TCC completo_VersaoFinal7Junho2012.pdf
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA
Luciana Stábile Monteblanco
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TESAUROS DE MUSEUS DE ARTE INTERNACIONAIS DISPONÍVEIS ONLINE.
Florianópolis, 2012.
Luciana Stábile Monteblanco
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TESAUROS DE MUSEUS DE ARTE INTERNACIONAIS DISPONÍVEIS ONLINE.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Biblioteconomia, do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia.
Orientadora: Prof. Lígia Maria Arruda Café.
Florianópolis, 2012.
Ficha Catalográfica elaborada por Luciana Stábile Monteblanco
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M773e Monteblanco, Luciana Stábile
Estudo comparativo entre tesauros de Museus de Arte internacionais
disponíveis online / Luciana Stábile Monteblanco. - - 2012.
80 f. : il. ; 30 cm
Orientador: Lígia Maria Arruda Café Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Educação, Florianópolis, 2012.
1. Tesauros. 2. Museus de Arte. I. Título. CDU 025.43
AGRADECIMENTOS
“A educação é a mais importante herança que podemos te deixar, como pais.”
Esta frase me foi dita pelos meus pais há algum tempo atrás e confesso que,
naquele momento, talvez não tivesse entendido o significado dela, na sua
completude. Hoje entendo. Entendo que neste mundo louco no qual ganhei a dádiva
de viver, que estoura de grandes egos, onde as pessoas vivem de aparências e
onde é mais importante aquilo que se tem do que aquilo que se é, cheguei até aqui
com a consciência plena de que não é um diploma universitário que te faz ser uma
pessoa melhor. E percebo que, quando meus pais falaram em educação, estavam
se referindo sem dúvida alguma, não a educação que se adquire em faculdades,
mas a educação que eles me deram e que me transformou neste ser crítico,
idealista e puramente racional que acredito que sou hoje. Deste modo, a única coisa
que me resta por fazer é agradecer-lhes por esse essencial pilar de sustentação,
porque sem ele certamente, hoje eu nem estaria rabiscando estas palavras. Meu
agradecimento maior e sincero a eles, e a minha família em geral, irmãos e
sobrinhos, tios/tias, padrinhos, primos...em fim, à todos pelo apoio incondicional e a
força de sempre. Dedico este trabalho especialmente a minha avô materna Amada
Pereyra e ao meu tio Rodolfo Stábile, pessoas que perdi no caminho, e que com
certeza estariam orgulhosos de ver que cheguei até aqui.
Obrigadas gigantes à família que escolhi, meus irmãos de alma Nati, Nadia,
Rita, Karen, Dani, Carla, Vivi, Lú e Caita...pessoas que aturam minhas loucuras há
anos sem reclamar!! O apoio e a alegria de todos vocês é o que me guia sempre,
porque não tem nada melhor do que reconhecer em vocês a cada encontro um
pouco de mim mesma e tudo aquilo que um dia nos uniu; sinal de que ainda somos
os mesmos moleques de sempre!
Meus agradecimentos também a todos e cada um dos meus colegas de turma
e profissão, pessoas especiais que tive o prazer de conhecer, com quem
compartilhei aflições acadêmicas e pessoais durante estes 4 anos, e com os quais
aprendi muito. Cultivei belas amizades que com certeza levarei adiante.
Agradecimentos especiais a Aline Menin Ferreira e Cláudia Regina Luiz, por tudo
isso e muito mais!
E como não agradecer claro, aos professores do Departamento de Ciências
da Informação, por suas lições eternas que ficarão na memória e lógico, pretendo
colocar em prática. Em especial, a professora Lígia Mª A. Café, pela orientação,
conselhos, incentivo e paciência, durante este trabalho, como também na
graduação. Aos membros integrantes da banca examinadora, Dra. Rosana
Nascimento e Dra. Marisa Bräscher, e a Me. Camila Monteiro de Barros, pela
participação como suplente. A Sra. Dra. Rosana Nascimento um obrigada especial,
quem admiro e respeito como profissional, e com quem tive o prazer de trabalhar e o
privilégio de ter aulas de Museologia todos os dias.
Agradeço aos colegas da Fundação Catarinense de Cultura e do Museu de
Arte de Santa Catarina, que de alguma forma se transformaram na minha segunda
família durante estes últimos 2 anos de estágio. E um agradecimento especial a Sra.
Lygia Helena Roussenq Neves, pela oportunidade e confiança depositadas.
E por último, mas não menos importante, agradeço a uma pessoa especial
que voltou a fazer parte da minha vida, e que mesmo estando distante soube me
apoiar e incentivar, e me devolveu a leveza de viver, me lembrando que a felicidade
está nas coisas simples da vida, como dançar quando ninguém está nos vendo,
Ale...gracias.
RESUMO
O estudo analisa tesauros internacionais existentes na área de museus de
arte disponíveis online, adotando as recomendações das Normas ISO 2788-1974 e
ANSI/NISO Z39.19-2005, motivado pelo interesse crescente na área museológica e
pelas relações que são possíveis estabelecer entre esta e a Ciência da Informação.
Com abordagem qualitativa e caráter exploratório, envolvendo procedimentos
técnicos de pesquisa documental, o corpus analisado constitui-se de três tesauros
internacionais disponíveis online, e foi submetido à análise por meio de um roteiro
baseado nas características necessárias à elaboração de tesauros identificadas na
literatura e nas Normas citadas acima. Os resultados indicam que os tesauros
internacionais na área de museus de arte analisados cumprem com a maioria das
normas que determinam a elaboração desta ferramenta. Deste modo, conclui-se que
estes podem servir de exemplo para a construção e implementação de tesauros
nesta área do conhecimento no Brasil.
Palavras chaves: Sistemas de Organização do Conhecimento; Tesauro; Museus de
Arte.
ABSTRACT
The study analyzes the existence of international thesauri in the area of art museums
available online, adopting the recommendations of ISO 2788-1974 and ANSI/NISO
Z39.19-2005, motivated by the growing interest in the museum area and the possible
relationships that are established between this and the Information Science. Using a
qualitative approach and exploratory character, involving technical procedures for
documentary research, the analyzed corpus consists of three international thesauri
available online, and was analyzed using a script based on the necessary
characteristics for the development of thesauri identified in the literature and in the
standards listed above. The results indicate that the international thesauri analyzed in
the area of museums of art fulfill with the majority of the norms that determine the
elaboration of the tool. Such being, it is concluded that these thesauri can serve as
an example for the construction and implementation of thesaurus in this area of
knowledge in Brazil.
Keywords: Systems of Knowledge Organization; Thesaurus; Art Museums.
RESUMEN
El estudio analiza tesauros internacionales existentes en el área de museos
de arte disponibles online, adoptando las recomendaciones de las Normas ISO
2788-1974 y ANSI/NISO Z39.19-2005, motivado por el interés creciente en el área
museológica y por las relaciones posibles de establecer entre ésta y la Ciencia de la
Información. Con un abordaje cualitativo y carácter exploratório, implicando
procedimientos técnicos de investigación documental, el corpus analizado se
constituye de tres tesauros internacionales disponibles online, y fue submetido a
análisis por medio de un esquema basado en las características necesárias para la
elaboración de tesauros identificadas en la literatura y en las Normas ya citadas. Los
resultados indican que los tesauros internacionales en el área de museos de arte
analizados cumplen con la mayoria de las normas que determinan la elaboración
desta herramienta. Deste modo, es posible concluir que éstos pueden servir de
ejemplo para la construcción e implementación de tesauros en ésta área del
conocimiento en Brasil.
Palabras claves: Sistemas de Organización del Conocimiento; Tesauros; Museos
de Arte.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Introdução do AAT...................................................................................... 47
Figura 2: Formato de saída no AAT........................................................................... 49
Figura 3: Disposição de um termo específico no AAT............................................... 50
Figura 4: Saída hierárquica das facetas..................................................................... 51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Facetas e hierarquias no AAT .................................................................. 48
Tabela 2 - Termos na forma substantivada no AAT .................................................. 53
Tabela 3 - Termos que adotam a forma singular no AAT .......................................... 54
Tabela 4 - Termos qualificadores no AAT ................................................................. 54
Tabela 5 - Nota explicativa no AAT ........................................................................... 55
Tabela 6 - Relação de equivalência no AAT ............................................................. 56
Tabela 7 - Relação hierárquica no AAT .................................................................... 57
Tabela 8 - Relações direta e indireta no AAT ............................................................ 57
Tabela 9 - Relação associativa no AAT .................................................................... 58
Tabela 10 - Saída alfabética-estruturada da LTMA ................................................... 60
Tabela 11 - Termos substantivados da LTMA ........................................................... 61
Tabela 12 - Termos que adotam a forma singular na LTMA ..................................... 61
Tabela 13 - Identificadores da LTMA ........................................................................ 62
Tabela 14 - Nota explicativa na LTMA ...................................................................... 62
Tabela 15 - Relação de equivalência na LTMA ......................................................... 63
Tabela 16 - Relação hierárquica na LTMA ................................................................ 63
Tabela 17 - Relações direta e indireta na LTMA ....................................................... 63
Tabela 18 - Relação associativa na LTMA ................................................................ 64
Tabela 19 - Grandes classes e categorias do MT ..................................................... 66
Tabela 20 - Estrutura de campos do formato de saída do MT .................................. 67
Tabela 21 - Termos na forma substantivada no MT .................................................. 68
Tabela 22 - Termos que adotam a forma singular no MT ......................................... 68
Tabela 23 - Nota explicativa no MT (com função de explicar o significado) .............. 69
Tabela 24 - Nota explicativa no MT (com função de orientar a indexação) ............... 69
Tabela 25 - Relação de equivalência no MT ............................................................. 69
Tabela 26 - Relação hierárquica no MT .................................................................... 70
Tabela 27 - Relações direta e indireta no MT............................................................ 70
Tabela 28 - Relação associativa no MT .................................................................... 71
Tabela 29 - Variáveis de análise: aspectos gerais .................................................... 72
Tabela 30 - Variáveis de análise: aspectos terminológicos ....................................... 72
Tabela 31 - Variáveis de análise: aspectos sobre relação entre conceitos ............... 73
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAT - Art & Architecture Thesaurus
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
AMN - Associação Mercosul de Normalização
ANSI - American National Standards Institute
COPANT - Comissão Panamericana de Normas Técnicas
FUNARTE - Fundação Nacional de Arte
IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus
ICOM - The International Council of Museums
ICOM – BR - Conselho Internacional de Museus, no Brasil
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ISO - International Organization for Standardization
LD - Linguagem Documentária
LN - Linguagem Natural
LTMA – Lista de Términos Museológicos de Arte
MAM - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
MT – Material Thesaurus
NISO - National Information Standards Organization
OC - Organização do Conhecimento
OI - Organização da Informação
RC - Representação do Conhecimento
RI - Representação da Informação
SBM - Sistema Brasileiro de Museus
SIMBA - Sistema de Informação do Acervo do Museu Nacional de Belas Artes
SOC - Sistemas de Organização do Conhecimento
TA - Termo Associado
TE - Termo Específico
TG - Termo Genérico
TR - Termo Relacionado
UP - Usado para
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 Objetivos .......................................................................................................... 16
1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 16
1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................. 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 18
2.1 Organização do Conhecimento ........................................................................ 18
2.1.1 Sistemas de Organização do Conhecimento ............................................. 21
2.1.2 Tesauros .................................................................................................... 23
2.2 Museus ............................................................................................................ 27
2.2.1 Os Museus no Brasil e no mundo .............................................................. 32
2.2.2 Os Museus de Arte e os Tesauros............................................................. 35
2.3 Normalização Técnica ...................................................................................... 39
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 43
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 45
4.1 Análise dos Tesauros ....................................................................................... 45
4.1.1 Art & Architecture Thesaurus. The Jean Paul Getty Museum. ................... 45
4.1.2 Lista de Términos Museológicos de Arte. .................................................. 58
4.1.3 Material Thesaurus. British Museum. ......................................................... 64
4.2 Síntese da Análise ........................................................................................... 72
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76
“Las palabras son símbolos que postulan una memoria compartida.”
Jorge Luis Borges.
14
1 INTRODUÇÃO
Linguagem documentária (LD) formada por termos que possuem entre si
relações semânticas. Assim se define um tesauro. O objetivo das linguagens
documentárias é padronizar a representação dos documentos, facilitando a
recuperação das informações contidas nos mesmos. Isto é ratificado por Sales
(2008, p. 34) quando afirma que
Linguagens Documentárias (LDs), também conhecidas como modelos de representação do conhecimento, são linguagens artificialmente construídas e constituídas de sistemas simbólicos que visam descrever sinteticamente conteúdos documentais, e são utilizadas nos sistemas documentários para
indexação, armazenamento e recuperação da informação. Neste sentido, a LD difere da linguagem natural (LN), já que esta última é
aquela utilizada no cotidiano pelas pessoas para suprir suas necessidades
comunicacionais. A principal função das LDs é representar o conteúdo dos
documentos em um determinado assunto, mediando à recuperação da informação, o
que facilita a busca efetuada pelos usuários. As LDs podem ser notacionais ou
verbais. As primeiras são aquelas que utilizam códigos numéricos ou alfa-numéricos
padronizados para representar os conteúdos dos documentos. Já nas verbais, o
vocabulário controlado é o que brinda a padronização na descrição dos documentos,
e é nelas que se inclui o tesauro. Assim, como afirmam Fujita et. al (2009, p. 120)
[...] podemos afirmar que elas possuem um papel fundamental nos processos de indexação e recuperação da informação, possibilitando a representação dos conteúdos documentários e facilitando a busca por assunto por usuários que necessitam realizar pesquisas com rapidez e precisão informacional.
A importância do tesauro na indexação de documentos radica no fato de que,
pela padronização terminológica e conceitual de uma determinada área do
conhecimento, impede-se que os usuários encontrem problemas na hora de
recuperar a informação desejada.
Neste caso, há de se estudar a aplicação de tesauros na área de Museus de
Arte, pois neste campo a organização e classificação dos objetos/documentos, para
15
posterior recuperação das informações contidas nestes acervos, se fazem
necessárias e constitui em importante impulso para a continuidade de diversas
pesquisas científicas. De acordo com Ferrez; Bianchini (1987, p. 16) “[...] a
Museologia, no Brasil, pouco tem investido nesse sentido, em decorrência de fatores
internos e externos a seu campo de atuação, que contribuem para que os acervos
museológicos não sejam encarados, de modo geral, como fontes de informação.”
Note-se que as autoras refletiam sobre esta problemática já em 1987.
