SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS VIVOS DA ZONA ECONÔMICA · Departamento de Oceanografia e Limnologia ......

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCODEPARTAMENTO DE PESCA

Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas - DIMAR

PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DO POTENCIALSUSTENTÁVEL DOS RECURSOS VIVOS DA ZONA ECONÔMICA

EXCLUSIVA – REVIZEESUB-COMITÊ REGIONAL NORDESTE – SCORE - NE

Dinâmica das FrotasPesqueiras da Região

Nordeste do Brasil

Análise das principais pescarias

VOLUME I

ORGANIZADORESRosangela P. Lessa

José Lúcio Bezerra Jr.Marcelo F. de Nóbrega

RECIFE2004

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COMITÊ EXECUTIVO DO PROGRAMA REVIZEE

MMAMinistério do meio Ambiente

CNPqConselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico

IBAMAInstituto Brasileiro do meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

MCTMinistério da Ciência e Tecnologia

MECMinistério da Educação

MAPAMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MREMinistério das Relações Exteriores

SECIRMSecretária da Comissão Interministerial para os Recursoa do Mar

MBMarinha do Brasil

INSTITUIÇÕES DE PESQUISA – SCORE NE

Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas (DIMAR) Departamento de Pesca -Universidade Federal Rural de Pernambuco (Coordenação da Área de Dinâmica de populações)

Laboratório de Oceanografia Pesqueira (LOP) - Departamento de Pesca - UniversidadeFederal Rural de Pernambuco

Laboratório de Nécton e Aqüicultura (LABNAQ) - Departamento de Oceanografia -Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira do Nordeste (IBAMA)

Laboratório de Ciências do Mar (LABOMAR) - Universidade Federal do Ceará (UFC)

Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Laboratório de Ciências do Mar (LABIMAR) - Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte (UFRN)

Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos bolsistas DTI, ITI e Recém Doutores que atuaram na Área deDinâmica de Populações e Avaliação de Estoques e estiveram envolvidos no Programa deAmostragem do SCORE- NE;

Agradecemos às diversas Universidades Federais da Região e Centros de Pesquisa, queabrigaram vários bolsistas disponibilizando as facilidades de suas infraestruturas, em especial: àUFRPE, UFPE, UFAL, UFBA, UFRN; UFCE e CEPENE/IBAMA;

Agradecemos as Colônias de Pescadores, Associações de Pescadores, Peixarias e Empresasde Pesca da Região que colaboraram para a coleta de informações facilitando o acesso dosbolsistas;

Agradecemos aos diversos Professores e Pesquisadores vinculados á Área lotados nasUniversidades e Centros de Pesquisa acima citados;

Agradecemos à Coordenação do Programa REVIZEE sensível a importância da atividade deamostragem no âmbito do SCORE-NE;

Por fim, agradecemos à todos que de alguma forma contribuiram para a realização dessetrabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................ix

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................xiii

RESUMO...........................................................................................................................xviii

APRESENTAÇÃO....................................................................................................................1

Obtenção dos dados e espécies-alvo...................................................................................2

DINÂMICA DA FROTA.................................................................................................................4

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO...............................................................................................6

1.1 DINÂMICA DA FROTA ARTESANAL..........................................................................6

1.1.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA..................................................................................................6

1.1.2 ANÁLISES MULTIVARIADAS..................................................................................................7

1.2 DINÂMICA DA FROTA INDUSTRIAL.........................................................................8

1.2.1 A PESCA INDUSTRIAL COSTEIRA (LAGOSTA)............................................................................8

1.2.2 A PESCA INDUSTRIAL OCEÂNICA (ATUNS E AFINS)......................................................................9

1.2.3 A PESCA DO PARGO.........................................................................................................10

1.2.4 A PESCA DE TUBARÕES....................................................................................................10

1.2.5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA................................................................................................11

– A ÁREA DE PESCA DA LAGOSTA...................................................................................................11

– A ÁREA DE PESCA DE ATUNS E AFINS............................................................................................12

1.3 OBJETIVO...................................................................................................................12

CAPÍTULO 2 – MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................13

2.1 OBTENÇÃO DOS DADOS DE DESEMBARQUES – SÉRIES HISTÓRICAS...........................13

2.1.1 FROTA PESQUEIRA............................................................................................................13

2.1.2 ANÁLISE DOS DESEMBARQUES.............................................................................................15

2.2 PROGRAMA DE AMOSTRAGEM DO SCORE - NE (REVIZEE)........................................16

2.2.1 FROTA ARTESANAL............................................................................................................16

2.2.2 FROTA INDUSTRIAL...........................................................................................................17

- LAGOSTAS.............................................................................................................................17

- ATUNS E AFINS.......................................................................................................................18

2.3 ANÁLISES MULTIVARIADAS........................................................................................19

CAPÍTULO 3 – SÉRIES HISTÓRICAS..................................................................................21

3.1 VOLUMES TOTAIS DESEMBARCADOS NA REGIÃO NORDESTE...............................21

3.2 DESEMBARQUES DAS ESPÉCIES-ALVO DO PROGRAMA REVIZEE...........................23

vi

3.2.1 ARIOCÓ (Lutjanus synagris).............................................................................................23

3.2.2 CIOBA (Lutjanus analis)...................................................................................................24

3.2.3 DENTÃO (Lutjanus jocu)...................................................................................................25

3.2.4 GUAIÚBA (Lutjanus chrysurus)..........................................................................................25

3.2.5 CAVALA (Scomberomorus cavalla).....................................................................................26

3.2.6 DOURADO (Coryphaena hippurus).....................................................................................26

3.2.7 SERRA (Scomberomorus brasiliensis)................................................................................28

3.2.8 PEIXE-VOADOR (Hirundichthys affinis)................................................................................28

3.3 COMPOSIÇÃO DOS DESEMBARQUES POR ESTADO................................................29

3.3.1 COMPOSIÇÃO DA FROTA E DE SEUS DESEMBARQUES....................................................................30

3.3.2 PRINCIPAIS ARTES DE PESCA UTILIZADAS NA ZEE NORDESTE.......................................................30

3.4 DISCUSSÃO................................................................................................................39

CAPÍTULO 4 - PROGRAMA DE AMOSTRAGEM DO SCORE – NE: ANÁLISE DOSDESEMBARQUES.................................................................................................................43

- NORTE DA BAHIA............................................................................................................43

- ALAGOAS E PERNAMBUCO.................................................................................................43

- RIO GRANDE DO NORTE..................................................................................................45

- CEARÁ........................................................................................................................45

4.1 FROTA DE LINHA DE MÃO.........................................................................................47

• PERÍODO DE OPERAÇÃO...................................................................................................47

• PROFUNDIDADE DE ATUAÇÃO.............................................................................................50

• TEMPO DE PESCA...........................................................................................................52

• FASES DA LUA...............................................................................................................55

• TRIPULAÇÃO.................................................................................................................55

4.1.1 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS.............................................................................................56

• CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE).......................................................................59

4.1.2 ESPÉCIES-ALVO.............................................................................................................62

Scomberomorus cavalla..........................................................................................................62

Coryphaena hippurus.............................................................................................................63

Lutjanus chrysurus.................................................................................................................65

Lutjanus analis.......................................................................................................................66

Lutjanus jocu.........................................................................................................................66

Lutjanus vivanus....................................................................................................................68

4.1.3 OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL.....................................................................69

Seriola dumerili......................................................................................................................69

Caranx latus..........................................................................................................................70

vii

Carangoides bartholomaei......................................................................................................70

Mycteroperca bonaci..............................................................................................................71

Thunnus obesus....................................................................................................................72

Thunnus atlanticus................................................................................................................72

Thunnus albacares................................................................................................................73

Elagatis bipinnulata...............................................................................................................74

Acanthocybium solandri.........................................................................................................75

4.2 FROTA DE REDES DE EMALHAR, DE CERCO E SERREIRAS...................................75

• TEMPO DE PESCA...........................................................................................................76

• TRIPULAÇÃO.................................................................................................................77

• PROFUNDIDADE DE ATUAÇÃO.............................................................................................77

• PRODUÇÃO PESQUEIRA (EM PESO)......................................................................................79

• FASES DA LUA...............................................................................................................80

4.2.1 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS DAS REDES DE EMALHAR..............................................81

- CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE)........................................................................84

- ESPÉCIES-ALVO.............................................................................................................85

Scomberomorus brasiliensis....................................................................................................85

Lutjanus synagris...................................................................................................................86

Lutjanus chrysurus.................................................................................................................87

- OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL.............................................................................87

Carangoides crysos................................................................................................................87

Carangoides bartholomaei......................................................................................................88

Haemulon plumieri.................................................................................................................88

Centropomus undecimalis.......................................................................................................88

Rhizoprionodon porosus........................................................................................................89

4.2.2 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS DAS REDES DE EMALHAR PARA PEIXE-VOADOR....................................90

4.2.3 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS DAS REDES DE CERCO.................................................................90

4.3 FROTA DE COVOS PARA PEIXES............................................................................92

4.3.1 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS..............................................................................................93

4.3.1 ESPÉCIE-ALVO...............................................................................................................93

Lutjanus synagris...................................................................................................................93

4.3.2 OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL.....................................................................94

Haemulon plumieri.................................................................................................................94

Haemulon aurolineatum..........................................................................................................94

4.4 DISCUSSÃO.............................................................................................................95

4.4.1 ESPÉCIES-ALVO DO SCORE – NE/REVIZEE........................................................................95

Coryphaena hippurus.............................................................................................................95

viii

Hirundichthys affinis...............................................................................................................96

Scomberomorus brasiliensis e S. cavalla...................................................................................96

Lutjanus analis.......................................................................................................................97

Lutjanus jocu.........................................................................................................................98

Lutjanus synagris...................................................................................................................98

Lutjanus vivanus e Lutjanus chrysurus.....................................................................................99

4.4.2 OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL.....................................................................100

Seriola dumerili e Mycteroperca bonaci..................................................................................100

Thunnus albacares, Thunnus atlanticus e Thunnus obesus......................................................100

Opisthonema oglinum, Hemiramphus brasiliensis e Hyporhamphus unifasciatus.......................101

Caranx latus, Carangoides bartholomaei e Carangoides crysos................................................101

CAPÍTULO 5 - ANÁLISES MULTIVARIADAS DAS PESCARIAS COSTEIRAS....................103

5.1 ALAGOAS E PERNAMBUCO – ALPE.........................................................................103

5.2 NORTE DA BAHIA....................................................................................................105

5.3 RIO GRANDE DO NORTE.........................................................................................107

5.4 CEARÁ......................................................................................................................110

CAPÍTULO 6 - DINÂMICA DA FROTA INDUSTRIAL.........................................................113

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA FROTA.................................................................................113

6.1.1 A PESCA DA LAGOSTA.......................................................................................................113

6.1.2 A PESCA DE ATUNS E AFINS...............................................................................................114

6.2 CARACTERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO TEMPORAL DAS ARTES DE PESCA....................116

6.2.1 PESCA DA LAGOSTA.........................................................................................................116

6.2.2 PESCA DE ATUNS E AFINS..................................................................................................116

6.3 SÉRIES HISTÓRICAS DE CAPTURA E ESFORÇO DAS ESPÉCIES MAIS IMPORTANTESNAS CAPTURAS.................................................................................................................117

6.3.1 PESCA DA LAGOSTA........................................................................................................117

6.3.2 PESCA DE ATUNS E AFINS.................................................................................................118

6.4 – DISCUSSÃO.............................................................................................................119

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................122

ANEXO I – Categoria das embarcações...........................................................................128

ANEXO II – Artes de pesca..............................................................................................129

ANEXO III – Composição específica (...)........................................................................132

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Pontos de desembarques e tipo de controle no Nordeste...........................................19

Tabela 2 - Totais anuais (toneladas), por estado, desembarcados no Nordeste entre 1991 e2001)....................................................................................................................................21

Tabela 3 - Espécies desembarcadas na ZEE Nordeste, entre 1991 e 2001..................................22

Tabela 4 - Espécies mais representativas, em peso, nos desembarques da ZEE Nordeste entre 1991e 2001 (dp = desvio padrão da média) (Fonte: IBAMA).............................................................23

Tabela 5 - Desembarques médios (toneladas) das principais espécies de peixes nos desembarquesdos estados do Nordeste, entre 1991 e 2001. dp = desvio padrão da média (Fonte: IBAMA, 1992 –2002)....................................................................................................................................31

Tabela 6 - Quantificação da frota pesqueira da ZEE Nordeste, por categoria de embarcação, de1991 a 2001 (Fonte: IBAMA)...................................................................................................31

Tabela 7 - Quantificação da frota pesqueira dos estados do Nordeste, por categoria deembarcação, de 1991 a 2001 (Fonte: IBAMA)..........................................................................32

Tabela 8 - Desembarques médios anuais, em toneladas (t), das principais espécies capturadaspelas embarcações a motor e vela dos estados do Nordeste, entre 1991 e 2001 (Fonte: IBAMA,1992 – 2002).........................................................................................................................33

Tabela 9 - Totais desembarcados, em toneladas, por cada arte de pesca no Nordeste................34

Tabela 10 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada no Ceará de 1991 a2001 (Fonte: IBAMA)..............................................................................................................34

Tabela 11 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada no Rio Grande doNorte de 1993 a 2001 (Fonte: IBAMA).....................................................................................35

Tabela 12 – Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada na Paraíba de 1996a 2001 (Fonte: IBAMA)...........................................................................................................36

Tabela 13 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada em Pernambuco de1993 a 2001 (Fonte: IBAMA)...................................................................................................37

Tabela 14 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada em Alagoas de1996 a 2001 (Fonte: IBAMA)...................................................................................................38

Tabela 15 - Desembarques totais, em tonelada, por arte de pesca empregada em Sergipe de 1996a 2001 (Fonte: IBAMA)...........................................................................................................39

Tabela 16 - Número de desembarques e de embarcações amostradas das frotas que empregamlinha de mão nos estados do norte da Bahia (BA), Alagoas e Pernambuco (ALPE), Rio Grande doNorte (RN) (abril de 1998 a março de 2000) e Ceará (CE) (Fevereiro de 1999 a março de2000)....................................................................................................................................48

Tabela 17 – Embarcações, número e freqüência relativa dos desembarques e produção,registrados para as frotas que empregam linha de mão nos estados do norte da Bahia (BA),Alagoas e Pernambuco (ALPE), Rio Grande do Norte (RN) (abril de 1998 a março de 2000) e Ceará(CE) (fevereiro de 1999 a março de 2000)...............................................................................48

Tabela 18 - Tipo de embarcação, categoria, dias de pesca, profundidades de atuação e número depescadores, para a frota de jangadas, canoas, paquetes e botes à vela que empregaram linha demão, de fevereiro de 1999 a março de 2000, no estado do Ceará..............................................51

Tabela 19 - Peso (Kg) dos desembarques das frotas que empregam linha de mão em Arembepe -BA, Alagoas e Pernambuco (ALPE), Rio Grande do Norte (RN) e Ceará (CE), em relação às fases dalua, entre abril de 1998 e março de 2000 (% - percentual do total)...........................................55

x

Tabela 20 - Composição específica, nome vulgar e peso médio percentual das espéciesdesembarcadas pela frota de linha de mão do norte da Bahia (BA), de Alagoas e Pernambuco(ALPE), do Rio Grande do Norte (RN) e do Ceará (CE), entre abril de 1998 e março de2000.....................................................................................................................................56

Tabela 21 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de linha de mão de Arembepe - BA, de abrilde 1998 a março de 2000.......................................................................................................57

Tabela 22 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de linha de mão de Alagoas e Pernambuco,de abril de 1998 a março de 2000...........................................................................................57

Tabela 23 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor, que emprega a linha demão no Rio Grande do Norte, de janeiro de 1998 a março de 2000...........................................58

Tabela 24 - Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota à vela que empregou linha de mão noCeará, de fevereiro de 1999 a março de 2000..........................................................................59

Tabela 25 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas nos desembarques da frota de linha de mão de Arembepe - BA, de abril de1998 a março de 2000............................................................................................................60

Tabela 26 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas nos desembarques da frota de linha de mão de Alagoas e Pernambuco, deabril de 1998 a março de 2000................................................................................................60

Tabela 27 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas nos desembarques da frota, a motor e à vela, que empregou linha de mão noRio Grande do Norte, de janeiro de 1998 a março de 2000.......................................................61

Tabela 28 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas em peso, dos exemplares amostrados da frota de linha de mão de Alagoas ePernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.......................................................................62

Tabela 29 - Número de desembarques (D) e embarcações (E), registradas para as frotas de redesde emalhar de Arembepe - BA, de julho de 1998 a dezembro de 1999; Alagoas e Pernambuco,entre abril de 1998 e março de 2000; Rio Grande do Norte (peixe-voador), de abril de 1998 amarço de 2000, e Ceará, entre abril de 1999 e março de 2000..................................................76

Tabela 30 – Categoria, propulsão e número de embarcações, freqüência de desembarques eprodução das frotas que empregaram rede de emalhar em Arembepe - BA (julho de 1998 adezembro de 1999); emalhe e cerco em Alagoas e Pernambuco (abril de 1998 a março de 2000), eemalhe para peixe-voador, cerco e serreira no Rio Grande do Norte (janeiro de 1998 a março de2000)....................................................................................................................................77

Tabela 31 – Tempo de pesca, profundidade de atuação e número de tripulantes das frotas queempregam redes de emalhar no norte da Bahia (BA), em Alagoas e Pernambuco (ALPE), no RioGrande do Norte (RN) e no Ceará (CE)....................................................................................78

Tabela 32 - Peso registrado (Kg) e percentual (%) desembarcados pelas frotas que empregamlinha de mão em Arembepe (BA), Alagoas e Pernambuco (ALPE) e Ceará (CE), em relação às fasesda lua, entre abril de 1998 e março de 2000............................................................................81

Tabela 33 - Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, no desembarques da frota de botes motorizados que empregou redesde emalhar no norte da Bahia, entre abril de 1998 e março de 2000..........................................82

xi

Tabela 34 – Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota à vela que empregou redes de emalhar emAlagoas e Pernambuco, de abril de 1998 a março de 2000........................................................83

Tabela 35 – Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que empregou redes deemalhar serreira no Rio Grande do Norte, de abril de 1998 a dezembro de 1998........................83

Tabela 36 - Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de canoas à vela que empregou redes deemalhar no Ceará, de abril de 1999 a março de 2000...............................................................84

Tabela 37 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas, em peso, nos desembarques da frota de linha de mão de Arembepe - BA, dejulho de 1998 a dezembro de 1999.........................................................................................84

Tabela 38 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor, que empregou redesde emalhar em Alagoas e Pernambuco de janeiro de 1999 a março de2000.....................................................................................................................................85

Tabela 39 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas, em peso, nos desembarques da frota de canoas à vela, que empregou redesde emalhar no Ceará de abril de 1999 a março de 2000............................................................85

Tabela 40 - Freqüência relativa de ocorrência e percentual, em peso, das espécies capturadas pelafrota de botes a motor, que empregou redes de cerco em Alagoas e Pernambuco de julho de 1998a setembro de 1999...............................................................................................................91

Tabela 41 – Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que empregou redes deemalhar de cerco no Rio Grande do Norte, de abril de 1998 a dezembro de 1998.......................92

Tabela 42 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que emprega redes decerco no Rio Grande do Norte.................................................................................................92

Tabela 43 - Número de desembarques e de embarcações, registrado de outubro de 1998 a marçode 2000, para a frota de botes motorizados que emprega covos para peixes emPernambuco..........................................................................................................................92

Tabela 44 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que empregou covos parapeixes em Pernambuco de outubro de 1998 a março de 2000...................................................93

Tabela 45 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para as espéciesmais representativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor, que empregou covospara peixes em Pernambuco de abril de 1999 a março de 2000.................................................94

Tabela 46 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para a ALPE, com uma variância total(inércia) nos dados das espécies de 13,5469..........................................................................104

Tabela 47 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para o norte da Bahia, com uma variânciatotal (inércia) nos dados das espécies de 8,1669....................................................................107

Tabela 48 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para a Rio Grande do Norte, com umavariância total (inércia) nos dados das espécies de 22,2078....................................................109

Tabela 49 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para o Ceará, com uma variância total(inércia) nos dados das espécies de 13,6008..........................................................................112

Tabela 50 - Frota lagosteira do Nordeste, por estado..............................................................114

xii

Tabela 51 – Frota atuneira nacional baseada em portos da região Nordeste entre 1998 e2002...................................................................................................................................115

Tabela 52 – Produção de lagostas por estado, para o período de 1999 a 2002.........................118

Tabela 53 – Exportação de lagostas no Nordeste, durante o período de 1993 a 2002................118

Tabela 54 – Esforço de pesca e captura das principais espécies, pela frota atuneira baseada noNordeste do Brasil................................................................................................................119

xiii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil................................................................06

Figura 2 - Localidades de amostragem: Arembepe (1); Maceió (2); São José da Coroa Grande (3),Tamandaré (4), Porto de Galinhas (5), Candeias (6), Recife (7), Pau Amarelo (8), Itamaracá ePonta de Pedras (9); Baia Formosa (10), Natal (11) e Caiçara do Norte (12); Caponga (13),Fortaleza (14) e Camocim (15)................................................................................................14

Figura 3 – Volumes de pescado, por estado, desembarcados no Nordeste (1991 a 2001)............21

Figura 4 - Participação percentual dos peixes, moluscos e crustáceos nos desembarques da regiãoNordeste entre os anos de 1991 a 2001...................................................................................21

Figura 5 – Série histórica dos desembarques do ariocó (Lutjanus synagris) na ZEE Nordeste, de1969 a 2001 (Fonte: IBAMA, 1992 – 2002)..............................................................................23

Figura 6 - Desembarques mensais do ariocó (L. synagris) na ZEE Nordeste, entre 1991 e 2001(Fonte: IBAMA)......................................................................................................................24

Figura 7 – Série histórica dos desembarques da cioba (Lutjanus analis) no Nordeste, de 1967 a2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE)............................................................................................24

Figura 8 - Desembarques mensais da cioba (L. analis) no Nordeste, entre 1991 e 2001 (Fonte:IBAMA, 1992 – 2002).............................................................................................................24

Figura 9 – Série histórica dos desembarques do dentão (Lutjanus jocu) no Nordeste, entre 1991 e2001 (Fonte: IBAMA)..............................................................................................................25

Figura 10 - Desembarques mensais do dentão (L. jocu) no Nordeste, de 1991 a 2001 (Fonte:IBAMA, 1992 – 2002).............................................................................................................25

Figura 11 – Série histórica dos desembarques da guaiúba (Lutjanus chrysurus) no Nordeste, de1950 a 2001. (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE)................................................................................26

Figura 12 - Desembarques mensais da guaiúba (L. chrysurus) no Nordeste, entre 1991 a 2001(IBAMA, 1992 – 2002)...........................................................................................................26

Figura 13 – Série histórica dos desembarques da cavala (Scomberomorus cavalla) no Nordeste,entre 1957 e 2001 (Fonte: FAO / SUDEPE / IBGE)....................................................................27

Figura 14 - Desembarques mensais da cavala (S. cavalla) no Nordeste, de 1991 a 2001 (Fonte:IBAMA).................................................................................................................................27

Figura 15 – Série histórica dos desembarques do dourado (Coryphaena hippurus) no Nordeste,entre 1950 e 2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE)........................................................................27

Figura 16 - Desembarques mensais do dourado (C. hippurus) no Nordeste, de 1991 a 2001 (Fonte:IBAMA).................................................................................................................................28

Figura 17 – Série histórica dos desembarques da serra (Scomberomorus brasiliensis) no Nordeste,de 1970 a 2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE/IBAMA).................................................................28

Figura 18 - Desembarques mensais da serra (S. brasiliensis) no Nordeste, entre 1991 e 2001(Fonte: IBAMA)......................................................................................................................29

xiv

Figura 19 – Série histórica dos desembarques do peixe-voador (Hirundichthys affinis) no Nordeste,de 1970 a 2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE/IBAMA).................................................................29

Figura 20 - Desembarques mensais do peixe-voador (H. affinis) no Nordeste, entre 1991 a 2001(Fonte: IBAMA)......................................................................................................................29

Figura 21 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas com linha (a) e emalhe(b), desembarcadas no Ceará entre 1991 e 2001 (Fonte: IBAMA)..............................................35

Figura 22 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pela linha (a) e emalhe(b), no Rio Grande do Norte, de 1993 a 2001 (Fonte: IBAMA)...................................................35

Figura 23 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe (a) e linha(b), na Paraíba, entre 1996 e 2001 (Fonte: IBAMA)..................................................................36

Figura 24 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe (a) e linha(b), em Pernambuco, entre os anos de 1993 a 2001.................................................................37

Figura 25 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe (a) e linha(b), em Alagoas, entre 1996 e 2001........................................................................................38

Figura 26 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe, em Sergipe,entre 1996 e 2001..................................................................................................................39

Figura 27 - Distribuição das áreas exploradas pela frota do norte da Bahia (Arembepe), entre abrilde 1998 a março de 2000.......................................................................................................46

Figura 28 - Localização das áreas utilizadas pela frota artesanal de Pernambuco, de 1998 a2000.....................................................................................................................................47

Figura 29 – Deslocamento (Tracejado azul) da frota sediada em Pernambuco, de 1998 a2000.....................................................................................................................................47

Figura 30 – Localização da área denominada “água do peixe-voador”, freqüentada pela frota doRio Grande do Norte, e deslocamento da frota de Caiçara do Norte (A) e Baía Formosa (B).........45

Figura 31 – Deslocamento (tracejado azul) da frota motorizada de Fortaleza e Camocim.............46

Figura 32 – Pesqueiros (+) identificados nas amostragens, onde operam as frotas motorizadas e àvela que empregam linhas de mão de fundo e superfície; redes de emalhar de espera, para peixe-voador e de cerco, e covos para peixes....................................................................................46

Figura 33 – Produção (Kg) dos desembarques da frota de botes (a) e saveiros (b), que empregoulinha de mão no norte da Bahia de abril de 1998 a março de 2000............................................49

Figura 34 - Produção desembarcada pela frota de botes de linha de mão de Alagoas ePernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.......................................................................49

Figura 35 – Produção desembarcada pelas frotas de botes a motor (a) e à vela (b), queempregaram linha de mão no Rio Grande do Norte, de janeiro de 1999 a março de 2000...........49

Figura 36 - Produção desembarcada pela frota de jangadas (a), canoas (b) e paquetes (c) à vela,que empregaram linha de mão no Ceará, entre fevereiro de 1999 e março de 2000...................50

xv

Figura 37 - Profundidades mínima, média e máxima de atuação das frotas de botes (a) e saveiros(b) a motor, que empregaram linha de mão em Arembepe - BA, de abril de 1998 a março de2000.....................................................................................................................................51

Figura 38 - Profundidades mínimas, médias e máximas de atuação da frota de botes a motor, queutiliza a linha de mão em Alagoas e Pernambuco, de abril de 1998 a março de 2000..................51

Figura 39 - Profundidades mínimas, médias e máximas de atuação das frotas de botes a motor (a)e à vela (b) que empregam linha de mão no Rio Grande do Norte (janeiro de 1999 a março de2000)....................................................................................................................................52

Figura 40 - Profundidades mínimas, médias e máximas de atuação das frotas de canoas (a) ejangadas (b) à vela, que empregaram linha de mão no Ceará, no período de fevereiro de 1999 amarço de 2000.......................................................................................................................53

Figura 41 - Tempo efetivo de atuação mínimo, médio e máximo em dias, das frotas de botes (a) esaveiros (b) a motor que empregaram linha de mão em Arembepe - BA, entre abril de 1998 emarço de 2000.......................................................................................................................53

Figura 42 - Dias de atuação das frotas de botes a motor (a) e à vela (b) que empregaram linha demão no Rio Grande do Norte, de janeiro de 1998 a março de 2000...........................................54

Figura 43 - Dias de atuação das frotas de paquetes (a) e botes (b) à vela que empregam linha demão no Ceará, de fevereiro de 1999 a março de 2000..............................................................54

Figura 44 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Scomberomorus cavalla capturada com linha de mão pela frota a motor do norte daBahia (a), Alagoas e Pernambuco (b) e pela frota à vela do Ceará (c)........................................63

Figura 45 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Coryphaena hippurus capturada com linha de mão pela frota motorizada do norte daBahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b); pelas frotas a motor (c) e à vela (d) do Rio Grande doNorte, e pela frota à vela do Ceará (e).....................................................................................64

Figura 46 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus chrysurus capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b) e pela frota à vela do Ceará (c).................................65

Figura 47 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus analis capturada com linha de mão pela frota motorizada do norte da Bahia(a) e de Alagoas e Pernambuco (b); pelas frotas a motor (c) e à vela (d) do Rio Grande do Norte,e pela frota à vela do Ceará (e)...............................................................................................67

Figura 48 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus jocu capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte da Bahia(a) e de Alagoas e Pernambuco (b), e pela frota à vela do Ceará (c)..........................................68

Figura 49 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus vivanus capturada com linha de mão pela frota a motor do norte daBahia....................................................................................................................................68

Figura 50 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieSeriola dumerili capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte da Bahia (a), deAlagoas e Pernambuco (b) e do Rio Grande do Norte (c)..........................................................69

Figura 51- Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg) por trimestres, para a espécieCaranx latus capturada pela frota de linha de mão de Arembepe - BA........................................70

xvi

Figura 52 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieCarangoides bartholomaei capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia....................................................................................................................................70

Figura 53 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieMycteroperca bonaci capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte da Bahia (a),de Alagoas e Pernambuco (b), do Rio Grande do Norte (c) e pela frota à vela do Ceará(d)........................................................................................................................................71

Figura 54 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieThunnus obesus capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte da Bahia (a) e deAlagoas e Pernambuco (b)......................................................................................................72

Figura 55 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieThunnus atlanticus capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte da Bahia (a) ede Alagoas e Pernambuco (b) e pela frota à vela do Rio Grande do Norte (c).............................73

Figura 56 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieThunnus albacares capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte da Bahia (a) ede Alagoas e Pernambuco (b) e pelas frotas a motor (c) e à vela (d) do Rio Grande doNorte....................................................................................................................................74

Figura 57 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieElagatis bipinnulata capturada com linha de mão pela frota motorizada do norte daBahia....................................................................................................................................74

Figura 58 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieAcanthocybium solandri capturada com linha de mão pelas frotas a motor do norte da Bahia e àvela do Rio Grande do Norte...................................................................................................75

Figura 59 - Profundidades de atuação da frota de botes motorizados que opera com redes deemalhar em Arembepe - BA, de janeiro a dezembro de 1999....................................................78

Figura 60 - Profundidades de atuação mínima, média e máxima da frota de canoas à vela queempregou redes de emalhar no Ceará, de abril de 1999 a março de 2000..................................79

Figura 61 – Produção pesqueira da frota de botes (a) e saveiros (b) do norte da Bahia, portrimestres, entre outubro de 1998 e dezembro de 1999............................................................79

Figura 62 – Produção pesqueira da frota de botes (a) e jangadas (b) de Alagoas e Pernambuco,por trimestres, entre outubro de 1998 e dezembro de 1999......................................................80

Figura 63 – Produção pesqueira da frota de canoas do Ceará, por trimestres, entre outubro de1998 e dezembro de 1999......................................................................................................80

Figura 64 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Scomberomorus brasiliensis capturada com rede de emalhar em (a) Arembepe - BA,(b) Alagoas e Pernambuco e (c) no Ceará...............................................................................86

Figura 65 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus synagris capturada com rede de emalhar em Arembepe - BA....................87

Figura 66 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus chrysurus capturada com rede de emalhar pelas canoas à vela doCeará....................................................................................................................................87

Figura 67 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieCarangoides crysos capturada com rede de emalhar em (a) Arembepe - BA e (b) Alagoas ePernambuco..........................................................................................................................88

Figura 68 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para asespécies (a) Carangoides bartholomaei, (b) Haemulon plumieri e (c) Centropomus undecimalis,capturadas com redes de emalhar em Alagoas e Pernambuco...................................................89

xvii

Figura 69 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para a espécieRhizoprionodon porosus capturada com rede de emalhar no norte da Bahia...............................89

Figura 70 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para o peixe-voador Hirundichthys affinis capturado com rede de emalhar para peixe-voador, pelas frotas à vela(a) e a motor (b) do Rio Grande do Norte................................................................................90

Figura 71 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, paraHemiramphus brasiliensis (a) e Hyporhamphus unifasciatus (b), capturadas com rede de cerco pelafrota à vela de Alagoas e Pernambuco.....................................................................................91

Figura 72 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg) por trimestres, para asespécies Pseudupeneus maculatus (a); Lutjanus synagris (b); Haemulon plumieri (c) e Haemulonaurolineatum (d), capturadas pela frota de botes a motor que utiliza o covo para peixe emPernambuco..........................................................................................................................95

Figura 73 – Cluster das pescarias da ALPE (1998, 2000 e 2001), com 6 variáveis: fases de lua cheia(LUAC), nova (LUAN) e de quadratura (LUAQT); período diurno (PER_D), noturno (PER_N) ediuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede” (APAR_R) e “outro” (APAR_O);desembarques maiores que 20 Kg (DESMA20) e menores que 20 Kg (DESME20); esforço maiorque 4 pescador . dia-1 (PESCMA4) e menor que 4 pescador . dia-1 (PESCME4), e profundidadesmaiores que 40 m (PROFMA40) e menores que 40 m (PROFME40)..........................................103

Figura 74 – Plano I-II (52,88%) gerado pela ACC, para a ALPE (1998, 2000 e 2001)................105

Figura 75 – Cluster das pescarias do norte da Bahia (1998, 2000 e 2001), com 6 variáveis: fasesde lua cheia (LUA_C), nova (LUA_N) e de quadratura (LUA_QT); período diurno (PER_D), noturno(PER_N) e diuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede” (APAR_R) e “outro” (APAR_O);desembarques maiores que 70 Kg (DESMA70) e menores que 70 Kg (DESME70); esforço maiorque 4 pescador . dia-1 (PESDIMA4) e menor que 4 pescador . dia-1 (PESDIME4), e esforço maiorque 7 aparelhos . pescador-1 (ESFORMA7) e menor que 7 aparelhos . pescador-

1.........................................................................................................................................106

Figura 76 – Plano I-II (39,44%) gerado pela ACC para o norte da Bahia (1998, 2000 e2001)..................................................................................................................................108

Figura 77 – Cluster das pescarias do Rio Grande do Norte (1998, 2000 e 2001), com 6 variáveis:fases de lua cheia (LUA_C), nova (LUA_N) e de quadratura (LUA_QT); período diurno (PER_D),noturno (PER_N) e diuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede” (APAR_R) e “outro”(APAR_A_O); desembarques maiores que 30 Kg (DESMA30) e menores que 30 Kg (DESME30);esforço maior que 3 pescador . dia-1 (PESDIMA3) e menor que 3 pescador . dia-1 (PESDIME3), eesforço maior que 2 aparelhos . pescador-1 (ESFORMA2) e menor que 2 aparelhos . pescador-1

(ESFORME2)........................................................................................................................108

Figura 78 – Plano I-II (47,05 %) gerado pela ACC para o Rio Grande do Norte (1998, 2000 e2001)..................................................................................................................................110

Figura 79 – Cluster das pescarias do Ceará (1998, 2000 e 2001), com 6 variáveis: fases de luacheia (LUA_C), nova (LUA_N) e de quadratura (LUA_QT); período diurno (PER_D), noturno(PER_N) e diuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede” (APAR_R) e “outro” (APAR_O);desembarques maiores que 30 Kg (DESMA30) e menores que 30 Kg (DESME30); esforço maiorque 3 pescador . dia-1 (PESDIMA3) e menor que 3 pescador . dia-1 (PESDIME3); esforço maior que3 aparelhos . pescador-1 (ESFORMA3) e menor que 3 aparelhos . pescador-1 (ESFORME3), eprofundidades maiores que 45 m (PROFMA45) e menores que 45 m(PROFME45)........................................................................................................................111

Figura 80 – Plano I-II (41,29 %) gerado pela ACC para o Ceará (1998, 2000 e 2001)...............112

Figura 81 – Produção lagosteira da região Nordeste para o período de 1999 a 2002.................117

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RESUMO

Entre 1991 e 2001, a produção pesqueira anual para a região Nordeste (exceto o Maranhão) foi de71.000 t, representando 14% dos desembarques no Brasil. Estimativas do potencial produtivo, de200.000 a 275.000 t/ano, nunca foram atingidas e devem considerar tendências de declínio nascapturas, para a maioria dos recursos exploráveis, como indica a análise de séries históricas paraos estados do SCORE - NE, entre 1950 e 2001 (divulgados pela FAO, IBAMA, SUDEPE e IBGE). Emgeral, houve um aumento nos desembarques até o final da década de 70, sofrendo fortes reduçõesa partir daí. Verificou-se um aumento de 257% no número de embarcações de 1991 a 2001,composta por 70,9% de barcos à vela, 23,4% de embarcações a motor e 5,7% a remo. Asembarcações à vela foram responsáveis pelos maiores desembarques (58,2%), em relação àsmotorizadas (40,8%). O estado da Bahia foi responsável por 39,8% destes, seguido do Ceará com26,6%. As linhas de fundo e de superfície contribuíram com 34,3% da produção, capturandoespécies de grande porte e elevado valor econômico, enquanto a rede de emalhar (serreira) foiresponsável por 27,1%, capturando espécies de menor valor. O covo para peixe e o emalhe decerco foram mais utilizados em Pernambuco, enquanto o emalhe para peixe-voador atua apenasno Rio Grande do Norte. Visando conhecer a produção por arte de pesca e embarcação; áreas eprofundidades de atuação; tempo de pesca; composição específica, e sazonalidade das capturas,foram amostrados pelo SCORE – NE, de 1998 a 2000, 2.998 desembarques de 975 embarcações,registrando-se 208 t de peixes, em localidades no norte da Bahia, Alagoas, Pernambuco, RioGrande do Norte e Ceará. A frota de linha atua entre 12 a 250 metros até a quebra da plataformacontinental, com distâncias até 30 mn da costa, em viagens de 1 a 22 dias. O emalhe (serreira)atua de 18 a 96 m de profundidade, com média de 33 m em viagens de até 3 dias de pesca. Ocovo para peixe e a rede de emalhar de cerco são usados em pescarias de ida e vinda (1 dia) e oemalhe para peixe-voador em viagens de 1 a 3 dias, principalmente de abril a julho, em áreas de350 a 550 m de profundidade. A frota motorizada do Ceará opera para o sul até a Bahia e para onorte até o Amapá; botes motorizados do Rio Grande do Norte operam até a Paraíba e, ao norte,atingem o Ceará; em Pernambuco a frota alcança o Rio Grande do Norte e Alagoas, ao sul,enquanto na Bahia a frota atua até Sergipe, mas com maior freqüência no próprio litoral baiano.Dentre as espécies alvo do SCORE - NE, o dourado (Coryphaena hippurus), capturado pela linha desuperfície, teve as mais altas CPUEs no segundo e quarto trimestres, com declínio nosdesembarques a partir de 1996 até atingir o menor valor em 2001, contrariamente ao restante dopaís, onde se registrou aumento das capturas a partir de 1994, atingindo, em 2001, um dosmaiores valores de toda a série histórica. A cavala (Scomberomorus cavalla) tem 90,8% dascapturas pela linha e a serra (Scomberomorus brasiliensis) 81% das capturas pelo emalhe, ambasapresentando sazonalidades distintas nos diferentes estados, ao longo do ano, que sugere umpossível movimento migratório. A serra sofreu um forte declínio nas capturas desde 1999,atingindo os menores desembarques da série histórica em 2001, e a ocorrência de 44% de jovensprovavelmente contribuiu para esse declínio. Para cavala, não foi verificado declínio e as capturasestiveram compostas de 77% de indivíduos adultos. O peixe-voador teve as maiores CPUEs noperíodo de safra (abril a julho), tanto na frota à vela quanto na motorizada, e suas capturassofreram declínio desde 1999, atingindo em 2001 o menor valor desde 1963, o que sugere que aintensa captura no período reprodutivo pode estar contribuindo para esse declínio. O dentão(Lutjanus jocu) é capturado pela linha de fundo (95,3%); apresentou a maior CPUE no terceirotrimestre na costa oriental e no quarto trimestre na costa setentrional do Nordeste, e seusdesembarques têm declinado ao longo dos últimos anos, atingindo, desde 1991, o menor volumeem 2001. A guaiúba (Lutjanus chrysurus) é capturada com linha de fundo (95,5%); na Bahiaocorreram suas maiores CPUEs, no segundo e terceiro trimestres, seguida por Alagoas ePernambuco (segundo, terceiro e quarto trimestres), e apresenta desembarques em ascensãodesde 1950, com o máximo ocorrendo em 2001. A cioba (Lutjanus analis), entre os “vermelhos”, éa espécie de maior valor econômico, sendo capturada principalmente pela linha de fundo (95,7%),com maiores CPUEs no segundo e terceiro trimestres, principalmente na Bahia, porém seu menordesembarque na região, desde 1969, ocorreu em 2001. O ariocó (Lutjanus synagris) é capturadoessencialmente por linha de fundo (69,5%), com as maiores CPUEs, no Ceará e na Bahia,

xix

ocorrendo no segundo e terceiro trimestres, sendo o Nordeste responsável pela quase totalidadede suas capturas, que em 2001 atingiram o maior valor de toda a série histórica. O pargo-olho-de-vidro (Lutjanus vivanus), embora não relatado nas estatísticas oficiais, apresentou importantesdesembarques na frota de linha, com maior abundância no Ceará durante o primeiro trimestre.Entre as espécies não alvo para o SCORE - NE, Seriola dumerili teve a mais alta CPUE na costaoriental; o sirigado (Mycteroperca bonaci) representou (10%) do volume em peso, apresentando,em todos os estados, as maiores CPUEs no quarto trimestre, quando ocorre o fenômeno da“correção” reprodutiva; e as espécies albacora-laje (Thunnus albacares), albacorinha (T. atlanticus)e albacora-bandolim (T. obesus), somadas, totalizaram 8,25% das capturas. Em geral, dados dasséries históricas apresentam conflitos (entre as diferentes fontes) e subestimativas foramcomprovadas, dificultando a sua interpretação e colocando em risco as estimativas de biomassaneles baseadas. As análises multivariadas para as pescarias costeiras indicaram que a linha éresponsável pelos maiores desembarques, que ocorrem, em sua maioria, na lua nova e dequadratura, em profundidades acima de 40 m, com mais de 3 aparelhos por pescador, 4pescadores.dia e em pescarias nos períodos noturno, principalmente, e diuturno. A exceção foi oRio Grande do Norte, que teve nas redes seus maiores desembarques, em peso, provavelmentedevido às grandes capturas do peixe-voador Hirundichthys affinis, e o Ceará, onde os grandesvolumes desembarcados foram provenientes de profundidades menores que 45 m. Para a frotaindustrial, as capturas ocorreram no domínio oceânico, em sua maioria, sobre espécies de peixesde grande porte, como as albacoras T. albacares, T. obesus e T. atlanticus, que apresentaram osmaiores volumes desembarcados. A exceção se deu para as lagostas (Panulirus spp.), grupocapturado na região costeira que, apesar do declínio apresentado em seus desembarques nasúltimas décadas, é responsável por grandes volumes desembarcados e divisas comerciais para osestados que detém suas pescarias, principalmente Rio Grande do Norte e Ceará.

A ÁREA DE DINÂMICA DE POPULAÇÕES, AVALIAÇÃO DE ESTOQUES EESTATÍSTICA PESQUEIRA NA REGIÃO NORDESTE.

APRESENTAÇÃORosangela Lessa

Devido à necessidade da obtenção de informações aprofundadas sobre os estoquespesqueiros marinhos e oceânicos explotados no Brasil, em 1994 foi criado o Programa de Avaliaçãodo Potencial Sustentável dos Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva (REVIZEE). Emconformidade com a Convenção das Nações Unidas para os Direitos do Mar (CONVEMAR),estabeleceu-se uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE), entre as 12 milhas náuticas limítrofes do marterritorial brasileiro e 200 mn, medida perpendicularmente à costa. Para fins de execução doPrograma, a ZEE foi dividida em quatro sub-regiões, definidas como Sub-Comitês Regionais(SCOREs) Norte, Nordeste, Central e Sul. A ZEE do Brasil frente à região Nordeste, neste estudodesignada como ZEE - NE, convencionou-se limitar pela foz do rio Parnaíba (PI), a noroeste, e abaía de Todos os Santos (BA), ao sul, abrigando biotas tropicais que se caracterizam porapresentar estoques pesqueiros de baixa densidade, mas com uma alta diversidade de espécies(REVIZEE, 1995).

A cadeia produtiva da pesca na ZEE do Nordeste, de modo geral, caracteriza-se pelapredominância da pesca artesanal sobre a industrial; disponibilidade de espécies valor comercialelevado, em baixa densidade; descentralização dos desembarques; emprego de tecnologia poucodesenvolvida; falta de assistência técnica e carência de infra-estrutura em toda a cadeia, daprodução à comercialização. Na verdade, os recursos pesqueiros explorados tradicionalmente naregião, como o pargo, o camarão e a lagosta, estudados no contexto dos Grupos de Trabalhosdesignados como GPEs do IBAMA, encontram-se em situação de exploração plena ou sobrepesca,com índices de captura em declínio (Paiva, 1997).

À exceção dos conhecimentos sobre esses recursos, a exploração pesqueira tem sedesenvolvido de maneira caótica, sem que estudos de Dinâmica de Populações tenham subsidiadossuas explorações. Dessa maneira, na região costeira, onde se distribuem os peixes de elevadovalor comercial, as séries históricas de desembarques têm sido marcadas por declínios. Apesardesses sinais de sobrepesca, eles não se constituíram, ao longo do tempo, em elementossuficientes para a promoção dos estudos adequados e tomada das conseqüentes medidas demanejo.

A perda de produtividade dos recursos explotados é particularmente agravada com adegradação sofrida pelos ecossistemas costeiros. Isto se deve a ações antrópicas, que têm efeitossobre os estoques da plataforma continental, dos quais depende a continuidade da exploração damaioria das espécies que utilizam as zonas costeiras e estuarinas, em parte ou na totalidade deseu ciclo de vida (Barros et al., 2001).

Em vista das escassas perspectivas de aumento de produção nessa área, seja peloresultado pouco otimista das prospecções ou, ainda, inferidas pelos declínios dos estoques, oPrograma REVIZEE teve como objetivo secundário prover os órgãos oficiais das ferramentasnecessárias para, em base das avaliações de biomassa, promover as medidas de manejorequeridas para cada situação. Além do cumprimento das exigências da CONVEMAR implícitas nosartigos 61 e 62, referentes a prover o país dos conhecimentos necessários para a exploraçãoracional dos recursos vivos da ZEE, com exclusividade, esse programa inaugura, com certeza, umanova postura dos órgãos oficiais, que poderão realizar a gestão dos estoques em base dasmelhores avaliações possíveis, jamais antes disponíveis na região, para um tão grande número deespécies.

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Como terceiro objetivo, mas não menos importante, o Programa REVIZEE, através da Áreade Dinâmica de Populações, Avaliação de Estoques e Estatística Pesqueira, teve importante papelna formação de recursos humanos, hoje aptos nessa área do conhecimento. Esses recursoshumanos, que ao longo das últimas décadas não se renovaram na região, são consideradosessenciais para o momento subseqüente em que a gestão dos estoques passe a ser uma rotina nopaís e, particularmente, na região Nordeste.

A adoção de medidas de manejo pesqueiro é imprescindível para garantir asustentabilidade dos recursos marinhos e a qualidade de vida para um contingente que depende,direta ou indiretamente, desta atividade.

Visando atingir esses objetivos, utilizou-se uma abordagem que envolveu os seguintesaspectos:

a) coleta de informações de estatísticas pesqueiras, por estado, a fim deanalisar a evolução das capturas e do esforço ao longo da série temporal mais longa possívelpara cada recurso;

b) estudo da dinâmica da frota pesqueira da região Nordeste, com ênfase nasfrotas de linha, de emalhe, de covos e de cerco da região Nordeste;

c) estudo da dinâmica populacional de espécies de relevância econômica esocial na pesca da região Nordeste, com ênfase naquelas consideradas alvo.

OBTENÇÃO DOS DADOS E ESPÉCIES-ALVO

A partir de 1995, a Área de Dinâmica de Populações e Avaliação de estoques do SCORE -NE coletou dados, a partir das campanhas de prospecção:

a) prospecção de espinhel pelágico, entre 1995 e 2002, realizada em 12 cruzeiros pelo N. Pq.“Riobaldo” (CEPENE/IBAMA);

b) prospecção de armadilhas de profundidade (covos), realizada entre 1997 e 2001 pelo N.Pq. “Natureza” (CEPENE/IBAMA);

c) prospecção de espinhel de fundo, entre 1999 e 2000, realizada em 9 cruzeiros pelo N. Pq.“Professor Martins Filho” (LABOMAR/UFC) e pelo barco de pesca “Sinuelo”(DEPESCA/UFRPE);

d) campanhas de pesca de linha e espinhel pelágico das embarcações a serviço do ProgramaPRÓ-ARQUIPÉLAGO, no total de 150 expedições na área do Arquipélago de São Pedro e SãoPaulo (1998 a 2001).

Entretanto, a maior parte das informações vieram das amostragens realizadas pela Área deDinâmica de Populações, no escopo do Programa REVIZEE, que foram:

e) amostragens biológicas e de comprimentos, realizadas diariamente entre 1998 e 2000, em15 localidades distribuídas por 6 estados da região Nordeste, totalizando 2.998desembarques;

f) amostragens biológicas e de comprimentos de grandes peixes pelágicos, realizadas entre1996 e 2001 na Empresa Norte Pesca S/A, no total de 167 desembarques;

g) amostragens biológicas semanais em mercados e entrepostos do Grande Recife, entre1998 e 2001.

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O SCORE – NE se beneficiou, ainda, dos dados coletados no contexto do Projeto Ecologiade Tunídeos e Afins – ECOTUNA, que utilizou, entre 1992 e 1995, o N. Pq. “Riobaldo” em 21cruzeiros (UFRPE/CEPENE/IBAMA).

