TCC CÓPIA UNIP - PARA ENTREGA 20 DEZ

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – I.C.S. GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Adriana Almeida Azambuja Gabriela Sousa Gonçalves Rosane Barreto Cardoso Silmara Filomena Negrão Rybzinski Pinto TERAPIA COMUNITÁRIA: UM NOVO DESAFIO PARA O ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL São José dos Campos – SP 2007

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – I.C.S.

GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Adriana Almeida Azambuja Gabriela Sousa Gonçalves Rosane Barreto Cardoso

Silmara Filomena Negrão Rybzinski Pinto

TERAPIA COMUNITÁRIA: UM NOVO DESAFIO PARA O ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL

São José dos Campos – SP 2007

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Adriana Almeida Azambuja Gabriela Sousa Gonçalves Rosane Barreto Cardoso

Silmara Filomena Negrão Rybzinski Pinto

TERAPIA COMUNITÁRIA: UM NOVO DESAFIO PARA O ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL

Projeto apresentado como parte dos requisitos para a conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem oferecido pela Universidade Paulista, campus São José dos Campos, sob orientação da Prof. MSc. Ana Lúcia Braz Rios Pereira e co-orientação do Prof.. Dr. Ricardo Ruiz Martuci.

São José dos Campos – SP 2007

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Adriana Almeida Azambuja Gabriela Sousa Gonçalves Rosane Barreto Cardoso

Silmara Filomena Negrão Rybzinski Pinto

TERAPIA COMUNITÁRIA: UM NOVO DESAFIO PARA O ENFERMEIRO EM SAÚDE MENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Enfermagem oferecido pela Universidade Paulista de São José dos Campos, como requisito à obtenção do título de Graduação em Enfermagem, aprovado com conceito [ ].

São José dos Campos (SP), de de 2007.

___________________________________________ Professor Orientador MSc. Ana Lúcia Braz Rios Pereira

___________________________________________ Prof. Enf. Nelsina Benedita do Carmo

__________________________________________

Prof. Enf.Silvana Aparecida dos Santos

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Dedicamos esta pesquisa a todos os educadores que contribuíram, direta ou indiretamente, com suas ações e observações, incentivando-nos a aprimorar os estudos e refletir sobre o papel que devemos desempenhar nos próximos anos.

Aos nossos familiares, que nos encorajaram e

incentivaram apoiando-nos nos momentos difíceis e em especial aos nossos pais e companheiros que, através de seus conhecimentos e sabedorias, demonstram que num simples olhar de compreensão existe uma lição a ser aprendida.

“Que passem os anos... Mas não passem nossos

ideais.“

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AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos

À Deus, pela sua presença constante em nossas vidas, sem que precisássemos pedir. Pelo auxílio em nossas escolhas e conforto nas horas difíceis, por todas as bênçãos que nos concedeu que muitas pessoas chamam de sorte ou de coincidência.

À Universidade Paulista pela oportunidade de

engrandecer nossos conhecimentos.

À Coordenadora do curso de Enfermagem Enf. Prof. Stela Márcia Draib Gervásio, por sua colaboração e presença durante nossa formação acadêmica.

À Professora MSc. Ana Lúcia Braz Rios

Pereira “que quando deveria ser simplesmente professora, foi mestre, que quando deveria ser mestre, foi amiga e em sua amizade nos compreendeu e nos incentivou a seguir nosso caminho". Que nos deu uma atenção individualizada num momento de tantas pressões, como

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um presente pessoal.

Nossa gratidão ao Prof. Dr. Ricardo Ruiz Martuci, por sua co-orientação, suas valiosas críticas e grande apoio durante o processo desta pesquisa, especialmente pela correção deste trabalho.

À Filomena Gorgulho, bibliotecária da instituição,

pela sua atenção, auxílio, orientação e paciência na realização deste trabalho.

As escolhas têm seu preço e um pesquisador, mesmo

que aprendiz, normalmente se distancia dos familiares e amigos. Agradecemos, por toda a paciência de nossas famílias, nos diversos momentos desta árdua pesquisa, sempre presentes, compreendendo nossa ausência e nos fazendo acreditar que tudo é possível.

À minha mãe Lourdes e a minha tia Lásara, que

com muito carinho e apoio não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida, e a minha família que sempre me apoiou, me ajudou e me incentivou

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em tudo.

Agradeço ao meu marido João Paulo, todo amor, carinho, compreensão, paciência e respeito.

Gabriela Sousa Gonçalves

Ao meu marido Alexandre Magno Pinto e aos meus filhos Mila Roberta e Lucas Rybzinski, porque souberam tolerar e compreender o meu estranho mau humor em determinados momentos desta pesquisa, com sabedoria. "O amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em olhar juntos para a mesma direção." (Saint-Exupéry). Amo vocês.

Silmara F. N. Rybzinski Pinto Aos colegas que não se deixaram levar pelas pressões

e contribuíram uns com os outros, para a realização de cada um dos projetos, sendo possível viver momentos de confraternização e celebração juntos.

Esta experiência foi e será inesquecível na vida de todos que se empenharam, dedicando seu tempo e paciência para que o objetivo fosse alcançado.

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“Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre,

mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações”.

Vinícius de Moraes

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RESUMO

Referência Bibliográfica – Azambuja A A, Gonçalves G S, Cardoso R B, Pinto S F N

R, Pereira A L B R, Martuci R R. “Terapia Comunitária: Um Novo Desafio para o

Enfermeiro em Saúde Mental”.