Ferrez;Bianchini (1987, p. 16) ainda enfatizam
[...] na medida em que os acervos museológicos não são vistos como fontes de informação, os museus brasileiros encontram muitas dificuldades em se organizar como sistemas que devem ser, de informação, isto é, intermediários entre documentos/objetos e usuários. Também não chegam a ser um espaço onde, com frequência, aflorem preocupações com o desenvolvimento de metodologias e instrumentos que visem a permitir, como acima foi dito, uma recuperação de informação mais eficiente.
Deste modo, a realização de um estágio não-obrigatório em um Museu de Arte
durante dois anos, levou a um crescente interesse pela área museológica e pelas
relações que são possíveis estabelecer entre esta e a Ciência da Informação.
Levou-se também em consideração o fato de ser o museu um tipo de Unidade de
Informação pouco explorada pelo profissional bibliotecário, como possível área de
atuação. A nova Lei Federal 11.904/09, que institui o Estatuto dos Museus
estabelece, na sua Seção III, artigos 44 ao 47, que é dever de todos os museus do
país elaborar, implementar e avaliar permanentemente o Plano Museológico, uma
ferramenta de planejamento estratégico indispensável para a definição da missão e
função dos museus perante a sociedade. Além disto, inserido no Plano Museológico
como parte integrante deste, encontra-se todo o processo de organização e
tratamento do acervo, o que o torna um importante instrumento de registro sobre o
mesmo. Futuramente, estes dados podem dar lugar à construção de uma base de
dados, para a qual, a utilização de um tesauro é de fundamental importância, pois
auxilia na organização e recuperação da informação contida na instituição.
Neste sentido, a realização de uma análise de tesauros existentes nesta área
é de importante valia, porque proporciona o embasamento teórico e metodológico
necessário para a construção futura de um tesauro, e a melhor compreensão dos
conceitos e das relações estabelecidas entre eles. Como Dodebei (2002, p. 66)
ressalta “[...] aí estão presentes as duas grandes características do tesauro de
16
documentação: os conceitos, representados por termos (descritores ou preferidos) e
as relações entre eles.” Entende-se assim, que a principal função do tesauro é
auxiliar na recuperação da informação, por meio da representação dos conteúdos.
Portanto, o fator determinante na escolha do tema de pesquisa diz respeito à
necessidade de aprofundar e aprimorar o conhecimento teórico e metodológico
sobre este tipo de linguagem documentária e a sua importância na organização da
informação, tendo como foco principal o auxílio prático futuro na área museal, como
já foi registrado anteriormente. Além disto, uma vez que os trabalhos envolvendo
tesauros nesta área no Brasil são poucos, um estudo deste instrumento pode
incentivar e auxiliar pesquisas futuras. Este estudo será norteado pelas Normas
Internacionais ISO 2788-1974 e ANSI/NISO Z39.19-2005, que estabelecem as
diretrizes para a construção e desenvolvimento de vocabulários controlados
monolíngues. Neste contexto, a pergunta que este estudo visa responder é: quais os
tesauros internacionais existentes na área de Museus de Arte e de que forma os
mesmos estão estruturados?
1.1 Objetivos
A resposta a esta questão se delineia pelos objetivos propostos para o
estudo, tal como definidos a seguir.
1.1.1 Objetivo Geral
Analisar os tesauros internacionais existentes na área de Museus de Arte
disponíveis online, adotando as recomendações das Normas ISO 2788-1974 e
ANSI/NISO Z39.19-2005.
1.1.2 Objetivos Específicos
a) Levantar e selecionar tesauros internacionais existentes na área de
Museus de Arte disponíveis online;
b) identificar e selecionar as recomendações referentes à estrutura dos
tesauros;
c) converter as recomendações em critérios para análise;
17
d) aplicar os critérios nos tesauros escolhidos como objetos de estudo;
e) avaliar e sintetizar as características identificadas nos tesauros.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A busca por aportes teóricos que irão nortear e fundamentar o estudo se faz
necessária para alcançar os objetivos propostos e um melhor entendimento da
problemática abordada. Este marco conceitual estará dividido em três módulos, que
apresentarão uma revisão de conceitos e definições relativas à organização do
conhecimento (sistemas de organização do conhecimento e tesauros
respectivamente); um breve histórico do surgimento dos museus e sua importância
na sociedade, e o papel da normalização na produção científica, focando nas
normas internacionais para a elaboração de vocabulários controlados monolíngües
utilizadas no estudo. Para isto, as literaturas da Ciência da Informação assim como a
da área de Museologia serão de importante valia e contribuição.
2.1 Organização do Conhecimento
Para definir organização do conhecimento (OC) é necessário abordar também
o conceito de organização da informação (OI), mas primeiramente sente-se a
necessidade de definir os conceitos que estão imersos nestes: informação e
conhecimento. Muito discutidas na Ciência da Informação são as diferenças entre o
trinômio dados-informação-conhecimento. Segundo Setzer (1999), os dados
correspondem a uma seqüência de símbolos quantificáveis ou quantificados, que
podem ser armazenados em um computador ou processados por ele. Indicam o
estado de um objeto sem agregar valor algum a ele; são fatos que somente se
transformam em informação quando são vistos dentro de um contexto e passam a
fazer sentido. Vistos por si só, são apenas ruídos. Ainda para Setzer (1999)
informação, no entanto, é o valor agregado aos dados e ao mesmo tempo, um
conjunto de elementos que formam o conhecimento. São dados com significados,
que podem ser representados por meio de textos, imagens, sons ou animações. É
uma abstração informal, já que não pode ser formalizada por uma teoria lógica ou
matemática, e é incorpórea (e por isto definida como matéria-prima abstrata). Para
Setzer (1999), o conhecimento então passa a ser a consolidação de fatos contidos
em informações ou de um comportamento observado ao longo do tempo. É uma
abstração interior, que provem de experiências pessoais e que é fundamental na
tomada de decisões. Segundo o autor, a informação associa-se à semântica e o
19
conhecimento com a pragmática. Brandt e Bräscher (2010, p. 112) definem
conhecimento e informação de forma muito esclarecedora, explicando que “[...]
entende-se conhecimento como o conjunto de conceitos (unidades do
conhecimento) presentes em determinada área temática, e informação como o
registro físico desse conhecimento.” Outro autor que diferenciou importantes
características entre conceitos de informação e conhecimento foi Fogl apud
Bräscher; Café (2008, p. 4) com as seguintes considerações
1) Conhecimento é o resultado da cognição (processo de reflexão das leis e das propriedades de objetos e fenômenos da realidade objetiva na consciência humana); 2) Conhecimento é o conteúdo ideal da consciência humana; 3) Informação é uma forma material da existência do conhecimento; 4) Informação é um item definitivo do conhecimento expresso por meio da linguagem natural ou outros sistemas de signos percebidos pelos órgãos e sentidos; 5) Informação existe e exerce sua função social por meio de um suporte físico; 6) Informação existe objetivamente fora da consciência individual e independente dela, desde o momento de sua origem.
Portanto, se o conhecimento é o conjunto de conceitos e a informação o
registro físico deste conhecimento, ou seja, dois processos diferenciados, OI e OC
convertem-se também em dois processos distintos.
Organização da informação, como muito bem definem Bräscher e Café (2008,
p. 5), é
[...] um processo que envolve a descrição física e de conteúdo dos objetos informacionais. O produto desse processo descritivo é a representação da informação, entendida como um conjunto de elementos descritivos que representam os atributos de um objeto informacional específico.
A descrição física e de conteúdo de objetos informacionais envolve técnicas
de catalogação, classificação, indexação e elaboração de resumos; processos que
podem ser aplicados a objetos físicos e que visam o fornecimento de informação
devidamente organizada para melhor recuperação e melhor atender as
necessidades dos usuários. Bräscher e Café (2008, p. 6) esclarecem ainda que a OI
também envolve “[...] a organização de um conjunto de objetos informacionais para
arranjá-los sistematicamente em coleções, neste caso, temos a organização da
informação em bibliotecas, museus, arquivos, tanto tradicionais quanto eletrônicos.”
20
No entanto, a OC, segundo Bräscher e Café (2008, p. 6), “[...] visa à
construção de modelos de mundo que se constituem em abstrações da realidade.”
Para esclarecer um pouco mais o conceito, Campos (1996, p. 74) relata que
[...] o conceito de organização do conhecimento pressupõe um sistema de conceitos, pois conhecimento pode ser definido como um conjunto de conceitos de um dado campo de saber que interagem entre si. Na verdade, para se organizar o conhecimento de qualquer campo, com vistas à representação e recuperação de informações, investigam-se os conceitos que compõem esse campo de saber e as relações entre eles.
Percebe-se assim, que a OC está ligada ao estudo dos conceitos inseridos
em determinada área do saber, e as relações existentes entre os mesmos. Isto é
ratificado por Bräscher e Café (2008) quando conceituam a OC como um processo
que modela o conhecimento, visando à construção de representações do mesmo, e
isto se baseia na análise dos conceitos, suas características, e das relações destes
com os demais conceitos que compõem uma determinada área. No entanto, é
importante ressaltar que os teóricos da Biblioteconomia e da Ciência da Informação
tem tido diversas opiniões sobre o tema. Naves (2006, p. 40) ressalta, por exemplo,
que
[...] diferentemente de outros teóricos, Ranganathan considera como sinônimos termos como ‘organização do conhecimento’ e ‘classificação’. Já ‘conhecimento’ é definido como a totalidade de ideias conservadas pelos homens e, nesse sentido, ‘conhecimento’= ‘universo de ideias’. No contexto de ‘informação’ Ranganathan trata também conhecimento e informação, algumas vezes, como sinônimos.
Nota-se que Ranganathan possuía uma opinião muito particular,
principalmente no que se referia aos conceitos de conhecimento e informação,
chegando a tratá-los como sinônimos. Consequentemente, isto gera confusão no
que diz respeito ao tratamento dado aos conceitos de OC e classificação, também
tratados por ele como sinônimos. Estas não são as conceituações que se pretendem
trabalhar neste estudo; apenas expõem-se aqui a título de exemplo, para que seja
possível perceber que não existe uma verdade absoluta na Ciência da Informação
com respeito a estes temas, os quais acarretam grandes discussões até os dias
atuais. Para fins desta análise, será adotada a proposta conceitual de Bräscher e
21
Café para OC, OI, representação do conhecimento (RC) e representação da
informação (RI); sendo estes dois últimos conceitos definidos a seguir.
De acordo com Bräscher e Café (2008) os processos de OI e OC produzem
dois tipos de representação; a RI e a RC respectivamente. Define-se RI segundo
Bräscher e Café (2008, p. 6) “[...] como o conjunto de atributos que representa
determinado objeto informacional e que é obtido pelos processos de descrição física
e de conteúdo [...]”, e RC “[...] se constitui numa estrutura conceitual que representa
modelos de mundo [...]”. De acordo com Bräscher e Café (2008), a RC realiza-se por
diversos tipos de sistemas de organização do conhecimento (SOC). A discussão
aprofundada sobre estes será abordada no tópico a seguir.
2.1.1 Sistemas de Organização do Conhecimento
A função principal dos SOC é colocar em ordem o conhecimento,
promovendo sua gestão. Segundo Bräscher e Café (2008, p. 8), “[...] são sistemas
conceituais que representam determinado domínio por meio da sistematização dos
conceitos e das relações semânticas que se estabelecem entre eles.” Hodje
esclarece que (2000, p. 1, tradução nossa)1
Sistemas de organização do conhecimento incluem esquemas de classificação que organizam materiais em nível mais geral (como livros em uma prateleira), cabeçalhos de assunto que fornecem acesso mais detalhado, e arquivos de autoridade que controlam versões variantes de informações importantes (como nomes geográficos e nomes pessoais). Eles também incluem esquemas menos tradicionais, tais como redes semânticas e ontologias. Como os sistemas de organização do conhecimento são mecanismos de organização da informação, eles estão no coração de qualquer biblioteca, museu, e arquivo.
De acordo com a autora, SOC incluem esquemas de classificação,
cabeçalhos de assunto e arquivos de autoridade, além dos esquemas menos
tradicionais como ontologias e redes semânticas. Eles são mecanismos para
1 Knowledge organization systems include classification schemes that organize materials
at a general level (such as books on a shelf), subject headings that provide more detailed access, and authority files that control variant versions of key information (such as geographic names and personal names). They also include less-traditional schemes, such as semantic networks and ontologies. Because knowledge organization systems are mechanisms for organizing information, they are at the heart of every library, museum, and archive. (HODJE, 2000, p. 1)
22
organizar a informação, e por isto podem ser encontrados em unidades de
informação como bibliotecas, museus e arquivos. Ainda de acordo com Hodje
(2000), a principal finalidade dos SOC é organizar os materiais da unidade de
informação, facilitando a sua gestão e possibilitando aos usuários uma rápida
recuperação da informação. Isto também é ratificado por Vital e Café (2011, p. 116)
quando relatam que
Os sistemas de representação e organização do conhecimento são considerados processos fundamentais, em meio a crescente produção de informações. Objetivam proporcionar a representação, recuperação e o intercâmbio de informações, de acordo com necessidades e ambientes específicos.
No que diz respeito aos tipos de SOC, Hodje (2000) os agrupa em três
categorias gerais: listas de termos; classificações e categorias e listas de
relacionamentos. Segundo ela, as listas de termos muitas vezes fazem uso de
definições, como por exemplo, os arquivos de autoridade, glossários, dicionários e
os chamados “gazetteers” (listas geográficas, com nomes de lugares). O grupo das
classificações e categorias refere-se à criação de conjuntos de assunto, e entre elas
encontram-se os cabeçalhos de assunto, esquemas de classificação, esquemas de
categorização e taxonomias. E por último, as listas de relacionamentos são aquelas
que criam conexões entre termos e conceitos, entre as quais se encontram tesauros,
ontologias e redes semânticas. Hodje (2000) define alguns destes sistemas.
Arquivos de autoridade são listas de termos usados para controlar nomes variantes
para uma entidade ou o valor de domínio de um campo específico. Não possuem
uma organização muito complexa, podendo se apresentar em forma alfabética. Os
cabeçalhos de assuntos para a autora se compõem de um conjunto de termos
controlados para representar assuntos de itens em uma coleção, mas com uma
estrutura hierárquica bastante limitada. Ainda de acordo com Hodje (2000),
esquemas de classificação, esquemas de categorização e taxonomias são termos
usados alternadamente e fornecem as formas de entidades separadas em níveis de
tópicos, com arranjo hierárquico de notação numérica ou alfabética que representam
grandes temas. A taxonomia especificamente define-se por Vital e Café (2011, p.
118) como aquele sistema que “[...] organiza a informação da mais genérica a mais
específica, utilizando-se da relação hierárquica ou relação de gênero-espécie entre
os termos.” Ainda segundo as autoras (2011, p. 123) a mesma volta-se para
23
[...] a organização das informações em ambientes específicos, visando à recuperação eficaz e, para isso, estabelecendo parâmetros em todo o ciclo de produção da informação, onde profissionais distribuídos por espaços físicos distintos participam do processo de criação do conhecimento de forma organizada.
