TCC_ENRIC_2013
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ENRIQUE TOLEDO SANTOS
O COOPERATIVISMO E AS REDES SOCIAIS DE ASSOCIATIVISMO COMO
INSTRUMENTOS DE EMANCIPAO SOCIAL
Trabalho de Concluso de Cursoapresentado a banca Examinadorada Faculdade de Direito de SoBernardo do Campo, comoexigncia parcial para obteno dograu de Bacharel em Direito soborientao do Professor Orientador
Dr. Marino Luiz Postiglione .
Faculdade de Direito de So Bernardo do CampoSo Bernardo do CampoSP2013
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Banca Examinadora
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DEDICATRIA
Dedico este trabalho aos meus filhos Nickolas Enric e Natalia, os
presentes divinos colocados na minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo aos professores da Faculdade de
Direito de So Bernardo do Campo e
especialmente ao meu Orientador, Professor
Doutor Marino Luiz Postiglione, pela
compreenso e especial ateno.
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"Voc nunca muda a realidade lutando contra ela.
Para mudar algo voc cria um novo modelo que
torna o modelo existente obsoleto."
Buckminster F ul ler
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RESUMO
O presente estudo investiga as iniciativas histricas e hodiernas, que buscam
desenvolver e aplicar paradigmas socioeconmicos mais isonmicos e inclusivos,
propondo novos caminhos para emancipao social e o desenvolvimento global
sustentvel. Faz breve anlise dos elementos componentes da organizao do espao
social, e explora os principais instrumentos alternativos de organizao econmica deste
espao. Busca expor especialmente os modos de produo sem fins de lucro e sua
organizao jurdica. Destaca-se especialmente a sociedade cooperativa como elemento
central de grande importncia para a organizao social da economia coletiva e da
manuteno da vida. Relaciona os efeitos destas iniciativas na ordem social e econmica
das comunidades que as empregaram, a fim de identificar seus elementos constitutivos e
pragmticos para a potencializao destes efeitos para emancipao social. Investiga como
a gesto e a assimetria informacional dos agentes, afeta o desempenho e o resultado
econmico destas instituies e arranjos coletivos. Conclui expondo algumas iniciativas
hodiernas que empregam abordagens multidisciplinares, com autogesto e sincronia de
demanda e consumo, centradas na modificao das relaes de produo por meio de redes
associativas sncronas distribudas. Conclui expondo um cenrio bastante auspicioso e
revela o potencial emancipatrio latente destas iniciativas, capazes de realizar os valores
sociais de justia e democracia, princpios constitucionais basilares, que so de relevante
interesse para nosso planeta e para toda humanidade.
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LISTA DE ABREVIAES
ACI - Aliana Cooperativa InternacionalCC - Cdigo Civil
CPC - Cdigo de Processo Civil
EBR - Economia Baseada em Recursos
EES - Empreendimento Econmioco Solidrio
FAQ - Frequent Asked Question
g.n - grifo nosso
I+D+i - Investigao, desenvolvimento e InovaoLRE - Lei de Recuperao e Falncia
MCC - Mondragon Cooperative Corporation
MST - Movimento dos Sem Terras
NBC - Normas Brasileiras de Contabilidade
OCB - Organizao das Cooperativas Brasileiras
OCB - Organizao das Cooperativas Brasileiras
ONG - Organizao No Governamental
OSCIP - Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico
PLE - Personal Learning Enviroment
TI - Tecnologia da Informao
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SUMRIO
1. INTRODUO ................................................................................................... 11
2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 13
3. OS DESAFIOS DA MODERNIDADE ................................................................ 23
4. DOS PROBLEMAS S SOLUES .................................................................. 26
5. CARACTERSTICAS HODIERNAS DO ESPAO SOCIAL ............................. 27
5.1. Direito Empresarial ........................................................................................... 28
5.2. Poltica e Economia ........................................................................................... 29
5.3. Financiamento e Crdito .................................................................................... 32
5.4. Industrializao e Urbanizao .......................................................................... 33
5.5. Distribuio e Consumo .................................................................................... 35
5.6. Ideologia e Idiossincrasia Social ........................................................................ 36
5.7. Educao ........................................................................................................... 38
6. AS ALTERNATIVAS AO MODO DE PRODUO CAPITALISTA ................ 40
7. AS COOPERATIVAS ......................................................................................... 42
7.1. Perspectiva Histrica e Social ............................................................................ 42
7.2. Princpios e Valores .......................................................................................... 437.3. O Cooperativismo no Mundo ............................................................................ 44
7.4. O Cooperativismo no Brasil .............................................................................. 46
7.5. Disciplina Jurdica e Legal das Cooperativas ..................................................... 48
7.5.1. Aspectos Relevantes da Regulao Infraconstitucional ...................................... 49
7.5.2. O Novo Marco Regulatrio Proposto Pela Lei 12.690/12 e as PrincipaisMudanas .................................................................................................................... 54
7.5.3. Atos Cooperativos ............................................................................................. 58
7.5.7. Cooperativa; Elemento Central de Emancipao................................................ 63
8. A ECONOMIA SOLIDRIA .............................................................................. 64
8.1. Projeto de Lei n 4.685/2012 ............................................................................. 67
9. FORAS DE OPOSIO E ENFRENTAMENTO SISTMICO ........................ 68
9.1. Estratgias para Enfrentamento das Foras de Oposio .................................... 68
10. A GESTO DA AUTOGESTO NAS COOPERATIVAS ................................. 70
11. A COOPERATIVA MONDRAGON ................................................................... 71
11.1. Singularidades Jurdicas da Mondragon ............................................................. 73
11.1.1. Scios Trabalhadores ................................................................................. 74
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11.1.2. Intervalo de Remunerao .......................................................................... 74
11.1.3. rgos Especiais ........................................................................................ 75
11.1.4. A Colaborao Intercooperativa ................................................................. 75
12. O FATOR OWEN ............................................................................................... 77
13. REDE SOCIAL EQUILIBRIUM ......................................................................... 81
CONCLUSES .............................................................................................................. 84
BIBLIOGRAFIA: ........................................................................................................... 87
ANEXOS ........................................................................................................................ 91
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1. INTRODUO
Tem-se teorizado e estudado h muitos anos, em diversos mbitos, a questo do
sucesso ou fracasso dos sistemas polticos e econmicos para realizar a plenitude dos
valores fundamentais relacionados dignidade e liberdade humanas.
Num certo sentido, as promessas do inicio do sculo XVIII, hoje, encontram-se
paradoxalmente mais distantes do que nunca da plena realizao.
Apesar das verdadeiras revolues tecnolgicas, cientficas e culturais, nossa
sociedade ainda padece de epidemias e doenas incurveis, violncia, guerras,desigualdades, fome, misria e um sem fim de infortnios que assombram hodiernamente a
vida de milhes de pessoas.
Boaventura de Souza Santos1, considera que as culturas e sociedades
contemporneas so intervalares, referindo-se a uma transio epistemolgica e
societal em curso, numa sociedade que apresenta cada vez mais sinais de sua
inevitabilidade, fazendo-se vislumbrar, diante da atual crise e instabilidade nos mbitosprecedentemente citados, a iminente perspectiva de um episdio de transio para um novo
paradigma socioeconmico e cientfico.
Destarte, investigando aquilo que ele chamou de globalizao alternativa, eis
que entende que no s o processo de internacionalizao da economia impulsionado pelo
neoliberalismo tem lugar exclusivamente, mas tambm, dezenas ou milhares de
movimentos locais, ideias coletivos e redes que passam a se organizar globalmente.
Neste sentido, estas iniciativas representam verdadeiras foras sociais que
propem novas formas de pensar o espao produtivo, os meio ambientes, a cincia e a
prpria humanidade.
_____________
1 SOUSA SANTOS, Boaventura de. Produzir para Viver: Os Caminhos da Produo No Capitalista Rio
de JaneiroCivilizao Brasileira, 2002
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Neste sentido, algumas destas iniciativas se mostraram to bem sucedidas que
foram destacadas a fim de serem estudadas como parte de uma proposta de emancipao.
cedio tambm, que qualquer arcabouo de transformao e emancipao
social, deve vir acompanhado do uso das ferramentas das novas tecnologias, especialmente
s de comunicao, que literalmente rompem barreiras continentais.
Assim, no so mais as barreiras fsicas naturais que se apresentam como
barreiras instransponveis, mas sim as prerrogativas humanas de ordem ideolgicas,
polticas, religiosas, intelectuais, axiolgicas e culturais entre outras, que quase sempre
parecem ser intransponveis, representando verdadeiros obstculos transformao doparadigma social.
Buscou-se primeiramente neste trabalho externar um panorama geral sobre o
momento econmico, poltico, jurdico e social global, para logo analisar as iniciativas
sociais que se destacam, as aes postas em prtica, e quais as mudanas que ocorreram ou
que se esperam venham a ocorrer por meio da adoo destas prticas.
Incursionou-se ento, pela identificao de foras sociais de transformao, de
mecanismos, instrumentos, institutos e meios, capazes de lograr minimamente a realizao
das expectativas sociais de emancipao de coletivos e de comunidades, avaliando-se
como estas iniciativas esperam projetar-se para as sociedades do futuro.
Destaca-se tambm nesta pesquisa, os aspectos sociais identificados como fatores
de falha, insucesso ou limitao destas mesmas iniciativas, incluindo as cooperativas detrabalho, e que tem dificultado a realizao do desiderato coletivo de emancipao.
Finalmente abordaremos uma proposta de governana democrtica direta das
comunidades produtivas inseridas em uma economia global, sustentvel e inclusiva. Trata-
se da Economia Baseada em Recursos que se baseia na sincronizao de produo e do
consumo e no uso sustentvel dos recursos naturais, sendo a derivao econmica da
governana democrtica direta cientfica.
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2. JUSTIFICATIVA
Considerando-se que os valores que se desejam realizar, de alguma forma foram
previamente externados por meio dos prprios anseios no amago dos movimentos sociais
histricos ou por meio da fixao dos mesmos nos diplomas legais dos respectivos pases.
