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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO Taxa Interna de Retorno Modificada: Proposta de implementação automatizada para cálculo em projetos não-periódicos, não necessariamente convencionais ANTONIO CARLOS DE SOUZA SAMPAIO FILHO ORIENTADOR: Prof. Dr. Roberto Marcos da Silva Montezano Rio de Janeiro, 30 de julho de 2008

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  • FACULDADE DE ECONOMIA E FINANAS IBMEC PROGRAMA DE PS-GRADUAO E PESQUISA EM ADMINISTRAO E ECONOMIA

    DDIISSSSEERRTTAAOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAOO

    Taxa Interna de Retorno Modificada: Proposta de implementao automatizada para clculo em projetos no-peridicos,

    no necessariamente convencionais

    AANNTTOONNIIOO CCAARRLLOOSS DDEE SSOOUUZZAA SSAAMMPPAAIIOO FFIILLHHOO

    OORRIIEENNTTAADDOORR:: PPrrooff.. DDrr.. RRoobbeerrttoo MMaarrccooss ddaa SSiillvvaa MMoonntteezzaannoo

    Rio de Janeiro, 30 de julho de 2008

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  • TAXA INTERNA DE RETORNO MODIFICADA: PROPOSTA DE IMPLEMENTAO AUTOMATIZADA PARA CLCULO EM

    PROJETOS NO-PERIDICOS, NO NECESSARIAMENTE CONVENCIONAIS

    ANTONIO CARLOS DE SOUZA SAMPAIO FILHO

    Dissertao apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administrao como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre em Administrao. rea de Concentrao: Administrao Geral

    ORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO MARCOS DA SILVA MONTEZANO

    Rio de Janeiro, 30 de julho de 2008.

  • TAXA INTERNA DE RETORNO MODIFICADA: PROPOSTA DE IMPLEMENTAO AUTOMATIZADA PARA CLCULO EM

    PROJETOS NO-PERIDICOS, NO NECESSARIAMENTE CONVENCIONAIS

    ANTONIO CARLOS DE SOUZA SAMPAIO FILHO

    Dissertao apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administrao como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre em Administrao. rea de Concentrao: Administrao Geral

    Avaliao:

    BANCA EXAMINADORA:

    _____________________________________________________

    PROF. DR. ROBERTO MARCOS DA SILVA MONTEZANO (Orientador) Instituio: IBMEC-RJ _____________________________________________________

    PROF. DRA. MARIA AUGUSTA SOARES MACHADO Instituio: IBMEC-RJ _____________________________________________________

    PROF. DR. MARCO ANTONIO CUNHA DE OLIVEIRA Instituio: UFRJ

    Rio de Janeiro, 30 de julho de 2008.

  • 332.6 S192

    Sampaio Filho, Antonio Carlos de Souza. Taxa interna de retorno modificada: proposta de implementao automatizada para clculo em projetos no-peridicos, no necessariamente convencionais / Antonio Carlos de Souza Sampaio Filho. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2008. Dissertao de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Administrao das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessrio para a obteno do ttulo de Mestre em Administrao. rea de concentrao: Administrao Geral. 1. Oramento de capitais. 2. Decises de investimento de Capital. 3. Taxa interna de retorno modificada. 4. Planilhas eletrnicas.

  • DEDICATRIA

    "Por toda a minha vida eu tive uma educao boa e forte, e por isso hoje eu tenho princpios fortes e claros... e uso esses princpios para andar como um homem e como um profissional. No me arrependo de nada. Acredito que estou fazendo as coisas certas pelos motivos certos. Algumas pessoas entendem, outras no. No fim, voc nunca vai conseguir fazer com que todos entendam, compreendam ou aceitem..." (Ayrton Senna) Dedico esse trabalho a Deus, aos meus pais, Antonio Carlos de Souza Sampaio (in memoriam) e Nacyr Chaves Sampaio, e aos meus filhos, Tatiana de Souza Sampaio e Antonio Carlos de Souza Sampaio Neto.

    v

  • AGRADECIMENTOS

    Inicialmente devo agradecer a Deus causa primria de todas as coisas por se fazer presente

    em todos os momentos de minha vida.

    Aos meus pais Antonio Carlos (in memoriam) e Nacyr, agradeo pela boa educao e pelos

    princpios fortes e claros que norteiam os meus passos como homem e como profissional.

    Aos meus filhos Tati e Tony, que tm iluminado os caminhos da minha vida, registro meus

    sinceros agradecimentos pela compreenso, em virtude do tempo em que no pude estar com

    eles, e pelo imenso carinho e incentivo que me ofertam, que por mais esforo que eu faa,

    nunca conseguirei retribuir por completo.

    minha estrela Dalva Lago, agradeo pelo companheirismo e dedicao, fundamentais para a

    finalizao desse trabalho. Peo desculpas pelos momentos de irritao e espero que esteja

    comigo vencendo meus prximos obstculos.

    Agradeo ao meu orientador, Professor Roberto Marcos da Silva Montezano, que muito mais

    que professor e coordenador do curso de ps-graduao, se mostrou um grande amigo, sempre

    disposto a ajudar em tudo que estivesse ao seu alcance.

    vi

  • Agradeo s Professoras Maria Augusta Soares Machado e Flvia de Souza Costa Neves

    Cavazotte, pelos conselhos, pela companhia e pelo conhecimento repartido.

    Agradeo ao professor Jos Roberto Kassai pelo envio de artigo, utilizado como referncia

    nesse trabalho.

    Agradeo a Sandro Viana e Gabriel Reina pelas valiosas sugestes na utilizao do editor do

    Visual Basic do MS-Excel, que tornaram possvel a elaborao da funo objeto desse

    trabalho.

    Minha gratido aos amigos, Denise Barbosa, Ulisses Correa e Edeson Dias, cujos incentivos

    foram muito importantes, principalmente nos momentos mais difceis.

    A todas as pessoas que de forma direta ou indireta colaboraram para a realizao deste

    trabalho, meus agradecimentos.

    Ao meu fiel guardio, Nicky, um carinho especial, pela presena silenciosa e incansvel ao

    meu lado, nas diversas madrugadas enquanto eu produzia esse trabalho.

    PETROBRAS, minha eterna gratido, pela viabilizao desse sonho.

    vii

  • "Seja voc quem for, seja qual for a posio social que voc tenha na vida,

    a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita fora, muita

    determinao e sempre faa tudo com muito amor e com muita f em

    Deus, que um dia voc chega l. De alguma maneira voc chega l."

    Ayrton Senna

    viii

  • RESUMO

    O mtodo tradicional da taxa interna de retorno apresenta deficincias que podem induzir a

    erros de interpretao nas decises de investimento das empresas. Essas tericas deficincias

    esto relacionadas, principalmente, a duas questes: o problema da taxa de reinvestimento e a

    possibilidade de existncia de mltiplas taxas conflitantes, ou a inexistncia de uma taxa. Para

    contornar essas deficincias, alguns livros de finanas sugerem a adoo do mtodo da Taxa

    Interna de Retorno Modificada em substituio ao mtodo tradicional. Esse estudo examina o

    mtodo da Taxa Interna de Retorno Modificada e prope a criao de uma nova funo no

    MS-Excel para o clculo desse indicador em projetos de investimento no-peridicos, no

    necessariamente convencionais.

    Palavras Chave: Oramentao de Capital; Decises de investimento de capital; Taxa

    Interna de Retorno Modificada; Planilhas Eletrnicas.

    ix

  • ABSTRACT

    The conventional internal rate of return method presents deficiencies that can may bring

    misunderstandings in the companys decision-making process. These theoretical deficiencies

    are mainly related, with two issues: the reinvestment rate problem and the possibility of

    multiple conflicting internal rates, or no internal rate at all. In order to overcome these

    deficiencies, some financial books suggest the adoption of the Modified Internal Rate of

    Return method, replacing the conventional method. This study examines the Modified

    Internal Rate of Return method and suggests the creation of a new MS-Excel function to

    calculate this indicator in not periodic investment projects, not necessarily conventional.

    Key Words: Capital budgeting; Capital investment decisions; Modified internal rate of

    return; Electronic spreadsheet.

    x

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Funes financeiras do MS-Excel e a XMTIR ........................................................5

    Figura 2 Exemplo de projeto de investimento convencional ...............................................29

    Figura 3 Exemplo de projeto de investimento no-convencional ........................................32

    Figura 4 Diagrama da funo MTIR ....................................................................................68

    Figura 5 Modelo proposto para a funo XMTIR................................................................71

    Figura 6 Diagrama da funo XMTIR .................................................................................71

    Figura 7 Assistente da funo XMTIR.................................................................................78

    Figura 8 Exemplo de uso da funo XMTIR .......................................................................79

    Figura 9 Proposta de novas funes financeiras...................................................................81

    Figura 10 Modelo proposto por Kassai et al. (2007)............................................................83

    Figura 11 Modelo proposto para a funo MVPL* ............................................................85

    Figura 12 Diagrama da funo MVPL* ...............................................................................86

    Figura 13 Assistente da funo MVPL* ..............................................................................92

    Figura 14 Exemplo de uso da funo MVPL* .....................................................................92

    xi

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Fluxo de caixa do projeto de investimento ............................................................34

    Tabela 2 Valor presente dos investimentos ..........................................................................34

    Tabela 3 Valor futuro das entradas de caixa.........................................................................34

    Tabela 4 Mtodos mais utilizados pelas empresas para anlise de investimentos ...............50

    Tabela 5 Fatores que afetam a escolha entre o VPL e a TIR................................................51

    Tabela 6 Evidncias recentes das prticas de oramentao de capital no Brasil ................57

    Tabela 7 Proposta de novas funes no MS-Excel...............................................................82

    xii

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Condies de aceitao pelo mtodo do Perodo de Retorno Simples .................16

    Quadro 2 Condies de aceitao pelo mtodo do Perodo de Retorno Descontado............19

    Quadro 3 Condies de aceitao pelo mtodo do Valor Presente Lquido ........................21

    Quadro 4 Principais vantagens e desvantagens do mtodo do Valor Presente Lquido .......22

    Quadro 5 Condies de aceitao pelo mtodo da Taxa Interna de Retorno .......................24

    Quadro 6 Principais vantagens e desvantagens do mtodo da Taxa Interna de Retorno ......26

    Quadro 7 Clculo da Taxa Interna de Retorno Modificada de Lin ........................................37

    Quadro 8 Condies de aceitao pelo mtodo da Taxa Interna de Retorno Modificada.....42

    Quadro 9 Principais vantagens e desvantagens do mtodo da TIRM ...................................43

    Quadro 10 Sintaxe da funo XVPL do MS-Excel...............................................................44

