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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO Leonardo Capeleto de Andrade DIAGNÓSTICO DO SOLO, ÁGUA E VEGETAÇÃO DE UMA ANTIGA ÁREA DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Passo Fundo 2009

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

Leonardo Capeleto de Andrade

DIAGNÓSTICO DO SOLO, ÁGUA E VEGETAÇÃO DE UMA ANTIGA ÁREA DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS URBANOS

Passo Fundo

2009

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Leonardo Capeleto de Andrade

DIAGNÓSTICO DO SOLO, ÁGUA E VEGETAÇÃO DE UMA ANTIGA ÁREA DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS URBANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, da Universidade de Passo Fundo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental, sob a orientação da Dra. Evanisa F. R. Q. Melo.

Passo Fundo

2009

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Leonardo Capeleto de Andrade

Diagnóstico do solo, água e vegetação de uma antiga área de disposição de resíduos sólidos urbanos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, da Universidade de Passo Fundo, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental, sob a orientação da Dra. Evanisa F. R. Q. Melo.

Aprovado em 09 de dezembro de 2009.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Profª. Dra. Evanisa F. R. Q. Melo - UPF

_______________________________________________

Prof. Dr. Pedro Alexandre Varella Escosteguy – UPF

_______________________________________________

Profª. Msc. Simone Fiori - UPF

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Dedico este trabalho aos meus pais, Carmen e Paulo, e ao meu irmão, Guilherme... E a todos aqueles que lutam por fazer deste um mundo melhor.

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À professora Dra. Evanisa Fátima Reginato Quevedo Melo pela convivência, aprendizado e orientação em 4 anos de pesquisa; Ao PIBIC/CNPq, pela bolsa de pesquisa processo 103638/2008-3, entre 2008/2009; Aos demais professores do curso de Engenharia Ambiental da Universidade de Passo Fundo pelo ensinamento; Aos 8 colegas que me acompanharam nesta trajetória; Aos colegas e acadêmicos que trabalharam juntos neste grande projeto da Invernadinha: Mateus Zart Arruda, Rubens Marcon Astolfi, Eduardo Pavan Korf, Maria Elisabete Machado, Gustavo Schoenell e demais autores citados neste trabalho; À todos que direta ou indiretamente me apoiaram e incentivaram... Agradeço.

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"Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.” (Antoine Lavoisier, 1743—1794)

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RESUMO

ANDRADE, Leonardo Capeleto de. Diagnóstico do solo, água e vegetação de uma antiga área de disposição de Resíduos Sólidos Urbanos. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Ambiental) – Curso de Engenharia Ambiental, Faculdade de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo - RS, 2009.

O Aterro Invernadinha serviu das décadas de 1970 à 1990 como local de disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) do município de Passo Fundo/RS. A área localiza-se às margens da BR 285, próximo à UPF, com pouco mais de 5 hectares. Em 1991, por ação do Ministério Público, o aterro foi fechado e permitida a ocupação do local pela Fundação UPF, à fim de estudos e preservação. Este estudo teve como objetivo principal fazer o levantamento e diagnóstico da situação ambiental do Aterro Invernadinha, antigo aterro de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) do Município de Passo Fundo, RS. Os RSU são subprodutos das atividades antrópicas, compostos por diversos itens do consumo urbano. Os RSU geram uma gama de problemas ambientais quando a disposição destes resíduos é feita de modo inadequado. Atualmente a área de estudo ainda sofre as alterações provenientes deste descarte ambientalmente incorreto dos RSU, qual foi finalizado à mais de uma década. Entre os anos de 2006 e 2009 foram realizadas análises de água, solo e vegetação na Invernadinha. Realizou-se no mesmo período o monitoramento fotográfico da área, em especial da vegetação presente nos diferentes momentos, além de um ‘ensaio de lixiviação’ para fósforo. Em relação aos resultados das análises hídricas, há grande variação em diversos parâmetros. Comparando à Resolução CONAMA 357/05, os únicos parâmetros hídricos que extrapolam o limite estabelecido são o Fósforo e o pH. Quando se compara os parâmetros das duas nascentes presentes na área, nota-se que a nascente mais próxima ao Aterro apresenta valores dos parâmetros muito mais elevados se comparados à nascente mais distante dos resíduos. Teoricamente os valores das duas nascentes deveriam ser próximos, fato que não ocorre, havendo contaminações (principalmente Fósforo) apenas na nascente mais próxima do Aterro, tendo assim uma prerrogativa para confirmar a proveniência desta contaminação dos RSU, fato não confirmado ou descartado anteriormente. Quanto aos resultados das análises do solo de cobertura, o Aterro Invernadinha apresenta contaminações de Manganês, Zinco, Cromo e macronutrientes, quando comparados à áreas de controle. Em relação aos parâmetros físico-químicos do solo, há quantidades elevadas de Fósforo e Potássio em alguns pontos. Superficialmente a vegetação está seguindo a sucessão natural e sob a camada de cobertura a maior parte da matéria orgânica esta decomposta, porém, ainda há grande volume de resíduos inertes, principalmente as sacolas plásticas, sendo que estes resíduos ainda serão de longa duração na área. Considerando a vegetação presente no Aterro, já foram encontradas pelo menos 122 espécies, entre arbóreas e herbáceas, no período de 2000 a 2008, sendo cadastradas 82 espécies (arbóreas e herbáceas) em 2008. Considerando os Impactos Ambientais, alguns destes não se apresentam mais atualmente, porém a restrição do uso da área persistirá por anos, não havendo previsão de modificação, dados os riscos ainda presentes. Tendo em vista as condições do Aterro, há poucas alternativas de usos futuros sem risco à população que usufruiria deste local. Sendo assim, uma das melhores alternativas de uso futuro é relacionada à utilização da área como parque natural e/ou recreacional para a comunidade.

Palavras-chave: Invernadinha; Monitoramento Ambiental; Área Degradada.

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ABSTRACT

ANDRADE, Leonardo Capeleto de. Assessment ooil, waterand vegetation of an old Municipal Solid Waste disposal area. 2009. Conclusion Course Work (Graduation in Environmental Engineering) – Environmental Engineering Course, Faculdade de Engenharia e Arquitetura, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo - RS, 2009.

The Landfill Invernadinha served from the 1970s to 1990s as a Municipal Solid Waste (MSW) disposal area in the city of Passo Fundo/RS/Brazil. The area is located along the BR 285, near the UPF, with just over 12,6 acres. In 1991, action by brazilian Public Ministry, the landfill was closed and allowed the occupation of the site for the Fundação UPF, to study and preserve. The objective of this study was survey and environmental assessment around the Landfill Invernadinha, the old MSW landfill of Passo Fundo. The MSW are by-products of human activities, consisting of many urban consumption items. MSW generate a range of environmental problems when the disposition of it is done improperly. Currently the study area still suffers with the changes deriving from the environmentally incorrect disposal of MSW, which was finished for more than a decade. Between 2006 and 2009 were analyzed water, soil and vegetation at Invernadinha. Occcurred in the same period the photographic monitoring of the area, especially of the vegetation at different times, in addition to a 'leaching test' to phosphorus. To the results of the water, there is great variation in different parameters. Compared to the CONAMA Resolution 357/05, the only parameters that exceed the water limits are Phosphorus and pH. When comparing the parameters of the two sources present in the area, note that the source closest to the landfill presents higher parameters compared to the farthest source of the wastes. Theoretically, the values of the two sources should be close, which doesn’t occur, with contamination (especially phosphorus) only in the source closest to the landfill and therefore have a prerogative to confirm the origin of this contamination by MSW, which was not confirmed or dismissed earlier. As for the results of the analysis of layer cover, the Landfill Invernadinha is contaminated with Manganese, Zinc, Chromium and macronutrients when compared to the control areas. In relation to the physico-chemical properties, there are high amounts of phosphorus and potassium in some points. The surface vegetation is following the natural succession, and under this layer the most part of organic matter is decomposed, however, still have large volume of inert waste, especially plastic bags, and these wastes will still be long in the area. Considering the vegetation present in the Landfill, have been found at least 122 species of woody and herbaceous between 2000 and 2008, and are registered 82 species (woody and herbaceous) in 2008. Considering the Environmental Impacts, some of these doesn't exist anymore, but the restriction of the use of the area will persist for years, with no change forecast, given the risks still present. Given the conditions of the landfill, there are few alternatives for future use without risk to the population would enjoy this place. Thus, one of the best alternatives for future use is associated with the use of the area as a nature park and/or recreation for the community.

Key-words: Invernadinha; Environmental monitoring; Degraded Area.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do Aterro Invernadinha em relação à Passo Fundo. ............................19

Figura 2 - Localização do Aterro Invernadinha em relação à UPF. .........................................20

Figura 3 - Visão geral do Aterro Invernadinha, em relação à BR 285. ....................................20

Figura 4 – Criação de gado na área do Aterro Invernadinha, em 2000....................................22

Figura 5 – Visão do Aterro Invernadinha, em relação à BR 285, no ano de 2001...................23

Figura 6 – Área de Disposição Recente do Aterro Invernadinha, no ano de 1999. .................24

Figura 7 – Resíduos expostos na abertura de covas para plantio, em junho de 2006...............25

Figura 8 – Vala para análises no Aterro Invernadinha, em maio de 2009. ..............................25

Figura 9 – Vegetação pioneira no Aterro Invernadinha, no ano de 1999.................................26

Figura 10 - Sobreposição de mapa na área de estudo na foto de satélite. ................................27

Figura 11 - Localização do município de Passo Fundo / RS....................................................28

Figura 12 - Localização dos pontos analisados na Invernadinha, no ano de 2000...................38

Figura 13 - Composição média dos RSU no Aterro Invernadinha (2003). ..............................44

Figura 14 - Correlação do diâmetro e altura das “Vassourinhas”, em 2005. ...........................52

Figura 15 – Plantio de árvores nativas no Aterro Invernadinha, junho de 2006. .....................72

Figura 16 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, setembro de 2006. ................73

Figura 17 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, agosto de 2007. ....................74

Figura 18 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, agosto de 2008. ....................74

Figura 19 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, maio de 2009........................75

Figura 20 – Exemplos de “Tratment trains” – combinação de métodos de remediação. .......100

Figura 21 - Localização dos pontos de coleta das amostras de água......................................113

Figura 22 - Pontos de coleta de água (Ponto 1). .....................................................................113

Figura 23 - Localização dos pontos de coleta das amostras de solo.......................................115

Figura 24 - Pontos de coleta de solo: S1 e S3 (respectivamente)...........................................115

Figura 25 - Ensaio de lixiviação de fósforo com solo da Invernadinha, em 2009. ................118

Figura 26 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha: Lantana.........................................129

Figura 27 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha: Yucca. ..........................................130

Figura 28 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha: Azevem e Maria-Mole. ................130

Figura 29 – Árvore tombada, com resíduos expostos, em agosto de 2008. ...........................131

Figura 30 - Cobertura vegetal no Aterro Invernadinha no ano de 2008.................................142

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Habitantes de Passo Fundo nos anos de 2008, 2000, 1990, 1980 e 1970. ..............28

Tabela 2 - Análise química e microbiológica da vertente (Ponto 1) em três datas. .................30

Tabela 3 - Análise química das amostras dos Pontos 1, 2, 3 e 4, em 1999. .............................31

Tabela 4 - Análises química da água subterrânea em abril de 1999.........................................31

Tabela 5 - Caracterização do solo na Invernadinha, em diferentes profundidades, em 2000. .34

Tabela 6 - Características do solo no Horizonte B nos diferentes locais. ................................41

Tabela 7 - Análise completa do solo no Horizonte A nos diferentes locais. ............................42

Tabela 8 - Parâmetros do tecido vegetal de Vassourinhas na UPF e Invernadinha, em 2002. 43

Tabela 9 - Caracterização da água subterrânea na Invernadinha, em 2002..............................45

Tabela 10 - Caracterização da água superficial na Invernadinha, em 2002. ............................45

Tabela 11 - Teores de metais presentes em amostras de solo no ano de 2005.........................52

Tabela 12 - Valores médios de macro e micronutrientes presentes no tecido vegetal de

gramínea e Baccharis sp. do Aterro Invernadinha no ano de 2005..........................................53

Tabela 13 - Características das águas superficiais na Invernadinha, em 2006.........................54

Tabela 14 - Características das águas subterrâneas na Invernadinha, em 2006. ......................55

Tabela 15 - Análise de nutrientes no solo de recobrimento do Aterro, em 2006. ....................55

Tabela 16 - Análise de nutrientes no solo da área do Aterro Invernadinha, em 2006..............56

Tabela 17 – Metais presentes no tecido vegetal da Vassourinha, em 2006..............................58

Tabela 18 - Metais presentes no tecido vegetal do Carrapicho, em 2006. ...............................59

Tabela 19 - Análise de nutrientes e metais no solo do Aterro Invernadinha, 2005..................60

Tabela 20 - Composição do tecido vegetal e dos grãos de soja (2002/2003)...........................61

Tabela 21 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2006. ................66

Tabela 22 - Análise microbiológica de água em diversos pontos, no ano de 2006..................66

Tabela 23 - Análise microbiológica de água em diversos pontos, no ano de 2007..................67

Tabela 24 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2007. ................67

Tabela 25 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2007. ................67

Tabela 26 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2008. ................68

Tabela 27 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2008. ................68

Tabela 28 - Análise hídrica de Fósforo, Nitrogênio e pH, no ano de 2008..............................68

Tabela 29 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2008. ................69

Tabela 30 – Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008. .............................69

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Tabela 31 - Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008. ..............................70

Tabela 32 - Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008. ..............................70

Tabela 33 - Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008. ..............................71

Tabela 34 - Nutriente presentes em amostras de Capim Anoni (Eragrostis sp.), em 2007. ....71

Tabela 35 – Análise do desenvolvimento de Vassourinhas (Baccharis sp.) presentes no Aterro

Invernadinha, nos anos de 2006 e 2007....................................................................................76

Tabela 36 - Teores de metais presentes no solo do Aterro no ano de 2007. ............................77

Tabela 37 – Número e espécies arbóreas encontrados na Invernadinha, em 2008. .................79

Tabela 38 – Caracterização dos metais no solo da Invernadinha em diferentes épocas. .........82

Tabela 39 - Composição dos resíduos sólidos em São Paulo em diferentes anos....................84

Tabela 40 - Tratamentos utilizados no ensaio de lixiviação de fósforo, em 2009. ................117

Tabela 41 - Análise hídrica de uma nascente na Invernadinha, nos anos entre 1998 e 2008.119

Tabela 42 - Análise química das amostras dos Pontos 1, 2, 3 e 4, em 1999. .........................120

Tabela 43 - Características das águas superficiais na Invernadinha, em 2006.......................120

Tabela 44 - Caracterização da água subterrânea na Invernadinha, em 1999, 2002 e 2006. ...121

Tabela 45 - Análise de água em diversos pontos da Invernadinha, em 2006 e 2008. ............122

Tabela 46 - Análise de água em diversos pontos da Invernadinha, em 2008 e 2009. ............122

Tabela 47 - Análise hídrica em diversos pontos da Invernadinha, em 2008. .........................122

Tabela 48 - Análise microbiológica de água em diversos pontos, em 2006 e 2007...............123

Tabela 49 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2007. ..............123

Tabela 50 - Análise do solo em vários pontos da Invernadinha, em três épocas de 2008......125

Tabela 51 - Análise de micronutrientes, em três épocas, no ano de 2008..............................125

Tabela 52 – Análise de fósforo, potássio e enxofre no solo da Invernadinha e pontos

comparativos, em diversos anos, entre 2000 e 2006. .............................................................126

Tabela 53 - Análise do solo em diversos pontos, no ano de 2009..........................................126

Tabela 54 - Análise do solo em dois pontos distintos, no ano de 2008..................................127

Tabela 55 - Teores de metais no solo do Aterro Invernadinha em diversos anos. .................127

Tabela 56 - Teores de metais no solo da Invernadinha em vários anos. ................................128

Tabela 57 – Teores de nutrientes e metais na parte aérea de Vassourinhas provenientes do

Aterro Invernadinha, nos anos de 2002, 2005 e 2006. ...........................................................137

Tabela 58 – Teores de nutrientes e metais na parte aérea de Vassourinhas provenientes de área

não-contaminadas, nos anos de 2002 e 2006..........................................................................137

Tabela 59 – Comparativo das análises das Vassourinhas provenientes do Aterro Invernadinha

e das áreas de controle. ...........................................................................................................138

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Tabela 60 – Comparativo das análises entre diferentes espécies vegetais, no Aterro

Invernadinha e nas Áreas de Controle....................................................................................139

Tabela 61 – Análise do desenvolvimento de Vassourinhas (Baccharis sp.) presentes no Aterro

Invernadinha, nos anos de 2005, 2006 e 2007........................................................................141

Tabela 62 – Resultados do ensaio de lixiviação de fósforo, com solo da Invernadinha. .......144

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Espécies arbóreas encontradas no Aterro Invernadinha, em 1999-2000. ..............32

Quadro 2 - Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 1999-2000. ............33

Quadro 3 - Espécies arbóreas selecionadas para plantio. .........................................................36

Quadro 4 - Arbustos, trepadeiras, forrações e gramados selecionados para plantio. ...............36

Quadro 5 - Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 2004.......................47

Quadro 6 - Espécies herbáceas encontradas em comum no Aterro Invernadinha, em

1999/2002 e abri/agosto de 2004..............................................................................................49

Quadro 7 - Relação das espécies de aves encontradas no Aterro Invernadinha, em 2004.......50

Quadro 8 - Vegetação encontrada no Aterro Invernadinha, entre 2004 e 2005. ......................56

Quadro 9 - Espécies herbáceas encontrada no Aterro Invernadinha, entre 2004 e 2005. ........57

Quadro 10 - Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 2008.....................80

Quadro 11 - Presença das famílias nos diferentes anos no Aterro Invernadinha. ....................81

Quadro 12 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha, nos anos de 2000 a 2008.............132

Quadro 13 - Impactos Ambientais decorrentes da disposição inadequada de RSU no Aterro

Invernadinha. ..........................................................................................................................143

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADA: Área de Disposição Antiga

ADR: Área de Disposição Recente

BTEX: Benzeno, Tolueno, Etil-benzeno e Xileno

C/N: Relação Carbono sobre Nitrogênio

CAP: Circunferência à Altura do Peito

CEMPRE: Compromisso Empresarial para Reciclagem

CEPA: Centro de Pesquisa em Alimentação

CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente

CTC: Capacidade de Troca Catiônica

DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO: Demanda Química de Oxigênio

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FEE: Fundação de Economia e Estatística do Governo do Rio Grande do Sul

HPA: Hidrocarbonetos Poli-Aromáticos

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

LABSOLO: Laboratório de Análises de Solos

LACE: Laboratório de Controle de Efluentes

MO: Matéria Orgânica

MP: Ministério Público

NMP: Número Mais Provável

OD: Oxigênio Dissolvido

PF: Passo Fundo

PIB: Produto Interno Bruto

RAD: Recuperação de Áreas Degradadas

RS: Rio Grande do Sul

RSU: Resíduos Sólidos Urbanos

UFC: Unidades Formadoras de Colônias

UPF: Universidade de Passo Fundo

USEPA: “Agência Proteção Ambiental dos Estados Unidos”

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LISTA DE SÍMBOLOS

µ: micrômetro (1×10-6 m)

Al: Alumínio

B: Boro

Ca: Cálcio

Cd: Cádmio

CH4: Metano

Co: Cobalto

CO2: Dióxido de Carbono

Cr: Cromo

Cu: Cobre

Fe: Ferro

H: Hidrogênio

ha: hectare (10.000 m²)

Hg: Mercúrio

K: Potássio

Mg: Magnésio

Mn: Manganês

N: Nitrogênio

Na: Sódio

NH3: Amônia

Ni: Níquel

O: Oxigênio

P: Fósforo

Pb: Chumbo

S: Enxofre

Zn: Zinco

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 18

2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................... 19

2.1 Passo Fundo........................................................................................................... 27

2.2 Estudos na área do Aterro Invernadinha ............................................................... 30

2.2.1 Resultados de Cauduro (1999) ...................................................................... 30

2.2.2 Resultados de Melo (2000)............................................................................ 32

2.2.3 Resultados de Schneider et al. (2000-2003) .................................................. 37

2.2.4 Resultados de Fiori (2002) ............................................................................ 40

2.2.5 Resultados de Coronetti (2003) ..................................................................... 44

2.2.6 Resultados de Candaten (2004) ..................................................................... 47

2.2.7 Resultados de Betineli et al. (2005)............................................................... 51

2.2.8 Resultados de Machado (2005-2006) ............................................................ 53

2.2.9 Resultados de Benincá (2006) ....................................................................... 63

2.2.10 Resultados de Andrade et al. (2006-2009) .................................................. 65

2.2.11 Resultados de Korf et al. (2007).................................................................. 76

2.2.12 Resultados de Schoenell (2008) .................................................................. 78

3 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ......................................................................... 83

3.1 Geração e Composição dos RSU .......................................................................... 84

3.1.1 Fatores que influenciam a geração e composição dos RSU .......................... 85

3.2 Decomposição dos RSU........................................................................................ 86

3.2.1 Etapas da decomposição................................................................................ 86

3.2.2 Fatores que influenciam a decomposição...................................................... 87

3.3 Problemas gerados pelos RSU .............................................................................. 88

3.3.1 Lixiviado........................................................................................................ 88

3.3.1.1 Eutrofização........................................................................................ 90

3.3.2 Transporte de Contaminantes ........................................................................ 91

3.4 Disposição Final .................................................................................................... 92

4 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS.................................................... 93

4.1 Recuperação Ambiental Passiva ........................................................................... 95

4.1.1 Sucessão ecológica ........................................................................................ 96

4.1.1.1 Dispersão de sementes........................................................................ 98

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4.2 Recuperação Ambiental Ativa .............................................................................. 98

4.3 Tratament trains..................................................................................................... 99

4.4 Fitoremediação .................................................................................................... 100

4.4.1 Tipos de Fitoremediação ............................................................................. 101

4.4.1.1 Fitoextração ou Fitoacumulação....................................................... 102

4.4.1.2 Fitotransformação ou Fitodegradação .............................................. 102

4.4.1.3 Fitovolatilização ............................................................................... 103

4.4.1.4 Fitoestimulação ou Rizoremediação................................................. 104

4.4.1.5 Fitoestabilização ............................................................................... 105

4.4.2 Vantagens e Desvantagens da Fitoremediação............................................ 105

4.4.3 Contaminantes alvo da Fitoremediação....................................................... 107

4.4.4 Plantas indicadas ......................................................................................... 107

4.5 Bioremediação..................................................................................................... 108

4.5.1 Bioestimulação ............................................................................................ 110

4.5.1.1 Nutrição Microbiana......................................................................... 110

5 USO FUTURO DE ATERROS DE RESÍDUOS .................................................. 110

6 METODOLOGIA.................................................................................................... 111

6.1 Caracterização hídrica ......................................................................................... 112

6.2 Caracterização do solo ........................................................................................ 114

6.3 Análise da vegetação e monitoramento fotográfico............................................ 116

6.4 Diagnóstico dos Impactos Ambientais................................................................ 116

6.5 Ensaio de Lixiviação de Fósforo......................................................................... 117

7 RESULTADOS........................................................................................................ 118

7.1 Caracterização hídrica ......................................................................................... 119

7.2 Caracterização do solo ........................................................................................ 124

7.3 Análise da vegetação e monitoramento fotográfico............................................ 129

7.4 Diagnóstico dos Impactos Ambientais................................................................ 143

7.5 Ensaio de Lixiviação de Fósforo......................................................................... 143

8 DISCUSSÃO ............................................................................................................ 144

9 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 148

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 151

GLOSSÁRIO .............................................................................................................. 157

ANEXOS ..................................................................................................................... 160

Page 18: TCC capeleto 2009.pdf

18

1 INTRODUÇÃO

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), comumente conhecidos como lixo doméstico ou

residencial, são subprodutos das atividades antrópicas, compostos por diversos itens do

consumo urbano (CHEREMISINOFF, 2003; LIMA, 2004). Os RSU geram uma gama de

problemas ambientais quando a disposição destes resíduos é feita de modo inadequado.

A experiência mostra que poucos locais contaminados são por apenas uma substância.

Geralmente verificam-se diversos tipos de contaminantes orgânicos e inorgânicos ou misturas

destes em solos contaminados, dificultando assim a escolha de uma técnica de remediação

que possa remover o espectro de substâncias no solo contaminado (YONG, 2001).

A ciência da Recuperação Ambiental foi desenvolvida, recentemente, para buscar

formas de reduzir os impactos no ecossistema. A Recuperação pode ser definida como um

processo de restauração e gerenciamento da integridade ecológica (GEHART et al., 2004). A

recuperação ambiental dos aterros sanitários pode ser entendida como um conjunto de ações a

serem tomadas que confiram ao aterro existente condições satisfatórias de segurança,

sanitárias, de proteção ambiental e de controle. A recuperação ambiental passa por três fases

distintas, que são o Diagnóstico, o Planejamento e a Intervenção (BISORDI, apud MELO,

2000).

Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi um diagnostico ambiental da área de estudo

(Aterro Invernadinha – Passo Fundo/RS/Brasil), demonstrando a situação do local, discutindo

assim o uso futuro da área. O Diagnóstico Ambiental da área se deu pelo monitoramento de

recursos hídricos, solo e vegetação da área, juntamente com dados históricos, analisando

assim a situação do local.

A Invernadinha foi utilizada, das décadas de 70 a 90, como local de disposição dos

resíduos sólidos urbanos do Município de Passo Fundo/RS. Em 1991, o aterro foi desativado

e permitida a utilização para fins de estudo e preservação pela Universidade de Passo Fundo

(UPF). O Aterro Invernadinha situa-se nas margens da BR-285, entre o Campus da

Universidade de Passo Fundo e a Embrapa-Trigo, com área correspondente a 50.985,67 m2

(MELO, 2001).

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19

2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área conhecida como “Invernadinha” serviu oficialmente das décadas de 1970 à

1980 como local de disposição dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) do município de Passo

Fundo / RS, operando como um ‘aterro comum’ (vulgo “lixão”). As operações de disposição

de resíduos foram finalizadas no início década de 1990 (CAUDURO, 1999; MELO, 2000;

SCHNEIDER et al., 2003; CORONETTI, 2003).

Historicamente, o local do Aterro Invernadinha originou-se da abertura de uma cava de

grandes proporções, gerada pelo empréstimo de solo para a construção da rodovia BR 285

(MACHADO, 2006). Assim, a área do Aterro localiza-se às margens da BR 285, entre o

Campus I da Universidade de Passo Fundo (UPF) e a Embrapa-Trigo, com área

correspondente a 50.985,67 m² (MELO, 2000). A localização e imagens do Aterro

Invernadinha podem ser visualizadas nas Figuras 1, 2 e 3. No ANEXO A pode ser visualizado

um Mapa Planiltimétrico do Aterro Invernadinha.

Figura 1 - Localização do Aterro Invernadinha em relação à Passo Fundo. Fonte: Google Earth (2008).

Page 20: TCC capeleto 2009.pdf

20

Figura 2 - Localização do Aterro Invernadinha em relação à UPF. Fonte: Google Earth (2008).

Figura 3 - Visão geral do Aterro Invernadinha, em relação à BR 285. Fonte: Google Earth (2008).

Em 1991, por ação do Ministério Público (MP), o aterro foi desativado. A área do

Aterro foi abandonada à céu aberto, com uma massa de resíduos com altura média entre (4 e

Invernadinha

UPF

Page 21: TCC capeleto 2009.pdf

21

8) m (BENINCÁ, 2006), podendo chegar em alguns pontos em torno de 20 m de altura

(CAUDURO, 1999).

Segundo Fiori (2002, p. 14), através do Decreto nº 235/91 (datado em 21 de março de

1991), a Prefeitura Municipal de Passo Fundo (PMPF) permitiu a ocupação da área pela

Fundação Universidade de Passo Fundo, a fim de transformar em área de estudo e de

preservação, recuperando para uso futuro da comunidade. O Decreto é demonstrado no

ANEXO B.

Com a desativação do Aterro Invernadinha, a Prefeitura Municipal de Passo Fundo

passou a utilizar o novo aterro, localizado próximo à RS 324, rodovia Passo Fundo – Marau.

Este novo aterro foi operado entre 1991 e 2001 na forma de ‘aterro comum’ (“lixão”),

passando em 2001, mediante concessão, a ser operado na forma de ‘aterro controlado’

(BECK, 2005).

Apesar da desativação oficial em 1991, o Aterro Invernadinha foi formalmente

fechado no ano de 1995 (CAUDURO, 1999). Porém, mesmo com o fechamento do aterro e

finalização de todas as operações, eventualmente o local recebeu algum lixo doméstico e

restos de podas, depositados de forma clandestina, pelo menos até final de 2000

(CORONETTI, 2003; SCHNEIDER et al., 2003). Essa prática propiciou a presença

esporádica de catadores.

Devido à falta de controle e leis menos rigorosas na época, o aterro recebeu durante

seu funcionamento diferentes tipos de resíduos, sendo principalmente dispostos os RSU,

porém com presença visível de outros tipos de resíduos, dentre eles resíduos provenientes de

curtume (gerando contaminação de metais, como Cromo, pela disposição dos retalhos de

couro). Segundo Melo (informação verbal, 2009), possivelmente a maior parte do couro

presente no aterro foi disposto com o fechamento de um grande curtume de Passo Fundo no

início da década de 1990.

Schneider et al. (2003) afirmam que no ano de 2002 “ainda algumas famílias (4

residências) moravam no local, criando gado, galinhas e cachorros [...] dependendo dos

recursos hídricos locais (nascente) para consumo próprio”. Schneider et al. (2003) afirmam

que na época de 2002 “o córrego [formado pela nascente] contorna o local que recebeu os

resíduos. A várzea formada pelo córrego está separada do aterro por uma cerca de arame e

eventualmente é utilizada para pastagem de gado”. Na Figura 4 é possível visualizar a

presença de animais na área do Aterro, em 2000.

Page 22: TCC capeleto 2009.pdf

22

Figura 4 – Criação de gado na área do Aterro Invernadinha, em 2000. Fonte: Melo (2000).

Segundo Fiorese (apud Melo, relato verbal, 2009), com o fechamento do aterro e a

degradação dos resíduos, o local apresentou focos de incêndio, gerados espontaneamente, pela

liberação descontrolada dos gases da decomposição dos resíduos. Estes incêndios ocorreram

até meados de 1998. Com o crescimento de vegetação sobre os resíduos, os focos de

incêndios não foram mais vistos, porém parte da vegetação que se desenvolvia, rapidamente

secava, fato que foi explicado pela fermentação da matéria orgânica presente nos resíduos,

gerando ainda gás sob a superfície. Com o passar do tempo e o crescimento de vegetação mais

densa sobre a massa de resíduos, o local parou de apresentar, pelo menos visivelmente, a

presença de gases da decomposição.

Estudos preliminares da qualidade das águas na área de influência foram conduzidos

por Schneider no ano de 1999 (Schneider et al., 2003), seguindo monitoramento ambiental no

local desde o ano de 2001 com coordenação de professores da UPF. Segundo

Schneider;Naime;Cauduro (2000), em um período de cinco anos [à partir do fechamento do

aterro], a área se modificou substancialmente, “havendo sinais de erosão, o que foi sendo

minimizado pelas plantas, que diminuem o impacto das gotas da chuva reduzindo a

velocidade de escorrimento”. Uma imagem do Aterro no ano de 2001 pode ser visto na Figura

5.

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23

Figura 5 – Visão do Aterro Invernadinha, em relação à BR 285, no ano de 2001. Fonte: Schneider et al. (2003).

Pelo longo tempo de disposição (mais de 20 anos), o Aterro Invernadinha apresenta

pelo menos duas distintas áreas em relação aos resíduos: Área de Disposição Recente (ADR)

e Área de Disposição Antiga (ADA). Estas duas áreas se distinguem principalmente pela

degradação dos resíduos sob o solo, e pelo tipo de vegetação presente na superfície.

Segundo Melo (informação verbal, 2009); Schneider et al. (2003); Machado (2006), a

‘Área de Disposição Antiga’ (ADA) foi a área utilizada entre as décadas de 1970 e 1980. A

‘Área de Disposição Recente’ (ADR) foi a área utilizada após o fechamento oficial, até a

finalização completa do local, que se prolongou até aproximadamente o ano 2000. Uma visão

da ADR pode ser vista na Figura 6.

Page 24: TCC capeleto 2009.pdf

24

Figura 6 – Área de Disposição Recente do Aterro Invernadinha, no ano de 1999. Fonte: Melo (2000).

Segundo Melo (informação verbal, 2009); Schneider et al. (2003); Machado (2006), a

primeira cobertura de solo sobre os resíduos foi feita pela PMPF, em 1991, com o

encerramento oficial da disposição de resíduos. Acobertura foi feita com uma pequena

camada de solo (aproximadamente 20 cm) em toda área do aterro. Uma segunda cobertura de

solo ocorreu em 2000 (ou 2001), por ação do MP (juntamente com um grupo ecológico local),

na área utilizada mais recentemente (ADR). Esta segunda cobertura no Aterro foi feita com

solo retirado da “área de empréstimo” (chamado de ‘Talude’ em algumas análises), que fica

próximo à ADA. Algumas outras pequenas coberturas de solo ocorreram no local em

decorrência de estudos com plantio de espécies (como o ocorrido em torno de 2005, por

Machado).

Nas Figuras 7 e 8 pode ser vista a pequena camada de solo que cobre os resíduos,

assim como a massa de resíduos que há no local.

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25

Figura 7 – Resíduos expostos na abertura de covas para plantio, em junho de 2006.

Figura 8 – Vala para análises no Aterro Invernadinha, em maio de 2009.

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Em relação à vegetação atualmente presente no local, esta teve sua origem

naturalmente, sendo as primeiras espécies vegetais (gramíneas), aparecendo aproximadamente

a partir do ano de 1999 (Melo, informação verbal, 2009).

Na Figura 9 pode ser vista uma imagem da área no ano de 1999.

Figura 9 – Vegetação pioneira no Aterro Invernadinha, no ano de 1999. Fonte: Melo (2000).

Quanto ao entorno, próximo ao Aterro (menos de 50 m) localiza-se uma nascente, a

qual forma um pequeno riacho, que passa por dentro de uma área de banhado e

posteriormente desemboca no Rio Passo Fundo. Outra nascente localiza-se próxima a área

(cerca de 100 m do Aterro), qual forma outro riacho que passa paralelo ao da primeira

nascente, desembocando juntamente no mesmo ponto. Ao lado da área do Aterro, há a

presença de cultivo agrícola (pertencente à UPF) em uma cota topográfica superior à do

Aterro. Próximo à área, também em cota topográfica superior, ocorreram em meados de 2005

estudos de compostagem com esterco suíno. A visualização das nascentes, banhado e área

agrícola podem ser verificadas na Figura 10.

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27

Figura 10 - Sobreposição de mapa na área de estudo na foto de satélite. Fonte: Google Earth (2008); Machado (2006). Adaptado.

2.1 Passo Fundo

O município de Passo Fundo (PF) está localizado no noroeste do Rio Grande do Sul

(RS), na região denominada de Planalto Médio, entre os paralelos 28°15'S e 52°24'W e a 687

m de altitude. O clima é descrito como subtropical úmido, com chuvas bem distribuídas

durante o ano e temperatura média anual de 17°C. A localização de Passo Fundo pode ser

vista na Figura 11.

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28

Figura 11 - Localização do município de Passo Fundo / RS Fonte: Wikipédia (2009). Adapatado.

O município possui uma área territorial de 780,3 km². A estimativa de população

do IBGE no ano de 2009 é de 195 mil habitantes. Possui um PIB (2005) de 2.402.739 mil

reais e uma renda per capita (2005) de 12.968 reais (WIKIPÉDIA, 2009).

Na Tabela 1 é apresentado um histórico populacional de Passo Fundo.

Tabela 1 - Habitantes de Passo Fundo nos anos de 2008, 2000, 1990, 1980 e 1970.

Ano População Total População Urbana População Rural

2008 185.147 181.815 3.332

2000 168.458 163.764 4.694

1990 144.583 134.093 10.490

1980 121.156 105.468 15.688

1970 93.850 70.869 22.981

Fonte: Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE/RS). Estimativa da população por município e situação de domicílio Rio Grande do Sul - 2008. Porto Alegre - RS. [2008]. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_populacao_tabela_03.php?ano=2008&letra=P>. Acesso em: set. 2009.

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29

O município de Passo Fundo localiza-se em um divisor de grandes bacias hidrográficas

(do Uruguai e do Atlântico Sul), integrando as bacias hidrográficas do Alto Jacuí, Passo

Fundo, Várzea, Apaue-Inhadava e Taquari-Antas (PMPF, 2009).

