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Proposta de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede para Eficientização do Uso da Energia Elétrica no CT/UFRJ Luciana Abreu da Conceição PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA. Aprovada por: _________________________________ Prof.:Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing (Orientador) __________________________________ Prof. Sérgio Sami Hazan, Ph. D (Membro da banca) ___________________________________ Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr.Eng (Membro da banca) UFRJ RIO DE JANEIRO Julho de 2011

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  • Proposta de um Sistema Fotovoltaico Conectado Rede para Eficientizao do Uso da

    Energia Eltrica no CT/UFRJ

    Luciana Abreu da Conceio

    PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

    ENGENHARIA ELTRICA DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

    NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO

    ELETRICISTA.

    Aprovada por:

    _________________________________

    Prof.:Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing

    (Orientador)

    __________________________________

    Prof. Srgio Sami Hazan, Ph. D

    (Membro da banca)

    ___________________________________

    Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr.Eng

    (Membro da banca)

    UFRJ

    RIO DE JANEIRO

    Julho de 2011

  • ii

    AGRADECIMENTOS

    Concluir a graduao acredito ser o meu maior desafio de vida. A

    responsabilidade aumentou ao cumprir este desafio numa das maiores e mais renomadas

    universidades do Brasil.

    Agradeo aos meus pais, Antnia e Alberto, que me proporcionaram realizar

    este grande sonho, sem eles no seria possvel chegar at aqui.

    Aos professores com os quais tive a oportunidade de dividir alegrias, tristezas,

    mas, sobretudo adquirir conhecimento tcnico para a vida de um engenheiro eletricista.

    Ao meu querido Z, que me ajudou sempre com pensamentos positivos para a

    minha caminhada.

    Aos amigos, agradeo por todo apoio dado a mim e as alegrias vividas no

    campus e fora dele. Em especial aos amigos Marcos, Glucio, Marilu e Gisele.

  • iii

    RESUMO

    O objetivo do presente trabalho a proposta de um sistema fotovoltaico de

    energia eltrica a ser conectado rede para gerao de energia a ser utilizada para

    proporcionar eficientizao energtica no consumo durante o horrio de ponta e na

    demanda, quando esta ultrapassada no Centro de Tecnologia da Universidade Federal

    do Rio de Janeiro CT / UFRJ.

    As faturas de energia eltrica do ano de 2009 foram estudadas a fim de analisar o

    perfil de consumo e demanda do CT / UFRJ.

    A partir da especificao tcnica de um sistema fotovoltaico de energia eltrica,

    estimada a energia alternativa produzida anualmente pelo sistema e sua conseqente

    economia na fatura de energia. Alm disso, a idia suprir a demanda de energia

    quando esta ultrapassar a demanda contratada. O estudo de viabilidade econmica

    utiliza ndices econmicos que permitem traduzir a atratividade de um investimento.

    Dentre estes ndices, a relao custo benefcio (RCB) e o tempo de retorno do capital

    sero ndices imprescindveis de anlise.

    A partir dos resultados preliminares encontrados pode-se afirmar que a

    implantao do projeto vivel, apesar do alto investimento inicial necessrio para tal e

    da necessidade de estudos complementares para analisar todos os aspectos tcnicos da

    referida implantao.

    Palavras-Chave: Sistema fotovoltaico, Energia Alternativa, Eficientizao Energtica,

    Reduo de Demanda

  • iv

    ABSTRACT

    The aim of this paper is the proposal of a photovoltaic power system to be

    connected to the low voltage electrical network as a measure of energy efficiency to

    be implemented to provide energy efficiency to the consumption in the high power

    consumption hours and when the demand is exceeded at the CT / UFRJ.

    The bills of energy in 2009 were studied to analyze the consumption and

    demand profile of Technology Center.

    From technical specification of a photovoltaic energy system, the alternative

    energy produced annually by the photovoltaic system was estimated and its

    consequent economy in energy bill at peak hours. Moreover, the idea is to

    supply the energy demand when it exceeds the demand contractually committed.

    The economic feasibility study uses economic indicators that convey the excitement of

    investment. These indices can highlight the cost benefit relationship (CBR ) and time of

    return of the capital.

    The preliminary results show that the project implementation could be

    economically feasible, despite the high initial investment required for this and the need

    for complementary studies to analyze other technical aspects of the implementation.

    Key words: PV, Alternative Energy,Energy Eficiency, Demand Reduction

  • v

    Lista de Figuras e Tabelas

    Figura 1 Taxas mdias anuais de crescimento do PIB e do consumo de energia

    eltrica.

    17

    Figura 2 - Localizao do Centro de Tecnologia no Campus da UFRJ 28

    Figura 3 - Seccionadora Principal do CT-UFRJ 29

    Figura 4 - Localizao Aproximada das Subestaes do CT-UFRJ 29

    Figura 5 - Evoluo do consumo de energia eltrica nos ltimos cinco anos. 31

    Figura 6 - Diagrama esquemtico de sistema fotovoltaico conectado

    diretamente rede eltrica de baixa tenso.

    33

    Figura 7 - Exemplo de Sistema Fotovoltaico distribudo Conectado Rede 34

    Figura 8 - Especificaes Fsicas do Sistema Fotovoltaico Conectado Rede. 36

    Figura 9a Caractersticas de Voltagem x Corrente dos mdulos fotovoltaicos em vrias temperaturas de clulas Especificaes Eltricas do Sistema

    fotovoltaico conectado rede

    36

    Figura 9b - Caractersticas de Voltagem x Corrente dos mdulos fotovoltaicos

    em vrios nveis de irradiao

    36

    Figura 10 - Radiao solar mdia na Cidade do Rio de Janeiro. 37

    Figura 11 - Radiao solar mdia mensal e anual no plano inclinado na Cidade

    do Rio de Janeiro.

    38

    Tabela 4.1 Consumo Nacional de Energia Eltrica por Classe 15 Tabela 5.1- Potncia Total das Subestaes do Centro de Tecnologia 30

    Tabela 5.1.1 - Consumo de energia eltrica no CT nos ltimos cinco anos. 31

    Tabela 6.1.1.1 Especificaes Eltricas do Sistema Fotovoltico Conectado Rede.

    35

    Tabela 6.1.2.2 - Clculo mensal da energia produzida por meio de um sistema

    de 10 kW com mdulos fotovoltaicos no Rio de Janeiro.

    40

    Tabela 6.1.3.1 - Custos da aquisio do sistema fotovoltaico emitido pelo

    fornecedor Solar

    41

    Tabela 6.1.4.1- Estimativa de reduo de Consumo no Horrio de Ponta

    anualmente.

    42

    Tabela 6.1.4.2- Estimativa de reduo de Demanda de Ultrapassagem

    anualmente.

    42

    Tabela 6.1.5.1- Valor da RBC do SFCR para consumo na ponta 43

    Tabela 6.1.5.2 - Valor da RBC do SFCR para demanda de ultrapassagem. 43

    Tabela 6.1.5.3 Tempo de Retorno Simples 43

  • vi

    SUMRIO

    AGRADECIMENTOS ii

    RESUMO iii

    ABSTRACT iv

    LISTA DE FIGURAS E TABELAS v

    1- IN 1. INTRODUO 1

    1.1. Objetivo. 2

    1.2 Metodologia. 3

    2. EFICINCIA ENERGTICA E SEUS POTENCIAIS DE CONSERVAO

    4

    2.1. Programas de Incentivo. 5

    2.1.1 PROCEL. 5

    2.1.2 Barreiras. 6

    2.1.2.1. Imperfeies de Governo. 6

    2.1.2.2 Aspectos Institucionais. 7 2.1.2.3 Infraestrutura. 7 2.1.2.4 Informao e Treinamento. 7

    2.1.2.5 Concessionrias. 8 2.1.2.6 Procedimento de Compras. 9

    3. EDIFCIOS INTELIGENTES 10

    3.1.Tcnicas e Prticas Utilizadas no Edifcio Verde 10

    3.2 Energia Solar 11

    3.1.2.1.Radiao Solar 12

    3.1.2.2.Tecnologias de Aproveitamento 13

    3.3. Sustentabilidade 14

    4. EVOLUO DO CONSUMO DE ENERGIA ELTRICA 15

    4.1. Anlise do Perfil de Consumo. 17 4.1.1.Fator de Carga. 17

    4.1.2 Fator de Potncia. 19

    4.2. Avaliaes do Projeto de Eficincia Energtica. 22 4.2.1. Avaliao Econmica e Financeira. 22

    4.2.2. Valor Presente Lquido. 23

    4.2.3. Tempo de Retorno de Capital. 24 4.2.4. Relao Benefcio Custo RBC. 25

    5. O CENTRO DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

    DO RIO DE JANEIRO CT UFRJ

    26

    5.1. Consumo de Energia Eltrica no CT 30

    5.1.1. Tarifao. 32

    6. PROPOSTA TCNICA 33 6.1. Sistemas Fotovoltaicos de Energia Conectados Rede SFCR. 33

    6.1.1. Caractersticas do Sistema Fotovoltaico. 35

    6.1.2. Clculo da Estimativa de Energia a Ser Produzida pelo SFCR. 37 6.1.3. Gastos de Instalao. 41

    6.1.4. Estimativas de Reduo de Consumo na Ponta e Demanda de Ultrapassagem

    42

    6.1.5. Relao Benefcio- Custo e Tempo de Retorno.

    43

  • vii

    7. CONCLUSO 45

    8. BIBLIOGRAFIA 47 Anexo 1- Tabela de dados faturamento de energia 50

    Anexo 2- Definies e Siglas Principais 53

    Anexo 3 Grupos Tarifrios 56

  • 1

    1. Introduo

    O consumo de energia eltrica nos diversos setores da economia vem aumentando

    gradualmente nos ltimos anos. A gerao de energia eltrica no Brasil em centrais de