    Quadro 11 Sintaxe da funo MTIR do MS-Excel ...............................................................45

    Quadro 12 Tratamento dado aos mtodos da TIR e da TIRM ..............................................63

    Quadro 13 Resultados obtidos por Chang e Swales, Jr. .............................................................64

    Quadro 14 Resultados do modelo Plath e Kennedy para o problema da bomba de petrleo76

    Quadro 15 Resultados da funo XMTIR para o problema da bomba de petrleo...............77

    Quadro 16 Clculo do VPLM* para o problema da bomba de petrleo ...............................90

    Quadro 17 Clculo do VPLM de Kassai et al. para o problema da bomba de petrleo........91

    xiii

  • LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    APV Adjusted Present Value

    CAPM Capital Asset Pricing Model

    CFO Chief Financial Officer

    CMPC Custo Mdio Ponderado de Capital

    FC Fluxo de Caixa

    FCD Fluxo de Caixa Descontado

    FCE Fluxo de Caixa de Entrada

    FCS Fluxo de Caixa de Sada

    IRR Internal Return Rate

    k Custo de Capital

    MIRR Modified Internal Rate of Return

    MTIR Funo do MS-Excel utilizada para o clculo da TIRM em projetos no-

    peridicos

    MVPL Funo financeira implementada em VBA para o clculo da VPLM* em

    projetos no-peridicos

    NPV Net Present Value

    PRD Perodo de Retorno Descontado (Payback Descontado)

    PRS Perodo de Retorno Simples (Payback Simples)

    TIR Taxa interna de Retorno

    TIRM Taxa Interna de Retorno Modificada

    TMA Taxa Mnima de Atratividade

    VBA Visual Basic Application

    VF Valor Futuro

    xiv

  • VLA Valor Lquido Atual

    VP Valor Presente

    VPL Valor Presente Lquido

    VPLM Valor Presente Lquido Modificado proposto por Kassai et al. (2007)

    VPLM* Valor Presente Lquido Modificado proposto pelo autor

    VT Valor Terminal

    WACC Weighted Average Cost of Capital

    XMTIR Funo financeira implementada em VBA para o clculo da TIRM em

    projetos no-peridicos

    XTIR Funo do MS-Excel utilizada para o clculo da TIR em projetos no-

    peridicos

    XVPL Funo do MS-Excel utilizada para o clculo do VPL em projetos no-

    peridicos

    xv

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................................... 1

    1.1 Definio do problema .......................................................................................... 2

    1.2 Objetivos ................................................................................................................ 4

    1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 4

    1.2.2 Objetivos Especficos .................................................................................... 5

    1.3 Justificativa e Relevncia .................................................................................... 6

    1.4 Limitaes do estudo ............................................................................................ 7

    1.5 Organizao do trabalho...................................................................................... 8

    2 REVISO DA LITERATURA ................................................................................. 10

    2.1 Conceitos bsicos .................................................................................................. 10

    2.1.1 Fluxo de caixa descontado ............................................................................ 10

    2.1.2 Taxa mnima de atratividade ......................................................................... 11

    2.1.3 Custo mdio ponderado de capital ................................................................ 11

    2.2 Mtodos de anlise de investimento ................................................................... 12

    2.2.1 Mtodos tericos tradicionais ....................................................................... 13

    2.2.1.1 Mtodo do perodo de retorno do investimento ................................ 13

    2.2.1.2 Mtodo do perodo de retorno descontado ........................................ 18

    2.2.1.3 Mtodo do valor presente lquido ..................................................... 19

    2.2.1.4 Mtodo da taxa interna de retorno .................................................... 22

    2.2.2 Teoria das opes reais ................................................................................. 26

    2.3 Taxa interna de retorno modificada .................................................................. 28

    2.3.1 Introduo ..................................................................................................... 28

    xvi

  • 2.3.2 Mtodos de TIR ajustados ou melhorados ............................................. 31

    2.3.2.1 A proposta de Solomon ..................................................................... 32

    2.3.2.2 A proposta de Baldwin ...................................................................... 33

    2.3.2.3 A proposta de Lin .............................................................................. 35

    2.3.2.4 A proposta de Athanasopoulos ......................................................... 38

    2.3.3 A forma geral da TIRM ................................................................................ 40

    2.3.4 As funes financeiras XVPL e XTIR do MS-Excel .................................. 43

    2.3.4.1 A funo XVPL ............................................................................... 43

    2.3.4.2 A funo MTIR ................................................................................. 45

    2.3.5 Utilizando calculadoras financeiras no clculo da TIRM ............................. 47

    2.4 Evidncias empricas das prticas de Oramentao de Capital .................... 47

    2.4.1 Evidncias empricas passadas ..................................................................... 49

    2.4.2 Evidncias empricas recentes ...................................................................... 51

    2.4.2.1 Estudos realizados no Brasil ............................................................. 51

    2.4.2.2 Estudos realizados no Exterior ......................................................... 57

    2.5 Tratamento dado aos mtodos da TIR e da TIRM nos livros de finanas ..... 62

    2.5.1.Tratamento dado TIRM .............................................................................. 62

    2.5.2 O trabalho de Chang e Swales (1999) ........................................................... 64

    3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 66

    4 PROPOSIO DA NOVA FUNO XMTIR ...................................................... 67

    4.1 A estrutura da Funo MTIR do MS-Excel ...................................................... 67

    4.2 Modelo proposto para a Funo XMTIR .......................................................... 70

    4.3 A frmula geral da Funo XMTIR ................................................................... 71

    4.4 O cdigo VBA da Funo XMTIR ..................................................................... 74

    4.4.1 Instrues de instalao e uso da funo ...................................................... 74

    4.4.2 Tratamento de erros ...................................................................................... 75

    4.5 Exemplo de uso da Funo XMTIR ................................................................... 75

    4.5.1 O problema da bomba de petrleo ............................................................ 75

    4.5.2 Utilizando a funo MTIR do MS-Excel ...................................................... 76

    4.5.3 Utilizando a funo XMTIR proposta .......................................................... 77

    xvii

  • 5 PROPOSTA DE IMPLEMENTAO DE OUTRAS FUNES ....................... 80

    5.1 Proposio da funo MVPL* ............................................................................ 83

    5.1.1 A proposta de Kassai et al. (2007) ................................................................ 83

    5.1.2 Modelo proposto para a funo MVPL* ...................................................... 85

    5.1.3 A frmula geral da funo MVPL* .............................................................. 86

    5.1.4 O cdigo VBA da funo MVPL* ................................................................ 89

    5.1.4.1 Instrues de instalao e uso da funo .......................................... 892

    5.1.4.2 Tratamento de erros .......................................................................... 90

    5.1.5 Exemplo de uso da funo MVPL* .............................................................. 90

    5.2 Proposio das funes MVPLA, MTIRA, XMVPL, XMVPLA e XMTIRA. 93

    6 CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................................ 95

    6.1 Limitaes do trabalho ........................................................................................ 96

    6.1.1 Nmero de experimentos .............................................................................. 96

    6.1.2 Inconsistncias na documentao de ajuda do MS-Excel ............................. 97

    6.2 Recomendaes para trabalhos futuros ............................................................. 98

    6.3 Consideraes finais ............................................................................................. 99

    7 REFERNCIA BIBLIOGRFICA ......................................................................... 100

    APNDICE A Estrutura proposta para a Funo XMTIR .................................. 113

    APNDICE B Cdigo VBA da Funo XMTIR ..................................................... 117

    B.1 Comandos da funo XMTIR ............................................................................ 118

    B.2 Como o cdigo da funo XMTIR funciona ..................................................... 120

    B.3 Recomendaes bsicas ....................................................................................... 122

    APNDICE C Estrutura pproposta para Funo MVPL* ................................... 124

    APNDICE D Cdigo VBA da Funo MVPL* .................................................... 127

    D.1 Comandos da funo MVPL* ............................................................................ 128

    D.2 Como o cdigo da funoVMPL* funciona ...................................................... 130

    D.3 Recomendaes bsicas ...................................................................................... 132

    ANEXO A Sintaxe das funes financeiras XVPL, XTIR e MTIR do MS-Excel 134

    xviii

  • 1 INTRODUO

    Quando se trata de avaliao de projetos de investimento, a literatura financeira [Brigham et

    al. (2001, p. 436), Gitman & Madura (2005, p.298), Lemes Junior et al. (2005, p. 166) e Ross

    et al. (2002, 126)] defende a utilizao da abordagem do fluxo de caixa descontado (FCD)

    com o apoio do mtodo do valor presente lquido (VPL) em oposio ao da taxa interna de

    retorno (TIR), que apresenta uma srie de deficincias (Ross et al., 2000, p. 225). Entretanto,

    as evidncias indicam que, apesar de suas deficincias, a TIR muito utilizada pelas

    empresas, at mais do que o VPL.

    Nas ltimas cinco dcadas, ajustes e modificaes foram introduzidos no mtodo da TIR para

    superar algumas deficincias, gerando novos procedimentos referenciados como mtodos da

    taxa de retorno ajustados ou melhorados.

    Desde o aparecimento da primeira TIR melhorada, ocorreram muitos ajustes na abordagem

    da TIR tradicional, todos objetivando contornar os problemas das mltiplas taxas de retorno

    em projetos no-convencionais e o pressuposto da taxa de reinvestimento dos fluxos de caixa

    intermedirios. Diversos autores [Solomon (1956), Baldwin (1959), Lin (1976),

    Athanasopoulos (1978a e b), Beaves (1988, 1993 e 1994), Bernhard (1989), Shull (1992,

    1993 e 1994) e Vlez-Pareja (2000)] apresentaram propostas de modificao dos

  • procedimentos de clculo da TIR tradicional e, provavelmente, Lin (1976) foi o primeiro a

    utilizar o termo Taxa Interna de Retorno Modificada TIRM.

    Entretanto, apesar da superioridade do mtodo da TIRM em relao ao da TIR, os livros-texto

    continuam a enfatizar a superioridade do mtodo do VPL e as deficincias do mtodo da TIR,

    praticamente no considerando a existncia do mtodo da TIR modificada. O tratamento dado

    pelos autores ao mtodo da TIRM [Assaf Neto, (2006, p. 318), Brigham & Ehrhardt (2006, p.

    517) e Damodaran (2004, p. 267)] sempre superado pelo tratamento total dado TIR e at

    mesmo ao nmero de pginas dedicadas aos problemas e s deficincias do mtodo. Alguns

    autores [Brealey et al. (2006, p. 95) e Gitman (2004, p.348)] relegam o mtodo da TIRM a

    uma simples nota de rodap.

