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1 CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CRISTINA BENTAQUI DA ROCHA FORTES ANÁLISE POSTURAL DE CAIXAS OPERADORAS DE SUPERMERCADOS CANOAS, 2007

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CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

CRISTINA BENTAQUI DA ROCHA FORTES

ANÁLISE POSTURAL DE CAIXAS OPERADORASDE SUPERMERCADOS

CANOAS, 2007

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CRISTINA BENTAQUI DA ROCHA FORTES

ANÁLISE POSTURAL DE CAIXAS OPERADORASDE SUPERMERCADOS

Monografia apresentada no curso de Educação Física doCentro Universitário La Salle – UNILASALLE, como exigênciaparcial para a obtenção do grau de Bacharel e Licenciado emEducação Física, sob a orientação da Prof. Ms. Alexandre LuisRitter.

CANOAS, 2007

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TERMO DE APROVAÇÃO

CRISTINA BENTAQUI DA ROCHA FORTES

ANÁLISE POSTURAL DE CAIXAS OPERADORASDE SUPERMERCADOS

Trabalho de Conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do

grau de Bacharel e Licenciado em Educação Física do Centro Universitário La Salle

– Unilasalle, pelo seguinte avaliador:

__________________________________

Prof. Ms. Alexandre Luis Ritter.Unilasalle

Canoas, junho de 2007.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por ter permitido que concluísse mais esse sonho e pela

força que me deu para não desistir em momento algum, e ao meu orientador

Alexandre Luis Ritter, por sua ajuda e paciência, e a todos os amigos, parentes e

colegas que de alguma forma contribuíram para esse sonho tornar-se realidade.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família e em especial ao meu marido que

estiveram sempre ao meu lado me incentivando e apoiando-me em todos os

momentos da minha vida.

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RESUMO

Muitas atividades desenvolvidas pelo homem e descritas na literatura são propensasa desenvolver distúrbios músculo-esquelético e/ou doenças ocupacionaisrelacionadas ao trabalho (DORTs), incluindo a atividade dos operadores de caixa, ofoco deste trabalho. O objetivo deste trabalho foi identificar as posturas assumidaspelos operadores de caixa de uma loja de uma rede de supermercados de Alvorada- RS durante a jornada de trabalho e os fatores de risco a que estão submetidos. Asinformações foram coletadas através de questionários (informações pessoais e delocalização, freqüência e intensidade de dor) e observação da movimentação dacoluna durante a rotina de trabalho. Este estudo se caracteriza por ser uma pesquisade campo, com abordagem predominantemente quantitativa, cujas respostas sãoanalisadas conforme sua freqüência. A partir dos dados obtidos o estudo revelou aprevalência de dor nas regiões cervical e ombros, com uma intensidade média euma freqüência de 1-3 vezes por semana. Com relação a movimentação da coluna,houve uma prevalência de rotações de tronco tanto nos caixas rápidos como noscaixas normais destinados as compras maiores. No caso dos caixas normais osdados mostram que tal movimento se deve a falta de consciência corporal eposturas biomecanicamente inadequadas. Nos caixas rápidos, posturasinadequadas e o espaço físico destinada aos caixas ajudaram a aumentar o númerode rotações.Palavras Chaves: Ergonomia. Postura Corporal. Posição Sentada.

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ABSTRACT

A lot of labor activities engaged by men and described in specific literature can berelated to musculoskeletal disorders namely Work Related Musculoskeletal Disorders(WRMD), such as supermarket cashier, the main topic of this research. The goal ofthis work was to identify body postures assumed by cashiers in one supermarketstore in Alvorada – RS during labor day and the risk factors they are yielding. Datawere collected using a questionnaire (personal information and pain location,frequency and intensity) and trunk movement observation during labor day. This workis a field research, mainly quantitative, and the answers were analyzed usingprevalence of observation. Data show pain location prevalence in the neck andshoulders regions, with a medium intensity, occurring 1-3 times a week. Concerningtrunk movements, it was found a high prevalence of trunk rotation in the fast cashier,as much as in regular ones, those for large amount of products. Concerning regularcashiers, data show that trunk movements may be due to a lack of body conscienceand a deficient posture biomechanics. In fast cashiers, deficient postures and the boxitself may be the cause of high prevalence of trunk rotation.Key-words: Ergonomics. Body Posture. Seated Position.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Movimentos observados nos Caixas Normais................................ 37

Figura 2: Movimentos observados nos Caixas Rápidos................................ 39

Figura 3: Movimentos observados para manusear mercadorias > 5 Kg...... 40

Figura 4: Movimentos observados com mudança de postura...................... 41

Figura 5: Localização da Dor............................................................................ 43

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 11

1.1 Justificativa................................................................................................... 13

1.2 Objetivos....................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivos Gerais.......................................................................................... 15

1.2.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 15

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 16

2.1 Aspectos Posturais..................................................................................... 16

2.2 Aspectos Biomecânicos............................................................................. 20

2.3 Aspectos Fisiológicos................................................................................. 24

2.4 Características e conseqüências da postura sentada............................. 26

3 METODOLOGIA............................................................................................... 34

3.1 População..................................................................................................... 34

3.2 Amostra......................................................................................................... 34

3.3 Instrumentos................................................................................................. 35

3.4 Análise e estatística..................................................................................... 35

4 RESULTADOS.................................................................................................. 36

4.1 Descrição do espaço de trabalho e da Tarefa........................................... 36

4.2 Análise dos movimentos nos caixas normais........................................... 37

4.3 Análise dos movimentos nos caixas rápidos............................................ 38

4.4 Manusear objetos com mais de 5 Kg......................................................... 40

4.5 Mudança de Postura.................................................................................... 41

4.6 Localização, intensidade e freqüência da dor......................................... 42

5 DISCUSSÃO..................................................................................................... 44

6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES............................................................. 47

6.1 Conclusão..................................................................................................... 47

6.2 Recomendações........................................................................................... 48

6.3 Limitações do Estudo.................................................................................. 49

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 50

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Durante a Revolução Industrial o homem era tratado como um mero

instrumento de trabalho, não havia nessa época nenhum cuidado com o estado

físico e mental dos funcionários, além da grande carga de trabalho nessa época.

Já no século XVI, George Bauer apresentava um estudo sobre doenças e

acidentes de trabalho em mineiros. Em 1717, Bernardino Ramazzini, considerado o

Pai da Medicina do Trabalho, relatou que os movimentos violentos e irregulares,

bem como as posturas inadequadas durante o trabalho, provocam lesões ao corpo

humano. Apesar de ultrapassado, esse paradigma mecanicista do homem

relacionado ao trabalho, é bastante forte, principalmente no que diz respeito ao

trabalho repetitivo.

Anos mais tarde, o homem foi em busca de melhores condições detrabalho; visando melhorar sua qualidade de vida. Buscando a qualidadenas condições de trabalho, em 1857 foi introduzido o termo ergonomia notrabalho que significa estudo científico dos problemas relativos ao trabalhohumano, e que devem ser levados em conta na projeção de máquinas,equipamentos e ambiente de trabalho.Com tantas modificações o trabalhador vem sendo submetido a novasadaptações no seu setor de trabalho, seja pelos aspectos ambientais,técnicos ou organizacionais, e que cada vez mais implica em posturaserrôneas, levando o trabalhador a manter horas sentadas ou em pé. Issofaz com que a rotina de trabalho se torne cada vez mais específica,exigindo grande esforço físico e mental do trabalhador. (PRZYSIEZNY,[2007], p. 2).

Segundo Cruz (2001), as atuais transformações no mundo do trabalho e os

impactos da reestruturação produtiva parecem ter aumentado as proporções das

implicações sobre a saúde dos trabalhadores, ampliando e tornando mais complexa

a avaliação dos sintomas de dor, desconforto físico e psicológico.(SANTOS, 2002,

p.1)

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As doenças ocupacionais não são recentes. No Brasil, o fenômeno chega na

década de 1980, quando começam a ser descritos os primeiros casos de LER em

digitadores. As estatísticas demonstram um crescimento no número de casos de

DORT, tendo como vítimas, além dos digitadores, bancários, telefonistas,

operadores de caixa registradora, operários das linhas de montagem nas fábricas,

auxiliares de enfermagem e muitos outros; com maior ou menor acometimento.

(PRZYSIEZNY, [2007] p. 1).

A etiologia das dores (algias) de coluna é multifatorial, oriundas de causa

físicas, como fatores genéticos, traumas, posturas inadequadas, levantamento e

transporte de cargas pesadas, tipo de trabalho muscular ou fatores degenerativos;

ou desencadeadas por causas de origem psicossomática, como distúrbios de

personalidade e estresse. (CARDIA, apud BRITO, [2007]).

Grandes partes dos transtornos lombares ocorridos no local de trabalho

envolvem lesões por esforço excessivo, provocados principalmente em pacientes

fletidos anteriormente e rodados assimetricamente. (CAILLET, 2000; COURY, 2001,

p. 144).

A incidência maior é no sexo feminino justificado por questões hormonais,

pela dupla jornada de trabalho, pela falta de preparo muscular para determinadas

tarefas e também por ter aumentado o número de mulheres no mercado de trabalho.

Algumas situações propiciam esta alta incidência de Dorts, destacando-se a

mecanização do trabalho, a organização do trabalho, a fragmentação das tarefas, a

maior especialização e a maior repetição.

Devido a esta realidade, faz-se necessário projetar um ambiente detrabalho adequado às rotinas biomecânicas e educar os profissionais queirão trabalhar nestes setores as posturas corretas a serem assumidasdurante a jornada de trabalho, evitando assim dores e possíveis doençasosteomusculares, as Dorts. ( PRZYSIEZNY, [2007] p. 1).

Muitas atividades propiciam os trabalhadores a desenvolver Doenças

Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho (DORT), inclusive a atividade dos

operadores de caixas de supermercados, a qual destina-se essa pesquisa. No caso

dos operadores de caixas de supermercado, vários são os riscos aos quais estão

sujeitos, desde a postura adotada, até o manuseio de mercadorias

inadequadamente. A realização dessa atividade por um longo período trará algum

tipo de distúrbio em alguma parte do corpo.

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Por manter-se horas na posição sentada o trabalhador acabará por adotar

uma postura que lhe pareça confortável, mas que nem sempre é a melhor ou a

biomecanicamente correta para desenvolver a sua atividade, tudo isso pode

acarretar em algias musculares que no início não são levadas a sério, porém tendem

a piorarem o que leva ao afastamento do trabalhador do seu setor de trabalho.

No trabalho sentado, a maior parte dos músculos posturais estão relaxados,

deixando o trabalho estático apenas para a estabilização da cintura escapular. Do

ponto de vista da atividade muscular, pode-se considerar a posição sentada como

de baixo risco para algias da coluna, entretanto, as estruturas articulares, tornam-se

expostas a maiores riscos de lesão.