    servios pblicos e autoprodutores atingiu 466,2 TWh em 2009, resultado 0,7% superior ao

    de 2008, segundo BEN-2010. O consumo de energia eltrica nas edificaes corresponde a

    cerca de 45% do consumo faturado no pas. Estima-se um potencial de reduo deste

    consumo em 50% para as novas edificaes e de 30% para aqueles que promoverem reformas

    que contemplem os conceitos de eficincia energtica em edificaes[1].

    Hoje o conceito de edifcio verde (em ingls, Green Building), em que alm da

    arquitetura voltada para as vantagens naturais como iluminao e ventilao, so utilizadas

    fontes renovveis para prover a energia eltrica, voltou a ficar em evidncia.

    Os prdios do Centro de Tecnologia foram projetados por volta de 1940, perodo no

    qual estes conceitos no eram sistematizados como atualmente. Apesar disso, procurou-se

    direcionar o CT em relao curva do sol, buscando o aproveitamento da luz natural e, alm

    disso, sua arquitetura composta por janelas altas e grandes, paredes de espessuras dobradas e

    tetos altos nas salas e baixos nos corredores, para conservar o calor no inverno e atenu-lo no

    vero. Como apesar destas caractersticas, o consumo de energia eltrica hoje elevado, uma

    alternativa corretiva seria fazer um retrofitting para aplicar as tecnologias atuais e, assim,

    contribuir para a reduo do consumo de energia eltrica.

    A alternativa proposta a utilizao de um sistema fotovoltaico, definido como

    gerao de energia eltrica atravs da energia solar, conectado diretamente rede eltrica para

    suprir o consumo de energia no horrio de ponta nos perodos de vero e a demanda de

    ultrapassagem. A energia gerada destinada a atender a edificao, e seu excedente seria

    injetado na rede eltrica sem que haja necessidade de seu armazenamento atravs de baterias.

  • 2

    1.1. Objetivo

    O objetivo do projeto orientar quanto gerao de energia eltrica utilizando a

    energia solar atravs de um sistema fotovoltaico conectado diretamente rede eltrica, que

    proporcione uma gerao limpa sem agresso ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, reduza o

    consumo de energia eltrica no CT UFRJ. Esta uma medida complementar aos projetos de

    Eficincia Energtica j implantados no CT UFRJ, como a troca de lmpadas fluorescentes

    por outras de menor consumo e a troca de aparelhos de ar condicionado por outros mais

    eficientes.

    No captulo 2, sero apresentados conceitos bsicos sobre eficincia energtica voltada

    para as edificaes atravs de programas de incentivo, bem como as barreiras para sua

    implantao.

    No captulo 3, ser feita uma abordagem sobre a tecnologia verde adotada nos Green

    Building e uma viso a respeito de Sustentabilidade.

    No captulo 4, haver uma amostragem da relao do aumento gradativo do consumo de

    energia eltrica no Brasil com os diversos setores da economia: residencial, industrial,

    comercial e outros.

    No captulo 5, haver uma apresentao da metodologia proposta para o trabalho.

    No captulo 6, ser caracterizado o Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio

    de Janeiro.

    Por fim, ser apresentada a anlise da proposta da gerao de energia eltrica por meio de

    um sistema fotovoltaico de energia conectado diretamente rede para reduo do consumo no

    CT URFJ.

  • 3

    1.2. Metodologia

    O Plano de Trabalho estar dividido em fases conforme descrito abaixo:

    Avaliao do ambiente estudado No captulo 5, apresentado a viso geral do

    Centro de Tecnologia e seus componentes, assim como o sistema eltrico que atende as suas

    instalaes.

    Anlise tcnica e interpretao Na seo 5.1, temse a interpretao e anlise do

    consumo de energia eltrica a partir da fatura emitida pela concessionria nos ltimos 5 anos,

    com o objetivo de analisarmos as particularidades do consumo ao longo do ano.

    Proposta tcnica No captulo 6, apresenta-se o sistema fotovoltaico de energia

    eltrica conectado rede e suas caractersticas tcnicas como forma de eficientizao no

    CT/UFRJ. Tambm mostrada a estimativa passvel produzida pelo sistema fotovoltaico.

    Anlise Econmica Na seo 6.1.4, feita avaliao da viabilidade do projeto a

    partir da relao entre o consumo faturado no ano de 2009 no CT/UFRJ e a energia produzida

    pelo sistema fotovoltaico.

  • 4

    2. EFICINCIA ENERGTICA E SEUS POTENCIAIS DE

    CONSERVAO

    A Eficincia Energtica est associada produtividade, proteo do meio ambiente e

    ao desenvolvimento sustentvel, que visa garantir o atendimento das necessidades atuais das

    sociedades sem comprometer a capacidade das geraes futuras de atenderem as suas

    necessidades.

    As opes de Eficincia Energtica, alm de trazerem benefcios diretos para o

    usurio, agregam tambm grandes melhorias para a sociedade, pois promovem um alvio do

    sistema energtico nacional. Nesse sentido, as aes de Eficincia Energtica podem ser

    vistas como uma forma de produo de energia descentralizada, tendo como conseqncia o

    aumento da mesma. Isso porque tais aes podem contribuir para a reduo de emisso de

    CO2 e outros gases que agravam o efeito estufa. Casos de usinas que utilizam a queima de

    combustveis para gerar energia eltrica, que no o caso do Brasil, j que o mesmo utiliza

    hidroeltricas para suprir a maior parte de seu sistema eltrico nacional e estas so

    consideradas uma forma de energia limpa. No caso do Brasil, o benefcio associado

    preservao do meio ambiente est relacionado ao fato de se evitar a construo de novas

    usinas hidroeltricas, de maneira a diminuir o alagamento de grandes reas, modificando, com

    isso, a fauna e a flora local.

    Qualquer atividade em uma sociedade moderna s possvel com o uso intensivo de

    uma ou mais formas de energia.

    Portanto, a conservao de energia, ou, em outras palavras, o uso racional de energia,

    que significa melhorar a maneira de se utilizar a mesma sem abrir mo do conforto e das

    vantagens que ela proporciona, de mister relevncia. Sendo assim, esta eficincia energtica

    vem sendo aplicada para que este objetivo seja alcanado.

  • 5

    2.1. Programa de Incentivo

    Para adequar o sistema eltrico nova necessidade de modernizao, foram criados

    programas de incentivo conservao de energia atravs do Programa Nacional de

    Conservao de Energia (PROCEL).

    2.1.1. PROCEL

    Criado pelo governo federal, em 1985, o programa executado pela Eletrobrs e

    utiliza recursos da empresa, da Reserva Global de Reverso (RGR), e tambm recursos de

    entidades internacionais.

    Em seus 20 anos de existncia, o Procel j economizou 22 bilhes de kWh, o que

    corresponde ao consumo do estado da Bahia, durante um ano, ou cerca de 13 milhes de

    residncias nesse mesmo perodo. O investimento realizado nas duas dcadas foi de

    aproximadamente R$ 855 milhes, proporcionando investimentos postergados no sistema

    eltrico brasileiro da ordem de R$ 15 bilhes [2].

    Em 1993, foi institudo o Selo Procel de Economia de Energia, que indica ao

    consumidor, no ato da compra, os produtos que apresentam os melhores nveis de eficincia

    energtica dentro de cada categoria. O objetivo estimular a fabricao e a comercializao

    de produtos mais eficientes, contribuindo para o desenvolvimento tecnolgico e a reduo de

    impactos ambientais.

