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Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo / Rua Marques, 19 – Humaitá – 2535-2434 www.sapereira.com.br / [email protected] Turma da Estrela / TBM Educação Infantil Relatório do Primeiro Semestre de 2007 1 O objetivo deste relato é contar como nos conhecemos, nos acolhemos uns aos outros e de que maneira essa convivência influenciou a construção do nosso grupo e a construção de cada um de nós. Valorizamos cada possibilidade de interação, compromisso, solidariedade, troca e reunião, tão presentes nesse espaço com tanta gente diferente. "Gosto de salada de fruta, mas também gosto de salada de gente Gosto de ver tudo colorido, misturado e diferente Se fosse só eu, eu, eu ,eu Se fosse só mamão, mamão A salada não seria tão gostosa e a vida não teria emoção." Ana Maria Moura Nada como um novo grupo para nos trazer tantos desejos e desafios. Dezessete crianças, mais meninos do que meninas, e seis crianças novas na turma. Diversidade como numa salada de frutas com sua mistura de sabores, aromas, cores e formas. A Turma da Estrela é um grupo afetuoso, sedento pela convivência com o outro e pelas descobertas que ela pode proporcionar. As meninas, decididas, costumam se reunir para brincar ou desenhar; mas também gostam de experimentar a agitação inerente ao universo dos super-heróis preferidos pelos meninos, além de convidá-los para brincadeiras em que elas definem quem serão os personagens, organizam e decidem os espaços e materiais que serão utilizados. Na interação entre as crianças de diferentes idades, percebemos o quanto os mais velhos desafiam os mais novos e reconhecem aquilo que já conquistaram. Algumas vezes, percebem que o amigo mais novo pode ensinar-lhes muitas coisas também. Um grupo não se constrói no primeiro dia de aula. É preciso um grande esforço de cada um Turma Amanda Freitas Mizrahi Antonio Conde Janequine Antonio Santos Treistman Antonio Serafim Peres Gabriel Castro Fortunato Hanah Zagarodny Joana Clark de Lamare João Fernandes de M e Albuquerque João Henrique A. Coutinho Bandeira Lucas Leal de Alencar Pinto Rafaela Marques Canário Moreira Rodrigo de Almeida Shultz Sofia Morena Teixeira Coelho Thomas Musso Mack Tomás Alves de Almeida Vicente Bronstein Barone Victor Arruda Pereira Professores e Auxiliares de Turma Camila Sandoval de Andrade Jade Domingues de Moura Jean Philippe T Conilh de Beyssac Natalia Farroco Lazoski Roberta Porto da Silva

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Rua Capistrano de Abreu, 29 – Botafogo / Rua Marques, 19 – Humaitá – 2535-2434 www.sapereira.com.br / [email protected]

Turma da Estrela / TBM Educação Infantil Relatório do Primeiro Semestre de 2007 1

O objetivo deste relato é contar como nos conhecemos, nos acolhemos uns aos outros e de que maneira essa convivência influenciou a construção do nosso grupo e a construção de cada um de nós. Valorizamos cada possibilidade de

interação, compromisso, solidariedade, troca e reunião, tão presentes nesse espaço com tanta gente diferente.

"Gosto de salada de fruta, mas também gosto de salada de gente Gosto de ver tudo colorido, misturado e diferente Se fosse só eu, eu, eu ,eu Se fosse só mamão, mamão A salada não seria tão gostosa e a vida não teria emoção."

Ana Maria Moura

Nada como um novo grupo para nos trazer tantos desejos e desafios. Dezessete crianças, mais meninos do que meninas, e seis crianças novas na turma. Diversidade como numa salada de frutas com sua mistura de sabores, aromas, cores e formas.

A Turma da Estrela é um grupo afetuoso, sedento pela convivência com o outro e pelas descobertas que ela pode proporcionar. As meninas, decididas, costumam se reunir para brincar ou desenhar; mas também gostam de experimentar a agitação inerente ao universo dos super-heróis preferidos pelos meninos, além de convidá-los para brincadeiras em que elas definem quem serão os personagens, organizam e decidem os espaços e materiais que serão utilizados.

Na interação entre as crianças de diferentes idades, percebemos o quanto os mais velhos desafiam os mais novos e reconhecem aquilo que já conquistaram. Algumas vezes, percebem que o amigo mais novo pode ensinar-lhes muitas coisas também.

