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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU REUTILIZADA IRALICE MONTENEGRO DE MEDEIROS MACAÍBA- RN/BRASIL DEZEMBRO 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL

SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU

REUTILIZADA

IRALICE MONTENEGRO DE MEDEIROS

MACAÍBA- RN/BRASIL DEZEMBRO 2012

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IRALICE MONTENEGRO DE MEDEIROS

SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE

FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU REUTILIZADA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em Produção animal.

Professor Orientador: Prof. Dra. Elisanie Neiva Magalhães Teixeira

MACAÍBA- RN/BRASIL DEZEMBRO 2011

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IRALICE MONTENEGRO DE MEDEIROS

SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA

OU REUTILIZADA

APROVADO EM: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________

Prof. Dra Elisanie Neiva Magalhaes Teixera (EAJ/ UFRN) Orientador

____________________________________________ Prof. Dra Janete Gouveia de Souza (UFRN)

Segundo Orientador

____________________________________________ Prof. Dra Claudia de Castro Goulart (UVA)

Coorientador

Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em Produção animal.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me proporcionar maravilhas!

A UFRN que me abriu as portas de um novo mundo e me apresentou pessoas tão especiais.

A minha orientadora Elisanie, pela confiança, paciência, pela força nos momentos difíceis,

pela orientação e companheirismo nesta caminhada do mestrado, tornando este trabalho

uma experiência de crescimento e aprendizado. Meus sinceros agradecimentos!

Aos meus pais, pelo amor incondicional, força e apoio em todos os momentos.

A Lars Erik, pela ajuda e companheirismo nos dias e horas mais inconvenientes. A Carol,

Paulinho, Erika, Jayra, Andressa, Alexandre, Ana Luíza, Renato. Sem a ajuda de vocês

esse trabalho não teria sido possível. Não tenho palavras pra agradecer a ajuda e

principalmente a amizade de vocês! Meu muito obrigada!!!

A professora Janete Gouveia e a professora Claudia Goulart pela contribuição para a

realização deste trabalho e pelos conhecimentos repassados. Ao professor José Aparecido

pela força quando eu pensei em desistir e pelos conhecimentos repassados na disciplina de

suínos que renderam meu emprego e a todos os professores da Graduação e do Mestrado,

pelos conhecimentos repassados, paciência e carinho.

A Dão e Seu Bira pelo apoio e amizade.

A Dr. Marciane, pelo apoio, permitindo que eu me ausentasse varias vezes do trabalho para

comparecer ao mestrado e pela sua valiosa amizade! A todos os meus amigos da

EMPARN, principalmente Fernandinha, Guilherme e Margareth que sempre me apoiaram

e torceram por mim.

A Professora Naisandra pelo apoio. A professora Renata Swany, a quem eu tenho um

enorme carinho.

Ao Ernesto Guevara que me ajudou com a formatação deste trabalho.

A empresa Alltech por ceder o zinco orgânico e apoio financeiro à nossa pesquisa. A

empresa Guaraves Alimentos por ceder os animais. A EMPARN pelo apoio e a todos que

diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho e a

concretização de mais uma etapa importante da minha vida.

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SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU REUTILIZADA

Medeiros, I. M. SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE

FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU REUTILIZADA. 2012. 48f.

Dissertação de Mestrado em Produção Animal. Área de Concentração: Nutrição de

Monogástricos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Macaíba- RN 2012.

RESUMO

Vários fatores podem interferir no desenvolvimento do frango de corte, dentre eles

podemos destacar a nutrição e o manejo. No contexto nutricional, a suplementação mineral

é uma prática necessária, pois, de modo geral, as dietas não contêm esses elementos em

quantidade suficientes para atender as necessidades das aves. O zinco é um micromineral

essencial à vida, participando de várias funções importantes ao organismo. Geralmente o

zinco é adicionado a dietas das aves nas formas inorgânicas (oxidos, sufatos ou

carbonatos), entretanto em sua forma orgânica ou quelatada apresenta-se mais

biodisponível. Objetivou-se com o presente estudo avaliar o efeito dos níveis de zinco

orgânico (ZnO) na ração de frangos de corte de 1 a 42 dias, alojados em cama nova ou

reutilizada. O experimento foi conduzido no setor de avicultura da Unidade Especializada

em Ciências Agrárias da EAJ/UFRN. Foram utilizados 576 pintos de 1 dia da linhagem

comercial Cobb, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado em esquema

fatorial 4x2 com quatro níveis de ZnO 0; 40; 80 e 120 ppm e dois ambientes, cama nova

(CNo) e cama reutilizada (CRe), resultando em 8 tratamentos com 6 repetições de 12 aves.

Na fase pré-inicial houve efeito linear crescente dos níveis de ZnO sobre o consumo de

ração e efeito quadrático sobre o peso vivo e o ganho de peso. Os níveis de 72,41 e 70,05

ppm de ZnO na ração de pintos melhoraram o peso vivo e o ganho de peso,

respectivamente. Houve interação entre ZnO e o tipo de cama utilizada. O ZnO não afetou

o desempenho das aves na fase de crescimento. Houve interação entre os níveis de ZnO e o

tipo de cama utilizada. Os níveis de 61,50 e 85,30 ppm de zinco orgânico melhora a

imunidade e aumenta a deposição de zinco na tíbia de frangos de corte aos 42 dias,

respectivamente. O ZnO também aumenta a resistência de pele dos frangos aos 42 dias de

idade. O uso de CRe melhora o desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Palavras-chaves: desempenho, imunidade, resistência da pele

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ORGANIC ZINC SUPPLEMENTATION FEED THE ANIMALS IN BROILER ALLOTTED TO NEW AND REUSED LITTER BEDDING

Medeiros, I. M. ORGANIC ZINC SUPPLEMENTATION IN THE DIET OF BROILERS

HOUSED IN NEW OR REUSED LITTER BEDDING. 2012. 48p. Dissertation in Animal

Production. Area of Concentration: Nutrition of monogastric. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Macaíba RN-2012.

Abstract: Several factors can affect the development of the broiler, among them we can

highlight nutrition and management. In the context nutritional, mineral supplementation is

a necessary practice because, in general, the diets did not contain these elements in

sufficient quantity to meet the needs of poultry. Zinc is a trace mineral essential to life,

participating in several important functions in the body. Generally zinc is added to diets of

birds in inorganic forms (oxides, carbonates or sufatos), however in its organic form or

chelated presents more bioavailable. The objective of this study was to evaluate the effect

of levels of organic zinc (ZnO) in the diet of broilers from 1 to 42 days, housed in new or

reused litter. The experiment was conducted in the poultry sector of the Special Unit for

Agricultural Sciences EAJ / UFRN. 576 chicks were used 1 day of commercial strain

Cobb, distributed in a completely randomized in a 4x2 factorial arrangement with four

levels of ZnO 0, 40, 80 and 120 ppm and two environments, new bed (COn) and reused

litter (CRE) resulting in eight treatments with six replications of 12 birds. In the pre-initial

responses were linearly increasing levels of ZnO on feed intake and quadratic effect on

body weight and weight gain. The levels of 72.41 and 70.05 ppm of ZnO in the diet of

chicks improved body weight and weight gain, respectively. There was interaction between

ZnO and the type of bedding used. The ZnO did not affect broiler performance in the

growing phase. There was an interaction between levels of ZnO and type of bed used. The

levels of 61.50 and 85.30 ppm organic zinc improves immunity and increases the

deposition of zinc in tibia of broilers at 42 days, respectively. ZnO also increases the

resistance of the skin of broilers at 42 days of age. Using Cre improves performance of

broilers from 1 to 42 days old.

Keywords: performance, immunity, skin resistance

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição das dietas experimentais de acordo com a fase de

crescimento.............................................................................................................

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Tabela 2 - Níveis de inclusão do zinco orgânico (Bioplex®) e inorgânico das

dietas.......................................................................................................................

28

Tabela 3 - Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de pintos de corte na

fase pré-inicial criados em cama nova e reutilizada...............................................

Tabela 4 - Efeito de interação entre o ZnO e o tipo de cama sobre o consumo de

ração e conversão alimentar na fase pré-inicial......................................................

Tabela 5 - Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de frangos de corte no

período de 1 a 21 dias de idade...............................................................................

Tabela 6 - Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de frangos de corte no

período de 1 a 35 dias de idade...............................................................................

Tabela 7 - Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de frangos de corte no

período de 1 a 42 dias de idade...............................................................................

Tabela 8 - Efeito de interação entre o Zn e o tipo de cama sobre o consumo de

ração e da conversão alimentar...............................................................................

Tabela 9 - Efeito do zinco orgânico sobre as características de carcaça de

frangos de corte criados em cama nova e reutilizada ............................................

Tabela 10 - Efeito do zinco orgânico sobre rendimento de carcaça e cortes de

frangos de corte criados em cama nova e reutilizada.............................................

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Tabela 11- Efeito do zinco orgânico sobre peso de fígado, moela, coração, baço

e bursa de fabricius de frangos de corte criados em cama nova e reutilizada........

