Tarefa 2
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Modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares
1 – Pertinência da existência de um Modelo de avaliação para as
bibliotecas escolares.
Razões não faltam para justificar a necessidade de implementação do Modelo
de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares (MAABE), pois “(…) é importante
que cada escola conheça o impacto que as actividades realizadas pela e com a
BE vão tendo no processo de ensino e na aprendizagem, bem como o grau de
eficiência e de eficácia dos serviços prestados e de satisfação dos
utilizadores.”1 A aplicação do modelo permite reflectir e melhorar o trabalho
desenvolvido e, ao mesmo tempo, realça o papel e a importância da Biblioteca
Escolar (BE) na escola. Ao promover a articulação com os diversos sectores da
escola e o trabalho colaborativo com os docentes, está a promover a
valorização da BE enquanto espaço propiciador de aprendizagens. Por sua
vez, a sistemática recolha de evidências, permite fazer o “balanço” do processo
(ao encontrar os pontos fortes e os pontos fracos), mantendo e/ou melhorando
o trabalho desenvolvido, ou seja, possibilitando que a BE seja capaz de
melhorar os seus serviços continuadamente
2 – O Modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria. Conceitos
implicados.
O MAABE surge como resposta às necessidades actuais das BE’s face ao
contexto de mudança em que estas se inserem. Na sociedade actual tem sido
constituída uma mudança de objectivos, interesses, uma evolução ao nível do
ensino em função de modificações no sistema de valores, transformação de
atitudes, em relação ao conhecimento e na área do domínio do saber.
Resultante desta afirmação de novos paradigmas e modalidades da acção
educativa, a BE surge com a necessidade de modernização de espaço e
equipamentos e a criação do cargo de professor bibliotecário, sendo capaz de
proporcionar “informação e ideias fundamentais para sermos bem sucedidos na
sociedade actual, baseada na informação e no conhecimento.” 2
1 Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar. Rede de Bibliotecas Escolares, 20102 Directrizes da IFLA/UNESCO para Bibliotecas Escolares (tradução para Língua Portuguesa de Mª José Vitorino)
Sílvia da Veiga Bastos 1
Modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares
Estudos internacionais mostram que as BE’s podem ter um papel fundamental
para o ensino e a aprendizagem, constituindo uma relação entre a qualidade de
trabalho da e com a BE e os resultados escolares dos alunos. O MABE surge
como forma de analisar o trabalho da BE no sentido de avaliar “o seu contributo
para as aprendizagens, para o sucesso educativo, e para a promoção da
aprendizagem ao longo da vida.” 3
É então importante que o papel e a missão das BE’s devam enquadrar-se no
contexto escolar, tendo em conta as diferentes estruturas com as quais
necessitam de interagir: como o caso do Conselho Executivo; do trabalho em
articulação com os outros docentes; sendo capaz de desenvolver um trabalho
coeso entre a sua equipa (a da BE); e, de todos os outros que possam vir a ser
chamados a participar neste processo. Só assim, é possível propor a criação
de estratégias e definir actividades conducentes à melhoria das aprendizagens
dos alunos, tendo capacidade de fornecer condições e alternativas para
orientar estes para a vida. Este modelo “sendo igualmente um princípio de boa
gestão e um instrumento indispensável num plano de desenvolvimento, permite
contribuir para a afirmação e reconhecimento do papel da BE, determinar até
que ponto a missão e os objectivos estabelecidos para a BE estão ou não a ser
alcançados, identificar práticas que têm sucesso e que deverão continuar e
identificar pontos fracos que importa melhorar.” 4 Os conceitos, que presidiram
à elaboração e aplicação deste modelo, são os seguintes:
A noção de valor, não daquilo que faz parte da BE, mas dos resultados
obtidos a partir da sua utilização e do trabalho desenvolvido ao nível das
aprendizagens e das competências, nos vários domínios inerentes à
missão da biblioteca;
Avaliação da qualidade da BE e não o desempenho do professor
bibliotecário ou da sua equipa. A auto-avaliação deverá contribuir para a
melhoria do trabalho realizado;
A constante recolha de evidências permitirá que se desenvolvam
instrumentos mais aptos a cada BE e ao contexto em que esta se insere.