Um grupo não se constrói no primeiro dia de aula. É preciso um grande esforço de cada um

Turma Amanda Freitas Mizrahi

Antonio Conde Janequine Antonio Santos Treistman

Antonio Serafim Peres Gabriel Castro Fortunato

Hanah Zagarodny Joana Clark de Lamare João Fernandes de M e

Albuquerque João Henrique A. Coutinho

Bandeira Lucas Leal de Alencar Pinto

Rafaela Marques Canário Moreira Rodrigo de Almeida Shultz

Sofia Morena Teixeira Coelho Thomas Musso Mack

Tomás Alves de Almeida Vicente Bronstein Barone

Victor Arruda Pereira

Professores e Auxiliares de Turma

Camila Sandoval de Andrade

Jade Domingues de Moura Jean Philippe T Conilh de Beyssac

Natalia Farroco Lazoski Roberta Porto da Silva

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P ara que tudo corresse bem, insistimos nas rodinhas de conversa, momentos em que nos olhamos e percebemos uns aos outros. O exercício de escutar e esperar, tanto quanto o desafio de se colocar, expondo suas idéias e experiências

próprias, ampliou a possibilidade de reconhecimento do outro e a construção de uma identidade coletiva. Também nessas horas, avaliamos o que deu certo ou errado e refletimos sobre o que podemos fazer para que um dia seja melhor que o outro.

No início do semestre, "Murucututu - a coruja grande da noite", de Marcus Bagno, foi o livro mais disputado por todos. A coruja da história apareceu nos desenhos e brincadeiras do pátio e passou a ser responsável por muitos mistérios. Não podemos deixar de dizer que gostam muito de improvisar dramatizações e que fantasmas e bruxas costumam fazer parte do enredo construído por todos. Como no dia em que tivemos que salvar a Natália de um fantasma assustador que só fugiria se o assustássemos estourando uma bexiga. Como gostam de uma boa história!

O pátio foi sempre um espaço de muitos desafios. A mureta do canteiro dos jabutis se transformava em barra de equilíbrio; os escorregas em navios, pistas ou plataformas para saltos; os carrinhos ou triciclos eram guiados em alta velocidade, desviando-se de diferentes obstáculos. Resgatamos muitas brincadeiras já conhecidas por eles como Amarelinha, "Linda Rosa Juvenil"e "Pato, pato, ganso". Conhecemos novas como Cabra Cega, Tumba Lacatumba e Bolinha no bolão.

Com o calor que fazia no início do ano, o banho de chuveirão era fundamental. As crianças nos perguntavam, diariamente: "Hoje pode ter banho de chuveiro?". Esses momentos, foram boas oportunidades de fazer contato, rir e chorar com os novos amigos.

"Somos massa que se percebe e que percebe o outro. E este contato (COM)TATO, se faz pela via afetiva e pela cognitiva. Pensamento e sentimento misturam-se substancialmente na massa que vive." Mirian Celeste Martins

Terminado o período de adaptação, as parcerias foram acontecendo dentro e

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fora da escola. Todos chegavam animados e felizes por compartilhar com colegas e professoras mais um dia de encontros e descobertas.

"As Américas". Que desafio. Normalmente, ao delinearmos um projeto, a primeira intenção é sempre acolher os desejos e curiosidades em relação ao tema. Mas, o tema não remetia as crianças a referências suficientes. Por sua riqueza cultural e natural, pela sua beleza e diversidade de paisagens, pela história de seus antepassados e pela variedade de materiais que tínhamos, decidimos pesquisar o México. A partir da apresentação do projeto, encaminhamos as pesquisas para o que mais as instigava.

Para iniciar o Projeto "Conhecendo o México", além de manusearmos diferentes mapas, a turma recebeu uma surpresa embrulhada em um pano. Depois de arriscarem muitos palpites sobre o que seria, se depararam com um enorme chapéu de palha. Mas de onde teria vindo? "Da Bahia, do Piauí, da Lua". A resposta correta veio através da história "Pepe,

Diego e Guadalupe", de Cristina Von, onde conhecemos o sombreiro e outros elementos da cultura mexicana. Também assistimos ao filme de Walt Disney, "Você já foi à Bahia", que nos fez dançar ao som de ritmos mexicanos e conhecer a história da fundação da cidade do México.