Estudos de (NACHENSON apud BRITO [2007]; NORDIN; FRANKEL apud

BRITO [2007]; KNOPLICH apud BRITO [2007]; GRANDJEAN apud BRITO [2007])

demonstram que a posição sentada aumenta a pressão intradiscal, elevando o risco

de hérnia no disco intervertebral. Segundo (MARRAS apud BRITO [2007]), cargas

na coluna são sempre maiores na posição sentada do que na postura em pé, devido

aos elementos posteriores da coluna vertebral que formam uma carga ativa quando

em pé. No entanto, na posição sentada não há participação destes elementos de

força antigravitacional, permitindo assim que os disco intervertebrais recebam uma

carga maior.

Diante desta problemática faz-se necessário analisar a rotina de trabalho

desses trabalhadores, procurando sempre melhorar as condições a que estão

submetidos e ensina-los a adotar posturas adequadas para cada situação no seu

posto de trabalho.

1.1 Justificativa

As Dorts, uma terminologia que significa “Doenças Osteomusculares

Relacionadas ao Trabalho”, refere-se ao conjunto de afecções do aparelho

locomotor, decorrentes de atividades ligadas ao trabalho e que acometem músculos,

fáscias musculares, vasos sangüíneos, tegumentos, tendões, ligamentos,

articulações e nervos (ZELTZER apud POZZOBON, 2001, p. 278).

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Ainda de acordo com Zeltzer apud Pozzobon (2001, p. 278), suspeitas-se que

a síndrome seja responsável por 65% das licenças médicas solicitadas pelos

trabalhadores brasileiros. Em países com estatísticas mais precisas, como os EUA,

estimou-se que, até o ano 2000, 50% dos trabalhadores sofreram deste mal, que

não é recente, mas foi estimulado pela difusão do trabalho informatizado.

Segundo Ulbricht (2000) citado por Santos (2002, p. 3), a qualidade de vida

está diretamente ligada à qualidade de vida no trabalho, já que é no ambiente de

trabalho que os indivíduos ocupam grande parte do tempo. Através da revisão

bibliográfica constatou-se que posturas inadequadas, repetitividade de movimentos

entre outros acarretam em problemas posturas que podem levar o trabalhador a se

afastar do seu setor de trabalho.

Segundo o ministério do trabalho e o sindicato dos operadores de caixas, o

local de trabalho dos operadores de caixas de supermercados tem sido projetado

para posição sentado com a possibilidade do caixa levantar-se quando deseja, ou,

quando há a necessidade de pegar um objeto pesado. Para tanto o local de trabalho

deve prever altura, apoio para os pés e cadeiras com regulagem, rodinhas e apoio

para as costas que possibilitem que uma pessoa baixa ou alta tenha espaço para

trabalhar confortavelmente.

Com as adequações necessárias no ambiente de trabalho e conscientização

dos funcionários a respeito das posturas e das Dorts, empresa e trabalhador só

terão vantagens, como por exemplo: diminuição dos gastos com assistência médica,

aumento na eficiência do trabalho humano, diminuição da rotatividade do quadro de

empregados da empresa, para o trabalhador propicia diminuição da fadiga e do

desconforto físico, diminuição da irritabilidade, diminuição do estresse e melhorar a

qualidade de vida.

Tendo em vista que muitas redes de supermercado cada vez mais estão

regulamentando-se as normas do sindicato e do ministério do trabalho para cumprir

tais exigências e melhorar a qualidade de vida dos funcionários, faz-se necessário

conscientizar o trabalhador a adotar posturas biomecanicamente corretas e que lhe

propiciem maior conforto e qualidade de vida, sempre buscando a relação entre a

empresa e o funcionário, visando assim diminuir a incidência de dores; Dorts.

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivos Gerais

- analisar os movimentos do tronco das operadoras de caixas;

- verificar a prevalência de dor.

1.2.2 Objetivos Específicos

- identificar e analisar as posturas adotadas pelos operadores de caixas de

supermercados;

- identificar os fatores de riscos a que estão submetidos os operadores de

caixas de supermercados;

- verificar a prevalência de dor.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo está organizado em quatro momentos: Aspectos Posturais que

tratará sobre definição da mesma e a sua relação no trabalho; Aspectos

Biomecânicos que tratará sobre a biomecânica do movimento e sua aplicação no

trabalho; Aspectos Fisiológicos que tratará sobre o funcionamento do corpo no

trabalho, principalmente sobre a ação muscular; Características e conseqüências da

postura sentada, que descreverá as conseqüências dessa postura se aplicada

incorretamente e relatará os principais problemas que ocasionam a dor.

2.1 Aspectos Posturais

O ser humano, através dos tempos, adaptou-se a uma mudança da posição

quadrúpede à bípede. Neste período houve uma grande transformação anatômica,

principalmente na coluna vertebral. (CONSTANZA, 2001, p. 295).

A coluna vertebral assumiu a forma de “S”, com três curvaturas móveis e uma

fixa, assim distribuída: uma lordose cervical, uma cifose dorsal e uma lordose lombar

móveis e uma cifose sacro-coccígena fixa. Estas curvaturas são fundamentais para

uma melhor distribuição das forças que atuam sobre o corpo, além disso,

proporcionam à coluna uma resistência e elasticidade muito grande. (KAPANDJI

apud CONSTANZA, 2001, p. 295).

Conforme Rocha e Souza (1999, p. 16) a postura corporal tem sido estudada

em seus aspectos estático e dinâmico desde a antiguidade, encontrada inclusive em

escritos bíblicos. Os autores ainda afirmam que a mesma tem um papel fundamental

na eficiência mecânica dos movimentos ou no combate de problemas do sistema

locomotor.

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“A Academia Americana de Ortopedia define postura como estado de

equilíbrio entre músculos e ossos com capacidade para proteger as demais

estruturas do corpo humano de traumatismos seja em pé ou deitado”. (ADAMS et al

apud BRACCIALLI; VILARTA, 2000, p. 17).

De acordo com Fernandes, Amadio e Muchizuki (1997), a postura é uma

posição ou atitude do corpo, formada por meio de arranjo relativo de suas partes

para uma atividade específica, ou ainda uma maneira individual de sustentação

orientada em função da força da gravidade.

“Postura é um termo geral que é definido como uma posição ou atitude do

corpo, a disposição relativa das partes do corpo para uma atividade específica, ou

uma maneira característica de sustentar o próprio corpo”. (SMITH et al., 1997, p

461).

Sabemos que para cada pessoa a uma postura adequada, desde que essa

mantenha os segmentos corporais em menor esforço físico e máxima sustentação.

Estudos sobre a postura sentada mostram que se permanecermos horas nessa

posição, haverá maior compressão de nervos e vértebras, essas compressões

podem estar relacionadas aos vários movimentos repetitivos no membro superior e

tronco durante a jornada de trabalho, mas o importante nesse estudo é identificar

qual a postura adotada pelos operadores de caixas nas diversas situações de

trabalho.

“Apesar da postura básica de uma pessoa ser natural, influências externas

como a disposição, a idade, os esportes, a nutrição, a doença e as condições de

vida e de trabalho tem um efeito considerável na mesma”. (KUPRIAN apud

WISKOW, 2006, p.21).

Conforme Castro et al. (2000, p. 73) a literatura referente ao assunto informa

que não existe um padrão único para uma boa postura. A maneira como nosso

corpo se expressa está ligada ao nosso cotidiano, ou seja, a cada atitude, haverá

uma postura resultante, biomecanicamente adequada ou não. Sendo assim uma

postura adequada ou biomecanicamente correta se dá em conseqüência do nosso

comportamento, cada indivíduo deve estar promovendo endireitamento e equilíbrio

do corpo. (WISKOW, 2006, p.15).

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Segundo Carneiro et al. (2005, p. 119) é aquela que o indivíduo em posição

ortostática, existe pequeno esforço da musculatura e dos ligamentos para manter-se

nesta posição, de tal modo que seja facilitado o equilíbrio estático.(WISKOW, 2006,

p.15)

Castro et al. (2000, p. 73) afirma que a coluna vertebral proporciona ao

indivíduo através de suas curvaturas e ações músculo-ligamentares um constante

estado de equilíbrio durante as atividades cotidianas (WISKOW, 2006, p.15).

Segundo Smith et al. (1997, p. 461) a postura é usada para realizar

determinada atividade com uma pequena demanda de energia, desta forma a

postura está intimamente ligada a um movimento, pois o mesmo, se iniciará sempre

a partir de uma postura e acabará em outra, onde a autora utiliza o exemplo de uma

pessoa que está em uma posição sentada e a seguir move-se para uma posição em

pé (SMITH, 2006, p.15).

Para Oliver (1999, p. 61) além de a postura ser a atitude que a pessoa

assume utilizando o menor esforço muscular possível, é também ao mesmo tempo,

uma forma de proteger as estruturas de suporte contra traumas. Dentro desta

perspectiva o autor ainda reitera o fato de que existem variações consideráveis na

quantidade de esforço em que cada indivíduo utiliza para executar mesmas tarefas,

ou seja, algumas pessoas utilizam um determinado grau de esforço muscular fora de

proporção para a tarefa a ser executada (WISKOW, 2006, p. 15).

As curvaturas da coluna servem para absorver impactos e para diminuição da

pressão exercida sobre o esqueleto. Uma postura biomecanicamente inadequada

aparece quando estas curvaturas acentuam-se ou diminuem em relação aos limites

da normalidade.

“A postura está intimamente ligada à vida emocional, ao ponto dela mesma

ser a expressão para o mundo exterior, não somente por meio da mímica facial e

manual, mas também péla disposição corporal no seu conjunto”. (GAGEY; WEBER

apud WISKOW, 2006, p. 20). Dessa forma a postura de uma pessoa está ligada ao

momento que ela está vivenciando, ou seja, a postura seria uma resposta ao

ambiente em que está inserido.

“O alinhamento do ser humano deve ser compreendido como uma resposta

individual à força da gravidade, a forma com que cada indivíduo reage aos estímulos

desequilibradores que ela provoca”. (BOJADSEN et al. apud WISKOW, 2006, p. 16).

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Vieira e Souza (1999, p. 1) afirmam ainda que não entendem a verticalidade

como sinal de boa postura, pois há muitos fatores que interferem neste processo, e

que considera como postura normal aquela que permita uma boa mobilidade sem

sobrecarregar a estrutura anatômica do indivíduo, sendo que as alterações músculo-

articulares podem ser causadas tanto pelo alinhamento como pelo desalinhamento

dos segmentos corporais.

Braccialii e Vilarta (2000 p. 17) destacam em seu texto a respiração tendo um

papel fundamental na manutenção da postura, pois quando os indivíduos assumem

posturas inadequadas há a possibilidade do encurtamento dos músculos

inspiratórios, por estarem incessantemente tensos, conseqüentemente dificultará o

movimento de descida do tórax, o que limitará a ventilação pulmonar.