    1.1 DEFINIO DO PROBLEMA

    Os livros-texto de finanas abordam com muita nfase as deficincias do mtodo da Taxa

    Interna de Retorno. Por causa dessas deficincias, diversos autores aconselham basear a

    deciso de investimento (tambm conhecida como oramentao de capital) no mtodo do

    VPL, tendo em vista que o mtodo da TIR pode levar a resultados enganosos quando se est

    avaliando alternativas de investimento.

    Apesar da forte preferncia acadmica pelo mtodo do VPL, a maioria das empresas continua

    preferindo utilizar a TIR nas suas avaliaes de projetos, como indicam pesquisas realizadas

    recentemente no Brasil [Balarine (2004), Lee (2004) e Oliveira (2003)] e no exterior

    [Kelleher e MacCormack (2005, p. 106) , Brounen et al. (2004), Chan (2004), Graham et al.

    (2001 e 2002)].

    2

  • Para Brigham e Ehrhardt (2006, p. 517), os administradores de empresas consideram mais

    atraente avaliar projetos de investimento em termos percentuais da taxa de retorno do que em

    valores monetrios do VPL. Alm disso, de acordo com o resultado de pesquisa recente

    (Kelleher e MacCormack, 2005, p. 106), apenas a minoria dos administradores se mostra

    ciente das principais deficincias do mtodo da TIR.

    De acordo com estudo publicado recentemente pela empresa McKinsey & Company

    (Kelleher e MacCormack, 2005, p. 106), a maneira mais fcil de se evitar esses problemas

    deixar de utilizar a TIR ou adotar um indicador alternativo derivado desse mtodo a Taxa

    Interna de Retorno Modificada (TIRM) , que permite fixar taxas de reinvestimento mais

    realistas para os fluxos de caixa intermedirios, levando a um clculo mais correto do

    rendimento anual do projeto.

    Atualmente, uma parte dos livros-texto de finanas apresenta o mtodo da Taxa Interna de

    Retorno Modificada como uma alternativa ao da TIR. De acordo com Brigham e Ehrhardt

    (2006, p. 517), possvel modificar o mtodo tradicional para tornar a TIR um melhor

    indicador de lucratividade relativa: a TIR modificada. Para Kassai et al. (2000, p. 78), o

    mtodo da TIRM uma verso melhorada da TIR tradicional que elimina os problemas da

    existncia de mltiplas taxas de retorno e dos pressupostos das taxas de reinvestimento.

    Entretanto, a obteno da TIRM exige um esforo muito elevado, em funo da complexidade

    do mtodo matemtico utilizado no seu clculo e da inexistncia de teclas financeiras para a

    sua obteno direta, como ocorre, por exemplo, com os mtodos do VPL e da TIR nas

    calculadoras do tipo HP12C.

    3

  • Com o advento das planilhas eletrnicas, funes financeiras foram disponibilizadas para o

    clculo do valor presente lquido, da taxa interna de retorno e da taxa interna de retorno

    modificada, em projetos com fluxos de caixa peridicos (as funes VPL, TIR e MTIR,

    disponveis no MS-Excel), o que provavelmente deve ter contribudo para uma maior difuso

    desse ltimo mtodo, pelo menos no meio acadmico.

    No MS-Excel, esto disponveis, tambm, ferramentas para uso em projetos com fluxos de

    caixa no-peridicos: as funes XVPL e XTIR, para clculo do valor presente lquido e da

    taxa interna de retorno, respectivamente. Entretanto, o mesmo no acontece com o mtodo da

    taxa interna de retorno modificada, nesse caso.

    1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 Objetivo Geral

    O objetivo desse trabalho a proposta de elaborao de uma nova funo financeira,

    utilizando programao em VBA (Visual Basic for Applications) atravs do editor da planilha

    MS-Excel em ambiente Windows, para projetos com fluxos de caixa no-peridicos, no

    necessariamente convencionais.

    Conforme Figura 1, a implementao dessa funo visa complementar o grupo de funes

    financeiras atualmente disponveis no suplemento Ferramentas de Anlise do MS-Excel,

    utilizadas para oramentao de capital.

    4

  • Figura 1 Funes financeiras do MS-Excel e a XMTIR

    CONVENCIONAIS NO-CONVENCIONAIS

    VPL

    TIR

    MTIR

    PERI

    DIC

    OS

    XVPL

    XTIR

    XMTIR

    N

    O-PER

    ID

    ICO

    S

    Funo proposta

    Fonte: Elaborao prpria

    A partir dessa nova funo, os profissionais e estudantes da rea financeira sero capazes de

    realizar mais facilmente o clculo da Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) de projetos

    com fluxos de caixa no-peridicos, no necessariamente convencionais. Trata-se de uma

    funo com interface amigvel que utilizar o MS-Excel para a sua execuo, no

    necessitando de instalao prvia de outros programas.

    1.2.2 Objetivos Especficos

    Pretende-se, com esse estudo:

    a) Realizar uma reviso dos mtodos convencionais de anlise de projetos, discutindo-se as

    metodologias, as vantagens, as desvantagens e as limitaes de cada mtodo;

    5

  • b) Evidenciar o uso efetivo do mtodo da TIR pelas empresas nas suas decises de

    investimento, atravs da consolidao do resultado de pesquisas realizadas nas ltimas

    dcadas, no Brasil e no exterior;

    c) Analisar a importncia dada pelos autores ao mtodo da TIRM nos livros-texto de

    finanas;

    d) Apresentar modelos da TIR ajustados ou melhorados desenvolvidos nas ltimas

    dcadas, com foco especial no mtodo da taxa interna de retorno modificada (TIRM);

    e) Fornecer sugestes para a implementao pela Microsoft de novas funes financeiras

    para utilizao em fluxos de caixa no necessariamente convencionais e no-peridicos.

    f) Contribuir para uma disseminao mais abrangente do mtodo da TIR modificada.

    importante ressaltar que, nesse estudo, no se pretende defender uma metodologia

    especfica para os profissionais de finanas ou um novo padro a ser adotado nas decises de

    investimento das empresas. Ser verificado, simplesmente, o posicionamento da literatura

    financeira e do mercado, com relao aos mtodos tradicionais de anlise de investimento, e

    proposto o desenvolvimento de novas funes financeiras Microsoft. E, diante dos

    resultados das pesquisas que indicam um uso inadequado dos mtodos tradicionais, retornar

    essa discusso ao ambiente acadmico.

    1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA

    A literatura financeira enfatiza e as diversas pesquisas comprovam que o VPL e a TIR so

    as ferramentas de tomada de deciso de investimento (ou oramentao de capital) mais

    utilizadas pelas empresas, apesar de todas as deficincias desse ltimo mtodo. As discusses

    sobre esse tema permanecem vivas e comum encontrar artigos nos principais jornais e

    revistas especializados [Johnstone (2008) e Biondi (2006)].

    6

  • O elevado ndice de utilizao desses mtodos pode ser, em parte, justificado pelo advento

    das calculadoras financeiras, dos microcomputadores e das planilhas eletrnicas, que

    simplificaram consideravelmente a obteno desses indicadores.

    Da mesma forma, um grande nmero de autores considera o mtodo da Taxa Interna de

    Retorno Modificada (TIRM) superior da Taxa Interna de Retorno (TIR). Entretanto, o

    mtodo da TIRM continua sendo pouco utilizado pelas empresas nas tomadas de decises

    financeiras. Muito provavelmente pela complexidade de clculo do mtodo da TIRM e pela

    indisponibilidade de funes para esse fim nas calculadoras financeiras.

    Como resultado principal desse trabalho, pretende-se apresentar uma soluo baseada em

    planilhas eletrnicas, para o clculo da TIRM em projetos de investimento com fluxos de

    caixa no necessariamente convencionais e no-peridicos, e propor a criao de outras

    funes financeiras, buscando desse modo contribuir para uma disseminao mais abrangente

    do mtodo da TIRM.

    1.4 LIMITAES DO ESTUDO

    Esse estudo sobre tomada de deciso, pois tem como objetivo o desenvolvimento de uma

    metodologia para auxlio a decises relativas a viabilidade de projetos de investimento. Ao

    mesmo tempo, o estudo tambm prtico na medida em que se prope a desenvolver e propor

    novas funes financeiras para avaliar projetos de investimento em situaes de certeza.

    A idia original do estudo era apresentar uma proposta de aprimoramento do mtodo da taxa

    interna de retorno modificada, visando utilizao desse mtodo em ambientes de mltiplas

    taxas de reinvestimento e de captao de recursos. Esse mtodo seria denominado de mtodo

    7

  • da Taxa Interna de Retorno Modificada e Ampliada. Entretanto, devido complexidade da

    programao VBA necessria implementao da funo financeira, indisponibilidade dos

    cdigos-fonte das funes de propriedade da Microsoft e limitao de tempo, decidiu-se

    pela implementao inicial de uma funo menos complicada. Essa funo ser baseada em

    apenas uma taxa de reinvestimento e em uma nica taxa de captao de recursos em projetos

    de investimento com fluxos de caixa no-peridicos, no necessariamente convencionais,

    postergando-se a implementao final daquela funo para um estudo futuro.

    A anlise de projetos em situaes de risco e/ou incerteza ou a teoria das opes reais no

    fazem parte desse estudo, apesar de vrios conceitos aqui apresentados serem abrangentes o

    suficiente para que possam ser utilizados em outras situaes. O estudo foca, principalmente,

    os mtodos tericos tradicionais de deciso de investimento em situaes de certeza.

    1.5 ORGANIZAO DO TRABALHO

    Esse trabalho est organizado em seis captulos, sendo este o primeiro, onde so apresentados

    o problema a ser discutido, os objetivos e as motivaes para o estudo.

    No segundo captulo estabelecido um referencial terico atravs de uma extensa reviso da

    literatura existente sobre os assuntos relacionados a essa dissertao. Dentro do tema

    oramentao de capital, buscou-se aprofundar na questo das tcnicas de anlise de projeto

    de investimento, especialmente no que se refere ao mtodo da TIRM, suas principais

    caractersticas e eventuais problemas de utilizao. Devido vasta bibliografia existente sobre

    esse assunto, a pesquisa aborda alguns autores reconhecidos no meio acadmico, tais como

    Richard Brealey e Stewart Myers; Alexandre Assaf Neto; Eugene Brigham e Michael

    Ehrhardt; Stephen Ross, Randolph Westerfield e Jeffrey Jaffe; e Eugene Brighan e Joel

    8

  • Houston. No que se refere TIRM, foram examinados diversos artigos publicados em

    peridicos internacionais, a fim de se obter um maior embasamento terico sobre os

    procedimentos referenciados como mtodos da taxa de retorno ajustados ou melhorados.