Aos poucos, as crianças passaram a trazer muitas

sugestões para o nome da turma e, depois de um primeiro turno acirradíssimo, disputaram, no segundo turno, os nomes: Estrela, Cobra e México. No final da votação todos gritavam: "Somos a Turma da Estrela!".

"As estrelas moram lá no final do céu", " As estrelas são planetas", "O Sol é uma estrela bem grande e redonda", "Tem estrela que mora no mar", "A estrela do mar tem muitos suvacos". Além dessas informações, algumas crianças trouxeram livros sobre o espaço e também sobre os animais marinhos.

Para comemorar a escolha nos aproximarmos do universo em que vive o mexicano Omar, menino do livro "Crianças Como Você", do Unicef, fomos à praia do Forte São João. Lá começamos, timidamente, tomando banho de chuveiro e buscando baldes com água no mar. Mas o calor e o imenso oceano encheram nossos pequenos de desejo e coragem. Esperavam as ondas se esparramarem na areia para se deliciarem com a água. Era tanta a alegria que podíamos ouvir gargalhadas, gritos e cantorias.

L uciana, auxiliar da Turma da Onça, veio nos contar sobre sua viagem a Cancun e seu encontro com os golfinhos. Entusiasmados com esse animal, resolvemos fazê-lo de papel, num tamanho que se aproximasse do natural. Mas, também não

poderia faltar o Omar e a sua tartaruga de estimação, a Gertrudes. Nesse momento as crianças buscaram diferentes estratégias para decidirem de que tamanho seriam os personagens, comparando-os com o tamanho dos amigos e adultos da escola. Uma das

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soluções encontradas para que o menino não ficasse maior que o golfinho, foi convidar uma criança da Turma da Minhoca para fazermos o contorno de seu corpo.

Aproveitamos o projeto para conversar sobre as nossas comidas prediletas e degustar alguns elementos característicos da culinária mexicana como o milho, o abacate, a melancia e o melão. Depois de rolar, batucar, tentar carregar e explorar a melancia através de todos os sentidos possíveis, algumas crianças perceberam que a fruta tem as cores da bandeira do México.

D iego, personagem do livro de Cristina Von, saiu de suas páginas e, representado por um fantoche, contou para as crianças lendas mexicanas sobre a origem do milho e nos presenteou com "palomitas" (pipoca). Além de saborearmos milho

cozido, feito pelo Baixinho, vendedor de milho que faz ponto próximo à escola, todos foram surpreendidos com um grande pé de milho . O que seria aquilo? Atentos, acharam uma espiga e logo descobriram do que se tratava. Depois de apreciarmos a imagem "Festa del maiz", de Diego Rivera, fizemos muitos trabalhos de Arte com a palha e o sabugo do milho.

Durante o semestre, apreciamos inúmeras imagens de artistas mexicanos como Diego Rivera, Mirian Sempere e Frida Kahlo. As crianças fizeram observações sobre o contexto a que se remetiam as pinturas, assim como às suas cores, formas e texturas. Em roda, apreciamos os trabalhos das crianças, fossem figurativos ou não, valorizando as estratégias usadas por cada uma para compor as suas produções.

Com o objetivo de aproximar a turma do universo lúdico das crianças mexicanas e de familiarizá-las com a língua espanhola, nos divertimos muito conhecendo e nos apropriando de algumas canções, brincadeiras e palavras em espanhol. "La Cucaracha", "Muñeco Pimpão", "Los Pojitos" e "La Bamba" foram canções que permearam nossas manhãs. A pedido das crianças, as músicas tinham que ser cantadas primeiro em espanhol e, só depois, em português. Kátia e João, pais do Vicente, nos fizeram uma visita musical. Com eles dançamos ao som de "La Bamba" e " La Cucaracha".

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O clima festeiro, tipicamente mexicano, foi vivido principalmente com o dia das crianças, que no México é comemorado em 30 de abril. No dia da festa a mesa estava decorada à moda mexicana e, juntos, preparamos o lanche: creme de abacate com "nachos" e "palomitas". Quando todos estavam vestidos com suas fantasias prediletas, fizemos um baile à fantasia e estouramos a "piñata", como na animação "La Piñata", assistida no Youtube.

