TCC Tecnólogo em Radiologia Eaprenda corrig
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Centro Universitário Eaprenda - (CUE)
Curso de Graduação em Tecnologia da Radiologia
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Emilio José de Oliveira Queiroz
RAIOS-X: DIAGNÓSTICO OU TERAPÊUTICA?
________________________________________________________________________________________________________________________
Poços de Caldas (MG)
2012
Centro Universitário Eaprenda - (CUE)
Curso de Graduação em Tecnologia da Radiologia
Emilio José de Oliveira Queiroz
RAIOS-X: DIAGNÓSTICO OU TERAPÊUTICA?
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Radiologia pelo Centro Universitário Eaprenda - CUE
Orientador: Dr. Carlos da Conceição Silva
Médico de Diagnóstico Por Imagem Coordenação: Tutoria Eaprenda
Poços de Caldas (MG)
Julho / 2012
ii
Raios-x: Diagnóstico ou Terapêutica?
Emilio José de Oliveira Queiroz
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado para obtenção do grau Tecnólogo em Radiologia, pela Banca Examinadora formada por:
_________________________________________________ Membro / Titulação
_________________________________________________ Membro / Titulação
_________________________________________________
Membro / Titulação
( ) Aprovado ( ) Reprovado
Poços de Caldas, 15 de Julho de 2012.
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe que sempre me ensinou discernir o certo do errado, o que, por consequência, me fez um homem melhor, e a meus filhos, razão pela qual sempre tento galgar novos degraus, para deles, ser o exemplo.
iv
AGRADECIMENTO
Agradeço a todos que de alguma forma ajudaram na feitura deste trabalho, singelo aos olhos de quem vê, mas de suma importância para o crescimento profissional de quem o escreveu.
Obrigado!
v
EPÍGRAFE
"Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis."
Bertolt Brecht
vi
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Tecnologia da
Radiologia do Centro Universitário Eaprenda baseia-se inicialmente em um artigo
publicado pelo autor deste TCC no website WEBARTIGOS ao qual demonstra o
resultado de uma pesquisa que se fundamenta no número de exames de raios-x que
são solicitados aos usuários do sistema de saúde público e foi realizando esta
pesquisa no Hospital Municipal Dr. Lauro Joaquim de Araújo, no município de
Correntina, estado da Bahia, questionando os cliente atendidos no serviço de
ambulatório, na unidade de emergência, no serviço de ortopedia, e no Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192 que se chega a conclusão de que
vários exames são solicitados sem critério definido, apenas para ―passar pra frente‖
o paciente e assim liberando-o logo do atendimento. O autor também valeu-se de
outras pesquisas para embasamento e coleta de dados para assim demonstrar o
quão despreparados estão muitas vezes os profissionais de saúde quanto à
solicitação de exames radiológicos, como também despreparados estão os usuários
do serviço que quase sempre acham que o exame de raios-x é que vai mostrar tudo
que eles querem ver, independente da indicação da realização do exame. A
pesquisa ―in loco‖ foi realizada entre o período de 05/03/2012 à 18/05/2012, onde
escolheu-se aleatoriamente indivíduos que trabalham no serviço de saúde e de
indivíduos usuários do sistema de saúde, seja no ambulatório ou serviço de
emergência. O artigo referido no início deste resumo encontra-se publicado no
website WEBARTIGOS e pode ser encontrado no endereço digital
http://www.webartigos.com/artigos/raios-x-diagnostico-ou-terapeutica/91417/ , onde
foi descrito uma experiência pessoal inicialmente do indivíduo como auxiliar de
câmara escura, trabalhando com revelação de filmes radiográficos após serem feitos
os exames de raios-x, demonstrando como pouco importa aos olhos dos
profissionais da saúde e principalmente do usuário do sistema de saúde que tem
plena convicção que o exame radiológico faz parte do tratamento, e pouco importa
os efeitos cumulativos da radiação ionizante, desconhecendo assim os riscos
inerentes a exposições desnecessárias à radiação, como é o caso dos exames de
raios-x.
Palavras chaves: raios-x, radiação ionizante, riscos, excesso, radiologia
vii
ABSTRACT
This End of Course Work of Graduation in Technology of the Radiology of
the University Center Eaprenda is based initially on an article published for the author
of this ECW in website WEBARTIGOS and demonstrates the result of a research that
if it bases on the number of examinations of x-rays that are requested to the users of
the public system of health and were carrying through this research in the Public
Hospital Lauro Joaquim de Araujo MD., in the city of Correntina, Bahia‘s state,
questioning the customer taken care of in the service of clinic, the unit of emergency,
in the ortopedic service and the Service of Mobile Attendance of Urgency - SAMU
192 and the conclusion is arrived of that some examinations are requested without
defined criterion, only to ―move forward‖ the patient and thus liberating it soon of the
attendance. The author also used itself other research for basement and collects of
unprepared data thus to demonstrate how much is many times the health
professionals how much to the request of radiological examinations, as well as
unprepared they are the users of the service who almost always find that the
examination of x-rays is that it goes to show everything that they want to see,
independent of the indication of the accomplishment of the examination. The
research ―in loco‖ was carried through enters the period of the year 2012, 05/03 to
the date of the year 2012, 18/05, where one randomly chose individuals that work in
the service of health and using individuals of the health system, either in the clinic or
service of emergency. The article related in the beginning of this abstract meets
published in website WEBARTIGOS and can be found in the digital address
http://www.webartigos.com/artigos/raios-x-diagnostico-ou-terapeutica/91417/, where
a personal experience initially of the individual was described as to assist of
darkroom, working with revelation of films to x-rays after to be done the examinations
of x-rays, demonstrating as little matter mainly to the eyes of the professionals of
the health and of the user of the health system that has full certainty that the
radiological examination is part of the treatment, and little imports the cumulative
effect of the ionizing radiation, thus being unaware of the inherent risks the
unnecessary expositions to the radiation, as it is the case of the examinations of x-
rays.
Words keys: x-rays, ionizing radiation, risks, excess, radiology
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Roentgen e a 1ª radiografia ................................................................... 13
Figura 2 – Abreugrafia ............................................................................................ 14
Figura 3 - Radiografia de úmero fraturado ............................................................ 14
Figura 4 - Tomografia do abdome total ................................................................. 15
Figura 5 - USG do abdome ..................................................................................... 15
Figura 6 - Ressonância Magnética visualizando um tumor cerebral .................. 16
Figura 7 - Densitometria da coluna lombar ........................................................... 16
Figura 8 - O Trifólio ................................................................................................. 17
Figura 9 - Novo símbolo radiação ionizante ......................................................... 18
Figura 10 - Atipia nuclear por irradiação ............................................................... 24
Figura 11 - Controle por blindagem ....................................................................... 29
ix
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Exames realizados na unidade............................................................34
Gráfico 2 – Solicitação de Raios-x por clínicas.....................................................34
Gráfico 3 – Resultado da pesquisa “in loco”.........................................................37
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATLS - Advanced trauma life support (Suporte avançado de vida trauma)
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
CVS - Centro de Vigilância Sanitária
DNA - Desoxiribonucleic Acid (Àcido Desoxirribonucleico)
EPI - Equipamento de Proteção Individual
ICRP - International Commission on Radiological ProtectionI
CRU - International Commission on Radiation Units and Measurements
INRAD - Instituto de Radiologia Kerma Kinetic Energy Released in the Medium
ISO - Organização Internacional de Padronização
mA - Miliamperes
MS - Ministério da Saúde
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
NAS - National Academy of Sciences
NN – Norma Nuclear
NR - Norma Regulamentadora
ONU – Organização das Nações Unidas
RAD - Radiation Absorved Dose
ROENTGEN – 1.Cientista alemão que descobriu os raios-x; 2. Unidade de medida
dos raios-x
RX - Raios X
SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SESMT - Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho
USG - Ultrassonografia
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
10
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO.....................................................................................................12
2 - REFERENCIAL HISTÓRICO DA RADIOLOGIA..................................................13
3 - SÍMBOLOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE............................................................17
3.1 - Símbolo antigo – trifólio......................................................................................17
3.2 - Novo símbolo – AIEA.........................................................................................17
4 – PROBLEMÁTICA.................................................................................................18
4.1 ESTUDO DA PROBLEMÁTICA DO TEMA PROPOSTO...................................18
5 – OBJETIVOS.........................................................................................................22
5.1 - Objetivo geral.....................................................................................................22
5.2 - Objetivos específicos.........................................................................................22
6 – JUSTIFICATIVA...................................................................................................22
7 - LESÕES RESULTANTES DE RADIAÇÃO IONIZANTE.....................................23
8 - DOENÇAS RELACIONADAS AOS RAIOS-X......................................................24
9 - NORMAS PARA RADIOPROTEÇÃO..................................................................25
10 - PRINCÍPIOS DA RADIOPROTEÇÃO................................................................27
10.1 - 1º - Princípio da justificação.............................................................................28
10.2 - 2º - Princípio da otimização..............................................................................28
10.3 - 3º - Princípio da limitação de dose...................................................................28
11 - FORMAS DE RADIOPROTEÇÃO......................................................................28
12 - IRRADIAÇÃO X CONTAMINAÇÃO...................................................................29
13 - PROCEDIMENTO DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA.........................................30
14 - PROTEÇÃO DOS INDIVÍDUOS OCUPACIONALMENTE EXPOSTOS........30
15 - PROTEÇÃO DOS PACIENTES..........................................................................31
11
16 - EFEITOS DA RADIAÇÃO NO ORGANISMO....................................................31
16.1 - A)Efeitos determinísticos.................................................................................31
16.2 - B)Efeitos estocásticos......................................................................................31
17 - AÇÃO DA RADIAÇÃO NAS CÉLULAS.............................................................32
17.1 - A) Direta...........................................................................................................32
17.2 - B) Indireta.........................................................................................................32
18 - CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS PRODUZIDOS.............................................32
19 - LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE RADIOPROTEÇÃO...............................32
19.1 - NR – 32............................................................................................................32
19.2 - Portaria 453/98.................................................................................................33
19.3 - NN 3.01 – Diretrizes básicas de proteção radiológica.....................................33
20 - EXAMES REALIZADOS NA UNIDADE PESQUISADA....................................34
21 - SOLICITAÇÃO DE EXAMES DE RAIOS-X POR CLÍNICAS............................34
22 - PESQUISA “IN LOCO”......................................................................................35
23 - DINÂMICA DA PESQUISA.................................................................................35
24 - ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA.............................................36
25 - RESULTADO DA PESQUISA “IN LOCO”.........................................................37
26 - PESQUISA “IN LOCO” COM USUÁRIOS.........................................................37
27 - PESQUISA “IN LOCO” COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE............................38
28 - CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................40
29 – REFERÊNCIAS..................................................................................................43
30 – APÊNDICES.......................................................................................................46
31 – ANEXOS............................................................................................................68
12
1 - INTRODUÇÃO
Apesar deste trabalho ser especificamente sobre raios-x, a questão
levantada pela pesquisa, não poderia deixar de se falar nos outros métodos de
diagnóstico que usam radiação ionizante para a produção de imagens, porém
inicialmente serão explicadas as formas e tipos de exames que são realizados,
acompanhando sua evolução ao longo do tempo.
