrado até então.

3.1 AS ARMAS DE DESTRUIÇÃO EM MASSA

3.1.1 O surgimento

Muitas descobertas envolvem o processo que levou o homem a energia

nuclear e as temíveis bombas atômicas: a jornada começou em 1896 com a

9

descoberta da radioatividade pelo físico francês Antoine-Henri Becquerel e dos

elementos radioativos polônio e rádio pelo casal Pierre e Marie Curie dois anos depois.

Essas descobertas possibilitaram o estudo do átomo de Ernest Rutherford, que o

levariam a um novo modelo atômico e as transformações nucleares, que mostravam

que o átomo não era indivisível e imutável como se pensava.

Essa descoberta aguçou a comunidade científica e deu a esperança da

tecnologia de criação de elementos. Com avanços lentos, já que não se sabia o

suficiente sobre o átomo, algumas descobertas revigoravam as buscas como a

existência de partículas neutras por James Chadwick em 1932 e Enrico Fermi

bombardeando o núcleo de urânio com nêutrons, para criar elementos mais pesados,

de fato encontrados em 1934, quando anunciou à comunidade científica que havia

criado um novo elemento. Os cientistas ficaram intrigados e, em 1938, um grupo

liderado por Otto Hahn decidiu repetir a experiência para averiguar a alegação,

percebendo que, na verdade, o urânio havia se dividido em dois.

Em conjunto com Lise Meitner, sua colega de trabalho, descobriu não só que

havia se dividido, mas que parte da massa havia sido convertida em energia pura,

processo atualmente chamado de fissão nuclear. E foi no ano de 1939, quando uma

guerra parecia ser inevitável na Europa, que esse trabalho foi publicado, fazendo

governos e cientistas tomarem conhecimento do poder extraordinário que poderia ser

liberado de um elemento e mobilizando-os para investigar o potencial bélico dessa

descoberta.

Nos anos seguintes, a inevitabilidade da guerra se concretizou e se espalhou

da Europa para o mundo dando origem a Segunda Guerra Mundial. Com a entrada

oficial dos Estados Unidos em 1941, começou o “Projeto Manhattan”, onde um conjunto

de cientistas americanos, europeus e canadenses foram reunidos com o objetivo de

produzir a primeira bomba atômica, impulsionados pelos temores de que a Alemanha

nazista também estivesse nessa busca. Assim criou-se um elemento mais pesado que

o urânio, o plutônio, e a reação em cadeia de ambos.

Devido a essas descobertas foi possível a concepção da primeira bomba

nuclear: em julho de 1945, a primeira arma de destruição atômica foi detonada como

10

teste no deserto estadunidense de Sonora e, em agosto do mesmo ano, o poder

massivo de duas delas foi usado nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, como uma

represália a não rendição do Japão e um alerta a União Soviética.

As consequências das explosões forma devastadoras de diferentes formas,

sendo que, no hipocentro da explosão, o primeiro efeito foi o surgimento de uma bola

de fogo. Nessa área, todas as pessoas e animais morreram imediatamente por causa

do calor e da radiação. Outra consequência imediata foi a geração de radiação térmica,

provocando queimaduras e incêndios, levando os sobreviventes à explosão à morte por

carbonização. Em longo prazo, o efeito permaneceu, e as pessoas que tiveram esse

contato desenvolveram cânceres e mutações genéticas, passando o problema para as

futuras gerações, que nasceram com deformidades.

A morte de aproximadamente 200 mil pessoas e a devastação em geral levou

o governo japonês a assinar a rendição, porém esse episódio levou à busca vigorosa

de todos os países por essa capacidade bélica, uma vez que, até então, o Estados

Unidos eram a única potência nuclear do globo, sendo seguido pela União Soviética,

graças a uma extensa e eficiente rede de espiões, onde conseguiu apropriar-se de

importantes segredos norte-americanos, resultando, em 1949, no primeiro teste de um

dispositivo atômico soviético. Logo, outros países - Reino Unido em 1952 e França em

1960 - conseguiram garantir armas com o mesmo efeito, sendo que a China conseguiu

acesso ao mecanismo de produção de armas nucleares graças ao traidor Klaus Fuchs,

cientista e espião alemão, testando, em 1964, seu primeiro dispositivo nuclear.

Assim se espalhou a “fórmula do poder”, como mecanismo de autodefesa caso

surgissem novos grandes conflitos, uma vez que se um país detonasse esse tipo de

armamento, o outro poderia contra-atacar com a mesma força, gerando um “equilíbrio

do medo”, onde os países não ousavam utilizar-se desses artifícios, temendo

consequências do mesmo acontecimento em seu território.

Com a busca extensa por poder, a tecnologia nuclear avançou muito: vieram

os mísseis balísticos, os submarinos nucleares, as bombas de hidrogênio e o uso

pacífico da energia através da construção de usinas nucleares, fontes de energia para

milhares de lares, já que um grama de plutônio gera a mesma quantidade de energia

11

que uma tonelada de petróleo. Uma outra vantagem da energia nuclear é a não

dependência de fatores climáticos e não geração de gases estufa, ainda que produza

lixo nuclear radioativo, altamente prejudicial a saúde e que interfere nos ecossistemas

aquáticos, devido ao aquecimento das águas usada no resfriamento dos geradores, e

grandes riscos de acidentes, através de falhas técnicas, vazamentos, erros humanos e

até mesmo eventos externos como furacões.

As consequências desse tipo de acidente são gravíssimas, como visto em 26

de abril de 1986, quando um reator da usina de Chernobyl, na região da Ucrânia,

apresentou problemas técnicos, liberando uma nuvem radioativa, deixando 25 mil

mortos pelas estimativas oficiais. Buscando minimizar o efeito no meio ambiente, uma

estrutura de concreto, aço e chumbo foi construída na região da explosão. Ainda assim,

até hoje a região é nociva por causa da elevada presença de radiação.

3.2 O CONFLITO DA CAXEMIRA

Uma consequência do neocolonialismo foi o domínio da Ásia, continente já

possuidor de comunidades de longa e rica história de grandeza e cultura, porém,

devido ao poderio avançado das potências europeias, quase sempre, ocorreu uma

supremacia ocidental.

A atual região indo-paquistanesa é exemplo disso, pois, quando as primeiras

feitorias britânicas foram ali estabelecidas, os mongóis, fruto da expansão muçulmana,

dominavam a maior parte do território. A paz e comércio inicialmente estabelecidos

foram abalados quando, em 1756, Siraj ud-Daula, nababo1 da província de Bengala se

apossou da construção inglesa fundada em Calcutá, ordenando ou prisão ou morte dos

estrangeiros. A Companhia Inglesa das Índias Orientais, em retaliação, avançou com

um exército e reconquistou a província em 1858. Com a tomada de Punjab, ao norte, o

status de colonizadores foi consolidado sobre a região, sujeitando os povos ali à sua

dominação por certo tempo.

Uma das causas que despertou o sentimento nacionalista, raiz do movimento

separatista, foi que, como em outras colônias, o advento da Revolução Industrial tornou

12

o país apenas fornecedor de matérias primas, falindo diversas atividades nacionais

com a concorrência desleal dos produtos importados. Mas houve um empecilho na

união pela independência: a divisão religiosa entre hindus e muçulmanos, pois a

secular rivalidade entre as diretrizes religiosas, aliada ao medo dos abusos que temiam

sofrer caso o poder se concentrasse nas mãos do grupo rival, retardaram o processo

de organização política dos colonizados. Por isso que surgem, em 1885, o Congresso

Hindu e, em 1906, a Liga Muçulmana.

