TCC Gabriela e Cesar- Final - 16-01-13
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR - UFPA
CAPACIDADE RESISTENTE DE BLOCOS DE CONCRETO
ARMADO SOBRE QUATRO ESTACAS
CSAR AUGUSTO DE OLIVEIRA FERRANTE
GABRIELA RIBEIRO FERNANDES
Belm
2012
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR - UFPA
CSAR AUGUSTO DE OLIVEIRA FERRANTE
GABRIELA RIBEIRO FERNANDES
CAPACIDADE RESISTENTE DE BLOCOS DE CONCRETO
ARMADO SOBRE QUATRO ESTACAS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado a
Faculdade de Engenharia Civil como parte dos
requisitos para obteno do ttulo de
Engenheiro (a) Civil.
ORIENTADOR: MAURCIO DE PINA FERREIRA
Belm
2012
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
CAPACIDADE RESISTENTE DE BLOCOS DE CONCRETO
ARMADO SOBRE 4 ESTACAS
CSAR AUGUSTO DE OLIVEIRA FERRANTE
GABRIELA RIBEIRO FERNANDES
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO APRESENTADO A
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL COMO PARTE DOS
REQUISITOS PARA OBTENO DO TTULO DE ENGENHEIRO (A)
CIVIL.
APROVADO POR:
_________________________________________________________________
Prof. Maurcio de Pina Ferreira, PhD (UFPA)
(Orientador)
_________________________________________________________________
Prof. Denio Ramam Carvalho de Oliveira, PhD (UFPA)
(Examinador Interno)
_________________________________________________________________
Prof. Alcebades Negro Macdo, Dr (UFPA)
(Examinador Interno)
Belm, 21 de janeiro de 2013.
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iii
O homem fraco espera pela oportunidade;
o homem comum agarra-a quando ela vem;
o grande cria-a como ele a quer.
Adolf Trneros
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iv
Dedicamos este trabalho s pessoas mais importantes das nossas
vidas: nossos pais, irms e avs maternas (in memoriam).
No conquistaramos nada se no estivessem ao nosso lado.
Obrigado por estarem sempre presentes em todos os momentos,
dando-nos carinho, apoio, incentivo, determinao, f e
principalmente pelo amor de vocs.
-
v
AGRADECIMENTOS
A concluso do curso de graduao um desafio para todos os alunos que necessitam passar
por esse momento. Hoje, vivo uma realidade que parece um sonho, mas foi preciso muito
esforo, determinao, pacincia, perseverana, ousadia e maleabilidade para chegar at aqui,
e nada disso eu conseguiria sozinho. Minha terna gratido a todos aqueles que colaboraram
para que este sonho pudesse ser concretizado.
Agradeo primeiramente a Deus, por iluminar constantemente o meu caminhar, pelo dom da
vida, pelo seu amor infinito. Agradeo aos meus pais, Jos Augusto Ferrante (in memoriam)
e Soelia Ferrante, meus maiores exemplos. Obrigado por cada incentivo e orientao, pelas
oraes em meu favor, pela preocupao para que estivesse sempre andando pelo caminho
correto.
Aos meus colegas de classe, em especial Amanda, Gabriela, Jos e Rafael, a quem aprendi a
amar e construir laos eternos. Obrigado por todos os momentos em que fomos estudiosos,
brincalhes e cmplices. Porque em vocs encontrei verdadeiros irmos. Obrigado pela
pacincia, pelo sorriso, pelo abrao, pela mo que sempre se estendia quando eu precisava.
Esta caminhada no seria a mesma sem vocs.
No posso esquecer-me de agradecer a todos os professores que enfatizaram um aprendizado
diferenciado e significativo para compor o meu lado profissional e tambm pessoal.
Enfatizo um agradecimento especial ao meu professor orientador Maurcio Ferreira que
demonstrou muita pacincia e compreenso, auxiliando-nos na elaborao desse trabalho
primordial para nossa formao acadmica.
Agradeo tambm ao professor Dnio Ramam pela contribuio fundamental no
desenvolvimento de pesquisas proporcionado a oportunidade de estarmos participando de
uma destas e gerando este trabalho.
Cesar Augusto de Oliveira Ferrante
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vi
Palavras no sero suficientes para reverenciar a todos que contriburam na realizao deste
sonho. No momento em que encerro este ciclo, muitos so os sentimentos e pessoas que me
recordo, mas seria impossvel tentar descreve-los fielmente. Tentarei concentrar-me no que
possivelmente meu corao falar e, portanto pedirei licena para deixar de lado o estilo
cientfico de escrever.
Nada neste mundo acontece sem que teus olhos acompanhem e tua luz ilumine. Deus, sem a
tua presena diria, eu no conseguiria. A minha f a maior prova de amor e gratido por
tudo que me proporcionas e por mais esta graa alcanada.
Acredito que as pessoas mais felizes hoje com esta conquista so os meus pais: Daisy e
Rogrio. Sempre to presentes em minha vida e com quem eu dividi todos os momentos,
sendo eles bons ou ruins. Meu amor por vocs imensurvel. Sero sempre minha referncia
no ramo da Engenharia Civil de pessoas competentes e honestas. Um dia gostaria de ser ao
menos metade dos profissionais e pais que vocs so.
As minhas irms, Juliana e Carolina, pelas conversas e apoio em todas as etapas deste
trabalho. Vocs so fundamentais e estaremos sempre juntas. Agradeo tambm a minha av
materna, Euridice (in memorian), que desde os primeiros passos estava ao meu lado. Obrigada
por todos os ensinamentos transmitidos e que com certeza levarei comigo.
Aos docentes do Curso, mas em especial aos professores Alcebades Macdo, Dnio Ramam
e Maurcio Ferreira, por todo conhecimento repassado e pela confiana depositada em mim.
Agradeo tambm aos colegas de turma, mas principalmente a Amanda Contente, Cesar
Ferrante, Rafael Oliveira e Jos Neto, aos amigos do PET, Laboratrio e dos Projetos de
Pesquisa. Muito obrigada a cada um de vocs.
Por fim, gostaria de agradecer a minha famlia de to longe e aos amigos que fiz em Belm.
Hoje uma etapa se encerra, tornando-se necessrios traar outras metas e alcanar novos
objetivos.
Gabriela Ribeiro Fernandes
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vii
RESUMO
O dimensionamento de blocos de concreto armado normalmente feito assumindo-se
idealizaes de seu comportamento atravs do uso de teorias como a de bielas e tirantes, no
caso de blocos rgidos, ou ento atravs de modelos de flexo, no caso de blocos flexveis.
Apesar das pesquisas nesta rea terem sido iniciadas h dcadas na Europa, com estudos de
diversos casos, ainda assim no Brasil tal procedimento na maioria das vezes feito de forma
emprica, com carncia experimental no que se refere classificao da rigidez dos blocos.
Com o objetivo de analisar o comportamento e resistncia de blocos de concreto armado, foi
conduzida no Laboratrio de Engenharia Civil da Universidade Federal do Par uma srie de
ensaios experimentais em 4 modelos. Estes modelos tratam o caso de blocos quadrados
apoiados em 4 estacas, com lados de 900 mm e altura de 280mm e 500 mm, buscando avaliar
o comportamento de blocos rgidos e flexveis. As armaduras de flexo foram distribudas em
arranjos em cruz e em malha. A carga foi aplicada em estgios de carregamento por cilindros
hidrulicos em uma rtula, sendo medidos em cada estgio os deslocamentos e as
deformaes no ao e no concreto. Os resultados indicaram que para os casos de blocos
flexveis, a resistncia puno pode ser um fator muito relevante. J no caso de blocos
rgidos, observou-se que a resistncia ao cisalhamento com ruptura por trao diagonal da
biela comprimida pode ser limitante. Verificou-se tambm que nos modelos flexveis a
armao em cruz fissurou mais submetida a um mesmo nvel de carregamento do que o bloco
com armao em malha. Porm, este obteve uma carga de ruptura 17% maior do que o bloco
flexvel com armao em malha. Os dados obtidos foram comparados com os dados do Euro
code 2 (2004), divergindo em at 8 %.
Palavras-chave: Blocos sobre estacas; Concreto armado; Flexo.
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viii
ABSTRACT
The design of reinforced concrete pile caps is normally done assuming idealizations of their
behavior through the use of theories such as strut and tie in the case of rigid pile caps, or
through models of bending in the case of flexible pile caps. Although this area of research
were initiated in Europe for decades, studies of several cases, still in Brazil this procedure is
most often done empirically, lacking experimental regarding to classify the rigidity of pile
caps. Aiming to analyze the behavior and strength of concrete pile caps was conducted in the
laboratory of civil engineering at the Federal University of Para a series of tests on four
models. These models treat the case of square blocks supported on four piles, with sides of
900 mm and height of 280mm and 500 mm. The flexural reinforcement was placed in cross
and mesh arrangements. The load was applied in load stages by hydraulic cylinders on a steel
ball joint, being measured at each load stage the displacements and strains in steel and
concrete surface. The results indicated that for cases of flexible pile caps, punching strength
may be a very relevant factor. In the case of rigid pile caps, it was observed that the shear
strength for a diagonal tensile failure of the compressed strut can be limiting. It was also
found that flexible model with reinforcement in cross arrangements crack more subject to the
same loading level than the pile caps with reinforcement in mesh. However, this has obtained
a tensile strength 17% greater than the flexible pile caps with reinforcement in mesh. The data
were compared with the data Eurocode 2 (2004), diverging up to 8%.
Keyword: Pile caps, Reinforced concrete, Flexural method.