Em um primeiro momento, será explanado sobre a história da radiologia
e a descoberta dos raios-x, sua utilização e como foi a grande descoberta que
mudou e revolucionou a história da medicina, porém não deixando de lado e
demonstrando quão nocivas são as radiações ionizantes para o organismo,
explicando seu efeito cumulativo e os riscos da exposição excessiva a tais exames,
haja vista que um sem número de exames de raios-x são solicitados sem a menor
prudência, muitas vezes expondo desnecessariamente a população à doses de
radiações ionizantes através de exames radiológicos, que por vezes poderiam
deixar de serem feitos apenas utilizando-se do exame físico pelo médico assistente.
Ao mesmo tempo estuda-se junto à classe usuária do sistema de saúde
que se tem erroneamente a idéia de que o exame de raios-x faz parte do tratamento,
que o exame mostrará ―tudo por dentro‖ e que na verdade, tão somente é mais um
método para auxílio ao diagnóstico médico não deixando de lembrar junto aos
profissionais de saúde a importância dos cumprimentos das normas de
radioproteção, assim como junto a classe médica faz-se necessário a
conscientização de que alguns minutos a mais explicando o risco-benefício dos
exames de raios-x ao paciente valerão muito a pena pelo bem da coletividade,
visando no futuro evitar possíveis moléstias decorrentes do excesso de exames que
se valem de radiação ionizante.
Pretende-se assim com esse estudo demonstrar que não somente o
usuário do sistema de saúde age de forma errada, achando que o exame de raios-x
é fundamental para seu diagnóstico, como também errados agem muitas vezes os
profissionais de saúde que não orientam o usuário sobre os riscos inerentes à
exposições desnecessárias à radiação.
13
Espera-se que com essa pesquisa que tanto o profissional de saúde,
quanto o cliente/usuário se conscientizem e entrem em um consenso de que o
melhor para a saúde nem sempre é o que o paciente deseja que se faça, mas sim a
prudência e o bom senso que nunca é demais.
2 – REFERENCIAL HISTÓRICO DA RADIOLOGIA
Em uma tarde, na Universidade de Wurzburg, na Alemanha, deu-se início
à história da radiologia, mais exatamente no dia 08 de novembro de 1895, quando o
físico W. C. Roentgen, até então desconhecido na comunidade científica da época,
fazia suas pesquisas em um tubo de raios catódicos, invenção do inglês W. Crookes.
Roentgen, conseguiu então projetar a imagem dos ossos de sua mão em uma tela,
mais tarde, usando a radiação por quinze minutos para retratar os ossos de uma das
mãos de sua mulher Bertha (Fig. 1), em 22 de dezembro de 1895. Fascinado, mas
ainda confuso, Roentgen decidiu chamar sua descoberta de Raios-X - símbolo
usado em ciência para designar o desconhecido. No ano de 1903, Roentgen
ganhou o prêmio Nobel de Física por sua descoberta, porém, Roentgen continuou a
fotografar a mão de sua mulher, com os mais variados objetos. Em 1919 ela morreu
com um cancro, provavelmente, provocado por excessiva exposição aos raios-x,
sendo assim, provavelmente, a primeira vítima do uso indiscriminado de radiação
ionizante.
Figura 1 - Roentgen e a 1ª radiografia
14
No Brasil, a primeira radiografia realizada foi em 1896. A primazia é
disputada por vários pesquisadores: SILVA RAMOS, em São Paulo; FRANCISCO
PEREIRA NEVES, no Rio de Janeiro; ALFREDO BRITO, na Bahia são os principais,
porém não se sabe ao certo o autor da primeira radiografia realizada no Brasil.
A partir de 1922, outra estrela de primeira grandeza começava a brilhar na
constelação dos radiologistas brasileiros: Manoel de Abreu. Em 1936, ele inventou a
Abreugrafia (Fig. 2), um tipo de radiografia que registra a imagem do tórax na tela
fluoroscópica.
Figura 2 – Abreugrafia
Já que na radiografia tradicional, temos o resultado da impressão direta
na película radiológica dos feixes de Raios-X (Fig. 3) depois de atravessarem o
objeto ou corpo alvo do estudo.
Figura 3 - Radiografia de úmero fraturado
15
Porém, a radiografia convencional nunca foi eficiente para a visualização
das chamadas partes moles, que compreende as vísceras e o tecido muscular, que
deixam a radiação passar quase completamente não dando bons contrastes. Porém
tal proeza foi possível com a invenção da Tomografia Computadorizada (Fig. 4),
uma super evolução dos Raios-X que produz detalhamento anatômico minucioso,
com resolução em alto contraste de todas as partes do corpo.
Figura 4 - Tomografia do abdome total
Em 1975, a ultrassonografia (Fig. 5) começou a ser utilizada. É um método
totalmente inócuo que proporciona avaliação diagnóstica mediante as reflexões de
ondas sonoras de alta frequência focadas em órgãos internos.
Figura 5 - USG do abdome
Trata-se de um procedimento não invasivo que fornece, sem o uso de
radiação ionizante, informações rápidas sobre todas as partes desejadas.
16
A Ressonância Magnética (Fig. 6) é o mais recente e o mais poderoso
método de diagnóstico por imagem. Como no ultrassom diagnóstico, a Ressonância
Magnética não utiliza radiação ionizante. As imagens constituem representações das
intensidades de sinais eletromagnéticos de núcleos de hidrogênio no paciente. Estes
sinais, resultado de uma interação de ressonância entre os núcleos e os corpos
magnéticos aplicados externamente, podem ser codificadas espacialmente de modo
a fornecer um mapeamento da região da imagem em duas ou três dimensões.
Figura 6 - Ressonância Magnética visualizando um tumor cerebral
A técnica utilizada na Densitometria óssea (Fig. 7) atualmente é o DEXA
(Dual X - Ray Absorptiometry). Os Raios-X são dirigidos contra uma área específica
do osso e um detector de cintilação que mede o grau de atenuação determinado
pelo conteúdo mineral ósseo. Esta avaliação permite confirmar o diagnóstico de
osteoporose em pacientes sintomáticos ou assintomáticos por exemplo.