    Desde 199 o Prmio Nacional de Conservao e Uso Racional de Energia, conhecido

    como Prmio Procel, reconhece o empenho e os resultados obtidos pelos agentes que atuam

    no combate ao desperdcio de energia. Concedido anualmente, o prmio visa estimular a

    sociedade a implementar aes que efetivamente reduzam o consumo de energia eltrica.

    Outra alternativa para acabar com o desperdcio consiste em ampliar e organizar as

    aes com o objetivo de incentivar a conservao e o uso eficiente dos recursos naturais

  • 6

    (gua, luz, ventilao) nas edificaes, reduzindo os desperdcios e os impactos sobre o meio

    ambiente. Nesta conjuntura, o PROCEL atua atravs do projeto PROCEL Edifica [3].

    O Procel conta, ainda, com os seguintes subprogramas: Procel GEM (Gesto

    Energtica Municipal), Sanear, Indstria, Prdios Pblicos e Reluz.

    2.1.2. Barreiras

    Existem diferentes barreiras que limitam a implementao de medidas de eficincia

    energtica em instituies pblicas brasileiras e sua importncia varia de acordo com os

    setores, instituies e regies, embora tendam a diminuir medida que as tecnologias

    progridam e conquistem sua fatia de mercado.

    A seguir sero listadas as principais barreiras s medidas de eficincia energtica.

    2.1.2.1. Imperfeies de Governo

    Algumas sinalizaes para o desperdcio de energia so frutos de polticas que,

    visando um objetivo especfico, acabam incentivando a ineficincia energtica. O mais

    importante exemplo em um passado recente foi a poltica governamental de manter os preos

    de muitos energticos abaixo do custo como forma de reduzir os ndices de inflao.

    Atualmente, as taxas de juros elevadas para atrair capitais internacionais reduzem a

    atratividade de aes de conservao, que, por sua vez, exigem investimentos antecipados. A

    sobrevalorizao cambial do real tambm reduz a atratividade de solues renovveis

    internas, haja visto que reduz a competitividade com os combustveis fsseis importados.

    Grande parte das distores deriva da estrutura centralizada do setor eltrico, to

    importante para desenvolver os potenciais hidreltricos. Esta fora hegemnica, por exemplo,

    impediu o desenvolvimento esperado de transformao em eletricidade, energias hoje

    desperdiadas pelas siderrgicas e na agroindstria sucri-alcooleira.

  • 7

    O novo modelo para o setor eltrico, em implantao, incentiva a competio na

    gerao, reduz o protecionismo para as concessionrias e cria novos agentes e mecanismos de

    competio. Estas so novidades que devem aumentar a eficincia na transformao da

    energia primria e podero estimular solues que viabilizem combustveis de base

    renovveis. Por outro lado, a privatizao do setor eltrico com a desverticalizao das

    concessionrias eltricas pode colocar em risco algumas aes de fomento da eficincia junto

    aos consumidores. A funo de regulamentao dos diversos energticos cresce de

    importncia para que sejam evitadas distores como as observadas no passado [4].

    2.1.2.2. Aspectos Institucionais

    A conservao de energia em prdios pblicos possui alguns entraves no que se refere

    aos recursos financeiros obtidos com a economia de energia. De forma geral, uma vez que as

    despesas com energia eltrica fazem parte do custeio dessas instituies, a economia no se

    reverte para o prprio rgo, ao contrrio, ainda tem reduo no seu oramento para o ano

    seguinte. Esse fato dificulta a atuao nesse tipo de instituio, pois o estabelecimento em si

    no ter benefcios financeiros com um projeto de conservao de energia eltrica.

    2.1.2.3. Infraestrutura

    A barreira relacionada infraestrutura concentra-se na falta de prestadores de servio

    com a especializao necessria para desenvolver projetos desse tipo [5].

    2.1.2.4. Informao e Treinamento

    A desinformao um grande empecilho para a expanso das tcnicas de eficincia

    energtica. Normalmente, os responsveis pelas unidades consumidoras confundem

    conservao com racionamento, no possuem informao sobre o assunto e, s vezes, no

    acreditam nas informaes que recebem, duvidando assim dos benefcios que podero ter o

    que acarreta em uma no sensibilizao e, por conseguinte, em um negligenciamento dos

  • 8

    conceitos de conservao de energia eltrica em seus projetos. Esse tipo de atitude ainda

    mais acentuado em instituies pblicas, onde a verba para a aquisio de equipamentos

    pouca, e os funcionrios responsveis pela manuteno aliam a falta de informao com a

    falta de recursos financeiros, optando na maioria das vezes por equipamentos baratos e

    conseqentemente ineficientes.

    Uma maneira de superar esta barreira informacional, a partir da difuso dos conceitos

    e tcnicas de eficincia energtica, derivou da criao da Comisso Interna de Conservao de

    Energia (CICE).

    A criao da CICE uma obrigao legal prevista no decreto 99.656, de 26 de outubro

    de 1990, que dispe sobre a criao desta comisso nos rgos ou entidades da Administrao

    Federal direta e indireta, fundaes, empresas pblicas e sociedades de economia mista

    eltrica superior a 600.000 kWh.

    Apesar de a obrigao ser somente para rgos pblicos, a CICE um instrumento

    importante e que deveria ser implementado em todos os tipos de unidades consumidoras de

    grande porte [6].

    2.1.2.5. Concessionrias

    Na maioria dos casos, as concessionrias aumentam seus lucros quando vendem mais

    energia e reduzem quando vendem menos. Portanto, no h interesse por parte das mesmas

    em incentivar a eficincia energtica. No entanto, o alto ndice de inadimplncia em pases em

    desenvolvimento pode ser utilizado como incentivo s concessionrias, j que existe um

    nmero expressivo de consumidores, s vezes pblicos, que no arcam com seus deveres

    financeiros. Portanto, ao incentivarem a eficincia do uso de eletricidade por parte destes

    consumidores, as concessionrias reduziro seus prejuzos, disponibilizando mais eletricidade

    para quem pode pagar por ela.

  • 9

    2.1.2.6. Procedimento de Compra

    Para implementar um projeto de eficincia necessrio que, durante o processo de

    licitao dos equipamentos, exista uma especificao tcnica adequada ao tipo de produto que

    se quer adquirir. Muitas vezes a falta de uma especificao correta implica na compra de

    produtos de m qualidade e que no traro os benefcios esperados. Portanto, a incapacidade

    dos tcnicos em especificar os equipamentos torna-se um problema para implementao desse

    tipo de projeto.

  • 10

    3. EDIFCIOS INTELIGENTES

    Edifcios Inteligentes ou Edifcios Verdes, no termo em ingls, Green Building, so

    aqueles cuja concepo, construo e operao atribuem conceitos sustentveis, ou seja, as

    construes reduzem o consumo de recursos como energia, materiais, gua e terra, alm da

    carga ecolgica, proporcionando no somente benefcios econmicos, como tambm sade e

    bem estar s pessoas.

    O conceito de edifcio verde adiciona aspectos que geram benefcios diretos e

    indiretos, como operar de forma passiva, ser mais eficiente no consumo de energia e gua,

    utilizar de menos recursos em sua construo, e apresentar tendncia de ser mais simples em

    sua operao, assegurando uma vida mais longa.

    Um edifcio com conceito Green Building pode apresentar uma economia de 30% no

    consumo de energia, 35% de reduo na emisso de gs carbnico, 30% a 50% no consumo

    de gua e 50% a 90% em relao ao descarte de resduo [7].

    No Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, temos o edifcio Cidade Nova, ocupado pela

    Petrobras como o primeiro edifcio comercial com certificao verde do pas.

    3.1.1. Tcnicas e Prticas Utilizadas no Edifcio Verde

    O edifcio verde incorpora uma vasta gama de prticas e tcnicas para reduzir ou

    eliminar o impacto do edifcio ao meio ambiente. No lado esttico da arquitetura verde ou

    projeto sustentvel est a filosofia de projetar um edifcio que est em harmonia com as

    caractersticas e recursos naturais dos arredores do local onde ser implantado.

    Existem vrios passos no projeto de um edifcio sustentvel: especificar materiais

    verdes de fontes locais, reduzir as cargas, aperfeioar os sistemas, e gerar energia renovvel

    no local.

    Para minimizar as cargas de energia e carga trmica na envoltria, essencial orientar

    o edifcio para aproveitar as brisas e evitar a radiao solar excessiva. A luz natural deve ser

  • 11

    explorada atravs do dimensionamento correto de aberturas e, assim, reduzir o uso de

    iluminao artificial durante o dia. A radiao solar pode ser aproveitada para aquecer os

    ambientes nos perodos frios, porm deve ser considerado o projeto de sombreamento

    adequado para prevenir do calor excessivo no vero.