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ix
SUMRIO
Captulo Pgina
1. INTRODUO .......................................................................................................... 1
1.1. Consideraes Gerais ...................................................................................................... 1
1.2. Objetivos .......................................................................................................................... 3
1.3. Justificativa ...................................................................................................................... 4
2. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 5
2.1. Modelo de Bielas e Tirantes ............................................................................................ 5
2.1.1. Fundamentos do Modelo .............................................................................................. 5
2.1.2. Rotina de Projeto .......................................................................................................... 6
2.1.2.1. Definio Geomtrica do Modelo ................................................................................ 6
2.1.2.2. Regies B e D ............................................................................................................... 7
2.1.2.3. Anlise Estrutural ......................................................................................................... 8
2.1.2.4. Processo do Caminho de Carga .................................................................................... 9
2.1.2.5. Otimizao do Modelo ............................................................................................... 10
2.1.2.6. Dimensionamento das Bielas ..................................................................................... 11
2.1.2.7. Dimensionamento dos Tirantes .................................................................................. 12
2.1.2.8. Dimensionamento dos Ns ......................................................................................... 13
2.1.3. Mtodo para Dimensionamento de Blocos sobre Estacas: ......................................... 16
2.1.3.1. Blocos Sobre Duas Estacas ........................................................................................ 17
2.1.3.2. Blocos Sobre Trs Estacas ......................................................................................... 21
2.1.3.3. Blocos Sobre Quatro Estacas: .................................................................................... 27
2.2. Trabalhos Realizados ..................................................................................................... 30
2.3. Normas .......................................................................................................................... 36
2.3.1. Puno ........................................................................................................................ 36
2.3.2. Cisalhamento .............................................................................................................. 37
2.4. Linha de Ruptura Resistncia a Flexo ...................................................................... 37
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL .......................................................................... 40
3.1. Execues dos Modelos ................................................................................................ 40
3.2. Armaduras ..................................................................................................................... 44
3.3. Instrumentao............................................................................................................... 46
3.4. Sistema de Ensaio .......................................................................................................... 50
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x
4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS ...................................................................... 52
4.1. Propriedades dos Materiais ............................................................................................ 52
4.2. Ensaios ............................................................................................................................... 53
4.3. Comparao Terica x Experimental ................................................................................ 56
5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 59
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xi
LISTA DE TABELAS
Tabela Pgina
Tabela 3.1 - Caractersticas Geomtricas dos blocos ............................................................... 43
Tabela 3.2 - Armaduras dos blocos .......................................................................................... 45
Tabela 3.3 - Armaduras das estacas e dos pilares..................................................................... 45
Tabela 4.1 - Resistncia compresso e mdulo de elasticidade do concreto ......................... 52
Tabela 4.2 - Propriedades mecnicas das barras de ao ........................................................... 52
Tabela 4.3 - Comparao entre as cargas experimentais e as estimadas .................................. 57
-
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura Pgina
Figura 1.1 Bloco sobre 4 estacas ............................................................................................. 2
Figura 2.1 - Exemplos de aplicaes de modelos de bielas e tirantes ........................................ 6
Figura 2.2 - Definio geomtrica do modelo ............................................................................ 7
Figura 2.3 - Exemplos de regio D e B. (SCHAFER E SCHLAICH, 1988) ............................. 8
Figura 2.4 - Exemplo de aplicao do processo do caminho de carga em uma viga parede .... 10
Figura 2.5 - Configuraes tpicas de campos de tenso de compresso (SCHAFER &
SCHLAICH, 1988) ................................................................................................................... 11
Figura 2.6 - Exemplos de ns contnuos (A) e singulares (B). (SILVA E GIONGO , 2000). . 13
Figura 2.7 - Ns somente com foras de compresso (CEB-FP, 1990) .................................. 14
Figura 2.8 - Ns com ancoragem somente de barras paralelas ................................................ 15
Figura 2.9 - Ns com tirantes em direes ortogonais. (CEB-FP, 1990) ................................ 16
Figura 2.10 - Modelo de clculo para blocos sobre duas estacas ............................................. 17
Figura 2.11 - Polgono de foras .............................................................................................. 18
Figura 2.12 - rea de verificao das bielas ............................................................................ 19
Figura 2.13 - Modelo de clculo para blocos sobre trs estacas .............................................. 22
Figura 2.14 - Armadura segundo as medianas ......................................................................... 25
Figura 2.15 - Armadura segundo os lados ................................................................................ 26
Figura 2.16 - Armadura em malha............................................................................................ 26
Figura 2.17 - Modelo de clculo para blocos sobre quatro estacas com armadura em diagonal
.................................................................................................................................................. 27
Figura 2.18 - Modelo de clculo para blocos sobre quatro estacas com armadura em malha . 28
Figura 2.19 - Modelos de blocos sobre duas estacas (BLVOT, 1967) .................................. 30
Figura 2.20 - Modelos de blocos sobre trs estacas (BLVOT, 1967) .................................... 31
Figura 2.21 - Modelos de blocos sobre quatro estacas (BLVOT, 1967) ............................... 32
Figura 2.22 - Fluxo de tenses de compresso, modelo B35P25E25e0, (DELALIBERA,
2006) ......................................................................................................................................... 34
Figura 2.23 - Tenses principais de compresso e trao, modelo B35P25E25e0,
(DELALIBERA, 2006). ........................................................................................................... 34
Figura 2.24 - Fluxo das tenses principais de compresso e trao, modelo B35P25E25e0,
(DELALIBERA, 2006). ........................................................................................................... 35
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xiii
Figura 2.25 - Modelo de Bielas e Tirantes para fora centrada (DELALIBERA, 2006) ......... 35
Figura 2.26 - Verificao da resistncia ao cisalhamento (EUROCODE 2, 2004) .................. 37
Figura 2.27 - Mecanismo de ruptura por flexo ....................................................................... 39
Figura 3.1 Forma e armadura dos blocos de coroamento. ..................................................... 41
Figura 3.2 Concretagem dos blocos de coroamento .............................................................. 42
Figura 3.3 Configurao dos modelos aps a desfrma ........................................................ 42
Figura 3.4 - Caractersticas dos blocos ..................................................................................... 43
Figura 3.5 Armadura dos Blocos ........................................................................................... 46
Figura 3.6 Extensmetros instalados na armadura principal de trao ................................. 47
Figura 3.7 - Posio dos extensmetros do Ao nos Blocos de Coroamento .......................... 47
Figura 3.8 - Posio dos deflectmetros nos Blocos ................................................................ 48
Figura 3.9 Transdutores de deslocamentos............................................................................ 49
Figura 3.10 - Posio dos extensmetros de Concreto nos Blocos .......................................... 49
Figura 3.11 - Extensmetros de Concreto instalados no Bloco. ............................................... 50
Figura 3.12 - Sistema de Ensaio ............................................................................................... 51
Figura 3.13 Sistema de ensaio modelo 3D ............................................................................ 51
Figura 4.1 - Curvas tenso-deformao das Armaduras........................................................... 53
Figura 4.2 - Curvas carga-deslocamento dos Blocos ............................................................... 54
Figura 4.3 - Grfico das deformaes do ao ........................................................................... 55
Figura 4.4 - Grfico das deformaes do concreto ................................................................... 56
Figura 4.5 - Blocos aps a ruptura ............................................................................................ 58
Figura 4.6 - Cone de puno no Bloco BD1 ............................................................................ 58
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xiv
LISTA DE SMBOLOS
Smbolo Significado
altura dos ns
rea da seo transversal da biela prximo estaca
rea da seo transversal da biela prximo ao pilar
rea da seo transversal do concreto
rea da seo transversal da estaca
rea da seo transversal do pilar
rea da seo transversal das armaduras dos estribos verticais
rea da seo transversal das armaduras de flexo tracionadas
largura do bloco
dimetro do pilar
fora aplicada no pilar
resistncia a compresso na biela
resistncia a trao no tirante
fora de compresso na biela
fora de trao no tirante
fora de trao calculada na direo x
dimenso da biela de compresso
dimenso do pilar quadrado
a distncia da face do pilar a face da estaca.
a largura mnima da sesso ao longo da altura til;
e so as alturas teis nas duas direes ortogonais;
a resistncia a compresso do concreto, que segundo Eurocode deve ser menor
que 90MPa, porm respeitando-se os limites estabelecidos pelos Anexos de cada
pas membro da comunidade europeia;
resistncia caracterstica de projeto compresso do concreto
resistncia caracterstica compresso do concreto
a tenso de clculo de escoamento da armadura de trao;
a tenso caracteristica de escoamento da armadura de trao;
a tenso de escoamento da armadura de trao;
-
xv
o comprimento do permetro de controle afastado 2d das faces do pilar;
coeficiente de ponderao da resistncia do concreto
coeficiente de ponderao das aes
o fator de segurana, igual a 1,5.
e so as taxas de armadura nas duas direes ortogonais.
tenso compresso no concreto
altura do bloco
o size effect, assumido como
, com d em mm;
a taxa geomtrica de armadura de flexo, expressa por ;
lado de um pilar quadrado ou dimetro de um pilar circular
a altura til ao longo do contorno crtico, expressa como
largura do bloco
espaamento das barras da malha
a inclinao da biela de compresso
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1
1. INTRODUO
1.1. Consideraes Gerais
O tipo de fundao que melhor se adequa a uma determinada estrutura escolhido com base
na realizao de um estudo prvio, no qual se considera viabilidade da obra. Por meio do
conhecimento de parmetros do solo, da intensidade das aes, dos edifcios limtrofes e dos
tipos de fundaes disponveis no mercado, o engenheiro pode escolher qual a soluo melhor
satisfaz tecnicamente e economicamente a situao problema.
Em locais onde o solo no detm resistncia em suas camadas superficiais, no sendo capaz
de suportar aes oriundas da superestrutura, indicado utilizao de fundao em estacas,
visando alcanar camadas mais profundas e, portanto, com maior resistncia. Quando for
necessria a utilizao de fundao em estacas, faz-se necessrio a construo de outro
elemento estrutural, o bloco de coroamento, tambm denominado bloco sobre estacas.
Algumas normas tratam o tema blocos sobre estacas. O cdigo americano ACI 318 (2008)
adota hipteses bem simplificadas para o dimensionamento destes e recomenda o uso da
teoria da flexo e a verificao da altura mnima do bloco para resistir fora cortante. A
NBR 6118 (2007) define blocos como estruturas de volume usadas para transmitir s estacas
as cargas de fundao. Classifica ainda o comportamento estrutural dos blocos em rgidos ou
flexveis e no traz em seu texto sugestes para verificao e dimensionamento deste
elemento, apenas sugere quais os critrios a utilizar.
Estes elementos estruturais so mecanismos de funcionamento complexo, utilizados para
transferncia de cargas oriundas da superestrutura para um grupo de estacas (ver Figura 1.1).