Figura 7 - Densitometria da coluna lombar
Com o advento de novos equipamentos, em função dos avanços
tecnológicos e de informatização, a especialidade cresceu muito, e,
17
simultaneamente, a necessidade de obter informações rapidamente, que foi possível
graças a alguns abnegados que procuraram se espelhar nos nossos antecessores
na arte de ensinar baseando-se em pesquisas.
3 - SÍMBOLOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE
3.1 - Símbolo Antigo – TRIFÓLIO (Fig. 8)
O símbolo de advertência das radiações (trifólio) foi concebido na Universidade da
Califórnia, no laboratório de radiação em Berkeley durante o ano de 1946 por um
pequeno grupo de pessoas.
No início dos anos 50 foram feitas modificações no desenho original, como, por
exemplo, a adição de setas retas ou ondulantes entre ou dentro das hélices
propulsoras. No meio dessa década, uma norma ANSI e regulamentações federais
finalizaram a versão atual.
Figura 8 - O Trifólio
3.2 - Novo Símbolo – AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica
18
O novo símbolo das radiações ionizantes (Fig. 9) foi lançado em 2007 pela AIEA, da
ONU.
Foi elaborado com o intuito de diminuir as exposições acidentais a fontes
radioativas.
Elaborado com a contribuição da ISO, o novo símbolo (ISO 21482) foi constituído
como uma advertência complementar.
Figura 9 - Novo símbolo radiação ionizante
4 - ESTUDO SOBRE A PROBLEMÁTICA DO TEMA PROPOSTO
No tópico seguinte se dará início à discussão da problemática do tema
proposto, onde inclui-se, abordagem do problema, no caso o uso indiscriminado de
raios-x como diagnóstico, passando por temas como radioproteção, legislação
pertinente, estudos sobre efeitos da radiação e assim por diante.
4.1 – PROBLEMÁTICA
Trabalhando há vários anos como auxiliar de enfermagem e auxiliar de
câmara escura (revelação de raios-x), pude perceber que um número excessivo de
19
solicitações de exames de raios-x eram pedidos desnecessariamente, muitas vezes
inclusive com o próprio paciente dizendo que desejava fazer aquele exame
grosseiramente chamado de ―chapa‖.
Ficava me questionando: Seriam esses exames prejudiciais devido ao
número e quantidade desnecessárias que eram feitos muitas vezes no mesmo
paciente solicitado por diferentes médicos? Indagando os pacientes, descobri que
eles têm a idéia de que o exame radiográfico (raio-x) é parte do tratamento, o
exame físico realizado pelo médico pouco importa aos olhos do paciente, ficando
então mais cômodo para o profissional médico solicitar o exame radiográfico e assim
por dizer ―ficando livre‖ do paciente mais rápido.
Após ingressar em um curso de Graduação em Tecnologia da Radiologia,
passei então a estudar os efeitos da radiação ionizante sobre o organismo e
conhecendo legislação sobre radioproteção, algo que comumente é ignorado pela
classe médica, ficando assim a cargo do paciente querer ou não fazer exames
valendo-se de radiação ionizante.
Em uma pesquisa sobre o número excessivo de radiografias solicitadas
pela classe médica apurei que não há um limite estabelecido por lei ou algo do tipo,
porém segundo Giovanni Cerri, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de
São Paulo), "Uma pessoa que faz até cinco radiografias por ano certamente não
corre o risco de radiação excessiva", o número serve para adultos e crianças. A
máquina é ajustada conforme peso e idade da criança, e a intensidade da radiação é
menor.
Já pesquisando legislação pertinente ao assunto deparei-me com a
Portaria/MS/SVS nº 453, de 01 de junho de 1998, que ―dispõe sobre o uso dos raios-
x diagnósticos em todo território nacional e dá outras providências.‖ onde encontro o
seguinte texto no seu artigo 2.3 O princípio da justificação em medicina e
odontologia deve ser aplicado considerando:
a) Que a exposição médica deve resultar em um benefício real para a
saúde do indivíduo e/ou para sociedade, tendo em conta a totalidade dos
benefícios potenciais em matéria de diagnóstico ou terapêutica que dela
decorram, em comparação com o detrimento que possa ser causado pela
radiação ao indivíduo,
20
E no seu artigo 2.5 Fica proibida toda exposição que não possa ser justificada,
incluindo:
a) Exposição deliberada de seres humanos aos raios-x diagnósticos com o
objetivo único de demonstração, treinamento ou outros fins que contrariem o
princípio da justificação.
b) Exames radiológicos para fins empregatícios ou periciais, exceto quando
as informações a serem obtidas possam ser úteis à saúde do indivíduo
examinado, ou para melhorar o estado de saúde da população.
...
e) Exames de rotina de tórax para fins de internação hospitalar, exceto
quando houver justificativa no contexto clínico, considerando-se os métodos
alternativos.
Então, valendo-me desses requisitos legais e estudos sobre
exposição em seres humanos à radiação ionizante lanço uma pergunta: Por que se
continua a solicitar excessivamente um número demasiado grande de exames
radiográficos?
Seria realmente necessário esse sem número de exames? Em
questionamento junto à classe médica da localidade onde resido e trabalho, pude
averiguar que as respostas sempre eram as mesmas: ―É mais rápido solicitar o raio-
x que explicar ao paciente os malefícios que a exposição excessiva à radiação
ionizante proporciona.‖
Na reportagem ― Excesso de raios-X expõe pacientes a risco‖, da
jornalista Cláudia Collucci, de São Paulo deparei-me com o seguinte texto
―Pacientes brasileiros estão sendo expostos sem necessidade à radiação em
exames de raios-X e tomografias. ―
A constatação é de pelo menos cinco estudos publicados nos últimos
anos na revista científica "Radiologia Brasileira", que reúnem dados de hospitais de
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Paraná e Pernambuco.
21
Segundo os pesquisadores, as razões vão desde um maior número de
exames feitos sem necessidade a equipamentos radiológicos descalibrados e
funcionários mal treinados sobre a dose de radiação mais adequada.
O problema é global e afeta principalmente países com níveis elevados
de tratamento de saúde, segundo relatório da ONU divulgado no mês passado em
Genebra. Anualmente são feitos 3,6 bilhões de radiografias no mundo, um aumento
de 40% em relação à ultima década. Em muitos países, a exposição radiológica
médica já supera os casos de exposição por fontes naturais (radiação solar, por
exemplo).
Folha.Uol - 05/09/2010
Então concluindo a linha de raciocínio, quem seriam os culpados pelo
número excessivo de exames radiológicos? A população que não tem
esclarecimento sobre os riscos provocados pelo excesso de radiação ionizante no
organismo e acha que o exame radiológico é parte do tratamento ou a classe
médica que para ―se livrar‖ da responsabilidade de examinar o paciente fisicamente
solicita de imediato tal exame para digamos ―agradar‖ ao paciente?
Fica o alerta às autoridades competentes, à população de um modo geral,
usuária do sistema de saúde pública ou privada, e, principalmente à categoria
médica, de que antes de expor desnecessariamente a população aos riscos
inerentes à radiação ionizante mais vale uma boa conversa, o exame físico junto ao
paciente e principalmente o bom senso, pois antes de sermos ―pacientes‖, pois todos
somos usuários do sistema de saúde, somos seres humanos, com limitações, mas
com possibilidades de sermos diagnosticados com outros tipos de exames
complementares.
Texto extraído de um artigo publicado pelo autor deste TCC no portal
webartigos em junho de 2012.
22
5 – OBJETIVOS
5.1 - OBJETIVO GERAL
Estudo do quantitativo e qualitativo dos exames de raios-x feitos em
determinada população e o quão necessários foram esses exames;
Avaliação do conhecimento da classe usuária sobre o risco/benefício de se
expor à radiações ionizantes.
5.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conscientização do usuário do sistema de saúde sobre os riscos ligados às
radiações ionizantes;
Conscientização do profissional da área da saúde sobre a necessidade de se
orientar ao cliente o risco/benefício do uso de radiação ionizante para exames
complementares;
Minimizar a exposição à radiações ionizantes, seja em relação ao usuário
mas também não deixando de lembrar que o profissional que trabalha com
radiação também sofre o risco ocupacional.
6 – JUSTIFICATIVA
Um recente relatório da NAS demonstra que a classe médica, de forma
geral, costuma desconsiderar o risco de câncer provocado por radiações. A
exposição a exames de raios X, por exemplo, inclui-se numa das formas mais
freqüentes de exposições a radiações que são realizadas de maneira desnecessária
muitas vezes meramente por despreparo e desconhecimento dos riscos.
Hoje se sabe, após estudos sérios, que raios-X são inseguros em
qualquer dose. Os médicos argumentam que a radiação emitida por aparelhos de
raios X é tão baixa que não oferece riscos de desenvolvimento de câncer.
