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A contribuição do biometano para aumentar a oferta de gás natural em São Paulo – Projeto 27

Biomethane´s contribution to increase natural gas offer in São Paulo State – Project 27

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SUMARIO EXECUTIVO/EXECUTIVE SUMMARY

A contribuição do biometano para aumentar a oferta de

gás natural em São Paulo – Projeto 27

Biomethane´s contribution to increase natural gas offer

in São Paulo State – Project 27

São Paulo, 14 de Setembro de 2016.

São Paulo, 14 September 2016



2

Sumário

1. SUMMARY ...................................................................................................................... 3

2. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

3. APRESENTAÇÃO GERAL DO WORKSHOP ................................................................ 6

4. PALESTRAS ................................................................................................................... 9

4.1. Profª Suani Teixeira Coelho – RCGI/GBIO/IEE/USP .......................... 9

4.2. Carina Couto - Arsesp ....................................................................... 11

4.3. Marcela Flores - ANP ......................................................................... 12

4.4. Alessandro Sanches Pereira – GBIO/IEE/USP ................................ 13

4.5. Mesa Redonda – Período Manhã ...................................................... 14

4.6. Plinio Nastari – DATAGRO ................................................................ 16

4.7. Marcio Schittini – ECOMETANO ....................................................... 17

4.8. Cristina Zuffo – SABESP ................................................................... 18

4.9. Pedro Paixão – CABOT ..................................................................... 20

4.10. Mesa Redonda – Período Tarde .................................................... 21

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 26

ANEXO A ............................................................................................................................ 28



3

1. SUMMARY

The Bioenergy Research Group of the Institute of Energy and Environment at the

University of São Paulo (GBIO / IEE / USP)1 is developing the "Project 27 - The biomethane

contribution prospects to increase the supply of natural gas in São Paulo" - within the

Research Center for Innovation in Natural Gas2 (RCGI). This is a center of advanced

studies on sustainable use of gas, created at USP with funding from FAPESP / Shell / BG.

This Project 27 will map the production of biogas and biomethane in landfills, sewage

treatment plants, animal waste and agribusiness at the state of São Paulo.

In this context, a workshop was organized in partnership with the RCGI, held at USP

(campus Butantã) on 14 September 2016, which aimed to bring together experts and

different stakeholdes in the field of biogas and biomethane, to present their proposals and

discuss technical, economic and policy issues related to the use of biogas / biomethane in

Sao Paulo State.

During the development of Project 27, financial, technical, environmental and social

aspects of production and use of biomethane will be analyzed. These aspects will be

addressed as important points to encourage the biomethane market in São Paulo, such as

the need to consider the fundamental synergy between biogas for energy generation and

basic sanitation. It is also essential a detailed survey of current data on landfills and sewage

treatment plants aiming the analysis of siloxanes3, which may serve as support to improve

the ANP resolution from September 17, 20144.

Therefore, as initial proposals that emerged from the debate, it was emphasized the

need to:

• a detailed survey of actual data on landfills and sewage treatment plants in the

ESP;

• a detailed analysis of the issues related to siloxanes in biogas, which may serve as

support for improving this resolution of the ANP;

1

http: // www.iee.usp.br/gbio/?q=node/76 2

http: //www.rcgi .poli.usp.br / en /

3 Siloxanes are pollutant compounds derived from the use of cosmetic and hygiene products (shaving cream, toothpaste

and others)

4 This resolution does not allow the injection of biomethane from landfills and sewage stations into NG grids -

available

in file:///C:/Users/geral/Downloads/79196%20(1).pdf



4

• a detailed discussion involving different stakeholders, including SMA / CETESB

ESP

• the definition of appropriate standards for biomethane injection into the natural gas

network, regardless its origin.

2. INTRODUÇÃO

O Grupo de Pesquisa em Bioenergia do Instituto de Energia e Ambiente da

Universidade de São Paulo (GBIO/IEE/USP) está desenvolvendo o projeto "As

perspectivas de contribuição do biometano para aumentar a oferta de gás natural em São

Paulo - http://www.iee.usp.br/gbio/?q=node/76”, no âmbito do Centro de Pesquisa para

Inovação em Gás Natural (Research Centre for Gas Innovation - RCGI na sigla em inglês) -

http://www.rcgi.poli.usp.br/pt-br/. Trata-se de um centro de estudos avançados sobre uso

sustentável do gás, criado na USP com financiamento da FAPESP/Shell/BG. Esse projeto

irá mapear a produção de biogás e biometano nos aterros sanitários, estações de

tratamento de esgoto e de resíduos animais e agroindustriais em todo o Estado de São

Paulo. Trata-se de um dos 29 projetos de pesquisa que vem sendo desenvolvidos no

âmbito do RCGI.