Na figura do hindu Mahatma Gandhi, o Partido do Congresso ganhou força e

apoio da maior parte da população nacional, através do método de desobediência civil

não violenta2 como resistência à dominação. Entretanto, houve também Mohamed Ali

Jinnah, líder da Liga Muçulmana, e os conflitos entre ambos partidos e povos eram

constantes. Essa realidade retardou o processo de independência, porém, conforme o

povo de Allah percebia que estava em menor proporção, passaram a lutar pela divisão

do território em duas novas nações, sendo uma pertencente ao povo muçulmano.

E assim, em 1947, devido a força e proporções tomadas pelo movimento,

aliado ao enfraquecimento da Grã-Bretanha no Pós Segunda Guerra, surgiram

oficialmente os Estados do Paquistão, de maioria muçulmana, e a Índia, de maioria

hindu. A região, até então dividida no sistema de principados3, definiu suas novas

fronteiras a partir do país ao qual cada marajá decidiu alocar seu território, consoante

ao credo religioso que professassem e/ou às relações fronteiriças que mais lhes

conviessem. E já é na independência que se inicia o conflito da Caxemira.

Hari Singh Bahadur, o então marajá do vale caxemir, era possuidor de um

principado de muitas áreas férteis e de alguns dos principais recursos hídricos da

região. Assim, o marajá recebeu propostas de ambos lados visto que as justificativas

de anexação seriam válidas para ambos lados, uma vez que seu território, ainda que

maioritariamente constituído por muçulmanos, partilhava fronteira tanto com o

Paquistão quanto com a Índia.

Porém, Bahadur era partidário de independência própria para seu território,

evitando submeter-se a quaisquer das duas novas nações. Assim, de início, recusou-se

a integrar-se a quaisquer lados. Contudo, o início de uma crise interna alterou a

13

situação.

A população muçulmana caxemir, ao descobrir que não seria anexada ao

Paquistão, revoltou-se, gerando uma onda de instabilidade. Tirando proveito do apoio

popular dos moradores do vale, militares paquistaneses adentraram no território sem

permissão oficial das autoridades caxemires. O marajá se viu então obrigado a pedir

ajuda indiana, oficializada através das assinaturas de um acordo em 26 de outubro de

1947, que registrou a troca da ajuda do Estado hindu pela anexação do território.

Alegando que a ação indiana foi uma postura coercitiva, o Paquistão oficializou

sua participação no conflito, dando início à Primeira Guerra Indo-paquistanesa. Com

uma série de ofensivas contra as forças rebeldes, a Índia conseguiu reaver parte dos

territórios perdidos pelo governo da Caxemira, assim nenhum dos lados conseguiu

significativas conquistas militares. Temendo o desfecho, o ministro indiano Nehru fez

menção do conflito durante o CSNU de 1948: colocando-se contra a intervenção

paquistanesa, o Conselho de Segurança da ONU exigiu a formulação de medidas que

dessem fim à guerra.

A consequência foi a dissolução do Estado principesco de Jammu e Caxemira,

ou seja, cerca de um terço da parte noroeste da Caxemira passou a estar sob controle

paquistanês, já o vale e a maior parte de Jammu se tornaram propriedades da Índia, e

houve o estabelecimento de uma linha de cessar-fogo monitorizada através do

UNMOGIP4.

O encerramento da guerra não significou o fim dos conflitos, apenas desviou

parte da atenção sobre isso, uma vez que as disputas fronteiriças continuaram. Assim,

o clima de tensão se manteve quase constante nos limites territoriais da Índia, até que,

em 1962, explodiu a Guerra Sino-Indiana, sendo a causa inicial do conflito uma região

litigiosa no Himalaia, conhecida como Tibete do Sul.

Isso porque, após os primeiros choques fronteiriços, as patrulhas indianas

receberam ordens para adentrar o mais adiante possível e tomar qualquer posto chinês

nas fronteiras reivindicadas. Quando o avanço foi percebido, o Exército de Libertação

Popular recebeu ordens para não recuar mais e deter o avanço indiano, tendo ordens

14

para atirar nessas tropas caso estivessem a menos de 50 metros de suas posições.

Como desfecho, A planície de Aksai Chin, parte da Caxemira, na fronteira com

o Tibete, foi anexada pela China. Esse desfecho levou a mudanças nas Forças

Armadas Indianas, com o objetivo de prepará-las para conflitos semelhantes no futuro,

e o então primeiro-ministro da Índia, Jawaharlal Nehru sofreu réplicas por não haver

previsto a invasão dessa região. Outro ponto notável desse conflito foi o

aprofundamento da ruptura sino-soviética, uma vez que, quando os conflitos se

intensificaram, Nikita Khrushchov adotou uma postura de neutralidade com base no

princípio da coexistência pacífica.

Por outro lado, as relações sino-paquistanesas se aprofundaram, já que, no

ano seguinte, 1963, a logística das fronteiras foi novamente modificada, devido à

cessão do Paquistão à China de uma extensa faixa de terra a norte da região

montanhosa de Caracorum em troca da passagem de Mintaka.

Em mais uma sessão de acontecimentos, em 1964, ocorreram duas grandes

declarações políticas para o cenário mundial: A China adquiriu oficialmente

capacidades nucleares e também tornou-se a primeira nação a sugerir e adotar a

política de No First Use, declarando "não ser a primeira a usar armas nucleares a

qualquer momento e sob quaisquer circunstâncias". Essa declaração, repetida

continuamente até a atualidade, é de imensa importância e garante certa segurança

aos países rivais. Além dessas decisões, que foram reafirmadas na primeira década do

novo milênio e, mais recentemente, com a reforma do CSNU e com a eclosão de novos

conflitos, o governo chinês também optou por manter pequeno o tamanho do seu

arsenal nuclear durante a Guerra Fria, caracterizando mais uma política de defesa,

diferente dos Estados Unidos e da União Soviética.

Para o mundo, a bipolaridade era dada por capitalismo versus socialismo,

porém, mesmo na época, o conflito armado pela região da Caxemira era mais iminente.

Tanto é verdade que, em 1965, na Segunda Guerra Indo-Paquistanesa, o poderio

bélico de ambos já estava muito mais desenvolvido. Dessa vez, começou com uma

infiltração instigada pelo Paquistão, que provocou uma rebelião em Jammu e Caxemira

contra o governo indiano. Em retaliação, a Índia praticou um ataque contra o território

15

paquistanês, terminando em impasse.

Porém, isso apenas inflamou os ânimos. Tanto que, apenas seis anos depois,

em 1971, iniciou-se o terceiro grande conflito, uma guerra entre o Paquistão Ocidental

(atual Paquistão) contra o Paquistão Oriental (atual Bangladesh), este último apoiado

diretamente pela Índia, sendo a origem uma revolta na parte oriental devido à menor

participação política.

Durante os meses seguintes, a Índia deu apoio diplomático, econômico e

militar a Mukti Bahini da região oriental, o que levou a mais um grande conflito, iniciado

em dezembro de 1971 com o ataque à fronteira ocidental da Índia. No mesmo mês, as

forças aliadas do exército indiano às de Mukti Bahini derrotaram decisivamente as

forças do Paquistão Ocidental, resultando na maior rendição, nos termos em números

de prisioneiro de guerra, desde a Segunda Guerra Mundial.

Como principais consequências, criou-se a Linha de Controle, que delimita

militarmente, até a atualidade, o controle de ambos países sobre a região. Além disso,

ocasionou a fuga de um preocupante número de refugiados, que procuraram instalar-

se no país hindu, situação que Indira Gandhi, primeira-ministra indiana, tentou resolver

com suas reinstalações desses e a criação de um novo Estado no Paquistão Oriental, a

atual Bangladesh.

Esses sucessivos conflitos e o clima permanente de tensão aliados ao medo

do poderio rival serviram de incentivo para que ambos países dessem início ao seu

programa nuclear, a Índia em 1967 e o Paquistão em 1972. Esse era um momento já

aguardado por outros países, sendo que alguns, como a França e Reino Unido,

tentaram, diplomaticamente, retardar o processo, criando empecilhos nas vendas de

equipamentos e combustíveis, além de exigirem a completa supervisão da AIEA, visto

que o programa paquistanês começou sob a fachada de desenvolvimento de energia

nuclear.