    Os ventos predominantes podem ser utilizados para ventilar e resfriar naturalmente o

    edifcio no vero. Massa trmica utilizada para armazenar o calor ganho durante o dia e

    liber-lo noite, diminuindo a variao diria de temperatura no interior. O uso de isolamento

    o passo final para aperfeioar a estrutura. Aberturas e paredes bem isoladas ajudam a reduzir

    as perdas de calor no inverno, minimizando o uso de energia para aquecimento.

    Aperfeioar o sistema de aquecimento e resfriamento atravs da instalao de

    equipamentos eficientes e inspees regulares o prximo passo. Comparado com o uso de

    equipamentos eficientes so relativamente mais caros e podem adicionar custos significativos

    ao projeto. Entretanto um projeto bem elaborado e integrado pode reduzir custos, por

    exemplo, uma vez que o edifcio foi projetado para ser mais eficiente energeticamente,

    possvel reduzir as cargas dos sistemas de aquecimento ou resfriamento.

    Por ltimo, o uso de fontes renovveis de energia, como a energia solar, pode reduzir

    significativamente o impacto ambiental do edifcio.

    3.1.2. Energia Solar

    Quase todas as fontes de energia hidrulica, biomassa, elica, combustveis fsseis e

    energia dos oceanos so formas indiretas de energia solar. Alm disso, a radiao solar pode

    ser utilizada diretamente como fonte de energia trmica para aquecimento de fluidos e

    ambientes e para gerao de potncia mecnica ou eltrica. Pode ainda ser convertida

    diretamente em energia eltrica, por meio de efeitos sobre determinados materiais, entre os

    quais se destacam o termoeltrico e o fotovoltaico.

  • 12

    O aproveitamento da iluminao natural e do calor para aquecimento do ambiente,

    denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetrao ou absoro da radiao solar

    nas edificaes, reduzindo, com isso, as necessidades de iluminao e aquecimento. Assim,

    um melhor aproveitamento da radiao solar pode ser feito com o auxlio de tcnicas mais

    sofisticadas de arquitetura e construo.

    A converso direta da energia solar em energia eltrica ocorre pelos efeitos da

    radiao (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre

    esses, destacam-se os efeitos termoeltrico e fotovoltaico. O primeiro caracteriza-se pelo

    surgimento de uma diferena de potencial, provocada pela juno de dois metais, em

    condies especficas. No segundo, os ftons contidos na luz solar so convertidos em energia

    eltrica, por meio do uso de clulas solares.

    3.1.2.1. Radiao solar

    Alm das condies atmosfricas (nebulosidade, umidade relativa do ar, etc.) a

    disponibilidade de radiao solar, tambm denominada energia total incidente sobre a

    superfcie terrestre, depende da latitude local e da posio no tempo (hora do dia e dia do

    ano). Isso se deve inclinao do eixo imaginrio em torno do qual a Terra gira diariamente

    (movimento de rotao) e trajetria elptica que a Terra descreve ao redor do Sol (translao

    ou revoluo).

    A maior parte do territrio brasileiro est localizada relativamente prxima da linha do

    Equador, de forma que no se observam grandes variaes na durao solar do dia. Desse

    modo, para maximizar o aproveitamento da radiao solar, pode-se ajustar a posio do

    coletor ou painel solar de acordo com a latitude local e o perodo do ano em que se requer

    mais energia. No Hemisfrio Sul, por exemplo, um sistema de captao solar fixo deve ser

    orientado para o Norte, com ngulo de inclinao similar ao da latitude local.

  • 13

    A radiao solar depende tambm das condies dinmicas e atmosfricas. Somente

    parte da radiao solar atinge a superfcie terrestre, devido reflexo e absoro dos raios

    solares pela atmosfera. Mesmo assim, estima-se que a energia solar incidente sobre a

    superfcie terrestre seja da ordem de 10 mil vezes o consumo energtico mundial [8].

    importante ressaltar que mesmo as regies com menores ndices de radiao

    apresentam grande potencial de aproveitamento energtico.

    3.1.2.2. Tecnologias de aproveitamento

    Alm dos processos trmicos, a radiao solar pode ser diretamente convertida em

    energia eltrica, por meio de efeitos da radiao (calor de luz) sobre determinados materiais,

    particularmente os semicondutores. Entre esses, destacam-se os efeitos termoeltrico e

    fotovoltaico. O primeiro se caracteriza pelo surgimento de uma diferena de potencial

    provocada pela juno de dois metais, quando tal juno est a uma temperatura mais elevada

    do que as outras extremidades dos fios. Embora muito empregado na construo de medidores

    de temperatura, seu uso comercial para a gerao de eletricidade tem sido impossibilitado

    pelo baixo rendimento obtido e pelo custo elevado do material.

    O efeito fotovoltaico decorre da excitao dos eltrons de alguns materiais na presena

    da luz so

    lar (ou outras formas apropriadas de energia). Dentre os materiais mais adequados

    para a converso da radiao solar em energia eltrica, os quais so usualmente chamados de

    celulas solares ou fotovoltaicas, destaca-se o silcio. A eficincia de converso das clulas

    solares medida pela proporo da radiao solar incidente sobre a superfcie da clula que

    convertida em energia eltrica. Atualmente, as melhores clulas apresentam um ndice de

    eficincia de 25% [9].

  • 14

    3.2. Sustentabilidade

    A sustentabilidade um termo recente [10].The Independence, uma publicao

    britnica, comeou no incio do ano de 1990 a utiliz-lo para definir as atribuies de

    edifcios inteligentes que garantam melhor qualidade de vida aos seus habitantes e promovam

    baixos impactos ambientais. No Brasil o termo comea a ser aplicado tambm com esse

    objetivo [11].

    Na velocidade com que o mundo se desenvolve, fcil prever que as cidades do futuro

    abrigaro muito mais pessoas do que hoje. Segundo previses do World Bank Group (2003),

    em 2050, 75% da populao mundial viver em cidades e, com isso, aumentar a produo de

    lixo e o consumo de energia, combustveis fsseis e produo de CO2 Com a conscientizao

    de que os edifcios inteligentes e sustentveis so menos agressivos ao meio ambiente e o

    retorno financeiro garantido, h a oportunidade de diminuir os efeitos da urbanizao futura.

    A sustentabilidade baseada em trs aspectos: o ambiental, o econmico e o social,

    que devem coexistir em equilbrio. Como estes aspectos representam variveis independentes,

    as escolhas resultantes sero diferentes em cada situao apresentada. A busca pelo caminho

    de maior sustentabilidade abrange todos os envolvidos no projeto e execuo do ambiente

    edificado.

    Um projeto sustentvel deve ser ecologicamente correto, socialmente justo e

    economicamente vivel, envolvendo com isso diversas variveis, dentre as quais o uso

    racional de energia tem posio de destaque.

  • 15

    4. A EVOLUO DO CONSUMO DE ENERGIA ELTRICA

    A energia eltrica faz parte do desenvolvimento das atividades dentro de uma

    sociedade nos mais diversos campos de aplicao industrial, comercial e residencial.

    No Brasil, no perodo compreendido pelas ltimas quatro dcadas, o consumo final de

    energia cresceu razo de 3% ao ano. "O consumo de energia pela indstria vem aumentando

    gradativamente. A demanda pelo insumo alcanou 35, 378 GWh. No ano de 2010 o consumo

    de energia eltrica no Brasil cresceu 4% em novembro, acumulando, no ano, alta de 8,1%. O

    consumo residencial evoluiu 3,9% em novembro/2010 em comparao ao mesmo ms em

    2009 que representa um consumo total de 8.971 GWh[12].