Durante o projeto, as crianças demonstraram curiosidade pelos animais e imagens que nos mostravam a variedade de paisagens desse país. As características dos desertos, vulcões, praias e cidades renderam boas conversas.

No Jardim Botânico conhecemos uma grande variedade de cactus, em especial um chamado Vejito, que possui muitos cabelinhos brancos. No zoológico, conhecemos de perto alguns animais como o tucano, a águia, o pumã, o morcego, as tartarugas, as serpentes e o macaco aranha. O jaguar, tão apreciado por todos, estava dormindo.

Na festa pedagógica vivenciamos algumas tradições mexicanas. Depois de representarem a dança "Los sembradores" e de convidarem seus familiares para brincarem como velhinhos, estouramos a tão esperada "piñata" ao som da cantoria dos pais. Segundo as crianças, o melhor da festa foi poder compartilhar com suas famílias as experiências vividas ao longo do semestre.

Já anunciavam os festejos juninos , quando pegamos o avião de volta ao Brasil e convidamos Omar para festejar a cultura popular brasileira.

E assim, com muitas histórias, beijos , abraços, sorrisos e gargalhadas vivemos, intensamente, o dia a dia na Turma da Estrela. Foi com grande alegria que acompanhamos o crescimento desse grupo e compartilhamos, com todos, o prazer de desvendar o mundo.

Música _________________________________________________________

P assado o calor do carnaval, a criançada foi conhecer um país quente, cuja cultura exalta o sol. O México. Mas também a terra dos imensos sombreros, ideais para nos refrescarmos ao som da música latina. A sonoridade diferente de um outro

idioma muitas vezes produzia espanto e diversão. Como conhecemos pouco nossos vizinhos! Trouxemos uma típica canção infantil mexicana, que fala sobre o boneco Pin Pón. "Pin Pón es um muñeco / De trapo y de cartón / Se lava su carita com água y com jabón". Cléa, professora da TCM, nos ensinou outra muito bacaninha, sobre os pojitos, quer dizer, pintinhos. "Los pojitos hacen / Pio, pio, pio / Quando tienem hambre / Quando tienem frio". E como as crianças não foram as únicas criaturas que ficaram maravilhadas com todos aqueles doces e balas da Piñata, podemos dizer que uma Cucaracha chegou para a festa também. Clássico da música latina, esse bicho resiste a altas temperaturas. Principalmente quando a capa do violão vira a fantasia de barata perfeita. Quem não quer se metamorfosear de vez em quando? "La Cucaracha, ya no puede caminar". La Bamba chegou logo em seguida para bailar a turma.

Nesse ponto, demos continuidade ao trabalho com os instrumentos, iniciado no carnaval, buscando conhecer alguns de origem latina, com seus timbres diferenciados, mas parecidos com outros já conhecidos por nós, como o Guiro, instrumento de cabaça parecido com o reco-reco de bambu. As campanas, similar do cowbell, primo do nosso agogô. Algumas maracas também sacudiram as nossas performances. Mas quando o

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assunto foi as bruxas do México, coisa ficou boa. Além de contarmos e recontarmos histórias sonorizadas num clima de arrepiar, pudemos, como faziam os xamãns dos povos antigos, nos transformar também em diversos bichos. Com a brincadeira do Sol posso ir, quantos passos de coiote, lagarto e vôos de águia nós não demos? Mas um antigo rock tocado pelo Tutti-Fruit e interpretado por Rita Lee foi, sem dúvida, um dos pontos altos do repertório. "Jo no creo em brujas / Pero que las hai las hai". Cantar numa outra língua é um divertido desafio. "Ela Não sabe a letra / Vou ensinar a letra / Pé de bucho / bochecha / Pé de cana / Caneta / No forró de Manezita / Pimenta, pitanga, pipoca e pita". Paralelo ao projeto, pudemos, também, construir um teatro de sombra com uma caixa de papelão, para contar a história Pepe, Diego e Guadalupe. Esses três irmãos do interior do país nos mostraram um pouco da infância, do jeito simples de viver, trazendo mais uma oportunidade de experimentarmos nosso repertório recém adquirido.

Nesse momento aproveitamos para contar algumas histórias musicadas sobre as festas de São João, seu boizinho encantado, Pai Francisco e Catirina. E, é claro muita quadrilha!