E considerando-se que no Brasil no diferente, eis que vemos que estas
premissas fundamentais, tais como; a dignidade da pessoa humana, o direito ao trabalho e
educao, e at mesmo a disponibilizao de meios cientficos e tecnolgicos para
realizao de aspiraes meramente humanas, foram inquestionavelmente, refletidas e
positivadas na nossa Constituio Federal.
Assim, os mesmos desideratos que tm guarida na Constituio Federal, podem
ser considerados de certa forma; valores universais, eis que centrados na pessoa humana,
na sua dignidade e nos valores fundamentais cultivados pelos cidados.
Alm disso a adeso do Brasil a Tratados Internacionais de Direitos Humanos,
como o Pacto de San Jos da Costa Rica, o Pacto Internacional dos Direitos Civis ePolticos, a Declarao Universal dos Direitos Humanos, entre outros, e o grande nmero
de pases signatrios, identifica uma tendncia ou movimento para uma sociedade
globalizada que busca valores mais espiritualizados e humanizados.
O prprio modelo social atual reconhece estes movimentos, pois considera-os
como alternativos, logo, propondo ento, que no seno social existe uma possibilidade
distinta do capitalismo.
Apesar disso, no h impulso ou estmulo para estuda-las ou desenvolver
alternativas ou medidas efetivas ou o que seria mais apropriado para soluo de problemas,
a aplicao da cincia, eis que, como dito, os interesses econmicos ainda parecem se
impor na determinao das decises por meio de ideologias polticas.
Boaventura, realizou uma extensa pesquisa que resultou em uma obra composta
por sete volumes, nos quais 69 (sessenta e nove) pesquisadores lhe auxiliaram a coletar
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dados e relatar experincias, entre elas movimentos sociais, inciativas cooperativistas,
sindicais, Organizaes No Governamentais (ONGs), etc.
Em suas concluses, esto as bases para pensar movimentos de organizao
sociais, no como meramente polticos, como delatou as anlises destes pesquisadores que
colaboraram na redao da obra em parceria com o citado autor, mas como elementos
constitutivos de novas e complexas relaes sociais de uma pluralidade agentes e
elementos multifacetados capazes de reconstruir a ordem e o espao social, a fim de
encontrar novos modelos alternativos produo capitalista, ou, como ele mesmo intitulou
a obra completa; numa nova forma de reinventar a emancipao social.
A ideia central daquele projeto, e que tambm justifica esta pesquisa, de que as
ideias e o pensamento que sustentaram e deram credibilidade aos ideais modernos de
emancipao social, esto sendo profundamente questionados pelo fenmeno da
globalizao.
Neste sentido os autoritarismos polticos e a inviabilidade econmica dos sistemas
econmicos centralizados foram dramaticamente expostos pelo colapso desses no final dosanos 1980 e mais recentemente na crise iniciada em 2008, de que o mundo ainda no se
recuperou.
Estes episdios criaram oportunidades para repensar ou reinventar alternativas
emancipatrias ao capitalismo, que de fato, a curto ou mdio prazo, dependem da
capacidade destas iniciativas sobreviverem ao contexto capitalista em que esto inseridas.
Busca-se ento aqui, principalmente centrar a ateno nos aspectos viabilidade e
no potencial emancipatrio destas iniciativas, que tem se espalhado pelo mundo e definem
novas formas de organizao do espao social e econmico, pautadas por valores
solidrios, isonmicos e sustentveis.
E seguindo neste sentido, importante ressaltar que o pensamento crtico implica
em no reduzir a realidade a apenas aquilo que existe, mas tambm, a uma srie de
possibilidades multidisciplinares que permitem construes e formulaes intelectuais
aptas a serem analisadas em modelos sistmicos, simulaes e experimentaes prticas.
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Assim mesmo algumas delas, como veremos, esto em plena implantao, e que
apesar de consideradas utpicas, representam um desafio ao status quodominante sendo
suficientemente reais para serem simplesmente descartadas como inviveis, e alm
disso; permitem antever impactos transformadores em curto espao de tempo.
Ento, estas iniciativas emancipadoras representam a ampliao do espectro do
possvel e convidam a experimentao e reflexo sobre uma sociedade mais humanizada,
enriquecendo o campo das possibilidades emancipatrias para humanidade.
Evidencia-se, tambm as dificuldades de encontrar-se uma teoria da traduo, ouhermenutica diatpica, ou seja, um mecanismo pelo qual as necessidades de cada
indivduo ou coletivo possam ser convertidas em necessidades objetivas, extradas dos
interesses em coliso, para que possam ser avaliadas com clareza pelas partes envolvidas
na disputa ou lide.
Ento, os grupos sem as barreiras dos interesses pessoais imediatistas, pode
decidir e conduzir suas tratativas de forma transparente e objetiva.
Este aspecto geralmente descuidado nas resolues de conflitos de interesse, e
reiteradamente se apresenta no nosso modelo social; evidenciando a incapacidade das
lideranas sociais e dos movimentos civis, para propor novos caminhos realizadores em
sintonia com o interesse coletivo.
Os topis
2
culturais so os principais fatores de dificuldade para operar atraduo destas necessidades, obstaculizando as primeiras iniciativas no caminho do
entendimento coletivo.
Assim mesmo, os fatores de ordem cultural, educacionais, polticos e econmicos
impedem a consecuo de uma sistematizao deste aspecto fundamental e acabam sendo
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2 Segundo Boaventura, topi seria o conjunto dos principais aspectos culturais, regras e valores, que
influenciam no comportamento e idiossincrasia de povo, nao ou coletivo.
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relegados as fora e poder inerente a cada um dos agentes ou coletivos envolvidos na
questo.
A organizao do MST, por exemplo, assim como muitos movimentos sociais das
classes excludas, e como em inmeros outros movimentos emancipatrios, se d
puramente no plano mobilizao das massas muitas vezes atuando na forma de
desobedincia civil, insurgindo-se contra o descumprimento das prerrogativas
constitucionais a fim de pressionar governos a adotar politicas pblicas mais inclusivas e
atender suas reivindicaes, que no caso esto centradas na posse das terras.
O movimento, no entanto, no aponta solues coletivas ou uma nova estruturaorganizacional. Limita-se a pleitear e acatar as solues prontas do modelo hegemnico,
qual seja a desapropriao de terras para os assentamentos, financiamentos e microcrdito,
etc.
Assim observa-se que a soluo proposta, simplesmente a oferta de um pouco
mais daquilo que se busca transformar, ou seja, as respostas padro do sistema, a mesma
razo cnica, criticada por Boaventura.
De outro lado, os observadores alheios contextualizao dos fatos, se dividem e
afastam-se da compreenso plena e isenta destes mesmos fatos sociais.
Ento, apesar da impureza conceitual que permeia os principais sistemas polticos
e suas respectivas derivaes econmicas, quais sejam Capitalismo e Comunismo,
observa-se que apesar da supremacia absoluta do capitalismo como derivao econmica
da democracia representativa; as solues postuladas no so definitivas, ou causam atransformao necessria para uma superao dos problemas sociais crnicos e a
emancipao social plena.
Assim mesmo, no se advoga em prol de nenhum sistema poltico, ideologia ou
ordem econmica desenvolvida no passado, eis que nenhuma delas foi capaz de sustentar-
se ou estruturar sistematicamente como transpor as barreiras do modelo hegemnico ou
satisfazer as necessidades de desenvolvimento sustentvel tansgeracional, incluso
social e dignidade humanas, ao menos at o presente momento.
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Neste sentido tambm se reconhece que as denominaes dadas aos respectivos
sistemas polticos e econmicos no necessariamente correspondem a sua efetiva pureza
pragmtica no mbito real.
Como as sociedades cooperativas so atualmente um dos poucos instrumentos
regulados e definidos no nosso ordenamento jurdico, sendo incluso previsto
constitucionalmente, este instituto foi destacado e detalhado neste estudo como elemento
central da construo da proposta de emancipao que se estudou.
Observando-se detidamente nos aspectos jurdicos e estatutrios deste instituto,
busca-se permitir um entendimento amplo e integro para promover um estudo facilitador ede referncia para experimentaes futuras.
O movimento cooperativo, de inegvel importncia histrica e social, originado
como proposta de incluso e transformao das condies sociais, continua sendo uma
excelente alternativa de organizao socioeconmica para desenvolvimento local e
incluso social solidria e isonmica.
As cooperativas em geral, pelo potencial que representam para remodelar o
espao social, e tambm pela sua quase indispensabilidade na construo de alternativas
sistmicas e viveis ao capitalismo, devem ser elemento central de anlises na estruturao
terica e na construo assertiva de um arcabouo alternativo de tecnologias sociais
emancipatrias.
Sem adentrar na demonstrao da breve concluso indigitada, especificamente noespao social brasileiro, j que tal desiderato no pertence ao escopo do presente trabalho,
aponta-se, a ttulo de breve referncia didtica, que, segundo dados do IBGE 3, revelados
na Pesquisa Nacional por Amostra de domiclios 2011 no Brasil (PNAD), revelou a
seguinte situao econmica com relao renda mdia mensal das famlias brasileiras.
_____________
3 ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_anual/2011/tabelas_pdf/sintese_ind_7_5_1.pdf eftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Nacional_por_Amostra_de_Domicilios_anual/2011/t
abelas_pdf/sintese_ind_7_5_1.pdf
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A pesquisa por amostragem, de 1000 (mil) pessoas em cada uma das macro
regies brasileira, apontou que; 27 % (vinte e sete por cento) das famlias brasileiras
recebiam uma renda mensal entre (meio) e 1 (um) salrio mnimo.
Dada a impreciso da amostragem, s se pode estimar aproximadamente a
dimenso real do nmero de pessoas includas nesta situao, e que, parece ser bem maior
do que aquele que a pesquisa revela, ou seja; mais de cinquenta milhes de pessoas viviam
com menos de um salrio mnimo em 2011.