Tabela 12- Resistência de pele aos 42 dias de idade de frangos de corte

alimentados com níveis crescentes de zinco orgânico criados em cama nova e

reutilizada...............................................................................................................

Tabela 13- Concentração de cálcio (Ca) e zinco (Zn) na tíbia de frangos de corte

criados em cama nova e reutilizada........................................................................

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Efeito do zinco orgânico sobre o peso vivo de pintos de corte de 1 a 7

dias de idade ..........................................................................................................

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Figura 2- Efeito do zinco orgânico sobre o ganho de peso de pintos de corte de

1 a 7 dias de idade...................................................................................................

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Figura 3- Efeito do zinco orgânico sobre o consumo de ração de frangos de

corte de 1 a 35 dias de idade...................................................................................

Figura 4 - Efeito do zinco orgânico na dieta sobre o rendimento de carcaça de

frangos de corte aos 42 dias....................................................................................

Figura 5 - Efeito do zinco orgânico na dieta sobre o peso da bursa de fabricius

de frangos de corte aos 42 dias...............................................................................

Figura 6 – Resistência de pele de frangos de corte alimentados com níveis

crescentes de zinco orgânico..................................................................................

Figura 7- Concentração de zinco na tíbia em função dos níveis de zinco

orgânico na ração de frangos de corte aos 42 dias..................................................

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SUMÁRIO 1. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 11

1.1. MINERAIS ORGÂNICOS ............................................................................... 11

1.2. O zinco na nutrição animal ............................................................................... 12

1.3. Resistência da pele ............................................................................................ 14

1.4. Problemas de pernas ......................................................................................... 15

1.5. Reutilização da cama de frango ........................................................................ 16

2. SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE

CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU REUTILIZADA .................................. 23

2.1. Introdução ......................................................................................................... 26

2.2. Material e Métodos ........................................................................................... 27

2.3. Resultados e Discussões ................................................................................... 29

2.4. Conclusões ........................................................................................................ 44

2.5. Referências ....................................................................................................... 44

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1. MINERAIS ORGÂNICOS

A suplementação mineral na alimentação de aves é de grande importância para o

seu bom desenvolvimento e produção animal. Por isso, cada vez mais são desenvolvidas

pesquisas para que estes nutrientes sejam melhor aproveitados e desempenhem seu papel

fisiológico adequadamente, resultando em animais cada vez mais saudáveis. Os minerais

orgânicos são fruto destas pesquisas e passam a ter um papel importante na nutrição

animal.

Na avaliação dos suplementos minerais para animais devem-se considerar a

concentração e a biodisponibilidade do elemento. Essa biodisponibilidade diz respeito às

formas como os minerais podem ser absorvidos no intestino e usados pelas células

(Underwood, 1981).

As fontes de minerais, mais comumente utilizadas na nutrição animal são as fontes

inorgânicas (óxidos, sulfatos, cloretos, carbonatos e fosfatos), quando estas fontes

inorgânicas chegam ao estômago, ocorre uma dissociação das moléculas, liberando íons

metálicos como Zn++, Mn++ (Polli, 2002), e, para que esses íons sejam absorvidos, ou

seja, para que passem para a corrente sanguínea e atinjam os órgãos e os tecidos, eles

necessitam estar atrelados a um agente ligante ou molécula transportadora, que, permite a

passagem através da parede do intestino. Muitas vezes estes íons não encontram este

agente ligante e acabam sendo excretados (Herrick, 1993).

Existe também um efeito de inibição da absorção de minerais por outras substâncias

ou nutrientes quando apresentados nas formas inorgânicas, entre elas o ácido oxálico e

fítico, taninos, fibras, a presença de outros minerais entre outras. Quando o mineral está na

forma orgânica, ligado a um aminoácido, esta absorção é direta, não sofrendo interferência

destes fatores (Suttle, 1975).

Além disso, outros fatores que interferem na utilização dos minerais suplementados

nas dietas como: inerentes ao alimento - a composição físico-química dos alimentos,

afetada pelo clima, tipo de solo, manejo das culturas; inerentes ao animal - idade, pH do

trato digestivo, excesso ou ausência de determinados minerais, conteúdo de nutrientes

orgânicos, sanidade, etc . Sendo assim, seu simples fornecimento não garante sua absorção

e utilização pelo animal, à medida de suas necessidades, é preciso que os minerais tenham

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uma boa disponibilidade biológica (Oliveira, 2004). É onde entram os minerais quelatados

ou orgânicos, que possuem esta grande vantagem.

Minerais orgânicos ou quelatos são compostos formados por íons metálicos

seqüestrados por aminoácidos, peptídeos ou complexos polissacarídeos que proporcionam

a esses íons alta disponibilidade biológica, alta estabilidade e solubilidade. O objetivo

básico é tornar os minerais (íons metálicos) altamente disponíveis aos animais, escapando

dos fatores influenciáveis na sua utilização e garantindo sua absorção.

Segundo Morais (2001) estudos com minerais orgânicos ou quelatados têm sido

desenvolvidos com a finalidade de garantir a absorção do mineral no trato intestinal, sem

entrar no processo de competição iônica (pressão iônica da mucosa intestinal),

normalmente determinada pela presença de maior concentração dos íons minerais.

Por terem absorção de praticamente 100%, a utilização da suplementação mineral

na forma de quelatos permite reduzir os requerimentos dietéticos de minerais dos animais.

Por serem mais eficientemente utilizados pelo organismo animal, os quelatados diminuem

a contaminação ambiental (Oliveira, 2004).

Nollet et al. (2007) suplementaram Mn, Zn, Fe e Cu nas formas orgânicas para

frangos de corte em menores níveis que a dieta controle composta por minerais

inorgânicos. Os autores obtiveram excreções de 46, 63, 73 e 55% menores,

respectivamente, comparadas com dietas suplementadas com com minerais inorgânicos, e

o desempenho das aves foi mantido.

1.2. O ZINCO NA NUTRIÇÃO ANIMAL

Em 1957, estudos demonstraram que o zinco é necessário para o crescimento

normal e desenvolvimento das aves (O´Dell & Savage, 1957).

O zinco é considerado um mineral essencial para a maioria dos organismos vivos

(Hambridge et al. 1986) participando de inumeras funções metabólicas. Sua exigência

varia de acordo com o tamanho do animal e o seu consumo energético.

O zinco tem funçãos relacionadas aos sistemas enzimáticos envolvidos com o

metabolismo dos ácidos nucléicos, síntese de proteínas e metabolismo de carboidratos. Em

tecidos com rápido crescimento, a deficiência de zinco reduz a síntese de DNA e RNA

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impedindo a divisão e o crescimento celular. As proteínas contendo zinco estão envolvidas

na transcrição e translação do material genético (McDowell, 1992).

Underwood & Suttle (1999) citam a função do zinco na constituição da

carboxipeptidase, que é uma exopeptidase responsável pela hidrólise de aminoácidos C-

terminal de peptídeos. Também é constituinte da anidrase carbônica, atuando no equilíbrio

ácido-base (Rossi, 2007).

Participa na produção, armazenagem e secreção de hormônios, bem como ativador

de receptores e resposta de órgãos. Entre os principais efeitos do zinco na produção e

secreção de hormônios estão relacionados com a testosterona, insulina e corticóides da

adrenal (McDowell, 1992).

O zinco é componente da timosina, hormônio produzido pelas células do timo que

regula as células imunomediadas (NRC, 2001). Está envolvido com o sistema

imunológico e o desenvolvimento de células fagocíticas (Kidd et al., 1996), e que tem um

papel essencial na expressão gênica e na mitose de células linfoides (Prasad, 2002).

Os sintomas de deficiência de zinco em animais e humanos inclui o retardo no

crescimento, a formação anormal do esqueleto, o retardo no desenvolvimento sexual,

alopecia, dermatites, empenamento anormal, e comprometimento anormal de fêmeas e

machos (Mateos et al., 2005). Sua deficiência também causa anormalidades fetais e

redução da eclodibilidade de ovos, uma vez que está envolvido no sistema de defesa

citoesqueleto e processos regulatórios de natureza não enzimáticos (Hill & Spears, 2001).

A absorção do zinco pode ser afetada pela interação exercida com outros elementos

como cálcio, cobre e ferro. Porém, a sua absorção pode ser favorecida pelo magnésio,

fosfatos e vitamina D (McDowell, 1992). Dietas com altos níveis de fitato reduzem a

biodisponibilidade aparente do zinco dietético, tal fato pode levar a uma severa deficiência

do elemento, pois o fitato se liga ao mineral, formando o complexo Zn-Ca-fitato no trato

gastrointestinal tornando-o indisponível, (NRC, 1994). Segundo Van Soest (1994) tal fato,

provavelmente, não ocorreria em ruminantes e outros animais com fermentação pré-

gástrica, onde ocorreria decomposição desse complexo, liberando o zinco para absorção.

Cereais e sementes de leguminosas têm baixa disponibilidade desse mineral (Mateos et al.,

2005), necessitando muitas vezes ser suplementado na dieta.

