SUMÁRIO DA DISCIPLINA -...

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3SUMÁRIO DA DISCIPLINA

Plano da Disciplina ..............................................................................................................................................

UNIDADE IUNIDADE IUNIDADE IUNIDADE IUNIDADE I

Texto 1: Desenvolvimento Humano e Desenvolvimento Sustentável. ........................................................

Texto 2: Dimensões e implicações econômicas, sociais, políticas, culturais, ambientais e

institucionais nas novas relações entre Estado, Mercado e Sociedade. .....................................................

Texto 3: O DLSI – Desenvolvimento Local Sustentável Integrado como metodologia

estratégica no enfrentamento da exclusão social. ..........................................................................................

UNIDADE IIUNIDADE IIUNIDADE IIUNIDADE IIUNIDADE II

Texto 4: Ética, responsabilidade social e participação : aspectos fundamentais à construção

de um pacto social pelo desenvolvimento sustentável. ...............................................................................

Glossário ...........................................................................................................................................................

Texto 5: Mudança de Paradigmas : contribuição dos profissionais na construção de um

novo modelo de pensar o desenvolvimento humano. ..................................................................................

Referências Bibliográficas .................................................................................................................................

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Relevância da Disciplina

Esta disciplina é relevante na construção da cidadania de nossos graduados. Seu enfoque multidisciplinar,porém com o viés ambiental, permite aos alunos desenvolverem um senso crítico sobre as questões que maisafligem as sociedades: os problemas ambientais e a exclusão social.

Diante destas discussões estes alunos poderão se posicionar e, através de ações conscientes e transformadoras,traçarem um novo quadro nas sociedades futuras.

Objetivos da Disciplina

Problematizar e analisar os conceitos de desenvolvimento tomando por referência os paradigmas desustentabilidade e qualidade de vida. Contribuir para o processo de formação de profissionais cidadãos, comuma atuação profissional articulada nos eixos da competência, sustentabilidade, consciência e ética na perspectivado desenvolvimento humano.

UNIDADE I: Conceitos, Fundamentos e Premissas do Desenvolvimento Sustentável

Tempo estimado de auto-estudo nesta unidade: 8h/atividades

Objetivos: Demonstrar as relações entre os conceitos de Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade.Analisar o desenvolvimento da sociedade de consumo e suas conseqüências. Discutir o DesenvolvimentoLocal Integrado Sustentável como mecanismo de contribuição para diminuir a crise socioambiental.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

PLANO DA DISCIPLINACarga Horária Total: 30h/atividades

Créditos: 02

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Assuntos Onde encontrar Atividades complementares

Quadro-resumo da unidade

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Pesquisar na Internet em sites que estejamrelacionados ao papel das ONGs no Brasil e noMundo.

Citar exemplos de ações que retratem a participaçãoda sociedade civil na resolução dos problemassocioambientais.

Texto 4: Ética,responsabilidade social eparticipação: aspectosfundamentais à construçãode um pacto social peloDesenvolvimentoSustentável

Texto 5: Mudança deparadigmas: contribuiçãodos profissionais naconstrução de um novomodelo de pensar oDesenvolvimento Humano

Assuntos Onde encontrar Atividades complementares

Quadro-resumo da unidade

Texto 1: DesenvolvimentoHumano e DesenvolvimentoSustentável

Texto 2: Dimensões eimplicações econômicas,sociais, políticas, culturais einstitucionais nas novasrelações entre Estado,Mercado e Sociedade

Texto 3: DLISDesenvolvimento LocalIntegrado Sustentável comometodologia estratégica noenfrentamento da exclusãosocial

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Levantamento de textos em que estejamimplícitas as propostas de DesenvolvimentoSustentável e da Sustetabilidade.

Transcrever de reportagens passagens queretratem o modelo da sociedade de consumo.

UNIDADE II: Cidadania, meio ambiente e qualidade de vida

Tempo estimado de auto-estudo nesta unidade: 7h/atividades

Objetivos: Apresentar o terceiro setor e relacionar sua importância, no mundo moderno, para a resolução dosproblemas socioambientais. Identificar os atores responsáveis pela mudança de comportamento no enfrentamentoda crise, e como os mesmos participam da construção de um novo modelo de sociedade.

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6 UNIDADE I

Conceitos, Fundamentos e Premissas doConceitos, Fundamentos e Premissas doConceitos, Fundamentos e Premissas doConceitos, Fundamentos e Premissas doConceitos, Fundamentos e Premissas doDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento Sustentável

Neste texto abordamos a base conceitual do Desenvolvimento Sustentável e da Sustentabilidade, demonstrandoa dualidade entre estes conceitos e relacionando-os à evolução da sociedade.

TTTTTeeeeexto 1: Desenvolvimento Humano exto 1: Desenvolvimento Humano exto 1: Desenvolvimento Humano exto 1: Desenvolvimento Humano exto 1: Desenvolvimento Humano eDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento SustentávelDesenvolvimento Sustentável

É notório que o mundo contemporâneo baseia-se emum modelo de desenvolvimento que privilegia osinteresses dos grandes grupos econômicos. A mídiaestimula posturas consumistas e individualistas,induzindo a valorização de produtos e serviços, emsua maioria irrelevante à nossa sobrevivência. Nãopretendemos negar que a modernidade permitiu aohomem melhores condições de sobrevivência, mastemos que refletir, discutir e avaliar o preço pago pelamaior parcela da população e as conseqüênciasimpostas ao meio ambiente nesse mundo dominadopelas tecnologias. Como podemos compactuar comuma sociedade que estabelece um padrão dedesenvolvimento priorizando o crescimento contínuosem levar em conta os impactos ambientais causadospelo mesmo?

Na tentativa de responder esta questão, foi realizadoum estudo e no ano de 1987, foi publicado o relatório“Nosso Futuro Comum”, também conhecido comoRelatório Brundtland, que propôs o DesenvolvimentoSustentável como alternativa de modelo dedesenvolvimento, sendo definido como: “aquele queatende às necessidades do presente sem comprometera possibilidade de as gerações futuras atenderem assuas próprias necessidades” (ACSELRAD; LEROY,1999, p. 17). Entretanto estes autores enfatizam quenesse conceito está implícita uma lógica de mercadoque mantém a hegemonia do modelo vigente, uma vezque na introdução do relatório há a proposta de umaera de crescimento econômico.

Layrargues (1997) reforça essa abordagemrelacionando o desenvolvimento sustentável àideologia neoliberal, destacando que a ComissãoBrundtland (1987) evita abordar a necessidade daredução dos padrões de consumo pelos países ditosdesenvolvidos. Este autor entende que a sociedadede consumo calcada no modelo vigente é insustentávele propõe que deveríamos estabelecer uma linhamediana entre o primeiro e terceiro mundo, queatenderia às necessidades básicas dos povos, obtendoum teto de consumo material que limitaria os impactoscausados ao meio ambiente.

Já Adler (1997) aborda a questão afirmando que essenovo conceito de desenvolvimento viria incorporar apremissa da preocupação com o meio ambiente,expressando a estratégia de, obrigatoriamente ter queincluir no planejamento de desenvolvimento de umpaís a variável ambiental, integrando o modelo dedesenvolvimento ao meio ambiente.

Herculano (1992) discute bem essa dualidadeafirmando que a proposta de desenvolvimentosustentável parte de um pressuposto, até entãoutópico, que estabelece a conciliação entredesenvolvimento econômico e preservação ambiental,ou seja, devemos reduzir o ritmo de exploração danatureza para permitirmos a continuidade de suautilização para as gerações futuras.