Apesar do governo considerar como miservelaqueles que subsistem com umarenda inferior a R$ 70,00 (setenta reais), improvvel que uma famlia possa preencher
minimamente suas necessidades essenciais com menos de um salrio mnimo.
Destarte, o nmero de miserveis, considerando-se que adotemos uma definio
de miserabilidade, mais alargada que a irrealista premissa governamental, entendendo
miservel as famlias que precisam viver com renda inferior a um salrio mnimo; o
nmero ser muito maior que aquele noticiado pelas fontes oficiais do governo.
A presuno deste patamar de renda proposto pelo governo, qual seja; R$ 70,00
(setenta) reais, para realizao dos clculos de excluso da percha social de
miserabilidade em suasestimativas, evidentemente, de cunho puramente poltico, no
se amparando em qualquer estudo estatstico ou tcnico sobre o tema.
Ento, a existncia de uma larga faixa populacional de excludos da proposta
programtica da Constituio Federal, obriga a reflexes sobre a validade do modeloeconmico que permanece inabalvel, ao menos do ponto de vista legal, institucional,
governamental, eis que as solues para os graves problemas apontados so sempre dadas
ou buscadas por meio da estrutura do ordenamento jurdico das respectivas naes, e claro,
no conseguiram e no conseguem atender as expectativas, pois mostra-se desequilibrado,
mantendo a sociedade sob o regime de opresso econmica imposto pelo prprio sistema
ideolgico que busca refletir os princpios do modelo econmico adotado.
Ora, neste sentido, fica evidente, conforme Boaventura, que a emancipaosocial
o cerne da questo sobre incluso social e econmica das populaes excludas.
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Algumas solues foram apresentadas no pretrito por pensadores como Owen
(1820), Quijano (1998), Gorz (1997), por meio de uma economia baseada no intercambio
e no nos ganhos monetrios, na diminuio da dependncia das pessoas de empregos
assalariados, nos intercmbios da economia criativa e solidria, etc.
A emancipao social no sentido externado na proposta de Boaventura Souza
Santos parece apontar ento; para a questo da organizao das populaes por meio do
conhecimento emancipatrio.
Os agentes de organizao social, quase que em unssono, entendem que alegislao no oferece a flexibilidade necessria para busca e realizao desta
emancipao, e na verdade parecem engessar as possveis transformaes.
Ento, pergunta-se; em que sentido o modelo atual inspira pensar alternativas ?
Em primeiro lugar, o capitalismo sistematicamente produz desigualdades de
recursos e de poder, separa trabalho e capital subordinando um ao outro e a acumulao
desmedida, torna dramaticamente desiguais as classes sociais.
Em segundo lugar, o modelo competitivo imposto pelo capitalismo, empobrece as
formas de sociabilidade no espao pblico pois premiam o individualismo e o benefcio
pessoal afastando o solidarismo e a cooperao.
E finalmente completam este quadro; a explorao insustentvel de recursos. A
explorao crescente de recursos naturais em nvel global, como so exigidos pelocapitalismo, pem em perigo as condies fsicas de vida na Terra.
Tal assertiva foi identificada , por meio dos movimentos ecologistas em seus
estudos (Daly,1996; Douthwaite, 1999) revelam a insustentabilidade do modo de produo
e consumo propostos pelo capitalismo.
OConor (1998) destaca que o Capitalismo tende a esgotar os recursos que
permitem a sua prpria reproduo.
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Logo buscar alternativas ou propor sistemas organizacionais para uma
emancipao social vivel, no uma busca utpica, proposta por esta pesquisa ou mesmo
por pesquisadores como Boaventura de Souza Santos, Gerald Cohen, Raimon Panikkar,
Karl Marx, etc.
No se busca aqui fazer uma critica ao modelo capitalista, que foge ao escopo
deste trabalho, mas antes uma anlise imparcial e um recorte epistmico sobre dois
aspectos centrais externados no espao social como resultado de suas prticas, quais sejam:
Justia Social e Empoderamento4Democrtico.
Estes mesmos elementos serviro de anlise para os modelos alternativos
investigados e propostos.
Portanto certa objetividade e iseno ideolgica despretensiosa pode ser obtida
minimamente, garantindo a validade metodolgica da pesquisa realizada.
Brevemente em apertada sntese, define-se5uma sociedade justa como aquela em
que todas as pessoas teriam no geral, acesso igual ao meios sociais materiais necessrios
para viver uma vida prspera.
Para realizao deste desiderato, consideram-se elementos essenciais, a igualdade
de acesso s condies para viver esta vida prspera.
Ento justia social, refere-se ao acesso s condies, tanto materiais quanto
sociais, necessrias para prosperar, ou seja; condies para boa ventura, felicidade, boa-
sade, desenvolvimento pessoal, etc.
Quanto ao segundo aspecto do recorte epistemolgico proposto, considera-se
como o empoderamento democrtico, a condio pela qual em uma sociedade
plenamente democrtica, todas as pessoas teriam no geral, acesso igual aos meios
_____________
4 Empoderamento um neologismo significando a transferncia do poder de deciso, s bases dascomunidades.5 Revista De Cincia Poltica, vol. 21, n. 1, jan./jun. 2012 (p.8) . Disponvel em Acesso em 25 de Jul. 2013
http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/viewFile/278/202http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/viewFile/278/202 -
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necessrios para participar de forma significativa das decises sobre as coisas que afetam
as suas vidas.
Destarte, a assertiva de que todas as pessoas devem ter o mximo de controle
sobre as decises que afetam suas vidas, sendo este direito perfeitamente quantificvel, ao
menos estatisticamente, dentro de cada sociedade.
Alm dos argumentos precedentes, importante salientar que os elementos
destacados, foram positivados como princpios na Constituio Federal de 1988.
Destaca-se do Prembulo da Carta Magna, o qual transcreve-se, pela relevnciapara a justificativa em curso: instituir um Estado Democrtico, destinado a assegurar o
exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justia como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a soluo pacfica das controvrsias, promulgamos, sob
a proteo de Deus, a seguinte CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL.
Destarte, o princpio da prosperidade encontra-se implcito na Constituio
Federal, e significa o direito que todos os cidados tm de alcanar o desenvolvimento
material e o bem-estar social.
Decorre da dignidade da pessoa humana e do art. 3 da Carta Magma o qual indica
que o Estado brasileiro dever buscar a construo de uma sociedade livre, justa eigualitria.
In verbis;
Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da RepblicaFederativa do Brasil:I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;II - garantir o desenvolvimento nacional;III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir asdesigualdades sociais e regionais;IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa,sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.
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Quanto a democracia, dispensa-se esclarecimentos detalhados eis que a base
fundamental do Estado Democrtico de Direito do Brasil.
Assim, este trabalho no persegue uma utopia, eis que a prpria noo de utopia
esttica e a sobrevivncia de um sistema social depende em ltima anlise, da habilidade
para permitir mudanas para melhorar a sociedade como um todo.
Conforme j externado, reconhecida a ao de movimentos alternativos,
portanto inegvel a existncia de alternativas, apesar da efetividade duvidosa.
Neste sentido; as palavras de Paulo Freire;
Para mim o utpico no o irrealizvel; a utopia no oidealismo, a dialetizao dos atos de denunciar e anunciar, o atode denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estruturahumanizante. Por esta razo a utopia tambm um compromissohistrico6. (Paulo Freire, 1921).
Isso posto, suficientemente definida a base conceitual do recorte epistemolgico
analtico proposto; no binmio de justia social e democracia, e reconhecido que estes
mesmos os conceitos foram inclusive positivados, conclui-se que esto perfeitamente
delineados, inclusive em seus objetivos teleolgicos, pode-se continuar a expor com
fundada base objetiva o presente trabalho.
Passa-se a examinar quais as alternativas poderiam permitir viabilizar os
indigitados princpios com maior eficcia, eficincia e efetividade.
Ou seja; busca-se uma sistemizao dialtica de fatores contextualizados, histrica
e socialmente, a fim de identificar uma metodologia epistemolgica capaz de conceber e
propor alternativas estveis e durveis dentro da hegemonia capitalista para uma transio
paradigmtica mais assertiva rumo uma reorganizao do espao social e a emancipao
das populaes.
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6 Freire, Paulo, 1921 - Conscientizao: teoria e prtica da libertao: uma introduo ao pensamento de
Paulo Freire / Paulo FreireSo Paulo: Cortez & Moraes, 1979. Pg.16
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Enfim, entendida as premissas precedentes como uma base suficientemente
demonstrada, seja pela notoriedade, ou ampla documentao histrica, documental, terica
e factual, propomos um apertado recorte dos instrumentos sociais histricos de organizao
econmica do espao social para sintetizar algumas propostas hodiernas apresentadas por
ONGs, coletivos sociais e associaes cooperativas em suas respectivas comunidades, seus
resultados positivos, causas de limitaes, dificuldades e expectativas.
3. OS DESAFIOS DA MODERNIDADE
Estamos diante da necessidade de transpor para o universo coletivo, asnecessidades individuais, e nesta vertente, em busca de uma teoria de traduo.;
Desta forma, para transpor estas barreiras ideolgicas e culturais, nasce a
necessidade desta teoria de traduo que teria como escopo, identificar as necessidades
pessoais e societrias e transport-las para um modelo coletivo, possivelmente
fundamentado, num outro princpio constitucional, qual seja; Isonomia Social, com a
nfase na descoberta e na oferta de um conhecimento emancipador, distinto daquele que meramente regulador.
Neste sentido, de grande valia a lio do Jurista e filsofo Hans Kelsen:
A igualdade dos sujeitos na ordenao jurdica, garantida pelaConstituio, no significa que estes devem ser tratados de maneiraidntica nas normas e em particular nas leis expedidas com base na
Constituio. A igualdade assim entendida no concebvel: seriaabsurdo impor a todos os indivduos exatamente as mesmasobrigaes ou lhes conferir exatamente os mesmos direitos semfazer distino alguma entre eles...7
Assim mesmo, apesar das grandes barreiras de ordem intelectual, tambm se
observa no mbito global uma nova postura do individuo frente ao mundo, especialmente
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7 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. Traduo francesa da 2 edio alem por Ch. Einsenmann, Paris:
Dalloz, 1962. (1962, p. 190)
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externado pelas novas geraes de jovens, que reconhecem o impacto planetrio das
intervenes humanas na natureza, e que afetaro diretamente a qualidade de suas vidas.
