Suzy Coronelismo Eletrônico

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Artigo de Suzy Santos Sobre coronelismo eletrônico

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  • SANTOS,SuzyCAPPARELLI,Srgio.Coronelismo,radiodifusoevoto:anovafacedeumvelhoconceitoIn:BRITTOS,ValrioCruzBOLAO,CsarRicardoSiqueira(Org.).RedeGlobo:40anosdepoderehegemonia.1ed.SoPaulo:Paulus,2005,v.1,p.77101.

    Coronelismo,radiodifusoevoto:anovafacedeumvelhoconceito

    SuzydosSantosSrgioCapparelli

    AexpressocoronelismofoidefinidaporVictorNunesLeal,em1949,1 referindose

    aosfazendeirosquerecebiamapatentemilitarnoperodoimperial.Apartirdainstalaoda

    chamadaRepblicaVelha(18891930),estescoronisincrementaramsuaestruturadepoder

    baseados num sistema eleitoral que no previa a votao secreta. A dependncia dos

    trabalhadores rurais em relao aos coronis e a possibilidade de conferncia dos votos

    criaramumasituaonaqualovotodecabrestoerapraticamenteobrigatrio.Destaforma,

    os coronis municipais se aliavam s oligarquias estaduais, representadas principalmente

    pelosgovernadores,eestasaoGovernoFederal,numaintensarededefavores.SegundoLeal:

    ocoronelismosobretudoumcompromisso,umatrocadeproveitosentreopoderpblico, progressivamente fortalecido, e a decadente influncia social dos chefeslocais, notadamente os senhores de terra [...] Desse compromisso fundamentalresulta as caractersticas secundrias do sistema coronelista, como sejam, entreoutras, omandonismo, o filhotismo, o falseamento do voto, a desorganizao dosserviospblicoslocais.2

    Oestabelecimentodovotosecreto,noGovernoProvisrioVargas,nodeufimaesta

    situaodecoronelismopoltico.Pelocontrrio,oscoronisadaptaramseaonovoformatoe

    o Brasil ainda vive uma deplorvel situao no ambiente dos pequenos municpios que

    alimenta denncias de cotidianas torturas, execues sumrias e trabalho escravo, entre

    outros. Aliados corrupo endmica na mquina estatal, estes problemas sociais tm

    colocadooPasemposiesdestacadamentenegativasemestatsticasmundiaisrelacionadas

    aosdireitoshumanos.

    Estaconfiguraopolticatemvital importncianocenriodascomunicaesdadaa

    posioestratgicadatelevisoaberta,comoprincipalmeiodeinformaodopaseporser

    ummeioderecepogratuita.Atravsdelaosantigoscoronispolticostransformaramseem

    1LEAL,VictorNunes.Coronelismo,enxadaevoto:omunicpioeoregimerepresentativonoBrasil.RiodeJaneiro:NovaFronteira,1997.2LEAL,VictorNunes,op.cit.,p.40.

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    coroniseletrnicosque,emlugardapropriedaderural,usamagoraapropriedadedeestaes

    geradoraseretransmissorascomoformadeextensodosseuspoderes.

    Temos, no Brasil, uma situao peculiar, desse sistema organizado em redes,

    consolidadas a partir dos anos 70. O projeto de desenvolvimento econmicopoltico, com

    vis nacionalista, dos regimes militares, iniciados em 1964, foi um dos principais

    responsveisporesterpidodesenvolvimento:

    Os militares brasileiros priorizaram alguns setores estratgicos da economia,investindo em infraestrutura para o desenvolvimento industrial acelerado efortementecontrolado.Astelecomunicaesestavamentreessessetoresestratgicose foram fortemente privilegiadas. Durante os primeiros perodos militares, entre1965e1972,foramcriadosaEmbratel,oMinistriodasComunicaeseoSistemaTelebrs, possibilitando a implantao de uma sofisticada infraestrutura detelecomunicaesqueligariaosquatrocantosdoPas,inicialmenteporumarededemicroondas, complementada depois por satlites nacionais e, mais tarde, tambmpor extensas ligaes fsicas por fibras pticas. Esses investimentos do SistemaTelebrsfavoreciam,nocampodacomunicaodemassa,a formaoderedesdetelevisonacionais.3

    ARede Globo apontada como o principal grupo beneficiado por esta poltica de

    integrao nacional. Era uma relao de parceria, enquanto o Estado investia em infra

    estrutura para possibilitar a distribuio massiva de programao, a RedeGlobo tornouse

    umaespciedeportavozdoregimemilitar.4

    O primeiro governo depois dos militares que subiu ao poder devido morte de

    Tancredo Neves, o de Sarney foi pontuado por prticas prximas ao regime militar que

    estavampresentesnoseumandatoatravsdediversosministriosedostaffquecontinuaria

    praticamenteomesmo.Tivemosaoportunidadedefazerumaanlisedessapocaemoutra

    ocasio5 e vamos, mais adiante, retomar alguns aspectos importantes daquela anlise para

    resgatarmosarelaodereciprocidadeentreomaiorgrupodecomunicaeseocoronelismo

    eletrnicoestabelecidonopas.Pretendemosdemonstrarque,se,porumlado,a interrupo

    dacensuraprviadoscontedospoderiaconfigurarmaiorliberdadeaoscanais,ocoronelismo

    eletrnico,poroutrolado,esvaziouestapossibilidade,trazendoconsigoumadisciplinamais

    flexvel, pela qual a programao regional ou local passou a se vincular estreitamente aos

    interesseseleitoraisdosproprietriosdeconcesseselicenasderetransmissotelevisivas.

