TCC apresentado ao Curso de TCC apresentado ao Curso de Serviço SocialServiço Social

Acadêmica: Marelise ZiniAcadêmica: Marelise ZiniOrientadora: Elmides Mª Orientadora: Elmides Mª AraldiAraldiFoz do Iguaçu, dezembro 2007Foz do Iguaçu, dezembro 2007

“ “ O SIGNIFICADO DO TRABALHO PARA O O SIGNIFICADO DO TRABALHO PARA O SER SOCIAL DA PENITENCIARIA SER SOCIAL DA PENITENCIARIA

ESTADUAL DE FOZ DO IGUAÇU – PR”ESTADUAL DE FOZ DO IGUAÇU – PR”

TEMA TEMA

ANALISAR QUAL O SIGNIFICADO SOCIAL DO TRABALHO PARA OS PRESOS

DA PEF

OBJETIVO GERAL:OBJETIVO GERAL:

1º- Identificar a perspectiva do preso ao ser implantado no canteiro de trabalho;

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

2º- Entender o que o trabalho dentro da PEF significa no contexto prisional para os presos;

3º- Desvelar qual é a compreensão dos presos sobre as perspectivas que o trabalho aponta

para estes sujeitos.

METODOLOGIA E TÉCNICAS DA METODOLOGIA E TÉCNICAS DA PESQUISAPESQUISA

Esta pesquisa é de abordagem qualitativa. Que de acordo com Minayo

(1998) " A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares".

Técnica: EntrevistaInstrumentos: Formulários com questões

abertas; com uso de gravador e transcrição fiel dos dados

UNIVERSO DA PESQUISA:UNIVERSO DA PESQUISA:

Espaço da Penitenciária Estadual de Espaço da Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu - PrFoz do Iguaçu - Pr

SUJEITOS DA PESQUISA:SUJEITOS DA PESQUISA:

10 presos implantados nos canteiros de trabalho e;

10 presos que esperam vaga para serem implantados

Capítulo I: “ O TRABALHO COMO Capítulo I: “ O TRABALHO COMO CATEGORIA FUNDAMENTAL E CATEGORIA FUNDAMENTAL E FUNDANTE DO SER SOCIAL”FUNDANTE DO SER SOCIAL”

Neste capítulo, fizemos um resgate histórico da Neste capítulo, fizemos um resgate histórico da transformação do macaco em homem, tendo o transformação do macaco em homem, tendo o

trabalho como elemento fundamental, para tanto se trabalho como elemento fundamental, para tanto se fez necessário um diálogo com ENGELS (1986); tendo fez necessário um diálogo com ENGELS (1986); tendo

por comentador LESSA (1997) , BARROCO (2003); por comentador LESSA (1997) , BARROCO (2003); MARX (1970) e ARALDI (2006);MARX (1970) e ARALDI (2006);

Ainda neste capítulo abordamos o modo de produção Ainda neste capítulo abordamos o modo de produção capitalista com BATISTA (2002), TOMAZI (2000), capitalista com BATISTA (2002), TOMAZI (2000),

IAMAMOTO (2000) e ANTUNES (1999)IAMAMOTO (2000) e ANTUNES (1999)

No Capítulo II discutimos com Foucault (1987) para entendermos minimamente o histórico das prisões desde os primórdios, puxando para o Brasil ao qual discutimos com SIQUEIRA (2003), MAGNOBOSCO

(1998) e CANCELLI (2003);Já PRA (2005) nos relata como se deu as

Penitenciárias no estado do Pr, e como não podia ser puxamos para a realidade local, enfocando a

PEF

Capítulo II: “SISTEMA PRISIONAL: Capítulo II: “SISTEMA PRISIONAL: CONTEXTUALIZANDO A PEF”CONTEXTUALIZANDO A PEF”

CAPÍTULO III – “O SIGNIFIOCADO DO CAPÍTULO III – “O SIGNIFIOCADO DO TRABALHO: UMA CATEGORIA EM FOCO”TRABALHO: UMA CATEGORIA EM FOCO”

Optamos por realizar a análise em três eixos:

Eixo I –Neste eixo faremos à descrição da rotina de trabalho dos presos da unidade, tentando demonstrar o processo de

trabalho e como se dá sua rotina, se os sujeitos entrevistados apreendem este processo ou a eles fica despercebido

Eixo II – Tencionamos identificar o que o trabalho possibilita a estes sujeitos, a partir de suas próprias aspirações;

Eixo III – Neste eixo descobrimos se os sujeitos (ou familiares) que fabricam/ ou prestam serviços no espaço da PEF, de alguma forma se apropriam dos produtos por eles realizados ou se apenas entram com a força de trabalho e

posterior a isso não tomam conhecimento algum do destino dos produtos.