Segundo Rostagno (2011), o nível mínimo de zinco para satisfazer a atividade

produtiva e na prevenção de síndromes e deficiências de zinco é de 81,3; 71,5; 65,0 e 48,8

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mg/kg para as fases: 1 a 7; 8 a 21; 22 a 33 e 34 a 42 dias respectivamente. Já o NRC (1994)

recomenda o nível de 40 ppm de Zn para todas as fases de criação. Segundo o mesmo

autor, As exigências de zinco são menores para frangos alimentados com dietas

semipurificadas contendo pouco ou nenhum fitato.

A disponibilidade do mineral é um importante fator a ser considerado na

determinação da fonte mineral adicionada á dieta. O zinco é comumente adicionado à dieta

das aves na forma de óxidos, sufatos ou carbonatos e mais recentemente na forma

quelatada.

Atualmente a pesquisa em torno do zinco se baseia nas fontes que ele possa ser

fornecido. A principal questão seria na comparação entre a forma orgânica e a inorgânica,

onde se alega que a forma carboquelatada proporcionaria maior disponibilidade do

elemento (Passa, 2010). Segundo Jacques (2001) o zinco na forma orgânica melhora o

desenvolvimento animal.

1.3. RESISTÊNCIA DA PELE

As condenações por problemas de qualidade das carcaças provocam grandes perdas

no setor de produção avícola em vários países (Abreu & Abreu, 2005). Segundo Leeson &

Summers (2005), 5 a 7 % das condenações de carcaça de aves nos abatedouros são

causadas pela baixa resistência da pele.

De acordo com Fallavena (2003), a alta densidade populacional é um fator muito

importante para o aumento na ocorrência de lesões de pele, especialmente por promover o

contato entre as aves.

Dentre os vários fatores que provocam lesões na pele dos frangos de corte, os

arranhões dorsais, os quais são feridas na pele causadas pelas unhas de outras aves ao se

aglomerarem em situações de estresse, possuem importante relevância, principalmente por

causar elevados prejuízos em função da condenação parcial ou total das carcaças em

abatedouros em todo o mundo. Além disso, arranhões são portas de entrada para

microorganismos que reduzem o desempenho zootécnico (Scanlan & Hargis, 1989;

Macklin et al., 1999; Andrade, 2005; Pilecco et al., 2011).

Assim, a integridade da pele das aves deve ser preservada, evitando arranhões ou

escoriações que possam facilitar a ação de microorganismos patogênicos. Cerca de 10 a 30

% das condenações de carcaças nos abatedouros estão vinculadas a lesões por arranhões

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(Hildebrand, 2005; Pilecco et al., 2011). Além disso, mais de 70 % das lesões de pele estão

associadas as escoriações traumáticas, particularmente na região dorsal caudal (Scanlan &

Hargis, 1989).

As condições de captura e carregamento das aves são situações cruciais visando a

qualidade e rendimento do produto final. Fatores como o método de recolhimento, tempo

de transporte, tempo de espera, tipo de caixas de transporte, densidade por caixa, período

do recolhimento, idade, sexo e temperatura foram relatados por Farsie et al. (1983) como

parâmetros que influenciam as lesões de aves.

Consequentemente, a indústria avícola tem enfrentado prejuízos não apenas

econômicos, mas também de saúde pública. Calcula-se que os prejuízos totais de uma

empresa brasileira que abate cerca de 1,5 bilhões de aves por ano ultrapassem 50 milhões

anuais, considerando-se além dos causados por condenações de carcaças, o custo com

medicação, redução da velocidade de processamento na indústria e alterações no manejo

(Pilecco et al, 2011).

O zinco está envolvido em processos de formação de colágeno, cartilagens e dos

ossos e na síntese de ácidos nucleicos na pele (Close, 1999). Além disso, participa da

regeneração da queratina e tem efeito direto na integridade da pele (Johnson & Fakler,

1998; Mateos et al., 2005).

Rossi et al (2007) observaram aumento do número de camadas de células epiteliais,

maior teor de colagénio, inflamação reduzida da pele, e aumento da resistência da pele de

frangos de corte e concluiram que o zinco orgânico também melhora a aparencia da

carcaça de frangos de corte.

1.4. PROBLEMAS DE PERNAS

A velocidade de crescimento do frango de corte moderno e sua grande capacidade

de deposição de carne deram origem a alguns distúrbios metabólicos que acarretam, na

maioria das vezes, prejuízos ponderáveis. Dentre tais, podemos citar a deformidade ou

problemas de pernas, também denominado de fragilidade das pernas e desordens dos

locomotores como um dos principais distúrbios.

A ocorrência desta enfermidade, bem como os prejuízos causados à produção

brasileira, não se pode calcular precisamente. Sendo associadas com a redução do ganho de

peso. Sabendo-se que há uma relação positiva entre o peso corpóreo e a presença de

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anormalidades de grau médio, mas aves com graves anormalidades tendem a pesar menos,

provavelmente pela dificuldade em se deslocar até os comedouros e bebedouros (Kestin et

al., 1992). Além disso, as aves com dores ósseas ficam a maior parte do tempo sentadas

sobre as articulações tíbiotarsometatarsianas e provavelmente tem maior predisposição

para desenvolver afecções como bolhas no peito (calos), feridas nos pés e queimaduras na

região do tarso (dermatites de contato), que podem resultar em depreciação da carcaça

(Kestin et al., 1999; Sanotra, 1999; Su et al., 2000).

Segundo Mendonça Jr (2000) há uma ocorrência de 3 a 6% de refugagem de pintos

e descartes de aves na linha de abate por problemas de pernas resultando em perda

econômica significativa.

A indústria avícola tem tentado diminuir a ocorrência destas anormalidades. A alta

incidência de deformidades ósseas, principalmente as anormalidades nas pernas, é o

problema mais sério que afeta o bem-estar dos frangos de corte. Além de comprometer o

bem-estar das aves, estima-se que as anormalidades ósseas causem prejuízos de bilhões de

dólares por ano para a indústria avícola (Morris, 1993).

Considerando o osso um tecido complexo e heterogêneo que suporta a musculatura,

e, assim, o seu crescimento e desenvolvimento estão intimamente ligados com o

crescimento geral do corpo. O zinco está associado ao crescimento de tecidos,

principalmente no desenvolvimento do tecido ósseo (Cheng et al., 1998), atuando na

calcificação dos mesmos (Leeson & Summers, 2001).

1.5. REUTILIZAÇÃO DA CAMA DE FRANGO

As cadeias produtivas agrícolas geram em seus diversos segmentos, subprodutos que

podem e devem ser reciclados. O reaproveitamento destes resíduos para a criação de mais

de um lote minimiza a eliminação desses dejetos e reduz os riscos sanitários ambientais da

criação de frangos de corte, considerando que a qualidade do ambiente é fator cada vez

mais presente como barrreira não tarifária no comércio internacional da carne de frangos

(Silva et al., 2007).

O Brasil, por ser o maior exportador mundial de carne de frangos, possui uma das

aviculturas mais desenvolvidas e tecnificadas do mundo, o que evidencia o manejo

utilizado na avicultura brasileira. Contudo, ainda ha uma grande preocupação com a gestão

do principal resíduo gerado com a criação de frangos de corte.

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17

A cama de frango é rica em nutrientes, porém estes nutrientes em excesso,

principalmente o N e P, são potenciais contaminantes dos solos, lençóis freáticos e

córregos. A mesma também poder conter patógenos que são um risco para a saúde

humana.

Uma vez que material utilizado na preparação das camas dos aviários, tem se

restringido à maravalha, a qual foi se tornando progressivamente mais escassa e com maior

valor de mercado aumentou a pressão pelo corte de árvores para produção de camas novas.

A sua obtenção, em muitos casos, depende de fornecedores distantes, aumentando

acentuadamente o custo.

Diante disso, uma série de estudos vem sendo desenvolvidos com o propósito de

buscar soluções que amenizem tais problemas, dentre eles podemos citar a reutilização da

cama para diminuir os impactos causados pelo seu descarte e principalmente baratear os

custos de produção.

Felizmente, pelo fato do país apresentar um clima que permite a produção em

aviários abertos, se criam condições de reutilização da cama, a qual, dependendo da sua

qualidade, volume e manejo, pode ser utilizada em até 6 lotes (Avila et al., 2007). Esse fato

contribui sobremaneira para a redução do excesso de cama para disposição no meio

ambiente e reduz a demanda, isto é, o corte de árvores.

Porém, pouco se conhece sobre os efeitos que a reutilização da cama pode causar

sobre o desempenho das aves e tampouco se sabe sobre a quantificação de resíduos

gerados a cada lote criado.

Levando-se em conta que a cama reutilizada pode ter um incremento significativo

em nutrientes (Coufal et al, 2002), desde que não ocorram problemas sanitários nos lotes

anteriores. Traldi et al. (2009) observaram que a reutilização da cama de frango

proveniente de três ciclos beneficiou o ganho de peso dos animais durante o período de 1 a

42 dias. Entretanto Teixeira et al., (2009) concluiu que o uso de cama reciclada piora o

desempenho de frangos de corte até 42 dias de idade.