A terapia comunitária é um novo instrumento que age na prevenção e

na promoção da saúde mental, atuando na valorização das experiências da

comunidade, dando a ela subsídios para tentar superar as suas próprias

dificuldades. O tratamento está centrado não só nos pacientes com distúrbios, mas

principalmente na prevenção da doença mental na comunidade, diminuindo o

aparecimento, duração e incapacidade residual de um problema mental. O papel do

enfermeiro neste contexto é muito importante ao se capacitar para atuar de maneira

positiva e útil nas atividades desempenhadas dentro da terapia comunitária e assim

efetivamente colaborar na prevenção dos problemas apresentados. Embora em

algumas cidades brasileiras como São Paulo, Sobral, Londrina e Fortaleza, a terapia

comunitária esteja em um estágio avançado e seu método já tenha sido absorvido

como estratégia de tratamento na rede pública, este trabalho está apenas

começando no município de São José dos Campos. Sensível à esta situação, este

trabalho tem o objetivo de fazer um folheto explicativo contendo informações claras,

objetivas em uma linguagem acessível que irá servir de ferramenta para os

enfermeiros e demais profissionais da área de saúde na orientação e divulgação da

terapia comunitária no Município. Utilizaram-se como fonte para elaboração deste

trabalho informações teóricas contidas em livros específicos de Enfermagem e

psiquiatria, bem como artigos encontrados em revistas científicas além de

informações atualizadas encontradas por meio de buscas em “sites” da internet.

Palavras-chave: Terapia comunitária. Prevenção primária. Saúde mental.

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ABSTRACT

Bibliografic References - Azambuja A A, Gonçalves S G, Cardoso R B, Pinto S F N

R, Pereira A L B R, Martucci R R. “Comunitarian Therapy: A New Chalenge to the

Mental Health Nurse”.

Communitarian Therapy is a new instrument that acts in the prevention and

the promotion of mental health, working on enhancing the experience of the

community, giving it subsidies to try to overcome their own difficulties. The treatment

is centered not only in disturbed patients but mainly in the prevention of mental

illnesses in the community lowering the incidence duration and residual disability of

mental diseases. The role of the nurse in this context is very important once she

prepares herself to act in a positive and useful way in the activities that take place in

the communitarian therapy and thus effectively cooperate in the prevention of

presented problems. Although in some Brazilian cities such as São Paulo, Sobral,

Londrina and Fortaleza the communitarian therapy is in an advanced stage and its

method has already been absorbed as a strategy for treatment in the public network,

the work is just beginning in the city of São José dos Campos. Sensitive to this

situation, this work is intended to make an explanatory leaflet containing clear and

objective information in simple language that will serve as a handy tool to nurses and

other health professionals in the guidance and dissemination of the communitarian

therapy in the city. Were uses as sources for the preparation of this work theoretical

information contained in specific nursing and psychiatry books as well as articles

found in scientific journals in addition to updated information found through searches

on "sites" of the internet.

Keywords: Communitarian therapy. Primary prevention. Mental health.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CE – Ceará

CAPS - Centro de Atenção Psicossocial

NAPS – Núcleos de atenção Psicossocial

ONG – Organização Não Governamental

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPS - Organização Pan Americana da Saúde

PR – Paraná

SP – São Paulo

SUS – Sistema Único de Saúde

UBS - Unidades Básicas de Saúde

UFC – Universidade Federal do Ceará

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1 – Promoção à Saúde Mental.................................................................................................16

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................13

1.1 História da terapia comunitária .......................................................................18

1.2 Terapia comunitária........................................................................................19

1.3 Objetivos da terapia comunitária ....................................................................23

1.4 Comunidade ...................................................................................................24

1.5 Terapeuta comunitário....................................................................................25

1.6 O papel do enfermeiro ....................................................................................26

2 OBJETIVO GERAL.........................................................................................28

2.1 Objetivo específico .........................................................................................28

3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................29

4 MÉTODO........................................................................................................30

5 RESULTADOS ...............................................................................................31

6 CONCLUSÃO.................................................................................................34

REFERÊNCIAS.........................................................................................................35

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1 INTRODUÇÃO

Considera-se saúde mental a ausência de distúrbio mental ou

comportamental; um estado de bem-estar psíquico em que o indivíduo

satisfatoriamente equilibra seus instintos de forma aceitável tanto para si quanto

para a sociedade [1].

A saúde mental proporciona um vasto campo de conhecimento. Trata-

se de uma grande área de atuação multidisciplinar visando estudar, pesquisar e

entender o ser humano num enfoque biopsicossocial e a sua relação com o normal e

o patológico, bem como prevenir as manifestações psicopatológicas que possam

advir [2].

Os Transtornos psíquicos existem desde a antiguidade e durante a

Idade Média a doença mental era atribuída a causas de tipo religioso, uma visão

antiga da psicologia. Foi somente no final do século XVII que esta passou a ser

incluída nas disciplinas médicas [2; 22].

A falta de conhecimento, entre outros motivos, fez com que os

profissionais criassem os manicômios como forma de tratamento, isolando o doente

do mundo exterior. Baseavam-se na psiquiatria clássica ao considerar a doença

mental como um distúrbio ou anomalia de natureza anatômica ou fisiológica que

provocava distúrbios do comportamento, da afetividade e do pensamento [11].

A assistência de Enfermagem prestada ao indivíduo com problemas

mentais limitava-se à vigilância, ao controle, manutenção da vida dos doentes e a

supervisão e execução de tratamentos prescritos [23].