O solo da região de Passo Fundo está localizado na Região Geomorfológica Planalto das Missões e Unidade Geomorfológica Planalto Santo Ângelo. O perfil pedológico regional de Passo Fundo caracteriza-se pela presença de um horizonte A de pequena espessura e um horizonte B espesso, típico da região do planalto. O horizonte C é incipiente. O solo é argiloso, descendente de rochas básicas e de arenitos finos da Formação Tupanciretã. Na região é comum a ocorrência de Latossolos Vermelhos Escuros de textura argilosa e, também de Latossolos Vermelhos Escuros de Textura média. Embora no seu estado natural estruturado o solo apresente uma moderada condição de drenagem, a camada superficial remoldada e compactada, apresenta potencial de baixa permeabilidade devido a sua composição basicamente argilosa (RADAMBRASIL, apud FIORI, 2002).

Segundo estudos realizados por Mattei (2004, apud Beck, 2005) a composição

gravimétrica dos resíduos encontrada no aterro [municipal de Passo Fundo utilizado à partir

de 2001], em percentuais médios dos componentes segregados foram:

a) matéria orgânica putrescível 11,10%;

b) papel/papelão 7,79%;

c) plástico filme 27,51%;

d) plástico rígido 4,74% ;

e) vidro 1,20%;

f) metal 2,99%;

g) inertes 30,11%;

h) outros 14,57%.

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30

2.2 Estudos na área do Aterro Invernadinha

Diversos autores já desenvolveram trabalhos de pesquisa na Invernadinha, sendo

alguns destes trabalhos, de diferentes anos, apresentados abaixo.

2.2.1 Resultados de Cauduro (1999)

Segundo Cauduro (1999), “a amostragem e análise das águas foram feitas para as

águas superficiais e do lençol freático, sendo coletadas em cinco pontos durante os meses de

dezembro de 1998 e abril de 1999”.

A localização dos pontos foi determinada por Cauduro (1999) como:

a) Ponto 1 – vertente situada do lado norte do aterro, que abastece a população local;

b) Ponto 2 – água do córrego a aproximadamente 100 m da fonte, já situada do lado

oeste do aterro, a aproximadamente 10 m do mesmo;

c) Ponto 3 – água do córrego a 50m do ponto 2 em direção a BR 285, do lado oeste do

aterro;

d) Ponto 4 – água do córrego situado junto a saída do bueiro que atravessa a BR 285;

e) Ponto 5 – água do lençol freático localizado do lado oeste do aterro, situado entre o

aterro e o ponto 2 do córrego acima referido, distando aproximadamente 5 m do

aterro e 12 m do córrego.

Nas Tabelas 2 à 4 estão resumidas as análises químicas e microbiológicas efetuadas

por Cauduro nas águas superficiais e subterrâneas, no ano de 1999 na Invernadinha.

Tabela 2 - Análise química e microbiológica da vertente (Ponto 1) em três datas.

(continua) Parâmetros 15/12/98 (1) 22/01/99 (1) 02/03/99 (1)

pH 5,21 2,28 5,24 Sódio (mg/L) 0,7 0,6 0,5 Potássio (mg/L) 1,3 1,4 1,2 Nitritos (µg/L) N.D. N.D. N.D. Nitrato (mg/L) 0,85 0,1 0,23

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Análise química e microbiológica da vertente (Ponto 1) em três datas.

(conclusão) Parâmetros 15/12/98 (1) 22/01/99 (1) 02/03/99 (1)

Coliformes totais (NMP/ml) < 3 < 3 < 3 Coliformes fecais (NMP/ml) < 3 < 3 < 3 Coliformes padrão (UFC/ml) 2,5x10² 2,0x10² 1,5x10² Fonte: Cauduro (1999, p. 22).

Notas: A tabela original foi adaptada, possuindo mais parâmetros originalmente. N.D. – Não detectado pelo método.

(1) Ponto 1 – Vertente situada do lado norte do aterro, que abastece a população local.

Tabela 3 - Análise química das amostras dos Pontos 1, 2, 3 e 4, em 1999.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Ponto 4 (4) DQO (mg/L O2) 4 8 11 11 DBO5 (mg/L O2) 1 5 5,5 5,5 Sólidos Totais (mg/L) 42 65 69 239 pH 5,51 6,90 7,05 6,45 Fósforo total (mg/L) N.D. 0,03 0,09 N.D. Nitrogênio (mg/L) 0,05 0,16 0,10 0,16 Fonte: Cauduro (1999, p. 24).

Notas: A tabela original foi adaptada, possuindo mais parâmetros originalmente. N.D. – Não detectado pelo método. A coleta das amostras ocorreu em 02/03/99.

(1) Ponto 1 – Vertente situada do lado norte do aterro, que abastece a população local. (2) Ponto 2 – Córrego, à aproximadamente 100 m da fonte (Ponto 1). (3) Ponto 3 – Córrego, à 50m do Ponto 2. (4) Ponto 4 – Córrego situado junto a saída do bueiro que atravessa a BR 285.

Tabela 4 - Análises química da água subterrânea em abril de 1999.

Parâmetros Ponto 5 (5) DQO (mg/L O2) 71 DBO5 (mg/L O2) 2,6 pH 6,38 Fósforo total (mg/L) N.D. Nitrogênio (mg/L) 3,31 Coliformes totais (NMP/ml) 4,5x10² Coliformes fecais (NMP/ml) 3,0x10² Coliformes padrão (UFC/ml) 1,0x10² Potássio (mg/L) 25,1 Nitrato (mg/L) 2,7

Fonte: Cauduro (1999, p. 25).

Notas: A tabela original foi Adaptada, possuindo mais parâmetros originalmente. N.D. – Não detectado pelo método. A coleta das amostras ocorreu em 27/04/99.

(5) Ponto 5 – Lençol freático; ponto localizado do lado oeste do aterro.

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32

Como conclusões, Cauduro (1999) cita que:

a) O aterro apresenta uma área de 28.250,00 m² e profundidade de 20 m de resíduos;

b) A água da fonte próxima ao local aterro apresenta-se potável para consumo

humano 1;

c) A água do córrego situado a jusante do aterro (Pontos 2 e 3) e não apresenta-se

contaminada;

d) A água do lençol freático (Ponto 5) apresenta-se contaminada;

e) A baixa contaminação dos recursos hídricos próximos ao aterro deve-se a baixa

permeabilidade do solo local.

2.2.2 Resultados de Melo (2000)

No ano de 2000, Melo, após caracterização da área, gerou um projeto de uso futuro

para o Aterro Invernadinha. Segundo Melo (2000), no levantamento planialtimétrico verifica-

se que a cota do terreno mais alta é 675,70 m e a mais baixa 2.135,83 ft. O levantamento

botânico das espécies que aparecem na área encontra-se nos Quadros 1 e 2.

Melo (2000) observa que a família compositae é a de maior ocorrência com mais de

50% das espécies, seguida da família graminae. Entre as espécies de maior ocorrência

destacam-se: Vassourinha (Baccharis sp.), Mamona (Ricinus communis) e Cinamomo (Melia

azedarach).

Quadro 1 - Espécies arbóreas encontradas no Aterro Invernadinha, em 1999-2000.

(continua) Família Nome Científico Nome Vulgar

Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Aroiera vermelha Boraginaceae Patagonula americana Guajuvira Caricaceae Jacaratia spinosa Mamão do mato Euphorbiaceae Sapium glandulatum Leiteiro Euphorbiaceae Sebastiana commersoniana Branquilho Fabaceae Myrocarpus frondosus Cabreúva

Flacourtiaceae Casearia sylvestris Chá de bugre Lauraceae Ocotea puberula Canela guaicá Leguminosae Cassia sp. Cassia Meliaceae Melia azedarach Cinamomo

Podocarpaceae Podocarpus lambertii Pinheiro bravo

1 Segundo padrões da época (1999) e em relação às análises do mesmo ano.

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33

Espécies arbóreas encontradas no Aterro Invernadinha, em 1999-2000.

(conclusão) Família Nome Científico Nome Vulgar Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Mamica de cadela Sapindaceae Cupania vernalis Camboatá vermelho Sapindaceae Allophylus edulis Chal-chal Solanaceae Solanum erianthum Fumo bravo Tiliaceae Luehea divaricata Açoita cavalo

Fonte: Melo (2000).

Quadro 2 - Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 1999-2000.

Família Nome Científico Nome Vulgar Bromeliaceae Bromelia anthiacantha Gravatá, caraguatá Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides Erva de santa maria Commelinaceae Commelina virginica Trapoeraba, rabo de cachorro Compositae Acanthospermum austale Carrapichinho, carrapicho rasteiro Compositae Artemisia verlotorum Losna, artemija Compositae Baccharis sp. Carqueja Compositae Baccharis sp. Vassoura Compositae Bidens pilosa Picão preto, picão Compositae Chaptalia nutans Língua de vaca Compositae Emilia sonchifolia Falsa serralha, serralinha Compositae Erechtites hieracifolia Caruru amargoso, erva gorda Compositae Erigeron bonariensis Buva, margaridinha do campo Compositae Gomochaeta spicata Macela, meloso Compositae Senecio brasiliensis Maria mole, vassoura mole Compositae Sonchus oleraceus Serralha Compositae Taraxacum officinale Dente de leão, amargosa Convolvulaceae Ipomea sp. Campainha, corda de viola Cruciferae Raphanus raphanistrum Nabo, nabiça Cyperaceae Cyperus ferax Junquinho Cyperaceae Cyperus rotundus Tiririca Euphorbiaceae Ricinus communis Mamona Gramineae Brachiaria plantaginea Papuã, capim marmelada Gramineae Cenchrus echinatus Capim carrapicho, capim amoroso Gramineae Cynodon dactylon Grama seda, capim de burro Gramineae Eleusine indica Capim pé de galinha Gramineae Lolium multiflorum Azevém Gramineae Paspalum sp. Grama forquilha Gramineae Pennisetum clandestinum Capim quicuio, kikuyo Labiatae Leonurus sibiricus Rubim, erva macaé, chá de frade

Leguminosae Vicia sativa Ervilhaca, vica Malvaceae Sida glaziovii Guanxuma branca Malvaceae Sida rhombifolia Guanxuma

Plantaginaceae Plantago sp. Tanchagem Polygonaceae Rumex obtusifolius Língua de vaca Solanaceae Solanum americanum Maria pretinha, erva moura Solanaceae Solanum sisymbriifolium Joá bravo, joá

Fonte: Melo (2000).

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34

As plantas apresentam desenvolvimento satisfatório, porém seria necessária uma

análise foliar dos macro e micronutrientes, para verificar se está ocorrendo maior absorção de

algum elemento, em função da degradação deste solo pelos RSU depositados por mais de três

décadas (MELO, 2000).

As características físicas e químicas do solo e abaixo dos resíduos encontram-se na

Tabela 5. Segundo Melo (2000), os resultados das análises químicas do solo e abaixo dos

resíduos, demonstram alterações nos valores de potásio, manganês, zinco e cobre. No Ponto 2,

que é uma região mais úmida, o pH apresentou-se mais alto, próximo aos RSU. O solo é um

Latossolo Vermelho Distrófico típico (LE), com 55 % de argila (MELO, 2000).

Tabela 5 - Caracterização do solo na Invernadinha, em diferentes profundidades, em 2000.

Solo cobertura

Solo abaixo dos resíduos Parâmetros

LE LE Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3 Profundidade (cm) p1 p2 p3 p4 p5 p3 p4 p5 p3 p4 p5 pH 5,3 5,2 4,8 4,7 5,0 6,2 6,5 4,9 5,1 5,3 5,9 MO (%) 2,2 0,9 <0,8 <0,8 <0,8 <0,8 <0,8 <0,8 <0,8 <0,8 <0,8 P (mg/L) 2 2 3 2 3 3 3 3 7 8 10 K (mg/L) 25 17 163 49 143 >199 >199 175 17 87 143 Al (Cmolc/L) 1,7 2,2 4,7 0,8 1,6 0,0 0,0 1,5 12,7 9,0 2,0 Ca (Cmolc/L) 2,5 1,5 1,2 0,9 0,9 0,8 0,4 0,9 5,1 4,1 4,6 Mg (Cmolc/L) 1,2 0,6 2,2 1,5 1,3 0,8 0,3 1,2 8,0 5,7 4,9 S (mg/L) 21 50 11 7 50 50 50 17 7 7 7 B (mg/L) 0,5 0,2 0,2 0,2 0,2 0,4 0,4 0,2 0,2 0,2 0,2 Mn (mg/L) 17 8 367 261 142 19 24 169 280 49 18 Zn (mg/L) 0,9 0,3 0,5 1,3 1,3 3,3 9,6 6,6 7,4 4,9 5,4 Cu (mg/L) 2,3 1,1 0,9 2,8 1,0 4,8 6,6 7,2 2,3 1,3 0,9 Fonte: Melo (2000).

Notas: A tabela original foi adaptada. O autor não especifica a localização exata dos Pontos. As profundidades de análise estão especificadas abaixo.

(1) Profundidade 1 (p1) = 0-30 cm. (2) Profundidade 2 (p2) = 30-80 cm. (3) Profundidade 3 (p3) = 0-20 cm. (4) Profundidade 4 (p4) = 100-120 cm. (5) Profundidade 5 (p5) = 200-220 cm.

O assoreamento e obstrução de curso d’água superficiais no local é pequeno. A vegetação aparece em quase toda a área, mas há sinais de erosão, o que vem sendo minimizado pelas plantas, que diminuem o impacto das gotas da chuva reduzindo a velocidade de escorrimento. Verifica-se que a geração de gases está estabilizada, pois não são percebidos odores na atmosfera e o desenvolvimento das plantas herbáceas está ocorrendo, o que anteriormente não era comum, pois iniciavam o

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desenvolvimento e morriam. Apesar da já bastante reduzida a geração de gases, é fundamental a colocação de drenos para exaustão dos gases por ocasião da cobertura da área. Em relação aos líquidos percolados, não se verifica afloramento de chorume. As águas superficiais, de modo geral, apresentam boa qualidade. O confinamento da pluma de contaminação bem como a preservação da qualidade das águas superficiais são decorrentes da baixa permeabilidade do solo local que tem coeficiente de permeabilidade entre 10-7 a 10-8 cm/s pelo caráter argiloso do solo (MELO, 2000).

Em relação ao ‘Plano de Recuperação da área degradada’, Melo (2000) ressalta que:

Inicialmente será necessário o reafeiçoamento do terreno, enterrando ou retirando todo a massa de resíduos que por ventura ainda se encontre na superfície da área de disposição dos RSU. Serão transportados de uma área adjacente o horizonte B e horizonte A de forma a constituir artificialmente um solo, para plantio das espécies florestais e obras de arte. O volume de solo a ser transportado será determinado em função do levantamento da área, sendo de no mínimo 30 cm para o horizonte B e 20 cm para o horizonte A. O recobrimento final da área do lixão foi proposto utilizando solo argiloso com uma camada de 50 cm. O sistema de revegetação a ser utilizado será o de implantação pois a área foi fortemente perturbada, sendo necessário a reintrodução de todas as espécies, sendo um sistema complexo. A área foi dividida em módulos de forma a facilitar a implantação e criar diferentes ambientes no parque. As atividades prioritárias a serem executadas na recuperação da área degradada serão o isolamento da área, cercando a mesma e retirando os fatores de degradação, que no caso do projeto é a disposição clandestina de lixo e os animais.

Nos Quadros 3 e 4 relacionam-se as espécies vegetais que foram selecionadas levando-

se em consideração as características morfológicas, hábito de crescimento, composição

florística e exigência em fertilidade do solo.

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Quadro 3 - Espécies arbóreas selecionadas para plantio.

Fonte: Melo (2000).

Quadro 4 - Arbustos, trepadeiras, forrações e gramados selecionados para plantio.

Nome popular Nome Científico Hibiscus, mimo de vênus Hibiscus rosa-sinensis Manacá de jardim Brunfelsia uniflora Lantana Lantana camara Primavera ou três marias Bounginvillea spectabilis Cipó de São João Pyrostegia venusta Hera Hedera helix Lírio Hemerocallis sp. Copo de leite Zantedeschia aeothipica Funcionária pública Gazania ringens Gerânio Pelargonium zonale Cravo de defunto Tagetes patula Alegria de jardim Salvia splendens Grama sempre verde Axonopus sp. Grama seda Cynodon dactylon

Fonte: Melo (2000).

Segundo Melo (2000), “a limpeza da área deverá ser realizada por ocasião do plantio,

preservando as espécies florestais de valor paisagístico encontradas na área”. Deverá também

se fazer o controle de formigas antes e depois do plantio.

Nome popular Nome científico Açoita cavalo Luehea divaricata

Butiá Butia eriospatha Camboatá Matayaba elaeagnoides Canafístula Peltophorum dubium Canela guaicá Ocotea puberula Capororoca Rapanea ferruginea Caroba Jacaranda micrantha Erva-mate Llex paraguariensis Gerivá Arecastrum rommanziofianum

Ingá-feijão Inga marginata Ipê amarelo Tabebuia alba Ipê Roxo Tabebuia avellanedae Pata de vaca Bauhinia candicans

Pessegueiro-brabo Prunos sellowii Quaresmeira Tibouchinia sellowiana Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides Tipuana Tipuana tipu Timbauva Enterolobium contortisiliquum Umbu Phytolacca dioica

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Melo (2000) também ressalta a necessidade de cuidado na abertura das covas no

módulo das nativas heterogêneas, quais “deverão ser abertas em espaçamentos, considerado o

diâmetro da copa”.

Em relação ao solo, Melo (2000) recomenda a “correção do pH e fertilização mineral

nas covas de plantio utilizando adubação orgânica e adubação química de acordo com a

recomendação baseada na análise de solo”.

À medida que o Parque for implantado e se desenvolvendo as plantas, deverão construídas trilhas educativas com mensagens sobre a valorização da natureza e os recipientes para o lixo serão de caráter educativo com motivos relacionados ao meio ambiente e separação do lixo seco e úmido. Na região onde se encontra a maior profundidade de lixo depositado serão construídas quadras esportivas, pistas para atletismo, ciclovia, pista de caminhada e estacionamento para veículos. Os detalhes dos jardins nestas áreas serão determinados após o projeto de drenagem dos gases. Na área destinada a administração será composta por vestiários, banheiros, restaurante, sala de exposição e escritório, com projeto detalhado de infra-estrutura e saneamento ambiental do futuro parque, o que será executada por profissionais da área de engenharia. Em relação a drenagem de gases e drenagem pluvial será realizado projeto por engenheiros especialistas no assunto (MELO, 2000).

Como conclusão, Melo (2000) ressalta que “o local onde foi o antigo depósito de RSU

de Passo Fundo está em processo de recomposição”, apresentando vegetação herbácea,

predominantemente da família compositae. Esta área, abandonada a céu aberto, com uma

pequena cobertura de solo, em um período de quatro anos, já se modificou substancialmente.

Observou-se a ausência de odores, a redução da geração de gases, bem como o

desenvolvimento da vegetação em alguns locais, podendo ser considerados como indicativos

de que a área pode ser recuperada.

2.2.3 Resultados de Schneider et al. (2000-2003)

O trabalho desenvolvido por Schneider;Naime;Cauduro (2000) e Schneider et al.

(2003) teve como objetivo caracterizar a qualidade das águas sob a influência do Aterro

Invernadinha. Foram investigadas a extensão e profundidade do aterro, bem como a análise da

qualidade da água em uma fonte próxima, do córrego situado à jusante do aterro e da água do

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lençol freático. Adicionalmente, foram efetuados estudos para averiguar a permeabilidade do

solo local, assim como sobre a cobertura vegetal do Aterro.

Segundo Schneider;Naime;Cauduro (2000), o monitoramento da área tem sido

realizado desde janeiro de 1999, porém as análises de água apresentadas foram efetuadas em

amostras coletadas em agosto de 2000. A Figura 12 apresenta um croqui com os pontos de

coleta: vertente (P1), córrego (P2 e P3) e dois poços de observação com 1,0 m de

profundidade (S1 e S2).

Nos poços foram realizadas as seguintes análises: sólidos sedimentáveis, sólidos

suspensos, sólidos totais, turbidez, pH, condutividade, DQO, nitrogênio, fósforo, cloretos,

nitratos, dureza total, sódio, potássio, ferro, manganês, cobre, zinco, cromo, coliformes fecais,

coliformes totais e contagem microbiana total (SCHNEIDER;NAIME;CAUDURO, 2000).

Figura 12 - Localização dos pontos analisados na Invernadinha, no ano de 2000. Fonte: Cauduro (1999, apud Schneider;Naime;Cauduro, 2000).

Segundo Schneider;Naime;Cauduro (2000), “em relação aos líquidos percolados, não

se verifica afloramento de chorume. A água da vertente brota de forma perene e está

parcialmente protegida por mata ciliar”. Segundo os mesmo autores, “a vazão do córrego (P3)

varia de (2 à 10) L/s, dependendo a época do ano”.

Pode-se observar que a água da vertente é de boa qualidade e que há uma baixa contaminação das águas superficiais. O pequeno aumento na carga orgânica, teor de sólidos e microrganismos é decorrente de processos normais de interação da água superficial com o solo e a biota local. A água do lençol freático apresentou-se contaminada, com alterações nos valores de eletrólitos, sólidos, carga orgânica,

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nitrogênio e bactérias do grupo coliforme. Essas alterações são claramente decorrentes da infiltração do chorume no lençol freático próximo ao aterro (SCHNEIDER;NAIME;CAUDURO, 2000).

Segundo Schneider;Naime;Cauduro (2000), diante da baixa contaminação das águas

superficiais, foram feitos 2 ensaios in-situ de permeabilidade do solo. “Em ambos, mesmo

com uma carga piezométrica de 2 metros, a vazão de água foi nula no ensaio, demonstrando o

caráter impermeável do solo local”.

Deve-se acrescentar que a baixa contaminação das águas superficiais, atualmente, pode ser devido a baixa geração de chorume no atual estágio do aterro. A área foi desativada em 1995 e os contaminantes sujeitos as águas pluviais provavelmente já foram lixiviados em anos anteriores (SCHNEIDER;NAIME;CAUDURO, 2000).

As amostras de água coletadas nos piezômetro instalados à jusante do aterro

apresentam alterações significativas em termos de sólidos, íons dissolvidos, carga orgânica,

nitrogênio e bactérias, com valores bastante semelhantes aos obtidos no ano de 1999.

Esses resultados mostram o comprometimento da água do lençol freático pelos RSU. Pode-se observar que no piezômetro 2 (P2), o situado mais próximo aos resíduos, apresenta um elevado teor de nitrato (média de 6 mg/L) e uma alta condutividade. Conforme explicitado também no trabalho anterior, o solo próximo ao aterro apresenta uma baixa permeabilidade, o que dificulta a dispersão dos poluentes no solo (SCHNEIDER et al., 2003).

Amostragens realizadas por Schneider;Naime;Cauduro no ano de 1999 indicavam que

a água da nascente era potável e ausente de contaminação por matéria fecal. Segundo

Schneider et al. (2003), em 2002 foi possível observar a presença de bactérias do grupo

coliforme. Essa perda de qualidade da água pode ser explicada pela falta de cuidado da

população, que tem permitido a presença de animais domésticos próximo ao local. Nos

córregos 1 e 2 (P2 e P3) reparou-se que há um aumento na carga orgânica, teor de sólidos e

microrganismos, provavelmente devido dos processos normais de interação da água

superficial como o solo e biota local do que com líquidos percolados pelo aterro. De modo

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geral, a água do córrego 2 (P3), situado um pouco mais distante do aterro, parece apresentar

uma melhor qualidade.

Em relação à cobertura vegetal, a vegetação herbácea aparece em quase toda a área,

predominantemente da família compositae e gramineae, e algumas espécies como Xanthium

cavanillesii (Carrapicho bravo), Aeschynomene sp. (Maricá), Ricinus communis (Mamona),

entre outras (MELO;SCHNEIDER, apud SCHNEIDER et al, 2003). Chama a atenção a

grande quantidade de carrapicho bravo que cresce no verão, impedindo totalmente o acesso de

pessoas e animais de grande porte no local (SCHNEIDER et al, 2003).

Como conclusões do trabalho, Schneider;Naime;Cauduro (2000) afirmam que os

resíduos no local foram dispostos inadequadamente durante décadas, sem qualquer cuidado

com o impacto que poderia causar ao meio ambiente. O depósito poderia ter causado grave

problema de contaminação nas águas do Rio Passo Fundo, que abastece grande parte da

população local. Constata-se que a camada de solo entre os resíduos e o córrego é

impermeável, fato que impediu a percolação do chorume e a contaminação das águas

superficiais. Segundo Schneider et al. (2003), os resultados demonstram que houve uma perda

da qualidade da água quando comparado com os dados coletados do ano de 1999 pelo mesmo

autor.

Segundo Schneider et al. (2003), os resultados demonstram que as águas superficiais

estão com uma qualidade compatível com a Classe 2, segundo a Resolução CONAMA n°

20/86.2

“As águas superficiais do Aterro Invernadinha não estão contaminadas pelos líquidos

percolados do aterro” e apresentariam uma boa qualidade, se não fosse pela contaminação por

matéria fecal devido à presença de animais na área (SCHNEIDER et al., 2003).

2.2.4 Resultados de Fiori (2002)

Para comparar os dados obtidos nas áreas degradadas, Fiori (2002) analisou duas áreas

preservadas, uma no Campus I da UPF e outra na Reserva Ambiental Arlindo Haas (próxima

à Invernadinha), para servir de controle nos estudos.

Para caracterizar as áreas pesquisadas, analisaram-se amostras de solo em dois pontos

de cada área. Em cada ponto foram coletadas amostras do Horizonte A e do Horizonte B.

2 A Resolução CONAMA n° 20/86 foi posteriormente revogada pela Resolução CONAMA n° 357/05.

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Foram coletadas amostras de solo no horizonte A (camada superficial de solo existente

sobre o lixo), à aproximadamente 40 cm de profundidade, com ajuda de uma pá de corte.

Segundo Fiori (2002, p. 15), “na área do lixo foi difícil coletar amostra de solo, pois havia uma quantidade pequena de solo em relação à quantidade de lixo urbano. Foi preciso coletar uma quantidade maior de material para que depois de peneirado tivesse solo suficiente para análise”.

A Tabela 6 resume os resultados de Fiori (2002) das amostras dos solos no Horizonte

B, nos diferentes locais de estudo.

Tabela 6 - Características do solo no Horizonte B nos diferentes locais.

Parâmetro UPF (1) Invernadinha (2)

Argila (%) 60 21,02

Silte (%) 35 21,53

Areia fina (%) 5 41,59

LL (%) 57 28,75

LP (%) 26 44,6

IP (%) 30,1 15,85

Permeabilidade (cm/s) 3,6x10-6 4,05x10-2

Peso específico (KN/m³) 27 26,25

Fonte: Fiori (2002, p. 17)

Notas: A tabela apresentada por FIORI (2002) possui dados de diferentes autores. A tabela originalmente apresenta possui dados de outra área (AABB) que foi estudada juntamente com a Invernadinha. LL = Limite de Liquidez. LP = Limite de Plasticidade. IP = Índice de Plasticidade (LL – LP).

(1) Os dados da UPF foram apresentados originalmente por Fiori (2002). (2) Os dados da Invernadinha foram apresentados originalmente por Rambo (1999, apud Fiori, 2002).

A Tabela 7 resume os resultados de Fiori (2002) das amostras dos solos no Horizonte

A, nos diferentes locais de estudo.

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Tabela 7 - Análise completa do solo no Horizonte A nos diferentes locais.

Local de Coleta UPF Aterro Invernadinha Análise Arlindo

Hass Ponto 1 Ponto 2 Ponto 1 Ponto 2 pH (água) 6,0 5,5 4,7 5,3 7,2 P(mg/L) 2,9 6,5 1,6 115,0 66,0 K(mg/L) 70,0 137,0 59,0 227,0 356,0 MO(%) 5,1 3,6 2,9 6,4 5,2 Al (cmol/L) - - 2,8 0,2 - Ca (cmol/L) 7,3 4,4 1,1 11,7 14,0 Mg (cmol/L) 3,3 2,6 0,5 2,2 2,4 S (mg/L) 8,8 11,0 11,0 14,0 13,0 Zn (mg/L) 7,6 1,3 0,5 87,0 90,0 Cu (mg/L) 1,5 1,8 2,2 25,0 3,2 B (mg/L) 1,0 1,0 0,6 0,7 0,6 Mn (mg/L) 1,0 17,0 23,0 20,0 3,0 Pb (mg/kg) 24 17,0 12,0 166,0 154,0 Cd (mg/kg) <1 <1 <1 <1 <1 Cr (mg/kg) 47 68,0 56,0 1774,0 342,0 Ni (mg/kg) <2 32,0 21,0 58,0 37,0 Hg (mg/kg) 0,05 0,01 <0,01 0,54 2,3 Fonte: Fiori (2002 p. 18).

Notas: A tabela originalmente apresentada por FIORI (2002) possui dados de outra área (AABB) que foi estudada juntamente com a Invernadinha. O autor não especifica os locais exatos dos chamados Ponto 1 e Ponto 2, dos diferentes locais.

Os resultados das análises no solo do “Horizonte A” demonstram que a área do Aterro

Invernadinha apresenta teores de metais pesados bem mais elevados que nas outras áreas.

O nível de chumbo, cromo, níquel, cobre e mercúrio é muito superior em relação as outras áreas. Observa-se que a quantidade de cromo no Ponto 1 do lixão [Invernadinha] é cinco vezes maior que no Ponto 2, isso ocorre provavelmente pela quantidade de restos de couro depositado nesse local. A quantidade de mercúrio encontrada no ponto 2 do lixo é 46 vezes maior que na reserva Arlindo Haas, e a quantidade de chumbo encontrada é 10 vezes maior que na área da UPF (FIORI, 2002).

O levantamento botânico foi realizado catalogando-se as espécies herbáceas e

florestais existentes na área.

Segundo Fiori (2002, p. 20), em relação às espécies mais freqüentes no Aterro

Invernadinha, as espécies que se destacam são: Vassourinha (Baccharis dracunculifolia),

Maria mole (Senecio Brasiliensis), Corda-de-viola (Ipomoea sp.), Capim-annoni (Eragrostis

plana), Grama-seda (Cynodon dactylon), Mamona (Ricinus communis L.), Macela

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(Gomochaeta spicata), Picão preto (Bidens pilosa), Carrapicho bravo (Xanthium cavanillesii

Schouw), Capim carrapicho (Cenchrus echintus), Língua de vaca (Rumex obtusifolius),

Tiririca (Ciperus rotundus) e Maricazinho (Aeschynomene sp.).

A espécie herbácea nativa Baccharis sp. (“Vassourinha”) foi coletada nas três áreas. A biomassa das plantas foi coletada em dois subsetores. Em cada amostra foi separada a raiz do restante da planta. Os parâmetros dos tecidos vegetais foram analisados no Laboratório de Análise da UFRGS (FIORI, 2002, p. 16).

A análise de metais nos tecidos vegetais da planta “Vassourinha” é apresentada da

Tabela 8.

Tabela 8 - Parâmetros do tecido vegetal de Vassourinhas na UPF e Invernadinha, em 2002.

Local de Coleta UPF Aterro Invernadinha

Raiz Parte Aérea Raiz Parte Aérea Análise

P1 P2 P1 P2 P1 P2 P1 P2 N (%) 0,37 0,26 1,0 0,92 0,8 1,6 2,0 1,2 P total (%) 0,09 0,04 0,15 0,08 0,12 0,10 0,19 0,18 K total (%) 1,4 1,3 1,8 1,5 1,4 1,6 2,4 2,5 Ca total (%) 0,28 0,26 0,41 0,48 0,34 0,37 0,65 0,57 Mg total (%) 0,08 0,1 0,16 0,15 0,12 0,06 0,19 0,13 S total (%) 0,07 0,09 0,11 0,12 0,12 0,08 0,15 0,12 Cu total (mg/kg) 11,0 14,0 9,0 9,0 25,0 13,0 12,0 10,0 Zn total (mg/kg) 17,0 19,0 30,0 34,0 105 46,0 135 89,0 Fe total (mg/kg) 759,0 0,17 308,0 262 810 816 147 152 Mn (mg/L) 33,0 55,0 42,0 65,0 43,0 13,0 90,0 17,0 Na total (mg/kg) 28,0 54,0 14,0 21,0 356 90,0 39,0 28,0 B total (mg/kg) 19,0 17,0 30,0 34,0 17,0 25,0 39,0 41,0 Pb (mg/kg) 3 4 <3 <3 8 4 <3 <3 Cd (mg/kg) <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 Cr (mg/kg) 8 8 2 <1 41 8 8 <1 Ni (mg/kg) 5 5 2 <1 4 3 3 <1 Hg (mg/kg) 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,01 0,01 0,01 Fonte: Fiori (2002, pág. 21).

Notas: A tabela originalmente apresentada por FIORI (2002) possui dados de outra área (AABB) que foi estudada juntamente com a Invernadinha. O autor não especifica os locais exatos dos chamados P1 e P2, dos diferentes locais.

Pode-se observar um aumento no teor de zinco e de cromo nas amostras vegetais coletadas na área do Aterro Invernadinha, demonstrando que a planta está absorvendo estes metais que estão em maior concentração no solo (FIORI, 2002).

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2.2.5 Resultados de Coronetti (2003)

No trabalho desenvolvido por Coronetti (2003) foi feita uma análise da composição

dos resíduos no Aterro Invernadinha. A quantificação dos resíduos foi feita com a escavação

de 1 m³ de resíduos, separando os materiais principais, pesando e determinar a porcentagem

de cada material. A composição pode ser observada na Figura 13.

Figura 13 - Composição média dos RSU no Aterro Invernadinha (2003). Fonte: Coronetti (2003).

Visualiza-se a predominância de plástico e matéria orgânica, assim como a significante presença de metais, vidros, couro, borracha e têxteis. Por ser um aterro antigo, observa-se que na sua composição não apresenta papel/ papelão, pois o mesmo é um material biodegradável (CORONETTI, 2003).

Pode-se observar que, o solo no Aterro, quando comparado com o de uma área

preservada (Reserva Arlindo Haas), apresenta alterações nas concentrações dos metais

pesados Zn, Cu, Pb, Cr, Ni e Hg (CORONETTI, 2003).

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O monitoramento das águas superficiais ocorreu em uma vertente e em dois córregos

situados a jusante do aterro. As águas subterrâneas foram monitoradas por piezômetros

instalados no local. As Tabelas 9 e 10 apresentam a caracterização das águas subterrâneas e

superficiais na área de estudo.

Tabela 9 - Caracterização da água subterrânea na Invernadinha, em 2002.

Piezômetro 1 Piezômetro 2 Piezômetro 3 Parâmetro 31/07 20/08 31/07 20/08 31/07 20/08

Sólidos totais (mg/L) 670 390 640 730 490 420 pH 6,66 6,98 7,16 7,34 7,01 7,01 DQO (mg/L O2) 88 31 14,6 44 80 7,7 DBO5 (mg/L O2) 32,5 15 7,5 20 30 5 Fósforo total (mg/L) 0,31 N.D. 0,06 N.D. N.D. N.D. Nitrogênio total (mg/L) 1,28 0,74 0,64 1,49 1,07 0,85 Nitrato (mg/L) 0,98 0,71 6,18 6,07 0,95 0,58 Sódio (mg/L) 0,5 28 52,2 58,4 59,1 65,6 Potássio (mg/L) 0,5 18,2 18,2 18,2 6,5 7,6 OD (mg/L) 0,0 0,0 2,6 1,96 1,4 0,98 Ferro (mg/L) 47,52 20,57 0,47 0,13 10,1 4,44 Manganês (mg/L) 10,68 6,43 0,69 0,83 6,05 3,76 Cobre (mg/L) 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Zinco (mg/L) 0,02 0,01 0,0 0,0 0,04 0,01 Coliformes fecais (NMP/mL) 200 20 400 20 200 20 Coliformes totais (NMP/mL) 200 80 800 800 400 40 Contagem padrão (UFC/mL) 1,8x10³ 1,8x104 3,1x10³ 8,0x104 2,1x10³ 2,1x10³

Fonte: Coronetti (2003).

Notas: N.D. = Não detectado pelo método de análise. O autor não especifica a localização dos pontos analisados. NMP = Número mais provável. UFC = Unidades Formadoras de Colônias.

Observa-se a presença de coliformes contaminando esta água, isto possivelmente deve-

se a presença de animais domésticos no local. Verificaram-se também alterações

significativas em termos de metais como manganês, ferro e cloretos (CORONETTI, 2003).

Tabela 10 - Caracterização da água superficial na Invernadinha, em 2002.