Já no que se refere às listas de relacionamentos, a ontologia segundo Hodje
(2000) é aquele sistema que representa relações complexas entre objetos. Para
Vital e Café (2011, p. 118), a ontologia, partindo de uma área determinada do saber,
“[...] se propõe a classificar as coisas em categorias, na perspectiva do sujeito e da
linguagem do domínio.”
No que diz respeito às relações entre taxonomias e ontologias, Vital e Café
(2011; p. 116) esclarecem que ambos os sistemas “[...] possuem definições,
objetivos e aplicações que se relacionam em uma linha muito tênue, sendo por
vezes confundidos e abordados de forma equivocada na literatura.” De acordo com
as definições analisadas acima, é possível perceber que os dois sistemas, apesar de
por vezes confundidos, possuem finalidades distintas.
E finalmente, entre os demais SOC que é interessante definir, encontra-se o
tesauro. No entanto, devido ao fato de que o mesmo é objeto de estudo desta
pesquisa, será analisado de forma aprofundada no tópico a seguir.
2.1.2 Tesauros
A ambigüidade lingüística e a dinâmica terminológica das linguagens são
alguns dos fatores que impedem uma boa recuperação da informação. O tesauro,
por meio da padronização de termos e conceitos de uma determinada área do
saber, facilita a solução destes problemas.
A origem etimológica da palavra tesauros de acordo com Vickery apud
Dodebei (2002) vêm de uma confluência entre o latim = thesauru e o grego =
thesaurós, sendo que teve origem na Grécia adotando o significado de tesouro ou
armazenagem/repositório. Segundo Dodebei (2002, p. 64), “[...] em 1936, o Oxford
English Dictionary definiu a expressão inglesa como um dicionário, enciclopédia e
similares.” E Campos (2001) amplia esclarecendo que o termo se popularizou
graças a publicação em 1852 do Thesaurus of English Words and Phrases, de Peter
24
Mark Roget, o qual partia-se de uma ideia, de um significado, para chegar às
palavras que melhor o representassem. Segundo Campos (2001), tratava-se de “[...]
um esquema de classificação, com um índice alfabético remissivo.” Mesmo que
tenha servido de inspiração para a construção de tesauros bibliográficos, é
necessário esclarecer que o tesauro de Roget não possuia este fim. Já na área da
Ciência da Informação, segundo Dodebei (2002, p. 66), o termo tesauro passa a ser
utilizado a partir de 1940
[...] em especial, no processo de recuperação da informação, como sendo um instrumento capaz de transportar conceitos e suas relações mútuas, tal como expressos na linguagem dos documentos, em uma língua regular, com controle de sinônimos e estruturas sintáticas simplificadas.
Em 1974, a Norma ISO 2788 define o tesauro abordando dois aspectos
principais: a sua estrutura e a sua função. Segundo sua estrutura o tesauro “[...] é
um vocabulário controlado e dinâmico de termos relacionados semântica e
genericamente que cobrem um domínio específico do conhecimento.” Segundo sua
função, o tesauro “[...] é um dispositivo de controle terminológico usado na tradução
da linguagem natural dos documentos, indexadores, ou usuários em um "idioma do
sistema" mais restrito (linguagem de documentação, linguagem de informação).”
Já a Norma ANSI/NISO Z39.19, em sua edição de 2005, define tesauro como
Um vocabulário controlado organizado em uma ordem conhecida e estruturada de modo que as várias relações entre os termos são claramente exibidas e identificados por indicadores de relacionamento padronizados. As relações entre indicadores devem ser empregadas reciprocamente.
Como é possível perceber, para alcançar o seu principal objetivo, padronizar
a descrição dos documentos, facilitando a recuperação da informação, o tesauro
deve estar dotado de uma estrutura particular. Para Gomes (1990), a estrutura de
um tesauro é composta por termos, as relações entre eles e o conjunto das
remissivas. Segundo Gomes (1990, p. 15), “[...] o termo equivale a um conceito +
uma designação. Esta designação pode ser constituída por uma ou mais unidades
léxicas.” Ou seja, os termos de um tesauro representam conceitos, geralmente de
uma determinada área do conhecimento. Segundo Debiazi (2009), um termo pode
representar mais de um conceito ou um conceito ser representado por mais de um
termo; fenômenos respectivamente conhecidos como homonímia e sinonímia. Mas
25
estes fenômenos devem ser controlados para não prejudicar a recuperação da
informação. Como ressalta Gomes (1990, p. 15), “o controle dos termos é, portanto,
necessário para que a cada um deles não se atribua mais de um conceito e,
também, para que a cada conceito não se atribua mais de um termo.” Gomes (1990,
p. 18) define conceito como “[...] um constructo mental que representa um objeto
individual material ou imaterial.” Já Dahlberg (1978, p. 102) define conceito “como a
compilação de enunciados verdadeiros sobre determinado objeto, fixada por um
símbolo lingüístico.” Ou seja, representado por meio da palavra ou termo, como
relatado acima.
Assim, em um tesauro um termo pode exercer diversas funções: descritor ou
termo preferido, não-descritor ou termo proibido, modificador, qualificador ou
identificador. Segundo Gomes (1990), os descritores são os termos escolhidos para
nomear um conceito, que pode ser uma entidade, um objeto, um processo, etc. E
para a autora, os demais termos são os não-descritores, que formam o conjunto das
remissivas. Café (2009) define estas funções de forma mais esclarecedora. Segundo
a autora, o descritor ou termo preferido é aquele termo escolhido para a indexação
que melhor vai representar o conceito do documento que se deseja descrever. E o
não-descritor ou termo proibido é aquele termo que, embora também possa
descrever os mesmos conceitos que o descritor, não poderá ser utilizado na
indexação, evitando-se assim a proliferação de sinônimos. Ainda para Café (2009) o
modificador é o termo não utilizado isoladamente e cuja função é esclarecer ou
limitar o significado dos descritores. O qualificador é utilizado para diferenciar
homônimos. E o identificador é o termo que representa conceitos individuais (nomes
de instituições, planos, projetos). Ainda podem ser encontradas fazendo parte da
estrutura de um tesauro as notas explicativas, simbolizadas pelas iniciais NE. Estas
são utilizadas, segundo Café (2009), para esclarecer o conceito de um descritor ou
orientar a indexação.
A organização dos conceitos no tesauro se dá primeiramente em grandes
classes. Por exemplo, um tesauro de Artes poderá apresentar classes como Arte
Contemporânea, Arte Barroca, dentre outras. Ao mesmo tempo estas classes
podem se subdividir em categorias ou facetas. As categorias, por sua vez, contêm
os conceitos, representados pelos termos.
As relações possíveis de serem estabelecidas entre os termos dividem-se,
segundo Cintra et.al (2002), em dois grupos: relações hierárquicas e relações não-
26
hierárquicas. As relações hierárquicas são aquelas do tipo gênero-espécie ou todo-
parte. Cintra et.at (2002, p. 51) as define como “[...] aquelas que acontecem entre
termos de um conjunto, onde cada termo é superior ou termo seguinte, por uma
característica de natureza normativa.” Relações gênero-espécie, também
denominadas relações genéricas, são, segundo Cintra et.al (2002, p. 52), “[...]
relações hierárquicas, baseadas na identidade parcial do conjunto de características
das noções superordenadas e subordinadas nelas envolvidas.” Ou seja, é um tipo
de relação que se estabelece entre um conceito genérico e outro específico,
representados pelos símbolos TG, termo genérico e TE, termo específico
respectivamente. No entanto, a relação todo-parte ou relação partitiva é, de acordo
com Cintra et. al (2002, p. 53), “[...] um tipo de relação hierárquica, na qual a noção
superordenada refere-se a um objeto considerado como um todo e as noções
subordinadas a objetos considerados como suas partes.” A Norma ISO 2788
esclarece que este tipo de relação é utilizada para os seguintes assuntos:
disciplinas, localidades geográficas e órgãos do corpo humano2. Ainda de acordo
com Cintra et. al (2002), as relações específicas também encontram-se no grupo
das relações hierárquicas. Definem-se, por Cintra et. al (2002, p.52), “[...] como
relações hierárquicas subordinadas que, além de compartilhar das mesmas
características da noção que lhes é superordenada, apresentam, pelo menos, uma
característica a mais que as diferencia.”
Por outro lado, as relações não-hierárquicas são, segundo Cintra et. al (2002,
p. 54), “[...] aquelas que apresentam entre si contigüidade espacial ou temporal. Por
esta razão, tais relações são também chamadas de seqüenciais.” Ou também são
denominadas de relações associativas, que podem ser identificadas pelos símbolos
TR (termo relacionado) ou TA (termo associado). A norma ISO 2788 define esta
relação como aquela em que os termos são relacionados, mas não de forma
hierárquica nem equivalente.
A relação de equivalência é aquela que se estabelece entre termos
sinônimos, aqueles que possuem o mesmo significado. Um dos termos assume a
função de descritor no tesauro, e os demais atuam como não-descritores.
Identificam-se com os símbolos USE e USADO PARA (UP).
2 Para demais casos de relação todo/parte, a Norma ISSO 2788 recomenda que sejam
representados pela relação associativa.
27
Além disto, segundo Gomes (1990), os tesauros também podem ser
classificados como monolíngües ou multilíngües, e pelo nível de especificidade de
seus termos em microtesauros ou macrotesauros.
Nota-se assim, que uma boa estrutura lingüística é fundamental para o bom
funcionamento de um tesauro como ferramenta de recuperação da informação;
obedecendo sempre as diretrizes que estabelecem os padrões de elaboração dos
mesmos, cumprindo sua função e facilitando a vida dos usuários. Na área
museológica não será diferente. Antes de adentrar nas questões relacionadas aos
tesauros na área de museologia, segue um histórico do surgimento dos centros de
informação neste domínio, para melhor compreensão da área.
2.2 Museus
O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT, 1989)
define as unidades de informação como instituições voltadas para a aquisição,
processamento, armazenamento e disseminação de informações. Isto é ratificado
por Tarapanoff; Araújo Júnior; Cormier (2000, p. 92) quando registram que
As unidades de informação (bibliotecas, centros e sistemas de informação e de documentação) foram e são, tradicionalmente, organizações sociais sem fins lucrativos, cuja característica como unidade de negócio é a prestação de serviços, para os indivíduos e a sociedade, de forma tangível (produtos impressos), ou intangível (prestação de serviços personalizados, pessoais, e hoje, cada vez mais, de forma virtual – em linha, pela Internet).
São quatro os tipos de unidades de informação, e o museu está entre elas. O
profissional da informação, que pretende trabalhar com os diversos suportes que a
informação apresenta e cujo objetivo principal é saciar as necessidades
informacionais dos diferentes setores e segmentos da sociedade, deve acompanhar
a evolução da profissão e o desenvolvimento de novos espaços além da biblioteca.
Deste modo, o museu se traduz em um importante espaço de aplicação dos
conhecimentos e técnicas do bibliotecário.
Quem ouve falar nesta instituição pensa imediatamente em um espaço para
depósito de velharias, vinculando o museu ao ultrapassado. Esta ideia preconcebida
que acompanha as instituições museais e a cabeça das maiorias, dificultando nos
dias atuais o desenvolvimento ativo e educativo do espaço cultural, certamente tem
28
alguma relação com o fato do seu surgimento e de como ele aconteceu. Como
enfatiza Nascimento (1998, p. 21)
Isto talvez, se dê, devido ao fato do Museu estar distanciado da sociedade, ou então, por ter ficado historicamente simbolizando um templo de raridades e coisas exóticas, que mais serviam à curiosidade e espanto do que ao processo educativo, que desde sua origem o Museu deveria buscar atingir.
Desde tempos remotos a humanidade demonstrava interesse em preservar a
memória, com o intuito de evoluir, organizar e desenvolver o conhecimento. Assim
nasce á idéia de alocar objetos e documentos em um único ambiente, com o objetivo
de conservar a história de uma determinada região ou comunidade. Como destacam
Giraudy e Bouilhet (1990; p. 19), “o museu surge a partir da coleção, seja ela de
origem religiosa ou profana. Desde a Idade da Pedra, o homem pré-histórico reúne
ao redor de si objetos agrupados em determinada ordem [...]”. A primeira civilização
a manifestar o interesse em colecionar foi a grega, dando início ao ciclo evolutivo
pelo qual a instituição passou, adquirindo diversas características ao longo dos
séculos. Nasce então na Grécia o Museion, ou casa das musas que era como
destaca Suano (1986, p. 10)
[...] uma mistura de templo e instituição de pesquisa, voltado sobretudo para o saber filosófico [...] local privilegiado, onde a mente repousava e onde o pensamento profundo e criativo, liberto dos problemas e aflições cotidianos, poderia se dedicar às artes e às ciências. As obras de arte expostas no museion existiam mais em função de agradar as divindades do que serem contempladas pelo homem.
A seguinte grande civilização a possuir um museu foi a egípcia, no século II a.
C, que era, segundo Nascimento (1998, p. 22), “[...] utilizado para definir um local de
estudos, espécie de Universidade com centros de educação e irradiação do
conhecimento.” Nele, de acordo com Suano (1986, p. 11), “[...] buscava-se discutir e
ensinar todo o saber existente no tempo nos campos da religião, mitologia,
astronomia, filosofia, medicina, zoologia, geografia, etc.” Deste modo, o museu que
encontrava-se em Alexandria, e que, de acordo com Nascimento (1998), era
financiado pelo Estado egípcio, conseguiu se transformar em um grande e
organizado centro de pesquisa, cujo objetivo era o fomento e a produção do
conhecimento. Para isto contava com observatórios, laboratórios de pesquisa,
biblioteca, zoológico, jardins botânicos,etc.
29
Posteriormente, os museus foram caracterizados como “gabinetes de
curiosidades”. Segundo Nascimento (1998, p. 23), “isto acontece no momento em
que se define um espaço físico determinado para abrigar as coleções.” E foram os
romanos, de acordo com Suano (1986), os maiores colecionadores da época, que
abrigavam no seu enorme império todas as relíquias do Oriente, África, Britânia,
frutos das guerras colonizadoras.
Na Idade Média, as coleções tomam um novo rumo. Como esclarece
Nascimento (1998, p. 23),
[...] a obra de arte passa para o poder da Igreja, isto porque a Igreja Católica pregava o despojamento pessoal e o desprendimento dos bens materiais. Dessa forma, a igreja passa a ser a principal receptora de doações e produtora de bens materiais formando verdadeiros tesouros.