Como garantir esse desenvolvimento? É possívelrealizá-lo sem uma nova ordem econômicainternacional?

A visão dos ambientalistas retrata a mudança deparadigmas; prevê uma outra postura da sociedadefrente ao modelo de produção e consumo,estabelecendo a necessidade de uma nova éticahumana nas relações sociais; e descreve também odistanciamento homem – natureza, caracterizando aciência moderna com a onipotência de poder dominare subjugar a natureza.

Percebemos que o homem moderno na suaprepotência é capaz de afirmar que o domínio datecnologia será a “pedra fundamental” para a resoluçãodos problemas ambientais, numa abordagem conhecidacomo eco – tecnicista.

Palavras–ChaveDesenvolvimento Sustentável

Sustentabilidade

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7O modelo norte – americano traduziu um exemplo de

desenvolvimento a ser seguido por outros países; osque não se enquadrassem nesse modelo estariamfadados ao arcaísmo.

O referido modelo atende apenas às grandespotências mundiais, uma vez que detém os recursosfinanceiros e consequentemente o poderiotecnológico. Ele envolve os países ditos emdesenvolvimento, comprometendo-os economicamentee garantindo assim uma dependência contínua. É umaforma de monitorar nossas ações e manipular nossosrecursos.

A idéia de que o desenvolvimento de tecnologiaslimpas, relativas ao meio ambiente, representa ocaminho para as resoluções dos problemas ambientaisé no mínimo curiosa. Podemos degradar e poluir poistemos a capacidade de implementar soluçõestecnológicas para recuperação desses ambientesimpactados!

Na discussão entre o modelo econômico a seguir e aconceituação de desenvolvimento sustentávelpercebemos a nítida dualidade dessa proposta.

Na verdade, há uma retórica, por parte dos grandesgrupos capitalistas, de implementar uma nova óticapara o desenvolvimento econômico, porém continuarcom a mesma política maquiada, agora com umaproposta de utilização racional dos recursos do meioambiente. É no mínimo preocupante.

Alguns autores retratam bem a visão moderna deque meio ambiente equilibrado e preservado dependede justiça social. Há a nítida fundamentação de queos problemas ambientais perpassam também porquestões sociais, portanto não podemos analisar taissituações sem traçar um quadro da realidadevivenciada pelos povos dos países ditossubdesenvolvidos.

A proposta de desenvolvimento sustentávelapresenta uma abordagem perigosa, pois estáinspirada nas diferentes formas de exploração dosrecursos naturais , na implementação de tecnologias“limpas” e na mudança de manejo do meio ambiente.Porém, não contempla pontos fundamentais, tais como:exploração da mão-de-obra, discrepância entre asclasses dominantes e as menos favorecidas, e atualnível de espoliação ambiental impostos pelos povosdesenvolvidos.

Diante de um conceito tão simples e óbvio,enfocamos uma questão altamente polemizada e que,na realidade intrínseca da proposta, envolve problemase interesses bem mais complexos e de difícil equação.Esse conceito ganhou notoriedade e divulgação global

na publicação da Agenda 21 durante a conferência daRio-92.

Acselrad; Leroy (1999) tecem críticas à Agenda 21,em virtude do documento representar uma “aparentemudança” quando defende padrões sustentáveis deconsumo, combate à pobreza e fortalecimento degrupos sociais entre outros, porém o mesmodocumento em sua introdução reafirma que o mercadorepresenta o eixo central para o DS:

A Agenda 21 usa uma série de expressões que soamfamiliares aos nossos ouvidos: “ambiente econômicointernacional ao mesmo tempo dinâmico e propício”,“políticas econômicas internas e saudáveis”,“liberalização do comércio”, “distribuição ótima daprodução mundial, sobre as bases das vantagenscorporativas, etc... (ACSELRAD; LEROY, 1999, p. 18)”.

Os mesmos autores referem-se também à Agenda 21como um documento em que há uma crescentepreocupação com a redução do consumo e com atransformação do modelo, ou seja, concepções queestariam em harmonia com um novo discurso deSustentabilidade. Há o entendimento de que devemosquestionar o modelo de desenvolvimento, expressona proposta de DS e imposto às sociedades. Estesmodelos de desenvolvimento devem contemplarcaminhos qualitativos em detrimento dosquantitativos, identificando assim uma mudança deconceituação, sendo entendida como uma novaabordagem para a Sustentabilidade (ACSELRAD;LEROY, 1999).

Discutindo o tema, Ascelrad (2001) apresenta umaanálise da disputa entre os conceitos deDesenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade:

A suposta imprecisão do conceito desustentabilidade sugere que não há ainda hegemoniaestabelecida entre os diferentes discursos. Osecólogos parecem mal posicionados para a disputaem um terreno enraizado pelos valores doprodutivismo fordista e do progresso material. Avisão sociopolítica tem se restringido ao esforço deONGs, mais especificamente na atribuição deprecedência ao discurso da eqüidade com ênfase noâmbito das relações internacionais. Melhor seapropriou da noção até aqui, sem dúvida, o discursoeconômico...” (ASCELRAD, 2001, p. 28/29)

Layrargues (1997) reafirma essa questão identificandoque há uma confusão entre os conceitos e contrapõeo “Ecodesenvolvimento” em comparação aoDesenvolvimento Sustentável reforçando que não setrata de uma evolução conceitual do primeiro para osegundo, mas sim a elaboração de uma nova propostacriada para dar suporte à política econômica

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8desenvolvimentista. No início, os movimentosambientalistas e a sociedade em geral demonstraramgrande receptividade à proposta do desenvolvimentosustentável, devido ao conceito refletir as expectativasideológicas para as relações entre homens e meioambiente para esse século. Entretanto, os grandesgrupos econômicos se apropriaram deste conceito querespalda o modelo americano de crescimento, passandoa ser paradigma para os países ditos emdesenvolvimento. Segundo esse modelo as soluçõesestão baseadas na criação de tecnologias limpas e“verdes” que representariam o “milagre” datransformação dos processos produtivos e da relaçãode apropriação do homem e o meio ambiente.

Segundo o mesmo autor o novo modelo proposto(DS), na verdade, representa o antigo modelo dedesenvolvimento com uma proposta maquiada, ondeas grandes indústrias multinacionais assumem umanova postura sem modificar a estrutura defuncionamento, com isso ganham assim a simpatia dasociedade pela adoção de “pacotes ecológicos”, poréma essência continua a mesma (LAYRARGUES, 1997).

Herculano (1992) discute a dualidade entre DS eSutentabiliade afirmando que a proposta dedesenvolvimento sustentável parte de umpressuposto, até então utópico, que estabelece aconciliação entre desenvolvimento econômico epreservação ambiental, ou seja, devemos reduzir oritmo de exploração da natureza para permitirmos acontinuidade de sua utilização para as geraçõesfuturas.

Ascelrad (2001) organiza sua análise sobreDesenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade emcinco matrizes discursivas1. No presente texto vamosnos ater a duas: a da Eficiência e da Eqüidade. A matrizdiscursiva possui as seguintes características:“pretende combater o desperdício da base material dodesenvolvimento, estendendo a racionalidadeeconômica ao espaço não-mercantil planetário”(ACSELRAD, 2001, p. 27).