Logo, h hodiernamente, um grande nmero de aes sociais que adotaram o
bordo pensar globalmente e agir localmente, j que as barreiras comeam a se dissipar e
os vus polticos, ideolgicos, fronteirios, entre outros nacionalismos e falsos
patriotismos, comeam a perder o sentido objetivo, eis que os efeitos dos danos causados
natureza passam a ter consequncias globais. Entre eles o clima, a reduo de corais
ocenicos, a reduo dos peixes marinhos de grande e mdio porte, a poluio atmosfrica,
os resduos nucleares,8o desaparecimento de espcies, os agrotxicos9 entre outros que
tm efeitos transfronteirios,no se detendo nas barreiras polticas ou geogrficas.
Hoje, emerge uma nova conscincia planetria resultante das novas tecnologias e
da prpria expanso do modelo neoliberal que prope mudanas profundas na forma de
produo e impacta, no s comunidades fragilizadas ou em situao de excluso, mas
tambm pases de economia forte e estvel.
Vemos nesta globalizao alternativa; a prpria internacionalizao dosproblemas, eis que muitas vezes estes mesmos problemas se repetem em muitas partes do
globo ou esto de alguma forma relacionados.
No se pode deixar de reconhecer aqui, que mais uma vez, uma das mximas de
Karl Max, notabiliza-se, na medida em que; as relaes de produo acabam por modelar
predominantemente as relaes sociais.
Cita-se Max, para clareza:
O modo de produo da vida material condiciona o processo devida social, poltico e intelectual em geral. No a conscincia do
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8 Disponvel em Acessado em 19 de Agosto de 2013.9 Estudo da WWF sobre a propagao de pesticidas. Disponvel em
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homem que determina seu ser, porm, ao contrrio, seu ser socialque determina sua conscincia"
Boaventura, em breve sntese, define a globalizao como um processo pelo qual
determinada condio ou entidade local estende a sua influncia a todo o globo e, ao faz-
lo, desenvolve a capacidade de designar como local outra condio social ou entidade
rival.
Ento, de fato, temos um mecanismo organizado que busca transpassar as
barreiras, no s geogrficas, que de certa forma perdem o sentido, atualmente, mas
tambm se impem sobre valores culturais, polticos, sociais e at mesmo na organizao
do espao social de outros pases e comunidades.
O autor, apontado, que serviu de referncia para inicio desta pesquisa, apoiou
indigita concluso em alguns fatos notrios e evidentes por si mesmos, que se observam
neste espao social global, ressaltando a insustentabilidade dos processos produtivos,
desigualdade social, crise funcional hodierna, e o esgotamento de recursos naturais.
Ento, esta reao social, constituda pelas redes e alianas transfronteirias
entre movimentos, lutas de classes, ONGs e outras entidades representativas da sociedade
civil, se unem para enfrentar a excluso socioeconmica, o desemprego, as pandemias,
direitos humanos, dios intertinicos, destruio ambiental, falta de moradia digna, etc.,
entre outros que o autor entende produzidos direta ou indiretamente pela globalizao
neoliberal.
Tal assertiva precedente, foi defendida por Boaventura em trs campos analticos,quais sejam; a cincia, o direito e o poder, e destacou-se a presena de um fenmeno que
consiste no desenvolvimento de epistemologias e teorias sociais que encerravam a
proliferao do que ele chamou de razo cnica, que estimula o inconformismo contra a
injustia e a opresso, impondo a crena de que no h nada para alm daquilo que existe.
Como remdio, o mesmo autor prope a reinveno dos caminhos da
emancipao social.
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4. DOS PROBLEMAS S SOLUES
Conforme exposto, existem foras imanentes ao modelo socioeconmico atual
que o impulsiona para um objetivo que no necessariamente atende as demandas sociais
por justia social ou democracia, e que tambm; no tem como escopo realizar as
propostas constitucionais de dignidade.
Assim, temos vrios grupos sociais com necessidades distintas e em diversos
nveis sociais de acesso, que convivem no mesmo espao social, geralmente em conflito, e
que como norma; buscam a felicidade ou seja, uma condio de menor sofrimento e
maior prazer, mas que tambm, nem uma nem outra das posies extremadas, no o fazem
da maneira mais acertadas.
A Constituio Federal reafirma estes valores no seu bojo, mas o sistema
econmico que permeia dominantemente a sociedade no os considera teleolgicamente
em seu objeto. Neste paradoxo reside o tnue equilbrio social.
Giza-se que a felicidade, tambm direito decorrente do princpio da dignidade
da pessoa humana conforme destacou na STA 223-AgR, o Relator Min. Celso de Mello,
em julgamento na data de 14-4-2008, que defendeu em seu voto; o direito de buscar
autonomia existencial, desvinculando-se de um respirador artificial que o mantm ligado a
um leito hospitalar depois de meses em estado de coma, implementando-se, com isso, o
direito busca da felicidade, que um consectrio do pr incpio da dignidade da pessoa
humana.
Ao tratar-se de reinventar a emancipao social, busca-se tambm lanar mais
luzes sobre as alternativas e os novos manifestos sociais que agora se instrumentalizam
na globalizao de oposio.
Ressalta-se ainda, que o neoliberalismo, dentre as diversas formas de globalizao
a predominantemente. Sua ao, no sentido de fazer o capital desvencilhar-se de barreiras
polticas e sociais, com pressuposto de que a atividade social melhor organizada sob a
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forma de mercado, acaba por tornar-se uma barreira a realizao de alternativas que no
adotem a mesma prerrogativa.
A distribuio desigual de custos e de oportunidades, como resultado da
superao destas barreiras, que de certa forma propiciavam certa proteo da economia
local, acabam agravando as dificuldades e o resultado em geral maior desigualdade social
entre pases ricos e pobres e entre os cidados destes pases.
Como o Estado vai se conformando a estas novas demandas capitais, o mercado
interno fica cada vez mais exposto a uma concorrncia globalizada que arrasa as
economias locais mais frgeis.
Neste sentido, a sociedade guiada por esta lei do menor esforo e os bens e
produtos ofertados sofrem grande desvalorizao quando comparados com o produto de
origem globalizada.
Entende-se ento, ser possvel por meio da reorganizao do espao social e em
especial pela organizao da foras produtivas da coletividade, atuando de formaisonmica na economia comunitria, a ampliao do acesso justia e da democracia.
A reorganizao inteligente e isonmica dos coletivos humanos, inclusive com
uso das novas tecnologias de informao, ofertando um sistema de sincronizao de oferta
e consumo, decises democrticas, acesso, entre outros, com o fim profcuo de perseguir a
realizao destes dados valores, inclusive assentados na Constituio Brasileira, apenas
limitada pela desinformao, ou seja; pela inexistncia de propostas emancipatrias noespao social.
Exemplos destes mecanismos de reorganizao do espao social, so as moedas
sociais, os bancos de tempo, a economia solidria e criativa e especialmente; as
cooperativas.
5. CARACTERSTICAS HODIERNAS DO ESPAO SOCIAL
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Neste ponto, estudar-se- alguns elementos destacados no recorte epistemolgico
proposto; democracia e justia social, em alguns mbitos do espao social, procedendo-se a
uma critica objetiva das condies deste ambiente de relaes e influncias diversas.
A proposta neste momento ento; fazer um recorte deste ambiente hodierno nos
principais mbitos ressaltando-se as caractersticas mais predominantes de cada um deles e
que se opem as foras emancipatrias sociais.
5.1.Direito Empresarial
O cdigo civil de 2002 positivou no direito brasileiro dois tipos, ou gneros desociedades; as simples e as empresrias.
So consideradas sociedades simples, aquelas que desenvolvem atividade civil ou
no empresarial. Essa denominao foi mesmo adotada pelo Cdigo Civil de 2002, que
substituiu o termo sociedades civispor sociedades simples.
So consideradas sociedades empresrias aquelas que exercem atividadeempresarial.
Segundo Fbio Ulhoa Coelho; A sociedade empresria pode ser conceituada
como a pessoa jurdica de direito privado no-estatal, que explora empresarialmente seu
objeto social ou a forma de sociedade por aes.
Neste sentido, observe-se que a lei prev duas excees para caracterizar associedades empresrias, quais sejam; as sociedades annimas ou por aes e as
cooperativas. No primeiro caso sero sempre empresariais, qualquer que seja seu objeto; e
as cooperativas sempre sero sociedades simples.
O Cdigo Civil, trs em seu artigo 983, as 05 (cinco) espcies societrias em que
a atividade empresarial deveconstituir-se; quais sejam: sociedade limitada; sociedade em
nome coletivo; sociedade em comandita simples; sociedade annima e sociedade em
comandita por aes.
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Estas vrias espcies de sociedades empresarias, foram criadas visando conformar
as diversas iniciativas econmicas em grupos sistematizados sob os quais as diversas
iniciativas privadas deveriam organizar-se e conformar-se.
A sociedade limitada, a sociedade em nome coletivo e a sociedade em comandita
simples so regulamentadas pelo Cdigo Civil, enquanto as sociedades annimas so
disciplinadas pela Lei n 6.404/76, enquanto as sociedades em comanditas por aes so
regradas pelos dois diplomas legais.
As sociedades simples com vocao empresarial, so reguladas principalmente,
pelas Leis n 5.764 de 1.971 e mais recentemente pela lei 12.690 de 2.012, que regulam asociedade Cooperativa.
Ou seja, so sociedades que no mereceram destaque especial no Cdigo Civil,
que apenas dedicou 3 (trs) artigos a esta sociedade. A breve abordagem deste diploma
ressaltou especialmente as implicaes de solidariedade com o sistema econmico e
algumas das relaes patrimoniais entres os cooperados e a sociedade cooperativa.