Neste contexto, foi organizando um Workshop, em parceria com o RCGI, realizado

na USP (campus Butantã) dia 14 de setembro de 2016, que objetivou reunir especialistas

da área para apresentar suas propostas e debater questões técnicas e políticas

relacionadas ao aproveitamento do biogás/biometano no meio urbano e rural.

O Workshop foi dirigido aos agentes envolvidos no setor energético brasileiro, tais

como empresas públicas e privadas, instituições governamentais, pesquisadores,

professores, alunos de graduação e pós-graduação, ONGs, associações, federações,

dentre outros.

Foram realizadas sete palestras5 seguidas de mesas-redondas, nas quais

representantes da academia, governo e indústria discutiram desde produção, potencial de

geração e aplicações, até marco regulatório do biometano.

5 Uma das oito palestras planejadas foi cancelada no dia do evento, por impossibilidade da palestrante da

APTA de comparecer, por motivo de saúde.



5

O Workshop foi realizado no Anfiteatro Engenharia Metalúrgica e de Materiais da

USP e contou com a seguinte programação:

As perspectivas de contribuição do biometano para aumentar a oferta de GN em SP

8h30 - 09h00 Credenciamento

09h00 – 09h20

ABERTURA

Julio Meneghini (Diretor Acadêmico – RCGI – Escola

Politécnica – Departamento de Engenharia Mecânica)

Antônio Celso de Abreu Jr.(Subsecretário de Energias

Renováveis - Secretaria de Energia e Mineração de São Paulo)

09h20 – 09h40

Suani Teixeira Coelho (Coordenadora do Projeto 27 RCGI –

GBIO/PPGE/IEE/USP) – “O potencial de produção de biogás e

biometano no Estado de São Paulo”

09h40 – 10h10 Carina Couto (Arsesp) – “Regulamentação Estadual para os

usos finais do biometano”

10h10 – 10h40 Marcela Flores (ANP) – “Qualidade do biometano”

10h40 – 11h00 Café

11h00 – 11h30 Alessandro Sanches Pereira (GBIO/IEE/USP) – “Cenário

regulatório do biometano na União Europeia”

11h30 - 12h30 Mesa redonda: Arsesp; ANP; USP; Antônio Celso de Abreu Jr.

– Mediadora: Suani Teixeira Coelho

12h30 - 14h00 Almoço

14h00 – 14h30 Plinio Nastari (DATAGRO) – “O Potencial de geração de

biometano no setor sucroalcooleiro Paulista”

14h30 – 15h00 Edna Ivani Bertoncini (Apta) – “Potencial energético do

biogás/biometano no meio rural” (palestra cancelada)

15h00 –15h30 Marcio Schittini (Ecometano) – “Biogás de aterro sanitário:

Um case de sucesso”

15h30 – 16h00 Cristina Zuffo (SABESP) – “A importância do biogás de ETE

no contexto do saneamento”

16h00 – 16h30 Pedro Paixão (Cabot) – “Processo de limpeza do biogás”

16h30 – 16h50 Café

16h50 – 17h50 Mesa Redonda: DATAGRO, Apta, Ecometano, Sabesp; Cabot;

Oswaldo Lucon (SMA) – Mediador: Aurelio de Andrade Souza

17h50 – 18h00 Encerramento – Prof Julio Meneghini – Coordenador do RCGI



6

3. APRESENTAÇÃO GERAL DO WORKSHOP

O evento contou com cerca de 50 participantes (Fotografias 1 e 2). O Anexo A

apresenta a lista de presença.

Fotografias 1 e 2. Participantes do Workshop



7

O evento contou com 11 (onze) palestrantes, incluindo os mediadores das mesas

redondas e os participantes da abertura do evento.

A abertura do evento contou com o pronunciamento da Coordenadora do evento e

do Projeto 27, Suani Teixeira Coelho, bem como dos seguintes convidados:

Julio Meneghini (Diretor Acadêmico – RCGI – Escola Politécnica –

Departamento de Engenharia Mecânica)

Antônio Celso de Abreu Jr. (Subsecretário de Energias Renováveis -

Secretaria de Energia e Mineração de São Paulo)

As Fotografias 3 a 6 apresentam a composição da mesa de abertura do Workshop.



8

Fotografias 3 a 6. Composição da Mesa de Abertura do Workshop



9

Após o pronunciamento de abertura da Profª Suani Teixeira Coelho, o Prof. Julio

Meneghini fez uma apresentação do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural –

RCGI, bem como abordou a importância dos projetos que estão sendo desenvolvidos. O

Secretário Antônio Celso comentou a importância do Workshop frente às questões de

obtenção e aproveitamento de biometano no Estado de São Paulo.