Penna (1999) reforça as críticas à matriz da eficiênciaao analisar a sociedade de consumo, identificando quea mesma está pautada nos interesses dos grandesgrupos econômicos, que preconizam uma sociedadeconsumista para garantir a manutenção do atualmodelo. Porém, as conseqüências ambientais sãodesastrosas, desencadeando impactos severos, comoforma de atender ao processo de crescimentocontínuo.

Helene; Bicudo (1994) também discutem a propostade desenvolvimento sustentável relacionada à matrizda eficiência e apresentam-na como uma abordagemque privilegia a implementação de tecnologias

“limpas”, a mudança de manejo do meio ambiente.Criticam-na por não contemplar pontos fundamentais,como a exploração da mão-de-obra, discrepância entreas classes dominantes e as menos favorecidas e oatual nível de espoliação ambiental imposto pelospovos desenvolvidos.

Segundo Ascelrad (2001), a matriz da eficiência éidentificada na representação técnico-material dascidades, onde “a cidade sustentável será aquela que,para uma mesma oferta de serviços, minimiza oconsumo de energia fóssil e de outros recursosmateriais, explorando ao máximo os fluxos locais,satisfazendo o critério de conservação dos estoquese de redução dos rejeitos” (2001, p. 38).

Conforme Brüguer (1999), que nesta abordagem deDS a questão ambiental tem sua abrangência reduzidaaos aspectos da natureza e às questões técnicas:

Assim como a questão ambiental tem sido bastantereduzida às suas perspectivas naturais e técnicas,“coerentemente”o adjetivo sustentável posto nodesenvolvimento, com referência à questãoambiental, tem guardado sobretudo essa dimensãotécnica e naturalista, provavelmente adequada paralidar com populações animais ou vegetais, masinsuficiente para dar conta da complexidade queenvolve as relações homem-natureza (BRÜGUER, ,1999, p. 74/ 75).

Herculano (1992) entende que o homem moderno nasua prepotência é capaz de afirmar que o domínio datecnologia será a “pedra fundamental” para resoluçãodos problemas ambientais, numa abordagem conhecidacomo Eco-tecnicista.

Da mesma forma Loureiro (2000) entende que otecnicismo (soluções técnicas e de manejo dosrecursos naturais), ignora os aspectos políticos eeconômicos, defendendo a supremacia da ciência naresolução dos problemas ambientais.

A idéia de que o desenvolvimento de “tecnologiaslimpas” – matriz da eficiência -, representa o caminhopara a resolução dos problemas ambientais, é no mínimocuriosa. Segundo essa ótica podemos degradar epoluir, pois temos a capacidade de implementarsoluções tecnológicas para recuperação dessesambientes impactados (PENNA, 1999).

Deluiz; Novicki (2004) demonstram a interface entrea proposta de DS pautada na eficiência e aracionalidade econômica que propõe a economia dosrecursos naturais como forma de resolução dosproblemas ambientais porém, continua tendo comopremissa básica o crescimento econômico e a lógicade mercado.

1 Matriz da Eficiência, Matriz da Eqüidade, Matriz da

Escala, Matriz da Auto-suficiência e Matriz da Ética

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9A análise dos pressupostos desta matriz desenvolvimento

sustentável permite-nos compreender, que na concepçãode desenvolvimento sustentável centrada na lógicado capital, o livre mercado é o instrumento dealocação eficiente dos recursos planetários e, nestesentido, a relação trabalho e meio ambiente estásubsumida à supremacia do capital, com sériasconseqüências para o mundo do trabalho e para osrecursos naturais (DELUIZ; NOVICKI, 2004, p.14).

Acselrad (2001), discute também uma segunda matrizdiscursiva: a da Eqüidade, “que articula analiticamenteprincípios de justiça e Ecologia” (2001, p. 27). Essamatriz defende uma concepção de meio ambiente quecontempla o meio natural, as instituições criadas peloshomens e a relação entre ambos. Essa matriz destacavínculo entre justiça social e ecologia:

Consideram-se as relações intrínsecas entredesigualdade social e degradação ambiental-questões que não podem ser analisadas em separado,por terem raízes comuns; essa compreensão remete aum tratamento conjunto e articulado dos propósitosde erradicação da pobreza e de proteção ambiental(ACSELRAD; LEROY, 1999, p. 28).

Helene; Bicudo (1994, p. 24/25), apresentam o temanuma abordagem clara, pontuando uma propostarelacionada à matriz da eqüidade:

•As necessidades dos pobres são prioritárias.

•Por desenvolvimento entende-se o progressohumano, em todas as suas facetas – cultural,econômica, social e política, que deve ser possível atodos os países, sejam eles desenvolvidos ou emdesenvolvimento.

•Essa sustentabilidade não é rígida; antes, deveadmitir a possibilidade de mudanças, às quais se reagecom adaptações.

•Está implícita uma preocupação com a igualdadesocial entre as pessoas de uma mesma geração e entreas pessoas de uma geração e de outra; uma geraçãonão deve destruir os recursos, impedindo outras deusá-los.

Chiavenatto (1997) também discute temas próximosa matriz da eqüidade, destacando que meio ambiente

equilibrado e preservado depende de justiça social,identificando que os problemas ambientais sãoperpassados também por questões sociais. Portanto,não podemos analisar tais situações sem traçar umquadro da realidade vivenciada pelos povos dospaíses ditos subdesenvolvidos. Sua discussão sebaseia num contraponto entre o modelo econômicoque devemos seguir e a conceituação dedesenvolvimento sustentável, com isso percebe anítida ambigüidade desse contexto. Na verdade háuma retórica, por parte dos grandes gruposcapitalistas de implementar uma nova ótica para odesenvolvimento econômico, porém, continuam coma mesma política maquiada agora com uma propostade utilização racional dos recursos do meio ambiente.

O desenvolvimento sustentável leva a umaeconomia sustentável. A preservação e oaproveitamento racional dos recursos naturais sãoconseguidos pelo desenvolvimento sustentável,possibilitando a viabilidade da economiasustentável e dando ao homem um ambientesaudável. Esse equilíbrio só será obtido se tambémfor conquistada a justiça social: miséria e fomeproduzem desperdício e poluição, e são resultadosda exploração social e prática imperialista(CHIAVENATO, 1997, p.113).

Ascelrad; Leroy (1999) propõem a SustentabilidadeDemocrática em oposição à matriz daeficiência:entendida como processo pelo qual associedades administram as condições materiais de suareprodução, redefinindo os princípios éticos esociopolíticos que orientam a distribuição de seusrecursos ambientais. Propõe uma mudança doparadigma hegemônico de desenvolvimentoeconômico, com base em princípios de justiça social,superação da desigualdade socioeconômica econstrução democrática ancorada no dinamismo dosatores sociais (NOVICKI; LUIZ, 2004).

Brüguer (1999) permeia essa linha de discussãoquando critica o desenvolvimento sustentável eapresenta propostas que deveriam estar inseridasnessa discussão, tais como; nova ética; redefiniçãodo que seja o bem-estar material e espiritual; revisãoespistemológica dos conceitos de MA, tecnologia,ciência e educação, enfim vai ao encontro daspremissas identificas na matriz discursiva da eqüidade.

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Fonte: Valor Econômico, 06/01/06.