Neste sentido, observa-se que h uma clara tendncia da poltica legislativa em
privilegiar a regulao dos modelos em que o capital um dos elementos centrais, em
detrimento dos modelos em que os sistemas democrticos de decises so sempre
afastados ou na melhor das hipteses h uma direta relao entre o capital e o poder
decisrio.
5.2.Poltica e Economia
O capitalismo surgiu entre 1500 e 1850, numa transio do feudalismo para o
mercantilismo e logo para o capitalismo industrial. Nesta ltima transformao, o
excedente, que era somente uma quantidade de produtos produzida acima das necessidades
de sobrevivncia, tomou a forma de capital, ou seja; dinheiro, que poderia ser investido
para gerar lucro.
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O lucro, ento, era novamente investido para gerar mais lucros. Quando se obtm
lucro, ento este investido novamente para obter mais lucro, e assim por diante at ao
infinito.
Ao contrrio de qualquer sistema econmico anterior, este ponto central do
capitalismo e determina sua lgica.
A economia deixou de ser uma entidade esttica com base na produo camponesa
de bens a serem consumidos pelas elites, e passou a ser um intricado mecanismo de
capitais, poupados, investidos, e at mesmo no consumidos, mesmo quando ele
consumido pelos ricos.
Destarte, fica evidente neste cenrio, que qualquer engajamento que o capital faa
junto s causas sociais, est na verdade objetivando maximizar lucros, e isso no
diferente em nenhuma parte do mundo onde o capitalismo se instalou.
Riqueza d origem a uma mentalidade do eu-primeiro", como o psiclogo
Dacher Keltner destacou, e a ganncia que racionaliza "mina o comportamento moral."
Assim mesmo, as aes da iniciativa privada no sentido de melhorar as condies
do espao social, so meramente resultados colaterais da persecuo do objeto do
capitalismo.
Bill Gates e Warren Buffett podem dar bilhes de dlares para a caridade, assim
como a Fundao Ford j faz h vrios anos, mas o fato que o capital destas empresasest em guerra para crescer ou enfrentar a morte no duro campo de batalha dos lucros.
A maior parte das inciativas empresariais se amoldam a esta mesma situao, e o
acumulo de capital , leva invariavelmente ao acumulo de poder, que acaba por assegurar a
permanncia das iniciativas prprias.
Ento, o enfrentamento neste terreno deve ser precedido deste entendimento, eis
que nenhuma inciativa privada do capital motivar o descaminho de sua lgica, ainda
quando apoie movimentos sociais.
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Na obra de George Packer; No Death, No Taxes: The Libertarian Futurism of a
Silicon Valley Billionaire10, esta tese reforada e o autor expe: ...O bilionrio, co-
fundador da PayPal, Peter Thiel, por exemplo, doa uma quantidade significativa de
dinheiro a grupos sem fins lucrativos, mas grande parte desse dinheiro vai para empurrar
o seu pr-business na agenda poltica da direita.
Tambm no Brasil, no texto O Estado, a Empresa e o Mercado; Novas
tendncias de Direito Econmico e Comercial de Manoel Justino Bezerra Filho, destaca-
se:
Ressalta-se que o poder determinante no mercado o poder docapital financeiro, dos banqueiros em geral, que tudo podem e quetudo conseguem, pelo menos em termos de resultados legislativos.
Tambm para o Prof. Manoel Justino Bezzera Filho11da Universidade Mackenzie;
Reformulada a questo nestes termos, necessrio tambm quedesde logo fique fixado que, neste momento histrico, pelo menosno Brasil talvez no mundo todo - o poder determinante no
mercado o poder do capital financeiro, dos banqueiros em geral,que quase tudo podem e que tudo conseguem, pelo menos emtermos de resultados legislativos
Destarte, a poltica, ou os governantes tem andado em sintonia com a atividade
econmica desde seu insipido incio, criando um espao social organizado dentro destas
premissas, adotando um sistema poltico facilitador para este modelo, institucionalizando e
criando direito que representa, ou espelho, no da populao, mas das motivaes
basilares do capitalismo, facilitando sua operao plena e buscando equilibrar, no osefeitos devastadores sobre os meio-ambientes, mas em assegurar que o mercado no
colapse ou opere margem de regulao que o desestabilize.
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10 George Packer, No Death, No Taxes: The Libertarian Futurism of a Silicon Valley Billionaire, NewYorker, Nov. 28, 2011
11 http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/FDir/Artigos/manoeljustino2.pdf
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Desnecessrio dizer que estas polticas acabam por impedir o acesso direitos,
causando na verdade acumulo de capitais e desigualdades sociais, representando
importante bice realizao da justia social ou expresso da democracia.
Em resumo, o objeto do capitalismo, sendo o lucro, acaba por influenciar a agenda
poltica que orientada pela reeleio, e que para ser bem sucedida, em ltima anlise,
depende mais de recursos do que do nvel educacional da populao.
A maior parte das doaes das empresas so destinadas a projetos sociais de
ONGs vinculadas polticos ou familiares destes, especialmente para o recebimento destas
verbas, e que servem de plataforma poltica para reeleio.Com a reeleio do poltico vinculado a estas ONGs, assegura-se polticas
pblicas favorveis as empresas que gozam de uma legislao favorvel para seus
empreendimentos.
Tal fato notrio haja vista ser to exposto nas aes judiciais de improbidade,
corrupo, e causa frequentemente escndalos polticos e escarnio pblico.
5.3.Financiamento e Crdito
Geralmente as condies para financiamento ou emprstimo esto vinculadas a
capacidade do devedor, ou a garantias patrimoniais de ordem pessoal ou real, isto, resulta
em que a maior parte da populao em situao de excluso, portanto, no tem acesso a
qualquer tipo de crdito.
De fato os emprstimos bancrios so direcionados grandes grupos de
investimentos geralmente atrelados contratos governamentais que asseguram baixo risco
para o retorno do investimento, reforando as estruturas e modelos tradicionais de
investimento econmico, monoplios e oligarquias vinculadas ao poder poltico.
Tal dificuldade, no mbito popular e comunitrio, estimulou a formao de
associaes e at bancos sociais que promovem linhas de microcrditos para pequenos
negcios ou profissionais autnomos que precisam de pequeno capital de giro ou de
estabelecimento, a fim de prosseguirem em suas atividades laborais.
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Estes grupos de pessoas em geral trabalham na informalidade e no tem acesso a
crditos nas entidades bancarias tradicionais, mas precisam de pequenos capitais iniciais
para iniciarem uma pequena atividade econmica de gerao de renda.
Em 1998, foi fundado em Fortaleza CE, um banco comunitrio chamado de
Banco Palmas, em uma comunidade de 32 (trinta e dois) mil habitantes nos subrbios da
cidade. Este banco iniciou suas operaes baseado nos princpios da economia solidria, e
hoje uma OSCIP que rene hoje, numa espcie de rede, aproximadamente outros 52
(cinquenta e dois) bancos sociais comunitrios que oferecem microcrdito, moeda social e
outros servios financeiros para populao de comunidades de baixa renda.
Estes banco em geral estimulam o desenvolvimento da comunidade local
buscando superar as condies de pobreza e excluso, inclusive, por meio de projetos de
gerao de renda, redes de vendas de produtos e microcrdito orientado populao de
baixa renda, que de outra forma no teria acesso a qualquer tipo de financiamento
tradicional ou mesmo uma conta bancria onde pudesse depositar seu dinheiro.
5.4.Industrializao e Urbanizao
No desenvolvimento histrico do homem e durante o processo civilizatrio, v-se
uma migrao das populaes das reas rurais para as reas urbanas. Apesar deste
fenmeno fazer sentido do ponto de vista econmico, paradoxalmente a dependncia de
todos os tipos de suprimentos para abastecimento das populaes urbanas, tornou-se quase
que total.
Isto significa um obstculo ao processo de emancipao, eis que cria mais
dependncia dos mecanismos capitalistas de manuteno da vida, impulsionando as
comunidades subsuno crnica aos seus desideratos.
Alimentos, energia, gua, saneamento, habitao, alm de outros gneros diversos
para manuteno da vida so comanditeis do capital. Destarte, o indivduo obrigado a
trabalhar, no para produzir os bens necessrios a sua subsistncia, mas deve obter um
emprego, o que significa adeso ao mecanismo de gerao de lucro, que leva
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inevitavelmente a uma sobre-explorao da mo de obra, ou seja; da mais valia do trabalho
humano, elemento central do modelo capitalista.
Com o crescimento das cidades e adoo de arquitetura e urbanismos voltados
para otimizao do espao edificvel, o homem perdeu sua capacidade de
autossubsistncia, tradicionalmente encontrada no ambiente rural pelo uso da terra.
Apesar do ambiente rural carecer dos mesmos meios disponveis na cidade,
entende-se que paradoxalmente, hoje mais do que nunca, esto presentes os meios para
criao de espaos rurais urbanizados, confortveis, inclusivos e seguros, sem
necessariamente estabelecer condies de dependncia do mecanismo capitalista demanuteno da vida.
O custo da especulao imobiliria, os impostos urbanos, os impostos nas
compras de produtos de primeira necessidade, a dependncia do fornecimento de energia e
gua, entre outros fatores que costumam colocar boa parcela da populao em estreito grau
de dependncia.
A principal fora de dependncia est na prpria organizao urbana, que se
apresenta como uma malha de relaes de subordinao e poder que promovem a
organizao do espao urbano a fim de otimizar lucros.
Portanto, a premissa original que se deu durante a revoluo industrial, que atraiu
milhares de pessoas para as cidades, tem sido reforada em uma outra inovadora srie de
mecanismos mais complexos e obscuros que procuram reorganizar os espaos pblicos pormeio de legislao e que inclui; sistemas econmicos, instituies, politicas fiscais, de
sade, transporte, ocupao do solo, etc.