Devido ao fato de que todas as suas dimenses possuem a mesma ordem de grandeza, as
hipteses simplificadoras de Bernoulli, base para a anlise de elementos como vigas, no so
vlidas.
-
2
Figura 1.1 Bloco sobre 4 estacas
Sendo assim, o conhecimento do comportamento real dos blocos, nos estados limites de
servio e ultimo, de extrema importncia, principalmente considerando-se que estes
elementos so fundamentais para a segurana da superestrutura e que normalmente no
permitem a realizao, de forma simples, da inspeo quando em servio.
As pesquisas desenvolvidas com o objetivo de avaliar o comportamento e resistncia de
blocos de concreto armado constituem-se usualmente de: anlise terica elstica e linear,
compreendendo a analogia das bielas e tirantes e a teoria de viga, e anlise de resultados
experimentais. Normalmente emprega-se a teoria de viga nos blocos ditos flexveis e a
analogia das bielas e tirantes nos blocos chamados de rgidos. Fica evidenciado que para o
dimensionamento e verificao desses elementos estruturais, necessrio o prvio
conhecimento de suas dimenses.
O modelo de bielas e tirantes pode ser adotado considerando o fluxo de tenses na estrutura,
utilizando o processo do caminho das mnimas foras. Estas tenses podem ser obtidas por
meio de uma anlise elstica e linear ou no, utilizando mtodos numricos, como por
exemplo, o mtodo dos elementos finitos.
Ainda assim, os modelos tericos disponveis para seu dimensionamento so simplificados,
por vezes divergentes, sendo este um tpico que merece maior ateno do meio tcnico-
cientfico. Em vrios pases e no Brasil existem pesquisas que abordam esta temtica, como as
-
3
de BLVOT E FRMY (1967) que realizaram ensaios de blocos sobre duas, trs e quatro
estacas. MIGUEL (2000) realizou uma analise numrica e experimental de blocos rgidos
sobre 3 estacas e DELALIBERA (2006) fez uma anlise experimental e numrica de blocos
de concreto armado sobre duas estacas submetidas ao de foras centradas e excntricas.
A primeira etapa para o dimensionamento de um bloco sobre estacas a determinao do
nmero de estacas a serem utilizadas e de suas reaes. Aps isso, verificam-se as tenses nas
regies nodais superior (junto ao pilar) e inferior (junto estaca mais solicitada). Logo depois,
dimensiona-se a quantidade de barras de ao necessrias para equilibrar as tenses de trao
existentes na face inferior do bloco e realiza-se o detalhamento das barras.
No dimensionamento de um elemento estrutural que analisado experimentalmente,
primeiramente deve-se definir o que se pretende investigar. Neste caso, pretendia-se comparar
o comportamento dos blocos com diferentes arranjos de armaduras e alturas. Definida essa
etapa, determina-se a mxima fora que tal elemento suportar e a quantidade de barras de
ao necessria.
Com o intuito de entender melhor o comportamento de blocos rgidos e flexveis flexo e ao
cisalhamento, foi realizada no Laboratrio de Engenharia Civil da Universidade Federal do
Par uma srie de ensaios em quatro blocos de concreto armado apoiados sobre quatro estacas,
onde a principal varivel foi disposio das armaduras, que seguiram modelos de
distribuio em malha, e concentrados em cruz, sobre as estacas. Nos itens a seguir sero
apresentados e discutidos os resultados destes ensaios.
1.2. Objetivos
Este trabalho teve por objetivo estudar o comportamento de blocos rgidos e flexveis sobre
quatro estacas, submetidos ao de fora centrada, igualmente projetados, conservando a
armadura secundria, porm, variando o arranjo das armaduras principais. O intuito principal
era realizar o estudo do modo de runa, atravs de ensaio experimental desses blocos,
devidamente instrumentados, para anlise das deformaes nas barras das armaduras
principais, nas bielas de compresso e nas zonas nodais inferiores e superiores.
-
4
1.3. Justificativa
Este trabalho justifica-se pela importncia que os blocos sobre estacas tm na estrutura de
uma edificao. As dvidas existentes para definio da geometria das bielas de compresso
no Estado Limite ltimo para aplicao da analogia de bielas e tirantes, a divergncia entre os
mtodos analticos utilizados no dimensionamento e verificao dos blocos e as poucas
normas existentes deste elemento estrutural so alguns aspectos que tornam este trabalho
necessrio.
Outro fator motivador a inexistncia de prescries para a verificao e dimensionamento de
blocos sobre estacas no texto da norma brasileira NBR 6118 (2008), que apenas indica
modelos de clculo possveis e determina o detalhamento da armadura.
-
5
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1. Modelo de Bielas e Tirantes
O estudo de bielas e tirantes introduzido por Ritter & Morsch, embora seja uma idealizao
do incio do sculo XX, sua aplicao ainda persiste em peas estruturais onde possvel
analisar o modelo de trelias. Desta forma, sugere-se a utilizao da Trelia de Morsch
Generalizada, onde a inclinao das diagonais comprimidas (bielas) com a horizontal passou
a ser adotada de maneira compatvel com os modelos propostos aps anlise experimental,
enquanto no modelo original essa inclinao era constante e com o valor igual a 45.
A preferncia pelo uso dos modelos de bielas e tirantes exige do projetista um conhecimento
prvio, necessrio para que o modelo escolhido represente o funcionamento da estrutura.
Entretanto, estes modelos no tm sido usados intensamente. Como justificativa, cita-se a
escassa divulgao do assunto. Alm disso, tm-se, ainda, algumas controvrsias em relao
aos parmetros de resistncia das bielas e dos ns, o que no impede sua utilizao, pois
somente a aplicao rotineira desses modelos possibilitar aperfeioamentos futuros.
2.1.1. Fundamentos do Modelo
As bielas e tirantes so representaes discretas dos campos de tenso nos elementos
estruturais. As zonas do concreto submetidas a esforo de compresso so idealizadas por
bielas, enquanto que as zonas tracionadas definidas pelas camadas de armadura so
modeladas por tirantes. As reas onde ocorre o encontro das bielas com os tirantes so as
zonas nodais. A Figura 2.1 mostra exemplos de aplicao de modelos de bielas e tirantes
representando as bielas por barras tracejadas e os tirantes por barras contnuas.
Portanto, conhecendo-se um modelo adequado para uma determinada parte de uma estrutura,
as foras nas bielas e tirantes sero automaticamente calculadas por meio do equilbrio entre
foras externas e internas.
-
6
a) Viga-parede submetida a foras assimtricas b) Viga-parede contnua
c) Viga-parede com abertura
Figura 2.1 - Exemplos de aplicaes de modelos de bielas e tirantes
2.1.2. Rotina de Projeto
Para o projeto de elementos estruturais por meio dos modelos, pode-se seguir o seguinte
roteiro:
a) Divide-se a estrutura em regies B e D;
b) Isola-se a regio D;
c) Determinam-se os esforos solicitantes no contorno;
d) Aplica-se o processo do caminho de carga;
e) Dimensionam-se os tirantes;
f) Verificam-se as tenses nas bielas e regies nodais;
g) Definem-se o tipo e os comprimentos de ancoragem;
h) Faz-se o arranjo das armaduras.
2.1.2.1. Definio Geomtrica do Modelo
A geometria do modelo pode ser obtida analisando-se os seguintes aspectos:
-
7
a) Tipos de aes atuantes;
b) ngulos entre bielas e tirantes;
c) rea de aplicao das aes e reaes;
d) Nmero de camadas da armadura;
e) Cobrimento da armadura.
Os ngulos formados entre as bielas e os tirantes so calculados a partir da distribuio de
tenses elsticas produzida pelas aes atuantes. As dimenses das bielas e regies nodais
dependem da rea de aplicao das aes e reaes, do nmero de camadas e do cobrimento
da armadura.
A Figura 2.2 apresenta o modelo para uma viga-parede simplesmente apoiada, submetida a
uma fora concentrada no meio do vo. As reas sombreadas, na Figura 4a, representam as
regies nodais. Simplificadamente, o modelo pode ser representado como mostrado na Figura
4b.
a) b)
Figura 2.2 - Definio geomtrica do modelo
2.1.2.2. Regies B e D
Para que o modelo seja aplicado, a estrutura poder ser subdividida em regies contnuas e
descontnuas considerando-se as trajetrias de tenses nas proximidades das regies
descontnuas. As regies contnuas so aquelas em que as hipteses de Bernoulli so vlidas.
Em regies descontnuas, essas hipteses no continuam sendo vlidas. As regies contnuas
-
8
so denominadas de B (Bernoulli) e as descontnuas de regies D (descontinuidade).
Na Figura 2.3 so apresentados os exemplos de regies D e B. As regies D, onde a
distribuio de tenses no-linear, podem ser produzidas por descontinuidades estticas
(aes concentradas e reaes) e/ou geomtricas (aberturas em vigas e ns de prticos). As
regies B fissuradas podem ser desenhadas utilizando-se os modelos de trelia usuais. De
modo aproximado, os modelos de bielas e tirantes representam o fluxo interno de tenses em
regies D.
Figura 2.3 - Exemplos de regio D e B (SCHAFER E SCHLAICH, 1988)
2.1.2.3. Anlise Estrutural
As regies D podem ser projetadas obtendo-se os esforos solicitantes em seu contorno
atravs da anlise estrutural e do projeto das regies B adjacentes. Enquanto que, o projeto
das regies B pode ser efetuado aplicando-se os modelos de trelia.
Desta forma, o modelo adotado para a estrutura passa a ser funo de sua geometria e das
aes atuantes em seu contorno. Estruturas de mesma geometria e aes diferentes no so
-
9
projetadas da mesma maneira.
Para estruturas tridimensionais, como os blocos sobre estacas, pode-se subdividi-las em seus
planos individuais e trat-las separadamente simplificando a obteno dos modelos. Mesmo
que, em geral, apenas modelos bidimensionais sejam considerados, a interao de modelos em
planos diferentes deve ser levada em conta por meio de condies de contorno apropriadas.
2.1.2.4. Processo do Caminho de Carga
O caminhamento das cargas no interior da estrutura acontece atravs de campos de tenses de
trao e compresso que sero concebidos no modelo por tirantes e bielas, respectivamente.