4. PALESTRAS

As apresentações realizadas no período da manhã foram proferidas por

especialistas inseridos em atividades relacionadas a regulamentações e qualidade do

biometano. Já as apresentações realizadas no período da tarde foram proferidas por

especialistas inseridos em atividades técnicas relacionadas à produção e uso do

biogás/biometano.

Os itens a seguir apresentam um breve resumo das apresentações realizadas.

4.1. Profª Suani Teixeira Coelho – RCGI/GBIO/IEE/USP

A primeira palestra foi realizada pela Profa. Suani Teixeira Coelho (Fotografias 7 e

8), cujo título foi “O potencial de produção de biogás e biometano no Estado de São Paulo -

Projeto 27 - Resultados preliminares”.



10

Fotografias 7 e 8. Profª Drª Suani Teixeira Coelho - Coordenadora do Projeto 27

RCGI – GBIO/PPGE/IEE/USP

Em sua apresentação foram discutidos os seguintes aspectos: repartição da oferta

interna de energia; participação de renováveis na matriz energética; evolução das

emissões de CO2 associadas à matriz energética brasileira e o Acordo de Paris, ratificado

em 12 de setembro de 2016 pelo Governo Federal, onde o Brasil assumiu metas de

mitigação das emissões de GEE e a garantia do aumento da participação de

biocombustíveis na matriz energética brasileira para 18% ate o ano 2030.

Profª Suani também apresentou o Projeto 27 - Contribuição do biometano para

aumentar a oferta de gás natural em São Paulo, que está em desenvolvimento pelo

GBIO/IEE/USP, no âmbito do RCGI, cujo escopo é analisar as perspectivas, os

correspondentes benefícios e as barreiras potenciais, bem como propor políticas

adequadas para soluções integradas usando biometano como um contribuinte para

aumentar a oferta de gás natural (GN) (mapeamento georreferenciado de São Paulo).

Foram apresentadas as principais fontes de produção de biogás (resíduos urbanos –

aterros sanitários e estações de tratamento de efluentes, vinhaça e resíduos rurais), bem

como os resultados preliminares do potencial de biogás/biometano e de energia elétrica no

Estado de São Paulo. Os resultados preliminares indicam a possibilidade de substituição



11

de até 46% do gas natural consumido em São Paulo, ou quase 6% da eletricidade

consumida no Estado em 2014.

4.2. Carina Couto - Arsesp

A palestra realizada pela Sra Carina Couto da Arsesp (Fotografia 9) abordou a

proposta de regulação para introdução do biometano na rede de distribuição de gás

natural.

Fotografia 9. Carina Couto - Arsesp

Foi apresentado o panorama da rede de distribuição de gás natural no Estado de

São Paulo, bem como a proposta de regulação alinhada às metas de São Paulo, as

especificações do biometano a ser injetado na rede de distribuição de gás natural, além

das especificações de proposta da regulação específica para biometano, como:

Responsabilidades: pontos de recepção e entrega do biometano e garantia de

qualidade do gás;

Investimentos: custos envolvidos com equipamentos, análises e medições

tanto para a concessionaria quanto para o fornecedor;

Contrato de compra e venda do biometano: os contratos devem conter

cláusulas essenciais, como: duração do contrato, preço do gás, pressão,



12

volumes contratados, garantia de qualidade do biometano, período de testes,

condições de interrupções e de faturamento e pagamento;

Chamada pública para compra de biometano: esta chamada deverá ser

realizada pela concessionária. O Edital deverá conter o volume a ser

contratado, preço, projeto básico, capacidade legal e financeira para

execução do projeto, além do prazo de fornecimento.

Carina Couto apresentou, ainda, alguns desafios para a regulação de introdução de

biometano da rede de distribuição de gás natural: fomentar o desenvolvimento sustentável,

diversificar a oferta de suprimento de gás natural e proteger o usuário em relação à

qualidade, preço e continuidade dos serviços de distribuição de gás natural.

4.3. Marcela Flores - ANP

A palestra realizada pela Sra. Marcela Flores da ANP (Fotografia 10) abordou a

regulação do biometano com foco em sua qualidade.

Fotografia 10. Marcela Flores - ANP

Foram abordadas as atribuições das Leis nº 9.478/1997, nº11.097/2005 e

12.490/2011, a contextualização dos investimentos realizados na construção de unidades

de tratamento de biogás para produção de biometano oriundos de resíduos agrícolas e



13

aterros sanitários (exemplos dos aterros de Gramacho e Dois Arcos, ambos localizados no

Rio de Janeiro), e as Leis Estaduais incentivando a utilização de biometano de aterro

sanitário (São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Rio Grande do Sul)

Marcela também apresentou a Resolução ANP n° 08, de 30 de janeiro de 2015, que

contem as definições e especificações do biogás e biometano, além dos problemas

encontrados referentes à especificação de biometano proveniente de aterros sanitários e

estações de tratamento de efluentes (preocupações com relação à presença de siloxanos).