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TTTTTeeeeexto 2: Dimensões e implicações econômicas, sociais,xto 2: Dimensões e implicações econômicas, sociais,xto 2: Dimensões e implicações econômicas, sociais,xto 2: Dimensões e implicações econômicas, sociais,xto 2: Dimensões e implicações econômicas, sociais,políticas, culturais, ambientais e institucionais naspolíticas, culturais, ambientais e institucionais naspolíticas, culturais, ambientais e institucionais naspolíticas, culturais, ambientais e institucionais naspolíticas, culturais, ambientais e institucionais nasnovas relações entre Estado, Mercado e Sociedadenovas relações entre Estado, Mercado e Sociedadenovas relações entre Estado, Mercado e Sociedadenovas relações entre Estado, Mercado e Sociedadenovas relações entre Estado, Mercado e Sociedade

O processo de globalização econômica, adotado pelassociedades humanas no século vinte, e a imposiçãoda ideologia neoliberal pelo grupo de países mais ricosdo planeta (G8), acentuou a crise ambiental ecivilizatória.

Constatamos, com esses fatos, que dois movimentossão significativos a dissolução das fronteiras políticasao desenvolvimento do capitalismo (mercado global edesregulamentado) e a emergência de “novas”fronteiras ambientais. Com isso existe oquestionamento de como a sociedade participará narepresentação de interesses e, particularmente, agovernabilidade do espaço ambiental, dadas àslimitações impostas por processos políticos eeconômicos sem fronteiras (ALTVATER, 1999)?

Neste contexto, o poder econômico - através deorganizações internacionais (Organização das NaçõesUnidas - ONU; Fundo Monetário Internacional - FMI;Banco Mundial - BID) determina as políticas e posturasque os países “em desenvolvimento” devem praticar.Sabemos que estes organismos internacionais atendemaos interesses dos países desenvolvidos (G8), quecom seu elevado grau de industrialização exploraramde forma mais espoliativa os seus recursos naturais, epara manter a hegemonia do sistema, não permitemque outros países tenham maiores perspectivas dedesenvolvimento, a não ser que os mesmos sigam suasinstruções/manuais. Tudo isso associado a umdiscurso de que devemos nos preocupar com apreservação dos recursos naturais, nummonitoramento pelo “bem do planeta”.

A crise socioambiental se evidencia a partir dodesenvolvimento do capitalismo, desencadeando umamudança na relação entre o homem e a natureza. Nessemomento, a sociedade tecnológica se desenvolve e aapropriação dos recursos naturais para suprir odesenvolvimento humano passa a ser o foco centraldessa relação.

Alguns autores retratam bem a visão moderna deque meio ambiente equilibrado e preservado dependede justiça social. Há a nítida fundamentação de queos problemas ambientais perpassam também porquestões sociais, portanto não podemos analisar taissituações sem traçar um quadro da realidadevivenciada pelos povos dos países ditossubdesenvolvidos.

A proposta de desenvolvimento sustentávelapresenta uma abordagem perigosa, pois estáinspirada nas diferentes formas de exploração dosrecursos naturais , na implementação de tecnologias“limpas” e na mudança de manejo do meio ambiente.Porém, não contempla pontos fundamentais, taiscomo: exploração da mão-de-obra, discrepânciaentre as classes dominantes e as menos favorecidas,e atual nível de espoliação ambiental impostos pelospovos desenvolvidos.

Diante de um conceito tão simples e óbvio,enfocamos uma questão altamente polemizada e que,na realidade intrínseca da proposta, envolve problemase interesses bem mais complexos e de difícil equação.

Neste momento discutimos o processo da globalização, o novo modelo de sociedade de consumo, e asconseqüências sociambientais deste novo modo de vida difundido no planeta.

Palavras–Chave

Sociedade

Consumo

Tecnologia

Impactos Ambientais

Loureiro (2000) destaca que as causas da degradaçãoambiental, promovidas pelo nosso modo de produzir econsumir podem ser agrupadas em algumas variáveis:1a) Expansão e manutenção da demanda – consumoelevado, 2a) Livre mercado e propriedade privada –exploração da natureza, 3a) Marginalização de grandesparcelas da sociedade – a preocupação com adepredação ambiental torna-se secundária, justificadapela necessidade do desenvolvimento econômico.

Nesse cenário, intensificado a partir da segundagrande Guerra Mundial, pontuamos alguns eventosmarcantes que permearam o crescimento dasdiscussões e mobilizações sobre os problemasambientais nas três últimas décadas do século XX.

Segundo Adler (1997), o avanço científico etecnológico foi benéfico para a humanidade, porémcriou desafios para a nossa inteligência. O autor reiterao fato de que a tecnologia permitiu os homens umacapacidade extraordinária de manipulação sobre o

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12ambiente, sendo justificada pela necessidade daprodução de bens e serviços e conseqüenteorganização da sociedade. O fato é que, com essapostura, o homem gerou uma gama de problemasambientais só passíveis de serem resolvidos mediantea participação coletiva.

Dias (2003), destaca que no ano de 1972 há apublicação do relatório do Clube de Roma, intitulado“Os Limites do Crescimento”, que se baseia emanálises do modelo de desenvolvimento econômico esua relação com o meio ambiente. O documentoprojetava um futuro colapso das sociedades,ressaltando a questão do consumo desenfreado e aexploração dos recursos naturais de forma inadequada.No mesmo ano foi realizada a primeira ConferênciaInternacional, promovida pela ONU, sobre o ambientehumano:

...de 05 a 16 de junho de 1972, na Suécia,representantes de 113 países participam daConferência de Estocolmo/Conferência da ONUsobre o Ambiente Humano, atendendo à necessidadede estabelecer uma visão global e princípios comunsserviriam de inspiração e orientação à humanidade,para preservação e melhoria do ambiente humano.Oferece orientação aos governos, estabelece o Planode Ação Mundial, e, em particular, recomenda queseja estabelecido um programa internacional deEducação Ambiental visando educar o cidadãocomum, para que este maneje e controle seu ambiente.A recomendação n. 96 reconhece o desenvolvimentoda EA como elemento crítico para o combate à criseambiental no mundo (DIAS, 2003, p. 36).

Naquele momento (1972), o fato de o “primeiromundo” iniciar uma reflexão sobre o modelo dedesenvolvimento é muito questionado pelos paísessubdesenvolvidos. Essa linha de discussão estabeleciaque os países do terceiro mundo (cone sul) nãopoderiam se desenvolver sob o risco de um colapsoambiental global (DIAS, 2003).

Conforme Dias (2003), o Brasil fica marcadonegativamente, nessa conferência, por convidarindústrias poluidoras a instalarem seus parques deprodução em nosso país; o objetivo desse convite eraque as mesmas aumentassem o nosso produto internobruto (PIB), mesmo que fosse gerado um passivoambiental significativo (degradação/poluição).

Nos anos seguintes, foram realizados váriosencontros em que a temática ambiental se apresentava

no cerne das discussões. Pedrini (1997) enfatiza oEncontro de Belgrado (Iugoslávia), em 1975, como umdos momentos mais marcantes na história doambientalismo em virtude de, nesse evento, seremformulados os princípios e orientações para umprograma internacional de Educação Ambiental. Nessaperspectiva em que são propostas as formas dedesenvolver a EA, ressaltamos algumas: a) aimportância de se considerar as diferenças regionais;b) a abordagem deve prever a multidisciplinaridade; c)a EA tem que ser permanente e contínua. Esses sãopontos fundamentais do documento, que ficaconhecido como CARTA DE BELGRADO.

Dois anos depois, em 1977, ocorre em Tbilisi (Geórgia,ex-URSS), a I Conferência Intergovernamental sobreEducação Ambiental, promovida pela Organização dasNações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(UNESCO) e pelo Programa das Nações Unidas para oMeio Ambiente (PNUMA). Esse evento torna-se ummarco nas orientações para aplicações de programas em EA.