Entretanto, sabemos que qualquer quantidade dessa radiação contribui para a
formação de radicais livres que, por sua vez, danificam estruturas do DNA das
23
células e, conseqüentemente, podem afetar nossos genes.
Há alguns anos atrás, estudos já afirmavam que vários tipos de câncer
diagnosticados têm a radiação como principal causa. Esses tipos de câncer são
causados por mutações nos genes do DNA que controlam a proliferação celular.
Enquanto muitos médicos afirmem que a radiação é segura desde que
usada ate determinado nível, podemos ter a certeza, hoje em dia, que mesmo
pequenas quantidades irradiadas podem provocar as referidas lesões no DNA. Para
que se considerassem essas radiações seguras, todos os danos efetuados sobre o
DNA deveriam ser rapidamente reparados, o que não ocorre.Todos os danos em
DNA reparados de forma imperfeita leva a aparecimento de mutações sendo que
todas elas possuem potencial de produzir os mais variados tipos de carcinomas.
Como conclusão, podemos concordar que os exames com raios X
devem ser efetuados desde que fundamentais para a certificação diagnostica mas, o
que se vê com freqüência, é o abuso no seu uso, isto é, muitos profissionais
solicitam esses exames ate para comprovarem o que é obvio, sem que haja a
necessidade real de esclarecimento diagnostico por vezes por falta do exame físico.
O alerta maior está em se medir a necessidade e não se submeter
pacientes desnecessariamente a exames de raios X, que incluem a tomografia
computadorizada, para que não façamos dessa pratica uma maneira a mais de se
provocar doenças graves nesse mundo já tão tóxico e repleto de doenças evitáveis,
mas que insistimos em assimilá-las ao invés de as evitarmos.
6 – LESÕES RESULTANTES DE RADIAÇÃO IONIZANTE
Abul K. Abbas, Nelson Fausto, Richard N. Mitchell descrevem as
seguintes lesões como resultantes da radiação ionizante:
A Radiação ionizante pode lesar celular direta ou indiretamente ao gerar
radicais livres a partir de água ou oxigênio molecular. (Fig. 10)
Lesão do DNA que não seja reparada adequadamente pode resultar em
mutações que predispões as celular a transformação neoplásica.
24
Radiação ionizante pode causar dano e esclerose vascular, resultando em
necrose isquêmica das células parenquimatosas e sua substituição por tecido
fibroso.
Robbins Patologia Básica - Página 331
Figura 10 - Atipia nuclear por irradiação
8 – DOENÇAS RELACIONADAS AOS RAIOS-X
Pesquisa correlaciona grande quantidade de exames de imagem
dentários com risco de desenvolver tumor nas meninges.
As descobertas sugerem que raios X dentários feitos em grande
quantidade quando a pessoa é jovem podem estar associados ao risco de
desenvolvimento deste tipo comum de tumor cerebral — diz a neurocirurgiã
Elizabeth Claus, do BWH e de Yale. — Esta pesquisa sugere que, embora este tipo
de exame seja uma ferramenta importante na manutenção da saúde oral, esforços
para moderar a exposição a ele pode ser benéfico para muitos pacientes.
Jornal O Globo, pág. 3 edição de 11/04/2012
Em relação aos efeitos somáticos da radiação no ser humano pode-se
dizer que a exposição continua aos raios-x podem causar vermelhidão da pele,
25
queimaduras por raios x ou em casos mais graves de exposição, mutações do DNA,
morte das células e/ou leucemia.
Em se tratando de mulheres grávidas dobra-se o risco relativo à radiação
ionizante, pois além de riscos já descritos para a mãe, o feto em fase embrionária
pode sofrer mutações genéticas devido o efeito da radiação, além é claro de poder
acontecer até mesmo um abortamento espontâneo
Quanto à exposição, pode se afirmar que a tolerância do organismo
humano à exposição aos raios-x é de 0,1 röntgen por dia no máximo em toda a
superfície corpórea. A radiação de um röntgen produz em gramas de
ar, a liberação por ionização, de uma carga elétrica de c.
9 – NORMAS PARA RADIOPROTEÇÃO
A Comissão Nacional de Energia Nuclear – Diretrizes Básicas de
Radioproteção. CNEN/NE-3.01- Brasil, define como radio proteção, CNEN (1988).
Podemos definir a radioproteção como o conjunto de medidas que devem ser seguidas para a manutenção dos níveis de radiação ionizante dentro dos limites estabelecidos pelos institutos oficiais, visando a proteção do homem e do meio ambiente contra os efeitos indesejáveis causados pela exposição à radiação.
Em 1928 foi criado o Comitê Internacional de Raios X e Radioproteção,
por recomendação do Segundo Congresso Internacional de Radiologia. Em 1950
esse Comitê transformou-se na atual Comissão Internacional de Proteção
Radiológica (International Commission on Radiological Protection – ICRP). Embora
ligada à Sociedade Internacional de Radiologia, a Comissão ampliou suas atividades
para outros tipos de radiações ionizantes. Atualmente a ICRP trabalha em conjunto
com a Comissão Internacional de Unidades e Medidas de Radiação (ICRU) e
mantém ligações oficiais com várias instituições internacionais tais como a
Organização Mundial de Saúde (OMS), a Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Comitê Científico da
Organização das Nações Unidas (ONU) para os Efeitos da Radiação Atômica, a
26
Comissão da Comunidade Econômica Européia (CEU), a Organização Internacional
de Padronização Radiológica (IRPA). A ICRP considera os avanços registrados pela
comunidade científica e os incorporam em seus estudos, projetos e recomendações,
transferindo-os aos organismos de planejamento e gestão de políticas
internacionais.
Através de recomendações publicadas nos anos 1959, 1964, 1966 e
1977, a ICRP projetou o sistema de proteção radiológica, aplicado em praticamente
todos os países. Em 1991 foram publicadas as novas recomendações da ICRP, com
modificações nas grandezas dosimétricas básicas, no sistema de limitação de dose,
apresentando a nova metodologia utilizada para estimar o risco associado ao uso
das radiações ionizantes. O sistema de proteção radiológica tem evoluído desde a
aplicação de limites individuais de dose para órgãos críticos, onde a função principal
é evitar efeitos determinísticos e efeitos genéricos, até a preocupação com a
probabilidade de incidência de câncer no indivíduo exposto.
Esses avanços foram conseguidos através de aumento do conhecimento
dose/efeitos da radiação ionizante, obtidos nas comparações de diferentes
populações e grupos expostos ao longo do tempo. Nesse sentido, a disponibilidade
de informações é primordial para o avanço do conhecimento nesse campo. Os
estudos laboratoriais de radiobiologia têm sido de grande importância para explicar
os mecanismos dos efeitos radioinduzidos e estimar probabilidade de dano em
situações em que as informações relativas ao homem não são estatisticamente
possíveis. Este é o caso dos efeitos de caráter probabilístico para exposições em
baixas doses e baixas taxas de dose.
A importância em proteção radiológica na Medicina é grande em face do
fato de que a maioria das pessoas são expostas à radiação ionizante justamente na
utilização de RX provenientes de serviços médicos e, em muitos casos, as doses
individuais são freqüentes e elevadas em relação aos padrões estabelecidos na
norma 3, 7,15,27 da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Em países com bom sistema de atenção à saúde, o número de
procedimentos de diagnóstico radiológico é quase um para cada membro da
população. Além disso, as doses em pacientes para o mesmo tipo de exame diferem
largamente de local para local, sugerindo que existe um considerável campo para
redução de dose em situações de uso inadequado. As exposições à radiação em
27
Medicina são predominantemente em indivíduos submetidos a diagnósticos,
rastreamento ou terapia.
Os profissionais e outros indivíduos que ajudam a conter ou a confortar
pacientes são também sujeitos a exposição. Incluem-se nestes indivíduos os
acompanhantes, pais ou familiares que seguram as crianças durante um
procedimento diagnóstico, ou mesmo aqueles que podem vir a ficar perto de
pacientes após uma administração de radiofármacos ou durante a braquiterapia. A
exposição de indivíduos do público em geral também ocorre, mas é quase sempre
muito pequena. A proteção radiológica em Medicina tem que lidar com todas essas
exposições.
Em 1990 o ICRP revisou completamente suas recomendações
básicas, publicando-as em 1991 com ICRP Publicação 60. Nessa publicação
estabelece aplicações de medidas preventivas em novas situações e atividades,
contendo material básico sobre tópicos como efeitos biológicos da radiação
ionizante e explicações sobre os fundamentos de julgamento sobre os quais as
recomendações foram baseadas. Subseqüentemente, a ICRP concluiu que seria útil
proporcionar àqueles envolvidos na prática e administração do serviço de saúde um
relatório mais curto derivado da Publicação 60 – o ICRP 73.