(continua) Nascente Ponto 1 Ponto 2

Parâmetro 31/07 20/08 31/07 20/08 31/07 20/08

Sólidos totais (mg/L) 80 0 170,0 10 130 0 pH 6,23 5,66 7,49 7,22 6,64 6,81 DQO (mg/L O2) 3,6 0,38 11,0 0,77 40 0,77 DBO5 (mg/L O2) 1,5 0,10 5,0 0,5 12,5 0,5 Fósforo total (mg/L) N.D. N.D. N.D. N.D. N.D. N.D. Nitrogênio total (mg/L) N.D. N.D. 0,32 0,10 0,53 0,10 Nitrato (mg/L) 0,91 0,69 0,99 0,63 0,84 0,57

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46

Caracterização da água superficial na Invernadinha, em 2002.

(conclusão) Nascente Ponto 1 Ponto 2

Parâmetro 31/07 20/08 31/07 20/08 31/07 20/08

Sódio (mg/L) 68,5 N.D. 0,5 1,0 3,7 N.D. Potássio (mg/L) 8,1 1,4 1,2 2,9 4,5 0,6 OD (mg/L) 7,0 7,07 8,6 8,65 8,8 11,2 Ferro (mg/L) N.D. N.D. 0,79 1,25 0,72 0,43 Manganês (mg/L) N.D. 0,01 0,0 0,0 0,0 0,11 Cobre (mg/L) N.D. <0,05 0,0 0,0 0,0 0,07 Zinco (mg/L) N.D. <0,05 0,0 0,0 0,0 <0,05 Coliformes fecais (NMP/mL) 2,2 <2,2 80 300 11 40 Coliformes totais (NMP/mL) 16,0 >16,0 800 17000 50 3000 Contagem padrão (UFC/mL) 1,0x10² 7,8x10² 4,3x10³ 1,4x104 2,6x10³ 6,8x10³ Fonte: Coronetti (2003).

Notas: N.D. = Não detectado pelo método de análise. O autor não especifica a localização dos pontos analisados. NMP = Número mais provável. UFC = Unidades Formadoras de Colônias.

O desenvolvimento da flora é um bom indicador de que a área está se recuperando. As

espécies predominantes são da família das compositae principalmente Vassourinha

(Baccharis sp.), Mamona (Ricinus communis), Cinamomo (Melia azedarach), Carrapicho

(Acanthospermum austale) entre outras (MELO;SCHNEIDER, apud CORONETTI, 2003).

Na análise foliar da Vassourinha (Baccharis sp.) verificou-se que os teores de Zn

variaram de (18 à 75,5) mg/kg na raiz e de (32 à 112) mg/kg na parte aérea, quando

comparado as plantas que se desenvolveram em área não contaminada com a área dos

resíduos, respectivamente. Isso indica que a planta está acumulando este nutriente que existe

em abundância na área do lixo (CORONETTI, 2003).

Coronetti (2003) concluiu que a área onde foi a disposição de RSU de Passo Fundo

está em processo de recuperação. Observam-se altos índices de metais pesados no solo com

elevadas concentrações de Hg, K, Zn, Cu, Fe, Cr, Ni e Mn. A qualidade da água do lençol

freático, também apresenta alterações significativas em termos de íons dissolvidos, inclusive

com elevados teores de nitrato. Como indicadores de que a área pode ser recuperada

verificou-se a ausência de odores, redução de gases, desenvolvimento da vegetação herbácea

em grande parte da área.

Page 47: TCC capeleto 2009.pdf

47

2.2.6 Resultados de Candaten (2004)

Segundo Candaten (2004), o objetivo do trabalho foi o levantamento da fauna e da

flora, bem como o comparativo da flora existente entre 1999 e 2002 com a presente em 2004,

para o acompanhamento da sucessão ecológica.

A análise da composição vegetal foi realizada pelo levantamento botânico das espécies

herbáceas existentes no local no período de 1999 (Melo;Schneider, 2000) à 2002 e em

abril/agosto de 2004, catalogando-se e descrevendo as principais espécies.

No levantamento botânico realizado em 1999 a 2002 foram identificadas 44 espécies

herbáceas e na avaliação da composição vegetal herbácea realizada do mês de abril/agosto de

2004 foram identificadas 58 espécies, tendo exemplares representados nos dois períodos de

avaliação em um total de 21 espécies herbáceas, destacando-se Carrapicho (Acanthospermum

austale), Vassourinha (Baccharis dracunculifolia), Carqueja (Baccharis trimera), Picão-preto

(Bidens pilosa), Tiririca (Cyperus meyenianus). A família com maior número de gêneros foi a

Asteraceae, em um total de sete representantes, e comparando as famílias ocorreram 12

famílias demonstrando a diversidade vegetal da ocorrência espontânea destas espécies

(CANDATEN, 2004).

No Quadro 5 são apresentadas as espécies herbáceas presentes no Aterro Invernadinha,

no ano de 2004. No Quadro 6 são apresentadas as espécies arbóreas presentes no Aterro, no

mesmo ano.

Quadro 5 - Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 2004.

(continua) Família Nome científico Nome comum

Amaranthaceae Amaranthus hydridus var.

paniculatus caruru-roxo, crista-de-galo,

chorão Amaranthaceae Amaranthus hybridus var. patulus caruru-branco, bredo

Asteraceae Achyrocline satureioides marcela, marcela-do-campo,

alecrim-de-parede Asteraceae Baccharis articulata carquejinha, carqueja-doce Asteraceae Baccharis dracunculifolia vassoura, vassourinha, alecrim Asteraceae Baccharis trimera carqueja, carqueja-do-mato Asteraceae Bidens alba picão-branco Asteraceae Bidens piloso picão-preto Asteraceae Chaptalia nutans língua-de-vaca

Asteraceae Cirsium vulgare cardo, cardo-de-costela, cardo-

negro Asteraceae Conyza canadensis voadeira, buva

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Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 2004.

(continuação) Família Nome científico Nome comum

Asteraceae Elephantopus mollis erva-grossa, pé-de-elefante, fumo-bravo, língua-de-vaca

Asteraceae Galinsoga parviflora arnica, arnica-brasileira, erva-

lanceta

Asteraceae Gnaphalium spicatum macela, erva-macia, macio,

meloso

Asteraceae Mikania cordifolia cipó-cabeludo, guaco, erva-de-

cobra, guaco-trepador Asteraceae Pterocaulon lanatum branqueja, verbaco Asteraceae Senecio brasiliensis maria-mole, flor-das-almas Asteraceae Soliva pterosperma roseta, cuspe-de-tropeiro Asteraceae Sonchus asper dente-de-leão Asteraceae Sonchus oleraceus chicória-brava, ciúmo, serralha

Asteraceae Tagetes minuta cravo-de-defunto, rabo-de-rojão,

rabo-de-foquete Asteraceae Acanthospermum austale Carrapicho, carrapicho rasteiro

Balsaminaceae Impatiens walleriana beijo-de-frade, maria-sem-vergonha, maravilha

Brassicacea Coronopus didymus mentruz, mastruço, mentrusto

Brassicacea Raphanus sativus abanete, nabo, rábano, nabo-

chinês, nabiça Bromeliaceae Tillandsia usneoides barba-de-velho, barba-de-pau Caesalpiniaceae Cassia leptocarpa taperibá, fedegoso, mata-pasto Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides erva-de-santa-maria Convolvulaceae Ipomoea cairica campainha, corda-de-viola. Convolvulaceae Ipomoea grandifolia corda-de-viola, corriola. Cyperaceae Cyperus ferax junquinho Cyperaceae Cyperus meyenianus tiririca, tiririca-de-três-quinas Euphorbiaceae Phyllanthus niruri quebra-pedra Euphorbiaceae Ricinus communis mamona Labiaceae Hyptis mutabilis cheirosa, betônica-brava

Labiaceae Leonurus sibiricus erva-macaé, cordão-de-são-francisco, chá-de-frade, erva-

desanto-filho

Loganiaceae Buddleja brasiliensis barbasco, calça-de-velho,

vassoura, vassourinha, verbasco-do-brasil, barrasco.

Malvaceae Sida glanziovii guanxuma-branca, malva-

guaxima

Papilionaceae Aechynomene paniculata sensitiva-mansa, carrapicho,

vassoura-de-pasto

Papilionaceae Desmodium adscendens pega-pega, amor-agarrado, carrapicho-beiço-de-boi

Plantaginaceae Plantago tomentosa tansagem, plantagem

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Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 2004.

(conclusão) Família Nome científico Nome comum

Poacea Andropogon bicornis capim-vassoura, capim-de-bezerro, capim-rabo-de-burro,

cola-de-sorro-grande.

Poacea Aristida longiseta barba-de-bode, capim-barba-de-

bode

Poacea Brachiaria plantaginea capim-marmelada, marmelada, papuã, capim-papuã, capim-

guatemela

Poacea Cortaderia selloana capim-dos-pampas, cana-dos-pampas, cortadeira, pluma,

penacho, paina Polygonaceae Polygonum convolvulus cipó-de-veado Polygonaceae Polygonum hidropiperoides erva-de-bicho Polygonaceae Rumex abtusifolius labaça, língua-de-vaca Pteridaceae Pteridium aquilinum samambaia Rubiaceae Mitracarpus histus poaia-da-praia Rubiaceae Richardia brasiliensis poaia-do-campo Solanaceae Solanum americanum maria-pretinha, erva-moura Solanaceae Solanum diflorum peloteira, laranjinha-de-jardim Solanaceae Solanum erianthum fumo-bravo Solanaceae Solanum palinacanthum mata-cavalo Solanaceae Solanum viaum joá, juá Umbeliferae Eryngium horridum gravatá, guaraguatá Umbeliferae Eryngium pandanifolium caraguatá-do-banhado

Fonte: Candaten (2004).

Quadro 6 - Espécies herbáceas encontradas em comum no Aterro Invernadinha, em

1999/2002 e abri/agosto de 2004.

(continua) Família Nome científico Nome comum Asteraceae Baccharis articulata carquejinha, carqueja-doce Asteraceae Baccharis dracunculifolia vassoura, vassourinha, alecrim Asteraceae Bidens alba picão-branco Asteraceae Bidens piloso picão-preto Asteraceae Sonchus oleraceus chicória-brava, ciúmo, serralha Asteraceae Acanthospermum austale Carrapicho, carrapicho rasteiro Asteraceae Sonchus asper dente-de-leão

Brassicacea Raphanus sativus abanete, nabo, rábano, nabo-chinês,

nabiça Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides erva-de-santa-maria Convolvulaceae Ipomoea cairica campainha, corda-de-viola. Convolvulaceae Ipomoea grandifolia corda-de-viola, corriola. Cyperaceae Cyperus ferax junquinho Cyperaceae Cyperus meyenianus tiririca, tiririca-de-três-quinas Euphorbiaceae Ricinus communis mamona

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Espécies herbáceas encontradas em comum no Aterro Invernadinha, em

1999/2002 e abri/agosto de 2004.

(conclusão) Família Nome científico Nome comum

Labiaceae Leonurus sibiricus erva-macaé, cordão-de-são-francisco, chá-de-frade, erva-desanto-filho

Malvaceae Sida glanziovii guanxuma-branca, malva-guaxima Plantaginaceae Plantago tomentosa tansagem, plantagem Polygonaceae Rumex abtusifolius labaça, língua-de-vaca Solanaceae Solanum americanum maria-pretinha, erva-moura Solanaceae Solanum palinacanthum mata-cavalo Umbeliferae Eryngium horridum gravatá, guaraguatá

Fonte: Candaten (2004).

Pela análise visual verifica-se que a área apresenta indícios de recuperação natural na

fitofisionomia com diferenças marcantes na presença da vegetação herbácea, demonstrando

características particulares onde espécies como Vassourinha (Baccharis sp.) e Carrapicho

(Alternanthera sp.), se destacam por serem plantas daninhas de rápida adaptação em solos

alterados, modificando a paisagem e justificando a possibilidade do surgimento gradual de

comunidades complexas em ambientes impactados pela disposição de RSU (CANDATEN,

2004).

No levantamento da fauna de Candaten (2004), em relação às aves, foram identificadas

11 espécies de aves, sendo as mais freqüentes Canário-da-terra (Sicalis flaveola), João-de-

Barro (Furnarius rufus), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e Quero-quero (Vanellus

chinensis). Quanto aos insetos coletados neste período foram identificados representantes das

seguintes ordens: Diptera (mosca), Hymenoptera (formiga), Hemiptera (fede-fede) e

Lepdoptera (mariposa). As principais espécies de aves encontradas na Invernadinha, em 2004,

podem ser vistas no Quadro 7.

Quadro 7 - Relação das espécies de aves encontradas no Aterro Invernadinha, em 2004.

(continua) Família Nome científico Nome comum

Charadiidae Vanellus chinensis Quero-quero Cuculidae Guira guira Anu-branco Cuculidae Crotophaga ani Anu-preto Emberizidae Sicalis flaveola Canário-da-terra Furnariidae Furnarius rufus João-de-barro Icteridae Molothrus bonariensis Vira-bosta Picidae Colaptes campestroides Pica-pau-do-campo Turdidae Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira

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Relação das espécies de aves encontradas no Aterro Invernadinha, em 2004.

(continua) Família Nome científico Nome comum Tyrannidae Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Troglodydae Troglodytes aedon Curruíra Tyrannidae Muscivora tyrannus Tesourinha

Fonte: Candaten (2004).

Candaten (2004) concluiu que o local onde foi o antigo depósito de RSU de Passo

Fundo está em processo de recomposição. Observa-se a predominância da família Asteraceae

e a ocorrência espontânea da vegetação, a qual tem permitido a presença de aves dispersoras

de sementes, que auxiliam o recobrimento e reintegração da área à paisagem bem como a

colonização de insetos, que contribuem com a cadeia trófica e com a minimizando dos

impactos ambientais causados pela disposição dos RSU no local.

2.2.7 Resultados de Betineli et al. (2005)

No ano de 2005, Betineli et al. (2005) fizeram um levantamento da concentração de

metais no solo e vegetação da Invernadinha, verificando se o local encontrava-se

contaminado. Avaliaram também o desenvolvimento de “Vassourinhas” (Bacharis sp.), uma

planta pioneira bastante presente na área.

O resultado da avaliação do desenvolvimento das Vassourinhas pode ser visto em

forma gráfica na Figura 14.

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Figura 14 - Correlação do diâmetro e altura das “Vassourinhas”, em 2005.

Fonte: Betineli et al. (2005). Adaptado.

Notas: O autor não especifica o local exato das análises.

(1) O eixo Y representa a Altura (m) das plantas. (2) O eixo X representa o Diâmetro médio (cm) das plantas.

Na Tabela 11 são apresentados os teores de metais no solo da área de estudo. Na

Tabela 12 são apresentados os valores de macro e micronutrientes presentes na vegetação da

Invernadinha.

Tabela 11 - Teores de metais presentes em amostras de solo no ano de 2005.

Metais Teores (mg/kg) Padrões (mg/kg) (1) Cr 2.081 35 – 500 Ni 12,5 13 – 200 Zn 1.057,17 60 – 1.000 Cd < 1 < 0,5 – 15 Pb 33,2 17 – 350 Cu 310 35 – 500

Fonte: Betineli et al. (2005).

Notas: O autor não especifica o local exato da coleta das amostras.

(1) Padrão segundo CETESB (apud Betineli et al., 2005).

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Tabela 12 - Valores médios de macro e micronutrientes presentes no tecido vegetal de

gramínea e Baccharis sp. do Aterro Invernadinha no ano de 2005.

Parâmetro Gramínea (mg/kg) (1) Vassourinha (mg/kg) (2) N 1,66 3,04 P 0,17 0,25 K 1,41 2,2 Ca 0,18 0,8 Mg 0,06 0,16 S 0,17 0,28 Zn 30,87 58,31 Cu 7,55 15,58 Mn 101,28 147,29 Fe 213,18 119,16 B 6,42 43,51

Fonte: Betineli et al. (2005). Adaptado.

Notas: O autor não especifica o local exato da coleta das amostras. As amostras analisadas foram possivelmente retiradas da parte aérea das plantas.

(1) O autor não especifica a espécie de gramínea analisada. (2) Vassourinha (Baccharis sp.).

As “Vassourinhas” (Baccharis sp.) analisadas tiveram uma altura média de 2,5 m e um

diâmetro médio de 16,7 cm (BETINELI et al., 2005).

Segundo Betineli et al. (2005), “é possível observar que os níveis dos metais Zn, Cu e

Cr disponíveis no solo para absorção pelas plantas são mais altos, o que acarreta a

translocação destes para a parte aérea das mesmas”.

2.2.8 Resultados de Machado (2005-2006)

Um experimento agrícola de plantio de soja sobre a área de resíduos do Aterro

Invernadinha foi realizado por Machado (2006), considerando uma cobertura de solo de 25

cm. Uma ‘Área de Controle’, na UPF, foi utilizada para comparativo.

A área de estudo foi preparada com uma capina mecanizada seguida de colocação de 25 cm de solo não contaminado trazido de uma jazida de empréstimo (Latossolo Vermelho distrófico típico). Em 18 de dezembro de 2002 foi semeada a cultivar CD 205 (modalidade de semente não transgênica) com uma população de 30 plantas/m² na área preparada no Aterro Invernadinha e em uma área de controle situada no Campus da UPF. A adubação obedeceu às recomendações técnicas para a cultura e o experimento foi mantido livre de plantas daninhas. No ano agrícola em questão as

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condições atmosféricas, especialmente a precipitação pluviométrica, apresentou distribuição regular durante o ciclo da cultura, favorecendo o desenvolvimento da soja (MACHADO et al., 2005).

Na maturação das plantas foram coletados 2 m² de cada parcela para avaliar o

rendimento de grãos e coletadas dez plantas para avaliar os componentes do rendimento.

Amostras da parte aérea (caule e folhas) e de sementes foram coletadas para análise de

macronutrientes, micronutrientes e metais pesados. As amostras de solo foram coletadas após

a colheita, realizando análise química de macronutrientes e micronutrientes e metais pesados

(MACHADO et al., 2005).

Em relação à análise da vegetação natural, a área utilizada como controle foi a Reserva

Arlindo Haas. Esta reserva possui 22 ha e está situada 1 km ao sul do Aterro Invernadinha. A

Reserva é uma unidade de conservação cuja vegetação predominante é a Mata de Araucárias,

típico do bioma original da região de Passo Fundo (MACHADO, 2006).

Para a caracterização do solo, foram coletas amostras de (0 a 10) cm de profundidade,

em três áreas distintas do aterro: Área de Disposição Antiga, Área de Disposição Recente. Em

paralelo, realizou-se uma campanha de amostragem na Reserva Arlindo Haas que consistiu na

coleta de três amostras distribuídas em pontos aleatórios na área (MACHADO, 2006).

Para o estudo da vegetação na área do Aterro Invernadinha foi realizado o

levantamento das espécies presentes na área, abrangendo toda a área do Aterro. A pesquisa

revelou que duas espécies identificadas ocorrem em toda a extensão do aterro (Vassourinha e

Carrapicho). A partir disso realizou-se a análise do tecido vegetal da Vassourinha (Baccharis

sp.) e Carrapicho (Acanthospermum austale), com o objetivo de verificar se está ocorrendo

maior absorção de algum elemento, em função da degradação do solo pelos RSU

(MACHADO, 2006).

Nas Tabelas 13 e 14, Machado (2006) apresenta as análises dos corpos hídricos

superficiais e subterrâneos na Invernadinha.

Tabela 13 - Características das águas superficiais na Invernadinha, em 2006.

(continua) Atributos Nascente Córrego 1 Córrego 2

Sólidos Totais (mg/L) 63,5 114,5 95 Turbidez (NTU) 0,1 21,1 234,9 Cor (Hazen) 13 48,5 45,2 pH 5,6 7,1 6,7 DQO (mg/L) 3,1 5,1 12,3

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Características das águas superficiais na Invernadinha, em 2006.

(conclusão) Atributos Nascente Córrego 1 Córrego 2

DBO5 (mg/L) 2,4 4,2 5,15 Fósforo Total (mg/L) N.D. N.D. N.D. Nitrogênio Total (mg/L) N.D. 0,2 0,3 Sódio (mg/L) 17,3 1,2 1,5 Potássio (mg/L) 3 2,3 1,9 OD (mg/L) 7,1 7,9 9,9 Fonte: Machado (2006, p. 86).

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. O autor não especifica a localização exata dos pontos Córrego 1 e Córrego 2. N.D. = Não detectado pelo método de análise.

Tabela 14 - Características das águas subterrâneas na Invernadinha, em 2006.

Atributos Piezômetro 1 Piezômetro 2 Piezômetro 3 Sólidos Totais (mg/L) 432,8 706 529 Turbidez (NTU) 88,7 77,5 91,4 pH 7,1 7,3 7,1 DQO (mg/L) 46,4 34,1 39,5 DBO5 (mg/L) 21,2 19,1 12,5 Fósforo Total (mg/L) 0,2 0,3 0,2 Nitrogênio Total (mg/L) 0,8 0,7 0,7 Sódio (mg/L) 21,9 46,7 65 Potássio (mg/L) 13,7 18,1 7,3 OD (mg/L) 0,5 1,93 2,8 Fonte: Machado (2006, p. 87)

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. O autor não especifica a localização exata dos pontos Piezômetro 1, Piezômetro 2 e Piezômetro 3.

Os teores de nutrientes no solo da área de estudo e de controle estão presentes nas

Tabelas 15 e 16.

Tabela 15 - Análise de nutrientes no solo de recobrimento do Aterro, em 2006.

Parâmetro Reserva Arlindo Haas Aterro Invernadinha Argila (%) >56 >56,0 pH 5,80 4,97 P (mg/dm3) 14,7 5,7 K (mg/dm3) 153 83,2 S (mg/dm3) 7,4 7,2 CTC (cmolc/dm

3) 12,6 9,2 Fonte: Machado (2006, p. 99)

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. A Reserva Arlindo Haas é uma área próxima ao Aterro Invernadinha, e foi utilizada como local de controle no estudo.

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Tabela 16 - Análise de nutrientes no solo da área do Aterro Invernadinha, em 2006.

Atributo Disposição Antiga Disposição Recente Reserva A.H. Argila (%) 32 32 21 pH 4,9 6 7,6 M.O. (%) 4,8 4,2 7,7 P (mg/dm3) 10,7 51,7 25,9 K (mg/dm3) 203 159,3 284,5 S (mg/dm3) 33 7,5 24 CTC (cmolc/dm

3) 20,5 13,6 - Zn (mg/dm³) 67,7 52 7,6 Cu (mg/dm³) 4,3 21,5 1,5 B (mg/dm³) 0,47 0,5 1,0 Mn (mg/dm³) 41,7 11 1,0 Fonte: Machado (2006, p. 135-136)

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. A Reserva Arlindo Haas (A.H.) é uma área próxima ao Aterro Invernadinha, e foi utilizada como local de controle no estudo.

Segundo Machado (2006), em relação aos líquidos percolados, não se verificou afloramento de lixiviado. A água da vertente brota de forma perene e está parcialmente protegida por mata ciliar. O córrego formado contorna o local a uma distância não superior a 30 m da área que recebeu os resíduos. A vazão dos córregos variou de (2 a 10) L/s, dependendo da época do ano e do regime pluvial.

O levantamento botânico das espécies florestais e herbáceas que aparecem na área do

Aterro Invernadinha encontram-se nos Quadros 8 e 9. Observa-se que a família Compositae é

a de maior ocorrência. Outras espécies abundantes na área são o Baccharis sp. e Xanthium

cavanillesii (MACHADO, 2006). A análise do metais presentes em plantas analisadas está

presente na Tabela 17.

Quadro 8 - Vegetação encontrada no Aterro Invernadinha, entre 2004 e 2005.

(continua) Família Nome Científico Nome Comum

Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Aroiera vermelha Anacardiaceae Schinus molle Aroiera mansa, salsa Caricaceae Jacaratia spinosa Mamão do mato Euphorbiaceae Sapium glandulatum Leiteiro Euphorbiaceae Sebastiana commersoniana Branquilho Flacourtiaceae Casearia sylvestris Chá de bugre Lauraceae Ocotea puberula Canela guaicá Leguminosae Cassia sp. Cássia Meliaceae Melia azedarach Cinamomo

Phytolaccaceae Phytolacca dioica Umbú Rosaceae Prunus sellowii Pessegueiro bravo

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Vegetação encontrada no Aterro Invernadinha, entre 2004 e 2005.

(conclusão) Família Nome Científico Nome Comum Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Mamica de cadela Sapindaceae Cupania vernalis Camboatá vermelho Sapindaceae Allophylus edulis Chal-chal Solanaceae Solanum erianthum Fumo bravo Tiliaceae Luehea divaricata Açoita cavalo

Fonte: Machado (2006).

Quadro 9 - Espécies herbáceas encontrada no Aterro Invernadinha, entre 2004 e 2005.

(continua) Família Nome científico Nome Comum

Bromeliaceae Bromelia anthiacantha Gravatá, caraguatá Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides Erva de Santa Maria Commelinaceae Commelina virginica Trapoeraba, rabo de cachorro Compositae Acanthospermum austale Carrapichinho, carrapicho rasteiro Compositae Artemisia verlotorum Losna, artemija Compositae Baccharis sp. Carqueja Compositae Baccharis sp Vassourinha Compositae Bidens pilosa Picão preto, picão Compositae Chaptalia nutans Língua de vaca Compositae Ecipta Alba Agrião do brejo Compositae Emilia sonchifolia Falsa serralha, serralinha Compositae Erechtites hieracifolia Caruru amargoso, erva gorda Compositae Erigeron bonariensis Buva, margaridinha do campo Compositae Gomochaeta spicata Macela, meloso Compositae Senecio brasiliensis Maria mole, vassoura mole Compositae Sonchus oleraceus Serralha Compositae Taraxacum officinale Dente de leão, amargosa Compositae Veronia sp. Cambará branco Compositae Wedelia paludosa Margaridinha, mal-me-quer Compositae Xanthium cavanillesii Carrapicho bravo, carrapichão

Convolvulaceae Ipomea sp. Campainha, corda de viola Cruciferae Raphanus raphanistrum Nabo, nabiça Cyperaceae Cyperus ferax Junquinho Cyperaceae Cyperus rotundus Tiririca Euphorbiaceae Ricinus communis Mamona Gramineae Brachiaria plantaginea Papuã, capim marmelada Gramineae Cenchrus echinatus Capim carrapicho, capim amoroso Gramineae Cynodon dactylon Grama seda, capim de burro Gramineae Eleusine indica Capim pé de galinha Graminae Eragrostis pilosa Capim mimoso, capim orvalho Gramineae Eragrostis plana Capim anonne Gramineae Lolium multiflorum Azevém Gramineae Paspalum sp. Grama forquilha Gramineae Pennisetum clandestinum Capim quicuio, kikuyo Labiatae Leonurus sibiricus Rubim, erva macaé, chá de frade

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Espécies herbáceas encontrada no Aterro Invernadinha, entre 2004 e 2005.

(continua) Família Nome científico Nome Comum Fabaceae Aeschynomene sensitivas Angiquinho, dorme-dorme Fabaceae Aeschynomene sp. Angiquinho, maricazinho, pinherinho Malvaceae Sida glaziovii Guanxuma branca Malvaceae Sida rhombifolia Guanxuma

Plantaginaceae Plantago sp. Tanchagem Polygonaceae Rumex obtusifolius Língua de vaca Ranunculaceae Ranunculus apiifolius Aipo do campo Solanaceae Solanum americanum Maria pretinha, erva moura Solanaceae Solanum sisymbriifolium Joá bravo, joá

Fonte: Machado (2006).

Tabela 17 – Metais presentes no tecido vegetal da Vassourinha, em 2006.

ATERRO INVERNADINHA (1) RES. ARLINDO HAAS PARÂMETRO Raiz (2) Caule e folhas (2) Raiz (2) Caule e folhas (2)

Fe (mg/kg) 810 147 759 308 Mn (mg/kg) 43 90 33 42 Cu (mg/kg) 25 12 11 9 Zn (mg/kg) 105 135 17 30 Pb (mg/kg) 8 < 3 3 < 3 Ni (mg/kg) 4 3 5 2 Cd (mg/kg) < 1 < 1 < 1 < 1 Cr (mg/kg) 41 8 8 2 Hg (mg/kg) 0,02 0,01 0,01 0,01

Fonte: Machado (2006).

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. A Reserva Arlindo Haas é uma área próxima ao Aterro Invernadinha, e foi utilizada como local de controle no estudo.

(1) A área amostrada está localizada na Área de Disposição Antiga no Aterro Invernadinha. (2) A planta analisada foi a Vassourinha (Baccharis sp.).

Pelos resultados apresentados na Tabela 17, pode-se verificar que para ambas as partes

(aérea e raízes) há uma tendência de acumulação maior na área do Aterro Invernadinha, com

destaque para o metal Zinco (Zn) na parte aérea.

Segundo Mattiazzo-Prezzoto (apud Machado, 2006), o conteúdo de zinco em plantas é considerado deficiente quando é < (10 – 20) mg/kg. Níveis normais ocorrem entre (25 – 150) mg/kg. Níveis tóxicos ocorrem quando a concentração é maior que 400 mg/kg. Logo, verifica-se que os teores encontrados na vassourinha são altos, porém a níveis considerados não tóxicos. (MACHADO, 2006).

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Segundo Machado (2006), há concentração elevada de ferro na raiz, diminuindo

consideravelmente na parte aérea, o que possivelmente se deve ao fato deste metal não ser

facilmente absorvido. Já o manganês demonstra uma maior tendência de acumulação na parte

aérea da planta.

Os resultados da análise de metais na espécie Xanthium cavanillesii (Carrapicho) são

apresentados na Tabela 18, esta espécie predomina na Área de Disposição Recente.

(MACHADO, 2006).

Tabela 18 - Metais presentes no tecido vegetal do Carrapicho, em 2006.

ATERRO INVERNADINHA (1) RES. ARLINDO HAAS PARÂMETRO Raiz (2) Caule e folhas (2) Raiz (2) Caule e folhas (2)

Fe (mg/kg) 988 193 0,13 967 Mn (mg/kg) 50 120 50 98 Cu (mg/kg) 18 12 9 18 Zn (mg/kg) 192 185 30 34 Pb (mg/kg) < 10 < 10 < 10 < 10 Ni (mg/kg) < 5 < 5 < 5 < 5 Cd (mg/kg) < 1 < 1 < 1 < 1 Cr (mg/kg) 14 < 5 < 5 < 5

Fonte: Machado (2006).

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. A Reserva Arlindo Haas é uma área próxima ao Aterro Invernadinha, e foi utilizada como local de controle no estudo.

(1) A área amostrada está localizada na Área de Disposição Recente no Aterro Invernadinha. (2) A planta analisada foi o Carrapicho (Xanthium cavanilesii).

O teor elevado de manganês confere com o princípio de que solos ácidos apresentam freqüentemente valores elevados deste metal (Foy, 1973, apud Machado, 2006) e que o mesmo se acumula na parte aérea da planta e o acúmulo nas folhas (Foy, 1973; Pavan;Bingham, 1981, apud Machado, 2006). As raízes também são afetadas, porém, somente em casos mais extremo, ocasião em que as folhas já se demonstram injuriadas (Foy et al., 1978, apud Machado, 2006).

Pode-se se observar que o Carrapicho apresenta uma maior capacidade de

hiperacumulação de metais do que a vassourinha, principalmente para o metal Zinco, aqui, se

encontra acima dos níveis normais, porém, não a níveis considerados tóxicos (MACHADO,

2006).

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Um fato que pode ser levado em conta no acúmulo de metais nesta espécie é que o Xanthium cavanillesii possui um ciclo no meio ambiente. Esta espécie absorve metais na primavera, acumulando durante o verão e outono, concentrando os metais no inverno, ou seja, durante o seu desenvolvimento absorve os metais presentes no solo, durante a florescência e maturação, acumula os metais na parte aérea, porém, no inverno, seca e retorna ao solo novamente. Com o início da primavera, uma nova planta recomeça a absorção, acumulação e novamente, acúmulo no solo, num ciclo constante (MACHADO, 2006).

Os rendimentos dos grãos de soja na área de resíduos sólidos e na área de controle

foram de 2.165 kg/ha e de 2.450 kg/ha, respectivamente. Assim, foi observada uma pequena

diminuição da produtividade na área de resíduos sólidos, porém ainda próximo da

produtividade esperada para plantios de espécies de sojas não transgênicas (MACHADO et

al., 2005).

A Tabela 19 apresenta os resultados das análises de micro e macronutrientes do solo

preparado sobre o Aterro Invernadinha e na ‘área de controle’ (MACHADO et al., 2005).

Tabela 19 - Análise de nutrientes e metais no solo do Aterro Invernadinha, 2005.

Parâmetro Res. Arlindo Haas Aterro Invernadinha pH 5,80 4,97 P (mg/dm³) 14,7 5,7 K (mg/dm³) 153,0 83,2 Matéria Orgânica (%) 3,3 1,2 S (mg/dm³) 7,4 7,2 Zn (mg/dm³) 0,7 2,0 Cu (mg/dm³) 1,2 1,6 B (mg/dm³) 0,4 0,4 Mn (mg/dm³) 2,0 3,5 Fe (mg/dm³) 1,4 1,1 Na (mg/dm³) 1,5 1,0 Zn (mg/kg) 59,7 88,0 Cu (mg/kg) 25,5 42,0 Cd (mg/kg) < 1 < 1 Pb (mg/kg) 20,7 33,2 Ni (mg/kg) 12,2 10,5 Cr (mg/kg) 31,2 30,2 Hg (mg/kg) 0,035 0,07

Fonte: Machado et al. (2005).

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. A Reserva Arlindo Haas é uma área próxima ao Aterro Invernadinha, e foi utilizada como área de controle no estudo. A extração dos metais foi feita pelo método EPA 3050. As amostras foram retiradas do horizonte A. A tabela apresenta dados repetidos, porém com unidades diferentes.

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Os níveis de Zinco, Cobre, Chumbo e Mercúrio na área do aterro são superiores aos da

área de controle. Isso provavelmente se deve a algum mecanismo de transporte dos metais do

solo contaminado para o solo onde foi feito o plantio. Porém, os valores encontrados em

ambas as áreas são considerados ainda normais (MACHADO et al., 2005).

A determinação isolada dos teores totais de metais pesados no solo não avalia totalmente o nível de risco de contaminação destes elementos, sendo necessário o conhecimento das formas químicas que estes elementos se encontram (PETRUZZELLI et al, apud MACHADO et al., 2005).

Em relação ao estudo do plantio, verifica-se que os resultados dos teores de metais

encontrados no tecido vegetal estão de acordo com o nível de suficiência para a soja, com

exceção do Zinco nas plantas cultivadas no aterro. O Zinco tem papel importante como

cofator em muitas enzimas, sendo fundamental para o desenvolvimento da planta. Na análise

da semente comparando com as da lavoura de controle, pode-se observar o dobro da

concentração de Zinco, o que pode ser um acúmulo em função da disponibilidade no solo, de

forma que se sugere estudos mais detalhados para avaliar a translocação deste elemento do

solo para a planta (MACHADO et al., 2005). A composição do tecido vegetal e dos grãos

pode ser vista na Tabela 20.

Tabela 20 - Composição do tecido vegetal e dos grãos de soja (2002/2003).

(continua) Tecido vegetal Sementes

Parâmetros Controle (1) Aterro (2) Controle (1) Aterro (2)

N (%) 4,6 4,0 6,1 6,3 P (%) 0,31 0,32 0,61 0,62 K (%) 1,6 1,27 1,88 1,87 Ca (%) 0,88 1,87 0,18 0,18 Mg (%) 0,33 0,42 0,24 0,24 S (%) 0,163 0,20 0,29 0,34 Cu (mg/kg) 11,67 10,67 14,00 17,17 Zn (mg/kg) 44,33 136,00 28,67 67,50 Fe (mg/kg) 120,33 112,67 97,67 99,33 Mn (mg/kg) 180,00 59,33 28,67 23,33 Na (mg/kg) 6,33 9,67 3,83 3,33 B (mg/kg) 45,67 51,67 32,67 39,17 Cd (mg/kg) < 1,00 < 1,00 < 1,00 < 1,00

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Composição do tecido vegetal e dos grãos de soja (2002/2003).

(conclusão) Tecido vegetal Sementes

Parâmetros Controle (1) Aterro (2) Controle (1) Aterro (2)

Cr (mg/kg) < 5,00 < 5,00 < 5,00 < 5,00 Ni (mg/kg) < 5,00 < 5,00 < 5,00 < 5,00 Pb (mg/kg) < 10,00 < 10,00 < 10,00 < 10,00

Fonte: Machado et al. (2005).

Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. Fazem parte do Tecido Vegetal o caule e folhas das plantas.

(1) A área de controle foi cultivada no Campus da UPF. (2) A áre do aterro foi localizada no Aterro Invernadinha..

Os resultados das análises bioquímicas de semente de soja do experimento no Aterro

Invernadinha são próximos aos encontrados na soja da lavoura. Na análise do teor de metais

na semente observaram-se aumentos significativos na área do Aterro para os elementos

Cobre, Zinco e Boro (MACHADO et al., 2005).