Para a montagem de uma base de dados, suficiente para realizar as avaliações deestoques pretendidas, foi necessário somar esforços de várias Instituições da região, queparticiparam coletando e analisando dados ou, somente, prestando apoio logístico para a coleta erepasse dos mesmos à Coordenação da Área de Dinâmica de Populações. Essas Instituições foram:

• Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas – DIMAR (Coordenação da Áreade Dinâmica de Populações e Avaliação de Estoques) e Laboratório de OceanografiaPesqueira - LOP, ambos do Departamento de Pesca da Universidade Federal Rural dePernambuco (UFRPE);

• Laboratório de Nécton do Departamento de Oceanografia da Universidade Federalde Pernambuco (UFPE);

• Laboratório de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará(UFC);

• Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS);

• Laboratório de Ciências do Mar (LABIMAR) da Universidade Federal de Alagoas(UFAL);

• Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) da Universidade Federal do RioGrande do Norte (UFRN);

• Universidade Estadual do Piauí (UESPI);

• Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira do Nordeste (CEPENE).

É necessário ter em conta que no Nordeste, diferentemente de outras regiões, os únicosdados disponíveis para o REVIZEE se constituíam nas Estatísticas Pesqueiras coletadas peloPrograma ESTATPESCA do IBAMA, cujas séries mais longas debutam, em poucos casos, em 1991.Séries temporais mais longas para cada espécie-alvo foram elaboradas somente com aconcorrência da FAO, SUDEPE e IBGE.

As amostragens, tarefa originalmente da Área de Estatística Pesqueira do SCORE – NE,foram assumidas pela Área de Dinâmica de Populações e Avaliação de Estoques, por motivostécnicos, que passou a se chamar Área de Dinâmica de Populações, Avaliação de Estoques eEstatística Pesqueira. Assim, na total ausência de dados de comprimentos, foi necessária umaamostragem intensiva, através de acompanhamentos de desembarques diários em 15 localidadesescolhidas na região. Essas localidades foram eleitas através de consultas ao ESTATPESCA, paraverificar a importância das mesmas em termos de volume desembarcado e, ainda, combinandoessa importância com a adequação técnica para a manutenção de bolsistas nas localidades. Foramelas: Arembepe, na Bahia; Maceió, em Alagoas; São José da Coroa Grande, Tamandaré, Porto deGalinhas, Candeias, Recife, Pau Amarelo, Itamaracá e Ponta de Pedras, em Pernambuco; BaíaFormosa, Natal e Caiçara do Norte, no Rio Grande do Norte; Caponga, Fortaleza e Camocim, noCeará, e Parnaíba, no Piauí. A Área de Dinâmica de Populações, Avaliação de Estoques e EstatísticaPesqueira contou, para tanto, com 10 bolsistas DTI, 17 bolsistas ITI e 4 pesquisadores vinculadosàs Universidades.

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Da mesma forma, as espécies eleitas como alvo, em 1997, para as avaliações do potencialpelo SCORE – NE, foram escolhidas com base em sua importância sócio-econômica para a região ena viabilidade da obtenção de material biológico, sendo elas:

Lutjanus chrysurus;

Lutjanus synagris;

Lutjanus analis;

Lutjanus jocu;

Lutjanus vivanus;

Scomberomorus brasiliensis;

Scomberomorus cavalla;

Hirundichthys affinis;

Coryphaena hippurus;

Cephalopholis fulva.

Esta última espécie foi excluída em 1998, devido à baixa representatividade nasamostragens. Ainda, cabe esclarecer que as espécies de crustáceos (lagostas) e grandes peixespelágicos (atuns e afins), cujos potenciais são conhecidos ou manejados por órgãos internacionais,não foram indicadas como espécies-alvo das avaliações do Programa REVIZEE. Todas as espécies-alvo foram amostradas em cada estado, à exceção do peixe-voador-de-quatro-asas, Hirundichthysaffinis, que teve a amostragem restrita ao Rio Grande do Norte, único estado a explorar esserecurso.

O programa de amostragem da pesca costeira, considerada como a mais importante fontede dados para as avaliações de estoques do SCORE – NE, é referida ao longo desse trabalho como“amostragem da pesca artesanal” e não incluiu apenas as espécies-alvo. Tendo em vista ascaracterísticas dos desembarques, geralmente compostos por um pequeno número de exemplaresde grande porte, toda a captura era amostrada nas embarcações, obtendo-se dados sobre peso ecomprimento, individuais e totais, para cada uma delas. Somente no caso em que osdesembarques eram compostos por um grande número de indivíduos de espécies de pequenoporte (como no caso de H. affinis), tomavam-se sub-amostras. A planilha, chamada “planilha decomprimentos”, era preenchida com os tamanhos individuais (comprimento e peso) e sexo,quando era o caso de elasmobrânquios ou dos dourados. As fichas de campo eram digitadas emformato de planilha Excel.

O Programa de amostragem do SCORE – NE gerou informações sobre os desembarques esobre a composição das capturas. Os dados foram analisados por estado, por arte de pesca e porcategorias de embarcações. A identificação das espécies se baseou em caracteres merísticos emorfométricos, segundo Figueiredo e Menezes (1978, 1980, 1985); Fischer (1978); Collete eNauen (1983), Nelson (1994) e segundo o Manual de Campo, preparado para peixes pelágicos(Lessa et al., 1997) e peixes recifais (Ferreira et al., 1997) pelos pesquisadores do SCORE - NE.

DINÂMICA DA FROTA

Numa reunião conjunta dos SCOREs, em 1998, foi acordado que um dos produtos finais daÁrea de Dinâmica de Populações, Avaliação de Estoques e Estatística Pesqueira reuniria asinformações necessárias para o entendimento da dinâmica da frota pesqueira das regiões. Essaabordagem considera as freqüentes mudanças da frota: em função dos deslocamentos efetuados

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pelas espécies, alvos das pescarias; em função da substituição de espécies, devido a declínios deprodutividade das anteriormente explotadas; e, finalmente, devido a acréscimos tecnológicos quepermitem a exploração de novas áreas de pesca.

Para essa compreensão, elegeram-se como metas principais e complementares:

a) conhecer a evolução dos desembarques na região, ao longo do tempo, analisando-sedados de estatística pesqueira, por espécie e arte de pesca, da mais longa sériehistórica possível;

b) para todas as espécies-alvo e para espécies de importância comercial e social, aindaque não consideradas alvos do SCORE - NE, analisar dados de amostragemcoletados pela Área de Dinâmica de Populações, Avaliação de Estoques e EstatísticaPesqueira;

c) analisar dados de desembarques visando correlacionar as variáveis, de modo aexplicar as capturas das espécies de interesse sócio-economico na região e suasvariações;

d) descrever, brevemente, a atividade industrial na região, considerando que essaocorre na ZEE com a exploração de espécies comuns à pesca costeira.

As amostragens realizadas pelo SCORE - NE incluíam o registro de informações dosmestres, coletadas no momento dos desembarques numa “planilha de desembarque”, ondeconstavam dados referentes a embarcação, como tamanho, propulsão, data de saída, data dechegada, fase da lua, total geral desembarcado e total por espécie, número de pescadores, nomedos pesqueiros visitados, profundidades de atuação, aparelho de pesca e suas características, iscautilizada e quantidade de gelo e óleo. Essas informações foram parte da base de dados utilizadaspara esse estudo.

As embarcações foram classificadas, segundo os tipos e categorias descritas pelo BoletimEstatístico da Pesca - ESTATPESCA (IBAMA, 2001), em: baiteira, bote à vela, bote a motor, canoa,jangada, lancha, paquete e saveiro a motor (Anexo I).

Uma grande variedade de aparelhos de pesca é utilizada pelas diversas comunidadespesqueiras, de acordo com o local e com as espécies visadas nas pescarias (IBAMA, 2001). Nopresente estudo, analisaram-se: linhas de mão e corricos; espinhéis pelágicos e de fundo; redes dearrasto para camarão e de praia, ou “mangotes”; redes de cerco; redes de emalhar; puçás ou“jererés”; armadilhas fixas e covos para peixes, ou “manzuás” (Anexo I).

Para o Sub-Comitê Regional Nordeste (SCORE – NE), foram indicadas espécies-alvo sobreas quais foram realizados estudos de biologia e dinâmica populacional, a fim de embasar aavaliação de seus estoques, cujos resultados serão apresentados nos Capítulos 3 e 4.

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.2 DINÂMICA DA FROTA ARTESANALRosangela Lessa, Marcelo Francisco de Nóbrega, Bernardo Muniz de Araújo e José Lúcio Bezerra Júnior

1.2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

A ZEE Nordeste (2º - 13º S/ 34º - 41º W) (Figura 1) corresponde a área que se estendeda foz do rio Parnaíba, no Piauí, até a baía de Todos os Santos, na Bahia, entre o limite do marterritorial de 12 milhas náuticas até 200 mn em direção perpendicular à costa. Caracteriza-se porser demarcada por deltas e estuários, com plataforma continental estreita (18 a 25 mn de largura,do Ceará a Bahia) (Kempf et al., 1970) e distância da costa até a isóbata de 200 m, variando entre10 mn, frente a Recife (PE), e 35 mn, diante de Fortaleza (CE). Inseridas nesta área, existem duascadeias de bancos oceânicos submersos: a Cadeia Norte do Brasil, situada frente ao Ceará, comextensão de 550 mn, largura de 25 a 40 mn, aproximadamente, e profundidade média de 45metros; e a Cadeia de Fernando de Noronha, que se situa frente ao Rio Grande do Norte, cobreuma extensão de 360 mn e tem 60 mn de largura, disposta em segmento transversal à cadeiaMeso-Atlântica, da qual fazem parte o Arquipélago de Fernando de Noronha e o Atol das Rocas(Kempf et al., 1970).

Fonte: Programa REVIZEE.Figura 1 – Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil.

A Corrente Norte do Brasil e a Corrente do Brasil são as principais responsáveis pelacirculação das massas de água na região. Resultam da bifurcação da Corrente Sul Equatorial (CSE)próximo ao Cabo Calcanhar (Carvalho F.º, 1999). A Corrente Norte do Brasil (CNB) corre emsentido noroeste, em direção as Guianas, enquanto a Corrente do Brasil (CB) flui em direção sul,apresenta águas quentes (≅ 23ºC), tem 70 km de largura e 500 m de profundidade,aproximadamente, e margem mais próxima a costa. A CB acompanha a isóbata de 200 m,aproximando-se um pouco mais do continente nos meses de verão, graças a ação dos ventos queempurram a camada mais superficial em direção à costa (Peterson & Stramma, 1991).

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O litoral do Piauí tem uma extensão de 66 Km e representa 0,98% do litoral brasileiro,abrangendo, atualmente, quatro municípios costeiros com 11 comunidades que exploram a pescaextrativista. No Ceará, a região litorânea tem 573 Km de extensão, onde se localizam 20municípios costeiros, e se caracteriza pela presença de extensas áreas de falésias e dunas e de umgrande número de lagoas costeiras, além de zonas de apicuns e manguezais nas desembocadurasdos rios. O Rio Grande do Norte possui um litoral com 399 km de extensão que abrange 25municípios costeiros com 82 comunidades pesqueiras. A Paraíba, que possui a extremidade maisoriental do litoral brasileiro (Ponta do Seixas), tem 130 km de litoral com 12 municípios costeiros e28 comunidades pesqueiras, e apresenta a plataforma continental mais estreita dentre os demaisestados do Nordeste, com 1.140 km2, o que lhe confere maior proximidade com áreas deocorrência de espécies oceânicas. A região litorânea de Pernambuco se caracteriza por possuir, emseus 187 Km de extensão, recifes costeiros e manguezais, representando 2,5% do litoral brasileiroe abrangendo 14 municípios costeiros com 33 comunidades pesqueiras. O litoral de Alagoas, quese limita, ao norte, com a foz do rio Pirassununga, próximo ao município de Maragogi, e, ao sul,com a foz do rio São Francisco, tem 230 km de extensão, aproximadamente, onde se localizam 17municípios costeiros com 47 comunidades pesqueiras, e pode ser dividido em três áreas distintas:norte, caracterizada pela presença de recifes; sul, onde se destaca a presença da foz do rio SãoFrancisco, e lagunar, onde se destacam as lagoas Mundaú, Manguaba, Jequiá e Roteiro. A regiãolitorânea de Sergipe apresenta uma extensão de 163 km, onde se localizam 5 municípios costeirose 8 ribeirinhos, onde a atividade pesqueira é exercida em duas categorias distintas: pescaestuarina e pesca marítima. Na Bahia, a costa norte possui uma extensão de 488 Km, onde seinserem 44 municípios e 227 pontos de desembarques marítimos e estuarinos, sendo compostopor várias regiões estuarinas com formação de manguezais arbóreos, apresentando formaçãogeológica originada da elevação de rochas vulcânicas, denominada Arquipélago de Abrolhos.

1.2.2 ANÁLISES MULTIVARIADAS

O caráter multifatorial da natureza, com processos bióticos e abióticos interagindo entresi (Valentin, 2000), induz à utilização de modelos matemáticos e métodos estatísticos (Monteiro eReis, 1999). A ecologia numérica reúne técnicas de análise multivariada com aplicação a dadosmultidimensionais.

A análise multivariada objetiva detectar e descrever padrões estruturais, espaciais etemporais nas comunidades biológicas, bem como formular hipóteses sobre as causas que osinfluenciam (Valentin, 2000). Essas técnicas se constituem na análise de dados para descrever equantificar associações entre objetos e variáveis, evidenciando e hierarquizando os fatoresresponsáveis pela variabilidade dos dados e da estrutura do sistema estudado. Nas técnicas deestatística multivariada em dependência, uma variável (dependente) é explicada por outras(independentes), através dos modelos de regressão múltipla e análise discriminante; ouinterdependência, quando nenhuma variável é considerada dependente ou independente e todosos dados são analisados simultaneamente. Destas últimas, fazem parte as análises fatorial e decluster, além da escalagem multidimensional.

Análises de Agrupamento (cluster) (Valentin, 2000) visam descrever a estrutura doecossistema, clara e sinteticamente, para determinar a composição e a extensão das suas unidadesfuncionais. São adequadas à observação do grau de similaridade, suficiente para reunir objetos ouvariáveis num mesmo conjunto, destacando grupos de objetos similares entre si.

Dentre os métodos multivariados, a Análise de Componentes Principais (ACP), a partir deuma matriz de semelhança (correlações, variâncias-covariâncias ou similaridades), estabelece umconjunto de eixos perpendiculares, onde cada componente corresponde a um autovetor.Empregando-se uma matriz de correlação entre m variáveis, são calculados n autovetores (eixosfatoriais) de comprimentos decrescentes, correspondentes aos autovalores da matriz, em razão dasua distribuição à variância total dos dados. Desse modo, o primeiro eixo da ACP representará a

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maior parte da variação dos dados, resultando num sistema reduzido de coordenadas, queproporcionam informações sobre as semelhanças das amostras (Valentin, 2000).

Interpretar uma ACP é tentar definir a representatividade de cada eixo fatorial. À medidaem que a participação dos eixos à variância total (autovalor) vai diminuindo, a interpretação setorna mais difícil. Na ACP, adota-se a premissa de que a relação é linear, indicando que um eixopode ser interpretado graficamente ou pelo cálculo de um coeficiente de correlação não-paramétrico (Valentin, 2000). Para a interpretação de resultados de ACP, pode ser necessário ouso da regressão múltipla para detectar padrões de variação, por exemplo de espécies, melhorexplicados pelas variáveis ambientais. Nestes casos, a ordenação canônica pode ser aplicada àACP, denominando-se Análise de Correspondência Canônica (ACC) (Braak, 1986), sendocomumente aplicada quando a ACP não apresenta resultados satisfatórios. Na Análise deCorrespondência Canônica (ACC), os eixos fatoriais (Scores) são calculados (Hill, 1973) e ajustadoscom base numa regressão múltipla. Esse método também considera que a resposta das espécies(objetos) aos fatores ambientais é do tipo Gaussiano, sendo ajustadas as coordenadas dos objetospela equação da normal nos eixos fatoriais (Valentin, 2000

Finalmente, como uma abordagem mais ampla de todos os dados de objetos (espécies)e descritores (amostras), relacionados aos parâmetros ambientais ou das pescarias, torna-senecessária a aplicação de técnicas que analisem os dados simultaneamente e apresentem osresultados de forma clara e sucinta. Para tanto, o emprego do Twispan (Two-way IndicatorSpecies Analysis) é indicado a dados de ocorrência de espécies num conjunto de amostras. Oprincípio básico do Twisnpan é a dicotomia, que consiste na divisão tanto de amostras quanto deespécies em grupos, através de dicotomias sucessivas (Valentin, 2000). Sua meta é a possíveldefinição de “espécies indicadoras” com claras preferências ecológicas, de tal modo que suapresença possa ser usada para identificar condições ambientais peculiares.

A aplicação de análises multivariadas em dados das pescarias na ZEE Nordeste do Brasil,apresentada no Capítulo 5, visou obter uma ampla visão das possíveis relações existentes entre asespécies e os desembarques, realizados no norte da Bahia e nos estados de Alagoas e Pernambuco(conjuntamente), Rio Grande do Norte e Ceará.

1.3 DINÂMICA DA FROTA INDUSTRIALFábio Hissa Vieira Hazin, Paulo Travassos e Jorge Eduardo Lins de Oliveira

A pesca industrial na ZEE Nordeste do Brasil pode ser dividida em dois segmentos: a pescaindustrial costeira, que concentra suas capturas sobre a plataforma continental, ilhas e bancosoceânicos, tendo como espécie-alvo a lagosta; e a pesca industrial oceânica, cujas embarcaçõesoperam na ZEE e águas adjacentes, tendo os atuns e afins como os principais recursos pesqueirosexplorados. Neste contexto, as principais características desses dois segmentos da pesca industrial,apresentadas no Capítulo 6, receberão uma breve introdução neste tópico. A pesca do pargo, comlinhas pargueiras, e de tubarão, com espinhel, ambas já praticamente inexistentes na costa doNordeste, também serão, aqui, avaliadas brevemente.

1.3.1 A PESCA INDUSTRIAL COSTEIRA (LAGOSTA)

A exploração da lagosta na costa nordeste do Brasil teve início em 1955, com a utilizaçãode embarcações de pequeno porte (botes e jangadas) movidas à vela, baseadas no Ceará ePernambuco (Fonteles-Filho et al., 1988; Dias-Neto et al., 1997). A construção de embarcaçõesmotorizadas só foi iniciada a partir de 1963, promovendo o aumento das áreas de pesca emelhores índices de rendimento com capturas em pesqueiros mais afastados da costa. Desta

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forma, a atividade se estendeu até o estado da Bahia, em 1979 (Oliveira, 1980), sendo hojepraticada desde a costa do Pará até o Espírito Santo.

Nesse período, diversos métodos para captura de lagostas foram empregados, como o“covo”. Com o aumento do esforço de pesca, houve diminuição da produtividade, impossibilitandoa manutenção da rentabilidade das pequenas embarcações, surgindo como alternativa, a partir de1970, o emprego de “redes-de-espera” e mergulho auxiliado por compressor (Lins-Oliveira e Rey,1992; Lins-Oliveira et al., 1993) que, devido à elevada eficiência, foi rapidamente difundido entreos pescadores profissionais.

Com uma produção média anual de 4.800 t e uma receita média de US$ 48,2 milhões, alagosta representa, ainda hoje, um dos mais importantes recursos pesqueiros do Nordeste,levando o país a se destacar como sétimo produtor mundial desse crustáceo. As duas principaisespécies, que perfazem 95% da produção de lagostas da região, são a lagosta-vermelha (Panulirusargus), com 75%, e a lagosta-verde (P. laevicauda), com 20%, ficando o restante representadopela lagosta-pintada (P. echinatus) e por espécies da família Scyllaridae (Scyllarus spp.).

Quanto à participação dos estados nas capturas de lagostas, o Ceará tem sido o principalprodutor, com aproximadamente 80% da produção total do país, seguido do Rio Grande do Nortee de Pernambuco, com 10% cada. Nos últimos anos, a exploração desse estoque tem aumentado,refletindo o otimismo gerado pelas interessantes margens de lucro e, sobretudo, por uma maiordemanda do mercado internacional, que atualmente absorve próximo a 95% da produção total doBrasil. Essa demanda faz as lagostas do Nordeste objeto de pescarias intensivas por barcosartesanais, que exploram esse estoque de forma desordenada, com a captura de indivíduos jovense adultos. A intensa captura de indivíduos abaixo do comprimento médio de primeira maturaçãosexual e a falta de uma fiscalização efetiva da pescaria podem levar esta atividade a um colapsosócio-econômico a curto prazo.

1.3.2 A PESCA INDUSTRIAL OCEÂNICA (ATUNS E AFINS)

Na costa do Brasil, os primeiros trabalhos de prospecção de atuns foram realizados pelaFAO, em 1956 (Lee, 1957), e pelo navio oceanográfico japonês “Toko Maru” (Moraes, 1962).Nesse ano, em Recife, teve início a pesca comercial de atuns e afins com barcos espinheleiros, apartir do arrendamento de embarcações japonesas, que foi suspensa em 1964 por razõescomerciais e políticas. No entanto, as operações dessa frota, que contou com 12 embarcações,demonstraram a ocorrência de importantes concentrações de atuns ao largo da costa do Nordeste,refletindo-se na elevada produtividade alcançada (Lima e Wise, 1962).

Entre 1960 e 1963, dois barcos pertencentes à Escola de Pesca de Tamandaré(“Tamandaré III”, com 33,4 TBA, e “Albacora”, com 16,5 TBA), também realizaram pesca de atunscom espinhel, com a finalifdade de treinar mão-de-obra especializada (Paiva, 1961; Paiva, 1962;Paiva e Muniz, 1964). Durante essa época, também foram realizadas operações de pesca de cunhoempresarial, com 3 embarcações nacionais com capacidade para 9 t (Fonseca, 1962 e 1963).Ambas atividades foram suspensas em 1963 por causa da paralisação dos barcos japoneses,devido à dificuldade de aquisição do material de pesca.

As atividades com barcos estrangeiros se reiniciaram em 1976 com 3 embarcaçõescoreanas, mas apenas em 1978 foram obtidos bons resultados com espinréis, no Rio Grande doNorte, empregando-se um barco pargueiro adaptado (Barros e Azevedo, 1981). Esses resultados,associados ao declínio da produtividade na pesca da lagosta e do pargo na região, levaram aoinvestimento na pesca de atuns e afins com espinhel naquele estado, adaptando-se de um barcode pequeno porte (Hazin, 1986), cujas operações se iniciaram em 1983 e perduram até hoje. Emfunção dos bons resultados, mais 2 embarcações foram introduzidas, uma em 1985 e outra em1986, e a partir do ingresso de uma empresa norte-americana, em 1989, a frota chegou a 10embarcações em 1990, com barcos entre 16 e 26 m de comprimento e apresentando casco emaço. Contudo, em 1991 essa empresa paralisou suas operações, tendo a frota sido reduzida

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novamente a 3 barcos (IBAMA, 1991). A partir de 1996, a frota atuneira do Rio Grande do Nortevoltou novamente a crescer, alcançando 61 barcos em 2002, pertencentes a 2 empresas, 32 dosquais arrendados.

Atualmente, todos os barcos atuneiros que operam a partir do porto de Natal, tantonacionais como arrendados, visam a abacora-branca, a albacora-bandolim e o espadarte comoprincipair espécies para a pesca com espinhel de monofilamento. Entre 1983 e 1997, antes daintrodução do espinhel de monofilamento, os espinheleiros brasileiros sediados em Natal obtiveramCPUE média de 2,64 peixes/100 anzóis, com captura total de 30% de albacoras, 54% de tubarões,12% de agulhões e 4% de outros peixes. Após a introdução desse tipo de espinhel, a CPUE médiapassou a se situar entre 4,0 e 4,5 peixes/100 anzóis, contra a média aproximada de 5,5 peixes/100anzóis dos barcos arrendados (Hazin et al., 1998).

Além de Natal – RN, a pesca de atuns e afins com espinhel na costa nordeste do Brasilpassou a ser desenvolvida também a partir de Cabedelo – PB, onde, em 1995, 14 barcos atuneirosarrendados, com tecnologia taiwanesa, passaram a operar, visando a albacora-branca e aalbacora-bandolim, frota que aumentou para 37 embarcações em 2002, todas arrendadas. Nesteano, portanto, existiam 98 atuneiros operando a partir de portos do Nordeste: 61 em Natal (32arrendados e 29 nacionais) e 37 em Cabedelo (todos arrendados).

1.3.3 A PESCA DO PARGO

As capturas de pargo são normalmente realizadas com espinhel vertical, também chamado delinha pargueira. A principal espécie capturada é o pargo verdadeiro, Lutjanus purpureus, querepresenta 80% das capturas, aproximadamente, embora outras espécies de lutjanídeos tambémsejam capturadas (Lutjanus vivanus, L. bucanella, L. chrysurus). Da mesma forma da pesca dalagosta, a pesca do pargo também se iniciou nos estados de Pernambuco e Ceará, em meados dadécada de 60, como uma alternativa à pesca de lagosta, que já começava a apresentar sinais dedeclínio naquela época.

Segundo Paiva (1997), desde o início da explotação até o ano de 1973, a pesca esteveconcentrada nos bancos oceânicos e plataforma continental da costa do Nordeste, com média deprodução de 3.000 t. A partir de 1974, em função do esgotamento dos estoques e declínio daprodutividade, começou a haver uma gradual transferência do esforço para a costa norte, o queinfluenciou no declínio da produtividade do Nordeste, de 25 kg/anzol/dia em 1964 para 2,5kg/anzol/dia em 1981, tornando a atividade comercialmente inviável. A partir de 1982, as pescariaspassaram a se realizar quase que exclusivamente na plataforma continental dos estados do Pará e doAmapá.

1.3.4 A PESCA DE TUBARÕES

Entre 1995 e 1997, paralelamente à pesca de atuns com espinhel, também ocorreu apesca de tubarões com redes-de-emalhar-de-deriva, a partir do porto de Natal, através de 4embarcações oriundas do Sudeste e do Sul do Brasil. O curto período de atuação desta atividadedeveu-se aos baixos índices de captura observados, com uma participação muito baixa de tubarãomartelo (menos de 3% do total de exemplares capturados), alvo principal desta pesca na costasudeste-sul, onde responde pela maior parcela das capturas.

Na área costeira, prospecções pioneiras de pesca de tubarão foram realizadas pelaSUDENE, entre 1971 e 1978 (SUDENE, 1983). Pescarias experimentais foram realizadas nasplataformas continentais dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,Pernambuco e Alagoas. Foram gerados apenas dados de CPUE total, em número e em peso, nãotendo sido coletado praticamente nenhum dado biológico.

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Durante o período de pesca da baleia na Paraíba, houve, paralelamente, odesenvolvimento de uma pesca industrial de tubarões, utilizando como isca a língua dos cetáceoscapturados. Esta atividade, porém, cessou pouco depois da suspensão pelo Brasil da pescabaleeira.

1.3.5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

A região Nordeste se caracteriza por apresentar um perfil razoavelmente regular, comlimites diferenciados de deltas e estuários com as regiões vizinhas. Vários grupos de ilhas erochedos se encontram nas águas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) nordestina, além de bancosoceânicos rasos, os quais pertencem às cadeias Norte do Brasil e de Fernando de Noronha.

A ZEE Nordeste sofre influência direta da Corrente Sul Equatorial (CSE), que flui no sentidoleste-oeste, transportando águas quentes a velocidade média de aproximadamente 20 cm/s(Peterson e Stramma, 1991). Estando diretamente associada aos ventos alísios de sudeste, a CSEapresenta, igualmente, uma variação sazonal bem definida, sendo mais forte durante o inverno,em conseqüência do aumento da intensidade desses ventos neste período. Duas outras correntessão originadas pela bifurcação da CSE, entre 5°S e 10o S: a Corrente Norte do Brasil (CNB), maisforte (60 cm/s), que segue ao longo da costa brasileira em direção ao hemisfério norte, e aCorrente do Brasil (CB), que também segue paralela à costa, sendo caracterizada como umacorrente fraca se comparada às outras duas (10 cm/s) (Peterson e Stramma, 1991; Richardson eWalsh, 1986).

Quanto à temperatura da superfície do mar (TSM), mesmo que pequenas, ocorremvariações sazonais. Durante os meses de verão no hemisfério sul, as águas do Atlântico SudoesteEquatorial apresentam temperaturas elevadas, situadas entre 27°C e 28,5°C, envolvendopraticamente toda zona oceânica ao largo da costa da região Nordeste. Já nos meses deagosto/setembro (inverno), esta massa d’água encontra-se deslocada para o norte (acima da costada Guiana Francesa), fazendo com que águas relativamente mais frias (25°C - 26°C), vindas delatitudes mais elevadas, se aproximem da costa brasileira no setor ao sul de 5°S.

Na área oceânica, uma termoclina bastante marcada se faz presente durante todo o ano,com seu topo se situando entre 50 e 100 m. Sua profundidade, contudo, varia com a latitude eestação do ano, sendo mais profunda no inverno e nas maiores latitudes (Hazin, 1994). Na área debancos oceânicos rasos, devido à turbulência provocada pelo relevo submarino, a termoclinaapresenta-se comumente erodida, sendo freqüente a ocorrência de ressurgências localizadas(Travassos et al., 1999). De uma maneira geral, porém, a presença permanente de uma termoclinabastante acentuada em toda a costa nordestina contribui de forma significativa para oempobrecimento do ambiente oceanográfico. Na medida em que o gradiente térmico constituitambém um gradiente de densidade (picnoclina), a termoclina dificulta a ocorrência demovimentos verticais de mistura de água, inibindo, conseqüentemente, o transporte de nutrientespara a zona eufótica (Hazin, 1994). Do ponto de vista biológico, portanto, a ZEE nordestina é umaregião oligotrófica (pobre em nutrientes), com baixa densidade de fito- (produtividade primáriacomumente abaixo de 100 mgC/m2/d) e zooplâncton (standing crop < 200 mg/m3).

– A ÁREA DE PESCA DA LAGOSTA

A pesca da lagosta é realizada na região costeira que vai da costa do Pará até o EspíritoSanto, em fundos de algas calcárias distribuídos sobre a plataforma continental, até o início dotalude, em profundidades que variam de 20 a 70 m. Tem-se observado, também, nos últimosanos, uma atividade pesqueira nas ilhas que se encontram na ZEE nordestina (Atol das Rocas,Arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e São Paulo).

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O maior volume de capturas se verifica no Nordeste Ocidental, situado entre o delta do rioParnaíba e o Cabo de São Roque, de onde são provenientes 80% da produção total, sendo a frotacearense a principal responsável por essas capturas. O Nordeste Oriental, representado pelosestados do Rio Grande do Norte (ao sul do Cabo de S. Roque), Paraíba e Pernambuco, respondepelos 20% restantes. Estes resultados estão provavelmente associados às diferenças existentes naplataforma continental desses dois setores, principalmente no que se refere a sua largura edeclive. No setor ocidental, a plataforma é normalmente mais larga e de declive menos acentuadoque no setor oriental. Enquanto em frente a Camocim – CE, a plataforma tem 90 km de largura eum declive inferior a 1 m/km, ao largo de Recife ela tem apenas 35 km e um declive de 1,5 m/km.Frente a Salvador, extremo sul da ZEE Nordeste, a plataforma continental é ainda mais estreita emais íngreme, com respectivamente 8 km de largura e uma declividade de 10 m/km (França,1979; Palma, 1979).

Por outro lado, considerando-se a existência de um só estoque para toda a região Nordeste,as diferenças das capturas por setor devem refletir não só as variações espaciais de abundância,mas também as diferenças entre as frotas que exploram esses setores, estando diretamenterelacionadas tanto às características de suas embarcações quanto à distribuição do esforço depesca exercido (Lins-Oliveira et al., 1993).

– A ÁREA DE PESCA DE ATUNS E AFINS

Diferentemente da pesca da lagosta, cuja frota opera, em sua grande maioria, sobre aplataforma continental, a pesca de atuns e afins praticada pela frota industrial é totalmentedesenvolvida na zona oceânica. Neste caso, à exceção do Arquipélago de São Pedro e São Paulo,onde há efetivamente uma pesca dirigida para a albacora-laje (Thunnus albacares) no período deoutubro a março, a frota atuneira baseada em Natal e Cabedelo opera, ao longo do ano, em toda aZEE brasileira e águas oceânicas adjacentes, não havendo, portanto, áreas de pesca bem definidas(pelo menos em pequena e meso escalas), fato associado à característica de grandes migradoresdesses recursos pesqueiros. Entretanto, por apresentarem distribuições espaço-temporais distintas,algumas espécies são capturadas em maiores quantidades em determinados setores da ZEE eáguas adjacentes. No que diz respeito à ZEE Nordeste, por exemplo, a albacora-laje é maiscapturada acima de 5°S, enquanto as capturas da albacora-branca (Thunnus alalunga) são maiselevadas ao sul desse paralelo. Essas diferenças estão associadas às características do ambienteoceanográfico dessa vasta zona oceânica, principalmente no que se refere à temperatura da água,incluindo a sua forte estratificação térmica vertical (termoclina) e às correntes.

1.4 OBJETIVO

O presente trabalho teve por objetivo:

1) analisar a dinâmica da frota artesanal que opera ao longo do litoral do Nordeste,descrevendo: a) a composição da frota pesqueira nos diversos estados e suas áreasde atuação; b) as artes de pesca empregadas; c) a composição das capturas. Paratanto, utilizou-se tanto uma abordagem histórica quanto uma análise dosdesembarques (Capítulos 3, 4 e 5);

2) Descrever brevemente a pesca industrial de maior relevância na região Nordeste(Capítulo 6).

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CAPÍTULO 2 – MATERIAL E MÉTODOS

2.1 OBTENÇÃO DOS DADOS DE DESEMBARQUES – SÉRIES HISTÓRICAS

Rosangela Lessa e Bernardo Muniz de Araújo

Os dados referentes às séries históricas de desembarques das espécies-alvo, apresentadosno Capítulo 3, foram obtidos da FAO (www.fao.org), através do Programa FISHSTAT PLUS 2.3(FAO, 2003), para o Brasil, entre 1950 e 2001. Foram utilizados, também, dados dos estados doPiauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, para o períodode 1991 a 2001, obtidos das publicações do Programa ESTATPESCA (IBAMA – Instituto do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis), da SUDEPE (Superintendência para oDesenvolvimento da Pesca), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), além dosboletins da “Produção da Pesca Extrativa Marítima Brasileira, por estado e espécies” (CelsoFernandes LIN, com. pes.). Neste trabalho, foram analisadas as espécies que constituíram, pelomenos, 70% dos desembarques em cada estado, mas dos estados da Bahia e Piauí, foramrelatados apenas os totais desembarcados anualmente, obtidos dos referidos informes, devido aausência do Programa ESTATPESCA.

As atividades de amostragem do Programa REVIZEE, no SCORE - NE, foram desenvolvidasde fevereiro de 1998 a março de 2000, consistindo em trabalhos diários de identificação, mediçãode comprimentos e pesagens de peixes ósseos e cartilaginosos, bem como na obtenção deinformações sobre a frota pesqueira. Os pontos de coleta foram escolhidos de acordo com ovolume de pescado desembarcado, registrado no ESTATPESCA, e pelas condições técnicas derealização das amostragens pelo próprio SCORE-NE, sendo selecionadas as localidades deArembepe (Camaçari - BA); Maceió (AL); São José da Coroa Grande, Tamandaré, Porto deGalinhas, Recife, Olinda, Pau Amarelo, Itamaracá e Ponta de Pedras (PE); Baía Formosa, Natal eCaiçara do Norte (RN), além de Caponga, Fortaleza e Camocim (CE) (Figura 2).

Foram coletadas informações dos mestres, no momento dos desembarques: data dodesembarque; nome da embarcação; tipo de embarcação; categoria da embarcação; data desaída; data de chegada; fase da lua; total desembarcado (Kg) e por espécie; número depescadores; nome dos pesqueiros visitados; profundidades de atuação; aparelho de pesca e suascaracterísticas; isca utilizada; quantidade de gelo e óleo, enquanto as espécies foram identificadascom base nos caracteres merísticos e morfométricos, segundo Figueiredo e Menezes (1978, 1980,1985); Fisher (1978); Collete e Nauen (1983) e Nelson (1994).

2.1.1 FROTA PESQUEIRA

A produção pesqueira do Piauí vem, basicamente, de embarcações de pequeno porte, compropulsão a remo, vela ou motor, que operam na captura de camarões e peixes diversos. NoCeará, a frota pesqueira artesanal compreende 4.922 embarcações, correspondendo a canoas,jangadas e botes à vela, além de lanchas motorizadas que estão vinculadas às atividadeslagosteiras, e se caracteriza pelo maior número de embarcações com propulsão à vela ou remodentre os estados nordestinos. Jangadas e canoas são mais empregadas do litoral de Icapuí atéCamocim (CE); realizam pescarias com 15 a 72 horas de duração com 3 a 5 tripulantes; o pescadoé conservado com gelo em caixas isotérmicas, ou in natura, e as artes de pesca mais usadas sãoredes de espera, linhas de corso e linhas de fundo. Os botes à vela, presentes em todo o litoral,utilizam portos em desembocaduras de rios; realizam viagens com duração entre 8 a 12 dias com5 a 7 tripulantes; conservam o pescado em caixas ou porões isotérmicos, e empregam,

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LONGITUDE

LATI

TUD

E

principalmente, linhas de corso e de fundo. As lanchas motorizadas, nas quais se inserem oslagosteiros, realizam viagens de até 15 dias, com 3 a 6 tripulantes e o pescado é conservado emporões isotérmicos (Vasconcelos Jr. et al., 1988).

Figura 2 - Localidades de amostragem: Arembepe (1); Maceió (2); São José da Coroa Grande (3),Tamandaré (4), Porto de Galinhas (5), Candeias (6), Recife (7), Pau Amarelo (8), Itamaracá ePonta de Pedras (9); Baia Formosa (10), Natal (11) e Caiçara do Norte (12); Caponga (13),Fortaleza (14) e Camocim (15).

A frota pesqueira artesanal do Rio Grande do Norte é composta por 3.439 embarcações,dessas, 42% movidas à vela, 32% a remo, 24% a motor e, em sua maioria, não dispõe deequipamentos de auxílio à pesca e à navegação. A duração das viagens não ultrapassam 15 dias ea conservação do pescado é feita com gelo e caixas ou urnas isotérmicas (IBAMA, 2001). A frotaindustrial do estado é composta por embarcações construídas em madeira; com 25 m decomprimento, em média; 150 TBA e autonomia para cerca de 20 dias no mar, estando todasbaseadas no porto de Natal. Praticamente, todas possuem sistema de navegação por satélite eecossonda a bordo, guincho hidráulico para lançamento e recolhimento de espinhel, além deempregarem apenas gelo para conservação do pescado, em urnas ou porões térmicos, durante oscruzeiros de pesca, sendo o produto comercializado fresco. Essa frota será analisada no Capítulo 6.

A Paraíba detém uma frota com 1.485 embarcações (IBAMA, 2001), 74% movidas à vela e26% com propulsão a motor. As embarcações à vela desenvolvem pescarias em águas rasas,

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próximas à costa, e estuários, realizadas em um único dia, na maioria dos casos, empregando de 2a 3 tripulantes. Os petrechos mais utilizados nessas embarcações são redes de emalhar e linhas. Aquase totalidade dos barcos a motor não utilizam qualquer instrumento de navegação, como GPS eecossonda, operam com uma tripulação entre 3 e 5 pescadores, em viagens que não ultrapassam15 dias de mar, e empregam, principalmente, redes de emalhar, linhas e compressores(mergulho). A Paraíba também detém uma frota industrial, formada por embarcações motorizadas;construídas em ferro, aço e até alumínio; com 27 a 50 m de comprimento e entre 114 e 580 TBA,e possuindo autonomia de até 90 dias de mar. Essas embarcações se encontram baseadas noporto de Cabedelo.

A frota de pesca de Pernambuco é composta por embarcações entre 8 e 12 m decomprimento e com menos de 20 TBA, caracterizadas como de pequeno porte, movidas à vela,remo e motor. A conservação do pescado é feita com gelo e caixas isotérmicas, em viagens decurta duração (<15 dias). Geralmente, as embarcações detém poucos aparatos tecnológicos paranavegação e localização dos cardumes (GPS e ecossonda), com exceção dos poucos barcos queadquiriram esses equipamentos com financiamento, em geral, do Banco do Nordeste, no ano de1988 (IBAMA, 2001).

Segundo o IBAMA (2001), no estado de Alagoas existem 2.159 embarcações cadastradas,compostas por canoas, principalmente, que representam 53% do total e operam nas regiõeslagunar e estuarina. Os barcos motorizados, por sua vez, operam na região marítima e sãoclassificadas como embarcações de pequeno porte, com comprimento entre 4 e 12 m, e realizamviagens que não ultrapassam 15 dias.

A pesca estuarina de Sergipe é realizada em viagens de, no máximo, 2 dias, por uma frotade 1.361 embarcações, constituídas, principalmente, por canoas a remo e à vela, e, em menornúmero, por embarcações motorizadas. A pesca marítima é exercida por uma frota com 166embarcações, das quais 8 operam na captura de peixes demersais ao longo da plataforma e taludecontinentais. As 158 embarcações restantes são arrasteiros operando na pesca do camarão aolongo da costa, variando entre 8 e 15 m de comprimento e movidas por motores com potênciaentre 45 a 13 H.P. Apesar da sua grande extensão litorânea, a pesca da Bahia é essencialmenteartesanal, com embarcações de pequeno porte à vela e motorizadas.

2.1.2 ANÁLISE DOS DESEMBARQUES

Dados históricos das espécies-alvo demersais e pelágicas do SCORE – NE, que perfazemdesembarques expressivos e apresentam importância comercial na região Nordeste, foram obtidosdas publicações do Programa ESTATPESCA (CEPENE/IBAMA, 1991 a 2001) para os estados doCeará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, entre 1991 e 2001. Dosestados de Piauí e Bahia, onde não houve atividades do Programa ESTATPESCA, os dados foramobtidos dos Boletins “Pesca Extrativa Marítima Brasileira” para os anos de 1991 a 2001, por estadoe espécie, do Centro de Pesquisa e Extensão Pesqueira do Nordeste (CEPENE). Apesar da área deinteresse do SCORE – NE se estender apenas até a baía de Todos os Santos, no estado da Bahia,não foi possível obter estatísticas pesqueiras apenas para essa área. Desta forma, ao longo doCapítulo 3, que trata das séries históricas, quando são feitas referências à Bahia, estará sendocontemplado todo aquele estado. As séries históricas mais longas incluem o período de 1967 a2001, combinando-se, para tanto, informações de diversas fontes. Entretanto, para várias espéciesnão existem registros de desembarques para todo o período, ou em parte dele, porque a espécienão era identificada nos desembarques. Assim, é possível que, ao longo da série, essas espéciestenham sido contabilizadas nos desembarques de outras espécies ou categorias de espécies.

As demais espécies (30%) foram incluídas na categoria “outros”. A categoria “moluscos”inclui a ostra (Crassostrea rhizophorae), o polvo (Octopus vulgaris), o sururu (Mytella falcata), omaçunim (Tivela mactroides e Anomalocardia brasiliana) e a unha-de-velho (Tagelus plebeius),

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enquanto na categoria “crustáceos” se inseriram o aratu (Goniopsis cruentata), o camarão(Litopenaeus schimitti e Xiphopenaeus kroyeri), o caranguejo (Ucides cordatus), o guaiamum(Cardisoma guainhumi), a lagosta (Panulirus argus e P. laevicauda) e o siri (Calinectes spp.). Emalguns estados, usa-se o termo “vermelho” para os peixes da família Lutjanidae e “caíco” para asespécies de peixes de tamanho reduzido, que compõem a fauna acompanhante na maioria dasvezes.

Além do número de embarcações de cada estado, por categoria, foram obtidos os totaisdesembarcados nos estado por ano e os pesos totais das espécies mais representativa nosdesembarques de cada tipo de embarcação. Em todos os Estados, os crustáceos (lagosta ecamarão) estiveram entre as espécies mais representativas nos desembarques, mas esse gruponão foi analisado, pois o presente estudo contempla espécies de peixes.

Para as artes de pesca, foram obtidos os pesos totais desembarcados em cada estado,estimando-se, também, o número total de desembarques realizados por arte de pesca ecomparando-se o total capturado (Kg) e o número de desembarques. Os dados foram relacionadosmensalmente, trimestralmente e anualmente, por estado, empregando-se a ANOVA ou do Kruskal-Wallis, sub-rotinas do programa STATISTICA 5.0 (Statsoft Inc., 1997).

2.2 PROGRAMA DE AMOSTRAGEM DO SCORE - NE (REVIZEE)

Rosângela Lessa e Marcelo Francisco de Nóbrega

2.2.1 FROTA ARTESANAL

Cinco espécies compõem o grupo dos peixes-alvo demersais para a avaliação do SCORE-NE: guaiúba (Lutjanus chrysurus), ariocó (L. synagris), cioba (L. analis), pargo-olho-de-vidro (L.vivanus) e dentão (L. jocu); e outras quatro compõem as espécies-alvo pelágicas: cavala(Scomberomorus cavalla), serra (S. brasiliensis), peixe-voador-de-quatro-asas (Hirundichthysaffinis) e dourado (Coryphaena hippurus).

O Programa de amostragem do SCORE – NE gerou informações sobre os desembarques ea composição das capturas da frota artesanal, apresentadas no Capítulo 4, que foram analisadaspor estado, por arte de pesca e, finalmente, por categoria de embarcação. As artes de pescaanalisadas foram linha de mão, rede de emalhar (BA, AL, PE, RN e CE), rede de cerco (PE e RN) ecovo para peixe (PE). Os estados de Alagoas e Pernambuco foram analisados conjuntamente, porapresentarem características das pescarias, das frotas e das artes de pesca semelhantes. Cada artede pesca, tipo e categoria de embarcação foi analisada, trimestralmente, quanto ao número dedesembarques, número de embarcações, freqüência de desembarques por embarcação, regime deoperação, fases da lua, duração das viagens, profundidades de atuação e número de pescadores.

A composição das capturas, para cada arte de pesca, foi analisada quanto ao número deespécies, bem como a freqüência relativa de ocorrência de cada uma. Em relação ao peso,analisaram-se as espécies mais representativas nas capturas (70%), para cada arte de pesca ecategoria de embarcação. As capturas por unidade de esforço (CPUEs), em peso, foram calculadaspara as espécies correspondentes a 70% dos desembarques, somando-se, para cada uma, asproduções e os esforços de pesca, por trimestres. Em seguida, a soma da produção foi divididapelo soma do esforço, obtendo-se, assim, a CPUE por trimestre.

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A CPUE total foi estimada através da soma de toda a produção desembarcada, para cadaespécie no período analisado, dividida pela soma dos esforços empregados na captura de todo operíodo (Fonteles Filho, 1968). Os valores médios foram calculados a partir dos dados de CPUE,transformados por ln(x) e reconvertidos pela função exponencial (Haimovici et al., 1996), sendoempregada a unidade de esforço “Kilograma por dia” (Kg/dia), para todas as artes de pesca. Paraestimar a CPUE da linha de mão, agruparam-se as espécies capturadas por corrico, linha desuperfície e linha de fundo, devido à dificuldade de serem separadas no momento dodesembarque.

Os comprimentos zoológicos (CZ) das espécies mais representativas de cada arte depesca, por categoria de embarcação, foram analisados em relação aos meses através de Análise deVariância (ANOVA; p = 0,05).

2.2.2 FROTA INDUSTRIAL

Fábio Hissa Vieira Hazin, Paulo Travassos e Jorge Eduardo Lins de Oliveira

O SCORE – NE, além de coletar e analisar dados provenientes da frota artesanal, tambémanalisou as operações pesqueiras da frota industrial na ZEE Nordeste, cujos resultados sãoapresentados no Capítulo 6.

- LAGOSTAS

A coleta de dados sobre a pesca da lagosta foi realizada diretamente nos pontos dedesembarques, sob coordenação e responsabilidade do IBAMA, considerando-se o método decaptura empregado e a frota de cada comunidade pesqueira (IBAMA-CEPENE, 2001). Ao longo dacosta nordeste, foram cadastrados 322 pontos de desembarques, dos quais apenas 79 tiveram aprodução pesqueira registrada, enquanto naqueles onde não houve controle dos desembarques, aestimativa de produção tomou como base a produtividade pesqueira da frota, baseada nos portocontrolados (Tabela 1).

Tabela 1 - Pontos de desembarques e tipo de controle no Nordeste

TIPO DE CONTROLEESTADO PONTOS DE

DESEMBARQUES PRODUÇÃO MÉTODO DECAPTURA

PI 8 7 8CE 107 25 107RN 82 14 82PB 28 7 28PE 32 9 32AL 47 8 47SE 18 9 18Total 322 79 322

Fonte: IBAMA-CEPENE, 2001.

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As informações relativas às exportações foram obtidas através de consultas ao Serviço deInspeção Federal da Delegacia Federal de Agricultura do Ministério de Agricultura; às Secretariasde Indústria e Comércio dos estados; ao sistema de informações “ALICE” do Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio, assim como diretamente às empresas exportadoras depescado (IBAMA-CEPENE, 2001).

- ATUNS E AFINS

Em decorrência da necessidade de cumprimento de suas obrigações perante a ComissãoInternacional para a Conservação do Atum Atlântico (ICCAT), assim como do ordenamento da pescadesses recursos ao longo de sua costa, foi criado no Brasil um programa de amostragem paraobter informações acerca do esforço de pesca e da captura total, por espécie, de todas asembarcações de pesca de atuns e afins que operem sob sua jurisdição. Além disso, dados decomprimento e outras informações biológicas das principais espécies capturadas também foramcoletados. Estas informações são cruciais para garantir, a cada ano, não apenas o fiel cumprimentodos limites de captura estabelecidos pela Comissão, mas também para assegurar um banco confiávelde dados, com base no qual o Comitê de Pesquisa e Estatística (SCRS) da ICCAT possa realizar umacorreta avaliação dos estoques.

Neste contexto, há basicamente duas formas primordiais para se realizar a compilação e análisedesses dados: os Mapas de Bordo e o acompanhamento de desembarques. Quanto à primeira, todasas embarcações atuneiras brasileiras, nacionais ou arrendadas, são obrigadas a preencher um Mapade Bordo, para cada dia de pesca, com informações detalhadas acerca da posição geográfica (latitudee longitude), esforço de pesca empregado (número de anzóis), espécies capturadas (em número epeso), entre outras informações. Todas as empresas de pesca possuem a obrigação legal de entregaros mapas de bordo aos representantes da SEAP1, em cada Estado, que os enviam, então, para a sededo Subcomitê Científico do Comitê Consultivo Permanente de Gestão sobre Atuns e Afins (CPG-Atuns),na UFRPE, instituição responsável pelo lançamento de todos os dados em formato magnético,sistematização e análise dos mesmos.