A abordagem de meio ambiente proposta em Tbilisiincorpora aspectos sociais, políticos, econômicos eculturais em escala regional, nacional e global,contrariando uma concepção reducionista, ainda hojepresente no debate, que defende uma visãobiologizada de meio ambiente, reduzindo-o acomponentes não humanos (VELASCO, 2000).

Segundo Pedrini (1997), o ano de 1992 é significativona discussão acerca da temática ambiental, uma vezque é realizada no Rio de Janeiro a ECO-92, conhecidaoficialmente como a Conferência da ONU sobre MeioAmbiente e Desenvolvimento, com a participação de170 países. Neste evento diversos documentos sãodiscutidos, tais como: Tratado sobre a Biodiversidade,Convenção sobre o Clima e a Agenda 21, consideradoo documento mais importante.

As discussões são permeadas por críticas ao modelode desenvolvimento, reconhecendo sua falência eapresentando o desenvolvimento sustentável comoalternativa para a humanidade. Outro ponto que ficaevidente é que a Educação Ambiental representa oinstrumento estratégico desse novo modelo. Ficaestabelecido também que as premissas de Tbilisidevem ser o elemento norteador. Hoje, esse encontroé reconhecido como o mais importante de todos ostempos na discussão dos caminhos da sociedade(PEDRINI, 1997).

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13QUADRO RESUMO SOBRE A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO 1972

• PIONEIRA NA TOMADA DE CONSCIÊNCIA MUNDIAL SOBRE A FRAGILIDADE DOS ECOSSISTEMAS

• PROTEÇÃO DAS ESPÉCIES AMEAÇADAS

• VISIONÁRIA E PROFÉTICA

• INGÊNUA E APOCALÍPTICA

• DURANTE A “GUERRA FRIA” O QUE DIFICULTOU O ENTENDIMENTO

• UTILIZAÇÃO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS NÃO-RENOVÁVEIS

• POUCA MOBILIZAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA

• PARTICIPAÇÃO DESASTROSA DO BRASIL

QUADRO RESUMO SOBRE A CONFERÊNCIA DO RIO – ECO 1992CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE EDESENVOLVIMENT O “CONFERÊNCIA DO RIO - ECO 92”

RELATÓRIO BRUNDTLAND (1987)• tarefa de delinear estratégias ambientais para o ano 2000

• apresentou o conceito de desenvolvimento sustentável (DS)

BRASIL COMO SEDE - DE VILÃO EM 1972 A ANFITRIÃO EM 1992

• RESOLUÇÃO N.44/228 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1989 DA ONU CONVOCOU A CONFERÊNCIA E ACEITOUA CANDITURA DO BRASIL COMO PAÍS SEDE

• Propostas a serem discutidas:

• proteção a atmosfera

• proteção qualidade da água

• proteção ao ambiente costeiro e uso racional

• proteção ao solo

• conservação da biodiversidade

• controle da biotecnologia

• controle de dejetos

• erradicação da pobreza

• proteção a saúde

• CÚPULA DA TERRA

• REUNIU 103 CHEFES DE ESTADO (MAIOR DA HISTÓRIA)

• DESTACARAM A RELEVÂNCIA DA AGENDA 21

• NECESSIDADE DA ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS TARIFÁRIAS

• NOVA ORDEM ECOLÓGICA E SOCIAL JUSTA

• RENEGOCIAÇÃO DAS DÍVIDAS EXTERNAS

• ACESSO A TECNOLOGIAS LIMPAS

• CÚPULA DA TERRA

• ERRADICAÇÃO DA POBREZA

• DECLARAÇÃO DO RIO

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14

Fonte: O Globo, 15/01/06.

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15TTTTTeeeeexto 3: Desenvolvimento Local Integrado Sustentávelxto 3: Desenvolvimento Local Integrado Sustentávelxto 3: Desenvolvimento Local Integrado Sustentávelxto 3: Desenvolvimento Local Integrado Sustentávelxto 3: Desenvolvimento Local Integrado Sustentávelcomo como como como como mmmmmetodologia etodologia etodologia etodologia etodologia eeeeestratégica no stratégica no stratégica no stratégica no stratégica no eeeeenfrentamento danfrentamento danfrentamento danfrentamento danfrentamento daeeeeexclusão xclusão xclusão xclusão xclusão sssssocialocialocialocialocial

Em discussões propostas nos grandes eventosinternacionais entende-se que a Educação Ambientalrepresenta a ferramenta estratégica para oenfrentamento dos problemas ambientais e exclusãosocial. Este instrumento passa a ser encarado comouma das metodologias para enfrentamento da crisesocioambiental presente.

A Educação Ambiental está fundamentada emprincípios norteados, discutidos na Conferência deTbilisi, e pressupõe novas estratégias em suasrecomendações, tais como:

1- Incorporar as dimensões socioculturais,econômicas, políticas e éticas aos aspectos físicos ebiológicos nas relações estabelecidas com o meioambiente.

2- Ver a EA como uma articulação interdisciplinar,tornando possível uma ação mais racionalizada.

3- Permitir uma vinculação maior entre os processoseducativos e a realidade local, com atividades voltadapara a comunidade, através de uma análise abrangentee globalizada.

4- Dirigir a EA a todos os grupos independente daidade e categorias, devendo ser permanente e contínua.

5- Induzir novas formas de conduta nas pessoas ena sociedade em relação ao meio ambiente.

6- Considerar o meio ambiente em sua totalidade,nos seus aspectos naturais e nas instituições criadaspelos homens.

7- Abordar a cooperação local, nacional einternacional na resolução dos problemas ambientais.

8- Tomar medidas para promover o intercâmbio de

informações entre os organismos nacionais depesquisa educacional, difundindo amplamente osresultados de tais pesquisas e proceder à avaliaçãodo sistema de ensino.

9- Avaliar os programas de EA através de pesquisa eexperimentação.

• Outra variável importante, para efetivação doDesenvolvimento Local Integrado Sustentável, érepresentada pelo desenvolvimento do terceiro setor.Os governos não conseguem resolver todos osproblemas socioambientais demandados pelascomunidades logo, a sociedade civil organizada passaa desempenhar um papel fundamental nestatransformação.

A educação ambiental transcende a questão daabordagem biologizada e apresenta a ótica de que oambiente urbano, característico dos seres humanos,deve interagir com o natural. Assim, a educaçãoambiental representa um dos principais instrumentosde gestão e contribui para a modificação decomportamento graças `a renovação de valores e ànova ótica proposta para as questões ambientais. Comotodo processo educacional, pressupõe mecanismosde repetição, sendo a proposta aqui descrita mais umaalternativa de mobilização e desenvolvimento de umtrabalho de conscientização dentro do processoeducacional.

O texto propõe a Educação Ambiental como ferramenta para a transformação de paradigmas na sociedade.Também evidencia que o terceiro setor deve ser um dos caminhos para organizações que ajudem os governosna resolução dos problemas socioambientais.

Palavras–Chave

Exclusão

Conferência de Tbilisi

Entendemos que a modernidade é representada peloprogresso e o avanço tecnológico, porém temos queimplementar uma retomada de valores, posturas e éticaesquecidos pelo modelo de desenvolvimento efundamentais na proposta de gestão para as questõesambientais no mundo moderno.