Quando se inicia a perda do poderio político da Igreja, no fim da Idade Média,
segundo Suano (1986), os príncipes italianos começam a mostrar força e a formar
suas coleções particulares, já no início da era Renascentista. Destas, a maior de
todas foi a coleção dos Médici de Florença, e é de se destacar que estes espaços
eram privilégio somente de artistas e nobres da sociedade italiana.
Como indica Nascimento (1998), o museu passa a dar acesso ao grande
público impulsionado pelo movimento revolucionário do século XVIII. Mas a autora
ressalta ainda que (1998, p. 24)
[...] a transformação não se restringiu apenas a questão da democratização do acesso do público, refere-se principalmente a mudança da noção de coleção para a noção de patrimônio, dentro do prisma democrático de que essas coleções deveriam ter caráter público e não privado como até então vinha sendo entendido.
A concepção de museu que se tem hoje começa a se consolidar neste
momento, quando passam a ser criados na Europa e depois nos Estados Unidos,
grandes e importantes museus públicos. E, posteriormente, tipologias diversas da
instituição começam a surgir também. Tomando por base o pensamento de Giraudy
e Bouilhet (1990, p. 13), existe uma “[...] falsa ideia comumente admitida a respeito
dos museus: museu = museu de arte”. Os próprios autores esclarecem que (1990, p.
13)
30
Existem, na verdade, vários tipos de museus: museus de história natural, palácio de descoberta, museus de ciências, jardins zoológicos, instituições que conservam indumentárias, máquinas, fósseis, esqueletos, plantas, instrumentos agrícolas, insetos, aviões, tecidos, faianças e conchas, e até experiências mecânicas ou atividades artesanais. Há também, os museus de artes populares e os museus ao ar livre, que expõem, em seu contexto natural, residências patrícias ou propriedades rurais. Quanto aos parques nacionais, nada mais são que uma coleção viva de paisagens, fauna e flora, habitações, transformadas pelo homem da Idade Média, do século XVIII ou da era industrial.
É possível observar que, o que diferencia as tipologias dos museus é o tipo
de acervo que os mesmos guardam, o que não impede, ao mesmo tempo, que
objetos de proveniências diversas estejam sob a guarda de um mesmo museu. (tirei
a parte das classificação das tipologias).
Do mesmo modo como a instituição museal adquiriu ao longo dos séculos
diversas características, desde o seu surgimento, a conceituação do museu também
evoluiu. Ao mesmo tempo a instituição foi oferecendo outros serviços além da
simples visitação, guarda e preservação de objetos e documentos.
Em 1956, o ICOM, The International Council of Museums (na sessão 2.2.1 um
breve histórico desta instituição será abordado mais especificamente) definia o
museu assim:
Museu é um estabelecimento de caráter permanente, administrado para interesse geral, com a finalidade de conservar, estudar, valorizar de diversas maneiras o conjunto de elementos de valor cultural: coleções de objetos artísticos, históricos, científicos e técnicos, jardins botânicos, zoológicos e aquários.
O primeiro diretor desta organização, Georges-Henri Rivière apud Giraudy e
Bouilhet (1990; p. 11) define o museu como “uma instituição a serviço da sociedade
que adquire, conserva, comunica e expõe com a finalidade de aumentar o saber,
salvaguardar e desenvolver o patrimônio, a educação e a cultura, bens
representativos da natureza e do homem.” É possível perceber como em ambas as
definições está presente de forma muito representativa a função de conservação do
museu, cuidando e salvaguardando objetos históricos e artísticos (coleções
principalmente), e que trabalha a serviço da população. Já Santos (2000, p.51)
acrescenta que
[...] o museu é tido como um centro cultural capaz, que tem como princípio o resgate da memória socioeconômica, política e cultural, identificando fatos,
31
personagens, e objetos, bem como estimulando a proteção de herança sociocultural da nossa sociedade.
Percebe-se como o foco mudou com relação as definições anteriores. O
principal ponto desta definição é o que caracteriza o museu como centro cultural, e
que preserva agora não só objetos, mas também fatos ou personagens,
resguardando a memória política e econômica da sociedade.
Em 2001, novamente o ICOM, na sua 20ª Assembléia Geral ocorrida em
Barcelona, Espanha (site do IBRAM, 2011) passou a definir o museu como
Instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade.
É importante ressaltar nesta definição, o caráter de instituição aberta ao
público dado ao museu, que tem como funções, além das já citadas, a de “investigar
os testemunhos materiais do homem” para “deleite da sociedade”. Insere-se desta
forma certo grau de leveza à instituição, como fornecedora do prazer cultural da
sociedade.
A definição oficial mais recente do museu é a fornecida pela Lei nº
11.904/2009 que institui o Estatuto dos Museus. Passaram a se considerar museus
aquelas
[...] instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.
Esta definição aborda claramente todos os conceitos contidos nas atividades
museais tais como conservar, investigar, comunicar, interpretar e expor, com a
finalidade de preservar, estudar, pesquisar, educar, contemplar e finalmente para
fins turísticos (conceito que não estava presente nas definições anteriores),
conjuntos e coleções não somente de valor histórico, como também artístico,
científico e técnico, sendo que os museus são instituições abertas ao público, a
serviço da população e de seu desenvolvimento.
32
Constata-se que todas as definições têm alguns pontos em comum, sendo
eles o resgate da memória de um povo, e o fiel serviço sociocultural da instituição.
Mas, como foi possível perceber na definição mais atualizada dos museus, hoje se
sabe que esta instituição evoluiu ao longo dos anos junto com a sociedade da qual
faz parte, e que graças a isto, possui novas características. Pela junção entre
passado e futuro, estas instituições estabelecem ligações entre diferentes mundos,
culturas e tempos, o que pode ser fundamental para o entendimento da sociedade
como um todo, levando ao seu potencial desenvolvimento. Museus são sinônimos
de cultura; além de conservar a história possuem o poder de nos projetar para o
futuro, incentivando a criatividade e a participação do público.
2.2.1 Os Museus no Brasil e no mundo
De acordo com Suano (1986), as primeiras instituições museais que se
conheceram no Brasil foram a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro,
iniciada em 1815 como a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios e o Museu
Nacional do Rio de Janeiro, criado em 1818 como Museu Real, que teve início como
uma pequena coleção de história natural chamada de “Casa dos Pássaros”, que
atendia aos interesses portugueses. Acredita-se que o nome “Casa dos Pássaros”
tenha sido atribuído por causa do taxidermista Xavier dos Pássaros. Suano (1986, p.
33) ressalta ainda que
[...] tanto a Escola Real quanto o Museu Real foram criados nos moldes europeus, embora muito mais modestamente. Para o acervo inicial da Escola Real, D. João VI doou os quadros que trouxera em sua bagagem quando deixara Portugal às pressas, fugindo de Napoleão, em 1808.
Em 1922 cria-se o Museu Histórico Nacional, que graças ao Decreto nº
21.129 de 7 de março de 1932, abriga o primeiro “Curso de Museus”, que
funcionaria sob a direção e fiscalização do Museu Histórico Nacional, e que
destinava-se ao ensino de disciplinas que interessavam especificamente à
instituição, como História Política e Administrativa do Brasil, Numismática, História
da Arte, Arqueologia aplicada ao Brasil, dentre outras.
Já o Museu Nacional segundo Suano (1986, p.33)
33
[...] era voltado principalmente à história natural do Brasil e pouquíssimo herdou da família real portuguesa. Único acréscimo por ela feito, digno de nota, é o das coleções de arqueologia clássica trazidas pela Imperatriz Teresa Cristina, princesa da casa de Bourbon, quando de seu casamento com D. Pedro II, em 1853. Com a República, o Museu foi instalado, em 1892, na Quinta da Boa Vista, onde permanece até hoje, ligado a Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1946.
Em fins do século XIX, outros importantes museus foram criados no país,
como registra Suano (1986): em 1864, o Museu do Exército; o Museu da Marinha
em 1868; o Museu Paraense Emílio Goeldi em 1866; o Museu Paranaense em 1876,
inicialmente como instituição privada e oficializado em 1883; o Museu Paulista ou
Museu do Ipiranga em 1892, ligado a Universidade de São Paulo desde 1969, e o
Museu do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia em 1894.
Com a criação, em 13 de janeiro de 1937, do Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (IPHAN), pela Lei nº 378, durante o Governo Getúlio Vargas, o
país passou a ter um órgão responsável pela preservação dos bens culturais. De
acordo com informações obtidas no site do IPHAN (2011),
Já em 1936, o então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, preocupado com a preservação do patrimônio cultural brasileiro, pediu a Mário de Andrade a elaboração de um anteprojeto de Lei para salvaguarda desses bens. Em seguida, confiou a Rodrigo Melo Franco de Andrade a tarefa de implantar o Serviço do Patrimônio. Posteriormente, em 30 de novembro de 1937, foi promulgado o Decreto-Lei nº 25, que organiza a “proteção do patrimônio histórico e artístico nacional”.
Vinculado hoje ao Ministério da Cultura, este órgão tem como missão
preservar o patrimônio cultural brasileiro, fortalecendo identidades, garantindo o
direito á memória e contribuindo para o desenvolvimento econômico do país.
O órgão responsável pela Política Nacional de Museus chamava-se
Departamento de Museus (DEMU) em 2003, e que em 2009 passou a ser chamado
de Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), órgão que hoje trabalha pela melhoria
dos serviços do setor, buscando o aumento da visitação e o financiamento e
requalificação dos museus, fomentando políticas de aquisição e preservação de
acervos, e criando ações integradas entre os museus brasileiros. Criado em janeiro
de 2009, após a sanção dada pelo ex-presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, com a
assinatura da Lei nº 11.906, esta autarquia, também vinculada ao Ministério da
Cultura, sucedeu o IPHAN nos direitos, deveres e obrigações relacionadas aos
museus federais (site do IBRAM, 2011).
34
Buscando a integração e o diálogo entre os museus e instituições afins, foi
criado em 2004 pelo Decreto n° 5.264, de 5 de novembro, assinado pelo ex-
presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva e pelo ex-Ministro da Cultura Gilberto Passos
Gil Moreira, o Sistema Brasileiro de Museus, SBM. Este constitui um marco
fundamental na atuação das políticas públicas voltadas para o setor museológico, e
cujo estabelecimento cumpre uma das premissas na Política Nacional de Museus: a
constituição de uma ampla e diversificada rede de parceiros que, somando esforços,
contribuem para a valorização, a preservação e o gerenciamento do patrimônio
cultural brasileiro sob a guarda dos museus, de modo a torná-los cada vez mais
representativo da diversidade étnica e cultural do país. O sistema objetiva
principalmente a gestão integrada em desenvolvimento dos museus/acervos e
processos museológicos brasileiros e a valorização, preservação e gerenciamento
do patrimônio cultural brasileiro que está na guarda de museus, propiciando o
fortalecimento e a criação dos sistemas regionais, a institucionalização de novos
sistemas estaduais e municipais, e a articulação de redes temáticas de museus.
Instituições museológicas, universidades que mantenham cursos relativos ao campo
museológico e entidades organizadas vinculadas ao setor podem aderir ao SBM por
intermédio de Termo de Adesão, firmado entre a instituição e o Ministério da Cultura.
Este termo é de fundamental importância, já que estimula a articulação entre o poder
público e a sociedade civil, aumenta a visibilidade institucional e favorece a melhor
gestão e configuração do campo museal. O Sistema possui um Cadastro Nacional
de Museus, pelo do qual procura-se conhecer e integrar o universo museal
brasileiro, efetuando um levantamento de dados com o apoio de pesquisa local
elaboradas por pessoas treinadas, e contribuindo para a divulgação de ações como:
diagnóstico do setor museológico, planejamento de ações de políticas públicas de
cultura e desenvolvimento de diferentes linhas de pesquisa. Atualmente, possui mais
de 2500 mapeamentos de instituições museológicas brasileiras (site do SBM, 2007).
Internacionalmente, o ICOM (Conselho Internacional de Museus, no Brasil) é
a organização à qual está confiada a conservação, preservação e difusão do
patrimônio mundial, cultural e natural. De acordo com informações obtidas no site da
organização (2011), “[...] criado em 1946, o ICOM é uma Organização não-
governamental que mantém relações formais com a UNESCO, executando parte de
seu programa para museus, tendo status consultivo no Conselho Econômico e
Social da ONU.” Com mais de 30.000 membros em 137 países, é uma associação
35
profissional sem fins lucrativos, financiada pela contribuição de seus membros, por
atividades que desenvolve e pelo patrocínio de organizações públicas e privadas.
Esta organização patrocinou importantes eventos na área museológica, como
a Mesa Redonda de Santiago, no Chile em 1970, que segundo Nascimento (1990, p.
28) teve como tema principal de discussão
A Importância e o Desenvolvimento dos Museus no Mundo Contemporâneo", enfatizando o papel dos museus na construção do processo histórico, do desenvolvimento científico, tecnológico e de educação permanente, como também, comprometido com a melhoria da qualidade de vida e, sobretudo, com a participação do cidadão.
Outro evento de fundamental importância ocorreu em 1984, como registra
Nascimento (1990), na Conferência Geral do ICOM, em Quebec, no Canadá. Nesta,
foram discutidas questões sobre a chamada Nova Museologia e Ecomuseologia,
tendo como referencial as resoluções da Mesa Redonda de Santiago do Chile.
Em 1948, fundou-se o Comitê Brasileiro do ICOM que (site ICOM-BR, 2011)
tem como objetivo promover a cooperação, a assistência mútua e o intercâmbio de informação entre seus membros, profissionais de museus e instituições culturais admitidos na categoria de membros individuais, residentes e em atividade no país, por membros institucionais, membros associados e beneméritos. O Comitê Brasileiro integra o ICOM-LAC (Comitê regional para a América Latina e Caribe) e o ICOM-SUR (Comitê regional dos países do Mercosul).
O ICOM possui diversos membros ilustres pelo mundo, como Museu do
Palácio na China, o Louvre na França, ou o Museu Metropolitano de Arte de Nova
Iorque. Os museus de arte abordam-se especificamente a seguir, assim como as
possíveis relações entre estes e os tesauros.
2.2.2 Os Museus de Arte e os Tesauros
De acordo com o explicitado por Rodrigues e Crippa (2011), informação é
aquilo que consegue transformar o estado atual de conhecimento de um indivíduo
ou de um grupo. Neste sentido, e, dado que a informação pode encontrar-se em
vários suportes, podem-se observar obras de arte como fontes de informação,
objetos como documentos. O bibliotecário deve saber tratar corretamente estas
informações, organizando-as da melhor forma possível, para torná-las recuperáveis
36
e assim poder disseminá-las à sociedade. Como ressalta Ruiz (1994, p. 122,
tradução nossa), 3
[...] os objetos que estão alojados nos museus são documentos de primeira ordem, como os livros de qualquer biblioteca ou os manuscritos de um arquivo. E como documentos de primeira ordem que são, tem de ser estudados e analisados como qualquer outro documento. Como é lógico, para analisar e caracterizar os objetos-documentos é necessário um tipo especial de linguagem que já está sendo utilizado com êxito em alguns museus do mundo. Esse tipo de linguagem é o tesauro [...].