Fernandes et al. (1998) relata que é difícil padronizar uma boa postura, pois

ela é inerente a cada indivíduo dependendo de diversos fatores, entre eles aspectos

fisiológicos, culturais, emocionais, nutricionais, climáticos e de treinamento. Ainda

afirma que os segmentos da coluna vertebral são susceptíveis a alterações no

decorrer da vida devido às adaptações que a vida lhes impõe, não podendo desta

forma afirmar que exista uma postura ereta que seja correta ou incorreta, mas sim

uma postura que seja mais ou menos cômoda a cada indivíduo (WISKOW, 2006,

p.23).

A boa postura é definida por (SANTOS apud SANTOS, 2002, p.18) como:

- A posição do corpo que envolve o mínimo de sobrecarga nas estruturas,

com o menor gasto energético, para o máximo de eficiência do corpo.

- A postura que preenche todas as necessidades mecânicas do aparelho

locomotor, permitindo que o indivíduo mantenha uma postura ereta com

esforço muscular mínimo.

- A posição que o corpo assume para preparação do próximo movimento.

- A forma de estar dos distintos componentes vertebrais, da pelve, dos

membros, da cabeça e do pescoço, e é ainda o equilíbrio harmônico e

estável, com “estresse” mecânico discreto, que não seja fatigante, que não

provoque dor, que seja funcionalmente bom e esteticamente aceitável.

Inúmeras atividades, o índice de lesões nos membros superiores é alto em

relação a outras partes corporais que, na opinião de (LECH apud SANTOS 2002,

p.20), se deve ao fato de que os nervos dos membros superiores possuem o risco

de compressão de vários locais por onde passam. Esta compressão pode ser

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causada por várias situações relacionadas aos movimentos repetitivos que

determinam a hipertrofia muscular local e irritação dos tecidos adjacentes ao nervo;

lesão que ocupe espaço, como um cisto, gânglio ou sinóvia inflamada; alteração do

contorno ósseo causado por lesão prévia (fratura) ou processos artríticos crônicos;

bandas fibrosas anômalas, entre outras.

Neste estudo o fator primordial é analisar a postura na qual os operadores

dos caixas de supermercado permanecem durante sua jornada de trabalho, focando

as mudanças de posição sentada ou em pé, se houver, rotações de tronco e flexões

anteriores e laterais e manuseamento de mercadorias com mais de 5 Kg.

2.2 Aspectos Biomecânicos

“Biomecânica é uma disciplina entre as ciências derivadas das ciências

naturais, que se ocupa com análises físicas de sistemas biológicos,

conseqüentemente, análises físicas de movimentos do corpo humano”. (AMADIO

[2007], p. 4).

A biomecânica utiliza as leis da física e conceitos de engenharia para

descrever os diversos movimentos realizados pelo corpo humano durante toda a

atividade, seja ela profissional ou atividades normais de vida diária. As interações

entre o trabalho e o homem sob o ponto de vista dos movimentos músculo-

esqueléticas envolvidos. (IIDA apud SANTOS, 2002, p. 14).

Os princípios mais importantes da biomecânica para a ergonomia são: as

articulações que devem ocupar uma posição neutra; conservar pesos próximos ao

corpo; evitar curvar-se para frente; evitar inclinar a cabeça; evitar torções de tronco e

movimentos bruscos que produzem picos de tensão; alternar posturas e

movimentos; restrinjir a duração do esforço muscular contínuo; prevenir a exaustão

muscular e opção por pausas curtas e freqüentes. (DUL apud SANTOS, 2002 p. 14).

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Chaffin et al. (2001) definem a biomecânica como uma ciência

multidisciplinar, que deriva dos conhecimentos das ciências físicas, biológicas e

comportamentais, além dos conhecimentos sobre a engenharia. O autor considera

que no estudo multidisciplinar, o foco que é empregado nos movimentos e/ou

atividades se traduz como variável de grande importância, onde os esforços podem

ser tanto ocasionais, quanto bastante repetitivo. Ambos se realizados em excesso,

podem levar a uma fadiga biomecânica, resultando em lesões graves e

incapacitantes ao trabalhador. (SANTOS, 2002, p.14)

Para Gardner et al. apud Vieira (2004, p. 20), a coluna vertebral, junto com os

músculos e articulações inerentes a ela, é o eixo e o pilar central do corpo. A cabeça

articular-se com o início da coluna vertebral e gira sobre a mesma; os membros

superiores estão ligados a ela pelos cíngulos dos membros superior, direito e

esquerdo. A coluna vertebral contém completamente a medula espinhal,

parcialmente os nervos raquidianos e, ainda, ajuda na proteção das vísceras do

pescoço, tórax e abdômen. A coluna vertebral é responsável ainda por distribuir o

peso do resto do corpo aos membros inferiores e ao chão quando o indivíduo está

em pé.

A coluna vertebral é flexível porque é composta por 33 pequenas partes que

constituem unidades ósseas ligeiramente móveis – as vértebras. A estabilidade,

desta estrutura esquelética, depende de ligamentos e músculos que mantém

articuladas as unidades ósseas. As vértebras são os ossos, que em número total de

33 unidades formam a coluna. Compreendem de cima para baixo, 7 vértebras

cervicais, 12 vértebras torácicas, 5 lombares, 5 vértebras rudimentares fundidas

compondo o osso sacro, e outras quatro vértebras, também rudimentares e fundidas,

que formam o pequeno osso cóccix. A coluna vertebral do adulto apresenta quatro

curvaturas no plano sagital: cervical, torácica, lombar e sacra. As curvaturas torácica

e sacra são denominadas primárias porque estão na mesma direção da curvatura da

coluna vertebral fetal. As curvaturas primárias são devidas a diferenças na altura

entre a parte anterior e posterior dos corpos das vértebras e dos discos

intervertebrais. (DIDIO apud VIEIRA, 2004, p. 21).

O centro de gravidade do corpo está localizado na frente do promontório

sacral, na altura da articulação entre a quinta vértebra e a primeira vértebra sacral.

(HALL apud VIEIRA, 2004).

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A coluna vertebral é o segmento mais complexo e funcionalmente significativo

do corpo humano. Possuindo a responsabilidade pela ligação entre os membros

superiores e inferiores, a coluna vertebral permite movimentos sob os três planos,

funcionando ainda como uma proteção óssea para a medula espinhal. A região

lombar, em específico, é de particular interesse, pois, conforme já citado por Diniz e

Ferreira Jr (1998) e Cabeças (1999), a lombalgia é um dos principais problemas

relatados por operadores de caixa de supermercado. (VIEIRA, p.22, 2004).

A estatística de lesões ocupacionais referidas por Chaffin et al., (2001),

indicam que as combinações de traumas por impacto e por esforço repetitivo são as

causa principais de incapacidade do trabalhador. (SANTOS, 2002, p.15)

O segmento móvel da coluna vertebral é formado por 2 vértebras adjacentes

e um disco intervertebral que as separa, referida por Watkins (2001) como

articulações intervertebrais. Hamill e Knutzen (1999) relatam que este segmento

móvel pode ser subdividido em porção anterior e porção posterior, cada qual com

uma função específica da coluna vertebral. A porção anterior refere-se aos corpos

das duas vértebras, aos discos intervertebrais e aos ligamentos longitudinais anterior

e posterior. (VIEIRA, p. 22, 2004).

Cada corpo vertebral possui uma forma cilíndrica, sendo mais espesso na

região anterior para que possa absorver grandes quantidades de cargas

compressivas (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Por sua vez, o disco intervertebral é

capaz de suportar tanto forças compressivas quanto forças de torção e de inclinação

sobre a coluna. (VIEIRA, p. 22, 2004).

O disco vertebral é formado por um núcleo pulposo, adequado para suportar

as forças compressivas à articulação intervertebral, e por um anel fibroso, que

proporciona uma força tensiva ao disco (HALL apud VIEIRA, 2004).

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O sistema músculo-esquelético tem como principal função sustentar e

proteger o corpo. De acordo com Santos (1996), a coluna vertebral apresenta quatro

funções, quais sejam, suportar, mobilizar, controlar (guiar movimento) e proteger,

sendo também um modelo importante de absorção de energia e proteção contra

impacto. Os movimentos do corpo ocorrem nas articulações e depende da ação

muscular e este, por sua vez, depende dos sistemas nervosos central e periféricos.

As articulações intervertebrais e facetarias da coluna vertebral, permitem

movimentos em flexão, extensão, flexão lateral e rotação, para permitir a mobilidade

do pescoço e cintura. Os ligamentos também são muito importantes, pois

estabilizam as articulações de qualquer parte do corpo. (SANTOS, 2002, p.16).

Quando um disco intervertebral está sob compressão, ele tende a perder

água Kraemer et al. (1985). Se a compressão continuar a se aplicada por um longo

período, resultará em uma diminuição ainda maior de sua hidratação (HALL apud

VIEIRA, 2004). A cessação da pressão sobre os discos faz com que estes

reabsorvam rapidamente grandes quantidades de água, retornando aos seus

volumes iniciais (KRAEMER apud VIEIRA, 2004).

Em movimentos como de flexão, inclinação lateral ou rotação, desenvolve-se

uma carga compressiva fora do eixo, esta carga assimétrica faz com que o corpo

vertebral realize uma translação em direção ao lado que recebe a carga, enquanto

as fibras são alongadas no outro lado e a pressão no núcleo pulposo retorna ao

normal. (HAMMIL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

Segundo Hall (1993), ao inclinar-se o tronco para frente e para baixo, ocorrem

três movimentos: a flexão da coluna, a anteversão da pelve e a flexão da articulação

do quadril. Durante a flexão da coluna, as vértebras movem-se anteriormente,

forçando o núcleo pulposo posteriormente, criando uma carga compressiva na

porção anterior do disco e uma carga tensiva no anel posterior. Já durante a

extensão da coluna vertebral ocorre exatamente o oposto, pois as vértebras

superiores se movem posteriormente, levando o núcleo pulposo anteriormente e

pressionando as fibras anteriores do anel. Na flexão lateral, ocorre a inclinação das

vértebras superiores no lado da flexão, gerando compressão naquele lado e tensão

no lado oposto. (HAMILL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

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O movimento de rotação do tronco desenvolve tanto tensão quanto atrito no

anel fibroso do disco intervertebral. Neste caso, metades das fibras do anel fibrosas,

que são orientadas na direção da rotação, ficam tensionadas e a outra metade das

fibras do anel fibroso, as quais estão orientadas na direção oposta, ficam frouxas.

Isto cria um aumento na pressão intradiscal, estreitando o espaço articular e cria

uma força de atrito no plano de rotação e tensão nas fibras orientadas na direção na

rotação. (HAMILL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

Conforme Chaffin et al., (2001), para que todo o corpo funcione

adequadamente, cada subestrutura deve funcionar da mesma forma. Fazem parte

destas sub estruturas, os tendões, ligamentos, fáscias, cartilagens, ossos e

músculos que compõem o sistema músculo-esquelético e o permitem executar suas

funções. (SANTOS, 2002, p.16).