    Coronelismoeletrnico:afusodospapisdeclienteepatro

    Aexpresso coronelismoeletrnico incluia relaodeclientelismopolticoentreos

    3CAPPARELLI,SrgioRAMOS,MuriloC.SANTOS,Suzy.AnovatelevisonoBrasilenaArgentina.In:______etalli.Enfim,Ss:AnovatelevisonoConeSul.PortoAlegre:LPM,1999.p.11.4ArelaodaRedeGlobocomo regimemilitarestamplamenteanalisadaemdiversos textos.Dentreestes,destacaseHERZ,Daniel.AhistriasecretadaRedeGlobo.PortoAlegre:Tch,1987.5 CAPPARELLI, Srgio SANTOS, Suzy. Coronis eletrnicos, voto e censura prospectiva. CulturaVozes,Petrpolis,v.96,n.4,p.1424,2002.

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    detentoresdoPoderPblicoeosproprietriosdecanaisde televiso,oqueconfigurauma

    barreira diversidade representativa que caracterizaria uma televiso na qual o interesse

    pblico deveria ser priorizado em relao aos interesses particulares. Hallin e

    Papathanassopoulosafirmamquealgicadoclientelismoprovocaumarupturanaautonomia

    das instituies sociais,mantendo um alinhamento da mdia com interesses partidrios ou

    familiares:

    Clientelism also tends to blur the lines between the public and private domains,privileging the private, with the result that politicians in cultures tending toclientelismwilltendtoseeasintrusionsintoprivateaffairskindsofreportingthatwould be taken for granted in more liberal societies. And if clientelism treatsinformationasaprivateresource,italsoplacesapremiumonpublicdemonstrationsofloyaltytothepatron.6

    A prtica de clientelismo entre Estado e meios de comunicao de massa uma

    caractersticaaparentedesdeaformaodaimprensa.Em1861,KarlMarxjdenunciavaque

    os jornais londrinos no representavam a opinio popularmas a voz dos polticos que lhe

    dariambenefcios.7Naverdade,oclientelismoprxisdaesferapolticaquesequencialmente

    se insere na comunicao demassa por conta do seu intrnseco carter estratgico. Assim

    como a corrupo, o clientelismo apontado como uma das patologias dos sistemas

    democrticos.8

    Essarelao,pressupondoumclienteeumpatro,nopodeserapenasconsideradade

    benefciomtuoerecproco.Aocontrriodoquepodeparecerprimeiravista,eladesigual

    eassimtricaporqueimplicaasubordinaodoclienteaopatro.SegundoMazeRequejo,a

    relevncia fundamental desta relao no est no momento singular da troca, mas na

    expectativadosbenefciosfuturosderivadosdeumaredederelaesprexistentes.9

    Existemdoistiposgenricosdepatronagempossvel:umondehocontrolediretode

    recursos escassos e outro onde o acesso a quem controla estes recursos o objeto do

    clientelismo. No caso, por exemplo, das outorgas de radiodifuso o controle do espectro

    6 HALLIN, Daniel PAPATHANASSOPOULOS, Stylianos. Political clientelism and the media: southernEuropeandLatinAmericaincomparative.Media,CultureandSociety,London,v.24,n.2,p.175195,2002.p.15.7ArefernciaoriginaldestetextoMARX,Karl.Theopinionofthejournalsandtheopinionofpeople.TheCivilWarintheUnitedStates.NewYork:InternationalPublishers,1974.p.123127(OriginallypublishedinDiePresse, 31 december 1861).Utilizamos aqui a verso apresentada no primeiro volume da coletnea ThePoliticalEconomyofMedia.VerMARX,Karl.Theopinionofthejournalsandtheopinionofpeople.TheCivilWar in theUnited States. GOLDING, PeterMURDOCK, Graham (Eds.). The Political Economy of theMedia.Cheltenham,UK:TheInternationalLibraryofStudiesinMediaandCulture,1997.v.1.p.407411.8 MAZ, Ramon REQUEJO, Roberto. Clientelism as a political incentive structure for corruption.EuropeanConsortiumforPoliticalResearch. PaperArchieve JointSessionsofWorkshops.Workshopn.16, Corruption, Scandal and the Contestation of Governance in Europe. Grenoble: 2001. Disponvel em:. Acesso em:15jan.2002.9MAZ,RamonREQUEJO,Roberto,op.cit.,p.8.

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    eletromagntico monoplio do Estado e, at recentemente, somente o presidente da

    Repblica tinha o poder de organizar este recurso. De uma forma distinta, quando algum

    membrodaesferaestatalusadesuainflunciajuntoaosseussuperioresparaprivilegiaresta

    ouaquelaempresatemosumexemplodosegundotipodeclientelismo.

    SegundoKomito,o receptordosbenefciosdopatronato tradicionalmente reconhece

    suadependnciaeespontaneamentecolocaseaodispordosdesejosdopatroatravsdeatos

    simblicos de deferncia ou subservincia por meio dos quais o cliente reconhece sua

    dvida.10 H, no apadrinhamento, a criao de uma dimensomoral que, somada relao

    pessoal,serveparadisfararadesigualdadequegeraanecessidadedetaistrocasdefavores.

    Onewho provides valued goodsbecause hecontrols themhimself isa patron theresourcesare inhis "giving".Onewhodoesnotdirectlycontrol the resources,buthasspecialinfluenceover,orcontactwith,thosewhodo,isabroker.Theresourcewhich a broker provides is his special influence or contact []While the sameperson might control both kinds of resources, the resources can be separatedanalytically. In both cases, the element ofmonopoly is crucial. It is a broker's orpatron'sexclusiveaccess to valued resourceswhichmakes clientsdependon themandwhichpermitsbrokersandpatronsto"charge"fortheirservices.11

    Analisandoocasodaadoodasnovastecnologiasdeinformaoecomunicaonas

    prticasadministrativasirlandesas,Komitoargiqueaaberturadeespaoanovosatoresea

    automatizaodosprocessosonlineserviramparadiminuirasrelaesdeclientelismoentre

    estado e sociedade naquele pas.12 Primeiramente porque, com as privatizaes, os novos

    atoressotambmnovoscorretoresqueconcorremcomoEstadonaofertadeserviosebens

    diminuindo,assim,ospreosqueospolticoscobravamporsuainterveno.