No entanto, o objeto de museu ainda é pouco explorado como fonte
informacional. De acordo com Pinheiro (1996, p. 2),
[...] daí a ausência de catálogos públicos padronizados, recurso amplamente utilizado em bibliotecas. Enquanto no exterior os principais museus posicionam-se na vanguarda das atividades de documentação e informação, no Brasil estão ainda em estágio inicial de organização e automação de acervos, com poucos exemplos nesse campo.
As iniciativas brasileiras de automação de acervos de arte em museus
surgem no final da década de 80, e as que merecem ser destacadas, segundo
Pinheiro (1996), é o Sistema de Informação do Acervo do Museu Nacional de Belas
Artes, (SIMBA), e o Projeto Lygia Clark, realizado no Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro (MAM), sendo que o primeiro teve apoio da Fundação Vitae, e o segundo
do CNPq. A autora destaca que, após o encerramento dos financiamentos, os
projetos não tiveram continuidade devido à insuficiência e a falta de capacitação dos
recursos humanos dos museus. Outras duas iniciativas a ressaltar, de acordo com
Pinheiro (1996), são o Projeto IARA- Informação em Arte e Atividades Culturais da
Fundação Nacional de Arte- FUNARTE, e o Museu de Folclore Edson Carneiro
também da FUNARTE, que já possui bases de dados bibliográficos e de acervo
3 [...] los objetos que se albergan en los museos son documentos de primer orden, como
lo son los libros ubicados en cualquier biblioteca o los manuscritos de un archivo. Como documentos de primer orden que son, tienen que ser estudiados y analizados como cualquier otro documento. Como es lógico, para analizar y caracterizar a los objetos-documentos vamos a necesitar un tipo especial de lenguaje que ya está siendo utilizado con éxito en algunos museos del mundo. Este tipo de lenguaje es el tesauro [...]. (RUIZ, 1994, p. 122).
37
museológico de Arte e Cultura Popular. O Thesaurus para Acervos Museológicos de
Helena Dodd Ferrez e Maria Helena S. Bianchini, publicado em dois volumes em
1987, realizado no Museu Histórico Nacional, do Rio de Janeiro, com o apoio do
Ministério da Cultura, foi de fundamental importância pois buscou democratizar o
acervo dos museus e as inúmeras informações contidas neles. As autoras, na época
da publicação refletiam sobre a sacralização dos objetos dos museus brasileiros, o
que impedia que os mesmos fossem encarados como fontes de informação. De
acordo com Ferrez; Bianchini (1987, p. 16)
Os objetos têm sido vistos muito mais pelo seu valor artístico ou financeiro, resultando daí, provavelmente, o elitismo que caracteriza alguns dos museus do país. Esse enfoque parece ter predominação em detrimento do valor documental, que corresponde à análise dos objetos na totalidade de seus atributos, o que transcende visões parciais, quaisquer que sejam. Além disso, o conteúdo informativo dos objetos não é suficientemente explorado, acarretando a subutilização dos acervos museológicos enquanto fontes de pesquisa.
Ferrez; Bianchini (1987) refletiam ainda que, o que poderia modificar esta
situação seria a introdução dos computadores nos museus, já que levando em
consideração a complexidade da catalogação dos objetos criados pelo homem,
exigiria uma racionalização gerencial e técnica muito maior.
No que se refere às iniciativas de realização de tesauros museológicos pelo
mundo, Orna e Petit apud Ruiz (1994) destacam o pioneirismo do tesauro realizado
por Chenhall em 1978, denominado Nomenclature for Museums Cataloging, no
Strong Museum, que se restringia somente aos nomes dos objetos feitos pelo
homem, sem o uso de terminologias para materiais ou técnicas. Ainda de acordo
com Ruiz (1994), outra iniciativa que merece destaque é o Art & Architecture
Thesaurus, do The Jean Paul Getty Museum, nos Estados Unidos, publicado em
1990. Este tesauro será objeto de estudo desta pesquisa, portanto a sua análise
será aprofundada futuramente. Nos países europeus também é possível ressaltar,
segundo Ruiz (1994), o sistema de classificação iconográfica da França, chamado
Thesaurus Iconográphique: systéme descriptif des représentations, criado por
Françoise Garnier e publicado em 1981. Além da França, no Reino Unido,
importantes instituições museais têm realizado projetos de normalização
terminológica, segundo Ruiz (1994), como o British Museum e o National Maritime
Museum, em Londres, e a união de um grupo de museus na Escócia. De acordo
38
com Allden apud Ruiz (1994), no British Museum o vocabulário necessário para a
realização do tesauro é compilado pelos diferentes departamentos do próprio
museu, como Etnografia, Antiguidades Egípcias, dentre outros. De acordo com
Pelowski apud Ruiz (1994), o National Maritime Museum realiza sua própria
classificação, somente com o nome do objeto, baseada na de Chenhall. A iniciativa
mais recente vem da Espanha e responde pelo nome de Domus. De acordo com
Alquézar Yánez (2004), este é um sistema integrado de documentação e gestão
museológica informatizado, que envolve todos os museus estaduais espanhóis, e
desenvolvido pelo Ministério da Cultura. Este sistema surgiu com base no Projeto de
Normalização Documental de Museus Estaduais em 1993. Em 1996, deu lugar ao
Domus. O Domus permite gerir o processo de ingresso dos objetos e bens culturais
aos acervos dos museus; registrar, inventariar e catalogar objetos e documentos;
associar imagens aos objetos assim como descrever o seu estado de conservação,
dentre outras funções. O sistema já possui até uma versão multilíngüe (catalão e
inglês) em que cada museu pode escolher a língua que preferir, possibilitando a
recuperação da informação por módulos de consultas em campos controlados
terminologicamente por tesauros ou listas de termos fechadas.
Após a descrição de diversas iniciativas nesta área, é possível perceber como
este é um campo de pesquisa que cresce dia a dia, e para o qual é necessário que o
profissional bibliotecário esteja preparado. A implantação de sistemas de informação
integrados e de redes que possibilitem a comunicação entre ou museus facilita a
gestão destas instituições, visando principalmente à disseminação da informação
que estas possuem. Isto colabora fundamentalmente com a ruptura da ideia
histórica, dogmática e elitista de que arte é para os “nobres”. Para isto, todos os
setores do museu devem trabalhar em colaboração; biblioteca, arquivo ou centro de
pesquisa, setor expositivo e reserva técnica devem ser articulados e considerar que
as obras de arte não possuem somente valor histórico, mas também valor estético.
Como esclarece Pinheiro (1996, p. 4),
considerando a ascensão da mídia como um quarto poder e a hegemonia dos computadores, com seus bancos de imagem e de som, a reprodutibilidade da obra de arte exige dos sistemas de informação a integração e inter-relação das informações, de tal forma que possa representar a memória de cada obra artística, reunindo as suas múltiplas formas e faces e refazendo toda a sua história.
39
Além disto, é necessário compreender o processo de criação artística como
um todo, o que também facilita a organização, recuperação e disseminação das
informações contidas nos objetos. Isto é retificado por Pinheiro (1996, p. 4) quando
afirma que
Para a organização/estruturação, processamento técnico, recuperação e disseminação de informação em Arte é essencial a compreensão do processo de criação artística, em si mesmo, e a capacidade de representar e interpretar a obra de arte, no tempo e espaço, tarefa árdua pela amplitude, complexidade e níveis de abstração inerentes à Arte, daí a exigência de equipes multidisciplinares, basicamente formadas por profissionais de informação (museólogos, bibliotecários, arquivistas, técnicos e cientistas da informação), historiadores da Arte e analistas de sistemas.
Esta multidisciplinaridade necessária permite notar o grande ponto de
interseção existente entre as áreas da Biblioteconomia/Ciência de Informação e a
Museologia; ponto este que está passível de exploração por parte do profissional
bibliotecário, e que principalmente no Brasil está carente de iniciativas,
procedimentos e pesquisas na área.
2.3 Normalização Técnica
Uma das principais funções do campo científico, além de disseminar e
produzir conhecimento, fomentando a sua circulação e consumo, é assegurar a
preservação de padrões, e atribuir créditos e reconhecimento para aqueles cujos
trabalhos têm contribuído para o desenvolvimento das ideias em diferentes campos,
favorecendo o desenvolvimento de um país. Como ressalta Dantas Filho (1995, p.
13)
A Normalização Técnica e a Qualidade controlada são essenciais para a modernização de uma nação. Contribuem para o crescimento econômico, auxiliando o produtor a obter a melhor utilização dos materiais e dos recursos, elevando a produtividade, dando proteção e segurança ao consumidor e permitindo melhor desempenho no comércio interno e na exportação.
A normalização caracteriza-se por ser uma atividade que estabelece, em
relação a problemas existentes ou potenciais, disposições destinadas ao uso comum
e repetitivo visando à obtenção de um grau ótimo de ordem, em um dado contexto.
Ou seja, a atividade consiste nos processos de elaboração, publicação,
40
disseminação e implementação de normas. Dantas Filho (1995, p. 26) define a
normalização como um
Processo de formulação e aplicação de regras para um tratamento ordenado de uma atividade repetitiva, para o benefício e com a cooperação de todos os interessados e em particular para a promoção da economia global, ótima, levando na devida conta condições funcionais e requisitos de segurança.
A eficácia desta atividade deve estar baseada nos resultados alcançados pela
ciência, tecnologia e experiência, visto que ela determina não somente as bases
para o presente, mas também para o desenvolvimento futuro e, portanto, deve
acompanhar o progresso.
Os principais objetivos da normalização consistem segundo Dantas Filho
(1995) em: simplificar, reduzindo a crescente variedade de procedimentos e
produtos; comunicar, proporcionando meios eficientes para a troca de informações
entre fabricante e cliente; economizar, visando tanto o lado do produtor como do
consumidor na economia global; dar segurança, protegendo a vida e a saúde
humanas, assim como o meio ambiente; brindar proteção ao consumidor, provendo
à sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos; e finalmente,
eliminar barreiras técnicas e comerciais, evitando a existência de regulamentos
conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando o intercâmbio
comercial. Tudo isto, favorece a competição internacional entre diversas empresas,
eliminando as tradicionais vantagens baseadas no uso de fatores abundantes e de
baixo custo. Deste modo, a normalização é cada vez mais utilizada como meio para
alcançar a redução de custo da produção e do produto final, mantendo e
melhorando sua qualidade. Além disto, a normalização também beneficia a
constituição de barreiras não tarifárias.
O documento que estabelece os requisitos técnicos a serem atendidos por um
produto, processo ou serviço, e os requisitos de conformidade dentro de limites
estritamente controlados chama-se norma técnica. Dantas Filho (1995, p. 26) a
define como
41
Documento disponível para o público (especificação técnica, código de prática, etc.), derivado de um determinado esforço de normalização, estabelecido com a cooperação e o consenso ou aprovação geral de todas as partes com interesses afetados, baseado nos resultados consolidados da ciência, tecnologia e experiência, visando à promoção do benefício ótimo para a comunidade e aprovado por um organismo reconhecido.
O organismo responsável pela normalização técnica no Brasil é a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fornecendo a base necessária para o
desenvolvimento tecnológico do país. Trata-se de uma entidade privada, sem fins
lucrativos, fundada em 28 de fevereiro de 1940, e membro fundador da International
Organization for Standardization (ISO); da Comissão Panamericana de Normas
Técnicas (COPANT), e da Associação Mercosul de Normalização (AMN). Entre os
principais objetivos da ABNT, encontram-se elaborar, difundir e fomentar o uso das
normas técnicas, conceder certificados e marcas de conformidade e representar o
Brasil, participando em entidades internacionais afins (site da ABNT, 2011).
A tipologia das Normas Técnicas brasileiras é variada. As normas técnicas
utilizadas na área biblioteconômica são denominadas Normas de Procedimento, já
que se destinam segundo Dantas Filho (1995) a fixar condições para a execução de
cálculos, projetos, obras, serviços e instalações; emprego de materiais e produtos
industriais; transações comerciais; elaboração de documentos em geral (inclusive
desenhos, e segurança na execução ou utilização de uma obra, equipamentos e
instalações.
Como esclarece Dantas Filho (1995), a globalização das informações e dos
mercados induziu a abrangência da normalização em níveis internacionais, para
suprir as demandas do progresso sócio-econômico. Assim surgem as entidades
internacionais para garantir a padronização de produtos e procedimentos. Em nível
internacional, existem diversos organismos responsáveis pela normalização técnica.
Devido ao fato de que, as normas técnicas internacionais que nortearão esta
pesquisa serão a ISO 2788-1974 e a ANSI/NISO Z39.19-2005, elaboradas pela ISO
e pela National Information Standards Organization (NISO), pertencente ao
American National Standards Institute (ANSI) respectivamente, esta pesquisa
somente abordará questões relacionadas à origem destes dois organismos
internacionais.
De acordo com Dantas Filho (1995, p. 16), “[...] a data oficial da fundação da
ISO é de 23 de fevereiro de 1947 [...]”. Esta é ainda uma organização não estatal,
42
que tem como propósito “[...] colaborar com as organizações internacionais estatais,
especialmente com a ONU e os setores a ela subordinados [...]” (1995, p. 18). Já o
ANSI é uma entidade americana de direito privado. Originalmente estabelecido
como American Engineering Standards Committee - AESC em 1919, adotou o nome
atual em 1969, após passar por muitas reorganizações (site do ANSI, 2011).
No que diz respeito às normas norteadoras do estudo, é possível verificar as
seguintes características. A Norma ISO 2788-1974 foi publicada em 1974 sob o
título Guidelines for the establishment and developmente of monolingual thesauri.4
Encontra-se dividida em seis seções, que focam apenas as diretrizes e
procedimentos para a construção e desenvolvimento de um só tipo de sistema de
organização do conhecimento: o tesauro. Já a Norma ANSI/NISO Z.39.19- 2005
teve sua primeira edição publicada em 1974, e revisada em 1980, sob o título
Thesaurus Structure, Construction and Use. Em 1993, publica-se a segunda edição:
Guidelines for the Construction, Format, and Management of Monolingual Thesauri.
