TARSILA DO AMARAL E O BATIZADO DE MACUNAÍMA Por...

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CIRCUITOMATOGROSSO CUIABÁ, 19 A 25 DE JULHO DE 2012 CULTURA EM CIRCUITO PG 6 www.circuitomt.com.br Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista. [email protected] TERRA BRASILIS Por Anna Maria Ribeiro Costa TARSILA DO AMARAL E O BATIZADO DE MACUNAÍMA Artista-símbolo do Movimento Modernista e do Movimento Antropofágico, Tarsila do Amaral (1886- 1973), desenhista e pintora paulista, representa uma das personagens principais da arte plástica brasileira. “Abaporu”, nome de origem indígena, entendido como o “homem que come carne humana”, deu início ao Movimento Antropofágico, idealizado por Oswald de Andrade (1890- 1954), na época, seu marido. Inspirado nos escritos de Rosseau, Marx, Freud e Montaigne, Oswald de Andrade provocou com intensidade a fé cristã, a raíz portuguesa e o padre Antônio Vieira. O Movimento Antropofágico nasceu com o intuito de digerir influências artísticas estrangeiras e, como num ritual de canibalismo, devorar o inimigo para obter suas qualidades. No campo das artes, buscou um caráter com feições abrasileiradas. Uma alma nacional! Essa vontade fez renascer a figura do índio, apto a assimilar o estrangeiro, ao torná- lo carne da sua carne pelo ritual do canibalismo. Assim, o Brasil seria um país canibal e o índio, ao digerir tudo o que vem a ele, absorveria as virtudes dos estrangeiros para tornar-se melhor e mais forte. Tornar-se brasileiro. No óleo sobre tela “Batizado de Macunaíma”, de 1956, Tarsila do Amaral retrata a cerimônia batismal da criança Macunaíma, que nasceu do fundo do mato virgem. Filho do medo da noite, era feio e cicatrizes marcavam seu corpo e percorriam seu caráter. Mário de Andrade (1893-1945), considerado um polímata nacional, publicou Macunaíma, em 1928, obra do indianismo moderno, uma renovação da linguagem literária brasileira. Romance emblemático, ressignificou provérbios, personagens do folclore amazônico e mitos indígenas, estes últimos transcritos da obra “Do Roraima ao Orinoco”, do etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg (1872- 1924). Assim como Macunaíma ao morrer se transformou na constelaçao Ursa Maior, Tarsila também passou a habitar o espaço cósmico. Recebeu, em 2008, uma homenagem dos pesquisadores da espaçonave Messenger, membros da União Astronômica Internacional, ao batizarem de “Amaral” uma cratera do planeta Mercúrio. O batizado de Macunaíma (1956) VINÍCIUS MASUTTI Clóvis é historiador e Papai Noel nas horas vagas [email protected] INCLUSÃO LITERÁRIA Por Clovis Mattos Sou poeta, pratico poesia e filosofia, sou um garimpeiro das artes (resgatando a poesia mato- grossense). Um nômade nascido no Paraná, mas ciente de que a vida é curta e o mundo é grande, por isso não posso ficar parado. O PROBLEMA DA DEMOCRACIA O problema desta democracia é de gestão de má gestão de digestão de má digestão das politicagenzinhas que são enfiadas goela abaixo e causam a indigestão democrática. A solução desta democracia é a gestão é a ingestão de um vermífugo eficaz que elimine nas fezes os politicuzinhos que contaminam os intestinos desta sociedade democrática de modo que acabe de vez com esta cagada que fizeram da democracia! ESCLARECENDO A covardia e a preguiça tornam o homem estático, inerte. O homem covarde e preguiçoso torna o sistema democrático infértil. A busca pelo esclarecimento vem se perdendo desde o século dezessete! CUIABÁZÃO Me disseram que Cuiabá era feita de pó. Poeira mesmo e que nascia com o sol, que quando repousava No horizonte fazia a cidade desaparecer da vista. E então num ciclo infinito Cuiabá ressurgia todos os dias No centro-oeste de um país Desde sempre e até nunca mais.