2.3 Aspectos Fisiológicos

Alterações da microvasculatura e da estrutura física dos tendões podem

receber influências hormonais, bioquímicas, imunológicas, além das influências

mecânicas. (HELFENSTEIN apud PRZYSIEZNY,[2007]).

Os tendões estão sujeitos ao estresse tensional pelos músculos e ao estresse

compressivo dos ossos e ligamentos adjacentes. Eles respondem mecanicamente a

esses estresses com deformidades nas ligações moleculares entre suas matrizes

tissulares, ocorrendo assim alterações fisiológicas, metabólicas e circulatórias,

provavelmente por oclusão do fluxo sanguíneo e privação de nutrientes. Essas

alterações dependem da duração e da freqüência da exigência do tendão.

(HELFENSTEIN apud PRZYSIEZNY, [2007]).

Segundo Pereira apud Santos, (2002 p. 16), quando um músculo está

contraído, há um aumento da pressão interna, provocando um estrangulamento dos

capilares, isto faz com que o sangue deixe de circular nos músculos contraídos.

Para Muniz et al., (1999), o ideal é a alternância, ou seja, oferecer condições

em que o músculo contraia e relaxe de forma alternada, onde ele próprio trabalhe

como uma bomba sanguínea e, conseqüentemente, receba maior quantidade de

oxigênio, tornando-se assim, mais resistente à fadiga. (SANTOS, 2002, p.17).

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Possíveis fissuras no anel fibroso são o resultado de uma combinação de

degeneração da fibrocartilagem e de sobrecarga em resposta à carga durante

longos períodos. Pode ocorrer alguma cicatrização destas fissuras com o repouso

adequado. Porém, como o suprimento de nutrientes ao anel fibroso é pobre e a

pressão nos discos é alta, mesmo quando simplesmente sustenta-se o peso do

corpo ocorre compressão sobre o disco vertebral. Sob condições de pressão

intensa, o processo de recuperação pode ser superado pelo ritmo no qual ocorrem

as fissuras, de forma que o dano ao anel fibroso gradualmente se acumule. Com a

degeneração do anel fibroso, ele se torna progressivamente mais fraco e vulnerável

a lesões. (VIEIRA, 2004).

Adams et al. apud Vieira (2004), concluíram em seu estudo que grandes

níveis de flexão do tronco facilitam o desenvolvimento de prolapsos, posteriormente,

de discos intervertebrais da coluna lombar (hérnia de disco). Segundo Adams apud

Vieira (2004), um disco que sofreu leve degeneração também fica mais suscetível ao

prolapso.

Adams et al apud Vieira (2004), descrevem o alto risco de lesões lombares

relacionadas ao trabalho devido ao manuseio de cargas sob uma postura assimétrica,

envolvendo a rotação de tronco.

MARRAS et al. e McGILL (apud VIEIRA, 2004), concluíram que torcer o tronco

durante o levantamento de uma carga aumenta imensamente as forças de

compressão vertebrais se comparado com as forças estimadas em levantamentos

lentos e simétricos. Macintosh et al. (apud VIEIRA, 2004), mostraram que quando o

tronco está próximo da flexão máxima, apesar de a tensão ativa dos músculos

extensores posteriores estar reduzida, a tensão passiva é bastante elevada e

combinada com os ligamentos posteriores para produzir uma capacidade de

momento de flexão considerável.

A fisiologia do trabalho distingue duas formas de esforço muscular, quais

sejam, o trabalho muscular dinâmico e o trabalho muscular estático. (GRANDJEAN

apud SANTOS, 2002, p. 17).

- Trabalho muscular dinâmico: conhecido como rítmico, caracteriza-se por

uma seqüência rítmica de contração e relaxamento muscular, durante a

execução de uma determinada atividade de trabalho. Este tipo de trabalho

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pode ser expresso como o produto do encurtamento dos músculos e a força

desenvolvida.

- Trabalho muscular estático: conhecido como postural em oposição ao

dinâmico, caracteriza-se por um estado de contração prolongada da

musculatura, o que geralmente implica em um trabalho de manutenção da

postura. Neste tipo de trabalho, o músculo não altera seu comprimento e

permanece contraído, produzindo força durante longo período, o músculo

não recebe açúcar nem oxigênio do sangue, o que leva a utilizar suas

próprias reservas. Desta forma os resíduos não são retirados, acumulam-se

e por isso causam a aguda dor da fadiga.

De acordo com Barreira (1989), a realização de uma tarefa ocorre em função

do comprimento das exigências que esta coloca, portanto, para que possa garantir o

bom sucesso nesta realização entre outros meios que ele utiliza, encontram-se as

posturas e movimentações. Para o cumprimento da tarefa, o trabalhador realiza

alguns procedimentos operacionais que requerem dele uma certa atividade física e

mental. (SANTOS, 2002, p. 17)

Os exercícios físicos são benéficos aos pacientes. A modalidade aeróbica é

mais eficaz que os alongamentos. Deve ser levado em consideração o fato de que

alguns pacientes não têm condições físicas ou psicológicas de iniciar programas

aeróbicos logo no início do tratamento, para que não abandonem os programas de

exercícios por não tolerar a dor e a fadiga que estes causas. Portanto é essencial que

a atividade física seja instituída de maneira lenta e gradativa. (PRZYSIEZNY apud

MORAES, 1998).

2.4 Características e conseqüências da postura sentada

Historicamente é de interesse notar que nos primórdios o homem não tinha o

hábito de sentar-se. Segundo Grandjean (1985), o assento foi originado como um

símbolo de “status” o qual era reservado apenas para os chefes. O exemplo mais

ilustrativo disso era os tronos nos impérios.

Segundo Chaffin e Andersson apud Coury (1994, p.5), a principio essa

postura poderia ser considerada vantajosa com relação a postura ereta pois, cansa

menos, requer menos gasto energético, diminui o esforço do sistema circulatório,

alivia as pernas etc. Porém, ela impõem uma nova postura ao corpo humano. Isso,

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por sua vez, pode trazer conseqüências prejudiciais a algumas funções e estruturas

do corpo, quando a permanência nessa postura é excessivamente longa e/ou

quando as condições em que permanecemos sentados são inadequados.

A postura sentada, independente de qualquer condição associada, reduz a

curvatura lombar fisiológica (KEEGEN, 1953), aumenta em 35% a pressão interna

dos discos intravertebrais (NACHENSON; MORRIS, 1964; ANDERSSON;

ORTENGREN, 1974) e alonga as estruturas posteriores da coluna (YU,

KEYSERLING; CHAFFIN, 1988). Isso pode predispor o indivíduo que permanece

sentado por tempo prolongado a maiores índices de desconfortos gerais, tais como

dor, sensação de peso e formigamento em diferentes partes do corpo (MAGORA,

1972; GRANDJEAN; HUNTING, 1977; ANDERSSON, 1981), ou mesmo pode

aumentar os riscos de hérnia de disco – saída do núcleo intervertebral do centro do

disco, através de fissuras ou rompimento da parede do disco, para espaços externos

onde pode comprimir nervos ou estruturas próximas (KELSEY, 1975). No entanto,

há que se considerar que fatores individuais, das condições de trabalho e da

atividade realizada, irão influenciar os efeitos dessa postura sobre o corpo. (COURY,

1994, p. 5).

Além dos problemas lombares, a postura sentada prolongada tende a reduzir

a circulação de retorno dos membros inferiores facilitando a ocorrência de inchaços

nos pés e tornozelos (WINKEL, 1981 e 1986). Pode também promover desconfortos

na região do pescoço, quando este permanece estático

(COLLINS;BROWN.BOWMANE; CARKEET, 1990), e nos membros superiores

(ombros, braços e mãos), principalmente quando são executados movimentos

repetitivos ou associados ao uso de força (Vern Putz-Anderson, 1988). (COURY,

1994, p. 5).

Pereira apud Santos (2002, p.20) relata que o trabalho sentado apresenta-se

ideal sob o ponto de vista do gasto energético, porém, promove distúrbios

osteomusculares e contribui para o sedentarismo. A posição sentada dificulta o

retorno venoso e linfático, pois a pressão na parte posterior das coxas funciona

como importante obstáculo.

Nascimento e Moraes (2000) argumentam que condições favoráveis de

postura somente serão alcançadas na postura sentadas quando a cadeira é

perfeitamente adequada às características do usuário. Para os autores, a

permanência nesta postura, por longo período de tempo, ocasiona algumas

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conseqüências, como: flacidez dos músculos abdominais; alterações das curvaturas

vertebrais; convergência das costelas superiores, com diminuição da amplitude de

seus movimentos; diminuição da expansão diafragmática e pressão assimétrica nos

discos intervertebrais.(SANTOS, 2002, p.21)

“A posição sentada é considerada a mais danosa para a coluna, pior até

mesmo que a posição em pé. Este autor relata que a pressão no disco intervertebral

em L3 é consideravelmente menor em pé do que na postura sentada”.

(NACHEMSOM apud BRACCIALLI; VILARTA, 2000, p.19).

Nesta perspectiva Zapater (2004, p. 192) afirma que só o fato de um indivíduo

passar da postura em pé para a sentada aumenta em aproximadamente 35% a

pressão interna do núcleo do disco intervertebral, juntamente com todos os outros

elementos que fazem parte deste conjunto como: ligamentos, pequenas articulações

e nervos, sendo que este percentual pode chegar a 70% se o indivíduo permanecer

por um longo período sentado. Tudo isso levando em consideração que este mesmo

indivíduo estará sentado de uma maneira correta, ou seja, nas melhores condições

possíveis.

O disco intervertebral segundo Hall apud Wiskow (2006, p.25) é constituído

por duas estruturas funcionais: um anel externo espesso, formado por cartilagem

fibrosa, denominado anel fibroso ou ânulo, circunda um material gelatinoso central,

conhecido como núcleo pulposo ou simplesmente núcleo, sendo este núcleo quando

jovem formado 90% de água, e o restante formado por colágeno e proteoglicanos.

Toda vez que existe uma flexão ou extensão os corpos vertebrais rodam sobre o

núcleo, produzindo um estresse compressivo em um lado dos discos e um estresse

de tração do outro lado, enquanto a rotação da coluna vertebral cria um estresse de

cisalhamento nos discos, portanto durante a realização das atividades diárias de um

indivíduo a coluna vertebral sofre várias vezes esses estresses.

Toda vez que um disco sofre compressão, ele perde água, e absorve sódio e

potássio até que sua concentração eletrolítica interna seja suficiente para prevenir

qualquer perda adicional de água, portanto, toda vez que o mesmo receber uma

sobrecarga contínua por horas, o resultado é uma redução adicional na hidratação

do disco.