A palestrante concluiu sua exposição apresentando os desafios da regulamentação

do biometano e mencionando a necessidade de maiores informações para a revisão da

Resolução ANP n° 08/2015, bem como para a regulamentação das atividades de produção

e transporte. Assim sendo, é necessário um acompanhamento detalhado das operações

nests instalações geradoras de biometano, permitindo a seleção de possíveis alternativas

para viabilizar a utilização do biometano de aterros e ETE´s na rede de distribuição, através

da participação de diversos atores: MMA, Ministério das Cidades, MME, MTPS, MS,

ANVISA, universidades, entre outros, para debater questões relacionadas aos aterros no

Brasil, questões ambientais e exposição ocupacional.

4.4. Alessandro Sanches Pereira – GBIO/IEE/USP

A palestra realizada pelo Dr. Alessandro Sanches Pereira do GBIO/IEE/USP

(Fotografia 11) abordou o cenário regulatório do biometano na União Europeia.

Fotografia 11. Alessandro Sanches Pereira – GBIO/IEE/USP



14

Foram abordados o consumo e demanda de gás natural na Europa, bem como a

dependência da Russia no fornecimento de gás natural, as tendências guiadas pela Política

Energética Europeia (redução de importações, aumento da produção de biogás na UE,

aumento de incentivos para o uso de biometano como combustível veicular e incentivo para

o comércio intra-europeu de biometano), a valorização energética do biogás e o setor de

biogás e biometano na União Europeia.

Alessandro também apresentou os países da UE que injetam biometano em suas

redes de gás natural, os problemas encontrados com os siloxanos (e as soluções

encontradas), a utilização de biometano no transporte, além da sinergia entre o gás natural

e o biometano.

4.5. Mesa Redonda – Período Manhã

A mesa redonda do período da manhã (Fotografia 12) contou com a participação da

Carina Couto (Arsesp), Marcia Flores (ANP), Alessandro Sanches Pereira (GBIO/IEE/USP),

Antônio Celso de Abreu Jr. (Secretaria de Energia de São Paulo) e da Profª Suani Teixeira

Coelho como mediadora.

Fotografia 12. Composição da Mesa Redonda – Período Manhã



15

A Profª Suani Teixeira Coelho iniciou as discussões da mesa redonda apontando a

produção de biogás a partir do milho na Alemanha e em outros países da UE – com o

objetivo de reduzir as emissões de carbono, acopladas a politicas de incentivos a

renováveis, inicialmente com a participação das energias eólica e fotovoltaica e, mais

recentemente, com a inclusão da biomassa sólida (pellets). Como não conseguiram operar

em maior escala com solar e eólica, devido ao fato de serem energias intermitentes

(apresentando dificuldades para substituir o carvão nas usinas termoelétricas operando na

base) e devido à reação da população (à medida que aumentam a área a ser ocupada pela

fotovoltaica e eólica), houve necessidade de se utilizar biomassa.

O Sec Antônio Celso continuou as discussões abordando a necessidade de se

melhorar a regulamentação do biometano e comentou sobre a usina de geração de energia

elétrica a partir do biogás no aterro sanitário da Essencis, em Caieiras/SP, cuja

inauguração seria no dia 16 de setembro de 2016. Segundo Antonio Celso a energia

elétrica a partir do biogás já é uma realidade e, portanto, o uso de biometano também pode

ser. Antônio Celso ainda comentou sobre os sistemas de financiamentos – leilões de

energia a preços competitivos com metodologias transparentes, que sejam discutidas com

a população, além dos investimentos em longo prazo.

Carina Couto comentou sobre o cenário para introdução do biometano, que está

aquecido e de portas abertas para investidores. Entretanto, os investidores devem

apresentar projetos com regras claras e transparentes.

Carina abordou também a regulação da ANP e as necessidades de mudanças para

que o biometano seja introduzido na rede de gás natural.

Alessandro Sanches também comentou sobre a necessidade de melhoria da

Resolução da ANP para alavancar a introdução do biometano. Abordou também outras

questões como a sinergia entre o problema de saneamento e geração de energia, trazendo

para discussão a questão do biometano em relação ao saneamento básico e as

possibilidades de co-digestão, além da questão do biometano como um mercado novo,

onde ainda há necessidade de comprometimento de volumes de fornecimento e qualidade

do gás, bem como de superar as barreiras do biometano para fazer parte do mercado.