... a gente vai chega na porta de ferro da galeria,... a gente vai chega na porta de ferro da galeria, levamos geral,e dali chegamos ao canteiro de levamos geral,e dali chegamos ao canteiro de

trabalho (...) eles pagam os materiais, as trabalho (...) eles pagam os materiais, as ferramentas e assim a gente começa o dia, ferramentas e assim a gente começa o dia,

trabalhamos, trabalhamos o dia inteiro, vamos atétrabalhamos, trabalhamos o dia inteiro, vamos atéquatro horas da tarde. (...) eu faço tudo, bolsa pra quatro horas da tarde. (...) eu faço tudo, bolsa pra mulher, eu faço mulher, eu faço

boné, faço jogo de tapete, jogo de decoração de banheiro, tapete de sala (...) boné, faço jogo de tapete, jogo de decoração de banheiro, tapete de sala (...) temtem

vários pontos,que é empregado no serviço, mais os vários pontos,que é empregado no serviço, mais os mais usados são os ponto alto, baixo e baixíssimo, essesmais usados são os ponto alto, baixo e baixíssimo, esses

é que dão origem aos tapetes e a todos os trabalhos ... (sujeito 2)é que dão origem aos tapetes e a todos os trabalhos ... (sujeito 2)

EIX0 I - EIX0 I - PROCESSO DE TRABALHO: A DESCRIÇÃO DA ROTINA DE TRABALHO REALIZADA PELOS SUJEITOS

(...) Eles entregam já as peças cortadas de couro, tudo já cortado e furado e a gente vai

montando e vou costurando, a bola é costurada a mão do começo ao fim, a gente costura, vai

montando os corinho, primeiro a gente faz a margarida que chamam, depois de terminada a margarida faz

a cumbuca, que é tipo uma marmita, as cumbucas e depois de feita a gente vai “arodia” que a gente chama e depois vira do avesso e fecha a

bola, ela completa, sai prontinha daqui. (sujeito 5)

EIX0 I - EIX0 I - PROCESSO DE TRABALHO: A DESCRIÇÃO DA ROTINA DE TRABALHO REALIZADA PELOS SUJEITOS

EIXO II -ASPIRAÇÃOS DOS SUJEITOS POR MEIO DO TRABALHO

(...) é trabalhar pra conseguir uma remissão e pra aliviar a mente, Q desbaratina a mente, ajuda né pra sai um pouco

mais da cela (sujeito 2, grifos nossos)

“pra passa o tempo aqui dentro, porque ficar parado aqui deixa a gente pensando bobeira, bobeira...(...) e mais ainda por

causa da remissão ...( sujeito 9, grifos nossos).

(...) porque você ocupa seu dia a dia(...) (...), você estando trabalhando você ocupa sua mente e esta só lucrando com isso. (...) Tem também a remissão da pena”. (sujeito 11, grifos

nossos)

EIXO II -ASPIRAÇÃOS DOS SUJEITOS POR MEIO DO TRABALHO

“(...) o motivo mesmo é pela remissão de pena”. Quero rever minha família antes. (...) é bom porque não fica preso, tudo melhora ate os

pensamentos da gente se distrai trabalhando.” (sujeito 15)

(...) ficaria fora do barraco (fora da cela (...) tem oportunidade de sai pra clarear a mente. Porque se a senhora fica 22 e meia na tranca a senhora já não vai ter a mesma convivência porque a

vai ta só conversando com marginal, não vai ta conversando coisas boas, agora se acaso a senhora tiver uma oportunidade de trabalhar e

esclarece tua mente, (...). (sujeito 19, grifos nossos)

EIXO III - APROPRIAÇÃO DOS PRODUTOS QUE GABRICAM NA PEF PELOS SUJEITOS

OU DE SUAS FAMÍLIAS

“Não“. Não usa porque, não sei como que funciona a venda a comercialização, não sei como isso funciona. (sujeito 5)

“Não, Porque a casa não permitia, acredito que seja particular

a firma (...)”. (sujeito 7)

EIXO IV: EM QUE O TRABALHO POSSIBILITA DIFERENCIAR-SE DOS

DEMAIS PRESOS

“Claro que sim, uma que eles ganharam oportunidade e eu não”. Sinto-me discriminado por isso, porque todos nós estamos na mesma situação. (sujeito 14)