A publicação da terceira edição em 2003 (com o mesmo título da edição anterior) foi
impulsionada pelo avanço das tecnologias informacionais e das bases de dados,
tendo como objetivo apresentar diretrizes para construção de tesauros eletrônicos
(além dos impressos já contemplados). A quarta edição publica-se em 2005 sob o
título Guidelines for the Construction, Format, and Management of Monolingual
Controlled Vocabularies, novamente acarretada pelas rápidas mudanças
tecnológicas que influenciaram as formas de acesso e de recuperação da
informação. Composta por onze seções e seis apêndices, a principal proposta desta
norma é estabelecer diretrizes para a construção, gerenciamento de vocabulários
controlados tanto impressos, quanto eletrônicos, e formato de apresentação dos
mesmos. E aborda além dos tesauros, outras tipologias de sistemas de organização
do conhecimento, como taxonomias e redes semânticas.
A seguir, apresentam-se os procedimentos metodológicos a serem adotados
neste estudo.
4 A segunda edição da mesma foi publicada em 1986, mas não foi possível ter acesso à
mesma.
43
3 METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos adotados no estudo caracterizam-se pelo
raciocínio indutivo. De acordo com Cervo; Bervian; Da Silva (2007, p. 44)
O argumento indutivo baseia-se na generalização de propriedades comuns a certo número de casos até agora observados e a todas as ocorrências de fatos similares que poderão ser verificadas no futuro. O grau de confirmação dos enunciados traduzidos depende das evidências ocorrentes.
O estudo é caracterizado com base em dois pontos básicos: quanto ao seu
propósito e quanto à sua abordagem. Quanto ao seu propósito ou seus objetivos, o
estudo possui caráter exploratório já que por meio dele pretende-se obter um
entendimento mais aprofundado do objeto de estudo, com base na descrição das
características estruturais dos tesauros utilizados em museus. Como afirmam Cervo,
Bervian e Silva (2007), a pesquisa exploratória não requer a elaboração de
hipóteses a serem testadas no trabalho e se restringe a definir objetivos, à procura
de mais informações sobre determinado assunto, com o objetivo principal de
familiarizar-se com ele, obtendo novas percepções e descobrindo novas ideias.
Quanto a sua abordagem, ou seja, tratamento e análise dos dados, o estudo
é caracterizado por procedimentos qualitativos, pois será avaliada a qualidade das
informações coletadas. De acordo com Neves (1996, p. 1), “[...] a pesquisa
qualitativa costuma ser direcionada, ao longo do seu desenvolvimento; além disso,
não busca enumerar ou medir eventos e, geralmente, não emprega instrumental
estatístico para análise dos dados [...]”. Ainda sobre este tipo de pesquisa, Silva e
Menezes (2000, p. 20) defendem que
há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.
Este estudo também envolve procedimentos técnicos de pesquisa
documental, de acordo com o corpus que será analisado. A principal vantagem da
pesquisa documental, segundo Gil (1991), é o baixo custo, já que depende apenas
da capacidade do pesquisador além da disponibilidade de tempo do mesmo.
44
O corpus analisado se constitui de três tesauros internacionais na área de
Museus de Arte, sendo que dois são em língua inglesa e um em língua espanhola:
1) Art & Architecture Thesaurus, do The Jean Paul Getty Museum,
Estados Unidos;
2) Lista de Términos Museológicos de Arte, do Catálogo Coletivo Acceder, do
Governo da Cidade de Buenos Aires, Argentina;
3) Materials Thesaurus, do British Museum, Inglaterra.
A escolha destes deve-se ao fato de que, pesquisas anteriores constataram
que a presença de tesauros na área de Museus de Arte no Brasil não é muito ampla.
Realizaram-se pesquisas na literatura da área, tanto museológica como da
Biblioteconomia, relacionada principalmente a tesauros; e pesquisas no IBRAM que
evidenciaram a presença de tesauros no país, como o tesauro do Centro Nacional
do Folclore e Cultura Popular, do IPHAN, e o tesauro que é utilizado no Museu do
Indio (RJ). Mas, nestes casos, o escopo dos tesauros não é relacionado à Arte
especificamente, o que resultou na ampliação do campo de pesquisa, chegando
assim a estes objetos de estudo.
Após o estudo das normas internacionais norteadoras deste estudo e de
diversos trabalhos da área, foi possível identificar e selecionar as recomendações
referentes à estrutura dos tesauros. As recomendações selecionadas referem-se
aos aspectos gerais da estrutura dos tesauros, aos aspectos terminológicos e aos
aspectos referentes às relações existentes entre os termos. Deste modo, como
instrumento de análise do corpus construiu-se um roteiro, elaborado com base
nestas características. Este roteiro, composto das variáveis de análise, foi aplicado
ao corpus do estudo, gerando dados que foram posteriormente organizados em uma
tabela, o que facilitou a avaliação, comparação e síntese das características
estruturais dos tesauros e a obtenção de uma visão global do objeto de estudo.
45
4 RESULTADOS
Neste capítulo, são descritas as características identificadas nos tesauros, de
acordo com as variáveis de análise adotadas. Segue abaixo, a análise dos tesauros.
4.1 Análise dos Tesauros
Como especificado na metodologia, as variáveis de análise adotadas
identificaram-se após o estudo das normas internacionais norteadoras desta
pesquisa, seguindo as recomendações nelas expostas, referentes à estrutura dos
tesauros. Assim, elaboraram-se três quadros para facilitar o entendimento do
procedimento utilizado, tomando como referência o trabalho de Debiazi (2009), que
realizou um estudo comparativo desta semelhança para área de Direito. Os quadros
dividem as variáveis em: aspectos gerais (introdução, formatos de saída, vinculação
a uma base de dados, possibilidade de propor novos termos); aspectos
terminológicos (forma substantivada, adoção do singular, qualificadores,
identificadores, modificadores, notas explicativas) e os aspectos referentes ás
relações existentes entre os termos (equivalência, hierárquica, direta, indireta e
associativa). Estes se encontram na seção 4.2 Síntese da Análise. A seguir, a
análise dos tesauros propriamente dita.
4.1.1 Art & Architecture Thesaurus. The Jean Paul Getty Museum.
De acordo com informações obtidas no site da instituição (site The Jean Paul
Getty Museum, 2012), o Jean Paul Getty Museum encontra-se localizado no
complexo cultural Getty Center , na cidade de Los Angeles nos Estados Unidos.
Este complexo é formado por uma série de órgãos ligados ao bilionário Jean Paul
Getty: o empreendimento cultural J. Paul Getty Trusts, o museu J. Paul Getty
Museum e outras instituições associadas, como o instituto de pesquisas Getty
Research Institute, o instituto de conservação Getty Conservation Institute e o
instituto de lideranças Getty Leadership Institute, o qual está empenhado em educar
museólogos principiantes bem como propiciar o aperfeiçoamento a profissionais já
experientes nesta área. Jean Paul Getty reuniu cerca de cinquenta mil obras de arte
em seu museu, sendo que o seu acesso logo de início foi oferecido gratuitamente ao
46
grande público. As coleções concentram peças de arte do período clássico
ocidental, como esculturas, pinturas, desenhos, manuscritos e fotografias. Nos dias
atuais, o Jean Paul Getty Museum possui dois locais: o Jean Paul Getty Museum no
Getty Center em Los Angeles, e o Jean Paul Getty Museum na Villa Getty em
Malibu, atendendo assim a um público variado, promovendo o conhecimento das
artes visuais e alimentando o desenvolvimento de uma visão crítica, através da
recolha, preservação, exibição e interpretação de obras de arte da mais alta
qualidade. Além disso, fornece também diversas bolsas de estudos, pesquisas e
programas educacionais públicos.
O Art & Architecture Thesaurus (AAT) surge no final da década de 70,
juntamente com a necessidade expressa por bibliotecas de arte e serviços de
indexação de revistas de arte, que iniciavam o processo de automação da
catalogação de seus arquivos e indexação de procedimentos. Logo catalogadores
de objetos de museus e coleções de recursos visuais também expressaram a
necessidade de um vocabulário controlado similar para encorajar a consistência da
recuperação e a catalogação das informações de uma forma mais eficiente. E o
escopo deste tesauro ficou definido nas áreas de arte, arquitetura, arte decorativa,
cultura material e materiais de arquivo. Assim, o mesmo possui como público alvo
museus, bibliotecas, arquivos, diversas coleções de recursos visuais, dentre outros.
Aspectos Gerais
Analisando os aspectos gerais da estrutura do AAT, constata-se que o
mesmo possui as seguintes variáveis: introdução; formato de saída e vinculação a
uma base de dados.
A introdução não aparece especificamente com este nome. Na coluna à
esquerda, aparece o link About AAT (sobre AAT), de acordo com a Figura 1 . Neste
link, se reúnem informações históricas e estruturais do Thesaurus, o que faz com
que possa ser considerada como uma introdução.
47
Figura 1 - Introdução do AAT
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
Na introdução analisam-se as principais subdivisões da estrutura hierárquica
do AAT. O mesmo divide-se em facetas e hierarquias. As facetas são definidas na
introdução como aquela que “contém uma classe homogênea de conceitos cujos
membros compartilham características que os distinguem dos membros de outras
classes” (site AAT, 2012). Estas facetas estão conceitualmente organizadas em um
esquema que passa dos conceitos abstratos aos concretos. O AAT encontra-se
dividido em sete (7) facetas, sendo elas: conceitos associados, atributos físicos,
estilos e períodos, agentes, atividades, materiais, e objetos. A seguir, apresenta-se a
Tabela 1 com as facetas e as hierarquias correspondentes a cada uma delas,
presente na introdução do AAT.
48
Tabela 1 - Facetas e hierarquias no AAT
FACETAS HIERARQUIAS
Conceitos Associados Conceitos Associados
Atributos físicos Atributos e Propriedades; Condições e
Efeitos; Elementos de Design; Cor.
Estilos e períodos Estilos e períodos
Agentes Pessoas; Organizações; Organismos
Vivos
Atividades Disciplinas; Funções; Eventos;
Atividades Físicas e Mentais; Processos
e Técnicas
Materiais Materiais
Objetos Agrupamentos de Objetos e Sistemas;
Gêneros de objetos; Componentes;
Ambiente Construído: assentamentos e
paisagens, complexos construídos e
distritos, obras de singular construção,
espaços abertos e elementos do sitio;
Mobiliário e Equipamentos: mobiliário,
costume, armas e munições,
insturmentos de medição, recipientes,
dispositivo de som, artefatos recreativos,
veículos de transporte; Comunicação
visual e verbal: visual works, formulários
de informação, troca de mídias.
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
Uma característica que chama a atenção no AAT é que, de acordo com o
descrito na introdução, o mesmo suporta multilinguismo, ou seja, que os termos e
notas de escopo podem ser escritos e sinalizados em múltiplos idiomas. Isto é muito
importante, já que facilita muito a utilização do tesauro por parte de usuários que não
tem conhecimento do idioma inglês.
49
No que diz respeito ao formato de saída apresentado, o AAT apresenta um
formato sistemático, organizado hierarquicamente por facetas, não de forma
alfabética. As Figuras 2, 3 e 4 exemplificam isto.
Figura 2 - Formato de saída no AAT
Fonte: Art & Architectur Thesaurus
Nesta figura observa-se a saída hierárquica de facetas, das mais genéricas
para as mais específicas.
50
Figura 3 - Disposição de um termo específico no AAT
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
Quando parte-se de um termo específico (no caso acima, o termo “people”),
aparecem na página às facetas genéricas as quais o termo pertence (“Agents
Facets”), além de outras informações como nota, o nome da faceta em outras
línguas (espanhol, alemão), o código da faceta, a posição do termo na hierarquia
facetada e notas adicionais.
51
Figura 4 - Saída hierárquica das facetas
Fonte: Art & Architectura Thesaurus
Na Figura 4, observa-se a saída hierárquica das facetas, partindo das mais
genéricas para as mais específicas, só que diferentemente do observado na Figura
2, que mostra o tesauro no todo, aqui observam-se somente as facetas relacionadas
ao termo “people”.
O AAT está vinculado à base de dados The Getty Research Institute, que
pertence ao Getty Center, assim como alguns vocabulários controlados que também
se encontram disponíveis no site do Instituto.
52
Aspectos Terminológicos
No que diz respeito aos aspectos terminológicos, o AAT apresenta as
seguintes variáveis: termos na forma substantivada; adoção do singular;
qualificadores; notas explicativas e função das mesmas.
Mas antes de explicar as características destas variáveis especificamente, há
de abordar-se uma característica diferencial que o AAT possui, e que como será
possível notar mais adiante, os demais tesauros analisados não. Todos os termos
contidos no AAT possuem as chamadas bandeiras, representadas por letras
maiúsculas entre parênteses. Existem por exemplo:
Bandeiras históricas, que indicam se o termo é atual ou histórico;
C = atual
H = histórico
B = atual e histórico
U = desconhecido
NA = não aplicável
Bandeira vernacular, que indicam se o termo está em língua vernácula;
V = vernacular
O = outros
U = indeterminado
As bandeiras listadas abaixo tem por função indicar a categoria gramatical
dos termos, o que denota a presença de termos na forma substantivada. As
bandeiras que distinguem um do outro são:
53
U = indeterminado
N = substantivo
PN = substantivo plural
SN = substantivo singular
B = substantivo singular e plural
PP = particípio passado
VN = substantivo verbal/gerúndio
A = adjetivo possessivo
NA = não aplicável
Seguem exemplos na Tabela 2:
Tabela 2 - Termos na forma substantivada no AAT
Termos Função gramatical
Solution (SN) SN = substantivo singular
Veneer (N) N = substantivo
Fresco Paper (PN) PN = substantivo plural
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
No que se refere a variável adoção do singular ou plural, o tesauro analisado
adota, na maioria dos casos, o plural para os descritores. Na existência das formas
plural e singular para o mesmo termo, dá-se preferência ao termo no plural,
indicando como descritor suplente o singular.
D = descritor
AD = descritor suplente
UF = utilizado para o termo, sinônimos de sinalização que não são descritores
ou alternativos.
54
A Tabela 3 ilustra.
Tabela 3 - Termos que adotam a forma singular no AAT
Forma no singular Still life- AD
Forma no plural Still lifes
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
Neste caso, a forma singular still life é sinalizada com um AD, indicando que é
um descritor suplente.
O qualificador, como já foi descrito no referencial teórico deste estudo, é
utilizado para diferenciar homônimos, que são termos que possuem a mesma grafia,
mas significados diferentes. No AAT, de acordo com o especificado na introdução do
mesmo, o qualificador é armazenado em um campo separado, mas para os usuários
finais, é exibido entre parênteses. O qualificador, no caso do AAT, pode se referir a
um contexto mais amplo do termo ou a uma característica importante e diferencial. A
Tabela 4 ilustra.