    Secundariamente,segundooautor,apartirdaadoodenovasinstnciasdecontrole

    do mercado, os cidados passaram a ter maior conhecimento sobre o progresso dos

    procedimentosreduzindoadependncianaintervenopolticaparaobterserespostassobre

    oacessoaosserviosebensoferecidos.ParaKomito,mesmoqueasdecisesgovernamentais

    semantenhamsujeitas influnciaprivadae,conseqentemente,aoclientelismo,aabertura

    de informaes e o acesso direto ao Estado, facilitado pela Internet, podem servir como

    instrumentosdebloqueiodasnegociaesocultasentreclientesepatres.13

    Estaobstruo,contudo,dependedacidadaniaalcanarumstatusemqueosexcludos

    dasnegociaesclientelistastenhamacessoaosrecursose,simultaneamente,possamarticular

    10 KOMITO, Lee. Political transformations: clientelism and technological change. In: ARMITAGE, JohnROBERTS, Joanne (eds.). Exploring Ciber Society Conference Proceedings. Newcastle: University ofNorthumbria. 1999. v. 2. Disponvel em: . Acesso em: 15mar.2000.11KOMITO,Lee,op.cit.12Ibid.13Ibid.

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    seusinteressesdeformaautnoma.Asiniciativasestataisvisandoatransparnciadasaese

    a universalizao do acessoaos serviosde interesse pblico, como ascomunicaes, bem

    comoocrescimentode serviosdeproteoaoconsumidoreoutras instnciasdeproteo

    social,nopodemsercompreendidascomoumapassagemdoclientelismocidadania.Como

    apontaRobertGay,estasiniciativassomentesouniversaisquandoosrecursosdoEstadoso

    distribudoscomodireitosadquiridosenocomofavoresoutrocas.14

    Gay apresentaduas conceituaesde clientelismo: oclientelismo autoritrio,que se

    baseia na ameaa e na possibilidade de punio, e o semiclientelismo, que se baseia na

    seduoenapromessadevantagens.Paraoautor,noBrasil,apassagemdaditaduramilitar

    para os governos eleitos com base no voto popular configura uma transio entre o

    clientelismo autoritrio e o semiclientelismo.O autorpercebe estamudana observandoo

    comportamento de candidatos em campanha eleitoral recente numa comunidade do Rio de

    Janeiro:

    Inthisinstance,itwaslessacaseofacandidateforpoliticalofficesayingvoteforme and youllget thisor that, thanofif Ido thisor that,willyou vote forme:please?Thisisnottosay,ofcourse,thatwhatwearedealingwithhereisaprocessof negotiation between equalsnor that themanyhierarchiesand inequalitiesuponwhich clientelism is based have been somehow leveled or undermined. It means,nonetheless, that to a certain degree there has been a leveling of the field ofplay.15

    Nessa idiadenivelamento,oqueocorreunascomunicaesfoiamultiplicaodas

    possibilidadesdeclientelismo.OEstadonemsemprerepresentaopatronatonessa situao.

    svezes ele clientedocapital internacional, quando temde submetera administraoda

    nao aos critrios do FMI outras vezes cliente do mercado, quando a aprovao dos

    candidatospelasempresasdecomunicaoseconstituinumdosquesitosparaaviabilidadede

    umacampanhaeleitoral.

    NoBrasildasduasltimasdcadas,podemosestabeleceraatualizaodoconceitode

    coronelismotrabalhadoemVictorNunesLeal16 paraodecoronelismoeletrnicoatravsda

    adiodasempresasdecomunicaodemassa,emespecialasderadiodifuso,comoumdos

    vrtices do compromisso de troca de proveitos. Assim, a parceria entre as redes de

    comunicaesnacionaiseoschefespolticoslocaistornapossvelumaconcentraocasada

    deaudinciaedeinflunciapolticadaqualopoderpbliconopodeprescindir.

    Decantandoaconcentraodomercado

    14 GAY, Robert. The even more difficult transition from Clientelism to Citzenship: lessons from Brazil.WorkingPaperSeries,Princeton,nov.2001.Disponvelem:.Acessoem:25nov.2001.15GAY,Robert,op.cit.,p.10.16LEAL,VictorNunes,op.cit.

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    Os canais comerciais, organizados em rede, competem diariamente para chamar a

    atenodaaudinciaebuscar sua fidelidadenosmaisdiversos gnerosdeprogramas.Essa

    idiadecompetio,noentanto,deve ser relativizada.Sealgum,porexemplo,procurasse

    saberquaisoscincoprogramasdemaioraudincianatelevisonomaiormercadobrasileiro,

    odaregiometropolitanadeSoPaulo,namediodoIBOPEpormdiadetelespectadores,

    descobririaqueoscincoprimeirospertenciamRedeGlobo.

    Os nmeros oferecidos pelos relatrios de audincia dos servios especializados

    parecemnomostrar,primeiravista,umagrandeconcorrnciaentreasredesbrasileirasde

    televiso. Se algum, por exemplo, procura saber quais foram os dez programas demaior

    audincia na televiso no ano 2000, num ranking pormdia de telespectadores, descobrir

    que todos eramdaRedeGlobo, sendoquatroprogramasde informao, trsprogramas de

    ficoetrsprogramasdeshowsdevariedades.Dentreessesdezmaisassistidos,oprimeiro

    foiumatelenovela,comsharemdiode67%e35milhesdetelespectadores,eodcimo,um

    telejornalcomcom share de51%e21milhesdetelespectadores.