No que diz respeito ao acompanhamento dos desembarques, são obtidos, nos principais portos-base da frota atuneira nacional2, dados de comprimento e peso dos exemplares capturados, assimcomo amostras biológicas de exemplares eventualmente preservados a bordo inteiros.

Além dessas duas formas de obtenção de dados, existe ainda o Programa de Observadores deBordo, cujo objetivo principal é o de acompanhar as operações de pesca da frota atuneira brasileira,possibilitando, assim, a obtenção de informações detalhadas acerca da tecnologia de pesca e dobeneficiamento, processamento e conservação do pescado a bordo, principalmente dasembarcações arrendadas. Além disso, são compiladas também as informações diárias acerca dascapturas, esforço e área de pesca, com indicação da ocorrência de capturas acidentais e descartes,particularmente de mamíferos, aves, tartarugas e tubarões. Quando possível, dados ambientais ebiológicos (biometria), assim como amostras (gônadas, espinhos, etc.) das principais espécies sãotambém coletados. Atualmente a cobertura desses embarques é de apenas 10% da frotaarrendada, obrigatoriedade estabelecida não apenas pela ICCAT, mas também pelo MAPA (InstruçãoNormativa no 16, de 31 de julho de 2001). A SEAP, entretanto, almeja cobrir, já a partir de 2004, 100% da frota arrendada de atuns e afins.

Vale salientar que além desses dados, são fornecidos pelas empresas de pesca mais dois tiposde informações: as exportações da albacora-bandolim (Thunnus obesus) e do espadarte e as capturas

1 Até o ano passado, os Mapas de Bordo eram entregues nas Delegacias Federais de Agricultura, em cadaEstado, sob a coordenação geral do Departamento de Pesca e Aqüicultura (DPA), do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (MAPA).2 Natal e Cabedelo, no caso da Região Nordeste. Além desses, são realizados, ao longo da costa brasileira,desembarques nos portos de Rio Grande, Itajaí, Santos, Rio de Janeiro e Belém.

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mensais do espadarte, albacora-branca, agulhão branco (Tetrapturus albidus) e agulhão negro(Makaira nigricans), cujos formulários são entregues ao representante da SEAP em cada Estado etambém repassados à sede do Subcomitê Científico. Essa declaração mensal das capturas éobrigatória para as espécies com quotas estabelecidas pela ICCAT, permitindo, assim, o controleda pescaria ao longo do ano e a adoção de medidas no sentido de garantir que o total capturadonão ultrapasse a captura máxima permitida (TAC – Total Allowable Catch). Apesar de não terquota estabelecida para a albacora-branca, a declaração mensal das suas capturas faz-senecessária uma vez que a ICCAT realiza o controle bimestral das capturas realizadas pelos dosquatro países que pescam ativamente essa espécie no Atlântico Sul (Brasil, Namíbia, África do Sule China Taipei), os quais, juntos, têm direito a capturar cerca de 90% da captura máximapermitida para este estoque, definida anualmente pelo SCRS da ICCAT

Há, ainda, o rastreamento por satélite das embarcações arrendadas, obrigatoriedade tambémestabelecida pela ICCAT e internalizada pelo Brasil. O rastreamento de todas as embarcaçõesestrangeiras é realizado diariamente, analisando-se suas posições (latitude/longitude), rumo,velocidade e, principalmente, o trajeto efetuado e o período de cada cruzeiro realizado.

2.3 ANÁLISES MULTIVARIADAS

Rosângela Lessa e José Lúcio Bezerra Júnior

Devido às semelhanças observadas nas características das pescarias artesanais dosestados de Alagoas e Pernambuco (REVIZEE, 2001), os dados obtidos nesses estados foramconsiderados conjuntamente. Para efeito de apresentação, “criou-se” uma área denominada“ALPE”, correspondente ao litoral dos referidos estados, como um todo.

Os métodos de análises mutivariadas foram empregados sobre o número de indivíduoscapturados nas pescarias artesanais de ALPE, Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará, além dos dadosdos desembarques ocorridos nas quatro áreas, separadamente, obtidos nos anos de 1998, 2000 e2001. Os dados foram obtidos por amostradores do Sub-Grupo de Dinâmica de Populações,Avaliação de Estoques e Estatística Pesqueira do Sub-Comitê Regional Nordeste (SCORE – NE) doPrograma de Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva(REVIZEE). Os resultados destas análises se apresentam no Capítulo 5.

Inicialmente, empregou-se a Análise de Agrupamento baseada em sistema binário, comexclusão da dupla ausência, através do Programa STATISTICA for Windows (5.0), considerando-seas variáveis:

1. Total desembarcado por embarcação: menor ou maior que 70 Kg;

2. Fases da lua: cheia, nova ou de quadratura;

3. Período: dia (D), noite (N) ou ambos (D/N);

4. Esforço de Pesca: aparelhos por pescador;

5. Petrechos de pesca: linha, rede ou “outro” (covo, curral e/ou mergulho);

6. Pescador . dia: menor ou maior que 4;

7. Profundidade local: superior ou inferior a 40 m para a Bahia e a 80 m para as demais áreas.

Essa análise foi a mais indicada devido à alta riqueza específica apresentada nas quatroáreas e para evitar a ocorrência de uma falsa semelhança entre as amostras, que dificilmentepossuíram todas as espécies e apresentaram númerosos pares de dados nulos. Para avaliar o graude deformação gerado com a elaboração do dendrograma, foi empregado o “coeficiente de

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correlação cofenético” ou “coeficiente ‘r’ de Pearson”, calculado entre os índices de similaridade damatriz original e aqueles reconstituídos com base no dendrograma.

Com base nos valores calculados para o coeficiente de Pearson, nas quatro áreas, foiescolhido o método por ligação completa, também denominado “de aglomeração pelo diâmetro”ou “do vizinho mais distante”, pelo qual um elemento se fusionou a um grupo unicamente quandoesteve ligado a todos os elementos deste grupo (Valentin, 2000). A análise foi realizada em modo-r, com o emprego da Distância de Braycurtis (City-block “Manhatan”), utilizada quando asamostras apresentam muitos dados faltantes (nulos). Ao final da análise, obtiveram-sedendrogramas dilatados, representativos das associações entre as variáveis, apresentando gruposfacilmente evidenciados e elementos intermediários isolados.

Para as demais análises, realizadas através do Pacote Computacional PC – ORD, o númerode indivíduos, por espécie (objetos), em cada amostra, foi agrupado com a Matriz Principal,enquanto as variáveis das capturas (descritores) compuseram a Matriz Secundária. Ambasasmatrizes foram padronizadas e introduzidas no PC – ORD, onde os dados foram centrados ereduzidos e a escala dos eixos foi calculada para otimizar a estruturação e a hierarquização dosdados, a partir da média ponderada deles. As coordenadas das amostras (Scores) foram calculadasa partir da combinação linear das variáveis consideradas (LC Scores).

O estudo das espécies, variáveis e amostras, como um todo, inicialmente foi realizadoatravés da Análise dos Componentes Principais (ACP), utilizando matrizes principais e secundáriaselaboradas para cada área. No entanto, os dados de todas as áreas demandaram umatransformação normalizante, por utilizar o coeficiente “r” de Pearson como índice de semelhança.Através do Programa PC-ORD for Windows, foram efetuados os cálculos dos eixos fatoriais, dascoordenadas das amostras e das variáveis, dos autovalores (λ) e autovetores (U), das coordenadasdos pontos-amostra e pontos-espécie e das contribuições das espécies e das amostras.

Para a ACC, foram atribuídos valores numéricos (0, 2 e 4) às variáveis não numéricas,associados à influência, maior ou menor, que cada variável apresentou sobre as pescarias. Dasfases lunares, a lua cheia (Lua_C) recebeu valor “0” devido a sua “influência negativa” sobre aspescarias artesanais; minguante e crescente, denominadas “de quadratura” (Lua_Qt), foramquantificadas com “2” por sua pequena influência “positiva” nas capturas, para diversas espécies; ea lua nova (Lua_N) recebeu valor “4”, relacionado aos maiores desembarques totais, em peso,ocorridos sob essa fase lunar. Os petrechos de pesca foram agrupados em três categorias: (1)“rede” (R), compreendendo redes de emalhar (de superfície, meia-água e fundo) e de arrasto depraia tipo “mangote”, à qual foi atribuído valor “0” pela pequena quantidade capturada por essacategoria; (2) “linha” (L), referente a linhas de mão e corrico, que foram associadas ao valor “4”por ser esta a categioria responsável pelos maiores desembarques; e “outro”, composto porcurrais, covos, pucás e mergulho, que receberam valor “2”. Para o período de captura, ao “dia” (D)foi atribuído valor “0” pelas pequenas capturas registradas nesse período; “noite” recebeu valor “4”por ser esse o período com os maiores desembarques, enquanto “ambos”, referentes às capturasrealizadas durante dia e noite, continuamente, receberam valor “2”. Os demais dados consideradosforam numéricos: (a) esforço de pesca: aparelhos por pescador; (b) pescador . dia: menor oumaior que 4; (c) profundidade local: superior ou inferior a 40 m para a Bahia e a 80 m para asdemais áreas, e (d) desembarques totais, em peso.

Finalmente, foi utilizado o método Twispan sobre as matrizes principal e secundária,também através do PC – ORD, obtendo-se uma tabela ordenada nos modos Q (linhas), referente àassociação entre as espécies, e R (colunas), correspondendo ao agrupamento das amostras, apartir das variáveis das pescarias obtidas na ALPE, Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará. A tabelaoriginada para cada área foi representativa da observação conjunta dos dados das espécies, dasvariáveis e das amostras. Para a análise e interpretação dos resultados, dois dendrogramas foramelaborados para cada área, manualmente, apresentando as associações entre as espécies e entreas amostras, de modo a exibir a relação entre espécies e entre amostras de maneira clara.

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Moluscos2%

Crustáceos28%

Peixes70%

CAPÍTULO 3 – SÉRIES HISTÓRICAS

Rosângela Lessa e Bernardo Muniz de Araújo

3.1 VOLUMES TOTAIS DESEMBARCADOS NA REGIÃO NORDESTE

A pesca marítima e estuarina da região Nordeste produziu 136.843,5 t, entre 1991 e 2001,(IBAMA, 2003), enquanto os estados analisados representaram 84.640 t (Tabela 2). A Bahia éresponsável pela maior captura, desembarcando 32.900 t, em média (± 6.830,28), o querepresentou 39,8% dos desembarques na ZEE Nordeste. Em seguida, aparecem os estados doCeará, com desembarque médio de 21.961 t (± 4.130), e Rio Grande do Norte, com média de11.046 t (±1.847,07), sendo responsáveis por 26,6% e 13,4% do total desembarcado,respectivamente (Figura 3).

No Nordeste, os peixes foram responsáveis pelo desembarque médio de 38.859,11 t/ano(70%), seguidos por crustáceos e moluscos, que representaram 28% (15.664,18 t) e 2%(1.084,30 t), respectivamente, em média (Figura 4). Diferenças significativas ocorreram naprodução por estado e na produção total da região, ao longo do período.

Figura 3 – Volumes de pescado, por estado, desembarcados no Nordeste (1991 a 2001).

Tabela 2 - Totais anuais (toneladas), por estado, desembarcados no Nordeste entre 1991 e 2001).

ESTADO 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001CE 25.797 23.504 23.248 24.326 23.030 18.165 19.023 15.356 17.472 14.198 15.493

RN 8.000 7.642 7.554 9.130 10.249 10.538 10.303 10.079 12.163 11.639 13.166PB 757 738 726 731 2.512 2.013 3.468 2.972 3.288 2.621 2.075PE 2.086 2.059 3.680 3.969 3.794 4.868 4.947 5.307 5.222 5.439 4.360AL 2.747 3.217 3.238 3.601 4.136 5.090 6.790 6.894 7.787 7.712 8.658SE 3.345 3.522 3.941 3.702 4.056 3.194 3.402 3.693 3.750 3.882 3.851BA 25.451 25.357 25.292 25.319 37.452 32.820 39.598 40.945 37.673 39.149 -Total 68.181 66.038 67.677 70.777 85.229 76.687 87.530 85.246 87.355 84.640 47.604

Figura 4 - Participação percentual dos peixes, moluscos e crustáceos nos desembarques da regiãoNordeste entre os anos de 1991 a 2001.

CE27%

RN13%PB

3%PE6%

AL7%

SE5%

BA39%

22

Foram identificadas 36 categorias de peixes, 5 de moluscos e 6 de crustáceos nosdesembarques da ZEE Nordeste (Tabela 3). Dessas, trinta espécies de peixes compuseram 70%dos desembarques, em peso (Tabela 4), sendo as três mais representativas o pargo Lutjanuspurpureus, as cavalas Scomberomorus cavalla e Acantocybium solandri e a sardinha (Clupeidae).

Tabela 3 - Espécies desembarcadas na ZEE Nordeste, entre 1991 e 2001.

Peixes Peixes

Nomevulgar

Nome científico Família Nome vulgar Nome científico Família

Albacora Thunnus alalunga SCOMBRIDAE Pargo Lutjanus pupureus LUTJANIDAEThunnus albacares SCOMBRIDAE Pescada Larimus breviceps SCIANIDAEThunnus atlanticus SCOMBRIDAE Macrodon ancylodon SCIANIDAE

Agulha Hemiramphus brasiliensis HEMIRAMPHIDAE Micropogonias furnieri SCIANIDAEHyporhamphus unifaciatus HEMIRAMPHIDAE Peixe-voador Hirundichthys affinis EXOCETIDAEStrongylura marina BELONIDAE Pilombeta Anchoviella brevirostris ENGRAULIDAE

Agulhão Istiophorus spp. ISTIPHORIDAE Anchoviella cayennensis ENGRAULIDAEArabaiana Elagatis bipinulata CARANGIDAE Anchoviella lepidentostole ENGRAULIDAE

Seriola dumerili CARANGIDAE Sapuruna Haemulon aurolinetum HAEMULIDAE

Seriola lalandi CARANGIDAE Saramunete Pseudupeneus maculatus MULIDAESeriola rivoliana CARANGIDAE Sardinha Opisthonema onglinum CLUPEIDAE

Ariocó Lutjanus synagris LUTJANIDAE Pellona harroweri CLUPEIDAE

Bagre Cathrops spixii ARIIDAE Serra Scomberomorus brasiliensis SCOMBRIDAEBagre marinus ARIIDAE Sirigado Mycteroperca bonaci SERRANIDAE

Arius herzbergi ARIIDAE Tainha Mugil brasiliensis MUGILIDAEBeijupirá Rachycentron canadus RACHYCENTRIDAE Mugil curema MUGILIDAEBiquara Haemulon plumieri HAEMULIDAE Mugil incilis MUGILIDAEBonito Katsuwonus pelamis SCOMBRIDAE Mugil trichodon MUGILIDAE

Euthynnus alletteratus SCOMBRIDAE Vermelho Lutjanus spp. LUTJANIDAEBudião Sparisoma spp. SCARIDAE Xaréu Caranx hippos CARANGIDAECação Carcharhinus spp. CARCHARHINIDAE CRUSTÁCEOSCamurim Centropomus spp. CETROPOMIDAE Nome vulgar Nome científico FamíliaCamurupim Tarpon atlanticus MEGALOPIDAE Aratu Goniopsis cruentata CRAOSIDAECarapeba Diapterus auratus GERREIDAE Camarão Farfantepenaeus

brasiliensisPENAEIDAE

Eucinostomus argenteus GERREIDAE Litopenaeus schimitti PENAEIDAEEugerres brasilianus GERREIDAE Xiphopenaeus kroyeri PENAEIDAE

Cavala Acanthocybium solandri SCOMBRIDAE Caranguejo Cardisoma guanhumi GECARCINIDAEScomberomorus cavalla SCOMBRIDAE Guanhamum Ucides cordatus OCYPODIDAE

Cioba Lutjanus analis LUTJANIDAE Lagosta Panulirus spp. PALINURIDAEDentão Lutjanus jocu LUTJANIDAE Siri Callinectes spp. PORTUNIDAE

Dourado Coryphaena hippurus CORYPHAENIDAEEspada Trichiurus lepturus TRICHIURIDAE MOLUSCOSGuaiúba Lutjanus chrysurus LUTJANIDAE Nome vulgar Nome científico FamíliaGuarajuba Carangoides crysos CARANGIDAE Maçunim Anomalocardia brasiliensis VENERIDAEManjuba Anchoa filifera ENGRAULIDAE Tivela mactroides VENERIDAE

Anchoa spinifer ENGRAULIDAE Ostra Crassostrea rizophorae OSTREIDAECetengraulis edentulus ENGRAULIDAE Polvo Octopus spp. OCTOPODIDAE

Mero Epinephelus itajara SERRANIDAE Sururu Mytella falcata MYTILIDAEMororó Gobionellus oceanicus GOBIIDAE Unha de Velho Tagelus plebeius PSANMOBIIDAE

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1967

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1977

1979

1981

1983

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1987

1989

1991

1993

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Ton

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Tabela 4 - Espécies mais representativas, em peso, nos desembarques da ZEE Nordeste entre 1991e 2001 (dp = desvio padrão da média) (Fonte: IBAMA).

Total dp Total dp

Agulha 1.624 391 Guaiúba* 10.203 3.971

Agulhão 5.847 - Guarajuba 2.107 129Albacora 9.494 6.314 Manjuba 6.692 1.926Ariocó* 3.724 1.364 Pilombeta 843 56Bagres 1.376 448 Pargo* 30.676 -Biquara 4.756 843 Pescada 3.954 1.795Bonito 2.215 1.141 Sapuruna 1.365 -Budião 1.944 - Saramunete 2.688 1.626Cação 4.395 - Sardinha 12.954 3.212Camurupim 1.907 1.098 Serra* 12.907 4.272Caíco 15.451 7.097 Sirigado 4.178 841

Cavala* 16.029 568 Tainha 12.683 2.039Cioba* 2.305 - Vermelho 1.622 -Dentão* 887 765 Peixe-voador* 5.746 -

Dourado* 1.773 3.971 Xaréu 2.043 1.017(* espécies-alvo do REVIZEE)

3.2 DESEMBARQUES DAS ESPÉCIES-ALVO DO PROGRAMA REVIZEE

3.2.1 ARIOCÓ (Lutjanus synagris)

A FAO registra para o Brasil, desde 1978, dois picos nos desembarques de L. synagris. Naregião Nordeste, desde 1988 foi observada uma tendência de aumento, de 158 a 1.073,8 t, em2001 (Figura 5). Apesar disso, não houve diferenças significativas par+a as médias dosdesembarques anuais de ariocó, entre 1991 e 2001. Com relação aos desembarques mensais daespécie, entre janeiro e abril ocorreram capturas significativamente mais altas (Figura 6).

Figura 5 – Série histórica dos desembarques do ariocó (Lutjanus synagris) na ZEE Nordeste, de1969 a 2001 (Fonte: IBAMA, 1992 – 2002).

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Max / MinMediana

Figura 6 - Desembarques mensais do ariocó (L. synagris) na ZEE Nordeste, entre 1991 e 2001(Fonte: IBAMA).

3.2.2 CIOBA (Lutjanus analis)

No Nordeste, houve um claro aumento no volume desembarcado de cioba, entre 1969 e1977, quando foram registradas 2.330 t. A partir de 1978, houve uma estabilização do totaldesembarcado da espécie, com uma média anual de 646,6 t (± 127,92) até 1990. Entre 1991 e2001, os desembarques de L. analis atingiram o máximo de 974 t em 1996, diminuindo até 434 tem 2001 (Figura 7). Entre os meses, foi possível observar que os desembarques sãosignificativamente maiores de dezembro a março (Figura 8).

Figura 7 – Série histórica dos desembarques da cioba (Lutjanus analis) no Nordeste, de 1967 a2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE).

Figura 8 - Desembarques mensais da cioba (L. analis) no Nordeste, entre 1991 e 2001 (Fonte:IBAMA, 1992 – 2002).

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Brasil NE Brasil NE

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Tone

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3.2.3 DENTÃO (Lutjanus jocu)

No período de 1991 a 2001, os desembarques de L. jocu apresentam tendência crescenteaté 1994 e começaram a declinar após 1995 (Figura 9), embora não tenham sido encontradasdiferenças significativas entre os desembarques (t), ao longo do período. Entre novembro efevereiro, a espécie tem capturas significativamente maiores (Figura 10).

Figura 9 – Série histórica dos desembarques do dentão (Lutjanus jocu) no Nordeste, entre 1991 e2001 (Fonte: IBAMA).

Figura 10 - Desembarques mensais do dentão (L. jocu) no Nordeste, de 1991 a 2001 (Fonte:IBAMA, 1992 – 2002).

3.2.4 GUAIÚBA (Lutjanus chrysurus)

Nos desembarques históricos da guaiúba, houve uma tendência de aumento nos registrosdo país entre 1950 e 2001, evidenciando-se dois períodos de picos. O primeiro entre 1973 a 1978,com redução de 67% no volume desembarcado, que tornou a crescer entre 1995 e 1997, comqueda nos anos imediatamente subsequentes (Figura 11). No Nordeste, um aumento também foiidentificado em dois períodos: o primeiro entre 1982 e 1990, quando os desembarque passaram de859 t para 1.700 t, e o segundo entre 1991 e 2001. Não foram identificadas diferençassignificativas entre os totais desembarcados nesse período. Os maiores desembarques ocorreramentre novembro e março (Figura 12), sem, contudo, apresentar diferenças significativas ao longodo ano.

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Brasil NE

Figura 11 – Série histórica dos desembarques da guaiúba (Lutjanus chrysurus) no Nordeste, de1950 a 2001. (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE).

Figura 12 - Desembarques mensais da guaiúba (L. chrysurus) no Nordeste, entre 1991 a 2001(IBAMA, 1992 – 2002).

3.2.5 CAVALA (Scomberomorus cavalla)

Os desembarques desta espécie, no Brasil, cresceram desde o final da década de 50 até oinício dos anos 70, quando apresentou uma média de 1.123,71 t (± 362,54). Posteriormente,houve um aumento até 5.165 t em 1974. Nos dois anos seguintes ocorreu uma quedaconsiderável, vindo a atingir apenas 560 t em 1976. A partir daí há oscilações, com máxima de2.800 t em 1985, seguindo-se uma nova queda (1.000 t), em 1992, e um novo aumento entre1998 e 1999, quando atingiu 3.000 t. A partir daí, um novo decréscimo é observado (Figura 13).

No Nordeste, ao longo dos últimos vinte anos, os desembarques acompanharam atendência descrita acima, quando foram registrados os maiores valores nos anos de 1986 (2.754 t)e 1998 (2.364 t), sem contudo haver diferenças significativas entre os totais desembarcadosanualmente. Essa espécie apresentou, ainda, uma tendência de aumento em seus desembarquesentre os meses de dezembro e março (Figura 14).

3.2.6 DOURADO (Coryphaena hippurus)

Para o Brasil, os desembarques do dourado cresceram entre os anos 50 e o final dadécada de 70. Em 1978, atingiu 4.811 t, alcançando 557 t em 1980. A partir daí, houve tendênciade aumento em dois momentos: o primeiro de 1980 a 1987, com uma média de 1.780 t (± 628,23

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Ton

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Brasil NE

t) anuais; o segundo entre 1994 e 2001, atingindo um desembarque médio anual de 3.382 t (±972,37 t). Já para o Nordeste, aumentos significativos da produção foram verificados nos anos de1978, 1990 e 1995. Contrariamente às crescentes produções pesqueiras do Brasil, nos anos de1994 a 2000, houve um declínio na produção do Nordeste a partir de 1996, atingindo os menoresvalores para toda a série histórica da região em 2001 (Figura 15). Quando comparados os totaisdesembarcados por mês no Nordeste, não foram observadas diferenças significativas, apesar dosdesembarques terem sido maiores em maio e setembro (Figura 16).

Figura 13 – Série histórica dos desembarques da cavala (Scomberomorus cavalla) no Nordeste,entre 1957 e 2001. (Fonte: FAO / SUDEPE / IBGE).

Figura 14 - Desembarques mensais da cavala (S. cavalla) no Nordeste, de 1991 a 2001 (Fonte:IBAMA).

Figura 15 – Série histórica dos desembarques do dourado (Coryphaena hippurus) no Nordeste,entre 1950 e 2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE).

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Figura 16 - Desembarques mensais do dourado (C. hippurus) no Nordeste, de 1991 a 2001 (Fonte:IBAMA).

3.2.7 SERRA (Scomberomorus brasiliensis)

Os desembarques nacionais para a serra vêm apresentando grande oscilação, com váriospicos: em 1974, 1984 e 1989, entre 5.000 e 6.000 t, e outro em 1996 de 3.047 t. A partir de 1996atingiu os níveis mais baixos, chegando a 251 t em 2001 (Figura 17).

No Nordeste, os desembarques da serra apresentaram picos em 1996 e 1997 (Figura 18).Quando analisados mensalmente, não foi possível identificar tendências significativas de aumentoou decréscimo dos desembarques.

3.2.8 PEIXE-VOADOR (Hirundichthys affinis)

O peixe-voador-de-quatro-asas apresentou um pico nos desembarques de 2.300 t em1969, mas atingiu 644 t em 1979. Até a primeira metade da década de 80, a exploraçãoapresentou aumento, mantendo-se estável de 1988 a 1994. A partir de 1999, os desembarquesdesse peixe-voador voltaram a declinar (Figura 19). Apesar dos picos registrados, as diferençasentre os anos não foram significativas.

A partir de 1998, ocorreu diminuição dos totais desembarcados. Desembarques crescentesde H. affinis se repetiram para o Nordeste. Ao longo do ano, identificou-se um pico de capturaevidente no mês de maio (Figura 20).

Figura 17 – Série histórica dos desembarques da serra (Scomberomorus brasiliensis) no Nordeste,de 1970 a 2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE/IBAMA).

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Max / MinMediana

Figura 18 - Desembarques mensais da serra (S. brasiliensis) no Nordeste, entre 1991 e 2001(Fonte: IBAMA).

Figura 19 – Série histórica dos desembarques do peixe-voador (Hirundichthys affinis) no Nordeste,de 1970 a 2001 (Fonte: FAO/SUDEPE/IBGE/IBAMA).

Figura 20 - Desembarques mensais do peixe-voador (H. affinis) no Nordeste, entre 1991 a 2001(Fonte: IBAMA).

3.3 COMPOSIÇÃO DOS DESEMBARQUES POR ESTADO

No estado do Ceará, a lagosta (Panulirus spp.) foi responsável por 22,56% dosdesembarques, seguida do pargo (Lutjanus purpureus), com 13,97%, e dos camarões(Penaeidae), com 6,63% do total desembarcado. No Rio Grande do Norte, a lagosta (Panulirusspp.) representou 11,6% dos desembarques, seguida das albacoras (Thunnus spp.), com 10,77%,e dos agulhões (Istiphoridae), que representaram 6,83%. Para esses estados, foram identificadasdiferenças significativas nos totais desembarcados anualmente.

30

Na Paraíba, o caranguejo (Cardisoma guanhumi) representou 26,22% dos desembarques,a tainha (Mugil spp.) correspondeu a 10,18%, seguida da lagosta (Panulirus spp.), com 8,61%. EmPernambuco, a manjuba (Engraulidae), com 10,16% dos desembarques, foi a espécie maisrepresentativa, seguida da lagosta (Panulirus spp.), com 7,64%, e dos camarões (Penaeidae) comcerca de 6,41%.

Em Alagoas, os camarões (Penaeidae) representaram 25,93% do total, seguidos da tainha(Mugil spp.), com 12,6%, e da pescada (Sciaenidae), responsável por 7,9% dos desembarques.Em Sergipe, os camarões (Penaeidae) são responsáveis por 53,69% do total, seguidos docaranguejo (Cardisoma guanhumi), com 10,83%, enquanto as espécies de peixes maisrepresentativas foram a pilombeta, com 1,75%, a pescada (Sciaenidae), com 1,44%, e o bagre,com 1,17% do total desembarcado. As outras espécies de peixes, importantes nos desembarquesdos estados do Nordeste, estão apresentadas na tabela 5.

3.3.1 COMPOSIÇÃO DA FROTA E DE SEUS DESEMBARQUES

A canoa corresponde a 30% das embarcações no Nordeste, seguida do paquete e dalancha, com 19,37% e 18%, respectivamente (Tabela 6). Quanto a forma de propulsão, a maisutilizada é a vela, abrangendo cinco categorias: baiteira, bote, canoa, jangada e paquete, querespondem por 74,18% do total dos barcos. As embarcações motorizadas englobam duascategorias: bote e lancha, responsáveis por 25,82% das embarcações da região (Tabela 7).

Quando a composição dos desembarques é comparada entre embarcações à vela e amotor, constata-se diferenças na composição e no volume dos desembarques do Ceará. Para amaioria das embarcações à vela, o caíco foi o grupo de peixes mais importante, seguido dasardinha e da guaiúba. Nos desembarques da frota motorizadas, as espécies dominantes foramlagosta, pargo e cavala.

Para o Rio Grande do Norte, as embarcações à vela têm, como espécies maisrepresentativas, a tainha, o peixe peixe-voador e o caíco. As espécies mais importantes nosdesembarques das embarcações a motor são a albacora, a lagosta e o agulhão. Na Paraíba, asespécies de maiores volumes nos desembarques das embarcações à vela foram caranguejo, tainhae camarão. A lagosta, a serra e o saramunete foram as espécies mais representativas nosdesembarques das embarcações motorizadas. Nos desembarques das embarcações à vela dePernambuco, as espécies mais importantes foram a manjuba, seguida do budião e da tainha.Naquelas a motor, dominaram a lagosta, o saramunete e o camarão. Em Alagoas, a propulsão àvela correspondeu a 80% das embarcações registradas. As espécies mais importantes nosdesembarques da frota à vela do estado foram a tainha, a manjuba e a sardinha, enquanto, nasmotorizadas, o camarão, a pescada e os peixes vermelhos (não descriminados) foram as maisrepresentativas (Tabela 8).

3.3.2 PRINCIPAIS ARTES DE PESCA UTILIZADAS NA ZEE NORDESTE

A arte de pesca responsável pelos maiores desembarques na ZEE Nordeste é a linha demão, que representou cerca de 34% do total e foi responsável por um desembarque de141.440,98 t. Em seguida veio o emalhe, com um desembarque total de 111.822,23 t,representando cerca de 27%, e a rede de arrasto, que representou 10% dos desembarques e foiresponsável por 44.068,36 t desembarcadas. Os totais de todas as espécies, por cada arte depesca, estão representados na tabela 9.

31

Tabela 5 - Desembarques médios (t) das principais espécies de peixes nos desembarques dosestados do Nordeste, entre 1991 e 2001. dp = desvio padrão da média (Fonte: IBAMA, 1992 –2002).

CE dp RN dp PB dp PE dp AL dp SE DpAgulha 563 79 262 104 79 37 118 27 - - - -Agulhão - - 1.169 440 - - - - - - - -Albacora - - 1.024 868 - - 94 30 - - - -Ariocó - - - - 136 45 92 42 - - - -Bagres - - - - 35 - 85 - 250 91 128 8Biquara 610 38 381 119 66 16 111 20 - - - -Bonito 685 81 - - 51 - 108 - - - - -Budião - - - - - - 243 114 - - - -Cação - - 488 168 - - - - - - - -

Camurupim 865 350 - - - - - - - - - -Cavala 1.345 331 288 90 - - 90 20 - - - -Cioba - - 218 83 56 24 138 20 - - - -

Dentão - - 222 97 - - - - - - - -Dourado - - 238 133 - - 86 19 - - - -

Guaiúba 871 206 311 97 - - 62 8 - - - -Guarajuba - - 241 27 - - 143 38 - - - -Manjuba - - - - 191 40 469 225 348 60 - -Pilombeta 462 - - - - - - - - - 191 43Pargo 2.789 1.271 - - - - - - - - - -Pescada - - 251 - - - - - 565 60 157 17Sapuruna - - - - - - 171 102 - - - -Saramunete - - - - 97 9 277 178 - - - -Sardinha 883 303 434 158 114 75 101 8 385 193 - -Serra 854 252 348 163 128 25 105 13 - - - -Sirigado 548 162 246 72 - - 128 39 - - - -Tainha - - 520 161 264 135 168 65 863 304 - -Vermelho - - - - - - - - 270 88 - -Voador - - 718 223 - - - - - - - -Xaréu - - - - - - 76 17 290 80 - -

Tabela 6 - Quantificação da frota pesqueira da ZEE Nordeste, por categoria de embarcação, noperíodo de 1991 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Anos Bateira Bote a remo Bote à vela Bote motorizado Canoa Jangada Lancha Paquete1991 0 183 442 49 1.042 391 995 1.3741992 0 176 456 49 1.232 411 1.048 1.3951993 168 165 990 650 2.702 1.275 1.576 1.7861994 163 143 1.011 649 2.714 1.245 1.562 1.8061995 203 135 700 760 2.998 1.483 1.441 1.8601996 209 139 976 929 3.091 1.520 1.691 1.9131997 198 132 946 947 4.585 1.499 1.879 1.9291998 192 395 920 1.332 3.958 1.636 1.504 2.1231999 189 413 847 1.258 3.962 1.601 1.699 2.163

2000 160 633 851 1.210 3.591 1.665 1.476 2.1992001 157 655 770 1.219 3.497 1.592 1.476 2.308

Médias 149 288 810 823 3.034 1.302 1.486 1.896

Desvios 76 203 202 452 1.099 465 263 305

32

Tabela 7 - Quantificação da frota pesqueira dos estados do Nordeste, por categoria deembarcação, de 1991 a 2001 (Fonte: IBAMA).

ESTADO Baiteira Bote a remo Bote à vela Bote a motor Canoa Jangada Lancha Paquete

Amplitude - 13 - 66 - - 160 - 266 - 90 - 230 -

Média - 37 - - 218 - 134 -PI

Desvio - 22 - - 42 - 56 -

Amplitude - 132 - 189 410 – 547 29 – 49 1042 - 1232 340 - 455 914 - 1127 1374 - 1831

Média - 164 480 40 1.183 403 1.039 1.526CE

Desvio - 23 42 7 51 32 67 156

Máximo 157 - 209 - 193 – 466 603 – 948 953 - 1178 398 - 505 - 376 - 513

Média 182 - 404 803 1.066 465 - 452RN

Desvio 20 - 87 124 88 35 - 44

Amplitude - 221 - 466 - 327 – 362 409 - 786 149 - 173 107 - 107 -

Média - 341 - 344 597 162 107 -PB

Desvio - 134 - 14 203 11 - -

Amplitude - - - - 531 - 898 431 - 648 433 - 671 -

Média - - - - 776 561 521 -PE

Desvio - - - - 134 78 93 -

Amplitude - - 105 – 137 10 – 11 923 – 1145 412 - 459 329 - 435 -

Média - - 119 11 1.071 441 383 -AL

Desvio - - 11 1 105 17 40 -

33

Tabela 8 - Desembarques médios anuais, em toneladas (t), das principais espécies capturadas pelas embarcações a motor e vela dos estados doNordeste, entre 1991 e 2001 (Fonte: IBAMA, 1992 – 2002).

MOTOR VELA MOTOR VELA

PI CE RN PB PE AL PI CE RN PB PE AL PI CE RN PB PE AL PI CE RN PB PE AL

Agulha - - 60 - 22 - - - - - 31 - Guaiúba - 27 - - 30 - - 545 136 - - -

Agulhão - - 640 - - - - - - - - - Lagosta 22 3.010 909 334 295 - - - 64 - - -

Albacora - - 967 - 24 - - - - - - - Manjuba - - - - - - - - - 36 468 346

Arabaiana - - - - 33 - - - - - - - Maçunim - - - - - - - - - - - 214

Aracimbora - - - - 11 - - - - - - - Ostra - - - - - - - - - - 141 -

Ariocó 37 - - 27 9 - - 380 - - 26 - Pargo - 409 - - - - 16 362 - - - -

Bagres 40 - - - - - 35 - - - 11 - Peixe-voador

- - - - - - - - 511 - - -

Biquara - 24 - 21 81 - - 163 216 - 13 - Pescada - 6 - - - 388 37 - - - - 119

Boca torta - - - - - - - - - - 59 - Polvo - - 54 - - - - - - - - -

Bonito 66 - - - 13 - 21 - - - - - Raia 16

Budião - - - - - - - - - - 183 - Sapuruna - - - - 96 - - - - - 10 -

Cações - - 439 - - - - - - - - - Saramunete - - - 59 213 - - - - 4 - -

Caico - 15 - - - - - 823 347 - - - Sardinha - 8 - - - - - 688 148 30 41 291

Camarão 228 - - - 136 1.779 - - 231 93 149 - Sauna - - - - - - - - - - 70 -

Camurim - - - - - 4 - - - - 13 - Serra 104 6 164 118 11 77 31 360 - 10 9 -

Caranguejo 957 - - - - - 175 - 150 313 102 260 Sururu - - - - - - - - - - - 116

Cavala 60 319 64 - 18 2 20 125 83 - 10 - Sirigado - - 58 - 60 - - 240 - - - -

Cioba - - 19 37 111 - - - - - - - Tainha - - - - - - - - 512 213 165 848

Dentão - - 39 - - - - - - - - - Vermelhos - - - - - 134 - - - - - -

Dourado - - - - 49 - - - 155 - - - Xaréu - - - - - 79 - - - - 35 163

Espada - - - - - - - - - - 7 - Xira - - - 19 - - - - - 24 - -

Guarajuba - - - 27 104 - - - - - - - Chicharro - - - - 4 - - - - - - -

34

Tabela 9 - Totais desembarcados, em toneladas, por cada arte de pesca no Nordeste.

Artes CE RN PB PE AL SE %

Linha 101.709 24.263 1.654 8.365 4.745 706 34,6

Emalhe 59.508 23.561 5.239 10.502 10.824 2.188 27,3

Rede de arrasto 14.240 1.817 188 1.544 15.281 10.999 10,8

Covo lagosta 20.706 39 - 49 - - 5,1Arrasto de praia 1.444 8.529 386 6.109 840 778 4,4Espinhel - 15.103 1 31 290 - 3,8Curral 13.578 77 - 1.185 64 - 3,6Coleta manual 70 1.383 2.944 3.432 1.547 3.492 3,1Covo peixe 1.706 536 - 5.161 19 - 1,8Cerco 95 1.883 - 1.058 4.345 - 1,8Jereré - 4.846 21 0 5 - 1,2Outras 2.299 2.016 233 262 4.971 505 2,5

No Ceará, as principais artes de pesca são a linha de mão e o emalhe (Tabela 10). Asespécies mais importantes para a linha de mão foram o pargo Lutjanus purpureus; as cavalasScomberomorus cavalla e Acanthocybium solandri, e a cioba L. analis (Figura 21a), enquanto asmais representativas para os emalhes foram a serra S. brasiliensis, o bonito (Scombridae) e ascavalas S. cavalla e A. solandri (Figura 21b).

Tabela 10 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada no Ceará de1991 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Artes 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 %Linha 9.424 10.655 10.501 11.285 10.281 8.372 8.767 8.925 9.326 6.688 7.485 46,5Emalhe 5.625 5.607 5.386 5.013 5.940 5.316 6.604 4.229 5.046 5.510 5.234 27,2Covo lagosta 5.821 3.379 2.561 3.002 2.279 1.292 854 372 399 449 298 9,5Rede de arrasto 1.892 1.801 1.956 1.675 1.331 1.232 996 1.065 1.056 764 472 6,5Curral 1.742 1.096 1.597 1.836 2.207 1.125 1.331 523 577 79 1.466 6,2Mergulho 255 353 437 531 589 138 205 129 168 182 180 1,5Cangalha 82 259 557 727 103 283 58 9 66 60 3 1,0Outras 957 354 251 259 301 408 206 351 124 105 92 1,6

No Rio Grande do Norte, as artes de pesca mais produtivas foram a linha de mão, oemalhe e o espinhel (Tabela 11). Nas capturas da linha de mão, as espécies maisrepresentativas foram as albacoras (Thunnus spp.), a cavala (S. cavalla e A. solandri) e odourado (Coryphaena hippurus) (Figura 22a). A segunda arte de pesca mais importante noestado é o emalhe, que apresentou, como espécies mais importantes nas capturas, a sardinha(Clupeidae), a agulhinha (Hemirhamphus sp.) e a serra (S. brasiliensis) (Figura 22b).

35

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Bonito7%

Caico9%

Outros25%

Serra14%

Lagostas45%

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Outros29%

S irigado3%

Biquara3%

Gua iuba4%

C ioba5%

Cava la10%

Pargos46%

a

b

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Agulha15%

Lagosta9%

Polvo7%

Cações4%Pescadas

3%

Sirigado3%

Serra3%

Tainha3%

Sardinha24%

Outros29%

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Cavala12%

Dourado7%

Dentão6%

Guaiuba5%

Sirigado4%

Pargo4%

Albacora29%

Outros28%

a

b

Figura 21 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas com linha (a) e emalhe(b), desembarcadas no Ceará entre 1991 e 2001 (Fonte: IBAMA).

Tabela 11 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada no Rio Grandedo Norte de 1993 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Artes 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 %

Linha 2.499 2.669 2.834 2.791 3.191 2.969 3.160 2.091 2.059 26,4

Emalhe 1.920 2.679 2.627 3.645 2.736 2.273 2.652 2.262 2.769 25,6

Espinhel 439 212 402 602 1.010 1.383 2.606 3.816 4.633 16,4

Arrasto de praia 616 290 1.395 999 1.291 1.030 1.034 955 919 9,3Mergulho 916 961 1.171 874 733 659 899 876 794 8,6Jereré 477 688 922 734 800 1.011 200 13 - 5,3Cerco 180 354 137 147 93 178 160 515 118 2,0Rede de arrasto 255 1.002 22 94 112 89 67 85 92 2,0Tarrafa 122 118 104 169 133 218 304 210 375 1,9Coleta manual 115 107 139 95 166 229 345 108 78 1,5Outras 15 49 22 54 37 28 43 114 554 1,0

Figura 22 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pela linha (a) e emalhe(b), no Rio Grande do Norte, de 1993 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Na Paraíba, as principais artes de pesca foram o emalhe, a coleta manual e a linha(Tabela 12). As espécies de peixe mais importantes no emalhe foram as tainhas (Mugil spp.), a

36

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Garajuba4%

Sirigado6% Guaiuba

7%

Arabaiana8%

Dourado8%

Cavala12%

Cioba13%

Albacora14%Outros

28%

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Serra4%

Tainha6%

Garajuba7%

Lagosta56%

Outros27%a

b

serra (S. brasiliensis) e a manjuba (Engraulidae) (Figura 23a). As coletas manuais sãocompostas, em sua maioria, pelo caranguejo (Cardisoma guanhumi) e o maçunim (Veneridae).No caso da linha de mão, a cioba (L. analis), as albacoras (Thunnus spp.), o ariocó (L.synagris), o dourado (C. hippurus) e as cavalas (S. cavalla e A. solandri) foram as maisimportantes (Figura 23b).

Tabela 12 – Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada na Paraíba de1996 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Artes 1996 1997 1998 1999 2000 2001 %

Emalhe 933 - 1.209 1.220 1.198 679 46,5

Coleta manual 471 - 1.054 1.129 161 129 26,1

Linha 266 - 375 322 339 353 14,7

Mergulho 99 - 110 150 77 168 5,4Arrasto de praia 79 - 28 59 55 165 3,4Puçá 47 - - 26 98 49 1,9Rede de arrasto 112 - 60 1 7 5 1,6Outras 7 - 23 7 0 0 0,3

Figura 23 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe (a) e linha(b), na Paraíba, entre 1996 e 2001 (Fonte: IBAMA).

Em Pernambuco, as artes de pesca mais produtivas são o emalhe, a linha de mão e oarrasto de praia (mangote) (Tabela 13). As espécies mais importantes no emalhe foram alagosta (Panulirus spp.) e, dentre os peixes, a guarajuba (Carangoides crysos), as tainhas(Mugil spp.) e a serra (S. brasiliensis) (Figura 24a). Nos desembarques com linha de mão, asespécies mais representativas foram a albacora (Thunnus spp.), a cioba (L. analis) e a cavala(S. cavalla e A. solandri) (Figura 24b). No arrasto de praia, a manjuba (Engraulidae) foi a maisimportante nos desembarques (38%), seguida do budião (Sparisoma spp.), com 18%, doscamarões (Peneidae), com 12%, e da boca torta (Larimus breviceps), com 7%.

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Manjuba4%

Serra10%

Camarão4%

Tainha12%

Outros30%

Lagosta40%

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Arabaiana4%

Guaiuba5%

Dourado8%

Cavala8%

Ariocó10%

Atuns13%

Sirigado4%

Cioba18%Outros

30%

a

b

Tabela 13 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada em Pernambucode 1993 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Artes 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 %

Emalhe 1.196 1.218 916 1.444 1.262 1.109 972 1.047 1.338 27,3

Linha 936 791 749 1.149 949 1.116 984 872 819 21,7

Arrasto de praia 644 883 943 15 17 990 1.076 1.122 419 15,9

Covo peixe 442 304 259 236 363 666 831 1.092 967 13,4Coleta manual 141 145 175 193 373 779 726 686 216 8,9Rede de arrasto 122 163 177 251 168 139 138 177 209 4,0Curral 127 - - - 237 237 228 170 186 3,1Cerco - 235 148 115 74 141 125 138 83 2,7Mergulho 51 95 203 150 110 75 65 38 38 2,1Outras 21 94 32 33 66 35 26 14 23 0,9

Figura 24 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe (a) e linha(b), em Pernambuco, entre os anos de 1993 a 2001.

Em Alagoas, as artes de pesca mais representativas foram a rede de arrasto, o emalhee a linha de mão (Tabela 14). As capturas da rede arrasto são compostas por camarões(Penaeidae), com 68% dos desembarques. Dentre os peixes, a pescada (Sciaenidae)representou 8% e a manjuba (Engraulidae) 1% do total capturado. Nas capturas realizadaspelo emalhe, a principal espécie foi a manjuba (Engraulidae), seguida da pescada (Sciaenidae)e do bagre (Ariidae) (Figura 25a). Para linha de mão, cinco espécies dominaram as capturas: osvermelhos (Lutjanus spp.), o xaréu (C. hippos), as cavalas (S. cavalla e A. solandri), o dourado(C. hippurus) e a arabaiana (Carangidae) (Figura 25b).

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Mororo7%

Camurin7%

Cação8%

Serra9%

Sardinha13%

Bagre14%

Pescada18%

Manjuba24%

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Atum2% Arabaiana

2%

Sardinha3%

Dourado3%

Cavala4%

Xareu26%

Vermelho31%

Outros29%

a

b

Tabela 14 - Desembarques totais, em toneladas, por arte de pesca empregada em Alagoas de1996 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Artes 1996 1997 1998 1999 2000 2001 %

Rede de arrasto 2.129 2.455 2.400 2.470 2.813 3.014 35,6

Emalhe 1.250 1.396 1.700 1.855 1.967 2.657 25,2

Linha 555 674 921 944 792 860 11,1

Cerco 419 1.246 590 930 581 579 10,1Tarrafa 130 244 332 339 496 414 4,6Coleta manual 286 348 202 216 206 289 3,6Ratoeira 10 60 353 481 339 261 3,5Ticuca 62 88 198 309 232 226 2,6Arrasto de praia 167 204 117 142 85 126 2,0Outras 83 74 83 101 202 233 1,8

Figura 25 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe (a) e linha(b), em Alagoas, entre 1996 e 2001.

Em Sergipe, a arte de pesca mais produtiva é a rede de arrasto, seguida da coletamanual e do emalhe (Tabela 15). A rede de arrasto captura, principalmente, camarões(Penaeidae), responsáveis por 80% dos desembarques. Os peixes mais importantes para estaarte foram a pescada (Sciaenidae), com 4%, seguida da carapeba (Gerreidae), com 1% do totaldas capturas. As capturas da coleta manual são representadas por duas espécies: o caranguejo(C. guanhumi) com 63%, e o sururu (M. falcata), responsável por 29% do total das capturas.As principais espécies capturadas pelo emalhe foram a pilombeta (Anchoviella spp.), seguida dacorvina (M. furnieri) e da pescada (Cynoscion spp.) (Figura 26).

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Bagre6%Outros

24%

Corvina7%

Pilombeta63%

Tabela 15 - Desembarques totais, em tonelada, por arte de pesca empregada em Sergipe de1996 a 2001 (Fonte: IBAMA).

Artes 1996 1997 1999 2000 2001 %

Rede de arrasto 1.795 2.195 2.497 2.333 2.180 58,9

Coleta manual 780 1.141 441 503 627 18,7

Emalhe 311 247 669 575 386 11,7Arrasto de praia 66 226 19 189 279 4,2Linha 181 112 91 125 198 3,8Armadilha fixa 14 51 8 137 144 1,9Outros 48 19 26 20 38 0,8

Figura 26 - Percentual de ocorrência das principais espécies capturadas pelo emalhe, emSergipe, entre 1996 e 2001.

3.4 DISCUSSÃO

Na região Nordeste, predominam embarcações à vela (74,1%), seguidas deembarcações a motor (23,1%) e a remo (2,8%) (IBAMA, 1991 - 2001). Para o ano de 1991,registram-se 4.476 embarcações na região, sendo 72,6% à vela, 23,3% a motor e 4,1% aremo. Apesar do número de embarcações ter aumentado desde aquele ano, em 257% (11.517em 2001), as proporções entre as categorias de embarcação à vela (70,9%), motor (23,4%) eremo (5,7%) se mantiveram. Da mesma forma, os desembarques amostrados pelo SCORE –NE, nos anos de 1998 a 2000, apresentaram uma predominância de embarcações à vela(62,4%), em relação a barcos motorizados (37,6%). Mesmo considerando o aumento donúmero de embarcações motorizadas de pequeno porte, em anos recentes, resultado do maioracesso ao credito bancário pelas Colônias de Pesca (Banco do Nordeste), em toda a região, opredomínio das embarcações à vela reflete também o baixo custo de construção e manutenção,aliados às condições climáticas favoráveis, que propiciam ventos fortes ao longo de todo ano.Nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, as embarcaçõesà vela constituíram mais de 60% do total de barcos (IBAMA, 1991 a 2001). Essa tendência sereflete, principalmente, nas amostras do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas.

A captura de organismos marinhos no Nordeste é realizada, principalmente, pela pescaartesanal, praticada com tecnologia tradicional e baixa autonomia de navegação (Araújo et al.,1996). Segundo Paiva (1997), esta frota artesanal contribui com cerca de 75% das capturas,que são caracterizadas por elevada riqueza de espécies e baixas biomassas específicas. Ocaráter artesanal da exploração está em consonância com a baixa densidade dos estoques(Araújo, 2002), sendo a exploração artesanal uma condicionante, inclusive em função daescassez de recursos pesqueiros de maior densidade, disponíveis à exploração industrial (Barroset al., 1996).