Como se pode perceber, os contínuos conflitos regionais e corridas

armamentistas não passaram despercebidos no cenário mundial. Durante a Guerra

Fria, os líderes da então bipolaridade mundial buscaram estreitar relações e, talvez,

16

garantir aliados. Assim Índia e União Soviética desenvolveram forte relação estratégica,

militar, econômica e diplomática, que a Rússia herdou. Essa parceria, desde seu

surgimento, foi construída em cinco componentes principais: política, defesa, energia

nuclear, cooperação antiterrorismo e âmbito espacial. E, devido, em parte, à ajuda

russa, em 1974, a Índia realiza seu primeiro teste nuclear em Rajastão, província

indiana desértica e fronteiriça com o Paquistão.

Como resposta, os Estados Unidos e Paquistão também estreitaram laços,

servindo um como porta de entrada para o outro nos mundos ocidental e oriental

respectivamente. Essa parceria levou à implementação de um programa de assistência

econômica e militar entre Paquistão e EUA em 1981. Porém, o primeiro teste nuclear

eficaz do Paquistão, ocorrido em 1998, deve-se mais à ajuda chinesa e francesa, essa

última de maneira indireta através de documentos adquiridos ilegalmente por meio de

um paquistanês que trabalhava em um de seus reatores. Os Estados Unidos

mostraram-se veementemente contra os novos portadores dessa tecnologia, tentando

restringir sua posse ao P5 e aplicando sanções.

Outra interferência da Guerra Fria na região foi que a luta contra a presença

soviética no Afeganistão teria permitido o treinamento inicial dos talibãs, e, então,

devido à solidariedade muçulmana, o movimento conseguiu apoio e acesso a armas,

com ajuda por parte do Paquistão. Também a edificação do regime talibã no

Afeganistão reforçou os receios hindus face às movimentações destes grupos

armados.

Assim, quando cronologicamente próximo a isso, surge oficialmente a

insurgência em Jammu e Caxemira em 1989, movimento forte até o ano de 2020, a

Índia afirmou que esta apenas iniciou-se pelo grande número de afegãos que entraram

na Caxemira após o final da guerra soviético-afegã. O contra-argumento dos

nacionalistas do Paquistão e Caxemira dizia que esse grupo não deixou o Afeganistão

em grandes números até 1992, três anos após a insurreição começar. Apesar desse

movimento, a situação da região manteve-se conflituosa.

Todas as mudanças causadas em cenários regionais e mundiais contribuíram

para que, com o fim da Guerra Fria, o mundo passasse a definir e reconhecer as

17

potências não apenas pelo seu poderio militar, e assim tornaram-se potências os

países mundialmente capazes de influenciar na economia global consideravelmente.

Assim, o mundo deixa de ser bipolar para ser considerado multipolar, marcando o início

da Nova Ordem Mundial. A importância desse fato deve-se que, com isso, a Índia

consolidou politicamente ainda mais sua posição e aliados, devido a grande pluralidade

e força de sua economia no mundo, obscurecendo mais ainda seu vizinho.

Nesse novo mundo politizado, as guerras oficiais tornam-se menos frequentes,

sendo os conflitos marginalizados e adequados como rebeliões isoladas, raramente

com a posição oficial do país apoiando violência contra outros grupos. Assim, em 1999,

com a Declaração de Lahore, feita por pressão internacional, os dois Estados se

comprometeram a regressar às negociações bilaterais sobre Caxemira e a entregar um

aviso prévio para a outra parte na eventualidade de realização de novos testes

nucleares. Esse acordo foi uma tentativa de abrandar os ânimos da região, pois o clima

precedia uma guerra e, com isso, o mundo, ainda com a memória recente das

explosões em solo japonês, temia o início da Guerra Atômica.

Ainda que não com uso de armamento nuclear, no mesmo ano ocorreu a

Guerra de Kargil, onde, durante as fases iniciais, o Paquistão responsabilizou os

combates aos insurgentes independentes da Caxemira, mantendo uma posição oficial

neutra. Porém, documentos deixados por vítimas e declarações posteriores do

primeiro-ministro e do Chefe do Estado-Maior do Exército paquistaneses, revelaram o

envolvimento de suas forças paramilitares. Como desfecho, o Exército da Índia

recapturou a maioria das posições no lado indiano da linha de controle. Esta foi a

segunda guerra terrestre direta entre os dois países após ambos desenvolverem

armamento nuclear.

A aquisição desse tipo de tecnologia foi visto com extremo receio pelo resto do

mundo, principalmente por não surgirem através de acordos pacíficos, mas como

consequência de uma corrida bélica. O resto do mundo tentou desincentivar e punir

como forma de evitar o avanço bélico nessa área, por exemplo, as sanções

estadunidenses e japonesas sobre o Paquistão.

Porém, com o início da Guerra ao Terror, devido ao ataque das Torres Gêmeas

18

em 2001, os EUA reataram relações com o Paquistão, firmando um aliado entre as

terras muçulmanas, ainda que houvesse questionamentos reais sobre o financiamento

do Paquistão de grupos terroristas, principalmente na região da Caxemira. Mesmo

assim, o Paquistão voltou a receber ajuda e incentivo militar por parte do governo

norte-americano.

Também em 2001, em Angra, ocorreu uma reunião de cúpula sobre o vale da

Caxemira com os líderes rivais e tentou-se chegar a uma solução pacífica, sem êxito.

Um dos principais obstáculos à negociação foi a postura da Índia em relação ao

território, pois historicamente o país tem afirmado que sua soberania sobre a área é

inegociável, já o Paquistão deixou de reivindicar a Aksain Chin após sua conquista

militar por parte da China. Como forma de demonstrar força aos seus rivais, em 1998,

a Índia conduziu cinco testes nucleares, durante uma situação de tensão

especialmente agravada no vale da Caxemira. Após esse episódio que o país passou

a ser considerado uma potência nuclear, mesmo que seu primeiro teste tenha sido em

1974.

Como forma de apaziguamento, a Índia declarou sua política de No First Use

em 2003. Um esboço dessa doutrina começou em agosto de 1999, quando o governo

afirmou que as armas nucleares são unicamente para dissuasão e que a Índia

prosseguiria em sua política de "apenas retaliação". O documento também sustentou

que a Índia "não será a primeira a iniciar uma primeira greve nuclear, mas responderá

com retaliação punitiva caso a dissuasão falhe" e que a autorização do uso dessas

armas seriam feitas pelo então Primeiro-Ministro ou seus sucessores. Apesar dos

recorrentes aumentos de tensão com seu maior rival, o país hindu manteve a política

integralmente, ainda que, em um discurso no Colégio de Defesa Nacional, em 2010,

pelo então conselheiro de Segurança Nacional da Índia, o texto foi mudado de

"nenhum primeiro uso" para "nenhum primeiro uso contra estados não-nucleares"

gerando alerta a todos os ouvintes.

Já Paquistão não apresentava uma política oficial de primeiro ataque em vigor

desde 1971, quando iniciou uma guerra indo-paquistanesa, reiterada após os testes

nucleares em 1998 e o Estado jurou nunca invadir ou atacar outro país sob quaisquer

19

circunstâncias. Porém, o ministro das Relações Exteriores, Shamshad Ahmad, advertiu

que se invadido ou atacado, o Paquistão usaria "qualquer arma em seu arsenal" para

defesa. Apesar do discurso pacífico, o Paquistão nunca em sua história adotou o NFU

ou mostrou-se muito favorável a ele, indicando a ausência de comprometimento por

meio de termos em não ser o primeiro a gerar um ataque nuclear.