    Nesse captulo, so apresentadas tambm as funes financeiras XVPL e MTIR do Microsoft

    Office Excel, utilizadas no clculo do VPL em fluxos de caixas no-peridicos e da TIRM em

    fluxos de caixas peridicos, com exemplos de uso. As estruturas dessas funes so utilizadas

    nesse trabalho como base conceitual na proposio da nova funo financeira (XMTIR).

    No terceiro captulo, exposta a metodologia utilizada para a implementao da funo.

    No quarto captulo, so apresentados o desenvolvimento do modelo e da frmula, bem como

    os cdigos VBA utilizados na implementao da funo XMTIR. No desenvolvimento dessa

    nova funo foi utilizado o editor do Visual Basic do programa Microsoft Office Excel for

    Windows, verso 2003. Nesse mesmo captulo, o uso da funo exemplificado, utilizando-

    se para isso um problema hipottico extrado do texto clssico Three Problems in Rationing

    Capital, de Lorie e Savage, publicado no The Journal of Business, de outubro de 1955.

    O quinto captulo aborda a proposta de implementao de outras funes: MVPL*, MVPLA,

    MTIRA, XMVPL, XMVPLA e XMTIRA.

    No sexto captulo, so apresentadas as concluses, onde so abordadas as limitaes da

    pesquisa, as sugestes para pesquisas futuras e as consideraes finais.

    Por ltimo, so apresentados as referncias bibliogrficas, os apndices e os anexos.

    9

  • 2 REVISO DA LITERATURA

    A reviso da literatura tem com objetivo apresentar a estrutura conceitual do tema

    Oramentao de Capital. Pretende-se, portanto, estabelecer uma base terica e conceitual

    para o desenvolvimento dos captulos posteriores.

    Um excelente referencial geral para esse e diversos outros temas em Finanas o livro de

    Brigham e Ehrhardt (2006).

    2.1 CONCEITOS BSICOS

    2.1.1 Fluxo de caixa descontado

    Os mtodos mais conhecidos e aceitos para deciso de investimento so os chamados mtodos

    de Fluxo de Caixa descontado (FCD), os quais consideram o valor do dinheiro no tempo e os

    fluxos de caixa associados a um projeto ao longo de toda a sua vida til.

    Os mtodos de FCD encontrados com maior freqncia na literatura financeira so o do valor

    presente lquido (VPL) e o da taxa interna de retorno (TIR). O VPL recomendado pela

    maioria dos autores dos livros-textos de finanas [Brigham et al. (2001, p. 436), Gitman &

    Madura (2005, p.298), Lemes Junior et al. (2005, p. 166) e Ross et al. (2002, 126)] como

    sendo o mtodo mais adequado seleo de projetos de investimento.

    10

  • O princpio bsico que sustenta o mtodo do fluxo de caixa descontado o conceito de valor

    do dinheiro no tempo. Segundo Ross et al. (2002), este um dos conceitos mais importantes

    em finanas empresariais.

    2.1.2 Taxa mnima de atratividade

    Para se avaliar o fluxo de caixa de um projeto de investimento, levando-se em conta o valor

    do dinheiro no tempo, o risco e o retorno mnimo relativos ao segmento de negcio,

    necessrio estabelecer uma taxa de desconto, a qual servir de base para o clculo dos

    indicadores econmicos do projeto.

    A taxa mnima de atratividade (TMA) a taxa de desconto que exige o retorno mnimo do

    projeto, em funo do seu risco de mercado, de modo a assegurar a remunerao do capital

    prprio e do capital de terceiros. Essa taxa o custo mdio ponderado de capital (CMPC),

    conhecido tambm como WACC (sua sigla para Weighted Average Cost of Capital, em

    ingls).

    2.1.3 Custo mdio ponderado de capital

    Os recursos para investimento podem ter origem em duas fontes: capital prprio e capital de

    terceiros. De acordo com Ross et al. (2002), o Custo Mdio Ponderado de Capital (CMPC) a

    ponderao dos custos dessas duas fontes.

    O capital prprio remunerado por uma taxa livre de risco mais um prmio esperado sobre o

    risco de mercado. Essa remunerao equivale ao retorno mnimo esperado pelo acionista ao

    investir na empresa. O modelo denominado CAPM Capital Asset Pricing Model permite

    estimar esse custo, atravs da equao (1):

    11

  • Ke = Kf + (Km Kf) (1)

    Onde:

    Ke = taxa de retorno do capital prprio, ajustada ao risco do ativo (projeto);

    Kf = taxa livre de risco;

    Km = taxa de retorno do mercado;

    = sensibilidade do retorno do ativo a variaes do mercado;

    (Km Kf) = prmio esperado sobre o risco de mercado.

    2.2 MTODOS DE ANLISE DE INVESTIMENTO

    Problema freqente na prtica financeira aquele em que as empresas se defrontam com

    situaes onde preciso decidir entre a aceitao ou a rejeio de propostas de investimento.

    Muitos so os mtodos utilizados para tomada de deciso de investimento, mas no existe um

    nico que seja considerado ideal, que leve em conta todos os fatores ou dimenses do projeto.

    De acordo com Damodaran (2004, p. 249), os mtodos de tomada de deciso de investimento

    devem preencher trs importantes caractersticas:

    a) Manter um justo equilbrio entre permitir que o administrador utilize nas suas decises de

    investimento suas avaliaes subjetivas e garantir que projetos diferentes sejam avaliados

    coerentemente;

    b) Permitir que a empresa leve adiante o seu principal objetivo, que o de maximizar o valor

    da empresa;

    c) Proporcionar respostas para tomada de deciso para vrios tipos de investimentos.

    12

  • Embora as empresas utilizem diferentes mtodos para tomadas de deciso de investimento,

    apenas um deles deve prevalecer. Quando diferentes mtodos levam a diferentes concluses,

    um mtodo deve ser considerado como principal, para desempatar essa questo.

    Nessa seo, sero examinados mtodos tradicionais de tomada de deciso de investimento,

    comeando a discusso com um mtodo baseado no fluxo de caixa, o perodo de retorno de

    um investimento (payback). Na parte final, sero apresentados mtodos para tomada de

    deciso que no apenas consideram os fluxos de caixa, mas tambm os descontam ao longo

    do tempo. Sero analisadas as suas principais caractersticas, assim como as suas vantagens,

    desvantagens e limitaes.

    2.2.1 Mtodos Tericos Tradicionais

    2.2.1.1 Mtodo do Perodo de Retorno do Investimento

    a) Definies e conceitos

    O indicador de perodo de retorno simples de um projeto (PRS) uma medida de rapidez com

    que as entradas de caixa recuperam o investimento inicial efetuado na implantao de um

    projeto. Em termos prticos, trata-se do tempo em que o capital investido no projeto ir

    demorar para retornar ao bolso do investidor. O perodo de retorno simples de um projeto

    (PRS) tambm conhecido por payback simples, payback tradicional ou simplesmente

    payback.

    De acordo com Brealey et al. (2002, p. 179), O perodo de retorno do investimento de um

    projeto o perodo de tempo antes de voc recuperar seu investimento inicial.

    13

  • Segundo Brigham (2001, p. 426), apesar das restries sua utilizao, o perodo de retorno

    do investimento usado especialmente em situaes em que o risco elevado e os

    investidores esto interessados em recuperar rapidamente o capital investido. Na viso desses

    investidores, a regra bsica a seguinte: quanto maior o tempo necessrio para a empresa

    recuperar o investimento, maior a possibilidade de perda; em contrapartida, quanto menor for

    o perodo de retorno do investimento, menor ser a exposio da empresa aos riscos.

    Para Damodaran (2004, p. 256), projetos que recuperam o capital investido mais cedo podem

    ser considerados mais atraentes, visto que todas as receitas obtidas alm desse perodo no

    tempo podem ser consideradas como lucro.

    Caso as empresas tenham determinado um prazo mximo para reposio do capital investido,

    o perodo de retorno do investimento pode ser o primeiro indicador dos riscos do negcio,

    sendo que a aceitao do investimento estar condicionada ao perodo de retorno do

    investimento ser menor ou igual ao prazo estabelecido.

    Na sua essncia, o perodo de retorno simples do investimento uma medida de liquidez do

    projeto, e no da sua rentabilidade. Ele pode ser aplicado, sem restries, a projetos

    convencionais que apresentem fluxos de caixa com as seguintes caractersticas:

    FC0 < 0 e FCj 0, j = 1, 2, ..., n (2)

    onde FC0 e FCj so os fluxos de caixa lquidos nos perodos 0 e j, respectivamente.

    O perodo de retorno simples de um projeto (PRS), que no leva em considerao a dimenso

    tempo, obtido de acordo com a equao (3):

    14

  • PRS = k, tal que: e (3)0 jFCk

    =

    01-k

    0j

  • Na prtica, as empresas costumam estabelecer um prazo mximo para recuperao do capital

    investido, independente da vida til do projeto. E o critrio de deciso passa a utilizar como

    parmetro de comparao o tempo mximo de retorno de capital admitido pelas empresas em

    substituio ao tempo de vida til do projeto.

    De acordo com essa viso, o mtodo recomenda aceitar todos os projetos com perodo de

    retorno do investimento iguais ou inferiores ao tempo mximo admitido pelos investidores

    (tmax) e rejeitar todos os projetos em que o perodo de retorno superior. Obviamente, quanto

    menor o perodo de retorno do investimento, melhor a viabilidade econmica do projeto. O

    Quadro 1 mostra as condies de aceitao de um projeto, de acordo com o mtodo do PRS.

    Quadro 1 Condies de aceitao pelo mtodo do Perodo de Retorno Simples (PRS)

    PRS tmax Aceitar o projeto

    PRS > tmax Rejeitar o projeto

    Fonte: Elaborao prpria

    c) Vantagens e desvantagens

    Segundo Brigham e Houston (1999, p. 382), uma deficincia importante do mtodo do

    perodo de retorno do investimento que ele no considera os fluxos de caixa a partir do

    momento em que ocorre a recuperao do capital investido no projeto. Se um determinado

    investimento apresenta fluxos de caixa maiores no incio implicar em um perodo mais curto

    de recuperao do capital, mas pode ser apenas um perodo de retorno do investimento

    ilusrio, caso aps este perodo o projeto apresente fluxos de caixa negativos.

    Para Ross et al. (2002, p.127), o mtodo do perodo de retorno do investimento no leva em

    considerao o valor do dinheiro no tempo, o que pode ser considerado uma grave limitao.

    16

  • Fluxos de caixa recebidos em diferentes perodos so simplesmente somados para avaliar o

    prazo de recuperao do investimento realizado.