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Dentre as embarcações à vela, os botes e jangadas participaram com os maioresdesembarques, sendo os botes mais freqüentes no Rio Grande do Norte e as jangadas noCeará. Botes possuem maior autonomia no mar e melhores acomodações, proporcionandoviagens mais longas e, consequentemente, maiores produções. A participação das embarcaçõesà vela no Ceará, relatada pelo ESTATPESCA, foi a maior dentre todos os estados (74,2%). Damesma forma, a frota amostrada pelo SCORE – NE, no estado, esteve totalmente composta porembarcações à vela, resultado da exclusão da pesca de lagostas, onde predominam asembarcações motorizadas. No entanto, ainda que as embarcações à vela predominem e tenhamprodução expressiva, as embarcações motorizadas foram responsáveis por 53,4% dosdesembarques e 60,4% da produção, em peso, em toda a região. Entre essas, o botecontribuiu com a maior parte dos desembarques (37,8%), sendo a embarcação motorizadamais freqüente (33%) e mais produtiva (36,6%). O saveiro a motor, que está restrito a Bahia,onde é construído, representa 22,6% da produção de todo o Nordeste.

Nos desembarques acompanhados pelo ESTATPESCA (IBAMA, 1991-2001), asembarcações à vela foram responsáveis pela maior parte da produção (58,2%), as motorizadasrepresentaram 40,7% e aquelas a remo 1,1%. Estes resultados, quando comparados àquelesobtidos pelo Programa de Amostragem do SCORE – NE, apresentaram diferenças quanto àparticipação das categorias vela e motor, considerando-se, porém, que os desembarquesacompanhados pelo SCORE – NE foram direcionados às embarcações atuantes nas áreascosteira e oceânica, enquanto as estatísticas geradas pelo IBAMA incluem, também, zonasestuarinas, onde opera um grande número de embarcações à vela, correspondentes a 25% dototal, contra 19,7% do SCORE – NE.

A frota do Ceará tem buscado a explotação de pesqueiros da costa Norte, operando atéo Amapá e desembarcando nos portos de Fortaleza e Camocim (Paiva, 1997), com o empregode lanchas e botes a motor de grande porte. O deslocamento da frota para a região Nortecontribui para explicar a ausência, nas amostragens de desembarques, da frota motorizada doCeará, uma vez que a atuação na costa da região Norte ultrapassa os limites do SCORE – NE.

No norte da Bahia, os desembarques de Arembepe foram compostos apenas por barcosmotorizados. Atualmente, não existem embarcações à vela nessa localidade, o que se atribui aincentivos governamentais e políticas estaduais de substituição da frota por barcos motorizados,além de financiamentos para aquisição de motores ou adaptações tecnológicas (Vasconcelos,2000). A ausência de um programa de estatística pesqueira no norte da Bahia, no período deestudo, inviabilizou a obtenção de informações mais completas, que levassem a uma melhorcompreensão da dinâmica da frota naquele estado. Entretanto, segundo estimativas daProdução da Pesca Extrativa Marítima Brasileira (IBAMA, 1991-1998), o estado de maiorprodução na região Nordeste é a Bahia (39,8%).

O Ceará aparece como o segundo estado nordestino de maior produção pesqueira(26,6%), seguido do Rio Grande do Norte (13,4%) (IBAMA, 1991-2001). Paraíba, Pernambuco,Alagoas e Sergipe representam, juntos, 20,3% do total desembarcado, observando-se umincremento de 19,4% do total capturado no ano de 2000, em relação a 1991. Nas amostragensdo SCORE – NE, a maior participação nos desembarques foi registrada para o norte da Bahia(33%), parte do litoral do estado selecionada para as amostragens; seguida do Ceará (31,5%);com Alagoas e Pernambuco, somados, representando 22,3%, e o Rio Grande do Norte 13,2%do total. Ainda que o Programa de Amostragem do SCORE – NE não tenha abrangido o mesmonúmero de pontos de desembarques monitorados pelo IBAMA, os resultados tiveram a mesmamagnitude, confirmando Bahia e Ceará como os estados de maior potencial pesqueiro daregião.

Estudos sobre o potencial pesqueiro da costa do Nordeste afirmam que 200.000 a275.000 t poderiam ser explotadas anualmente. Desse total, 100.000 t corresponderiam aopotencial dos recursos pelágicos e, entre 100.000 e 175.000 t, aos recursos demersais(REVIZEE, 1998). Pescarias experimentais, com a utilização de hidroacústica, indicaram umabiomassa de 480.000 t para a região (Paiva, 1997), o que pode ser considerada umaprospecção bastante otimista quando considerados os volumes explotados atualmente e os

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sinais de exploração plena, ou sobrepesca, que apresentam a maioria dos estoques costeiros.Apesar das projeções, Paiva (1997) indicou que a produção totaliza, apenas, 70.000 t anuais,idêntico ao estimado pelo Programa ESTATPESCA (IBAMA), de 71.000 t por ano. Mesmo seconsiderando as estimativas anteriormente citadas, a produção atual representa, somente, 14%do total desembarcado no país, com índices de captura em franco declínio, como os observadospara as lagostas (Panulirus argus e P. laevicauda) e o pargo (Lutjanus purpureus) (MMA, 1997),que alertam para a situação dos recursos pesqueiros tradicionalmente explorados no Nordeste.

Em relação ao desenvolvimento da exploração pesqueira, condições ambientais, como apresença permanente de uma forte termoclina, que dificulta movimentos verticais de águasmais profundas e, assim, inibe o transporte de nutrientes para a zona eufótica, contribuem paraa oligotrofia do ambiente (Peterson & Stramma, 1991) e limitam as expectativas dedesenvolvimento. Assim, quaisquer medidas que visem o aumento do esforço de pesca para oincremento da produção devem considerar essa característica regional, bem como o estado deexploração dos estoques, próximo ou além do limite máximo sustentável (REVIZEE, 2000).

Em relação às artes de pesca, dados do IBAMA indicam a predominância da linha demão (34,3%), que tem seu emprego associado à possibilidade de captura de espécies degrande porte e elevado valor comercial. Esse petrecho possui uma série de modalidades,dependendo do local de atuação (superfície ou fundo), direcionando-se à espécies de hábitosdistintos: demersais, pelágicos ou de superfície. Devido à sua ampla utilização na região, essaarte foi priorizada pelo SCORE – NE, representando a maior parte da amostra (84,6%). A redede emalhar, por sua vez, foi a segunda arte de pesca mais representativa nas amostragens doSCORE – NE (20,6%) e, também, nos registros do IBAMA (27,1%). Um fator que contribui paraa menor utilização do emalhe é o menor valor comercial das espécies capturadas, quandocomparadas àquelas capturadas com linha.

Muitos outros aparelhos de pesca são utilizados no Nordeste, em menor proporção. Nopresente estudo, o covo para peixe e a rede de cerco apresentaram baixas freqüências deutilização e pequena produção, sendo utilizadas, principalmente, no estado de Pernambuco. Aprodução dos covos, atualmente, representa 1,4% e o cerco 1% das capturas nesse estado. Arede de emalhe para peixe-voador, utilizada no Rio Grande do Norte, constitui-se numa arteimportante durante a safra dessa espécie na região. Nas estatísticas do IBAMA, aparecemoutras artes de pesca que possuem caráter eminentemente de subsistência (arrasto de praia,coleta manual, covo de lagosta), mas que, no entanto, apresentam alta produtividade devido àforte demanda por esses recursos, que são comercializados localmente em bares, restaurantese supermercados.

As profundidades de atuação da frota artesanal da região Nordeste não ultrapassam,em sua maioria, 250 metros, explorando espécies demersais como Lutjanus analis (cioba), L.jocu (dentão), L. synagris (ariocó), L. vivanus (pargo-olho-de-vidro) e L. chrysurus (guaiúba),além daquelas de hábitos pelágicos, como Coryphaena hippurus (dourado), Hirundichthysaffinis (peixe-voador), Scomberomorus brasiliensis (serra) e S. cavalla (cavala), espéciesescolhidas como alvo pelo SCORE-NE do Programa REVIZEE. O peso dessas espécies, somado,representaram 40,6% dos desembarques na região. Quando a elas se somam as produçõesrelativas a Seriola dumerili (arabaiana), Mycteroperca bonaci (sirigado) e Caranx latus(Guaracimbora), esse percentual atinge 65,25%. Essas últimas espécies não foram eleitas parafins de estudos da dinâmica populacional, mas representam importantes recursos de exploraçãona plataforma continental do Nordeste.

As espécies pelágicas oceânicas Thunnus albacares (albacora-laje), T. atlanticus, T.obesus e Acanthocybium solandri (cavala-empinge) representaram 8,25% dos desembarques,em peso, percentual esse que pode ser considerado expressivo, devido ao alto valor comercialdessas espécies, distribuídas em áreas oceânicas e de quebra da plataforma continental (Barroset al., 1996). O acesso às espécies oceânicas tem sido indicado como saída para manterrendimentos satisfatórios, ainda que essa prática não alivie o esforço sobre os recursoscosteiros.

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No tocante aos desembarques das espécies-alvo do Programa REVIZEE, de umamaneira geral, nota-se que houve aumento nas capturas até o final da década de 70, masesses volumes sofreram importantes reduções entre 1977 e 1978. Isso pode estar relacionado àintrodução de políticas de incentivos, implantadas no final da década de 60 através do Decreto-Lei nº 221, que proporcionaram o aumento da frota, levando algumas espécies a uma situaçãode intensa exploração, situação que só foi superada nas décadas seguintes, quando o esforçose estabilizou.

Por fim, no que se refere a qualidade dos dados pesqueiros divulgados no país, de ummodo geral, observam-se conflitos de informações entre as diversas fontes consultadas, alémde subestimações e repetições de volumes totais desembarcados, ao longo de diversos anos,que conferem uma limitada confiabilidade aos dados oficiais disponíveis do Nordeste, comconseqüências para a confiabilidade nas avaliações dos estoques baseadas nesses dados.Apesar desses problemas, considera-se que as tendências no comportamento dosdesembarques possam ser utilizadas, pois refletem padrões gerais para diversas espécies econcordam com os dados obtidos pelas amostragens do SCORE – NE.

Extrapolações de capturas feitas para o Nordeste, maiores do que para o país como umtodo, também foram observadas, como resultado de diferentes metodologias para a geração dedados dos diversos órgãos envolvidos com a Estatística Pesqueira (Exemplo: Scomberomorusbrasiliensis; Hirundichthys affinis). Segundo Ferreira et al. (2003), os principais problemas que aestatística pesqueira nacional tem sofrido, e com ela os pesquisadores da pesca, são: (a)descontinuidade da coleta de dados confiáveis; (b) falta de padronização e correspondênciaentre os estados, quanto aos volumes das categorias de pescado e espécies equivalentes; (c)falta de padronização na metodologia de cálculo entre os estados; (d) tratamento dos dados deforma multi-específica para as categorias de pescado. Além disso, a publicação de dadosrepetidos nos anos de 1990 a 1995 e as diferenças na metodologia aplicada pela BAHIAPESCA epelo ESTATPESCA interromperam a seqüência histórica, além de impossibilitarem comparaçõesentre estados ou regiões. Outro problema é o fato de que os dados são relativos apenas àprodução, o que limita as observações das tendências da pesca que devem ter incorporadovariações significativas do esforço de pesca, no período analisado (Rezende & Ferreira, 2000 inFerreira et al., 2003).

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CAPÍTULO 4 - PROGRAMA DE AMOSTRAGEM DO SCORE – NE:ANÁLISE DOS DESEMBARQUES

Rosângela Lessa e Marcelo Francisco de Nóbrega

A frota pesqueira atuante na ZEE Nordeste, sediada em quatro regiões definidas (norteda Bahia, Alagoas e Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará), operou em diversospesqueiros localizados pelos próprios pescadores:

- NORTE DA BAHIA

Os pesqueiros identificados da frota artesanal do norte da Bahia, foram divididos emcinco áreas: 1 – pedras ( 34 a 42 m de profundidade); 2 – baixios (47 a 51 m deprofundidade); 3 – meia - peça (mais de 59 m de profundidade); 4 – parede (102 a 199 m deprofundidade); 5 – fundo da parede (170 a 250 m de profundidade).

Os pesqueiros se distribuem entre 11º 49’ S a 13º S e 37º 20’ W a 38º 15’ W. As 67áreas se localizam de Jauá (Sul de Arembepe) até próximo da divisa do Estado de Sergipe, comdistância de 78 milhas (Figura 27). São 21 os pesqueiros na região de Arembepe, entre 1,5 até78 milhas da costa. A frota quando se desloca para pesqueiros mais distantes, o faz em direçãoao Norte do estado. Este deslocamento ocorre principalmente no verão, de outubro a março,sendo realizado apenas por barcos maiores de 9 metros, em viagens mais longas, acima de 3noites.

- ALAGOAS E PERNAMBUCO

Foram listados para a frota de Maceió 72 pesqueiros. A área de atuação dessa frota éde 8º 55’ S a 10º 40’ S de latitude e 34º 50’ W a 36º 10’W de longitude. A distância dessespesqueiros variou de 2 a 30 milhas da costa. As profundidades estão entre de 22 a 236 metros.A frota se desloca para o Sul até a foz do Rio São Francisco na divisa com Sergipe, e para oNorte até Pernambuco, aproximadamente.

No estado de Pernambuco, há registro de 117 áreas exploradas pela frota. Asprofundidades variam de 15 a 242 metros, 1 a 30 milhas distantes da costa. A área écompreendida entre 7º 30’ S a 9º 10’ S e 34º 26’ W a 34º 58’ W (Figura 28). Ao Norte, asembarcações alcançam a Paraíba, e ao Sul se deslocam até as proximidades de Porto de Pedras(AL). Além das áreas de exploração citadas acima, a frota de embarcações motorizadas,principalmente botes a motor, sediada em Pernambuco, se desloca até o Sul de Alagoas, e aoNorte, até as proximidades do Cabo Calcanhar (RN) (Figura 29).

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10ºS

8ºS

6ºS

4ºS

LATI

TUD

E

FORTALEZA

NATAL

JOÃO PESSOA

RECIFE

MACEIÓ

naíba

Capon

g

Caiçara

do

Norte

Baía Formosa

Pontas de PedraIlha de Itamaracá

Porto de GalinhasTamandaré

São José daCoroa Grande

Região Nordeste BRASIL

42ºW 40ºW 38ºW 36ºW 34ºW 32LONGITUDE

14ºS

R io G rande do N orte

A lagoas

12

3

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6

7

89

10

11

12

13

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1516

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30

31

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57

5859

60

6162

6364

65

66

67

39.0ºW 38.6ºW 38.2ºW 37.8ºW 37.4ºWLONGITUDE

13.1ºS

12.9ºS

12.7ºS

12.5ºS

12.3ºS

12.1ºS

11.9ºS

LATI

TUD

E BAHIA

Salvador

Baía de Todosos Santos

Arembepe

Figura 27 – Distribuição das áreas exploradas pela frota do norte da Bahia (Arembepe), entreabril de 1998 a março de 2000.

Figura 28 – Localização das áreas utilizadas pela frota artesanal de Pernambuco, de 1998 a2000.

Figura 29 – Deslocamento (Tracejado) da frota sediada em Pernambuco, de 1998 a 2000.

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- RIO GRANDE DO NORTE

Na costa oriental do Rio Grande do Norte, foram registradas 23 áreas frequentadas pelafrota de Baía Formosa, com distâncias de 2 a 32 mn da costa e profundidades entre de 22 e542 m. Ao Sul, essa frota se desloca até a divisa do Estado da Paraíba, aproximadamente até aaltura de Baía da Traição (PB). Na costa setentrional, foram registrados 10 pesqueiros utilizadospela frota de Caiçara do Norte, tendo como limite a cidade de Macau (RN), em distâncias dacosta entre 3 e 36 mn e com profundidades de 22 a 1.000 m, aproximadamente, onde a frotaopera completamente fora da plataforma continental, no início do domínio oceânico. Nessaregião, encontra-se a chamada “água do peixe-voador” (Figura 30), que é freqüentada pelafrota de Caiçara do Norte na safra da espécie Hirundichthys affinis (abril a julho). A áreafreqüentada pela frota do Rio Grande do Norte, em geral, teve como limites 4º 38’ a 6º 30’ S e34º 43’ a 36º 40’ W. A frota sediada em Natal e Baía Formosa operou até o sul da Paraíba,enquanto aquela de Caiçara do Norte pode se deslocar ao longo da costa do Ceará (Figura 30).

Figura 30 - Localização da área denominada “água do peixe-voador”, frequentada pela frota doRio Grande do Norte, e deslocamento da frota de Caiçara do Norte (A) e Baía Formosa (B).

- CEARÁ

As áreas de pesca registradas no Ceará estão localizadas entre 2º10’ e 4º10’ S, e de37º20’ a 41º50’ W, e são em número de 35. A área utilizada pelas embarcações à vela daCaponga tem as características: 1 - área mais próxima a costa, com profundidade de 20 m,utilizada principalmente por pequenas embarcações (pescarias de 1 dia). 2 - área intermediária,com profundidades variando entre 30 a 60 m e pescarias com duração de 2 a 3 dias. 3 - áreamais distante da costa, com profundidades que variam entre 40 a 189 metros, utilizada porembarcações maiores e em períodos mais longos (3 a 5 dias).

Na região de Fortaleza, foram identificadas duas grandes áreas de pesca, utilizadas pelafrota à vela: 1 - plataforma continental - situada em frente a cidade de Fortaleza, comprofundidades de 20 a 35 m; 2 - talude continental - a profundidade varia de 35 a 210 m. Afrota amostrada em Camocim se desloca para leste até as proximidades da Ponta deJericoacoara, e a oeste até a foz do Rio Parnaíba. A profundidade de atuação dessasembarcações variou de 10 a 210 m. Em ambas as localidades, embarcações motorizadas sedeslocam até a região Norte (Pará) e outras operam até a costa da Bahia (Figura 31). Asembarcações que realizam desembarques em Fortaleza e Camocim, oriundos da exploração daregião Norte, não foram registradas, pois extrapolariam o limite do SCORE – NE.

6ºS

4ºS

2ºS

LATI

TUD

E

FORTALEZA

NATAL

JOÃO PESSOA

Parnaíba

Pedr

a do S

al

Coque

iros

Camoc

im

Capon

ga

Caiçara

do

Norte

Baía Formosa

Pontas de PedraIlh d It áRegião Nordeste

42ºW 40ºW 38ºW 36ºW 34ºW 32ºWLONGITUDE

14ºS

Cea rá

P a r a íb a

A

B

Água do Voador

46

42ºW 40ºW 38ºW 36ºW 34ºW 32ºWLONGITUDE

14ºS

12ºS

10ºS

8ºS

6ºS

4ºS

2ºS

LATI

TUD

E

FORTALEZA

NATAL

JOÃO PESSOA

RECIFE

MACEIÓ

ARACAJU

SALVADOR

Parnaíba

Pedr

a do S

al

Coque

iros

Camoc

im

Capon

ga

Caiçara

do

Norte

Baía Formosa

Pontas de PedraIlha de Itamaracá

Porto de GalinhasTamandaré

São José daCoroa Grande

Arembepe

Região Nordeste BRASIL

Pará

Bahia

Figura 31 – Deslocamento (tracejado) da frota motorizada de Fortaleza e Camocim.

Em toda a região de estudo, foram listadas 324 áreas de pesca (pesqueiros), desde 13ºS e 37º20’ W a 38º 15’ W (Bahia) até 2º 10’ S a 4º 10’ S e 41º 50’ W (Piauí), comprofundidades de 7,5 a 1.000 m, distantes de 1 a 35 mn da costa (Figura 32).

Figura 32 – Pesqueiros (+) identificados nas amostragens, onde operam as frotas motorizadase à vela que empregam linhas de mão de fundo e superfície; redes de emalhar de espera, parapeixe-voador e de cerco, e covos para peixes.

47

Das capturas com linhas de mão, redes de emalhar e de cerco, empregadas no norteda Bahia exclusivamente pela frota motorizada entre abril de 1998 e março de 2000, foicoletada uma amostra total de 30.468 exemplares de peixes, em 694 desembarques, compostapor 98 espécies que corresponderam a 68,49 t. Em Alagoas e Pernambuco, os desembarquesde linhas, redes e covos, das frotas a motor e à vela, incluíram 22.922 indivíduos queperfizeram 46,1 t de peixes, em 744 desembarques. A exemplo desses estados, nas capturascom linhas, redes e covos das frotas motorizadas e à vela do Rio Grande do Norte, foramamostrados 10.572 exemplares de peixes em 761 desembarques, de janeiro de 1998 a marçode 2000, registrando-se um volume de 27,35 t. No Ceará, onde foi acompanhada apenas afrota à vela, 802 desembarques totalizaram 65,4 t e 31.900 espécimes de peixes, capturadoscom linhas e redes. Nesse estado, a amostragem desenvolveu-se entre fevereiro de 1999 emarço de 2000.

4.1 FROTA DE LINHA DE MÃO

A linha de mão no norte da Bahia correspondeu a 91% dos desembarques e 94%(64,40 t) do volume da amostra total, com os botes representando 24,3% do número dedesembarques e 30% do volume desembarcado, e os saveiros com 75,7% e 70% dosdesembarques e do peso descarregado, respectivamente (Tabelas 16 e 17). Ali, a produção dosbotes, em peso, foi maior no primeiro e quarto trimestres (Figura 33a) e a dos saveiros noterceiro e no quarto (Figura 33b).

Em Alagoas e Pernambuco, os botes a motor representaram 90,8% das embarcações,96,3% do número de desembarques e 97,1% do peso capturado com linha de mão (Tabelas 16e 17). Registrou-se maior produção em 1999 do que em 1998, com diferença significativa nopeso ao longo do ano (Figura 34).

No Rio Grande do Norte, esse petrecho correspondeu a 85,3% dos desembarques e a71,6% do volume desembarcado (Tabelas 16 e 17), observando-se os maiores desembarquesdos botes motorizados no terceiro e quarto trimestres (Figura 35a) e, para aqueles à vela, nosegundo e no quarto (Figura 35b), com diferença significativa no peso desembarcado ao longodo ano, para ambas as frotas.

No Ceará, a linha foi responsável por 64,6% dos desembarques e 83,2% do peso daamostra (Tabelas 16 e 17), com as jangadas (Figura 36a) tendo os maiores desembarques nosegundo e quarto trimestres de 1999 e primeiro de 2000, as canoas (Figura 36b) no segundotrimestre de 1999, os paquetes (Figura 36c) no terceiro trimestre de cada ano e os botes nosegundo e quarto trimestres havendo, também, diferença significativa no peso entre ostrimestres.

• PERÍODO DE OPERAÇÃO

Operações com linha, realizadas em período integral pelos botes do norte da Bahia,corresponderam a 52,1%, enquanto as atuações exclusivamente diurnas ou noturnastotalizaram 21,9% e 26%, respectivamente. Igualmente, os saveiros atuaram, em sua maioria,em período integral (46,6%), enquanto pescarias exclusivamente noturnas corresponderam a27% e diurnas a 26,4%. A frota de Alagoas e Pernambuco também teve maior atuação noperíodo integral (86,2%), comparado às operações diurnas (10,2%) ou noturnas (3,6%). Parao Rio Grande do Norte, observou-se que os botes motorizados operaram, mais comumente, noperíodo diurno (79,3%) do que nos períodos integral (13,3%) e noturno (7,5%), enquanto oregime integral foi predominante (48,8%) para as embarcações à vela, seguido pelo diurno(35,8%) e noturno (15,4%). No Ceará, as jangadas operam em maioria no período integral(78,5%), enquanto as canoas atuaram tanto no regime integral (48,3%) quanto no diurno(48,3%).

48

Tabela 16 - Número de desembarques e de embarcações amostradas das frotas que empregamlinha de mão nos estados do norte da Bahia (BA), Alagoas e Pernambuco (ALPE), Rio Grandedo Norte (RN) (abril de 1998 a março de 2000) e Ceará (CE) (fevereiro de 1999 a março de2000).

BA ALPE RN CETRIMESTRE Desembarques

(n)Embarcações

(n)Desembarques

(n)Embarcações

(n)Desembarques

(n)Embarcações

(n)Desembarques

(n)Embarcações

(n)Jan. - Mar.

1998 - - - - 17 17 - -

Abr. - Jun.1998 56 24 20 11 109 66 - -

Jul. – Set.1998 99 34 36 20 120 68 - -

Out - Dez.1998 77 34 35 23 107 74 - -

Jan. - Mar.1999 71 35 52 29 60 41 35 30

Abr. - Jun.1999 86 32 89 50 71 34 134 96

Jul. - Set.1999 71 29 67 31 90 36 124 85

Out - Dez.1999 102 42 87 45 33 25 117 82

Jan. - Mar.2000 72 43 52 26 42 31 108 85

Total 634 273 438 235 649 392 518 378

Tabela 17 – Embarcações, número e freqüência relativa dos desembarques e produção,registrados para as frotas que empregam linha de mão nos estados do norte da Bahia (BA),Alagoas e Pernambuco (ALPE), Rio Grande do Norte (RN) (abril de 1998 a março de 2000) eCeará (CE) (fevereiro de 1999 a março de 2000).

ESTADO CATEGORIA DASEMBARCAÇÕES PROPULSÃO EMBARCAÇÕES

(n)DESEMBARQUES

(n)DESEMBARQUES

(%)PRODUÇÃO

(t)

Bote Motor 17 154 24,3 19

Saveiro Motor 33 480 75,7 45BA

Total Motor 50 634 100 64

Bote Motor 109 423 96,3 38.200

Jangada, bote epaquete Vela 11 15 3,7 1.121AL

PE

Total Motor e vela 120 438 100 39.321

Bote Motor 85 220 33,9 10.287

Bote Vela 114 420 64,7 9.145

Paquete Vela 5 9 1,4 163

RN

Total Motor e vela 204 649 100 19.595

Jangada Vela 153 360 69 29.504

Canoa Vela 62 78 15 5.054

Paquete Vela 35 52 10 3.480

Bote Vela 22 28 5 16.368

CE

Total Vela 272 518 100 54.406

49

0

2500

5000

7500

10000

2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trimestres

Prod

ução

(Kg

)

Figura 33 – Produção (Kg) dos desembarques da frota de botes (a) e saveiros (b) queempregou linha de mão no norte da Bahia, de abril de 1998 a março de 2000.

Figura 34 - Produção desembarcada pela frota de botes de linha de mão de Alagoas ePernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.

Figura 35 - Produção desembarcada pelas frotas de botes a motor (a) e à vela (b), queempregaram linha de mão no Rio Grande do Norte, de janeiro de 1999 a março de 2000.

0

1000

2000

3000

4000

5000

2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

T r im estre s

Pro

du

ção

(K

g)

0

2200

4400

6600

8800

2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

T r im estre

Pro

du

ção

(K

g)

a

b

0

1 0 0 0

2 0 0 0

3 0 0 0

4 0 0 0

5 0 0 0

2 º- 9 8 3 º- 9 8 4 º- 9 8 1 º- 9 9 2 º- 9 9 3 º- 9 9 4 º- 9 9 1 º- 0 0

T r im e s tr e s

Pro

du

ção

(K

g

0

2 2 0 0

4 4 0 0

6 6 0 0

8 8 0 0

2 º- 9 8 3 º- 9 8 4 º- 9 8 1 º- 9 9 2 º- 9 9 3 º- 9 9 4 º- 9 9 1 º- 0 0

T r im e s tr e

Pro

du

ção

(K

g

a

b

50

Figura 36 - Produção desembarcada pela frota de jangadas (a), canoas (b) e paquetes (c) àvela, que empregaram linha de mão no Ceará, entre fevereiro de 1999 e março de 2000.

• PROFUNDIDADE DE ATUAÇÃO

Os botes do norte da Bahia exploram áreas entre 7,5 e 245 m de profundidade, commaiores médias no primeiro semestre de 1999 (Figura 37a), enquanto os saveiros operaramentre 15 e 248,5 m, explorando profundidades maiores no segundo trimestre de cada ano(Figura 37b). Os botes motorizados de Alagoas e Pernambuco operaram entre 18 e 247 m, comdiferença significativa entre os trimestres (Figura 38), o que também se verificou para asjangadas à vela, que atuaram de 16,5 a 97,5 m.

No Rio Grande do Norte, as profundidades de atuação das embarcações a motor(Figura 39a) e à vela (Figura 39b), entre 7,5 e 1.000 m, foram significativamente maiores nosegundo trimestre. Nas pescarias do Ceará, a frota de linha operou em profundidades de 6 a210 m (Tabela 18), sendo notável a ausência de um padrão de profundidades de atuação dasjangadas, em relação aos trimestres (Figura 40a), e o fato das canoas terem profundidadesmédias e máximas mais altas no quarto trimestre, porém sem diferença significativa ao longodo ano (Figura 40b).

0

2 0 0 0

4 0 0 0

6 0 0 0

8 0 0 0

1 0 0 0 0

1 º-9 9 2 º-9 9 3 º-9 9 4 º-9 9 1 º-0 0

T rim e st re s

Pro

du

ção

(K

g)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trimestres

Produç

ão (

Kg)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

T rimest re s

Pro

du

ção

(K

g)

a

b

c

51

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

40

80

120

160

200

240

280

3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

40

80

120

160

200

240

2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

40

80

120

160

200

240

280

2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

a

b

Figura 37 - Profundidades mínima, média e máxima de atuação das frotas de botes (a) esaveiros (b) a motor, que empregaram linha de mão em Arembepe - BA, de abril de 1998 amarço de 2000.

Tabela 18 - Tipo de embarcação, categoria, dias de pesca, profundidades de atuação e númerode pescadores, para a frota de jangadas, canoas, paquetes e botes à vela que empregaramlinha de mão, de fevereiro de 1999 a março de 2000, no estado do Ceará.

CATEGORIA PROPULSÃO DIAS DE PESCA PROFUNDIDADE (m) TRIPULAÇÃO

Jangada Vela 0,5 a 7 22,5 a 210 1 a 5

Canoa Vela 0,5 a 9 6 a 108 2 a 5

Paquete Vela 0,5 a 4 - 1 a 4

Bote Vela 0,5 a 22 9 a 189 4 a 8

Figura 38 - Profundidades mínimas, médias e máximas de atuação da frota de botes a motor,que utiliza a linha de mão em Alagoas e Pernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.

52

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

100

200

300

400

500

1º - 99 2º - 99 3º - 99 4º - 99 1º - 00

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

100

200

300

400

500

600

1º - 99 2º - 99 3º - 99 4º - 99 1º - 00

a

b

Figura 39 - Profundidades mínimas, médias e máximas de atuação das frotas de botes a motor(a) e à vela (b) que empregam linha de mão no Rio Grande do Norte (janeiro de 1999 a marçode 2000).

• TEMPO DE PESCA

A duração média das pescarias no norte da Bahia, tanto dos botes quanto dos saveiros,foi de 2 dias, com significativas variações ao longo do ano e viagens mais longas no primeirotrimestre para os botes (Figura 41a) e no segundo para os saveiros, embora sem diferençassignificativas na totalidade do período considerado (Figura 41b).

O tempo de pesca dos botes motorizados de Alagoas e Pernambuco variou entre 0,5 e17 dias, com média de 4 dias, enquanto as jangadas à vela tiveram viagens de 0,5 a 1 dia,caracterizando-se como pescarias de “ida e vinda”.

No Rio Grande do Norte, as viagens das embarcações a motor tiveram maiores médiase amplitudes no primeiro trimestre, com diferenças significativas ao longo do ano (Figura 42a),enquanto aquelas à vela tiveram durações médias e amplitudes maiores nos primeiro e quartotrimestres (Figura 42b).

As pescarias de linha do Ceará tiveram duração entre 0,5 e 22 dias, com médiasligeiramente mais altas no quarto e primeiro trimestres para as jangadas, sem diferençasignificativa para o tempo de pesca. As canoas realizaram viagens mais longas nos doisprimeiros trimestres do ano (0,5 a 9 dias) e mais curtas no terceiro (0,5 a 1 dia), apresentandodiferença significativa na duração da pesca ao longo dos trimestres. Para os paquetes, aspescarias de maior duração ocorreram nos primeiro e segundo trimestres (Figura 43a),enquanto os botes realizaram viagens mais longas no segundo e no terceiro, registrando-sediferenças significativas no tempo de pesca dessas duas categorias ao longo do períodoanalisado (Figura 43b).

53

Trimestres

Dia

s de

pes

ca

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2º - 98 3º - 98 4º - 98 1º - 99 2º - 99 3º - 99 4º - 99 1º - 00

Trimestres

Dia

s de

pes

ca

0

1

2

3

4

5

6

7

2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

a

b

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

20

40

60

80

100

120

2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

40

80

120

160

200

240

1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

a

b

Figura 40 - Profundidades mínimas, médias e máximas de atuação das frotas de canoas (a) ejangadas (b) à vela, que empregaram linha de mão no Ceará, no período de fevereiro de 1999a março de 2000.

Figura 41 - Tempo efetivo de atuação mínimo, médio e máximo em dias, das frotas de botes(a) e saveiros (b) a motor que empregaram linha de mão em Arembepe - BA, entre abril de1998 e março de 2000.

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Dia

s de

pes

ca0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

1º - 982º - 98

3º - 984º - 98

1º - 992º - 99

3º - 994º - 99

1º - 00

Trimestres

Dia

s de

pes

ca

0

1

2

3

4

5

6

7

1º - 982º - 98

3º - 984º - 98

1º - 992º - 99

3º - 994º - 99

1º - 00

a

b

Trimestres

Dia

s de

pes

ca

0

1

2

3

4

5

1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trimestres

Dia

s de

pes

ca

0

4

8

12

16

20

24

2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

a

b

Figura 42 - Dias de atuação das frotas de botes a motor (a) e à vela (b) que empregaram linhade mão no Rio Grande do Norte, de janeiro de 1998 a março de 2000.

Figura 43 - Dias de atuação das frotas de paquetes (a) e botes (b) à vela que empregam linhade mão no Ceará, de fevereiro de 1999 a março de 2000.

55

• FASES DA LUA

A produção, em peso, dos botes do norte da Bahia foi maior na lua nova, com diferençasignificativa no volume desembarcado entre as fases lunares, enquanto, para os saveiros, osmaiores desembarques ocorreram nas luas nova e quarto minguante, sem diferençasignificativa (Tabela 19).

Os desembarques de Alagoas e Pernambuco foram significativamente maiores na luacheia (Tabela 19).

No Rio Grande do Norte, os desembarques tanto da frota a motor quanto à vela forammaiores sob a lua nova (Tabela 19), mas apenas as velas tiveram desembarquessignificativamente distintos em relação às fases lunares.

Para as jangadas do Ceará, o peso dos desembarques foi estatisticamente distinto entreas fases da lua, com quarto minguante apresentando maior produção. O peso desembarcadopelas canoas não apresentou variações ao longo do ano em relação à lua. Os desembarquesmais expressivos dos paquetes foram obtidos na lua minguante, com diferença significativa daprodução em relação às fases. Para os botes, a lua nova influenciou os maiores desembarques(Tabela 19), também com diferenças significativas em relação às fases da lua.

Tabela 19 - Peso (Kg) dos desembarques das frotas que empregam linha de mão em Arembepe(BA), Alagoas e Pernambuco (ALPE), Rio Grande do Norte (RN) e Ceará (CE), em relação àsfases da lua, entre abril de 1998 e março de 2000. (%) corresponde ao percentual do total.

FASES DA LUACheia Minguante Nova Crescente TOTALESTADOS CATEGORIA PROPULSÃO

(Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg)

Bote Motor 2.306 11,7 4.454 22,7 8.812 44,8 4.080 20,8 19.652

BA

Saveiro Motor 9.701 21,5 13.294 29,5 13.505 30,0 8.545 19,0 45.045

ALPE Bote Motor 1.167 33,4 713 20,4 731 20,9 883 25,3 3.494

Bote Motor 2.048 14,2 4.828 33,5 3.953 27,4 3.576 24,8 14.405

RN

Bote Vela 1.171 21,4 916 16,7 1.549 28,3 1.838 33,6 5.474

Jangada Vela 6.902 23,4 8.578 29,1 7.961 27,0 6.014 20,4 29.455

Canoa Vela 988 19,5 2.066 40,9 1.146 22,7 853 16,9 5.053

Paquete Vela 781 22,5 1.425 41,0 460 13,2 813 23,4 3.479

CE

Bote Vela 2.186 13,4 1.946 11,9 11.626 71,0 611 3,7 16.369

• TRIPULAÇÃO

Dois a seis é o número de tripulantes nas operações com linhas da frota do norte daBahia. Em Alagoas e Pernambuco, esse número ficou entre 1 e 5, entretanto sem haverdiferença significativa ao longo do ano. A frota de botes motorizados do Rio Grande do Norteoperou com uma tripulação de 1 a 5 pescadores, enquanto as embarcações à vela foramtripuladas por 2 a 8 homens. No Ceará, as embarcações desenvolveram as pescarias com umatripulação composta de 1 a 8 pescadores.

56

4.1.4 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS

A composição dos desembarques de linha do norte da Bahia apresentou 92 espécies de26 famílias de peixes, sendo 78 espécies de 21 famílias de peixes ósseos e 14 espécies de 5famílias de cartilaginosos, com maior número de espécies para Carangidae (16), Serranidae(12), Lutjanidae (10), Scombridae (10) e Carcharhinidae (7) (Anexo II).

Os maiores volumes desembarcados no norte da Bahia pertenceram a Carangidae(Caranx latus, Seriola dumerili e Elagatis bipinnulatus) (32,4%), Lutjanidae (Lutjanus chrysurus,L. analis, L. jocu, L. vivanus e L. synagris) (24,2%) e Scombridae (Scomberomorus cavalla,Thunnus albacares, T. atlanticus e T. obesus) (21,5%) que, junto com Coryphaenidae(Coryphaena hippurus), representaram 87,6% dos desembarques (Tabela 20). No entanto, emnúmero de indivíduos capturados, Lutjanidae (n = 13.401) foi a família de maior percentual nosdesembarques de linha da costa norte baiana (Tabela 21).

Tabela 20 - Peso médio percentual (%) das espécies desembarcadas pela frota de linha de mãodo norte da Bahia (BA), de Alagoas e Pernambuco (ALPE), do Rio Grande do Norte (RN) e doCeará (CE), entre abril de 1998 e março de 2000.

PESO MÉDIO(%)ESPÉCIES NOME VULGAR

BA ALPE RN CE

Acanthocybium solandri Cavala-empinge - 6,5 4,4 -Carangoides bartholomaei Guarajuba - 2,4 - 2,4C. crysos Chicharro - - 3,0 -Caranx hippos Xaréu - - 2,3 -C. latus Guaracimbora 9,1 - 1,6 2,0Cephalopholis fulva Piraúna - - 1,3 0,9

Coryphaena hippurus Dourado 4,9 16,9 11,7 7,4

Elagatis bipinnulatus Peixe-rei 2,4 - - -Epinephelus nigritus Cherne-preto - - - 3,2Haemulon plumieri Biquara - - - 2,1Lutjanus analis Cioba 6,5 4,3 10,0 5,7L. jocu Dentão 6,0 5,0 4,5 12,7L. synagris Ariocó 0,4 0,2 - 3,4L. vivanus Pargo-olho-de-vidro 1,1 0,3 1,4 0,9L. chrysurus Guaiúba 9,6 2,0 - 5,4Mycteroperca bonaci Sirigado 5,1 10,4 8,9 22,6Scomberomorus brasiliensis Serra - - - 2,1S. cavalla Cavala 11,4 4,5 2,2 14,9Seriola dumerili Arabaiana 20,9 20,3 15,2 -Thunnus albacares Albacora-laje 2,2 7,4 9,2 -T. atlanticus Albacorinha 3,8 3,1 1,7 -T. obesus Albacora-bandolim 4,0 2,2 - -Outros 4,0 3,6 - 4,3Total 91,6 89 77,5 89,9

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Tabela 21 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de linha de mão de Arembepe - BA, deabril de 1998 a março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO (cm)ESPÉCIES F. O.

(n)PESO MÉDIO

(g) Mínimo Médio Máximo

Caranx latus 2.797 2.100 25,5 49,1 85,8Coryphaena hippurus 486 6.454 10,5 93,0 144,0Elagatis bipinnulatus 751 2.050 28,0 56,5 85,5Lutjanus analis 2.235 1.887 19,5 45,8 96,0L. chrysurus 7.583 819 18,7 36,0 73,0L. jocu 1.418 2.723 23,0 51,5 98,1L. synagris 737 338 3,2 26,6 49,5L. vivanus 1.428 517 16,4 29,8 60,0Mycteroperca bonaci 218 15.039 42,0 87,2 132,5Scomberomorus cavalla 1.845 3.984 12,5 77,5 128,3Seriola dumerili 1.122 11.986 34,3 98,0 145,0T. albacares 88 16.459 51,0 100,3 136,0T. obesus 418 6.221 49,0 69,4 109,0Thunnus atlanticus 516 4.731 42,5 63,5 82,0

Em Alagoas e Pernambuco, 7.192 indivíduos corresponderam a 77 espécies de 20famílias de peixes ósseos e 3 espécies de 1 família de cartilaginosos, com Carangidae (14),Lutjanidae (12), Scombridae (12) e Serranidae (9) tendo o maior número de espécies (AnexoII). Os maiores desembarques, em peso, nesses estados corresponderam a Carangidae (S.dumerili) (26%), Scombridae (S. cavalla, T. albacares, T. atlanticus, T. obesus e Acanthocybiumsolandri) (23,7%), Coryphaenidae (C. hippurus) (16,9%) e Lutjanidae (L. jocu, L. chrysurus, L.analis, L. vivanus e L. synagris) (12%) que, somando-se a Mycteroperca bonaci (Serranidae),corresponderam a 89% dos desembarques (Tabela 20). Lutjanidae (L. chrysurus, L. analis, L.vivanus, L. jocu e L. synagris), com 2.489 espécimes (Tabela 22), foi a família mais frequente.

Tabela 22 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de linha de mão de Alagoas ePernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO (cm)ESPÉCIES F. O.(n)

PESO MÉDIO(g) Mínimo Médio Máximo

Acanthocybium solandri 252 9.872 14,1 118,0 165,0Carangoides bartholomaei 277 3.314 21,4 55,7 93,0

Coryphaena hippurus 893 7.253 7,6 97,8 180,5

Lutjanus analis 808 2.030 29,4 46,0 90,0L. chrysurus 886 883 24 36,8 68,0L. jocu 518 3.674 15,5 57,6 100,0L. synagris 277 288 15,5 23,9 60,0

L. vivanus 164 796 21 34,6 54,0Mycteroperca bonaci 257 15.367 9,2 87,8 140,0

Scomberomorus cavalla 327 5.275 13 83,3 136,0Seriola dumerili 589 13.206 35,5 102,9 156,0Thunnus albacares 144 19.496 47 106,4 143,0T. atlanticus 196 5.965 36 68,8 91,0T. obesus 107 7.725 32 73,1 131,0

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A amostra da frota motorizada do Rio Grande do Norte incluiu 1.923 exemplares depeixes, identificando-se 35 espécies de 8 famílias exclusivamente de peixes ósseos, com amaioria referentes a Carangidae (8), Lutjanidae (7), Scombridae (7) e Serranidae (7), enquantoos 1.964 indivíduos obtidos da frota à vela corresponderam a 41 espécies de 16 famílias, sendoapenas 3 espécies e 2 famílias de peixes cartilaginosos e com maior número de espécies paraScombridae (9), Lutjanidae (8) e Carangidae (6) (Anexo II).

Nos desembarques da frota a motor do Rio Grande do Norte, 14 espécies totalizam77,5% do peso total, com Carangidae (S. dumerili, C. crysos, C. hippos e C. latus) (22%),Scombridae (T. albacares, T. atlanticus, A. solandri e S. cavalla) (17,6%), Lutjanidae (L. analis,L. jocu e L. vivanus) (15,9%), Coryphaenidae (C. hippurus) (11,7%) e Serranidae (C. fulva e M.bonaci) (10,2%) se apresentando como as mais importantes, em peso (Tabela 20). Em númerode indivíduos desembarcados, a família Lutjanidae foi a mais representativa tanto para a frota amotor (n = 735) quanto para as embarcações à vela (n = 887) do estado (Tabela 23).

Tabela 23 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor, que emprega a linhade mão no Rio Grande do Norte, de janeiro de 1998 a março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO (cm)ESPÉCIES F. O.

(n)PESO MÉDIO

(g) Mínimo Médio Máximo

MOTORAcanthocybium solandri 42 10.747 44,0 120,2 175,0Carangoides crysos 81 3.225 25,0 53,7 91,0Caranx hippos 56 4.826 55,0 64,7 78,5C. latus 39 3.224 30,0 56,8 79,0Cephalopholis fulva 6 340 13,5 25,2 36,5Coryphaena hippurus 150 8.513 23,5 106,9 136,0Lutjanus analis 407 2.600 30,0 51,8 84,0L. jocu 139 3.541 12,5 58,8 92,0L. vivanus 189 713 20,7 33,1 113,0Mycteroperca bonaci 103 8.980 42,0 85,0 142,0Scomberomorus cavalla 21 10.998 80,2 119,3 136,0Seriola dumerili 121 11.614 41,0 96,4 143,0Thunnus albacares 59 20.266 49,0 109,8 146,0T. atlanticus 69 2.970 39,0 56,7 74,5VELAAcanthocybium solandri 83 7.777 44,0 111,6 159,0Caranx hippos 55 5.557 40,5 65,7 82,0Coryphaena hippurus 437 8.506 58,0 104,8 139,0Isthiophorus albicans 14 18.453 76,5 132,0 175,0Lutjanus analis 272 2.549 24,0 50,9 79,5,0L. chrysurus 127 476 18,0 30,3 50,0L. jocu 53 2.756 21,0 53,0 75,0L. synagris 307 429 16,5 28,2 50,0L. vivanus 118 702 20,0 33,2 53,0Mycteroperca bonaci 26 9.423 51,0 84,0 143,0Scomberomorus cavalla 26 7.206 74,0 102,0 131,0S. regalis 31 4.940 53,0 89,4 118,5Seriola dumerili 12 11.896 78,0 99,7 135,0Thunnus albacares 22 15.944 90,0 103,4 129,5T. atlanticus 190 3.012 42,0 58,4 93,0

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Para a frota do Ceará, 117 espécies de 44 famílias compuseram os 16.670 indivíduosamostrados, sendo 103 espécies de 40 famílias de peixes ósseos e 14 espécies de 4 famílias decartilaginosos. O maior número de espécies ocorreu para as famílias Carangidae (16),Serranidae (11), Lutjanidae (9), Scombridae (8) e Carcharhinidae (8) (Anexo II).

M. bonaci foi a mais importante, em peso, nos desembarques do Ceará, enquanto asespécies-alvo pelágicas com maiores desembarques foram S. cavalla e C. hippurus e asdemersais foram L. jocu, L. analis, L. chrysurus e L. synagris (Tabela 20), entre as quais L.chrysurus e L. synagris foram mais freqüentes em número de espécimes. Por sua vez, entre ospelágicos, S. cavalla e S. brasiliensis foram os mais freqüentes (Tabela 24).

Tabela 24 - Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota à vela que empregou linha de mão noCeará, de fevereiro de 1999 a março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO (cm)ESPÉCIES F. O.(n)

PESO MÉDIO(g) Mínimo Médio Máximo

Carangoides bartholomaei 229 2.245 13,5 43,9 89,0C. crysos 181 880 20,5 36,0 88,4Caranx latus 85 5.074 30,4 64,6 109,0Cephalopholis fulva 724 284 14,1 25,7 45,5Coryphaena hippurus 350 4.545 18,5 82,3 174,0Epinephelus nigritus 364 1.925 21,5 42,7 75,0Haemulon melanurum 725 171 13,5 21,3 30,5H. plumieri 1.394 302 13,0 23,5 52,4Holocentrus ascensionis 1.149 167 14,5 20,9 32,0Lutjanus analis 396 3.160 14,5 53,2 99,0L. chrysurus 2.692 436 12,5 28,5 61,5L. jocu 876 3.144 20,5 54,1 103,0L. purpureus 167 1.655 24,0 44,5 79,5L. synagris 2.220 330 13,0 25,6 59,0L. vivanus 189 1.050 13,0 37,9 68,0Mycteroperca bonaci 330 14.910 39,0 84,9 185,0Scomberomorus brasiliensis 389 1.125 20,7 52,6 92,0Scomberomorus cavalla 899 3.617 8,5 74,2 131,0

• CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE)

As famílias sobre as quais houve as maiores capturas por unidade de esforço (CPUE)médias, no norte da Bahia, foram Carangidae (C. latus, S. dumerili e E. bipinnulata),Scombridae (S. cavalla, T. albacares, T. atlanticus e T. obesus), Lutjanidae (L. chrysurus, L.analis, L. vivanus, L. jocu e L. synagris), Coryphaenidae (C. hippurus) e Serranidae (M. bonaci)(Tabela 25).

Em Alagoas e Pernambuco, as maiores CPUEs médias corresponderam a Scombridae(S. cavalla, A. solandri, T. atlanticus, T. albacares e T. obesus) (114,6 Kg/dia), Carangidae(Carangoides Bartholomaei e S. dumerili) (63 Kg/dia) e Lutjanidae (L. chrysurus, L. analis, L.jocu, L. synagris e S. vivanus) (38,7 Kg/dia) (Tabela 26).

No Rio Grande do Norte, as maiores CPUEs média e total da frota a motor foramapresentadas pela família Carangidae (Carangoides crysos, Caranx hippos, C. latus e S.dumerili), em contrapartida à frota à vela, que teve na família Scombridae (T. albacares, T.atlanticus e A. solandri) suas maiores CPUEs média e total, enquanto C. hippurus(Coryphaenidae), com 39,3% dos desembarques dessa frota, em peso, foi a espécie-alvo demaior participação nos desembarques (Tabela 27).

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Dentre as espécies desembarcadas no Ceará, a CPUE das demersais M. bonaci eEpinephelus nigritus foram as mais altas e, dentre as espécies-alvo demersais, L. jocu, L.vivanus e L. analis foram as mais representativas, em peso. Em relação aos peixes pelágicos, S.cavalla e C. hippurus foram as mais expressivas (Tabela 28).

Tabela 25 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas nos desembarques da frota de linha de mão de Arembepe - BA,de abril de 1998 a março de 2000.