    Tabela 4.1 - Consumo Nacional de Energia Eltrica por classe

    Consumo

    (GWh)1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

    Brasil 243.074 257.330 273.280 284.522 292.188 307.529 283.257 293.226

    Residencial 63.576 68.581 74.089 79.340 81.291 83.613 73.622 72.718

    Industrial 111.626 117.128 121.717 121.979 123.893 131.278 122.539 130.927

    Comercial 32.276 34.388 38.198 41.544 43.588 47.626 44.434 45.222

    Outros 35.596 37.234 39.276 41.659 43.416 45.011 42.663 44.359

    Crescimento 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

    Brasil 7,8 5,9 6,2 4,1 2,7 5,3 -7,9 3,5

    Residencial 13,6 7,9 8 7,1 2,5 2,9 -11,9 -1,2

    Industrial 4 4,9 3,9 0,2 1,6 6 -6,7 6,8

    Comercial 11,9 6,5 11,1 8,8 4,9 9,3 -6,7 1,8

    Outros 6,7 4,6 5,5 6,1 4,2 3,7 -5,2 4

    Consumo

    (GWh)2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Brasil 306.987 330.598 345.512 357.514 378.359 392.688 368.688 419.016

    Residencial 76.162 78.470 82.644 85.784 89.885 94.746 100.776 107.160

    Industrial 136.221 155.054 159.838 164.565 175.701 180.049 166.181 183.743

    Comercial 47.531 49.686 53.035 55.369 58.647 61.813 65.255 69.086

    Outros 47.073 47.389 49.995 51.796 54.125 56.079 56.477 59.027

    Crescimento 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

    Brasil 4,7 7,7 4,5 3,5 5,8 3,8 -1 7,8

    Residencial 4,7 3 5,3 3,8 4,8 5,4 6,4 6,3

    Industrial 4 13,8 3,1 3 6,8 2,5 -7,7 10,6

    Comercial 5,1 4,5 6,7 4,4 5,9 5,4 5,6 5,9

    Outros 6,1 0,7 5,5 3,6 4,5 3,6 0,7 4,5

    Fonte: Consumos at 2003 Eletrobrs; 2004 em diante - EPE

  • 16

    A anlise da evoluo do consumo de energia eltrica no Brasil relativa da economia

    deve ser feita levando em considerao o diferente desempenho da atividade produtiva ao

    longo dos anos. [4]

    Na dcada de 70 houve crescimento intenso da economia brasileira (8,6% ao ano), o

    que se refletiu no consumo de eletricidade que, no mesmo perodo, expandiu 12% ao ano,

    indicando elasticidade-renda*2

    de 1,40. Foi poca da reestruturao e expanso do parque

    industrial nacional, verificada no contexto do processo de substituio de importaes.

    J nos anos 80, perodo denominado como dcada perdida, a economia apresentou

    comportamento instvel, tendo expandido, em mdia, 1,6% ao ano. Contudo, o consumo de

    energia eltrica seguiu crescendo com taxas significativas, consolidando no perodo 5,9% ao

    ano, haja vista a maturao e/ou implantao dos grandes projetos industriais previstos no II

    PND Plano Nacional de Desenvolvimento, como os de siderurgia e alumnio. Com isso, a

    elasticidade-renda do consumo no perodo foi de 3,69. Na dcada de 90, a elasticidade-renda

    caiu para 1,59, resultado de um crescimento mdio de 2,7% da economia e de 4,3% do

    consumo de eletricidade. A Figura 1 apresenta as taxas mdias anuais de crescimento do PIB

    e do consumo de energia eltrica, assim como as elasticidades-renda resultantes.

    Na dcada de 90, a elasticidade - renda caiu para 1,59, resultado de um crescimento

    mdio de 2,7% da economia e de 4,3% do consumo de eletricidade. Tal fato refletia mudanas

    estruturais no perfil da expanso do mercado, principalmente no que se refere indstria

    nacional, que se modernizava e fazia uso mais eficiente da eletricidade.

    __________________________

    *2 - A Elasticidade-Renda da demanda mede o quanto a quantidade demandada de um bem muda com uma alterao na renda dos

    indivduos.

  • 17

    Figura 1 Taxas mdias anuais de crescimento do PIB e do consumo de energia

    eltrica e as elasticidades - renda resultantes.

    Fonte: EPE Empresas de Pesquisas Energticas.

    4.1. Anlise do perfil de consumo

    4.1.1. Fator de carga

    Fator de carga definido como a relao entre as demandas mdia e mxima

    registradas em um dado intervalo de tempo.

    Uma maneira de verificar se a energia eltrica est sendo bem utilizada avaliar o

    fator de carga da instalao. Um fator de carga elevado indica que as cargas foram utilizadas

    racionalmente ao longo do tempo. Por outro lado, um fator de carga baixo indica que houve

    concentrao de consumo de energia em um curto perodo de tempo, determinando uma

    demanda elevada. Isso ocorre quando muitos equipamentos so ligados ao mesmo tempo.

    O fator de carga obtido por meio de clculo no expresso diretamente na fatura.

    Quanto mais alto for esse parmetro, mais baixo ser o preo mdio da energia. Uma vez que

  • 18

    o custo da energia eltrica decresce em relao ao crescimento do fator de carga, isto significa

    que um pequeno aumento no fator de carga significar uma grande reduo de custo de

    energia.

    O preo mdio da energia definido pela seguinte frmula:

    Na qual:

    P mdio Preo mdio da energia eltrica (R$ / kWh)

    TD - Tarifa de demanda (R$ / kWh)

    TC - Tarifa de consumo (R$ / kWh)

    FC Fator de Carga

    h Nmero de horas do perodo de faturamento

    Administrar o fator de carga significa gerenciar o uso de equipamentos de forma que a

    curva de carga torne-se mais constante, o que viabilizar que a demanda seja menor e os

    gastos com energia se reduzam.

    Para que a gesto seja possvel e no haja risco de ultrapassagem de demanda, a

    administrao dos equipamentos deve ser feita por um gerenciador de energia que, aps

    anlise, escolhe a determinao das prioridades e dos equipamentos que podem ser ligados e

    administrados, assumindo o controle e garantindo uma curva de carga mais constante.

    As frmulas dos fatores de carga para os sistemas tarifrios so assim representados:

    Tarifa Convencional:

    Tarifa Horosazonal Azul:

  • 19

    Tarifa Horosazonal Verde:

    Nas tarifas Convencional e Horosazonal Verde, o fator de carga nico porque existe

    um nico registro de demanda de energia para cada perodo do ano (seco e mido), enquanto

    que para a tarifa Horosazonal Azul h dois fatores de carga, um para o horrio de ponta e

    outro para fora de ponta, tambm para cada perodo do ano.

    4.1.2. Fator de Potncia

    Sistemas eltricos operando com excesso de potncia reativa comprometem

    desnecessariamente a componente ativa. Nesse caso, possvel um melhor aproveitamento do

    sistema eltrico com a reduo da potncia reativa, que aumentar o fator de potncia,

    possibilitando um aumento da ativa sem a ampliao da capacidade instalada de gerao,

    transmisso das subestaes e dos circuitos eltricos, postergando assim os investimentos.

    Alguns aparelhos eltricos, como os motores, alm de consumirem energia ativa,

    solicitam energia reativa, necessria para criar o fluxo magntico que o seu funcionamento

    exige. Com a relao entre esses dois valores determina-se o fator de potncia mdio em um

    determinado perodo. O fator de potncia indica qual porcentagem da potncia total fornecida

    (kVA) efetivamente utilizada como potncia ativa (kW). Assim, o fator de potncia mostra

    o grau de eficincia do uso dos sistemas eltricos.

    Valores altos de fator de potncia (prximos de 1,0) indicam uso eficiente da energia

    eltrica enquanto que valores baixos evidenciam seu mau aproveitamento, podendo vir a

  • 20

    apresentar sobrecarga em todo o sistema eltrico, tanto do consumidor como da

    concessionria.

    A cobrana do reativo excedente um adicional aplicado pela concessionria,

    justificado pelo fato de que precisa manter seu sistema eltrico com um dimensionamento

    maior do que o realmente necessrio e investir em equipamentos corretivos (banco de

    capacitores e compensadores sncronos, sendo que esses ltimos trabalham como se fossem

    bancos de capacitores com a vantagem de ocuparem menos espao fsico) apenas para suprir

    o excesso de energia reativa (baixo fator de potncia) proveniente das instalaes dos

    consumidores. As principais causas do baixo fator de potncia so:

    Motores operando em vazio ou superdimensionados;

    Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas;

    Nvel de tenso acima da nominal;

    Reatores e lmpadas de descarga com baixo fator de potncia;

    Grande quantidade de motores de pequena potncia;

    Distoro Harmnica Total (THD).

    A legislao que regulamenta os critrios para fornecimento de energia eltrica

    determina que o fator de potncia deva ser mantido o mais prximo possvel de 1,0 e

    estabelece que a concessionria cubra, com preos da energia ativa, o excedente de energia

    reativa que ocorrer quando o fator de potncia da instalao consumidora for inferior ao valor

    mnimo de 0,92. Pela legislao, o excedente de energia reativa pode ser tanto capacitivo

    quanto indutivo. Se uma determinada instalao apresentar fator de potncia inferior a 0,92, o

    valor referente energia reativa excedente j estar sendo cobrado na fatura de energia

    eltrica.

    O adicional aplicado pela concessionria devido ao baixo fator de potncia pode ser

    calculado da seguinte forma para os diferentes sistemas tarifrios:

  • 21

    Tarifa Convencional:

    Tarifa Horosazonal Azul:

    Ponta:

    Fora da Ponta:

    Tarifa Horosazonal Verde:

    Em que:

    Aj Valor em reais relativo ao ajuste de fator de potncia a ser cobrado

    adicionalmente ao faturamento normal para o respectivo segmento horosazonal;

    D Demanda faturada (k W);

    TD Tarifa de demanda (R$ / k W);

    C Consumo faturado (k Wh);

    TC Tarifa de consumo (R$ / k Wh);

    FP Fator de potncia verificado no respectivo segmento horosazonal.