Marcela Flores abordou questões referentes aos diferentes mercados do biometano,

os problemas e origens diferentes para atender mercados iguais, o trabalho da ANP para

melhorar a resolução, necessidade de maiores discussões para os diferentes problemas



16

técnicos encontrados, como captação de biogás. Marcela também comentou sobre a

resolução da ANP, que permite o uso de biometano a partir de resíduos agrossilvopastoris

na rede de gás natural que, entretanto, até hoje ainda não foi usado.

Em seguida, houve a participação da plateia na discussão. Os principais assuntos

abordados foram:

Problemas com investimentos em projetos de P&D de biometano;

Sintonia do Governo Federal com a Secretaria de Energia e MME para tratar

dos gargalos do biometano – falta uniformidade na regulação;

Biometano até então não foi tratado com prioridade pelo Governo Federal.

Não parece haver interesse em introduzir uma porcentagem mínima de

biometano na rede, o que poderia trazer vantagens ambientais e estratégicas,

como no Programa de Biodiesel (que estabelece a obrigatoriedade de adição

do biodiesel ao óleo diesel no país, e sem o qual não haveria o elevado

consumo de biodiesel);

Expansão da rede de gás natural em São Paulo – contribuição dos usuários.

O biometano até agora não se mostrou mais barato que o gás natural, sendo

necessário, portanto, uma maior tarifa aos usuários;

Além da geração de energia, existe a questão de políticas publicas que deve

ser discutida pelo Estado;

Redução de tarifas para biogás e biometano e regulação para introdução de

biometano na rede – questões que poderiam viabilizar a introdução de

biometano no mercado.

4.6. Plinio Nastari – DATAGRO

A palestra realizada pelo Dr. Plinio Nastari da Datagro (Fotografia 13) abordou o

potencial de geração de biometano no setor sucroenergético.



17

Fotografia 13. Plinio Nastari – DATAGRO

Foram abordadas questões relacionadas à produção de açúcar no Brasil e no

mundo, preços do açúcar e do etanol, diferencial do preço da gasolina e do diesel,

consumo de combustíveis no Brasil e a participação do etanol, investimento em energia

renovável, resultados da COP21 e as metas apresentadas pelo Brasil.

Plinio finalizou sua apresentação com a discussão sobre a bioeletricidade no Brasil e

com o potencial de biometano proveniente do setor sucroenergético, que apresenta

perspectivas significativas de substituição do diesel nas maquinas agrícolas do setor.

Segundo as estimativas apresentadas, o biogás produzido a partir da vinhaça nas usinas

de São Paulo poderia substituir quase que 60 % do óleo diesel consumido no Estado de

São Paulo.

4.7. Marcio Schittini – ECOMETANO

A palestra realizada pelo Sr. Marcio Schittini da Ecometano (Fotografia 14) abordou

o case de sucesso do biogás/biometano proveniente de aterro sanitário.



18

Fotografia 14. Marcio Schittini – ECOMETANO

Marcio apresentou a usina de produção de biometano no aterro sanitário Dois Arcos,

localizado na Região dos Lagos, Estado do Rio de Janeiro. No início o biometano

produzido a partir dos resíduos sólidos urbanos provenientes de oito municípios da Região

dos Lagos deverá ser fornecido em cilindros (gás comprimido) para clientes industriais.

Futuramente a usina poderá ser ligada à rede de distribuição de gás natural do Estado do

RJ, caso a ANP permita em sua regulamentação.

Também foram abordados em sua apresentação os dados de processo, o processo

de captação de biogás, qualidade do biometano produzido e a capacidade de utilização do

biometano no transporte (caminhões e ônibus).

4.8. Cristina Zuffo – SABESP

A palestra realizada pela Sra. Cristina Zuffo da Sabesp (Fotografia 15) abordou a

importância do biogás proveniente de estações tratamento de esgoto no contexto do

saneamento.



19

Fotografia 15. Cristina Zuffo – SABESP

Cristina apresentou a Sabesp – uma grande companhia de saneamento - e as

instalações de tratamento de esgoto nas unidades. Também discutiu os problemas técnicos

que encontraram na utilização de biodigestor anaeróbio de fluxo ascendente (também

denominado UASB) nas unidades.