Tabela 4 - Termos qualificadores no AAT
Termo (Qualificador) Significado
Drums (walls) “Walls by location or context”
Drums (column components) “Shafts components”
Drums (membranophones) “Sound devices by acoustical
characteristics”
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
As notas explicativas do AAT descrevem o significado do termo. De acordo
com o explicitado na introdução do AAT, muitos dos termos incluem tópicos
explicando o contexto, significado e uso do conceito e seus termos. A maioria das
notas explicativas do AAT está escrita em inglês, mas em alguns casos traduções
dessas notas em outras línguas estão incluídas. A seguir, exemplo de nota
explicativa na Tabela 5.
55
Tabela 5 - Nota explicativa no AAT
Termo Nota explicativa
Still lifes Note: Images in which the focus is a
depiction of inanimate objects, as
distinguished from art in which such
objects are subsidiary elements in a
composition. The term is generally
applied to depictions of fruit, flowers,
meat or dead game, vessels, eating
utensils, and other objects, including
skulls, candles, and hourglasses,
typically arranged on a table. Such
images were known since the time of
ancient Greece and Rome; however, the
subject was exploited by some 16th-
century Italian painters, and was highly
developed in 17th-century Dutch
painting, where the qualities of form,
color, texture, and composition were
valued, and the images were intended to
relay allegorical messages. The subject
is generally seen in oil paintings, though
it can also be found in mosaics,
watercolors, prints, collages, and
photographs. The term originally
included paintings in which the focus was
on living animals at rest, although such
depictions would now be called "animal
paintings."
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
56
Aspectos sobre as relações entre os conceitos
No que se refere aos aspectos sobre as relações entre os conceitos, o AAT
apresenta todas as variáveis: relação de equivalência e símbolo; relação hierárquica
e símbolo; relações direta e indireta, e relação associativa, natureza e símbolo.
A relação de equivalência ocorre no AAT, mas os símbolos utilizados nela não
estão totalmente de acordo com as normas e com o que a literatura da área indica.
Dentro deste contexto, as relações de equivalência são relações que indicam
sinonímia, e utiliza os símbolos USE e UP (usado para) ou UF (used for, em inglês).
De acordo com Currás (1995) o símbolo USE indica o descritor ou termo preferido,
que é o escolhido entre vários termos sinônimos ou quase sinônimos. E o símbolo
UP indica o termo equivalente ou não preferido. Como é possível constatar na
Tabela 6, o símbolo USE não aparece, e sim o D, indicando o termo preferido ou
descritor. O símbolo UF está sendo usado de forma correta, por isto considera-se
que a relação existe.
Tabela 6 - Relação de equivalência no AAT
Relação de equivalência Símbolo
Third Style (D)
Style III (UF)
D = descriptor
UF = used for
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
57
A relação hierárquica se faz presente no AAT, como registra a Tabela 7.
Tabela 7 - Relação hierárquica no AAT
Relação Hierárquica Símbolo
Red Figure (G)
Ornate Style
G = genus/species relationship
Fonte: Art & Architecture
Neste caso, o termo Red Figure é termo genérico de Ornate Style. Por sua
vez, Ornate Style é termo específico de Red Figure. Mas como é possível apreciar
no exemplo acima, o único símbolo presente nesta relação é o G, que indica que se
trata de uma relação de gênero/espécie. Normalmente, e segundo as normas
estudadas, a relação deve valer-se dos dois símbolos, TG e TE, que indicam tanto o
termo genérico quanto o termo específico na relação. De qualquer forma, considera-
se a relação existente.
As relações direta e indireta também estão presentes no AAT, sendo
ilustradas na Tabela 8.
Tabela 8 - Relações direta e indireta no AAT
Styles and periods by general era
Ancient Relação Direta
Relação Prehistoric
Indireta
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
58
A relação associativa está presente no AAT, mas a mesma não apresenta
símbolo indicativo, como registra a Tabela 9.
Tabela 9 - Relação associativa no AAT
Termo Relação associativa Natureza
Postage Stamps Related concepts = Philately
(refere-se ao campo de
estudo ou prática)
Objeto/disciplina de
estudo
Fire Protection Systems Related concepts = Fire
Prevention (refere-se à
atividade)
Instrumento/processo
Radio (Telecommunication
Systems) (refere-se ao
Sistema de
telecomunicação no qual os
sinais sonoros e
códigos são
transmitidos através do
espaço sem fios por meio
de
ondas electromagnéticos
de radiofrequência)
Related concepts = Radio
Receivers
(Telecommunication
Systems Components)
Todo/parte
Fonte: Art & Architecture Thesaurus
Neste caso, apresenta-se o termo e abaixo os termos relacionados a ele,
Related Concepts.
4.1.2 Lista de Términos Museológicos de Arte.
A Lista de Términos Museológicos de Arte (LTMA), pertence ao Catálogo
Coletivo Acceder, uma Rede de Conteúdos Digitais do Patrimônio Cultural do
Ministério de Cultura, do Governo da Cidade de Buenos Aires, Argentina. De acordo
59
com informações obtidas no site do Catálogo Coletivo (site Catálogo Coletivo
Acceder, 2012), este funciona como um instrumento estratégico, formado pela
convergência de diversas bases de dados de instituições culturais de Buenos Aires,
possibilitando à população o acesso gratuito ao patrimônio cultural, garantindo a sua
preservação para as gerações futuras e incentivando a inclusão social e a formação
de novos públicos. Na atualidade o catálogo possui 690.222 registros e 149.295
objetos digitais, e tem como meta catalogar e digitalizar todo o patrimônio cultural
pertencente ao Ministério da Cultura. A atualização dos conteúdos é contínua, e
permite localizar informação sobre obras de arte, mobiliário, livros, personalidades,
documentos, fotografias, filmes, entre outros formatos. Especialistas explicam que a
maior dificuldade do projeto é normalizar diferentes bases de dados, já que as
diferentes instituições participantes têm desenvolvido bases de dados ou arquivos
próprios, em diferentes épocas e de acordo com suas possibilidades. Portanto, uma
enorme variedade de sistemas deve ser integrada a uma única aplicação de gestão
documental.
Aspectos Gerais
Em relação aos aspectos gerais analisados, a LTMA apresenta as seguintes
variáveis: formatos de saída e vinculação a uma base de dados.
No que diz respeito à introdução, a Lista não possui uma introdução
propriamente dita. Possui um link que leva a uma página em que são listados alguns
dados como endereço eletrônico; o idioma; a data de criação da lista, dia 21 de
fevereiro de 2006; as palavras chaves, sendo elas artes, técnicas artísticas, escolas
artísticas e materiais; o tipo de linguagem, tesauro estruturado; e a cobertura do
mesmo, indicada como sendo a descrição de bens culturais. Além disto, especifica-
se abaixo que a Lista possui 7053 termos; 8052 relações entre os termos e 881
termos não preferidos. Identifica-se ainda, como autor da Lista o Governo da Cidade
de Buenos Aires, Ministério da Cultura, no seu Programa de Tecnologias Aplicadas
à Cultura.
Os formatos de saída apresentados são dois: sistemático e o alfabético-
estruturado. No formato de saída sistemático, a Lista encontra-se dividida em três
grandes classes: Escolas, Técnicas e Materiais, consideradas TG. Na classe Escola,
encontram-se as definições do termo escola, segundo a Real Academia Espanhola
60
de Letras e o The Art & Architectura Thesaurus, e destaca-se o significado da
sentença “escolas por localização geográfica.” Além disto, definem-se os critérios de
organização dos termos, critérios relacionados à nomenclatura utilizada, e critérios
de referência geográfica adotados. Listam-se posteriormente, as notas bibliográficas
e todos os TE subordinados à classe Escola. As demais classes, Materiais e
Técnicas seguem a mesma estrutura de apresentação, com as definições de ambos
os termos, as notas bibliográficas e os TE que se subordinam a respectiva classe,
mas sem especificar nenhum tipo de critério de organização ou da nomenclatura dos
termos. Já o formato de saída alfabético-estruturado, apresenta a quantidade de
termos que cada letra possui, e mostra a seguinte estrutura de campos:
Tabela 10 - Saída alfabética-estruturada da LTMA
Descritor
Notas explicativas
Nota Bibliográfica
UP
TG
TE
TR
Fonte: LTMA
No que diz respeito à variável relação a uma base de dados, a Lista está
vinculada ao Catálogo Coletivo Acceder, que como já foi registrado anteriormente,
pertence à Rede de Conteúdos Digitais do Patrimônio Cultural do Ministério de
Cultura do Governo da Cidade de Buenos Aires.
Aspectos Terminológicos
Com relação aos aspectos terminológicos, a Lista apresenta a maioria das
variáveis: termos na forma substantivada; adoção do singular; identificadores, e
notas explicativas, as quais possuem a função de informar sobre o significado do
descritor.
61
Os termos na forma substantivada são adotados ao longo de toda a Lista, em
duas formas: [substantivo + adjetivo] e [substantivo + preposição + substantivo].
Identificam-se os exemplos na Tabela 11.
Tabela 11 - Termos substantivados da LTMA
[substantivo + adjetivo]
Cal viva
Cine mudo
Hormigón permeable
[substantivo + preposição +
substantivo]
Botones de madera
Chapa de alumínio
Ladrillo de techo
Fonte: LTMA
No que se refere à adoção dos termos no singular, durante o estudo das
normas que norteiam este estudo, identificou-se que as mesmas determinam que,
os termos devem aparecer sempre no singular, exceto quando um termo nomeia um
conceito abstrato representando uma classe com mais de um membro. Neste caso,
o nome da classe deve ser expresso no plural. Conforme exposto na Tabela 12, esta
Lista obedece às normas neste quesito.
Tabela 12 - Termos que adotam a forma singular na LTMA
Formas no singular Adhesivo de base acuosa
Óxido férrico
Formas no plural Adhesivos
Óxidos
Fonte: LTMA
De acordo com o já discutido no referencial teórico deste estudo, o
identificador é aquele termo que representa conceitos individuais, como instituições,
planos, projetos. Levando isto em consideração, foi possível identificar na Lista
vários termos identificadores, mas os mesmos não se apresentam em lista anexa,
como determinam as normas. No Tabela 13, exemplos de identificadores.
62
Tabela 13 - Identificadores da LTMA
Identificadores
Taller de Nicolás de Verdún (Associação de Escultura Francesa)
Taller Libre de Arte – (Associação artística da Venezuela)
Wiener Aktionsgruppe (grupo de artistas alemães de 1985)
Proletkult (Movimento de Organização da Cultura Proletária soviética dos anos 20)
Fonte: LTMA
As notas explicativas também foram identificadas na Lista, sendo que neste
caso, são utilizadas somente com a função de informar o significado do descritor. As
notas não aparecem com nenhum nome nem identificação; apenas apresenta-se a
definição explicando o significado do termo. Segue abaixo o exemplo, na Tabela 14.
Tabela 14 - Nota explicativa na LTMA
Nota Explicativa (com a função de
explicar o significado)
SAJELADO – “Procedimiento de
preparación de la arcilla para lograr una
mezcla correcta de material expulsando
las burbujas de aire existente. La masa
se parte en dos y se golpea.”
Fonte: LTMA
Abaixo da definição, apresenta-se uma nota bibliográfica indicando a
procedência da definição do termo.
Aspectos sobre as relações entre conceitos
No que diz respeito às relações entre os conceitos, a Lista apresenta as
seguintes variáveis: relação de equivalência e símbolo; relação hierárquica e
símbolo; relações diretas e indiretas; e relação associativa, símbolo e natureza.
No que se refere a relação de equivalência na LTMA, não são utilizados os
dois símbolos USE/UP como deveria, para indicar o termo preferido e seu
equivalente. Apenas é utilizado o termo UP, como especificado na Tabela 15.
Considera-se a existência da relação, mas com ressalvas.
63
Tabela 15 - Relação de equivalência na LTMA
Relação de equivalência Símbolo utilizado
Vidrio Opal UP Opalina (no termo
Opalina, a Lista remete novamente para
o termo Vidrio Opal)
UP (usado para)
Encastillado UP Encajetado
UP Enhornado
UP (usado para)
Fonte: LTMA
No que se refere à relação hierárquica, a mesma é utilizada de forma correta
e dentro das normas, com a utilização dos dois (2) símbolos, TG e TE. Na Tabela
16, o exemplo ilustra.
Tabela 16 - Relação hierárquica na LTMA
Relação hierárquica Símbolos
Litografia sobre metal TG Litografia
Litografia TE Litografia sobre metal
TG (Termo genérico) e TE (Termo
específico)
Fonte: LTMA
No que diz respeito às relações direta e indireta, a Lista apresenta as duas,
ilustradas na Tabela 17.
Tabela 17 - Relações direta e indireta na LTMA
Ladrillo
TE Ladrillo horneado relação direta
relação TE Ladrillo hueco
indireta
Fonte: LTMA
64
Já no que se refere às relações associativas, sabe-se que a natureza das
mesmas pode alcançar uma tipologia muito diversa, levando em consideração que,
as relações associativas são muitas vezes definidas como toda relação que não é
hierárquica. Deste modo, o número e a natureza de relações associativas dentro de
um tesauro podem chegar a ser infinitos. Neste caso em particular, alguns dos tipos
de natureza da relação associativa identificada na Lista foram os de
matéria/processo e matéria/técnica, como ilustrado a seguir na Tabela 18.
Tabela 18 - Relação associativa na LTMA
Relação associativa Natureza da relação Símbolo
Piedra
TR Petroglifo
Matéria/técnica TR (Término relacionado)
Metal
TR Oxidación
Matéria/processo TR (Término relacionado)
Fonte: LTMA
4.1.3 Materials Thesaurus. British Museum.
De acordo com informações históricas obtidas no site da instituição (site
British Museum, 2012) o British Museum teve sua origem graças à vontade do
médico, naturalista e colecionador, Sir Hans Sloane (1660- 1753). Sloane chegou a
coletar mais de 71.000 objetos, entre livros, manuscritos, espécimes naturais,
antiguidades (moedas e medalhas), gravuras, desenhos e material etnográfico. Após
sua morte, Sloane deixou sua coleção ao Rei George II, com o objetivo de que a
mesma fosse preservada, para a nação. O presente foi aceito, e em 7 de junho de
1753 uma Lei do Parlamento Britânico estabeleceu o Museu Britânico. Este abriu
suas portas ao público em 1759, instalado primeiramente em uma mansão do século
XVII, Montagu House, em Bloomsbury, com entrada gratuita. Hoje, o Museu atende
aproximadamente 6 milhões de pessoas por ano.
Graças ao interesse demonstrado por especialistas em documentação, surge
a necessidade de elaborar e publicar o Materials Thesaurus (MT). Este inclui uma
variedade enorme de termos, devido ao interesse e trabalho direcionado em
documentar todas as coleções de qualquer parte do mundo, de diversas culturas e
65
períodos históricos que se encontram no acervo do British Museum, e que englobam
diversos tipos de objetos.