    Osprogramas telejornalsticosdividiamseentreo telejornalde refernciadaGlobo,

    JornalNacional, eo sensacionalista LinhaDireta entre os de fico, duas telenovelase o

    filmesemanal(geralmentenorteamericano)doprogramaTelaQuente,consistindononico

    momento em que a produo estrangeira sobressai na programao continuada. J os

    programas de variedades dividemse entre um show humorstico, um show de variedades

    hbrido, comfortescomponentesde informao,eumshowdecomportamento.Casoesses

    relatriossofressemumcortediacrnico,sedescobririaqueahegemoniadaRedeGlobono

    mercadonacionalexistehmaisde30anosequeelasempreestevenumasituaodequase

    monoplio.

    Agregase a essa situao a liderana nas outorgas de gerao e retransmisso de

    televiso no pas. A distribuio das outorgas de TV aberta pelas quatro maiores redes

    brasileiraera,emfevereirode2005,aseguinte:RedeGlobocincogeradorasprprias,96

    geradoras afiliadas, 19 retransmissoras prprias e 1.405 retransmissoras afiliadas Rede

    Bandeirantes10geradorasprprias,23geradorasafiliadas,191retransmissorasprpriase

    234 retransmissoras afiliadas SBT dez geradoras prprias, 37 geradoras afiliadas, 1749

    retransmissoras prprias e 639 retransmissoras afiliadas e Rede Record 18 geradoras

    prprias,18geradorasafiliadas,322retransmissorasprpriase216retransmissorasafiliadas.

    Estequadrodasoutorgasestbaseadonosdadosoficiais17 erelativamentedistinto

    17 Paraeste levantamento foi construdoumbancode dadosadotandoas informaes oficiais sobreentidadesoutorgadasnoSISCOMSistemade InformaodosServiosdeComunicaodeMassadisponvelnahome

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    daquele apresentado oficialmente pelas redes de TV. Isso porque a contagem das redes s

    vezesconsideracomogeradorasalgumaspermissesderetransmisso(RTVs),comosoos

    casosdaRedeGlobo,em18outorgasdaBandeirantesedoSBT,em8outorgascada.As

    redes tambm incluem algumas prefeituras municipais como suas retransmissoras, neste

    trabalho,noentanto,comofoiimpossveldelimitarquaiscanaisretransmitiamamaioriadas

    prefeituras,optousepornoconsideralasnoquadrodeafiliao.Naturalmente,estequadro

    se desatualiza a cada dia, dadas as constantes trocas de afiliao em emissoras de todo o

    pas.18

    A distribuio das afiliadas das grandes redes encontra no cenrio regional atores

    identificados tanto como coronelismo eletrnico quanto com as igrejas, como o casoda

    Fundao Celinauta, no Paran, que retransmite a Rede TV, ou da famlia Petrelli, que

    retransmiteaRecord.Nosestadosalgunsgruposfamiliares,emsuamaioriaafiliadosdaRede

    Globo,praticamentedominamtodoocenriodeteleviso,abertaouporassinatura,comoso

    osseguintescasos:famliaCmara,emGoisdafamlia,Coutinho,emMinasGeraiseSo

    Paulodo grupoZahram,noMatoGrossodoSul dasOrganizaesRmuloMaiorana,no

    Par das famlias Lemanski e Cunha, no Paran e, com maior destaque, das famlias

    Sirotsky,naregiosul,eDaou,emtodaaregionortedopas.

    Os patres das polticas pblicas de comunicao: Rede Globo e os coronis

    eletrnicos

    A relevnciadaRedeGlobonocenrio nacionalpode ser entendidacomomaisum

    sinalcomprobatriodopapelfundamentalqueatelevisoabertaexerceemrelaoaosoutros

    servios audiovisuais. Tanto o resgate do cinema, nosltimos anos, como apublicidadee,

    tambm,aproduotelevisivacomoumtodoabertaefechadamostramseestreitamente

    condicionadosidentidadedeumanicaempresa.Estacombinaocomeouaserformada

    aindanosgovernosmilitares,mas,tematingidosuamaturidadenosltimosanos.

    Noplanopoltico,odepoimentodoexpresidentedaRepblica,JosSarney,presente

    na biografia intitulada Roberto Marinho, de Pedro Bial, atesta o fortalecimento do

    compromissoentreesteveculoeopoderpbliconoprocessodedemocratizaodoPas:

    O Tancredo o consultava, mas ele no indicava. Inclusive o Tancredo falou:Convide oAntnioCarlosMagalhes para oMinistrio dasComunicaes. E o

    pagedaAnatelAgnciaNacionaldeTelecomunicaes.Altimaatualizaofoiem21defevereirode2005.18EmboraestejamnolineupdamaiorpartedagradedeprogramaodaTVporassinatura,asnovasredesdeteleviso, surgidas nas ltimas dcadas Canal 21, CBI, CNT, MTV, Shop Tour no atingem grandeexpressividade em termos de alcance terrestre. Quase todas tm apenas uma geradora prpria, geralmentelocalizadas na regio sudeste, e cerca de 50 retransmissoras, prprias ou afiliadas, em todo o pas. A maisexpressivadelasaRedeTV,dogrupolideradoporAlmicareDallevoeMarceloCarvalhoFragali,quetemseisgeradorasprprias,noveafiliadas,113retransmissorasprpriase84afiliadas.

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    DoutorRobertodisseaele: No,presidente,osenhorconvide.Ento,quandosaiqueoAntnioCarlosseriaoministrodasComunicaes,oUlyssesGuimaresdisseaoTancredo: Hoje o PMDB rompecomvoc. inadmissvelque sejaoAntnioCarlos.OPMDBrompecomogoverno.AoTancredobateunapernadoUlyssesedisse:Olha,Ulysses,eubrigocomopapa,eubrigocomaIgrejaCatlica,eubrigocomoPMDB,comtodomundo,eusnobrigocomoDoutorRoberto.19

    Se,antesdeassumiroMinistriodasComunicaesdogovernoSarney(19851989),

    AntnioCarlosMagalheseraafavordeumarevisodasconcesses,logomudoudeidia.