    Outras desvantagens do mtodo do perodo de retorno simples (PRS) citadas na literatura

    financeira so:

    O mtodo do PRS no pode ser utilizado em anlises de projetos onde os sinais do fluxo

    de caixa se alternam mais de uma vez;

    No estabelece o valor mximo de perodo de retorno do investimento exigido para a

    aceitao dos projetos;

    No uma medida da lucratividade do investimento.

    Em contrapartida, como vantagens do mtodo do perodo de retorno do investimento, podem-

    se destacar a extrema simplicidade de clculo e a facilidade de interpretao do resultado.

    Alm disso, de acordo com Brigham et al. (2001, p. 426) um indicador que contempla o

    aspecto de liquidez na tomada de deciso de investimento. Quanto menor o perodo de PRS,

    outros fatores mantidos constantes, maior a liquidez do projeto.

    Em suma, o projeto de menor perodo de retorno do investimento no quer dizer,

    necessariamente, que seja a melhor alternativa do ponto de vista econmico. apenas um

    subsdio a mais para auxiliar a tomada de deciso, principalmente quando a varivel risco no

    tempo importante.

    17

  • 2.2.1.2 Mtodo do Perodo de Retorno Descontado

    a) Definies e conceitos

    Algumas empresas utilizam uma variante do mtodo do perodo de retorno simples, o perodo

    de retorno descontado (PRD). Tambm conhecido como payback econmico, payback

    ajustado, payback a valor presente, ou payback descontado, o mtodo do perodo de retorno

    descontado (PRD) busca contornar a deficincia do mtodo do perodo de retorno tradicional

    de no considerar o valor do dinheiro no tempo (Brigham et al., 2001, p. 425). Segundo

    Brigham e Ehrhardt (2006, p. 505), o perodo de payback descontado definido como o

    nmero de perodos necessrios para recuperar o investimento dos fluxos de caixa lquidos

    descontados.

    Assim como o PRS, o perodo de retorno descontado (PRD) uma medida de liquidez do

    projeto de investimento, e no da sua rentabilidade. aplicvel, sem restries, a projetos de

    investimentos convencionais que apresentem fluxos de caixa com as seguintes caractersticas:

    FC0 < 0 e FCj 0, j = 1, 2, ..., n (5)

    onde FC0 e FCj so os fluxos de caixa lquidos nos perodos 0 e j, respectivamente.

    O perodo de retorno descontado (PRD), que leva em considerao a dimenso tempo do

    dinheiro, obtido pela equao (6).

    PRD = k, tal que: e (6)

    Onde:

    FCj = fluxo de caixa lquido no perodo j

    i = taxa mnima de atratividade

    j = perodo considerado 0, 1, 2, ...k

    0(

    + ji)1

    k

    0j=

    jFC 0)1(

    1-k

    0j tmax Rejeitar o projeto

    Fonte: Elaborao prpria

    c) Vantagens e Desvantagens

    As principais vantagens e desvantagens do mtodo do perodo de retorno descontado so as

    mesmas do perodo de retorno simples, com exceo para o fato do mtodo do perodo de

    retorno descontado considerar o valor do dinheiro no tempo.

    2.2.1.3 Mtodo do Valor Presente Lquido

    a) Definies e conceitos

    O mtodo do Valor Presente Lquido (VPL) ou do Valor Lquido Atual (VLA) fundamenta-se

    no conceito da equivalncia monetria do valor atual do fluxo de caixa. De acordo com Assaf

    Neto (2006, p. 319), o valor presente lquido a diferena entre o valor presente das receitas

    lquidas (valores positivos) e o valor presente dos investimentos (valores negativos), trazidos

    19

  • data zero do fluxo de caixa, utilizando-se para isso a taxa de desconto apropriada: a taxa

    mnima de atratividade (TMA) do segmento de negcio.

    O valor presente lquido de um projeto de investimento pode ser expresso pela equao (7).

    (7)= +

    =k

    0j )1( jj

    iFC

    VPL

    Onde:

    FCj = fluxo de caixa lquido no perodo j

    i = custo de capital do projeto

    j = perodo considerado 0, 1, 2, ...k

    O VPL positivo significa que a atualizao dos benefcios supera os investimentos, e seu valor

    representa o quanto a empresa dever ganhar se realizar o projeto, em comparao sua no

    realizao, ou seja, o ganho esperado adicional remunerao obtida pela aplicao do

    dinheiro ao custo de capital. Quanto maior o VPL de um projeto, mais rentvel ele .

    b) Critrio de deciso

    De acordo com Lemes Jnior et al. (2005, p.159), o critrio de aceitao-rejeio do mtodo

    recomenda aceitar todos os projetos cujo VPL maior do que zero (positivo) e rejeitar os

    projetos em que o VPL menor que zero (negativo). Quando o VPL for igual a zero, a

    aceitao do projeto torna-se indiferente, isto , ter o mesmo significado que investir o

    capital taxa mnima de atratividade.

    O Quadro 3 apresenta as condies de aceitao de um projeto, de acordo com o mtodo do

    VPL.

    20

  • Quadro 3 Condies de aceitao pelo mtodo do Valor Presente Lquido (VPL)

    VPL > 0 Aceitar o projeto

    VPL = 0 Indiferente

    VPL < 0 Rejeitar o projeto

    Fonte: Elaborao prpria

    c) Vantagens e Desvantagens

    O mtodo do VPL tem a vantagem de poder ser aplicado a todos os tipos de fluxo de caixa,

    at mesmo para os fluxos com valores monetrios todos positivos ou todos negativos. O VPL

    tambm compatvel com situaes de risco, onde a probabilidade pode ser associada

    adequadamente aos fluxos de caixa dos projetos.

    Restries tambm so feitas a este ndice. Uma delas o fato do mtodo no levar em

    considerao a grandeza do investimento. Isto significa que vrios projetos com diferentes

    valores de investimento podem apresentar o mesmo resultado. o caso de obter-se um VPL

    de 100 para um investimento inicial de 1000, e o mesmo VPL de 100 para um pequeno

    investimento de 200.

    Outro inconveniente citado pelos autores o fato de ser necessrio o conhecimento prvio de

    uma taxa de desconto para o clculo do VPL, tomada geralmente como taxa mnima de

    atratividade da empresa.

    O VPL um mtodo de fluxo de caixa descontado largamente utilizado pelas empresas, por

    ser um mtodo inequvoco na tomada de decises, alm de ser simples e de fcil utilizao.

    21

  • As principais vantagens e desvantagens do uso do mtodo do valor presente lquido esto

    sumarizadas no Quadro 4.

    Quadro 4 Principais vantagens e desvantagens do mtodo do Valor Presente Lquido (VPL)

    VANTAGENS DESVANTAGENS

    Considera o valor do dinheiro no tempo.

    Informa se o projeto aumentar o valor da empresa.

    Pode ser utilizado em todos os tipos de fluxo de caixa.

    Todos os capitais so includos na avaliao.

    Considera o risco j embutido na taxa mnima de atratividade.

    Valores presentes lquidos podem ser somados.

    preciso conhecer a taxa mnima de atratividade.

    A resposta um valor monetrio.

    No leva em considerao a grandeza do investimento.

    Supe mercado de capitais eficiente.

    Fonte: Elaborao prpria

    2.2.1.4 Mtodo da Taxa Interna de Retorno

    a) Definies e conceitos

    Considerada por Ross et al. (2000, p. 223) a alternativa mais importante ao VPL, a taxa

    interna de retorno (TIR) de um investimento a taxa que, quando utilizada como taxa de

    desconto, resulta em um VPL igual a zero. A TIR conhecida tambm como taxa interna de

    juros, taxa de rentabilidade ou retorno do fluxo de caixa descontado.

    O termo interna indica que a taxa de desconto no utiliza nenhum fator externo, tal como a

    taxa mnima de atratividade (TMA) utilizada pelo mtodo do VPL, mas somente valores

    internos limitados ao fluxo de caixa do projeto (Remer & Nieto, 1995, p. 90 e Ross et al.,

    2000, p. 223).

    22

  • Para obter-se a taxa interna de retorno de um projeto de investimento, necessrio calcular a

    taxa de desconto que faz com que o valor presente das entradas de caixa se iguale ao valor

    presente dos investimentos, o que significa achar as razes da equao (8).

    (8)= +

    =k

    0j )1(0 j

    j

    TIRFC

    Onde:

    FCj = fluxo de caixa lquido no perodo j

    TIR = taxa interna de retorno

    j = perodo considerado 0, 1, 2, ...k

    A complexidade na determinao da TIR pode ser evidenciada, observando-se a equao que

    envolve o seu clculo. Segundo Faro (1979, p. 26), a determinao da TIR muito trabalhosa,

    uma vez que consiste na resoluo de um polinmio de grau "n" (nmero de perodos no

    fluxo de caixa), por interpolao linear ou por processos matemticos iterativos. Se os

    coeficientes desse polinmio de grau n s tm uma variao de sinal, ento a regra de sinal de

    Descartes garante que esse polinmio s tem uma raiz real positiva, que a nica raiz que tem

    significado econmico. Com o advento das calculadoras financeiras, dos microcomputadores

    e das planilhas eletrnicas, esse clculo foi bastante facilitado

    b) Critrio de deciso

    Embora o mtodo da TIR no incorpore a taxa mnima de atratividade (TMA) no seu clculo,

    o critrio de deciso depende da TMA. Ross et al. (2002) recomendam aceitar todos os

    projetos com taxa interna de retorno superior TMA e rejeitar todo os projetos em que a TIR

    inferior. Quando a TIR igual taxa mnima de atratividade, a aceitao do projeto torna-

    se indiferente.

    23

  • No Quadro 5 so apresentadas as condies de aceitao ou rejeio de um projeto, de acordo

    com o mtodo da TIR.

    Quadro 5 Condies de aceitao pelo mtodo da Taxa Interna de Retorno (TIR)

    TIR > TMA Aceitar o projeto

    TIR = TMA Indiferente

    TIR < TMA Rejeitar o projeto

    Fonte: Elaborao prpria

    Segundo Ross et al. (2000, p. 225), as regras de deciso da TIR e do VPL sempre conduzem a

    decises idnticas, desde que duas condies muito importantes sejam satisfeitas:

    O fluxo de caixa do projeto precisa ser convencional, isto , o primeiro fluxo de caixa

    negativo e os demais so positivos;

    O projeto precisa ser independente. A deciso de aceitar ou rejeitar o projeto no afeta a

    deciso com relao a qualquer outro projeto.

    c) Vantagens e desvantagens

    De acordo com Kassai et al. (2000, p. 77), o mtodo original de clculo da TIR apresenta

    algumas falhas que podem induzir a erros de interpretao na deciso de investimento. Essas

    falhas esto relacionadas a pelo menos duas questes, a saber:

    O mtodo de clculo da TIR leva a funes polinomiais e, portanto, as equaes

    podem apresentar mais de uma (ou nenhuma) soluo, inclusive solues que no tm

    significado algum na anlise empresarial.