Este processo do caminho de carga representado pelo modelo de bielas e tirantes que se
desenvolve por meio do fluxo de tenses dentro da estrutura. Entretanto, deve-se,
primeiramente, garantir que o equilbrio externo da regio a ser projetada seja atendido pela
determinao de todos os esforos atuantes no contorno.
Para regies com ao uniformemente distribuda no contorno, deve-se substitu-la por foras
concentradas equivalentes, de forma que as aes de um lado da estrutura, depois de
percorrerem um determinado caminho de carga, achem do outro lado aes que as equilibrem.
Esses caminhos de carga devem ser alinhados e no podem se interceptar. Alm do mais, duas
aes opostas devem ser interligadas por caminhos de carga os mais curtos possveis. As
curvaturas existentes nesses caminhos de carga representam concentraes de tenses.
Depois de serem desenhados todos os caminhos de carga entre as aes externas, deve-se
substitu-los por linhas de um polgono, sendo as bielas representadas por linhas tracejadas e
os tirantes, por linhas contnuas. Aps isto, outras bielas e tirantes podero ser acrescentados
para equilbrio dos ns. A Figura 2.4 apresenta um exemplo simples de aplicao do processo
do caminho de carga.
-
10
a) a estrutura e suas aes no contorno; b) o caminhamento das aes externas;
c) as linhas do polgono; d) ) o modelo;
e) o equilbrio dos ns;
Figura 2.4 - Exemplo de aplicao do processo do caminho de carga em uma viga parede
2.1.2.5. Otimizao do Modelo
A modelagem proporciona ao projetista certa liberdade de escolha para obter estruturas mais
seguras e econmicas. A obteno de modelos otimizados uma tarefa difcil que demanda
bastante experincia. Como os tirantes das armaduras so muito mais deformveis que as
bielas de concreto, o modelo com tirantes mais curtos o melhor.
Esta relao obtida do Princpio da Energia de Deformao Mnima para comportamento
elstico-linear de bielas e tirantes aps a fissurao. A contribuio das bielas pode ser na
maioria das vezes omitida porque as deformaes das bielas so usualmente muito menores
-
11
do que aquelas dos tirantes.
2.1.2.6. Dimensionamento das Bielas
No modelo, as bielas so discretizaes de campos de tenso de compresso no concreto.
Dependendo da forma como as tenses de compresso se distribuem por meio da estrutura, a
partir de aes concentradas e reaes, tm-se campos de tenso de compresso diferentes.
Para garantir todos os campos de distribuio de tenses de compresso, pode-se enumerar
trs configuraes tpicas:
a) b) c)
Figura 2.5 - Configuraes tpicas de campos de tenso de compresso (SCHAFER &
SCHLAICH, 1988)
Na figura 2.5a est esquematizada a distribuio de tenses radial que representa uma
idealizao de um campo de tenso com curvatura desprezvel. Esse tipo de distribuio de
tenses pode ser encontrado em regies D, onde foras concentradas so introduzidas e
propagadas de maneira suave.
Na figura 2.5b encontra-se a configurao da distribuio de tenses em linhas curvilneas
com afunilamento da seo. Esta ocorre quando foras concentradas so introduzidas e
propagadas por meio de curvaturas acentuadas. A difuso dessas tenses gera compresso
biaxial ou triaxial abaixo da fora e tenses de trao transversais considerveis. Essa trao
transversal, combinada com a compresso longitudinal, pode provocar fissuras longitudinais e
iniciar uma ruptura prematura. Como a resistncia trao do concreto muito baixa,
normalmente se refora esse campo de tenso na direo transversal.
-
12
A distribuio de tenses paralela, representada na figura 2.5c, ocorre quando as tenses se
distribuem uniformemente, sem perturbao. Este campo de tenso caracterstico de uma
regio B e no desenvolve tenses de trao transversais.
A resistncia compresso das bielas menor que a resistncia compresso dos banzos
comprimidos, especialmente devido os efeitos de trao da armadura que as atravessa. Por
isso, Schafer & Schlaich (1988) sugerem os seguintes valores para as resistncias das bielas:
0,85 fcd para um estado de tenso uniaxial e sem perturbao;
0,68 fcd para campos de compresso com fissuras paralelas s tenses de compresso;
0,51 fcd para campos de compresso com fissuras inclinadas;
Em que:
Equao 2.1
2.1.2.7. Dimensionamento dos Tirantes
Rotineiramente, as foras nos tirantes devem ser absorvidas pelas barras da armadura cujo
eixo deve coincidir com o do tirante no modelo. A rea de armadura necessria, definida pela
Equao 2.2, obtida diretamente por meio da fora no tirante e da resistncia de escoamento
de clculo do ao considerando o Estado Limite Ultimo:
Equao 2.2
A ancoragem das barras da armadura nas extremidades das regies nodais deve ter ateno
especial. Uma ancoragem adequada e a utilizao de bitolas mais finas, em maior nmero de
camadas, colaboram na definio da geometria e, consequentemente, na resistncia das bielas
e regies nodais. Em alguns casos podem surgir tirantes de concreto, sendo que, o equilbrio
s poder ser obtido se foras de trao forem criadas em locais onde no se pode colocar
armadura. Como exemplo, tm-se ancoragens, trechos de barras dobradas, lajes sem estribos e
bielas no-armadas.
-
13
2.1.2.8. Dimensionamento dos Ns
Defini-se n como um volume de concreto que envolve as intersees das bielas
comprimidas, combinadas com foras de ancoragem e/ou foras de compresso externas
(aes concentradas ou reaes de apoio).
O n representa uma mudana brusca na direo das foras, enquanto em um elemento
estrutural real de concreto armado, esse desvio normalmente ocorre em certo comprimento e
largura. Em ns com tirante ancorado, ou seja, vrias barras de armadura uniformemente
distribuda, esse desvio pode ser efetuado adequadamente. Em geral, os ns devem ser
dimensionados de forma que se garanta a segurana pelo equilbrio e ancoragem de todas as
foras.
Os ns podem ser contnuos, em que o desvio de foras feito em comprimentos razoveis,
ou singulares onde as foras concentradas so aplicadas e o desvio de foras feito
localizadamente. Os ns contnuos, usualmente, no so crticos, desde que seja
providenciada uma ancoragem adequada para, a armadura. Por outro lado, os ns singulares
so crticos e devem ter suas tenses verificadas. Tais ns originam-se principalmente de
aes concentradas, reaes de apoio e foras concentradas introduzidas pela armadura
(placas de ancoragem, laos). Ns singulares tambm podem aparecer em concentraes de
tenses causadas por descontinuidades geomtricas. Os ns A e B da Figura 2.6 so exemplos
de ns contnuo e singular, respectivamente.
Figura 2.6 - Exemplos de ns contnuos (A) e singulares (B) (SILVA E GIONGO, 2000).
-
14
Existem quatro exemplos tpicos de regies nodais:
a) Ns somente com foras de compresso
b) Ns com ancoragem somente de barras paralelas
c) Ns com barras dobradas
d) Ns com tirantes em direes ortogonais
Os ns somente com foras de compresso ocorrem sob foras concentradas (Figura 2.7a),
acima de apoios intermedirios de vigas contnuas (Figura 2.7b), em apoios em que cabos
protendidos so ancorados (Figura 2.7c) e em vrtices reentrantes comprimidos (Figura 2.7d).
A regio do n pode ser suposta limitada por um polgono com a direo das bielas.
Figura 2.7 - Ns somente com foras de compresso (CEB-FP, 1990)
Para as regies nodais das Figuras 2.7a e 2.7b suficiente verificar somente a tenso:
Equao 2.3
Os ns com ancoragem somente de barras paralelas ocorrem quando um tirante encontra duas
ou mais bielas, por exemplo, em apoios extremos e abaixo de foras concentradas que so
aplicadas a consolos ou em apoios prximos s extremidades de vigas-parede. A idealizao
tpica desse n mostrada na Figura 2.8.
-
15
Figura 2.8 - Ns com ancoragem somente de barras paralelas
As expresses para a verificao das tenses nestes tipos de ns so a Equao 2.3 e a
expresso:
(
)
Equao 2.4
Os ns com barras dobradas ocorrem onde uma fora de compresso equilibrada
principalmente pelo desvio de foras de barras dobradas e tambm por tenses de aderncia se
o n no for simtrico em relao biela. Nesse caso, a tenso a, determinada por:
Equao 2.5
Os ns com tirantes em direes ortogonais ocorrem em extremidades e vrtices de
elementos, quando a armadura distribuda em um comprimento maior (Figura 2.9). Como
exemplo, citam-se banzos tracionados de vigas, vigas-parede e regies descontnuas.
-
16
Figura 2.9 - Ns com tirantes em direes ortogonais. (CEB-FP, 1990)
2.1.3. Mtodo para Dimensionamento de Blocos sobre Estacas:
O Mtodo das Bielas e Tirantes o mais utilizado no dimensionamento de blocos rgidos
sobre estacas e consiste em admitir no interior do bloco uma trelia espacial composta por
barras tracionadas e barras comprimidas, ligadas por meio de ns.
As barras tracionadas, tirantes, da trelia ficam situadas no plano mdio das armaduras, na
direo horizontal e se localiza logo acima do ponto de arrasamento das estacas. As barras
comprimidas, chamadas de bielas, so inclinadas e determinadas a partir da interseco do
eixo das estacas com o plano mdio das armaduras com um ponto definido na regio nodal do
pilar.
Utilizando um modelo adequado de trelia isosttica, as foras nas bielas e tirantes so
calculadas por meio do equilbrio entre foras internas e externas; as foras de compresso
nas bielas so resistidas pelo concreto, as de trao que atuam nas barras horizontais da
trelia, pela armadura. Desta forma, pode-se definir a rea necessria de armadura e verificar
as tenses de compresso nas bielas, calculadas nas sees situadas junto ao pilar e estaca.
O roteiro de dimensionamento, adaptado do Mtodo de Blvot, que geralmente usado pelos
projetistas de concreto armado, apresentado a seguir.