    Ele prprio havia sido beneficiado com concesses de rdio e de televiso, ele prprio

    chegava aoministrio por indicao do empresariado de comunicao e ele prprio, junto

    como presidente da Repblica, Jos Sarney, optou por reforar aindamais o clientelismo

    existente. Era como se osmilitares se afastassem do poder deixando amdia compessoas

    prximasdesuasidias,divulgadaspelordioepelateleviso.

    Poroutrolado,anovaConstituiode1988foiumaboaoportunidadeparaconsolidar

    o que poderes locais ou regionais haviam ganhado no perodo anterior. A grande frente

    conservadora se formou tambmpor concesses no campoda radiodifuso, servindo como

    moedadetrocaparamanternaconstituioasbenessesconseguidascomosmilitares:

    Das 1.028 concesses distribudas, 82 se referiam televiso. Destas, 43 foramdistribudasno anoda votaoda emendaconstitucional, sendo30 divididasentreparlamentares de partidos aliados aoGoverno. Assim, o nmero de parlamentaresproprietriosde veculosde radiodifuso subiude55para 146, totalizando26,1%dos 559 constituintes (Motter, 1994, p. 163180). Alm do apoio ao mandato decinco anos, oMinistro e o Presidente tambm agiram em benefcio prprio autoconcedendo,respectivamente,seteetrsconcessesdegeradorasdeTV.20

    DepoisdeJosSarney,nocurtoperodoCollor(19901992)asconcessesderdioe

    detelevisoforamsuspensas.ComaeleiodeFernandoHenriqueCardosoparaumprimeiro

    perodo(19941998),organizouseasociedadecivilnumafrentedesindicatos,profissionaise

    universidades,queparticipouativamentedasnegociaesdaLeidoCabo.Essaparticipao

    assinalou que a poltica de concesses de servios de telecomunicaes e das geradoras

    obedeceria a outros critrios, que no o coronelismo, sendo outro indcio de mudanas o

    surgimentodasagnciasreguladorasindependentes.

    Noentanto,seaLeidoCabosignificouumavano,asprticasclientelsticasdaTV

    abertamudarampouco. Exauridoo filo dos canais de televiso, iniciouse, no pas, ora a

    grilagemoraaprticaclientelistanaconcessoderetransmissorasdeteleviso.SylvioCosta21

    lembraqueocritriodedistribuiodas1.848outorgasdeestaesretransmissorasdeTV,

    19 SARNEY, Jos.Depoimentos ao projetoMemriaGlobo e entrevistas ao autor, 15mar 2004 apudBIAL,Pedro.RobertoMarinho.RiodeJaneiro:JorgeZaharEd,2004.p.315.20CAPPARELLI,SrgioSANTOS,Suzy,op.cit.,p.16.21 COSTA, Sylvio. Coronelismo Eletrnico. Correio Braziliense, Braslia: 21 jul. 1997. Disponvel em:.Acessoem:25jul.1997.

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    at1997,privilegiouaosamigosdopresidentecandidatoreeleiodaseguinteforma:268

    foramentreguesapolticos342aogrupoSBT319RedeGlobo310RedeVida,ligada

    IgrejaCatlica252aBandeirantes226Manchete151RedeRecord,daIgrejaUniversal

    doReinodeDeuse,porltimo,125sTVseducativas.

    Neste universo, a relao entre afiliada e cabea de rede constitui uma poderosa

    ferramentadocoronelismoeletrnico.OexemplodoexministroAntnioCarlosMagalhes

    omaisexpressivonopas.Afamliaealgunsaliadosdoatualmentesenadorsoproprietrios

    daRedeBahiaquedomina todosossegmentos decomunicaes noestado, incluindo: seis

    geradorasdeTVabertae311retransmissorasdoEstado,todasafiliadasRedeGloboapartir

    do episdio conhecido como CPI daNEC22 uma emissora de TVUHF parte da nica

    operadoradeTVacabodacapital,comoutorgatambmemFeiradeSantanapartedeuma

    operadora deMMDS com outorgas na capital, em trs cidades do interior da Bahia e em

    PetrolinaPE,afiliadasfranquiaNetBrasil,tambmdaRedeGloboduasemissoraseuma

    redederdioFMumselofonogrficoumaeditoramusicalumjornaldirioumagrficae,

    porfim,umaempresadecontedoeentretenimento.

    Aexpressivadependnciadatelevisobrasileirasndolespolticaslocaiseregionais

    extensiva televisoestatal.Nocasobaiano, se somarmosaosveculosdaRedeBahia a

    geradoraeas197retransmissorasdoIRDEBInstitutodeRadiodifusoEducativadaBahia,

    vinculadoSecretariadeCulturaeTurismodoEstado,teremossetedastrezegeradorase508

    das703retransmissorasdoEstadosobinflunciadiretadosenador.Esta influnciatambm

    serefletenadistribuiodascotaspblicasdepublicidade.Emboraatelevisoabertasejao

    principal veculo dopas, e aRedeGlobo amaior audincia, a propriedade de algumas de

    suasafiliadasporpartedepolticosdirecionaesteinvestimento.SegundooEpcom(Instituto

    deEstudos e Pesquisas emComunicao), o faturamentodestes veculos sustentadopor

    verbaspblicasdestinadasporgovernoscomprometidoscomos'donosdamdia'local.23

    Aindasemsairdocasobaiano,osveculosdaRedeBahiaabsorvemamaiorfatiada

    verbapublicitriagovernamentaldoEstado,13maioranunciantedegovernoemaiorestado

    anunciante do pas.24 Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a prefeitura de Salvador,

    controlada na poca por aliados do senador, gastou, em2000,mais em publicidade (R$14