Todavia, a Comunidade Científica, de maneira geral, somente se deparou
com os efeitos das radiações ionizantes em 06 de agosto de 1945, quando os
Estados Unidos bombardearam a cidade de Hiroshima e, três dias depois, acidade
de Nagasaki, ambas no Japão, finalizando a Segunda Guerra Mundial e provocando
a morte de aproximadamente 64 mil japoneses. Com esse evento, todos os povos
passaram a temer os efeitos deletérios da radiação e vários estudos dos efeitos da
radiação ionizante foram desenvolvidos e publicados. Nos dias de hoje, apesar de
conhecer os efeitos dos RX, encontram-se muitas atividades de trabalho com fontes
radioativas e equipamentos de RX sendo executadas sem os devidos cuidados.
10 – PRINCÍPIOS DA RADIOPROTEÇÃO
Segundo a Norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear, CNEN
3.01/88, baseada nas recomendações da ICRP 26 de 1977, deve haver controle da
28
exposição do público e dos trabalhadores ocupacionalmente expostos às radiações
ionizantes. Assim, consideram-se três princípios básicos:
10.1 - 1º - Princípio da Justificação:
Qualquer atividade envolvendo radiação ou exposição deve
ser justificada em relação à outras alternativas e produzir um benefício
líquido positivo para a sociedade;
10.2 - 2º Princípio da Otimização:
O projeto, o planejamento do uso e a operação de instalações e de fontes
de radiação devem ser feitos de modo a garantir que as exposições sejam tão
reduzidas quanto razoavelmente exeqüível, levado-se em consideração fatores
sociais e econômicos;
10.3 - 3º Princípio da Limitação de dose:
As doses individuais de trabalhadores e de indivíduos do público não
devem exceder os limites anuais de dose equivalente estabelecidos na norma CNEN
3.01/88‖.
Essas recomendações são derivadas de três princípios mais gerais que
devem ser aplicados a muitas atividades humanas de produção de bens e serviços,
especialmente à Medicina:
a) Justificação de uma prática implica produzir mais benefício do que
dano;
b) A otimização da proteção implica maximizar as margens do benefício
sobre o dano;
c) O uso de limites de dose implica um adequado padrão de proteção,
mesmo para os indivíduos mais expostos.
11- FORMAS DE RADIOPROTEÇÃO
A redução do tempo de exposição ao mínimo necessário, para uma
determinada técnica de exames, é a maneira mais prática para se reduzir a
29
exposição à radiação ionizante e quanto mais distante da fonte de radiação, menor a
intensidade do feixe.
Segundo Dimenstein e Hornes, ―A proteção radiológica dos trabalhadores
ocupacionalmente expostos à radiação ionizante (raios-x diagnóstico, medicina
nuclear, radioterapia e odontologia) é essencial para minimizar o surgimentos dos
efeitos deletérios das radiações. As formas de se reduzir a possível exposição dos
trabalhadores são Tempo, Distância e Blindagem‖. (Fig. 11)
Figura 11 - Controle por blindagem
Manual de Proteção Radiológica aplicada ao radiodiagnóstico, pág. 41
12 - IRRADIAÇÃO X CONTAMINAÇÃO
A irradiação ocorre quando um material ou pessoa é exposta à radiação.
Isso se dá tanto em medicina nuclear como em radiologia para os trabalhadores e
pacientes submetidos aos exames diagnósticos. Equipamentos de raios-x, apesar de
emitirem radiação ionizante, não possuem material radioativo. Sendo assim por si só
não podem contaminar o ambiente ou um indivíduo.
A contaminação é a presença indesejável de material radioativo. A
contaminação interna ocorre quando o material radioativo é ingerido ou inalado.
A contaminação externa ocorre quando o material radioativo está somente
na superfície da pele ou impregnado nos materiais.
30
13 - PROCEDIMENTOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
Na utilização dos raios X nos procedimentos em radiodiagnóstico para
atingir o objetivo radiológico, deve-se ter em mente que é o paciente que obtém o
benefício do exame. Portanto todo meio de proteção radiológica deve ser utilizado
para que as doses, principalmente nos trabalhadores, sejam tão baixas o quanto se
possibilite dentro do aceitável.
14 - PROTEÇÃO DOS INDIVÍDUOS OCUPACIONALMENTE
EXPOSTOS
- Uso de todos e quaisquer EPI‘s existentes e necessários;
- Efetuar rodízio na equipe durante os procedimentos de radiografia em
leito e UTI;
- Utilizar sempre as técnicas adequadas para cada tipo de exame,
evitando a necessidade de repetição, reduzindo o efeito sobre ele da radiação
espalhada;
- Informar corretamente ao paciente os procedimentos do exame,
evitando a necessidade de repetição;
- Sempre utilizar acessórios plumbíferos e o dosímetro por fora do avental
nos exames em que seja necessário permanecer próximo ao paciente;
- Utilizar o dosímetro pessoal durante a jornada de trabalho;
- Posicionar-se atrás do biombo ou na cabine de comando durante a
realização do exame;
- Usando aparelhos móveis de raios X deve-se aplicar, da melhor maneira
os conceitos de radioproteção (tempo, blindagem e distância);
- As portas de acesso de instalações fixas devem ser mantidas fechadas
durante as exposições.
31
15 - PROTEÇÃO DOS PACIENTES
O paciente busca e deve obter um benefício real para a sua saúde em
comparação com detrimento que possa ser causado pela radiação. Deve-se dar
ênfase à otimização nos procedimentos de trabalho,por possuir um influência direta
na qualidade e segurança da assistência aos pacientes.
- Sempre fazer uso de protetor de gônadas e saiote plumbífero em
pacientes, exceto quando tais blindagens excluam ou degradem informações
diagnósticas importantes;
- Sempre buscar a repetição mínima de radiografias;
- Efetuar uma colimação rigorosa à área de interesse do exame;
- Otimizar seus fatores de técnica (tempo, mA e kV) para uma redução de
dose, mantendo a qualidade radiográfica.
16 - EFEITOS DA RADIAÇÃO NO ORGANISMO
Segundo a ICRP, os efeitos biológicos da radiação podem ser agrupados
em dois tipos: determinístico e estocástico.
16.1 - a) - Efeitos determinísticos:
O efeito ocorre apenas quando muitas células em um órgão ou tecido são
inativas, e será clinicamente observado apenas se a dose de radiação for maior do
que um certo limiar. A magnitude desse limiar depende da taxa de dose (isto é, dose
por unidade de tempo); do órgão e do efeito clínico.
16.2 – b) Efeitos estocásticos :
Existe boa evidência da biologia celular e molecular de que o dano da
radiação no DNA em uma única célula pode resultar em uma célula transformada
que ainda é capaz de reprodução. Apesar das defesas do corpo, que são
geralmente muito efetivas, existe uma pequena probabilidade de que esse tipo de
dano.
32
17 – AÇÃO DA RADIAÇÃO NAS CÉLULAS
A ação da radiação sobre as células poderá ser:
17.1 – a) Direta:
Quando o dano é produzido pela ionização de uma
micromolécula biológica.
17.2 – b) Indireta:
Quando são produzidos danos através de reações químicas iniciadas pela
ionização da água e gases.
18 – CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS PRODUZIDOS
Classificação dos efeitos produzidos pela radiação:
A) Somáticos – não se transmitem hereditariamente;
B) Genéticos – são transmitidos hereditariamente;
C) Estocásticos: a gravidade não depende da dose, a gravidade depende
da dose efeitos estocásticos são de caráter probabilístico - Uma vez
produzidos são sempre graves não apresentam limiar;
D) Não-estocásticos: a gravidade depende da dose efeitos não-
estocásticos: Existe uma relação casualidade entre Dose-Efeito- Possuem um
limiar de dose.
19 - LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE RADIOPROTEÇÃO
19.1 - NR 32
No Brasil os indivíduos ocupacionalmente expostos são resguardados e
com normas de radioproteção determinadas pela NR 32 do MTE, que dispõe sobre
segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde em seu artigo 32.4 e seus
incisos e alíneas que diz no início do capítulo:
32.4 Das Radiações Ionizantes
33
32.4.1 O atendimento das exigências desta NR, com relação às radiações ionizantes, não desobriga o empregador de observar as disposições estabelecidas pelas normas específicas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, do Ministério da Saúde.
32.4.2 É obrigatório manter no local de trabalho e à disposição da inspeção do trabalho o Plano de Proteção Radiológica - PPR, aprovado pela CNEN, e para os serviços de radiodiagnóstico aprovado pela Vigilância Sanitária.