-
17
2.1.3.1. Blocos Sobre Duas Estacas
O projeto de blocos sobre duas estacas considera o esquema de foras internas mostrado na
Figura 2.10. Sendo que, a barra tracionada da trelia estar submetida fora Rst e as
diagonais comprimidas submetidas fora Rcb.
A rotina de projeto determina a fora de trao nos tirantes e verifica a tenso de compresso
das bielas.
a) Determinao da fora de trao nas barras da armadura
O ngulo de inclinao da biela encontrado por meio da Equao 2.6:
( )
(
( )
) Equao 2.6
Figura 2.10 - Modelo de clculo para blocos sobre duas estacas
-
18
A Figura 2.11 representa o polgono de foras atuantes no bloco:
Figura 2.11 - Polgono de foras
Equao 2.7
Igualando-se as Equaes 2.6 e 2.7 determina-se a fora de trao no tirante:
( )
Equao 2.8
O valor da fora Rst calculado pela Equao 2.8, de acordo com BLVOT (1967) deve ser
majorado em 15%, pois concluiu que a expresso determinada pelo polgono de foras no era
a favor da segurana.
b) Recomendaes para a altura til do bloco
O ngulo de inclinao entre o tirante e as bielas deve estar entre os limites:
Equao 2.9
BLVOT (1967) certifica que utilizando esse intervalo para o ngulo de inclinao das bielas,
os blocos tm o comportamento apropriado para a formulao sugerida.
Substituindo os valores de na Equao 2.10, pode-se determinar a variao para a altura til
d:
-
19
( ) (
) Equao 2.10
c) Tenso de compresso nas bielas de concreto
Do polgono de foras, da Figura 2.11, pode-se escrever:
Equao 2.11
E portanto:
Equao 2.12
As bielas apresentam variaes das sees ao longo da altura do bloco, logo, necessrio
verificar a tenso mxima que est submetida, verificando as sees junto ao pilar e junto
estaca.
Figura 2.12 - rea de verificao das bielas
Tenso de compresso nas bielas junto ao pilar:
A relao entre as reas da seo transversal do pilar (Ap) e da biela na base do pilar (Abp)
(ver Figura 2.12) definida por:
-
20
Equao 2.13
A tenso normal na biela junto ao pilar obtida pela diviso da fora na biela pela sua rea:
Equao 2.14
Substituindo na Equao 2.14 as Equaes 2.12 e 2.13, tem-se:
Equao 2.15
Tenso de compresso nas bielas junto estaca:
A relao entre as reas da seo transversal da estaca (Ae) e da biela junto estaca (Abe)
(ver Figura 2.12) definida por:
Equao 2.16
A tenso normal na biela junto estaca obtida pela diviso da fora na biela pela sua rea:
Equao 2.17
Substituindo em (2.17) as expresses (2.12) e (2.16), tem-se:
Equao 2.18
d) Verificao das tenses limites
-
21
As tenses nas bielas calculadas devem ser inferiores a um valor limite. FUSCO (1994)
recomenda para a avaliao da segurana das estruturas, no estado limite ltimo, que no plano
da seo transversal possa atuar uma tenso de compresso de clculo de 0,85 fcd.
Na considerao da tenso limite na biela, leva-se em conta ainda a forma do bloco:
Equao 2.19
O coeficiente definido como um valor de ajuste entre os resultados numricos e
experimentais. Para blocos sobre duas estacas, este coeficiente adotado igual a 1,4 segundo
MACHADO (1985).
e) rea das barras de armadura
A rea de ao calculada por meio da Equao 2.20 que leva em considerao a fora Rst e o
escoamento do ao no estado limite ltimo.
Equao 2.20
Sendo:
Equao 2.21
2.1.3.2. Blocos Sobre Trs Estacas
A sequncia de clculo para blocos sobre trs estacas praticamente o mesmo que o
considerado para duas estacas, entretanto, a trelia, neste caso, formada por trs barras
comprimidas. Sendo que, as armaduras podem ter diferentes arranjos.
O esquema esttico considerado mostrado na Figura 2.13.
-
22
Figura 2.13 - Modelo de clculo para blocos sobre trs estacas
a) Determinao da fora de trao nas barras da armadura
Analisando as expresses que deduzidas atravs do equilbrio do polgono de foras e da
tangente do ngulo de inclinao da biela de concreto, tm-se:
( )
Equao 2.22
Equao 2.23
Igualando-se as Equaes 2.22 e 2.23 determina-se a fora de trao no tirante:
( )
Equao 2.24
b) Recomendaes para a altura til do bloco
O ngulo de inclinao entre o tirante e as bielas deve estar entre os limites:
-
23
Equao 2.25
Substituindo os valores de na Equao 2.25 por seus valores limites, pode-se determinar a
variao da altura til d:
( ) ( ) Equao 2.26
c) Tenso de compresso nas bielas de concreto
Do polgono de foras tem-se:
Equao 2.27
E, portanto:
Equao 2.28
Tenso de compresso nas bielas junto ao pilar:
A relao entre as reas da seo transversal do pilar (Ap) e da biela na base do pilar (Abp)
definida por:
Equao 2.29
A tenso normal na biela junto ao pilar obtida pela diviso da fora na biela pela sua rea:
Equao 2.30
-
24
Substituindo na Equao 2.30 as Equaes 2.28 e 2.29, determina-se a expresso de tenso de
compresso na biela prxima ao pilar:
Equao 2.31
Tenso de compresso nas bielas junto estaca:
A relao entre as reas da seo transversal da estaca (Ae) e da biela junto estaca (Abe)
definida por:
Equao 2.32
A tenso normal na biela junto estaca obtida pela diviso da fora na biela pela sua rea:
Equao 2.33
Substituindo na Equao 2.33 as Equaes 2.28 e 2.32, tem-se:
Equao 2.34
d) Verificao das tenses limites
As tenses calculadas precisam ser inferiores ao valor limite, definido na expresso (20).
Sendo o coeficiente , sugerido por MACHADO (1985) para blocos sobre trs estacas, igual a
1,75.
e) rea das barras de armadura
No caso de bloco sobre trs estacas pode-se ter diferentes arranjos de armadura: segundo as
medianas, segundo os lados e armadura em malha.
-
25
A armadura segundo as medianas apresenta alguns problemas, como por exemplo, a
superposio de trs feixes de barra no centro do bloco e a excessiva fissurao nas faces
laterais do bloco, provocadas pela falta de apoio em uma das extremidades das barras, que
podem ser solucionadas colocando armadura de suspenso.
Figura 2.14 - Armadura segundo as medianas
A fora de trao definida para o dimensionamento de blocos com armaduras segundo as
medianas a mesma definida anteriormente pela expresso:
( )
Equao 2.35
As reas das barras de armadura para este arranjo so calculadas por meio da Equao 2.20.
Os blocos sobre estacas com distribuio de barras segundo os lados apresentam menor
quantidade de fissuras e menor rea de armadura. Quando a fora atuante no pilar se distribui
espacialmente entre trs ou mais estacas as bielas se formam, de preferncia, com as menores
distncias entre estacas. Sendo assim, os tirantes devem ser dispostos sobre as estacas nas
direes em que a distncia entre elas sejam menores.
-
26
Figura 2.15 - Armadura segundo os lados
A fora de trao para o clculo das barras de armadura disposta segundo os lados do bloco
definida por:
Equao 2.36
A armadura calculada por meio da mesma expresso considerando a fora Rst1.
Equao 2.37
Os blocos com arranjo de armadura em malha so os que apresentam menor eficincia,
segundo os ensaios de BLVOT (1967). Alm disso, os comprimentos das barras da
armadura possuem dimenses diferentes, o que dificulta a execuo do modelo.
Figura 2.16 - Armadura em malha
-
27
A fora de trao calculada para a direo y dada pela Equao 2.35. Na direo x deve ser
usada a expresso:
Equao 2.38
2.1.3.3. Blocos Sobre Quatro Estacas:
O funcionamento estrutural dos blocos sobre quatro estacas mostrado na Figura 2.17 e 2.18.
A fora atuante no pilar transmitida s estacas por quatro bielas diagonais comprimidas,
cujo equilbrio garantido pela armadura que pode ter varias formas de distribuio.
Figura 2.17 - Modelo de clculo para blocos sobre quatro estacas com armadura em diagonal
Analisando o tringulo retngulo formado pela interseco do eixo da estaca com o eixo das
barras, este com o eixo do pilar e o segmento que une o centro do pilar com o centro da estaca,
pode-se escrever:
( )
Equao 2.39
-
28
A expresso para clculo da fora no tirante determinada considerando o equilbrio do
polgono de foras dada por:
Equao 2.40
Igualando-se as expresses anteriores, a fora solicitante no tirante (Ts) para os blocos em
armadura diagonal fica definida por:
(
) Equao 2.41
Figura 2.18 - Modelo de clculo para blocos sobre quatro estacas com armadura em malha
A fora (Ts) para o bloco com armao em malha:
(
) Equao 2.42
-
29
O calculo da fora resistente no tirante (Tys) pode ser feito por meio da equao abaixo:
Equao 2.43
Para calculo da fora de compresso (Cb) na biela, pode-se utilizar a formula a seguir:
Equao 2.44
A tenso de compresso nas bielas junto ao pilar definida pela Equao 2.45, e a tenso
junto estaca fica definida pela Equao 2.46:
Equao 2.45
Equao 2.46
Para a verificao das tenses nos ns deve-se utilizar o valor limite na Equao 2.47, sendo o
coeficiente sugerido por MACHADO (1985) para blocos sobre 4 estacas:
Equao 2.47
vlido lembrar que em se tratando de anlise experimental, todos os coeficientes de
segurana embutidos no dimensionamento e verificao do bloco no foram considerados,
desta forma, observa-se que os valores limites das tenses nas regies nodais superior e
inferior so maiores que os apresentados em diversas literaturas tcnicas.
Para o clculo da resistncia a trao no tirante e resistncia a compresso na biela pode-se
utilizar as Equaes 2.48 e 2.49, respectivamente.
-
30
Equao 2.48
Equao 2.49
2.2. Trabalhos Realizados
Com o intuito de estudar e verificar a aplicabilidade da teoria das bielas, Blvot e Frmy
(1967) realizaram ensaios em blocos sobre duas, trs e quatro estacas. Foram analisados os
estados de formao de fissuras e limite ltimo para blocos submetidos ao de fora
centrada e levando em conta a variao das disposies das armaduras.