Essa postura nuclear assimétrica garante influência significativa na capacidade

de decisão da Índia para retaliar, como demonstrado nas crises de 2001 e 2008,

quando atores não-estatais realizaram ataques terroristas mortíferos contra a Índia,

recebendo resposta relativamente fraca. Um porta-voz militar afirmou que "a ameaça

do Paquistão de primeiro uso nuclear impediu a Índia de considerar seriamente

respostas militares convencionais".

Após o embate assumir esse novo parâmetro, a disputa voltou-se, muitas

vezes, para áreas mais políticas e econômicas, demonstrada também na questão de

recursos, a água entre eles. Um dos maiores fatores de tensão nessa região, em 2007,

foi o início da construção da hidrelétrica Kishanganga sobre o rio Indo, localizada a 5

km ao norte de Bandipore, em Jammu e Caxemira, parte indiana. Esse clima de tensão

gerou certas suspeitas quanto aos responsáveis pela série de atentados em Bombain

em 2008, ainda que nada foi provado.

Os protestos paquistaneses levaram a interrupção temporária da obra pelo

Tribunal Permanente de Arbitragem da Haia em outubro de 2011 devido ao protesto do

Paquistão, país de economia fortemente agrária, sobre seu efeito no fluxo do rio

Kishanganga Neelum, que corre em sua região. Em fevereiro de 2013, a Haia decidiu

que a Índia poderia desviar uma quantidade mínima de água para geração de energia e

a construção retomou funcionamento.

Em meio a tudo isso, o conservadorismo novamente ganhou forças no planeta.

Devido aos problemas não solucionados como crise mundial, o povo, de maneira

quase unânime, mudou a direção do voto para a política tradicional, aderindo a

discursos em que se misturavam críticas à globalização e apelos nacionalistas,

mostrado isso tanto nas urnas quanto na manifestação de grupos.

20

Um forte exemplo foi o atentado Taleban contra o candidato laico no Paquistão,

pertencente ao Partido Nacional Awami. Como resultado, Mamnoon Hussain,

concorrente pela Liga Muçulmana do Paquistão–Nawaz, apoiado pelo primeiro-ministro

Nawaz Sharif, foi eleito presidente.

Essa vitória foi encarada com certo receio pela imprensa da vizinha Índia, pois

Hussein nasceu em 1940 na cidade indiana de Agra, o que o inseriu no grupo de

dirigentes do subcontinente presentes antes da partilha em um território agora

estrangeiro. O motivo de tensão seria um futuro acirramento dos ânimos já exaltados,

gerando um novo grande conflito militar.

Em parte devido ao cenário mundial, em parte devido ao posicionamento de

seu rival, essa tendência ao conservadorismo se confirmou na Índia em 2014, com o

eleito, por maioria absoluta, primeiro-ministro Narendra Modi através do partido

direitista Bharatiya Janata, organização que já vinha pregando o fundamentalismo

hindu há mais de vinte anos.

Nesse mesmo ano, o Paquistão criou uma grande indisposição com

organizações defensoras dos direitos humanos, como a Anistia Internacional ou a

Human Rights Watch ao executar o adolescente Shafqat Hussain. Segundo dados da

organização do mesmo ano, estimaram que cerca de 8.000 pessoas foram para o

corredor da morte em prisões paquistanesas por crimes tais como assassinato, estupro

ou blasfémia. Isso gerou um clímax nas relações diplomáticas com a ONU, porém o

país não sofreu punições, pois a pena de morte havia retornado à lei 2013, como parte

da corrente conservadora e fundamentalista.

Essa onda direitista espalhou-se ainda mais ao redor do globo, atingindo a

então maior potência do ano de 2017, os Estados Unidos da América, com a eleição de

Donald Trump. Apesar das estreitas relações históricas entre esse país e o Paquistão,

o discurso de eliminação do extremismo islâmico, em parte, igualou-se ao discurso de

combate ao terrorismo do governo indiano, o que, para Nova Déli foi importante, graças

ao objetivo de colocar politicamente em cheque o seu rival com as contínuas atividades

mantidas como apoiador e incitador de incursões de ativistas no território da Caxemira.

21

A efetiva relação entre o país hindu e a potência norte-americana começou na

metade final do segundo mandato do presidente Barack Obama, que afastou os

Estados Unidos dos governantes sauditas, que se decepcionaram com a relutância de

Obama em derrubar o ditador sírio Bashar Al-Assad do Poder, e com a aproximação

entre Washington e o governo dos Aiatolás, mais alto dignitário na hierarquia religiosa

xiita, o que redundou em um acordo nuclear com o Irã.

O governo de Narendra Modi priorizou a política de alianças que, além da

diplomacia clássica, usa fortemente a diplomacia militar, o que não passou

despercebido por seu vizinho. Por meio de aquisições de armamentos e programas de

cooperação no âmbito da Defesa Nacional, os indianos mantiveram os russos próximos

de si. Assim, a grosso modo, a Índia tem, como parceiros importantes, os governos da

Rússia, dos Estados Unidos, do Japão, do Afeganistão, do Irã, do Sri Lanka, de

Myanmar e de Bangladesh, além de países insulares que há muito estão em sua órbita

de influência, como as Maldivas.

Enquanto Modi consolidou novas alianças, Paquistão e China estreitaram

ainda mais suas relações como "amigos incondicionais", como descrito pelo presidente

Xi Jinping. Desde o estabelecimento das interações diplomáticas, essas se

aprofundaram sucessivamente em relações bilaterais, formando diversas parcerias

estratégicas. Em 2015, a visita do presidente chinês marcou o início do projeto do

corredor econômico China-Paquistão, o que daria vantagem estratégica para transporte

de quaisquer tipos de materiais para ambos países. Além disso, o país possui o apoio

do mundo muçulmano, sempre marcado por ajuda econômica e militar, e cujo ânimo foi

redobrado após a conquista do Paquistão como primeiro país muçulmano nuclear.

Com um mundo caminhando para a política de direita e apesar de outras

graves crises humanitárias, os atentados e abusos dos exércitos na Caxemira

novamente imploram a atenção mundial e, como resultado, ocorreu, no ano de 2017,

forte pressão internacional para a realização do plebiscito, até então postergado pelos

governos. Porém, ainda que ambos Estados estivessem determinados a manter e

aumentar seu controle sobre a região, o Paquistão declarando-se na defesa da vontade

da população majoritariamente muçulmana de integrar-se a esse Estado, após 60 anos

22

de disputa, ambos os lados apenas reafirmaram o apoio à ideia de realizar o plebiscito,

mas mantém-se sem realizá-lo até o atual ano. Assim, continuam os enfrentamentos

em âmbitos militares, políticos e econômicos, sem, de fato, ouvir a população ou

realizarem medidas eficazes para protegê-la.

Fonte: http://www.struggle.pk/india-pakistan-kashmir-cartoon/

Imagem 1 – Charge criada para representar a disputa de ambas nações às custas do povo

caxemir.

No mesmo ano, mais um ponto de tensão surge na longa história do conflito

com a ativação da hidrelétrica Kishanganga. Inicialmente prevista para 2016, os

processos instaurados pelo Paquistão e vandalismos à obra, oficialmente não

identificados, adiaram por um ano essa sua conclusão. Após sua inauguração, passou

a operar em 60% da sua capacidade, mantendo o Acordo do Rio Indo, porém já

causando relevantes alterações na hidrografia paquistanesa, o que levou a novas

denúncias no tribunal da ONU.

Em menos de um ano de sua inauguração, a hidrelétrica já havia sofrido seis

atos de vandalismo. Além disso, um novo acirramento de ânimos começou no vale da

Caxemira, com uma onda de protestos dos próprios moradores da área contra a

sucessiva violência que sofriam. As manifestações foram abafadas com o envio de

novas tropas para a região, sob a justificativa de evitar possíveis atentados. Com isso,

novas pequenas bases militares foram construídas na região.