Machado et al. (2005) observou uma tendência de acumulação de zinco nos grãos de

soja no estudo. Assim, o uso de áreas degradadas por RSU para cultivo agrícola deve ser

cuidadosamente analisado como uma alternativa para o uso e ocupação do solo e são

necessárias análises quanto à concentração de metais pesados nos grãos e o monitoramento

rigoroso dos resultados.

Como conclusão de Machado (2006), os teores de metais da área do Aterro

Invernadinha são bem mais elevados do que os encontrados na área de controle, a Reserva

Arlindo Haas. Há contaminação por zinco no solo em praticamente todo o percurso analisado.

A contaminação por cobre e cromo também é evidente, porém com um caráter mais pontual.

A sucessão vegetal apresenta desenvolvimento satisfatório, sendo Bachharis sp. e Xanthium

cavanillesii as espécies mais comuns. A resposta das espécies à contaminação do solo com

metais pesados esta numa maior capacidade de acumular zinco nas raízes ou de translocá-los

para a parte aérea e maior para Xanthium cavanillesii Schouw devido ao ciclo contínuo no

vegetal-solo. A resposta da maioria das espécies à contaminação do solo com metais pesados

relaciona-se à capacidade destas de acumular Zn e Cd nas raízes ou de translocá-los para a

parte aérea.

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2.2.9 Resultados de Benincá (2006)

Nos estudos de Benincá (2006), foram coletadas amostras do Aterro Invernadinha para

realizar a análise de macro e micronutrientes do solo. O monitoramento das águas superficiais

foi realizado no córrego situado a jusante do aterro, com o objetivo de avaliar a qualidade da

mesma. Em relação à flora e fauna, o monitoramento foi realizado para avaliar as alterações

na fitosociologia da vegetação, catalogando-se as espécies vegetais existentes na área e

selecionando-as quanto ao uso. Procedimentos semelhantes foram utilizados para catalogar as

espécies animais.

A composição gravimétrica do lixo da área apresenta-se como: orgânico (58%),

plástico (25%), vidro (6,5%), metal (4,5%), têxtil (3,5%), couro (1,3%), borracha (1%), e

outros (0,2%); pode-se observar que, no Aterro Invernadinha, há predominância de plástico e

matéria orgânica (CORONETTI, 2003, apud BENINCÁ, 2006). A presença de metais, vidros,

couro, borracha e têxteis são elevados. Por ser um aterro antigo, observa-se que na sua

composição não apresenta papel/papelão, pois o mesmo é um material biodegradável. A

camada de lixo média fica em torno de 4 a 8 m (BENINCÁ, 2006).

A camada superficial de solo (Horizonte A), quando existente, é de um solo silte-

arenoso. Abaixo do lixo, o solo é areno-siltoso. As características químicas da pequena

camada de solo existente sobre o lixo e aqui denominada de ‘Horizonte A’ apresentam

alterações nas concentrações dos metais Zn, Cu, Pb, Cr, Ni e Hg (BENINCÁ, 2006).

A Área de Disposição Antiga (ADA) apresenta a maior contaminação do que a Área

de Disposição Recente (ADR) com pH mais baixo, teores de zinco, manganês elevados, pode-

se observar ainda que a área de banhado é o local de amostragem com menor contaminação,

mesmo que as condições do terreno favoreçam a lixiviação destes materiais (BENINCÁ,

2006).

Os estudos indicaram que a área do lixo está contaminada com metais pesados. Os

níveis de Cr, Zn e Cu são bem superiores aos da Reserva Arlindo Haas. A variação na

quantidade de Cromo (Cr) ocorre provavelmente pela quantidade de restos de couro

depositada nesse local. A quantidade de zinco encontrada em pontos do aterro é praticamente

300 vezes maior que na Reserva Arlindo Haas (BENINCÁ, 2006).

Segundo Benincá (2006), além das análises realizadas com a água do local, fazer um

levantamento detalhado da fauna e da flora do Aterro Invernadinha também é importante para

saber se a área está em recuperação ou não.

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Dentre os exemplares encontrados por Benincá (2006), cita-se: Carrapicho

(Acanthospermum austale), Carqueja (Baccharis trimera), Picão-preto (Bidens pilosa),

Tiririca (Cyperus meyenianus), Mamona (Ricinus communis); Caguatá, Guanxuma,

Vassourinha; no estrato inferior predominando gramíneas; observa-se a presença do Capim

elefante (Pennisetum purpureum), do Capim colonião (Panicum maximum).

Também nesse levantamento verificou-se a recuperação da paisagem do Aterro

Invernadinha, podendo-se observar uma vegetação bastante densa, sendo que não existem

mais áreas de solo descoberto, e em poucos lugares se observa a presença de resíduos

acumulados (BENINCÁ, 2006).

Segundo Benincá (2006), a área se mostra em pleno processo de recuperação natural,

ou seja, sem a interferência do homem. Observa-se um grande número de espécies vegetais,

sendo muitas arbustivas e arbóreas. A presença de vegetais com frutos propiciam o

aparecimento de muitos representantes da fauna, enriquecendo muito a diversidade

encontrada atualmente na área. Houve grande melhora no aspecto ambiental referente ao

impacto visual, presença de animais de importância epidemiológica e a revegetação.

Por um lado, a presença das gramíneas contribuiu para recuperar a paisagem, por

outro, elas inibem o desenvolvimento de outras espécies vegetais na área. Pode-se observar

com bastante freqüência a presença de espécies vegetais infestantes, como o Angiquinho-

grande (Sesbania virgata) que ocorre na forma de reboleiras densas, sendo suas sementes

disseminadas pela água.

Como conclusão do trabalho, Benincá (2006) afirma que o levantamento fotográfico

mostra com bastante clareza que a área do Aterro Invernadinha vem se recuperando

naturalmente com o passar dos anos. A sucessão vegetal apresenta desenvolvimento bastante

satisfatório, sendo que as gramíneas predominam na área. O aparecimento de plantas

frutíferas é um fator crucial para a recuperação da área, sendo que estas atraem animais

polinizadores e dispersores. Os teores de metais da área do Aterro Invernadinha são bem mais

elevados do que os encontrados na área da Reserva Arlindo Haas. A constante presença de

aves na área é uma demonstração de que há plantas atrativas para a fauna local. É de

fundamental importância que sejam adotadas políticas sérias e responsáveis para as questões

dos Resíduos Sólidos Urbanos.

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2.2.10 Resultados de Andrade et al. (2006-2009)

O autor Leonardo Capeleto de Andrade (ANDRADE, L.C.) desenvolveu seu trabalho

de pesquisa na Invernadinha entre 2006 e 2009, nas áreas de Caracterização e Monitoramento

Ambiental. A pesquisa desenvolvida nos anos de 2006 e 2007 foi feita em conjunto com

outros acadêmicos, dentre eles Arruda,M.Z. e Korf,E.P. (sendo os resultados dos autores

apresentados conjuntamente). O trabalho desenvolvido entre 2008 e 2009 teve apoio do

CNPq, pelo projeto n° 103638/2008-3.

Segundo Andrade et al. (2007), nos anos de 2006 e 2007 foram realizadas coletas de

amostras de água e solo nesta área. Nas amostras de água, foram executadas análises Físico-

Químicas e Microbiológicas e em solo ensaios de coluna, caracterização geotécnica e

pedológica, além de análises de nutrientes. As amostras de água foram comparadas seguindo

os parâmetros da Resolução CONAMA 357/05, onde levou-se em consideração as amostras

como Classe II, visto que este riacho desemboca posteriormente no Rio Passo Fundo, além de

seu uso preponderante.

Durante o mesmo período realizaram-se monitoramento fotográfico da área (em

especial a ADA) e análises de macro e micronutrientes em amostras da parte aérea e raízes de

gramíneas e arbustivas presentes na Invernadinha (ANDRADE et al., 2007).

O monitoramento da água foi realizado nas amostras coletadas em pontos à cerca de

50m, onde possui uma nascente, a qual forma um pequeno riacho, e em pontos seguintes a

este. As análises realizadas foram sólidos totais, sólidos suspensos, turbidez, pH, DQO, DBO,

fósforo, nitrogênio, cloretos, ferro, manganês, cobre, zinco, coliformes fecais e contagem

bacteriana total (ANDRADE et al., 2007). As analises físico-químicas de água foram

efetuadas pelo Laboratório de Controle de Efluentes (LACE) da UPF e as análises

microbiológicas foram efetuadas pelos laboratórios do Centro de Pesquisa em Alimentação

(CEPA) da UPF.

As análises de solo foram amostradas em diversos pontos do aterro, comparando os

pontos de mais recente (ADR) e mais antiga (ADA) disposição de resíduos e com testemunha

(“branco” – localizado em área próxima, protegida por mata), realizando nestas amostras

ensaios físicos e químicos (como nutrientes). Todas amostras foram coletadas de forma

composta, entre (10 e 20) cm, com utilização de pá. Estas análises foram efetuadas pelo

Laboratório de Análises de Solos (LABSOLO) da UPF.

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No ano de 2006 foi realizado também um plantio na área experimental, com árvores

nativas, avaliando a sobrevivência das espécies. Nos anos de 2006 e 2007 realizou-se também

um monitoramento do desenvolvimento das Vassourinhas (Baccharis sp.), que são plantas da

sucessão natural no Aterro.

Nas Tabelas 21 à 29 são demonstrados os resultados das análises hídricas, físico-

químicas e microbiológicas, em diferentes épocas e pontos.

Tabela 21 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2006.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) DBO5 (mg/L O2) 1,15 2,7 3,5 5 DQO (mg/L O2) 0,36 1,06 1,15 - Sólidos Suspensos (mg/L) 28 6 10 - Fósforo Total (mg/L) 0,18 0,37 0,30 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 1,39 1,17 2,99 3,7 pH 6,52 6,92 7,05 6,0 – 9,0 Condutividade 38,6 46,3 52,3 -

Fonte: Andrade et al. (2006).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 23/08/06.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

Tabela 22 - Análise microbiológica de água em diversos pontos, no ano de 2006.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)

< 1,1 < 1,1 200 1.000

Coliformes Totais (NMP/100mL) < 1,1 200 200 - Contagem de Bactérias Heterotróficas (UFC/mL)

1,9 x 10² 1,2 x 10³ 1,7 x 10³ -

Fonte: Andrade et al. (2006).

Notas: NMP = Número Mais Provável; UFC = Unidades Formadoras de Colônia. Coleta das amostras ocorrida no dia 23/08/06.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

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Tabela 23 - Análise microbiológica de água em diversos pontos, no ano de 2007.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)

< 4,6 > 8,0 4,6 1.000

Coliformes Totais (NMP/100mL) > 8,0 > 8,0 8,0 - Contagem de Bactérias Heterotróficas (UFC/mL)

6,0 x 10¹ 5,1 x 10¹ 2,6 x 10² -

Fonte: Andrade et al. (2007).

Notas: NMP = Número Mais Provável; UFC = Unidades Formadoras de Colônia. Coleta das amostras ocorrida no dia 02/05/07.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

Tabela 24 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2007.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) DBO5 (mg/L O2) 0,5 0,8 2,5 5 DQO (mg/L O2) 1,2 2,4 6,9 - Fósforo Total (mg/L) 0,18 0,21 0,29 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 1,18 0,85 1,28 3,7 pH 6,58 6,54 6,6 6,0 – 9,0

Fonte: Andrade et al. (2007).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no primeiro semestre de 2007.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

Tabela 25 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2007.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) DBO5 (mg/L O2) 0,4 0,6 13,6 5 DQO (mg/L O2) 0,8 1,3 4,8 - Fósforo Total (mg/L) 0,06 0,29 0,38 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) N.D. N.D. 2,32 3,7 pH 6,53 6,69 7,78 6,0 – 9,0

Fonte: Andrade;Melo (2008b).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no segundo semestre de 2007. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

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Tabela 26 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2008.

Parâmetros Branco (5) Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) DBO5 (mg/L O2) 0,24 0,4 1,90 1,90 5 DQO (mg/L O2) 0,58 1,16 3,73 4,63 - Fósforo Total (mg/L) N.D. 0,08 0,29 0,26 0,030 pH 5,75 6,69 6,35 6,69 6,0 – 9,0 Fonte: Andrade;Melo (2008a).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 13/05/08. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2. (5) Branco – Nascente mais distante do Aterro (cerca de 100 m); localizada em área protegida por mata.

Tabela 27 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2008.

Parâmetros Branco (5) Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) DBO5 (mg/L O2) 0,98 1,28 0,28 19,6 5 DQO (mg/L O2) 2,63 3,51 1,32 48,2 - Fósforo Total (mg/L) N.D. 0,18 0,09 1,05 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 0,32 0,64 0,43 2,48 3,7 pH 5,45 5,93 6,06 6,36 6,0 – 9,0 Condutividade 13,43 21,4 19,3 17,4 -

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 25/09/08. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2. (5) Branco – Nascente mais distante do Aterro (cerca de 100 m); localizada em área protegida por mata.

Tabela 28 - Análise hídrica de Fósforo, Nitrogênio e pH, no ano de 2008.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) Fósforo Total (mg/L) 0,22 0,35 0,37 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 0,32 0,21 0,43 3,7 pH 5,65 5,95 6,24 6,0 – 9,0 Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 12/11/08.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

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Tabela 29 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2008.

Parâmetros Branco (5) Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Res. 357 (4) DBO5 (mg/L O2) 0,1 1,2 0,6 1,3 5 DQO (mg/L O2) 0,38 3,0 1,52 3,4 - Sólidos Suspensos (mg/L) 13 1 8 14 - Sólidos Totais (mg/L) 44,6 12 48,6 52,8 - Fósforo Total (mg/L) 0,1 0,05 0,55 1,00 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 0,32 0,21 0,32 0,43 3,7 Nitrogênio Amoniacal (mg/L) N.D. N.D. N.D. N.D. - Cromo Total N.D. N.D. N.D. N,.D. - pH 5,42 6,18 6,28 6,39 6,0 – 9,0 Fonte: Andrade;Melo (2009a).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 23/11/08. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

(1) Ponto 1 – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1. (3) Ponto 3 – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro. (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2. (5) Branco – Nascente mais distante do Aterro (cerca de 100 m); localizada em área protegida por mata.

Em comparação dos resultados, o único parâmetro extrapolado, em comparação à

Resolução CONAMA 357/05, foi o Fósforo, sendo extrapolado em todas as amostras feitas

entre 2006 e 2008 (Andrade et al., 2007).

Nas Tabelas 30 à 33 são demonstrados os resultados das análises de solo, em

diferentes épocas e pontos.

Tabela 30 – Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008.

Parâmetro BRANCO (4) AMOSTRA 1 (1) AMOSTRA 2 (2) AMOSTRA 3 (3) Argila (%) 30 42 65 30 pH 5,1 5,3 4,6 5 M.O. (%) 4,2 2,4 1,3 2,6 P (mg/dm³) 6 13 5 10 K (mg/dm³) 144 142 43 164 S (mg/dm³) 21 16 35 17 Boro (mg/dm³) 0,5 0,3 0,3 0,3 Manganês (mg/dm³) 34 11 6 12 Zinco (mg/dm³) 7,4 2,4 0,7 6,4 Cobre (mg/dm³) 4,8 10,5 2,5 1,4 Al (cmol/dm³) 0 0,3 3,5 0,4 Ca (cmol/dm³) 6,2 7,2 2,2 3,5 H+Al (cmol/dm³) 10,9 7,7 19,4 8,7 CTC (cmolc/dm³) 19,1 17,8 22 13,3 Fonte: Andrade;Melo (2008a).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 13/05/08.

(1) Amostra 1 – Lavoura próxima ao Aterro Invernadinha; cerca de 50 m da Área de Disposição Antiga.

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(2) Amostra 2 – Talude em frente a Área de Disposição Antiga; local de empréstimo do solo de cobertura. (3) Amostra 3 – Área em torno da Nascente mais próxima do Aterro. (4) Branco – Mata Nativa ao lado da Área de Disposição Antiga; cerca de 50 m da Amostra 3.

Tabela 31 - Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008.

Parâmetro BRANCO (4) AMOSTRA 5 (1) AMOSTRA 6 (2) AMOSTRA 3 (3) Argila (%) 42 32 34 35 pH 5,5 6,5 7,3 5,3 M.O. (%) 4,6 >6,7 >6,7 >6,7 P (mg/dm³) 7 13 >53 24 K (mg/dm³) 290 567 507 306 S (mg/dm³) 19 28 22 20 Boro (mg/dm³) 0,8 1,7 1,2 0,8 Manganês (mg/dm³) 30 12 3 15 Zinco (mg/dm³) 6,2 9,6 9,6 9,6 Cobre (mg/dm³) 2,3 3,2 0,8 7,7 Al (cmol/dm³) 0,2 0,0 0,0 0,1 Ca (cmol/dm³) 8,5 11,9 16,5 10,7 H+Al (cmol/dm³) 5,5 2,5 1,2 4,4 CTC (cmolc/dm³) 17,7 19,3 21,6 18,6

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 24/09/08. Nomenclatura das amostras adaptada da original.

(1) Amostra 5 – Área de Disposição Antiga (ADA). (2) Amostra 6 – Área de Disposição Recente (ADR). (3) Amostra 3 – Área em torno da Nascente mais próxima do Aterro. (4) Branco – Mata Nativa ao lado da Área de Disposição Antiga; cerca de 50 m da Amostra 3.

Tabela 32 - Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008.

Parâmetro AMOSTRA 7 (1) AMOSTRA 8 (2) Argila (%) 54 23 pH 5,5 6,4 M.O. (%) 3,2 >6,7 P (mg/dm³) 11 22 K (mg/dm³) 386 535 S (mg/dm³) 13 20 Boro (mg/dm³) 0,8 >2,6 Manganês (mg/dm³) 29 9 Zinco (mg/dm³) 2,7 7,3 Cobre (mg/dm³) 3,4 2,1 Al (cmol/dm³) 0,2 0,0 Ca (cmol/dm³) 6,0 13,9 H+Al (cmol/dm³) 6,2 2,2 CTC (cmolc/dm³) 14,8 19,9

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 12/11/08. Nomenclatura das amostras adaptada da original.

(1) Amostra 7 – Decida da Lavoura (entrada para Invernadinha) (2) Amostra 8 – Decida para banhado (área das hortelãs).

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Tabela 33 - Análise do solo em vários pontos na Invernadinha, em 2008.

Parâmetro BRANCO (4) AMOSTRA 1 (1) AMOSTRA 5 (2) AMOSTRA 6 (3) Argila (%) 25 41 30 24 pH 5,3 5,3 5,9 6,0 M.O. (%) 6,3 3,3 >6,7 5,2 P (mg/dm³) 11 25 15 50 K (mg/dm³) 324 371 396 312 S (mg/dm³) 15 11 28 17 Boro (mg/dm³) 1,0 0,3 1,0 1,0 Manganês (mg/dm³) 46 15 13 5 Zinco (mg/dm³) 6,7 1,7 9,6 9,6 Cobre (mg/dm³) 1,9 1,9 5,3 16,0 Al (cmol/dm³) 0,0 0,8 0,0 0,0 Ca (cmol/dm³) 4,6 2,5 6,9 8,5 H+Al (cmol/dm³) 7,7 7,7 4,4 1,6 CTC (cmolc/dm³) 15,3 17,8 14,0 12,6 Fonte: Andrade;Melo (2009a).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 24/11/08. Nomenclatura das amostras adaptada da original.

(1) Amostra 1 – Lavoura próxima ao Aterro Invernadinha; cerca de 50 m da Área de Disposição Antiga. (2) Amostra 5 – Área de Disposição Antiga (ADA). (3) Amostra 6 – Área de Disposição Recente (ADR). (4) Branco – Mata Nativa ao lado da Área de Disposição Antiga; cerca de 50 m da Amostra 3.

Em relação às análises de macro e micronutrientes presentes nas gramíneas,

contataram-se os valores presentes na Tabela 34.

Tabela 34 - Nutriente presentes em amostras de Capim Anoni (Eragrostis sp.), em 2007.

Parâmetros Parte aérea Raízes N (mg/kg) 1,22 - P (mg/kg) 0,11 - K (mg/kg) 0,65 - Zn (mg/kg) - 28,00 Mn (mg/kg) - 71,90 Fe (mg/kg) - 1.202,02

Fonte: Andrade et al. (2007). Adaptado.

Notas: Os dados originais estavam em forma textual, apenas existindo os dados citados na tabela. O ponto de coleta das amostras foi na Área de Disposição Antiga.

Segundo Andrade et al. (2006) e Arruda et al. (2007), algumas das espécies vegetais

mais presentes no local, no ano de 2006 e 2007, eram: Vassourinha (Baccharis sp.),

Carrapicho (Alternanthera sp.), Carrapicho bravo (Zanthium cavaniellesii), Maricazinho

(Aeschynomene sp.), Mamona (Ricinus communis), assim como as espécies arbóreas

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Cinamomo (Melia azedarach), Aroeira Vermelha (Schinus terebentifolius) e Umbu

(Phytolaca dióica).

Analisando em relação ao histórico da área, percebeu-se que os munícipes ao passar junto a ela reconhecem apenas como um local abandonado, e nem percebem a diferença desta com a área fronteiriça (OLIVEIRA et al., 2005, apud ARRUDA et al., 2007). O entorno abriga indústrias, comércio de grande porte (Marmoraria De Carli, Expolight), instituições de ensino e pesquisa (UPF, EMBRAPA).

O local tem potencial importante na questão ambiental dada a proximidade com a

Reserva Arlindo Hass, podendo se transformar em um corredor ecológico. Mesmo sem uma

intervenção drástica de recuperação ambiental, vêm apresentando melhorias gradativas em

seu visual, não produzindo o impacto de quando a área era utilizada como depósito de RSU

com a presença de catadores (ARRUDA et al., 2007).

A Figura 15 demonstra o plantio de árvores nativas realizado em junho de 2006, a

Área de Disposição Antiga (ADA) do Aterro Invernadinha.

Figura 15 – Plantio de árvores nativas no Aterro Invernadinha, junho de 2006. Fonte: Andrade et al. (2006).

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O estudo de recuperação ambiental ocorrido em 2006 viabilizou o plantio de árvores

nativas no local, sendo introduzidas espécies como: Araçá (Pisidium cattleyanum), Ipê roxo e

Ipê amarelo (Tabebuia sp.), Ingá (Ingá sp.), Pitanga (Eugenia uniflora), Açoita-Cavalo

(Luehea divaricata), dentre outras espécies nativas (ANDRADE et al., 2006). O plantio

ocorreu na Área de Disposição Antiga (ADA), juntamente com o curso de Engenharia

Ambiental da UPF. Para o plantio e o estudo do desenvolvimento das espécies, foi retirada a

vegetação superficial do local e implantadas as espécies nativas. Porém, com o passar do

tempo, a vegetação em sucessão natural no local acabou dominando a área, abafando as

espécies implantadas.

As Figuras 16 à 19 mostram a evolução da ADA do Aterro Invernadinha, entre 2006 e

2009. Estas fotos fazem parte do Monitoramento Fotográfico desenvolvido neste período.

Figura 16 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, setembro de 2006. Fonte: Andrade et al. (2006).

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Figura 17 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, agosto de 2007. Fonte: Andrade et al. (2007).

Figura 18 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, agosto de 2008. Fonte: Andrade;Melo (2008b).

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Figura 19 – Área de Disposição Antiga - Aterro Invernadinha, maio de 2009.

Segundo Arruda et al. (2007), quanto ao crescimento da vegetação, houve incremento da altura e diâmetro das Vassourinhas (comparado ao ano anterior) e destaca-se o elevado teor de zinco nas folhas.

A relação das Alturas e Volume de Vassourinhas nos anos de 2006 e 2007 pode ser

visualizado na Tabela 35. A Tabela, porém, contradiz a conclusão de Arruda et al. (2007)

sobre o desenvolvimento da altura e diâmetro das Vassourinhas.

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Tabela 35 – Análise do desenvolvimento de Vassourinhas (Baccharis sp.) presentes no Aterro

Invernadinha, nos anos de 2006 e 2007.

2006 2007

Parâmetros P1 P2 P3 Média P1 P2 P3 Média

Árvores/m² 4 4 5 4,33 3 5 3 3,67

Rua 1

Altura (m) 3,5 3,45 3 3,32 3,6 3,2 2,85 3,22

Árvores/m² 3 3 1 2,33 3 2 - 2,5

Rua 2

Altura (m) 2,8 3,3 3,3 3,13 3,3 3,45 - 3,38

Árvores/m² 6 1 2 3 4 1 3 2,67

Rua 3

Altura (m) 1,75 2,65 3,3 2,57 2,6 3,25 1,5 2,45

Árvores/m² 4 3 3 3,3 4 4 1 3

Rua 4

Altura (m) 2,8 3,1 3,3 3,07 3,4 3,35 3,62 3,46

Fonte: Arruda;Andrade (2007). Não publicado.

Notas: A medição das Vassourinhas foi feito nos anos de 2006 e 2007, na Área de Disposição Recente (ADR). Os pontos de análise (P1, P2 e P3) possuiam 1 m² e foram escolhidos aleatóriamente (demarcados com fitas); análise em triplicata. Foram medidas nestes pontos a Altura das Vassourinhas presentes no m², e Quantidade de Vassourinhas presentes neste m². As Ruas (1, 2, 3, 4) foram abertas aleatóriamente na ADR, para possibilitar a entrada dos pesquisadores para medição das Vassourinhas. Os dados não foram publicados em totalidade, sendo publicados apenas as médias gerais.

Os dados demonstram o resultado dos impactos ambientais efetuados ao longo dos

anos na disposição dos resíduos. No solo, os resultados são heterogêneos, porém apresentam

poluição e contaminação nas camadas inferiores, mas com vegetação desenvolvida na camada

superior. Em análises de solo e gramíneas deve se levar em consideração a heterogeneidade

do substrato causada pela disposição não harmônica dos resíduos (ANDRADE et al., 2007).

2.2.11 Resultados de Korf et al. (2007)

Segundo Korf et al. (2007), foram realizadas coletas de amostra de solo em três pontos

amostrais: Talude (solo original), ADR e ADA. Também foram realizadas caracterizações

geotécnicas e do teor de metais.

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A capacidade de atenuação foi avaliada pelo ensaio de coluna, segundo a metodologia

ASTM D 4874, que simula a lixiviação de um poluente pelo solo. Dois ensaios foram

realizados com corpos de prova moldados utilizando o solo coletado da área original não

contaminada por resíduos ajustando às características de campo como umidade e densidade.

Reproduziu-se em laboratório um lixiviado artificial, em que foram inseridas concentrações

pré-estabelecidas de metais: Zinco, Cobre, Manganês e Ferro. Após percolação de diferentes

volumes de poros pelo solo foram realizadas análises dos metais presentes, observando

capacidade de atenuação (KORF et al., 2007).

As análises dos metais presentes nas cinco amostras de percolado, após a realização de

cada ensaio de atenuação, foram efetuadas junto ao LACE e LABSOLO, na UPF. O método

de análise foi através de espectrofotometria de absorção atômica. Os parâmetros observados

foram a atenuação natural dos metais presentes no contaminante em estudo, em temos de

concentração final obtida no líquido percolado.

A Tabela 36 representa o resultado de análise química de alguns metais presentes nas

amostras de solo coletadas no Aterro Invernadinha no ano de 2007.

Tabela 36 - Teores de metais presentes no solo do Aterro no ano de 2007.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Zn (mg/kg) 62,78 192,5 42,10 Cu (mg/kg) 47,90 108,42 44,34 Mn (mg/kg) 437,22 1.113,62 423,87 Fe (mg/kg) 28.432,32 36.469,02 33.758,97

Fonte: Korf et al. (2007). Adaptado. (1) Ponto 1 – Área de Disposição Recente. (2) Ponto 2 - Área de Disposição Antiga. (3) Ponto 3 – Solo Original do Talude (solo da área de empréstimo da cobertura do aterro).

O retardamento do contaminante de estudo no ensaio de coluna é visualizado de forma

significativa. As concentrações nas leituras do percolado, para a maioria dos metais,

apresentaram valores mínimos em relação à inserida e o comportamento de atenuação do solo

é confirmado. A capacidade de atenuação é cessada para o Manganês no segundo ensaio com

a percolação de cerca de 16,5 volumes de vazios, uma quantidade bem expressiva (KORF et

al., 2007).

Os resultados de Limite de Liquidez (LL) e plasticidade (LP) do solo indicaram um solo altamente plástico com índices de plasticidade variando de 21 à 30. O peso específico real dos grãos variou de (27 à 27,5) kN/m³. O peso específico natural para

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o solo da área original foi de 16,16 kN/m³ e a umidade natural foi de 19,3 %. O ponto 2 de coleta, a área de antiga disposição de resíduos revelou um grau de argila baixo, de 38,7 %. Os Pontos 1 (Área de Disposição Recente) e 3 (Área de Solo Original do Talude), indicaram teores de argila de 58 e 67 %, respectivamente (KORF et al., 2007).

Segundo Korf et al. (2007), nos ensaios realizados, para a maioria dos metais, não foi

possível atingir o limite máximo de atenuação do solo original. O solo continua tendo um

poder de atenuação contínuo e alto, indicando que a capacidade de retenção de metais é muito

significativa. Porém, na área contaminada por resíduos esse comportamento já é diferente.

2.2.12 Resultados de Schoenell (2008)

No estudo de Schoenell (2008) foi realizado um inventário florístico considerando toda

área de estudo. O levantamento da flora arbórea foi realizado por caminhamento,

identificação visual e classificada botanicamente (família, nome científico e nome popular) e

grupo ecológico (pioneira, secundária iniciais e secundárias tardias). Foram amostradas as

espécies com CAP igual ou maior a 12 cm. As espécies arbóreas foram classificadas em três

grupos ecológicos e comparadas com os resultados obtidos em 2004/5 por outros autores.

Para a avaliação das espécies herbáceas foram utilizadas parcelas de um 1 m²,

distribuídas aleatoriamente na área de estudo, totalizando 30 amostras, em duas estações do

ano (outono e inverno). As espécies foram identificadas sistematicamente em família, nome

científico e nome popular e catalogadas junto ao herbário localizado no Museu Zoobotânico

Augusto Ruschi (SCHOENELL, 2008).

De acordo com o levantamento botânico arbóreo realizado neste estudo foram

identificadas 19 espécies distribuídas entre 14 famílias. A espécie dominante no local é o

Fumo bravo (Solanum erianthum), espécie pioneira que apresenta um total de 61 indivíduos,

seguido da Bracatinga (Mimosa scabrella) com 13 indivíduos e do Jaracatiá (Jaracatia

spinosa) com 12 exemplares. Porém, a família de maior ocorrência é a família Fabaceae, com

quatro espécies identificadas. Se comparado com o levantamento realizado em 2004/5, onde

foram identificadas 16 espécies distribuídas em 13 famílias, nota-se um acréscimo de

diversidade arbórea do local demonstrando a recuperação ambiental natural (SCHOENELL,

2008).

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A relação das espécies arbóreas encontradas em 2008 por Schoenell pode ser vista na

Tabela 37.

Tabela 37 – Número e espécies arbóreas encontrados na Invernadinha, em 2008.

Família Nome Científico Nome Comum N° de

indivíduos Anacardiaceae Schinus terebenthifolius Aroeira vermelha 8 Anacardiaceae Schinus molle Aroeira piriquita 3 Araucariáceas Araucaria angustifolia Pinheiro brasileiro 1 Caricaceae Jaracatia spinosa Jaracatiá 12 Euphorbiaceae Sebastiana commersoniana Branquilho 2 Euphorbiaceae Sapium glandulatum Leiteiro 3 Fabaceae Mimosa scabrella Bracatinga 13 Fabaceae Enterolobium contorolobium Timbauva 3 Fabaceae Erythrina crista-galli Corticeira 1 Fabaceae Sesbania sp Sesbania 7 Lauraceae Ocotea puberula Canela guaicá 11 Meliaceae Melia azedarach Cinamomo 2 Moraceae Morus nigra Amoreira 8 Myrtaceae Acca sellowiana Goiabeira da serra 2

Phytolaccaceae Phytolacca dioica Umbú 1 Rhamnaceae Hovenia dulcis Uva japonesa 8 Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Mamica de cadela 7 Sapindaceae Allophylus edulis Vacum 1 Solanaceae Solanum erianthum Fumo bravo 61

Total 154 Fonte: Schoenell (2008).

Com relação às espécies herbáceas, no levantamento botânico realizado em 2004/5

foram encontradas 44 espécies distribuídas entre 15 famílias (Melo;Schneider; Machado,

2005, apud Schoenell, 2008), já no levantamento botânico feito em 2008 foram encontradas

63 espécies divididas em 21 famílias. A grande maioria das espécies herbáceas encontradas

foi classificada como rara, devido a sua baixa freqüência nas parcelas. Porém, espécies como

o Cipó-cabeludo (Mikania cordifolia), Botão-de-ouro (Synedrella nodiflora), Maria mole

(Senecio brasiliensis), Cambará branco (Vernonia sp.) e Vassourinha (Baccharis medullosa),

todas da família Asteraceae, foram classificadas como freqüente. Espécies das famílias

Convolvulaceae, Cyperaceae, Lamiaceae, Malvaceae, Plantaginaceae e Poaceae também

tiveram ocorrência freqüente. As espécies que foram classificadas como ocasional são

espécies encontradas apenas no levantamento de inverno (SCHOENELL, 2008).

A relação das espécies herbáceas encontradas em 2008 por Schoenell pode ser vista no

Quadro 10.

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80

Quadro 10 - Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 2008.

(continua) Família Nome Científico Nome Comum Ocorrência

Amarantaceae Alternanthera sp Caruru Rara Apiaceae Apium leptophyllum Aipinho-do-campo Ocasional Apiaceae Bowlesia incana Rara Apiaceae Conium maculato Funcho-selvagem Rara Apiaceae Eryngium sp Caraguatá Rara Asclepiadaceae não identificada Rara Asteraceae Ageratum sp Erva-de-são-joão Rara Asteraceae Ambrosia polystachya Salsa-do-campo Rara Asteraceae Aspila montevidensis Bem-me-quer Rara Asteraceae Baccharis medullosa Vassoura Frequente Asteraceae Baccharis trimera Carqueja Rara Asteraceae Elephantopus mollis Pé-de-elefante Rara Asteraceae Eupatorium laevigatum Cambará-falso Rara Asteraceae Hypochoeris sp Almeirão-do-campo Rara Asteraceae Mikania cordifolia Cipó-cabeludo Frequente Asteraceae Parthenium sp Losna-branca Rara Asteraceae Senecio brasiliensis Maria mole Frequente Asteraceae Solidago chilensis Erva-lanceta Rara Asteraceae Synedrella nodiflora Botão-de-ouro Frequente Asteraceae Vernonia sp Cambará branco Frequente Asteraceae Xanthium strumarium Carrapicho Rara Comelinaceae Comelina sp Erva-de-santa-maria Rara Convolvulaceae Ipomoea purpuria Gramofone Frequente Convolvulaceae Ipomoea cairica Campainha Frequente Convolvulaceae Ipomoea sp Corda de viola Frequente Cyperaceae Cyperus ferax Junquinho Frequente Cyperaceae Cyperus lanceolatus Junquinho Frequente Cyperaceae Eleocharis sellowiana Junco Rara Cyperaceae Fimbristylis autumnalis Falso-alecrim-da-praia Rara Fabaceae Desmodium sp Trevo Ocasional Fabaceae Trifolium sp Trevo Ocasional Lamiaceae Hyptis mutabilis Cheirosa Frequente Lamiaceae Hyptis sp Cheirosa Frequente Lamiaceae Leonurus sibiricus Rubim Rara Lamiaceae Mentha villosa Hortelã Rara Lamiaceae Ocimum micranthum Alfavaca Rara Malvaceae Sida sp Guanxuma Frequente Malvaceae Sida rhombifolia Guanxuma preta Frequente Malvaceae Sida santaremnensis Guanxuma Frequente Marantaceae Thalia geniculata Rara Plantaginaceae Plantago australis Tanchagem Frequente Poaceae Andropogum sp Capim-rabo-de-burro Rara Poaceae Axonopus sp Grama sempre verde Rara Poaceae Digitaria sp Capim-das-roças Frequente Poaceae Eragrostis plana Capim anonne Rara

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81

Espécies herbáceas encontradas no Aterro Invernadinha, em 2008.

(conclusão) Família Nome Científico Nome Comum Ocorrência

Poaceae Lolium multiflorum Azevém Ocasional Poaceae Paspalum sp Grama forquilha Ocasional Poaceae Paspalum urvillei Capim-das-estradas Ocasional Poaceae Penisetum clandestinum Capim quicuio Ocasional Poaceae Vicia sativa Ervilhaca Ocasional Polygonaceae Polygonum puctatum Erva-de-bicho Rara Rubiaceae Relbunium sp Saco-de-touro Rara Sapindaceae Cardiospermum halicacabum Coração-de-índia Rara Solanaceae Solanum americanum Maria pretinha Frequente Solanaceae Solanum aculeatissimum Joá-bravo Rara Verbenaceae Verbena litoralis Erva-de-pai-caetano Rara Fonte: Schoenell (2008).