A NR – 32 do TEM visa a proteção dos indivíduos ocupacionalmente
expostos à fontes de radiações ionizantes e tem como princípio a biossegurança,
aliados à ANVISA e a CNEN
19.2 - PORTARIA 453/98
Portaria federal, emitida pelo MS, através da ANVISA que dispõe sobre o
uso de raios-x para fins diagnósticos e determina todo paramento para
radioproteção, tanto do indivíduo ocupacionalmente exposta como para o usuário do
serviço de saúde, no que diz respeito à radiologia médica e odontológica onde se
explicita todos os procedimentos, condutas, tipos de registros, capacitação técnica e
locais apropriados para manuseio de fontes de radiação ionizante para
radiodiagnóstico com raios-x.
19.3 - NN 3.01 - Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica
A CNEN através da NN 3.01 traça diretrizes nacionais para proteção
radiológica em todo o território nacional determinando classificação de fontes
radioativas, normas para radioproteção e requisitos como de gestão, administrativos,
gerais incluindo obrigações, exposições médicas e ocupacional e determinando
níveis aceitáveis a qual a população e os profissionais que trabalham com radiação
ionizante podem tolerar.
34
20 - EXAMES REALIZADOS NA UNIDADE PESQUISADA
A seguir teremos um demonstrativo gráfico do número demasiadamente
elevado de solicitações de exames de raios-x, agravando-se pela condição de ser
um hospital de pequeno porte a unidade pesquisada, além de que percebeu-se que
os pedidos de radiografias eram feitos em uma proporção sem parâmetros, pois
basta demonstrar interesse do cliente e o pedido é feito, basta queixar-se de dor que
a radiografia será solicitada.
Gráfico demonstrando que a maioria das
radiografias são de locais onde mais comumente se sente dores.
21 - SOLICITAÇÕES DE EXAMES DE RAIOS-X POR CLÍNICAS
Pesquisa feita no serviço de radiologia do Hospital Municipal Dr. Lauro
Joaquim de Araújo, na cidade de Correntina/BA e demonstra que a maioria dos
exames de raios-x são solicitados pelo serviço de ortopedia, porém um número
35
acentuado de solicitações da clínica médica e pediátrica (quase a metade do total)
são onde ocorrem a maioria das solicitações consideradas ―desnecessárias‖ do
ponto de vista clínico para diagnóstico.
22 - PESQUISA “IN LOCO”
23 – DINÂMICA DA PESQUISA
O sistema de seleção de indivíduos para esta pesquisa foi feito da seguinte maneira:
Entregues questionários aleatoriamente a usuários do sistema de saúde;
Entregues questionários aleatoriamente a profissionais de saúde;
Orientação sobre o preenchimento e entrega na unidade de saúde;
Retorno a unidade, de tempos em tempos para avaliação dos questionários
respondidos;
Busca das pessoas que responderam ao questionário;
Entrevista com os mesmos;
Concordância com a pesquisa e termo de consentimento;
Avaliação das respostas;
Levantamento de número de exames de raios-x realizados na unidade;
Levantamento de exames de raios-x por clínicas;
Cruzamento de dados;
Pesquisa sobre legislação específica;
Elaboração do texto e publicação do artigo.
36
24 - ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
Esta pesquisa foi realizada entre o período de 05/03/2012 à 18/05/2012
em dias aleatórios, incluindo-se neste estudo, tanto os usuários do serviço de
ambulatório, pediatria, ortopedia, urgência/emergência do Hospital Municipal Dr.
Lauro Joaquim de Araújo no município de Correntina, estado da Bahia e SAMU
(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), quanto a classe de funcionários do
serviço de saúde, incluindo nesta segunda etapa médicos, equipe de enfermagem,
socorristas do SAMU e o técnico de radiologia.
Toda a pesquisa foi autorizada pela Secretaria Municipal de Saúde, e
questionários foram distribuídos aos usuários e aos profissionais do sistema público
de saúde municipal, tendo como retorno para o autor deste trabalho, doze usuários
do serviço de saúde pública do município de Correntina e quinze profissionais da
área de saúde, onde se incluem três médicos – sendo um clínico geral, um cirurgião
geral e um ortopedista, uma enfermeira, nove técnicos em enfermagem e um
socorrista do SAMU. Também foi entrevistado o funcionário do Setor de Radiologia e
Diagnóstico por Imagens.
Durante a realização desta pesquisa detectou-se um número excessivo
de solicitações de raios-x, foi verificado junto ao usuário local que ele sempre acha
que radiografias servem para ver ―tudo por dentro‖, por isso mesmo de se achar que
se trata de um exame extremamente necessário, claro, foi visto total
desconhecimento dos usuários do sistema de saúde do que se trata ser radiação
ionizante, suas consequências, suas utilidades e finalidades.
Os testemunhos dados durante a pesquisa serão aqui expostos
parcialmente sem obedecer a nenhum tipo de ordem cronológica e não serão
editados todos os testemunhos por conveniência deste trabalho.
37
25 - RESULTADO DA PESQUISA “IN LOCO”
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
USUÁRIOS
MÉDICOS
ENFERMAGEM
RADIOLOGISTA
Como resultado final verificou-se que:
100% dos usuários não sabem ao certo para que serve o exame de raios-x ou
têm noção dos riscos inerentes;
66% dos médicos não usam critério algum para solicitar o exame radiográfico,
apenas solicitam para não perder tempo;
90% dos profissionais da enfermagem desconhecem riscos inerentes à
radiação ionizante ou normas de radioproteção e acham importante o exame
de raios-x antes do médico ver o paciente; e
100% dos profissionais de radiologia conhecem e utilizam métodos de
radioproteção, mas reconhecem que a maioria das solicitações de exames é
feita desnecessariamente.
26 - PESQUISA “IN LOCO’ COM USUÁRIOS
Questionado sobre porque estava fazendo um exame de radiografia de
tórax o sr. J.F.F.B. 68 anos, disse:
38
―Acho que tenho que fazer uma ―chapa‖ porque tenho dores nas costas.‖,
ao que se questionado sobre o exame físico realizado pelo médico assistente ele
respondeu:
―Não, o doutor não me examinou fisicamente, apenas ouviu minhas
queixas e solicitou o ‗raio-x‘ que eu queria fazer.‖
Outra senhora de nome M.S.S. 26 anos, levava o filho menor para se
fazer uma radiografia do braço, pois o mesmo havia caído e sentia dores, porém
apresentava todos os movimentos do membro preservado. Ao ser questionada sobre
a realização do exame a mesma disse:
―Quero o ‗raio-x‘ porque preciso ver se quebrou o braço do menino.‖ Em
nenhum momento se houve alegação de que o médico precisava ver ―mais a fundo‖
o problema da criança e a mãe daria-se por satisfeita com a realização da
radiografia.
Por último um paciente de nome F.F.S. 42 anos, atendido no serviço de
ortopedia encaminhava-se para realização de uma radiografia do joelho, pois o
mesmo havia ―torcido‖ a perna e queria o exame para ver se havia fratura ou
derrame articular, em linguagem ao seu alcance o mesmo relatou:
―Quero a ‗chapa‘ porque preciso saber se tem ‗água no joelho‘, pois ainda
sinto dores e fui trazido ontem à noite pelo SAMU e nem ‗raio-x‘ pediram.‖
Fica a pergunta: Alguém preocupou-se com algo do tipo ―radiação faz
mal‖? Não. Ficou claro que o usuário acha que a radiografia é parte do tratamento e
que suas dores não aliviarão se o mesmo não realizar o dito exame.
27 - PESQUISA “IN LOCO” COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Durante essa mesma pesquisa, junto aos profissionais percebeu-se que
muitas vezes os profissionais médicos ―empurravam‖ o paciente para o exame de
raios-x para aparentemente não ter que realizarem o exame físico, onde implica em
contato com o paciente, levantamento do quadro pregresso e o que levou à aquela
39
situação; algo que muitas vezes é considerado uma perda de tempo, pois se o
paciente queixa dores no peito, por que examiná-lo minunciosamente se é mais fácil
e rápido solicitar um radiografia. Ao mesmo tempo satisfaz-se o médico e o paciente,
o que é uma ―faca de dois gumes‖.
No que tange à classe de profissionais da enfermagem, incluindo-se aí os
socorristas do SAMU nos casos de traumas, percebeu-se que logo ao adentrarem
com o paciente na unidade hospitalar, encaminhavam-no logo para a sala de
exames de raios-x, inclusive sem prévio exame médico, porque assim ficam também
livres dos primeiros cuidados com o paciente, algo incabível, pois não foi verificado
em momento algum, nem por parte do profissional médico, nem do profissional de
enfermagem a aplicação da conduta chamada ATLS – protocolo internacional sobre
atendimento à vítimas de trauma, o que demonstra despreparo da equipe como um
todo.