Segundo Miranda (2001, p.516), a postura sentada inadequada ou

prolongada é responsável por uma postura cifótica, ou seja, uma curvatura na região

torácica; acompanhada de uma abdução da cintura escapular, juntamente com uma

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projeção da cabeça para frente. Miranda afirma ainda que se sentar de forma

inadequada também é um dos responsáveis pela escoliose, cuja característica

principal é o desvio da coluna vertebral para o lado.(WISKOW, 2006)

Grandjean, Mc Gill et al apud Santos (2002, p.21) recomenda um local de

trabalho que alterne o trabalho sentado com uma postura de pé. Para o autor, uma

postura sentada prolongada é realmente muito menos comprometida com o trabalho

estático do que a postura de pé. Apesar disso, a posição sentada ocasiona

complicações de fadiga que, pela alternância com o trabalho de pé, tornam-se

menos criticas.

Cheren (1992) ressalta que posturas e movimentos inadequados produzem

tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações, resultando em dores

no pescoço, costas, ombros, punhos e outras partes do sistema músculo-

esquelético. (SANTOS, 2002, p.22).

Segundo (RAMMAZINI apud SANTOS, 2002, p. 22), as desordens da coluna

lombar é um dos problemas músculo-esqueléticas mais comuns em diversos locais

de trabalho. O autor evidencia como fatores de risco, os movimentos de flexão e

extensão do tronco, bem como também os movimentos rotacionais, incluindo

também os fatores psicossociais como a insatisfação no trabalho, monotonia, entre

outros aspectos.

Entre vários fatores que contribuem para a incidência dos distúrbios estão as

atividades repetitivas, movimentos biomecanicamente inadequados, fatores

psicossociais e organizacionais.

O termo DORT, Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, foi

estabelecido no Brasil, pelo Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS, em julho

de 1997, designado como sendo um conjunto de doenças que atingem músculos,

tendões, nervos e vasos dos dedos, das mãos, punhos, antebraços, braços, ombros,

pescoço e coluna vertebral. É provocada por atividades profissionais que exigem do

trabalhador movimentos manuais repetitivos, contínuos e de grande intensidade,

associados a uma organização do trabalho e equipamentos inadequados.

Segundo Couto apud Santos (2002, p.25), tendões, sinóvias, músculos,

nervos, fáscias e ligamentos são as estruturas mais acometidas pela LER/DORT.

Todas apresentam em comum o fato de serem constituídas por tecido conjuntivo

com características físicas, bioquímicas e funcionais especiais, voltadas para

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transmitir cargas, transformar energia para produzir movimentos, transmitir impulsos

elétricos e estabilizar as articulações.

Nascimento e Moraes apud Santos (2002), dividiu os fatores causais da

DORT em dois grupos:

- Predisponentes: compreendem alterações anatômicas, gravidez por

alterações hormonais, idade e outros.

- Desencadeantes: entendidos também como fatores de risco, e são

subdivididos em:

Biomecânicos:

- Força excessiva ao realizar tarefas;

- Repetitividade;

- Postura inadequada;

- Compressão mecânica de estruturas delicadas.

Organizacionais no trabalho:

- Mobiliário;

- Pressão de produção;

- Urgência em executar tarefas;

- Condições precárias de trabalho (falta de material e pessoal);

- Esquema rígido.

Sociais:

- Dupla jornada de trabalho;

- Questões salariais;

- Repouso insuficiente;

- Correria das grandes metrópoles;

- Sedentarismo.

As práticas esportivas e os afazeres domésticos podem também ocasionar

DORT, quando realizados de forma inadequada, levando sobrecarga as estruturas

corporais. A DORT atinge ambos os sexos em variadas idades, porem a maior

incidência é nas mulheres.(SANTOS, 2002, p.26)

Nascimento e Moraes apud Santos (2002) citam fatores desencadeadores da

DORT, destacando os seguintes:

- Profissão + Tarefas do lar: muitas mulheres trabalham fora e ainda atuam

nas tarefas do lar. Situação mais rotineira entre mulheres casadas e com

filhos.

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- Antropometria: as mulheres são cerca de 12 cm menores que os homens e

muitas vezes trabalham com máquinas, acessórios e em postos de trabalho

que foram projetados e baseados nos padrões masculinos.

- Capacidade Física: as mulheres têm menor resistência muscular

comparativamente aos homens. A capacidade muscular das mulheres é

cerca de 70% da apresentada pelo homem.

- Alterações Hormonais: o ciclo menstrual das mulheres dura cerca de 28

dias: mais ou menos no quarto dia que antecede a menstruação, ocorre

queda do nível do hormônio progesterona. A queda hormonal, em muitas

mulheres desencadeia irritabilidade, tensão, depressão, dores e outros

sintomas. Pode acontecer, também, durante a gravidez e menopausa.

Os Dorts podem causar afastamentos temporários, repetitivos e definitivos do

trabalho, e atinge o trabalhador no auge de sua produtividade e experiência

profissional.

Nascimento e Moraes apud Santos (2002) descrevem as principais patologias

decorrentes do DORT.

Algias de Coluna:

- Cervicalgia: dor localizada na região cervical decorrente de posturas

viciosas no trabalho, lazer, em casa e/ou no dormir; tensão emocional;

movimentos intensos, repetitivos e/ou bruscos.

- Cervicobraquialgia: dor localizada na região cervical, com irradiação para

os membros superiores, por pinçamento de raiz nervosa, alterações

ósseas.

- Dorsalgia: dor localizada na região dorsal, decorrente de má postura,

tensões musculares e outros.

- Lombalgia: dor localizada na região lombar, decorrente de posturas

viciosas no trabalho, lazer, em casa e outros.

- Lombociatalgia: dor localizada na região lombar, com irradiação para os

membros inferiores, por pinçamento de raiz nervosa, decorrente dos itens

citados anteriormente e, ainda, de alterações ósseas, como por exemplo,

osteófitos; hérnia de disco e outros.

- Outras patologias como: Síndrome do Desfiladeiro Torácico, tendinite do

Supra Espinhoso, Tendinite da Cabeça Longa do Bíceps, Epicondilite

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Lateral do Cotovelo, Síndrome do Túnel do Carpo, Tenossinovite De

Quervain, Dedo em Gatilho.

Todas patologias acima têm como causa movimentos intensos ou repetitivos;

traumas ou fraturas; posturas viciosas, que apresentam dor no inicio devido ao

processo inflamatório instalado na região acometida e, posteriormente, outras

complicações caso não seja tratado da forma adequada, levando o trabalhador à

incapacidade funcional.

Vale frisar que a dor é o principal sintoma que, antecede o quadro inflamatório

e/ou degenerativo, mas de modo geral, os portadores queixam-se de parestesias,

dores localizadas ou irradiadas, edemas, limitação do movimento devido à dor,

rigidez, e outros sintomas associados como ansiedade, irritabilidade, alterações do

humor e do sono, dentre outros.

Segundo estudo realizado por Muniz et al apud Santos (2002, p.28), maioria

dos indivíduos, ao atingir a meia idade, apresenta algum tipo de desconforto postural

sentido principalmente na coluna vertebral. O excesso de tempo diário na posição

sentada, e as posturas que são induzidas pelo mobiliário ocupacional contribuem

efetivamente para o agravamento do problema.

A alta exigência, que na maioria dos casos acaba em lesões teciduais são

causadas quando o ritmo em que a tarefa é realizada não garante pausa necessária

para que a fibra muscular retorne ao estado de repouso (relaxamento). Isso pode

levar a uma resposta inflamatória e/ou degenerativa das células dos tecidos moles

(músculos, nervos, tendões, ligamentos).

Cruz et al. apud Santos (2002), descrevem os graus de comprometimentos

das LER/DORT como sendo as seguintes:

Grau I – Sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor

espontânea, às vezes em pontadas, sem irradiação nítida, de caráter ocasional

durante a jornada de trabalho sem interferir na produtividade. A dor é, em geral, leve,

melhorando com o repouso. Os sinais clínicos estão ausentes. O prognóstico de

tratamento é bom.

Grau II – A dor é mais persistente, mais localizada e intensa. Aparece durante

a jornada de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o desempenho das

atividades, mas afeta o rendimento nos períodos de exacerbação. É mais localizada

e pode vir acompanhada de formigamento e calor, além de leves distúrbios da

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sensibilidade. A dor pode não melhorar com o repouso e a recuperação é mais

demorada. Os sintomas clínicos continuam ausentes, podendo ocorrer, pequena

nodulação e dor ao apalpar o músculo envolvido.

Grau III – A dor é ainda persistente, mais forte e com irradiação mais definida.

Aparecem mais vezes fora da jornada de trabalho, especialmente à noite. Há alguma

perda de força muscular. Devido a estes fatores ocorre sensível queda de

produtividade, quando não a impossibilidade de executar a função e as atividades

domésticas. O repouso em geral só atenua a intensidade da dor, nem sempre a

fazendo desaparecer por completo. Os sinais clínicos estão presentes, o edema é

freqüente, assim como a transpiração e a alteração da sensibilidade. Apalpar ou

movimentar o local afetado causa dor forte. O retorno ao trabalho nesta fase é

problemático e o prognóstico é reservado.

Grau IV – A dor é forte e contínua, por vezes insuportável, acentuando-se

com os movimentos, estendendo-se a todo o membro afetado, levando a intenso

sofrimento. A dor persiste até mesmo quando o membro é imobilizado. A perda da

força e controle dos movimentos é constante. O edema é persistente podendo

aparecer deformidades. As atrofias, principalmente dos dedos, são comuns em

função do desuso. A capacidade de trabalho é anulada e a invalidez se caracteriza

pela impossibilidade de um trabalho produtivo regular. As atividades cotidianas são

muito prejudiciais. Neste estágio são comuns as alterações psicológicas, com

quadros de depressão, ansiedade e angústia. O prognóstico é sombrio.

Segundo Pereira apud Santos (2002, p.31), quando o funcionário de uma

empresa começa a sentir dores que são provocadas e/ou agravadas por sua

atividade laborativa e por seu desconhecimento de princípios de boa postura

corporal, ocorre redução em sua produtividade.

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3 METODOLOGIA

O estudo parte de um levantamento bibliográfico com a finalidade de melhor

compreender a questão da postura sentada e os movimentos realizados nessa

postura nas operadoras de caixas de supermercados. Nesta etapa também se

buscou analisar os movimentos realizados durante a rotina das operadoras,

buscando identificar qual a postura assumida pelas mesmas em várias situações do

cotidiano do trabalho e verificar a localização, freqüência e intensidade da dor.

Sendo assim o trabalho trata-se de um estudo quantitativo, por caracterizar-se do

emprego da quantificação visando precisão dos resultados e, qualitativo, por

pesquisar as características do público participante, bem como o ambiente de

trabalho e sua relação com o meio à qual está inserido.

3.1 População

Os públicos alvos deste trabalho são caixas operadoras de supermercados,

de uma rede de supermercados de Alvorada, Rio Grande do Sul - RS.