Mesmo com o acréscimo de espécies e de famílias entre os dois levantamentos, a

família Asteraceae continuou sendo a mais expressiva em freqüência e em número de

indivíduos por quadrante nos dois levantamentos, seguido pelas famílias Poaceae e

Lamiaceae. Comparando com o total de exemplares analisados, verifica-se que a família

Asteraceae apresentou 19,84% do total de exemplares, seguido da família Poaceae com

9,12% (SCHOENELL, 2008).

O Quadro 11 apresenta a comparação entre os dois períodos de levantamento

classificando as famílias em ‘presença/ausência’, verificando o aparecimento de dez novas

famílias no levantamento de 2008 e o desaparecimento de cinco famílias encontradas em

2004/5.

Quadro 11 - Presença das famílias nos diferentes anos no Aterro Invernadinha.

(continua) Presença

Famílias 2004/05 2008

Amarantaceae X Apiaceae X X Asclepiadaceae X Asteraceae X X Brassicaceae X Caryophylaceae X Chenopodiaceae X Comelinaceae X Convolvulaceae X X Cyperaceae X X Dennstaedtiaceae X Euphorbiaceae X

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Presença das famílias nos diferentes anos no Aterro Invernadinha.

(conclusão) Presença

Famílias 2004/05 2008

Fabaceae X X Lamiaceae X X Malvaceae X X Marantaceae X Plantaginaceae X X Poaceae X X Polygonaceae X X Primulaceae X Ranunculaceae X Rubiaceae X Sapindaceae X Solanaceae X X Verbanaceae X

Fonte: Schoenell (2008).

Na Tabela 38 observam-se os resultados da caracterização química de metais no solo

do Aterro Invernadinha. Os dados indicam que a área apresenta contaminação por metais

pesados, com os níveis mais elevados na Área de Disposição Antiga (ADA) quando

comparados com os teores encontrados no solo característico do local (“branco”).

Tabela 38 – Caracterização dos metais no solo da Invernadinha em diferentes épocas.

Ano 2008 Ano 2004 (1) Metais

“Branco” ADR ADA ADR ADA

CETESB 2005 (2)

Ni (mg/kg) 8,85 11,64 22,72 - - 30 Cd (mg/kg) 1,81 1,89 10,30 < 1 <1 1,3 Pb (mg/kg) 26,38 26,38 916,13 20,90 33,20 72 Zn (mg/kg) 65,34 74,18 189,32 381,3 821,07 300 Cu (mg/kg) 41,99 37,36 128,12 50 268.7 0,5 Mn (mg/kg) 253,78 212,52 623,44 11 41.7 - Fe (mg/kg) 26169,83 25618,01 30525,02 - - - Cr (mg/kg) 43,95 56,36 1944,82 479 149,7 60 Co (mg/kg) 10,93 10,93 26,43 - - 75 Fonte: Schoenell (2008).

Notas: As análises foram efetuadas pelo método 3050B. ADR = Área de Disposição Recente. ADA = Área de Disposição Antiga. O autor não especifíca a localização do ponto “Branco”.

(1) Dados de Melo et al. (2005, apud Schoenell, 2008). (2) Limites de metais no solo (padrão comparativo).

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Comparando os dados de 2008 com 2004 para o elemento Cu, nota-se uma diminuição na concentração desse elemento no solo, porém ainda esta acima dos níveis de preservação estabelecido pela CETESB (2005, apud Schoenell, 2008)). Além do Cu, outros elementos estão fora dos padrões, como o Cd, Pb e Cr na disposição antiga. Outro elemento que apresentou diminuição foi o Zn, que em 2004 estava fora dos padrões e atualmente esta de acordo (SCHOENELL, 2008).

Como conclusão do estudo, Schoenell (2008) ressalta que ao analisar o levantamento

botânico das espécies herbáceas constata-se que a família Asteraceae é predominante, seguida

da família Poaceae e Lamiaceae, o que condiz com os resultados do levantamento de 2004/5.

A manutenção dos estágios sucessionais iniciais representa uma fonte de propulsão para o

aparecimento de comunidades locais, aumentando a diversidade e conseqüentemente

auxiliando na resiliência local. Com relação às espécies arbóreas, houve um incremento no

número de espécies e de famílias, sendo que a famílias Fabaceae foi a que teve mais espécies

identificadas. Quanto ao grupo ecológico, as espécies pioneiras são as dominantes no local,

sendo o Fumo-bravo (Solanum erianthum) a espécie mais freqüente.

Em suma, Schoenell (2008) afirma que “pode-se concluir que a área encontra-se em

estágio intermediário de sucessão, passando de um estágio primário para um estágio

secundário inicial”.

3 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Segundo a definição da ABNT NBR 10.004:2004, Resíduos Sólidos são: “resíduos nos

estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição”.

Segundo a definição da ABNT (1987, apud IPT/CEMPRE, 2000), “denomina-se lixo

os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou

descartáveis”.

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), comumente conhecidos como lixo doméstico ou

residencial, são subprodutos das atividades antrópicas, compostos por diversos itens como

embalagens de produtos, resíduos de alimentação, resíduos de podas, tecidos, jornais, papeis,

metais, vidros e outros subprodutos do consumo urbano (CHEREMISINOFF, 2003; LIMA,

2004).

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Segundo IPT/CEMPRE (2000), os RSU podem ser divididos em:

a) Domiciliar - aquele originado na vida diária das residências, constituído por restos

de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em

geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros

itens;

b) Comercial - aquele originado nos diversos estabelecimentos comerciais e de

serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares,

restaurantes, etc. O lixo destes locais tem grande quantidade de papel, plásticos,

embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como papel-toalha,

papel higiênico, etc;

c) Público - aquele originado dos serviços de limpeza pública urbana. Inclui todos

resíduos de: varrição das vias públicas; limpeza de praias; limpeza de galerias,

córregos e terrenos; restos de podas; corpos de animais, etc.

3.1 Geração e Composição dos RSU

A Tabela 39 apresenta a variação na composição gravimétrica dos RSU em São Paulo

em diferentes épocas.

Tabela 39 - Composição dos resíduos sólidos em São Paulo em diferentes anos.

Ano Tipo de Material

1927 1947 1965 1969 1972 1989 1990 1993

Papel, papelão (%) 13,4 16,7 16,8 29,2 25,9 17 29,6 14,4

Trapo, couro (%) 1,5 2,7 3,1 3,8 4,3 - 3 4,5

Plástico (%) - - - 1,9 4,3 7,5 9 12

Vidro (%) 0,9 1,4 1,5 2,6 2,1 1,5 4,2 1,1

Metais, latas (%) 1,7 2,2 2,2 7,8 4,2 3,25 5,3 3,2

Matéria orgânica (%) 82,5 76 76 52,2 47,6 55 47,4 64,4

Outros (%) - 1 0,4 2,5 11,6 15,75 1,5 0,4

Fonte: IPT/CEMPRE, apud Fiori (2002). Adaptado.

Notas: A tabela original não apresentava em Tipo de Material o item “Outros”, porém em decorrência das diferenças em relação a somatória (100%), este item foi adicionado, contemplando as diferenças dos valores.

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3.1.1 Fatores que influenciam a geração e composição dos RSU

A composição do RSU depende de fatores como o estilo de vida da população, seu

relativo padrão de vida, padrão de consumo geral e nível de avanço tecnológico do país em

particular. Porém em um mesmo local, esta composição pode variar sazonalmente, ou mesmo

de acordo com o dia da semana ou do mês (CHEREMISINOFF, 2003; LIMA, 2004).

Segundo Cheremisinoff (2003), o crescimento da população ou declínio devido a

mudanças na taxa de crescimento, taxa de óbito ou significante migração, afetam a geração de

RSU residenciais, comerciais e industriais. A geração per capta depende de pelo menos três

fatores principais: status socioeconômico, grau de urbanização e tamanho das famílias.

Segundo Lima (2004), outros fatores que influenciam a geração e a composição dos

RSU são:

d) número de habitantes;

e) área relativa de produção;

f) variações sazonais;

g) condições climáticas;

h) hábitos e costumes da população;

i) nível educacional;

j) poder aquisitivo;

k) leis e regulamentações específicas.

Com as migrações periódicas em férias de verão e inverno e a paralisação de

atividades escolares no mesmo período, ocorrem consideráveis mudanças na rotina dos

estabelecimentos comerciais e industriais, principalmente de cidade potencialmente turísticas.

Em algumas cidades o volume gerado pode dobrar em períodos de férias (LIMA, 2004).

Além dos fatores primários, outros fatores também influenciam na formação e

características dos resíduos, assim como na escolha dos sistemas de coleta, tratamento e

destino final. Segundo Lima (2004), alguns destes fatores são:

a) teor de umidade – representa a quantidade de água contida na massa de resíduo.

Possui interferência direta no poder calorífico dos resíduos, assim como nos

tratamentos por processos biológicos. O teor de umidade depende diretamente de

condições climáticas, variando de um lugar para outro. No Brasil, o valor médio do

teor de umidade do resíduo domiciliar é da ordem de 60%;

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b) peso específico – representa a relação entre peso e volume. Sendo a maioria dos

RSU compressíveis, o peso específico determina a capacidade volumétrica de

meios de coleta, tratamento e destino final dos resíduos. No Brasil, o peso

específico médio é da ordem de 192 kg/m³;

c) teor de matéria orgânica – representa a quantidade de matéria orgânica contida na

massa de resíduo. Em países em desenvolvimento, o teor de matéria orgânica

costuma representar a maior fração em peso. A quantidade de matéria orgânica dos

resíduos tem importância direta na degradação e poluição dos RSU, pois

influenciam na quantidade de microorganismos decompositores presentes.

3.2 Decomposição dos RSU

Em aterros, o tempo de decomposição dos resíduos varia em função de inúmeros

fatores, podendo ocorrer em 10, 20 ou até 50 anos após a instauração do processo de

contaminação do sítio (LIMA, 2005).

O processo de decomposição tem como principal benefício a degradação dos resíduos,

geralmente reduzindo seu impacto, porém é neste estágio que também iniciam grandes

problemas, principalmente com materiais orgânicos. O lixiviado inicia sua geração com a

decomposição de resíduos e é este lixiviado (ou percolado, ou chorume) que é o principal

contaminante hídrico em aterros.

3.2.1 Etapas da decomposição

Segundo o site Ambiente Brasil (200-), as etapas de decomposição são:

a) Primeira fase;

- Ocorre a decomposição da matéria orgânica facilmente degradável, como por

exemplo, carboidratos;

- Nesta faze, proteínas, aminoácidos, lipídios e carboidratos são rapidamente

decompostos em água, gás carbônico e nutrientes (compostos de nitrogênio,

fósforo, etc.) pelos microorganismos;

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- Nesta etapa ocorrem reações químicas no processo e não mais ação biológica

por microorganismos termófilos.

b) Segunda fase;

- A fase de semimaturação. Os participantes freqüentes desta fase são as

bactérias, actinomicetos e fungos.

c) Terceira fase;

- A fase de maturação/humificação. Nesta fase, celulose e lignina são

transformados em substâncias húmicas, que caracterizam o composto, pelos

pequenos animais do solo como por exemplo às minhocas;

- O húmus (composto) é um tipo de matéria orgânica mais resistente à

decomposição pelos microorganismos. No solo, as substâncias húmicas vão

sendo lentamente decompostas pelos microorganismos e liberando nutrientes

que são utilizados pelas raízes das plantas.

3.2.2 Fatores que influenciam a decomposição

Segundo o site Ambiente Brasil (200-), os fatores que influenciam a decomposição dos

resíduos são:

a) Aeração;

- O fornecimento de oxigênio é um fator importante durante a decomposição,

principalmente, na primeira fase. A falta de oxigênio pode liberar odores

desagradáveis, provenientes de produtos de decomposição anaeróbia como gás

sulfídrico;

b) Matéria-prima;

- O lixo doméstico é uma boa fonte de matéria orgânica e que corresponde a

mais de 50% de sua composição;

- Relação carbono/nitrogênio (C/N) entre 30 - 40, ideal para o desenvolvimento

dos microorganismos;

- Umidade: 45% a 70%. Abaixo pode inibir o desenvolvimento da atividade

bacteriana e acima pode ocasionar deterioração;

- Materiais com tamanhos menores se decompõem mais rapidamente;

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- Material indesejável do ponto de vista estético e de segurança de manuseio

(pedaços de vidro, metal, plástico, etc);

c) Microorganismos;

- Normalmente, o material orgânico putrescível já contém os microorganismos

necessários durante o processo.

3.3 Problemas gerados pelos RSU

Os RSU geram diversos problemas ambientais relacionados à poluição e

contaminação. Quando a disposição destes resíduos é feita de modo inadequado, estes

problemas agravam-se, gerando impactos ambientais ligados aos meios físicos, bióticos e

antrópicos, que perduram por anos após a finalização do aterro.

Segundo Lima (2004), além dos impactos ambientais, os resíduos dispostos

inadequadamente constituem um problema de ordem estética e de ameaça à saúde pública. Os

RSU, por oferecem uma disponibilidade simultânea de água, alimento e abrigo, são preferidos

por inúmeros organismos vivos, ao ponto de algumas espécies o utilizarem como nicho

ecológico.

Além do “chorume” (ou lixiviado), a decomposição do material orgânico presente nos

resíduos sólidos gera gás metano (CH4), gás sulfídrico (H2S), Dióxido de Carbono (CO2) e

outros gases (NH3, N2, H2, indol e mercaptanas), que são responsáveis por odores

desagradáveis, e se tornam explosivos quando armazenados em um local fechado (BENINCÁ,

2006). Alguns fatores que afetam a biodigestão são: temperatura, pH e substâncias tóxicas

presentes nos resíduos (LIMA, 2004).

3.3.1 Lixiviado

A degradação da matéria orgânica e a percolação de águas pluviais promovem a

lixiviação de diversos produtos orgânicos e inorgânicos decorrentes da decomposição dos

RSU.

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A poluição de águas superficiais ou subterrâneas pelos RSU é gerada por fenômenos

naturais de lixiviação e percolação, induzidos pela entrada de água da chuva na massa de

resíduos, transportando o chorume e carregando substâncias contaminantes pra os corpos

hídricos. Esta poluição hídrica afeta os organismos com o aumento do número de coliformes e

algas (eutrofização).

Um dos principais efluentes gerado pelos resíduos sólidos que causam impactos ambientais em um aterro é o lixiviado, e suas características físico-químicas evoluem com o tempo, ou seja, sua carga ambiental modifica-se de maneira bastante sensível (REICHERT apud BECK, 2005). O lixiviado é constituído basicamente por água rica em sais, metais tóxicos e matéria orgânica, podendo a concentração dessa última chegar a níveis de até cem vezes o valor da concentração de matéria orgânica em esgotos domésticos (COSTA apud BECK, 2005).

O “chorume” pode ser definido como um líquido de cor escura, mau odor e com

elevado potencial poluidor. Este líquido é resultante da decomposição da matéria orgânica

contida nos RSU, através de bactérias anaeróbicas (ABNT, apud IPT/CEMPRE, 2000). Este

líquido apresenta alta acidez, elevada carga orgânica, vários micronutrientes, metais pesados,

entre outras substâncias.

A contaminação hídrica pelo chorume provoca depressão do nível de oxigênio, pela

elevada DBO. Quando isso acontece, os organismos aeróbios são quase totalmente

exterminados, aumentando o número de organismos anaeróbios, responsáveis pelo

desprendimento de gases como CH4 e NO3 (OTTAWAY, 1982, apud LIMA, 2005). Os

corpos d’água que recebem o chorume também apresentam uma mudança de coloração e uma

contagem excessiva de germes patogênicos. Essa poluição promove impactos graves no meio

aquático, com quebra do ciclo de vida das espécies.

O chorume provém de três principais fontes: (a) umidade natural dos RSU; (b) água de constituição de vários materiais; (c) líquidos provenientes da decomposição por bactérias. Esses líquidos ao entrarem em contato com a água da chuva, ou outras infiltrações, percolam pelo interior das células do aterro, lixiviando diversos compostos do interior da massa de resíduos. Neste contexto, muitos autores preferem o termo lixiviado ou líquidos percolados, utilizando o termo chorume apenas para definir o resultado da atividade hidrolítica microbiana quando da degradação dos resíduos (LIMA, 2005).

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O “percolado” pode ser definido como a mistura entre o chorume e a água de chuva

que percolam na massa de resíduos (IPT/CEMPRE, 2000). O “lixiviado” é o resultado da

água pluvial que cai sobre essas áreas, que drenam e percolam através dos interstícios e

camadas de lixo propiciando uma série de reações e processos físico-químicos e biológicos da

degradação.

Sendo assim, será utilizado o termo lixiviado para definir este líquido, visto que na

prática (de um ‘aterro comum’) não se distingui exatamente as diferentes fontes líquidas na

massa de resíduos, e este termo engloba as diferentes possibilidades de geração do efluente.

3.3.1.1 Eutrofização

A eutrofização é um processo causado pelo aumento de nutrientes em um determinado

recurso hídrico. Este pode ser natural ou conseqüência de atividades antrópicas. Quando é de

origem natural, o sistema torna-se eutrófico lentamente, tendendo ao equilíbrio. Porém,

quando é resultado de atividades humanas, há um aceleramento do processo, os ciclos

biológicos e químicos podem ser interrompidos e, muitas vezes, o sistema progride para a um

estado problemático (CASTRO e BRAZ, 200-).

Devido a um aumento de nutrientes disponíveis, originam-se aumentos de grande

magnitude de cianobactérias (algas azuis) e algas verdes (CASTRO & BRAZ, 200-), a níveis

tais que sejam considerados como causadores de interferências com os usos desejáveis do

corpo d’água (VON SPERLING, 1996). Segundo Castro & Braz (200-), as plantas aquáticas

necessitam de uma grande variedade de constituintes químicos para crescerem, mas

geralmente apenas o Fósforo (P) e/ou Nitrogênio (N) são os limitadores do seu crescimento.

A eutrofização é resultado geralmente do aumento destes nutrientes (sobretudo do P), que

permite a multiplicação descontrolada das algas.

Provavelmente, a maior contaminação de águas pelo Fósforo ocorre pelo escorrimento

superficial da água da chuva e pela ação da erosão (ALLOWAY, 1995, apud COSTA et al.,

2006). Porém, a lixiviação proveniente de RSU também libera contaminantes ricos em

nutrientes.

Segundo Von Sperling (1996), os principais problemas causados pela eutrofização de

corpos hídricos são:

f) Condições anaeróbias no fundo do corpo d’água;

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g) Eventuais condições anaeróbias no corpo d’água como um todo;

h) Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água;

i) Problemas com o abastecimento de águas industriais;

j) Toxicidade das algas;

k) Modificações na qualidade e quantidade de peixes;

l) Eventuais mortandades de peixes (anaerobiose e toxicidade);

m) Mortandade de superpopulações de algas (caso extremo), gerando odores;

n) Desaparecimento gradual do corpo hídrico.

Além disso, como conseqüência do aumento da biomassa, há redução da capacidade de

auto-purificação do sistema, levando à acumulação de detritos e sedimentos. O pH também se

altera, passando de neutro ou ligeiramente alcalino à ácido (CASTRO & BRAZ, 200-).

Segundo Von Sperling (1996), o fenômeno da autodepuração está vinculado ao restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, por mecanismos essencialmente naturais, após as alterações induzidas pelos despejos afluentes. Dentro de uma visão mais específica, têm-se que, como parte integrante do fenômeno de autodepuração, os compostos orgânicos são convertidos em compostos inertes e não prejudiciais do ponto de vista ecológico.

De acordo com Salas & Martino (1991, apud Von Sperling, 1996), grande parte dos

lagos são limitados por P. Mesmo com controle de entrada de N, algumas algas têm

capacidade de fixação do Nitrogênio Atmosférico, sendo assim, a concentração do N não

reduziria mesmo com controle de entrada deste afluente. Por estas razões, prefere-se dar uma

maior prioridade ao controle das fontes de fósforo quando se pretende controlar a eutrofização

em um corpo d’água.

3.3.2 Transporte de Contaminantes

O Transporte de Contaminante em solos pode ser definido como o movimento de um

composto por camadas de solo. Esta migração é influenciada por vários fatores físico-

químicos, os quais determinam a movimentação deste no solo (THOMÉ & KNOP, 2006).

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Os principais mecanismos de transporte de um soluto através do solo são: advecção,

dispersão mecânica, difusão e reações químicas do próprio soluto ou do soluto com as

partículas sólidas do solo (BOSCOV et al., 1999).

O primeiro mecanismo a ser considerado é advecção, onde, segundo Thomé & Knop

(2006), o transporte do contaminante é devido ao fluxo de água no solo, sem alterar sua

concentração na solução. Porém, esse seria um modelo ideal, pois o transporte de solutos

nunca ocorre apenas por advecção, há processos de difusão e dispersão mecânica conjuntos,

onde o soluto dissolvido em água desloca-se de uma área de maior concentração para uma

área de menor concentração. Com o transporte deste soluto pelo solo a dispersão o dilui,

reduzindo sua concentração. Adicionalmente, estão sujeitos a diferentes processos como

sorção, decaimento radioativo, biodegradação, ou precipitação, através dos quais eles podem

ser reduzidos do solo (CARVALHO;CAMPOS;VARGAS JR., 1999).

3.4 Disposição Final

A prática de aterramento de resíduos como forma de destino final não é uma

tecnologia moderna, pois registros mostram que as antigas civilizações já faziam o uso dela.

Na Mesopotâmia, 2.500 AC, resíduos domésticos e agrícolas eram enterrados em trincheiras escavadas no solo, quais eram abertas depois de algum tempo para utilizar o material decomposto como fertilizante na produção de cereais. Em Roma, no ano 150, para a minimização de vetores, como roedores e insetos, fez o aterramento dos resíduos urbanos em valas. Também na Idade Média, com os milhões de mortes pela peste bubônica, os administradores públicos passaram a defender a necessidade de desenvolvimento de técnicas mais confiáveis no manejo de resíduos, aprimorando as técnicas de aterramento de lixo (LIMA, 2004).

Existem basicamente três classificações para os tipos de aterramento de resíduos

sólidos: aterros comuns, aterros controlados e aterros sanitários. Segundo IPT/CEMPRE

(2000) e Ambiente Brasil (200-), os aterros definem-se como:

a) Aterro Comum - Também chamado simplesmente de Aterro, e vulgarmente

conhecido como “lixão”. É um local de disposição final inadequada de resíduos

sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo sem medidas de

proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Não se leva em consideração o

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escoamento de líquidos percolados, liberação de gases, compactação dos resíduos,

nem o controle da criação de animais nas proximidades ou no local. Os resíduos

assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como proliferação de vetores

de doenças, geração de maus odores e, principalmente, a poluição do solo e das

águas superficiais e subterrâneas;

b) Aterro Controlado - É uma técnica de disposição de resíduos no solo, que evita

causar danos ou riscos à saúde e segurança pública, e reduz os impactos

ambientais. Este método confina os resíduos sólidos em células, cobrindo-os com

uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. A células

após preenchidas são seladas. Esta forma de disposição não evita a poluição e

contaminação, pois geralmente não dispõe de impermeabilização de base adequada,

nem sistemas de tratamento de chorume ou de dos gases gerados;

c) Aterro Sanitário - É uma tecnologia de disposição final de RSU, fundamentado

em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, qual permite o

confinamento seguro dos resíduos em termos de controle de poluição ambiental e

proteção à saúde pública. Os resíduos são confinados em células com camadas

cobertas com material inerte, geralmente, solo, de acordo com normas operacionais

específicas. O solo de fundo é impermeabilizado, evitando infiltração dos líquidos

percolados, quais são captados através de tubulações e destinados para tratamento.

Os gases liberados durante a decomposição são captados e tratados ou utilizados

como fonte de energia. O aterro deve ser localizado com distâncias mínimas de

recursos hídricos, da área urbana e de zonas sensíveis.

4 RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

“The role of the infinitely small in nature is infinitely large” (Louis Pasteur, 1869) 3

3 “O papel do infinitamente pequeno na natureza é infinitamente grande”

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A ciência da Recuperação Ambiental foi desenvolvida, recentemente, para buscar

formas de remediar os impactos do ecossistema. A Recuperação pode ser definida como um

processo de restauração e gerenciamento da integridade ecológica (GEHART et al., 2004).

Segundo Gehart et al (2004), na Recuperação de Áreas Degradadas (RAD), a

tendência é objetivar a recriação de um habitat ideal ou ecossistema idêntico às áreas não

impactadas, na biodiversidade, funções ecológicas e serviços. Segundo Yong (2001), uma

recuperação objetiva um retorno às “condições intactas”, o que nunca será facilmente

alcançado, devido à: requisitos técnicos, disponibilidade de tecnologia e/ou valores dos

tratamentos requeridos.

A escolha da metodologia para a recuperação de um local em particular deverá ser

determinada em razão da natureza do local, níveis de degradação existentes e resultado

desejado ao longo do tempo (GEHART et al., 2004). Para o tratamento remediador ser

efetivo, é essencial a correlação da técnica de tratamento com a natureza dos poluentes no

local (YONG, 2001).

A utilização de métodos biológicos na RAD constitui a maneira mais econômica e

eficiente de recuperação destas áreas. Métodos mecânicos e obras civis apresentam custo

elevado e nem sempre são alternativas eficientes para a recuperação de áreas (ALMEIDA,

2000). No caso da utilização de remediação com uso de vegetação, necessita-se de espécies de

crescimento rápido, que acelerem o recobrimento do solo, com sistemas radiculares profundos

que transportem nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfície,

promovendo a ciclagem de nutrientes e acumulação de matéria orgânica nas camadas

superiores, criando condições para o desenvolvimento de outras espécies (ALMEIDA, 2000).

Caso se opte a recomposição paisagística natural do local é importante a verificação

das espécies pioneiras que estão se instalando no local. A introdução da vegetação no sistema

complementa o processo de recuperação. As funções ecológicas das áreas verdes urbanas

auxiliam na reversão da degradação do ambiente e nesses casos a preferência deve ser dada

para espécies nativas (HARDT, apud FIORI, 2002). As gramíneas, diante de sua alta

capacidade de colonização, de produção de matéria orgânica e de melhoria da qualidade do

solo, são fundamentais neste primeiro momento do processo de recuperação. Recomenda-se a

utilização de gramíneas anuais, capazes de produzir palhada e propiciar o processo

sucessional. Para promover a cobertura inicial do solo e a formação de um novo banco de

sementes, é sugerida a utilização de semeadura com alta diversidade (REIS et al., apud

BENINCÁ, 2006).

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Áreas degradadas podem ser recuperadas com a ação do homem ou naturalmente com a

ajuda da natureza. Para que uma área seja recuperada naturalmente, é essencial, que

permaneçam pelo menos alguns fragmentos de vegetação original, para servir como um

"banco" de sementes e de animais, que possibilitarão a colonização desta área. Espécies bem

resistentes fixam-se às áreas perturbadas e são naturais e sucessivamente substituídas por

outras até que a vegetação atinja sua estrutura e composição original (BENINCÁ, 2006). Em

alguns casos, simples intervenções como a gestão de forrageiras se fazem necessárias para

estabilização, crescimento e sustentabilidade local de plantas (GEHART et al., 2004). As

espécies das florestas tropicais se regeneram através de diversos mecanismos, como bancos de

sementes no solo, chuva de sementes, banco de plântulas e brotações. Estes diferentes

caminhos garantem a auto-renovação, sustentabilidade e manutenção da diversidade biológica

destes ecossistemas (ALMEIDA, 2000).

O homem consegue acelerar a recuperação de uma área, mas isto não é tão simples,

pois exige conhecimentos aprofundados do ambiente. São necessárias avaliações da qualidade

do solo, da água, das espécies vegetais que ocorriam na região e que ainda ocorrem em outros

fragmentos próximos para obtenção de sementes, e se ainda restaram animais que as poderão

polinizar e se beneficiar da vegetação a ser plantada. Serão necessários também recursos

como mão-de-obra especializada, produção de mudas e acompanhamento do crescimento da

vegetação (ALMEIDA, apud BENINCÁ, 2006).

No caso de Aterros de RSU, a alternativa de remoção do material deve ser avaliada

com cuidado, pois poderá engendrar a migração de contaminantes diversos, devido às

alterações nas condições vigentes no interior do aterro (IPT/CEMPRE, 2000).

4.1 Recuperação Ambiental Passiva

A Recuperação Ambiental Passiva é primariamente aplicada para locais onde o

ecossistema apresenta-se funcionalmente intacto, porém com perdas de cobertura vegetal,

biodiversidade com efeitos de overgrazing ou fragmentação de habitats. Como meta deste

processo tem-se a redução da degradação, favorecendo o crescimento de espécies indígenas.

Em alguns casos, o melhoramento das condições superficiais do solo e aumento das taxas de

infiltração são necessários para um “impulso inicial” dos processos de recuperação. O foco

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neste caso é otimizar as condições existentes de germinação e crescimento vegetal com custos

mínimos (GEHART et al., 2004).

Os sistemas do solo contêm materiais naturais como microorganismos, ferro

dissolvido, minérios de ferro, enxofre reduzido e matéria orgânica. A interação destes

materiais com os contaminantes pode resultar em uma Atenuação Natural. A atenuação

natural implica em um decréscimo na concentração dos contaminantes em relação ao total do

solo e não a transferência de uma fase para outra, como no caso da sorção (REDDI &

INYANG, 2000).

4.1.1 Sucessão ecológica

Entende-se como sucessão ecológica, o processo natural de desenvolvimento de uma

comunidade (ecossistema) em função de modificações das composições no ambiente

considerado, culminando no estágio clímax (ALMEIDA, 2000).

Segundo Corrêa (2006) e Gomes-Pompa;Wiechers (apud ALMEIDA, 2000), podemos

classificar as sucessões ecológicas em dois tipos:

a) Sucessões primárias – correspondem à colonização de um meio que nunca sofrera

significativa influência biológica;

b) Sucessões secundárias – são sucessões que ocorrem em um local anteriormente

povoado, mas que sofreu algum tipo de perturbação (natural ou antrópica). As

substituições se sucedem até um estágio estável.

Sucessões ecológicas resultam freqüentemente em uma comunidade clímax diferente

da que existia anteriormente no local (CORRÊA, 2006). De acordo com Odum (apud

CORRÊA, 2006), qualquer comunidade evolui para um clímax, por mais lenta que seja essa

evolução.

O processo de colonização inicia-se com espécies pioneiras – espécies adaptadas às condições e limitações apresentadas. Estas criam condições adequadas de microclima e solo para estabelecimento de outros grupos de plantas – secundárias – espécies que necessitam de menos luz e melhores condições de solo. Esta seqüência sucessional evolui até um estágio final (clímax), representado por um grande número de espécies constituídas por poucos indivíduos, portanto, com maior diversidade (ALMEIDA, 2000).

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A classificação feita por Almeida (2000) e Gandolfi et al. (apud Schoenell, 2008),

define estas espécies como:

a) Pioneiras – espécies que desenvolvem-se em grandes clareiras, bordas de

fragmentos florestais, locais abertos e áreas degradadas. Apresentam poucas

espécies em grande densidade e são claramente dependentes de condições de maior

luminosidade. Possuem pequeno ciclo de vida, pequeno porte e

floração/frutificação precoce. Apresentam altas taxas de crescimento vegetativo.

Exemplos: Angico, Guajuvira e Bracatinga.

b) Secundárias iniciais – são plantas que se desenvolvem em locais totalmente

abertos, semi-abertos e pequenas (ou antigas) clareiras. São plantas que aceitam

somente o sombreamento parcial. Caracterizam-se por tamanho variado, com boa

quantidade de sementes e rápido crescimento vegetativo. Possuem ciclo de vida

médio, convivendo com as pioneiras nas fases iniciais. Exemplos: Cambará,

Açoita-Cavalo e Guamirim.

c) Secundárias tardias – desenvolvem-se exclusivamente em sub-bosque, em área

permanentemente sombreadas, crescem e completam seu ciclo à sombra. Na fase

adulta, ocupam quase sempre os estratos superiores da floresta. Iniciam sua

presença em estágios médios de sucessão, com árvores geralmente de grande porte.

Possuem ciclo de vida longo. Exemplos: Camboata branco, Ipê Amarelo e Cedro.

d) Clímax – espécies que regeneram-se e desenvolvem-se em plena sombra, sendo

típicas de ambientes de floresta primária. Na fase adulta suas copas se situam sobre

o dossel superior. Apresentam baixa densidade por área, com árvores muito altas e

ciclo de vida longo. Possuem crescimento vegetativo lento e definem a estrutura

final da floresta. Exemplos: Grápia, Uvaia, Pitanga e Canela Preta.

Quando se pensa em recuperar ambientalmente uma área, deve-se sempre associar o

planejamento aos processos naturais de sucessão. Na verdade, tenta-se reproduzir o processo

natural, se possuir-se bom conhecimento deste, acelerando as mudanças das comunidades,

visando atingir o clímax. Deve-se promover a sucessão de todos os elementos, o que fará com

que a área ganhe nova resiliência. (ALMEIDA, 2000).

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4.1.1.1 Dispersão de sementes

A produção e dispersão de sementes são processos importantes para a recuperação

populacional das plantas, principalmente devido ao fato de nunca atingirem um resultado

perfeito, já que nem todos os habitats são favoráveis à fixação de um novo indivíduo e nem

todas as sementes se mantêm viáveis. Dentre as causas de mortalidade das sementes,

destacam-se o ataque por parasitas e a predação. A importância da dispersão para distribuição

e persistência de populações de plantas tem sido apreciada pelos ecólogos a um bom tempo. A

dispersão pode influenciar na estrutura das comunidades vegetais, testando a importância da

dispersão nos padrões de abundância, distribuição espacial, dispersão geográfica e

coexistência de espécies (LEVINE;MURRELL, apud BENINCÁ, 2006).

Diferentes agentes externos estão envolvidos no transporte das sementes maduras da

planta parental, como vento, água e por diferentes grupos de animais, e são ditas como

anemocóricas, hidrocóricas, zoocóricas, respectivamente. Existem ainda, espécies que

dispersam suas sementes por meio de mecanismos de explosão, estas são ditas autocóricas

(FENNER, apud BENINCÁ, 2006).

Uma grande proporção de espécies vegetais é dispersa por animais frugívoros

(ALCANTARA et al., apud BENINCÁ, 2006). Devido à sua imobilidade, as plantas

desenvolveram estratégias para atrair animais passíveis de realizar o transporte de pólen,

sementes e frutos. O formato das flores, suas cores, perfumes, seus néctares e outras

substâncias nutritivas compuseram com os animais um processo de co-evolução (BENINCÁ,

2006).

A colocação de poleiros artificiais oferece ponto de pouso para aves que, ao

permanecerem nestes locais, defecam, trazendo sementes de espécies provenientes de outras

áreas florestais. Este método apresenta mais vantagens quando próximo às fontes naturais de

sementes.

4.2 Recuperação Ambiental Ativa

Quando as funções bióticas e abióticas de um ecossistema sofrem danos, o custo de

recuperação aumentará em proporção ao dano ocorrido. Projetos de Recuperações Ambientais

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Ativas podem ser complexos e com altos custos (GEHART et al., 2004). Projetos de

Recuperação Ativos envolvem a atuação antrópica no meio degradado, com métodos que

buscam retornar o meio às condições naturais.

As bases do tratamento in-situ de locais contaminados chama atenção para os

processos de que irão: (a) remover os contaminantes do substrato, e/ou (b) imobilizar os

poluentes no substrato – para impedir o movimento da pluma de contaminante. No primeiro

caso, a remoção do poluente pode ser alcançada também por processos de tratamento que

removerão dos sólidos do solo e subsequentemente dos poros d’água, ou pela remoção física

do material do substrato. Pelo menos, o tratamento ex-situ atentará para o primeiro caso – a

remoção dos poluentes (YONG, 2001).

A recuperação por meios Ativos pode envolver métodos físicos, químicos e biológicos.

Segundo Yong (2001), dentre alguns destes métodos estão:

a) Físico-Químicos – utilizam processos físicos e/ou químicos para remoção dos

contaminantes. Exemplos: Soil Washing, Air Stripping, Solidificação, etc;

b) Biológicos – geralmente utiliza-se da degradação de compostos orgânicos e

químicos por bactérias. Exemplos: Bioventing, Aeração, etc;

c) Térmicos – utiliza a temperatura para a degradação dos contaminantes. Exemplos:

Vitrificação, Pirólise, Fixação Termal, etc;

d) Combinação de um ou de todos os grupos. Exemplos: Treatment Trains, barreiras

reativas, etc.