    22 Sobre este episdio ver HERZ,Daniel, op. cit.MOTTER,Paulino. Abatalha invisvel daConstituinte:interesses privados versus carter pblico da radiodifuso noBrasil. 1994.Dissertao (Mestrado emCinciaPoltica e Relaes Internacionais) Departamento de Cincia Poltica e Relaes Internacionais, daUniversidadedeBraslia,Braslia.23MAISconcentrao,menosqualidade.CartaCapital,SoPaulo,n.179,p.1718,mar.2002.p.1718.24PAIVA,Uilson.Verbapblicasustentaempresaseomito:gastosmilionriosempublicidadedogovernodaBahia vo para jornal e TV de pefelista. O Estado de S. Paulo, 31 maio 2001. Disponvel em:.Acessoem:5jun.2001.

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    milhes)queemensinofundamental(R$12,6milhes)e transportes(R$11,9milhes).25A

    distribuio das verbas publicitrias para os veculos da famlia do senador absorveu, por

    exemplo,em2000:77%dosannciosdogovernodoEstadoemjornaisenquantoojornal

    concorrentedemaiorcirculaonoEstadonoobtevenenhumanncioe,67%dosanncios

    emtelevisoaberta.

    Amanipulaodos contedos exibidospelos canais de televisoempropriedadede

    polticos chegou a constranger a prpria Rede Globo, que, em maio de 2001 comeou a

    divulgar intervenes em algumas afiliadas da Rede. A primeira emais direta interveno

    aconteceunaTVGazeta,depropriedadedoexpresidenteFernandoCollor,quandoaCentral

    GlobodeJornalismoassumiuocomandodadireodejornalismodaafiliadaporconsiderara

    produo fora dos padres de qualidade estabelecidos. Segundo o jornal Observatrio de

    Imprensa, aCentralGlobode Jornalismooptoupor limitar ousopolticode suas afiliadas

    intervindo tambmnaTV Sergipe (AracajSE), de propriedade do exgovernadorAlbano

    Franco (PSDB), e na TV Verdes Mares (FortalezaCE), do exdeputado federal Edson

    Queiroz(PPB).26

    Tambmemmaiode2001,nodia10,aapresentadoradoJornalNacionalAnaPaula

    PadrofrisouaovivoarecusadaafiliadaTVBahia,depropriedadedoentosenadorAntonio

    Carlos Magalhes, em fazer e transmitir as imagens do protesto de estudantes pedindo a

    cassaodosenador.Asimagensdaviolnciadapolcia,invadindoaUniversidadeFederalda

    Bahiaeespancandoosestudantes,exibidasnoJornalNacional,foramcedidaspeloSindicato

    dosBancriosbaiano.27Apesardestesmovimentos,aafiliaodepolticosaindaexpressiva

    noquadrodaRedeGlobo.

    Quadro1.AfiliadasdaRedeGlobovinculadasapolticos

    Estados Geradora RetransmissoraTotal(%) Quantidade Total(%) Quantidade

    AL 100 1 100 8BA 100 6 100 311CE 100 1 100 58GO 100 8 100 85MA 100 4 100 97MG 25 2 22 13PA 66,6 2 0PB 100 2 100 5

    25PAIVA,Uilson,op.cit.26BRUNO,Chico. Interveno da Globo: vitria da imparcialidade.Observatrio da Imprensa, So Paulo,2001. Disponvel em: . Acesso em: 20dez.2001.27ASSEF,Andrea.BroncaPblica.Mdia&CIA. IstoDinheiro,SoPaulo,25maio2001, disponvel em:.Acessoem:20jun.2002.

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    PE 66,6 2 66,6 4PI 100 2 RJ 40 2 30 6RN 100 1 100 3SE 100 1 100 16SP 28,5 4 32,6 31TO 100 2 100 68Total 39,6 40 49,5 705

    Obs.:Outorgasemnomeprpriooudeparentes.Fonte:Santos,2005.

    Arededeclientelismoqueconfiguraascomunicaesbrasileiraspassapordistintas

    formasdeassociaesdeinteresses,apadrinhamentoseparentescos.Oquepodeparecerum

    mercadoconcorrencial, s vezes, revelaseumaespciededivisodeboloentreamigos.A

    influnciadosenadorAntonioCarlosMagalhes,porexemplo,atingetambmatelefonia.O

    empresrio Daniel Dantas, um dos pivs das denncias de irregularidades no leilo de

    privatizaodoSistemaTelebrs,donodobancoOpportunity,acionistadaBrasilTelecome

    daTelemar,almdeempresasqueatuamemtelevisoporassinaturaeprovimentodeacesso

    Internet,28 e tem uma relao de proximidade com o senador,29 sendo, inclusive, o

    presidente do Conselho Curador da Fundao Luis Eduardo Magalhes que ligada ao

    GovernodaBahia.30Estaproximidadedeumaelitepolticaespecficaeoprivilgiodeuma

    personagem em relao s outras possveis se manifesta, por exemplo, nos perodos

    eleitorais, como em2002 quandoos assinantes daTelemar e daOi emSalvador recebiam

    mensagens telefnicasdocandidato senadore apenasdeleduasvezesporsemanano

    ltimomsdecampanha.