A palestrante abordou ainda os principais problemas enfrentados com o uso de

biogás no Brasil:

Elevado déficit nos serviços de saneamento básico;

Disputa por recursos (Operação de água e esgoto);

Adequação das instalações existentes;

Adequação dos Projetos e Processos visando à otimização do uso do Biogás;

Necessidade de um inventário do real potencial das Estações de Tratamento

de Esgoto existentes;

Composição do esgoto tratado na SABESP, que apresenta uma mistura de

efluentes urbanos e industriais, o que influencia a produção de biogás;

Esforços em Manutenção Preventiva– na maioria das ETEs não é priorizada;

Investimentos em automação e controle de processos;

Estudar aspectos de dimensionamento e segurança do uso de Biogás;

Marco Legal ainda não totalmente consolidado;

Viabilidade técnica e econômica de tecnologias voltadas ao biogás.



20

Cristina apresentou também as possibilidades de usos finais do biogás, seu balanço

energético (energia elétrica e térmica), além de alguns projetos já desenvolvidos pela

SABESP, inclusive o atual projeto que se encontra em desenvolvimento da Unidade de

Franca, onde parte do biogás produzido será purificado (transformado em biometano) e

utilizado em parte da frota de veículos da unidade. Segundo Cristina, com este projeto a

SABESP terá economia de R$ 234.600,00/ano com combustível devido à substituição de

combustível veicular pelo biometano.

4.9. Pedro Paixão – CABOT

A palestra realizada pelo Sr. Pedro Paixão da Cabot (Fotografia 16) abordou o

processo de purificação do biogás por meio de carvão ativado.

Fotografia 16. Pedro Paixão – CABOT

Pedro iniciou sua palestra com uma breve apresentação da Cabot Corporation,

divisões e negócios da empresa e as localizações das plantas, filiais e sedes regionais.

Posteriormente o palestrante apresentou a visão geral do carvão ativado:

Carvão Ativado e Porosidade;

Poros VS Impurezas;

Adsorção nos Poros de Carvão Ativado;

Tamanho de Partícula & Classificação;



21

Tipos de Matérias-Primas Utilizadas pela Cabot;

Processos de Fabricação de Carvão Ativado.

Pedro enfatizou em sua apresentação a visão geral do biogás, incluindo o processo

de purificação por meio do uso de carvão ativado para remoção de siloxanos6 e gás

sulfídrico (H2S) presentes no biogás proveniente de aterros sanitários e estações de

tratamento de esgoto.

Segundo Pedro, a utilização de carvão ativado para purificação do biogás apresenta

as seguintes vantagens:

- reduz os custos de operação e manutenção;

- aumenta a eficiência de produção de biogás

- reduz o número de paradas da planta para manutenção;

- aumenta o tempo de vida do óleo lubrificante e das velas de ignição do motor;

- aumenta o tempo de vida do motor de biogás e de microturbinas.

4.10. Mesa Redonda – Período Tarde

A mesa redonda do período da tarde (Fotografia 17) contou com a participação do

Plinio Nastari (DATAGRO), Marcio Schittini (ECOMETANO), Cristina Zuffo (SABESP),

Pedro Paixão (CABOT), Oswaldo Lucon (SMA) e de Aurelio de Andrade Souza (IEE/USP)

como mediador.

6 Compostos poluentes derivados de produtos de higiene pessoal e doméstica, entre outros.



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Fotografia 17. Composição da Mesa Redonda – Período Tarde

A Profª Suani Teixeira Coelho iniciou as discussões da mesa redonda perguntando

aos palestrantes quais as barreiras ainda existentes para que se tenha uma produção

efetiva de biometano como contribuição à oferta de gás natural.

Ela lamentou a ausência da palestrante da Edna Ivani Bertoncini da Apta que falaria

sobre produção de biogás e biometano no meio rural, mas infelizmente foi cancelada no dia

do evento por motico de saúde da palestrante. Entretanto, comentou que o mediador da

mesa Eng. Aurélio de Andrade Souza tinha larga experiência em energias renováveis e

com conhecimento na área de resíduos e biogás, o que permitiu a discussão do tema.

Plinio Nastari comentou que apesar de não ser um produtor de biogás tentaria

responder ao questionamento da Profª Suani: porque a produção de biogás e biometano

não ocorre em larga escala no setor sucroalcooleiro.

Segundo sua visão há três motivos. O primeiro é histórico e está relacionado a

experiência mal sucedida de uma empresa de equipamentos de Piracicaba, que há 20

anos desenvolveu um biodigestor para o setor sucroenergético; devido ao insucesso, criou-

se uma barreira no setor. O segundo motivo, relacionado ao primeiro. é que se estabeleceu

um ceticismo sobre o domínio da tecnologia - embora a Datagro em sua pesquisa sobre o

tema tenha identificado que este assunto já está dominado, apesar das dificuldades

tecnológicas da transformação dos resíduos da cana em biogás. O desenvolvimento foi

realizado no Brasil a partir da adaptação de uma tecnologia alemã de biodigestão. O

desenvolvimento demandou um grande esforço, pois a biodigestão dos resíduos de cana



23

apresenta outros desafios além dos encontrados na biodigestão do milho e de outros

cereais usuais na Alemanha. Essas diferenças acabam trazendo uma maior concentração

de compostos de enxofre devido ao processo de sulfitação do açúcar.