Para reutilizar a cama com segurança, ela deve ser submetida a tratamentos

adequados para a redução de riscos microbiológicos. Um dos tratamentos utilizados para

reutilização da cama de aviário é a mistura da cal virgem até dois dias antes do alojamento

dos pintos. Outra prática é a compostagem através do amontoamento em pilhas ou em

leiras de até 1,50 m de altura e cobertas com lona de PVC. Ainda, mais recentemente, tem-

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18

se utilizado a cobertura da cama em toda a área do aviário, com lona de PVC, deixando em

processo de compostagem por no mínimo, 14 dias ou até o momento do próximo

alojamento (Avila et al. 2007). Contudo, caso se verifique algum problema sanitário,

independente do número de lotes criados numa mesma cama, é indispensável a retirada de

todo o material para limpeza do galpão e higienização, estabelecendo-se vazio sanitário

para o alojamento do próximo lote.

O uso da cama reciclada tem sido adotado por diversas empresas para reduzir os

custos e os poluentes. Embora a cama passe por um processo de tratamento para inativar

ou reduzir a carga de bactérias indesejáveis e atenuar os riscos a saúde humana e animal, as

aves são submetidas a desafios que aumentam a necessidade de uso de agentes

antimicrobianos nas rações.

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19

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2. SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU REUTILIZADA

Trabalho submetido à revista: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia Página eletrônica: www.abmvz.org.br/ ISSN: 0102-0935

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SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO ORGÂNICO NA RAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE ALOJADOS EM CAMA NOVA OU REUTILIZADA

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito dos níveis de zinco orgânico (ZnO) na ração de frangos

de corte de 1 a 42 dias, alojados em cama nova ou reutilizada. O experimento foi

conduzido no setor de avicultura da Unidade Especializada em Ciências Agrárias da

EAJ/UFRN. Foram utilizados 576 pintos de 1 dia da linhagem comercial Cobb,

distribuídos em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x2 com

quatro níveis de ZnO 0; 40; 80 e 120 ppm e dois ambientes, cama nova (CNo) e cama

reutilizada (CRe), resultando em 8 tratamentos com 6 repetições de 12 aves. Na fase pré-

inicial houve efeito linear crescente dos níveis de ZnO sobre o consumo de ração e efeito

quadrático sobre o peso vivo e o ganho de peso. Os níveis de 72,41 e 70,05 ppm de ZnO na

ração de pintos melhoraram o peso vivo e o ganho de peso, respectivamente. Houve

interação entre ZnO e o tipo de cama utilizada. O ZnO não afetou o desempenho das aves

na fase de crescimento. Houve interação entre os níveis de ZnO e o tipo de cama utilizada.

Os níveis de 61,50 e 85,30 ppm de zinco orgânico melhora a imunidade e aumenta a

deposição de zinco na tíbia de frangos de corte aos 42 dias, respectivamente. O ZnO

também aumenta a resistência de pele dos frangos aos 42 dias de idade. O uso de CRe

melhora o desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.

Palavras-chaves: desempenho, deposição, mineral orgânico, nutrição

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ZINC SUPPLEMENTATION ORGANIC FEED THE ANIMALS IN BROILER ALLOTTED TO NEW AND RECYCLED LITTER BEDDING.

Abstract: This study aimed to evaluate the effect of levels of organic zinc (ZnO) in the

diet of broilers from 1 to 42 days, housed in new or reused bedding. The experiment was

conducted in the poultry sector of the Special Unit for Agricultural Sciences EAJ / UFRN.

576 chicks were used of commercial strain Cobb, distributed in a completely randomized

in a 4x2 factorial arrangement with four levels of ZnO 0, 40, 80 and 120 ppm and two

environments, new (COn) and reused bedding (CRE) resulting in eight treatments with six

replications of 12 birds. In the pre-initial phase, responses were linearly increasing levels

of OZn on feed intake and quadratic effect on body weight and weight gain. The levels of

72.41 and 70.05 ppm of OZn in the diet of chicks improved body weight and weight gain

respectively. There was an interaction between OZn and the type of bedding used. The

ZnO did not affect broiler performance in the growing phase. There was an interaction

between levels of ZnO and type of bed used. The levels of 61.50 and 85.30 ppm organic

zinc improves immunity and increases the deposition of zinc in tibia of broilers at 42 days,

respectively. ZnO also increases the resistance of the skin of broilers at 42 days of age.

Using recycle litter bedding improves performance of broilers from 1 to 42 days old.

Keywords: performance, deposition, organic mineral, nutrition

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2.1. INTRODUÇÃO

Numa tentativa de diminuir custos e também o impacto ambiental, muitas empresas

adotam o sistema de reutilização da cama de frango, porém tal prática pode acarretar em

estresse para as aves e pode aumentar o desenvolvimento bacteriano e prejudicar a saúde e

desempenho das mesmas. Atualmente essa situação se agrava mais ainda devido às

restrições e, em algumas situações, proibição do uso de antimicrobianos como promotores

de crescimento. Diante disto, têm aumentando o interesse da indústria avícola no uso de

alternativas a esses produtos que venham melhorar o desempenho das aves e atender as

exigências do mercado consumidor.

Os efeitos do zinco sobre a imunidade são bastante conhecidos (Chevalier et al.,

1996). Segundo Dardenne (2002) este oligoelemento exerce um amplo impacto sobre os

principais mediadores da imunidade tais como enzimas, peptídeos do timo e citocinas,

explicando a importância dos níveis de zinco sobre a regulação da proliferação das células

linfóides, ativação e apoptose.

Além disso, o zinco participa de outras funções importantes no organismo animal,

estando envolvido no metabolismo de proteína, carboidrato e gordura, se relaciona a mais

de 300 enzimas do corpo (Mccall et al., 2000), além de ser fundamental na divisão celular

e na síntese de DNA e proteína, também está associado ao crescimento de tecidos,

principalmente no desenvolvimento do tecido ósseo (Cheng et al.,1998).

Sua suplementação é uma prática necessária, pois, de modo geral, as dietas não

contém esse elemento em quantidade suficiente para atender as necessidades das aves. A

deficiência de zinco pode acarretar vários problemas, como anormalidades de pernas e

dedos (Gomes et al., 2009), retardo no crescimento, escassez de penas e diminuição no

consumo em aves (Leeson e Summers, 2001).

Tradicionalmente o zinco é adicionado a dietas de frangos de corte na forma de sais

inorgânicos como oxidos, sufatos ou carbonatos e mais recentemente iniciaram-se estudos

sobre sua utilização na forma orgânica ou quelatada, devido serem mais absorvidos que as

fontes inorgânicas.

O presente estudo foi conduzido com o objetivo avaliar de os efeitos da

suplementação de zinco orgânico na dieta de frangos de corte alojados em cama nova ou

reutilizada.

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2.2. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no setor de avicultura da Unidade Especializada em

Ciências Agrárias da EAJ/UFRN, utilizando-se 576 pintos de 1 dia, machos e fêmeas da

linhagem comercial Cobb. As aves foram distribuídas em 48 boxes, sendo 24 boxes

revestidos com cama nova e a outra metade com cama reutilizada. Utilizou-se o

delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x2 (quatro níveis de zinco

orgânico 0; 40; 80 e 120 ppm e dois tipos de cama), resultando em 8 tratamentos com 6

repetições de 12 aves.

A cama reutilizada foi proveniente de dois lotes anteriores, sendo o tratamento de

desinfecção da mesma feito através de adição de 500 g de cal virgem por cada m² de cama.

As rações (Tabela 1) foram formuladas segundo as recomendações de Rostagno et al.

(2011). Não foram utilizados antimicrobianos nem promotores de crescimento. Para a

suplementação do zinco orgânico foi utilizado o Bioplex zinco® adicionado em

substituição ao inerte, nas quantidades de 0; 0,027; 0,053 e 0,080% constituindo os

tratamentos com 0; 40; 80 e 120 ppm, respectivamente.