A necessidade de hospitalização foi fortalecida com a descoberta dos

psicofármacos e a utilização do eletroconvulsoterapia e choque insulínico. O

atendimento na área da saúde mental, no Brasil, também se fundamentou na

hospitalização e ambulatorial, como única forma do indivíduo obter assistência [2].

Nos anos de 1940 a 1950 que surgiram os primeiros trabalhos

enfatizando a importância do conhecimento científico de psicologia e psiquiatria

como também o relacionamento enfermeiro - paciente. Até 1953 a psiquiatria

continuou centrada nos hospitais e nas instituições psiquiátricas que permaneciam

isoladas da comunidade [22; 11].

Os anos 50 e 60 marcam início da aplicação de novas abordagens

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relacionadas com o tratamento e reabilitação dos doentes mentais. Foram três os

desenvolvimentos que contribuíram para mudança na assistência psiquiátrica: o

crescimento dos psicofármacos, o desenvolvimento de uma nova filosofia de saúde

mental comunitária e a descentralização geográfica com a construção de grandes

hospitais psiquiátricos distritais [22].

Na década de 70, no contexto dos movimentos de redemocratização,

surgiram no Brasil questionamentos em relação à atenção a saúde mental, gerando

reflexões sobre a doença mental e sua relação com as instituições, os saberes e a

sociedade [23].

No final deste período surgiu o projeto da reforma psiquiátrica,

processo histórico de formulação crítica e prática que tem como estratégia o

questionamento, objetivo e a elaboração de propostas de transformação do modelo

clássico e do paradigma da psiquiatria [4; 25].

Com esse projeto criaram-se novas propostas para assistência

prestada à pessoa em sofrimento psíquico: desinstitucionalização, criação de novos

serviços como o centro de atenção psicossocial (CAPS), os núcleos de atenção

psicossocial (NAPS), os hospitais-dia, as unidades psiquiátricas em hospitais gerais,

a reabilitação psicossocial, o resgate da cidadania, a interdisciplinaridade, e as

psicoterapias [23].

Em 1988, criou-se o Sistema Único de Saúde – SUS, que estabelece

as condições institucionais para a implementação de novas políticas de saúde, entre

as quais a de saúde mental [19].

A assistência de Enfermagem com essa nova proposta passa a ser de

vigilância e controle sendo o trabalho caracterizado pelo estímulo a cidadania,

construção da autonomia do doente, conscientização, auto - conhecimento e

reinserção do indivíduo na sociedade [23].

Com a substituição do modelo assistencial centrado no hospital

psiquiátrico pelo modelo de atendimento diversificado, tornou-se necessária uma

política de extensão dos hospitais e aumento dos serviços extra-hospitalares. Neste

modelo, a porta de entrada da assistência são as unidades básicas de saúde e

ambulatórios de saúde mental, ficando os hospitais como uma retaguarda para

atender a situações de crise ou de profunda dependência física ou mental [11].

Atualmente o foco das atenções está centrado não só nos pacientes

com distúrbios, mas na prevenção da doença mental da população em geral,

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diminuindo o aparecimento, duração e incapacidade residual de um problema

mental, desenvolvendo ações terapêuticas as quais contemplem novas formas de

tratamento [11; 20].

Essa proposta surge em face de uma grande demanda relacionada às

ansiedades, depressões, processo produtivo, stress, doenças psicossomáticas

relacionadas ao trabalho, violência urbana e somatizações que expressam, através

do corpo, o sofrimento provocado pelos conflitos e crises vivenciados pela existência

humana [20].

No modelo preventivo, a psiquiatria comunitária fundamenta-se na

detecção e intervenção precoce das situações de risco para a saúde da pessoa e

das populações. Seus objetivos estão relacionados com fatores biopsicossociais e

como estes influenciam as causas, expressões e curso das perturbações

psiquátricas [26; 24].

A nível de cuidados de atenção primária, o enfermeiro torna-se

fundamental para a identificação precoce das possíveis situações de problemas

mentais contribuindo com a promoção e prevenção á saúde mental [26].

A prevenção é o esforço preventivo que se baseia no estudo dos

padrões das forças que influenciam a vida das pessoas de modo a diminuir o risco

do distúrbio mental. A partir dessa idéia estabeleceu tipos de prevenção em

psiquiatria [29].

A prevenção em saúde mental baseia-se nos princípios de saúde

pública, sendo dividida em três grupos: primária, secundária e terciária:

a) prevenção primária: visa evitar o aparecimento de uma

doença ou transtorno mental, reduzindo assim sua

incidência;

b) prevenção secundária: busca a identificação precoce e o

pronto tratamento de uma doença ou transtorno mental,

reduzindo a prevalência da condição pelo encurtamento de

sua duração. Ocorre a intervenção da crise e

conscientização da população;

c) prevenção terciária: consiste na remissão dos sinais ou

incapacidades residuais causados pela doença ou

transtornos mentais. Emprega esforços para possibilitar

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que pessoas com doença mental crônica alcancem o nível

mais alto de funcionamento possível [1].

Nível de Cuidado

Objetivos

Prevenção Primária

• Prevenir e/ou diminuir incidência de doença mental através do

trabalho com a comunidade.

• Detectar e tratar precocemente doença mental para impedir seu

agravamento.

• Prevenir a marginalização dos indivíduos com distúrbios mentais

desenvolvendo trabalho com a comunidade e grupos específicos.

• Dar assistência aos familiares dos indivíduos com problemas

mentais.

• Encaminhar ao ambulatório de referência ou hospital os que

necessitam de assistência intensiva.