CPUE por trimestre (Kg/dia)2º-98 3º 4º 1º-99 2º 3º 4º 1º-00ESPÉCIES CPUE média

(Kg/dia)n = 56 n = 99 n = 77 N = 71 n = 86 n = 71 n = 102 n = 72

CPUE total(Kg/dia)

Caranx latus 33,6 24,0 36,9 48,8 46,4 9,4 20,1 30,6 42,1 30,3Coryphaena hippurus 21,7 18,7 29,8 13,7 25,7 12,7 30,1 25,3 13,9 20,8Elagatis bipinnulata 16,4 18,1 35,4 22,9 6,0 14,8 12,0 4,7 27,1 15,0Lutjanus analis 23,0 24,5 23,5 14,7 14,5 22,6 20,8 25,8 23,8 21,7L. chrysurus 22,4 15,8 30,9 16,3 10,3 37,4 46,0 43,6 13,0 29,7L. jocu 18,0 15,2 15,4 12,8 11,8 24,8 25,7 23,0 21,0 19,8L. synagris 11,3 13,8 12,8 - 5,7 11,8 11,3 7,9 6,7 10,4L. vivanus 9,2 5,7 11,0 11,2 11,9 4,1 13,6 4,9 7,7 8,4Mycteroperca bonaci 30,6 38,2 28,2 28,7 21,9 25,7 32,7 32,6 35,0 30,6Scomberomorus cavalla 47,9 83,8 44,3 52,0 171,6 28,4 8,2 17,7 56,4 54,9Seriola dumerili 65,4 127,0 37,4 34,0 106,0 131,0 85,7 50,0 44,3 80,4Thunnus albacares 22,0 - 31,4 13,6 5,3 - 24,7 67,6 19,6 32,0T. atlanticus 16,2 - 29,7 50,3 16,2 3,7 8,7 25,6 6,0 23,9T. obesus 12,6 5,8 12,0 46,0 20,3 4,5 11,1 51,0 13,2 29,7

Tabela 26 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas nos desembarques da frota de linha de mão de Alagoas ePernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.

CPUE por trimestre (Kg/dia)2º-98 3º 4º 1º-99 2º 3º 4º 1º-00ESPÉCIES

CPUEMédia

(Kg/dia) n = 20 n = 36 n = 35 N = 52 n = 89 n = 67 N = 87 n = 52

CPUETotal

(Kg/dia)

Acanthocybium solandri 30,5 - 50,0 38,7 16,7 10,4 30,5 32,3 22,5 24,9Carangoides bartholomaei 9,7 3,4 7,5 12,5 11,2 48,6 8,4 7,3 27,2 21,9Coryphaena hippurus 18,3 5,4 18,2 18,4 16,4 27,5 28,4 83,5 14,4 31,6Lutjanus analis 13,1 5,3 6,2 15,0 13,0 21,6 13,2 14,2 6,5 12,6L. chrysurus 8,2 4,7 3,1 - 8,2 10,9 8,4 10,5 3,5 8,2L. jocu 11,2 8,6 9,2 6,2 13,6 21,3 14,8 22,3 8,5 15,2L. synagris 2,8 - - - - 2,1 3,7 6,0 1,9 3,7L. vivanus 3,4 - - - 3,4 1,1 2,0 5,5 4,9 3,9Mycteroperca bonaci 17,9 8,1 23,9 22,5 23,5 10,3 14,2 74,0 5,3 31,9Scomberomorus cavalla 21,4 24,0 31,6 8,0 19,0 26,2 17,8 10,3 33,3 20,5Seriola dumerili 53,3 - 23,3 37,1 162,0 105,0 53,3 43,3 68,7 76,1Thunnus albacares 24,7 - 16,6 27,0 21,1 5,6 24,7 43,3 27,4 30,7T. atlanticus 16,0 - 31,0 30,7 9,7 6,7 7,2 30,7 16,0 16,7T. obesus 22,0 - - - - - 16,0 47,6 22,0 37,8

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Tabela 27 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas nos desembarques da frota, a motor e à vela, que empregoulinha de mão no Rio Grande do Norte, de janeiro de 1998 a março de 2000.

MOTOR

CPUE por trimestre (Kg/dia)

1º-98 2º 3º 4º 1º-99 2º 3º 4º 1º-00ESPÉCIES

CPUEmédia

(Kg/dia)N = 5 n = 22 n = 49 n = 39 n = 35 n = 18 n = 16 n = 13 n = 23

CPUE total(Kg/dia)

Acanthocybium solandri 6,2 7,6 10,6 8,4 2,8 5,0 - - - - 6,8Carangoides crysos 6,7 - - 2,3 7,3 2,3 - - 22,0 15,4 9,6Caranx hippos 10,2 - - 16 19,3 1,4 26,5 7,5 12,8 12,2C. latus 3,2 - - - - 2,3 3,5 2,5 8,5 1,9 3,3Cephalopholis fulva 2,9 - 0,25 34,1 - - - - - - 13,8Coryphaena hippurus 11,1 - 19,5 5,9 5,8 7,7 26,2 10,1 - 15,1 11,7Lutjanus analis 4,0 1,6 5,3 5,1 5,1 3,6 6,7 3,1 - 3,7 4,2L. jocu 3,0 - 4,8 2,9 4,2 1,3 7,2 1,1 3,8 2,9 3,0L. vivanus 3,7 - 3,0 5,3 1,6 4,8 5,8 - - - 4,0Mycteroperca bonaci 8,9 - - - - 5,1 5,7 12,5 19,8 7,6 8,6Scomberomorus cavalla 6,0 - - 7,5 - - 5,3 5,5 - - 6,9Seriola dumerili 11,6 - 9,2 8,9 9,2 6,7 13,5 22 32,9 6,6 11,3Thunnus albacares 11,3 - 11,0 20 20,1 5 8,2 15 9,4 10,6 15,5T. atlanticus 4,5 - - 4,9 6,7 2,5 - - 7,3 3 5,0

VELA

CPUE por trimestre (Kg/dia)

1º-98 2º 3º 4º 1º-99 2º 3º 4º 1º-00ESPÉCIESCPUEmédio

(Kg/dia) n = 10 n = 80 n = 69 n = 70 n = 29 n = 48 n = 82 n = 11 n = 21

CPUETotal

(Kg/dia)

Acanthocybium solandri 6,8 4,0 6,4 10,2 10,8 3,7 10,5 8,5 - 4,8 8,9Caranx hippos 8,9 - 13,5 8,6 12,4 5,7 10,8 5,5 - - 9,9Coryphaena hippurus 15,4 14,1 28,6 11,8 20,9 13 21,3 7,5 - - 18,7Isthiophorus albicans 16,4 - 13,7 17,3 18,6 - - - - - 17,1Lutjanus chrysurus 3,1 4,8 2,1 4,1 0,6 - - - - 12,5 4,6L. analis 4,1 - - 9,1 2,5 5,6 7,6 3,3 - 1,5 5,4L. jocu 2,5 - 2,5 0,8 3,5 2,9 1,4 4,3 4,6 - 2,8L. synagris 3,0 - 5,3 2,6 0,5 3,0 2,6 4,1 - 5,2 4,0L. vivanus 3,1 13,3 2,8 2,1 1,8 2,2 - - - - 4,4Mycteroperca bonaci 8,0 - - - - 10,1 5,8 3,8 22,8 6,3 8,0Scomberomorus cavalla 5,5 - 5,3 9,8 3,2 2,6 8 7,8 - - 6,1S. regalis 7,0 - - 4,0 - - - 6,9 - 12,3 9,4Seriola dumerili 15,0 - - 13,5 10,6 - 27,5 12,5 - - 13,0Thunnus albacares 16,9 - - 36,3 18,2 - 9,1 13,5 - - 19,2T. atlanticus 7,6 - - 6,8 6,0 6,2 - 5,7 17,6 7,3 8,9

62

Tabela 28 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas em peso, dos exemplares amostrados da frota de linha de mãode Alagoas e Pernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.

CPUE por trimestre(Kg/dia)

1º-99 2º 3º 4º 1º-00ESPÉCIES

CPUEMédio

(Kg/dia)n = 35 n = 134 n = 124 n = 117 n = 108

CPUEtotal

(Kg/dia)

Carangoides bartholomaei 16,5 3,4 5,5 14,3 49,6 9,6 14,1C. crysos 4,6 - 5,5 8,3 3,2 1,3 4,2Caranx hippos 10,4 5,7 11,3 16,0 - 18,8 11,9C. latus 14,0 - 19,7 - 20,1 7,0 16,5Cephalopholis fulva 1,7 2,0 1,3 1,9 1,4 1,8 1,6Coryphaena hippurus 13,0 4,9 16,9 20,0 17,6 10,5 16,8Epinephelus nigritus 44,7 - 53,7 - 69,6 23,9 49,7Haemulon melanurum 1,3 0,9 1,0 1,4 1,5 1,6 1,4H. plumieri 3,0 2,7 2,5 1,9 3,1 6,5 3,6Holocentrus ascensionis 1,5 1,6 1,0 1,5 1,4 1,8 1,47Lutjanus analis 8,0 3,0 10,8 5,2 18,1 12,6 11,9L. chrysurus 6,2 4,7 5,6 3,0 8,7 13,6 7,8L. jocu 16 9,7 9,7 11,0 50,7 18,8 22,7L. purpureus 9,7 - 8,7 5,6 12 12,6 11,0L. synagris 5,5 3,2 5,1 7,5 5,1 8,2 6,1L. vivanus 7,9 - 7,9 1,9 5,6 46,6 10,6Mycteroperca bonaci 37,6 23,2 39,9 22,4 111,7 32,3 56,9Scomberomorus brasiliensis 6,3 - 9,3 4,9 3,5 10,0 6,7S. cavalla 21,4 23,8 20,6 14,1 17,2 38,1 23,2

4.1.5 ESPÉCIES-ALVO

Scomberomorus cavalla

A cavala ocorreu em 134 desembarques (21,1%) de linha de mão no norte da Bahia. ACPUE mais alta foi estimada para o primeiro trimestre de 1999 e diminuindo a partir daí. (Figura44a). Naquele área, foram registrados 1.845 exemplares de S. cavalla, correspondendo a11,4% do peso total desembarcado, sendo esta a segunda espécie mais representativa, emCPUE média (47,9 Kg/dia) e total (54,9 Kg/dia), nos desembarques de linha. Os comprimentoszoológicos dos espécimes variaram de 12,5 a 128,6 cm, com média de 77,5 cm; os menoresexemplares foram mais freqüentes em março, abril, setembro e outubro, e os maiores emmarço, abril, agosto, setembro e outubro, com diferença significativa no comprimento zoológicoao longo dos meses.

Em Alagoas e Pernambuco, S. cavalla ocorreu em 74 desembarques (16,9%) da frotade linha, durante todos os trimestres do ano, com 327 indivíduos que corresponderam a 4,5%do peso desembarcado. As maiores abundâncias para a espécie, nos dois estados, ocorreramnos primeiro, segundo e terceiro trimestres do ano, com CPUEs média e total de 21,4 e 20,5Kg/dia, respectivamente (Figura 44b). Os menores espécimes registrados ocorreram noprimeiro trimestre e os maiores no segundo, sendo estes os trimestres nos quais se obteve omaior número de exemplares nos desembarques.

Em relação aos outros estados, S. cavalla foi pouco representativa nos desembarquesde linha de mão do Rio Grande do Norte. Neste estado, para as frotas a motor e à vela, suaparticipação foi de 2,2% do peso desembarcado, aparecendo como umas das espécies menoscapturadas pela frota do estado.

63

No Ceará, a cavala esteve presente em 140 desembarques (27%), ao longo do ano,onde 899 indivíduos representaram 14,9%, do peso total. O tamanho dos exemplaresdesembarcados no estado variou de 8,5 a 131 cm de comprimento zoológico, com média de74,2 cm, havendo diferença significativa ao longo dos meses. O primeiro trimestre apresentou amaior CPUE para a espécie, com média de 21,4 Kg/dia e total de 23,2 Kg/dia durante o períodoanalisado (Figura 44c).

Figura 44 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Scomberomorus cavalla capturada com linha de mão pela frota a motor do norteda Bahia (a), Alagoas e Pernambuco (b) e pela frota à vela do Ceará (c).

Coryphaena hippurus

No norte da Bahia, 486 exemplares de dourado ocorreram em 23,8% dosdesembarques, em todos os trimestres, representando 4,9% do peso descarregado pela frotade linha. O comprimento dos espécimes variou de 10,5 a 144 cm de CZ, com média de 93 cmde CZ; os menores indivíduos ocorreram de junho a agosto e os maiores em maio, julho esetembro, e observando-se diferença significativa do tamanho ao longo do ano. As maioresCPUEs foram estimadas no terceiro e no quarto trimestres (Figura 45a), tendo média de 21,7Kg/dia e total de 20,8 Kg/dia.

Nos desembarques de Alagoas e Pernambuco (ALPE), C. hippurus esteve presente em33,3% destes, registrando-se 893 indivíduos correspondentes a 16,9% do peso totaldesembarcado. Nessa área, indivíduos pequenos apareceram em julho, setembro, janeiro efevereiro, e os maiores em outubro e novembro, com diferenças estatísticas no tamanho aolongo do ano. A CPUE da frota de linha, para o dourado, foi mais alta no quarto trimestre de1999 (Figura 45b), com média e total de 18,3 e 31,6 Kg/dia, respectivamente.

Para a frota de linha a motor do Rio Grande do Norte, 150 espécimes de dourado, quecorresponderam a 11,7% do peso total descarregado, foram registrados em 55 desembarques(26,1%). Os indivíduos tiveram comprimentos zoológicos entre 23,5 e 136 cm, apresentandodiferença significativa nos tamanhos ao longo dos meses. As maiores CPUEs da frotamotorizada, ocorreram no segundo trimestre de cada ano, com média de 11,1 e total de 11,7

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

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P rodução C P UEa

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3500

4000

1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

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30

40

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P rodução C P UEa

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500

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

0

5

10

15

20

25

30

35

P rodução C P UE

ca b

c

64

Kg/dia (Figura 45c). Para a frota à vela do estado, C. hippurus esteve ausente no quartotrimestre de 1999 e no primeiro de 2000, obtendo-se um total de 437 indivíduos em 163desembarques, que eqüivaleram a 38,8% do peso desembarcado. As maiores CPUEs dessafrota foram estimadas para o segundo e quarto trimestres (Figura 45d), registrando-se médiade 16,8 Kg/dia e total de 18,7 Kg/dia, no período estudado.

No Ceará, C. hippurus esteve presente em 95 desembarques (18,5%) da frota de linha,em todos os trimestres do ano, sendo obtida uma amostra com 350 exemplares referentes a7,4% do peso total produzido pela frota no estado. O tamanho mínimo, médio e máximo foi de18,5; 82,3 e 174 cm de CZ, respectivamente, com diferença significativa em relação aos meses.O segundo, o terceiro e o quarto trimestres apresentaram as maiores CPUEs para o dourado(Figura 45e), com média e total de 13 e 16,8 kg/dia, respectivamente.

Figura 45 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Coryphaena hippurus capturada com linha de mão pela frota motorizada do norteda Bahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b); pelas frotas a motor (c) e à vela (d) do RioGrande do Norte, e pela frota à vela do Ceará (e).

0

100

200

300

400

500

600

700

800

2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEe

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3000

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

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Produção CPUE a

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50100

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2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

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Produção CPUEa

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1º98 2º-98 3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99

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0

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35

Produção CPUEa

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1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

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Produção CPUEc

a b

c d

e

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1600

2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

0

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Produção CPUEb

0

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150

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

0,0

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Produção CPUEe

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1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

0

2

4

6

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10

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14

16

Produção CPUEe

a b

c

Lutjanus chrysurus

No norte da Bahia, L. chrysurus foi a terceira espécie mais freqüente nas capturas delinha de mão, durante o ano todo, sendo registrados 7.853 exemplares, o que corresponde a9,6% do peso de 209 desembarques (32,9%). Os tamanhos dos indivíduos variaram entre 18,7a 73 cm (média de 36 cm) de comprimento zoológico; os menores espécimes foram obtidos emmaio, setembro e outubro, e os maiores em abril, agosto, setembro e outubro, havendodiferença significativa nos comprimentos entre os meses. A maior CPUE para a guaiúba, nesseestado, ocorreu no terceiro trimestre e a menor no primeiro (Figura 46a), com média e total de29,7 e 47,9 Kg/dia, respectivamente.

Na frota de linha de Alagoas e Pernambuco, a guaiúba esteve presente em 21,2% dosdesembarques, com 886 indivíduos ou 2% do total, em peso; não ocorreu no quarto trimestrede 1998. Os maiores exemplares surgiram em julho e os menores em abril e setembro. Nosdois Estados, altas CPUEs foram estimadas no segundo e terceiro trimestres de 1998 e 1999,com média de 8,2 e total de 8,4 Kg/dia (Figura 46b).

No Ceará, L. chrysurus ocorreu em 152 desembarques (29,3%) da frota de linha e emtodos os trimestres, registrando-se 2.692 exemplares que constituíram 5,4% do peso dessafrota no estado. O comprimento variou de 12,5 a 61,5 cm CZ (média de 28,5 cm CZ), sendoestatisticamente distintos ao longo do ano. O primeiro e o quarto trimestres tiveram as maioresCPUEs para a guaiúba (Figura 46c), com valores médio e total de 5,5 e 7,8 Kg/dia,respectivamente.

Figura 46 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus chrysurus capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norteda Bahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b) e pela frota à vela do Ceará (c).

66

Lutjanus analis

A cioba foi freqüente na frota de linha do norte da Bahia, ocorrendo em 194desembarques (30,6%) com 2.235 indivíduos, que representaram 6,5% do peso totaldesembarcado. O tamanho dos exemplares desembarcados variou entre 19,5 e 96 cm CZ, commédia de 45,8 cm; os menores indivíduos tiveram maior freqüência nos meses de março, maio,setembro e outubro, e os maiores de setembro a dezembro e em março e abril, evidenciando-se diferença significativa entre os meses. As mais altas CPUEs da frota de linha do norte daBahia, sobre a L. analis, foram estimadas no segundo e terceiro trimestres, com altos valoresobservados, também, no quarto trimestre de 1999 e primeiro de 2000. Idêntico padrão não severificou em 1998 (Figura 47a). As CPUEs média e total, para todo o príodo, foram de 21,7 e 23Kg/dia, respectivamente.

Em Alagoas e Pernambuco, a cioba ocorreu em todo o período estudado,totalizando 808 espécimes que representaram 4,3% do peso em 129 desembarques (29,4%).Os maiores indivíduos ocorreram em junho, setembro e outubro, indivíduos pequenos1ocorreram em todos os meses, com diferença significativa do comprimento entre os meses.Nesses estados, a CPUE para L. analis foi mais alta no quarto trimestre de 1998 e do segundoao quarto trimestre de 1999, com média de 13,1 e total de 12,6 Kg/dia (Figura 47b).

Ciobas ocorreram durante todo o ano nos desembarques da frota motorizada do RioGrande do Norte, em 89 capturas (42,2%), das quais se obtiveram 407 espécimes ou 10% dopeso total desembarcado. Os tamanhos dos exemplares obtidos por essa frota variaram de 30 a84 cm CZ e apresentaram diferença significativa ao longo do ano. Não houve um padrão nítidode variação na CPUE da frota a motor desse estado, que teve média e total de 4 e 4,2 Kg/dia,respectivamente (Figura 47c). Da frota de linha à vela do estado, L. analis ocorreu em 53desembarques (12,6%), com 272 indivíduos que totalizaram 6,3% do peso total desembarcado.A espécie esteve ausente nos desembarques do segundo trimestre de 1998. Os indivíduosobtidos dessas embarcações mediram de 24 a 79,5 cm CZ; diferença significativa nos tamanhosfoi observada ao longo do ano. Ainda, a ausência de padrão nas CPUE, ao longo do ano,também foi observada para a frota à vela desse estado, que teve média de 4,9 e total de 5,4Kg/dia com os maiores valores nos primeiro, segundo e terceiro trimestres do ano. A tendênciade 1998, entretanto, não se repetiu em 1999 (Figura 47d).

Nos desembarques de linha do Ceará, L. analis ocorreu durante todo o ano, sendocapturados 396 indivíduos ou 5,7% do peso de 106 desembarques (20,4%). Os tamanhosvariaram entre 14,5 e 99 cm CZ (média de 53,2 cm CZ); diferença significativa noscomprimentos foi observada ao longo do ano. As maiores CPUEs para a cioba, no estado, foramobservadas no quarto trimestre (Figura 47e), com média de 8 e total de 11,9 Kg/dia.

Lutjanus jocu

O dentão ocorreu em todos os trimestres na frota de linha do norte da Bahia, obtendo-se 1.418 exemplares (6% do peso total) em 195 desembarques (30,7%). O comprimentovariou de 23 a 98,1 cm CZ (média de 51,5 cm), com indivíduos pequenos presentes em maio,junho, setembro, outubro e dezembro, e os grandes exemplares em junho, outubro enovembro, havendo diferença significativa do comprimento entre os meses do ano. A CPUE deL. jocu, da frota do norte da Bahia, foi maior no segundo e terceiro trimestres (Figura 48a),com média e total de 18 e 19,8 Kg/dia, respectivamente.

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

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Produção CPUE c a

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEdb

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1º98 2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEb c

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1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

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Produção CPUEd e

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3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

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Produção CPUEb d

Figura 47 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus analis capturada com linha de mão pela frota motorizada do norte daBahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b); pelas frotas a motor (c) e à vela (d) do Rio Grandedo Norte, e pela frota à vela do Ceará (e).

Em Alagoas e Pernambuco, L. jocu ocorreu em 125 desembarques (28,5%), em todosos trimestres, registrando-se 518 indivíduos ou 5% do peso da frota de linha. Os menoresexemplares capturados nesses estados ocorreram em abril e os maiores em outubro enovembro, com diferença significativa nos tamanhos no período de estudo. A CPUE do dentãona frota de Alagoas e Pernambuco teve média de 11,2 e total de 15,2 Kg/dia e não apresentouum padrão definido ao longo do ano (Figura 48b).

No Ceará, L. jocu foi registrado em 121 desembarques de linha (23,3%), em todos osmeses, representando 12,7% do peso total. Os indivíduos variaram entre 20,5 e 103 cm CZ,com média de 54,1 cm CZ, havendo diferença significativa nos tamanhos. O quarto trimestreapresentou a CPUE mais alta da linha do Ceará, com média e total de 16 e 22,7 Kg/dia,respectivamente (Figura 48c).

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

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Produção CPUEbb

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1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

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Produção CPUEbc

a

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEf

Figura 48 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus jocu capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b), e pela frota à vela do Ceará (c).

Lutjanus vivanus

De todos os desembarques de linha no Nordeste, o pargo-olho-de-vidro teve ocorrênciamais expressiva no norte da Bahia, onde foram registrados 1.428 espécimes em 88desembarques (13,9%), que representaram 1,1% do peso total, ocorrendo em todos os mesesdo ano. Os tamanhos variaram de 16,4 a 60 cm CZ, com média de 29,8 cm CZ; os menoresindivíduos apareceram em novembro e os maiores em agosto e setembro, registrando-sediferença significativa nos comprimentos durante o ano. A CPUE para L. vivanus, no norte daBahia, teve média de 9,2 e total de 8,4 Kg/dia, sendo maiores no primeiro trimestre de 1999 enos terceiros de 1998 e 1999 (Figura 49).

Figura 49 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus vivanus capturada com linha de mão pela frota a motor do norte daBahia.

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3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

0

20

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120

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Produção CP UEab

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3500

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

0

20

40

60

80

100

120

140

P rodução C PUEac

4.1.6 OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL

Seriola dumerili

No norte da Bahia, a arabaiana ocorreu em 167 desembarques da frota de linha(26,3%) com 1.122 indivíduos. Foi freqüente em todos os trimestres, sendo essa a espéciemelhor representada (20,9%), em peso, dentre aquelas desembarcadas pela frota no estado.Os tamanhos dos exemplares variaram de 34,3 a 145 cm CZ (média de 98 cm CZ), osindivíduos pequenos ocorreram em março e abril e de agosto a outubro e houve diferençasignificativa do comprimento entre os meses do ano. A CPUE da frota de linha para essaespécie, na área em questão, tendeu a aumentar no primeiro trimestre de cada ano, atingindomaior valor no segundo e diminuindo a partir do terceiro (Figura 50a), com média de 65,4 etotal de 80,4 Kg/dia.

Em Alagoas e Pernambuco, S. dumerili esteve presente ao longo do ano, obtendo-se589 indivíduos, ou 20,3% do peso total desembarcado, em 23,2% dos desembarques. Osindivíduos menores apareceram em setembro, dezembro e janeiro e os maiores em março, masfoi em janeiro e fevereiro que se apresentou o maior número indivíduos. Nesses estados, aespécie foi a de maior representatividade, em peso, nos desembarques de linha, com asmaiores CPUEs no primeiro e segundo trimestres e as menores no terceiro e no quarto (Figura50b), obtendo-se valores médio e total de 53,3 e 76,1 Kg/dia, respectivamente.

No Rio Grande do Norte, a arabaiana ocorreu em 50 desembarques de linha (23,7%),obtendo-se 121 indivíduos que representaram 15,2% do peso desembarcado pela frota amotor. O tamanho teve amplitude de 41 a 143 cm CZ e, como nos demais estados, houvediferença significativa no tamanho ao longo do período total. A CPUE média e total da frotapara S. dumerili foi de 11,6 e 11,3 Kg/dia, respectivamente, com valores maiores nos segundostrimestres de 1998 e 1999 (Figura 50c).

Figura 50 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Seriola dumerili capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia (a), de Alagoas e Pernambuco (b) e do Rio Grande do Norte (c).

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200

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

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Prodeção (Kg) CPUEf

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

0

10

20

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40

50

60

Produção CP UEb

Caranx latus

Dos desembarques de linha do Nordeste, a guaracimbora teve participação maisexpressiva no norte da Bahia, em todos os trimestres, ocorrendo em 194 desembarques(30,6%) com 2.797 indivíduos, correspondentes a 9,1% do peso total desembarcado, sendo aquarta espécie mais freqüente na frota de linha do estado. A amplitude de tamanhos foi de33,6 a 85,8 cm CZ (média de 49,1 cm CZ). Não houve padrão bem definido na ocorrência dosexemplares pequenos, mas houve diferença significativa nos tamanhos ao longo dos meses. AsCPUEs mais altas ocorreram nos quarto e primeiro trimestres com uma diminuição no segundoe terceiro (Figura 51), obtendo-se média de 32,2 e total de 30,3 Kg/dia.

Figura 51- Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg) por trimestres, para aespécie Caranx latus capturada pela frota de linha de mão de Arembepe - BA.

Carangoides bartholomaei

A guarajuba ocorreu em toda a Região Nordeste, especialmente no norte da Bahia,onde foi registrada em 42 desembarques (9,6%), durante o ano, correspondendo a 2,4% dopeso total. Indivíduos pequenos apareceram em todos os meses e os maiores foramobservados, principalmente, em agosto e novembro, havendo diferença significativa dostamanhos ao longo dos meses. Nessa área, a CPUE de C. bartholomaei não apresentou umpadrão anual definido, mas foi maior no segundo trimestre de 1999 (Figura 52), com média etotal de 9,7 e 21,9 Kg/dia, respectivamente.

Figura 52 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Carangoides bartholomaei capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas donorte da Bahia.

71

0

100

200

300

400

500

600

700

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

0

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Produção CPUEc a

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1500

2000

2500

3000

2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEb b

0

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1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

0

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P rodução C P UEc c

01000

200030004000

500060007000

80009000

1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

0

20

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60

80

100

120

Produção CPUEd

Mycteroperca bonaci

No norte da Bahia, os sirigados ocorreram em 107 desembarques (16,9%) da frota delinha de mão, ao longo do ano, obtendo-se 218 exemplares que representaram 5,1% do pesototal. Os espécimes tiveram tamanhos entre 42 e 132,5 cm CZ, com média de 87,2 cm; osindivíduos pequenos ocorreram de maio a setembro e os maiores em setembro, outubro,fevereiro e abril, não havendo diferença significativa nos comprimentos durante o ano. A CPUEpara M. bonaci não apresentou padrão definido nessa área, mas os terceiro e quarto trimestresde 1999 e o primeiro de 2000 apresentaram altos valores (Figura 53a), com 30,6 Kg/dia,igualmente, de média e total.

Em Alagoas e Pernambuco, M. bonaci foi obtida em 124 desembarques (28,3%), emtodos os trimestres. O peso representou 10,4% do total, com 257 indivíduos que, em suamaioria, ocorreram em novembro e dezembro. Os menores indivíduos foram registrados nosmeses de junho, agosto e novembro e os maiores em junho e agosto. Nesses estados, a CPUEdo sirigado foi maior no quarto trimestre de 1999 (Figura 53b) e os valores médio e total foramde 17,9 e 31,9 Kg/dia, respectivamente.

Para a frota motorizada do Rio Grande do Norte, exemplares de M. bonaci ocorreramem 37 desembarques (17,5%), em 1999, com 103 indivíduos que representaram 8,9% do pesototal. Os comprimentos alternaram entre 42 e 142 cm CZ, com diferença significativa ao longodos meses. As mais altas CPUEs, para o sirigado, foram estimados para o terceiro e quartotrimestres, com média de 6,3 e total de 8,6 Kg/dia (Figura 53c).

Na frota de linha do Ceará, o sirigado ocorreu em 85 desembarques (16,4%), durantetodos os trimestres, e representou 22,6% do peso total. Mediram de 39 a 185 cm CZ, commédia de 84,9 cm CZ e tamanhos significativamente distintos durante o período analisado. Afrota de linha teve CPUEs mais altas no quarto trimestre (Figura 53d), com média e total de37,6 e 56,9 Kg/dia, respectivamente. Ainda, M. bonaci foi a espécie mais importante, em peso,nos desembarques do estado.

Figura 53 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Mycteroperca bonaci capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia (a), de Alagoas e Pernambuco (b), do Rio Grande do Norte (c) e pela frota à vela doCeará (d).

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEda

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3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

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2025

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50

Produção CPUEg b

Thunnus obesus

A albacora-bandolim ocorreu, ao longo de todo o ano, em 89 desembarques (14%) dafrota de linha do norte da Bahia, sendo desembarcados 418 espécimes que representaram 4%do peso total, no período analisado. A amplitude de tamanhos foi de 49 a 109 cm CZ, commédia de 69,4 cm CZ; os menores e maiores indivíduos ocorreram nos meses em outubro edezembro, respetivamente. A CPUE de T. obesus foi maior no quarto trimestre (Figura 54a),com média de 12,6 e total de 29,7 Kg/dia.

Em Alagoas e Pernambuco, T. obesus ocorreu em 22 desembarques (5%), nosterceiro e quarto trimestres de 1999 e primeiro de 2000, representando 2,2% do peso da frotade linha. Os menores exemplares ocorreram em setembro e os maiores em novembro edezembro, com diferença significativa nos comprimentos ao longo do ano. A mais alta CPUEsobre a albacora-bandolim foi estimada para o quarto trimestre do ano (Figura 54b).

Figura 54 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Thunnus obesus capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b).

Thunnus atlanticus

No norte da Bahia, a albacorinha ocorreu em 103 desembarques (16,2%), totalizando516 indivíduos, ou 3,8% do peso da frota de linha de mão. Não houve ocorrência da espécieem junho, julho e agosto. A CPUE foi maior no quarto trimestre, durante dois anos consecutivos(Figura 55a), e apresentou valores médio e total de 16,2 e 23,9 Kg/dia, respectivamente, comdiferença significativa do comprimento ao longo do ano.

Em Alagoas e Pernambuco, T. atlanticus ocorreu em 68 desembarques (15,5%),obtendo-se 196 indivíduos que totalizaram 3,1% do peso desembarcado. Os menoresindivíduos, registrados para a frota à vela, ocorreram em janeiro e os maiores em novembro,com diferenças significativas nos tamanhos ao longo do ano. A CPUE da espécie, para essafrota, teve média de 16,0 e total de 16,7 Kg/dia, com os maiores valores no quarto trimestre(Figura 55b). No entanto, foi observado que houve padrão de variação dos volumesdesembarcados, que tendeu a aumentar a partir de setembro e a diminuir após abril, que sesugere como conseqüência de migração sazonal realizada pela albacorinha.

No Rio Grande do Norte, a albacorinha ocorreu em 68 desembarques (16,1%) da frotade linha à vela, porém correspondeu a 9,1% (n = 190) do peso total desembarcado pela frota enão ocorreu no segundo trimestre de 1998. Houve diferença significativa dos comprimentos dosespécimes, entre julho de 1998 e março de 2000, que variaram de 42 a 93 cm CZ. A CPUE doT. atlanticus, no estado, foi maior no quarto trimestre, principalmente em 1999, com média etotal, para os meses analisados, de 8,3 e 8,9 Kg/dia, respectivamente (Figura 55c).

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3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

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Produção CP UE e a

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3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

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Produção CPUEeb

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3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

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Produção CPUEac

Figura 55 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Thunnus atlanticus capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b) e pela frota à vela do Rio Grande do Norte (c).

Thunnus albacares

A albacora-laje ocorreu em 50 desembarques (7,9%) da frota do norte da Bahia, com88 exemplares capturados que representaram 2,2% do peso total desembarcado. Não houveocorrência da espécie entre março e julho. O tamanho dos espécimes variou de 51 a 136 cmCZ, com média de 100,3 cm; os indivíduos pequenos foram observados em novembro, janeiro efevereiro e os maiores em novembro e dezembro, havendo diferença significativa no tamanhoao longo do ano. As maiores CPUEs para T. albacares, nessa área, ocorreram no terceiro equarto trimestres (Figura 56a), com média de 22,0 e total de 32,0 Kg/dia.

Em Alagoas e Pernambuco, a albacora-laje ocorreu em 92 desembarques (21%),obtendo-se 144 espécimes que representaram 7,4% do peso total. Os menores indivíduosapareceram em fevereiro e os maiores em outubro, dezembro e janeiro, constatando-sediferença significativa nos comprimentos ao longo do ano. A CPUE do T. albacares, nessesestados, teve média de 24,7 e total de 30,7 Kg/dia e seus maiores valores ocorreram no quartotrimestre de cada ano (Figura 56b).

A espécie ocorreu em todos os trimestres em 27 desembarques (12,8%) da frotamotorizada no Rio Grande do Norte, sendo obtidos 59 indivíduos que perfizeram 9,2% do pesototal, enquanto na frota à vela T. albacares ocorreu em 15 desembarques (3,6%) erepresentou, em peso, 3,6% do total desembarcado, não havendo registros da espécie nosegundo trimestre de 1998, quarto de 1999 e primeiro de 2000. Houve diferença significativanos tamanhos dos exemplares da frota a motor de 49 e 146 cm CZ, o que também foiapresentado pela frota à vela, cuja amplitude foi de 90 a 129,5 cm CZ. Na frota a motor, aalbacora-laje teve maiores CPUEs nos terceiro e quarto trimestres, com valor médio de 11,3 etotal de 15,5 Kg/dia (Figura 56c), enquanto para a vela os valores mais altos ocorreram entrejulho de 1998 e setembro de 1999 (Figura 56d), com média de 19,3 e total de 19,2 Kg/dia.

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3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99Trim estres

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Produção CPUEcd

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3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CP UEga

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3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEc b

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00

Trim estres

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Produção CPUEbc

Figura 56 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Thunnus albacares capturada com linha de mão pelas frotas motorizadas do norte daBahia (a) e de Alagoas e Pernambuco (b) e pelas frotas a motor (c) e à vela (d) do Rio Grandedo Norte.

Elagatis bipinnulata

O peixe-rei teve desembarques mais representativos no norte da Bahia, dentre todosos estados do Nordeste. Das capturas com linha de mão dessa área, foram amostrados 751indivíduos de peixes-rei, referentes a 2,4% do peso desembarcado, em 102 desembarques ou16% do total. A amplitude de tamanhos dos exemplares foi de 28,0 a 85,5 cm CZ (média de56,5 cm CZ). Em agosto e setembro apareceram os menores indivíduos, e os maiores emmarço, abril, agosto e outubro. Houve diferença significativa dos comprimentos entre os meses.A CPUE da espécie, nessa área, foi mais alta no terceiro (principalmente) e quarto trimestres(Figura 57), com média e total de 16,4 e 15 Kg/dia, respectivamente.Figura 57 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Elagatis bipinnulata capturada com linha de mão pela frota motorizada do norte daBahia.

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2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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P rodução C P UE f

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3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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Produção CPUEdd a

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1º98 2º98 3º98 4º98 1º99 2º99 3º99 4º99 1º00Trim estres

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P rodução C PUEb b

Acanthocybium solandri

A cavala-empinge, pescada com linha, no norte da Bahia, ocorreu em 94 desembarques(21,4%), em todos os trimestres e representou 6,5% do peso total (n = 252). Os menores emaiores exemplares foram ambos registrados em março e as maiores amplitudes decomprimentos de novembro a janeiro, com diferenças significativas durante os trimestres. ACPUE de A. solandri, nessa área, estado, teve média de 30,5 e total de 24,9 Kg/dia, comvalores mais altos no terceiro e quarto trimestres (Figura 58a).

No Rio Grande do Norte, a participação de A. solandri nas capturas de linha foiobservada em 52 desembarques (12,4%), com 83 indivíduos que representaram 6% do pesodesembarcado pela frota à vela; com exceção do quarto trimestre de 1999 a espécie ocorreuem todos os demais. O comprimento dos exemplares variou de 44 a 159 cm CZ e foiestatisticamente diferente com relação aos meses. As CPUEs da cavala-empinge, para a frota àvela, foram maiores no segundo e terceiro trimestres (Figura 58b), com valores médio e totalde 7,4 e 8,9 Kg/dia, respectivamente.

Figura 58 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Acanthocybium solandri capturada com linha de mão pelas frotas a motor do norte daBahia e à vela do Rio Grande do Norte.

4.2 FROTA DE REDES DE EMALHAR, DE CERCO E SERREIRAS

Os desembarques de redes de emalhar da frota motorizada do norte da Bahiarepresentaram 9% (n = 60) do total e 6% (4,09 t) do peso desembarcado nessa área (Tabela29), com os botes correspondendo a 58,3% dos desembarques e 53,1% da produção; ossaveiros com 36,7% dos desembarques e 45,5% da produção, e as lanchas com 5% e 1,4%dos desembarques e da produção, respectivamente (Tabela 30).

Em Alagoas e Pernambuco, a maioria das embarcações operou com rede de emalhar noprimeiro e segundo trimestres de 1999 (Tabela 29). O emalhe e o cerco foram responsáveis por205 desembarques (27,5%) e 4,1 t (8,9%) do pescado, sendo os botes motorizadosresponsáveis por 61% dos desembarques e 87% da produção desses estados, em peso (Tabela30).

Por sua vez, a frota que emprega redes de emalhar (peixe-voador), redes de cerco eserreiras, no Rio Grande do Norte, representou 14,7% dos desembarques (n = 112) e 28,4%(7,76t) da produção de peixes de 92 embarcações, que totalizaram 31% da frota (Tabela 30).Observou-se maior número de desembarques e de embarcações, para as redes de peixe-voador, no primeiro trimestre de cada ano (Tabela 29).

No Ceará, a frota de canoas à vela, que teve maior número de desembarques nosprimeiro e segundo trimestres de 1998 (Tabela 29), perfez 282 desembarques (35,1%) deemalhes que corresponderam a 16,8% (10,9 t) do total capturado (Tabela 30).

76

Tabela 29 - Número de desembarques (D) e embarcações (E), registradas para as frotas deredes de emalhar de Arembepe - BA, de julho de 1998 a dezembro de 1999; Alagoas ePernambuco, entre abril de 1998 e março de 2000; Rio Grande do Norte (peixe-voador), deabril de 1998 a março de 2000, e Ceará, entre abril de 1999 e março de 2000.

BAHIA ALAGOAS EPERNAMBUCO

RIO GRANDE DO NORTE(peixe-voador) CEARÁ

TRIMESTRESD E D E D E D E

Jan. - Mar.1998 - - - - 4 4 97 55

Abr. - Jun.1998 1 1 4 2 35 30 100 63

Jul. - Set.1998 6 2 29 14 4 4 37 25

Out - Dez.1998 10 3 14 7 2 2 48 30

Jan. - Mar.1999 8 2 73 24 - - - -

Abr. - Jun.1999 10 7 38 20 23 17 - -

Jul. - Set.1999 20 7 22 12 7 6 - -

Out - Dez.1999 5 4 15 9 - - - -

Jan. - Mar.2000 - - 10 5 2 2 - -

Total 60 26 205 93 77 65 282 173

• TEMPO DE PESCA

A duração média das viagens dos botes que operam redes no norte da Bahia foi de 1dia, apresentando diferença significativa ao longo do ano, enquanto o tempo de mar dossaveiros variou entre 0,5 e 4,5 dias (média de 1,4), sem apresentar diferenças significativas aolongo do período analisado (Tabela 31).

A frota de redes de emalhar de Alagoas e Pernambuco apresentou um maior tempo deoperação, quando comparado ao do cerco (Tabela 31).

No Rio Grande do Norte, a duração das viagens das frotas de redes foi de 1 a 4 dias. Otempo médio das viagens das canoas à vela do Ceará mostrou valores semelhantes ao longo doano (0,5 a 6 dias) e não houve diferença significativa nos dias de pesca, em relação aostrimestres (Tabela 31).

77

Tabela 30 – Categoria, propulsão e número de embarcações, freqüência de desembarques eprodução das frotas que empregaram rede de emalhar em Arembepe - BA (julho de 1998 adezembro de 1999); emalhe e cerco em Alagoas e Pernambuco (abril de 1998 a março de2000), e emalhe para peixe-voador, cerco e serreira no Rio Grande do Norte (janeiro de 1998 amarço de 2000).

ESTADOS CATEGORIA DASEMBARCAÇÕES PROPULSÃO EMBARCAÇÕES

(n)DESEMBARQUES

(n)DESEMBARQUES

(%)PRODUÇÃO

(Kg)

Bote motor 6 35 58,3 2.200Saveiro motor 10 22 36,7 1.860Lancha motor 1 3 5,0 30BA

HIA

TOTAL motor 17 60 100,0 4.090

Bote (emalhe) motor 30 90 44,0 2.903

Bote (cerco) motor 6 35 17,0 672

Jangada (emalhe) vela 4 33 16,0 83

Jangada (cerco) vela 3 19 9,0 64

Bote (emalhe) vela 3 4 2,0 56

Bote (cerco) vela 5 6 3,0 167Canoa (emalhe) vela 3 8 4,0 113Canoa (cerco) vela 4 10 5,0 55

ALAG

OAS

e P

ERN

AMBU

CO

TOTAL motor e vela 58 205 100,0 4.113Bote (emalhe) motor 11 12 10,7 720Bote (emalhe) vela 6 6 5,4 113Bote (emalhe

peixe-voador) motor 9 11 9,8 490

Bote (emalhepeixe-voador) vela 51 66 58,9 5.294

Bote (cerco) motor 15 17 15,2 1.145RIO

GRAN

DE

DO

NO

RTE

TOTAL motor e vela 92 112 100,0 7.763Canoa vela 123 278 98,6 9.995Bote vela 2 2 0,7 865Jangada vela 2 2 0,7 115CE

ARÁ

Total vela 127 282 100 10.975

• TRIPULAÇÃO

O número de tripulantes dos botes do norte da Bahia variou entre 2 e 6 pescadores,enquanto os saveiros foram tripulados por 3 a 5 homens. Em Alagoas e Pernambuco, atripulação das embarcações que empregam redes foi composta por 2 a 4 pescadores. No RioGrande do Norte, a frota, em geral, atuou com um número de 2 a 5 pescadores, o que tambémse verificou no Ceará (Tabela 31).

• PROFUNDIDADE DE ATUAÇÃO

As pescarias dos botes do norte da Bahia, com redes de emalhar, ocorreram emprofundidades entre 15 e 78 m, e média de 46 m (Figura 59). Houve diferença significativa nasprofundidades entre os trimestres, enquanto os saveiros atuaram, aproximadamente, namesma faixa de profundidade, entre 12 e 78 m, com média de 47 m, mas sem diferençasignificativa desses valores no período observado (Tabela 31).

A maior profundidade de atuação em Alagoas e Pernambuco foi da frota de emalhe,entre 12 e 97 m, quando comparadas às profundidades da frota que emprega cerco, de 5 a 16m (Tabela 31).

78

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1º-99 2º-99 3º-99 4º-99

No Rio Grande do Norte, a frota de redes, em geral, operou em profundidades de 8 a1.000 m, aproximadamente, para além da quebra da plataforma continental (Tabela 31).

Para o Ceará, as canoas estiveram atuando em profundidades de 2,7 a 48,6 m (Tabela31), com o quarto trimestre apresentando o maior valor médio de profundidade e registrando-se diferença significativa das profundidades em relação aos trimestres (Figura 60).

Tabela 31 – Tempo de pesca, profundidade de atuação e número de tripulantes das frotas queempregam redes de emalhar no norte da Bahia (BA), em Alagoas e Pernambuco (ALPE), no RioGrande do Norte (RN) e no Ceará (CE).

ESTADOS CATEGORIA PROPULSÃO DIAS DE PESCA PROFUNDIDADE (m) TRIPULAÇÃO (n)

Botes Motor 0,5 - 3,5 15 - 78 2 – 6Saveiros Motor 0,5 - 4,5 12 - 78 3 – 5BA

Lanchas Motor 0,5 - 1 13,5 2

botes (emalhe) Motor 0,5 - 8 13 - 97 2 – 5

botes (cerco) Motor 0,5 - 1 8 - 16 2 - 3

Jangadas (emalhe) Vela 0,5 - 1 22 - 97 2 - 3

Jangadas (cerco) Vela 0,5 - 1 6 - 14 2 - 3

botes (emalhe) Vela 0,5 - 1 13 - 52 2 - 4

botes (cerco) Vela 0,5 6 - 12 2 - 3

Canoas (emalhe) Vela 1 12 - 22 2

ALPE

Canoas (cerco) Vela 0,5 5 - 15 2Botes Motor 1 - 5 7,5 – (>1.000) 2 - 6

RN

Botes Vela 1 - 4 2 - 4Canoas Vela 0,5 - 6 2,7 - 48,6 2 - 5Botes Vela 0,5 40 - 51,3 4CE

Jangadas Vela 2 3 - 22,5 2 - 5

Figura 59 - Profundidades de atuação da frota de botes motorizados que opera com redes deemalhar em Arembepe - BA, de janeiro a dezembro de 1999.

79

0

400

800

1200

1600

3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99

Trimestre

Prod

ução

(Kg)

0

200

400

600

800

4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99Trimestre

Prod

ução

(kg)

a

b

Figura 60 - Profundidades de atuação mínima, média e máxima da frota de canoas à vela queempregou redes de emalhar no Ceará, de abril de 1999 a março de 2000.

• PRODUÇÃO PESQUEIRA (em peso)

A produção dos botes que operam redes no norte da Bahia, foi maior no terceirotrimestre de 1999, com diferença significativa observada de julho de 1998 a setembro de 1999.Para os saveiros, a produção teve os maiores valores no segundo (604 Kg), terceiro (435 Kg) equarto trimestres (466 Kg), porém sem diferença significativa da produção entre os trimestres(Figura 61).

Para a produção de redes de emalhar de Alagoas e Pernambuco, os maioresdesembarques dos botes ocorreram no primeiro trimestre de cada ano e das jangadas noprimeiro e segundo trimestres, registrando-se diferença significativa do peso desembarcado aolongo do período (Figura 62).

No Ceará, o desembarque de emalhe das canoas foi mais expressivo no segundo (3.747Kg) e terceiro (4.248 Kg) trimestres, com o peso estatisticamente diferente em relação aostrimestres (Figura 63).

Figura 61 – Produção pesqueira da frota de botes (a) e saveiros (b) do norte da Bahia, portrimestres, entre outubro de 1998 e dezembro de 1999.

Trimestres

Prof

undi

dade

(m

etro

s)

0

10

20

30

40

50

2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

80

0200400600800

100012001400

3º - 98 4º - 98 1º - 99 2º - 99 3º - 99 4º - 99 1º - 00

Trimestres

Prod

ução

(Kg

)

0

20

40

60

80

100

120

140

3º-98 4º-98 1º-99 2º-99 3º-99 4º-99

Trimestre

Prod

ução

(kg

)

a

b

0

1000

2000

3000

4000

5000

2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trimestres

Prod

ução

(Kg

)

Figura 62 – Produção pesqueira da frota de botes (a) e jangadas (b) de Alagoas e Pernambuco,por trimestres, entre outubro de 1998 e dezembro de 1999.

Figura 63 – Produção pesqueira da frota de canoas do Ceará, por trimestres, entre outubro de1998 e dezembro de 1999.

• FASES DA LUA

No norte da Bahia, a lua nova foi a fase na qual se registraram os maioresdesembarques dos botes da frota de emalhe, com diferença estatística da produção em relaçãoàs fases da lua, entre Julho de 1998 e setembro de 1999. Os saveiros dessa região tiverammaior peso descarregado na fase quarto crescente, mas sem diferença significativa domontante desembarcado, quando relacionado às fases lunares (Tabela 32).

Para os botes motorizados de Alagoas e Pernambuco, não houve diferença daprodução, em peso, quanto às fases lunares, diferentemente das jangadas à vela, cujaprodução foi maior nas fases quarto crescente e quarto minguante e apresentou diferençasignificativa do peso desembarcado nas diferentes fases (Tabela 32). As frotas de cerco, nessesestados, apresentaram os maiores volumes desembarcados na lua nova (200 Kg), para asembarcações motorizadas, e no quarto crescente, para aquelas à vela (Tabela 32), havendodiferença significativa da produção, em relação às fases lunares, de ambas as frotas.

81

No Ceará, as fases da lua não interferiram nas capturas com redes de emalhar da frotade canoas à vela (Tabela 32), não se registrando diferença significativa da produção em relaçãoàs fases da lua, nesse estado.

Tabela 32 - Peso registrado (Kg) e percentual (%) desembarcados pelas frotas que empregamlinha de mão em Arembepe (BA), Alagoas e Pernambuco (ALPE) e Ceará (CE), em relação àsfases da lua, entre abril de 1998 e março de 2000.