Ao longo das discussões sobre a conceituação deeducação ambiental podemos destacar diversasvertentes de abordagem. A educação ambiental seriao processo no qual deveria ocorrer um desenvolvimentoprogressivo de um senso de preocupação com o meioambiente, baseado num completo e sensívelentendimento das relações do homem com o ambientea sua volta. Já a União Internacional para aConservação da Natureza e dos Recursos Naturais,em 1970, descreveu a educação ambiental como sendo

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16o processo de reconhecimento de valores e deesclarecimentos de conceitos que permitam odesenvolvimento de habilidades e atitudes necessáriaspara entender e apreciar as interpelações entre ohomem, sua cultura e seu ambiente biofísicocircunjacente.

Ambas atrelam a conceituação de educação ambientalàs representações de meio ambiente que tinham comopressupostos os apelos físicos, químicos e biológicos.

O CONAMA (1989) definiu a educação ambientalcomo um processo de formação e informação orientadopara o desenvolvimento da consciência crítica sobreas questões ambientais, e de atividades que levem àparticipação das comunidades na preservação doequilíbrio ambiental.

Nesse item identificamos as diversas concepçõesteóricas de Educação Ambiental. Afirmamos que essaspropostas estão intrinsecamente relacionadas àsconceituações apresentadas anteriormente, onde amatriz discursiva da Eficiência está coadunada com aconceituação de meio ambiente como recurso naturalque, por sua vez, influencia práticas de EducaçãoAmbiental preservacionistas. Entretanto a matrizdiscursiva da Eqüidade se identifica com o conceitode Sustentabilidade Democrática que insere os homens

2 Contempla uma conceituação de EA voltada para os aspectos da natureza, que consiste numa abordagemsobre componentes biológicos do meio ambiente. Normalmente associada a uma visão preservcionista.

e suas instituições na concepção de meio ambiente,estabelecendo uma relação direta com as bases deeducação Ambiental fundamentadas em Tbilisi. Essalinha de discussão representou o norte da presentedissertação.

Ao analisarmos algumas definições de EducaçãoAmbiental percebemos variáveis em suas concepções.Identificamos visões distintas que se expressam emalgumas conceituações: preservacionista/conservacionista (DIAS,2003) adestramento ambiental(BRÜGGUER, 1999), educação ao ar livre, gestãoambiental, economia ecológica(SORRENTINO, 1995)e educação socioambiental (GUIMARÃES, 2000).

Num histórico a Educação Ambiental transcende aquestão da abordagem biologizada2 de meio ambientee apresenta a ótica de que o ambiente urbano,característico dos seres humanos, deve estar integradocom o ambiente natural. Em sua análise descreve quea EA contribui para a modificação de comportamentos,graças à renovação de valores e à uma nova óticaproposta para as questões ambientais, que contempleuma visão de meio ambiente incorporando os homense, como todo processo educacional, pressupõemecanismos de continuidade (LAYRARGUES, 1999).

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17Segundo DIAS (2003), a Educação Ambiental seria o

processo no qual deveria ocorrer um desenvolvimentoprogressivo de um senso de preocupação com o meioambiente, baseado num completo e sensívelentendimento das relações do homem com o ambienteà sua volta. Já a União Internacional para aConservação da Natureza e dos Recursos Naturais,em 1970, descreveu a Educação Ambiental como sendoo processo de reconhecimento de valores e deesclarecimentos de conceitos que permitam odesenvolvimento de habilidades e atitudes necessáriaspara entender e apreciar as inter-relações entre ohomem, sua cultura e seu ambiente biofísicocircunjacente.

Fica bem definido que a EA deve ser um processo detransformação de valores e atitudes, não mais

encarando as questões ambientais como problemasmeramente dimensionados pelo ambiente natural, massim, que a própria definição dos conceitos sobre meioambiente devem ser revistas.

A proposta que defendemos, nessa pesquisa, estápautada numa EA crítica e transformadora. A análisedos autores reflete essa linha de que os problemasambientais das sociedades devem ser visualizados comenfoques sociais, políticos e econômicos, numaestreita relação entre o modelo de desenvolvimento eas conseqüências dessa postura.

Nessa visão as concepções de EA devem criticaressas formas de desenvolvimento das sociedades epermitir a formação de cidadãos conscientes dessequadro.

Fonte: O Globo, 31/01/06.

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18Unidade I

Auto-Avaliação:

• Pesquisar em jornais reportagens que retratem conceitos sobre Desenvolvimento Sustentável e sobreSustentabilidade

• Fazer uma relação dos principais eventos realizados na área ambiental nos últimos 15 anos

• Levantar 05 recomendações da Conferência de Tbilisi para Educação Ambiental

QUESTÕES UNIDADE I

1) O conceito de desenvolvimento sustentável foi proposto no ano de 1987 por uma comissão de estudossobre desenvolvimento e meio ambiente. Foi publicado no relatório:

a) Dos Direitos Humanos

b) Agenda 21

c) Nosso Futuro Comum

d) Sustentabilide

e) Impactos Ambientais

2) A proposta de Desenvolvimento Sustentável tem como característica principal a preocupação com:

a) As gerações futuras

b) A tecnologia

c) A sociedade de consumo

d) O crescimento econômico

e) As florestas

3) Como alternativa a proposta de Desenvolvimento Sustentável apresenta-se o conceito de:

a) Preservação Ambiental

b) Sustentabilidade Democrática

c) Conservação do Meio Ambiente

d) Recursos Naturais

e) Tecnicismo

4) O autor Ascelrad propõe uma discussão que permeia a ética, justiça social, distribuição dos recursos deforma igualitária e preocupação ambiental, entre outras. Esta proposta foi definida pelo autor como:

a) Matriz da Ecologia

b) Matriz da Eficiência

c) Matriz Energética

d) Matriz Ambiental

e) Matriz da Eqüidade

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195) Desde 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) vem promovendo eventos internacionais paraaprofundar as discussões, e traçar diretrizes em que os países tivessem um comprometimento com o meioambiente e o desenvolvimento humano. No Brasil houve um dos eventos mais significativos a RIO 92 ouConferência do Rio.Como ficou conhecido o documento mais importante que foi produzido neste evento:

a) Agenda 21

b) Carta de Belgrado

c) Relatório Brundtland

d) Carta da Unesco

e) Carta Ecológica

6) Em 1972 houve a Primeira Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano(Estocolmo – Suécia). O Brasil ficou marcado por qual proposta neste evento:

a) Despoluição dos Rios

b) Abertura às industrias poluidoras

c) Multas Ambientais mais caras

d) Preservação da Floresta Amazônica

e) Energia Limpa

7) A Educação Ambiental é considerada uma importante ferramenta para transformação dos problemassocioambientais. Suas recomendações foram propostas na conferência de:

a) Belgrado

b) Eco – 92

c) Tessalônica

d) Estocolmo

e) Tbilisi

8) A Educação Ambiental está fundamentada em princípios norteados, discutidos em diversas conferências,e pressupõe novas estratégias em suas recomendações, tais como:

a) Meio Ambiente Reducionista

b) Uma articulação interdisciplinar

c) A tecnologia como forma de resolução dos problemas ambientais

d) Dirigir a EA a um grupo de pessoas que resolvam os problemas

e) Defender a resolução dos problemas mundiais que são mais graves

9) Para enfrentamento dos problemas socioambientais dos cidadãos comuns há a proposta denominada:

a) Desenvolvimento Local Integrado Sustentável

b) Sociedade de Consumo Alternativo

c) Desenvolvimento Humano

d) Interdisciplinaridade e Multidisciplinaridade

e) Meio Ambiente Limpo

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2010) Nos dias atuais o poder público não consegue mais resolver os problemas socioambientais. Para isso osgovernos têm lançado mão de organizações não governamentais – ONGs que atuam diretamente nascomunidades. A atuação deste segmento pode ser caracterizada por uma recomendação de EducaçãoAmbiental caracterizada como:

a) Ambiente bom é Ambiente Limpo

b) Todas as crianças nas escolas

c) Pensar globalmente e agir localmente

d) Por um consumo ecológico

e) As minorias devem ser salvas

Gabarito

1-C; 2 - A; 3- B; 4- E; 5-A; 6 -B; 7-E; 8 B; 9-A; 10- C

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21UNIDADE II

TTTTTeeeeexto 4: Ética, responsabilidade social e participação:xto 4: Ética, responsabilidade social e participação:xto 4: Ética, responsabilidade social e participação:xto 4: Ética, responsabilidade social e participação:xto 4: Ética, responsabilidade social e participação:aspectos fundamentais à construção de um pactoaspectos fundamentais à construção de um pactoaspectos fundamentais à construção de um pactoaspectos fundamentais à construção de um pactoaspectos fundamentais à construção de um pactosocial pelo desenvolvimento sustentávelsocial pelo desenvolvimento sustentávelsocial pelo desenvolvimento sustentávelsocial pelo desenvolvimento sustentávelsocial pelo desenvolvimento sustentável

As organizações não-governamentais, reconhecidaspelo importante papel que desempenharam noprocesso de abertura democrática, sempre foramavaliadas com ênfase na relevância de sua atuaçãoexterna.

"O que são as ONGs? 'Pequenos castelos' ouorganizações democráticas? Entidades centralizadaspor indivíduos (ou 'dinastias') ou estruturadas de mododescentralizado?" (Franco, 1994 - p. 64)

• Organizações Não Governamentais (Institutos; Fundações)

• Grupos Religiosos

• Agremiações Esportivas e Culturais

• Associação de Classes e Moradores

Estes são alguns exemplos de organização dasociedade na tentativa de resolver os problemas eenfrentar a exclusão social. Os governos, nas trêsesferas (federal; estadual e municipal), também

desenvolvem programas sociais na tentativa deminimizar a desigualdade.

• Fome Zero

• Saúde da Família

• Bolsa Escola

• Restaurantes, Farmácias e Hotéis Populares

• Programa Primeiro Emprego

O voluntariado também cresceu em participaçãoefetiva dos diversos atores sociais e também vemganhando importância como referencial curricular,esses fatos desencadearam uma busca porprofissionais atuarem, em seus horários livres, emprogramas de inclusão social para o desenvolvimentohumano.

• Amigos da Escola

• Natal sem fome

• Campanha de Agasalhos

Esta inserção de pessoas apresenta-se como ummecanismo de transformação da sociedade emobilização para resolução de problemas locais, masem parcerias e associativismo os grupos de atuaçãotêm o poder de promover uma transformação nasociedade.

Cidadania, Meio Ambiente eCidadania, Meio Ambiente eCidadania, Meio Ambiente eCidadania, Meio Ambiente eCidadania, Meio Ambiente eQualidade de VidaQualidade de VidaQualidade de VidaQualidade de VidaQualidade de Vida

As sociedades têm demandas sociais que os governos não conseguem atender, em função disso o terceirosetor se organizou, ou seja, houve o desenvolvimento de diversas instituições para ocupar este espaço deação.

Palavras–Chave

ONG

Voluntário

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22TTTTTeeeeexto 5: Mudança de Pxto 5: Mudança de Pxto 5: Mudança de Pxto 5: Mudança de Pxto 5: Mudança de Paradigmas: contribuição dosaradigmas: contribuição dosaradigmas: contribuição dosaradigmas: contribuição dosaradigmas: contribuição dosprofissionais na construção de um novo modelo deprofissionais na construção de um novo modelo deprofissionais na construção de um novo modelo deprofissionais na construção de um novo modelo deprofissionais na construção de um novo modelo depensar o desenvolvimento humanopensar o desenvolvimento humanopensar o desenvolvimento humanopensar o desenvolvimento humanopensar o desenvolvimento humano

Neste item analisamos as diferentes concepções demeio ambiente agrupando-as em duas: 1ª) Reducionistae 2ª) Crítica. Destacamos a estreita relação dessaconceituação com os conceitos de DesenvolvimentoSustentável e Sustentabilidade Democrática esinalizamos como os grupos dominantes seapropriaram do primeiro.

Na Constituição da República Federativa do Brasil(1988) o seu artigo 225 determina: “Todos têm direitoao meio ambiente ecologicamanente equilibrado, bemde uso comum do povo essencial à sadia qualidade devida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade odever de defendê-lo e preservá-lo, para as presentes efuturas gerações”.

Segundo Brügguer (1999), conceitos de MeioAmbiente em geral estão pautados numa dimensãonatural ou técnica, refletindo uma abordagemreducionista3. A autora expressa que “prevalecem asnecessidades de preservação do potencial produtivodos ecossistemas, dos recursos naturais e o estudode seus distúrbios como a poluição ou a extinçãomassiva de espécies” (BRÜGUER, 1999, p. 52).

A mesma autora enfatiza que nesta concepção MA éconfundido com Ecologia sendo sinônimo de natureza,e justifica esse fato devido à fundação da modernidade,principalmente nas civilizações ocidentais reforçandoque houve uma dicotomia homem-natureza onde osdois se apresentam em oposição. Identifica noCartesianismo (Descartes) como o momento que dáimpulso a essa separação, atendendo ao novo modelode produção adotado pelas sociedades.

Grün (1996) reforça essa argumentação e destaca opapel de Descartes e Galileu em que os mesmosexpressam a idéia de uma natureza sem vida e mecânica,devendo ser dominada, subjugada e explorada peloshomens:

A natureza precisa ser dominada. A questão ésimples: como posso dominar alguma coisa da qualfaço parte? A resposta é que não posso;conseqüentemente, não posso fazer parte da natureza.Se pretendo domina-la preciso me situar fora dela.

Assim, Descartes consegue legitimar a unidade darazão as custas da objetificação da natureza (GRÜN,1996, p. 35).

Loureiro (2000, p.20) tece críticas à abordagemreducionista de MA, que denomina de naturalista:

Os problemas são abordados em sentido a-histórico,ignorando as relações sociais e onde a relaçãoindivíduo-natureza é condicionada às relações naturaise à sua dinâmica. Assim entendida a problemática, aação humana é definida como antrópica e interpretadaa partir de parâmetros das ciências biológicas(LOUREIRO, 2000, p.20).

3 Encontramos na literatura diferentes denominações referentes às concepções de Meio Ambiente:Naturalista/Técnica/Conservacionista/Ecológica/Biologizada, todas referendando uma abordagemReducionista, em que os homens não estão inseridos nesse contexto. Também percebemos as concepçõesque incorporam os homens e suas instituições. Nessa dissertação trabalhamos com as duas identificadascomo REDUCIONISTA e SOCIOAMBIENTAL, respectivamente.

Estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente(MMA, 2000) revela que:

... apesar dos esforços internacionais, verifica-seainda hoje que 26,5% dos projetos/atividades deEducação Ambiental, desenvolvidos por agênciaspúblicas estatais e organizações não-governamentaisbrasileiras, privilegiam uma leitura reducionista datemática ambiental, baseada exclusivamente nosaspectos biológicos do meio ambiente (concepçãonaturalista/ preservacionista), desconsiderando oser humano e as relações sociais (NOVICKI;MACCARIELLO, 2002, p.7).