A identificação dos pontos fracos e fortes levará à definição de acções
3 Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar. Rede de Bibliotecas Escolares, 20104 Modelo de auto-avaliação da biblioteca escolar. Rede de Bibliotecas Escolares, 2010
Sílvia da Veiga Bastos 2
Modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares
de melhoria, de qualidade e de estratégia de desenvolvimento ao longo
do processo. Ou seja, a auto-avaliação deverá ter uma aplicação
flexível, adequando a cada escola e BE;
A aplicação do modelo deve ser integrada nas práticas habituais da BE,
não devendo implicar sobrecarga de trabalho.
3 – Organização estrutural e funcional
Num modelo cuja aplicação é, de certa forma, complexa e demorada, a sua
divisão em quatro domínios acaba por viabilizar a sua percepção e aplicação.
Por outro lado, o facto de todos os domínios serem avaliados ao longo de
quatro anos, existindo a obrigatoriedade de todos serem alvo de avaliação,
mas não havendo imposição a nível do domínio a avaliar em cada ano, permite
alguma flexibilidade ao professor bibliotecário ao nível da organização de
trabalho a desenvolver.
Assim são apresentados os domínios e respectivos subdomínios:
A. Apoio ao desenvolvimento curricular
A.1 Articulação curricular da biblioteca escolar com as estruturas de
coordenação e supervisão pedagógica e com os docentes
A. 2 Promoção das literacias da informação, tecnológica e digital
B. Leitura e literacia
C. Projectos, parcerias e actividades livres e de abertura à comunidade
C.1 Apoio a actividades livres, extra-curriculares e de enriquecimento curricular
C.2 Projectos e parcerias
D. Gestão da biblioteca escolar
D.1 Articulação da biblioteca com a escola. Acesso e serviços prestados pela
biblioteca
D.2 Condições humanas e materiais para a prestação dos serviços
D.3 Gestão da colecção/ da informação
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Modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares
4 – Integração/Aplicação à realidade da escola/biblioteca escolar.
Oportunidades e constrangimentos
O MAABE contém ideias-chave que constituem factores facilitadores à sua
integração e aplicação, nomeadamente a flexibilidade e a aproximação por
etapas num universo de quatro anos. A avaliação é um processo de melhoria e
os resultados devem ser partilhados com o director do agrupamento,
divulgados e discutidos nos órgãos de gestão pedagógica. Só com estas
práticas será possível tomarem-se decisões, tendo como base os resultados
obtidos na avaliação, mas não esquecendo o ambiente interno e externo da
BE.
No entanto, se este parece ser um modelo flexível, não esqueçamos que esta
aplicação só é possível com a recolha sistemática de evidências que são em
quantidade e diversidade excessivas, sobrecarregando ainda mais o trabalho
que se verifica actualmente nas escolas, uma vez que é um processo que
envolve toda a comunidade escolar. Está ainda inerente à implementação
deste modelo a elaboração e aplicação de um conjunto de instrumentos que
terão de ser alvo de tratamento. Tudo isto, sem ainda ter mencionado que o
investimento na formação dos professores bibliotecários a nível da aplicação
do modelo é um passo importante para a implementação do modelo nas
respectivas bibliotecas. O MAABE afigura-se-me muito ambicioso, atendendo à
realidade das escolas.
5 – Gestão das mudanças que a sua aplicação impõe. Níveis de
participação da e na escola.
Segundo Ross Todd “O que é importante é que as evidências recolhidas
mostrem como o professor bibliotecário e a biblioteca escolar têm um papel
crucial no sucesso educativo dos alunos e na criação de atitudes, valores e de
um ambiente de aprendizagem acolhedor e efectivo.” 5 Ora, a BE deverá ser o
palco de um conjunto de aprendizagens que permitam ao aluno desenvolver
5 Texto de apoio à sessão (Todd, 2003)
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Modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares
saberes. Formar indivíduos informados e capazes de desenvolver novas
compreensões, percepções e ideias. Contudo, para que a biblioteca consiga ter
impacto nestas funções educativas, é necessário que haja “abertura” por parte
da escola/agrupamento. Cabe, então, ao professor bibliotecário ser o principal
“responsável” pela mudança de mentalidades relativamente à BE. Promover
uma forte articulação não só com professores e alunos, mas com toda a
comunidade educativa e instituições, programar uma planificação atempada,
ser um professor bibliotecário motivado e forte em liderança. Estes são alguns
dos pontos fulcrais para que se obtenha uma optimização de todo um processo
que procura, de certa forma, formar alunos construtores do seu próprio
conhecimento. A biblioteca deve, com a ajuda de todos, ser um espaço
valorizado.
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