    Este valor poder ser reduzido ou mesmo eliminado com a adequao do fator de

    potncia a nveis mais elevados. A economia obtida ser resultante da quantidade de potncia

    reativa (kVAr) que puder ser eliminada da instalao. Algumas medidas podem ser

  • 22

    consideradas com esse objetivo: uma delas utilizar equipamentos com fator de potncia

    elevado. A indstria oferece determinados equipamentos (reatores de lmpadas de descarga,

    motores, transformadores) com variados valores de fator de potncia.

    O correto dimensionamento dos equipamentos pode ser tambm uma maneira de

    elevar o fator de potncia de uma instalao.

    4.2. Avaliaes do Projeto de Eficincia Energtica

    Um projeto de eficincia energtica tem que passar por duas etapas: a primeira

    consiste na avaliao tcnica proposta para o melhor aproveitamento da energia eltrica, que

    no caso deste trabalho foram escolhidas aes mitigadoras quanto ao uso eficaz da energia

    eltrica pelos usurios das instalaes do CT. J a segunda se refere proposio de gerao

    de energia a partir de um sistema fotovoltaico conectado rede para reduzir consumo de

    energia na ponta e demanda de ultrapassagem.

    4.2.1. Avaliao Econmica e Financeira

    As decises de investimento em alternativas, projetos de economia e uso eficiente da

    energia passam, necessariamente, por uma anlise de viabilidade econmica. Tais questes

    podem apresentar-se de duas formas: ou limita-se a decidir entre duas alternativas

    mutuamente excludentes, ou deseja-se conhecer a economicidade de uma dada alternativa.

    Estas anlises, em geral, utilizam ndices econmicos que permitem traduzir a

    atratividade de um investimento. Dentre estes ndices so de imensa valia o valor presente

    lquido e o tempo de retorno de capital (Pay Back) [2].

  • 23

    4.2.2. Valor Presente Lquido

    O mtodo do valor presente lquido bastante interessante quando se deseja comparar

    alternativas mutuamente excludentes, de modo que, todos os benefcios e custos em seus

    diversos instantes no tempo, sejam trazidos para o presente. A alternativa que oferecer o

    maior valor presente lquido ser, dentro deste critrio, a mais atraente.

    importante observar que, ao fazer comparao entre alternativas deve-se sempre

    levar em considerao somente os aspectos que as diferenciam. Por exemplo, caso haja duas

    alternativas que ofeream a mesma produo, porm uma energeticamente mais eficiente do

    que a outra, os benefcios auferidos com a produo no devero ser considerados, posto que

    so os mesmos para as duas alternativas e, em um momento ou outro, sero cancelados entre

    si. Somente a reduo no custo, pela eficincia energtica, deve ser, portanto, considerada [2].

    O Valor Presente Lquido pode ser definido como a diferena entre o Valor Presente e

    o Investimento realizado no projeto.

    Nesse momento, trs definies so importantes:

    Projeto financeiro: Aplicao, estudada racionalmente, de recursos poupados

    em uma atividade durante um determinado tempo, ao final do qual se espera um retorno;

    Investimento: Capital aplicado em um projeto financeiro;

    Taxa de atratividade: Representa uma rentabilidade mnima aceitvel de um

    investimento. No deve se prender apenas ao valor da taxa de juros, embora seja esta sua mais

    forte determinante. a expectativa de rentabilidade, em termos de taxa de juros, que se espera

    de um investimento. Na prtica, esta pode ser definida atravs de dois enfoques: ou toma-se a

    taxa de juros equivalente maior rentabilidade das aplicaes correntes de pouco risco ou

    adota-se o custo do capital mais o risco do investimento.

  • 24

    A frmula utilizada para a correo de valores no tempo :

    Na qual:

    VP Valor Presente (R$);

    VF Valor Futuro (R$);

    i Taxa de juros (traduz o valor do dinheiro no tempo);

    n Perodo (vida til do equipamento, vida contbil, perodo de anlise ou a durao

    do fluxo de caixa).

    4.2.3. Tempo de Retorno de Capital

    O critrio do tempo de retorno de capital, ou payback, , sem dvida, o mais

    difundido no meio tcnico para anlise de viabilidade econmica, principalmente devido sua

    facilidade de aplicao. Nestes termos, h o chamado payback no descontado, isto , um

    procedimento de clculo no qual no se leva em considerao o custo de capital, ou seja, a

    taxa de juros. Esta anlise feita apenas dividindo-se o custo da implantao do

    empreendimento pelo beneficiamento auferido. Em outras palavras, este critrio mostra

    quanto tempo necessrio para que os benefcios se igualem ao investimento.

    Onde:

    I Custo da Implantao (R$);

    A Benefcio (R$)

    O tempo de retorno descontado o nmero de perodos que zera o valor lquido

    presente, ou anual, do empreendimento. Neste caso, a taxa de juros adotada o prprio custo

    de capital.

  • 25

    Em que:

    IV Investimento (R$);

    Ec Economia obtida com o investimento realizado (R$ em 1 ano);

    i Taxa de juros (% a.m / % a.a)

    4.2.4. Relao Benefcio Custo RBC

    A Relao Benefcio Custo (RBC) tem grande importncia na anlise econmica de

    um projeto e pode ser calculada de uma maneira simples e objetiva como pode ser vista na

    seguinte frmula.

    O investimento anualizado o total do investimento com equipamentos. O custo

    anualizado de cada equipamento depende da sua vida til e da taxa de juros. J o benefcio

    anualizado pode ser calculado da seguinte forma:

    Em que:

    EE Energia Economizada (MWh / ano);

    CEE Custo Evitado de Energia (R$ / MWh);

    RDP Reduo de Demanda na Ponta (kW);

    CED Custo Evitado de Demanda (R$ / kW)

  • 26

    5. O Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de

    Janeiro - CT / UFRJ

    Com o objetivo de agregar unidades que tivessem atividades correlatas, o Centro de

    Tecnologia iniciou suas atividades na Cidade Universitria com a chegada da Escola de

    Engenharia, transferida do centro da cidade do Rio de Janeiro. Com o passar do tempo, a

    concepo de Centro comeou a ser atingida com a criao, em 1963, da Coordenao dos

    Programas de Ps Graduao em Engenharia (COPPE), depois a Escola de Qumica, do

    Instituto de Macro-molculas e do Instituto de Eletrotcnica, hoje j completamente

    desativado.

    importante ressaltar que institutos bsicos como Fsica, Matemtica e Qumica, que

    fazem parte do Centro de Cincias Matemticas e da Natureza, atualmente ocupam reas

    dentro do espao fsico do CT.

    De uma forma geral, hoje, o conjunto arquitetnico do CT pode ser identificado por

    blocos que vo de A a J. Desses, o bloco, I de grandes dimenses e idealizado para

    abrigar laboratrios, no teve uma poltica de ocupao de espaos definida de forma

    sistemtica e racional, seja pela Escola de Engenharia, pela COPPE ou pela Escola de

    Qumica.

    Desde a sua concepo, o fornecimento de energia eltrica s unidades do CT deixava

    bastante a desejar do ponto de vista de manuteno, uma vez que havia alta freqncia de

    quedas de tenso e interrupes de fornecimentos. Tal fato, aliado ao crescimento

    desordenado do bloco I, com o passar dos anos, tornou quase insustentvel a continuidade

    das atividades. Assim, em 1982, face ao quadro catico, foi executado um levantamento

    englobando as 17 subestaes existentes naquela poca, bem como as atividades que estavam

    sendo desenvolvidas em locais que poderiam ser os maiores geradores de problemas, o que

  • 27

    levou constatao de que o tipo de sistema eltrico empregado no centro era passvel de

    muitas falhas.

    A partir de tal concluso foram executadas diversas obras visando alterar o

    fornecimento em mdia tenso, sendo basicamente tomadas duas providncias:

    1. Instalao de dispositivos de desarmamento em carga entrada das

    subestaes, assegurando a continuidade do servio, apesar de eventual pane ou falha de

    qualquer das 17 subestaes;

    2. Implantao de um sistema em anel para atender s subestaes, que se

    caracterizasse por promover o fornecimento da energia a uma carga ou subestao por dois

    circuitos independentes, garantindo assim certa regularidade tambm no fornecimento de

    energia necessria s atividades do centro como um todo.

    Entretanto, exatamente por falta de manuteno preventiva, ainda hoje, permanecem

    os problemas. Alm disso, a deficincia de recursos, aliada ausncia de cultura de

    planejamento do uso da energia, faz com que no haja ainda um sistema de distribuio que

    atenda s necessidades de manuteno e promova a confiabilidade no CT.