O terceiro motivo é pela crise atual do setor. O setor não tem condições de fazer

investimento, embora exista uma grande oportunidade - não apenas para geração de

eletricidade, mas também para substituição de diesel, maior item de custo para as usinas.

Devido à mecanização da colheita da cana, o consumo de diesel no setor subiu para 3

litros de diesel por tonelada de cana, o que coloca o custo do diesel como o item que mais

pesa no orçamento das empresas do setor. Embora o custo com diesel tenha aumentado,

hoje o setor não tem como investir no desenvolvimento da substituição deste combustível .

Plinio acredita que, passada a desconfiança quanto ao desenvolvimento da

tecnologia e superada a dificuldade com a capacidade de investimento, algum incentivo

parcial e temporário com relação a tributos possa ser catalisador para estimular o processo.

Uma política pública pode incorporar ao preço de mercado uma externalidade que o

empresário ou consumidor eventualmente não enxergue de outra maneira, segundo ele.

Plinio ressalta que estudos feitos na Califórnia mostram que o etanol de cana de

açúcar é o mais limpo (com menores emissões de carbono no seu balanço energético).

Quando comparadas as diferentes matérias primas existentes. Assim, se for eliminado (ou

reduzido) este consumo elevado de diesel, as usinas atingirão uma pegada de carbono

(“carbon footprint”) igual a zero ou bem próximo de zero. Cita ainda que fabricantes de

motores como Iveco, Volvo e Mercedes já possuem motores prontos para usar biometano.

Pedro Paixão discute o potencial de geração de biogás de ETEs e aterros sanitários,

ressaltando que o potencial de aterro sanitário é muito maior que o de ETEs. Ressalta

ainda que a ETE deve ser suficientemente grande, capaz de gerar biogás que compense

financeiramente limpar, tratar e gerar energia.

Oswaldo Lucon comenta a história da biodigestão na Cetesb, que operou

biodigestores por longo tempo. Discute a questão das mudanças climáticas e a

internalização das externalidades e diz que a receita estadual está começando a entender

o significado de mitigar gases de efeito estufa. Comenta a necessidade do Conama em

regulamentar os gases de efeito estufa como poluentes.

Marcio Schittini comenta como é difícil colocar o biogás como prioridade frente aos

grandes problemas ainda a serem resolvidos. Segundo Marcio, o biometano não é um



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vetor de desenvolvimento que precisa de subsidio, mas sim um vetor de desenvolvimento

que gera receita. Segundo ele, os reguladores estão se sensibilizando com relação a este

fato, além de ser um redutor de passivos ambientais. Comenta que o Plano Nacional de

Biogás busca responder “por que o biogás nunca de fato aconteceu” e apresenta pontos

fundamentais que necessitam ser tratados para que o biogás passe a ser parte da matriz

energética brasileira.

Marcio ressalta a importância do fator regulação no desenvolvimento da indústria do

biogás/biometano. Cita que, na sua opinião, a geração de energia elétrica não faz sentido

no Brasil pelo setor; na Alemanha, cuja matriz é basicamente com carvão, o biogás pode

contribuir para uma matriz limpa, mas no Brasil isto não faz sentido, pois “nossa matriz

sempre foi limpa e barata. Por que gerar eletricidade a partir de biogás se isto é mais caro

quando comparado com as demais fontes?”, pergunta Schitini.

No setor onde o biometano faz sentido como a substituição de fósseis nunca houve

um amparo regulatório, pois sempre existiu um agente monopolista que tomava conta da

cadeia de valor completa dos combustíveis. Agora, com a união dos agentes reguladores e

agentes privados representados por associações, há uma possibilidade de viabilizar a

inserção do biometano na matriz energética brasileira em futuro próximo. Marcio ainda

discute a necessidade da existência de um ICMS específico para biometano e da

necessidade de homogeneização de regras para o setor publico e privado tratarem este

gás.

Cristina Zuffo comentou que, no setor de ETEs, os recursos nunca foram dirigidos

para o aproveitamento do biogás. “Isto está mudando, pois atualmente a questão do lodo

como energia está incentivando os estudos de biogás, principalmente se considerarmos o

consumo de energia elétrica nas ETEs”, segundo ela. Comenta que a realidade brasileira é

muito diferente daquela de outros países e que é necessário fazer adaptações de

tecnologias internacionais para as nossas realidades.