Quanto ao profissional técnico em radiologia, cabe ter que fazer os
exames de raios-x sem auxílio de qualquer profissional, pois o pessoal médico, de
enfermagem e socorristas achavam que ao deixar o paciente na porta da sala de
raios-x terminavam com sua responsabilidade sobre o paciente.
Ao ser questionado sobre qual critério era usado para a solicitação do
exame de raios-x o médico C.C.S. disse:
―Os paciente têm algo cultural, do tipo ‗raio-x‘ faz parte do tratamento, só medicar
não serve.‖
A enfermeira C.B.N. informou que encaminha, às vezes, o paciente para a
sala de raios-x antes da avaliação médica ―para adiantar o atendimento, pois quando
o médico chegar, já foi feita a radiografia‖.
Quando aos socorristas do SAMU, perguntado a socorrista E.S.S. a
mesma informou desconhecer condutas relativas ao ATLS e que não foi informada
sobre tal procedimento.
Em conversa informal com o médico clínico geral G.V.J. ele foi enfático
em dizer:
―É mais rápido solicitar o exame de radiografia de que explicar ao paciente os riscos
inerentes à realização deste exame‖.
40
Por último, em entrevista com o técnico em radiologia da unidade A.S.S.,
foi detectado que tenta-se aplicar as técnicas de radioproteção, porém muitas vezes
por ignorância do usuário, não se pode aplicá-las corretamente, acom algo do tipo, o
acompanhante se recusar a deixar o paciente na sala de raios-x sem sua presença.
Viu-se portanto que realmente em algumas unidades, vale o ditado de
que para o leigo o exame de raios-x realmente é terapêutico e não diagnóstico, o
que acaba virando praxe por uma cascata de erros humanos em um serviço que
deveria zelar pelo bem estar da clientela mas, que à grosso modo, o usuário é
―passado para a frente‖, ficando então a dúvida: Velhos vícios podem ser corrigidos
à curto prazo?
28 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração desta pesquisa teve o intuito de demonstrar que há tempos
vêm se utilizando da radiação ionizante para métodos diagnósticos de modo
indiscriminado, o que é temeroso do ponto de vista de saúde pública, levando-se em
consideração que a radiação ionizante é primordial para o auxílio de diagnóstico no
caso dos raios-x, objeto de estudo deste trabalho, porém, seu uso indiscriminado,
vêm trazendo prejuízos imensuráveis aos usuários, invisíveis num primeiro
momento, mas cumulativos a longo prazo, os raios-x chegam ao ponto de em um
certo momento culminar com doenças degenerativas.
Foi percebido que através de pesquisas realizadas nacionais e até
mesmo internacionalmente, ficou demonstrado que a radiação como auxílio para
diagnóstico médico superou a irradiação por fontes naturais, como o sol, por
exemplo, além da pesquisa local, objeto de estudo deste trabalho, que demonstrou
que, principalmente, em uma cidade pequena, há a idéia errônea de que exames de
raios-x são parte de um tratamento, algo que é alimentado pela ignorância dos
usuários e pela inércia dos profissionais médicos, além do total desconhecimentos
de outros profissionais da área de saúde, como é o caso da enfermagem.
Este trabalho, portanto, teve a pretensão de demonstrar, não só os riscos
decorrentes do uso de raios-x para fins diagnósticos, que como questionado, acaba
41
sendo usado como terapêutica, mas também de deixar claro que isso ocorre devido
ao despreparo dos profissionais de saúde, onde incluem-se desde os médicos à
profissionais de enfermagem, passando por socorristas e a classe usuária do
sistema de saúde, pois ficou claro que os raios-x são usados indiscriminadamente
por não serem aplicadas as normas determinadas pela legislação existente, o que
acarreta para o sistema de saúde danos em cascata, pois a longo prazo,
inevitavelmente o excesso de radiação ionizante, no caso dos raios-x, emitidas sobre
o indivíduo com a pretensão de se fazer o diagnóstico/tratamento acarretará em
moléstias que poderiam ter sido evitadas.
Em uma pesquisa rápida através de websites que falam sobre o assunto,
encontramos no portal Wikipédia a definição de que ―Radiologia é a parte da ciência
que estuda órgãos ou estruturas através da utilização dos raios-x, gerando uma
imagem.‖
Pode-se dizer então que ao estudar internamente um órgão ou estrutura
através de um processo que gerou uma imagem, encontra-se o modo correto de
tratar determinada patologia em medicina, desde que haja realmente da visualização
da imagem e que não haja outros meios de se diagnosticar tal moléstia.
Porém, em via de regra, viu-se que os exames de raios-x são solicitados à
esmo, isso mesmo, esse é o termo apropriado, pois são ―disparadas‖ um sem
número de cargas que, desnecessariamente, acabam acertando alguém não com a
intenção inicial, mas que pode ocorrer.
Através de pesquisas, notou-se que, especificamente no município de
Correntina/BA, os exames de raios-x são imaginados como terapêuticos, ou seja,
não servem somente para diagnóstico, mas sim como tratamento.
Na pesquisa ―in loco‖, constatou-se, através de números expressos em
gráficos, que a maioria dos pedidos de radiografias são solicitados sem um exame
médico prévio, não avaliando fisicamente o paciente.
Verificou-se que é cultural da população local que com os raios-x tudo
será resolvido, se saberá tudo que se tem e aí sim o indivíduo será tratado. Chegou-
se a uma ignorância tamanha que foi detectado o número absurdo de 100% dos
indivíduos pesquisados entre os usuários do sistema de saúde relatando não saber
de que se trata exatamente o exame com raios-x, porém mesmo assim, são
categóricos em exigir o exame para um melhor atendimento médico.
42
Foi demonstrado que os profissionais de saúde também não ficam atrás,
pois 90% dos profissionais de enfermagem não sabem ao certo de que se trata a
radiação ionizante e os riscos inerentes ao seu uso em excesso, além de que,
demonstrou-se que esses mesmos profissionais achavam ―importante as
radiografias para o diagnóstico‖, mesmo sem prévia avaliação médica.
Entre a classe médica detectou-se o quantitativo de 2/3, ou seja, 66% dos
profissionais assumirem que solicitam radiografias para adiantar o serviço,
agradarem ao paciente e o liberarem mais rápido, inclusive com um profissional
afirmando, informalmente, que era mais rápido solicitar o exame de que conversar
com o paciente.
Finalizando a avaliação dos entrevistados, chega-se ao técnico em
radiologia, ele conhece normas de radioproteção, os riscos inerentes a utilização
excessiva dos raios-x, porém não aplica ao paciente as técnicas de radioproteção,
preocupa-se tão somente com si próprio, pois os usuários estão ―muito apressados‖
para ser ter a radiografia em mãos.
A pesquisa referida neste trabalho teve a finalidade tão somente de
detectar ―in loco‖, no caso o Hospital Municipal da Cidade de Correntina, que como
em quase todos os lugares, os exames de raio-s diagnóstico é feito sem critérios
definidos, sem basear-se em procedimentos técnicos, recomendações das agências
de vigilância sanitária e de energia nuclear. Pôde se verificar que o uso excessivo de
radiação ionizante, especificamente os raios-x, tem seu uso aumentado pelo
desconhecimento da classe usuária, da classe médica e dos demais profissionais da
área de saúde, o que acaba se convertendo em uma avalanche de exames
desnecessários.
Espera-se ter alcançado discernimento suficiente com este trabalho para
então começar um trabalho de educação junto à classe usuária do sistema de saúde
pública ou privada, categorias profissionais que atuam na área de saúde
especificamente, pois somente com esclarecimento junto à todos, usuários ou
profissionais, é que se pode paulatinamente reduzir e até acabar com o uso
desnecessário dos raios-x para diagnóstico, utilizando-os somente quando
necessários e com parcimônia, pois no final, certamente todos sairão ganhando.
Viu-se portanto, que muito além do que solicitar exames radiográficos
com fins diagnósticos, os profissionais da área de saúde têm que se mostrar
conhecedores dos riscos e dos benefícios de qualquer procedimento a qual o
43
paciente vá se submeter, sem deixar é claro de estar consciente e preparado do que
se pode fazer, garantindo assim um atendimento livre de imperícias, imprudências
ou negligências.
Não se pode deixar é claro de demonstrar que o usuário do sistema de
saúde, no caso, a maior vítima da situação, tem que ser esclarecido, tem que estar
ciente de que em que casos específicos pode ser solicitado este ou aquele exame,
podendo para isso fazer uma educação continuada para a população em geral, de
modo claro, em linguagem ao alcance da população.