Prevenção

Secundária

• Ofertar programas de atendimento ambulatorial adequado e

resolutivo.

• Dar assistência e agir terapeuticamente com os familiares dos

doentes.

• Garantir o seguimento ambulatorial dos egressos de

hospitalizações.

• Trabalhar junto á população e desenvolver ações educativas.

• Encaminhar para hospitalização os casos mais graves.

Prevenção Terciária

• Desenvolver ações terapêuticas multiprofissionais para a remissão

de sinais e/ou sintomas que motivaram a internação.

• Envolver a família ou responsáveis durante o período de internação

fornecendo orientações necessárias

• Reforçar a importância do seguimento ambulatorial nos serviços

extra-hospitalares, após a alta hospitalar.

Quadro 1 – Promoção à Saúde Mental [11].

A prevenção deve oferecer um acesso mais fácil e rápido a quem

necessite de auxilio na área de saúde mental, corrigir a tendência da assistência de

centrar-se no hospital e na terapia medicamentosa, oferecendo alternativas

mediante o trabalho da equipe multiprofissional [3].

A equipe multiprofissional é composta por psiquiatra, psicóloga,

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fisioterapeuta, psicoterapeuta, nutricionista, psicanalista, assistente social, terapeuta

ocupacional, enfermeiro e fonoaudiólogo [3].

O papel do enfermeiro é de agente terapêutico, promovendo o

relacionamento com o paciente e a compreensão do seu comportamento, não tendo

como objetivo o diagnóstico clínico ou a intervenção medicamentosa, mas sim o

compromisso com a qualidade de vida cotidiana do individuo em sofrimento seu

psíquico. [11].

A Organização Mundial da Saúde - OMS e a Organização Pan

Americana da Saúde – OPS ambas entendem que a maioria dos transtornos são

preveníveis e como tal devem ser encarados como prioridade política dos governos,

evitando assim mais dano a saúde das pessoas [10].

O SUS, em sua conjuntura atual, tem como foco principal a assistência

a pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,

através de ações assistenciais integradas e das atividades preventivas que

preconiza a lei 8080/90. Estas ações se estendem também para o campo de

atenção à saúde mental [10; 13].

As áreas de saúde coletiva e saúde mental no Brasil passam por um

período de transição entre dois modelos de cuidado: o enfoque individual, curativo,

discriminador e excludente e o outro cujo eixo é o coletivo, valoriza a promoção da

saúde e a prevenção do adoecimento. A pessoa é estimulada a ser agente da sua

própria saúde e da saúde da comunidade que integra, essa transição foi fortemente

marcada na década de 80 a 90 [27].

O Governo Brasileiro vem adotando como política de saúde publica a

inclusão da Terapia comunitária como um meio de prevenção e promoção à saúde

mental da população promovendo a redução de custos e diminuindo a demanda no

sistema de saúde [5].

As terapias grupais têm-se revelado como uma atividade cada vez

mais importante de resgate à socialização dos indivíduos e combate ao

individualismo. Através do grupo, o indivíduo desenvolve habilidades nas suas

relações pessoais e troca de experiências [23].

A terapia comunitária é um instrumento capaz de realizar a promoção

da saúde mental, trabalhando através da valorização das experiências da

comunidade dando a ela capacidade de superar as dificuldades contextuais,

aumentando o seu poder de participação na vida social [5].

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Em algumas cidades brasileiras como São Paulo (SP), Sobral (CE),

Londrina (PR) e Fortaleza (CE) a terapia comunitária está em processo avançado e

seu método já foi absorvido como estratégia de tratamento na rede pública [5].

Em São José dos Campos, a terapia comunitária foi implantada em

março de 2006, e abrange trinta e três unidades de saúde da rede pública entre

quarenta unidades básicas de saúde existentes no município [21].

As reuniões dos grupos são semanais, com duração de uma hora e

meia. Cada sessão é acompanhada por profissionais de saúde treinados para esse

tipo de trabalho. Aproximadamente sessenta pessoas foram selecionadas para o

treinamento de liderança das sessões de terapia, entre elas os enfermeiros [21].

1.1 História da terapia comunitária

No ano de 1988, em Fortaleza nasceu à terapia comunitária, seu

criador foi o Prof. Dr. Adalberto Barreto, médico psiquiatra, teólogo, terapeuta

familiar e professor do Departamento de Saúde Mental Comunitária da Universidade

Federal do Ceará [6; 7].

Dr. Adalberto Barreto nasceu em 03 de junho de 1949 na cidade de

Canindé (sertão nordestino), onde viveu toda sua infância. Estudou psiquiatria e

antropologia na Europa. A psiquiatria e a psicanálise permitiram-lhe uma

compreensão melhor sobre os mecanismos inconscientes que regem os

comportamentos e as atitudes humanas, como também a compreensão sobre os

mecanismos inconscientes de comunicação e de exclusão [7; 10].

A antropologia tem uma visão do universo cultural do homem na qual

comprende-se que toda cultura, todo indivíduo, tem direito à diferença e que a

cultura responde a um desejo maior do ser humano de nutrir a sua identidade [7; 10].

A preocupação com pessoas excluídas levou-o a realizar um trabalho

na favela do Pirambu, Fortaleza: o Projeto Quatro Varas. Chegou ao projeto através

de seu irmão o advogado Airton Barreto, que residia em Pirambu. Coordenador do

Centro dos Direitos Humanos do Pirambu - amor e justiça, este encaminhava os

pacientes para atendimento psiquiátrico por Dr. Adalberto e seus alunos [6; 7; 14].