23

Enquanto isso, no cenário internacional, México, Brasil, África do Sul e Suécia

lideravam negociações sobre um tratado para proibir as armas nucleares, com o

objetivo de reduzir o risco de uma guerra atômica, porém os detentores desse

armamento apenas abstiveram-se ou votaram contra. Não apenas eles como países

não nucleares, como o Japão, sob a justificativa falta de que a falta consenso sobre as

negociações poderia "minar os progressos de um desarmamento nuclear efetivo".

Porém, como a postura histórica demonstra, as nações optaram por manter

seu arsenal bélico o mais desenvolvido o possível, continuando a realização de testes,

como o realizado pela Índia em outubro de 2018. Em resposta aos protestos feitos por

partes de alguns países, Narendra Modi, então chefe de Estado, respondeu que “a paz

deve ser a tentativa primordial para a qual se deve prezar, mas, às vezes, a melhor

maneira de assegurar a segurança de sua população é garantindo o perigo de uma

retaliação”, discurso que causou forte impacto internacional por sua firmeza.

No ano de 2022, ocorre a Rio+30, onde uma das principais metas é a

substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia sustentáveis, compromisso

que a Índia assume com a construção de hidrelétricas em Jhelum e Chenab, rios do

território indiano da Caxemira, sendo o projeto iniciado no final daquele ano. O ano

seguinte, 2023, foi um período de anomalias climáticas, onde as chuvas foram mal

distribuídas, sendo a Ásia um dos principais continentes afetados. Isso causou uma

diminuição da vazão dos rios e balançou países de forte produção agrícola, como o

Paquistão.

Sendo assim, quando a Índia realmente dá início às metas firmadas na

conferência brasileira, surge uma onda de vandalismo, sendo que alguns soldados

paquistaneses foram presos por esses atos. O governo muçulmano declarou não

serem ordens acatadas e sim “atos de revolta de cidadãos preocupados com seus

futuros. E que ainda que não compactuasse com as ações tomadas, havia uma causa

justa, visto a tentativa de evitar que as terras paquistanesas secassem, como parecia à

intenção de alguns”. O governo cumpriu também a proposta de medidas mais

drásticas, enviando mais denúncias no tribunal, uma vez que o país muçulmano

claramente seria prejudicado. Assim, o clima novamente intensificou-se. Após a

24

análise, determinou-se que um tamanho máximo para as obras, decisão que não

agradou nenhum dos dois governos.

A revolta eclodiu em março de 2025, gerando desde reuniões emergenciais

do CSNU até reuniões sobre os Direitos Humanitários. Como o conflito era não

oficial e deixou mais de 150 mortos, foram tomadas medidas para ajudar os

atingidos, como o decreto do Conselho de Segurança que implantou sedes fixas

para a Cruz Vermelha de ambos os lados da região e reforçou as tropas na Linha de

Controle, como resposta a um conflito mais rigoroso que deixou muitos civis feridos

daquele ano.

Ainda que esses conflitos, políticos ou militares, afetassem a vida de milhares

de pessoas, não ganhou notoriedade forte na mídia, ficando restrito a ocasionais

intervenções da ONU quando uma guerra mostrava-se iminente, não recebendo

soluções efetivas. Com isso, a rixa cresceu enquanto ambos os países continuaram

desenvolvendo-se e ganhando forte importância na manutenção da paz mundial e

auxílio a outros países.

E, em 2026, o governo indiano consolidou-se ainda mais no cenário mundial

quando, de acordo com os relatórios do FMI, torna-se o quarto maior PIB mundial,

tendo quadruplicado sua economia nos últimos dez anos. Isso, pois, apesar de tardio,

seu crescimento tem ocorrido rápida e grandemente, de modo que possui uma das

mais altas paridades de poder de compra, o que, converteu esse país numa das

economias de mais rápido crescimento da história.

Já em termos de produção econômica, a Índia apresentava cada vez mais uma

alta variedade, tendo notoriedade internacional desde a indústria agrícola até a de

softwares, além de investimentos em ciência e tecnologia de percentual relevante no

total mundial com um número elevado de Institutos de Tecnologia reconhecidos

internacionalmente. Outro dado que constava nos relatórios, era que o país aumentou

ainda mais as doações à ONU, consolidando-se como o segundo maior doador

financeiro, além de possuir Forças Armadas bem desenvolvidas que auxiliavam

constantemente a ONU em operações de paz.

25

Esses fatos auxiliaram na campanha do grupo G4, composto por Brasil, Índia,

Japão e Alemanha, bloco que lutava pela reestruturação do Conselho de Segurança,

pleiteando por vagas. As justificativas usadas refletiam em críticas globais sobre as

estruturas arcaicas e rígidas, que não mais representavam a realidade geopolítica

atual, além da campanha sobre democratização do órgão, prometendo auxiliar para

que os constantes abusos de poder realizados pelo P5 fossem extintos.

Assim, após mais de quatro décadas de críticas e tentativas de reestruturação

através de Assembleias Gerais que nunca conseguiam consenso, o CSNU foi

reformulado em 2028, com a adição de mais cinco membros permanentes, sendo eles

os membros do G4 e a África do Sul, país eleito para representar o Continente

Africano. Isso porque esse grupo, ainda que conte com rivais regionais, forneceram

constantes políticas de auxílio internacional. Essa nova distribuição ainda sofreu

críticas, principalmente devido ao fato de que, segundo a carta da ONU, os países

permanentes não devem contribuir para a manutenção de conflitos ou auxiliá-los ou

possuir crimes de guerra. O AGNU, nessa resolução deixou claro que a esperança

seria de democratizar e evitar abusos de poder com o novo formato.

Apesar disso, os conflitos continuaram. O novo estopim foi o veto indiano sobre

o envio do Médicos Sem Fronteiras para a região caxemir após um atentado onde

explodiram um escritório dessa organização em Srinagar, deixando quinze feridos e um

morto, sem nenhum grupo declarando-se como ator da ação. O conflito, que tinha

então diminuído, voltou à troca de ataques e acusações, levando a mais deslocamento

de grupos armados para a região. Com isso, a China também deslocou tropas para a

Aksai Chin para reforçar a segurança nos limites territoriais.

Mas em 2029 foi ano de eleições na Índia e a nova primeira ministra eleita foi

Priyanka Gandhi, neta da ex-primeira ministra Indira Gandhi. Nas eleições de 2014, o

candidato foi seu irmão, porém as pesquisas demonstraram que preferiam sua entrada.

Assim, Priyanka passa a dedicar-se ainda mais a política, sendo eleita como nova

chefe de Estado pelo Partido do Congresso. Com ela, a economia indiana assume

moldes mais neoliberais, aumentando a produção indiana, porém mantendo uma

postura firme quanto às aquisições e direitos nacionais.

26

E é nesse clima, que, como saída para os problemas energéticos e

econômicos, o Paquistão passa a vender inteligência e energia nuclear para a Arábia

Saudita e o Irã. Ambos os países são considerados como potenciais futuros

desenvolvedores de armas nucleares, o que gerou apreensão na comunidade

internacional, porém, como o país muçulmano convidou a AIEA para supervisionar as

negociações, nenhuma ação mais forte foi tomada contra os acordos bilaterais. Outro

fato importante do ano de 2030 é que, duas novas experimentações de explosivos

nucleares foram registradas naquele mesmo ano no território paquistanês.

Figura 2 – Charge publicada onde o Paquistão é representado usando medidas drásticas por

estar sozinho contra uma oponente de força desproporcional.

Fonte: Charge da cartunista Raquel Perim Pereira publicada em O Diplomata

No ano seguinte, com o acidente na usina nuclear de Almaraz, ocorre uma

pressão por parte de diversos países para a diminuição do uso da energia nuclear. As

três reuniões, encabeçadas pelo Brasil, visavam coagir os países a assinarem os

tratados já existentes sobre não proliferação nuclear. Além disso, foi formulado o

Tratado de Restrição Nuclear, visando à diminuição desse tipo energia e materiais,

trocando-os por fontes renováveis. Apesar do objetivo do tratado, poucos países com

forte relação com a tecnologia nuclear assinaram-no e nenhum dos que possuem esse

tipo de armamento.