    ApesardocasodeconcentraonaBahiaseromaisexpressivodopas,aintimidade

    entreelitespolticasecomunicaesrepeteseemoutraspartesdopascomonoParan,no

    Maranho,noRioGrandedoNorteenoCear.OutroacionistadaTelemar,com14,58%das

    28AMORIM,PauloHenrique.BrasilTelecomquercomprarporUS$115milhesempresasemreceita.UOLNews,SoPaulo,18fev.2003.Disponvelem:.Acessoem:20fev.2003.29TRAUMANN,Thomas.Tomal,dcnas teles.poca,SoPaulo,n.208,13maio2002.Disponvelem:.Acessoem:20maio2002.30 A fundao atua na Bahia promovendo aes relativas gesto e prestao de servios pblicos e acomposiodoConselhoCuradordafundao,refletindoosinteressesdosenador,estdivididaentreafiliadoslocaisefigurasnacionaisdeimportnciaestratgica,como,porexemplo,JooCarlosDiGnio,quecontrolaogrupoeducacionalObjetivoeoCanalBrasileirode InformaoCBIDavidZylberstajn,presidentedaAgnciaNacionaldoPetrleoGuidoBertucci,DiretordaDivisodeEconomiaeAdministraoPblicadaOrganizaodasNaesUnidas Evelyn Levy, Secretria de Gesto doMinistrio do Planejamento, Oramento e Gesto(19962002). Informaes disponveis na home page da fundao: FUNDAO LUS EDUARDOMAGALHES. Conselho de Administrao. Disponvel em:.Acessoem:22fev.2005.

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    aes,31 Carlos Jereissati, irmo do senador, Tasso Jereissati (PSDB). O senador

    proprietrio, entre outros negcios em parceria ou no com o irmo, de um grupo de

    comunicaesqueinclui:umaoperadoradeMMDS,comduasoutorgastrsoperadorasde

    TV a cabo, com uma outorga cada uma geradora de televiso, afiliada ao SBT 31

    retransmissorase,trsFMs.

    Emboraessasrelaesserepitamemoutrosestados,ocoronelismonofoiatnicada

    distribuio da maior parte das outorgas de televiso por assinatura e no ocupa espao

    central neste cenrio. Os polticos proprietrios de TV por assinatura aparecem naquelas

    outorgas dadas antes das licitaes pela Anatel, como foi o caso do Servio Especial de

    TelevisoporAssinaturaTVAqueforamdistribudasnoperodoSarney,ounascidadesonde

    ogrupopolticojdominaaradiodifuso,comoascapitaisdosestadosmencionadosacima.

    Aotodo,menosde10%dasoutorgasdeserviosporassinaturatmacionistasquepodemser

    identificados como pertencentes a um grupo poltico regional ou nacional, divididas da

    seguinteforma:

    Quadro2.OutorgasdeTVporassinaturarelacionadasaelitespolticasServio Quantidade Participaonototal(%)TVA 5 20MMDS 11 13,5CABO 14 6,7DTH 0*

    TODAS 30 9,3A permisso pertencente aos dirigentes da Igreja Universal do Reino de Deus no foi considerada porque oquadroacionriodaRdio eTelevisoRecordS.A. no incluios representantesda Igrejaexercendomandatoeletivo.Fonte:Santos,2005.

    MasomercadodeTVporassinaturaincipiente.Natelevisoabertaquesemostra

    claro o coronelismo eletrnico nopas.Numabusca genrica na Internet e em arquivos de

    jornaiserevistas,onmerodeoutorgascontroladasporpolticosouporseusfamiliaresrevela

    uma fatia preocupante:pelomenos33,6%das geradoras e 18,03%das retransmissoras so

    controladasporpessoasqueexercemouexerceram,nosltimos15anos,mandatoeleitoral.32

    Quadro3.Outorgasdetelevisocontroladasporpolticos

    EstadosGeradoras Retransmissoras

    Quantidade Total(%) Quantidade Total(%)AC 2 40% 1 1,06%AL 3 60% 14 12,84%

    31FILHO,ExpeditoTHOMPSON,Fernando.OmisteriosoempresrioJereissatisaidasombraecontacomofezum dos maiores imprios do Brasil. Dinheiro, So Paulo, fev. 2004. Disponvel em:.Acessoem:20fev.2004.32Santos,2005.

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    AM 3 42,85% 72 29,75%AP 2 50% 5 15,15%BA 8 57,14% 392 55,44%CE 5 55,5% 103 30,11%DF 1 9,1% 3 11,53%ES 1 9,1% 1 0,50%GO 10 62,5% 213 42,68%MA 8 72,7% 178 58,74%MG 13 27,65% 37 2,66%MS 1 9,09% 8 3,22%MT 3 33,3% 23 8,07%PA 4 40% 43 14,19%PB 3 50% 12 13,04%PE 2 20% 6 3,87%PI 4 57,14% 53 56,38%PR 15 41,6% 131 27,75%RJ 5 26,31% 33 8,22%RN 6 85,71% 13 12,74%RO 2 33,33% 37 24,02%RR 2 100% 3 6,81%RS 2 7,69% 16 2,08%SC 5 25% 76 9,88%SE 2 50% 21 35%SP 13 20,63% 56 3,22%TO 3 60% 81 52,25%

    Todas 128 33,6% 1765 18,03%Fonte:Santos,2005.

    AFolhadeS.Paulonoticiouquenaseleiesde2002,75%doCongressoNacional

    foramreconduzidosaopoder.33 Entredeputadose senadores reconduzidos, constavam26%

    dosdeputadosdaComissodeCinciaeTecnologia,ComunicaoeInformtica,daCmara

    dosDeputados,rgoresponsvelpelospareceressobreoutorgasetodaalegislaodosetor.

    A relao de interesses envolvidos nem sempre bvia. H, por exemplo, os

    deputadosevanglicosquenopossuemoutorgasemseusnomes,masatuamdeacordocom

    os interesses de suas igrejas e estas tm sido um dosmaiores elementos de novidades nas

    comunicaes nos ltimos tempos.Comoo jogo poltico na seleo dosmembros de uma

    comissopassaporquestesmaisamplasdoqueotemaespecficodacomissoemquesto,

    h tambm na CCTCI parlamentares com parca intimidade em relao s comunicaes,

    comoocasodosprofissionaisdareadasadeGeraldoThadeu(PPSMG),Hlio(PDTSP)

    eJamilMurad(PCdoBSP).