4.3 Tratament trains

Muitos métodos podem e devem ser combinados entre si, visando maximizar os

benefícios e acelerar ao máximo o processo de recuperação (ALMEIDA, 2000). A soma de

diferentes métodos possibilita o reforço da eficácia com outras tecnologias.

Algumas tecnologias podem ser combinadas em um “treatment train” (ou “comboio

de tratamento”), sendo mais efetivas do que cada uma isoladamente. Cada tecnologia pode ser

efetiva para um contaminante em particular, em uma faixa de concentração específica, sob

dadas condições ambientais (REDDI;INYANG, 2000).

A Figura 20 resume algumas possibilidades de Tratament trains.

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Figura 20 – Exemplos de “Tratment trains” – combinação de métodos de remediação. Fonte: Reddi;Inyang (2000, p. 268). Adaptado.

4.4 Fitoremediação

A fitoremediação é um processo de tratamento biológico (bioremediação) que utiliza-

se de processos naturais de plantas, envolvendo remoção, estabilização ou degradação de

contaminantes em solos e águas subterrâneas. As plantas estão em contato com os

contaminantes na zona de raízes – rizosfera. Segundo Sharma;Reddy (2004), esta tecnologia é

aplicável para qualquer solo que suporte vegetação.

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A fitoremediação pode ser efetiva economicamente para: (1) grandes áreas com níveis

de contaminação residual rasos por poluentes orgânicos, nutrientes ou metais, onde a

contaminação não representa um perigo eminente e apenas um “tratamento de polimento” ou

secundário é requerido; (2) onde a vegetação é usada como uma capa final e encerramento do

local (SCHNOOR et al., apud ALVAREZ;ILLMAN, 2006). A fitoremediação torna-se

competitiva com outras tecnologias de remediação, pois frequentemente exigem

equipamentos exclusivos. A fitoremediação pode custar em torno de $10 à $35 por tonelada

de solo (SCHNOOR, apud SHARMA;REDDY, 2004).

A fitoremediação trata de questões relativas à estética, custo, facilidade de

implementação e aceitação pela comunidade. A eficiência da fitoremediação aumenta com o

passar do tempo, até que o sistema atinja seu máximo. Por ser uma tecnologia passiva, o

atingimento de metas de descontaminação poderá ser difícil e exigir 10 anos ou mais, sem

garantia de que padrões específicos de desempenho serão atingidos. Além disso, a

fitoremediação tem que ser utilizada em conjunto com a Atenuação Natural Monitorada, é

necessário demonstrar que a pluma (ou zona contaminada) está estável ou encolhendo, e que

não está causando riscos ambientais (KAMATH et al., 2004).

Em relação às questões legais relacionadas com tempo de limpeza e níveis residuais,

experimentos tem demonstrado que a liberação de produtos tóxicos na atmosfera é mínima e

abaixo dos padrões de qualidade do ar (SHARMA;REDDY, 2004).

4.4.1 Tipos de Fitoremediação

A fitoremediação age no solo de diferentes modos em conjunto, podendo fazer a

remediação dos contaminantes por vários meios e formas. Estes tipos de fitoremediação são

classificados como: fitoextração, fitodegradação, fitovolatilização, fitoestimulação e

fitoestabilização.

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4.4.1.1 Fitoextração ou Fitoacumulação

Refere-se à extração e translocação de contaminantes inorgânicos, principalmente

metais (Ag, Cd, Co, Cr, Cu, Hg, Mn, Mo, Ni, Pb, Zn) de solos contaminados para o tecido

vegetal (ALVAREZ;ILLMAN, 2006; ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007). Plantas

com alta capacidade de acumular metais são chamadas de hiperacumuladoras, pois extraem e

absorvem grandes quantidades, acumulando até 100 vezes quando comparados a quantidade

normal (ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

A USEPA (1996b, apud Reddi;Inyang, 2000) reconhece a hiperacumulação como

adaptações ecofisiológicas de plantas ao stress e como indicadores de resistência aos metais

geralmente encontrados onde hiperacumuladores desenvolvem-se.

Segundo Andrade;Tavares;Mahler (2007), o contaminante é acumulado sem degradar,

sendo assim, deve ser colhido e posteriormente disposto em local próprio. O local

contaminado pode ser replantado com espécies selecionas até o nível de concentração em

solos superficiais ser reduzido para níveis desejados.

Segundo Alvarez;Illman (2006) e Andrade;Tavares;Mahler (2007), algumas das

hiperacumuladoras comumente usadas incluem: girassol (Helianthus agnus), mostarda-

indiana (Brassica juncea), crucífera (Thlaspi caerulescens, T. elegans), viola (Viola

calaminaria), serpentina (Alyssum bertolonii), canola (Brassica napus), alfafa (Medicago

sativa), milho, brócolis, urtiga e dente-de-leão, e famílias Brassicaceae, Euphorbiaceae,

Asteraceae, Lamiaceae ou Scrophulariaceae em geral.

4.4.1.2 Fitotransformação ou Fitodegradação

Fitodegradação é o processo onde enzimas produzidas pelas raízes das plantas

desagregam os contaminantes do solo para formas menos perigosas (REDDI;INYANG,

2000). Segundo Andrade;Tavares;Mahler (2007), o poluente sofre bioconversão no interior

das plantas ou em sua superfície, passando a formas menos tóxicas (catabolismo ou

anabolismo). O processo ocorre por absorção e metabolização e com finalidade principal de

remediar compostos orgânicos. Os compostos orgânicos são convertidos em moléculas mais

simples que podem ser absorvidos pelas plantas durante o crescimento.

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Os compostos translocados e fitodegradados pelas plantas são os que possuem uma

solubilidade em água baixa (mais lipossolúveis), pois quando possuem uma solubilidade alta,

os compostos tendem a lixiviar no solo. Estudos mais recentes indicam que derivados de

petróleo, como os HPAs, também podem ser degradados diretamente nas plantas

(ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

Poluentes orgânicos moderadamente hidrofóbicos (log Kow = 1,0 – 3,0) podem ser removidos do solo e água subterrânea por captação direta das plantas. Em geral, a captação de compostos hidrofílicos (log Kow < 1) é baixa pois há pouca afinidade com as membranas das raízes. Considerando que a eficiência é variável da captação, compostos como HPAs (log Kow > 4), com grande sorção no solo e, sendo assim, não biodisponível (ALVAREZ;ILLMAN, 2006).

As fitodegradadoras mais comuns são: Feijão (Phaseolus coccineus L.) e Milho

(seedlings); e tem como contaminantes alvo: metanos, etanos, propanos, butanos e pentanos

(ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

4.4.1.3 Fitovolatilização

Na Fitovolatilização os poluentes voláteis são liberados indiretamente pelas plantas na

atmosfera pelos estômatos nas folhas, juntamente com a água transpirada, em forma original

ou transformada, descontaminando indiretamente o solo. Os poluentes volatilizados, em

alguns casos como os solventes clorados voláteis, sofrem fotodegradação

(ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

A Fitovolatilização é mais aplicada para contaminantes que podem ser tratados por

sistemas convencionais de air-stripping, como compostos BTEX, tricloroetano, cloreto de

vinila e tetraclorocarbono (ALVAREZ;ILLMAN, 2006).

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4.4.1.4 Fitoestimulação ou Rizoremediação

Também chamada de Rizodegradação, esta aplicação refere-se a bioremediação na

rizosfera, onde a presença das plantas estimula a biodegradação microbiana mediante

exsudatos radiculares e/ou fornecimento de tecidos vegetais, sendo que estas substâncias

liberadas pelas raízes incluem açúcares, aminoácidos, carboidratos e vitaminas, essenciais

para o crescimento dos microorganismos, servindo assim como substrato microbiano

(ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

Em adição aos exsudatos das plantas, a rápida decadência da biomassa de raízes finas pode vir a ser uma importante adição de carbono orgânico no solo. Esta adição de carbono orgânico, por sua vez, pode aumentar as taxas de mineralização microbiana. O aumento nos níveis de carbono orgânico também serve para retardar a migração de contaminantes para a água subterrânea (SUTHERSAN, 2000).

Segundo Alvarez;Illman (2006), a forte sorção no solo de alguns compostos diminui a

biodisponibilidade para a captação pelas plantas e a fitotransformação, mas aumenta sua

retenção na zona de raízes, o que facilita a participação dos microorganismos no processo de

“limpeza”.

Os microorganismos favorecidos pela técnica passam a consumir contaminantes

orgânicos, degradando os compostos e reduzindo a toxicidade, possibilitando absorção pelas

plantas. As raízes no solo também afetam fisicamente o ambiente, aumentando a aeração no

solo, criando condições mais propícias para os microorganismos se desenvolverem

(ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

A degradação microbiológica na zona das raízes pode ser o mais significante

mecanismo para remoção de compostos hidrofóbicos como HPAs e PCBs.

Uma variação da rizoremediação é a Rizofiltração, onde utiliza-se plantas aquáticas em

áreas alagadas ou reatores hidropônicos, onde as raízes submersas destas plantas atuam como

filtros para a adsorção de uma ampla variedade de contaminantes. Quando a capacidade de

remoção das raízes submersas é saturada, a planta é removida (colhida) e substituída

(ALVAREZ;ILLMAN, 2006).

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4.4.1.5 Fitoestabilização

A fitoestabilização objetiva prevenir a dispersão de sedimentos contaminados e solo

com o uso de plantas (principalmente gramíneas) visando minimizar a erosão eólica e

hidráulica (ALVAREZ;ILLMAN, 2006). Ao contrário da maior parte dos processos de

fitoremediação, a fitoestabilização envolve processos que são externos à estrutura interna das

plantas (REDDI;INYANG, 2000).

Os contaminantes são imobilizados por meio da lignificação ou humificação e um

conjunto de mecanismos físicos, químicos ou físico-químicos, dentre eles sorção,

complexação, precipitação e mudanças na estrutura do solo. Os mecanismos físicos evitam a

erosão superficial e lixiviação do poluente, e os químicos modificam o pH do solo e do

contaminante (ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

4.4.2 Vantagens e Desvantagens da Fitoremediação

Segundo Andrade J.C.M. et al. (2007); Sharma;Reddy (2004); Suthersan (2000), as

vantagens da fitoremediação são :

- Técnica in-situ;

- baixo custo;

- benefícios estéticos com a melhoria do aspecto visual da paisagem;

- melhoria do nicho ecológico, qualidade do solo e condições ambientais pelo

sombreamento e umidade decorrentes;

- minimização de lixiviado dos contaminantes;

- estabilização do solo;

- técnica passiva e segura;

- remedia diversos xenobiontes simultaneamente;

- possível em grandes áreas;

- sem necessidade de uso de energia;

- facilmente aceita pelo público.

Os custos de operação da fitoremediação são também substancialmente menores e

envolvem essencialmente fertilização e regas para manter o crescimento das plantas. Em caso

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de remediação de metais pesados, custos adicionais de operação também incluem colheitas,

disposição de biomassa contaminada e replantio (SUTHERSAN, 2000). No caso de alguns

elementos, principalmente excessos de nutrientes, há a possibilidade de reciclagem dos

resíduos, com a disposição do material em locais onde há falta destes elementos extraídos pela

fitoremediação (ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

Uma grande vantagem da fitoremediação sobre os sistemas convencionais de

bombeamento e tratamento (pump and treat), é a habilidade das raízes de penetrar os

microporos na matriz do solo. Contaminantes adsorvidos ou aprisionados nestes microporos

são minimamente ou não impactados pelo sistema de pump and treat (SUTHERSAN, 2000).

Além disso, como as técnicas utilizadas são as mesmas da agricultura, a mão de obra

qualificada é facilitada e mais barata.

Segundo Andrade J.C.M. et al. (2007); Sharma;Reddy (2004); Suthersan (2000), as

limitações da fitoremediação são:

a) os contaminantes presentes abaixo da rizosfera não são extraídos diretamente,

sendo também dependente das condições ambientais do solo;

b) as plantas podem não ser capazes de crescer em alguns locais contaminados devido

à toxicidade (fitotoxicidade);

c) o processo de remediação pode levar anos para que as concentrações dos

contaminantes fiquem de acordo com os níveis desejados;

d) há possibilidade de formação de produtos tóxicos intermediários;

e) se não for feita a extração da planta extratora os contaminantes permanecem no

local;

f) necessário monitoramento ambiental;

g) há possível interferência na cadeia alimentar local;

h) as plantas devem crescer em estufa ou local próprio e apenas após transplantadas;

i) na fitovolatilização, contaminantes podem ser liberados para a atmosfera;

j) a fitoremediação reloca os contaminantes para as plantas, criando resíduos que

necessitam disposição final.

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4.4.3 Contaminantes alvo da Fitoremediação

A fitoremediação é mais adequada para locais com contaminantes moderadamente

hidrofóbicos como compostos BTEX, solventes clorados, HPAs, nitrotolueno, excessos de

nutrientes como nitratos, amônia e fosfatos, pesticidas, nuclídeos radioativos e metais pesados

(SUTHERSAN, 2000; SHARMA;REDDY, 2004). Segundo Sharma;Reddy (2004), em

relação à profundidade de limpeza, esta deve ser relativamente rasa: < 1 m para gramíneas, <

3 m para arbustos e < 6 m para árvores de raízes profundas.

A fitotoxicidez é uma anormalidade que influencia direta e indiretamente em

praticamente todos os processos da planta. Esta anormalidade pode ser causada por qualquer

elemento, mesmo nutrientes essenciais para as plantas. Como exemplo dos sintomas há

nanismo vegetal, engrossamento e redução dos pêlos radiculares e cloroses e manchas foliares

(ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

A sorção do contaminante no solo inicialmente determina a aplicabilidade da

fitoremediação. Se o poluente não pode ser disponibilizado para extração, a fitoremediação

não é uma tecnologia de limpeza eficiente (SHARMA;REDDY, 2004).

Em avaliação direta do comportamento de plantas em solos contaminados, observam-

se as possibilidades de interação no estabelecimento e desenvolvimento do vegetal, como:

favorecimento vegetal quando a degradação do composto fornece nutrientes assimiláveis;

indiferença ou baixo desfavorecimento quando o composto apresenta pouca ou nenhuma

fitotoxicidade, ou o vegetal possui tolerância aos teores do composto; prejudicado ou

impedido quando a concentração do fitotóxico supera a tolerância da planta. Visando

aumentar a viabilidade da fitoremediação, o método pode ser utilizado de forma integrada

com outras técnicas como: remoção da camada de solo superficial; uso de barreiras reativas

ou físicas; aplicação de produtos químicos para melhorar a disponibilidade do poluente

(ANDRADE;TAVARES;MAHLER, 2007).

4.4.4 Plantas indicadas

Em estudo de Marques et al. (2000, apud Andrade J.C.M. et al., 2007), foram

observadas espécies arbóreas brasileiras do cerrado, como a cagaita (Eugenia dysenterica) e o

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ingá-bravo-do-cerrado (Ingá sp), que crescem naturalmente em solo caracteristicamente rico

em metais fitotóxicos. Os autores concluíram que espécies possuem diferentes

comportamentos diante da contaminação, sendo que as espécies menos afetadas pelas altas

concentrações foram: Cedrela fissilis, Myrsine umbellata, Tabebuia impetiginosa, Copaifera

langdorffi, Hymenaea courbaril, Mimosa caesaelpiniaefolia, Acácia mangium e Platypodium

gonoacantha, destacando-se a C. fissilis, com elevada tolerância. Em diversos estudos

estrangeiros, uma das espécies mais utilizadas para a fitodegradação é o Choupo (Populus

sp.), principalmente subspécies híbridas.

Moffat (1995, apud Reddi;Inyang, 2000) explica que a acumulação de contaminantes

nestas plantas é uma defesa natural contra os insetos e microorganismos patogênicos que são

abundantes nos trópicos.

Plantas eficientes em acumular metais são: a mostarda, o girassol, o milho, o amendoim e o brócolis. Entretanto, por questões de segurança alimentar e preservação do ecossistema, deve-se dar preferência a espécies vegetais acumuladoras que não sejam apreciadas na alimentação animal ou humana e que não tenham valor comercial (ANDRADE J.C.M. et al., 2007).

A seleção de plantas é geralmente ditada pelas condições de campo, espécies nativas e

disponibilidade de sementes ou plantas. A dominante opinião popular é o uso de espécies de

plantas nativas, contudo há circunstâncias onde as condições do solo não contribuem para seu

estabelecimento e crescimento. Nestas situações, devem ser escolhidas espécies com maior

chance de sobrevivência (GEHART et al., 2004).

Gramíneas, frequentemente consorciadas com árvores é o método principal de

remediação de áreas com contaminantes orgânicos. Elas fornecem uma enorme quantidade de

raízes delgadas na superfície do solo, o que é eficaz na retenção e transformação dos

contaminantes hidrofóbicos (KAMATH et al., 2004).

4.5 Bioremediação

A Bioremediação é um processo de remoção ou minimização dos contaminantes e

poluentes do ambiente, fazendo uso de organismos vivos (microrganismos ou plantas). A

Page 109: TCC capeleto 2009.pdf

109

Bioremediação (como termo) baseia-se principalmente no processo de degradação

microbiana, criando condições favoráveis ao crescimento e à atividade destes organismos

(ROCCA;CASTRO, 2007).

A habilidade dos microorganismos de degradar e reciclar poluentes ambientais já é

conhecida a alguns séculos, e a biodegradação é freqüentemente o mais importante

mecanismo de atenuação da migração de contaminantes orgânicos dissolvidos na água

subterrânea (NATIONAL RESEARCH CONCIL, apud ALVAREZ;ILLMAN, 2006).

Microorganismos indígenos geralmente exploram a biodegradação de vários tipos diferentes

de compostos orgânicos como nichos metabólicos para obter energia e desenvolver a síntese

de novos matérias celulares, embora a taxa e extensão da biodegradação possa ser altamente

variável, dependendo do tipo da estrutura da comunidade microbiológica e das condições

ambientais predominantes. Algumas vezes estes processos de degradação natural ocorrem em

contaminações ambientais sem a necessidade de intervenção humana, já em outros casos a

intervenção é necessária para estimular a biodegradação (ALVAREZ;ILLMAN, 2006).

Processos biológicos, que ocorrem em ambiente natural, podem modificar as

moléculas dos contaminantes orgânicos. Estas transformações biológicas, que envolvem

enzimas como catalisadores, freqüentemente geram modificações na estrutura e propriedade

toxicológicas dos contaminantes. Estudos sugerem que os principais agentes causadores

destas transformações biológicas no solo, sedimentos, águas superficiais e subterrânea são os

microorganismos indígenos que habitam estes ambientes (SUTHERSAN, 2000).

A população microbiana no solo é dividida em cinco principais grupos: bactérias,

actinomicetos, fungos, algas e protozoários. Bactérias são o mais abundante grupo,

geralmente mais numerosos que os outros quatro grupos juntos. Embora transformações

semelhantes às das bactérias são realizadas pelos outros grupos, as bactérias destacam-se por

sua capacidade de crescimento rápido e degradação de vários contaminantes (SUTHERSAN,

2000).

A diversidade de microorganismos capazes de degradar compostos orgânicos e a

variabilidade de condições locais específicas dificultam a previsão da taxa e dimensão em que

diferentes poluentes podem ser degradados (ALVAREZ;ILLMAN, 2006).

As populações de microorganismos capazes de degradar contaminantes na superfície

são sujeitas a uma variedade de fatores físicos, químicos e biológicos que influenciam seu

crescimento e sua atividade metabólica. Microorganismos necessitam nitrogênio, fósforo,

enxofre e uma variedade de nutrientes traços, além do carbono. Estes requisitos devem ser

satisfeitos para que as espécies degradem os compostos de interesse (SUTHERSAN, 2000).

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110

4.5.1 Bioestimulação

A bioestimulação é o processo de biodegradação que estimula o crescimento dos

microrganismos naturais, autóctones ou da comunidade do local contaminado. Para isto são

utilizadas técnicas de introdução de substâncias para correção de pH do meio, de nutrientes e

de receptores de elétrons específicos para a degradação da contaminação (AMBIENTE

BRASIL, 2007).

4.5.1.1 Nutrição Microbiana

As substâncias ou elementos retirados do ambiente e usados para construir novos

componentes celulares são chamados nutrientes. Os nutrientes podem ser divididos em duas

classes: macronutrientes e micronutrientes, ambos são imprescindíveis, mas os primeiros

fazem parte dos principais constituintes dos compostos orgânicos celulares (SOUZA, 2003).

a) Macronutrientes - Nutrientes necessários para sobrevivência microbiana. São

formados por carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo e enxofre.

Variando suas condições de acordo com o tipo de microrganismo (SOUZA, 2003).

b) Micronutrientes - Os elementos ferro, magnésio, manganês, cálcio, zinco,

potássio, sódio, cloro, cobre, cobalto, molibdênio, selênio e outros são encontrados

sempre na forma inorgânica, fazendo parte dos minerais. São necessários ao

desenvolvimento microbiano, mas em quantidades variáveis, dependendo do

elemento e do microrganismo considerado (BARBOSA;TORRES, 1998).

5 USO FUTURO DE ATERROS DE RESÍDUOS

A par de sua importância para o desenvolvimento social, algumas atividades geram

impactos irreversíveis sobre o meio ambiente, que devem ser abrandados com a recuperação

das áreas degradadas pelas mesmas. A viabilidade econômica de um empreendimento não

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111

deve ser definida somente pelos custos de implantação e operação, mas também pelos custos

de fechamento (BRANDT, 1998).

O encerramento dos aterros geralmente é efetuado com a construção de um sistema de

cobertura final. Após o fechamento há várias opções para o uso desta área, incluindo usos

comerciais, educacionais ou de recreação. A utilização final também poderá ser uma

combinação de vários diferentes usos. O plantio de árvores, grama, arbustos, e assim por

diante, ajuda a melhorar o visual do aterro e deixa mais atraente a área de entorno. A

utilização dos aterros finalizados localizados na área urbana se faz vantajosa, visto que

espaços nas áreas urbanas estão escassos e custosos (SHARMA;REDDY, 2004).

Dentre os usos para os aterros finalizados, pode-se optar (se possível) por: (1) geração

de energia por metano, (2) reabertura após fechamento do aterro, (3) usos recreacionais e (4)

usos comerciais e industriais. Embora menos comum, o desenvolvimento residencial também

ocorre em alguns aterros finalizados. Contudo, o desenvolvimento residencial será limitado

devido a má aceitação pública e aumento da exposição ao aterro (SHARMA;REDDY, 2004)

Em relação aos usos recreacionais e educacionais, há várias opções, incluindo:

parques, centros de educação ambiental, campos de golfe, parques naturais ou recreacionais,

refúgios de animais. Trilhas para caminhadas e ciclismo podem ser feitos com cascalhos e

pedriscos para minimizar as irregularidades (KEECH, apud SHARMA;REDDY, 2004).

6 METODOLOGIA

Entre os anos de 2006 e 2009 foram realizadas análises de água, solo e vegetação na

Invernadinha. Realizou-se no mesmo período o monitoramento fotográfico da área, em

especial da vegetação presente nos diferentes momentos, além de ‘ensaios de coluna’, para

metais e fósforo.

Com a amostragem de Água e Solo, buscou-se a caracterização e monitoramento dos

contaminantes presentes na área, comparando com os padrões e limites existentes. Para as

amostragens de água nos diferentes pontos objetivou-se encontrar a real fonte de

contaminação dos recursos hídricos, assim como verificar quais parâmetros estavam sendo

influenciados. Para as amostragens de solo verificaram-se nos diferentes pontos dentro da área

do Aterro, as variações nos parâmetros analisados (comparando pontos da ADA e ADR),

quais são heterogêneos pela variedade de resíduos dispostos.

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112

Na análise da vegetação, comparou-se o desenvolvimento da flora com a sucessão

natural e análise da cobertura vegetal no Aterro. Cruzaram-se os dados com as análises de

solo, visando verificar as interações destes. O monitoramento fotográfico da área possibilitou

o comparativo do desenvolvimento da área e do crescimento da vegetação em especial.

Juntamente aos dados coletados, foram buscados dados históricos complementares aos

dados analisados durante a pesquisa. Estes dados foram utilizados juntamente para a

conclusão deste trabalho.

6.1 Caracterização hídrica

Para a investigação dos recursos hídricos foram feitas amostragens dos recursos

hídricos superficiais, em 2 (duas) nascentes e 2 (dois) pontos localizados no riacho formado

por uma das nascentes analisadas. A localização e nomenclatura dos pontos são demonstradas

abaixo:

a) ‘Branco’ (A1) - Nascente mais distante do Aterro (cerca de 100 m); localizada em

área protegida por mata.

b) Ponto 1 (A2) - Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m).

c) Ponto 2 (A3) - Riacho proveniente do P1, à aproximadamente 30 m deste.

d) Ponto 3 (A4) - Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro, ponto

seguinte ao Ponto 2, que é proveniente do Ponto 1.

A localização dos pontos de amostragem de água pode ser vista na Figura 21. Na

Figura 22 pode ser visualizado o Ponto 1 (A2).

Nas amostras de água, foram executadas análises Físico-Químicas e Microbiológicas.

As amostras de água foram comparadas seguindo os parâmetros da Resolução CONAMA

357/05, onde levou-se em consideração as amostras como Classe II, visto que este riacho

desemboca posteriormente no Rio Passo Fundo e devido à seu uso preponderante.

Os principais parâmetros físico-químicos analisados foram: Sólidos Totais, Sólidos

Suspensos, pH, DQO, DBO5, Fósforo Total, Nitrogênio Total, Condutividade. Os parâmetros

microbiológicos analisados foram: Coliformes Totais, Coliformes Termotoletantes e

Contagem de Bactérias Heterotróficas.

As analises físico-químicas das amostras de água foram efetuadas pelo Laboratório de

Controle de Efluentes (LACE) da UPF e as análises microbiológicas foram efetuadas pelos

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113

laboratórios do Centro de Pesquisa em Alimentação (CEPA) da UPF. As análises seguiram a

metodologia de rotina Standard Methods (1995).

Figura 21 - Localização dos pontos de coleta das amostras de água.

Figura 22 - Pontos de coleta de água (Ponto 1). Fonte: Andrade;Melo (2008).

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114

6.2 Caracterização do solo

Para a investigação do solo foram feitas amostragens do solo de cobertura do aterro,

além de pontos comparativos no entorno do Aterro. No total foram analisados 9 (oito) pontos

distintos, todos de forma composta, de forma aleatória nestas áreas. A localização e

nomenclatura dos pontos são demonstradas abaixo:

a) ‘Branco’ (S1) – Mata Nativa ao lado da Área de Disposição Antiga (ADA); cerca

de 50 m da Área 3 (S4);

b) Área 1 (S2) - Lavoura próxima ao Aterro Invernadinha; à cerca de 50 m da Área de

Disposição Antiga;

c) Área 2 (S3) - Talude em frente à ADA; local de empréstimo do solo de cobertura

do aterro;

d) Área 3 (S4) - Área em torno da Nascente mais próxima do Aterro;

e) Área 4 (S5) – Localizado na ADA;

f) Área 5 (S6) – Localizado na ADR;

g) Área 6 (S7) – Localizado entre a ADA e a ADR;

h) Área 7 (S8) - Decida da Lavoura (entrada para Invernadinha);

i) Área 8 (S9) - Decida para banhado (“área das hortelãs”).

Estes pontos podem ser vistos na Figura 23. Na Figura 24 são apresentadas fotografias

dos pontos S e S3, respectivamente.

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115

Figura 23 - Localização dos pontos de coleta das amostras de solo.

Figura 24 - Pontos de coleta de solo: S1 e S3 (respectivamente). Fonte: Andrade;Melo (2008a).

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116

As análises de solo foram amostradas em diversos pontos do aterro, comparando os

pontos de mais recente (ADR) e mais antiga (ADA) disposição de resíduos e com testemunha

(“branco” – localizado em área próxima, protegida por mata), realizando nestas amostras

ensaios e análises físico-químicas (como nutrientes). Todas as amostras foram coletadas de

forma composta, entre (10 e 20) cm, com utilização de pá. As análises de solo foram

efetuadas pelo Laboratório de Análises de Solos (LABSOLO) da UPF, seguindo metodologia

de rotina Standard Methods (1995).

Os principais parâmetros analisados foram: Argila, pH, Matéria Orgânica (% M.O.),

Fósforo (P), Potássio (K), Enxofre (S), Boro, Manganês, Zinco, Cobre, Alumínio (Al), Cálcio

(Ca), H+Al e CTC.

6.3 Análise da vegetação e monitoramento fotográfico

Na análise da vegetação foram feitas visitas no local, com fotografias da flora em

diversos pontos do Aterro Invernadinha, identificando assim as diferentes espécies presentes

durante este período, analisando a variação anual de espécies.

Juntamente foi realizado e monitoramento fotográfico da área, com fotos mensais em

um ponto da Área de Disposição Antiga (ADA), comparando o crescimento e modificações

na vegetação.

Além das fotografias, entre 2007 e 2008 foi desenvolvido um mapa da cobertura

vegetal, comparando a cobertura e altura média das plantas.

6.4 Diagnóstico dos Impactos Ambientais

Os impactos ambientais gerados pela disposição inadequada de RSU foram analisados

levando em consideração a época entre o fechamento do aterro e a situação atual do local.

Os impactos foram determinados para os meios físico, biótico e antrópico. A

determinação dos impactos foi realizada com visitas ao local e pesquisa histórica em trabalhos

de autores que desenvolveram pesquisa em anos anteriores.

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117

6.5 Ensaio de Lixiviação de Fósforo

Foram realizados Ensaios de Coluna Estática, adaptado da norma ASTM (1995), com

o solo coletado na área de estudo, para verificar um possível transporte por lixiviação de

Fósforo (P) proveniente da lavoura para uma nascente, devido aos teores encontrados

(Andrade;Melo, 2008) estarem acima dos padrões recomendados pela Resolução CONAMA

357/05.

O solo utilizado foi coletado na área de estudo, em um talude lateral, qual foi o mesmo

local de retirada do solo de cobertura do aterro. Este solo é classificado como Latossolo

Vermelho distrófico típico (MELO, 2000), apresentando densidade natural de 1,67kg/dm³. Os

ensaios foram realizados em triplicata, com quatro tratamentos (totalizando 9 amostras, mais

1 natural), sendo o percolado encaminhado para o Laboratório de Controle de Efluentes

(LACE) da UPF.

Os tratamentos do ensaio podem ser vistos na Tabela 40.

Tabela 40 - Tratamentos utilizados no ensaio de lixiviação de fósforo, em 2009.

Tratamentos Fósforo (mg/L) T1 100 % 145,2 ¹ T2 200 % 290,4 T3 300 % 435,6 N 0 % 0

Notas: Foi utilizado fósforo na formulação KH2PO4.

(1) Valor genérico tipicamente usado em lavouras para adubação na região de Passo Fundo/RS.

Os Corpos de Prova (CP) utilizados no ensaio foram feitos na forma amolgada com a

mesma densidade natural de campo, utilizando-se 1 kg (um quilograma) por CP, com

umidade natural de campo de 34%. Foram utilizados tubos de PVC de 100 mm de diâmetro,

com altura do corpo de prova de 76 mm (gerando 1 kg por amostra, com densidade natural).

A impermeabilização nas paredes dos tubos foi feita com bentonita, além de ranhuras nas

laterais, evitando um fluxo preferencial do contaminante. O solo foi peneirado (n° 4),

acondicionados nos tubos (76 mm de altura), e saturados com água. Após isto foi adicionada a

solução de fósforo, na quantidade de 1 L (um litro) por amostra. O lixiviado foi coletado pela

parte debaixo dos tubos, após a passagem pela coluna, e enviado para análise.

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118

Na Figura 25 pode ser observada a bancada e as amostras utilizadas na realização do

Ensaio de Lixiviação de fósforo com o solo proveniente do Aterro Invernadinha.

Figura 25 - Ensaio de lixiviação de fósforo com solo da Invernadinha, em 2009.

7 RESULTADOS

Os resultados da caracterização e monitoramento do Aterro Invernadinha são

apresentados abaixo, separados por áreas.

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119

7.1 Caracterização hídrica

Nas amostras de água, os Pontos 2 (A3) e Ponto 3 (A4) possuem uma diferenciação do

Branco (A1) e Ponto 1 (A2), por serem localizados à jusante do Ponto 1 (A2). Porém o Ponto

1 (A2) e Branco (A1) assemelham-se por serem duas nascentes, com distância aproximada de

100m uma da outra (como pode ser visto na Figura 21), devendo ter em teoria valores

próximos (ANDRADE;MELO, 2008a).

Na Tabela 41, pode ser visto um histórico de análises da nascente mais próxima ao

Aterro (Ponto 1 = A2). O histórico compreende análises entre 1998 e 2008, por diferentes

autores.

Tabela 41 - Análise hídrica de uma nascente na Invernadinha, nos anos entre 1998 e 2008.

Parâmetros 1998 (1) 1999 (2) 2002 (3) 2006 (4) 2007 (5) 2008 (6) DBO5 (mg/L O2) - 1 1,5 1,15 0,5 1,28 DQO (mg/L O2) - 4 3,6 0,36 1,2 3,51 Sólidos Totais (mg/L) - 42 80 63,5 - - Fósforo Total (mg/L) - N.D. N.D. 0,18 0,18 0,18 Nitrogênio Total (mg/L) - 0,05 N.D. 1,39 1,18 0,64 pH 5,21 5,51 6,23 6,52 6,58 5,93 Sódio (mg/L) 0,7 0,5 68,5 17,3 - - Potássio (mg/L) 1,3 1,2 8,1 3 - - Nitrato (mg/L) 0,85 0,23 0,91 - - - Coliformes Totais (NMP/100mL)

< 3 < 3 16,0 < 1,1 > 8,0 -

Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)

< 3 < 3 2,2 < 1,1 < 4,6 -

Contagem de Bactérias Heterotróficas (UFC/mL)

2,5x10² 1,5x10² 1,0x10² 1,9 x 10² 6,0 x 10¹ -

Fonte: Cauduro (1999); Coronetti (2003); Machado (2006); Andrade et al. (2006); Andrade et

al. (2007); Andrade;Melo (2009a).

Notas: Análises da Nascente próxima à ADA, que servia de fonte de água para a população que habitava no local. NMP = Número Mais Provável; UFC = Unidades Formadoras de Colônia. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

(1) Dados de Cauduro (1999); coleta das amostras no dia 15/12/98. (2) Dados de Cauduro (1999); coleta das amostras no dia 02/03/99. (3) Dados de Coroneti (2003); coleta das amostras no dia 31/07/02. (4) Dados de Machado (2006) – Sódio, Potássio e Sólidos Totais. Demais dados de Andrade et al. (2006). (5) Dados de Andrade et al. (2007); coleta das amostras no primeiro semestre de 2007. (6) Dados de Andrade;Melo (2009a); coleta das amostras no dia 25/09/08.

Na Tabela 41, é possível observar a variação de muitos parâmetros durante os anos,

como a DBO (variação grande em 2007) e DQO (variação em 2006/2007). Porém, observam-

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120

se alguns padrões de decaimentos, aumentos ou estabilização dos resultados, como nos casos

do Nitrogênio, Coliformes e Fósforo, respectivamente. Comparando-se a Resolução

CONAMA 357/05, o único parâmetro que extrapola o limite estabelecido é o fósforo (entre

2006 e 2008), e o pH levemente em alguns anos.

Na Tabela 42 pode ser observado uma análise hídrica em diferentes pontos, na

Invernadinha, no ano de 1999.

Tabela 42 - Análise química das amostras dos Pontos 1, 2, 3 e 4, em 1999.

Parâmetros Ponto 1 (1) Ponto 2 (2) Ponto 3 (3) Ponto 4 (4) DQO (mg/L O2) 4 8 11 11 DBO5 (mg/L O2) 1 5 5,5 5,5 Sólidos Totais (mg/L) 42 65 69 239 pH 5,51 6,90 7,05 6,45 Fósforo total (mg/L) N.D. 0,03 0,09 N.D. Nitrogênio (mg/L) 0,05 0,16 0,10 0,16

Fonte: Cauduro (1999, p. 24) Notas: A tabela original foi Adaptada, possuindo mais parâmetros originalmente. N.D. – Não detectado

pelo método. A coleta das amostras ocorreu em 02/03/99.

(1) Ponto 1 – Vertente situada do lado norte do aterro, que abastece a população local. (2) Ponto 2 – Córrego, à aproximadamente 100 m da fonte (Ponto 1). (3) Ponto 3 – Córrego, à 50m do Ponto 2. (4) Ponto 4 – Córrego situado junto a saída do bueiro que atravessa a BR 285.

Observa-se que na análise do ano de 1999 (Tabela 42), o fósforo comportava-se

próximo, ou ainda dentro dos padrões da Resolução CONAMA 357/05, porém com valores

de DQO e DBO muito mais altos do que os atuais.

Na Tabela 43 pode ser observado uma análise hídrica em 3 pontos, na Invernadinha,

no ano de 2006.

Tabela 43 - Características das águas superficiais na Invernadinha, em 2006.