Na verdade, h uma organizao subordinada ao lucro, e que de fato coloca as
pessoas em situao de competio, na lei de oferta e da procura, supostamente
autorregulada, mas que na verdade s pode ser estruturada de forma mais ou menos
previsvel pelas grandes corporaes como os franchisings, bancos e instituies
financeiras, grandes maioristas e distribuidores, etc.
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Estes ltimos, so suficientemente estruturados, em matria informacional e
organizacional, para habilitarem-se a possibilidade de anlises mais ou menos precisas dos
potenciais riscos, elementos variveis, sistemtica conglobante de eventos, etc. Assim,
muitas vezes, minimizam o chamado risco do empreendedorismo prximo de zero,
deixando ao pequeno empreendedor, o risco maior e quase sempre no calculado.
No se trata de incompetncia do pequeno empreendedor, na maior parte das
vezes a falta do poder de anlise mercadolgica, que depende de uma rede que envolve
polticos, fluxo de dados comerciais e mercadolgicos, informaes bancrias,
populacionais e estatsticas entre outras que so determinantes para determinao do
sucesso ou fracasso dos investimentos.
Para o capitalismo uma situao confortvel eis que permite concentrar milhes
de consumidores em uma s regio, obrigando ao consumo de quase tudo que necessrio
para suprir as necessidades de subsistncia humanas. Alm disso, o empreendedor
capitalista, encontra disposio mo de obra em abundancia, inclusive suprindo a reserva
operacional das flutuaes de demanda.
5.5.Distribuio e Consumo
Conforme disposto anteriormente, a distribuio e consumo maiormente
concentrada nos centros urbanos, e inclusive, estes servem como centros de distribuio de
produtos para outras regies rurais e cidades interioranas e de outros estados.
A distribuio de bens de consumo se concentra em grandes maioristas capazes deofertar preos muito competitivos e impedir o crescimento de pequenos comerciantes que
se aventuram no mesmo ramo de vendas que estes.
Um exemplo o Wallmart, sabidamente no cria novos trabalhos onde se instala,
pelo contrrio, onde estes maioristas se instalam, excluem pequenos comerciantes e
empobrecem a regio.
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Um estudo publicado em 2008, no Journal of Urban Economics12que publica
trabalhos de pesquisas na rea de economia, examinou aproximadamente 3 (trs) mil lojas
que foram abertas da citada empresa nos Estados Unidos, e encontrou que cada loja aberta
causava um declnio de aproximadamente 150 (cento e cinquenta vagas) de emprego, por
conta dos comrcios e que encolheram ou fecharam, e os salrios tambm diminuram.
Assim, estes gigantes, quando escalam suas aes, causam impactos sociais
perversos e perniciosos. Estas aes so planejadas minuciosamente.
Observamos no Brasil o mesmo fenmeno recorrente, que nestes pases de fortecompetitividade e dinmica capitalista, a substituio de pequenos negcios, micro e
mdio empreendimentos, desaparecem, sendo substitudos por grandes centros comerciais
de maioristas.
5.6.Ideologia e Idiossincrasia Social
O termo ideologiafoi primeiramente cunhado por Destutt De Tracy, em seu livroElementos de Ideologia, de 1801, no qual esboou o conceito de uma cincia das ideias.
Tracy e seus colegas postularam que as ideias constituiriam a base sobre a qual se
assentavam a poltica, a economia, etc. Ou seja, as ideias constituam o alicerce da vida
social(EAGLETON, 1997, p.64).
Assim, esta viso exarada dentro do contexto revolucionrio francs, j ensejavauma construo ideada do espao social, e nos dias atuais, com o advento dos novos meios
de comunicao de massa, as ideias ganham fora global e permitem altos graus de
alienao, especialmente ante a pssima qualidade da educao e a estratificao social.
Ento que tipo de ideologiapermeia o espao pblico?
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12 http://www.journals.elsevier.com/journal-of-urban-economics/
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Um aspecto relevante no trabalho de Carl Marx; o conceito da existncia de uma
superestrutura ideolgica que emerge em nossa sociedade, criando uma espcie de vu
obscuro que encobre a verdadeira natureza das relaes de produo.
Marx notabilizou-se por imortalizar o conceito de ideologia e associ-lo crtica
da sociedade capitalista. Em suas obras compreende-se que a ideologia se relaciona com a
superestrutura da sociedade e ofusca a conscincia dos homens, criando uma falsa
impresso da realidade.A ideologia a falsa conscincia.
Tambm se observa no espao social uma constante averso s mudanas, sendo
que uma das possveis razes para resistncia s transformaes sociais; seja a ameaa queelas representam para interesses diversos.
Assim mesmo, existe o medo subjetivo das mudanas, eis que nos retira da zona
de segurana e conforto em que se pode esperar certa previsibilidade ao qual se est
acostumado. Entretanto, este medo infundado, na medida em que a histria da civilizao
humana , e continuar sendo, uma contnua transio num ambiente que experimenta
profundas modificaes com o passar do tempo.
O sistema de produo existente durante a revoluo industrial apresentou
problemas muito mais impactantes do que temos hoje, como foram as precrias condies
para o trabalho humano, as jornadas de trabalho contnuo por mais de doze horas, a
explorao da mo de obra infantil, a falta de segurana das fbricas, a ausncia de direitos
para os trabalhadores em geral, ausncia de politicas de sade e segurana dos
trabalhadores, etc.
Ora, apesar de tantos problemas, no resta dvida de que aquele momento
histrico foi um dos grandes modificadores do estilo de vida, arquitetura, tecnologia e
desenvolvimento social pelo qual a humanidade passou.
Destarte, o que se apresenta mais condizente com nossa histria a continuidade
do experimento social para transcender as limitaes da nossa sociedade atual e propiciar
prosperidade e qualidade de vida para todos.
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Nosso futuro no depende das crenas atuais ou dos costumes sociais, e
continuar a evoluir para um conjunto de valores prprio de cada poca futura.
Ento, apesar do pouco interesse dos poder econmico dominante em buscar
transformaes que possam desestabilizar ou comprometer a lucratividade; inevitvel que
setores e agentes sociais continuem em luta emancipatria. Alm disso, outras foras de
transformao se impe por meio de toda sorte de fenmenos tecnolgicos, naturais e
econmicos que modificam constantemente o espao social, trazendo eventos sociais
imprevisveis, exceo da prpria mutabilidade que lhe inerente.
5.7.Educao
Historicamente, o processo educativo como conhecemos hoje iniciou-se na
Prssia no final do sculo XVIII e incio do sculo IXX, num momento histrico
conhecido como Despotismo Ilustrado. Naquele momento histrico-social, criou-se o
conceito da educao pblica, gratuita e obrigatria, que adotava o modelo espartano
baseado na diviso de classes e castas, disciplina, obedincia e o regime autoritrio.
As guerras que estavam nascendo durante aquele perodo motivavam a criao de
um povo dcil e obediente e o modelo se espalhou pelas naes que buscavam, no a
formao de cidados, mas de sbditos obedientes.
O discurso era a educao para todos e a igualdade, mas na verdade o que se
buscava era perpetuar modelo elitista e a diviso de classes.
Por volta de 1820 chega Frana o modelo Prussiano. Napoleo manifestou-se
da seguinte maneira; eu quero formar um corpo docente para formar a opinio dos
franceses.
Assim, a escola nasceu num mundo positivista regido por uma economia
industrial que buscava os melhores resultados com o menor investimento possvel.
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A escola era resposta para formao de trabalhadores, e vrias fundaes,
patrocinadas pela indstria, passaram a financiar a formao de mo de obra, entre elas a
Fundao Ford.
Entende-se que o objeto do sistema educacional moderno, derivado do prussiano e
sem grandes modificaes at hoje, simplesmente reforar e repetir o modelo social
estratificado e voltado ao lucro, repetindo as bases originais, buscando conservar a
estrutura atual da sociedade.
Controle da conduta, nacionalismos, produo industrial e cadeia de montagem,
so aspectos que se reproduzem na escola de hoje em dia. Separam-se as crianas emvrios nveis, etapas e contedos previamente determinados, evidentemente a um fim
utilitarista.
Qual o objetivo teleolgico da Educao moderna ?
Temos hoje a chamada educao administrativa, sem conexes espaciais ou
temporais. Por sculos, as escolas se parecem muito com as fbricas ou as prises,desumanizando as relaes e homogeneizando pessoas e contedos.
Os alunos mais adaptveis so selecionados para universidade e para a elite dos
sistemas produtivos.
Ivan Ilyich, um filsofo austraco esclarece em um artigo 13 publicado de 03 de
Dezembro de 1970 na The New York Review.
A escola, conforme sugeri no meu artigo prvio, oprincipal componente do sistema de produo do consumidor, aqual, tem se tornado cada vez mais complexa, especializada e
burocratizada. A escolaridade necessria para produzir os hbitose expectativas da sociedade de consumo gerenciado.Inevitavelmente, ela produz dependncia institucional eclassificao, apesar de qualquer esforo por parte do professor
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13 http://www.nybooks.com/articles/archives/1970/
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para ensinar o contrrio. uma iluso que as escolas so apenasuma varivel dependente, uma iluso que, alm disso, proporciona-lhes, os rgos reprodutivos de uma sociedade de consumo, comsua imunidade.
E assim fecha-se este breve panorama em que se pde observar a extrema
conexo entre o objeto do capitalismo e os rumos sociais adotados pelo mundo
globalizado, criando relaes de dependncia e poder e que finalmente se refletem nas
estruturas jurdicas do pais, criando no espao social reflexos institucionalizados das
derivaes do poder.
Neste cenrio, os movimentos sociais, em busca de emancipao, se lanam emincansveis batalhas emancipatrias, muitas vezes desorganizadamente e
aprioristicamente. Assim mesmo, quando minimamente organizados, se enveredam pela
razo cnica, orientando-se pelos mesmos arcabouos sociais, polticos e econmicos
existentes, apresentados pelo sistema como essenciais e assertivos.