No início, o atendimento era feito no Hospital Universitário, mas, devido ao aumento

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da demanda, Dr. Adalberto resolveu fazer o atendimento na própria favela, com seus

alunos, vivenciando o viver das pessoas em seu próprio contexto [7].

A primeira sessão teve a participação de 36 pessoas. Hoje, dezoito

anos depois, participam em média 120 pessoas por sessão semanal [8; 14].

Na favela encontrou muitas crianças, homens e mulheres que estavam

em busca de suas identidades ameaçadas e perdidas. A partir de então, decidiu

criar o Movimento Integrado de Saúde Mental Comunitário, e consequentemente, a

terapia comunitária Sistêmica Integrativa [6; 7].

1.2 Terapia comunitária

A palavra terapia vem do grego que significa acolher, ouvir, ser

continente. O termo comunidade é formado pela junção de duas palavras: comum +

unidade, ou seja, associação de pessoas que tem algo em comum [7].

Terapia comunitária é um instrumento terapêutico, uma nova

abordagem de acolhimento da dor e do sofrimento em grupo. Nele as pessoas

dividem experiências de vida e sabedoria de forma horizontal e circular com a

finalidade de promover a saúde e a atenção primária em saúde mental [7; 8].

A terapia comunitária é definida como um espaço de continência (termo

Bioniano), de partilha da sabedoria e do sofrimento vivenciado no cotidiano. A base

teórica situa-se em Wilfred Bion. Teoria psicanalítica da vincularidade, ou psicanálise

vincular. Bion criou grupoanálise [30; 32].

É um espaço de reflexão, aprendizagem, busca para solução de

conflitos relatados pelos participantes, que, incentivados pelo terapeuta, partilham

questões ou dificuldades que os afligem no momento [7].

Através da terapia comunitária surge a construção de vínculos

solidários. Cria-se uma rede de apoio social que previne a desintegração social,

integra e une indivíduo tal qual o trabalho da aranha, que tece teias invisíveis mas

fortíssimas [7].

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20

Segundo os índios, a aranha é o animal preocupado em construir sua teia. A teia, que é a fonte de vida da aranha, é também o seu vínculo vital. Ela é a sua moradia, é o seu alimento, é o seu transporte. Deste encontro, as duas comunidades se beneficiaram (Barreto, 2005).

Em outros modelos de atenção centram como enfoque a patologia e as

relações individuais, a terapia comunitária propõe uma mudança na abordagem

ampliando o ângulo da ação, procura ir além do unitário para atingir o comunitário [7].

As três características básicas da terapia comunitária são:

a) promover um trabalho de saúde mental preventiva e curativa,

engajando os elementos culturais e sociais da comunidade;

b) desenvolver trabalhos comunitários favorecendo a formação

de grupos de mulheres, jovens e pessoas de terceira idade,

para que, juntos, busquem soluções para os problemas

cotidianos;

c) instituir gradualmente a consciência social, tornando os

indivíduos conscientes da origem e das implicações sociais

da miséria e do sofrimento humano [7].

A terapia comunitária acontece por meio de reuniões com a

comunidade e pode ser aplicada em quaisquer espaços comunitários tais como em

escolas, igrejas, pátios e salões de espera de postos de saúde, hospitais e outros

espaços institucionais. Desde que definidos pela própria comunidade, ela pode

acontecer até mesmo ao ar livre [7; 9].

Os grupos são formados por pessoas nas mais variadas idades e

situações que buscam a resolução de problemas pessoais gerais ou específicos [28].

A participação da comunidade é fundamental para o sucesso das

reuniões, sendo importante uma equipe de animação com violeiros, sanfoneiros,

grupos musicais e folclóricos que enriqueçam a terapia e uma equipe de apoio

encarregada da divulgação do local e de outras atividades [7; 18].

A terapia comunitária desenvolve-se em seis etapas, a saber:

a) acolhimento - Acolher o grupo, dar as boas vindas,

ambientar o grupo, deixando os participantes à vontade. São

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21

comemorados os aniversariantes do mês como gesto de

valorização da pessoa. Neste momento são informados os

objetivos e regras da terapia [7].

As principais regras para um bom andamento da terapia são:

a.a) fazer silêncio para poder ouvir quem está

falando;

a.b) falar da própria experiência utilizando a

primeira pessoa do singular eu;

a.c) não dar conselhos, como também não

fazer discursos ou sermões;

a.d) é permitido cantar músicas conhecidas,

contar piadas, histórias ou citar provérbios

relacionados ao tema em discussão;

a.e) a história de cada pessoa deve ser

respeitada [7].

b) escolha do tema - O terapeuta pergunta ao grupo se alguém

gostaria de começar a falar sobre o que está lhe fazendo

sofrer. Os participantes relatam seus conflitos, o grupo

escolhe o tema do dia através de votação. Após a escolha

do tema, o terapeuta passa a palavra à pessoa cujo

problema foi escolhido para ela falar sobre seu sofrimento e

solicita ao grupo fazer perguntas, a fim de que se

compreenda melhor a dificuldade apresentada. A discussão

para a escolha do tema do dia é muito importante, pois

oferece uma oportunidade de aprender a estabelecer

critérios para priorizar aquilo que é mais urgente, mais grave.