(continua) Atributos Nascente Córrego 1 Córrego 2

Sólidos Totais (mg/L) 63,5 114,5 95 Turbidez (NTU) 0,1 21,1 234,9 Cor (Hazen) 13 48,5 45,2 pH 5,6 7,1 6,7 DQO (mg/L) 3,1 5,1 12,3 DBO5 (mg/L) 2,4 4,2 5,15 Fósforo Total (mg/L) N.D. N.D. N.D. Nitrogênio Total (mg/L) N.D. 0,2 0,3

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121

Características das águas superficiais na Invernadinha, em 2006.

(conclusão) Atributos Nascente Córrego 1 Córrego 2

Sódio (mg/L) 17,3 1,2 1,5 Potássio (mg/L) 3 2,3 1,9 OD (mg/L) 7,1 7,9 9,9

Fonte: Machado (2006, p. 86) Notas: A tabela foi adaptada em relação à original. O autor não especifica a localização exata dos pontos

Córrego 1 e Córrego 2. N.D. = Não detectado pelo método de análise.

Na Tabela 44, pode ser visto um histórico de análises das águas subterrâneas

(piezômetros) da Invernadinha. O histórico compreende análises de 1999, 2002 e 2006, por

diferentes autores.

Tabela 44 - Caracterização da água subterrânea na Invernadinha, em 1999, 2002 e 2006.

1999 (1) 2002 (2) 2006 (3) Parâmetros - PS1 PS2 PS3 PS1 PS2 PS3

Sólidos totais (mg/L) - 670 640 490 432,8 706 529 pH 6,38 6,66 7,16 7,01 7,1 7,3 7,1 DQO (mg/L O2) 71 88 14,6 80 46,4 34,1 39,5 DBO5 (mg/L O2) 2,6 32,5 7,5 30 21,2 19,1 12,5 OD (mg/L) - 0,0 2,6 1,4 0,5 1,93 2,8 Fósforo total (mg/L) N.D. 0,31 0,06 N.D. 0,2 0,3 0,2 Nitrogênio total (mg/L) 3,31 1,28 0,64 1,07 0,8 0,7 0,7 Nitrato (mg/L) 2,7 0,98 6,18 0,95 Sódio (mg/L) - 0,5 52,2 59,1 21,9 46,7 65 Potássio (mg/L) 25,1 0,5 18,2 6,5 13,7 18,1 7,3 Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)

3,0x10² 200 400 200 - - -

Coliformes Totais (NMP/100mL)

4,5x10² 200 800 400 - - -

Contagem de Bactérias Heterotróficas (UFC/mL)

1,0x10² 1,8x10³ 3,1x10³ 2,1x10³ - - -

Fonte: Cauduro (1999); Coronetti (2003); Machado (2006). Notas: A tabela foi adaptada em relação às originais. Os autores não especificam a localização exata dos

pontos: Piezômetro 1 (PS1), Piezômetro 2 (PS2) e Piezômetro 3 (PS3) – sendo provavelmente os mesmos pontos nos anos de 2002 e 2006. O autor de 1999 apenas cita que o Piezômetro (Ponto 5) estava localizado no lado oeste do aterro. N.D. = Não detectado pelo método de análise. NMP = Número Mais Provável; UFC = Unidades Formadoras de Colônia.

(1) Dados de Cauduro (1999); coleta das amostras no dia 27/04/09. (2) Dados de Coroneti (2003); coleta das amostras no dia 31/07/02. (3) Dados de Machado (2006).

Nas Tabelas 45 à 49 são apresentados os resultados das análises físico-químicas e

microbiológicas de diferentes anos e pontos.

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122

Tabela 45 - Análise de água em diversos pontos da Invernadinha, em 2006 e 2008.

2006 (5) 2008 (6) 2008 (7) Parâmetros A2

(1) A3 (2)

A4 (3)

A2 (1)

A3 (2)

A4 (3)

A2 (1)

A3 (2)

A4 (3)

Res. 357 (4)

DBO5 (mg/L O2) 1,15 2,7 3,5 0,4 1,90 1,90 1,2 0,6 1,3 5 DQO (mg/L O2) 0,36 1,06 1,15 1,16 3,73 4,63 3,0 1,52 3,4 - Sólidos Suspensos (mg/L) 28 6 10 - - - 1 8 14 - Fósforo Total (mg/L) 0,18 0,37 0,30 0,08 0,29 0,26 0,05 0,55 1,00 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 1,39 1,17 2,99 - - - 0,21 0,32 0,43 3,7 pH 6,52 6,92 7,05 6,69 6,35 6,69 6,18 6,28 6,39 6,0–9,0 Fonte: Andrade;Melo (2009a).

(1) Ponto 1 (A2) – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 (A3) – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1 (A2). (3) Ponto 3 (A4) – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro, seguinte ao Ponto 2 (A3). (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2. (5) Coleta das amostras ocorrida no dia 23/08/2006. (6) Coleta das amostras ocorrida no dia 13/05/2008. (7) Coleta das amostras ocorrida no dia 23/11/2008.

Tabela 46 - Análise de água em diversos pontos da Invernadinha, em 2008 e 2009.

2008 2009 Parâmetros A2 (1) A3 (2) A4 (3) A2 (1) A3 (2) A4 (3)

Res. 357 (4)

Fósforo Total (mg/L) 0,22 0,35 0,37 <0,05 <0,05 <0,05 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 0,32 0,21 0,43 0,32 0,21 0,21 3,7 pH 5,65 5,95 6,24 5,64 6,15 6,36 6,0 – 9,0

Fonte: Andrade;Melo (2009a).

Notas: Coleta das amostras ocorrida nos dias 12/11/08 e 08/04/09.

(1) Ponto 1 (A2) – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 (A3) – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1 (A2). (3) Ponto 3 (A4) – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro, seguinte ao Ponto 2 (A3). (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

Nas Tabela 46 verifica-se que no ano de 2009 o Fósforo apresentou-se abaixo do

padrão da Res. 357, sendo a primeira análise desde 2006 onde isso ocorreu, porém será

necessário análises posteriores para confirmar este fato (qual pode ser até erro de análise).

Tabela 47 - Análise hídrica em diversos pontos da Invernadinha, em 2008.

(continua) Parâmetros A1 (5) A2 (1) A3 (2) A4 (3) Res. 357 (4)

DBO5 (mg/L O2) 0,98 1,28 0,28 19,6 5 DQO (mg/L O2) 2,63 3,51 1,32 48,2 - Fósforo Total (mg/L) N.D. 0,18 0,09 1,05 0,030 Nitrogênio Total (mg/L) 0,32 0,64 0,43 2,48 3,7

Page 123: TCC capeleto 2009.pdf

123

Análise Físico-Química de água em diversos pontos da Invernadinha, em 2008.

(conclusão) Parâmetros A1 (5) A2 (1) A3 (2) A4 (3) Res. 357 (4)

pH 5,45 5,93 6,06 6,36 6,0 – 9,0 Condutividade 13,43 21,4 19,3 17,4 -

Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 25/09/08. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

(1) Ponto 1 (A2) – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 (A3) – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1 (A2). (3) Ponto 3 (A4) – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro, seguinte ao Ponto 2 (A3). (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2. (5) Branco (A1) – Nascente mais distante do Aterro (cerca de 100 m); localizada em área protegida por mata.

Na Tabela 47, quando se compara os parâmetros dos pontos A1 e A2 (ambas

nascentes), nota-se que o ponto A2 (mais próximo ao Aterro) apresenta valores superiores em

relação ao ponto A1 (mais distante do Aterro), sendo que teoricamente os valores deveriam

ser próximos. Verifica-se também a tendência de aumento dos valores no ponto A4, o que

pode ser explicados por ser um ponto dentro de um banhado, acumulando assim maiores

quantidades de matéria orgânica, e consequentemente mais nutrientes.

Tabela 48 - Análise microbiológica de água em diversos pontos, em 2006 e 2007.

2006 2007 Parâmetros

A2 (1) A3 (2) A4 (3) A2 (1) A3 (2) A4 (3) Res. 357 (4)

Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL)

< 1,1 < 1,1 200 < 4,6 > 8,0 4,6 1.000

Coliformes Totais (NMP/100mL)

< 1,1 200 200 > 8,0 > 8,0 8,0 -

Contagem de Bactérias Heterotróficas (UFC/mL)

1,9 x 10²

1,2 x 10³

1,7 x 10³

6,0 x 10¹

5,1 x 10¹

2,6 x 10²

-

Fonte: Andrade et al. (2006).; Andrade et al. (2007). Notas: NMP = Número Mais Provável; UFC = Unidades Formadoras de Colônia.

(1) Ponto 1 (A2) – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 (A3) – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1 (A2). (3) Ponto 3 (A4) – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro, seguinte ao Ponto 2 (A3). (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

Tabela 49 - Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2007.

(continua) 2007/1 2007/2

Parâmetros A2 (1) A3 (2) A4 (3) A2 (1) A3 (2) A4 (3)

Res. 357 (4)

DBO5 (mg/L O2) 0,5 0,8 2,5 0,4 0,6 13,6 5 DQO (mg/L O2) 1,2 2,4 6,9 0,8 1,3 4,8 - Fósforo Total (mg/L) 0,18 0,21 0,29 0,06 0,29 0,38 0,030

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124

Análise Físico-Química de água em diversos pontos, no ano de 2007.

(conclusão) 2007/1 2007/2

Parâmetros A2 (1) A3 (2) A4 (3) A2 (1) A3 (2) A4 (3)

Res. 357 (4)

Nitrogênio Total (mg/L) 1,18 0,85 1,28 N.D. N.D. 2,32 3,7 pH 6,58 6,54 6,6 6,53 6,69 7,78 6,0 – 9,0 Fonte: Andrade et al. (2007); Andrade;Melo (2008b).

Notas: Coleta das amostras ocorrida no primeiro (2007/1) e segundo (2007/2) semestres do ano de 2007. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

(1) Ponto 1 (A2) – Nascente próxima ao Aterro (menos de 50 m). (2) Ponto 2 (A3) – Riacho proveniente do Ponto 1; aproximadamente 30 m do Ponto 1 (A2). (3) Ponto 3 (A4) – Localizado no riacho que corta o banhado próximo ao Aterro, seguinte ao Ponto 2 (A3). (4) Res. 357 – Resolução CONAMA 357/05 – Classe 2.

Amostragens realizadas por Schneider;Naime;Cauduro no ano de 1999 indicavam que

a água da nascente era potável e ausente de contaminação por matéria fecal. Segundo

Schneider et al. (2003), em 2002 foi possível observar a presença de bactérias do grupo

coliforme: “Essa perda de qualidade da água pode ser explicada pela falta de cuidado da

população, que havia permitido a presença de animais domésticos próximo ao local”

(SCHNEIDER et al, 2003). Esta conclusão de Schneider (2003) porém não explicaria os

valores atuais, sendo assim, estes valores provavelmente se devem realmente aos resíduos do

aterro, pois no ano de 2007 (Tabela 48) já não haviam mais criações de animais domésticos

no local.

7.2 Caracterização do solo

O monitoramento do solo ocorreu em diversos pontos, dado a heterogeneidade dos

RSU no local. A importância do monitoramento se dá pelo acompanhamento da degradação

dos resíduos, qual em alguns pontos aflora na superfície.

Nas Tabelas 50 e 51 são apresentados os resultados das análises de solo na área de

estudo, em diferentes épocas do ano de 2008.

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125

Tabela 50 - Análise do solo em vários pontos da Invernadinha, em três épocas de 2008.

2008 (13/05) 2008 (24/09) 2008 (24/11) Parâmetros S1

(1) S2 (2)

S3 (3)

S4 (4)

S1 (1)

S5 (5)

S6 (6)

S4 (4)

S1 (1)

S2 (2)

S5 (5)

S6 (6)

Argila (%) 30 42 65 30 42 32 34 35 25 41 30 24

pH 5,1 5,3 4,6 5 5,5 6,5 7,3 5,3 5,3 5,3 5,9 6,0

M.O. (%) 4,2 2,4 1,3 2,6 4,6 >6,7 >6,7 >6,7 6,3 3,3 >6,7 5,2

P (mg/dm³) 6 13 5 10 7 13 >53 24 11 25 15 50

K (mg/dm³) 144 142 43 164 290 567 507 306 324 371 396 312

S (mg/dm³) 21 16 35 17 19 28 22 20 15 11 28 17 Al (cmol/dm³) 0 0,3 3,5 0,4 0,2 0,0 0,0 0,1 0,0 0,8 0,0 0,0 Ca (cmol/dm³) 6,2 7,2 2,2 3,5 8,5 11,9 16,5 10,7 4,6 2,5 6,9 8,5 H+Al (cmol/dm³) 10,9 7,7 19,4 8,7 5,5 2,5 1,2 4,4 7,7 7,7 4,4 1,6

CTC (cmolc/dm³) 19,1 17,8 22 13,3 17,7 19,3 21,6 18,6 15,3 17,8 14,0 12,6

Fonte: Andrade;Melo (2008a); Andrade;Melo (2009a).

(1) Branco (S1) – Mata Nativa ao lado da Área de Disposição Antiga; cerca de 50 m da Área 3 (S4); (2) Área 1 (S2) - Lavoura próxima ao Aterro Invernadinha; à cerca de 50 m da Área de Disposição Antiga; (3) Área 2 (S3) - Talude em frente à Área de Disposição Antiga; local de empréstimo do solo de cobertura; (4) Área 3 (S4) - Área em torno da Nascente mais próxima do Aterro; (5) Área 4 (S5) – Localizado na Área de Disposição Antiga (ADA); (6) Área 5 (S6) – Localizado na Área de Disposição Recente (ADR).

Tabela 51 - Análise de micronutrientes, em três épocas, no ano de 2008.

2008 (13/05) 2008 (24/09) 2008 (24/11) Parâmetros S1

(1) S2 (2)

S3 (3)

S4 (4)

S1 (1)

S5 (5)

S6 (6)

S4 (4)

S1 (1)

S2 (2)

S5 (5)

S6 (6)

Boro (mg/dm³) 0,5 0,3 0,3 0,3 0,8 1,7 1,2 0,8 1,0 0,3 1,0 1,0

Manganês (mg/dm³) 34 11 6 12 30 12 3 15 46 15 13 5

Zinco (mg/dm³) 7,4 2,4 0,7 6,4 6,2 9,6 9,6 9,6 6,7 1,7 9,6 9,6 Cobre (mg/dm³) 4,8 10,5 2,5 1,4 2,3 3,2 0,8 7,7 1,9 1,9 5,3 16,0 Fonte: Andrade;Melo (2008a); Andrade;Melo (2009a).

(1) Branco (S1) – Mata Nativa ao lado da Área de Disposição Antiga; cerca de 50 m da Área 3 (S4); (2) Área 1 (S2) - Lavoura próxima ao Aterro Invernadinha; à cerca de 50 m da Área de Disposição Antiga; (3) Área 2 (S3) - Talude em frente à Área de Disposição Antiga; local de empréstimo do solo de cobertura; (4) Área 3 (S4) - Área em torno da Nascente mais próxima do Aterro; (5) Área 4 (S5) – Localizado na Área de Disposição Antiga (ADA); (6) Área 5 (S6) – Localizado na Área de Disposição Recente (ADR).

Em relação à Tabela 50, nota-se uma quantidade maior de Fósforo na ADR e altas

quantidades de Potássio nas áreas ADA e ADR. Na Tabela 51, nota-se elevados teores de

Zinco nas áreas ADA, ADR e em torno da nascente.

Na Tabela 52 é apresentado um histórico de diversos pontos na Invernadinha e ‘áreas

de controle’, entre 2000 e 2006, por diferentes autores. Há grande variação nos dados dos

Page 126: TCC capeleto 2009.pdf

126

diferentes anos, visto que os locais não foram especificados exatamente (no caso da

Invernadinha e Reserva Arlindo Haas).

Tabela 52 – Análise de fósforo, potássio e enxofre no solo da Invernadinha e pontos

comparativos, em diversos anos, entre 2000 e 2006.

2000 (1) 2002 (2) 2005 (3) 2006 (4) Parâmetros Inv. UPF A.H. Inv. A.H. Inv. A.H. ADA ADR

P (mg/dm³) 2 6,5 2,9 115,0 14,7 5,7 25,9 10,7 51,7 K (mg/dm³) 25 137,0 70,0 227,0 153,0 83,2 284,5 203 159,3 S (mg/dm³) 21 3,6 8,8 14,0 7,4 7,2 24 33 7,5 M.O. (%) - 11,0 5,1 6,4 3,3 1,2 - - - CTC (cmolc/dm³) - - - - - - - 20,5 13,6

Fonte: Fiori (2002 p. 18); Melo (2005, apud Schoenell, 2008); Machado et al. (2005);

Machado (2006, p. 135-136).

Notas: A tabela foi adaptada em relação às originais. Inv. = Ponto localizado no Aterro Invernadinha (não especificado local exato). UPF = Ponto localizado na Universidade de Passo Fundo (não especificado local exato). A.H. = Ponto localizado na Reserva Arlindo Haas, área próxima ao Aterro Invernadinha, utilizada como local de controle no estudo (não especificado local exato). ADA = Área de Disposição Antiga (no Aterro Invernadinha). ADR = Área de Disposição Recente (no Aterro Invernadinha). Em relação às tabelas originais de Fiori (2002), foram utilizados na UPF o Ponto 1, e na Invernadinha o Ponto 1.

(1) Dados de Melo (2005). (2) Dados de Fiori (2002). (3) Dados de Machado (2005). (4) Dados de Machado (2006).

Na Tabela 53 são demonstrados os resultados de uma análise nos pontos de antiga

(ADA) e recente (ADR) disposição dos resíduos no Aterro Invernadinha, e um ponto

intermediário a estes.

Tabela 53 - Análise do solo em diversos pontos, no ano de 2009.

Parâmetros S5 (1) S7 (2) S6 (3)

pH 6,7 5,8 7,4

Ind. SMP 7,3 6,2 7,6

P (mg/dm³) 21,76 >118,71 >118,71

%C (m/m) 6,53 7,61 2,93

%N (m/m) 0,66 0,68 0,34 Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 25/03/09.

(1) Área 4 (S5) – Localizado na Área de Disposição Antiga (ADA); (2) Área 6 (S7) – Localizado entre a Área de Disposição Antiga (ADA) e a Área de Disposição Recente (ADR); (3) Área 5 (S6) – Localizado na Área de Disposição Recente (ADR).

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127

Comparando, na Tabela 53, os pontos de Antiga (S5) e Recente (S6) disposição, nota-

se a diferença na porcentagem de Carbono e Nitrogênio, além do Fósforo, o que é um sinal de

que na ADA os resíduos já estão mais degradados, tendendo a estabilização e redução destes

valores.

Na Tabela 54 apresentam-se os resultados de dois pontos próximos à ADA do Aterro

Invernadinha.

Tabela 54 - Análise do solo em dois pontos distintos, no ano de 2008.

Parâmetro S8 (1) S9 (2)

Argila (%) 54 23

pH 5,5 6,4

M.O. (%) 3,2 >6,7

P (mg/dm³) 11 22

K (mg/dm³) 386 535

S (mg/dm³) 13 20

Boro (mg/dm³) 0,8 >2,6

Manganês (mg/dm³) 29 9

Zinco (mg/dm³) 2,7 7,3

Cobre (mg/dm³) 3,4 2,1 Al (cmol/dm³) 0,2 0,0 Ca (cmol/dm³) 6,0 13,9 H+Al (cmol/dm³) 6,2 2,2

CTC (cmolc/dm³) 14,8 19,9 Notas: Coleta das amostras ocorrida no dia 12/11/08.

(1) Área 7 (S8) - Decida da Lavoura (entrada para Invernadinha); (2) Área 8 (S9) - Decida para banhado (“área das hortelãs”).

Nas Tabelas 55 e 56 são apresentados os resultados das análises de metais no Aterro

(ADA e ADR) em diferentes anos. Em relação aos teores de metais, nota-se a grande variação

nos valores, que pode ser explicada pela heterogeneidade dos resíduos dispostos.

Tabela 55 - Teores de metais no solo do Aterro Invernadinha em diversos anos.

(continua) Parâmetros Zn (mg/kg) Cu (mg/kg) Mn (mg/kg) Fe (mg/kg)

ADA 821,07 268,7 41,7 - 2004 (1)

ADR 381,3 50 11 - ADA 67,7 4,3 41,7 -

2006 (2) ADR 52 21,5 11 - ADR 62,78 47,90 437,22 28.432,32

2007 (3) ADA 192,5 108,42 1.113,62 36.469,02

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128

Teores de metais no solo do Aterro Invernadinha em diversos anos.

(conclusão) Parâmetros Zn (mg/kg) Cu (mg/kg) Mn (mg/kg) Fe (mg/kg)

ADA 189,32 128,12 623,44 30.525,02 2008 (4)

ADR 74,18 37,36 212,52 25.618,01 Fonte: Melo (2005, apud Schoenell, 2008); Machado (2006); Korf et al. (2007); Schoenell

(2008).

Notas: ADR = Área de Disposição Recente. ADA = Área de Disposição Antiga.

(1) Dados de Melo (2005). (2) Dados de Machado (2006). (3) Dados de Korf (2007). (4) Dados de Schoenell (2008).

Tabela 56 - Teores de metais no solo da Invernadinha em vários anos.

Parâmetros Cr (mg/kg) Ni (mg/kg) Pb (mg/kg) Hg (mg/kg) - 1.774,0 58,0 166,0 0,54

2002 (1) - 342,0 37,0 154,0 2,3

ADA 149,7 - 33,20 - 2004 (2)

ADR 479 - 20,90 - 2005 (3) - 2081 12,5 33,2 - 2005 (4) - 30,2 10,5 33,2 0,07

ADA 1.944,82 22,72 916,13 - 2008 (5)

ADR 56,36 11,64 26,38 - Fonte: Fiori (2002); Melo (2005, apud Schoenell, 2008); Betineli et al. (2005); Machado et al.

(2005); Schoenell (2008).

Notas: ADR = Área de Disposição Recente. ADA = Área de Disposição Antiga. Nos demais pontos não foram especificados a localização pelos autores.

(1) Dados de Fiori (2002). (2) Dados de Melo (2005). (3) Dados de Betineli (2005). (4) Dados de Machado (2005). (5) Dados de Schoenell (2008).

Segundo Betineli et al. (2005), em 2005 era “possível observar que os níveis dos

metais Zn, Cu e Cr disponíveis no solo para absorção pelas plantas são mais altos, o que

acarreta a translocação destes para a parte aérea das mesmas”. Segundo Machado et al.

(2005), em 2005 era possível observar que “os níveis dos metais Zinco, Cobre e Ferro

disponíveis para absorção pelas plantas são mais altos na área do Aterro do que na área de

controle” (Reserva Arlindo Haas). Segundo Benincá (2006), as características químicas da

pequena camada de solo existente sobre o lixo (“Horizonte A”) apresentaram em 2006

alterações nas concentrações dos metais Zn, Cu, Pb, Cr, Ni e Hg.

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129

7.3 Análise da vegetação e monitoramento fotográfico

Em relação à vegetação, diversas espécies são visualizadas na área, sendo algumas

temporárias (substituídas na sucessão ecológica) e outras espécies arbóreas já bem

estruturadas. Algumas espécies são apenas identificadas na época de floração, principalmente

na primavera. Algumas destas espécies podem ser visualizadas nas Figuras 26 à 28.

Nas Figuras 15 à 19 pode ser observado o monitoramento fotográfico da ADA.

Algumas das espécies bastante visualizadas no local, entre 2007 e 2009 são:

Vassourinha (Baccharis sp.), Fumo-Bravo (Solanum erianthum), Lantana (Lantana camara),

Azevem (Lolium multiflorum) e Maria-Mole (Senecio brasiliensis).

Figura 26 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha: Lantana.

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130

Figura 27 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha: Yucca.

Figura 28 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha: Azevem e Maria-Mole.

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131

Algumas destas espécies de vegetação são apenas observadas em algumas áreas, como

a Hortelã e Yucca (Yucca elephantipes). Isto pode ser explicado como no caso da Hortelã por

esta planta ser um bioindicador de contaminação de metais no solo. No caso da Yucca (Figura

27), esta planta foi introduzida no aterro (ADR) pela disposição de materiais de poda (Melo,

informação verbal, 2009), desenvolvendo-se próximas ao ponto inicial, demonstrando a

adaptação e facilidade de dispersão.

Na Figura 29 observa-se uma árvore tombada, com a presença de RSU nas raízes. Isto

é explicado pelo “solo” (resíduos) fraco do local, impossibilitando um bom enraizamento,

tendendo a raízes mais superficiais, não dando sustentação às árvores.

Figura 29 – Árvore tombada, com resíduos expostos, em agosto de 2008.

No Quadro 12 é apresentado um histórico de informações de espécies presentes no

Aterro Invernadinha, em diferentes anos, entre 2000 e 2008, por diferentes autores.

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Quadro 12 - Vegetação presente no Aterro Invernadinha, nos anos de 2000 a 2008.

(continua) Família Nome Científico Nome Comum 2000 (1) 2001 (2) 2002 (3) 2003 (4) 2004 (5) 2005 (6) 2006 (7) 2007 (8) 2008 (9)

Amarantaceae Alternanthera sp. Caruru X - - - X Anacardiaceae Schinus molle Aroeira piriquita X X - - X Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Aroeira vermelha X - - - X X - - X Apiaceae Apium leptophyllum Aipinho-do-campo X Apiaceae Conium maculato Funcho-selvagem X Apiaceae Eryngium sp. Caraguatá, gravatá X - X - X Asteraceae Acanthospermum austale Carrapicho X - - X X X X X Asteraceae Ageratum sp. Erva-de-são-joão X Asteraceae Ambrosia polystachya Salsa-do-campo X Asteraceae Aspila montevidensis Bem-me-quer X Asteraceae Baccharis sp. Carqueja X - - - X X X - X Asteraceae Baccharis sp. Vassourinha X - X X X X X X X Asteraceae Bidens alba Picão-branco X Asteraceae Bidens pilosa Picão-preto X - X - X X X Asteraceae Cenchrus echintus Capim carrapicho X - X - X X Asteraceae Cirsium vulgare Cardo, cardo-negro X Asteraceae Conyza canadensis Voadeira, buva X Asteraceae Elephantopus mollis Pé-de-elefante X - - - X Asteraceae Eupatorium laevigatum Cambará-falso X Asteraceae Galinsoga parviflora Arnica, erva-lanceta X Asteraceae Gomochaeta spicata Macela X - X - X X Asteraceae Hypochoeris sp. Almeirão-do-campo X Asteraceae Mikania cordifolia Cipó-cabeludo X - - - X Asteraceae Parthenium sp. Losna-branca X Asteraceae Pterocaulon lanatum Branqueja, verbaco X Asteraceae Senecio brasiliensis Maria mole X - X - X X - - X Asteraceae Solidago chilensis Erva-lanceta X Asteraceae Soliva pterosperma Roseta, cuspe-de-tropeiro X Asteraceae Sonchus asper Dente-de-leão X Asteraceae Synedrella nodiflora Botão-de-ouro X Asteraceae Tagetes minuta Cravo-de-defunto X Asteraceae Vernonia sp. Cambará branco X X - - X Asteraceae Xanthium cavanillesii Carrapicho bravo X X X X X X Balsaminaceae Impatiens walleriana Maria-sem-vergonha X Boraginaceae Patagonula americana Guajuvira X

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133

(continuação) Família Nome Científico Nome Comum 2000 (1) 2001 (2) 2002 (3) 2003 (4) 2004 (5) 2005 (6) 2006 (7) 2007 (8) 2008 (9)

Brassicacea Coronopus didymus Mentruz, mentrusto X Brassicacea Raphanus sativus Nabo, rábano X Bromeliaceae Bromelia anthiacantha Gravatá, caraguatá X - - - X X Bromeliaceae Tillandsia usneoides Barba-de-velho X Caesalpiniaceae Cassia leptocarpa Taperibá, fedegoso, X Caricaceae Jaracatia spinosa Jaracatiá, mamão-do-mato X - - - X X - - X Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides Erva-de-santa-maria X - - - X X - - X Commelinaceae Commelina virginica Trapoeraba, rabo de cachorro X - - - X X Compositae Artemisia verlotorum Losna, artemija X - - - X X Compositae Chaptalia nutans Língua de vaca X - - - X X Compositae Ecipta Alba Agrião-do-brejo X X Compositae Emilia sonchifolia Falsa-serralha, serralinha X - - - X X Compositae Erechtites hieracifolia Caruru, erva-gorda X - - - X X Compositae Erigeron bonariensis Buva, margaridinha-do-campo X - - - X X Compositae Sonchus oleraceus Serralha X - - - X X Compositae Taraxacum officinale Dente de leão, amargosa X - - - X X Compositae Wedelia paludosa Margaridinha, mal-me-quer X X Convolvulaceae Ipomoea sp. Corda de viola X - X - X X - - X Cruciferae Raphanus raphanistrum Nabo, nabiça X - - - X X Cyperaceae Cyperus ferax Junquinho X - - - X X - - X Cyperaceae Cyperus meyenianus Tiririca X - X - X X X Cyperaceae Eleocharis sellowiana Junco X Cyperaceae Fimbristylis autumnalis Falso-alecrim-da-praia X Euphorbiaceae Phyllanthus niruri Quebra-pedra X Euphorbiaceae Ricinus communis Mamona X - X X X X X X Euphorbiaceae Sapium glandulatum Leiteiro X - - - X X - - X Euphorbiaceae Sebastiana commersoniana Branquilho X - - - X X - - X Fabaceae Aeschynomene sensitivas Angiquinho, dorme-dorme X X Fabaceae Aeschynomene sp. Maricazinho X X X X X X Fabaceae Desmodium sp. Trevo X Fabaceae Enterolobium contorolobium Timbauva X Fabaceae Erythrina crista-galli Corticeira X Fabaceae Mimosa scabrella Bracatinga X Fabaceae Myrocarpus frondosus Cabreúva X Fabaceae Sesbania sp. Sesbania X Fabaceae Trifolium sp. Trevo X Flacourtiaceae Casearia sylvestris Chá de bugre X - - - X X

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134

(continuação) Família Nome Científico Nome Comum 2000 (1) 2001 (2) 2002 (3) 2003 (4) 2004 (5) 2005 (6) 2006 (7) 2007 (8) 2008 (9)

Lamiaceae Hyptis sp. Cheirosa X - - - X Lamiaceae Leonurus sibiricus Rubim X - - - X X - - X Lamiaceae Mentha villosa Hortelã X X X Lamiaceae Ocimum micranthum Alfavaca X - X Lauraceae Ocotea puberula Canela guaicá X - - - X X - - X Leguminosae Cassia sp. Cássia X - - - X X Loganiaceae Buddleja brasiliensis Barbasco, calça-de-velho X Malvaceae Sida sp. Guanxuma X - - - X X - - X Meliaceae Melia azedarach Cinamomo X - - X X X - - X Moraceae Morus nigra Amoreira X Myrtaceae Acca sellowiana Goiabeira da serra X Papilionaceae Desmodium adscendens Pega-pega X Phytolaccaceae Phytolacca dioica Umbú X X - - X Plantaginaceae Plantago australis Tanchagem X - - - X X - - X Poaceae Andropogum sp. Capim-rabo-de-burro X - - - X Poaceae Aristida longiseta Barba-de-bode X Poaceae Axonopus sp. Grama sempre-verde X Poaceae Brachiaria plantaginea Papuã, capim marmelada X - - - X X Poaceae Cortaderia selloana Capim-dos-pampas, penacho X Poaceae Cynodon dactylon Grama seda X - X - X X Poaceae Digitaria sp. Capim-das-roças X Poaceae Eleusine indica Capim pé de galinha X - - - X X Poaceae Eragrostis plana Capim anonne X - X X - - X Poaceae Lolium multiflorum Azevém X - - - X X - - X Poaceae Paspalum sp. Grama forquilha X - - - X X - - X Poaceae Penisetum clandestinum Capim quicuio X - - - X X - - X Poaceae Vicia sativa Ervilhaca X X Podocarpaceae Podocarpus lambertii Pinheiro bravo X Polygonaceae Polygonum convolvulus Cipó-de-veado X Polygonaceae Polygonum sp. Erva-de-bicho X - - - X Polygonaceae Rumex obtusifolius Língua de vaca X - X - X X Pteridaceae Pteridium aquilinum Samambaia X Ranunculaceae Ranunculus apiifolius Aipo do campo X X Rhamnaceae Hovenia dulcis Uva japonesa X Rosaceae Prunus sellowii Pessegueiro bravo X X Rubiaceae Mitracarpus histus Poaia-da-praia X Rubiaceae Relbunium sp. Saco-de-touro X

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135

(conclusão) Família Nome Científico Nome Comum 2000 (1) 2001 (2) 2002 (3) 2003 (4) 2004 (5) 2005 (6) 2006 (7) 2007 (8) 2008 (9)

Rubiaceae Richardia brasiliensis Poaia-do-campo X Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Mamica de cadela X - - - X X - - X Sapindaceae Allophylus edulis Vacum, chal-chal X - - - X X - - X Sapindaceae Cardiospermum halicacabum Coração-de-índia X Sapindaceae Cupania vernalis Camboatá vermelho X - - - X X Solanaceae Solanum aculeatissimum Joá-bravo X - - - X X - - X Solanaceae Solanum americanum Maria pretinha X - - - X X - - X Solanaceae Solanum diflorum Peloteira, laranjinha-de-jardim X Solanaceae Solanum erianthum Fumo bravo X - - - X X - - X Solanaceae Solanum palinacanthum Mata-cavalo X Solanaceae Solanum viaum Joá, juá X Tiliaceae Luehea divaricata Açoita cavalo X - - - X X Verbenaceae Verbena litoralis Erva-de-pai-caetano X

Fonte: Melo (2000); Fiori (2002); Melo;Schneider (apud Schneider et al, 2003); Coronetti (2003); Machado (2006); Candaten (2004); Benincá

(2006); Andrade et al. (2006); Arruda et al. (2007); Schoenell (2008).

Notas: “X” = Espécie presente no ano; “-“ = Espécie possivelmente presente no ano. Estudos de 2000 (Melo, 2000), 2004 (Candaten, 2004) e 2008 (Schoenell, 2008) são mais completos, sendo assim mais confiáveis. Deve-se considerar algumas variações baseado no fato de diversas espécies apresentarem-se apenas sazonalmente.

(1) 2000 – Melo (2000). (2) 2001 – (nenhum autor). (3) 2002 – Fiori (2002). (4) 2003 – Melo;Schneider (apud Schneider et al, 2003); Coronetti (2003). (5) 2004 – Machado (2006); Candaten (2004). (6) 2005 – Machado (2006). (7) 2006 – Benincá (2006); Andrade et al. (2006); Arruda et al. (2007). (8) 2007 – Arruda et al. (2007). (9) 2008 – Schoenell (2008).

Page 136: TCC capeleto 2009.pdf

De acordo com o Quadro 12, já foram encontradas (pelo menos) 122 espécies vegetais,

entre arbóreas e herbáceas, no Aterro Invernadinha, entre 2000 e 2008, sendo cadastradas 82

espécies (arbóreas e herbáceas) em 2008, por Schoenell (2008). Em relação às famílias, a de

maior presença é a Asteraceae. Verifica-se que algumas espécies (23) estão presentes (ou

possivelmente presentes) em todos os anos analisados, podendo assim considerá-las como

espécies persistentes ou de boa adapatação na área. Estas espécies são:

a) Aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius);

b) Carrapicho (Acanthospermum austale);

c) Vassourinha (Baccharis sp.);

d) Maria-mole (Senecio brasiliensis);

e) Jaracatiá (Jaracatia spinosa);

f) Erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides);

g) Corda de viola (Ipomoea sp.);

h) Junquinho (Cyperus ferax);

i) Leiteiro (Sapium glandulatum);

j) Branquilho (Sebastiana commersoniana);

k) Rubim (Leonurus sibiricus);

l) Canela guaicá (Ocotea puberula);

m) Guanxuma (Sida sp.);

n) Cinamomo (Melia azedarach);

o) Tanchagem (Plantago australis);

p) Azevem (Lolium multiflorum);

q) Grama forquilha (Paspalum sp.);

r) Capim quicuio (Penisetum clandestinum);

s) Mamica de cadela (Zanthoxylum rhoifolium);

t) Vacum (Allophylus edulis);

u) Joá-bravo (Solanum aculeatissimum);

v) Maria pretinha (Solanum americanum);

w) Fumo bravo (Solanum erianthum).

Ressalta-se que algumas espécies possuem ciclo de vida curto ou sazonal, como no

caso do Carrapicho e Maria-Mole, que não se apresentam o ano inteiro no local. Outro fato

relevante é o caso da Mamona (Ricinus communis), espécie que já não apresenta grande

presença no Aterro, aparecendo muito pontualmente, diferente de anos anteriores

(2006/2007), quando esta espécie apresentava grande número de indivíduos.