À matriz discursiva da eqüidade corresponde umaconceituação mais ampla de Meio Ambiente, quepressupõe os homens inseridos neste contexto comoparte integrante e não como um ser isolado. Elacontempla as sociedades e suas instituições numaestreita relação com os recursos naturais, ou seja,propõe uma visão Socioambietal de Meio Ambiente.Esta é a concepção adotada modernamente.

Essa matriz defende uma percepção de meio ambienteque contempla o meio natural, as instituições criadaspelos homens e a relação entre ambos, e destaca ovínculo entre justiça social e ecologia:

Consideram-se as relações intrínsecas entredesigualdade social e degradação ambiental-questões que não podem ser analisadas em separado,

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23por terem raízes comuns; essa compreensão remete

a um tratamento conjunto e articulado dos propósitosde erradicação da pobreza e de proteção ambiental(ACSELRAD; LEROY, 1999, p. 28).

Entendemos Meio Ambiente numa percepçãoSocioambiental, e a mesma é discutida por Dias (2003)em suas análises sobre as grandes conferênciasinternacionais, em especial a de Estocolmo (1972).Nesse evento há o reconhecimento dainterdependência entre os meios natural e artificial eque o homem deve incorporar as dimensõessocioculturais, econômicas e valores éticos paracompreender e utilizar os recursos naturais na melhoriade sua qualidade de vida.

Até a “Conferência de Estocolmo”, o ambiente era

visto como formado pela fauna e pela flora, mais osaspectos abióticos. A partir dali, essa concepçãomudou. O ambiente passou a ser definido como formadopelos aspectos bióticos e abióticos, e a cultura do serhumano (DIAS, 2003, p. 113).

Layrargues (1999) reforça essa discussão quandocontesta a abordagem meramente conservacionista ereafirma as recomendações de Tbilisi, que orienta paraa incorporação de aspectos éticos, políticos,econômicos e socioculturais nas práticas de EA eindica uma estratégia de metodologia em que devemospropôr a resolução de problemas ambientais locais.

Nessa perspectiva é fundamental que a abordagemem programas de EA seja interdisciplinar, tendo emsuas propostas uma visão critica dessas sociedades everdadeiro potencial de transformação.

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24Unidade II

Auto-Avaliação:

• Relacionar programas desenvolvidos por ONG na área ambiental

• Identificar na Internet os principais programas governamentais na área social

• Levantar conceitos de meio ambiente preservacionistas e socioambientais

QUESTÕES UNIDADE II

1) Identifique nas opções abaixo exemplo de ONGs.

a) Prefeituras Municipais, Institutos e Fundações

b) Associação de Classes, Associação de Moradores e Assembléia Legislativa

c) Agremiações Esportivas, Centros Culturais e Câmara dos Deputados

d) Institutos, Fundações e Associação de Moradores

e) Prefeituras Municipais, Agremiações Esportivas e Associação de Classes

2) Os governos, nas três esferas (federal, estadual e municipal), também desenvolvem programas sociais natentativa de minimizar a desigualdade. Como exemplos desses programas governamentais podemos citar:

a) Fome Zero, Saúde da Família e Bolsa Escola

b) Restaurantes Populares, Farmácias Populares e Natal Sem Fome

c) Hotéis Populares, Programa Primeiro Emprego e Campanha do Desarmamento

d) Universidade para Todos, Fome Zero e Natal Sem Fome

e) Fome Zero, Hotéis Populares e Campanha do Desarmamento

3) Hoje na sociedade civil há uma busca por profissionais que atuem, em seus horários livres, em programasde inclusão social para o desenvolvimento humano. Como denominamos essa categoria funcional:

a) Funcionário Público

b) Funcionário Privado

c) Dedicação Exclusiva

d) Doação Social

e) Trabalho Voluntário

4) A participação de cidadãos comuns em projetos de ONGs, para a resolução de problemas socioambientais,tem sido considerado uma fator importante para contratação de mão de obra por empresas, esse fato se deve à:

a) Capacitação profissional

b) Especialização da pessoa

c) Contribuição Social

d) Capacidade de Liderança

e) Organização de Pessoas

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255) Existem diversos conceitos de Meio Ambiente. Entendemos que modernamente este conceito deve abordar:

a) Recursos Naturais e os Seres Vivos

b) Recursos Naturais e as instituições criadas pelos homens

c) Rios e Florestas

d) Animais e Seres Humanos

e) Somente a natureza

6) A abordagem de meio ambiente que privilegia os recursos naturais é denominada de:

a) Socioambiental

b) Tecnológica

c) Progressista

d) Neoliberal

e) Naturalista

7) A abordagem de meio ambiente que contempla uma visão mais ampla incluindo os seres humanos édenominada:

a) Socioambiental

b) Capitalista

c) Naturalista

d) Antropocêntrica

e) Tecnicista

8) Dentre as ciências abaixo podemos identificar uma proposta de Meio Ambiente voltada para o estudo dosseres vivos e suas relações:

a) Antropologia

b) Palentologia

c) Geologia

d) Ecologia

e) Biologia

9) A autora Brügguer demonstra que de acordo com a concepção de Meio Ambiente, inserida nas discussões,o grupo terá uma visão diferente e propostas variadas de resolução dos problemas. Numa proposta de MeioAmbiente naturalista teremos uma forma de abordagem denominada:

a) Ética Ambiental

b) Adestramento Ambiental

c) Visão socioambiental

d) Proposta Sociocultural

e) Matriz da Eqüidade

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2610) Existe uma proposta que os programas de meio ambiente e educação ambiental, que contemplem uma

visão mais ampla, devem ter uma abordagem:

a) Unidisciplinar

b) Compartimentalizada

c) Isolada em uma ciência

d) Interdisciplinar

e) Preservacionista

Gabarito

1 D; 2 A; 3- E; 4 C; 5 B; 6 E;7- A; 8- D;9- B; 10 D

Prof. Mauricio Ferreira Magalhães, Mestre em Biologia,

Coord. do Curso de Biologia e do Núcleo de Meio Ambiente

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27Glossário:

Biodiversidade Bio = vida – diversidade = diferença, dessemelhança; contradição, oposição.

Cartesianismo (Descartes) Doutrina caracterizada pelo racionalismo, pela consideração do problema

do método como garantia da obtenção da verdade e pelo dualismo metafísico.

Discrepância Discórdia.

Epistemológicos Epistemologia = estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das

ciências já construídas e que visa a determinar os fundamentos lógicos, o

valor, o conhecimento e a metodologia.

Espoliação Espoliar = privar de alguma coisa ilegitimamente por fraude ou violência,roubar, despojar, esbulhar.

Fordista Fordismo = conjunto de teorias administrativas industriais preconizadas

por Henry Ford.

Intrínsecas Que está dentro de uma coisa ou pessoa e lhe é próprio, interior, íntimo:amor intrínseco.

Neoliberal Neo = novo, moderno – liberal = que tem idéias ou opiniões avançadas,amplas, tolerantes.

Paradigmas Modelo padrão.

Sustentabilidade Qualidade de sustentar.

Utopia Descrição ou representação de qualquer lugar ou situação ideal onde vigoram normas e ou instituições políticas altamente aperfeiçoadas.

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28Referências Bibliográficas:

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