Finalizando este trabalho, chega-se então, à conclusão de que somente
com um trabalho coletivo de informação, de abrangência generalizada é que se
pode resolver ou minimizar essa situação, de exposição desnecessária, à população
de um modo geral à radiações ionizantes com fins diagnósticos, cabendo esse
esforço à coletividade, iniciando-se com os órgãos de educação sanitária, com
veiculação de informação em meios de comunicação em massa e sistematizando
esse conhecimento alcançando até mesmo à população mais afastada e menos
informada, devendo assim então deixar claro à todos, sem exceções que a radiação
ionizante através de exames de raios-x é um bom meio de diagnóstico, porém, há
que se saber usá-la e usá-la com parcimônia.
29 – FONTES DE PESQUISAS E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Artigo Raios-x: Diagnóstico ou Terapêutica? – Disponível em:
<http://www.webartigos.com/artigos/raios-x-diagnostico-ou-terapeutica/91417/>.
Autor Emilio José de Oliveira Queiroz. Acesso em 25 Jun. 2012.
Artigo de autoria de Sergio Vaisman publicado em julho do ano de 2012, disponível
em: <http://www.sergiovaisman.med.br/mostra_minha2.php?id=143>. Acesso em: 03
Jul. 2012.
Brasil - Portaria Ministério da Saúde nº 453 de 01 de Junho de 1998. Disponível
em: <http//:anvisa.gov.br/legis/portarias/453_98.htm>. Acesso em: 14 Abr. 2012.
44
Brasil, Riscos das Radiações, Blog 6 minutos de fama. Disponível em:
<http//:6minutosdefama.blogspot.com.br/2008_10_01_archive.html>. Acesso em: 01
Abr. 2012.
Brasil, Blog Tudo sobre radiologia, disponível em:
<http://deanradiologia.blogspot.com.br/>. Acesso em: 06 Mai.2012.
Brasil, Grupo de Estudos em RAdioproteção e Radioecologia (GERAR), disponível
em:
<http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/CONF_SIMP/textos/ademiramaral.h
tm>. Acesso em: 26 Mai.2012.
Colégio Brasileiro de Radiologia, disponível em <http//:www.cbr.org.br/dr-joao-
paulo-k-matushita- medicoradiologista-cbr-regiaosudoeste>. Acesso em: 18 Jun.
2012.
Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (1988), Diretrizes Básicas de
Radioproteção. CNEN/NE-3.01, Brasil.
International Commission on Radiological Protection – ICRP (1991),
Recommendations of the International Commission on Radiological Protection,
ICRP-60, Pergamon Press, Oxford, UK.
International Atomic Energy Agency – IAEA (1990), Recommendations for safe
use and regulation of radiation sources in industry, medicine, research, and teaching.
IAEA Safety Series N° 102, Vienna, Austria.
Jornal Folha de São Paulo online, disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/796673-seguro-e-fazer-ate-cinco-
raios-x-por-ano-afirmam-medicos.shtml>. Acesso em: 25 Mai. 2012.
Jornal O Globo online, pág. 3 edição de 11/04/2012 disponível em:
<http://g1.globo.com/>. Acesso em: 11 Abr. 2012.
45
Manual da CIPA - CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: Uma
Nova Abordagem, por Armando Campos, editora SENAC, 2003.
Manual de proteção radiológica aplicada ao radiodiagnóstico - Renato
Dimestein / Yvone M. Mascarenhas Hornos – 2ª Edição – Editora Senac, 2004
.
Nelson - Tratado de Pediatria, 2v., RICHARD E. BEHRMAN,HAL B.
JENSON,ROBERT M. KLIEGMAN, Google books – 2005.
Portal Google Images, disponível em: >http://images.google.com.br/ >. Acesso em
01/ Jul. 2012.
Radioproteção Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (1988), Diretrizes
Básicas de Radioproteção. CNEN/NE-3.01, Brasil.
Revista Digital Radiologia Brasileira, disponível em:
<http//:www.rb.org.br/conteudo.asp?pag=6>. Acesso em: 16 Jun. 2012.
Secretaria Municipal de Saúde de Correntina – Hospital Municipal Dr. Lauro Joaquim
de Araújo - Secretária Municipal de Saúde, Maria de Lurdes Neves Sodré, Março
à Junho de 2012.
Sociedade Paulista de Radiologia – Histórico da Radiologia, disponível em:
<http//:spr.org.br/a-spr/historico-da-radiologia/>. Acesso em: 16 Abr. 2012.
Tratado de Medicina Interna, GOLDMAN / AUSIELLO, Tradução da 22ª edição,
Editora Elsevier, 2005.
Robbins Patologia Basica Por Abul K. Abbas,Nelson Fausto,Richard N.
Mitchell,Vinay Kumar – Elsevier Editora, 2008.
46
30 - APÊNDICES
Apêndice A – Questionário Usuário do Serviço de Saúde
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Centro Universitário Eaprenda (CUE)
Curso de Graduação em Tecnologia da Radiologia
Apêndice A – Questionário Usuário do Serviço de Saúde
Questionário
1 – O senhor (a) acha realmente necessário que se faça esse exame de raios-x? Por quê? R:__________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Em média, o senhor (a) faz quantos exames de raios-x por ano? R:_______________________________________________________________________________________________________________________ 3 – O senhor (a) sabe para que serve um exame de raios-x? R:__________________________________________________________________
_____________________________________________________ 4 – Foram lhe explicados os efeitos da radiação ionizante sobre o organismo? R:_______________________________________________________________________________________________________________________ 5 – Foram lhe oferecidos equipamentos de proteção individual durante o exame? R:__________________________________________________________________________________________________________________________
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Apêndice B – Questionário Profissionais do Serviço de Saúde
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Centro Universitário Eaprenda (CUE)
Curso de Graduação em Tecnologia da Radiologia
Apêndice B – Questionário Profissionais do Serviço de Saúde
Questionário
1 – Qual o critério para a solicitação de exames de raios-x? R:__________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________ 2 – Já solicitou exames de raios-x por insistência do paciente mesmo achando que não havia necessidade? R:__________________________________________________________________
_____________________________________________________ 3 – Já solicitou exames de raios-x sem anteriormente ter realizado o exame físico no paciente? R:__________________________________________________________________
_____________________________________________________ 4 – São oferecidos durante a realização de raios-x EPI’s ao usuário e orientado quanto à radioproteção? R:__________________________________________________________________
___________________________________________________________ 5 – Você sabe o que é RADIOPROTEÇÃO? R:______________________________________________________________________________________________________________________________ 6 – Qual o principal exame a ser realizado em um paciente que dá entrada no hospital vítima de trauma? Por quê? R:_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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7 – Existe protocolo para a realização de exames radiográficos?
R:__________________________________________________________________
______________________________________________________________
8 – Os funcionários do serviço hospitalar sabem os riscos inerentes à exposição à radiação ionizante e seus efeitos cumulativos?
R:__________________________________________________________________
______________________________________________________________
9 – Algum profissional médico ou não médico aplica o ATLS no atendimento antes de encaminhar o paciente para a sala de raios-x?
R:_________________________________________________________________________________________________________________________________
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Apêndice C – Autorização para realização da pesquisa no Hospital Municipal Dr. Lauro Joaquim de Araújo
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Apêndice D – Termo de Consentimento
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Centro Universitário Eaprenda (CUE)
Curso de Graduação em Tecnologia da Radiologia
Termo de consentimento
Declaro que respondi livre e espontaneamente aos quesitos a mim dirigidos sem quaisquer intervenções e que me foi explicado que tal questionário era relativo a uma pesquisa sobre a utilização de raios-x para diagnóstico. Nome por extenso:_____________________________________________ Local e data:__________________________________________________ Assinatura:___________________________________________________
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APÊNDICE E – SALA DE RAIOS-X HOSPITAL MUNICIPAL DR. LAURO
JOAQUIM DE ARAÚJO – CORRENTINA / BA
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Entrada da sala de raios-x
Aparelho de 500 mA, mural e mesa bucky
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Processadora automática de filmes
Luz de segurança e exaustor de ar
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APÊNDICE F – ÍTENS DE RADIOPROTEÇÃO
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Sinal luminoso na entrada
Indicação na porta de entrada da sala de raios-x
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Cabine baritada de disparos
Avental plumbífero
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Sinalização de aviso dentro da sala
Dosímetros Termoluminescentes individuais
62
.
APÊNDICE G – RELATÓRIO DE DOSIMETRIA INDIVIDUAL
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64
APÊNDICE H – TERMO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA
65
66
Apêndice I – Planta baixa da sala de raios-x
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31 -ANEXOS
ANEXO A – CERTIFICADOS DOS CURSOS DE TÉCNICAS DE RAIOS-X,
RADIOPROTEÇÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO
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ANEXO B – CERTIFICADO DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGO
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