Expressão Corporal _________________________________________________________ "Sem os analisar, a criança imita com desembaraço os movimentos observados nos outros, e isso lhe facilita numerosas aquisições; seu gesto delicado e diferenciado lhe acompanha e sublinha a palavra, seus sentimentos se exprimem sem inibição alguma, em seus pulos alegres como em seus trejeitos, ou em suas investidas metediças. Está inteira em seu gesto e belisca, bate ou põe a língua com o mesmo desembaraço com que salta atrás da bola".

Paul Ostherrieth

I niciamos em roda, nos apresentando, falando sobre a aula, sobre o corpo. Fomos acordando-o devagarzinho, com cuidado, aquecendo-o e preparando-o para os estímulos que estavam por vir. Brincamos de nomear e movimentar as partes do nosso

corpo, dissociando os membros e trabalhando a movimentação livre. Organizados em um

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trenzinho, andamos, pulamos, corremos, agachamos todos juntos, de uma só vez. Tínhamos que nos movimentar como um grupo para que o trem pudesse chegar ao seu destino, o que só conseguimos na terceira tentativa.

Com o Carnaval se aproximando, escolhemos as nossas fantasias no baú da escola. Fantasiados, dançamos ao som do samba, das marchinhas, do frevo e fizemos várias poses carnavalescas provocando muitas risadas.

Trabalhando o ritmo, demos musicalidade aos nossos nomes, criando movimentos para eles. Também ouvimos trilhas dos espetáculos do Grupo Corpo e foi estimulante notar a reação das crianças que rapidamente começaram a se movimentar tentando obedecer ao estímulo sonoro. A turma foi dividida em dois grupos: um criava e o outro observava. Desse modo, puderam acompanhar a experimentação do outro. Estabeleceu-se com isso dois pontos de vista: o de produtor e o de espectador.

Na agitação peculiar das crianças, tentamos estabelecer a observação e a escuta como prioridade. Brincamos de manipular o corpo do outro. Em roda, uma criança se colocava como estátua, enquanto as outras, uma a uma, manipulavam cuidadosamente seu corpo, colocando-a em posições inusitadas. Observar tal manipulação, ter cuidado ao tocar, permitir o toque do outro, mesmo que muitas vezes, com aquela risada nervosa, envergonhada, nos fortalece como grupo, cria intimidade aproximando os que estão distantes.

Com colchonetes azuis, montamos um céu no salão. Mais tarde, esse mesmo céu se transformou em mar.

Aproveitando o nome da turma pedimos às crianças que representassem, com o corpo, diferentes formas de estrelas (estrelas celestes, estrelas cadentes e estrelas do mar). O trabalho foi feito individualmente, em duplas e em grupo, quando formamos uma grande estrela! Fotografamos do alto de uma escada e as crianças curtiram muito ver a estrela que conseguiram formar com seus corpos!

A o nos aproximarmos do projeto da Turma, tentamos resgatar elementos de duas danças mexicanas: "La Danza de los Viejitos" e "Los Sembradores". A primeira é uma antiga tradição mexicana, com origem anterior à chegada dos espanhóis, que

é usualmente interpretada por jovens que imitam, de forma engraçada, pessoas idosas com dificuldade de se movimentar, encurvadas em uma bengala. Estes jovens mexicanos usam trajes de camponeses e máscaras de feições idosas, sorridentes e sem dentes. Como tínhamos apenas a descrição da dança, sem fontes audio-visuais que pudessem nos inspirar, a turma criou sua própria versão dos velhinhos, com bengalas, panos coloridos e muita risada. A segunda é tida como uma interpretação artística de um dos mais importantes elementos da cultura mexicana: trabalhar com a terra, plantar e colher, a alegria de trabalhar em comunidade e a beleza da simplicidade. As crianças improvisaram, munidas dessas informações, e dançaram arando, semeando e irrigando a terra.

Com os materiais (bambolês, túnel, colchonetes, pernas de baldes, bolão) criamos diferentes percursos onde, além de trabalhar as habilidades motoras, desenvolvemos o equilíbrio, a atenção, a concentração, a noção espacial.

Em meio a tantas experimentações, tantas conquistas e tantos desejos, encerramos o primeiro semestre, sedentos pelas novidades que estão por vir.