    24

  • O mtodo da TIR tem como premissa que todos os valores de um fluxo de caixa, quer

    sejam positivos ou negativos, caminham no tempo prpria taxa interna de retorno.

    Isso no corresponde realidade, quando as taxas de financiamento e de

    reinvestimento so diferentes. O clculo da taxa interna de retorno tradicional pode

    estar superestimado ou subestimado.

    De acordo com Faro, C. e Faro, P. (1999), A possibilidade de colapso da taxa interna de

    retorno provocou uma intensa busca de condies de suficincia para sua aplicabilidade.

    Ao longo das ultimas dcadas, diversos estudos sobre o assunto tm sido publicados nos

    principais jornais e revistas financeiros especializados.

    Podem ser destacadas as contribuies de Soper (1959), Arrow & Levhari (1969), Norstrm

    (1972), Doenges (1972), Dudley, Jr. (1972), Rooney (1973), Aucamp e Eckardt, Jr. (1976),

    Longbottom & Wiper (1978), Meyer (1979), Keane (1979), Bernhard (1979 e 1980),

    Grimlund & Capettini (1983), Sisson & Nielsen (1993), Martin (1995), Keef & Roush (2001),

    Hazen (2003), Tang & Tang (2003), Hartman & Schafrick (2004), Osborne (2004), Zhang

    (2005), Brown (2006) e Johnstone (2008).

    No Brasil, Faro, C. (1973, 1975a, 1975b, 1976a, 1976c, 1978, 1983a, 1983b, 1987 e 1988),

    Faro, C & Soares (1976), Mattos (1978), Oliveira (1979), Faro, P. (1998), Balarine (2003),

    Resende e Siqueira (2005), entre outros, realizaram um extenso estudo sobre o tema.

    De acordo com Ross et al. (2000, p. 225), os problemas com o mtodo da TIR surgem quando

    os fluxos de caixa do projeto so no-convencionais ou quando se compara dois ou mais

    projetos mutuamente excludentes. No caso de projetos no-convencionais, a obteno da TIR

    25

  • pode se tornar muito difcil de resolver. No caso dos projetos mutuamente excludentes, o

    mtodo da TIR pode levar a decises de investimento erradas.

    Ainda que as regras da taxa interna de retorno imponham alguns inconvenientes,

    representados pela possibilidade de gerao de inmeras taxas e pelo pressuposto da taxa de

    reinvestimento, o mtodo largamente utilizado para avaliao de alternativas de

    investimento.

    O Quadro 6 sumariza as principais vantagens e desvantagens do uso do mtodo da TIR.

    Quadro 6 Principais vantagens e desvantagens do mtodo da Taxa Interna de Retorno (TIR)

    VANTAGENS DESVANTAGENS

    A TIR intimamente relacionada com o VPL, geralmente levando mesma deciso.

    O clculo da TIR considera o valor do dinheiro no tempo.

    Por ser expresso em percentuais, a TIR de fcil visualizao e entendimento.

    A TIR obtida por iteratividade, o que torna muito difcil ser obtida manualmente.

    Pode apresentar mltiplas respostas, se os fluxos no forem convencionais.

    Os fluxos de caixa intermedirios so reaplicados taxa do projeto (TIR), o que na prtica nem sempre ocorre.

    Pode levar decises erradas na comparao de projetos mutuamente excludentes.

    Fonte: Elaborao prpria

    2.2.2 Teoria das Opes Reais

    A abordagem do fluxo de caixa descontado (FCD) tem sido a base das decises de

    investimento nos ltimos 50 anos. Como indicam as pesquisas, os mtodos do VPL e da TIR

    tradicionais so utilizados na maioria das empresas e so amplamente ensinados no meio

    acadmico.

    26

  • Entretanto, os mtodos tradicionais no levam em considerao um aspecto importante, que

    pode levar a resultados errados: a flexibilidade gerencial. A abordagem tradicional estabelece

    que os gerentes iniciam os projetos de investimento imediatamente (opo de esperar) e que

    eles so executados na mesma escala (opo de expandir ou contrair) at o fim da sua vida til

    (opo de abandonar).

    O problema que essas opes podem ter um efeito muito importante na deciso de

    investimento. A abordagem tradicional no reconhece a importncia combinada dos efeitos de

    interao entre irreversibilidade, incerteza e timing, capazes de aumentar o valor de um

    projeto de investimento.

    A Teoria das Opes Reais surgiu para preencher essa lacuna na rea financeira, adaptando o

    mtodo esttico do VPL tradicional ao contexto da flexibilidade gerencial. Esse

    preenchimento feito adicionando-se o valor da opo de flexibilidade gerencial ao mtodo

    do VPL tradicional, resultando no VPL expandido, conforme mostra a equao (9).

    De acordo com essa teoria, para que um projeto de investimento seja aceito, necessrio que

    o VPL expandido seja positivo.

    VPL Expandido = VPL Esttico + Valor da opo de flexibilidade gerencial (9)

    Com a abordagem do VPL expandido, o que se est trazendo para dentro da anlise financeira

    so as mudanas de planos das empresas em funo das novas condies de mercado. Com a

    adio do valor da opo de flexibilidade gerencial pode ser correto aceitar projetos com VPL

    tradicional negativo, quando o prmio da opo de flexibilidade exceder este valor.

    27

  • 2.3 TAXA INTERNA DE RETORNO MODIFICADA

    2.3.1 Introduo

    Uma das limitaes do mtodo da taxa interna de retorno que todos os fluxos de caixa

    positivos so reinvestidos taxa de retorno do projeto. Essa premissa seria vlida caso no

    houvesse uma grande discrepncia entre a TIR e a taxa de desconto utilizada para o projeto.

    Quando isso ocorre, os resultados tendem a ser menos confiveis, podendo induzir a erros de

    deciso.

    Alm disso, o mecanismo de clculo da TIR pode levar a mltiplas taxas internas para um

    mesmo projeto, caso haja mais de uma inverso de sinal no fluxo de caixa do projeto.

    Segundo Ross et al. (2002), a existncia de mltiplas taxas, embora matematicamente

    corretas, no tem significado financeiro relevante para o processo de deciso de investimento.

    De acordo com Assaf Neto (2006, p. 318), geralmente adota-se, para contornar essas

    deficincias da TIR, o mtodo da Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM), que utiliza em

    seus clculos taxas de investimento para reaplicao dos fluxos de caixa intermedirios mais

    compatveis com o mercado.

    Para a obteno da TIRM, os fluxos de caixa intermedirios negativos so trazidos a valor

    presente, com uma taxa de financiamento compatvel com as do mercado, enquanto que os

    fluxos intermedirios positivos so levados a valor futuro no ltimo perodo do fluxo de caixa,

    a partir de uma taxa de reinvestimento adequada com as praticadas no mercado. Com todos os

    valores do fluxo de caixa concentrados no instante zero e no perodo final, o clculo da taxa

    interna de retorno se torna fcil e direto a partir da aplicao da frmula de juros compostos.

    28

  • Segundo Kassai et al. (2000, p. 77), o mtodo da TIRM uma verso melhorada do mtodo

    da TIR, que elimina os problemas matemticos decorrentes da possibilidade de existncia de

    razes mltiplas nos fluxos de caixa no-convencionais e do pressuposto da TIR da taxa de

    reinvestimento divergente do mercado.

    Ainda de acordo com esses autores (Kassai et al., 2000, p. 778), o mtodo da TIRM resgata a

    vantagem da facilidade de interpretao dos resultados na forma de taxa; possibilita a

    comparao entre as diversas taxas de mercado; e obtm uma taxa de retorno do investimento

    mais realista.

    Para demonstrar a sistemtica de obteno da TIRM, considere um projeto de investimento

    com o fluxo de caixa ilustrado na Figura 2.

    Figura 2 Exemplo de projeto de investimento convencional

    Calculando a taxa interna de retorno pelo mtodo tradicional, obtemos uma TIR igual a

    24,89%. Admitindo-se que os fluxos de caixa intermedirios sejam reinvestidos ao custo de

    capital prprio de 15%, obtido para cada um dos fluxos de caixa intermedirios o seguinte

    valor futuro:

    Fonte: Damodaran (2004, p. 267)

    29

  • VF1 = 300 x (1,15)3 = R$456

    VF2 = 400 x (1,15)2 = R$529

    VF3 = 500 x (1,15)1 = R$575

    Adicionando-se a esse valores o fluxo de caixa do perodo 4, obtemos:

    Valor Final = VF1 + VF2 + VF3 + FC4

    Valor Final = 456 + 529 + 575+ 600 = R$2.160

    Esse valor final nos permite calcular a taxa interna de retorno modificada, a partir da frmula

    dos juros compostos:

    TIRM = (2.160/1000)1/4 -1 = 21,23%

    A taxa interna de retorno modificada mais baixa do que a taxa interna de retorno, porque os

    fluxos de caixa intermedirios foram reinvestidos ao custo de capital prprio de 15%, em vez

    da TIR de 24,89%.

    Para Damodaran (2004, p. 267), muitos acreditam que a TIRM uma taxa hbrida, visto que

    um mistura do mtodo do VPL, que capitaliza os fluxos de caixa intermedirio ao custo de

    capital, e do mtodo da TIR.

    Reinvestindo os fluxos de caixa intermedirios ao custo de capital, o mtodo da TIRM

    produzir as mesmas decises de investimento que o mtodo do VPL, admitindo-se projetos

    com a mesma escala e o mesmo tempo de vida.

    30

  • 2.3.2 Mtodos de TIRs ajustados ou melhorados"

    A TIRM foi formalmente apresentada por Robert J. Baldwin em um artigo publicado na

    revista Harvard Business Review, em 1959 (Baldwin, 1959). Trs anos antes, Ezra Solomon

    (Solomon, 1956, p. 128) sugeriu um procedimento para lidar com projetos de investimento

    onde a metodologia de clculo da TIR produzia mais de um taxa de desconto. Esse

    procedimento foi utilizado como o ncleo da proposta de Baldwin.

    Posteriormente, outros autores da rea financeira incluindo Steven A. Y. Lin (Lin, 1976),

    Peter J. Athanasopoulos (Athanasopoulos, 1978a e b), Robert Beaves (Beaves, 1988, 1993 e

    1994), David M. Shull (Shull, 1992, 1993 e 1994) e Igncio Vlez-Pareja (Vlez-Pareja,

    2000) trataram desse assunto e sugeriram abordagens similares para resolver os problemas

    decorrentes das deficincias do mtodo da TIR tradicional. Provavelmente, LIN (1976, p.