Suani Coelho pergunta a Zuffo como ela vê o projeto da Usina de Arrudas em Belo

Horizonte. Cristina entende que há problemas na usina não só quanto a aspectos

tecnológicos, mas também públicos. No seu entendimento, nem sempre se consegue

comprar as melhores tecnologias (devido a problemas com licitações). Assim, segundo ela,

implementar novos modelos de negócios poderia auxiliar a contornar problemas de

natureza pública.



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Suani pergunta a Plinio Nastari se um projeto piloto de vinhaça com a Gás Brasiliano

teria chance de sucesso. Plinio responde que sim e acrescenta que a Raízen está

começando a entrar nesta área com a Usina Bonfim. Segundo ele, “ já começam a surgir

prêmios para produtores de etanol com menor pegada de carbono e isso pode estimular o

desenvolvimento de projetos”.

Após a discussão com os participantes da mesa redonda, houve a participação da

plateia.

Um representante da Comgás informa que a companhia ainda possui duvidas

quanto à garantia de abastecimento, ao que Plinio responde que há cálculos de potencial

de geração de biogás para garantir o fornecimento. Comgás ainda comenta sobre o preço

do biogás acima do preço do gás natural e abaixo do diesel e pergunta como o biometano

entraria nesse mercado, considerando que há excesso de oferta de gás natural. Plinio

responde que o preço de oportunidade do biometano será determinado pelo preço de

oportunidade que será diluído com as outras utilizações do biogás e este preço de

oportunidade tem de cobrir os custos. O valor do biometano que vai substituir o diesel ou

que será injetado no gasoduto deve levar em conta o preço de oportunidade do biogás ou

biometano para as outras utilizações que estes tiverem. Por exemplo, se o preço da

energia elétrica for elevadíssimo, o biogás será certamente utilizado para produzir energia

elétrica.

Marcio Schittini complementa que o biometano não deve causar um ônus à tarifa do

gás natural.

Gilberto Alvin, ex funcionário da Comgas propõem juntar os dados existentes sobre

biogás/biometano e utilizarem para quebrar paradigmas. Suani responde que essa é uma

das atividades do projeto 27, a coleta de dados e análises e propõe esforços conjuntos

nesta direção

Angelo da Ecometano fala da tecnologia UASB, que foi criada para tratar o efluente

e o biogás era emitido para atmosfera. Entretanto hoje, a captação e utilização do biogás

são muito importantes.

Após a discussão da mesa redonda a Profª Suani encerrou o Workshop.



26

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O workshop aqui apresentado integra as ações da pesquisa liderada pela Profª

Suani Teixeira Coelho, referente ao projeto 27 do RCGI, intitulada “As perspectivas de

contribuição do biometano para aumentar a oferta de gás natural em São Paulo”, que

possui como um dos objetivos, o mapeamento georreferenciado do potencial de biogás e

biometano proveniente de diferentes fontes no Estado de São Paulo.

De acordo com a Profª Suani, durante o desenvolvimento do projeto 27, além das

questões financeiras, serão analisadas as questões técnicas, ambientais e sociais da

produção e uso de biometano. Serão abordados também pontos importantes para

incentivar o mercado de biometano em São Paulo, como a necessidade de se considerar a

sinergia fundamental entre o biogás para a geração de energia e o saneamento básico.

Também é fundamental um detalhado levantamento de dados reais sobre aterros sanitários

e estações de tratamento de esgoto para análise das questões referentes aos siloxanos,

que poderão servir de subsídios para o aperfeiçoamento da resolução da ANP.

Além de debater temáticas ligadas à produção e uso de biometano no Estado de

São Paulo, o Workshop contou com a presença de professores e pesquisadores de

instituições de ensino e pesquisa, assim como profissionais de concessionárias de energia

elétrica, do governo e de organizações não-governamentais.

Dessa forma, tanto as discussões em torno da temática do evento quanto o contato

com estes profissionais constituíram uma grande oportunidade para alunos, pesquisadores

da área e empresas privadas.

Assim sendo, como propostas iniciais surgidas do debate, ressalta-se a necessidade

de:

um detalhado levantamento de dados reais sobre aterros sanitários e

estações de tratamento de esgoto no ESP;

uma análise detalhada das questões referentes aos siloxanos, que poderão

servir de subsídios para o aperfeiçoamento da resolução da ANP;

uma discussão detalhada envolvendo os diferentes atores, incluindo a

SMA/Cetesb do ESP



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a definição de padrões adequados para a injeção do biometano na rede de

gás natural, independentemente de sua origem.

São Paulo, Setembro de 2016



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ANEXO A

LISTA DE PARTICIPANTES NO WORKSHOP



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