    Em resumo, a manuteno extremamente precria ao longo do tempo e a no

    existncia de uma poltica de ocupao dos espaos, constituem as principais causas ao

    desenvolvimento desordenado das unidades acadmicas que compem o CT.

  • 28

    Figura 2- Localizao do Centro de Tecnologia no Campus da UFRJ

    Fonte: PEREIRA;VIEIRA,2005.

    A partir de uma edificao denominada Seccionadora Principal, localizada atrs do

    bloco A, o Centro de Tecnologia recebe energia em mdia tenso (13,8k V) da

    concessionria. Essa alimentao feita atravs de dois circuitos subterrneos, sendo um

    principal e o outro reserva. Logo aps os circuitos de alimentao encontram-se os

    equipamentos de comando e proteo, composto por disjuntores, chaves e rels. Aps esses

    equipamentos, est localizada a medio nica para o Centro (medidor da concessionria),

    que mede as principais grandezas fsicas necessrias ao monitoramento e faturamento das

    contas. Logo em seguida vm os equipamentos seccionadoras em que, atravs de trs sadas

    em sistema radial e mais seis cabines seccionadores em sistema em anel, feita a separao

    dos circuitos para os blocos, ainda em mdia tenso. Essa distribuio pode ser vista a seguir

    no diagrama simplificado de blocos do sistema e na localizao aproximada das subestaes

    no prdio do CT.

  • 29

    Figura 3- Seccionadora Principal do CT-UFRJ.

    Fonte:PEREIRA;VIEIRA,2005.

    Figura 4-Localizao Aproximada das Subestaes do CT-UFRJ.

    Fonte: PEREIRA; VIEIRA, 2005.

  • 30

    Os circuitos atendem s 22 subestaes abaixadoras, a maioria de 13.800-

    220/127 V, distribudas ao longo dos blocos A a J, que alimentam basicamente as

    cargas dos blocos onde esto ligadas.

    A tabela a seguir mostra a potncia instalada das 22 subestaes do Centro de

    Tecnologia.

    Tabela 5.1- Potncia Total das Subestaes do Centro de Tecnologia.

    SubestaoNmero de

    transformadores

    Potncia Total

    (k VA)Subestao

    Nmero de

    transformadores

    Potncia Total

    (k VA)

    A1 2 450 E1 2 600

    A2 2 412,5 E2 2 600

    A3 3 875 E3 2 800

    A4 3 900 F1 2 450

    B1 2 300 F2 6 825

    B2 1 225 G1 2 300

    C1 2 300 G2 2 300

    C2 5 1400 H1 4 1025

    C3 2 1250 H2 3 562,5

    D1 2 300 H3 5 900

    D2 4 863,5 J1 3 950

    Potncia instalada das subestaes

    Fonte: PEREIRA; VIEIRA, 2005.

    5.1. Consumo de Energia Eltrica no CT

    Analisando-se o consumo de energia no CT faturado junto concessionria de energia

    eltrica nos ltimos cinco anos, verifica-se que ao longo do perodo este consumo vem

    aumentando.

  • 31

    Tabela 5.1.1- Consumo de Energia Eltrica no CT nos ltimos 05 Anos.

    Ano 2004 Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009

    Janeiro 761.848 1.153.427 1.369.339 1.184.756 1.335.963 1.147.468

    Fevereiro 1.125.035 915.697 1.493.189 1.380.715 1.273.702 1.411.413

    Maro 1.248.431 1.416.295 1.516.484 1.604.670 1.639.603 1.650.823

    Abril 1.290.269 1.540.421 1.475.351 1.795.128 1.373.645 1.632.360

    Maio 1.131.795 537.232 1.223.594 1.363.056 1.984.612 1.376.747

    Junho 924.445 689.933 1.176.876 1.192.170 1.247.698 1.333.046

    Julho 996.579 1.090.162 1.054.169 1.153.727 1.235.192 1.291.103

    Agosto 884.880 1.066.012 1.199.606 1.173.355 1.268.376 1.172.452

    Setembro 969.421 1.862.285 1.157.077 1.397.009 1.397.406 1.427.278

    Outubro 1.175.874 1.260.163 1.291.588 1.434.460 1.373.170 1.473.995

    Novembro 1.148.609 1.270.492 1.279.094 1.377.327 1.553.766 1.706.149

    Dezembro 1.238.468 1.260.687 1.453.815 1.448.580 1.385.573 1.732.674

    Total 12.895.654 14.062.806 15.690.182 16.504.953 17.068.706 17.355.508

    MsConsumo (kWh)

    Fonte: FEGELC,UFRJ

    Figura 5 - Evoluo do Consumo de Energia Eltrica nos ltimos 5 anos.

    Fonte: FEGELC, UFRJ

    Tomando-se como base o ano de 2009, o consumo mdio mensal de 1.446.292 kWh.

    Co

    nsu

    mo

    (kW

    h)

    Ano

  • 32

    5.1.1. Tarifao

    De acordo com o seu nvel de tenso (13,8kV), o Centro de Tecnologia est

    enquadrado no subgrupo A4 (tenso de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV).

    O CT, especificamente, est enquadrado na tarifa horosazonal verde, que exige um

    contrato especfico com a concessionria na qual estabelecida a demanda preterida pelo

    consumidor independente da hora do dia (ponta ou fora de ponta). A conta de energia eltrica

    composta da soma de parcelas referentes ao consumo (na ponta e fora dela), demanda e

    ultrapassagem.

    No anexo 1 podem-se verificar os registros contidos na fatura de energia eltrica

    emitida pela concessionria ao longo do ano de 2009. A partir destes registros podemos dizer

    que:

    O consumo na ponta relativamente baixo em relao ao consumo fora da ponta,

    porm o valor da sua tarifa nove vezes maior, onerando em muito a fatura de energia. Por

    exemplo, no ms de abril houve o maior consumo na ponta registrado no ano (140.664kWh),

    que representou um aumento de 36% na fatura;

    Nos meses de Fevereiro, Maro, Abril, Maio, Setembro e Outubro, nota-se que o valor

    da demanda medida excedeu em mais de 10% a demanda contratada, acarretando no

    pagamento de demanda de ultrapassagem que possui tarifa trs vezes mais elevada em relao

    tarifa da demanda contratada;

    Ao longo de todo ano houve o consumo de energia reativa por conta do fator de

    potncia abaixo do estabelecido segundo as normas (

  • 33

    6. PROPOSTA TCNICA

    A partir das condies atuais de consumo de energia da instalao e dos potenciais de

    economia realizveis, proposta a instalao de um sistema fotovoltaico de energia eltrica

    conectado rede para reduzir os custos de energia no horrio de ponta e demanda de

    ultrapassagem.

    6.1. Sistema Fotovoltaico de Energia Conectado Rede SFCR

    O Sistema Fotovoltaico Conectado Rede dispensa o uso de baterias e injeta energia

    de forma sincronizada, diretamente rede eltrica, a partir de um inversor que realiza a

    converso de tenso/corrente cc produzidas pelo painel fotovoltaico para tenso /corrente

    compatveis com a rede eltrica.

    Figura 6 Diagrama Esquemtico do Sistema Fotovoltaico Conectado Diretamente

    Rede Eltrica

    Fonte:Zillas, 2008A .

  • 34

    Existem dois tipos de configuraes para a instalao do SFCR: sistemas centralizados

    e distribudos.

    Os sistemas fotovoltaicos distribudos podem ser instalados de forma integrada

    edificao ou na fachada do prdio, portanto, prximos ao ponto de consumo. Conta com uma

    configurao diferente da que conhecemos atualmente: painis, controladores de carga,

    baterias e inversores CC CA. Por serem conectados diretamente rede eltrica, dispensam a

    necessidade de uso de controladores de carga e baterias, sendo, assim, compostos apenas

    pelos painis fotovoltaicos e um inversor CC CA. O inversor , portanto, um equipamento

    que deve ser instalado entre o sistema gerador fotovoltaico e o ponto de fornecimento rede,

    que opera como um back-up.

    Figura 7 Exemplo de Sistema FotovoltaicoDistribudo Conectado Rede

    Fonte: IEA-PVPS, 2006.

    A gerao distribuda tem vantagem sobre a gerao central, pois, devido a sua

    proximidade junto carga, economiza investimentos em transmisso e reduz as perdas nestes

    sistemas, melhorando a estabilidade do servio de energia eltrica.

    Porm o investimento neste tipo de sistema ainda possui um custo elevado, e no Brasil

    no existe uma legislao que incentive seu uso. Vale ressaltar que o avano tecnolgico tem

  • 35

    trazido ganhos de qualidade e eficincia, alm de novas descobertas contriburem para

    baratear os custos.