Este tema escolhido é também chamado de mote;

c) contextualização – Nesta etapa são pedidas mais

informações sobre o assunto, para que se possa

compreender o problema no seu contexto. Durante a

contextualização o terapeuta deve atentar para falas e

respostas, anotando palavras chave que ajudarão a construir

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os motes. Somente após o terapeuta ter formulado o mote se

poderá passar para a próxima etapa;

d) problematização - Nesta etapa, a pessoa que expôs seu

problema fica em silêncio. Ela não recebe perguntas e o

terapeuta apresenta o mote para reflexão do grupo. Ele

convida os outros participantes a partilharem experiências

pessoais semelhantes às relatadas durante a

contextualização. Esta etapa geralmente dura 45 minutos.

Através do mote o terapeuta convida o grupo a se

inconcientizar;

e) rituais de agregação e conotação positiva – O terapeuta dá

ao caso trabalhado uma conotação positiva. Isso permite que

os indivíduos repensem seu sofrimento de forma mais ampla,

ultrapassando os efeitos imediatos da dor e da tristeza. Trata

de reconhecer, valorizar e agradecer o esforço, coragem e

determinação de cada um, que em outras circunstâncias são

ofuscados pela a dor e o sofrimento. O ritual de agregação é

importante, pois permite que os participantes regressem à

suas casas sentindo-se parte de um grupo, de uma

comunidade. Deve-se perceber que a comunidade é um

recurso valioso nos momentos difíceis;

f) avaliação – Nesse momento procura-se verificar a conduta

da terapia e o impacto da sessão sobre os terapeutas para

se avaliar a formação do terapeuta e o reconhecimento do

grupo como fonte de conhecimento [7].

A terapia comunitária está alicerçada em cinco grandes eixos teóricos:

a) o pensamento sistêmico - relata que os problemas só são

compreendidos e resolvidos se forem percebidos como parte

de um todo: biológico (corpo), psicológico (mente e

emoções) e social (sociedade). Cada parte influência e

interfere na outra;

b) a teoria da comunicação - a comunicação entre as pessoas é

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o elemento que une os indivíduos, a família e a sociedade,

permitindo compreender todo ato (verbal – não verbal)

individual ou grupal, possibilitando entender os significados e

sentidos do comportamento humano;

c) a antropologia cultural - esta ciência chama à atenção a

importância da cultura, que é o elemento de referência de

nossa identidade, interferindo de forma direta na resposta às

perguntas “quem eu sou, quem somos nós”. A partir deste

ponto podemos nos aceitar e nos amar para aceitarmos e

amarmos o outro;

d) a pedagogia de Paulo Freire - definida como pedagogia

libertadora, lembra que ensinar não é apenas uma

transferência de conhecimentos e sim o exercício do diálogo,

da troca, da reciprocidade, ou seja, de um tempo para falar,

escutar, aprender e ensinar;

e) a resiliência - é um dos pilares fundamentais da terapia

comunitária. É a capacidade dos indivíduos, famílias e

comunidade de superar as dificuldades contextuais. É o

relato pessoal de cada individuo. Nele não são identificadas

às fraquezas e carências, ao contrário, é identificada a força

e a capacidade dos mesmos de encontrar suas próprias

soluções. Resignificar os objetos internos de cada indivíduo,

aumentando sua resiliência [7].

1.3 Objetivos da terapia comunitária

Os principais objetivos da terapia comunitária são:

a) fortalecer o papel da família e da rede de relações que ela

estabelece;

b) reforçar a auto-estima individual e coletiva;

c) reforçar e redescobrir a confiança interna de cada indivíduo,

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24

para que descubra a sua capacidade de evoluir e de se

desenvolver como pessoa;

d) promover sentimentos de união em cada pessoa, família e

grupo social, assim identificando seus valores culturais;

e) possibilitar uma comunicação eficiente entre as diferentes

formas do saber popular e saber científico;

f) prevenir e combater as situações de desintegração dos

indivíduos e das famílias, através da restauração e

fortalecimento dos laços sociais, favorecendo o

desenvolvimento comunitário [7].

1.4 Comunidade

Comunidade vem do latim communitas, de cum + unitas, quando

muitos formam uma unidade. É uma unidade estruturada e organizada de grupos

aos quais o indivíduo pertence necessariamente [27].

Quando nos referimos à comunidade devemos relacioná-la a grupos de

pessoas ou pessoas que compartilham condições semelhantes de vida, econômicas,

culturais, políticas, sociais, religiosas e espirituais, mesmo que existam diferentes

níveis de viver essas condições [7].

A comunidade não é toda homogênea, uma vez que existe diversidade

em seu seio. Para que a comunidade exista é preciso um aspecto fundamental: a

interação entre as pessoas, conhecendo-se [7]..

A comunidade evolui e se modifica. Da mesma forma, a terapia

comunitária no interior de uma escola, um hospital ou outra instituição também se

caracteriza como uma comunidade durante o encontro e desfaz-se para transformar-

se possivelmente em rede de relações vinculares a partir do momento em que o

encontro termina [12].

Page 26: TCC CÓPIA UNIP - PARA ENTREGA 20 DEZ

25

1.5 Terapeuta comunitário

O terapeuta deve proporcionar à comunidade alívio das suas

ansiedades, angústias, frustrações, estresses e sofrimentos, através da troca de

experiências vividas. Ele não resolve diretamente os problemas das pessoas, mas

cria uma rede de apoio aos que sofrem, possibilitando a partilha de seus conflitos, e

o encontro de soluções da problematização individual do grupo [7].

A formação de terapeutas comunitários está acessível aos profissionais

das áreas de saúde tais como: enfermeiros, médicos, educadores, trabalhadores

sociais, agentes sociais e também a todos que desejam dedicar-se ao trabalho

comunitário [8].