FASES DA LUA TOTALCheia Minguante Nova CrescenteESTADOS CATEGORIA PROPULSÃO

(Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg) (%) (Kg)

Bote Motor 611 27,6 434 19,6 734 33,2 431 19,5 2.210

BA

(em

alhe

)

Saveiro Motor 371 19,9 912 48,9 384 20,6 198 10,6 1.865

Bote Motor 1.167 33,4 713 20,4 731 20,9 883 25,3 3.494

(em

alhe

)

Jangada Vela 36 12,8 73 25,9 54 18,9 121 42,5 284

Bote Motor 186 27,7 129 19,3 237 35,3 119 17,7 672

ALPE

(cer

co)

Bote Vela 20 6,9 50 17,4 66 23,0 151 52,7 286

CE

(em

alhe

)

Canoa Vela 2.884 28,9 1.754 17,5 2.442 24,4 2.915 29,2 9.995

4.2.1 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS DAS REDES DE EMALHAR

Os desembarques de emalhe do norte da Bahia foram compostos por 72 espécies de 27famílias; destas, 62 espécies de 23 famílias de peixes ósseos e 21 espécies de 4 famílias decartilaginosos (n = 1.851). As famílias com o maior número de espécies foram Carangidae (12),Scombridae (9), Lutjanidae (8), Sciaenidae (8), Haemulidae (5), Carcharhinidae (4) (Anexo II),com 12 espécies totalizando 78,9% do peso total desembarcado pela frota, no estado (Tabela33), de julho de 1998 a dezembro de 1999. As famílias de maior percentual de desembarque noemalhe do norte da Bahia, em peso, foram Carcharhinidae (26%), Carangidae (21,1%),Scombridae (16,3%) e Lutjanidae (14,4%), apresentando-se como mais representativa aespécie Rhizoprionodom porosus (Carcharhinidae), que perfez 24% do total desembarcado(Tabela 33).

Da produção da frota motorizada de Alagoas e Pernambuco, foram registrados, nosemalhes, 2.342 exemplares compostos por 48 espécies de 16 famílias, com 46 espécies de 15famílias de peixes ósseos e 2 espécies de 1 família de cartilaginosos. As famílias Carangidae (8),Lutjanidae (8), Scombridae (7) e Haemulidae (5) foram aquelas com mais espécies, enquanto atotalidade das capturas da frota à vela foi de peixes ósseos (n = 317), identificando-se 22espécies de 10 famílias e registrando-se o maior número de espécies para Carangidae (6),

82

Lutjanidae (4) e Scombridae (3) (Anexo II) (Tabela 34). As maiores participações, para a frotamotorizada de Alagoas e Pernambuco, foram de Carangidae (44,7%), Scombridae (21,4%),Haemulidae (10,6%) e Centropomidae (7,2%), onde Carangoides bartholomaei (Carangidae) foia espécie com maior número de indivíduos e Centropomus undecimalis (Centropomidae) teve omaior peso médio de captura. Para a frota à vela, um total de 10 espécies constituiu 83,6% dascapturas, em peso (Tabela 34).

No Rio Grande do Norte, do total desembarcado pelas redes serreiras, identificaram-se13 espécies de 9 famílias, em 374 exemplares desembarcados (720 Kg), sendo todas de peixesósseos, com o maior número de espécies ocorrendo para Scombridae (4) e Carangidae (3)(Tabela 35; Anexo II). Trichiurus lepturus (Trichiuridae), com 32,9%, e Scomberomorusbrasiliensis (Scombridae), com 28,1%, representaram, em peso, mais de dois terços do totalcapturado pelas redes serreiras do Rio Grande do Norte (Tabela 35). Do peso desembarcadopela frota de emalhe do Ceará, as famílias mais representativas foram Clupeidae (40,2%),Scombridae (24,8%) e Lutjanidae (10,9%), com Opisthonema oglinum (Clupeidae) sendo aespécie mais freqüente em peso e em número de indivíduos desembarcados. Entre as espécies-alvo, S. brasiliensis teve maiores volumes e maior quantidade de espécimes (Tabela 36).

As redes de emalhar do Ceará capturaram 15.232 peixes, compostos por 79 espéciesde 29 famílias de peixes ósseos e 14 espécies de 4 famílias de cartilaginosos, onde o maiornúmero de espécies pertenceu a Carangidae (12), Ariidae (9), Serranidae (7), Lutjanidae (7),Scombridae (6), Haemulidae (6), Sciaenidae (6), Carcharhinidae (6) e Dasyatidae (n = 4)(Tabela 36; Anexo II).

Tabela 33 - Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, no desembarques da frota de botes motorizados que empregouredes de emalhar no norte da Bahia, entre abril de 1998 e março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO(cm)ESPÉCIES NOME VULGAR F. O.

(n)PESO TOTAL

(%)PESO MÉDIO

(g) Mínimo Médio MáximoRhizoprionodon porosus Tubarão-rabo-seco 403 24,0 817 36,5 67,6 100,5Carangoides crysos Chicharro 356 13,3 513 19,5 30,6 42,3Scomberomorus brasiliensis Serra 133 7,0 717 33,8 46,0 72,0Lutjanus synagris Ariocó 168 6,8 560 20,0 31,6 44,0Euthynnus alletteratus Bonito 82 4,9 821 30,0 37,7 47,5C. bartholomaei Guarajuba 73 4,5 864 26,0 35,0 74,8Caranx latus Guaracimbora 43 4,3 1.408 18,7 39,6 71,5L. jocu Dentão 24 4,3 2.444 33,7 49,8 70,0Lutjanus chrysurus Guaiúba 76 3,3 606 22,5 32,4 48,0Katsuwonus pelamis Bonito-listrado 50 2,4 681 25,2 35,2 46,5Scomberomorus cavalla Cavala-branca 20 2,0 1.386 41,5 54,9 79,0Carcharhinus sp. Tubarão-flamengo 43 2,0 627 36,5 62,8 73,0TOTAL 1.471 78,8

83

Tabela 34 – Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota à vela que empregou redes de emalharem Alagoas e Pernambuco, de abril de 1998 a março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO(cm)ESPÉCIES NOME VULGAR F. O.

PESOTOTAL(%)

PESOMÉDIO

(g) Mínimo Médio Máximo

MOTORCarangoides bartholomaei Guarajuba 807 33,1 491 15,6 28,2 40,5Scomberomorus brasiliensis Serra 335 19,0 717 28 44 71C. crysos Chicharro 166 11,6 573 16,9 28,6 44Haemulon plumieri Biquara 295 8,3 368 16,5 26,6 32,5Centropomus undecimalis Camurim 53 7,2 2.500 40 63 77,5Lutjanus chrysurus Guaiúba 48 2,5 430 16 29,4 35,5S. cavalla Cavala 58 2,4 1.688 34,5 47,7 78Anisotremus virginicus Salema 126 2,3 95 16 22 31L. synagris Ariocó 74 1,2 417 17,5 23,8 45,5L. analis Cioba 29 0,9 368 26,5 39,1 60TOTAL 1.991 88,5 VELAScomberomorus brasiliensis Serra 2 6 23,9 1.823 36,0 63,3 82,0Mugil sp. Saúna 126 13,5 395 20,5 24,7 29,0Lutjanus synagris Ariocó 35 8,7 190 17,0 21,7 28,0Auxis thazard Bonito 2 8,2 8.900 81,5 81,7 82,0Caranx hippos Xaréu 2 6,4 5.560 55,0 70,5 86,0Haemulon aurolineatum Xira 26 5,5 145 12,0 16,0 25,0Pseudupeneus maculatus Saramunete 26 5,5 156 16,5 18,5 22,5Sparisoma chrysopterum Budião 26 5,5 263 16,5 19,8 22,5Lutjanus apodus Baúna-de-fogo 4 3,2 196 22,0 23,3 24,0Scomberomorus cavalla Cavala 6 3,2 4.995 63,5 84,6 107,0TOTAL 279 83,6

Tabela 35 – Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que empregou redes deemalhar serreira no Rio Grande do Norte, de abril de 1998 a dezembro de 1998.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO(cm)ESPÉCIES F. O. PESO TOTAL

(%)PESO MÉDIO

(g) Mínimo Médio MáximoScomberomorus brasiliensis 96 14,3 671 21,8 44,7 70,0Trichyurus lepturus 16 21,3 997 97,0 102,6 112,0Lutjanus analis 64 25,3 1.824 34,0 44,1 81,0Euthynnus alleteratus 25 25,4 1.192 40,0 43,3 54,5

84

Tabela 36 - Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de canoas à vela que empregou redes deemalhar no Ceará, de abril de 1999 a março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO(cm)ESPÉCIES F. O. PESO TOTAL

(%)PESO MÉDIO

(g) Mínimo Médio MáximoOpisthonema oglinum 8.740 40,2 159 5,6 19,2 32,8Scomberomorus brasiliensis 1.605 16,2 396 9,4 36,2 79,7Chloroscombrus chrysurus 895 5,8 29 9,4 15,0 26,0Trichiurus lepturus 579 6,5 456 18,5 80,9 134,0Lutjanus synagris 496 3,5 288 11,8 23,0 50,2L. chrysurus 371 2,4 814 17,2 35,9 49,8Euthynnus alleteratus 350 8,6 994 19,2 39,6 85,4Sphyraena barracuda 306 2,8 369 19,4 34,0 103,0Cynoscion leiarchus 272 1,7 149 14,4 25,7 75,0

- CAPTURA POR UNIDADE DE ESFORÇO (CPUE)

Na costa norte da Bahia, as espécies captudas com rede de emalhar que tiveram asmaiores CPUEs foram, em ordem decrescente, Carangoides crysos (chicharro), Lutjanussynagris (ariocó), Scomberomorus brasiliensis (serra), Carangoides bartholomaei (guarajuba),Caranx latus (guaracimbora) Lutjanus jocu (dentão) e Scomberomorus cavalla (cavala), queocorreram juntas em quase todos os trimestres. Os peixes cartilaginosos Rhizoprionodonporosus (tubarão-rabo-seco) e Carcharhinus sp. (tubarão-flamengo) também apresentaramCPUEs altas em relação às demais, mas foram freqüentes em poucos trimestres (Tabela 37).

As espécies com maiores CPUEs, na frota motorizada de Alagoas e Pernambuco, foramC. bartholomaei, S. brasiliensis, C. undecimalis, C. crysos e Lutjanus chrysurus (Tabela 38).

No Ceará, as espécies-alvo que apresentaram as maiores CPUEs foram S. brasiliensis eL. chrysurus, enquanto, para as espécies não alvo, Opisthonema oglinum e Euthynnusalleteratus tiveram os maiores valores (Tabela 39).

Tabela 37 - Captura por unidade de esforço (CPUE), média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas, em peso, nos desembarques da frota de linha de mão deArembepe - BA, de julho de 1998 a dezembro de 1999.

CPUE POR TRIMESTRE(Kg/dia)

3º-98 4º 1º-99 2º 3º 4ºESPÉCIESCPUEMÉDIA(Kg/dia)

n = 6 n = 10 n = 8 n = 10 n = 20 n = 5

CPUETOTAL(Kg/dia)

Rhizoprionodon porosus 45,0 - - 45,0 7,8 67,5 - 46,8

Carangoides crysos 16,5 16,5 69,0 17,3 3,4 7,5 - 23,8Lutjanus synagris 5,7 3,0 5,4 5,7 24,0 9,7 12,2Scomberomorus brasiliensis 9,8 6,6 9,8 12,6 18,0 7,5 - 11,0Euthynnus alletteratus 12,8 - - - 10,0 16,3 - 14,9L. chrysurus 6,2 5,0 3,2 - - 27,0 7,6 15,2C. bartholomaei 6,8 - - 8,7 3,7 14,1 5,3 10,9Katsuwonus pelamis 15,2 23,5 9,8 - - - - 16,7Caranx latus 5,6 1,8 19,2 6,2 4,8 46,6 5,1 22,1Carcharhinus sp. 12,8 - 2,1 78,6 - - - 10,3L. jocu 9,3 - - 2,7 57,4 9,2 9,5 17,6S. cavalla 9,0 - - 19,2 11,0 7,4 4,2 10,4

85

Tabela 38 - Captura por unidade de esforço (CPUE), média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor, queempregou redes de emalhar em Alagoas e Pernambuco de janeiro de 1999 a março de 2000.

CPUE por trimestres(Kg/dia)

1º-99 2º 3º 4º 1º-00ESPÉCIES

CPUEMédia

(Kg/dia)n = 26 n = 28 n = 15 n = 14 N = 7

CPUETotal

(Kg/dia)

Carangoides bartholomaei 14,8 23,4 4,1 13,0 7,4 33,9 14,8

Scomberomorus brasiliensis 16,9 19,5 12,6 22,1 4,2 26,4 16,0

Haemulon plumieri 8,0 - 3,1 12,0 6,6 11,6 6,8

Carangoides crysos 8,0 3,2 2,6 - 7,7 21,5 8,1

Anisotremus virginicus 2,0 - 1,4 2,0 1,1 7,7 2,0

Lutjanus synagris 1,0 1,2 1,9 0,8 - - 1,8

Scomberomorus cavalla 3,0 7,4 0,4 3,2 0,5 9,1 2,4

Centropomus undecimalis 10,0 - 3,7 10,0 9,3 15,8 10,4

Lutjanus chrysurus 10,0 2,5 50,0 6,0 - - 10,0

Lutjanus analis 3,0 2,3 5,0 - 2,5 - 2,5

Tabela 39 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas, em peso, nos desembarques da frota de canoas à vela, queempregou redes de emalhar no Ceará de abril de 1999 a março de 2000.

CPUE por trimestre (Kg/dia)

2º-99 3º 4º 1º-00ESPÉCIESCPUEMédia

(Kg/dia)n = 97 n = 100 n = 37 n = 48

CPUEtotal

(Kg/dia)

Opisthonema oglinum 29,1 26,3 40,0 50,0 13,6 33,4Scomberomorus brasiliensis 19,0 19,6 21,0 11,4 27,8 20,0Euthynnus alleteratus 8,2 5,9 16,6 11,3 4,1 13,7Lutjanus chrysurus 15,3 13,4 33,1 6,8 18,0 15,3Trichiurus lepturus 8,2 5,9 16,5 11,3 4,1 13,7L. synagris 5,0 8,9 3,1 5,0 4,7 5,7Sphyraena barracuda 5,6 3,7 3,9 4,1 16,9 6,3

- ESPÉCIES-ALVO

Scomberomorus brasiliensis

Nas pescarias com redes de emalhar do norte da Bahia, a serra foi a terceira espéciemais freqüente. Ocorreu em 26 desembarques (43,3%), ao longo de todos os trimestres, numtotal de 133 exemplares correspondentes a 7% do peso desembarcado. Os comprimentosdesses indivíduos, que apresentaram diferenças significativas durante o ano, variaram de 33,8 a72 cm CZ, com média de 46 cm. Foram observados os menores indivíduos no mês de outubro eos maiores em novembro e março, não havendo registro da espécie de dezembro a fevereiro eem julho. A CPUE foi mais alta no quarto trimestre de 1998 e nos primeiro e segundo trimestresde 1999, com média de 9,8 e total de 11,0 Kg/dia, entre julho de 1998 e setembro de 1999(Figura 64a).

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Na frota a motor de Alagoas e Pernambuco, S. brasiliensis ocorreu em 25desembarques (27,7%), em todos os trimestres, registrando-se 335 espécimes querepresentaram 19% do peso descarregado. A amplitude de tamanhos foi de 28 a 71 cm CZ;houve diferença significativa dos comprimentos, em relação aos meses. O primeiro e o terceirotrimestres apresentaram os mais altos valores de CPUE para a espécie, com média e total, dejaneiro de 1999 a março de 2000, de 16,9 e 16 Kg/dia, respectivamente (Figura 64b).

No Ceará, a serra foi freqüente em todos os trimestres e ocorreu em 91 desembarques(32,2%), representando 16,2% (n = 1.605) do peso da frota de emalhe. A amplitude decomprimento foi de 9,4 a 79,7 cm CZ, com média de 36,2 cm, apresentando diferençasignificativa entre os meses. Esta espécie teve os maiores valores de CPUE no primeirotrimestre de cada ano, com média de 22,0 e total de 20,0 Kg/dia de abril de 1999 a março de2000 (Figura 64c).

Figura 64 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Scomberomorus brasiliensis capturada com rede de emalhar em (a) Arembepe -BA, (b) Alagoas e Pernambuco e (c) no Ceará.

Lutjanus synagris

Dentre os estados do Nordeste, apenas no norte da Bahia houve participação maisdestacada do ariocó nos desembarques de redes de emalhar, ocorrendo durante todo o ano,em 23 desembarques (38,3%), nos quais representou 6,8% (n = 168) do volumedesembarcado por essa frota. A amplitude de tamanhos foi de 20,0 a 44,0 cm CZ, com médiade 31,6 cm CZ e ocorrência dos menores indivíduos em julho. A CPUE de L. synagrisapresentou o maior valor no terceiro trimestre, com média de 5,7 e total de 12,2 Kg/dia, entreoutubro de 1998 e novembro de 1999 (Figura 65).

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Figura 65 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus synagris capturada com rede de emalhar em Arembepe – BA.

Lutjanus chrysurus

Como no caso do ariocó, a guaiúba apresentou uma participação mais importanteapenas nas capturas de emalhe do Ceará, onde ocorreu em todos os trimestres em 53desembarques (18,8%), dos quais foram amostrados 371 exemplares, que perfizeram 7,4% dopeso desembarcado. O tamanho dos indivíduos variou de 17,2 a 49,8 cm CZ, com média de35,9 cm CZ, e houve diferença significativa dos comprimentos em relação aos meses. L.chrysurus mostrou o maior valor de CPUE no terceiro trimestre, com média e total de 15,3 e15,3 Kg/dia, respectivamente (Figura 66), para o período de abril de 1999 a março de 2000.

Figura 66 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie-alvo Lutjanus chrysurus capturada com rede de emalhar pelas canoas à vela do Ceará.

- OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL

Carangoides crysos

Na costa norte da Bahia, o chicharro foi a segunda espécie mais importante, em peso,ao longo de 23 desembarques (38,3%), sendo obtidos 356 exemplares que representaram13,3%. No entanto, C. crysos não foi capturada de dezembro a fevereiro e em junho. Ostamanhos dos indivíduos alternaram entre 19,5 e 42,3 cm CZ, com média de 30,6 cm CZ, comos menores espécimes ocorrendo em outubro e os maiores em maio. Os comprimentos foramestatisticamente distintos ao longo do ano. A CPUE da espécie apresentou valores altos noquarto trimestre, com média e total de 16,5 e 23,8 Kg/dia, respectivamente (Figura 67a).

Chicharros ocorreram, também, em 17 desembarques (18,9%) de emalhe em Alagoase Pernambuco, representando 11,5% (n = 166) do volume desembarcado nesses estados. Os

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exemplares mediram de 16,9 a 44 cm CZ, apresentando diferença significativa ao longo doperíodo. A maior CPUE de C. crysos se reportou ao primeiro trimestre, com média e total de 8 e8,1 Kg/dia, respectivamente (Figura 67b), de janeiro de 1999 a março de 2000.

Carangoides bartholomaei

Das pescarias de emalhe, a guarajuba teve participação expressiva apenas na frotamotorizada de Alagoas e Pernambuco, ocorrendo, durante todos os trimestres, em 31desembarques (34,4%) referentes a 33,1% em peso amostrado (n = 807). O comprimentovariou de 15,6 a 40,5 cm CZ, apresentando diferença significativa ao longo dos meses. Aespécie apresentou maior CPUE no primeiro trimestre de cada ano, com média e total de 14,8Kg/dia, igualmente, entre janeiro de 1999 e março de 2000 (Figura 68a).

Haemulon plumieri

Semelhante a guarajuba, a biquara também teve maior representatividade nosdesembarques de emalhe de Alagoas e Pernambuco, onde ocorreu em 11 desembarques(12,2%) com 295 indivíduos que corresponderam a 8,3% do total desembarcado, em peso. Seutamanho variou de 16,5 e 32,5 cm CZ e houve diferença significativa ao longo dos meses. ACPUE de H. plumieri teve média de 8,0 e total de 6,8 Kg/dia, de abril 1999 a março de 2000,apresentando os mais altos valores nos primeiro e terceiro trimestres (Figura 68b).

Figura 67 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Carangoides crysos capturada com rede de emalhar em (a) Arembepe - BA e (b)Alagoas e Pernambuco.

Centropomus undecimalis

O camurim foi mais importante na frota motorizada de emalhe de Alagoas ePernambuco, sendo observada em 11 desembarques (12,2%) com 53 exemplares,representando 7,2%, em peso, e não sendo registrada apenas no primeiro trimestre de 1999. Ocomprimento variou entre 40,0 e 77,5 cm CZ, com diferença significativa ao longo dos meses. Amaior CPUE C. undecimalis foi estimada para o primeiro trimestre, com média e total de 10,0 e10,4 Kg/dia, respectivamente, para o período de abril de 1999 a março de 2000 (Figura 68c).

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Produção CP UE

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Figura 68 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para asespécies (a) Carangoides bartholomaei, (b) Haemulon plumieri e (c) Centropomus undecimalis,capturadas com redes de emalhar em Alagoas e Pernambuco.

Rhizoprionodon porosus

O tubarão-rabo-seco ocorreu em maiores volumes nos emalhes do norte da Bahia. Foicapturado em 21 desembarques (35%) e esteve ausente de setembro a fevereiro. As maioresCPUEs foram estimadas para o terceiro trimestre do ano de 1999 (Figura 69), sendo que aespécie não ocorreu no quarto trimestre. A CPUE média e total foi 45 e 46,8 Kg/dia,respectivamente. O tamanho dos espécimes amostrados variou entre 36,5 a 100,5 cm CZ, commédia de 67,6 cm. Exemplares menores foram freqüentes nos meses de março e agosto e osmaiores indivíduos foram amostrados no mês de agosto.

Figura 69 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para aespécie Rhizoprionodon porosus capturada com rede de emalhar no norte da Bahia.

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Produção CPUEbba

4.2.2 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS DAS REDES DE EMALHAR PARA PAIXE-VOADOR

O peixe-voador-de-quatro-asas, Hirundichthys affinis (Exocoetidae), é explotado apenasno Rio Grande do Norte. Da frota à vela deste estado, 5,3 t de peixes-voadores (n = 5.181)foram obtidas de 78 desembarques, entre janeiro de 1998 e junho de 2000, sem havercapturas da espécie no quarto trimestre de 1999. O tamanho mínimo dos exemplares foi de 19cm CZ, o médio de 23,8 cm CZ e o máximo de 29,8 cm CZ, sendo os comprimentosestatisticamente distintos ao longo dos meses, enquanto o peso médio individual foi de 142 g.A CPUE desta frota para o H. affinis, apresentou maiores valores no segundo trimestre de cadaano, com média 58,1 e total de 24,3 Kg/dia, no período analisado (Figura 70a).

Da frota de botes motorizados do Rio Grande do Norte, 13 desembarques, quetotalizaram 490,7 Kg de H. affinis (n = 520), foram acompanhados de janeiro de 1998 a junhode 1999, sem ocorrência da espécie no quarto trimestre de 1998 e primeiro de 1999. Otamanho mínimo, médio e máximo dos espécimes foram de 20,0, 23,0 e 27,0 cm CZ,respectivamente, havendo diferença significativa ao longo dos meses. Para essa frota, a CPUEda espécie foi mais alta no terceiro trimestre, com média e total de 28,6 e 21,0 Kg/dia,respectivamente (Figura 70b).

Figura 70 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, para opeixe-voador Hirundichthys affinis capturado com rede de emalhar para peixe-voador, pelasfrotas à vela (a) e a motor (b) do Rio Grande do Norte.

4.2.3 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS DAS REDES DE CERCO

Os desembarques das pescarias com redes de cerco da frota a motor de Pernambucoforam compostos por 3 espécies de 2 famílias: a sardinha-laje, Opisthonema oglinum(Clupeidae), e as agulhinhas branca, Hyporhamphus unifasciatus, e preta, Hemiramphusbrasiliensis (Hemiramphidae).

H. unifasciatus foi a espécie mais freqüente nas capturas com cerco da frota a motor doestado, além de ter sido, também, a espécie de maior volume desembarcado no litoralpernambucano (Tabela 40). O comprimento variou de 10,0 a 28,5 cm CZ, com média de 19,6cm, enquanto a CPUE sobre essa espécie apresentou os valores mais altos no terceiro trimestrede cada ano, com média e total de 37,6 e 36,4 Kg/dia, respectivamente, entre julho de 1998 esetembro de 1999.

H. brasiliensis teve participação pouco expressiva nas capturas dos botes motorizadosque empregam este petrecho, ocorrendo apenas no terceiro trimestre de 1998 e primeiro de1999. O tamanho dos indivíduos dessa espécie variou de 14,0 a 23,5 cm CZ, com média de

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19,2 cm CZ. CPUEs média e total dessa arte, para H. unifasciatus, foram de 7,4 e 11,0 Kg/dia,respectivamente.

Apenas 1,1% do peso desembarcado pelos botes a motor, que empregam cerco emPernambuco, foi representado pela O. oglinum, que só ocorreu no primeiro trimestre de 1999 eteve CPUE de 13,0 Kg/dia. A amplitude de comprimentos dos espécimes desembarcados foi de14,2 a 22,3 cm CZ, com média de 17,1 cm.

Tabela 40 - Freqüência relativa de ocorrência e percentual, em peso, das espécies capturadaspela frota de botes a motor que empregou redes de cerco em Alagoas e Pernambuco, de julhode 1998 a setembro de 1999.

Composição específica Nome vulgar Família Freq (%) Peso (%)Hemiramphus brasiliensis Agulhinha-preta Hemiramphidae 79,5 94,7Hyporhamphus unifasciatus Agulhinha-branca Hemiramphidae 16,2 4,2Opisthonema oglinum Sardinha-laje Clupeidae 4,3 1,1

As agulhinhas branca e preta constituíram toda captura de redes de cerco da frota àvela de Pernambuco, com a primeira representando 48,2% do volume desembarcado (n =1.024) e a segunda 51,8% (n = 1.570). H. unifasciatus ocorreu em todos os trimestres, em 22desembarques correspondentes a 62,8% do total, com exemplares variando entre 10 e 28,5 cmCZ e média de 19,6 cm CZ. Sua CPUE foi maior no quarto trimestre de 1998 e terceiro trimestrede 1999, com média 11,5 e total de 10,8 Kg/dia, de julho de 1998 a setembro de 1999 (Figura71a).

H. brasiliensis ocorreu em 13 desembarques (37,2%) e não foi capturada no terceirotrimestre de 1998 e nos terceiro e quarto de 1999. O comprimento variou de 10,4 a 24,5 cmCZ, com média de 19 cm CZ, enquanto a CPUE dessa espécie apresentou valores mais altos noprimeiro trimestre de 1999, com média e total, no período analisado, de 23,2 e 25,9 Kg/dia,respectivamente (Figura 71b).

No Rio Grande do Norte, foram obtidos dos botes motorizados que empregam redes decerco, 862 exemplares (1.145 Kg), identificando-se 5 espécies de 2 famílias: Hemiramphusbrasiliensis, Hyporhamphus unifasciatus (Hemiramphidae), Strongylura marina, Tylosurus acuse Ablennes sp. (Belonidae). H. brasiliensis, que foi a espécie mais freqüente em número,enquanto H. unifasciatus representou apenas 0,1%, nesses desembarques (Tabela 41). AsCPUEs de H. brasiliensis, nesse estado, variaram notadamente ao longo do ano, com valoresmais altos registrados no segundo e terceiro trimestres, enquanto, para as demais espécies,esses valores foram inexpressivos (Tabela 42).

Figura 71 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg), por trimestres, paraHemiramphus brasiliensis (a) e Hyporhamphus unifasciatus (b), capturadas com rede de cercopela frota à vela de Alagoas e Pernambuco.

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CPUE CPUE por trimestres (Kg/dia) CPUE

médio total

Kg/dia 2º-98 3º-98 4º-98 Kg/dia

Número de desembarques 7 6 1

Espécies

Hemiramphus brasiliensis 9,0 60,8 60 0,2 55,1

Strongylura marina 21,0 21Ablenes sp. 14,3 14,3

Tylosurus acus 14,2 14,2Hiporhanphus sp. 0,5 0,5

Tabela 41 – Freqüência de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que empregou redes deemalhar de cerco no Rio Grande do Norte, de abril de 1998 a dezembro de 1998.

Tabela 42 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, das espéciesmais representativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que empregaredes de cerco no Rio Grande do Norte.

4.3 FROTA DE COVOS PARA PEIXES

Em Pernambuco, único estado do Nordeste a empregar covos para peixes, foramacompanhados 101 desembarques (13,6%) da frota de botes a motor que emprega essepetrecho (Tabela 43), sendo registradas 55 embarcações (16,4%). Entre outubro de 1998 emarço de 2000, foram amostradas 2,81 t de peixes que representaram 6% do totaldesembarcado no estado.

A amplitude de profundidade em que essa frota atuou varia de 18 a 60 m, com médiade 35,2 m. O tempo de pesca foi de 0,5 a 3 dias, com média de 0,5 dia. As embarcaçõesoperam com um número de 2 a 5 pescadores, obedecendo um regime de operaçãopredominantemente diurno (70,59%; n = 48) e secundariamente integral (27,94%; n = 19).

Tabela 43 - Número de desembarques e de embarcações, registrado de outubro de 1998 amarço de 2000, para a frota de botes motorizados que emprega covos para peixes emPernambuco.

TRIMESTRES DESEMBARQUES(n)

EMBARCAÇÕES(n)

Out. – Dez. 1998 1 1

Jan. – Mar. 1999 1 1

Abr. – Jun. 1999 26 15

Jul. – Set. 1999 32 17

Out – Dez. 1999 33 16

Jan. – Mar. 2000 8 5

Total 101 55

Peso F.O. Peso médio Comprimento zoológico (cm)Composição específica Nome vulgar % Nº g min med maxHemiramphus brasiliensis agulhinha-preta 74,6 631 48 8 18,2 31Strongylura marina zambaia-azul 13,0 111 252 44,3 58,6 76Tylosurus acus zambaia-roliço 3,5 102 317 39,1 62,8 80Ablenes sp. agulhão 8,8 12 300 52,7 62,6 69,1Hiporhaphus unifasciatus agulhinha-branca 0,1 8 66 20,2 22,3 25,2Total 100 864Hyporhamphus unifasciatus

93

A produção de peixes, desembarcada pela frota de covos, foi maior no terceirotrimestre (1.552 Kg), havendo diferença significativa do peso ao longo do período. Nos demaistrimestres, a produção variou entre 500 a 600 Kg, no 2º e 4º trimestres de 1999, atingindo 177Kg no 1º trimestre de 2000. A fase da lua quarto crescente apresentou a maior produção(1.232 Kg), no período analisado, apresentando diferença significativa do peso as entre as faseslunares (cheia = 458 Kg; nova = 785 Kg; quarto minguante = 340 Kg).

4.3.1 COMPOSIÇÃO DAS CAPTURAS

Nos desembarques de redes de cerco de Pernambuco, foram amostrados 8.264exemplares, de 37 espécies de 15 famílias, das quais apenas 1 espécie foi de peixecartilaginoso. As famílias com o maior número de espécies foram Lutjanidae (8), Haemulidae(9) e Serranidae (4) (Anexo II), enquanto aquelas de maior volume foram Mullidae (45,6%),Haemulidae (18,2%), Lutjanidae (14,5%) e Serranidae (2,5%). A espécie Pseudupeneusmaculatus (saramunete) apresentou as maiores capturas em freqüência de ocorrência absolutae relativa, em peso (Tabela 44), e as maiores CPUEs (Tabela 45).

O saramunete ocorreu em 58 desembarques (56,3%) em todos os trimestres, sendoamostrados 4.361 exemplares das capturas com rede de cerco. O primeiro, segundo e terceirotrimestres apresentaram valores semelhantes de CPUE (Figura 72a). A CPUE média e total parao período de abril de 1999 a março de 2000 foi de 22,8 e 22 Kg/dia, respectivamente. Ocomprimento variou de 5 a 29 cm CZ, com média de 19,6 cm CZ. Houve diferença significativano comprimento em relação aos meses.

Tabela 44 - Freqüências de ocorrência (F. O.), peso e comprimento das espécies maisrepresentativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor que empregou covospara peixes em Pernambuco de outubro de 1998 a março de 2000.

COMPRIMENTO ZOOLÓGICO(cm)ESPÉCIE NOME VULGAR PESO

(%)F. O.(n)

PESOMÉDIO

(g) Mínimo Médio MáximoPseudupeneus maculatus Saramunete 45,6 4.361 147 5,0 19,6 29,0Lutjanus synagris Ariocó 14,5 1.042 196 15,0 21,9 37,9Haemulon plumieri Biquara 7,4 248 225 15,3 21,7 31,5Haemulon aurolineatum Xira-branca 6,9 1.168 83 11,0 16,4 33,0Haemulon chrysargyreum Xira-amarela 3,9 402 59 9,5 14,7 29,0Cephalopholis fulva Piraúna 2,5 193 181 11,5 22,2 30,2Total 80,8 7.414

4.3.2 ESPÉCIE-ALVO

Lutjanus synagris

O ariocó foi freqüente em todo o período observado, ocorrendo em 45 desembarques(43,6%). Representou 14,5% em peso (n = 1.042) das espécies da frota de covo para peixe. ACPUE apresentou média e total de 8,8 e 9 Kg/dia, respectivamente (Figura 72b). A amplitudede comprimentos foi de 15 a 37,9 cm CZ, com média de 21,9 cm CZ. Houve diferençasignificativa dos comprimentos ao longo do tempo.

94

Tabela 45 - Captura por unidade de esforço (CPUE) média e total, por trimestre, para asespécies mais representativas, em peso, nos desembarques da frota de botes a motor, queempregou covos para peixes em Pernambuco de abril de 1999 a março de 2000.

CPUE por trimestres(Kg/dia)

2º-99 3º 4º 1º-00ESPÉCIESCPUE

MÉDIA(Kg/dia)

n = 26 n = 32 n = 33 n = 8

CPUETOTAL(Kg/dia)

Pseudupeneus maculatus 22,8 24,3 22,9 15,4 22,7 22Haemulon aurolineatum 5 9,6 11,2 2,6 2,1 8,4Lutjanus synagris 8,8 9 7,9 10,2 8,6 9Haemulon chrysargyreum 3,3 4,3 11,9 2,5 1,2 6,5Haemulon plumieri 5,3 6,5 4,3 12,2 1,3 7,7Cephalopholis fulva 2,6 3,8 1,8 1,3 10,2 4,3

4.3.3 OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL

Haemulon plumieri

Biquaras foram capturadas em todos os trimestres, ocorrendo em 27 desembarques(26,2%). Um total de 248 exemplares foi registrado, representando 7,4% em peso dasespécies. A

CPUE foi maior no quarto trimestre, com média e total para o período de abril de 1999a março de 2000 de 5,3 e 7,7, respectivamente (Figura 72c). O comprimento variou de 15,3 a31,5 cm CZ, com média de 21,7 cm CZ. Os tamanhos foram estatisticamente diferentes emrelação aos meses.

Haemulon aurolineatum

A xira branca ocorreu em 23 desembarques (22,3%), sendo freqüente em todos ostrimestres. Representou 6,9% do peso (n = 1.168) das espécies amostradas. A CPUEapresentou os maiores valores no segundo e terceiro trimestres, com queda no quarto eprimeiro (Figura 72d). A CPUE média e total para o período de abril de 1999 a março de 2000foi de 5 e 8,4, respectivamente. Os comprimentos variaram de 11 a 33 cm CZ, com média de16,4 cm CZ. Os tamanhos foram estatisticamente diferentes ao longo do ano.

4.4 DISCUSSÃO

4.4.1 ESPÉCIES-ALVO DO SCORE – NE/REVIZEE

Coryphaena hippurus

No Brasil, nos últimos 50 anos, a explotação do dourado tem sido marcada por umasérie de picos e quedas (FAO, 2003). No Nordeste, a partir de 1978, as capturas de C. hippurusse tornaram mais expressivas, porém com um declínio em 1980, que se verificou para todo oBrasil. Picos de maiores desembarques da espécie na região foram registrados em 1990,enquanto, para todo o Brasil, mantiveram-se estáveis.

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0

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200

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2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

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Produção CPUEa

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2º-99 3º-99 4º-99 1º-00Trim estres

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Produção CPUE b

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Produção CPUEc

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2º-99 3º-99 4º-99 1º-00

Trim estres

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Produção CPUEd

Figura 72 - Captura por unidade de esforço (CPUE) e produção (Kg) por trimestres, para asespécies Pseudupeneus maculatus (a); Lutjanus synagris (b); Haemulon plumieri (c) eHaemulon aurolineatum (d), capturadas pela frota de botes a motor que utiliza o covo parapeixe em Pernambuco.

As capturas por unidade de esforço (CPUE), calculadas com os dados do ProgramaREVIZEE, apontam maiores importâncias relativas no terceiro trimestre para Bahia, Alagoas ePernambuco, enquanto, para o Rio Grande do Norte, as maiores capturas ocorrem no segundotrimestre. Neste estado, o pico observado coincide com a safra do peixe-voador-de-quatro-asasHirundichthys affinis (Barroso, 1967), que se caracteriza como presa preferencial para odourado. No Ceará, o segundo trimestre também apresentou altos índices de abundância.

Especula-se que o estoque do dourado do Nordeste seja compartilhado com o doCaribe, caracterizando-se como um estoque transatlântico (Oxenford, 1983). Essa espécierepresenta um dos principais recursos capturados pela frota artesanal da região, incidindo aquase totalidade das capturas (99%) sobre indivíduos sexualmente maduros. Segundo Diedhiou(1996), a espécie atinge a primeira maturação com cerca de 45 cm CZ, não sendodeterminadas épocas de desova no Nordeste do Brasil.

Mudanças climáticas, resultado do fenômeno “El Niño”, estão fortemente relacionadasàs variações nas capturas do dourado (Norton, 1999). No Nordeste, capturas máximasocorreram em 1994, observando-se declínio até os dias atuais, quando atingiu, em 2001,apenas 125,2 t, redução que não se observou para outras regiões do Brasil. As baixasproduções de C. hipurus no Nordeste podem ser resultantes, também, de deficiências na coletade informações repassadas ao sistema oficial de estatística Pesqueira. Assim, constatou-se,para o ano de 1999, que os volumes amostrados pelo SCORE – NE, em Pajuçara – CE,representaram 25% do total estimado para todo o estado pelo IBAMA, situação que revela aforte subestimação dos dados oficiais. Idêntica situação ocorreu para a localidade de Caiçara doNorte – RN, onde as amostragens realizadas pelo SCORE – NE, no período de um mês em1998, superaram o total para a espécie no mesmo ano.

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Ainda com relação às baixas estimativas de produção do dourado no Nordeste, ainexistência de um sistema de levantamento e monitoramento de dados estatísticos, acurados econfiáveis, sempre constituiu um problema crônico. Isso dificulta o diagnóstico da condição dosestoques e praticamente limita a gestão eficiente da exploração. Na verdade, a pequenaprodução, relatada anualmente para o Nordeste, pode ser fruto da coleta de dadossubestimados, devido a deficiências no acompanhamento dos volumes reais que sãodesembarcados na região.

Hirundichthys affinis

O peixe-voador-de-quatro-asas representou 2,8% do peso total desembarcado naregião Nordeste. Oscilações nos desembarques de H. affinis, desde o ano de 1959, podem serobservadas nas séries históricas do IBAMA, que indicam a maior produção pesqueira da regiãoentre abril e junho. Esse fato corrobora os resultados das análises dos dados do IBAMA, sobreos desembarques amostrados no Rio Grande do Norte, que apresentaram as maiores produçõesno segundo trimestre. Em termos de índices de CPUE, a frota de botes à vela, direcionada paraa espécie, apresentou valores mais expressivos do que os botes motorizados, em detrimentodas pescarias que ocorrem na quebra da plataforma continental, voltadas para peixes dasfamílias Lutjanidae e Serranidae.

Segundo Almeida (1966) e El Deir (1998), a desova do H. affinis ocorre de abril a Julho,ficando evidente que a maior abundância do peixe-voador, observada no segundo trimestre,deve-se à intensa atividade reprodutiva, uma vez que o comprimento médio amostrado (23 cmCZ) corresponde a indivíduos adultos. Segundo Barroso (1967), exemplares a partir de 22 cmCZ são sexualmente maduros. Nas pescarias artesanais do Rio Grande do Norte, o principalrecurso explotado tem sido o peixe-voador, quando se agrega na área de desova no chamado“Mar dos Sargaços” (Paiva, 1997).

A intensa exploração dessa espécie, justamente no período reprodutivo, sugere-secomo uma ameaça para a manutenção da biomassa do peixe-voador, cujas conseqüênciaspodem ser observadas nos desembarques dos anos de 2000 e 2001, que apresentaram asmenores produções desde 1961 (FAO, SUDEPE e IBGE). Além da importância comercial, H.affinis exerce importante papel na cadeia trófica do ambiente epipelágico, uma vez queapresenta dieta fitófaga e zoófaga (Barroso, 1967), sendo importante na transferência deenergia para os grandes pelágicos, como a albacora-laje T. albacares (Vaske Jr., 2000) e odourado C. hippurus.

Pesquisas em andamento indicam que flutuações na abundância de H. affinis podemestar fortemente relacionadas, também, aos fenômenos climáticos (ENSO), conforme observadopara as demais espécies epipelágicas (Norton, 1999).

Scomberomorus brasiliensis e S. cavalla

A série histórica obtida da FAO, da SUDEPE e do IBGE, para serra e cavala, apresentouvalores conflitantes, uma vez que, para os anos de 1975 a 1980 e entre 2000 e 2001, na regiãoNordeste desembarcaram valores superiores àqueles registrados para todo o Brasil (IBAMA,2000-2001). A produção estimada para todo o país foi obtida das estimativas da FAO (2001),enquanto, para o Nordeste, a fonte foi IBAMA, SUDEPE e IBGE. Esse conflito de informações éfruto da precariedade da estatística pesqueira e revela a baixa prioridade que a ela é atribuídapelos órgãos oficiais.

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A partir de 1990, ocorreu um forte declínio nas capturas de S. brasiliensis e S. cavalla,no Nordeste, registrando-se em 2001, para ambas as espécies, a menor produção de toda asérie histórica. Para a cavala, o volume desembarcado nesse ano foi o menor registrado desde1980. Quando comparadas as situações das duas espécies, é notável que os desembarques daserra demonstram um declínio mais acentuado, provavelmente por apresentar distribuição maiscosteira do que a cavala, o que facilitaria uma exploração mais intensa.

Com base nos dados do Programa de Amostragens do SCORE – NE, para serra ecavala, observou-se predominância de capturas com rede de emalhar e linha de mão,respectivamente. Os desembarques da linha foram expressivos para a serra apenas no Ceará,enquanto as capturas com rede de emalhar foram pouco expressivas para a cavala.

Na região Nordeste, a serra teve 81% das capturas pela rede de emalhar e 19% pelalinha de mão. A rede de emalhar capturou os menores indivíduos e 44% dos exemplares aindanão haviam atingido o tamanho de primeira maturação, enquanto a linha de mão promoveucapturas compostas por 77% dos exemplares sexualmente maduros. Segundo Gesteira eMesquita (1976), a serra matura com 41 cm CZ. Os menores exemplares da espécie foramcapturados no Ceará e, em toda a costa setentrional do Nordeste, as capturas com essa artese constituíram por 30% de indivíduos entre 1 e 2 anos, ainda não aptos para a reprodução(Nóbrega, 2002), o que pode promover a depleção do recurso na região.

Para a cavala, a linha de mão, que atuou sobre 78% dos indivíduos maiores que ocomprimento de primeira maturação, capturou 90,8% dos exemplares e a rede 9,2%. NoCeará, essa espécie está apta para a reprodução com 63 cm CZ (Gesteira e Mesquita, 1976).Isso tem como conseqüência condições mais adequadas para a renovação dos estoques noNordeste do Brasil, em relação a serra, devido às capturas de exemplares maiores e que jácontribuíram para o estoque.

Os índices de abundância da serra e da cavala demonstraram sazonalidade definidapara todos os estados do Nordeste. Ambas foram mais abundantes, nos desembarques, nosegundo trimestre no norte da Bahia; no primeiro e segundo trimestres em Alagoas ePernambuco; no terceiro trimestre no Rio Grande do Norte e no primeiro trimestre no Ceará.Essa sazonalidade, nos diferentes estados, sugere movimentos migratórios dessas espécies,ressaltando-se que elas têm idêntica distribuição geográfica e habitats com grandesuperposição das áreas de ocorrência. Porém, a serra tem concentração mais costeira, emprofundidade média de 30 m, e a cavala se distribui em águas mais afastadas da costa, em 90m de profundidade, em média. O alto percentual de indivíduos jovens encontrados na costasetentrional sugere uma área de desova dessas espécies.

Lutjanus analis

Os dados do IBAMA indicam que houve um grande aumento do volume de ciobadesembarcado no Nordeste, em 1977, declinando posteriormente. Oscilações na produçãodessa espécie nos anos seguintes atingiram o menor valor em 2001, com 434,2 t, semelhante a1969, quando houve acentuada redução dos desembarques. Essa espécie representa umimportante recurso no Nordeste, a ponto de outras espécies serem comercializadas comociobas, o que faz com que a frota artesanal, que opera com linha de fundo, esteja direcionadapara a sua captura.

A queda na produção nos últimos anos na região pode estar associada à degradaçãode ambientes recifais ou, ainda, à exploração intensa do recurso. Relatos sobre desequilíbriosdas comunidades recifais, causados pela pesca e outras ações antrópicas, são bemdocumentados (Bohnsack 1996; Jennings & Lock, 1996; Maida & Ferreira, 1997).

Segundo o Programa de Amostragens (SCORE – NE), as maiores capturas de L. analissão realizadas nos meses de abril a outubro. O norte da Bahia apresentou a maior CPUE emaior importância relativa, o que pode estar relacionado ao maior poder de pesca da frotadessa área, composta exclusivamente por embarcações motorizadas, contrariamente a outrosestados, como Rio grande do Norte e Ceará.

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Não houve um padrão nítido de sazonalidade para as capturas da espécie, mas ossegundo e terceiro trimestres apresentaram as mais altas CPUEs, o que se sugere estarrelacionado à atividade reprodutiva verificada nos meses de junho e julho (REVIZEE, 2002). Acioba representou 4,36% das capturas, em peso, sendo a sétima mais importante nosdesembarques da frota artesanal do Nordeste.

A linha de mão foi responsável por 95,7% das capturas de L. analis, enquanto a redede emalhar contribuiu com 3,10% e o covo com 1,15%. Entre os estados, os comprimentosforam semelhantes, porém o Ceará apresentou os menores tamanhos. No entanto, a média detamanhos dos exemplares foi menor no norte da Bahia, Alagoas e Pernambuco.

Lutjanus jocu

Para o dentão, não foi possível obter uma longa série histórica das produções, estandodisponíveis dados de desembarques realizados a partir de 1991. Pôde-se observar que os anosde 1994 e 1995 foram os mais produtivos, havendo um declínio a partir de 1998, quandoatingiu o menor volume em 2001. Embora não haja diferenças aparentes entre os volumesdesembarcados ao longo dos meses, de novembro a fevereiro foram registrados desembarquesmais expressivos, quando comparados aos outros meses do ano.

Peixes recifais são mais vulneráveis às atividades pesqueiras do que os decomportamento pelágico ou de regiões temperadas. Aspectos como territorialismo, altalongevidade, crescimento lento e época de primeira maturação tardia tornam os peixes recifaissensíveis às atividades exploratórias, devido ao alto nível de organização das relaçõesinterespecíficas (Bannerot et al., 1987; Lowe-McConnel, 1991; Russ, 1991; Sale, 1991; Polunin& Roberts, 1996; Sadov, 1996). O declínio evidenciado nos desembarques de L. jocu pode estarrelacionado às características descritas acima, das quais ele compartilha.

Os dados do SCORE – NE indicaram uma maior abundância do dentão no terceirotrimestre, para o norte da Bahia, Alagoas e Pernambuco, e no quarto trimestre, para RioGrande do Norte e Ceará. Quanto aos índices de abundância relativa, observaram-se épocasdistintas de picos nos desembarques dessa espécie no litoral oriental e setentrional doNordeste. Essa sazonalidade pode ser explicada por características ambientais distintas, àsquais estão sujeitas ambas as áreas ou, ainda, ao deslocamento da frota pesqueira do RioGrande do Norte, principalmente no segundo trimestre, para as pescarias do peixe-voador e dodourado. Considerando que esses recursos não são abundantes na região no quarto trimestre,a frota se desloca para o talude em busca das espécies demersais, ocasionando a alta na CPUEpara o dentão nesse período. No Ceará, o decréscimo das capturas de espécies pelágicas,principalmente serra e cavala, também sugere o direcionamento da frota para os recursosdemersais.

Em termos de aparelhos de pesca que capturam L. jocu, a linha de fundo apresentou osdesembarques mais expressivos (93,5%) e capturou os maiores indivíduos, enquanto a rede deemalhar (4,7%) e o covo (1,8%) tiveram uma menor participação nos desembarques ecapturaram indivíduos menores. Em Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte foramregistrados os menores comprimentos de captura para a linha de mão. Devido às característicascitadas, que evidenciam a fragilidade dos recursos demersais, torna-se necessário ogerenciamento e monitoramento dessas artes que atuam sobre uma parcela ainda jovem dapopulação de dentão, que está submetida a forte exploração, pois essa foi a quinta espéciemais freqüente, em peso (6,36%), do total de desembarques registrados no Nordeste.

Lutjanus synagris

A FAO não dispõe de uma série histórica que represente os desembarques de L.synagris (ariocó) do Brasil; os dados obtidos junto ao IBGE e a SUDEPE evidenciaram um

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constante aumento do volume desembarcado, desde o final da década de 80. Esse aumentocertamente se referiu à região Nordeste, onde a maioria das capturas dessa espécie é realizada.

De acordo com os dados do SCORE – NE, o ariocó foi capturado por linha de fundo(69,5%), rede de emalhar (13%) e covo para peixe (17,5%). Entretanto, a linha atuou sobreindivíduos maiores e o covo capturou os menores indivíduos. No norte da Bahia, a espécieapresentou a maior importância relativa no segundo e terceiro trimestres. Em Alagoas ePernambuco foram registrados os menores índices de CPUE e, a partir do Rio Grande do Norte,a abundância voltou a aumentar em direção ao Ceará com níveis próximos aos observados nonorte da Bahia.

Apesar de estar presente nos desembarques da maioria das artes de pesca, o ariocó foio recurso que apresentou as menores produções, em peso, dentre as espécies-alvo. Ocomprimento médio dos indivíduos capturados pela rede de emalhar e pelo covo contribuiupara o baixo rendimento (peso) verificado nos desembarques dessa espécie, que representamenos de 2% do peso total desembarcado pela frota artesanal da região Nordeste do Brasil.