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CUIABÁ, 19 A 25 DE JULHO DE 2012CULTURA EM CIRCUITO PG 6www.circuitomt.com.br

Anna é doutora emHistória, etnógrafa e filatelista.

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TARSILA DO AMARAL E O BATIZADO DE MACUNAÍMA

Artista-símbolo do MovimentoModernista e do MovimentoAntropofágico, Tarsila do Amaral (1886-1973), desenhista e pintora paulista,

representa uma daspersonagens principaisda arte plásticabrasileira.

“Abaporu”, nome deorigem indígena,entendido como o“homem que come carnehumana”, deu início aoMovimentoAntropofágico,idealizado por Oswaldde Andrade (1890-1954), na época, seumarido. Inspirado nosescritos de Rosseau, Marx, Freud eMontaigne, Oswald de Andrade provocoucom intensidade a fé cristã, a raízportuguesa e o padre Antônio Vieira.

O Movimento Antropofágico nasceucom o intuito de digerir influênciasartísticas estrangeiras e, como num ritualde canibalismo, devorar o inimigo paraobter suas qualidades. No campo dasartes, buscou um caráter com feições

abrasileiradas. Uma alma nacional! Essavontade fez renascer a figura do índio,apto a assimilar o estrangeiro, ao torná-lo carne da sua carne pelo ritual docanibalismo. Assim, o Brasil seria um paíscanibal e o índio, ao digerir tudo o quevem a ele, absorveria as virtudes dosestrangeiros para tornar-se melhor e maisforte. Tornar-se brasileiro.

No óleo sobre tela “Batizado de

Macunaíma”, de 1956, Tarsila do Amaralretrata a cerimônia batismal da criançaMacunaíma, que nasceu do fundo domato virgem. Filho do medo da noite, erafeio e cicatrizes marcavam seu corpo epercorriam seu caráter. Mário de Andrade(1893-1945), considerado um polímatanacional, publicou Macunaíma, em 1928,obra do indianismo moderno, umarenovação da linguagem literáriabrasileira. Romance emblemático,ressignificou provérbios, personagens dofolclore amazônico e mitos indígenas,estes últimos transcritos da obra “DoRoraima ao Orinoco”, do etnólogoalemão Theodor Koch-Grünberg (1872-1924). Assim como Macunaíma aomorrer se transformou na constelaçaoUrsa Maior, Tarsila também passou ahabitar o espaço cósmico. Recebeu, em2008, uma homenagem dospesquisadores da espaçonave Messenger,membros da União AstronômicaInternacional, ao batizarem de “Amaral”uma cratera do planeta Mercúrio.

O bat i zado de Macuna íma (1956)

VINÍCIUS MASUTTI

Clóvis é historiador ePapai Noel nas horas vagas

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garimpeiro das artes (resgatando a poesia mato-grossense). Um nômade nascido no Paraná, masciente de que a vida é curta e o mundo é grande, porisso não posso ficar parado.

O PROBLEMA DA DEMOCRACIAO problema desta democraciaé de gestãode má gestãode digestãode má digestãodas politicagenzinhasque são enfiadasgoela abaixoe causam a indigestão democrática.A solução desta democraciaé a gestãoé a ingestãode um vermífugo eficaz

que elimine nas fezesos politicuzinhosque contaminamos intestinos destasociedade democráticade modo queacabe de vezcom esta cagadaque fizeram da democracia!

ESCLARECENDOA covardia e a preguiçatornam o homem estático,inerte.O homem covarde e preguiçosotorna o sistema democráticoinfértil.A busca pelo esclarecimentovem se perdendo desde o séculodezessete!

CUIABÁZÃOMe disseramque Cuiabá

era feita de pó.Poeira mesmoe que nasciacom o sol,que quandorepousavaNo horizontefazia a cidadedesaparecerda vista.E entãonum cicloinfinitoCuiabáressurgiatodos os diasNo centro-oestede um paísDesde sempree até nunca mais.