6. AS ALTERNATIVAS AO MODO DE PRODUO CAPITALISTA
A essncia do trabalho realizado pelas instituies, coletivos e indivduos que se
deparam com o tema da injustia social e da opresso econmica; que em ltima anlise,
derivada do sistema democrtico representativo, que tambm no prope o devido
enfrentamento da questo da incluso socioeconmica; a emancipao social por meio da
reduo da dependncia econmica.
O enfrentamento desta questo o cerne e o ponto central da abordagem sistmica
para viabilizao da emancipao social, eis que no foi superado efetivamente at apresente data.
No se pode mudar nenhum dos paradigmas, sejam eles sociais, polticos,
educacionais, cientficos, sem encontrar-se primeiramente uma resposta no plano
econmico, eis que essencialmente a vida humana depende da atividade econmica de
subsistncia.
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A notria escassez de bens e servios, na verdade relativa, eis que h grande
diversidade conceitual de ordem subjetiva quando se trata de tentar definir aquilo que
essencial ou no o .
Examinar-se- seguidamente, os elementos e instrumentos institucionais e
organizacionais capazes de ofertar uma alternativa sistematizada para uma transio vivel
de modelos.
Neste sentido, h imperiosa necessidade de proporem-se alternativas fora daquilo
que existe, eis que as reprodues ideolgicas sistmicas at a presente data, oferecem
baixa ou nenhuma expectativa significativa na superao dos modos de relao deproduo entre as pessoas, e pior, mantm uma falsa expetativa de transformao por meio
da poltica ou dos apelos s motivaes imediatistas, pela conquista de bens materiais ou
imateriais (status, fama, poder, etc.) que so as prprias respostas do sistema que se busca
superar.
Prope-se ento, uma conjuno de elementos disponveis e novos conceitos,
reorganizados de forma assertiva e inovadora, a fim de criar elementos transformadoresdentro do espao social.
Propugna-se, no o socialismo ou comunismo ou qualquer outro sistema
econmico ou politico antes existentes, mas uma forma inteiramente nova de organizao
do espao social, e que seja inteiramente isonmica por meio de Justia Social e
Empoderamento Democrtico.
Conforme se observa no plano tecnolgico, hoje esto disponveis novas recursos
de comunicao, instrumentos de anlises de redes e de organizao informatizada das
atividades humanas, alm de novas tecnologias de organizao do espao pblico.
Porque no esto amplamente em funcionamento redes sociais isonmicas
distribudas com enfoque organizacional econmico?
A resposta no evidente e esto presentes variveis em mltiplas equaes
sociolgicas que no atingem o escopo do presente trabalho, que simplesmente apresenta
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uma das possveis combinaes possveis para organizar o espao social com relativa
independncia da poltica regulatria dos governos e apoiada na legislao vigente.
Entende-se que, de fato, no h impedimentos legislativos para a proposta de
reorganizao destes espaos, sendo os fatores impeditivos, maiormente relacionados
ausncia de um paradigma alternativo de reorganizao social, visando emancipao e
consequente justia e democracia.
7. AS COOPERATIVAS
Como primeiro elemento deste arcabouo investigativo proposto, apresenta-se oinstituto do cooperativismo, meio de associativismo pelo qual as pessoas se renem para
promoo de meios para gerao de renda, aquisio de meios de produo, auxilio mtuo
e enfrentamento das dificuldades de forma coletiva.
Outro aspecto relevante para destaque deste Instituto; que as cooperativas
negam a separao dos meios de produo e do trabalho, que negada pelo capitalismo.
Apesar de que estes bens, os meios de produo, passam a fazer parte do ativo daCooperativa, este meio de realizao econmica, e tem como escopo principal a gerao
de trabalho ou a prestao de servios aos seus associados, ou seja; no destinados ao lucro
como fim precpuo.
O instituto Cooperativo ser o elemento central deste trabalho, eis que trata-se do
mais importante meio de propulso de progresso econmico de coletivos autogestionados,
organizados para subsistncia da vida.
7.1. Perspectiva Histrica e Social
Ainda que pese historicamente, que os indcios do aparecimento das organizaes
fundamentadas nos moldes cooperativistas, tenham surgido bem antes na sociedade, a
Aliana Cooperativa Internacional (ACI), considera que o nascimento do cooperativismo
moderno, deu-se na cidade de Rochadale, quando um grupo de 28 operrios da regio de
Manchester em sua maioria teceles, se uniram para superar as dificuldades impostas pelaindustrializao e buscaram uma forma de organizao mais justa e democrtica.
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Assim, em 1844, nasce a primeira cooperativa moderna, a Sociedade dos Probos
de Rochdale, pertencente ao Ramo de Consumo. Da em diante o movimento
cooperativista comeou a ganhar fora e espalhar-se pelo mundo.
Naquela ocasio, ano de 1844, em meio Revoluo Industrial, onde as condies
de trabalho degradantes castigavam o operariado, estes 28 (vinte e oito) teceles se
organizaram e criaram uma cooperativa de consumo nos moldes que conhecemos hoje. Tal
organizao seria regida por princpios prprios, balizadas por valores do ser humano e na
democracia como soluo dos problemas.
Em 1848, a cooperativa j contava com 140 membros e, passados 12 (doze) anos,atingiu 3.450 (trs mil quatrocentos e cinquenta) associados com um capital de 152 (cento
e cinquenta e duas) mil libras.
Atualmente14, o setor cooperativo rene mais de 1 (um) bilho de pessoas em
mais de 100 (cem) pases, com mais de 100 milhes de empregos e presente nos cinco
continentes. Em 2010, as 300 (trezentas) maiores cooperativas do mundo tiveram uma
movimentao econmico-financeira de US$ 1,6 (um e seis dcimos) trilho, e entre elasest a Cooperativa de Produtores de cana-de-acar, acar e lcool do Estado de So
Paulo (Coopersucar).
Os cooperativistas so representadas mundialmente pela Aliana Cooperativa
Internacional (ACI), uma instituio independente e no governamental, com sede em
Genebra. A ACI foi fundada em Londres, em 1895, e seus integrantes so provenientes de
organizaes cooperativas atuantes em diversos ramos da atividade econmica.
7.2.Princpios e Valores
Os princpios que inspiram e motivam o cooperativismo nortearam a forma de
atuao dos pioneiros de Rochdale e, mesmo tendo sido revistos pela Aliana Cooperativa
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14 Revista Jurdica Consulex Ano XVI- N' 375 - 1' de Setembro/2012
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Internacional em trs ocasies: 1937, 1966 e em 1995 so, ainda hoje, os alicerces de todas
as cooperativas do mundo:
a) Adeso voluntria e livre: Instituies sem discriminaes, permitem a adeso eo ingresso de trabalhadores livremente, cumpridos pr-requisitos e regulamentos.b) Gesto democrtica e livre : Empoderamento coletivo e deciso democrtica,
cada pessoa um voto.c) Participao econmica dos cooperados: Contribuio equitativa e retiradas
proporcionais as operaes ou trabalhos realizados, fundos de benefcios coletivos.d) Autonomia e independncia: So instituies autogeridas, mantendo a autonomia
de sua direo, inclusive com previso constitucional.e) Educao, formao e informao: As cooperativas promovem a educao e a
formao de seus cooperados, funcionrios, de forma que estes possam contribuireficazmente para o desenvolvimento da cooperativa. Divulgam os princpios de
cooperativismo, e informam a natureza e os benefcios da cooperao para opblico em geral, particularmente para os jovens e os lderes de opinio.
f) Intercooperao : Pelo qual as cooperativas buscam trabalhar integradas asestruturas locais, s comunidades e a outras cooperativas.
g) Interesse pela comunidade : a disposio de trabalhar para o desenvolvimento(entrou para o rol em setembro de 1995).
Assim, o cooperativismo est fundamentado em sete princpios a partir dos quais se
leva seus valores prtica para alm do prprio instituto jurdico e abarca aspectos sociais,
culturais e humanos que representam ideias que motivaram a origem e formao do
movimento.
7.3.O Cooperativismo no Mundo
O modelo cooperativo, dada a sua simplicidade e despretenso, evoluiu para
tornar-se uma das melhores prticas de negcios de todos os tempos. O cooperativismo foi
profundamente influenciado pelo ento movimento reformista do sculo XXI.
Robert Owen, Franois Charles Fourier, Claude Saint- Simon, Louise Blanc e
Ferdinand Lassalle, entre outros pensadores, humanistas, empresrios, cientistas sociais,
etc., foram os pilares que defenderam fortemente uma sociedade de justia, atuando contra
a desigualdade na distribuio de riqueza, fenmeno que durante a revoluo industrial
empobreceu as populaes. Eles trabalharam firmemente convencidos de que a unio
coletiva e a organizao comunitria seriam os elementos essenciais para realizao de
justia social e democracia.
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Aps a abertura da primeiro armazem de viveres da Sociedade Rochdale, que foi
to bem aceito, que em 1860, a Sociedade j tinha se expandido para 3.450 membros,
outras lojas foram abertas e a cooperativa se expandiu para outras reas de atuao
(atacado e frigorficos).
Inspirados em Rochdale, a experincia foi replicada na Inglaterra, na Esccia e em
outras partes da Europa.
Atualmente, pelo mundo, as cooperativas mobilizam cerca de 1 (um) bilho de
pessoas em mais de 100 (cem) pases, respondendo pela gerao de 100 milhes de
empregos diretos.
Neste esteio, encontramos atualmente grandes corporaes no mundo
cooperativo, sendo a mais expressiva, pelo seu porte econmico e ramo de atividades, a
cooperativa espanhola Mondragon, a qual ser examinada em detalhes.
A representatividade das cooperativas foi reconhecida pela Organizao das
Naes Unidas, por meio da decretao de 2012, como o Ano Internacional dasCooperativas.
Vivemos, portanto, um marco na histria do cooperativismo e um momento muito
propcio para avanar no desenvolvimento deste instituto como elemento de transformao
social.