    237) foi o primeiro a utilizar o termo Taxa Interna de Retorno Modifica TIRM.

    Nessa parte do trabalho so apresentadas as metodologias propostas pelos primeiros autores1.

    Alm disso, so analisados tambm, os resultados obtidos ao trabalhar com fluxos de caixa

    no-convencionais.

    Para demonstrar a sistemtica de clculo adotada pelo mtodo da taxa interna de retorno

    modificada, ser utilizado o exemplo de projeto de investimento com fluxo de caixa no-

    convencional ilustrado na Figura 3.

    1 Para uma leitura mais abrangente das propostas de mtodos de TIR melhorados, ver Biondi (2003 e 2006).

    Nesses artigos, o autor discute a contribuio de Emmanuel-Etienne Duvillard (1755-1832), especialmente no trabalho Recherches sur les rentes (Paris and Geneva 1787). De acordo com o autor, h mais de dois sculos, Duvillard desenvolveu um indicador financeiro semelhante Taxa Interna de Retorno Modificada.

    31

  • Figura 3 Exemplo de projeto de investimento no-convencional

    Fonte: Assaf Neto (2006, p. 314)

    R$300 R$20

    Fluxo de Caixa R$75 R$400 0 1 2 3

    2.3.2.1 A proposta de Solomon

    Em artigo publicado na revista The Engineering Economist, em 1956, Solomon prope um

    procedimento para lidar com situaes onde o mtodo da TIR produz mais que uma soluo.

    O autor inicia a descrio do seu procedimento atravs de um exemplo extrado de Lorie e

    Savage (1955, p. 237):

    A proposta que est sendo considerada a instalao de uma bomba de petrleo maior,

    que extrairia do subsolo uma quantidade fixa de petrleo mais rapidamente do que a

    bomba que est em uso. Vamos assumir que, operando-se a bomba existente, o investidor

    possa esperar $10.000 ao fim de uma ano e $10.000 ao fim do segundo ano. Vamos

    assumir que, instalando a bomba maior a um custo lquido de $1.600 agora, ele possa

    esperar $20.000 no fim de um ano e nada no fim do segundo ano. A instalao da

    segunda bomba pode ser considerada como um projeto que possui as caractersticas de

    fluxo de caixa mostradas na Tabela 1:

    TABELA 1 Perodo

    de Tempo Fluxo de caixa incremental

    relativo ao investimento t0 .. $ 1.600 t1 .. + 10.000 t2 .. 10.000

    O procedimento usual para encontrar a taxa de retorno de um projeto achar a taxa de

    retorno que faz o valor descontado dos fluxos de caixa lquidos igual ao valor descontado

    das sadas de capital.

    (Solomon, 1956, p. 128)

    32

  • Aps efetuar o clculo para a determinao da taxa de desconto e encontrar dois valores, 25%

    e 400%, o autor prope um novo procedimento para obteno da TIR. Ele sugere que os

    valores do fluxo de caixa intermedirio positivo ($10.000) sejam aplicados taxa de mercado,

    23%, at o perodo t2. O montante obtido ($12.300), subtrado dos $10.000 correspondentes

    ao perodo t2, resulta em $2.300. Para que o investimento inicial de $1.600 possa, ao final de

    dois anos, corresponder ao valor terminal de $2.300, a taxa de retorno dever ser de

    aproximadamente 20%.

    De acordo com o autor (Solomon, 1956, p. 129), usando essa abordagem, uma nica e

    significativa TIR encontrada para qualquer conjunto de fluxos de caixa de entrada e de

    sada. Resumindo, o que o autor sugere que as sadas de caixa sejam levadas a valor futuro a

    uma taxa igual do mercado, de modo a eliminar as inverses de sinais intermedirios do

    fluxo de caixa. O novo fluxo de caixa apresentaria, desse modo, uma nica taxa interna de

    retorno.

    2.3.2.2 A proposta de Baldwin

    Trs anos aps a proposta de Solomon, em artigo publicado na Harvard Business Review,

    Baldwin (1959, p. 100) prope formalmente o mtodo da taxa interna de retorno modificada,

    sob o nome de Baldwin Rate (Casarotto Filho, 1995, p. 219). Na apresentao do mtodo, o

    autor sugere um caso hipottico para ilustrar como uma taxa de retorno realstica pode ser

    calculada: um investimento de $450.000 proposto para a expanso da produo de um

    determinado produto. Dos $450.000, $300.000 sero utilizados em equipamentos, $50.000,

    em despesas associadas, e $100.000, em capital de giro. O custo de capital da empresa foi

    estimado em 10% ao ano. O fluxo de caixa do projeto de investimento apresentado na

    Tabela 1.

    33

  • Tabela 1 Fluxo de caixa do projeto de investimento

    Ano Total de Investimentos Entradas de Caixa 1 $200.000 2 250.000 $125.000 3 200.000 4 250.000 5 (100.000) 200.000

    Fonte: Baldwin (1959)

    De acordo com o autor, os valores dos investimentos devem ser descontados para a data base,

    e os fluxos de caixa intermedirios positivos capitalizados para o fim da vida til do projeto.

    Nesse exemplo, os investimentos e as fluxos de caixa positivos esto programados para

    ocorrer no final do sexto ms de cada ano. As Tabelas 2 e 3 a seguir apresentam o valor

    presente dos investimentos e o valor futuro dos fluxos de caixa positivos.

    Tabela 2 Valor presente dos investimentos

    Ano Total de Investimentos Valor Presente dos Investimentos 1 $200.000 $190.000 2 250.000 215.000 3 4 5 (100.000) (61.000) $344.000

    Fonte: Baldwin (1959)

    Tabela 3 Valor futuro das entradas de caixa

    Ano Receitas Valor Futuro dos Fluxos de Caixa Positivos 1 0 2 $125.000 $177.000 3 200.000 257.000 4 250.000 290.000 5 200.000 158.000 $882.000

    Fonte: Baldwin (1959)

    34

  • A partir das Tabelas (2) e (3), observa-se que foi realizado um investimento equivalente de

    $344.000 na data base e, no quinto ano, tem-se como resultado $882.000. Usando tabelas de

    juros e interpolao, o autor estabelece a taxa de juros compostos necessria para que o

    investimento inicial de $344.000 possa, no quinto ano, corresponder ao valor de $ 882.000, ou

    seja, $1 corresponder a $2,56 ($882.000 344.000 = 2,56). A taxa de retorno obtida por esse

    investimento 18,9%.

    De acordo com o autor, se calculado pelo mtodo da TIR convencional, a taxa de retorno seria

    significativamente diferente: 29,3%. A taxa de 29,3% obtida assumindo o reinvestimento

    dos fluxos de caixa intermedirios positivos aos mesmos 29,3%, e no ao custo do capital de

    10%.

    Resumindo, o que o autor sugere que os fluxos de caixa intermedirios positivos sejam

    levados a valor futuro e os fluxos de caixa intermedirios negativos a valor presente, a partir

    de uma taxa de juros igual do mercado, de modo a eliminar as inverses de sinais

    intermedirias do fluxo de caixa. O novo fluxo de caixa apresentaria, desse modo, uma nica

    taxa interna de retorno.

    2.3.2.3 A proposta de Lin

    O artigo de Lin (1976, p. 238) difere dos anteriores por demonstrar matematicamente os

    procedimentos de clculo do mtodo sugerido anteriormente por Baldwin atravs de um

    exemplo hipottico. Alm disso, utilizado pela primeira vez o termo Taxa Interna de

    Retorno Modificada TIRM.

    35

  • De acordo com o autor, a TIR de um investimento a taxa de juros compostos que satisfaz a

    equao (10).

    (10)0])1/([

    n

    0j

    =+=

    jj rR

    Onde Rj o fluxo de caixa lquido para o perodo j e r a TIR. Desse modo, a equao (10)

    pode ser reformulada de acordo com as equaes (11) e (12).

    (11)

    (12)

    0])1/()[(n

    0j=+

    =

    jjj rCR

    ==

    +=+n

    0j

    n

    0j

    ])1/([])1/([ jjj

    j rIrC

    O lado esquerdo da equao (12) o valor presente dos fluxos de caixa negativos e o lado

    direito o valor futuro dos fluxos de caixa positivos. A TIR a taxa de juros compostos (r)

    que obtida fazendo o valor presente dos fluxos de caixa negativos igual ao valor futuro dos

    fluxos de caixa positivos.

    Fazendo explcita a taxa de reinvestimento dos fluxos de caixa intermedirios positivos e

    negativos, qualquer seqncia de fluxos de caixa pode ser reduzida a um fluxo de caixa

    equivalente contendo apenas um investimento inicial e um fluxo de caixa positivo, no final da

    vida til do projeto.

    A Taxa interna de retorno modificada (TIRM) definida como mostrado na equao (13).

    (13)nj

    jjn

    j TIRMiCiY )1(])1/([/])1/([n

    0j

    n

    0j

    +=++ ==

    36

  • Onde:

    Yj = Fluxo de caixa positivo no perodo j;

    Cj = Fluxo de caixa negativo no perodo j;

    i = Taxa de juros de investimento alternativo.

    A frmula (13) corresponde ao valor futuro de todos os fluxos de caixa positivos dividido

    pelo valor presente de todos os fluxos de caixa negativos. A TIRM calculada capitalizando

    todos os fluxos de caixa intermedirios positivos para o ltimo perodo e descontando todos

    os fluxos de caixa intermedirios negativos ao perodo inicial.2

    Para exemplificar, considere o fluxo de caixa da Figura 3 (p. 32), a um custo de capital de

    10%. No Quadro 7, apresentado o procedimento de clculo da TIRM. Observe que o fluxo

    de caixa positivo no perodo 1 reinvestido taxa de desconto at o perodo final e o fluxo de

    caixa negativo descontado a essa mesma taxa at o perodo inicial, de maneira que o fluxo

    de caixa resultante : [-316,53, 0, 0 e 490,75]. Esse procedimento faz com que o projeto

    converta um investimento inicial de 316,53 em um fluxo de caixa positivo no perodo 3, sem

    que existam valores nos perodos intermedirios.

    Quadro 7 Clculo da TIRM de Lin Taxa de desconto (TD) 10% Perodo 0 1 2 3 Fluxo de caixa -300 75 -20 400 Reinvestimento do fluxo do perodo 1 a 10% 90,75 Financiamento do fluxo do perodo 2 a 10% -16,53 Fluxo Final -316,53 0 0 490,75

    TIRM = (490,75/316,53)1/3 -1 = 15,7% Fonte: Elaborao prpria

    2 A TIRM formulada atravs da equao (13) pode ser ajustada de forma que os fluxos de caixa

    intermedirios negativos possam ser financiados pelos fluxos de caixa intermedirios positivos anteriores. Para uma leitura mais abrangente dos procedimentos e pressupostos adotados no desenvolvimento da frmula decorrente dessa modificao, ver Lin (1976, p. 239-240).