3.2 Amostra

O supermercado onde foram coletados os dados é composto por 15 caixas

operadoras totalizando 100% dos trabalhadores nesse setor, participaram da

amostra 6 operadoras de caixas representando um total de 40% dos funcionários

desse setor.

As participantes da pesquisa eram todas do sexo feminino, o tempo que

exerciam esta função variava de 8 meses à 4 anos e 6 meses, a idade varia de 17

anos à 29 anos, a estatura varia de 1.50 m à 1.70 m.. Todas relataram não ter

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35

sofrido nenhum acidente de trabalho, a jornada de trabalho era de 8 hs diárias com

pausa durante a jornada de trabalho e com existência de horas extras.

3.3 Instrumentos

A primeira etapa constituiu na autorização do supermercado, para a realização

da observação e das coletas dos questionários aplicados as operadoras de caixas.

Com a autorização do supervisor do supermercado, foi explicado para a fiscal de

caixa da manhã e para as operadoras de caixas sobre o trabalho que iria ser

realizado nesta empresa, sendo em seguida entregue o Termo de Consentimento

Informado.

Para realização deste trabalho foram utilizados três instrumentos diferentes,

onde cada um tem a finalidade de coletar dados para o trabalho.

Foram utilizados os questionários de dor (SOUZA; KRIEGER, 2000), um

questionário com perguntas fechadas, referentes às necessidades do presente

estudo (SANTOS, 2002, p. 99-101) e a observação das caixas operadoras durante a

sua jornada de trabalho; sem auxílio de filmadora ou câmera digital, durante cinco

dias, sendo destinado a cada caixa operadora vinte minutos por dia.

Através dos questionários procurou-se obter informações qualitativas e

quantitativas sobre as reais situações em que os operadores de caixas executam sua

atividade.

3.4 Análise e Estatística

Foi utilizada para este trabalho uma análise quantitativa, através das

observações das caixas operadoras durante 20 minutos por dia para cada caixa

operadora, num total de cinco dias; e também um trabalho qualitativo por investigar

variáveis como sexo, idade, peso e altura buscando traçar o perfil do universo

pesquisado e questões ergonômicas e organizacionais, como também a localização

da dor, bem como, intensidade e freqüência, através de um questionário de dor e um

questionário sobre as variáveis descritas.

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36

4 RESULTADOS

4.1 Descrição do Espaço Físico e da Tarefa

O setor em questão está inserido em uma empresa composta por três

estabelecimentos nos ramos de supermercados, comércio atacadista na cidade de

Alvorada, Rio Grande do Sul – RS. Destes três estabelecimentos um deles, a matriz

foi local onde foi realizada a observação.

Quanto às condições físicas os dados dos questionários revelam que 83% das

participantes da pesquisa consideram o espaço no caixa suficiente para

movimentação. Nas observações realizadas verificou-se que o espaço físico dos

caixas é regular, pois as cadeiras por serem grandes ocupam um bom espaço, mas é

possível a movimentação dentro dos caixas. Já nos caixas rápidos verificou-se que o

espaço físico dos caixas é insuficiente, pois não há espaço para a movimentação das

caixas, bem como local para colocar a mercadoria, sendo que as sacolas ficam num

carinho de compras logo atrás das caixas.

Nas observações constatou-se que o posto de trabalho consiste de um caixa

composto por um monitor de computador localizado lateralmente e superiormente ao

operador, uma gaveta à frente da operadora para guardar dinheiro e documentos, o

leitor óptico scanner, localizado a frente da caixa, uma máquina para emissão das

notas fiscais localizados ao lado direito da caixa sobre uma bancada, bancada com

esteira para rolamento das mercadorias que termina antes do scanner, com

dispositivo para seu funcionamento na frente da caixa operadora logo ao lado do

scanner e uma cadeira com estofamento apoio nas costas, sem apoio para braços e

para os pés, giratória e com altura regulável.

A atividade das operadoras de caixas consiste em registrar as mercadorias

pelo leitor óptico, verificação do montante a ser cobrado do cliente, processar os

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pagamentos (via cheque, cartão ou espécie), empacotar as mercadorias compradas,

quando necessário controlar a limpeza da bancada e fechamento do caixa no final do

expediente.

4.2 Análise dos Movimentos nos Caixas Normais

Foram observados durante cinco dias, vinte minutos por dia cada funcionária,

os seguintes movimentos: Flexão de Tronco para frente, Flexão Lateral do Tronco,

Rotação de Tronco e Rotação com Inclinação de Tronco.

Conforme as observações houve 1568 movimentos realizados, sendo que

desses 904 foram de rotação totalizando 58% dos movimentos, 386 foram de flexão

lateral totalizando 24 % dos movimentos, 169 foram de rotação com flexão totalizando

11% dos movimentos e 109 foram de flexão anterior totalizando 7% dos movimentos

realizados durante as observações (Figura 1).

Caixas Normais

109

386

904

169

0

500

1000

Flexão Flexão Lateral Rotação Rotação c/Flexão

Movimentos Analisados

de

Mo

vim

ento

s

7%

24%

58%

11%

Figura 1: Movimentos observados nos caixas normais.Fonte: Própria autora, 2007.

Com base nesses dados podemos notar que houve uma predominância de

rotações de tronco, mesmo havendo cadeira giratória e espaço para a realização do

movimento nos caixas. Verificando os dados podemos concluir que a postura

adotada pelas caixas operadoras é inadequada, pois os movimentos rotacionais

aumentam as forças de compressão intervertebral.

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38

Os movimentos rotacionais do tronco têm sido descritos como mais

prejudiciais à integridade da coluna vertebral que os movimentos de flexão e

inclinação lateral (COOK; McGILL, apud VIERA, 2004). O risco de um prolapso do

disco intervertebral é maior nestes movimentos assimétricos devido à diferença de

tensão que ocorre nos discos intervertebrais. Em movimentos de rotação ocorre um

aumento da tensão em parte das fibras do ânulo fibroso, enquanto outra parte das

fibras do disco permanece frouxa (HAMIL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

Os movimentos de flexão lateral (inclinação lateral) do tronco aparecem

como segundo movimento mais realizado, tais movimentos devem ser reduzidos,

pois trazem grandes riscos de lesão na coluna vertebral.

A flexão lateral do tronco aumenta o estresse dos ligamentos paravertebrais

e impõem estresses potencialmente prejudiciais aos discos intervertebrais (HAMIL;

KNUTZEN apud VIEIRA, 2004). Tais movimentos são ainda mais acentuados

quando os movimentos de inclinação são associados a movimentos de flexão do

tronco.

A freqüente flexão lateral do tronco pode desencadear encurtamentos dos

tecidos periarticulares (músculos, ligamentos e fáscias) do lado em que a flexão é

realizada. Por outro lado, pode induzir a um alongamento e enfraquecimento destes

tecidos do lado contrário. A combinação desses fatores pode levar ao surgimento

de problemas posturais importantes, tais como a escoliose (KENDALL;

McCREARY; PROVANCE apud VIEIRA, 2004).

Já os movimentos de flexão anterior da coluna podem ser um fator

determinante no aparecimento de certos problemas na coluna vertebral de ordem

músculo-esqueléticas ou até mesmo de herniações discais (McGILL apud VIEIRA,

2004). Condições de trabalho sob fadiga são conhecidas como predisponentes ao

aparecimento de condições de desconforto e dor, que podem levar a quadros

incapacitantes (BAÚ apud VIEIRA, 2004).

4.3 Análise dos Movimentos nos Caixas Rápidos

Foram observados durante cinco dias, vinte minutos por dia cada funcionária,

os seguintes movimentos: Flexão de Tronco para Frente, Flexão Lateral de Tronco,

Rotação de Tronco e Rotação com Inclinação de Tronco.

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Conforme as observações houve 432 movimentos realizados, sendo que

desses 253 foram de rotação de tronco totalizando 59% dos movimentos, 100 foram

de flexão lateral totalizando 23% dos movimentos, 50 foram de rotação com flexão

totalizando 11% dos movimentos e que 29 foram de flexão anterior totalizando 7%

dos movimentos realizados durante a observação (Figura 2).

Caixas Rápidos

29

100

253

50

0

100

200

300

Flexão Flexão Lateral Rotação Rotação c/Flexão

Movimentos Analisados

de

Mo

vim

ento

s

7%

23%

59%

11%

Figura 2: Movimentos observados nos caixas rápidos.Fonte: Própria autora, 2007.

Com base nesses dados podemos notar que houve uma predominância de

rotações de tronco, devido ao pequeno espaço destinado às caixas para o uso

apropriado da cadeira giratória e também uma postura inadequada adotada pelas

caixas operadoras, pois conforme os dados coletados os movimentos de rotação

também foram predominantes nos caixas normais, pelo fato dos movimentos

rotacionais aumentarem a compressão intervertebral é que deve ser feita uma

intervenção quanto às posturas assumidas pelas caixas operadoras durante a

jornada de trabalho.

Os movimentos rotacionais do tronco têm sido descritos como mais

prejudiciais à integridade da coluna vertebral que os movimentos de flexão e

inclinação lateral (COOK; McGILL, apud VIERA, 2004). O risco de um prolapso do

disco intervertebral é maior nestes movimentos assimétricos devido à diferença de

tensão que ocorre nos discos intervertebrais. Em movimentos de rotação ocorre um

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40

aumento da tensão em parte das fibras do ânulo fibroso, enquanto outra parte das

fibras do disco permanece frouxa (HAMIL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

4.4 Manusear mercadorias com mais de 5 Kg

Durante as observações foram analisados se as caixas operadoras

manuseavam mercadorias com mais de cinco quilos na postura sentada ou na

postura em pé. Durante a jornada de trabalho, os dados obtidos apontam para uma

concentração maior de profissionais que trabalham sentados.

Conforme análise podemos observar que em sessenta e duas situações as

caixas mudaram da posição sentada para em pé somente em dez situações,

totalizando um percentual de 16% dos movimentos em pé e 84% dos movimentos

sentados (Figura 3).

Manusea Mercadorias > 5 Kg

10

52

0

20

40

60

Em pé SentadoMovimentos Analisados

de

Mo

vim

ento

s

16%

84%

Figura 3: Movimentos observados para manusear mercadorias > 5 KgFonte: Própria autora, 2007.

Através desses dados notamos que as posturas adotadas pelas caixas

operadoras para movimentar as mercadorias estão inadequadas, pois quando

estamos sentadas e manuseando mercadorias pesadas a pressão nos disco

intervertebral se torna ainda maior, podendo trazer sérias conseqüências.

Adams et al apud Vieira (2004), descrevem o alto risco de lesões lombares

relacionadas ao trabalho devido ao manuseio de cargas sob uma postura

assimétrica, envolvendo a rotação de tronco.