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137

Nas Tabelas 57 à 59 são apresentados os resultados das análises da vegetação presente

no Aterro Invernadinha. Na Tabela 60 é apresentado um comparativo de diferentes espécies.

Tabela 57 – Teores de nutrientes e metais na parte aérea de Vassourinhas provenientes do

Aterro Invernadinha, nos anos de 2002, 2005 e 2006.

2002 (1) 2005 2006 Parâmetros ----------------------(mg/kg)---------------------

Fe 149,5 119,16 147 Mn 53,5 147,29 90 Cu 11 15,58 12 Zn 112 58,31 135 Pb <3 - < 3 Ni 3 - 3 Cd <0,5 - < 1 Cr 5 - 8 Hg 0,01 - 0,01 Na 33,5 - N 1,6 3,04 - P 0,185 0,25 - K 2,45 2,2 - Ca 0,61 0,8 - Mg 0,16 0,16 - S 0,135 0,28 - B 40 43,51 -

Fonte: Fiori (2002); Betineli et al. (2005); Machado (2006).

Notas: Os dados de 2002 são uma média de dois pontos (P1 e P2 – não especificados a localização). A planta analisada foi a Vassourinha (Baccharis sp.).

(1) A área amostrada está localizada na Área de Disposição Antiga (ADA) no Aterro Invernadinha. - 2002

Tabela 58 – Teores de nutrientes e metais na parte aérea de Vassourinhas provenientes de área

não-contaminadas, nos anos de 2002 e 2006.

(continuação) 2002 2006

Parâmetros -------------(mg/kg)-------------

Fe 285 308 Mn 53,5 42 Cu 9 9 Zn 32 30 Pb <3 < 3 Ni 2 2 Cd <0,5 < 1 Cr 2 2 Hg 0,015 0,01

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Teores de nutrientes e metais na parte aérea de Vassourinhas provenientes de

área não-contaminadas, nos anos de 2002 e 2006.

(conclusão) 2002 2006

Parâmetros -------------(mg/kg)-------------

Na 17,5 - N 0,96 - P 0,115 - K 1,65 - Ca 0,445 - Mg 0,155 - S 0,115 - B 32 -

Fonte: Fiori (2002); Machado (2006).

Notas: Os dados de 2002 são uma média de dois pontos (P1 e P2 – não especificados a localização). A planta analisada foi a Vassourinha (Baccharis sp.). A Reserva Arlindo Haas é uma área próxima ao Aterro Invernadinha, e foi utilizada como local de controle no estudo. A Universidade de Passo Fundo (UPF) localiza-se ao lado do Aterro Invernadinha.

(1) Nos dados de 2002, a área de controle utilizada por Fiori foi a UPF. (2) Nos dados de 2006, a área de controle utilizada por Machado foi a Reserva Arlindo Haas.

Pode-se notar nas Tabelas 57 e 58 a homogeneidade dos valores, dando credibilidade

aos dados. Na Tabela 59 são comparados os dados da vegetação presente no Aterro e em áreas

de controle.

Tabela 59 – Comparativo das análises das Vassourinhas provenientes do Aterro Invernadinha

e das áreas de controle.

(continua) Aterro Invernadinha Área de Controle

Parâmetros ----------------------(mg/kg)---------------------

Fe 138,55 296,5 Mn 96,93 47,75 Cu 12,86 9 Zn 101,77 31 Pb < 3 < 3 Ni 3 2 Cd < 1 < 1 Cr 6,5 2 Hg 0,01 0,01 Na 33,5 17,5 N 2,32 0,96 P 0,22 0,12 K 2,33 1,65 Ca 0,71 0,45

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139

Comparativo das análises das Vassourinhas provenientes do Aterro Invernadinha

e das áreas de controle.

(conclusão) Aterro Invernadinha Área de Controle

Parâmetros ----------------------(mg/kg)---------------------

Mg 0,16 0,16 S 0,21 0,12 B 41,76 32

Fonte: Fiori (2002); Betineli et al. (2005); Machado (2006).

Notas: Os dados do Aterro Invernadinha são uma média dos anos de 2002, 2005 e 2006 (dados homogêneos). Os dados da Área de Controle são uma média dos dados de 2002 (UPF) e de 2006 (Reserva Arlindo Haas). A planta analisada foi a Vassourinha (Baccharis sp.), com analises da parte aérea.

Em relação à Tabela 59, no comparativo das Vassourinhas presentes no Aterro e na

área de controle, nota-se algumas diferenças entre as áreas, sendo o Ferro (Fe) o único

parâmetro maior na Área de Controle do que em relação ao Aterro Invernadinha, fato que

pode ser confirmado na Tabela 17, de Machado (2006). Em relação aos outros parâmetros,

estes apresentam igualdade ou valor superior no Aterro Invernadinha, dando-se ênfase para o

Manganês (Mn), Zinco (Zn), Cromo (Cr) e macronutrientes (N, P, K e S), o que já havia sido

citado anteriormente por outros autores, como Machado (2006) e Fiori (2002).

Segundo Betineli et al. (2005), “é possível observar que os níveis dos metais Zn, Cu e Cr disponíveis no solo para absorção pelas plantas são mais altos, o que acarreta a translocação destes para a parte aérea das mesmas”. Segundo Fiori (2002, p. 21), “pode-se observar um aumento no teor de zinco e de cromo nas amostras vegetais coletadas na área do Aterro Invernadinha, demonstrando que a planta está absorvendo estes metais (fitoextração) que estão em maior concentração no solo”. Segundo Machado (2006), há concentração elevada de ferro na raiz, diminuindo consideravelmente na parte aérea, o que possivelmente se deve ao fato deste metal não ser facilmente absorvido. Já o manganês demonstra uma maior tendência de acumulação na parte aérea da planta.

Tabela 60 – Comparativo das análises entre diferentes espécies vegetais, no Aterro

Invernadinha e nas Áreas de Controle.

(continua) Vassourinha (1) Carrapicho (2) Soja (3) AI AC AI AC AI AC Parâmetros

---------------------------------------- (mg/kg) ------------------------------------- Fe 138,55 296,5 193 967 112,67 120,33 Mn 96,93 47,75 120 98 59,33 180,00 Cu 12,86 9 12 18 10,67 11,67

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140

Comparativo das análises entre diferentes espécies vegetais, no Aterro

Invernadinha e nas Áreas de Controle.

(conclusão) Vassourinha (1) Carrapicho (2) Soja (3) AI AC AI AC AI AC Parâmetros

---------------------------------------- (mg/kg) ------------------------------------- Zn 101,77 31 185 34 136,00 44,33 Pb < 3 < 3 < 10 < 10 < 10,00 < 10,00 Ni 3 2 < 5 < 5 < 5,00 < 5,00 Cd < 1 < 1 < 1 < 1 < 1,00 < 1,00 Cr 6,5 2 < 5 < 5 < 5,00 < 5,00 Hg 0,01 0,01 - - - - Na 33,5 17,5 - - 9,67 6,33 N 2,32 0,96 - - 4,0 4,6 P 0,22 0,12 - - 0,32 0,31 K 2,33 1,65 - - 1,27 1,6 Ca 0,71 0,45 - - 1,87 0,88 Mg 0,16 0,16 - - 0,42 0,33 S 0,21 0,12 - - 0,20 0,163 B 41,76 32 - - 51,67 45,67

Fonte: Fiori (2002); Betineli et al. (2005); Machado (2006).

Notas: AI = Aterro Invernadinha. AC = Área de Controle. A Reserva Arlindo Haas é uma área próxima ao Aterro Invernadinha, e foi utilizada como local de controle nos estudos do Carrapicho e da Vassourinha. A área de controle utilizada para o estudo da Soja foi localizada na UPF.

(1) Dados de Fiori (2002), Betineli et al. (2005) e Machado (2006). Média dos dados dos diferentes autores. (2) Dados de Machado (2006). A planta analisada foi o Carrapicho (Xanthium cavanilesii). A área amostrada foi localizada na Área de Disposição Recente (ADA) do Aterro Invernadinha. (3) Dados de Machado (2006). A coleta das amostras foi feita nos anos de 2002/2003.

Comparando a diferença do teor de metais encontrados na Área de Controle (AC) e no

Aterro Invernadinha (AI), na Tabela 60, nota-se que a Vassourinha (Baccharis sp.) apresenta

maior diferença (AI/AC) nos valores de Manganês (2 vezes maior) e Cromo (3 vezes maior).

Já em relação ao Carrapicho (Xanthium cavanilesii), este apresenta maior diferença em

relação ao Zinco (5 vezes maior) e no Ferro (5 vezes maior, porém na Área de Controle). Isto

confirma a conclusão de que há uma contaminação de Mn, Cr e Zn no Aterro Invernadinha,

quando comparado à Área de Controle.

Comparando a diferença, na Tabela 60, dos teores presentes nas Vassourinhas

(Baccharis sp.) e no Carrapicho (Xanthium cavanilesii), o Carrapicho teve até 3x mais Ferro

(Fe) do que a Vassourinha, além de 2x mais Manganês (Mn), porém a Vassourinha teve quase

2x mais Zinco do que o Carrapicho. Ressalta-se que o Cromo apenas foi encontrado nas

amostras de Vassourinha. Sendo assim, pode-se concluir que a Vassourinha possui maior

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141

capacidade de acumulação (Fitoextração) de Zinco (Zn) e Cromo (Cr), se comparada ao

Carrapicho, porém o Carrapicho possui maior capacidade de acumulação de Ferro (Fe) e

Manganês (Mn).

Um fato que pode ser levado em conta no acúmulo de metais nesta espécie é que o Carrapicho (Xanthium cavanillesii) possui um ciclo no meio ambiente. Esta espécie absorve metais na primavera, acumulando durante o verão e outono, concentrando os metais no inverno, ou seja, durante o seu desenvolvimento absorve os metais presentes no solo, durante a florescência e maturação, acumula os metais na parte aérea, porém, no inverno, seca e retorna ao solo novamente. Com o início da primavera, uma nova planta recomeça a absorção, acumulação e novamente, acúmulo no solo, num ciclo constante (MACHADO, 2006).

Na Tabela 61 é apresentado o histórico de análises das Vassourinhas, em relação à

altura, diâmetro e ‘número de indivíduos por m²’.

Tabela 61 – Análise do desenvolvimento de Vassourinhas (Baccharis sp.) presentes no Aterro

Invernadinha, nos anos de 2005, 2006 e 2007.

Parâmetros 2005 (1) 2006 (2) 2007 (2) N° de árvores por m² (n/m²) - 3,24 2,96 Altura (m) 2,5 3,02 3,12 Diâmetro (cm) 16,7 - -

Fonte: Betineli et al. (2005); Arruda;Andrade, 2007 (não publicado).

(1) Dados de Betineli et al. (2005). O autor não especifica o local exato das análises. (2) Dados de Arruda;Andrade (2007, não publicados). Valores são médias das diferentes ruas e pontos. A medição das Vassourinhas ocorreu na Área de Disposição Recente (ADR).

Observando a Tabela 61, nota-se que em relação ao ‘número de árvores por m²’ (n/m²),

há uma tendência de redução, ao contrário da altura, que tende ao aumento. Isto é explicado

pelo fato de haver um crescimento na altura das plantas, onde há redução no número destas,

abrindo espaço para uma maior copa. O diâmetro destas não é apresentado nos outros anos,

mas certamente tende ao aumento também. Esta tendência segue até o fim da vida desta

espécie.

Na Figura 30 encontra-se o mapa demonstrativo da área e sua cobertura vegetal entre

os anos de 2007 e 2008.

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142

Figura 30 - Cobertura vegetal no Aterro Invernadinha no ano de 2008.

Levando em consideração um possível reflorestamento do Aterro Invernadinha, a área

possui uma vegetação bem estável na maior parte, como pode ser visto na Figura 30. Porém,

em poucas áreas há apenas presença de vegetação baixa, sendo apenas nestes pontos

necessário uma intervenção, principalmente na Área de Disposição Recente (ADR), onde a

vegetação apresenta sua menor recuperação natural e sucessão ecológica (quando comparado

ao resto do Aterro). Vale ressaltar que algumas áreas do aterro que apresentam vegetação

apenas de gramíneas ou arbustivas, deve-se à estudos da área (como plantio de nativas ou

espécies para análise), como no caso da área próxima ao limite do Aterro, na ADA, e a área

entre a ADA e ADR, qual possui um caminho de entrada.

Se visado o reflorestamento, este deve ser feito com espécies nativas, levando em

consideração espécies que possuam um bom desempenho de Fitoremediação e que resistam as

características da área.

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143

7.4 Diagnóstico dos Impactos Ambientais

Em relação aos impactos ambientais nos três meios, estes são apresentados no Quadro

13.

Quadro 13 - Impactos Ambientais decorrentes da disposição inadequada de RSU no Aterro

Invernadinha.

Meios Impactos Ambientais

Meio Físico

- Alteração da qualidade do ar (liberação de gases); - Instabilidade de taludes (devido a falta de compactação); - Mudanças da paisagem; - Degradação do solos; - Mudanças no uso do solo; - Modificação do relevo; - Contaminação e eutrofização dos recursos hídricos; - Alteração das propriedades de potabilidade próximo a área; - Ocupação ou proximidade de áreas de preservação (APPs).

Meio Biótico

- Supressão da vegetação; - Destruição ou restabelecimento de habitats; - Alteração na composição da fauna e flora; - Contaminação da vegetação por metais; - Alteração da sucessão ecológica.

Meio Antrópico

- Desapropriação de morador local; - Proliferação de vetores de doenças; - Desvalorização da área; - Redução da qualidade de vida de moradores próximos; - Restrição de uso da área para outros fins mais nobres; - Investimentos em pesquisa e monitoramento.

Fonte: Andrade;Melo (2009a).

Notas: Foram apenas considerados os impactos ambientais posteriores ao fechamento do Aterro.

7.5 Ensaio de Lixiviação de Fósforo

Na Tabela 62 são apresentados os resultados do Ensaio de Lixiviação de fósforo com

solo proveniente do Aterro Invernadinha. Este ensaio visou responder à hipótese levantada

por Andrade;Melo (2008a), onde buscava-se a contaminação hídrica por fósforo, na

Invernadinha, qual poderia ter fonte na adubação das lavouras próximas ao Aterro, em cota

topográfica superior.

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144

Tabela 62 – Resultados do ensaio de lixiviação de fósforo, com solo da Invernadinha.

Amostragem Análise de Fósforo

Amostras Tratamentos Percolado (5) (mg/L) Corpo de Prova (6) (mg/dm³)

1 N.D. 5,2 2 N.D. 5,2 3

T1 (1) <0,05 5,2

4 N.D. 5,2 5 N.D. 6,9 6

T2 (2) N.D. 5,2

7 N.D. 8,6 8 N.D. 8,6 9

T3 (3) N.D. 13,8

10 N (4) - 3,5 Notas: Ensaio ocorrido no primeiro semestre de 2009. N.D. – Não detectado pelo método de análise.

Valor do Percolado na Amostra 3 é possivelmente devido à erro na montagem do experimento (colocação do Corpo de Prova).

(1) T1 = 100 % (145,2 mg/L). (2) T2 = 200 %. (3) T3 = 300 %. (4) N = 0 %. (5) Percolado = líquido (água contaminada com Fósforo) que passou pelo Corpo de Prova (solo). (6) Corpo de Prova = Solo amostrado, alocado dentro dos tubos de ensaio (PVC).

Quanto ao ensaio de lixiviação de fósforo em coluna estática, a retenção do fósforo

ocorreu em todas as amostras, para todos os tratamentos, devido o solo ser um ‘Latossolo

Vermelho distrófico típico’, que é rico em óxidos de ferro. Sendo assim, a possibilidade da

contaminação por lixiviação de fósforo da lavoura ficaria limitada (hipótese) apenas ao

escoamento superficial da lavoura, ou o mais provável, proveniente dos RSU.

8 DISCUSSÃO

Em relação aos resultados das análises hídricas, há grande variação de muitos

parâmetros durante os anos. Porém, observam-se alguns padrões de decaimentos, aumentos

ou estabilização dos resultados, como nos casos do Nitrogênio, Coliformes e Fósforo,

respectivamente. Comparando-se a Resolução CONAMA 357/05 (Classe 2), o único

parâmetro que extrapola o limite estabelecido é o Fósforo (entre 2006 e 2008), e o pH

levemente em alguns anos. Observa-se que na análise do ano de 1999, o fósforo comportava-

se próximo, ou ainda dentro dos padrões da Resolução CONAMA 357/05, porém com valores

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145

de DQO e DBO muito mais altos do que os atuais. Isto pode ser explicado pela degradação

dos resíduos com o tempo, assim gerando mais lixiviado (chorume), contaminando os

recursos hídricos, gerando também variações dos parâmetros, dado a grande quantidade de

resíduos e sua heterogeneidade.

Quando se compara os parâmetros dos pontos A1 e A2 (ambas nascentes), nota-se que

o ponto A2 (mais próximo ao Aterro) apresenta valores dos parâmetros muito mais elevados

em relação ao ponto A1 (mais distante do Aterro). Sendo que teoricamente, os valores

deveriam ser próximos, fato que não ocorre, havendo contaminações (principalmente Fósforo)

apenas no ponto A2 (mais próximo do Aterro), tendo assim uma prerrogativa para confirmar a

proveniência desta contaminação dos RSU. Segundo Schneider et al. (2003), em 1999 e 2002

foi possível observar a presença de bactérias do grupo coliforme, quais segundo o autor,

podiam ser explicadas pela presença de animais domésticos próximo ao local. Esta conclusão

de Schneider (2003), porém não explicaria os valores atuais, sendo assim, estes valores

provavelmente se devem aos resíduos do aterro, pois no ano de 2007 já não haviam mais

criações de animais domésticos no local e os valores apresentam-se altos.

Baseado nos resultados das análises, nota-se uma quantidade maior de Fósforo na

ADR e altas quantidades de Potássio nas áreas ADA e ADR. Também há grande quantidade

de Zinco nas áreas ADA, ADR e em torno da nascente (A2). Comparando os pontos da ADA

e da ADR, nota-se a diferença na porcentagem de Carbono e Nitrogênio, além do Fósforo, o

que é um sinal de que na ADA os resíduos já estão mais degradados, tendendo a estabilização

e redução destes valores. Em relação às análises de metais, há grande variação nos valores,

que pode ser explicada pela heterogeneidade dos resíduos dispostos no local. Em 2005 era

possível observar que os níveis dos metais Zn, Cu e Cr eram mais altos, ocorrendo

acumulação destes na vegetação presente no Aterro. Em 2006, eram visíveis alterações nas

concentrações dos metais Zn, Cu, Pb, Cr, Ni e Hg no solo de cobertura do Aterro

Invernadinha.

Quanto à vegetação, diversas espécies são visualizadas na área, sendo algumas

temporárias (substituídas na sucessão ecológica) e outras espécies arbóreas já bem

estruturadas. Algumas destas espécies são apenas observadas em algumas áreas, devido à

relações das espécies com as características do solo ou devido à disposição de resíduos de

podas ocorridas em anos passados. O solo (resíduos) na maior parte do Aterro é ainda de

baixa qualidade, impossibilitando um bom enraizamento, tendendo a raízes mais superficiais,

não dando sustentação às árvores de maior porte.

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146

Em relação às espécies presentes no Aterro Invernadinha, verifica-se a presença de

algumas espécies a mais tempo, tendo maior duração e presença no local. Já outras espécies

são de curta duração, sazonais ou sumiram com o tempo. Isto é explicado pela sucessão

ecológica e boa adaptação de algumas das espécies. Esta variação reduzirá com o tempo,

estabilizando mais as espécies.

Ressalta-se que algumas espécies possuem ciclo de vida curto ou sazonal, como no

caso do Carrapicho e Maria-Mole, que não se apresentam o ano inteiro no local. Outro fato

relevante é o caso da Mamona (Ricinus communis), espécie que já não apresenta grande

presença no Aterro, atualmente aparecendo muito pontualmente, diferente de anos anteriores

(2006/2007), quando esta espécie apresentava grande número de indivíduos.

Em relação ao comparativo das Vassourinhas presentes no Aterro e na área de

controle, notam-se algumas diferenças entre as áreas, sendo o Ferro (Fe) o único parâmetro

mais elevado na Área de Controle do que em relação ao Aterro Invernadinha. Quanto aos

outros parâmetros, estes apresentam igualdade ou valor superior no Aterro, dando-se ênfase

para o Manganês (Mn), Zinco (Zn), Cromo (Cr) e macronutrientes (N, P, K e S), o que já

havia sido citado anteriormente por outros autores, como Machado (2006) e Fiori (2002).

Comparando a diferença dos teores presentes nas Vassourinhas (Baccharis sp.) e no

Carrapicho (Xanthium cavanilesii), pode-se concluir que a Vassourinha possui maior

capacidade de acumulação (Fitoextração) de Zinco (Zn) e Cromo (Cr), se comparada ao

Carrapicho, porém o Carrapicho possui maior capacidade de acumulação (na parte aérea) de

Ferro (Fe) e Manganês (Mn). Deve-se levar em consideração que o fato desta vegetação

acumular metais, não significa que estes estão sendo remediados, pois estas plantas

funcionam como um material absorvente. Porém quando estas morrem, o metal retorna ao

solo, ocorrendo um ciclo fechado.

Em relação ao ‘número de árvores por m²’ no Aterro, há uma tendência de redução nos

valores com o tempo , o que é inverso à altura. Isto é explicado pelo fato de haver um

crescimento na altura das plantas, onde há redução no número de indivíduos, gerando espaço

para uma maior copa. O diâmetro destas não é apresentado nos outros anos, mas certamente

tende ao aumento com o tempo. Esta tendência segue até o fim da vida desta espécie, assim

como segue a mesma tendência de outras espécies arbóreas e arbustivas.

Se considerado um possível reflorestamento do Aterro Invernadinha, deve-se levar em

conta que a área possui uma vegetação bem estável na maior parte. Porém, em poucas áreas

há apenas presença de vegetação baixa (arbustivas e gramíneas), sendo apenas nestes pontos

necessária uma intervenção, principalmente na ADR, onde a vegetação apresenta sua menor

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147

recuperação natural e sucessão ecológica (quando comparado ao Aterro como um todo). Se

visado o reflorestamento, este deve ser feito com espécies nativas, levando em consideração

espécies que possuam um bom desempenho de Fitoremediação e que resistam as

características da área, o que pode ser baseado inicialmente nas espécies que tiveram a

presença (resistência) em todos anos analisados.

Considerando os Impactos Ambientais, alguns destes já não se apresentam atualmente

(ao menos visualmente), como o caso da liberação de gases e a instabilidade de taludes,

porém o Aterro ainda impacta muito no Meio Biótico, e há contaminações no Meio Físico,

com conseqüentes reduções na qualidade de vida de moradores próximos. A desvalorização

da área já não é mais tão impactante, devido ao fato de o local não apresentar mais aparência

de um Aterro, devido ao crescimento da vegetação e aparência de um campo abandonado. Já

em relação à restrição do uso da área, esta questão persistirá ainda por anos, não tendo

previsão de modificação.

Em relação ao Ensaio de Lixiviação de fósforo com solo proveniente do Aterro

Invernadinha, este visou buscar as diferentes fontes de contaminação hídrica por fósforo na

Invernadinha, onde uma das hipóteses levantou a possibilidade da fonte ser proveniente da

adubação das lavouras próximas ao Aterro, em cota topográfica superior. A retenção do

fósforo ocorreu em todas as amostras, para todos os tratamentos, sendo assim descartada a

contaminação proveniente da lavoura, apenas ficando limitada (em hipótese) ao escoamento

superficial da lavoura, ou ao mais provável, sendo este proveniente dos RSU.

Tendo em vista os impactos ambientais citados acima, e a situação física do aterro

Invernadinha, poucas alternativas de usos futuros podem ser utilizadas na área sem colocar

em risco a população que usufruiria deste local. Sendo assim, uma das melhores alternativas

de uso futuro é relacionada à recreação, sem infra-estrutura agressiva nem contato direto com

o aterro em si, por exemplo, a utilização da área como parque natural e recreacional, qual

permite a utilização de trilhas para caminhadas e ciclismo, qual pode ser feita com cascalhos e

pedriscos para minimizar as irregularidades do terreno. Este tipo de uso visa a utilização pela

comunidade, este que é o objetivo do Decreto Municipal n° 235/91 da PMPF. Para a criação

completa deste plano deve ser desenvolvido um trabalho multidiciplinar para que o projeto

viabilize uma utilização sem riscos aos ocupantes.

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148

9 CONCLUSÃO

Este estudo teve como objetivo principal fazer o levantamento e dignóstico da situação

ambiental do Aterro Invernadinha, antigo aterro de RSU do Município de Passo Fundo, RS.

Com o diagnóstico ambiental da área, levantaram-se os dados mínimos necessários para se

projetar o uso futuro do Aterro. A principal problemática do local é a contaminação e

poluição provenientes dos RSU depositados durante mais de duas décadas no local, sem

nenhum tipo de controle para minimizar os impactos e riscos ambientais. Sendo assim,

atualmente a área ainda sofre as alterações provenientes deste descarte ambientalmente

incorreto dos RSU, qual foi finalizado à mais de uma década.

Em relação aos resultados das análises hídricas, há grande variação em diversos

parâmetros durante os anos, entre 1999 e 2009. Porém, observam-se atualmente alguns

padrões de comportamento neste período analisado, como a redução da contaminação de

nitrogênio, o aumento no número de coliformes e a estabilização na concentração de fósforo.

Comparando à Resolução CONAMA 357/05, o único parâmetro que extrapola o limite

estabelecido é o Fósforo (entre 2006 e 2008) e o pH levemente em alguns anos. Quando se

compara os parâmetros das duas nascentes presentes na área, nota-se que a nascente mais

próxima ao Aterro apresenta valores dos parâmetros muito mais elevados se comparados à

nascente mais distante dos resíduos. Teoricamente os valores deveriam ser próximos, fato que

não ocorre, havendo contaminações (principalmente Fósforo) apenas na nascente mais

próxima do Aterro, tendo assim uma prerrogativa para confirmar a proveniência desta

contaminação dos RSU, fato não confirmado ou descartado anteriormente.

Quanto aos resultados das análises de solo, o único parâmetro mais elevado na Área de

Controle, quando comparado ao Aterro Invernadinha, foi o Ferro (Fe). Quanto aos outros

parâmetros, estes apresentam igualdade ou valor superior no Aterro Invernadinha, dando-se

ênfase para o Manganês (Mn), Zinco (Zn), Cromo (Cr) e macronutrientes (N, P, K e S). Em

relação aos parâmetros físico-químicos do solo, há uma quantidade maior de Fósforo (P) na

ADR e altas quantidades de Potássio (K) nas Áreas de Disposição Antiga (ADA) e Recente

(ADR). Também há grande quantidade de Zinco (Zn) nas áreas ADA, ADR e em torno da

nascente (A2 – mais próxima do Aterro). Comparando os pontos da ADA e da ADR, nota-se

a diferença na porcentagem de Carbono e Nitrogênio, além do Fósforo, o que é um sinal de

que na ADA os resíduos já estão mais degradados, tendendo a estabilização e redução destes

valores.

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149

Superficialmente a vegetação está seguindo a sucessão natural (atualmente considerado

um estágio primário à secundário inicial). Sob a camada de cobertura a maior parte da matéria

orgânica esta decomposta. Porém, ainda há grande volume de resíduos inertes, principalmente

as sacolas plásticas, sendo que estes resíduos ainda serão de longa duração na área.

Considerando à vegetação presente no Aterro, já foram encontradas pelo menos 122

espécies vegetais, entre arbóreas e herbáceas, entre 2000 e 2008, sendo cadastradas 82

espécies (arbóreas e herbáceas) em 2008. Analisando o histórico de espécies, ocorrem cerca

de 23 espécies vegetais presente (ou possivelmente presentes) em todos os anos analisados

(2000 à 2008). Dentre estas espécies estão: Carrapicho (Acanthospermum austale),

Vassourinha (Baccharis sp.), Maria-mole (Senecio brasiliensis), Corda de viola (Ipomoea

sp.), Cinamomo (Melia azedarach), Azevem (Lolium multiflorum) e Fumo bravo (Solanum

erianthum). Algumas destas espécies são apenas observadas em algumas áreas, devido à

relações das espécies com as características do solo ou devido à disposição localizada de

resíduos de podas ocorridas em anos passados. O solo (resíduos) na maior parte do Aterro é

ainda de baixa qualidade, impossibilitando um bom enraizamento, tendendo a raízes mais

superficiais, não dando sustentação às árvores de maior porte.

Comparando a diferença dos teores de metais presentes nas Vassourinhas (Baccharis

sp.) e no Carrapicho (Xanthium cavanilesii), pode-se concluir que a Vassourinha possui maior

capacidade de acumulação (Fitoextração) de Zinco (Zn) e Cromo (Cr), se comparada ao

Carrapicho, porém o Carrapicho possui maior capacidade de acumulação de Ferro (Fe) e

Manganês (Mn). Deve-se levar em consideração que o fato desta vegetação acumular metais,

não significa exatamente que estes estão sendo remediados, pois estas plantas funcionam

como um material absorvente. Porém, quando estas morrem, o metal retorna ao solo,

existindo um ciclo fechado.

Considerando os Impactos Ambientais, alguns destes não se apresentam mais

atualmente. Porém a restrição do uso da área persistirá por anos, não havendo previsão de

modificação, dados os riscos ainda presentes. Tendo em vista os impactos ambientais citados

acima, e a situação física do aterro Invernadinha, poucas alternativas de usos futuros podem

ser utilizadas na área sem colocar em risco a população que usufruiria deste local. Sendo

assim, uma das melhores alternativas de uso futuro é relacionada à recreação, sem infra-

estrutura agressiva nem contato direto com o aterro em si, por exemplo, a utilização da área

como parque natural e recreacional, qual permite a utilização de trilhas para caminhadas e

ciclismo, qual pode ser feita com cascalhos e pedriscos para minimizar as irregularidades do

terreno. Este tipo de uso visa a utilização pela comunidade, este que é o objetivo do Decreto

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150

Municipal n° 235/91 da PMPF. Para a criação completa deste plano deve ser desenvolvido um

trabalho multidiciplinar para que o projeto viabilize uma utilização sem riscos aos ocupantes.

Levando em consideração um possível reflorestamento do Aterro Invernadinha, deve-

se levar em conta que a área possui uma vegetação bem estável na maior parte. Porém, em

poucas áreas há apenas presença de vegetação baixa (arbustivas e gramíneas), sendo apenas

nestes pontos necessária uma intervenção, principalmente na ADR, onde a vegetação

apresenta sua menor recuperação natural e sucessão ecológica (quando comparado ao Aterro

como um todo). Se visado o reflorestamento, este deve ser feito com espécies nativas, levando

em consideração espécies que possuam um bom desempenho de Fitoremediação e que

resistam as características da área, o que pode ser baseado inicialmente nas espécies que

tiveram a presença (resistência) em todos anos analisados. Porém, analisando a tendência de

desenvolvimento da sucessão ecológica atual, uma intervenção antrópica ainda não se faz

necessária. Deve-se considerar que a intervenção poderia afetar negativamente no processo

natural de desenvolvimento da área.

Para buscar o uso futuro da área se faz necessária a avaliação da necessidade de uma

remediação ativa, ou acompanhar o desenvolvimento sucessional e de fitoremediação que

ocorre na área, monitorando o local para verificar a situação, até que se prove que a área não

apresenta mais contaminações, riscos ou impactos ambientais ativos.

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151

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Ciências Biológicas, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, 2008. SHARMA, H.D.; REDDY, K.R. Geoenvironmental engineering: site remediation, waste containment, and emerging waste management technologies. New Jersey: John Wiley & Sons, 2004. 968 p. SOUZA, E. S. Desenvolvimento de métodos de bioremediação aplicados a derrames de petróleo em água do mar - testes laboratoriais. Tese (Doutorado em Engenharia de Reservatório e Exploração de Petróleo) – Macaé - RJ, Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, 2003. SUTHERSAN, S. S. Remediation engineering: design concepts. Boca Raton: Lewis Publishers, 2000. 362 p. THOMÉ, A.; KNOP, A. Movimentos de contaminantes no solo. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE O USO DA ÁGUA NA AGRICULTURA, 2, 2006, Passo Fundo. Anais... Passo Fundo: UPF, 2006. 1 CD-ROOM. VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2.ed. Belo Horizonte: Ed. Universidade Federal de Minas Gerais, 1996. 243 p. WIKIPEDIA. Passo Fundo. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Passo_Fundo>. Acesso em: set. 2009. YONG, R.N. Geoenvironmental engineering: contaminated soils, pollutant fate and mitigation. Boca Raton: CRC, 2001. 307 p.

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GLOSSÁRIO

Área degradada: Aquela que, após distúrbios, tem eliminado, juntamente com a vegetação,

os seus meios de regeneração bióticos, como o banco de sementes, banco de plântulas

(mudas), chuva de sementes e rebrota. Apresenta, portanto, baixa resiliência, isto é, seu

retorno ao estado anterior pode não ocorrer ou ser extremamente lento, sendo a ação antrópica

necessária (CARPENEZZI et al., apud ALMEIDA, 2000).

Área perturbada: Aquela que sofreu distúrbios, mas manteve seus meios bióticos de

regeneração. A ação humana não é obrigatória, somente auxilia na sua regeneração, pois a

natureza pode se encarregar da tarefa (CARPENEZZI et al., 1990; apud ALMEIDA, 2000).

Atenuação Natural: Também chamada Remediação Passiva ou Intrínseca, é uma técnica na

qual processos naturais no sistema do solo são utilizados para degradar e dissipar

contaminantes. A dissipação dos contaminantes podem ocorrer por eliminação ou

transformação (REDDI & INYANG, 2000).

Biodegradação: pode ser definida como a redução catalisada por microorganismos em

complexos químicos. No caso dos compostos orgânicos, a biodegradação freqüentemente

conduz para a conversão de vários carbonos, nitrogênios, fósforos, enxofres e outros

substratos em produtos finais inorgânicos, simplificando as estruturas pela quebra das

ligações moleculares (SUTHERSAN, 2000; ALVAREZ;ILLMAN, 2006).

Clímax: estágio máximo de desenvolvimento de uma comunidade em função das condições

ambientais (ALMEIDA, 2000).

Contaminação: Degradação da qualidade ambiental, decorrente da entrada de substâncias

que possam direta ou indiretamente prejudicar a saúde, segurança ou bem-estar de uma

população. Em geral é entendido por uma mudança química.

Degradação: Termo que define a remoção da vegetação, fauna e camada superficial do solo,

e alteração d qualidade e regime de vazão do sistema hídrico. Degradação ocorre quando há

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perdas referentes às características químicas, físicas e biológicas da área em questão

(IBAMA, apud ALMEIDA, 2000).

Ecótone - é a zona de transição entre ecossistemas (sucessão) na qual encontramos

características (indivíduos) dos dois ecossistemas.

Impacto Ambiental: Alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia, resultante das atividades

humanas que direta ou indiretamente afetem a saúde, a segurança e o bem estar da população

interessada (Res. CONAMA 001/86; apud ALMEIDA, 2000).

Jusante: É o ponto posterior ao ponto analisado. No caso de um rio, é o ponto mais a frente,

em relação ao fluxo da água.

Meio Ambiente: conjunto de condições e influências externas que afetam a vida e o

desenvolvimento de um organismo (ALMEIDA, 2000). Pode ser subdividido em: Meio Físico

(solo, água, ar, ...), Meio Biótico (fauna, flora, ...) e Meio Antrópico (humanos e seus

derivados).

Microorganismos Autóctones: O mesmo que “Indígenos”. São microorganismos nativos (ou

naturais) da área, quais já estavam no local anteriormente a possível modificação.

Montante: É o ponto anterior ao ponto analisado. No caso de um rio, é o ponto anterior, em

relação ao fluxo da água.

Poluição: É a entrada de substâncias ou energia que afetem as condições naturais de um local.

Em geral é entendido por uma mudança física.

Recuperação: Significa que o sítio degradado retornará a uma forma e utilização de acordo

com um plano pré-estabelecido para uso do solo e terá condições mínimas de estabelecer um

novo equilíbrio dinâmico, desenvolvendo um novo solo e uma nova paisagem (IBAMA,

1990). O termo recuperação é muito genérico, sendo utilizado em diferentes legislações,

inclusive na Constituição do Brasil de 1988 (ALMEIDA, 2000).

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Remediação Ambiental é um conjunto de técnicas, ações e operações que visam a

descontaminação de um local.

Resiliência = capacidade de voltar a um estado de equilíbrio. Capacidade de regeneração.

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ANEXOS

ANEXO A – Levantamento planialtimétrico do Aterro Invernadinha.

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ANEXO B – Decreto n° 235/91 - Ocupação do Aterro Invernadinha pela UPF.

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(continuação)