Tabela 1 - Composição das dietas experimentais de acordo com a fase de crescimento1

Ingredientes 1-7 8-21 22-35 36-42 Milho 49,418 57,723 61,038 64,824 Farelo de soja 44,080 37,037 33,116 29,635 Oleo de soja 2,675 1,858 2,747 2,755 Fosfato bicálcico 1,874 1,483 1,244 1,026 Calcário 0,779 0,821 0,778 0,701 Sal comum 0,440 0,421 0,400 0,391 DL-metionina 0,295 0,248 0,222 0,198 L-lisina●HCl 0,122 0,154 0,150 0,166 L-treonina 0,027 0,025 0,015 0,014 Cloreto de Colina 0,060 0,000 0,060 0,060 Premix vitamínico 2 0,100 0,100 0,100 0,100 Premix mineral 3 0,050 0,050 0,050 0,050 Bioplex Zn4 0,000 0,000 0,000 0,000 Inerte5 0,080 0,080 0,080 0,080 TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 Composição química Proteína bruta (%) 24,619 22,126 20,597 19,337 Energia Met. (kcal/kg)

2.950 3.000 3.100 3.150

Cálcio % 0,920 0,819 0,732 0,638 Forsforo d.(%) 0,470 0,391 0,342 0,298 Lisina d. (%) 1,310 1,174 1,078 1,010 Met+Cys d. (%) 0,944 0,846 0,787 0,737

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Metionina d. (%) 0,630 0,554 0,510 0,472 Tronina d. (%) 0,852 0,763 0,701 0,656 Triptof. d. (%) 0,285 0,248 0,227 0,208 Valina d. (%) 1,009 0,904 0,841 0,788 Isoleuc. d. (%) 0,974 0,861 0,794 0,737 Arginina d.(%) 1,566 1,375 1,263 1,167 Fenil. d. (%) 1,103 0,986 0,916 0,857 Fenil.+Tir. d. (%) 1,839 1,647 1,531 1,434 Glic.+Cerina t 2,337 2,086 1,937 1,811 Histidina d. (%) 0,595 0,539 0,505 0,476 Leucina d. (%) 1,893 1,747 1,653 1,578 Ácido Linoleico (%) 2,705 2,372 2,887 2,939 Cloro (%) 0,291 0,283 0,272 0,268 Potássio (%) 0,959 0,854 0,792 0,739 Sódio (%) 0,220 0,210 0,200 0,195 Zinco (%) 0,012 0,012 0,012 0,012

1Segundo as recomendações de Rostagno et al., (2011). 2 Níveis de garantia por kg do produto: Vitamina A 40.000.000 UI, vitamina D3 10.000.000 UI, vitamina E 80.000 UI, vitamina K3 10.000,0 mg, vitamina B12 64.000,0 mg, vitamina B1 7.200,0 mg, vitamina B2 24.000,0 mg, vitamina B6 11.200,0 mg, Ácido Fólico) 4.000,0 mg, Ácido Pantotênico 48.000,0 mg, Ácido nicotínico 160.000,0 mg, Biotina 260,0 mg.

3 Composição básica do produto: Sulfato de ferro , sulfato de cobre, óxido de zinco, Monóxido de manganês, selenito de sódio, iodeto de cálcio, veículo Q.S.P. Níveis de garantia por kg do produto: Manganês140.000 mg, Zinco 120.000 mg, Ferro 100.000 mg, Cobre 18.000 mg, Iodo 2000 mg, selênio 600 mg. 4 Bioplex zinco: 150g/kg de zinco orgânico. 5 Areia lavada.

Tabela 2- Níveis de inclusão do zinco orgânico (Bioplex®) e inorgânico das dietas

Ingredientes (ppm)

T1 T2 T3 T4

Bioplex zinco® 0 40 80 120 Óxido de zinco 60 60 60 60 Total de zinco 60 100 140 180

Aos 42 dias de idade, duas aves por tratamento, com peso vivo de mais ou menos

10% do peso médio de cada parcela experimental, foram mantidas em jejum por 24 horas e

abatidas por deslocamento cervical para análise da composição da carcaça, peso de órgãos,

resistência de pele e concentração de cálcio e zinco no osso. O rendimento de carcaça foi

obtido em relação ao peso vivo, de modo que o peso de carcaça foi dividido pelo peso vivo

e multiplicado por 100.

Para avaliação da resistência de pele, todas as aves depois de abatidas, foram

submetidas a um corte de aproximadamente um a dois centímetros na região entre a

sobrecoxa e o dorso, cujo corte foi medido com auxílio de um paquímetro. Posteriormente

as aves foram submetidas à escaldadeira e a depenadeira, tendo a extensão do orifício

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29

medida novamente. A diferença do corte antes e depois da depenadeira considerou-se,

resistência da pele.

Para análise de concentração de cálcio e zinco no osso foi retirada uma tíbia de cada

ave. As amostras foram fervidas em água para serem descarnadas e lavadas com água

destilada para retirar os resíduos de carne, a fíbula e a cartilagem proximal e distal. Em

seguida as amostras foram colocadas em estufa de ventilação forçada (105ºC) por 24 horas,

desengorduradas em extrator Soxhlet por 3 horas e triturados em moinhos de aço

inoxidável. Após cumprir estas etapas, foram pesados em balança analítica e analisada a

concentração de cálcio e zinco.

As análises de cálcio e zinco no osso foram realizadas de acordo com a metodologia

descrita por Silva & Queiroz (2002), em espectrofotômetro de absorção atômica, modelo

Expectra AA220 do Laboratório de Água, Solos e Plantas da EMPARN.

As variáveis avaliadas foram consumo de ração; peso vivo; ganho de peso; conversão

alimentar; rendimento das características, cortes e órgãos, resistência da pele e

concentração de cálcio e zinco no osso.

As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa SAEG – Sistema

de Análises Estatísticas e Genética (1982). Os dados foram submetidos à análise de

variância e quando significativos procedeu-se a análise de regressão polinomial em função

dos níveis de zinco orgânico.

2.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Observa-se na Tabela 3 que houve interação entre os níveis de ZnO e o tipo de cama

sobre o consumo de ração e sobre a conversão alimentar de pintos na fase pré-inicial.

Houve efeito linear crescente dos níveis de ZnO sobre o consumo de ração (Y=142,63 +

0,0436x R2=0,97), e efeito quadrático sobre o peso vivo (Y=178,16 + 0,1593x - 0,0011x2

R2 = 0,71) e ganho de peso, (Y= 134,06 + 0,1541x – 0,0011 x2 R2 = 0,72) onde o nível

estimado de ZnO que promoveu maiores peso vivo e ganho de peso foram 72,41 e 70,05

ppm, respectivamente (Figuras 1 e 2). Segundo Rostagno et al. (2011) a exigência de zinco

para melhor desempenho na fase pré-inicial é de 80,3 ppm.

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30

Tabela 3- Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de pintos de corte na fase pré-inicial criados em cama nova e reutilizada. Zinco Orgânico (ppm)

Consumo de ração (g)

Peso vivo (g)

Ganho de peso (g)

Conversão alimentar (kg/kg)

0 142,43 178,77 134,64 1,067 40 144,20 180,95 136,79 1,054 80 146,47 185,75 141,34 1,037 120 147,69 180,94 136,70 1,081 Regressão - Q* Q* - Ambiente Cama Nova (CNo)

145,75 181,72 137,53 1,075

Cama Reutilizada (CRe)

142,94 181,47 137,19 1,043

Anova Zn 0,0279 0,0002 0,0005 0,9350 Cama 0,0007 0,1260 0,1920 0,1091 Zn x Cama 0,0483 0,1180 0,7978 0,0246 CV (%) 2,452 1,695 2,255 2,824 Q= efeito de regressão quadrático; * = 1% de probabilidade; - = Efeito significativo de interação Zn x Cama

y = 178,16 + 0,1593x -0,0011x2 R2 = 0,71

176

178

180

182

184

186

188

0 40 80 120

Níveis de Zinco Orgânico (ppm)

Peso

viv

o (

g)

Figura 1- Efeito do zinco orgânico sobre o peso vivo de pintos de corte de 1 a 7 dias de

idade.

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31

y = 134,06 + 0,1541x - 0,0011x2 R2 = 0,72

132

134

136

138

140

142

0 40 80 120

Níveis de Zinco Orgânico (ppm)

Gan

ho

de p

eso

(g

)

Figura 2- Efeito do zinco orgânico sobre o ganho de peso de pintos de corte de 1 a 7 dias

de idade.

Essa resposta de melhor ganho de peso de pintos alimentados com dietas

suplementadas com ZnO pode ter ocorrido devido o zinco estar envolvido em uma grande

variedade de processos celulares como cofactor para muitas enzimas, tendo influência na

expressão de genes por meio de fatores de transcrição (ODell, 2000; Edmondson et al.,

2003), propiciando, de maneira geral, maior multiplicação celular no organismo, sobretudo

nos tecidos de rápida diferenciação e, consequentemente, favorecendo o crescimento do

animal (Tse et al., 2010).

O crescimento é regulado através de diversos sistemas hormonais, mas a principal

influência sobre o crescimento somático é fornecido pelo hormonio de crescimento (GH) e

o fator do crescimento do tipo insulina 1 (IGF-I) (Edmondson et al., 2003). Tais hormonios

também sofrem influencia do zinco uma vez que sua deficiência causa diminuição na

secreção do GH pela hipófise (MacDonald, 2000).

O zinco está envolvido de forma direta sobre o crescimento e imunidade o que pode

ter influenciado maior peso vivo e ganho de peso dos pintos nesta fase onde os mesmos são

mais sensíveis aos fatores de risco sanitário, principalmente recebendo rações sem

antimicrobianos. Segundo Jacques (2001) o zinco na forma orgânica melhora o

desenvolvimento animal.

Tse et al. (2010) verificaram que o zinco, na forma orgânica complexada, melhora o

desempenho dos leitões desmamados por ser melhor absorvido em relação a outras fontes

inorgânicas.