Para os modelos sobre duas estacas, foi adotado dois tipos de arranjos de armadura: barras
lisas com ganchos (ver Figura 2.19a) e barras com mossas ou salincias sem ganchos (ver
Figura 2.19b).
a) b)
Figura 2.19 - Modelos de blocos sobre duas estacas (BLVOT , 1967)
Durante os ensaios, Blvot observou que o surgimento de vrias fissuras antes da runa por
esmagamento da biela de concreto junto ao pilar ou junto estaca, ou ainda, simultaneamente
junto ao pilar e estaca. Ocorreu escorregamento na ancoragem para o caso dos modelos
armados com barras com mossas ou salincias, sem ganchos.
-
31
Com os modelos de blocos sobre trs estacas, foi realizado o ensaio com cinco diferentes
arranjos de armadura: a) armadura segundo os lados do bloco (unindo as estacas); b)
armadura em cintas contornando as estacas; c) armadura segundo as medianas; d) combinao
das armaduras segundo os lados e medianas e e) armadura em malha. A Figura 2.20 ilustra
esses modelos. Alm de analisar a influncia do tipo de arranjo de armadura e aplicabilidade
do mtodo das bielas com relao runa, abordou tambm do efeito da puno.
a) b) c) d) e)
Figura 2.20 - Modelos de blocos sobre trs estacas (BLVOT , 1967)
Os quatro primeiros modelos apresentaram boa eficincia, desde que no modelo d a armadura
segundo os lados fosse preponderante. Por outro lado, o modelo com armadura em malha (ver
Figura 2.20e) apresentou fora ltima cerca de 50% do valor calculado, portanto, uma
eficincia menor em relao aos outros arranjos. Os modelos com arranjo de armadura
segundo os lados e em cintas (ver Figura 2.20a e b) apresentaram o melhor comportamento
fissurao.
Os modelos com inclinao das bielas entre 40 e 55 obtiveram valores de fora de runa,
calculados pelo mtodo das bielas, menor que os valores de ensaio. Para valores de ngulo
menor que 40 ou maior que 55, as foras de runa foram maiores do que as calculadas, logo,
contra a segurana.
Na maioria dos modelos a runa se deu por trao do concreto e ocorreu do surgimento de
fissuras a partir das estacas. Constituindo que, todos os modos de runa ocorreram aps o
escoamento da armadura e aconteceram com aes inferiores aos indicados pelo Mtodo das
Bielas e principal.
Os modelos de blocos sobre quatro estacas tambm foram ensaiados com cinco arranjos
diferentes de armadura: a) armadura segundo os lados do bloco; b) armadura em cintas
contornando as estacas; c) armadura segundo as diagonais; d) combinao das armaduras
-
32
segundo as medianas com cintas e e) armadura em malha. Os modelos ensaiados so
mostrados na Figura 2.21.
a) b) c) d) e)
Figura 2.21 - Modelos de blocos sobre quatro estacas (BLVOT , 1967)
Os modelos com disposies de armadura a e d mostraram-se mais eficientes, j o modelo
com armadura em malha (ver Figura 2.21e) apresentou eficincia de 80%. O modelo com
armadura segundo as diagonais (ver Figura 2.21c) apresentou grande nmero de fissuras para
menor nvel de carregamento. O modelo b apresentou fissurao excessiva na parte inferior,
necessitando utilizar armadura secundria em malha.
Tambm nestes modelos de blocos sobre quatro estacas as runas se deram a partir de fissuras
saindo da estaca, e no ocorreu runa por puno. Os resultados dos modelos ensaiados foram
de acordo com os valores tericos dimensionados com o Mtodo das Bielas.
MIGUEL (2000), atravs de anlise numrica e experimental, observou o comportamento de
blocos sobre 3 estacas submetidos ao de fora centrada com o objetivo principal de
verificar a formao de fissuras e o modo de runa. Os modelos ensaiados foram feitos em
escala real e analisados numericamente pelo Mtodo dos Elementos Finitos.
Foram ensaiados um total de 9 modelos, mantendo a armadura principal e variando as
armaduras adicionais e o dimetro das estacas. Foram empregados 4 tipos de arranjos de
armadura diferentes; os modelos A1 tinham as armaduras principais segundo os lados; os
modelos A2 tinham armaduras segundo os lados mais armaduras segundo as medianas; os
modelos A3 tinham armaduras segundo os lados mais armadura em malha; e finalmente, os
modelos A4 tinham armadura segundo os lados mais uma armadura em gaiola. Os blocos da
srie A2 exibiram as maiores foras de runa, enquanto que os modelos da srie A1 as
menores. Os modelos A3 e A4 apresentaram praticamente os mesmos valores de fora de
runa.
-
33
Os modelos de blocos com estacas de dimetro de 30 cm apresentaram foras ltimas
maiores. Os blocos com dimetro da estaca de 20 cm atingiram a fora de fissurao levando
runa com foras menores do que os com dimetro de 30 cm. Nos ensaios de Miguel (2000)
tambm verificou-se que distribuio das foras nas estacas no obtiveram uniformidade em
nenhum dos modelos ensaiados e que todos os modelos romperam por fendilhamento das
bielas de compresso, devido da expanso do fluxo de tenses na mesma, acompanhado do
escoamento das barras das armaduras principal e/ou secundria.
DELALIBERA (2006) realizou uma anlise experimental e numrica de blocos de concreto
armado sobre duas estacas submetidas ao de fora centrada e excntrica. O autor
desenvolveu um estudo sobre a formao de bielas de compresso por meio de uma analise
numrica tridimensional de blocos sobre duas estacas, pelo mtodo dos elementos finitos.
Analisou, tambm, a contribuio dos ganchos da armadura principal e props um modelo
refinado de bielas e tirantes para blocos sobre duas estacas.
Foram ensaiados quatorze blocos sobre duas estacas com variaes nos arranjos das
armaduras, no ngulo de inclinao das bielas de compresso (altura do bloco), nas sees
transversais dos pilares e na posio da aplicao da fora de compresso.
Nos ensaios observou que a primeira fissura surgiu na face inferior do bloco junto estaca e
expandiu-se at a face superior do bloco junto ao pilar. As outras fissuras surgiram ao longo
do carregamento com inclinao semelhante primeira fissura. Constatou-se que, em funo
das tenses de trao existentes na direo perpendicular as bielas de compresso
(fendilhamento), ocorreu uma queda no valor da fora ltima nos modelos onde no existiam
armaduras complementares. Por outro lado, os modelos projetados com armadura
complementar tiveram maior capacidade resistente.
Todos os modelos apresentaram runa caracterizada por ruptura do concreto e cisalhamento,
ou seja, aps a ruptura do concreto junto ao pilar e em alguns casos junto estaca,
desenvolveu-se um plano de ruptura ao longo da altura do bloco provocado pela ao de fora
cortante.
Com os resultados obtidos atravs das deformaes nas faces dos blocos e das fissuras
observadas aps a runa dos blocos, DELALIBERA (2006) identificou uma forma geomtrica
-
34
aproximada do fluxo de tenses de compresso (ver Figura 2.22).
Figura 2.22 - Fluxo de tenses de compresso, modelo B35P25E25e0 (DELALIBERA,
2006)
Os resultados obtidos da anlise numrica ficaram prximos dos resultados experimentais.
Nos modelos numricos apenas foram impedidas as translaes na direo vertical.
No modelo numrico observa-se que por meio do fluxo das tenses principais de compresso
(ver Figura 2.23 e Figura 2.24) aparecem maiores concentraes de tenses nas zonas nodais
inferior (junto estaca na seo mais afastada da borda do bloco) e superior. Nota-se tambm,
que no ocorreram expanses do fluxo das tenses de compresso ao longo da altura do
bloco, apresentando o mesmo comportamento dos resultados experimentais.
Figura 2.23 - Tenses principais de compresso e trao, modelo B35P25E25e0
(DELALIBERA, 2006).
-
35
Figura 2.24 - Fluxo das tenses principais de compresso e trao, modelo B35P25E25e0
(DELALIBERA, 2006).
DELALIBERA (2006), com base nos resultados experimentais e numricos, desenvolveu um
modelo de dimensionamento de blocos sobre duas estacas fundamentado na analogia de
Bielas e Tirantes. O modelo, mostrado na Figura 2.25, foi idealizado em funo da
distribuio do fluxo das tenses principais de compresso.
Figura 2.25 - Modelo de Bielas e Tirantes para fora centrada (DELALIBERA, 2006)
Na Figura 2.25, as bielas de compresso, do modelo proposto, esto delimitadas pelas linhas
vermelhas que unem as regies nodais inferior e superior. As linhas em azul tracejadas
representam as bielas enquanto que as linhas contnuas representam os tirantes.
Delalibera pde concluir que, em funo da distribuio do fluxo das tenses principais de
compresso, tanto na simulao numrica como em ensaios experimentais, somente parte da
-
36
estaca solicitada de maneira mais intensa. Sendo assim, somente essa parte ou metade da
estaca considerada para a verificao da tenso na biela junto zona nodal inferior. Todos
os modelos ensaiados romperam por ruptura da biela comprimida junto ao pilar e ou junto
estaca. Isto ocorreu aps a abertura de fissuras na direo paralela s bielas favorecendo ao
fendilhamento da biela.
2.3. Normas
O cdigo americano ACI-318 (1994) admite que os blocos sobre estacas so elementos
semelhantes a uma viga apoiada sobre estacas. Os procedimentos para o dimensionamento
sugerido so verificaes pertinentes a momento fletor e fora cortante em sees crticas. O
momento fletor mximo o que atua na seo transversal do bloco localizada junto face do
pilar. A quantidade de armadura longitudinal determinada pelos procedimentos usuais s
vigas de concreto armado. O cdigo recomenda como essa armadura deve ser distribuda.
Admite-se o valor de 30 cm para altura mnima de blocos sobre estacas.