    37

  • De acordo com Lin (1976, p.239), as taxas de financiamento e de reinvestimento tambm

    podem ser modificadas durante o perodo de investimento. Entretanto, essas modificaes

    podem complicar o clculo da TIRM, mas no invalidam os argumentos apresentados.

    As principais vantagens do mtodo da TIRM, formalizado por Baldwin e expressado atravs

    de frmula por Lin, so:

    O mtodo da TIRM elimina o pressuposto da taxa de reinvestimento do mtodo

    tradicional da TIR;

    A TIRM no fornece, em qualquer circunstncia, mltiplas taxas de retorno;

    Em todos os aspectos, o mtodo combina toda a segurana do mtodo do VPL com a

    facilidade de entendimento da anlise percentual da TIR tradicional;

    Os resultados obtidos so uma funo de parmetros controlados pela empresa: a taxa de

    reinvestimento e de desconto dos fluxos de caixa intermedirios.

    Ainda de acordo com o Lin (1976, p. 239), a TIRM formulada atravs da equao (13) pode

    ser modificada de forma que os fluxos de caixa intermedirios negativos possam ser

    financiados por fluxos de caixa intermedirios positivos anteriores.

    2.3.2.4 A proposta de Athanasopoulos

    Em artigo publicado no The Engineering Economist, Athanasopoulos (1978a, 131-132)

    demonstra que o mtodo da taxa interna de retorno modificada proposto por Baldwin (1959)

    uma variao direta do critrio do valor presente e faz algumas crticas com relao ao artigo

    de Lin (1976).

    38

  • Para Athanasopoulos (1978a, 131), o artigo de Lin (1976) contm afirmaes incorretas

    quando estabelece (1) que a TIRM tem vantagens em relao ao mtodo da TIR tradicional e

    fornece uma nica soluo e (2) que a TIRM fornece uma escolha mais adequada entre

    projetos quando comparado ao mtodo do VPL quando o custo de capital crescente ou

    quando existe racionamento de capital imposto pela empresa.

    De acordo com esse autor, chamar a TIRM de mtodo interno e dizer que ele fornece uma

    nica soluo uma inconsistncia. A taxa no pode ser interna ao projeto e no pode ser

    nica, uma vez que ela no calculada independentemente do custo de capital da empresa.

    Alm disso, a TIRM fornece uma soluo consistente com o VPL porque uma outra forma

    do mtodo do valor presente lquido.

    Diversos outros autores tm sugerido diferentes mtodos da TIR "melhorados" e esses estudos

    podem complementar e/ou fornecer informaes adicionais sobre como resolver os problemas

    decorrentes das deficincias do mtodo da TIR convencional. Para uma anlise mais profunda

    sobre o assunto, sugere-se a leitura dos seguintes artigos, alm dos examinados nesse

    trabalho: Lorie e Savage (1955), Bierman & Smith (1957), Teichroew et al. (1965a e 1965b),

    Mao (1966), Pegels (1968), Adler (1970), Negrete (1978), Athanasopoulos (1978b e 1980),

    Berhnard (1979 e 1989), Beaves (1988, 1993, 1994 e 2005), McDaniel et al. (1988), Shull

    (1992, 1993 e 1994), Anderson & Barber (1994), Lee e Kim (1994), Plath & Kennedy (1994a

    e 1994b), Hajdasinski (1993, 1995, 1996, 1997 e 2004), Lefley (1997, 1998, 2003), Keef &

    Olowo-Okere (1998), Chang & Swales (1999), Vlez-Pareja (2000), Srinivasa (2005), Crean

    (2005) e Biondi 2006.

    39

  • 2.3.3 A forma geral da Taxa Interna de Retorno Modificada

    a) Definies e conceitos

    Enquanto muitos profissionais esto familiarizados com os procedimentos da TIR tradicional,

    provvel que o mtodo da TIRM seja menos intensamente conhecido. Na verdade, existe

    uma srie de variaes da TIRM, e diferentes verses so conhecidas por diferentes nomes e

    siglas.

    Em termos gerais, cada variao do mtodo da TIRM produz uma taxa de retorno especfica

    que iguala o valor presente dos fluxos de caixa negativos com o valor final, que representa o

    valor futuro de todos os fluxos de caixa positivos no perodo final da vida til de um projeto

    de investimento. De acordo com a maioria dos autores [Brigham & Ehrhardt, 2006, p. 517),

    Brigham et al. (2001, p. 435), Brighan & Houston (1999, p. 393) e Weston & Brighan (2004,

    p. 545), a forma geral da TIRM pode ser estabelecida como:

    (14)n

    jnj

    jj

    TIRM

    kFCE

    kFCS

    )1(

    )1(

    )1(

    n

    0jn

    0j +

    +=

    +

    =

    =

    Onde:

    FCE = Fluxos de caixa positivos

    FCS = Fluxos de caixa negativos

    K = Custo de capital

    O termo esquerda da frmula (14) simplesmente o valor presente (VP) dos fluxos de caixa

    negativos, descontados ao custo do capital. O numerador do termo direita da frmula o

    valor futuro dos fluxos de caixa positivos, pressupondo que as os fluxos de caixa

    intermedirios positivos sejam reinvestidas ao custo de capital. O valor futuro dos fluxos de

    caixa positivos tambm chamado de valor terminal (VT).

    40

  • (15)nTIRMVTVP

    )1( +=

    Outra frmula geral da TIRM encontrada, com alguma freqncia, na literatura financeira.

    Em um artigo citado por Gitman (2004, p. 348), os autores D. Anthony Plath e Willian

    Kennedy (Plath e Kennedy, 1994, p. 77) propem uma frmula geral mais ampla, semelhante

    da funo financeira MTIR existente na planilha eletrnica MS-Excel:

    (16)n

    jncj

    jd

    j

    TIRM

    kFCE

    kFCS

    )1(

    )1(

    )1(

    n

    0jn

    0j +

    +=

    +

    =

    =

    Onde:

    FCE = Fluxos de caixa positivos

    FCS = Fluxos de caixa negativos

    Kc = Taxa de desconto dos fluxos de caixa negativos

    Kd = Taxa de capitalizao dos fluxos de caixa positivos.

    A diferena bsica entre as equaes (14) e (16) est relacionada com as taxas utilizadas.

    Enquanto na equao (14) utilizada apenas uma taxa para a capitalizao e para o desconto

    dos fluxos de caixa positivos e negativos (no caso o custo de capital), na equao (16)

    utilizada uma taxa de reinvestimento para os fluxos de caixa positivos e uma taxa de

    financiamento para os fluxos de caixa negativos.

    De acordo com Brigham et al. (2001, p. 435), existem diversas definies alternativas para a

    TIRM. As diferenas dizem respeito principalmente a: se os fluxos de caixa negativos, que

    vm aps os fluxos de caixa positivos, devem ser tratados e capitalizados como parte do valor

    terminal ou descontados e tratados como um investimento. Alm disso, outro ponto

    41

  • questionado pelo autor: fluxos de caixa positivos e negativos em determinado perodo devem

    ser lquidos ou tratados separadamente?

    Segundo Plath e Kennedy (1994, p. 78), o mtodo da TIRM um sistema de medio baseado

    no FCD que (1) supera o problema das mltiplas TIRs, quando os projetos apresentam mais

    de uma mudana de sinal, e (2) substitui o pressuposto da taxa de reinvestimento da TIR

    convencional por uma taxa de reinvestimento estabelecida pela empresa. Ainda de acordo

    com esse autor: Em muitos casos, os autores de livros-texto vinculam essa taxa explcita de

    reinvestimento ao custo de capital estabelecido pelo patrocinador corporativo do projeto.

    b) Critrios de deciso

    De acordo com Lemos Jnior et al. (2005, p. 165), um projeto de investimento aceitvel se a

    TIRM obtida for igual ou superior ao custo de capital da empresa.

    Um observao importante feita pelos mesmos autores , se os fluxos de caixa de um projeto

    forem convencionais e se os projetos forem independentes, os mtodos da TIRM e do VPL

    levaro s mesmas decises de aceitao ou rejeio.

    No Quadro 8 so apresentadas as condies de aceitao ou rejeio de um projeto, de acordo

    com o mtodo da TIRM.

    Quadro 8 Condies de aceitao pelo mtodo da taxa interna de retorno modificada (TIRM)

    TIRM > TMA Aceitar o projeto

    TIRM = TMA Indiferente

    TIRM < TMA Rejeitar o projeto

    Fonte: Elaborao prpria

    42

  • c) Vantagens e desvantagens

    O Quadro 9 sumariza as principais vantagens e desvantagens do uso do mtodo da taxa

    interna de retorno modificada.

    Quadro 9 Principais vantagens e desvantagens do mtodo da TIRM

    VANTAGENS DESVANTAGENS

    Relacionado ao VPL, geralmente levando s mesmas decises.

    Fcil de entender e transmitir. Supera o problema das mltiplas TIRs Resolve o problema do pressuposto da

    taxa de reinvestimento da TIR

    Pode levar a decises erradas em comparaes de projetos mutuamente exclusivos.

    Fonte: Elaborao prpria

    2.3.4 As funes financeiras XVPL e MTIR do MS-Excel

    No desenvolvimento da estrutura bsica da nova funo financeira que est sendo proposta

    so utilizados os mesmos fundamentos das funes XVPL e MTIR, atualmente disponveis no

    MS-Excel como funes suplementares. Por esse motivo, so apresentados nesse item as

    estruturas bsicas e exemplos de utilizao dessas funes.

    2.3.4.1 A funo XVPL

    A funo XVPL do MS-Excel utilizada para calcular o valor presente lquido de fluxos de

    caixa, no necessariamente peridicos, que podem ser inseridos na planilha apenas com seus

    valores individuais e suas respectivas datas de calendrio.

    43

  • Essa funo especial est includa na tabela de funes do Excel, no subconjunto Funes

    Financeiras e tem a sua sintaxe apresentada no Quadro 10.

    Quadro 10 Sintaxe da Funo XVPL do MS-Excel

    Verso em portugus Verso em ingls

    XVPL (taxa; valores; datas) XNPV (rate; values; dates)

    Fonte: Elaborao prpria

    A funo XVPL fornece o valor presente lquido de fluxos de caixa, que obtido pelas

    seguintes operaes internas dessa funo:

    Clculo da taxa diria, a juros compostos, que equivalente taxa efetiva de desconto

    fornecida em % ao a