Porém, a Índia continuou na meta de energias sustentáveis com a inauguração

27

das hidrelétricas prometidas na Rio+30. Essa medida, ainda cumprindo a restrição

imposta pelo Tribunal da ONU, reduziu ainda mais a produção agrícola paquistanesa,

aumentando a insatisfação popular. Esse desagrado foi o estopim. O povo, já revoltado

com problemas de corrupção, democracia, analfabetismo e falta de condições passa a

fazer manifestações contra o governo, exigindo melhoras e recursos básicos como

água, agora ainda mais escassa na região. Com o clima de revolta, o Paquistão sofre

seu quarto golpe militar, com uma facção tradicional do exército tomando o poder. Esse

novo governo de Estado passa a ter apoio popular, principalmente porque, desde a sua

fundação, os organismos militares desempenharam um papel decisivo na história do

país e sendo cruciais para a formação de um senso de identidade e unidade nacional a

partir das guerras de 1947 e 1965, contra o poderoso vizinho.

Assim, o novo chefe de Estado passa a ser Raheel Sharif em agosto de 2031,

liderando tanto o governo quanto a sexta maior Força Armada do mundo, segundo a

Global Firepower. Esse novo líder já havia assumiu o comando militar no final de 2013,

nomeado para o cargo poucos meses depois que o novo governo civil tomou posse, e

o país estava em meio ao caos. Houve atentados suicidas, assassinatos ligados a

partidos político e problemas com o Taleban, sendo que ele mostrou-se capaz,

resolvendo a maior parte dos problemas.

Esse novo governo adotou uma postura mais agressiva, passando a exigir o

fim de desvios de curso de águas que prejudicassem o país e tentando impor uma

dívida a Índia pelos prejuízos causados. Porém, o Estado hindu recusa-se a cumprir ou

negociar essas questões, visto que cumpria as diretrizes do Tribunal. O governo

recorre a ONU, fazendo pressão para a interrupção daquelas matrizes energéticas.

Porém, após um ano sem resolução real da questão, um grupo de cerca de

350 terroristas invadem o centro de geração de Kishaganga, tomando o controle em

setembro de 2032. Durante o contato com os líderes hindus, eles declaram que caso

não fossem desativadas as três hidrelétricas, todos os reféns seriam mortos. Ao

permitirem a entrada de um jornalista, eles gravam um vídeo contendo essas

informações e explicando os constantes abusos cometidos com os irmãos caxemires e

os impactos que as ações indianas têm causado, além da falta de atuação da ONU.

28

Enquanto isso, a primeira-ministra indiana mostrava à mídia internacional os

documentos da ONU e de seus órgãos que permitam a construção, além do acordo

feito com o marajá, que consolidava a região como pertencente ao território hindu.

Também foi relembrado que a emigração era permitida e prometido auxílio do governo

para os muçulmanos do vale da Caxemira que decidissem se mudar para um Estado

Islã. Porém, concomitantemente fingia negociações, a inteligência militar preparava

uma estratégia de retomada do local. Ao fim, todos os 350 invasores foram mortos,

assim como dez reféns durante a estratégia.

Diante de gravações e relatos dos próprios reféns quanto a situação, onde não

houveram abusos durante o cativeiro e que os soldados indianos agiram com

excessiva violência, matando até mesmo os terroristas incapacitados por gases

entorpecentes usados no ataque e os que haviam se rendido, Raheel Sharif convoca o

país para vingar seus irmãos islãs e envia tropas para a região. Ali, eles retomam o

controle de Kashagan e destroem a construção.

Após essa ação, a então chefe de Estado hindu, Priyanka Gandhi, declara

guerra ao rival devido à invasão territorial e instaura-se o conflito armado, formalizando

a Quinta Guerra Indo-Paquistanesa. Conforme o conflito sucede-se, surgem muitas

vítimas entre os cidadãos. A China posicionou-se em seu limite territorial, fazendo

ataques esporádicos e pequenos avanços, mas sua primeira ofensiva real é em

outubro, quando adentra na parte nordeste de Jammu, porém não consegue mantê-la

devido ao contra ataque. Após negociações sobre a região com o governo chinês, o

exército recuou, alarmando o Paquistão, que, temendo ser o próximo alvo e com as

forças militares girando sua economia, deslocou mais recursos para a área de fronteira.

Durante esse conflito, o CSNU reuniu-se três vezes em caráter emergencial

para lidar com a situação. Na primeira, a Índia vetou a resolução e, nas duas outras,

como convidada como delegação-palco, ou seja, sem seu poder de veto, contou com

os vetos da Rússia, sua principal ligação econômica na indústria bélica. A China, por

outro lado, impediu quaisquer documentos que visassem restaurar a Caxemira como

inteiramente indiana.

Porém, nos órgãos não-mandatórios, decidiu-se pelo reforço das sedes

29

médicas já existentes devido à urgência de apoio às vítimas. Assim, a Cruz Vermelha

manteve-se com forte ligação com o conflito e com os dois países, não assumindo

posição oficial, como de caráter do órgão. Seguindo a resolução, ampliou-se o número

de voluntários presentes nas sedes e construções feitas às pressas para atender a

toda a demanda.

Porém, no início do ano de 2033, a o Comitê Internacional da Cruz Vermelha

(CICV) forneceu aos Estados Unidos provas enviadas secretamente sobre uso

sistemático da tortura realizada em presos políticos pelas forças de segurança indianas

na principal prisão da Caxemira. Os documentos vazaram antes de serem analisados

pela própria ONU. Neles afirmavam-se que 177 visitas feitas em centros de detenção

na Caxemira indiana revelaram "padrões estáveis" de abusos a prisioneiros e o

consequente fingimento de desconhecer a situação do governo indiano, que negou a

ação e a veracidade dos documentos. Também entre os dados, existia uma lista e

fichas penitenciárias de nomes de importantes líderes paquistaneses declarados, até

então, como desaparecidos.

Assim, a quarta reunião emergencial do Conselho sobre o assunto foi

realizada, onde todas as punições destinadas à Índia foram novamente vetadas e

acabando sem quaisquer resoluções. No dia seguinte ao veto, um explosivo atômico

com metade da massa da “Little Boy”, bomba atômica lançada em Hiroshima no Japão,

atingiu a referida prisão indiana, onde havia um acampamento de soldados e uma sede

da Cruz Vermelha. O governo paquistaneses declarou oficialmente não ser o autor,

mas que agradecia a Allah que alguma punição havia sido realizada e que seus irmãos

na fé não estariam mais sujeitos aos caprichos de um governo cruel. Com isso, outra

reunião emergencial foi convocada para o dia 23 de Janeiro do ano de 2033, visando

tratar do atentado nuclear.

Porém, como os Estados Nucleares de jure (com esse status reconhecido no

TNP) são também, segundo a Carta das Nações Unidas, os principais responsáveis

pela manutenção da paz e segurança internacionais, na condição de membros

permanentes do Conselho. Assim, cada um dos membros desse seleto grupo decide

em última instância se uma agressão ou ameaça com armas nucleares configura ou

30

não uma ameaça à comunidade internacional. Com isso, e devido aos possíveis

desdobramentos, entre os quais um possível aumento do número de refugiados e/ou

início de uma Guerra Nuclear, foram convidados, além dos delegados do Paquistão e

da Cruz Vermelha, palcos do conflito tratado, o Nepal, pela questão dos refugiados, e a

Coréia do Norte, único país detentor oficial de armas nucleares sem assento no

presente CSNU, para tratar desse assunto.