Lutjanus vivanus e Lutjanus chrysurus

Atualmente, a única espécie de pargo incluída nas estatísticas do IBAMA é o pargoverdadeiro (Lutjanus purpureus). Analisando-se a série histórica (FAO, SUDEPE e IBGE) obtidapara essa espécie, observa-se um conflito de informações nos anos de 1990 a 1993, quandoteria sido desembarcado, na região Nordeste, um volume de pescado superior àquele para todoo país. Provavelmente, devido à redução do estoque de L. vivanus, nos anos 80, fazendo comque a espécie apresentasse baixo potencial para a exploração na região, a maior parte daprodução que ainda é creditada ao Nordeste, por ser aí que ocorrem os desembarques, écapturada na região Norte do país.

O pargo-olho-de-vidro (Lutjanus vivanus) não é relatado na composição das capturasamostradas pelo IBAMA (ESTATPESCA) mas, nas amostragens realizadas pelo SCORE – NE, osvolumes desembarcados foram expressivos. Essa é uma das espécies que perfazem 90% dascapturas da linha de mão, em todos os estados. A CPUE total indicou maior importância relativano Ceará, sendo o primeiro trimestre o período de maior abundância no estado. Para os demaisestados, a CPUE total apresentou valores semelhantes, porém evidenciou-se forte sazonalidadenas capturas, com valores mais expressivos no Rio Grande do Norte e Ceará, no primeirotrimestre. A reprodução do L. vivanus ocorre de outubro a fevereiro (REVIZEE, 2002), o quepode estar relacionado à maior abundância da espécie na região.

Para a guaiúba (Lutjanus chrysurus), o padrão geral das produções pesqueiras,apresentado pela FAO, mostrou uma tendência crescente a partir de 1970, seguida por umnovo aumento na década de 90, quando atingiu as mais altas produções da série histórica.Segundo esse padrão, a espécie se constitui num recurso com capturas em ascensão. Para oNordeste, observou-se um aumento dos desembarques a partir do início da década de 90,registrando-se, em 2001, a maior produção para a região.

Esse aumento verificado na produção da guaiúba, nacionalmente e no Nordeste,também foi evidenciado nas amostragens do SCORE – NE, onde a espécie representou 13,9%da freqüência de ocorrência absoluta, sendo a mais abundante em número e a sexta espécieem peso. O L. chrysurus foi um recurso importante nos desembarques da frota de linha defundo (95,5%) e emalhe (4,1%), havendo uma baixa freqüência nas capturas do covo parapeixe (0,3%). A linha de fundo atuou sobre 39,7% dos exemplares imaturos e o percentual deindivíduos jovens foi de 33,5% na rede de emalhar. Segundo Calado Neto et al. (1997), ocomprimento de primeira maturação da espécie é de 33,5 cm CZ em Pernambuco. No Ceará, oscomprimentos mínimos e médios de captura são os menores para todo o Nordeste, sendo nesseestado e no norte da Bahia que ocorrem os maiores percentuais de indivíduos jovens dosdesembarques da frota de linha de fundo do Nordeste.

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No norte da Bahia, registrou-se a maior captura por unidade de esforço do L. chrysurusno terceiro e quarto trimestres. Em Alagoas e Pernambuco, as maiores abundâncias estiveramconcentradas no segundo, terceiro e quarto trimestres, representando a segunda maiorimportância relativa da espécie na região.

4.4.2 OUTRAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA COMERCIAL

Seriola dumerili e Mycteroperca bonaci

A arabaiana (S. dumerili) foi a espécie mais abundante, em peso, de toda a regiãoNordeste, com os maiores índices de captura por unidade de esforço nos estados do norte daBahia, Alagoas e Pernambuco. No Rio Grande do norte e Ceará, apresentou as menoresfreqüências de ocorrência. A importância relativa dessa espécie foi alta no primeiro e segundotrimestres, no norte da Bahia e em Pernambuco, e no terceiro e quarto no Rio Grande do Norte.Essa sucessão temporal de índices de abundância, para cada estado da costa oriental doNordeste, sugere uma possível migração. Segundo Carvalho Filho (1999), a arabaiana migrapara mar aberto nos meses quentes para a reprodução, o que coincide com o período deabundância dessa espécie no Rio Grande do Norte (quarto trimestre). As grandes profundidadesde atuação da frota de linha de mão e os relatos de mestres de barcos do Rio Grande do Norte,que informam capturas em profundidades maiores de 400 m, dão suporte à hipótese que essaespécie possa desovar em áreas distantes da costa, no quarto trimestre do ano. Ainda, a baixaocorrência dessa espécie na costa setentrional do Nordeste sugere que as condiçõesoceanográficas e hidrológicas influenciam uma maior abundância desse estoque nas águas dacosta oriental do Nordeste.

O sirigado (Mycteroperca bonaci) foi o serranídeo mais freqüente nos desembarques delinha de fundo na região. Apresenta altos índices de CPUE total no estado do Ceará, quando emcomparação aos demais estados. No quarto trimestre, a maior abundância em todos osestados, sugere um padrão associado à agregação reprodutiva, conhecido na região como“correção”. Nessa época a captura é abundante, coincidindo com os meses de setembro adezembro (REVIZEE, 2000). Segundo Wootton (1992), a migração dos serranídeos para altomar, onde formam grandes agregações de desova, favorece o afastamento dos ovos dosrecifes, reduzindo a predação sobre eles e contribuindo para dispersar ovos e larvas. A desovase dá em um curto período (uma ou duas semanas) quando estão limitados a certas áreas(Thompson e Munro, 1983). Geralmente, esses locais são conhecidos pelos pescadores, queconcentram as atividades sobre essas agregações (Corrêa, 1997). Essa característicareprodutiva da família Serranidae parece explicar os altos índices de abundância encontrados noquarto trimestre, em todo o Nordeste.

Essa espécie teve alto peso médio de captura (15 Kg), apresentando bom rendimento,e foi a segunda espécie, em peso, nos desembarques de linha de fundo no Nordeste.Entretanto, a exploração deve considerar a complexidade do ciclo de vida que apresentam osserranídeos, o que pode incluir hermafroditismo protogênico (Carvalho Filho, 1999). Destaforma, a captura dos grandes exemplares grandes e mais velhos pode acarretar a diminuiçãodo número de machos, com conseqüências ainda não conhecidas para a sustentabilidade doestoque.

Thunnus albacares, Thunnus atlanticus e Thunnus obesus

A albacora-laje (T. albacares), a albacorinha (T. atlanticus) e a albacora-bandolim (T.obesus), conjuntamente, representaram grande parte do peso desembarcado pela frota delinha do Nordeste (2,68%, 2,23% e 1,65%, respectivamente), sendo mais abundantes no

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terceiro, quarto e primeiro trimestres, na costa oriental da região Nordeste. Esses escombrídeossão sabidamente migratórios, o que explica a marcada sazonalidade nas capturas.

A albacorinha (T. atlanticus) se distribui de Massachusetts (EUA) até o Rio de Janeiro(BR) (Collete e Nauem, 1983), realiza migrações na costa oriental do Brasil, provavelmente paraalimentação, uma vez que não existe indício de reprodução na costa brasileira. SegundoOliveira et al. (1999), a safra dessa espécie no Rio Grande do Norte ocorre de outubro ao iníciode dezembro, coincidindo com os altos índices de abundância, nesse período, no presenteestudo.

A albacora-laje foi o tunídeo mais bem representado nos desembarques do SCORE-NE,com maior abundância relativa no quarto trimestre. Possui distribuição na faixa tropical esubtropical de todos os oceanos, exceto no Mar Mediterrâneo. No Arquipélago de São Pedro eSão Paulo, essa espécie é mais abundante no quarto e primeiro trimestres (Lessa et al., 2001),mesmo período em que teve maior importância relativa na costa oriental do Nordeste, nopresente estudo. Segundo Paiva & Mota (1961), a albacora-laje é pouco abundante na correntedo Brasil, o que não foi confirmado pelos resultados obtidos neste trabalho, onde foramregistradas altas capturas na costa oriental do Nordeste. Possivelmente, essa espécie desce acosta da região aproveitando a bifurcação da Corrente Sul Equatorial para formar a Corrente doBrasil, evidenciando-se alta abundância em torno de 200 metros, nos estados do Rio Grande doNorte, Pernambuco, Alagoas e Bahia, quando estariam retornando para a costa leste do OceanoAtlântico (Costa da Guiné) (Fonteneau, 1991). Na costa setentrional do Nordeste, a freqüênciade ocorrência foi baixa, o que pode se explicar pelas menores profundidades de atuação dafrota à vela do Ceará.

A albacora-bandolim (T. obesus) teve a menor freqüência relativa, em peso, dentre osatuns nas capturas da frota de linha nos estados da costa oriental do Nordeste. Essa espécienão foi freqüente na costa setentrional do Nordeste, provavelmente por ser mais comum emprofundidades superiores a 200 metros (Collete e Nauem, 1983). As maiores abundânciasocorreram nos quarto e primeiro trimestres, com maior importância relativa no norte da Bahia,Alagoas e Pernambuco.

Opisthonema oglinum, Hemiramphus brasiliensis e Hyporhamphus unifasciatus

A sardinha-laje (O. oglinum) apresentou alta freqüência nos desembarques da frota àvela do Ceará (Camocim). A CPUE total dessa espécie, para o emalhe, foi a maior dentre asespécies capturadas por esse petrecho, com altas abundâncias relativas nos terceiro e quartotrimestres. A sardinha-laje representou 2,13%, em peso, do total das amostradas do SCORE –NE. É explorada, principalmente, por embarcações à vela de pequena autonomia. Porém, sãonecessários estudos sobre a biologia reprodutiva, idade, crescimento e avaliação do estoquespara evidenciar os níveis de exploração que esse recurso suportaria a fim de promover capturassustentáveis.

Outros recursos pesqueiros do Nordeste, como H. brasiliensis (agulhinha-preta) e H.unifasciatus (agulhinha-branca), capturados com rede de emalhar e de cerco em Pernambuco,tem considerável importância local. Atribui-se ao aumento indiscriminado do esforço de pesca,nos últimos anos, e à estreita relação entre biomassa populacional e fenômenos ambientais(tipo ENSO), o declínio de biomassa que tem sofrido. Medidas de gestão sobre essas pescariasde pequena escala urgem para promover a sustentabilidade, em vista do elevado valoreconômico e do relevante papel social que desempenham.

Caranx latus, Carangoides bartholomaei e Carangoides crysos

Ainda, a guaracimbora (Caranx latus), teve destaque nos desembarques no norte daBahia, apresentando alto peso médio e figurando entre as espécies de maior freqüência deocorrência em numero e peso, para a frota de linha de superfície. Também, os carangídeosCarangoides bartholomaei e C. crysos foram freqüentes para a linha de fundo, em peso e

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número, principalmente nos estados de Alagoas e Pernambuco, sendo suas capturasexpressivas para a rede de emalhar apenas em Pernambuco.

Por fim, em face do padrão geral do estado dos estoques, decorrente da exploração naRegião Nordeste, considera-se oportuno que estudos adicionais sejam realizados,principalmente, sobre as espécies bem representadas nas capturas, mas, ainda nãosuficientemente estudadas. A necessidade de investigar a condição desses estoques deve terem conta que estão sob exploração intensa, sem que sejam, todavia conhecidos os parâmetrospopulacionais. Entre essas espécies destaca-se como exemplo sirigado, guaracimbora,arabaiana, sardinha-laje, bonitos, peixe-rei e outros apontados acima. Tais estudos podemcontribuir para a gestão adequada dos estoques, a fim de manter a sustentabilidade dosmesmos evitando o declínio por aumento excessivo do esforço.

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CAPÍTULO 5 - ANÁLISES MULTIVARIADAS DAS PESCARIASCOSTEIRAS.Rosângela Lessa e José Lúcio Bezerra Júnior.

5.1 ALAGOAS E PERNAMBUCO – ALPE

Para a ALPE, os desembarques amostrados foram compostos por 48 espécies comparticipação relevante: Acanthocybium solandri, Alphestes afer, Anisotremus surinamensis,Caranx hippos, C. latus, C. lugubris, Carangoides crysos, C. bartholomei, C. ruber,Cephalopholis fulva, Centropomus undecimalis, Coryphaena hippurus, Dasyatis sp., Elagatisbipinnulattus, Haemulon ascencionis, H. aurolineatum, H. plumieri, Hemiramphus brasiliensis,Hyporhamphus unifasciatus, Istiophorus albicans, Katswonus pelamis, Lutjanus bucannella, L.griseus, L. purpureus, L. jocu, L. analis, L. vivanus, L. synagris, Malacanthus plumieri,Mycteroperca bonaci, M. tigris, M. venenosa, Lutjanus crysurus, Orthopristis ruber,Pseudupeneus maculatus, Rachicentrum canadum, Rizhoprionodon lalandi, Scomberomorusbrasiliensis, S. cavalla, S. regalis, Seriola dumerili, S. rivoliana, Sparisoma chrysopterus,Sparisoma sp., Thunnus albacares, T. atlanticus e Trachinotus falcatus. As espécies com baixaocorrência foram agrupadas na categoria “outros”.

A partir do dendrograma gerado pela análise de cluster (Figura 73), foramobservadas duas grandes aglomerações (1 e 2), com elevada distância entre si (Braycurtis: D =119). O coeficiente “r” de Pearson calculado “0,961” (r > 0,8) indicou uma pequena distorçãoaceitável quando da elaboração do dendrograma. Os agrupamentos 1 e 2 distinguiramclaramente os desembarques maiores e menores que 20 Kg, respectivamente. As capturasacima de 20 Kg ocorreram, principalmente, na lua nova, esporadicamente na lua cheia e nuncanas de quadratura, em pesqueiros com profundidades maiores que 40 m e em períodos noturnoe diuturno.

Figura 73 – Cluster das pescarias da ALPE (1998, 2000 e 2001), com 6 variáveis: fase de luacheia (LUAC), nova (LUAN) e de quadratura (LUAQT); período diurno (PER_D), noturno(PER_N) e diuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede” (APAR_R) e “outro”(APAR_O); desembarques maiores que 20 Kg (DESMA20) e menores que 20 Kg (DESME20);esforço maior que 4 pescador . dia-1 (PESCMA4) e menor que 4 pescador . dia-1 (PESCME4), eprofundidades maiores que 40 m (PROFMA40) e menores que 40 m (PROFME40).

A categoria “linha”, associada a esforços de pesca maiores que 4 pescadores . dia, foia que influenciou diretamente os maiores desembarques, sugerindo este como o grupo de

Linkage Distance

DESME20 APAR_R_

PROFME40 PER_D_

PESDIME4 LUAQT

DESMA20PROFMA40 PER_DN_ APAR_L_

PESCMA4 LUAN

APAR_O_ PER_N_

LUAC

0 20 40 60 80 100 120

1

2

3

4

5

6

Distância de Braycurtis

Var

iáve

is

104

petrechos mais eficiente para a ALPE, ao longo do período amostrado. Isto se justifica por estacategoria ter, como alvo, espécies pelágicas e demersais de maior porte, bem como por serutilizada durante todo o embarque, seja quando em movimento (corrico) ou com a embarcaçãoparada. A maior produção obtida por este petrecho também se relacionou, diretamente, aonúmero de pescadores em cada embarque (> 4), que empregaram, na maioria, acima de 2linhas . pescador-1. Os petrechos denominados “outros”, também ligados aos grandesdesembarques, foram utilizados no período noturno e de lua cheia, exclusivamente. Osmenores desembarques (< 20 Kg) ocorreram exclusivamente nas capturas com emprego de“redes” e em lua de quadratura. Estes desembarques provieram de capturas realizadas emprofundidades menores que 40 m, durante o período diurno e com esforço menor que 4pescadores . dia.

Observando-se o sumário estatístico dos eixos, a ACC indicou que os três eixosresultantes para a ALPE são canônicos, pois os autovalores não foram nulos (Tabela 46). Noentanto, como a correlação entre o eixo I (32,15 %) e o eixo II (20,73 %), gerando o plano I-II(52,88 %) (Figura 74), possibilitou a explicação da maior parte da variabilidade dos dados e adescrição das grandes linhas de sua estrutura, este foi o plano considerado na análise. Nesteplano, notou-se a formação de um grupo de espécies associado positivamente ao eixo I,composto por Acanthocybium solandri, Alfester afer, Carangoides bartholomei, C. crysos, C.ruber, Caranx latus, C. lugubris, C. ruber, Coryphaena. hippurus, Elagatis bipinnullatus, Etelisoculatus, Istiophorus albicans, Katswuonus pelamis, Lutjanus cyanopterus, L. analis, L.bucannella, L. griseus, L. jocu, L. purpureus, L. vivanus, Mycteroperca bonaci, M. tigris, M.venenosa, Lutjanus chrysurus, Orthoprists ruber, Rachycentrum canadus, Rhomboplitesaurorubens, Scomberomorus cavalla, S. regalis, Seriola dumerili, S. rivoliana, Sphyraenabarracuda, Sparisoma chrysopterum, Thunnus albacares, T. atlanticus e Trachinotus falcatus.Observou-se, ainda, que a formação desse grupo foi influenciada positivamente pelos valoresde desembarques maiores que 20 Kg, período do dia noturno ou diuturno, petrecho “linha”,profundidades maiores que 40 m e esforço de pesca maior que 4 pescador . dia. Um pequenogrupo de espécies, formado por Hemiramphus brasiliensis, Hyporhamphus unifasciatus,Centropomus undecimales e Cephalopholis fulva, apresentou-se negativamente influenciadopelo total desembarcado e período de captura diurno, sugerindo que esse grupo foi responsávelpelos menores desembarques, com capturas exclusivamente diurnas.

A análise de Twinspan gerou um dendrograma que, inicialmente, indicou a formaçãode dois grandes grupos distintos. Um destes agrupamentos, com um pequeno número deespécies, corrobora com as associações apresentadas pela ACC, enfatizando a ligação entre H.brasiliensis, H. unifasciatus e C. undecimales na ALPE. Porém, a estas estiveram associadas,também, S. brasiliensis e C. hippos, que apresentam características semelhantes em suaspescarias, como o período de captura diurno. No outro grande agrupamento, duas associaçõesdistintas foram observadas, porém não se permitiu nenhuma inferência sobre o resultadoapresentado.

Tabela 46 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para a ALPE, com uma variância total(inércia) nos dados das espécies de 13,5469.

EIXO I EIXO II EIXO IIIAutovalor 0,903 0,426 0,2Variância nos dados das espécies

% de variância explanado 6,7 3,1 1,5% cumulativo explanado 6,7 9,8 11,3

Correlação de Pearson (“r”) 0,961 0,773 0,619Correlação (Ranking) de Kendall 0,538 0,352 0,298

105

A solandr

Aafer

Asurinam

Cbarthol

CcrysosClatus

C hippos

Clugubri

CundecimC fulva Cruber

Chippuru

Dformosu

Ebipinnu

Haurolin

Hplum ier

Hbrasili

Hascenci

Hunifasc

Ialbican

Kpelamis

LanalisLbucanne

LgriseusLjocu

Lpurpure

Lsynagri

Lvivanus

M bonaci

M tigrisM venenos

M plumie

Ochrysur

Oruber

Pmaculat

Rporosus

Rcanadus

Sbrasili

ScavallaSregalisSdumeril

Srivolia

Sbarracu

Schrysop

Sparisom

Talbacar

Tatlanti

Tfalcatuoutro

PesdiaPeríodoProfundi

Petrecho

Desembar

Figura 74 – Plano I-II (52,88 %) gerado pela ACC, para a ALPE (1998, 2000 e 2001).

5.2 NORTE DA BAHIA

No norte da Bahia, os desembarques amostrados foram compostos por 79 espéciescom participação relevante nas amostragens: Acanthocybium solandri, A. vulpes, Alectis ciliaris,Anisotremus surinamensis, A. virginicus, A. thazard, Balistes vetula, Calamus penna,Carangoides bartholomei, C. crysos, C. ruber, Caranx hippos, C. latus, C. lugubris, Carcharhinussp., Cephalopholis fulva, Chloroscombrus crysurus, Coryphaena hippurus, C. jamaicensis,Cypselurus cyanopterus, Dasyatis sp., D. americana, D. gutatta, Elagatis bipinnullatus, E.adcensionis, E. itajara, Etelis oculata, Euthynnus alletteratus, Gymnothorax funebris, G.moringa, Haemulon aurolineatum, H. chrysar , H. parrai, H. plumieri, Hemiramphus brasiliensis,H. ascensionis, Istiophorus albicans, Lutjanus analis, L. apodus, L. bucannella, L. cyanopterus,L. jocu, L. synagris, L. vivanus, L. chrysurus, Malacanthus plumieri, M. ancylodon, M. furnieri,Mycteroperca bonaci, M. interstitialis, M. venenosa, Paranthia furcifer, Paraques. acuminatus,Priacanthus arenatus, Rachycentrum canadum, R. percell , Rhizoprionodon sp., Rizhoprionodonlalandi, R. porosus, R. aurorubens, Scarus coelestinus, Sciadeichthys luniscutis, Scomberomoruscavalla, S. brasiliensis, S. regalis, Selar crumenophtalmus, Selene setapinnis, Seriola dumerili, S.rivoliana, Sparisoma sp., Sparisoma rubripini, S. viride, Sphyraena barracuda, S. guachancho,Thunnus albacares, T. atlanticus, T. obesus, Trachinocephalus myops e Uraspis secunda. Asespécies de menores ocorrências foram inseridas na categoria “outros”. As variáveisconsideradas nas análises foram: desembarque total por embarcação, fases da lua, período dodia, petrechos de pesca, pescador . dia e profundidade local.

Das duas grandes aglomerações apresentadas no dendrograma da análise de cluster(Figura 75), com uma elevada distância entre si (Braycurtis: D = 245), evidenciou-se a distinçãoentre os desembarques maiores e menores que 70 Kg O coeficiente de Pearson calculado (r =0,768) se apresentou um pouco abaixo do aceitável (r > 0,8), indicando a existência de umadistorção gerada pela formação dos agrupamentos, porém ainda aceitável (Valentin, 2000).

Eixo I

Eixo

II

32,15 %

20,7

3 %

106

Distância de Braycurtis (D)

Variá

veis

LUA_QT_

ESFORME7

PER_D_

PESDIME4

DESME70

LUA_N_

PER_N_

LUA_C_

APAR_O_

APAR_R_

PER_DN_

PESDIMA4

DESMA70

ESFORMA7

APAR_L_

0 50 100 150 200 250

Figura 75 – Cluster das pescarias do norte da Bahia (1998, 2000 e 2001), com 6 variáveis:fases de lua cheia (LUA_C), nova (LUA_N) e de quadratura (LUA_QT); período diurno(PER_D), noturno (PER_N) e diuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede” (APAR_R)e “outro” (APAR_O); desembarques maiores que 70 Kg (DESMA70) e menores que 70 Kg(DESME70); esforço maior que 4 pescador . dia-1 (PESDIMA4) e menor que 4 pescador . dia-1

(PESDIME4), e esforço maior que 7 aparelhos . pescador-1 (ESFORMA7) e menor que 7aparelhos . pescador-1.

Aqueles desembarques maiores que 70 Kg ocorreram a partir de esforços maiores que4 pescador . dia, em períodos diuturnos, empregando petrechos tipo “linha” com mais de 7aparelhos . pescador-1. As fases da lua não influenciaram esses maiores desembarques,enquanto as luas de quadratura (crescente e minguante) foram responsáveis pelosdesembarques menores, que ocorreram exclusivamente em períodos diurnos, com esforçosmenores que 4 pescador . dia e menos de 7 aparelhos . pescador-1. Observou-se, ainda, que ospetrechos de pesca incluídos nas categorias “redes” e “outros” (covos, currais e mergulho)foram empregados, principalmente, na lua cheia e em menor intensidade na lua nova, masexclusivamente no período noturno. Assim com na área ALPE, as análises sugeriram “linha”como o grupo de petrechos mais eficiente nas capturas sediadas no norte da Bahia, no períodoamostrado, quando empregado em períodos diuturnos com mais de 7 aparelhos . pescador-1.Nesta área, os dados de profundidade se apresentaram isolados das demais variáveis,sugerindo que esta variável não esteve associada às demais, no norte da Bahia.

A partir do sumário estatístico dos eixos da ACC (Tabela 47), observou-se que os trêseixos resultantes da análise dos dados do norte da Bahia são canônicos, pois nenhum autovalorse apresentou nulo. No entanto, apenas quando correlacionados os três eixos I (25,95 %), II(13,49 %) e III (12,51 %) se obteve explicação da maior parte da variabilidade dos dados.Desta forma, o plano I-II (Figura 76) foi aquele considerado por apresentar o maior percentualde explicação (39,44%), dentre os três planos possíveis. A análise do plano I-II apresentou umgrande grupo associado positivamente ao eixo II, composto por Acanthocybium solandri,Carangoides crysos, C. latus, C. ruber, Coryphaena hippurus, C. equiselis, Lutjanus bucannella,L. jocu, L. vivanus, Mycteroperca bonaci, Scomberomorus cavalla, Seriola dumerili, S. rivoliana,Thunnus atlanticus, T. obesus, Selar crumenophtalmus, Sphyraena guachancho e Uraspissecunda. Esta aglomeração se apresentou negativamente influenciada pela fase da lua,indicando capturas realizadas, principalmente, em fase de lua cheia. Dentre aquelas espécies,foi registrado que as capturas de L. bucannella, L. jocu, U. secunda, S. dumerili, S. rivoliana, M.bonaci, C. latus estiveram diretamente influenciadas pela profundidade local e arte de pescaempregada, indicando capturas com emprego de “linha” sobre grandes profundidades.

É notável a influência da variável “total desembarcado” sobre as espécies L. jocu e M.bonaci, sugerindo que estas foram as responsáveis pelos maiores desembarques obtidos, alémda ocorrência de Elagatis bipinnullatus e Epinephelus adcensionis se apresentar exclusivamente

107

no período noturno. Também foi observada a formação de uma outra aglomeração, situada nosegundo quadrante, composta por Rizhoprionodon porosus, R. lalandi, Micropogonias furnieri,Macrodon ancylodon, Centropomus undecimalis, Bothos sp. e Auxis thazard, que não seapresentou diretamente influenciada por nenhuma das variáveis. No entanto, a partir da análiseda biologia pesqueira dessas espécies, é notável que esta aglomeração evidencia espéciescapturadas por “redes”, mais especificamente por redes de emalhar.

Tabela 47 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para o norte da Bahia, com uma variânciatotal (inércia) nos dados das espécies de 8,1669.

EIXO I EIXO II EIXO IIIAutovalor 0,387 0,174 0,15Variância nos dados das espécies

% de variância explanado 4,7 2,1 1,8% cumulativo explanado 4,7 6,9 8,7

Correlação de Pearson (“r”) 0,768 0,582 0,545Correlação (Ranking) de Kendall 0,358 0,355 0,302

A análise de Twinspan, realizada para o norte da Bahia, não permitiu uma interpretaçãosatisfatória das associações apresentadas, sendo observadas espécies pelágicas e demersais,capturadas com “linha”, “rede” e “outro”, além daquelas de hábitos noturno, diurno e diuturno,associadas dentro de agrupamentos comuns.

5.3 RIO GRANDE DO NORTE

Para o Rio Grande do Norte, 55 espécies compuseram relevantemente osdesembarques amostrados: Ablennes sp., Acanthocybium solandri, Albula vulpes, Anisotremussurinamensis, A. virginicus, Bagre marinus, Balistes vetula, Calamus penna, Carangoidesbartholomaei, C. crysos, Caranx hippos, C. latus, Cephalopholis fulva, Coryphaena equiselis, C.hippurus, Cypselurus cyanopterus, Dasyatis americana, Elagatis bipinnulatus, E. morio, E.nigritos, Elops saurus, Euthynnus alletteratus, Haemulon plumieri, Haemulon aurolineatum,Hemiramphus sp., Hirundichthys affinis, Holocentrum ascensionis, Hyporhamphus unifasciatus,Istiophorus albicans, Katswonus pelamis, Lutjanus analis, L. gryseus, L. jocu, L. purpureus, L.synagris, L. vivanus, M. bonaci, M. tigris, Lutjanus chrysurus, Opisthonema oglinum, Serioladumerili, Sparisoma chrysopterum, Rachycentrum canadus, Scomberomorus brasiliensis, S.cavalla, S. regalis, Seriola dumerili, Sphyraena barracuda, Strongylura marina, Rachycentrumcanadum, Thunnus albacares, T. obesus, T. pfluegeris, Trichiurus sp. e Tylosurus sp.. Asdemais, com baixa participação, foram incluídas na categoria “outros”.

A partir do dendrograma obtido da análise de cluster (Figura 77), observaram-se duasgrandes aglomerações (1 e 2), com uma distância muito grande entre elas (Braycurtis: D =380). O coeficiente “r” de Pearson calculado foi 0,846 (r > 0,8), indicando uma distorçãoaceitável quando da elaboração do cluster. Como nas demais áreas, o total desembarcado foi avariável que influenciou diretamente a distinção destes dois grandes grupos. Os maioresdesembarques, acima de 30 Kg, ocorreram sob a influência direta da lua nova, em períodosdiuturnos e com esforços maiores que 3 pescador . dia. Porém, ao contrário dos outros estados,no Rio Grande do Norte “redes” foi o grupo de petrechos que mais contribuiu para as grandescapturas, associado àqueles denominados “outros” (puçás e mergulho).. Ainda, os menoresdesembarques, abaixo de 30 Kg, apresentaram-se intimamente associados ao emprego de“linha”, com menos de dois aparelhos por pescador, exclusivamente em períodos diurnos e soba influência direta de luas de quadratura.

108

Distância de Braycurtis (D)

Variá

veis

APAR_L_

ESFORME2

DESME30

PESDIME3

PER_D_

LUAQT

LUAN

DESMA30

PESDIMA3

PER_DN_

APAR_R_

ESFORMA2

APAR_A_O

PER_N_

LUAC

0 50 100 150 200 250 300 350 400

Asoland

Avulpes

Aciliar

Asurinam

Athazard

Bcaprisc

Bvetula

Bothos

Cpenna

Cbartho

CcrysosCruber Chippos

Clatus Carchsp

Cundeci

Cfulva

Cequisel

Chippur

Cviresce

Ccyanop

Dasyasp

EbipinnEadscen

EitajaraEmorio

Eallette

Gcirrat

Gfunebri

Gmoringa

Haurolin

Hparrai

Hplumier Hascens

Ialbican

Lsurinam

Lcyanopt

LanalisLapodus

Lbucann

Ljocu Lsynagr

Lvivanus

M ancylod

M aplumi

M furnier

M ugilsp

M bonaci

M interst

M venenos

Ochrysur

Pfurcife

Pacumina

Parenatu

Rcanadus

RlalandiRporosusRhizoprs

Raurorub

Scavalla

Sbrasili

Sregalis

Scrumeno

Ssetapin

SdumerilSrivolia

Srubripi

Sbarrac

Sguachan

Spapillo

Talbacar

TatlantiTobesus

Tfalcatu

Usecunda

Grupos

LuaDesembar

PeríodoProfundiPetrecho

Figura 76 – Plano I-II (39,44 %) gerado pela ACC para o norte da Bahia (1998, 2000 e 2001).

Figura 77 – Cluster das pescarias do Rio Grande do Norte (1998, 2000 e 2001), com 6variáveis: fase de lua cheia (LUA_C), nova (LUA_N) e de quadratura (LUA_QT); períododiurno (PER_D), noturno (PER_N) e diuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede”(APAR_R) e “outro” (APAR_A_O); desembarques maiores que 30 Kg (DESMA30) e menoresque 30 Kg (DESME30); esforço maior que 3 pescador . dia-1 (PESDIMA3) e menor que 3pescador . dia-1 (PESDIME3), e esforço maior que 2 aparelhos . pescador-1 (ESFORMA2) emenor que 2 aparelhos . pescador-1 (ESFORME2).

25,95 %

Eixo I

13,4

9 %

Eixo

II

109

A distinção entre os maiores e menores desembarques ligados a “redes” e “outros”, noRio Grande do Norte, e a “linha”, nos demais estados, provavelmente teve seu fatorpreponderante nas capturas do peixe-voador Hirundichthys affinis, segundo recurso pesqueiromais abundante, em peso, nas capturas do estado (IBAMA, 1998). Essa pescaria é realizada,exclusivamente, com redes de emalhar ede superfície denominadas “caçoeiras”, com 9 m decomprimento, e “jererés”, que consistem em armações artesanais com armação triangular demadeira recoberta com redes de malha fina (El-Deir, 1998), em águas oceânicas frente a costado estado.

Os três eixos gerados pela ACC se apresentaram canônicos, por nenhum autovalorser nulo (Tabela 48). Porém, o plano I-II (47,05 %) (Figura 78), resultante da correlação entreos eixos I (32,85 %) e II (14,20 %) e que explica praticamente a metade da variabilidade dosdados, descrevendo as grandes linhas da sua estrutura, foi o plano considerado. Após a análisedeste plano, observou-se não serem distinguíveis grandes aglomerações entre as espécies nemuma associação notável desta distribuição com qualquer um dos eixos. Também foi registradoque as variáveis “fase da lua” e “total desembarcado” não foram plotadas no plano I-II,indicando que elas não influenciaram as pescarias do Rio Grande do Norte no períodoabordado, como um todo, estando associadas exclusivamente às capturas de Hirundichthysaffinis, como sugerido anteriormente.

Tabela 48 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para a Rio Grande do Norte, com umavariância total (inércia) nos dados das espécies de 22,2078.

EIXO I EIXO II EIXO IIIAutovalor 0,663 0,397 0,247Variância nos dados das espécies

% de variância explanado 3 1,8 1,1% cumulativo explanado 3 4,8 5,9

Correlação de Pearson (“r”) 0,846 0,697 0,576Correlação (Ranking) de Kendall 0,544 0,359 0,439

Posteriormente, quando os dados foram submetidos a análise de Braycurtis, observou-se a variável “petrecho de pesca” influenciando a formação de uma grande aglomeração deespécies, porém negativamente e com pequena intensidade. Dentre essas espécies,evidenciaram-se L. vivanus, H. unifasciatus, S. brasiliensis, S. cavalla, H. plumieri, T. albacares,S. barracuda, M. intertitialis e S. dumerili. A espécie Hirundichthys affinis se apresentou isoladae sob forte influência negativa do petrecho de pesca, corroborando com a sugestão de que“rede” foi a arte mais eficiente para essa região.

A análise de Twinspan desassociou Cypselurus cyanopterus das demais espéciespresentes nas pescarias do Rio Grande do Norte, o que se observa na primeira dicotomia dodendrograma. Aliado ao fato das duas únicas amostras contendo C. cyanopterus tambémestarem isoladas das demais, no agrupamento das amostras, sugere-se que essa espécie não éalvo das pescarias sediadas no estado, provavelmente sendo capturada de forma acidental.

O grande grupo apresentado no dendrograma se dividiu em duas associações, dasquais uma apresentou notável peculiaridade: espécies de grandes predadores pelágicos, comoCoryphaena hippurus, C. equiselis e Tetrapturus pfluegeris, aparecem associadas diretamentecom o peixe-voador Hirundichthys affinis, indicando que, na grande maioria das amostras comdourados e agulhões, indivíduos desse peixe-voador se fizeram presentes. Isto corrobora apreferência que aqueles grandes pelágicos tem por esta presa, como componente fundamentalde suas dietas, o que é amplamente conhecido. Ainda, levando em conta todos os componentesdeste agrupamento, pode-se identificar outros grandes predadores pelágicos, como Thunnusalbacares e Istiophorus albicans, que também tem no peixe-voador sua base alimentar. Valeressaltar que, no Rio Grande do Norte, C. hippurus e C. equiselis são capturados na mesmaárea onde o H. affinis se aglomera para reprodução, corroborando com os resultados obtidosnesta análise.

No outro agrupamento, resultante da divisão do grande grupo, destacaram-se duassubdivisões. Uma delas apresentou associações diretas entre espécies tipicamente “recifais”,como L. analis, L. jocu, L. vivanus, L. gryseus, L. chrysurus, L. purpureus, L. synagris

110

(Lutjanidae), Carangoides bartholomei, Caranx lugubris e C. latus (Carangidae). Essa associaçãocorrespondeu àquelas amostras com características de pescarias tipicamente demersais, o quese observa no cluster das amostras. Na outra subdivisão, destacou-se a associação entrepequenos pelágicos, como H. brasiliensis, H. unifasciatus, S. marina e T. acus, cujas respectivasamostras evidenciam características de pescarias pelágicas de superfície e de meia-água.

Figura 78 – Plano I-II (47,05 %) gerado pela ACC para o Rio Grande do Norte (1998, 2000 e2001).

5.4 CEARÁ

Para o estado do Ceará, as 75 espécies que apresentaram expressiva participação nascapturas foram Ablennes hians, Acanthocybium solandri, Acanthurus chirurgus, Alectis ciliaris,Anisotremus virginicus, Archosargus rhomboidalis, Arius parkeri, Arius sp., Balistes capriscus, B.vetula, Calamus pennatula, Carangoides bartholomei, C. crysos, C. ruber, C. hippos, C. latus, C.lugubris, Cephalopholis fulva, Carcharhinus sp., Chaetodipterus faber, Chloroscombruschrysurus, Coryphaena hippurus, Cynoscion leiarchus, Dasyatis americana, D. centrura, D.guttatta, Dasyatis sp., Diplectrum sp., Echeneis naucrates, Elagatis bipinnullatus, Elops saurus,Epinephelus morio, E. niveatus, Euthynnus alletteratus, Ginglymostoma cirratum, Gymnothoraxfunebris, Gyminothorax sp., Haemulon aurolineatum, H. melanurum, H. plumieri, H.steidachneri, Hemiramphus brasiliensis, Holocentrus ascencionis, Katsuwonus pelamis, Lutjanusanalis, L. jocu, L. purpureus, L. synagris, L. vivanus, Lycengraulis grossidens, Malacanthusplumieri, Melichthys piceus, Mycteroperca bonaci, Lutjanus chrysurus, Oligoplites saliens,Opisthonema oglinum, Orthopristes ruber, Polydactylus virginicus, Pomadasys corvinaeformis,Priacanthus arenatus, Rhomboplites aurorubens, Rachycentrum canadus, Scomberomorusbrasiliensis, S. cavalla, Selar crumenophthalmus, Selene vomer, Seriola dumerili, Sparisoma sp.,

Asoland

Ablennes

Avulpes

Asurinam

Bvetula

CbartholCcrysos

ChipposCcyanopt

Clatus

Clugubri

Caranx

Chippur

Cequisel

CfulvaEalleter

Ebipinnu

Enigrito

Esaurus

Epineph

Haffinis

HplumierHaurolin

Hemiramp

Hyporham

Ialbican

Kpelamis

Lanalis

Ljocu

Lsynagri

Lvivanus

Lgryseus

Lpurpure

Lsurinam

M bonaci

M interti

M tigris

OchrysurOoglinum

Sbrasili

Scavalla

Sregalis

Sdumeril

Sbarracu

Smarina

Talbacar

Tatlanti

Tpfluege

Trichiur

Tylosuru

OUTROS

Pesdia

Período

Petrecho

Esforço

Eixo I

32,85 %

14,2

0 %

EIX

O I

I

111

Sphyraena barracuda, Sphyraena sp., Strongylura marina, Thunnus atlanticus,Trachinocephalus myops, Trachinotus falcatus e Tylosurus acus acus. As demais espécies, combaixas ocorrências, incluíram-se na categoria “outros”.

Na análise de cluster, o coeficiente de Pearson obtido foi r = 0,832 (r > 0,8),indicando que a distorção causada pela elaboração do dendrograma (Figura 79) é aceitável.Como nas demais áreas, também foi observada a formação de duas grandes aglomerações parao Ceará, cuja distância, entre si, afigurou-se como a maior dentre aquelas obtidas em toda aregião (Braycurtis: D = 400). A variável “total desembarcado” também foi a que determinouesta divisão, com os grupos se associando aos desembarques maiores e menores que 30 Kg Osdesembarques acima de 30 Kg foram provenientes de capturas realizadas com “linha”,exclusivamente, em profundidades menores que 45 m, sob influência de luas de quadratura,esforços de pesca maiores que 3 pescador . dia, com mais de 3 aparelhos . pescador-1 e emperíodos diuturnos. Os menores desembarques estiveram diretamente associados àsprofundidades maiores que 45 m, sob a influência tanto da lua nova, principalmente, quanto dacheia, a partir de esforços menores que 3 pescador . dia e com menos de 3 aparelhos .pescador-1. Os petrechos “rede” e “outros” foram aqueles responsáveis pelos menoresdesembarques.

Figura 79 – Cluster das pescarias do Ceará (1998, 2000 e 2001), com 6 variáveis: fase de luacheia (LUA_C), nova (LUA_N) e de quadratura (LUA_QT); período diurno (PER_D), noturno(PER_N) e diuturno (PER_DN); petrecho “linha” (APAR_L), “rede” (APAR_R) e “outro”(APAR_O); desembarques maiores que 30 Kg (DESMA30) e menores que 30 Kg (DESME30);esforço maior que 3 pescador . dia-1 (PESDIMA3) e menor que 3 pescador . dia-1 (PESDIME3);esforço maior que 3 aparelhos . pescador-1 (ESFORMA3) e menor que 3 aparelhos .pescador-1 (ESFORME3), e profundidades maiores que 45 m (PROFMA45) e menores que 45 m(PROFME45).

A ACC apresentou os três eixos canônicos com autovalores maiores que 0 (zero),apresentados no sumário estatístico dos eixos (Tabela 49). Com base na análise de Braycurtis,a variabilidade dos dados foi explicada 23,84 % pelo eixo I , 17,45 % pelo eixo II e 12,27 %pelo eixo III. Desta forma, o plano I-II (Figura 80) foi o que mais explicou esta variabilidade(41,29%), sendo aquele considerado. Foi observada uma grande aglomeração de espéciesassociadas positivamente ao eixo I, da qual se obteve uma subdivisão, a partir das variáveisque influenciaram diretamente as associações. O período do dia e o petrecho empregadotiveram influência positiva na aglomeração entre (a) Acanthurus chirurgus, Balistes capriscus,Calamus pennatula, Dasyatis centroura, Epinephelus morio, Euthynnus alletteratus,Gymnothorax funebris, Gynglimostoma cirratum, Haemulon plumieri, H. melanurum, Lutjanusanalis, L. crysurus, Melichthys piceus, Priacanthus arenatus, Rachycentrum canadus, Sphyraenabarracuda, Scomberomorus cavalla e Trachinocephalus myops, indicando que essas espécies

Distância de Braycurtis (D)

Variá

veis

ESFORMA3 DESMA30 APAR_L_ PER_DN_PESDIMA3

PROFME45 LUA_QT_

PROFMA45 LUA_N_

DESME30 PER_D_

PESDIME3ESFORME3APAR_A_O APAR_R_ PER_N_ LUA_C_

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

112

foram capturadas com “linha, no período noturno ou diuturno, enquanto o esforço (pescador .dia) e a profundidade local foram responsáveis diretos pelo grupo formado por (b) Epinephelusniveatu, Elagatis bipinnullatus, Lutjanus jocu, Caranx latus, Coryphaena hippurus, Rhomboplitesaurorubens, Selar crumenophthalmus, Malacanthus plumieri, Balistes vetula, Cephalopholisfulva e Holocentrus ascensionis, sugerindo que essas capturas ocorreram em profundidadesmaiores que 45 m e com mais de 3 pescador . dia. O total desembarcado, as fase da lua e oesforço empregado (aparelhos . pescador-1) não influenciaram as associações das espéciesobtidas para o CEARÁ.

Tabela 49 – Sumário estatístico dos eixos canônicos, para o Ceará, com uma variância total(inércia) nos dados das espécies de 13,6008.

EIXO I EIXO II EIXO IIIAutovalor 0,469 0,155 0,12Variância nos dados das espécies

% de variância explanado 3,4 1,1 0,9% cumulativo explanado 3,4 4,5 5,4

Correlação de Pearson (“r”) 0,832 0,599 0,605Correlação (Ranking) de Kendall 0,651 0,415 0,414

Figura 80 – Plano I-II (41,29 %) gerado pela ACC para o Ceará (1998, 2000 e 2001).

Ahians

Asolandr

Achirurg

Aciliari

Avirgini

Arhomboi

Aparkeri

Ariussp

Bvetula

BcapriscCpennatuCbarthol

Ccrysos

Cruber

Chippos

Clatus

Clugubri

Cfulva

Carcharh

Cfaber

Cchrysur

Chippuru

Cleiarch

Damerica

DcentrurDguttatt

Dasyatis

Diplectr

Enaucrat

Ebipinnu

Esaurus

EmorioEallette

Eniveatu

Gcirratu

GfunebriGyminoth

Haurolin

Hmelanur

Hascensi

Hplumier

Hsteidac

Hbrasili

Hascenci

Kpelamis

Lanalis

Ljocu

Lpurpure

Lsynagri

Lvivanus

Lgrossid

M plumier

M piceus

M bonaci

Ochrysur

Osaliens

Ooglinum

Oruber

PvirginiPcorvina

Parenatu

Raurorub

Rcanadus

Sbrasili

Scavalla

ScrumenoSvomer

Sdumeril

Sparisom

Sbarracu

Sphyraen

Smarina

Tatlanti

Tmyops

Tfalcatu

Tacusacu

OUTROS

PesdiaperiodoProfPetrecho Eixo I

Eixo

II

23,84 %

17,4

5 %

113

CAPÍTULO 6 - DINÂMICA DA FROTA INDUSTRIALFábio Hissa Vieira Hazin, Paulo Travassos e Jorge de Oliveira Lins

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA FROTA

6.1.1 A PESCA DA LAGOSTA

A atual frota lagosteira da região Nordeste é composta por aproximadamente 3.760embarcações, das quais 70% utilizam rede-de-emalhar, 20% operam com mergulho(compressor) e os 10% restantes utilizam covos. Desses métodos de captura, apenas omergulho com compressor é proibido pela legislação vigente (SUDEPE, Portaria N0 01 de16/02/1978).

No que diz respeito às características dessa frota, 1.707 embarcações (45,4%) sãomovidas à vela torizadas e têm comprimento inferior a 8 m, enquanto as 2.053 unidadesrestantes são motorizadas, com a grande maioria (67,5%) medindo entre 8 e 12 m.

A frota artesanal, composta por 3.706 unidades, possui 1.707 (46,1%) embarcações àvela (jangadas, botes, canoas e paquetes) e 1.999 unidades (53,9%) motorizadas (Tabela 50).As movidas à vela possuem comprimentos inferiores a 8 metros, pouca autonomia (1 dia de opesca) e são desprovidas de qualquer equipamento de auxílio à navegação e à pesca, sendo aconservação do pescado feita com gelo, em pequenas urnas ou caixas de isopor. Os métodosde pesca empregados são a de rede-de-emalhar e o mergulho livre.

Quanto às embarcações motorizadas, o comprimento varia geralmente de 8 a 12metros, com casco em madeira e autonomia para até 6 dias de mar. A motorização é de baixapotencia, em torno de 50 HP, não havendo, normalmente, a utilização de qualquerequipamento de auxílio à navegação, embora se tenha observado nos últimos anos, algumasembarcações equipadas com bússolas, rádio VHF, ecossondas e, principalmente, GPS (GlobalPositioning System). Para a conservação do pescado também se utiliza gelo em urnas. Naspoucas embarcações com comprimento superior a 12 m, a motorização é de normalmente 80HP, a autonomia é de cerca de 15 dias de mar, havendo efetivamente a utilização de bússola,rádio, GPS e, eventualmente, eccossondas. Nas embarcações motorizadas, os métodos depesca empregados são a rede-de-emalhar, o mergulho com auxílio de compressor e o covo.

A frota industrial lagosteira, com embarcações superiores a 20 TBA, são construídas emferro, se concentram na sua quase totalidade no Estado do Ceará e representam apenas 1,4%de toda a frota lagosteira do Nordeste (Tabela 50). Possuem motorização de até 475 HP,autonomia para 60 dias de mar, câmaras frigoríficas para a conservação do pescado. Além dosequipamentos de auxílio à pesca e à navegação, essas embarcações estão equipadas comguinchos ou tralhas hidráulicas para auxílio nas operações de lançamento e recolhimento domaterial de pesca (Castro e Silva, 1998). A arte de pesca utilizada é a rede-de-emalhar e ocovo.

Em relação à participação de cada estado na composição desta frota, o Ceará é o quepossui o maior número de embarcações, respondendo por 59,4% do seu total, com 2.235unidades. Em seguida, com um número bem mais reduzido, vem o Rio Grande do Norte ePernambuco, com respectivamente 17,8% (669 unidades) e 6,4 % (242 unidades) (Tabela 50).

114

Tabela 50 - Frota lagosteira do Nordeste, por estado.

FROTA ARTESANAL NÃO MOTORIZADA(casco de madeira < 8 m)

FROTA ARTESANALMOTORIZADOS

(casco de madeira)

FROTA INDUSTRIALMOTORIZADA

(casco de ferro)ESTADO

SJangada Bote a

remo Canoa Paquete Bote avela total < 8 m > 8

<12m > 12m total < 25 m > 25 m total

TOTAL GERAL(%)

PA 0 5 109 26 140 1 1 141 3,8MA 0 1 10 18 29 0 29 0,8PI 0 2 54 6 62 0 62 1,6CE 123 35 416 530 243 1.347 77 596 162 835 47 6 53 2.235 59,4RN 284 65 349 127 187 6 320 0 669 17,8PB 0 140 88 14 242 0 242 6,4PE 0 24 139 3 166 0 166 4,4AL 0 8 50 58 0 58 1,5BA 11 11 23 77 1 101 0 112 3,0ES 0 6 40 46 0 46 1,2TOTAL 407 35 427 530 308 1.707 413 1.350 236 1.999 48 6 54 3.760 100

Fonte: IBAMA – RN.

6.1.2 – A PESCA DE ATUNS E AFINS

A frota atuneira que opera atualmente3 baseada em portos da região Nordeste écomposta por 29 embarcações nacionais e 69 estrangeiras arrendadas, totalizando 98embarcações (Tabela 51). As nacionais, construídas normalmente em madeira, são de menorporte, tendo, em média, 25 m de comprimento, 150 TBA e autonomia para cerca de 20 dias nomar, estando todas baseadas no porto de Natal. Ao contrário dessas, as embarcaçõesarrendadas têm comprimento e Tonelagem Bruta de Arqueação (TBA), que variam de 27 m a50 m e de 114 TBA a 580 TBA, respectivamente, possuindo uma autonomia bem superior a dosbarcos nacionais, podendo passar até 90 dias no mar. Construídas em ferro, aço e até alumínio,essas embarcações encontram-se baseadas nos portos de Natal e Cabedelo.