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32

A maior absorção do zinco melhora o aproveitamento desse mineral e de outros

nutrientes da dieta, uma vez que o zinco desempenha papel fundamental na síntese de

proteínas e DNA (Tse et al., 2010). Isso promove um aumento na multiplicação e na

capacidade absortiva das células intestinais, explicando em parte o melhor peso vivo e o

ganho de peso dos pintos suplementados com zinco orgânico. A melhor biodisponibilidade

de zinco para os pintinhos favorece o funcionamento pleno das células, possibilitando a ela

exercer suas funções metabólicas.

Através do desdobramento da interação verifica-se efeito linear crescente dos níveis

de ZnO sobre o consumo de ração (Y= 137,53 + 0,0838x R2 = 0,85) de frangos criados em

cama reutilizada (Tabela 4). Observa-se também que 40 ppm de ZnO melhorou a

conversão alimentar de pintos criados em cama reutilizada. Esse resultado é interessante

uma vez que, a fase pré-inicial é um estágio crítico onde os pintos estão sujeitos a desafios

causados por diferentes tipos de estressores microbianos e ambientais, num momento em

que o sistema imune da ave ainda se encontra em fase de desenvolvimento. O tipo de dieta

e a qualidade dos ingredientes utilizados são fatores de sucesso na criação pré-inicial de

pintos de corte. Wedekind et al, (1992) afirmou que o zinco orgânico é mais disponível

para o pintainho que o zinco de fontes inorgânicas.

Tabela 4– Efeito de interação entre o ZnO e o tipo de cama sobre o consumo de ração e conversão alimentar na fase pré-inicial Consumo de ração (g) Conversão alimentar (kg/kg) Zinco Orgânico(ppm)

Cama Nova Cama Reutilizada

Cama Nova Cama Reutilizada

0 146,6a 140,2a 1,075a 1,056a 40 148,3a 140,1b 1,084a 1,025b 80 147,2a 145,8a 1,053a 1,021a 120 148,7a 146,8a 1,086a 1,074a Regressão 0,4304 0,00111 0,00172 0,3213 ZnO=Zinco Orgânico;

1= Efeito de regressão linear dos níveis do ZnO;

2= Efeito de regressão quadrática dos níveis do ZnO;

a,b = Na linha, as médias seguidas das mesmas letras, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste SNK;

Houve efeito de interação (P**<0,05) entre ZnO e tipo de cama sobre o consumo

de ração e conversão alimentar para os períodos de 1 a 21 dias e 1 a 42 dias (Tabela 5 e 7).

Observa-se nas Tabelas 5, 6 e 7 que os níveis de ZnO estudados não influenciaram

o peso vivo, o ganho de peso e a conversão alimentar dos frangos nas fases inicial e

crescimento (P>0,05). Resultados semelhantes também foram observados por Rossi et al.,

(2007) trabalhando com a adição de níveis crescentes de zinco orgânico na ração de

frangos de corte.

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33

Já o tipo de cama influenciou o consumo de ração e a conversão alimentar

(P<0,05), para o período de 1 a 21 dias, onde as aves criadas em cama reutilizada

apresentaram menor consumo e melhor conversão alimentar em comparação as criadas em

cama nova (Tabela 5).

Tabela 5 – Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de frangos de corte no período de 1 a 21 dias de idade. Zinco Orgânico (ppm)

Consumo de ração (g)

Peso Vivo (g)

Ganho de peso (g)

Conversão alimentar (kg/kg)

0 1262,28 1024,75 980,62 1,288 40 1228,69 1009,86 965,69 1,274 80 1248,13 1037,53 993,12 1,257 120 1246,29 1029,06 984,83 1,266 Regressão - ns ns - Ambiente Cama Nova (CNo)

1269,56 1020,95 976,75 1,300

Cama Reutilizada (CRe)

1221,22 1030,03 985,75 1,239

Anova Zn 0,9911 0,1898 0,1938 0,8131 Cama 0,0014 0,3041 0,3067 0,0003 Zn x Cama 0,0093 0,6650 0,6460 0,0143 CV (%) 4,789 3,039 3,168 4,325 ns= Não Significativo.

Durante a fase de 1 a 35 dias de idade (Tabela 6), o consumo de ração (Figura 3)

diminuiu linearmente (Y= 3398,8 – 0,408x R2= 0,64) com o aumento dos níveis de ZnO na

dieta. Cardoso et al., (2007) estudando a adição de ZnO e vitamina E na dieta de frangos de

corte também observaram um menor consumo das aves que receberem dieta com 400

mg/kg de ZnO, quando comparados com os que receberam 40mg/kg de ZnO, exceto na

fase final de criação. No entanto, os autores verificaram que a conversão alimentar não foi

influenciada pelos níveis de ZnO na dieta, o que corrobora com os resultados do presente

trabalho, visto que os níveis de ZnO não influenciaram o consumo de ração nas demais

fases, não sendo significativo de 1 a 42 dias.

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34

Tabela 6 - Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de frangos de corte no período de 1 a 35 dias de idade. Zinco Orgânico (ppm)

Consumo de ração (g)

Peso Vivo (g)

Ganho de peso (g)

Conversão alimentar (kg/kg)

0 3426,72 2205,37 2161,24 1,587 40 3375,47 2201,61 2216,85 1,524 80 3380,30 2215,90 2171,49 1,560 120 3342,83 2235,39 2191,15 1,526 Regressão L** ns ns Ns Ambiente Cama Nova (CNo)

3382,02 2228,57 2184,37 1,549

Cama Reutilizada (CRe)

3380,58 2230,34 2186,07 1,548

Anova Zn 0,0152 0,4018 0,4014 0,4131 Cama 0,3612 0,0775 0,0615 0,4431 Zn x Cama 0,536 0,652 0,645 0,484 CV (%) 2,639 3,765 3,844 3,841 L= Efeito regressão linear; ** = 5% de probabilidade. ns= Não Significativo;

y = 3398,8 - 0,408x R2 = 0,64

3340

3350

3360

3370

3380

3390

40 80 120

Níveis de Zinco Orgânico (ppm)

Co

nsu

mo

de r

ação

(g

)

Figura 3- Efeito do zinco orgânico sobre o consumo de ração de frangos de corte de 1 a 35 dias de idade

Observa-se na Tabela 7 que o peso vivo, ganho de peso e a conversão alimentar

foram influenciados pelo tipo de cama na fase de 1 a 42 dias de idade (P**<0,05), sendo

que as aves criadas em cama reutilizada apresentaram o melhor resultado para estas

variáveis. Resultados semelhantes foram observados por Traldi et al., (2009) também

trabalhando com cama reutilizada. Segundo Coufal et al (2002) a cama reutilizada pode ter

um incremento significativo de nutrientes. Logo, a ingestão que as aves fazem da cama no

decorrer do ciclo de criação pode ser a justificativa para o melhor resultado de desempenho

destas. Azahan (1982) comparando camas reutilizadas por seis ciclos consecutivos com

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cama nova de maravalha, não encontrou diferenças significativas para o ganho de peso e

eficiência alimentar. Já Melo et al. (2010) concluíram que o uso de cama reutilizada piora

o desempenho de frangos até os 42 dias de idade.

Tabela 7 - Efeito do zinco orgânico sobre o desempenho de frangos de corte no período de 1 a 42 dias de idade. Zinco Orgânico (ppm)

Consumo de ração (g)

Peso Vivo (g)

Ganho de peso (g)

Conversão alimentar (kg/kg)

0 4836,71 2585,94 2541,81 1,904 40 4763,23 2591,15 2546,99 1,874 80 4829,68 2529,20 2484,79 1,946 120 4811,84 2588,70 2544,46 1,893 Regressão - ns ns - Ambiente Cama Nova (CNo)

4809,22 2534,43B 2490,83B 1,933

Cama Reutilizada (CRe)

4811,60 2616,48A 2572,21A 1,873

Anova Zn 0,8831 0,2971 0,2948 0,1175 Cama 0,6552 0,0039 0,0040 0,0064 Zn x Cama 0,0020 0,159 0,162 0,0199 CV (%) 2,906 3,664 3,731 3,904 ns= Não Significativo; A, B = Na coluna, as médias seguidas letras diferentes diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste SNK; - = Efeito significativo de interação Zn x Cama.

Houve efeito linear crescente dos níveis de ZnO sobre o consumo de ração de

frangos alojados em cama nova (Y = 1187,8 + 0,8238x R2 = 0,86), demonstrados na Tabela

8.

Através do desdobramento da interação entre os níveis de ZnO e tipo de cama sobre

o consumo e conversão alimentar, verificamos que no período de 1 a 21 dias o nível de 120

ppm de ZnO diminuiu o consumo de ração pelas aves criados em cama reutilizada, porém

tal fato não implicou em perdas de peso, o que representou melhora da conversão alimentar

para o mesmo período. O mesmo foi observado para o período de 1 a 42 dias, porém o

nível que proporcionou o menor consumo e a melhor conversão alimentar foi 40 ppm para

os frangos de corte criados em cama reutilizada. O nível de 80 ppm reduziu o consumo dos

animais criados em cama nova de 1 a 42 dias.