Figura 03 – Mapa retratando o território da Caxemira

Fonte: http://www.grupoescolar.com/pesquisa/caxemira.html

31

4 POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES

4.1 Índia

A Índia reivindica toda a região do Vale da Caxemira, alegando posse legítima

devido ao acordo com o marajá no ano de independência. Também deixa claro o

desejo de reaver os territórios que considera ocupados pela China e Paquistão. É um

país que tem uma política internacional forte, estando presente nas principais reuniões

internacionais. Assim, está envolvido diretamente com acordos, principalmente

nucleares, declarando a política de No First Use, ainda que rejeite medidas como

Tratado de Não-Proliferação Nuclear, Tratado de Proibição Completa dos Testes

Nucleares, dentre outros. Após o atentado, há uma iminente promessa de retaliação

contra o ator, até o momento não identificado.

4.2 Paquistão

O Paquistão reivindica as áreas indianas do Vale, sem questionar os territórios

chineses, alegando posse devido à maioria religiosa na população, critério usado na

divisão. Desenvolveu armas nucleares como resposta ao teste indiano, não

apresentando política de primeiro uso ou desejo de assinar tratados que restrinjam sua

belicosidade atômica, além de bloquear as negociações do Tratado de Interdição de

Material Fissível.Tem sido prejudicado após a entrada da Índia no CSNU, pois o veto

tem sido usado em várias questões, como a situação de tortura realizada pelo governo

hindu. O líder, de forte conservadorismo, declarou não ser autor, ainda que tenha

mostrado-se satisfeito com o alvo escolhido pelo autor do atentado.

4.3 China

A China possui parte do Vale, o Aksai Chin, desde 1950, conquistado em

conflitos, com o argumento da não existência de mapas históricos precisos. Defende a

posse paquistanesa, ainda que não de maneira muito agressiva. É diretamente afetada

também pelas ações desses países na região. Entre os diretamente envolvidos, é

quem possui armamento atômico há mais tempo, porém, é a única que aderiu ao

32

Tratado de Não Proliferação-Nuclear e é a favor das zonas livres de armas nucleares.

Essa situação emergencial mostra-se preocupante devido ao possível desfecho, seu

interesse na região e a proximidade com a área atingida.

4.4 Cruz Vermelha

Esse órgão humanitário sempre auxiliou em conflitos, sendo fundamental

nessas regiões. Sempre busca uma política de neutralidade, visando fornecer a ajuda

necessária a todos os lados da situação. Possui presença forte no Vale desde os

primeiros conflitos, sendo reforçada e institucionalizada após a resolução do CSNU que

oficializou bases fixas. Além disso, foi através desse órgão que obtiveram-se os dados

sobre as torturas realizadas, episódio imediatamente anterior ao atentado, sendo que

na área atingida existia uma das sedes permanentes.

4.5 Afeganistão

Convidado por ser uma das principais rotas de escape de refugiados, além de

ligação histórica direta, tendo certos episódios e consequências na região, como o caso

do regime talibã. Sendo assim, após esse episódio, sua presença torna-se

imprescindível devido a possível crise em iminência. O país também foi um dos que

não assinaram o Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares.

33

5 QUESTÕES RELEVANTES PARA AS DISCUSSÕES

São algumas das questões que devem guiar as discussões e devem ser, ao

menos, debatidas durante as negociações e desenvolvimento do Comitê:

● Quais medidas devem ser adotadas para que o conflito cesse e se tenha

uma negociação pacífica?

● Qual o papel do CSNU como intermediador entre as partes do litígio?

● Qual deve ser o tratamento dispensado a um membro permanente do

CSNU ao passar por cima das decisões da ONU?

● Como elaborar medidas eficazes para que não se tenha o uso de armas

nucleares ou estas não caiam nas mãos de terroristas?

● Em que medida o conflito pode culminar em uma Terceira Guerra

Mundial, e o que fazer para evitá-la?

● O CSNU, que tem missão de zelar pela continuidade da paz e

segurança internacional, alcança seus objetivos em que medida com essa reunião

emergencial?

● Que medidas devem ser aplicadas para desenvolver a integração

sociocultural entre a população, a fim de evitar o conflito entre as ideologias e

costumes divergentes?

● Como por fim às violações aos direitos humanos que ainda ocorrem

tanto nos conflitos como com as populações locais?

34

REFERÊNCIAS

Autor desconhecido. Independência da Índia. Disponível em

http://www.todoestudo.com.br/historia/independencia-da-india. Acesso em 14 de mar.

de 2016.

Junior, Antônio. Holocausto nuclear. Disponível em

http://www.infoescola.com/curiosidades/holocausto-nuclear/. Acesso em 05 de nov. de

2016.

Santiago, Emerson. Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Disponível

http://www.infoescola.com/geografia/tratado-de-nao-proliferacao-de-armas-nucleares/.

Acesso em 05 de nov. de 2016.

Rodrigues, Otávio. Se Índia e Paquistão travassem uma guerra nuclear. Disponível

em http://super.abril.com.br/comportamento/se-india-e-paquistao-travassem-uma-

guerra-nuclear/. Acesso em 06 de nov. de 2016.

Autor desconhecido. A Questão da Caxemira e as Armas Nucleares. Disponível em

http://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro-estudos/armas-nucleares.aspx. Acesso

em 07 de nov. de 2016.

Folha Online. Entenda o conflito pela disputa da Caxemira. Disponível em

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u75769.shtmlr. Acesso em 07 de nov.

de 2016.

Autor desconhecido. Pesquisa aponta Brasil como 5ª maior economia em 2028.

Disponível em http://www.atarde.uol.com.br/economia/noticias/1557991-pesquisa-

aponta-brasil-como-5a-maior-economia-em-2028. Acesso em 07 de nov. de 2016.

Mantovani, Erick. Assembleia Geral das Nações Unidas – 2016: Reforma do

Conselho de Segurança das Nações Unidas. Disponível em

https://www.facebook.com/groups/1719553498257353/1728080640737972/. Acesso

em 05 de nov. de 2016.

OEC. Índia. Disponível em http://atlas.media.mit.edu/pt/profile/country/ind/ shtmlr.

Acesso em 08 de nov. de 2016.

35

OEC. Paquistão. Disponível em http://atlas.media.mit.edu/pt/profile/country/pak/.

Acesso em 08 de nov. de 2016.

Lusa. Início das negociações na ONU para banir armas nucleares do mundo.

Disponível em https://www.rtp.pt/noticias/mundo/inicio-das-negociacoes-na-onu-para-

banir-armas-nucleares_n991409. Acesso em 24 de mai. de 2017.

De Vylder, Eloise. Com apoio popular, exército amplia poder no Paquistão e civis

perdem espaço. Disponível em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-

noticias/the-new-york-times/2015/11/21/com-apoio-popular-exercito-paquistanes-

amplia-poder-e-civis-perdem-espaco.htm em 31 mai. 2017.

Autor desconhecido. Land aquisition conflicts. Disponível em

https://ejatlas.org/type/land-acquisition-conflictsem 25 jun. 2017.

Polgreen, Lydia; Tavernise, Sabrina. Hidrelétrica na Caxemira cria disputa entre

Índia e Paquistão. Disponível em

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/hidreletrica-na-caxemira-cria-disputa-entre-

india-e-paquistao/n1237724665147.html em 20 mar. 2017.

Bertonha, João Fábio. Índia e Paquistão: Guerra Nuclear e Geopolítica na Ásia do

Sul. Meridiano 47, Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, n. 23 e 24, p.1-8, jun-

jul/2002.

Neves, Edson. O Paquistão e o terrorismo transnacional na Caxemira: entre o

patrocínio real e a punição virtual. Disponível em http://oaji.net/articles/2015/2137-

1437411061.pdf em 25 jun. 2017.