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Além dos problemas lombares, a postura sentada prolongada tende a reduzir

a circulação de retorno dos membros inferiores facilitando a ocorrência de inchaços

nos pés e tornozelos (WINKEL, 1981 e 1986). Pode também promover desconfortos

na região do pescoço, quando este permanece estático (Collins; Brown; Bowmane;

Carkeet, 1990), e nos membros superiores (ombros, braços e mãos), principalmente

quando são executados movimentos repetitivos ou associados ao uso de força (Vern

Putz-Anderson, 1988). (COURY, 1994, p. 5).

Sendo que tais acometimentos são ampliados quando realizados com

sobrecarga ou peso a mais sobre a coluna vertebral.

4.5 Mudanças de Postura

Outro item observado foi à alternância de posição durante a jornada de

trabalho, seja da postura em pé para postura sentada.

De acordo com os dados em 26 situações somente em cinco houve a

mudança da postura sentada para em pé, sendo que nas outras vinte e uma

permaneceram sentadas. Com base nos dados observamos que as caixas

operadoras mudam poucas vezes de postura durante sua jornada de trabalho, tais

índices podem ser devidos a pouca informação sobre postura e sua conseqüências

quando mal adotada (Figura 4).

Mudança de Postura

5

21

0

5

10

15

20

25

Troca Não Troca

Movimentos Analisados

de

Mo

vim

ento

s

19%

81%

Figura 4: Mudança de Postura Sentada/Em pé.Fonte: Própria autora, 2007.

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Tais considerações remetem a opinião de Santos (1996), ao relatar que no

geral a longa permanência na posição sentada, provoca sobrecarga na coluna

vertebral, devido às diversas posturas incorretas que os operadores de caixas

adotam no decorrer do seu trabalho tais como inclinação e rotação de tronco,

movimentos repetitivos com os membros superiores, entre outros, fatores estes que

contribuem grandemente para o surgimento de algias vertebrais.

A postura sentada, independente de qualquer condição associada, reduz a

curvatura lombar fisiológica (KEEGEN, 1953), aumenta em 35% a pressão interna

dos discos intravertebrais (NACHENSON; MORRIS, 1964; ANDERSSON;

ORTEGREN, 1974) e alonga as estruturas posteriores da coluna (YU,

KEYSERLING; CHAFFIN, 1988). Isso pode predispor o indivíduo que permanece

sentado por tempo prolongado a maiores índices de desconfortos gerais, tais como

dor, sensação de peso e formigamento em diferentes partes do corpo (MAGORA,

1972; GRANDJEAN; HUNTING, 1977; ANDERSSON, 1981), ou mesmo pode

aumentar os riscos de hérnia de disco – saída do núcleo intervertebral do centro do

disco, através de fissuras ou rompimento da parede do disco, para espaços externos

onde pode comprimir nervos ou estruturas próximas (KELSEY, 1975). No entanto,

há que se considerar que fatores individuais, das condições de trabalho e da

atividade realizada, irão influenciar os efeitos dessa postura sobre o corpo.

Para Muniz et al., (1999), o ideal é a alternância, ou seja, oferecercondições em que o músculo contraia e relaxe de forma alternada, ondeele próprio trabalhe como uma bomba sanguínea e, conseqüentemente,receba maior quantidade de oxigênio, tornando-se assim, mais resistente àfadiga. (COURY, 1994, p. 5).

4.6 Localização, Intensidade e Freqüência da Dor

O gráfico abaixo apresenta a localização da dor, bem como o número de

funcionárias que relataram dor nessa região corporal.

Em relação à intensidade e freqüência da dor, foi relatado pelas participantes

dores médias (2/4) e forte (2/4) de 1-3x semana na região cervical. Na região dos

ombros foi relatado dor leve (1/4) e média (3/4) de 1-3x semana (2/4) de 1-4x mês

(2/4). Na região dos braços foi relatado dor intensa (1/2) e leve (1/2) de 1-4x mês. Na

região dorsal foi relatado dor intensa (1/3) e média (2/3) de 1-3x semana para (1/3), 1-

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4x mês para (1/3) e 7x na semana para (1/3). Na região lombar foi relatado dor forte

(1/1) de 1-4x mês. Na região dos glúteos foi relatado dor leve (1/1) de 1-4x mês. E na

região das pernas foi relatado dor forte (1/3) de 4-6x semana e dor leve (2/3) 1-4x no

mês (Figura 5).

Localização da Dor

4 4

23

1 1

3

012345

Cervical Ombros Braços Dorsal Lombar Glúteos Pernas

Regiões Corporais

de

par

tici

pan

tes

com

Do

r

67% 67% 33% 50% 17% 17% 50%

Figura 5: Localização da Dor.Fonte: Própria autora, 2007.

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5 DISCUSSÃO

A partir dos dados obtidos verificou-se que as posturas adotadas pelas caixas

operadoras eram biomecanicamente inadequada podendo trazer problemas

posturais futuros, sendo que só nos caixas rápidos o espaço impedia que a cadeira

girasse e que as caixas se movimentassem confortavelmente, por esse motivo

houve maior prevalência de rotações de tronco do que nos caixas normais. Sendo

assim os caixas rápidos devem ser modificados para o melhorar os espaços

destinados ao trabalho, mas também se faz necessário conscientizar as funcionárias

a adotar posturas biomecanicamente corretas e que lhe propiciem o menor dano

possível.

Segundo Miranda (2001, p. 516), a postura sentada inadequada ou

prolongada é responsável por uma postura cifótica, ou seja, uma curvatura na região

torácica; acompanhada de uma abdução da cintura escapular, juntamente com uma

projeção da cabeça para frente. Miranda afirma ainda que se sentar de forma

inadequada também é um dos responsáveis pela escoliose, cuja característica

principal é o desvio da coluna vertebral para o lado. (WISKOW, 2006)

Através das observações pode-se constatar que as rotações de tronco eram

os movimentos mais realizados durante a jornada de trabalho, sendo no caixa rápido

ou no normal seguida das flexões laterais. Com base no estudo e na afirmação

acima, verificamos que as posturas sentadas acompanhadas de erros posturais

aumentam os riscos de lesões na coluna, podendo afastar o funcionário do seu setor

de trabalho.

Cheren (1992) ressalta que posturas e movimentos inadequados produzem

tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações, resultando em dores

no pescoço, costas, ombros, punhos e outras partes do sistema músculo-

esquelético. (SANTOS, 2002, p.22).

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Associados a esses dados com o questionário de prevalência de dor,

verificam que as regiões com maior queixas são: cervical com 66%, ombros com

50%, dorsal com 50% e pernas com 50%. Essas queixas se devem aos erros

posturais e a repetitividade dos movimentos nos membros superiores, sendo que as

dores nas pernas procedem no longo período na postura sentada, o que acaba

dificultando o retorno venoso.

Além dos problemas lombares, a postura sentada prolongada tende a reduzir

a circulação de retorno dos membros inferiores facilitando a ocorrência de inchaços

nos pés e tornozelos (WINKEL, 1981 e 1986). Pode também promover desconfortos

na região do pescoço, quando este permanece estático (COLLINS; BROWN;

BOWMANE; CARKEET, 1990), e nos membros superiores (ombros, braços e mãos),

principalmente quando são executados movimentos repetitivos ou associados ao

uso de força (VERN PUTZ-ANDERSON, 1988). (COURY, 1994, p. 5).

Em movimentos como de flexão, inclinação lateral ou rotação, desenvolve-se

uma carga compressiva fora do eixo, esta carga assimétrica faz com que o corpo

vertebral realize uma translação em direção ao lado que recebe a carga, enquanto

as fibras são alongadas no outro lado e a pressão no núcleo pulposo retorna ao

normal. (HAMMIL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

O movimento de rotação do tronco desenvolve tanto tensão quanto atrito no

anel fibroso do disco intervertebral. Neste caso, metades das fibras do anel fibrosas,

que são orientadas na direção da rotação, ficam tensionadas e a outra metade das

fibras do anel fibroso, as quais estão orientadas na direção oposta, ficam frouxas.

Isto cria um aumento na pressão intradiscal, estreitando o espaço articular e cria

uma força de atrito no plano de rotação e tensão nas fibras orientadas na direção na

rotação. (HAMILL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

Os movimentos rotacionais do tronco têm sido descritos como mais

prejudiciais à integridade da coluna vertebral que os movimentos de flexão e

inclinação lateral (COOK; McGILL, apud VIERA, 2004). O risco de um prolapso do

disco intervertebral é maior nestes movimentos assimétricos devido à diferença de

tensão que ocorre nos discos intervertebrais. Em movimentos de rotação ocorre um

aumento da tensão em parte das fibras do ânulo fibroso, enquanto outra parte das

fibras do disco permanece frouxa (HAMIL; KNUTZEN apud VIEIRA, 2004).

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46

Os movimentos de flexão lateral (inclinação lateral) do tronco aparecem como

segundo movimento mais realizado, tais movimentos devem ser reduzidos, pois

trazem grandes riscos de lesão na coluna vertebral.

A flexão lateral do tronco aumenta o estresse dos ligamentos paravertebrais e

impõem estresses potencialmente prejudiciais aos discos intervertebrais (HAMIL;

KNUTZEN apud VIEIRA, 2004). Tais movimentos são ainda mais acentuados

quando os movimentos de inclinação são associados a movimentos de flexão do

tronco.

A freqüente flexão lateral do tronco pode desencadear encurtamentos dos

tecidos periarticulares (músculos, ligamentos e fáscias) do lado em que a flexão é

realizada. Por outro lado, pode induzir a um alongamento e enfraquecimento destes

tecidos do lado contrário. A combinação desses fatores pode levar ao surgimento de

problemas posturais importantes, tais como a escoliose (KENDALL; McCREARY;

PROVANCE apud VIEIRA, 2004).

Já os movimentos de flexão anterior da coluna podem ser um fator

determinante no aparecimento de certos problemas na coluna vertebral de ordem

músculo-esqueléticas ou até mesmo de herniações discais (McGILL apud VIEIRA,

2004). Condições de trabalho sob fadiga são conhecidas como predisponentes ao

aparecimento de condições de desconforto e dor, que podem levar a quadros

incapacitantes (BAÚ apud VIEIRA, 2004).

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6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

6.1 Conclusão

O objetivo do trabalho foi identificar as posturas adotadas pelas caixas

operadoras de supermercado durante a jornada de trabalho bem como a prevalência

de dor e os fatores de riscos que estão expostas.

O estudo confirmou a importância da Educação Física na investigação das

posturas assumidas por estas trabalhadoras, visando a conscientização das

funcionárias e do empregador quanto às posturas a serem adotadas durante a

jornada de trabalho bem como a alternância de postura para diminuir lesões.

A atividade das operadoras de caixas de supermercados como constatado na

pesquisa, é considerada de risco devido às condições em que realizam suas

atividades, sobretudo posturais. Considerando necessária a adoção de algumas

atitudes corretivas para diminuir ou minimizar o risco de acometimentos músculo -

esqueléticos entre as operadoras, através de modificação do mobiliário, palestras e

ginásticas laborais.