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Tabela 8 - Efeito de interação entre o Zn e o tipo de cama sobre o consumo de ração e da conversão alimentar

Consumo de ração Conversão alimentar 1 a 21 dias 1 a 42 dias 1 a 21 dias 1 a 42 dias

ZnO CNo CRe CNo CRe CNo CRe CNo CRe 0 1315,6a 1208,9b 4844,2a 4829,2a 1,358a 1,218b 1,939a 1,869a

40 1213,3a 1244,1a 4862,7a 4663,8b 1,271a 1,276a 1,940a 1,807b

80 1268,5a 1227,8a 4220,4b 4939,0a 1,273a 1,242a 1,947a 1,944a

120 1279,2a 1200,7b 4809,6a 4815,0a 1,302a 1,217b 1,911a 1,869a Regressão 0,00661 0,1387 0,3237 0,2605 0,8119 0,0788 0,8465 0,9701

ZnO=Zinco Orgânico; CNo= Cama Nova; CRe= Cama Reutilizada. 1= Efeito de regressão linear dos níveis do ZnO;

2= Efeito de

regressão quadrática dos níveis do ZnO; a,b = Na linha, as médias seguidas das mesmas letras, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste SNK;

A participação do zinco nos sistemas enzimáticos envolvidos na síntese e degradação

de proteínas e na transformação de carboidratos em lipídios e ácidos nucléicos, demonstra

a essencialiadade desse mineral para a melhoria no desempenho dos frangos. Na forma

orgânica, o zinco apresenta-se mais biodisponível ao animal em comparação à forma

inorgânica (Tse et al., 2010).

Hess et al. (2001) estudaram diferentes fontes de zinco em dietas para frangos de

corte observaram melhora na conversão alimentar quando utilizaram zinco quelato com

aminoácidos. O nível mais baixo avaliado do mineral quelatado favoreceu a absorção de

nutrientes e o desempenho dos frangos na fase de 1 a 17 dias de idade (Hudson et al.,

2005) e teve sua excreção reduzida (Burrell et al., 2004). Na forma orgânica, o zinco torna-

se fonte alternativa na nutrição mineral, melhorando ou mantendo o desempenho dos

animais.

Não houve efeito de interação entre os níveis de ZnO e o tipo de cama sobre as

características de carcaça de frangos aos 42 dias de idade. Não houve efeito significativo

(P**>0,05) dos níveis de ZnO estudados sobre as características de carcaça. Os pesos de

carcaça, peito, músculos peitorais, coxa, sobrecoxa, asa e dorso não foram influenciados

(P**>0,05) pelos níveis de ZnO da dieta (Tabela 9), o que corrobora os achados por

Trindade Neto et al., (2010) trabalhando com dois níveis de ZnO (43 e 243 ppm), não

observaram efeito dos níveis de ZnO da dieta nos pesos de cortes. O tipo de cama não

influenciou os pesos e rendimentos das características de carcaça.

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37

Tabela 9 - Efeito do zinco orgânico sobre as características de carcaça de frangos de corte criados em cama nova e reutilizada Zinco Orgânico (ppm)

Carc (g) Pt (g) PMa (g)

PMi (g) Cx (g) Sbcx(g) Asa (g) Dors (g)

0 1576,95 537,55 223,23 157,19 189,20 245,72 149,67 373,90 40 1634,83 551,50 217,40 165,16 204,84 256,15 158,83 389,65 80 1658,98 530,69 207,46 147,68 201,67 245,97 159,28 367,65 120 1635,21 510,54 221,89 156,13 198,20 259,38 150,36 367,40 Regressão ns ns ns ns ns ns ns ns Ambiente Cama Nova (CNo)

1656,30 542,72 214,12 157,03 205,20 262,56 157,52 378,93

Cama Reutilizada (CRe)

1594,10 521,54 221,16 156,00 191,16 240,11 151,30 370,00

Anova Zn 0,435 0,516 0,469 0,842 0,458 0,442 0,372 0,268 Cama 0,2747 0,2961 0,452 0,160 0,1776 0,0646 0,653 0,240 Zn x Cama 0,3470 0,1668 0,786 0,3793 0,1798 0,1467 0,1086 0,3024 CV (%) 11,61 13,87 17,94 17,24 17,57 15,61 17,74 17,21 ns= não significativo

Observa-se na Tabela 10 efeito quadrático dos níveis de ZnO sobre o rendimento de

carcaça (Y = 58,286 + 0,2185x-0,0019 x² R² = 0,94), onde o nível que promoveu o maior

rendimento foi 57,5 ppm de ZnO (Figura 4). O zinco orgânico ou quelatado é mais

disponível do que zinco proveniente de fontes inorgânicas e, considerando essa maior

absorção e que o zinco atua tanto no crescimento como no sistema imune (Tse et al., 2010)

o que pode explicar o melhor rendimento da carcaça de frangos alimentados com este

mineral na forma orgânica.

Não houve efeito do tipo de cama sobre o rendimento de carcaça e cortes

(P**>0,05). Teixeira et al., (2011) concluiu que o uso de cama reutilizada piora o peso da

carcaça, o peso e rendimento de peito e o músculo Pectoralis maior. Já Traldi et al., (2009)

não encontraram diferenças significativas no rendimento de carcaça e de cortes com

reutilização da cama por dois, três ou quatro ciclos de criação.

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38

Tabela 10 - Efeito do zinco orgânico sobre rendimento de carcaça e cortes de frangos de corte criados em cama nova e reutilizada

Zinco Orgânico (ppm)

Carc (%)

Pt (%)

PMa (%)

PMi (%) Cx (%) Sbcx(%) Asa (%) Dors (%)

0 58,63 34,46 14,30 10,16 12,11 15,67 9,58 23,86 40 62,92 33,95 13,55 10,23 12,58 15,73 9,78 24,03 80 64,50 31,99 12,55 8,94 12,14 14,79 9,61 22,22 120 56,49 31,34 13,87 9,74 12,12 15,95 9,18 22,49 Regressão Q* ns ns ns ns ns ns ns Ambiente Com 61,88 32,92 13,14 9,62 12,40 15,92 9,51 22,88 Cre 59,27 32,94 14,02 9,93 12,05 15,11 9,56 23,44 Anova Zn 0,273 0,205 0,853 0,381 0,147 0,621 0,250 0,773 Cama 0,897 0,100 0,277 0,276 0,371 0,235 0,322 0,260 Zn x Cama

0,653 0,273 0,770 0,495 0,840 0,301 0,160 0,550

CV (%) 17,51 12,32 20,84 20,50 16,22 14,38 16,69 15,17 Carc=carcaça; Pt=Peito; PMa=Músculo pectoralis maior; PMi= Músculo pectoralis menor; Cx=Coxa; Sbcx=Sobrecoxa; Dors=Dorso. Q= efeito de regressão quadrático; * = 1% de probabilidade. ns= não significativo.

y = 58,286 + 0,2185x - 0,0019x2 R2 = 0,94

56

58

60

62

64

66

0 40 80 120

Níveis de Zinco Orgânico (ppm)

Carc

aça (

%)

Figura 4 - Efeito do zinco orgânico na dieta sobre o rendimento de carcaça de frangos de corte aos 42 dias

Verifica-se na Tabela 11 que houve efeito quadrático dos níveis de ZnO estudados

em relação ao peso da bursa de fabricius demonstrado na Figura 5 (Y= 3,296 + 0,0369x –

0,0003x2 R2= 0,91). Apresentando maior peso com suplementação de 61,5 ppm de ZnO.

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39

Alguns parâmetros comumente utilizados para estimar a imunidade de aves são o

peso de órgãos linfoides que são facilmente medidos e refletem a capacidade do organismo

de produzir células linfóides durante uma resposta imune (Pope, 1991). A bursa de

Fabricius é o local onde se desenvolvem e diferenciam os linfócitos B, responsáveis pela

produção de anticorpos.

Esse crescimento da bursa de Fabricius em função do ZnO na ração demonstra que

aves que receberam ZnO na alimentação apresentaram provavelmente maior imunidade e

maior tolerância aos desafios ambientais. Silva et al. (2006) observaram maior peso da

bursa de Fabricius em aves mais tolerantes aos desafios da criação em cama reutilizada.

Segundo Kidd et al. (1996) quando zinco orgânico ou quelatado é adicionado à

dieta das aves ou mesmo quando este é passado das reservas maternas da matriz para o

pintinho há uma melhora de algumas funções celulares relacionadas à resistência a

doenças. Assim a utilização do zinco orgânico na dieta de frangos de corte pode melhorar a

imunidade e consequentemente o desempenho das mesmas.

O peso do fígado, moela e baço não sofreram influência dos níveis de ZnO avaliados

e do tipo de cama (P**>0,05). O coração de frangos criados em cama nova apresentaram

maior peso em comparação as aves criadas em cama reutilizada, o que pode melhorar a

atividade cardíaca destes animais.