Lafer, Celso. As Novas Dimensões do Desarmamento: os Regimes de Controle

das Armas de Destruição em Massa e as Perspectivas para a Eliminação das

Armas Nucleares. Disponível em

http://www.iea.usp.br/publicacoes/textos/laferdesarmamento.pdf em 12 mar. 2017

36

TABELA DE DEMANDA DAS REPRESENTAÇÕES

Na tabela a seguir, cada representação do comitê é classificada quanto ao

nível de demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que

não se trata de uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do

quanto cada representação será demandada a participar dos debates neste

comitê.

Legenda

Representações pontualmente demandadas a tomar parte nas discussões.

Representações medianamente demandadas para

tomar parte nas discussões.

Representações

frequentemente demandadas a

tomar parte nas discussões.

África do Sul

Alemanha

Afeganistão

37

Arábia Saudita

Argélia

Argentina

Austrália

Brasil

Canadá

China

Coreia do Norte

Cruz Vermelha

Egito

38

Espanha

Estados Unidos

Etiópia

França

Índia

Irã

Iraque

Israel

Itália

Japão

39

México

Nigéria

Paquistão

Reino Unido

Rússia

Ucrânia

Imprensa

40

ANEXO UM: PRINCIPAIS TRATADOS E ACORDOS IMPORTANTES PARA ESSE

COMITÊ E SUAS SÍNTESES

Acordo de Déli (1973): Sob os termos deste acordo, milhares de não-bengalis e

biharis de língua urdu foram sujeitos de transferência populacional ao Paquistão da

Índia e Bangladesh. Ao mesmo tempo, Bangladesh colaborou com a Índia para propor

o tratado para solucionar as crises humanitárias, mas não se tornou uma parte dele.

Supervisionado pela ACNUR, resolveu as crises humanitárias e abriu o caminho para o

reconhecimento do estado de Bangladesh pelo Paquistão.

Tratado da Água do Rio Indo (1960): Nasceu das pressões do Paquistão, que temia

ser prejudicado, se a Índia represasse ou desviasse o curso do rios em uma guerra.

Durante 50 anos seguintes o acordo permaneceu intacto, porém cheio de altos e

baixos devido às reclamações por parte do Paquistão. China também signa.

Recentemente a construção da Hidroelétrica de Baglihar na Índia causou problemas: O

Paquistão acusava a Índia de que as dimensões do projeto poderiam prejudicar o

abastecimento da população paquistanesa. Uma comissão arbitral internacional decidiu

que a usina é legal e não fere os termos do tratado. Mesmo contrariados, os líderes

paquistaneses assinaram em junho de 2010 um acordo onde aceitam o laudo

internacional.

Tratados da Não Proliferação (1970): Os signatários não detentores de armas

nucleares concordaram em não desenvolver ou adquirir esse tipo de arma, embora

possam pesquisar e desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos. Nenhum dos

dois assina.

Resolução 39 (1948): Ofereceu-se para ajudar na solução pacífica do conflito na

Caxemira através da criação de uma comissão de três membros, um a ser escolhido

pela Índia, a ser escolhido pelo Paquistão e o terceiro a ser escolhido pelos outros dois

membros da comissão. A comissão escreveria uma carta conjunta aconselhando o

Conselho qual curso de ação seria melhor para ajudar ainda mais a paz na região.

Abstenções da Ucrânia e a União Soviética.

41

Resolução 47: Aumentou o tamanho da Comissão criada pela Resolução 39 a cinco

membros, solicitou à Comissão que fosse ao subcontinente e ajudar os governos da

Índia e do Paquistão restaurar a paz e a ordem na região e se preparar para um

plebiscito para decidir o destino da Caxemira.

Resolução 80: Ordenou desmilitarização da área da Caxemira e a incentivou. Índia se

absteve da votação.

Acordo sino-paquistanês (1963): O acordo foi moderadamente vantajoso

economicamente para o Paquistão, que recebeu campos de pastagem na transação,

porém teve muito mais importância política, já que ambos diminuíram risco de conflito

entre a China e o Paquistão e, como indicou Syed, "colocou a China formalmente e

firmemente em registro como mantendo que a Caxemira não era, até então,

pertencente à Índia". A Índia não reconhece o acordo.

Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT): Proíbe não apenas a transferência de

armamento nuclear para Estados não-nuclearizados, mas também a aquisição de

armamento nuclear por parte desses Estados, garante acesso à tecnologia nuclear

para fins pacíficos e compromete os Estados nuclearizados a buscar negociações de

boa fé em medidas efetivas relativas à parada da corrida armamentista nuclear e ao

desarmamento nuclear;

Apenas Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte não fazem parte do acordo. Os norte-

coreanos inicialmente aderiram ao TNP, mas em janeiro de 2003 se retiraram do

tratado.

Tratado Antimísseis Balísticos (TAB): Assinado em 1972 por Estados Unidos e

União Soviética, proibiu que os países estabelecessem sistemas nacionais de defesa

antimíssil balístico. Em dezembro de 2001 os Estados Unidos anunciaram que se

retirariam do acordo, o que fizeram formalmente em 13 de junho de 2002.

Os representantes de cada lado concordaram em ter apenas duas áreas de

desdobramentos: uma para a proteção da capital e outra para o resguardo de uma área

de lançamento de ICBMs.

Tais áreas não poderiam prover uma defesa nacional ou se tornar a base para o

42

desenvolvimento de uma. Com isso, seria preservada a capacidade de penetração

pelas forças retaliatórias de mísseis do outro país.

Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares(CTBT ): Proíbe todo e qualquer

tipo de explosão nuclear. Determina a proibição de testes ou explosões nucleares de

qualquer natureza (civis ou militares), com quaisquer propósitos (pacíficos ou

belicosos) e em qualquer lugar.

Ainda não o assinaram: Coréia do Norte, Índia e Paquistão. China, Egito, Irã, Israel e

Estados Unidos assinaram, mas não ratificaram.

Tratado para Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e no Caribe–

Tratado de Tlatelolco: A desnuclearização militar da América Latina - entendendo

como tal o compromisso internacionalmente assumido no presente Tratado, constituirá

uma medida que evite, para seus povos, a dissipação de seus limitados recursos em

armas nucleares e que os proteja contra eventuais ataques nucleares a seus territórios;

uma significativa contribuição para impedir a proliferação de armas nucleares e um

valioso elemento a favor do desarmamento geral e completo.

Tratado da Antártida (1959): proíbe, na região da Antártida, qualquer manobra militar,

teste de armas, construção, instalação ou despejo de lixo radioativo produzido por

atividades militares

- Ficam proibidas medidas de natureza militar, como o estabelecimento de bases e

fortificações, realização de manobras militares e experiências com quaisquer tipos de

armas na Antártida.

- Ficam proibidas as explosões nucleares, bem como o lançamento de lixo ou resíduos

radioativos na Antártida.

Tratado de Pelindaba: Define a maior ZLAN1 já criada, compreendendo todo o

território africano, e sob seus termos o continente africano inteiro concordou em não

produzir ou adquirir controle de armas nucleares ou buscar assistência na pesquisa,

desenvolvimento, produção, aquisição ou estoque de qualquer aparato nuclear

1 Zona Livre de Armas Nucleares

43

explosivo na região.

No First Use (NFU): refere-se a uma promessa ou a uma política por parte de uma

potência nuclear de não usar armas nucleares como um meio de guerra, a menos que

primeiramente seja atacado por um adversário usando desse armamento. A China

declarou sua política de NFU em 1964, e desde então a tem mantido. A Índia articulou

sua política de não primeiro uso de armas nucleares em 2003. A OTAN tem

repetidamente rejeitado os apelos para a adopção da política de NFU, argumentando

que o ataque preventivo nuclear é uma opção fundamental, inclusive em 1999, quando

a Alemanha propôs 1999 a política.

44

ANEXO DOIS: MAPA DA CAXEMIRA CONFORME QUESTÕES TERRITORIAIS DO

ANO DE 2033