As prticas e princpios que se desenvolveram naquele perodo, tm sidorecorrentes at hoje, na forma de organizao das sociedades cooperativas por todo o
mundo.
Alm disso, o cooperativismo tornou-se um instrumento mundial, ao alcanse das
populaes, para superao do desemprego ou falta de trabalho, tem representado uma
opo mundial pela tranformao dos espaos sociais, eis que o instituto tem forte presena
e atuao no mbito social, disponibilizando acesso a educao, bens e servios a preos
justos, compras coletivizadas, empoderamento poltico, alm de superao da pobreza,
melhoria da qualidade da habitao, sade, etc.
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Porm um aspecto crnico das cooperativas, especialmente daquelas dedicadas a
atividade produtiva que enfrentam grande dificuldades no mercado competitivo de
produtos industrializados, eis que necessitam de maiores investimentos e habilidades
gerenciais.
7.4. O Cooperativismo no Brasil
No Brasil, as primeiras prticas cooperativistas tiveram incio com as experincias
de padres jesutas no sul do pas no incio do sculo XVII.
Considera-se que atravs do Padre jesuta Theodor Amstad, que em 1902, noEstado do Rio Grande do Sul, como bom conhecedor da experincia alem de
cooperativismo, estimulou a formao e a instalao destes institutos no sul do pas, onde
as primeiras cooperativas de crdito e agrcolas foram estabelecidas.
O modelo proposto pelo Padre Amstadt desenvolveu-se em pequenas
comunidades rurais e baseava-se na honestidade de seus cooperados.
Esses religiosos, auxiliados pela persuaso religiosa, movidos pelos princpios de
caridade e de auxilio mtuo, que inclusive os ndios brasileiros j praticavam na forma de
mutires, fundaram estas redues jesutas que eram comunidades solidrias
fundamentadas no trabalho coletivo com objetivo de promover o bem-estar comum dos
membros da comunidade.
De outro lado, a cultura cooperativa chegou ao Brasil tambm na bagagem deimigrantes europeus que j tinham experincia em seus respectivos pases com a ideia do
trabalho associativo e comunitrio entre as famlias. Os alemes e os Italianos foram de
grande influncia na rea agrcola, o que os motivou a organizarem-se em cooperativas nas
regies onde se instalaram.
As cooperativas desenvolveram-se num modelo autnomo, voltado para suprir as
necessidades dos prprios membros, evitando a dependncia de outros agentes produtores.
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Para atuar em defesa do movimento cooperativista, foi criada em 1969 a
Organizao das Cooperativas Brasileiras (OCB), entidade reconhecida como
representante oficial do setor no pas. A OCB uma sociedade civil, sem fins lucrativos,
com neutralidade poltica.
Hoje, existem aproximadamente 6.586 (seis mil oitocentos e cinquenta)
cooperativas brasileiras, rurais e urbanas, que renem 10 (dez) milhes de associados e
geram 296 (duzentos e noventa e seis) mil empregos diretos, movimentando uma parcela
significativa da economia brasileira.
Segundo o Censo Agropecurio de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatstica, Cerca de 50% (cinquenta por cento) da produo das principais culturas do
Brasil, passam de alguma forma por uma cooperativa.
Outro aspecto relevante que no Brasil, segundo o Banco Central do Brasil,
existem em 45% (quarenta e cinco por cento) dos Municpios algum tipo de cooperativa de
crdito e a cada dois uteis um novo posto de atendimento aberto.
Isto representa um importante papel social eis que em geral as cooperativas atuam
nos segmentos em que os Bancos costumam no ter nenhum tipo de presena, com
atividades variando desde o microcrdito ao financiamento de pequenas reformas ou ainda
crdito de risco para populao carente, que como visto, em geral no tem acesso a outras
linhas de crdito alternativas. Assim mesmo, muitos que esto negativados em servios de
proteo ao crdito, recorrem as cooperativas de crdito para realizar algum tipo de direito
social, fazendo das cooperativas de crdito, um importante meio para incluso econmica esocial. Pode-se dizer o mesmo dos demais onze atividades econmicas, nas quais as
cooperativas tem atuado.
O cooperativismo brasileiro abrange 13 (treze) reas econmicas: agropecurio,
consumo, crdito, educacional, especial, habitacional, infraestrutura, mineral, produo,
sade, trabalho, transporte, turismo e goza de reconhecimento no cenrio
socioeconmico do pas.
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Em 2010 existiam mais de 6.652 (seis mil seiscentas e duas) cooperativas,
congregando mais de 9 (nove) milhes de cooperados e empregando por volta de 290
(duzentos e noventa) mil trabalhadores. Ou seja, trata-se de um sistema econmico e social
de relevncia indiscutvel e que merece especial ateno.
7.5.Disciplina Jurdica e Legal das Cooperativas
Estudar-se- adiante, as principais caractersticas apontadas na legislao que
compe a disciplina jurdica das cooperativas, ressaltando-se os aspectos relevantes para
construo de propostas emancipatrias que seguidamente sero apresentadas.
As cooperativas so sociedades de pessoas de natureza civil, possuem uma forma
jurdica prpria, e foram previstas em geral para prestar servios aos associados ou para
produo de bens.
No comeo da dcada de 1970, surgiu a Organizao das Cooperativas
Brasileiras, apoiada pelo Ministrio da Agricultura que visava fomentar a produo
agropecuria. Aps um ano veio a Lei 5.764/71, que definiu a Poltica Nacional deCooperativismo e instituiu o regime jurdico das cooperativas.
Somente em 1988, com o fim da ditadura e a promulgao da atual Constituio
Federal, que o cooperativismo ficou livre do controle estatal e passou a ter autonomia para
autogesto.
A nova Constituio Federal de 1988, estabeleceu em seu artigo 5, inciso XVIII,
que; a criao de associaes e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento;
Assim, encontramos disposies sobre as cooperativas em trs oportunidades na
Constituio Federal:
a) Ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, no Art. 5, inciso XVIII , estabeleceu
que o Estado no pode interferir no seu funcionamento das cooperativas sendo vedada
e interferncia e no dependem de autorizao prvia estatal para seu funcionamento;
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b) Ao tratar dos princpios gerais da atividade econmica, estabelece que a lei apoiar e
estimular o cooperativismo e outras formas de associativismo (CF, art. 174, 2.o);
c) Quando tratou da poltica agrcola, estabelecendo considerao especial ao
cooperativismo (CF, art. 187, VI).
Destarte, as sociedades cooperativas receberam um tratamento diferenciado,
ganhando status constitucional ao serem positivadas nos artigos 146, III, c, 174, 2 e
187, VI) que dispem, in verbi, da Constituio Federal:
Art. 146 Cabe lei complementar:
[...]IIIestabelecer normas gerais em matria de legislao tributria,especialmente sobre:[...]c) adequado tratamento tributrio aos atos cooperativospraticados
pelas sociedades cooperativas.(g.n.)[...]Art. 174 Como agente e regulador da atividade econmica, o
Estado exercer, na forma da lei, as funes de fiscalizao,incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
pblico e indicativo para o setor privado.
[...]2 A lei apoiar e estimular o cooperativismoe outras formasde associativismo.(g.n.)[...]Art. 187. A poltica agrcola ser planejada e executada na forma
da lei, com a participao efetiva do setor de produo, envolvendoprodutores e trabalhadores rurais, bem como dos setores decomercializao, de armazenamento e de transportes, levando emconta, especialmente:[...]VI - o cooperativismo;(g.n.)
7.5.1. Aspectos Relevantes da Regulao Infraconstitucional
Conforme o Cdigo Civil, as cooperativas so sociedades simples,
independentemente do objeto social (CC, art. 982, pargrafo nico), cujos scios se
obrigam a contribuir com bens ou servios para o exerccio de uma atividade econmica,
de proveito comum e sem fins lucrativos.
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Destarte, o objeto social no est circunscrito atividade cientfica, artstica ou
literria ou a atividade rural de pequeno porte, impostas s demais sociedades simples.
No esto submetidas falncia, e no caso de insolvncia, estaro submetidas a
concurso de credores e processo de execuo coletiva (CPC, art. 748 e seguintes)
O mesmo parece dar-se quanto ao de recuperao judicial, eis que ficou
implcito na Lei 11.101/2005, Lei de Recuperao e Falncias (LRE), que as cooperativas
no podem impetrar pedido de recuperao judicial.
Por isso, sendo um instituto que apesar da no estar sujeito a falncia, masinsolvncia, que ao final tambm resultar nas mesmas consequncias e a perca de postos
de trabalho e de produo, tramita no Congresso Nacional, um projeto de lei que pretende
dar nova redao ao art. 1, da LRE, in verbis:
Art.1. Esta lei disciplina a recuperao judicial, a falncia e arecuperao extrajudicial do empresrio, da sociedade cooperativae da sociedade empresria, doravante referidos simplesmente comodevedor.
As sociedades cooperativas foram objeto de regulao recente por meio da Lei
12.690/12, e que trouxe um novo marco regulatrio, introduzindo algumas modificaes
aplicveis s cooperativas de trabalho, o que as tornou mais flexveis e menos burocrticas.
Assim, no plano infraconstitucional as sociedades cooperativas so disciplinadas
principalmente pela Lei 12.690/12, subsidiariamente e no que couber; pela Lei 5.764/71,
pelo Cdigo Civil, nos artigos 1.093 a 1.096, sendo que; no que a lei for omissa, aplicam-se as disposies referentes sociedade simples, resguardadas as caractersticas
estabelecidas no art. 1.094 do CC.
Apesar destes diplomas disciplinarem praticamente o instituto, ainda restam
alguns aspectos do regime jurdico das cooperativas que esto traados em legislao
subsidiria.
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A Lei 12.690 de 2012, veio reforar a poltica governamental que visa reduzir o
uso fraudulento das cooperativas e estimular a abertura de novas vagas e oportunidades de
trabalho e renda.
Quanto a Lei 5.764/71, o primeiro aspecto que se ressalta a dvida sobre a
natureza jurdica da lei. Nos mbitos acadmi