Referente às condições músculo-esqueléticas e/ou posturais, a postura

sentada, a flexão e rotação de tronco, os movimentos repetitivos, são bastante

freqüentes na rotina das trabalhadoras observadas. Tais movimentos acarretam na

incidência dos distúrbios músculo-esqueléticas, principalmente da coluna cervical,

dorsal, pernas e ombros conforme evidenciado nos dados obtidos. A inadequação

da posição ou postura de um membro pode acarretar sobrecarga nos demais assim

como na coluna e membros inferiores, constituindo-se num dos motivos mais

freqüentes de Dorts.

Sabendo-se que não existe postura padrão para todos os indivíduos, e que a

postura varia, sugere-se as operadoras de caixas e os empregadores esclareça - se

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quanto aos vícios posturais, bem como se conscientizem a adotar posturas corretas

e confortáveis.

Assim, o estudo mostra que para compreender e prevenir a Dorts nos

operadores de caixas; não basta avaliar somente os aspectos relacionados a

mobiliário, mas também os aspectos posturais e de consciência corporal, tornando

possível que os profissionais possam assumir ou adotar posturas adequadas no seu

setor de trabalho. Desse modo as conscientizações corporais através da Educação

Física, visam melhores condições de trabalho desses trabalhadores, diminuindo as

Dorts e os gastos das empresas com tais acometimentos, através de ginástica

laboral e consciência corporal.

Desta forma, pode-se concluir que a postura adotada pelas caixas operadores

é inadequada para a prática de sua atividade, podendo trazer sérias conseqüências

músculo – esqueléticas. E que para tais enfermidades diminuírem é necessário que

a Ergonomia e a Educação Física unem-se para buscar melhores condições desses

trabalhadores, propondo estratégias para as empresas adotarem tais programas.

6.2 Recomendações

Recomenda-se que sejam tomadas medidas para conscientizar as

funcionárias e ensina-las a adotar a melhor postura para cada situação na jornada

de trabalho, visando diminuir ou minimizar os danos músculo-esqueléticas.

Este estudo permite, recomendar os trabalhadores de caixas, adoção de

medidas preventivas de Dorts, como fortalecimento músculo-esquelético e

alongamento e/ou aquecimento antes da atividade.

Trabalhar a postura também é uma tarefa do Educador Físico, seja na criação

e manutenção de hábitos posturais adequados, seja no trabalho de alongamento e

correção de posturas viciosas decorrentes das características do público em

questão.

Nesse sentido a ergonomia tem muito a contribuir, pois os aspectos

biomecânicos e fisiológicos da postura em pé ou sentada, a permanência por longos

períodos numa postura fixa, os limites de tolerância para levantamento de cargas, o

tipo de mobiliário entre outros, são estudos pelos ergonomistas de forma intensa e

obtendo ótimos resultados.

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49

Todos esses aspectos devem ser utilizados pelos Educadores Físicos e

cursos afins, pois tais conhecimentos são extremamente úteis para o

aperfeiçoamento do Educador Físico e de grande valia para novos estudos nessa

área que é pouquíssimo estudado. Sugiro que os profissionais da saúde procurem

mais informações sobre os diversos campos de atuação que podemos trabalhar,

pois tais informações enriquecem nossos conhecimentos e proporcionam a escolha

de medidas corretivas eficazes para cada público com que iremos trabalhar,

proporcionando ao nosso público, melhoras significativas, através dos exercícios

físicos bem prescritos para cada situação.

6.3 Limitações do Estudo

A escassez de publicações referentes ao assunto e a dificuldade de obter

material tornaram-se um fator limitante para a realização do estudo, dificultando

comparação de outros resultados com esta pesquisa.

Outro fator limitante foi à autorização de um supermercado para a realização

da pesquisa, e a filmagem das participantes. Contudo uma rede de supermercados

de Alvorada – RS concedeu autorização para fazer a pesquisa, mas sem filmagem

ou fotos dos participantes ou da empresa.

Durante as observações e aplicação dos questionários tomou-se o cuidado

para não atrapalhar o andamento normal do serviço, sendo que somente foi liberada

a observação de segunda-feira à sexta-feira, para não comprometer o atendimento

aos clientes.

O estudo abrange uma única rede de supermercados, sendo que dessa rede

somente a matriz foi pesquisada.

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50

REFERÊNCIAS

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BACK, João Miguel. Manual para apresentação de trabalhos acadêmicos:graduação e pós-Graduação. 2º ed. Canoas: Salles, 2006.

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APENDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO

a) TRABALHO DE PESQUISA

Análise Postural de Caixas Operadoras de Supermercados.

b) INSVESTIGADORES RESPONSÁVEIS

- MS. ALEXANDRE LUIS RITTER (UNILASALLE) ([email protected]).

- Teu nome: Acadêmica do Curso de Educação Física UNILASALLE sob orientaçãodo investigador. ([email protected]).

c) OBJETIVOS

• Verificar como os trabalhadores sentam durante a jornada de trabalho.

• Verificar a prevalência1 de dor.

d) PROCEDIMENTOS E CONSENTIMENTOS

Serão realizadas duas avaliações, nenhuma delas de caráter invasivo, ou seja, que sejanecessária alguma exposição a fatores de risco, bem como utilização de qualquer tipo deequipamento intra-corpóreo.

Os resultados dessas avaliações serão utilizados para elaboração do trabalho deconclusão de curso e futuras publicações em periódicos científicos e apresentações emcongressos. EM HIPÓTESE ALGUMA OS NOMES DOS PARTICIPANTES SERÁ DIVULGADO.

Tendo em vista o que foi mencionado anteriormente, leia com bastante atenção todos ostestes a seguir relacionados, tire qualquer dúvida e, somente então, autorize a sua inclusão nogrupo de estudo.

AUTORIZO O PESQUISADOR E A ACADÊMICA ANTERIORMENTE MENCIONADOS A REALIZARAS AVALIAÇÕES DE POSTURA ASSINALADAS E RUBRICADAS ABAIXO:

Questionário de DOR RubricaInventário sobre a duração, intensidade, freqüência, localização e origem da dor.

Avaliação da POSIÇÃO SENTADA NO SETOR DE TRABALHO RubricaAvaliação visual da forma com que os trabalhadores sentam para realizar tarefas no setor detrabalho

DECLARO QUE TIREI TODAS AS DÚVIDAS E QUE ESTOU DE ACORDO COM A MINHAPARTICIPAÇÃO NESTE PROJETO DE PEQUISA.

ALVORADA, / / .NOME ______________________

ASSINATURA

1“Prevalência é a proporção da população que tem uma doença ou condição clínica em umdeterminado tempo e diferencia-se da incidência (estatística obtida de um estudo de coorte) que é aproporção de indivíduos que a adquirem durante um determinado período de tempo.” (HULLY et al,2003:128)

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ANEXO A – QUESTIONÁRIO INVESTIGATÓRIO

Dados Pessoais:Nome:Idade:Sexo:Altura:Peso:

Aspectos da Função:

1-Trabalha há quanto tempo nesta função?2- Já ocorreu algum acidente de trabalho? Sim ( ) Não ( )3- Há exigência de escolaridade? Sim ( ) Não ( )4- Qual a duração da jornada de trabalho?4 horas ( ) 6 horas ( ) 8 horas ( ) 10 horas ( ) Mais ( )5- Existe pausa para descanso durante a jornada de trabalho? Sim ( ) Não ( )6-Existe revezamento de tarefas durante a jornada de trabalho? Sim ( ) Não ( )7-Existe hora extra? Sim ( ) Não ( )8-Existe dificuldade nos relacionamentos interpessoais? Sim ( ) Não ( )9-Existe excesso de pressão das chefias? Sim ( ) Não ( )10-Existe movimento repetitivo dos membros superiores? Sim ( ) Não ( )11-O trabalho é realizado: ( ) sentado ( ) em pé ( ) alternado12-Pega objetos que estejam localizados acima dos ombrosQuando está na posição sentada? Sim ( ) Não ( )13- Pega objetos que estejam localizados abaixo dos ombrosQuando está na posição sentada? Sim ( ) Não ( )14-Faz rotação de tronco na posição sentada durante o dia de trabalho?

Sim ( ) Não ( )

Avaliação da cadeira:

15- A cadeira é estofada? Sim ( ) Não ( )16- Altura regulável? Sim ( ) Não ( )17- Encosto oferece suporte firme e adequado à coluna? Sim ( ) Não ( )18- A cadeira é giratória? Sim ( ) Não ( )19- Há braços na cadeira? Sim ( ) Não ( )20- Há apoio para os pés? Sim ( ) Não ( )21- Há espaço suficiente para as pernas dentro do caixa ouSeu posto de trabalho? Sim ( ) Não ( )22- Existe espaço para a movimentação do operador? Sim ( ) Não ( )

Fonte: SANTOS, Andréia Fuentes. Análise das condições de trabalho de operadores de caixas desupermercados da cidade de Umuarama. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

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Informações sobre Dor

O objetivo deste questionário é saber a intensidade, a freqüência e a origem da dorem diferentes regiões do corpo, assim como, o quanto essa dor lhe incomoda.Nome do participante:

A FIGURA ABAIXO MOSTRA AS REGIÕES CORPORAIS MENCIONADAS NAS

QUESTÕES DE 1 E 2:

Fonte: SOUZA JL e KRIEGER CL. Instrumento de Avaliação da Dor nas Costas. Revista Kinesis, Santa Maria,2000.

1.Cervical

4.Dorsal

3. Braços

2.Ombros

5.Lombar

6.Glúteos

7. Pernas

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1. Marque em cada uma das linhas abaixo a INTENSIDADE da dor no último mês.Assinale em cada uma das linhas somente uma alternativa

Local da dor Nenhuma dor Dor leve Dor média Dor forte Dor insuportável

1.Cervical � � � � �

2.Ombros � � � � �

3.Braços � � � � �

4.Dorsal � � � � �

5.Lombar � � � � �

6.Glúteos � � � � �

7.Pernas � � � � �

2. Marque em cada uma das linhas abaixo a FREQÜÊNCIA da dor no último mês.Assinale em cada uma das linhas somente uma alternativaLocal da dor Sem

dor1-4x por mês 1-3x por semana 4-6x por semana 7x por semana

1.Cervical � � � � �

2.Ombros � � � � �

3.Braços � � � � �

4.Dorsal � � � � �

5.Lombar � � � � �

6.Glúteos � � � � �

7.Pernas � � � � �

3. Você sabe de onde vem a dor que sentistes ou sente?Local da dor Não sei Sei de onde vem:1.Cervical �

2.Ombros �

3.Braços �

4.Dorsal �

5.Lombar �

6.Glúteos �

7.Pernas �

Fonte: KRIEGER CL, SOUZA JL. Instrumento de Avaliação da Dor nas Costas. Revista Kinesis, Santa Maria,2000.