No que diz respeito à utilização de equipamentos de auxílio à pesca e à navegação,praticamente todas as embarcações possuem sistema de navegação por satélite e ecossonda abordo, com as embarcações arrendadas apresentando, evidentemente, equipamentos de ponta,além de outros instrumentos como radar, sonar, entre outros.

Quanto aos equipamentos e máquinas de convés que auxiliam as operações de pesca,as embarcações nacionais possuem apenas um guincho hidráulico utilizado para recolher oespinhel, estando desprovidas de outros equipamentos importantes para o bom desempenhoda pescaria. Estes, além do guincho hidráulico, são utilizados na maioria das embarcaçõesarrendadas. Um dos mais importantes é, sem dúvida, a máquina de lançamento da linhaprincipal, cuja velocidade, associada à velocidade da embarcação durante o lançamento, definea estrutura ou forma que o espinhel assumirá na água e, mais importante, a sua profundidadede atuação. Outras máquinas não menos importantes podem ser citadas como, por exemplo, aque emite diferentes sons para indicar, baseada na velocidade de lançamento da linha principal,o momento de fixação das linhas secundárias, dos cabos de bóia e das bóias-rádio.

Quanto à conservação do pescado a bordo, os barcos nacionais empregam apenas ogelo para conservá-lo durante os cruzeiros de pesca, sendo o produto comercializado fresco.Nas embarcações estrangeiras arrendadas especializadas na comercialização do atum e do

3 Estatística de 2002.

115

espadarte (Xiphias gladius) fresco, a conservação de todo o pescado capturado é feita comgelo, sendo a quase totalidade da produção exportada para os EUA, por avião. Neste caso, aprodução dessas embarcações são, normalmente, agregadas àquela dos barcos nacionais. Umoutro método de conservação empregado nas embarcações arrendadas é o congelamento.Neste caso, essas embarcações direcionam suas capturas para o espadarte (-30oC), exportadoem quase sua totalidade para a Comunidade Européia (geralmente barcos espanhóis), e para aalbacora-branca (-30oC) e albacora-bandolim (Thunnus obesus) (-60°C), exportadas para omercado asiático e americano.

Tabela 51 – Frota atuneira nacional baseada em portos da região Nordeste entre 1998 e 2002.

FROTA ESTADO BANDEIRA 1998 1999 2000 2001 2002NACIONAL Rio G. Norte Brasil 7 12 23 29 29

Pernambuco Brasil 2 0 0 2 0Paraíba Brasil 0 0 1 0 0

TOTAL NACIONAL 9 12 24 31 29ARRENDADA Rio G. Norte Canadá 1 1 1 1 1

E. U. A. 1 1 1 1 1Honduras 2 2 2 1 1Panamá 1 1 1 1 1Namibia 0 0 1 1 0Bolívia 0 0 0 1 1St. Vicent 0 0 0 9 16Guiana 0 0 0 4 4Vanuatu 0 0 0 7

SUB-TOTAL 5 5 6 19 32Paraíba Belize 5 5 1 1

St. Vicent 0 0 0 14 18Espanha 5 8 8 12 8Portugal 1 1 11 1 1Taiwan 1 1 1 5 4Barbados 0 0 7 1 0Honduras 0 0 0 0 1Japão 0 0 3 3China 0 0 0 4 1Panamá 0 0 0 2 2Guiné Equatorial 4 4 3 1 0Costa do Marfim 0 0 0 1 0Uruguai 0 0 0 0 1

SUB-TOTAL 16 19 33 45 37 TOTAL ARRENDADO 21 24 39 64 69 TOTAL NACIONAL + ARRENDADO 30 36 63 95 98

Fonte: Subcomitê Científico do Comitê Consultivo Permanente de Gestão sobre Atuns e Afins, Secretaria Especial deAqüicultura e Pesca - SEAP.

116

6.2 CARACTERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO TEMPORAL DAS ARTES DE PESCA

6.2.1 PESCA DA LAGOSTA

A pesca da lagosta vem sendo realizada através da utilização de três métodos, cujasprincipais características são apresentadas abaixo:

Covo: são confeccionados com madeira (“mameleiro”) e revestidos com arame galvanizado nº8, possuindo uma sanga (cone para permitir a entrada do animal) de fibra vegetal. Foi oprimeiro método desenvolvido para a pesca da lagosta, operando em profundidades que variamde 10 a 40 m. Atualmente, a pesca com covo vem sendo pouco utilizada devido à baixarentabilidade desta pescaria. Em alguns estados, a exemplo do Rio Grande do Norte, esseaparelho de captura não é mais utilizado.

Pesca com mergulho: a pesca com mergulho auxiliado por compressor surgiu no Rio Grande doNorte, em 1978, tendo se expandido rapidamente para os demais estados produtores. Emboraproibida por lei (SUDEPE, Portaria N0 01 de 16/02/1978), a utilização deste método de capturase difundiu rapidamente, com algumas frotas apresentando índices bastante elevados doemprego do mergulho. No Rio Grande do Norte, por exemplo, 80% das embarcaçõesmotorizadas empregam este método. O mesmo consiste na utilização de um compressor de aradaptado ao motor da embarcação, o qual fornece ar, através de uma mangueira, a doismergulhadores que descem ao fundo do mar munidos de um “bicheiro” (anzol sem farpa fixadoem uma haste de ferro) para capturar as lagostas pela abertura inferior do cefalotórax. Háocasiões em que os mergulhadores utilizam também o “mangote” (pequena rede de cerco) ouainda uma tarrafa para cercar pequenas concentrações de lagosta sobre o fundo rochoso. Éimportante mencionar que nos dois últimos anos, devido à diminuição das capturas, osmergulhadores passaram a diversificar a pescaria capturando algumas espécies de peixes(serranídeos e lutjanideos) de importância comercial, utilizando arbaletes ou espingardaspneumáticas (caça submarina). Também é empregado o mergulho livre para a captura delagostas em profundidades inferiores a 10 m. Esta atividade é realizada utilizando-se pequenasembarcações à vela, nas áreas de recifes de formação arenítica e coralínea, localizados a umapequena distância da costa.

Redes-de-emalhar: anteriormente proibidas, foram liberadas para uso pela frota lagosteira apartir de 1995, através da Portaria do IBAMA N0 043/95 de 21/06/1995. Embora não se tenhamestatísticas de capturas realizadas pelos diferentes petrechos, observações realizadas,principalmente nos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte, demonstraram que são utilizadaspor grande parte da frota. As redes são confeccionadas em nylon multifilamento de 0,3 a 0,4mm de diâmetro, com malha estirada de 100 mm, utilizando-se bóias para flutuação na tralhasuperior e chumbo na tralha inferior (IBAMA, 2003). Este petrecho é utilizado em profundidadesque variam de 20 a 70 metros.

6.2.2 – PESCA DE ATUNS E AFINS

Ao longo do seu desenvolvimento, a pesca de atuns e afins com espinhel, a partir doporto de Natal, apresentou 6 fases distintas. Na primeira fase, entre 1983 e meados de 1986,as espécies-alvo eram as albacoras, que respondiam pela maior parte das capturas. A partirdesse ano, a comissão paga aos pescadores pela captura de tubarões, até então equivalente a50% daquela paga pelas albacoras e agulhões, foi equiparada a essa e, como conseqüência, ostubarões passaram a ser as espécies mais capturadas, particularmente o tubarão-azul. Na

117

terceira fase, a partir de 1988, os barcos passaram a concentrar o seu esforço de pesca nasproximidades do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, durante o primeiro trimestre do ano,obtendo elevados índices de captura de albacora-laje. A partir de junho de 1991, teve início aquarta fase, a partir da constatação de que os tubarões do gênero Carcharhinus,particularmente o tubarão toninha, C. signatus, concentravam-se sobre os bancos oceânicoslocalizados ao norte do Rio Grande do Norte e Ceará, tornando-se os mesmos o principalcomponente das capturas. A partir de meados de 1997, inicia-se a quinta fase, com umaumento substancial dos índices de captura do espadarte, Xiphias gladius, decorrente daintrodução da técnica de pesca de espinhel de monofilamento, utilizando lula e light-stick comoisca, por embarcações arrendadas, técnica esta rapidamente assimilada pelos barcos nacionais.A sexta fase se iniciou em fins de 2000, a partir do arrendamento de embarcações comtecnologia de pesca taiwanesa, voltadas primordialmente para a captura das albacoras branca ebandolim. Atualmente, todas as embarcações atuneiras que operam na costa nordestina, quersejam nacionais ou arrendadas, empregam o espinhel de monofilamento, alterando as suascaracterísticas de acordo com a espécie-alvo das capturas.

6.3 SÉRIES HISTÓRICAS DE CAPTURA E ESFORÇO DAS ESPÉCIES MAISIMPORTANTES NAS CAPTURAS

6.3.1 PESCA DA LAGOSTA

Em 1955, a produção de lagosta foi da ordem de 465 toneladas, chegando a atingir3.691 toneladas em 1965, 9.717 toneladas em 1974, e 11.119 toneladas em 1979 (Lins-Oliveiraet al., 1993; Oliveira et al., 1994). Posteriormente, se observou um decréscimo acentuado naprodução, a qual alcançou 4.104,4 toneladas em 1999, representando um decréscimo 63 %. Apartir deste ano a produção apresentou um aumento gradativo, passando de 4.423,1 toneladasem 2000 a 5.120,2 toneladas em 2002 (Figura 81) (IBAMA, 2003).

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

prod

ução

(t)

1999 2000 2001 2002

Figura 81 - Produção lagosteira da região Nordeste para o período de 1999 a 2002.

Em relação à produção por estado, pode-se observar que no período recente (1999-2002), o Ceará e o Rio Grande do Norte representam, juntos, 80,6% da produção total noNordeste (Tabela 52). O estado do Ceará, durante este período, apresentou um pequenoaumento entre 1999 e 2000, quando a produção foi de 3002,0 t, mantendo as capturaspróximas a esse valor nos anos seguintes. Quanto ao Rio Grande do Norte, as capturasmantiveram-se em torno das 860,0 t em 1999/2000, passando a valores próximos das 1200,0 tno dois anos seguintes, representando um aumento de cerca de 25 %.

118

Tabela 52 - Produção de lagostas por Estado, para o período de 1999 a 2002

ESTADOS 1999 2000 2001 2002Maranhão - - - 26,6Piauí 17,3 55,3 36,8 37,6

Ceará 2.663,0 3.002,0 2.833,3 2.965,3

Rio Grande do Norte 860,6 862,8 1.144,1 1.222,7

Paraíba 321,1 217,9 219,0 241,5

Pernambuco 197,7 246,0 221,3 233,4

Alagoas 44,7 39,1 31,7 32,6

Sergipe 0,0 0,0 0,0 0,0

Bahia - - - 360,4

TOTAL 4.104,4 4.423,1 4.486,2 5.120,2

O valor das divisas geradas pela pesca da lagosta no Nordeste passou por um primeiroperíodo de incremento, entre 1993 e 1995, quando as exportações passaram de 41,1 milhões a49,3 milhões de dólares, representando um aumento de aproximadamente 20%. Entre 1996 e1999, as exportações ficaram abaixo de 40 milhões de dólares, a partir do qual um segundoperíodo de incremento foi observado, com as exportações situando-se próximas a 50,0 milhõesde dólares (Tabela 53) (IBAMA, 2003). Este aumento nos valores exportados está diretamenteassociado ao significativo aumento no preço médio do quilo da cauda de lagosta, o qual passoude U$ 18,5 para U$ 23,4 nos últimos anos.

Tabela 53 - Exportação de lagostas no Nordeste, durante o período de 1993 a 2002.

Ano Exportação (toneladas) Exportação (U$)1993 2.101,80 41.11994 2.016,10 44.71995 2.002,46 49.31996 1.740,40 38.31997 1.562,10 39.61998 1.452,40 37.41999 1.606,40 38.02000 1.585,50 40.32001 2.098,20 52.02002 1.844,13 47.2

6.3.2 PESCA DE ATUNS E AFINS

A complexa dinâmica da frota atuneira brasileira, formada por embarcações nacionais eestrangeiras que operam ao longo de toda a costa e nem sempre desembarcam em seusportos- base, torna praticamente impossível a quantificação das capturas efetivamenterealizadas na ZEE Nordeste e em águas oceânicas adjacentes. Além disso, a única fonte dedados que permitiria quantificar de forma precisa, no espaço e no tempo, a produção (mapasde bordo), não representa a totalidade das capturas, tendo em vista a baixa cobertura dessetipo de informação em relação à produção total, sobre a qual estão baseadas as análises acercada evolução das capturas das principais espécies, aqui apresentadas.

119

No período de 1999 a 2002, houve um aumento importante no número de embarcaçõesatuneiras em operação, baseadas nos portos de Natal e Cabedelo, passando de 39 para 55barcos nacionais e de 27 para 74 embarcações arrendadas, correspondendo a um aumentototal da frota da ordem de 95%. Como resultado, houve também um aumento importante nascapturas, tendo a produção total passado de 10.971,5 t, em 1999, para 20.773,2 t, em 2001.Neste período, o espadarte passou de espécie mais capturada em 1999, quando representou30,3 % da produção total (Tabela 54), para a terceira colocação em 2001, com 15,7 %, atrásda albacora-branca e da albacora-laje, com respectivamente 29,7 % e 21,6 % da produçãototal registrada nesse ano. Este fato está diretamente associado ao crescente arrendamento deembarcações de origem chinesa, voltadas para a captura de albacora-branca, comercializadasob a forma congelada. Em 2002, houve uma queda importante na produção em decorrênciado fim das operações de pesca da maior parte das embarcações espanholas baseadas no portode Cabedelo, provocando, assim, uma queda na captura do espadarte, cuja produção neste anofoi de 1.854,6 t. A queda na produção total de 2002 está, também, associada ao fato de que amaior parte das embarcações arrendadas sediadas em Cabedelo, operou apenas por algunsmeses do ano, principalmente aquelas dirigidas para a captura da albacora-branca, provocandoum decréscimo de 55,6 % nas capturas dessa espécie de 2001 para 2002 (Tabela 54).

Tabela 54 - Esforço de pesca e captura das principais espécies, pela frota atuneira baseada noNordeste do Brasil.

ANO Esforço(n° anzóis)

CapturaTotal (t)

YFT(t)

ALB(t)

BET(t)

SWO(t)

SAI(t)

WHM(t)

BUM(t)

SHARK(t)

OTH(t)

1999 11.592.168 10.971,5 2.132,0 1.396,6 1.918,3 3.326,1 256,5 111,2 395,4 1.123,0 312,5

2000 16.198.301 15.718,6 2.248,5 3.675,8 2.424,7 3.506,0 517,1 73,8 366,4 2.308,4 598,0

2001 24.795.346 20.773,2 4.484,5 6.179,1 2.192,3 3.265,5 396,4 146,1 692,7 3.202,7 214,1

2002 15.851.618 12.544,6 2.667,7 2.742,1 2.097,0 1.854,6 272,8 307,6 273,9 1.968,5 360,5

Fonte: Subcomitê Científico do Comitê Consultivo Permanente de Gestão sobre Atuns e Afins, Secretaria Especial deAqüicultura e Pesca - SEAP.

6.4 – DISCUSSÃO

Segundo dados do IBGE (1980 a 1989) e IBAMA (1990 a 1994) apud Paiva (1997), entre1980 e 1994, o nordeste brasileiro, excluindo-se o Maranhão, participou, em média, com cercade 14% da produção pesqueira no país, mantendo uma média aproximada de 70.000 t/ano. Nacomposição da produção pesqueira regional, destacam-se os estados do Ceará (33%) e Bahia(34%). No período de 1980 a 1995, ocorreu um déficit significativo de pescado na região, comum consumo “per capita” situando-se em torno de 9,0 kg/hab./ano, exigindo a prática deimportação, para complementação da oferta (SUDENE, 1996).

Os produtos pesqueiros oriúndos da pesca costeira de maior importância no nordeste sãoa lagosta, capturada com covos, redes de emalhar e mergulho, e peixes de fundo,particularmente das famílias Lutjanidae e Serranidae capturados principalmente com linha demão. A tainha, a cavala, a serra, o peixe-voador, o peixe-agulha, o bagre, o camarão (Penaeusschmitti, Penaeus subtilis e Xiphopenaeus kroyeri), e o caranguejo uçá, também constituemrecursos pesqueiros de importância significativa.

Conforme já indicado acima, porém, a quase totalidade dos recursos pesqueirospresentes na plataforma continental nordestina já se encontram em situação de acentuadasobrepesca, com alguns deles tendo sido inclusive praticamente extintos, do ponto de vistacomercial, como no caso do pargo. O que acontece nestes casos é que ao se pescarexcessivamente uma determinada espécie de hábitos demersais e de distribuição relativamentelocalizada, como o pargo (e a maioria das espécies comercialmente importantes presentes na

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plataforma continental), abaixo de uma determinada biomassa crítica, o nicho ecológico pode vir aser ocupado por outras espécies, na maioria das vezes de menor valor comercial, dificultando oumesmo impedindo a recuperação do estoque das espécies sobre-explotadas. Mesmo algunsrecursos de exploração mais recente, como o saramunete, o caranguejo-uçá e o camarão sete-barbas, já estão sendo explotados em limites próximos do máximo sustentável (Paiva, 1997).

É preciso ressaltar, ainda, que o esgotamento dos estoques costeiros se deve não apenasà pesca excessiva, mas também a práticas de pesca predatórias, a maioria das quais emcontravenção às medidas de ordenamento em vigor, como captura de indivíduos de tamanhoabaixo do mínimo permitido, utilização de aparelhos e métodos de pesca proibidos (pesca demergulho, pesca com bomba, etc.), captura de indivíduos ovados, pesca durante os períodos dedefeso estabelecidos para a espécie, etc.

Além da pesca excessiva e predatória, porém, um dos principais problemas enfrentadospelo setor pesqueiro artesanal, consiste na degradação generalizada dos ecossistemascosteiros, a qual possui um forte efeito deletério sobre os estoques das espécies presentes naplataforma continental, dos quais a atividade depende quase que completamente. Segundo o VPlano Setorial para os Recursos do Mar, o impacto antrópico sofrido pelo ecossistemas costeirostem causado graves prejuízos, não somente às populações adultas de espécies aquáticas, mastambém, e principalmente, às populações juvenis, as quais apresentam maior vulnerabilidade,particularmente em áreas de berçário, comumente localizadas em regiões estuarinas. Osestuários, por constituírem uma zona de transição entre as águas continentais e marinhas,terminam sendo uma das regiões mais duramente atingidas pelas ações antrópicas.

A especulação imobiliária e a conseqüente ocupação desordenada das áreas litorâneas,têm resultado, por exemplo, na destruição, por meio de desmatamentos e aterros, demanguezais, os quais constituem ecossistemas essenciais ao ciclo de vida de inúmerasespécies, além de exercerem um papel fundamental no enriquecimento dos ecossistemascosteiros. Os manguezais contribuem ainda para amortecer os processos de enchente,assoreamento e erosão martinha, absorvendo, também, grande parte do impacto resultante dadescarga de poluentes. Dentre as formas de poluição que têm afetado gravemente osecossistemas costeiros, destacam-se a poluição urbana (esgoto doméstico, lixo, etc), a poluiçãoindustrial (PCB, metais pesados, etc).

Ainda segundo o V PSRM, a ocupação desordenada das áreas litorâneas tem promovidotambém a destruição de dunas e construção de espigões, com o conseqüente agravamento doproblema de erosão marinha, além de acarretar o desmantelamento das vilas de pescadores, osquais são obrigados a mudar de residência e, muitas vezes, de atividade, com resultante evasãode mão-de-obra capacitada para a atividade pesqueira.

Além do efeito negativo resultante da degradação dos ecossistemas costeiros, discutidoacima, o esgotamento dos estoques se deveu, também, em grande medida, ao manejoineficiente dos mesmos. Em primeiro lugar a inexistência de um sistema de levantamento emonitoramento de dados estatísticos acurados e confiáveis sempre constituiu um problemacrônico no país, dificultando sobremaneira o diagnóstico adequado da real condição dosestoques e praticamente impedindo, por conseqüência, uma administração eficiente da suaexplotação. As medidas de ordenamento adotadas, por outro lado, na maior parte dos casosplenamente adequadas na teoria, sempre esbarraram, na prática, em imensas dificuldades paraa sua efetiva implementação, em função das precárias condições de fiscalização e controle,quer por dificuldades estruturais ou mesmo por falta de vontade política para tanto.

Além da precária condição dos estoques costeiros, nas fases que se seguem à captura,incide, ainda, toda uma série de problemas que tolhem o desenvolvimento do setor pesqueiroregional. Métodos inadequados de manuseio, beneficiamento, conservação e transportecontribuem para reduzir drasticamente a qualidade do pescado, tanto a bordo, como ao longodo trajeto produtor-consumidor, elevando o índice de perdas e reduzindo, conseqüentemente, oseu valor. Além disso, a falta de uma estrutura adequada dos terminais pesqueiros, comprecárias condições de armazenamento e transporte, associada a uma organizaçãoassociativista deficiente e com pouca representatividade, termina por favorecer a açãopredatória de intermediários (atravessadores) na comercialização da produção, os quaisterminam por se apropriar da maior parcela do lucro auferido pela atividade.

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Fica claro, do acima exposto, que o desenvolvimento do setor pesqueiro regionaldependerá diretamente da explotação de recursos ainda inexplorados presentes em águasprofundas do talude continental e, principalmente, em áreas oceânicas, fora da plataforma.Além de ensejar um aumento da produtividade e, conseqüentemente, da rentabilidade para o setorda pesca artesanal, resultando em um desejável incremento dos níveis de emprego e renda, aintrodução de novas tecnologias que permitam o acesso à captura de espécies oceânicas e detalude permitiria, também, reduzir o atual nível de esforço de pesca incidente sobre as espéciescosteiras, já tão intensamente sobre-exploradas.

Além disso, as espécies oceânicas apresentam um grande número de vantagens em relaçãoàs espécies costeiras, dentre as quais podemos destacar: a) ciclo de vida independente dosecossistemas costeiros, os quais, conforme acima indicado, vêm sendo submetidos a um processode intensa degradação; b) maior biomassa e maior área de distribuição, com alguns estoques, nãoraro, distribuindo-se por todo um oceano ou hemisfério oceânico, como é o caso da albacora-bandolim e do tubarão azul, respectivamente; c) tamanho dos indivíduos bem maior que nasespécies costeiras, com peso médio situando-se entre 30 e 50 kg, podendo, em algumas espécies,como no caso do espadarte, alcançar valores superiores a 400 Kg

Anualmente, são capturados no Oceano Atlântico, cerca de 600.000 t destas espécies,representando um valor direto de revenda da ordem de 2 a 4 bilhões de dólares. Deste total,porém, o Brasil captura apenas cerca de 50.000 t, ou cerca de 8 %. Considerando-se o valorcapturado, porém, a participação brasileira é ainda muito menor, uma vez que a maior parcela daprodução nacional é de bonito listrado (quase 50%), uma das espécies de atum de menor preço,capturada quase que inteiramente dentro da ZEE brasileira, com barcos de pequeno porte, devara e isca-viva. Muito embora a participação brasileira nas capturas de atuns e outros peixesoceânicos no Atlântico seja ainda muito tímida, quase todas as espécies já estão sendo capturadasem níveis próximos da sua capacidade máxima sustentável, ou mesmo além. Assim sendo, aampliação da produção nacional dependerá diretamente da redução da participação nascapturas dos países pesqueiros tradicionais, a partir de um intenso esforço de negociaçãointernacional, a ser conduzido nos fóruns pertinentes, particularmente junto a ICCAT- ComissãoInternacional para a Conservação do Atum Atlântico e a própria FAO- Organização para aAlimentação e Agricultura das Nações Unidas.

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VALENTIN, J. L., (2000). Ecologia numérica: uma introdução à análise multivariada de dadosecológicos. Interciência. Rio de Janeiro – RJ. 117pp.

VASKE Jr., T., 2000. Relações tróficas dos grandes peixes pelágicos da Região EquatorialSudoeste do oceano Atlântico. Tese de doutorado apresentada ao Departamento deOceanografia da Fundação Universidade do Rio Grande. Rio Grande. 145 pp.

WOOTTON, R. J., 1992. Fish Ecology. Black Academic & Professional. 123pp.

127

ANEXO I – CATEGORIA DAS EMBARCAÇÕES

Baiteira – embarcação sem casaria, com convés fechado ou aberto (em alguns casos) epropulsão à vela. Possui quilha, mas difere do bote à vela em sua forma, geralmente comcomprimento até 6 m;

Bote à vela – possui casco de madeira com quilha, convés fechado sem possui cabina, atinge11 m de comprimento. Possui propulsão à vela; é conhecido, também, como “bote de casco” ou“bastardo”;

Bote a motor – embarcação com casaria alta e casco em forma de “V”, proporcionando bordalivre menor, comprimento de boca e calado maior. Na construção, é colocado um “frade” naproa, ao invés do mastro, que é inserido posteriormente. O comprimento dessas embarcaçõesvaria de 8 a 11,4 m; utilizam motores de 1 a 4 cilindros, potência de 18 a 65 H.P., até 11,60TBA e capacidade dos tanques de combustível de 20 a 400 litros;

Canoa – Tipo de embarcação movida à vela ou remo, sem convés ou quilha, com fundo chato,confeccionada em madeira, com comprimento entre 3 e 9 m. Conhecida também como caíco,curicaca, patacho ou biana;

Jangada – Embarcação fabricada em madeira e com casco chato, sem quilha; não possuicasaria; comprimento maior ou igual a 5,9 metros; com propulsão a remo, vara ou vela;

Lancha – Embarcação motorizada com casaria no convés (na proa ou na popa), casco demadeira, fibra ou alumínio, com quilha. Classificada como pequena, média ou grande, temcomprimento menor que 15 m;

Paquete – Movido à vela, remo ou vara, possui casco de isopor revestido com madeira, semquilha, comprimentos menores que a jangada (até 4,5 m) e casco chato. É conhecida como“catraia”;

Saveiro a motor - Comum na Bahia, possui convés semelhante ao de uma escuna, commastro na proa, para amarração ou colocação de vela, borda livre maior, casaria baixa, cascoarredondado e comprimento entre 7 e 9 m. O motor tem de 1 a 4 cilindros e de 18 a 65 H.P.,arqueação de 2,39 a 3,61 (TBA). Os tanques de combustível têm capacidade de 400 litros deóleo diesel;

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Baiteira

Bote à vela

Bote a motor

Canoa à vela

Jangada à vela

Paquete à vela

a b

Saveiro a motor

129

ANEXO II – ARTES DE PESCA

- ARTES ATIVAS

Arrasto de camarão – rede de arrasto de fundo, para a captura de camarão, que necessitade tangones e portas para a abertura da rede. Esse petrecho também é conhecido como“arrasto duplo”;Arrasto de praia – rede tracionada à mão, empregada em praias, margens de canais eenseadas, cujos cabos ficam em terra para serem puxados. Também conhecida como“mangote” ou “tresmalho”;Rede de cerco – tipo de rede utilizada para cercar os cardumes. Muitas vezes, os pescadoresutilizam a “batida” na água no centro do cerco para direcionar os peixes à rede e facilitar oemalhe. Possuem comprimento de 30 a 45 metros, com malhas de 12 a 15 mm entre-nós ealturas de 4 m, no centro (“copo”), e 1,5 m nas extremidades (“mangas”);Tarrafa – petrecho para a captura de pequenos peixes que, quando lançado, abre-se formandoum círculo e se fecha quando recolhido, aprisionando os cardumes. O tamanho da malha variaem função da espécie visada, variando de 5 a 20 mm (entre nós opostos). O comprimento podevariar entre 2 e 2,5 m, sendo geralmente utilizada em águas rasas;Jereré – rede com malha fina fixada em uma armação redonda, triangular ou em semicírculo,de madeira ou ferro. Essa rede tem formato de saco ou cone, boca voltada para cima,possuindo uma haste que pode ser substituída por uma corda. Conhecido, também, como puçáou “couca”;Mergulho – é realizado com o auxílio de um compressor de ar, adaptado ao motor daembarcação, máscara, nadadeiras e respirador (snorkel). Para as capturas, é utilizado um“bicheiro” (arame rígido, com ponta dobrada, fixado a um cabo de madeira) e espingardas depressão. Os mergulhos são realizados entre 15 e 50 m de profundidade, por 3 a 6mergulhadores, em sistema de duplas. Destina-se a espécies como lagostas, polvos, meros,xaréus e raias.

- ARTES PASSIVAS

Emalhe – redes geralmente confeccionadas com nylon de monofilamento, pode ser fixada aofundo ou operar à deriva. É destinada a captura de serras, cações, sardinhas, pescadas, peixes-voadores e lagostas, estas últimas de uso ilegal. Nesta categoria, estão incluídas redes deemalhar: caçoeira, caceia, malhão, tainheira e rede de espera. Os comprimentos variam de 800a 3.600 m, com malhas de 35 a 130 mm entre nós e 2 metros de altura. O uso mais difundidodessa rede é para a captura da serra (Scomberomorus brasiliensis). No Rio Grande do Norte,para a captura do peixe-voador, é utilizada uma rede de emalhar de superfície, localmentedenominada “caçoeira”, com 9 metros de comprimento, malha de 30 mm entre nós e 1,5 m dealtura;Armadilha fixa – panagem semelhante a uma rede de emalhar, fixada por estacas fincadas nalama. São colocadas em enseadas de manguezais durante as marés altas. Com a maré vazante,os peixes ficam retidos na área cercada pela rede ou nas proximidades. Conhecida tambémcomo “tapagem”;Covo para peixe – armadilha de fundo semi-fixa construída em madeira, de formatohexagonal, revestida com palhetas de “canabrava”, tela de arame ou panagem de plástico.Possui abertura em um dos lados (“sanga”) que permite a entrada dos peixes. Nesta pescaria,os peixes entram a procura de abrigo e não conseguem retornar. Também chamada de“manzuá para peixe”;Espinhel de fundo – petrecho composto por várias linhas com anzóis, amarradas pordistorcedores e colocadas espaçadamente em uma linha mestra, fixada no fundo do mar porpesos ou garatéias. A linha mestra é confeccionada em polipropileno ou poliamida; assecundárias com fio de poliamida; o estropo é feito de aço, sendo mantida uma distânciaconstante entre os anzóis. As divisões da linha principal são chamadas de “samburás”.Linha de mão – arte de pesca utilizada em três modalidades: linha de superfície, linha defundo e corrico, todas confeccionadas em Poliamida monofilamento. A linha de superfíciecorresponde a uma linha principal, onde se fixam as linhas secundárias, também de poliamida,porém com menor diâmetro que a principal. Um lastro (“chumbada”) é preso na extremidade

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da linha principal, enquanto ao fim das linhas secundárias, que podem ser dotadas de estropos(fio de aço), são fixados os anzóis. A linha de fundo tem comprimento adequado àprofundidade do local de pesca e o distorcedor, quando presente, é colocado no início e/ou finaldo arco (suporte fixo). O corrico é arrastado na superfície, sendo geralmente utilizadas duaslinhas, com um anzol cada;Curral – armadilha fixa geralmente construída por estaqueamento, com a finalidade de reterpeixes no seu interior. Também conhecido por “zangaria” e “camboa”.

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Arrasto de praia

Rede deCerco

Tarrafa Jereré

Rede de emalhar

Aramadilha fixa(tapagem)

“Sanga”Covo parapeixes

Linha de mão

Curral

ANEXO III – Composição específica, nome vulgar mais comum, freqüência relativa de ocorrência (%) e família, para a totalidade das amostras coletadas dafrota artesanal pesqueira, nos estados do norte da Bahia, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará (janeiro de 1998 a março de 2000). I - botes esaveiros motorizados de linha de mão (Arembepe -BA); II - botes e saveiros motorizados de rede de emalhar (Arembepe-BA); III - botes a motor de linha demão (AL e PE); IV - botes a motor de rede de emalhar (AL e PE); V - jangadas, botes e canoas à vela de rede de emalhar (AL e PE); VI - botes a motor derede de emalhar de cerco (AL e PE); VII - botes à vela de rede de emalhar de cerco (AL e PE); VIII – botes a motor de covo (PE); IX – botes a motor de linhade mão (RN); X – botes à vela de linha de mão (RN); XI – botes à vela e motor de rede de peixe-voador (RN); botes a motor de rede de emalhar de cerco(RN); XIII - botes a botes a motor de rede de emalhar serreira (RN); XIV – jangadas, canoas, paquetes e botes de linha de mão (CE); XV - Canoas à velarede de emalhar.

Composição específica Nome vulgar Família I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV

1 Acanthurus bahianus caraúna Acanthuridae 0,01

2 Acanthurus chirurgus caraúna Acanthuridae 0,04

3 Albula vulpes vitubarana Albulidade 0,05 0,16 1,90 0,01 0,01

4 Arius grandicassis cambeba Ariidae 0,11

5 Arius parkeri bagre-ariaçú Ariidae 0,10

6 Arius proops uritinga Ariidae 0,07

7 Arius quadriscutis cangatan Ariidae 0,05

8 Arius sp. bagre Ariidae 0,03 0,04

9 Bagre bagre bagre-fita Ariidae 0,09

10 Bagre marinus bagre-branco Ariidae 0,03

11 Bagre sp. bagre Ariidae 0,12

12 Cathorops spixii geremias Ariidae 0,07

13 Sciadeichthys lunicutis bagre Ariidae 0,16

14 Xenomelaniris brasiliensis varapau Atherinidae 0,01

15 Balistes capriscus cangulo-branco Balistidae 0,003 0,25

16 Balistes vetula cangulo Balistidae 1,25 0,59 0,07 0,02 1,26 0,12

17 Melichthys niger cangulo Balistidae 0,02

18 Melichthys piceus cangulo Balistidae 0,20

19 Batrachoides surinamensis pacuma Batrachoididae 0,01

20 Porichthys porosissimus peixe-sapo Batrachoididae 0,01

21 Ablennes hians zamBaía Belonidae 0,10 8,80 0,31

22 Strongylura marina zamBaía-azul Belonidae 13,00 1,90 0,01 0,01

23 Tylosurus acus zamBaía-roliço Belonidae 3,50 0,02 0,01

24 Bothos sp. solha Bothidae 0,05

25 Syacium papillosum linguado-de-areia Bothidae 0,38

26 Alectis ciliaris galo-do-alto Carangidae 0,19 3,89 0,18 0,05

27 Carangoides bartholomaei guarajuba Carangidae 0,62 3,85 35,01 3,50 0,53 1,10 1,37 0,03

28 Carangoides crysos chicharro Carangidae 5,19 19,23 2,22 7,09 3,50 4,80 2,10 2,60 1,09 0,05

29 Carangoides ruber xaréu Carangidae 0,26 0,38 0,06 0,10 0,04

30 Caranx hippos xaréu Carangidae 0,06 0,49 1,46 0,17 0,60 3,30 2,80 0,21 0,01

31 Caranx latus guaracimbora Carangidae 9,77 2,27 1,11 0,38 0,30 2,30 2,00 1,50 0,51 0,28

32 Caranx lugubris xaréu-preto Carangidae 0,02 0,26 0,20 0,04

33 Caranx ruber xaréu Carangidae 0,47 0,04

34 Caranx sp. xaréu Carangidae 0,50

35 Chloroscombrus chrysurus palombeta Carangidae 0,11 0,72 5,89

36 Elagatis bipinnulata peixe-rei Carangidae 2,62 0,49 1,04 0,04 0,20 0,30 0,11 0,03

37 Oligoplites palometa tibiro Carangidae 0,05 0,16

38 Oligoplites saliens tibiro Carangidae 0,02

39 Selar crumenophtalmus garapau Carangidae 2,30 0,11 0,28 0,64

40 Selene setapinnis peixe-galo Carangidae 0,003 0,11 1,30 0,01

41 Selene sp. peixe-galo Carangidae 0,05 0,01

42 Selene vomer peixe-galo Carangidae 0,01 0,06 0,02

43 Seriola dumerili arabaiana Carangidae 3,95 0,27 8,16 0,30 7,10 0,60 0,41 0,07

44 Seriola rivoliana arabaiana Carangidae 0,29 0,67 0,10 0,01

45 Seriola sp. arabaiana Carangidae 0,33 0,10

46 Trachinotus falcatus pampo Carangidae 0,003 0,10 0,04 0,02

47 Trachinotus goodei pampo-galhudo Carangidae 0,01 0,60 0,01

48 Trachinotus sp. pampo Carangidae 0,02

49 Uraspis secunda cara-de-gato Carangidae 0,04

50 Carcharhinus acronotus tubarão-flamengo Carcharhinidae 0,003 0,17 0,10 0,02 0,01

51 Carcharhinus falciformes tubarão-lombo-preto Carcharhinidae 0,10 0,01

52 Carcharhinus leucas tubarão-cabeça-chata Carcharhinidae 0,003

53 Carcharhinus limbatus tubarão-galha-preta Carcharhinidae 0,01 0,05

54 Carcharhinus maou tubarão-estrangeiro Carcharhinidae 0,003

55 Carcharhinus porosus tubarão-azeiteiro Carcharhinidae 0,01

56 Carcharhinus sp. tubarão Carcharhinidae 0,07 2,27 0,04 0,03

57 Galeocerdo cuvieri tubarão-tigre Carcharhinidae 0,01

58 Prionace glauca tubarão-azul Carcharhinidae 0,01

59 Rhizoprionodon lalandii tubarão Carcharhinidae 0,01 1,40 0,04 0,16

60 Rhizoprionodon porosus tubarão-rabo-seco Carcharhinidae 0,02 21,72 0,01 0,47 0,07 0,18

61 Rhizoprionodon sp. tubarão Carcharhinidae 0,04 0,65 0,01 0,02

62 Centropomus paralellus camurim Centropomidae 0,01 0,38

63 Centropomus sp. camurim Centropomidae 0,11 0,60

64 Centropomus undecimalis camurim Centropomidae 0,05 0,07 2,22 0,30 0,04 0,01 0,12

65 Chaetodon striatus borboleta Chaetodontidae 0,10

66 Opisthonema oglinum sardinha Clupeidae 0,05 4,30 12,40 1,69 57,97

67 Pellona harroweri sardinha-grande Clupeidae 0,01

68 Coryphaena equiselis palometa Coryphaenidae 0,02 0,49 0,21 2,00 0,10

69 Coryphaena hippurus dourado Coryphaenidae 1,70 0,16 12,39 0,09 8,80 22,30 2,10 0,14

70 Dasyatis americana raia-manteiga Dasyatidae 0,02 0,32 0,56 0,12

71 Dasyatis centroura raia Dasyatidae 0,10 0,01

72 Dasyatis geijseki raia-prego Dasyatidae 0,09

73 Dasyatis guttata raia-lixa Dasyatidae 0,08 0,05 0,07 0,16

74 Dasyatis sp. raia Dasyatidae 0,02 2,11 0,35 0,03

75 Echeneis naucrates rêmora Echeneidae 0,02

76 Elops saurus ubarana Elopidae 0,04 0,10 0,06 0,04

77 Ilisha harroweri manjuba Engraulidae 0,01

78 Lycengraulis grossidens sardinha Engraulidae 0,04

79 Chaetodipterus faber parú branco Ephippidae 0,30 0,56 0,04

80 Cypselurus cyanopterus peixe-voador Exocoetidae 0,28

81 Cypselurus sp. peixe-voador Exocoetidae 0,01

82 Hirundichthys affinis peixe-voador Exocoetidae 100

83 Diapterus auratus carapeba Gerreidae 0,01

84 Diapterus rhombeus carapeba Gerreidae 0,03

85 Eucinostomus sp. carapau Gerreidae 0,01

86 Ginglymostoma cirratum tubarão-lixa Ginglymostomatidae 0,01 0,01 0,10

87 Anisotremus surinamensis pirambú Haemulidae 0,02 0,05 0,32 0,05 2,00

88 Anisotremus virginicus salema Haemulidae 0,01 0,11 0,13 5,34 0,36 0,06

89 Haemulom aurolineatum xira branca Haemulidae 0,12 0,35 0,09 7,90 14,16 1,49 0,07

90 Haemulon chrysargyreum xira amarela Haemulidae 0,003 0,49 0,31 4,88

91 Haemulon macrostomum cocoroca Haemulidae 0,38 0,12

92 Haemulon melanurum sapuruna-preta Haemulidae 0,19 4,35

93 Haemulon parrai cambuba Haemulidae 0,32 0,85 0,79 0,01 0,01

94 Haemulon plumieri biquara Haemulidae 0,58 1,19 0,29 12,55 2,99 1,30 8,43 0,02

95 Haemulon steindachneri xira Haemulidae 0,58 0,06

96 Orthopristis ruber canguito Haemulidae 0,17 0,12 0,47 0,02

97 Pomadasys corvinaeformis coró-branco Haemulidae 0,09

98 Hemiramphus brasiliensis agulhinha-preta Hemiramphidae 0,16 0,79 79,50 51,80 0,01 74,60 0,47 0,19

99 Hyporhamphus unifasciatus agulha branca Hemiramphidae 16,20 48,20 0,30 0,10

100 Holocentrus ascensionis mariquita Holocentridae 0,40 0,05 0,14 2,14 6,98 0,01

101 Myripristis jacobus mariquita Holocentridae 0,01 0,08

102 Istiophorus albicans agulhão-vela Isthiophoridae 0,04 0,03 0,10 0,70 0,02 0,02

103 Tetrapturus albidus agulhão-branco Isthiophoridae 0,02 0,01

104 Tetrapturus pfluegeris agulhão-verde Isthiophoridae 0,10 0,10

105 Istiophorus albicans agulhão Istiophoridae 0,03

106 Bodianus rufus budião-papagaio Labridae 0,01

107 Halichoeres radiatus budião Labridae 0,05 0,01

108 Lobotes surinamensis chancarana Lobotidae 0,01 0,50 0,01

109 Etelis oculatus mariquitão Lutjanidae 0,17 0,10 0,09 0,24

110 Lutjanus chrysurus guaiúba Lutjanidae 26,54 4,05 12,29 2,01 0,47 3,00 6,50 16,15 2,44

111 Lutjanus analis cioba Lutjanidae 6,46 0,43 11,21 1,24 0,30 0,54 24,10 13,80 23,60 2,38 0,14

112 Lutjanus apodus baúna-de-fogo Lutjanidae 0,73 0,11 0,19 1,54 1,30 0,18 0,13 0,03

113 Lutjanus buccanella pargo-boca-negra Lutjanidae 0,27 0,05 0,77 0,01

114 Lutjanus cyanopterus caranha Lutjanidae 0,31 0,25 0,16

115 Lutjanus griseus caranha Lutjanidae 0,43 0,13 0,20 0,10 0,01

116 Lutjanus jocu dentão Lutjanidae 4,96 1,30 7,20 0,34 0,05 8,20 2,70 5,25 0,36

117 Lutjanus purpureus pargo Lutjanidae 0,12 0,43 0,60 1,40 0,40 1,01

118 Lutjanus synagris ariocó Lutjanidae 2,71 9,02 3,84 3,12 10,70 12,60 0,60 15,60 13,38 3,26

119 Lutjanus vivanus pargo-olho-de-vidro Lutjanidae 4,99 0,59 2,28 0,43 11,20 6,00 1,13 0,09

120 Rhomboplites aurorubens pargo-piranga Lutjanidae 3,38 0,86 0,78 0,10 0,70 0,02

121 Malacanthus plumieri pirá Malacanthidae 1,06 0,17 2,75

122 Tarpon atlanticus camaurupim Megalopidae 0,02 0,18

123 Aluterus monoceros peixe-morcego Monacanthidae 0,01

124 Mugil sp. sauna Mugilidae 0,05 0,01 40,10 0,23 0,01

125 Mulloidichthys martinicus saramunete-guaiúba Mullidae 0,04 0,02

126 Pseudupeneus maculatus saramunete Mullidae 0,01 1,18 0,98 7,90 52,76

127 Gyminothorax funebris moréia-verde Muraenidae 0,02 0,02

128 Gyminothorax sp. moréia Muraenidae 0,25 0,01

129 Gymnothorax moringa moréia-pintada Muraenidae 0,04

130 Aetobatus narinari raia-pintada Myliobatidae 0,01

131 Ophichthus ophis miroró Ophichthidae 0,01

132 Polydactylus virginicus barbudo Polynemidae 0,02

133 Priacanthus arenatus piranema Priacanthidae 0,07 1,24 0,24 0,13 0,59

134 Pristigenys alta olho-de-boi Priacanthidae 0,01

135 Rachycentrun canadus beijupirá Rachycentridae 0,07 0,16 0,15 0,68 0,01 0,10 0,70 0,77 0,22

136 Rhinobatos lentiginosus raia Rhinobatidae 0,01

137 Rhinobatos percellens raia-viola Rhinobatidae 0,16 0,01

138 Rhinobatos sp. raia Rhinobatidae 0,003

139 Rhinoptera bonasus ticonha Rhinopteridae 0,07

140 Scarus coelestinus bico-verde Scaridae 0,03 0,05

141 Sparisoma chrysopterum budião Scaridae 0,47 7,90 0,01

142 Sparisoma rubripinne bobó Scaridae 0,02 0,11 0,22 0,56 0,75

143 Sparisoma viride budião Scaridae 0,01

144 Sparisona sp. budião Scaridae 0,01 0,35 1,23 0,03

145 Conodon nobilis coró amarelo Scianidae 0,05

146 Cynoscion acoupa pescada-amarela Scianidae 0,16

147 Cynoscion jamaicensis pescada Scianidae 0,32 0,04

148 Cynoscion leiarchus pescada Scianidae 0,01 1,79

149 Cynoscion sp. pescada Scianidae 1,14

150 Cynoscion virescens pescada-real Scianidae 0,38 0,04

151 Larimus breviceps boca-mole Scianidae 0,07 0,01

152 Macrodon ancylodon pescada Scianidae 0,43 0,10

153 Menticirrhus americanus judeu Scianidae 0,01 1,82

154 Micropogonias furnieri corvina Scianidae 1,13 0,10

155 Pareques acuminatus corvina Scianidae 1,08

156 Pomadasys corvinaeformis coró-branco Scianidae 0,01

157 Stellifer rastrifer cabeça-dura Scianidae 0,01

158 Acanthocybium solandri cavala-empinge Scombridae 0,27 3,50 0,26 2,50 4,20 0,38 0,11

159 Auxis thazard bonito Scombridae 0,01 0,43 0,58 1,32 0,60

160 Euthynnus alletteratus bonito Scombridae 0,14 4,38 0,03 1,62 0,10 9,00 0,68 2,30

161 Katsuwonus pelamis bonito-listrado Scombridae 0,05 2,65 0,21 0,30 0,90 0,05 0,03

162 Scomberomorus brasiliensis serra Scombridae 0,23 7,19 0,65 14,90 7,90 0,20 0,40 35,60 2,33 10,56

163 Scomberomorus cavalla cavala Scombridae 6,46 1,08 4,70 2,43 1,90 1,20 1,30 0,70 5,39 1,53

164 Scomberomorus regalis serra-pininga Scombridae 0,38 0,27 0,43 0,73 0,30 1,60 3,40

165 Thunnus alalunga albacora-branca Scombridae 0,10

166 Thunnus albacares albacora-laje Scombridae 0,42 0,05 2,00 3,50 1,10 0,01

167 Thunnus atlanticus albacorinha Scombridae 1,99 0,49 2,73 0,09 4,10 9,70 0,05 0,01

168 Thunnus obesus albacora-bandolim Scombridae 1,55 0,11 1,49 0,30 0,01

169 Thunnus sp. albacora Scombridae 0,07

170 Alphester afer sapê Serranidae 1,31 0,01 0,01

171 Cephalopholis fulva piraúna Serranidae 3,80 0,32 0,47 0,47 1,30 2,34 0,30 0,30 4,34 0,01

172 Diplectrum formosum jacundá Serranidae 0,19 0,06

173 Diplectrum sp. jacundá Serranidae 0,01 0,01

174 Epinephelus adscensionis peixe-gato Serranidae 0,36 0,27 0,06 0,34 0,60 0,07 0,01

175 Epinephelus itajara mero Serranidae 0,03 0,01 0,04

176 Epinephelus marginatus garoupa Serranidae 0,01 0,04

177 Epinephelus morio garoupa-verdadeira Serranidae 0,02 0,10 0,25 0,01

178 Epinephelus mystacinus cherne-listrado Serranidae 0,003

179 Epinephelus nigritus cherne-preto Serranidae 0,30 2,18 0,34

180 Epinephelus niveatus cherne-pintado Serranidae 0,01 0,02

181 Epinephelus sp. garoupa Serranidae 0,04 0,01 0,20 0,01

182 Mycteroperca bonaci sirigado Serranidae 0,78 0,22 3,57 6,10 0,70 1,98 0,10

183 Mycteroperca interstitialis badejo Serranidae 0,09 0,06 0,30

184 Mycteroperca sp. garoupa Serranidae 0,20

185 Mycteroperca tigris garoupa-pintada Serranidae 0,07 0,13 0,40 0,01

186 Mycteroperca venenosa badejo-ferro Serranidae 0,08 0,07

187 Paranthias furcifer pargo-mirim Serranidae 0,10 0,01

188 Archosargus probatocephalus sargo-de-dente Sparidae 0,01

189 Archosargus rhomboidalis castanha Sparidae 0,11

190 Calamus penna peixe-pena Sparidae 0,17 0,22 0,03

191 Calamus pennatula peixe-pena Sparidae 0,01 0,04 0,10 0,63 0,03

192 Sphyraena barracuda barracuda Sphyraenidae 0,67 0,11 0,64 0,06 0,20 0,25 2,01

193 Sphyraena guachancho bicuda Sphyraenidae 0,20 0,33

194 Sphyraena picudila bicuda Sphyraenidae 0,03

195 Sphyraena sp. bicuda Sphyraenidae 0,01 0,16 0,02

196 Sphyrna lewini tubarão-martelo Sphyrnidae 0,01

197 Sphyrna sp. tubarão-martelo Sphyrnidae 0,01 0,05 0,01

198 Synodus sp. peixe-lagarto Synodontidae 0,05

199 Trachinocephalus myops peixe-lagarto Synodontidae 0,60 0,03

200 Trichiurus lepturus espada-preta Trichiuridae 0,10 5,60 0,05 3,76

TOTAL 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100