Tabela 11- Efeito do zinco orgânico sobre peso de fígado, moela, coração, baço e bursa de

fabricius de frangos de corte criados em cama nova e reutilizada Zinco Orgânico (ppm) Fi(g) Moe(g) Cor(g) Prov(g) Ba(g) BF (g) 0 28,06 26,42 6,04 6,65 2,08 3,36 40 30,91 32,62 6,58 6,98 2,17 4,10 80 35,84 30,39 6,96 6,11 2,54 4,52 120 30,87 32,98 6,17 6,73 2,25 3,34 Regressão ns ns ns ns ns Q* Ambiente Cama Nova (CNo) 34,70 31,89 7,00A 6,98 2,32 4,03 Cama Reutilizada (CRe) 27,85 29,20 5,82B 6,23 2,19 3,62 Anova Zn 0,770 0,195 0,539 0,469 0,679 0,037 Cama 0,701 0,322 0,0406 0,158 0,274 0,178 Zn x Cama 0,178 0,399 0,509 0,388 0,431 0,179 CV (%) 40,51 27,52 30,57 27,20 37,61 29,11 Fi = Fígado; Moe = Moela; Cor = Coração; Prov = Proventrículo; Ba = Baço; BF = Bursa de Fabricios; Q= efeito de regressão quadrático; * = 1% de probabilidade; ns= não significativo.

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40

y = 3,296 + 0,0369x - 0,0003x2 R2 = 0,91

0

1

2

3

4

5

0 40 80 120

Níveis de Zinco Orgânico (ppm)

Bu

rsa d

e F

ab

riciu

s (

g)

Figura 5 - Efeito do zinco orgânico na dieta sobre o peso da bursa de fabricius de frangos de corte aos 42 dias

O zinco exerce impacto sobre os principais mediadores da imunidade tais como

enzimas, peptídeos do timo e citocinas, o que explica a importância dos níveis de zinco

sobre a regulação da proliferação das células linfóides, ativação e apoptose. Suplementos

nutricionais como o zinco podem evitar a alteração do sistema imunológico e melhorar

resistência a infecções (Dardenne 2002).

Na Tabela 12 verifica-se que houve efeito linear dos níveis de ZnO sobre a

resistência de pele de frangos aos 42 dias de idade, sendo que a resistência da pele

aumentou em função dos níveis crescentes de ZnO na dieta. Estes resultados são

semelhante aos achados por Rutz (2006) que recomendam 45 ppm de ZnO adicionais para

melhor resistência de pele de frangos aos 42 dias de idade. Esse resultado é importante

visto que 5 a 7 % das condenações nos abatedouros são causada pela baixa resistência da

pele (Leeson e Summers, 2005).

Tabela 12- Resistência de pele aos 42 dias de idade de frangos de corte alimentados com níveis crescentes de zinco orgânico criados em cama nova e reutilizada Diferença da lesão (cm) Zinco Orgânico (ppm) 0 1,565 40 1,300 80 1,215 120 0,943 Regressão L* Ambiente Cama Nova (CNo) 1,292 Cama Reutilizada (CRe) 1,218 Anova Zn 0,0001 Cama 0,194

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41

Zn x Cama 0,342 CV (%) 20,43 L= Efeito regressão linear; * = 1% de probabilidade.

O zinco atua na síntese de colágeno que funciona como um elemento estrutural

extracelular do tecido conjuntivo, dentre outras funções, o colágeno confere maior

resistência à pele. Portanto a pele com maior teor de colágeno é menos propensa a rasgar.

Além disso, o zinco participa da síntese de queratina e ácido nucleico da pele

(Close, 1999). Desta forma o zinco participa diretamente da manutenção da qualidade da

pele (Dows et al., 2000).

Rossi et al. (2007) observaram aumento do número de camadas de células

epiteliais, maior teor de colagénio, inflamação reduzida da pele, e aumento da resistência

da pele de frangos de corte e concluiram que o zinco orgânico melhora a aparência da

carcaça de frangos de corte. Os mesmos autores indicaram que o nível de 45 ppm do ZnO

adicionado a uma dieta contendo premix comercial (já com zinco inorgânico) melhorou a

qualidade da pele dos frangos de corte.

Fallavena (2000) concluiu que a adição de complexo de zinco melhora a

cicatrização, aumenta a resistência da pele e melhora o empenamento, além de promover

benefícios indiretos no estado de saúde da ave.

y = 1,5484 - 0,0049x R2 = 0,96

0

0,5

1

1,5

2

0 40 80 120

Níveis de Zinco Orgânico (ppm)

Dif

ere

nça d

a l

esão

(cm

)

Figura 6 – Resistência de pele de frangos de corte alimentados com níveis crescentes de zinco orgânico

A concentração de cálcio (Tabela 13) no osso não foi influenciada pelos níveis de

ZnO estudados (P>0,05). Houve efeito quadrático dos níveis de ZnO sobre a quantidade de

zinco no osso (y= 168 + 0,5629x – 0,00033X² R² = 0,68), onde o nível que promoveu a

maior concentração foi 85,30 ppm de ZnO (Figura 7). Beterchini et al. (1992) observaram

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42

que os resultados de análise de zinco na tíbia são o melhor critério de avaliação das

exigências desse mineral e que as maiores deposições no osso foram obtidas com as dietas

contendo 80 e 90 ppm de ZnO. Ao et al. (2009) avaliando uso de ZnO para frangos de

corte observaram que a concentração de zinco na tíbia aumentou evidenciando que a

suplementação com ZnO não causa antagonismo, diferente do que ocorre com minerais

inorgânicos. O tipo de cama não influenciou os parâmetros avaliados (P>0,05).

Tabela 13- Concentração de cálcio (Ca) e zinco (Zn) na tíbia de frangos de corte criados em cama nova e reutilizada Zinco Orgânico (ppm) Calcio (g/mg) Zinco (mg/l) 0 190,00 170,75 40 188,85 176,94 80 185,65 199,94 120 185,10 184,79 Regressão ns Q* Ambiente Cama Nova (CNo) 186,98 185,84 Cama Reutilizada (CRe) 187,81 180,36 Anova Zn 0,621 0,050 Cama 0,730 0,432 Zn x Cama 0,472 0,948 CV (%) 6,488 18,11 Q= efeito de regressão quadrático; * = 1% de probabilidade; ns=não significativo.

y = 168 + 0,5629x - 0,0033x2 R2 = 0,68

160

170

180

190

200

210

0 40 80 120

Níveis de Zinco Orgânico (ppm)

Co

ncen

tração

de z

inco

na t

íbia

(m

g/l

)

Figura 7- Concentração de zinco na tíbia em função dos níveis de zinco orgânico na ração

de frangos de corte

A tíbia de aves tem sido usada frequentemente para determinar as exigências

nutricionais e a biodisponibilidade de minerais. Na literatura há relatos que a exigência de

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43

zinco para melhorar os parâmetros ósseos é maior que para melhorar o desempenho em

frangos de corte. Esses argumentos estão condizentes com os resultados do presente

trabalho, uma vez que o nível de ZnO ideal para a maior concentração de zinco no osso foi

de 85,30 ppm enquanto que o NRC (1994) e Rostagno et al., (2011) recomendam o nível

de 40 e 48,8 ppm para obter o melhor desempenho na fase de 34 a 42 dias de idade.

Considerando o osso um tecido complexo e heterogêneo que suporta a musculatura,

e, assim, o seu crescimento e desenvolvimento estão intimamente ligados com o

crescimento geral do corpo, logo a concentraçao do zinco na tíbia é um bom indicador de

crescimento corporal. Segundo (Gomes et al., 2009) a análise de zinco no osso é um

método viável para estimar a exigência deste mineral. A concentração de zinco da tíbia, é

uma medida sensível do estado de zinco no organismo e esta positivamente correlacionado

com a concentração sérica de IGF-I (Edmondson et al. 2003) que é estimulado pelo

hormônio do crescimento que também atua na mineralização ossea.

Os microminerais estão envolvidos em funções específicas, a nível celular, assim a

suplementação da dieta de frangos de corte com zinco orgânico pode melhorar além do

desempenho, a imunidade que é muito importante principalmente no cenário atual, onde as

rações devem ser isentas de antimicrobianos; a mineralização óssea e a resistência de pele

reduzindo problemas de pernas com consequente redução de refugos e perdas no

abatedouro, que podem causar prejuízos desde os pequenos, médios a grandes produtores,

que comercializam carcaças inteiras ou cortes especializados para exportação. Levando em

consideração que o Brasil é o primeiro exportador de carne de frangos, tendo grande

importância para a economia do País gerando renda e empregos, a busca por estratégias

nutricionais para melhorar o desempenho, imunidade, mineralização óssea e a qualidade da

carne de frangos é de fundamental importância, a fim de atender as exigências do mercador

consumidor, tanto interno como externo sendo este último o que impõem cada vez mais

barreiras à compra dos nossos produtos.

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44

2.4. CONCLUSÕES

Os níveis de 61,50 e 85,30 ppm de zinco orgânico melhora a imunidade e aumenta

a deposição de zinco na tíbia de frangos de corte aos 42 dias, respectivamente.

O zinco orgânico aumenta a resistência de pele dos frangos aos 42 dias de idade o

que pode reduzir o número de condenações de carcaça nos abatedouros.

O uso de cama reciclada melhora o desempenho de frangos de corte de 1 a 42 dias

de idade.

2.5. REFERÊNCIAS

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