O trabalho do terapeuta comunitário se resume em proporcionar um

ambiente de escuta, voltado para o enriquecimento dos vínculos entre os

participantes, apresentando assim a partilha das experiências [7; 8].

O terapeuta comunitário deve estar consciente dos objetivos da terapia

e dos limites de sua intervenção. Deve trabalhar a competência das pessoas

procurando, sempre através de perguntas, o saber produzido pela vivência do outro,

resgatando e valorizando o saber produzido pela experiência e pela vivência de

cada um [7].

Deve ajudar o outro a nascer e concebê-lo capaz de fazer opções, de

ser livre para continuar o seu caminho de vida. Através de perguntas e da qualidade

da escuta pode auxiliar as pessoas a tornar mais claras suas questões e fazer

descobertas próprias [7].

Cabe também ao terapeuta comunitário provocar nas pessoas e no

grupo, a vontade de sempre construir vínculos que confiram segurança e inclusão.

Estimular e criar uma dinâmica interativa, marcada pela verbalização e pela escuta,

através dos motes. Estimular os laços afetivos entre as pessoas e procurar intervir

como um comunicador, clareando as mensagens. Deve também interagir em

igualdade e falar de seus sentimentos [7].

O terapeuta comunitário não deve fazer interpretações ou análises,

assumindo um papel de especialista (psicólogo, psiquiatra), pois esses especialistas

desenvolveram habilidades para saber lidar com os traumas profundos e com as

doenças [7].

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26

É ideal que o terapeuta escolhido seja um líder que esteja presente na

comunidade como educador, tal como um representante de ONG, líder civil e ou

religioso, profissional da saúde que se sentem tocados pelo apelo social [7, 31].

Alguns critérios devem nortear a escolha do terapeuta comunitário:

a) ser escolhido pela comunidade. Para que tenha respeito e

confiança da mesma é ideal que seja alguém já engajado em

trabalhos comunitários;

b) ter consciência de que o trabalho realizado não traz

nenhuma remuneração financeira e que exige

disponibilidade de no mínimo três horas de trabalho

semanal. Além disso, deve ter tempo disponível para a

formação, o que exige afastar-se de suas famílias e suas

atividades normais por algum tempo;

c) ter pensamento aberto para participar das práticas

vivenciadas durante o curso e ser uma pessoa madura, que

não seja preconceituosa e super rígida;

d) ter equilíbrio emocional, ser uma pessoa educada e ter

conhecimento das atividades desenvolvidas no município

para a terapia comunitária, dando apóio às outras atividades

se necessário [7].

1.6 O papel do enfermeiro

A idéia de uma Enfermagem comunitária, focada no trabalho com as

famílias, não é nova. Ela já era praticada nos centros inovadores da Enfermagem

em cuidados de saúde primários, em Portugal, e recebeu novo impulso na

Conferência Européia de Munique, 2000 [15].

A experiência da terapia comunitária acontece também em outros

países. Na França, Suíça e no México estas experiências vêm sendo desenvolvidas

por enfermeiros e, no Brasil, ela está presente em quase todos os estados [10].

Na construção da saúde coletiva, o enfermeiro tem uma competência e

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27

uma responsabilidade muito importante, o cuidado. Este cuidado se centra no

doente e não na doença [17].

Quanto ao papel do enfermeiro e as exigências de uma sociedade que

está em constante mudança é imprescindível haver acima de tudo equilíbrio. É de

extrema importância ensinar o respeito pela vida humana. Ensinar a ouvir, a

observar, a sentir o outro naquilo que está para além da dor física [23,33].

A terapia comunitária se mostra então como um meio direto de atender

esta demanda de saúde e esta missão da Enfermagem, pois se centra no homem e

seu cuidado para buscar a saúde mental individual e da comunidade [16; 17]

Participando das atividades determinadas pela equipe de saúde

mental, conduzindo o atendimento e seguimento dos portadores de transtornos

psiquiátricos junto com outros profissionais de saúde envolvidos e orientando a

equipe de Enfermagem, o enfermeiro exerce vários papéis na equipe

multidisciplinar. Desta forma, vive a experiência de um trabalho inovador, integrado à

equipe de saúde mental e contribuindo para a melhoria do atendimento [16].

Junto ao paciente, o enfermeiro é o profissional da saúde que tem

contato mais constante. Ao mesmo tempo, o enfermeiro é quem tem mais interação

com outros profissionais de saúde. Desta forma, ele é um elemento-chave no

contato entre os pacientes e outros membros da equipe multidisciplinar [17].

A responsabilidade do enfermeiro neste contexto é de suma relevância:

sensibilizar os indivíduos para a importância dos estilos de vida saudáveis, e para a

importância da participação nas atividades comunitárias [26].

É importante que o enfermeiro possua determinadas competências e

requisitos profissionais, uma vez que a relação com indivíduos com transtornos mentais

requer disponibilidade afetiva, compreensão e respeito integral pela pessoa [26].

É sabido que a prevenção é o melhor caminho para a manutenção da

saúde mental e que a terapia comunitária tem mostrado ter um papel importante

nesse contexto, mas, para que esta nova abordagem possa efetivamente alcançar

quem mais precisa dela, é necessária a elaboração de estratégias de divulgação e

sensibilização dos profissionais e da comunidade [16; 26].

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28

2 OBJETIVO GERAL

Este estudo tem como objetivo geral fornecer conhecimento sobre a

terapia comunitária à população e aos profissionais de saúde.