EIXO: V - O SIGNIFICADO DO TRABALHO PARA OS SUJEITOS DA PEF

(...) o trabalho já faz parte da vida do ser humano né....porque sem trabalho o ser humano não vive, como que ele vai suprir as necessidades dele sem trabalha, (...) fica só parado dentro de uma casa o dia inteiro a pessoa não consegue também e é isso aí, tem que estar se mexendo, tem que ter mobilidade e o trabalho ajuda muito a gente leva o dia-a-dia e nossa vida né.” (sujeito 2)

“O trabalho ajuda muito, o preso a voltar pra sociedade, deixa só trancado dentro da cela, ele só pensa em violência (...) (...) eu to numa cela que todo mundo trabalha (...) , daí de tarde cada um tem uma coisa pra conta do seu setor né? (...) Não vira monotonia, a gente conversa,sobre nossos trabalhos (...) Mas se não, chega quer dormir conversa um pouquinho e é isso aí descansar.” (sujeito 3)

EIXO: V - O SIGNIFICADO DO TRABALHO PARA OS SUJEITOS DA PEF

“Eu acho que aqui deveria se desenvolver um trabalho pra da um caminho na vida da pessoa (...) Ali se gera uma profissão, ali se gera uma pessoa, porque nem todo mundo que ta aqui ta aqui por...Ninguém Nasce mau por natureza, todo mundo é fruto da sociedade que vive. Se fosse pra castiga teríamos ainda a pena de morte, pena de martírio, chicote, fogueira, mas foi evoluindo, o homem viu que as pessoas evoluem e não ficam somente naquele calabouço. O trabalho foi desenvolvido neste sentido.ali a gente vê que há um futuro e não menosprezando as pessoas que costuram bolas, mas aqui ninguém na vida vai costurar bolas.” (sujeito 10)

EIXO: V - O SIGNIFICADO DO TRABALHO PARA OS SUJEITOS DA PEF

“Acredito que tinham que dá mais chance pra mais pessoas trabalhar, porque o empresário que quer montar uma firma acreditar mais no preso, porque tem pouco setor de trabalho aqui, tem poucas pessoas, tem que implanta mais nos setores de trabalho, ai ia ter mais pessoas pagando sua pena e evita tumulto na cadeia, porque a senhora sabe cabeça vazia.... E a pessoa estando trabalhando ela tá mais consciente, ela tá pensa mais pra frente...Isso é pra aumenta a auto estima da pessoa e se reintegrá a sociedade novamente”. (sujeito 12)

(...)”trabalho também pela remissão de pena e p ela qualificação” (sujeito 20)

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:

Se na relação homem/natureza, o homem se desenvolvia e transformava-s como ser social, e a ele pertencia a capacidade de potencializar e controlar o natural, já no modo de produção capitalista já não se reconhece em si, nos demais, e tão pouco nos produtos por ele produzidos, uma vez que o trabalho neste modo de produção não permite a emancipação humana pois o capital se apropria segundo (BATISTA, 2002) da força de trabalho de trabalhador e desta forma consegue garantir sua lógica.

Considerando que o objetivo geral deste estudo era desvelar o significado do trabalho para o ser social da Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu, pudemos compreender, através deste estudo, que o trabalho continua sendo de fundamental importância para o homem, se desdobrando possibilidade concreta do desenvolvimento da consciência, liberdade, universalidade e coletividade

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARESCONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:

Os dados da pesquisa demonstram o significado do trabalho para os presos da PEF e apontam também em outras direções. Uma delas é que o trabalho no interior da prisão não é tido como trabalho criador e propulsor de prazer em sua realização, estes sujeitos, ao contrário, o vêem inclusive como trabalho nas condições de escravo, sem proteção da lei trabalhista, com simbólica remuneração, elementos trazidos em suas falas e que devem ser levadas em conta.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES:

Deste modo, esperamos que este estudo possa contribuir, entre outras, para uma avaliação e revisão institucional no que se refere ao aspecto do significado do trabalho dentro de um sistema prisional, para uma reflexão entre o próprio corpo

técnico que intervém cotidianamente no processo de ressocialização dos sujeitos que cumprem pena no sistema

prisional. Para além do que este estudo nos possibilitou compreender, algumas questões ficam em aberto para estudos posteriores. É somente o trabalho que “ocupa a mente”? Há

outras atividades que também possibilitariam o desenvolvimento social e cultural destes sujeitos?