Aspectos Gerais
Com relação aos aspectos gerais, o MT possui todas as variáveis: introdução;
formato de saída; vinculação a uma base de dados e apresenta a possibilidade de
propor novos termos.
Antes da introdução propriamente dita, o Thesaurus apresenta um prefácio do
editor, datado de 1997, que destaca a importância da elaboração desta ferramenta
para o British Museum. Já na introdução, define-se um tesauro e explica-se
brevemente como o MT foi elaborado a partir da compilação de termos de índices
gerados por registros informáticos, criados usando documentação curatorial e os
próprios objetos. Ressalta-se ainda que, a lista final não é concebida como uma
classificação científica, mas como um reflexo da terminologia atual e histórica, em
uso nos departamentos de curadoria do British Museum. No final da introdução,
expõem-se ainda a estrutura e conteúdo do Thesaurus, as fontes consultadas e os
agradecimentos.
Os formatos de saída apresentados são dois: sistemático e alfabético-
estruturado. No formato sistemático, o Thesaurus encontra-se dividido em três (3)
grandes classes mutuamente exclusivas: Orgânico, Inorgânico e Material
Processado. As classes aparecem denominadas no Thesaurus como Top Term (TT)
e definidas como o “termo no mais alto nível possível na hierarquia” (site Materials
Thesaurus, 2012). Define-se a seguir cada classe e uma pequena estrutura mostra
as principais categorias nas quais as mesmas se encontram subdivididas.
66
Tabela 19 - Grandes classes e categorias do MT
ORGANIC: animal hydrocarbon
oil soil
soot vegetal
INORGANIC: aggregate lime mineral
sand soil stone
water
PROCESSED MATERIAL: aniline ash cement/plaster ceramic daub dough glass
leather lime marzipan niello paper pastry potash
silver chloride silver nitrate slag synthetic textile urucu wax whitepaste
Fonte: Materials Thesaurus
67
O formato alfabético-estruturado adota a seguinte estrutura dos campos:
Tabela 20 - Estrutura de campos do formato de saída do MT
PT: Preferred Term (Termo preferido)
NP: Non-Preferred Term (Termo não-preferido)
BT: Broad Term (Termo amplo ou genérico)
NT: Narrow Term (Termo específico)
RT: Related Term (Termo relacionado)
TT: Top Term (Termo Inicial ou Faceta)
TT: Temporary Term (Termo Temporário – termo que aguarda possível incorporação no Thesaurus)
Scope Note (Notas explicativas)
Fonte: Materials Thesaurus
Quanto à vinculação do Thesaurus a uma base de dados, o mesmo está
vinculado à base de dados do British Museum.
No que diz respeito a variável possibilidade de propor novos termos, fica claro
ainda na introdução do Thesaurus, que novos termos, identificados como Termos
Temporários, podem ser configurados na entrada de dados, para serem analisados
e discutidos, e se adequados, adicionados ao Thesaurus posteriormente. Mas estes
novos termos somente podem ser incorporados pelos pesquisadores e a equipe de
trabalho encarregada, o que significa que esta possibilidade não é aberta ao público
que utiliza o Thesaurus.
68
Aspectos Terminológicos
No que se refere aos aspectos terminológicos do Thesaurus, o mesmo possui
as seguintes variáveis: termos na forma substantivada; adoção do singular; notas
explicativas e função destas.
Os termos na forma substantivada no MT, apresentam-se sem preposição, ao
contrário do que acontece na LTMA. Do mesmo modo, a maior parte dos termos
fazem referência a conceitos concretos, como objetos e suas partes, ou materiais.
Não existe a presença de adjetivos substantivados. A seguir,a Tabela 21 ilustra.
Tabela 21 - Termos na forma substantivada no MT
Orchid root Objeto/parte
Acacia Wood Materiais
Fonte: Materials Thesaurus
Quanto à adoção do singular, o que acontece no MT é que aqui todos os
termos aparecem somente no singular, e isto já fica esclarecido na introdução, ao
contrário do que foi constatado na LTMA. A Tabela 22 ilustra.
Tabela 22 - Termos que adotam a forma singular no MT
Formas no singular
Orchid stem
Manioc flour
Elk antler
Fonte: Materials Thesaurus
Existe a presença de notas explicativas, mas as mesmas não são indicadas
como deveriam (Scope Notes). Aparecem diretamente abaixo dos termos, e
possuem a função de informar sobre o significado dos mesmos, ou orientar a
indexação, restringindo o uso de um termo em determinado contexto. Seguem
exemplos nas Tabelas 23 e 24.
69
Tabela 23 - Nota explicativa no MT (com função de explicar o significado)
MARIGOLD – The terms refers to the flower.
Fonte: Materials Thesaurus
Tabela 24 - Nota explicativa no MT (com função de orientar a indexação)
SKIN – The term should not be used for skin with hair.
Fonte: Materials Thesaurus
Aspectos sobre as relações entre conceito
No que diz respeito aos aspectos das relações entre os conceitos do MT, este
apresenta todas as variáveis: relação de equivalência e símbolo; relação hierárquica
e símbolo; relação direta e indireta e relação associativa, natureza e símbolo.
No que se refere à relação de equivalência e símbolo, acontece algo similar
ao que acontece na LTMA. Como já foi registrado anteriormente, este tipo de
relação que indica sinonímia, utiliza dois símbolos, USE e UP. Devido ao fato de que
este Thesaurus encontra-se em língua inglesa, os símbolos utilizados seriam USE e
UF (used for). Mas isto não acontece aqui; utiliza-se somente o símbolo USE; o
símbolo UF não é utilizado. O símbolo NP (non-preferred term) indica o termo não-
preferido, e o símbolo PT (preferred term) indica o termo preferido. Considera-se por
isto, que a relação existe no tesauro. A seguir, a Tabela 25 ilustra.
Tabela 25 - Relação de equivalência no MT
Relação de equivalência Símbolo
ANIMAL FIBRE NP Use ANIMAL
PT ANIMAL
Use
NP
PT
Fonte: Materials Thesaurus
70
A relação hierárquica apresenta-se no Thesaurus dentro das normas, e com
seus respectivos símbolos, neste caso BT (Broad Term) e NT (Narrow Term), por ser
um tesauro de língua inglesa. Segue o exemplo que ilustra a relação.
Tabela 26 - Relação hierárquica no MT
Relação hierárquica Símbolos
Mammal Tooth BT Tooth
Tooth NT Mammal Tooth
BT (Broad Term ou Termo genérico) e
NT (Narrow Term ou Termo específico)
Fonte: Materials Thesaurus
As relações direta e indireta apresentam-se também de forma correta dentro
do Thesaurus. Na Tabela 27, o exemplo.
Tabela 27 - Relações direta e indireta no MT
Animal
NT1 Animal Fat Relação direta
Relação NT2 Animal Oil
indireta
Fonte: Materials Thesaurus
71
A relação associativa também acontece de forma correta, com a presença do
símbolo RT (Related Term), termo relacionado em inglês.
Tabela 28 - Relação associativa no MT
Relação associativa Natureza Símbolo
Mortar RT Calcium Carbonate
Produto/matéria RT (Related Term- Termo
relacionado)
Paper RT Papyrus (se refere a
substância preparada a
partir do caule do papiro)
Produto/matéria RT (Related Term- Termo
Relacionado)
Fonte: Materials Thesaurus
A natureza da maior parte das relações associativas que acontecem no MT é
de natureza produto/matéria, como pode ser visto no quadro acima. Apresenta-se a
seguir, a síntese geral da análise.
72
4.2 Síntese da Análise
Aqui se relata o diagnóstico geral dos tesauros analisados, objetivando
oferecer um panorama, destacando o nível de comprometimento das instituições
envolvidas com as normas que determinam as diretrizes para a elaboração destas
ferramentas.
Os quadros especificados abaixo relacionam todas as variáveis de análise
adotadas, de cada um dos tesauros analisados. Identifica-se como tesauro 1 o Art &
Architecture Thesaurus; tesauro 2 a Lista de Términos Museológicos de Arte, e
tesauro 3 o Materials Thesaurus.
Tabela 29 - Variáveis de análise: aspectos gerais
Aspectos Gerais Tesauro 1 Tesauro 2 Tesauro 3
Possui introdução? X ________ X
Formatos de saída
apresentados
X X X
Está vinculado a uma base
de dados?
X X X
Há possibilidade de propor
novos termos?
_________ ________ X
Fonte: Autoria própria
Tabela 30 - Variáveis de análise: aspectos terminológicos
Aspectos Terminológicos Tesauro 1 Tesauro 2 Tesauro 3
Termos na forma
substantivada?
X X X
Adoção do singular? X X X
Qualificadores? X ________ ________
Lista de Identificadores? _________ X ________
Lista de
Especificadores/Modificadores?
_________ ________ ________
Notas explicativas? X X X
Função das notas explicativas? X X X
Fonte: Autoria própria
73
Tabela 31 - Variáveis de análise: aspectos sobre relação entre conceitos
Aspectos sobre a relação
entre conceitos
Tesauro 1 Tesauro 2 Tesauro 3
Relação de equivalência e
símbolo
X X * X
Relação hierárquica e símbolo X X X
Relação direta X X X
Relação indireta X X X
Relação associativa, símbolo
e natureza
X X X
Fonte: Autoria própria
*relação existente, mas com ressalvas.
Após a análise individual dos tesauros pode-se observar que o AAT e o MT
são os tesauros mais completos, que apresentam o maior número de variáveis e
que, portanto, acompanham as diretrizes indicadas como necessárias para a
construção de um tesauro. A LTMA fica logo atrás, com uma variável a menos que
os demais.
Considerando os aspectos gerais, constata-se que a variável introdução está
presente em dois dos tesauros analisados. Em ambos apresenta-se de forma clara,
contando com dados históricos e estruturais dos tesauros, dados sobre a elaboração
dos mesmos e até definições da ferramenta de recuperação da informação. No que
se refere aos formatos de saída, o sistemático e o alfabético-estruturado são os mais
adotados. No caso específico do AAT, o formato é sistemático, mas encontra-se
organizado hierarquicamente por facetas e não de forma alfabética. Com relação a
variável vinculação a uma base de dados, todos os tesauros encontram-se
vinculados a base de dados da instituição as quais pertencem. Entende-se que se
tratando o tesauro de um instrumento construído para auxiliar a indexação de
documentos em bases de dados, não estar os tesauros vinculados a uma base,
inutilizaria as funções dos mesmos. Quanto à possibilidade de propor novos termos,
somente um tesauro ofereceu esta possibilidade. Acredita-se que isto se deva ao
fato de que, trata-se de tesauros especializados em uma área do conhecimento
74
específica, e que, portanto, a possibilidade de propor novos termos seja reservada
somente a especialistas da área.
No que diz respeito aos aspectos terminológicos, as variáveis termos na
forma substantivada e adoção do singular estão presentes em todos os tesauros
analisados, o que os coloca dentro das normas estabelecidas para elaboração desta
ferramenta. Constatou-se a presença de termos qualificadores apenas em um dos
tesauros, encontrando-se os mesmos armazenados em um campo separado, e
exibidos para os usuários finais entre parêntesis. Portanto, cumprem as normas. No
que se refere aos termos identificadores, também foram identificados somente em
um dos tesauros, mas neste caso os mesmos não se encontravam em uma lista
anexa, como ditam as normas. Listas de termos especificadores/modificadores não
foram encontradas em nenhum dos tesauros analisados, portanto entende-se que,
nenhum dos tesauros cumpre as normas neste quesito. Já as notas explicativas
estiveram presentes em todos os tesauros. Em dois deles as notas possuem a
função de informar sobre o significado dos termos e orientar a indexação (no AAT e
no MT), e também em dois deles as notas não aparecem nomeadas, nem
apresentam algum tipo de identificação (LTMA e MT).
No que se refere aos aspectos sobre as relações entre os conceitos todas as
relações estão presentes em todos os tesauros analisados, mas com ressalvas em
alguns casos em relação aos símbolos utilizados para representá-las. Na relação de
equivalência, o indicado pelas normas é a utilização dos símbolos USE/UP para
indicar o descritor e o termo não preferido respectivamente. Em nenhum dos
tesauros analisados os dois símbolos foram utilizados juntos, mas de qualquer forma
considera-se a relação como existente em todos eles. Nas relações hierárquicas
acontece algo semelhante; um dos tesauros analisados não apresentou os dois
símbolos indicados pelas normas, TG e TE, para indicar o termo genérico e o
específico respectivamente. Mas a relação existe de qualquer modo. As relações
direta e indireta acontecem em todos os tesauros, sem nenhuma ressalva. As
relações associativas também acontecem em todos os tesauros analisados, o que
difere é a natureza das mesmas, podendo ser encontradas naturezas do tipo
matéria/técnica; matéria/processo; objeto/disciplina de estudo; instrumento/processo;
todo/parte e produto/matéria, indicando a infinidade de tipos de natureza passíveis
de existência dentro de um tesauro.
75
5 CONCLUSÃO
Este estudo possibilitou a obtenção de uma visão muito mais aprofundada e
crítica relacionada à área da Biblioteconomia, assim como à Museologia, e um
grande aumento no conhecimento destas.
Entende-se que o conhecimento pleno das Normas ISO 2788-1974 e
ANSI/NISO Z39.19-2005, norteadoras da pesquisa, é fundamental para a
elaboração, desenvolvimento, implementação e análise adequadas de um tesauro.
Após analisar cada um dos objetos de estudo, percebe-se que todos eles
desempenham na medida do possível um papel adequado na organização e
recuperação da informação, dentro do contexto no qual estão inseridos. Alguns
tesauros possuem algumas características diferenciadas, mas isto não faz dos
demais tesauros analisados, inadequados ou incorretos. Muitas vezes na prática, as
normas não se aplicam com tanto afinco, já que é no trabalho diário que é possível
observar a funcionalidade das ferramentas, e o quanto estas auxiliam realmente o
usuário, ou não.
Conclui-se, portanto, que internacionalmente, a Museologia, mais
especificamente o campo dos Museus de Arte, conta com ferramentas que auxiliam
na organização e recuperação adequadas da informação. Portanto, a
implementação de tesauros nesta área no Brasil seria de grande valia para o
desenvolvimento do campo de estudos, tanto da Museologia quanto da Ciência da
Informação. Para isto, seria necessário o apoio de diversas instituições e por que
não, do próprio Governo, já que isto acarretaria no desenvolvimento cultural e no
aumento do valor dos serviços ofertados à população. Tomar como exemplo as
iniciativas estudadas aqui pode ser um primeiro passo para isso.
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REFERÊNCIAS
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