    33 MATTOS, Laura. Governo libera TVs na reta final. Folha de So Paulo, 27 dez. 2002. Disponvel em:.Acessoem:30dez.2002.

  • 14

    O nmero de deputados tradicionalmente ligados aos interesses contrrios aos do

    mercadoderadiodifusomnimo:apenasodeputadoWalterPinheiro(PTBA),seenquadra

    nestacaractersticadentreosmembrostitularesdaComisso.Poroutrolado,nacomposio

    da Comisso, em 31 de dezembro de 2004, 14 deputados titulares, 28% do total, e seis

    suplentes,12%,figuramcomoproprietriosousoparentesdeproprietriosderadiodifuso

    queconstamnalistadeacionistasdoMinistriodasComunicaes.34

    Nobancodedadosconstrudoparaestapesquisa,foramidentificadas97personagens

    polticas que controlam as 128geradorasmencionadas. Isso no significa que sejam foras

    concorrentes. Ao contrrio, as concentraes familiares ou de apadrinhamento so dividas

    entreosEstadosdaUnio, comose fossemfeudos reeditados.Estaafluncia visvel,por

    exemplo,noscasosdasfamliasAlveseMaia,noRioGrandedoNortedosafiliadosdeJos

    Sarney,noMaranhooudogrupodeempresasdecomunicaesdeMrioPetrelli,emSanta

    CatarinaenoParan.Petrellijamaisexerceumandatoeletivo,mastemforteatuaopoltica

    naregiocomoDelegadodaConvenoNacionaldoPFL.Dentreostrintapartidospolticos,

    registrados no Superior Tribunal Eleitoral, trs deles aglutinam 73,2% destas personagens

    polticas.

    Quadro4.PolticoscomoutorgasdeTVabertaportipodeatuaoepartido

    Fonte:Santos,2005.

    Mesmo em governos de base popular, como o Partido dos Trabalhadores (PT), as

    relaesdopoderpolticocomopoderdasmdiasnosomuitoclaras.Ou,dentrodeoutra

    perspectiva, so claras demais: tudo acontececomonopassado e,mesmonumgoverno de

    esquerda,poucoounadatemsidofeitoemtermosdeumapolticadedesenvolvimentosocial

    paraessesetor.

    34Santos,2005.

  • 15

    A verdade que cada novo governo parece tornarse prisioneiro da centralidade da

    mdianalegitimaodepolticasenaconstruodeimagenspositivasjuntodapopulao.O

    projeto polticodogovernoLuladaSilva,porenquanto,contrariaasexpectativasdequeuma

    profundarevisonosetorseriaprioridadedesdeoinciodesuagesto.

    Agrilagemdaesperana

    A fora dos interesses ideolgicos, acima dos interesses dosmovimentos sociaisou

    das presses do mercado de comunicaes, tenta manter o status quo que vigora. A este

    importante ator, o coronel eletrnico, interessa essencialmente a capacidade massiva de

    disseminao do seu poder de influncia. Embora haja exemplos de elites polticas

    proprietrias de servios de televiso por assinatura e/ou provedores de contedo para

    Internet,claroque,nalgicacoronelista,ocarterfragmentadodestesmeiosnocompensa

    ovolumedeinvestimentosnecessriosparaasuaimplantao.

    Na lgicaclientelista estabelecidanascomunicaesbrasileiras, aadoodo iderio

    neoliberalacontecedeformacautelosa.Aflexibilidadedaregulamentao,bemcomoalivre

    competio dos mercados, limitase ao espao que no altere os domnios dos coronis

    eletrnicos.RetomandoMazeRequejo,oEstadoseduzomercado,nacionaleinternacional,

    com promessas discursivas de benefcios futuros.35 Prestando alguns favores espordicos,

    mantmsuacaractersticapatronalearelaodedependnciaclientelista.

    Da mesma maneira, uma possvel convergncia das comunicaes, tanto nos seus

    aspectos regulatrios quanto econmicos ou tecnolgicos, depende diretamente deste

    contexto. Assim, como necessrio poltica clientelista, aos interesses do mercado

    convergente so destinados os favores dos espaos especficos como os servios de

    transmissodedadosouatelevisoporassinaturaeaAgnciaReguladora.Poroutrolado,a

    televiso aberta, analgica ou digital, persiste na esfera de influncia e dependncia do

    patro. A idia de convergncia e competio entre indstrias distintas contedo e

    distribuioaindaestdistantedesetornarumarealidadehegemnicanoBrasil.Diferente

    deoutrosmodelosdecomunicaes,asupremaciadocoronelismoeletrnicomostraseuma

    dasbarreirascentraisaestapossibilidade.

    Por outro lado, a histria brasileira mantm viva a imagem dos coronis desde o

    perodocolonial,adquirindo,acadaetapa,novasdistinesporserviosprestados.Comofoi

    apontadoantes,estescoronisreforaramseupoderduranteaRepblicaVelha(18891930),

    vistoosistemaeleitoralnopermitiraindaavotaosecreta.Maistarde,seamodernizao

    35MAZ,RamonREQUEJO,Roberto,op.cit.

  • 16

    foi vista como uma ameaa a essas prticas, os coronis vm demonstrando uma enorme

    capacidadedesobrevivncia,mesmoemgovernosditospopulares.

    Referncias

    AMORIM,PauloHenrique.BrasilTelecomquercomprarporUS$115milhesempresasemreceita. UOL News, So Paulo, 18 fev. 2003. Disponvel em:.Acessoem:20fev.2003.

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