A verificao fora cortante em blocos sobre estacas, segundo o cdigo americano, deve ser
feita em uma seo definida conforme o comportamento do bloco, ou seja, quando ocorre
comportamento de viga, o bloco considerado uma viga extensa e a seo crtica definida
por um plano que dista d da face do pilar, sendo d a altura til do bloco. Quando ocorre
comportamento por dois caminhos cisalhantes, a runa se d em forma de um cone, e, a
superfcie crtica definida a partir de d/2 do permetro do pilar.
2.3.1. Puno
O EUROCODE 2 (2004) recomenda que a resistncia puno seja verificada em um
permetro de controle afastado 2d da face do pilar ou rea carregada, no caso de elementos de
concreto armado sem armadura de cisalhamento, conforme indicado na Figura 2.26a. J a
estimativa da resistncia puno pode ser feita utilizando-se a Equao 2.50.
-
37
a) Permetro de controle para puno b) Vo de cisalhamento
Figura 2.26 - Verificao da resistncia ao cisalhamento (EUROCODE 2, 2004)
Equao 2.50
2.3.2. Cisalhamento
O EUROCODE 2 (2004) recomenda que a resistncia ao cisalhamento de elementos onde as
cargas so aplicadas tal que , conforme indicado na Figura 2.26b, deve ser
estimada de acordo com a Equao 2.51.
(
) Equao 2.51
Equao 2.52
[
] Equao 2.53
2.4. Linha de Ruptura Resistncia a Flexo
A anlise elstica de uma estrutura importante para estudar o seu comportamento sob a ao
das cargas de servio. Entretanto, se o carregamento aumentar em direo carga ltima, as
sees mais solicitadas da estrutura se plastificam e formam rtulas plsticas que transformam
-
38
a estruturas em um mecanismo (situao limite que pode conduzir a estrututura ao colapso
sobre o menor acrscimo de carga).
O Mtodo das Charneiras plsticas ou Mtodo das Linhas de Ruptura foi inicialmente
desenvolvido por INGERSLEV (1923) e contou com uma extensa contribuio de autores
como JOHANSEN (1962) e LANGENDONCK (1970). A carga ultima obtida analisando-se
vrios mecanismos possveis de colapso compatvel com as condies de contorno. Os
momentos nas linhas de plastificao so os ltimos plsticos, resistidos pela seo de
concreto armado. Com esta hiptese bsica, a carga ultima pode ser determinada usando o
princpio dos trabalhos virtuais. A carga ultima assim determinada uma carga maior ou igual
correta.
A resistncia flexo dos blocos foi estimada segundo a Teoria das Linhas de Ruptura. A
carga de ruptura dos blocos obtida considerando-se um possvel mecanismo de colapso,
dado em funo das condies de contorno do bloco. As equaes abaixo podem ser
utilizadas para estimar a carga de ruptura por flexo considerando o mecanismo de colapso
indicado na Figura 2.27.
Equao 2.54
Equao 2.55
Equao 2.56
Equao 2.57
-
39
Figura 2.27 - Mecanismo de ruptura por flexo
-
40
3. PROGRAMA EXPERIMENTAL
Neste capitulo so descritos os critrios de dimensionamento, detalhamentos e execuo dos
modelos ensaiados no Laboratrio de Engenharia Civil LEC, da Universidade Federal do
Par UFPA. Para o dimensionamento, foi utilizado o Mtodo de Bielas e Tirantes. Tambm
so apresentadas as propriedades mecnicas dos materiais, concreto e ao, utilizados na
construo dos blocos.
Na fase experimental, foram ensaiados quatro modelos variando o arranjo das armaduras e no
ngulo de inclinao das bielas de compresso (altura do bloco). Estes fatores definiram a
sigla utilizada para cada modelo da seguinte forma:
- BD1 - Bloco com armadura em diagonal com altura igual a vinte e oito centmetros;
- BD2 - Bloco com armadura em diagonal com altura igual a cinquenta centmetros;
- BM1 - Bloco com armadura em malha com altura igual a vinte e oito centmetros;
- BM2 - Bloco com armadura em malha com altura igual a cinquenta centmetros;
Com o objetivo de analisar o modo de runa, os ensaios foram realizados em nveis crescentes
de carregamento at a ruptura.
Os detalhes da execuo e instrumentao dos modelos e a metodologia utilizada para os
ensaios so descritos neste captulo.
3.1. Execues dos Modelos
Foram moldados 4 blocos de concreto armado, sendo 2 com dimenses de (900 x 900 x 280)
mm e 2 com dimenses de (900 x 900 x 500) mm. Os blocos foram apoiados em 4 estacas
circulares de concreto armado com dimetro de 150 mm e o carregamento seria aplicado em
pilares tambm de concreto armado com seo circular e dimetro de 150 mm.
Foi adotado um espaamento entre estacas de 600 mm, equivalente a 4 . A NBR 6118 (2007)
afirma que no caso de conjuntos bloco estacas rgidos com espaamento de 2,5 a 3,0
possvel considerar uma distribuio plana de carga nas estacas, o que simplifica o processo
-
41
de dimensionamento. No entanto, optou-se por adotar um espaamento maior a fim de tentar
observar melhor o comportamento flexo destes elementos.
Os blocos foram construdos com formas de madeira compensada de 12 mm de espessura,
devidamente dimensionadas e travadas. Os pilares e as estacas foram moldados utilizando
tubos de PVC com dimetro de 150 mm. A concretagem dos blocos, dos pilares e das estacas
foi feita utilizando concreto usinado com fck = 30 MPa aos 28 dias, com cimento comum e
abatimento medido atravs do slump test de 11,5 cm, inferior ao esperado (16cm 2cm). Com
o intuito de fazer uma pea estrutural monoltica, todo o conjunto (bloco, pilar, estaca) foi
concretado simultaneamente, na tentativa de simular experimentalmente a situao real.
A Figura 3.1 apresenta as frmas de madeira e os tubos PVC utilizados nas moldagens dos
blocos e pilares, alm da armadura do bloco, do pilar e das estacas utilizada na construo dos
modelos.
Figura 3.1 Forma e armadura dos blocos de coroamento.
-
42
Figura 3.2 Concretagem dos blocos de coroamento
A Figura 3.2 mostra a concretagem de um dos blocos e do pilar. A Figura 3.3 apresenta a
configurao de um dos modelos depois de efetuada a desfrma.
Figura 3.3 Configurao dos modelos aps a desfrma
Entretanto, houve problemas na concretagem das peas com surgimento de brocas, tanto nos
pilares como nas estacas, o que comprometeu sua resistncia. Assim, optou-se por cortar estes
elementos.
Desta Forma, as estacas foram simuladas por chapas de ao quadradas com lados de 150 mm
e o pilar foi simulado por uma rtula de ao circular com dimetro de 150 mm. A Figura 3.4
mostra a geometria final dos blocos. Como armaduras de flexo, foram adotadas distribuies
em cruz, nos blocos BD, e em malha, nos blocos BM, nas quantidades indicadas na Tabela
3.1.
-
43
Tabela 3.1 - Caractersticas Geomtricas dos blocos
Bloco d
(mm)
Larg.
(mm)
Compr.
(mm)
h
(mm)
Pilar
(mm)
Estacas
(mm) ()
BD1 222 900 900 280 150 150 x 150 29,5
BD2 442 900 900 500 150 150 x 150 48,4
BM1 222 900 900 280 150 150 x 150 29,5
BM2 445 900 900 500 150 150 x 150 48,4
Obs: O cobrimento da armadura igual a 3 cm; a inclinao da
biela de compresso.
a) Planta
b) Cortes
Figura 3.4 - Caractersticas dos blocos
-
44
3.2. Armaduras
O bloco sobre quatro estacas apresenta trs possibilidades de disposio das armaes:
segundo a periferia, segundo as diagonais e em malhas. As armaes principais so
posicionadas na face inferior do bloco, onde ocorre trao em virtude da flexo do bloco.
No presente trabalho ser adotada a disposio segundo as diagonais (ver Figura 3.5a), e em
malha (ver Figura 3.5b).
Embora a NBR 6118:2003 no recomende a adoo de armaduras complementares em blocos
sobre estacas, algumas normas e autores internacionais recomendam sua utilizao, podendo-
se citar: Boletim n 73 do CEB (1970), EHE (2002), Cavalera (1991) e Montoya et al. (2000).
A justificativa da adoo de tais armaduras absorver possveis tenses provocadas por
excentricidades acidentais ocorridas nas locaes das estacas e dos pilares e para limitar s
aberturas das fissuras nas faces laterais dos blocos. Essas armaduras so compostas por uma
armadura secundria posicionada na face superior do bloco e por estribos.
Segundo a EHE (2002) e o Boletim, n 73 do CEB (1970) a armadura posicionada na face
superior do bloco no deve ter rea de ao inferior a 10% da rea de ao da armadura
principal de trao.
Para os estribos verticais quanto os horizontais, a EHE (2000) sugere que tenham rea de ao
superior a 4% da rea de ao da armadura principal de trao. J, o Boletim n 73 no CEB
(1970) estabelece que tais armaduras sejam determinadas por meio da Equao 3.1.
Equao 3.1
Na Expresso x, BLy designa a largura do bloco, em centmetros, e s o espaamento das
barras da malha, tambm em centmetros. Se a largura BLy exceder a metade da altura total
h do bloco, deve-se substitu-la por h/2.
Na Tabela 3.2 traz informaes sobre as armaduras principais de trao utilizadas no arranjo
-
45
dos blocos sobre estacas e as armaduras complementares utilizadas no detalhamento dos
modelos analisados experimentalmente.
Tabela 3.2 - Armaduras dos blocos
Bloco
Armadura Principal () Estribo
Horizontal () Armadura Superior ()
nx x
(mm) ny
y
(mm) As (mm
2) n (mm) nx
x
(mm) ny
y
(mm)
BD1 6 8 6 8 301,59 3 5 5 5 5 5
BD2 3 8 3 8 150,79 4 5 5 5 5 5
BM1 7 8 7 8 351,85 3 5 3 5 3 5
BM2 9 5 9 5 176,71 4 5 3 5 3 5
Na Tabela 3.3 so apresentadas as armaduras utilizadas no detalhamento das estacas e dos
pilares. Atravs desta tabela, percebe-se que foram adotados arranjos iguais para os modelos,
com isso foi possvel padronizar a montagem das armaduras.