2.1 Objetivo específico

Como objetivo específico o estudo teve a intenção de elaborar um

folheto explicativo com informações claras e objetivas para a população em geral e

para os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, agentes de saúde,

favorecendo assim a formação dos grupos comunitários com intuito de esclarecer os

objetivos e benefícios da terapia comunitária.

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29

3 JUSTIFICATIVA

A terapia comunitária tem se mostrado útil na prevenção da saúde

mental. O sucesso de sua implantação depende de um amplo envolvimento e

comprometimento dos profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, agentes de

saúde, e das comunidades à que se pretende atender.

Por ser uma terapia relativamente nova, em especial no município de

São José dos Campos, não existe uma ampla divulgação sobre o que é a terapia

comunitária e os benefícios que esta pode oferecer à comunidade e aos

profissionais de saúde.

Para se obter essa participação da comunidade é preciso motivação

para formar e dar sustentação ao trabalho da terapia comunitária.

Portanto, é necessário um material que permita a ampla divulgação

dessa nova técnica dentro das Unidades Básicas de Saúde.

Atualmente, este material não é encontrado, e criá-lo foi o objetivo

deste trabalho, através da elaboração de um folheto explicativo contendo

informações claras, objetivas em uma linguagem acessível à comunidade e aos

profissionais de saúde.

Este folheto poderá servir como ferramenta para enfermeiros e demais

profissionais da área de saúde para dar orientação e divulgar sobre a terapia

comunitária, tão solicitada e recomendada hoje em dia na prevenção da saúde

mental.

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30

4 MÉTODO

Esta pesquisa utilizou um estudo do tipo exploratório, baseado na

literatura científica da Enfermagem, da psiquiatria em enfermagem, da psicologia e

da psicanálise. Teve-se também acesso a publicações de artigos e monografias na

internet que após a reunião da literatura foi possível elaborar um folheto explicativo

que servirá como ferramenta para enfermeiros e demais profissionais da área de

saúde na prevenção da saúde mental.

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31

5 RESULTADOS

Esse trabalho teve como resultado a criação de um folheto explicativo

que esclarece os objetivos e benefícios da Terapia Comunitária à população e aos

profissionais da saúde, favorecendo assim a formação dos grupos comunitários em

especial na cidade de São José dos Campos.

No folheto encontram-se informações contendo uma breve história da

terapia, conceito, objetivo, funcionamento, finalidade e a população que se pretende

atender. Este folheto que poderá ser distribuído nas unidades de saúde de São José

dos Campos, permitindo o conhecimento dessa nova técnica, servindo de

ferramenta para os enfermeiros e demais profissionais da área de saúde para

orientação e divulgação da terapia comunitária, como um meio de promover a

atenção primaria à saúde mental.

O objetivo é promover a formação de redes comunitárias e que o

mesmo forneça conhecimento dessa nova técnica à população e aos profissionais

da saúde, principalmente ao enfermeiro que tem uma atuação social muito forte,

estando presente na comunidade como um educador e sendo elemento chave de

contato entre os pacientes e outros membros da equipe multidisciplinar.

Para a execução e finalização deste trabalho não houve a oportunidade

de realizar a divulgação e distribuição dos folhetos no local de interesse. Assim, não

é possível relatar sobre a aceitação do material pela população em questão, mas foi

apresentada a secretaria municipal de saúde mental de São José dos Campos o

material desenvolvido, que mostrou interesse em aproveitar o instrumento

confeccionado.

No entanto, cientes de que este trabalho é apenas o início, sugere-se

que, sob forma de trabalhos futuros os folhetos sejam distribuídos para que se possa

obter uma análise da qualidade do trabalho elaborado, avaliando a sua praticidade e

capacidade de esclarecer objetivos e benefícios, formação dos grupos comunitários,

servindo de ferramenta para os enfermeiros e demais profissionais da área da saúde

para a orientação e divulgação da Terapia Comunitária.

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6 CONCLUSÃO

Homens e mulheres têm, na saúde um campo de necessidades e isto

inclui o fortalecimento de vínculos que unem as pessoas entre si. Vínculos estes que

ligam à tradição e a modernidade, articulando o saber popular, a cultura e o saber

científico, levando a ação interdisciplinar promovendo a atenção primária em saúde

mental.

Nos últimos anos esta relação tem se intensificado e diversificado,

principalmente depois da reforma psiquiátrica e do compromisso social, fatores estes

que contribuíram para esta evolução e abertura de questões que se colocam hoje

como desafio para os próprios enfermeiros em sua intervenção e como parte

integrante e atuante neste processo, permitindo redimensionar sua prática

profissional e sua vida pessoal, assim como para os demais profissionais de saúde.

A terapia comunitária como um instrumento de mobilização, agregação

e construção de redes solidárias, onde acontece o encontro de pessoas leigas e

profissionais das mais diversas áreas do conhecimento e universos culturais, já se

estende por várias cidades brasileiras e o sucesso da implantação depende do

envolvimento e comprometimento dos profissionais como também de uma ampla

divulgação a fim de atingir as comunidades locais.

De acordo com a literatura pesquisada, dentre as atribuições do

enfermeiro encontra-se a de educação visando à melhoria da saúde da população e

a informação / orientação é fundamental, estimulados por estes dados, despertou-se

o interesse em elaborar um folheto com informações sobre o que é a terapia

comunitária, objetivo, funcionamento, motivando as pessoas a participarem. Tudo

isto visando atender aquele que é o centro das atenções do enfermeiro: o ser

humano.

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35

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