Tabela 3.3 - Armaduras das estacas e dos pilares
Bloco
Armadura das Estacas () Armadura dos Pilares ()
N de
Estacas
Armadura
Transversal Estribo
N de
Pilares
Armadura
Transversal Estribo
n
(mm) n
(mm) n
(mm) n
(mm)
BD1 4 8 5 3 5 1 8 5 2 5
BD2 4 8 5 3 5 1 8 5 2 5
BM1 4 8 5 3 5 1 8 5 2 5
BM2 4 8 5 3 5 1 8 5 2 5
-
46
a) BD-1 b) BD-2
c) BM-1 d) BM-2
Figura 3.5 Armadura dos Blocos
3.3. Instrumentao
Foram instalados extensmetros uniaxiais eltricos de resistncia para medir as deformaes
nas armaduras de flexo. Com isto, por meio dessas deformaes, pode-se analisar o
comportamento das barras de ao das armaduras principal de trao.
Os pontos instrumentados na armadura principal de trao referem-se seo do meio do vo
do bloco, sees entre o pilar e a estaca e entre o pilar e uma das faces laterais do bloco. Essas
sees foram instrumentas, com o intuito de avaliar as regies nas barras de ao com maior
esforo de trao. Como se pode perceber, a instrumentao, tambm foi realizada, prevendo
economia no custo dos ensaios. A Figura 3.6 mostra extensmetros instalados em um dos
modelos. A Figura 3.7 indica o posicionamento dos extensmetros nas armaduras principais
de trao em cada bloco.
-
47
Figura 3.6 Extensmetros instalados na armadura principal de trao
a) BD1 b) BD2
c) BM1 d) BM2
Figura 3.7 - Posio dos extensmetros do ao nos blocos de coroamento
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48
Os deslocamentos verticais foram monitorados ao longo do ensaio, atravs de deflectmetros
digitais. Trata-se de um instrumento constitudo por um relgio comparador e dois cutelos,
um fixo e outro articulado, o qual funciona como comparador com preciso de 0,01 mm. A
Figura 3.8 apresenta as posies dos transdutores de deslocamento.
Figura 3.8 - Posio dos deflectmetros nos Blocos
Em todos os modelos, foram instalados oito transdutores de deslocamento, quatro na face
superior do bloco, na direo do eixo das estacas, e quatro na face de baixo do bloco, sendo
um deles coincidindo com o eixo do pilar outro entre a estaca e o pilar e os outros dois entre o
pilar e uma das faces laterais do bloco. A finalidade do posicionamento desses transdutores
foi acompanhar os deslocamentos durante os ensaios e, verificar se houve inverso do sinal
dos deslocamentos nas extremidades dos blocos. A Figura 3.9 mostra os transdutores de
deslocamentos instalados nas posies descritas.
-
49
Figura 3.9 Transdutores de deslocamentos
As deformaes do concreto na superfcie superior dos blocos tambm foram monitoradas.
No bloco BD1 foram utilizados 4 extensmetros, a fim de identificar em qual direo eram
registrados os maiores valores. Nos demais blocos foram colocados apenas um extensmetro
por bloco, conforme indicado na Figura 3.10. A Figura 3.11 mostra os extensmetros de
concreto instalados no bloco.
Figura 3.10 - Posio dos extensmetros de concreto nos blocos
-
50
Figura 3.11 - Extensmetros de concreto instalados no bloco.
3.4. Sistema de Ensaio
O sistema de ensaio foi realizado com uma estrutura de reao composto por um prtico
metlico fixo laje de reao do Laboratrio de Estrutura da Universidade Federal do Par;
Os modelos foram apoiados em 04 blocos de concreto, devidamente nivelados sobre a laje de
reao.
A fora aplicada no topo do pilar foi exercida por meio de um cilindro hidrulico com
capacidade de 2000 kN. O leo necessrio para movimentar o pisto foi injetado por meio de
uma bomba hidrulica eltrica, para o acionamento do cilindro hidrulico e com controle de
carga e descarga. As intensidades das foras aplicadas foram medidas por meio de uma clula
de carga com capacidade de 2.000 kN e preciso de 5 kN. A clula foi instalada sobre os
pilares, desta maneira foi possvel obter o valor da fora aplicada no pilar para cada modelo
analisado experimentalmente. Foi utilizado tambm um indicador digital para acompanhar e
controlar o carregamento aplicado.
As aquisies das informaes geradas pelos extensmetros eltricos de resistncia instalados
nas armaduras de flexo e na superfcie do concreto foram obtidas atravs do datalogger
Almemo. Os carregamentos foram aplicados em passos de carga de 20 kN com intervalos para
leitura das flechas, das deformaes no ao e no concreto e para o mapeamento das fissuras.
Antes do incio dos ensaios, os blocos foram submetidos a um pr-carregamento de 20 kN
com objetivo de estabilizao do sistema. A Figura 3.12 mostra o sistema de ensaio utilizado.
-
51
Figura 3.12 - Sistema de Ensaio
Figura 3.13 Sistema de ensaio modelo 3D
-
52
4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
4.1. Propriedades dos Materiais
A resistncia compresso do concreto foi determinada atravs de ensaios de compresso
axial seguindo as recomendaes da NBR 5739 (2007) em corpos de cilndricos de 100 mm x
200 mm. Foram realizados ainda ensaios de mdulo de elasticidade do concreto em corpos de
prova de 100 mm x 200 mm, seguindo as recomendaes da NBR 8522 (2008). A Tabela 4.1
mostra os resultados obtidos. Amostras das barras de ao utilizadas nas armaduras de flexo e
de cisalhamento foram submetidas a ensaio de trao, seguindo as orientaes da NBR
ISO6892 (2002), com o objetivo de caracterizar as propriedades mecnicas do ao. Estes
resultados so apresentados na Tabela 4.2. A Figura 4.1 mostra curvas de tenso-deformao
das amostras, indicando que as barras de flexo apresentaram patamar de escoamento bem
definido.
Tabela 4.1 - Resistncia compresso e mdulo de elasticidade do concreto
CP fc (MPa) Ec (GPa)
1 28,50 23,80
2 24,00 22,73
3 22,50 25,24
Mdia 25,00 23,92
Tabela 4.2 - Propriedades mecnicas das barras de ao
(mm) fys (MPa) ys () Es (GPa)
5,0 565,00 4,95 191,50
8,0 555,00 2,75 201,80
-
53
5.0 8.0
Figura 4.1 - Curvas tenso-deformao das Armaduras
4.2. Ensaios
Os deslocamentos verticais dos blocos foram monitorados ao longo do ensaio atravs do uso
de 8 deflectmetros digitais, conforme apresentado anteriormente. Estes equipamentos foram
retirados nos estgios finais de carregamento a fim de evitar possveis danos. Percebe-se que,
no geral, os deslocamentos foram maiores para os modelos BD1 e BM1, sendo que entre estes
blocos, o com armao na diagonal (BD1) mostrou-se menos rgido, apresentando maiores
deslocamentos para o mesmo nvel de carregamento. Em estgios de carregamento prximos
da ruptura observaram-se grandes acrscimos nos deslocamentos no caso dos blocos flexveis.
No caso dos blocos rgidos, o nvel de deslocamentos foi extremamente inferior ao observado
para os demais blocos, conforme pode ser visto na Figura 4.2.
-
54
a) BD1 b) BM1
a) BD2 b) BM2
Figura 4.2 - Curvas carga-deslocamento dos Blocos
J na Figura 4.3 podem ser vistos os resultados das deformaes nas armaduras de flexo dos
blocos. possvel perceber que, no caso dos blocos flexveis, o bloco com armaduras em cruz
apresentou um comportamento flexo melhor do que aquele com armadura em malha, uma
vez que apenas uma das armaduras escoou, e em um nvel de carga mais avanado. O bloco
BD1 e BM1 escoaram com uma carga de 540 kN e 360 kN, respectivamente. Um
comportamento inverso foi observado nos blocos rgidos, onde o bloco BD2 apresentou forte
crescimento das deformaes nas armaduras de flexo prximo da carga de ruptura com uma
carga de escoamento de 800 kN , enquanto que no se verificou o escoamento das armaduras
do bloco BM2.
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55
a) BD1 b) BM1
c) BM2 d) BD2
Figura 4.3 - Grfico das deformaes do ao
Na Figura 4.4 podem ser observados os resultados das deformaes na superfcie de concreto
dos blocos. De um modo geral, os resultados indicam que o nvel de deformao no concreto
baixo, longe dos valores esperados para ruptura por esmagamento do concreto. Observou-se
ainda, no caso dos blocos flexveis, houve uma tendncia de grande reduo das deformaes
em estgios de carregamento prximos da ruptura, tendo sido observado no caso do bloco
BM1 os maiores valores de deformao.
-
56
a) BD1 b) BM1
c) BD2 d) BM2
Figura 4.4 - Grfico das deformaes do concreto
4.3. Comparao Terica x Experimental
Na Tabela 4.3 so apresentadas as cargas de ruptura experimentais e os valores estimados
teoricamente, de acordo com as equaes apresentada no capitulo 2 deste trabalho. So
apresentados tambm os modos de ruptura observados no ensaio. possvel perceber que os
blocos flexveis romperam por puno, com o bloco BD1 apresentando carga de ruptura 17%
superior a do bloco BM1, o que permite concluir que no caso de blocos flexveis, as
armaduras em cruz podem ser mais adequadas. J no caso dos blocos rgidos, percebe-se que
em termos de resistncia, estes blocos obtiveram resultados semelhantes. Ambos romperam
de forma brusca, com fissuras ligeiramente inclinadas cortando a seo do bloco, numa
configurao semelhante a rupturas de cisalhamento por trao diagonal da biela comprimida.
Ao serem comparados os valores obtidos experimentalmente com os calculados de acordo
com a teoria acima, pode-se observar que este nos fornece parmetros muito conservadores,
chegando a tenso compresso na biela mxima ser 3 vezes a tenso calculada pelo modelo de
-
57
Bielas e Tirantes. possvel perceber tambm que as equaes utilizadas apresentaram bons
resultados frente aos resultados experimentais obtidos, com uma diferena mdia de apenas 7%
a favor das estimativas d