    6.1.1. Caractersticas do Sistema Fotovoltaico.

    A partir de consulta ao fornecedor Solar Brasil, a placa fotovoltaica escolhida, modelo

    KD135SX-UPU da marca Kyocera, possui as seguintes caractersticas:

    A eficincia de converso das clulas superior a 16%;

    As clulas so encapsuladas entre as camadas de vidro temperado como cobertura,

    acetato de vinil etilnico e polivinil fluordrico como fundo, para dar a mxima proteo

    contra as severas condies ambientais;

    O laminado resultante encapsulado em uma moldura de alumnio anodizado que

    oferece uma estrutura mais rgida e de fcil instalao.

    Tabela 6.1.1.1 Especificaes Eltricas

    #

    Condies

    Padres de Teste

    (*CPT)

    Teste com 800W/m2,TNOC

    Espectro de Massa de ar 1,5

    Mxima Potncia 135 W 95W

    Tolerncia +5% / -5% -

    Voltagem de Mxima Potncia 17,7V 15,7V

    Corrente de Mxima Potncia 7,63A 6,10 A

    Voltagem de Circuito Aberto 22,1V 20V

    Corrente de Curto-Circuito 8,37A 6,79A

    Voltagem Mxima do Sistema 600V -

    Coeficiente de Temperatura da Corrente (Icc) (5,02 x 10e3)A/C -

    Coeficiente de Temperatura da Voltagem (Vca) (-8 x 10e2)V/C -

  • 36

    Figura 8 Especificaes Fsicas

    Figura 9.a Caractersticas de

    Voltagem x Corrente

    dos Mdulos Fotovoltaicos em Vrias Temperatura de Clulas.

    Figura 9.b Caractersticas de Voltagem x Corrente

    dos Mdulos Fotovoltaicos em

    Vrios Nveis de Irradiao.

  • 37

    6.1.2. Clculo da Estimativa de Energia a ser Produzida pelo

    SFCR.

    A cidade do Rio de Janeiro est na latitude (S) 22,92 e longitude (W) 43,17 e possui

    uma irradiao solar diria mdia mensal conforme a figura 10. Vale ressaltar a aleatoriedade

    da radiao solar, pois por mais que se obtenham dados sobre o comportamento da radiao,

    no se pode assegurar a repetio desse comportamento no futuro.

    Figura 10 Radiao Diria Mdia na Cidade do Rio de Janeiro

    Fonte: Cressesb,CEPEL

  • 38

    Figura 11 - Radiao Solar Mdia Mensal e Anual no Plano Inclinado na Cidade do Rio de

    Janeiro.

    Fonte: Cressesb,CEPEL

    Como se pode verificar na tabela 1, a mdia anual de irradiao no plano inclinado,

    4,72 kWh/m2

    dia, superior ao plano horizontal, 4,54 kWh/m2

    dia, atestando que a inclinao

    dos mdulos em um ngulo igual ao da latitude do local de instalao proporciona uma maior

    produo de energia para sistemas conectados diretamente rede eltrica de distribuio.

    A partir dos dados da tabela 6.1.2.2, possvel calcular a energia gerada mensalmente

    a partir do sistema fotovoltaica.

    A energia passvel de ser produzida, medida em kWh, foi calculada utilizando-se a

    equao abaixo:

  • 39

    Na qual:

    Eg energia produzida pelo gerador fotovoltaico de energia, em kWh.

    P potncia nominal do gerador fotovoltaico, em kW.

    HSP o nmero de horas de sol pleno em mdia diria a uma intensidade de 1.000 W/ m2

    equivalente a energia total diria incidente sobre a superfcie do gerador em 4,54 kWh/m2,

    dado em horas.

    CC/CA - rendimento do inversor de corrente contnua para corrente alternada.

  • 40

    Para o clculo da energia gerada pelo conjunto fotovoltaico, foi considerado valores de

    radiao solar diria mdia mensal do Rio de Janeiro para um plano inclinado de 23

    com

    rendimento mdio do inversor em 95% (dados do fabricante Kyocera). Para base do clculo

    da energia produzida mensalmente e no horrio de ponta,foram considerados os valores de 8

    horas e 3 horas, respectivamente para estimativa da produo mensal.

    Tabela 6.1.2.2 - Clculo Mensal da Energia Produzida por Meio de um Sistema de 10 kW

    com Mdulos Fotovoltaicos no Rio de Janeiro.

    Potncia Instalada Irradiao solar Rendimento do

    inversor

    Energia produzida

    Mensalmente

    Energia produzida

    Horrio de Ponta

    Mensalmente

    (17:30h at 20:30h)

    (kW) (kWh/m2*dia) (%) (kW/h) (kW/h)

    Janeiro 31 10 4,83 95 474,15 177,80

    Fevereiro 28 10 4,98 95 441,56 165,59

    Maro 31 10 5,26 95 516,36 193,63

    Abri l 30 10 4,76 95 452,20 169,58

    Maio 31 10 4,18 95 410,34 153,88

    Junho 30 10 3,7 95 351,50 131,81

    Julho 31 10 4,03 95 395,61 148,35

    Agosto 31 10 4,73 95 464,33 174,12

    Setembro 30 10 5,44 95 516,80 193,80

    Outubro 31 10 4,64 95 455,49 170,81

    Novembro 30 10 5,14 95 488,30 183,11

    Dezembro 31 10 4,94 95 484,94 181,85

    5.452 2.044

    Ms Dias

    Total

    Podemos inferir que um sistema fotovoltaico de energia com potncia nominal de 10

    kW ir produzir anualmente 5.452 kWh. Deste total, cerca de 40% poder ser utilizado para

    atender a demanda no horrio de ponta e o restante para mitigar a demanda de ultrapassagem.

  • 41

    6.1.3. Gastos com Instalao

    Para a instalao do sistema solar fotovoltaico conectado a rede de 10kW de potncia,

    foram consultados 03 fornecedores e a proposta tcnica vencedora apresentou os seguintes

    valores, conforme dados em tabela abaixo:

    Tabela 6.1.3.1- Custos da aquisio do sistema fotovoltaico emitido pelo fornecedor Solar

    Potncia do Sistema 1 KW 2 KW 3 KW 4 KW 5 KW 10 KW

    N de mdulos solares 20 16 24 30 38 77

    Mdulos solares indicados KC 50 KD 135 KD 135 KD 135 KD 135 KD 135

    Potncia Instalada (W) 1.080 2.160 3.240 4.050 5.130 10.395

    Inversor Xantrex GT 2.8 GT 2.8 GT 3.3 GT 4.0 GT 5.0 GT 5.0 x 2

    Custo Mdulos Solares (R$) 14.600,00 20.800,00 31.200,00 39.000,00 49.400,00 100.100,00

    Custo Inversor (R$) 6.746,60 6.746,60 8.468,80 9.464,20 11.723,60 23.447,20

    Custo Total (R$) 21.346,60 27.546,60 39.668,80 48.464,20 61.123,60 123.547,20

    Eficincia do sistema 95% 95% 95% 95% 95% 95%

    Gerao mxima mensal (KWh) 154 308 462 577 731 1.481

    Garantia dos Mdulos 20 anos 20 anos 20 anos 20 anos 20 anos 20 anos

    Garantia do inversor 10 anos 10 anos 10 anos 10 anos 10 anos 10 anos

    Gerao em 15 anos (KWh) 27.702 55.404 83.106 103.883 131.585 266.632

    Custo do KWh/ms (R$) 0,77 0,50 0,48 0,47 0,46 0,46

    Fonte: Solar Brasil,2011

    Os gastos referentes infraestrutura no so contabilizados pelo fornecedor em sua

    proposta e a idia utilizar mo de obra da equipe de manuteno do CT para realizar a

    instalao e todo o material necessrio ser comprado pelo setor de suprimento do CT. O

    custo com instalao e material para o estudo preliminar foi estimado em R$10.000,00, 10%

    do valor do sistema para efeito de clculo.

    Logo, o custo total para a instalao de um sistema fotovoltaico conectado rede de

    10kW para produo de energia eltrica de R$ 133.547,20, perfazendo um valor de R$

    13,35 por W (watt) instalado.

  • 42

    6.1.4. Estimativas de Reduo de Consumo na Ponta e

    Demanda de Ultrapassagem.

    A partir da tabela 6.1.2.2, possvel afirmar que o sistema fotovoltaico de energia

    produzir anualmente 5.452 kWh. No anexo 1, encontram-se os valores registrados nas

    faturas de energia durante o ano de 2009.Os valores da coluna Consumo na Ponta so

    somados para termos o total do consumo anualizado. A partir do valor estimado para energia

    produzida pelo sistema fotovoltaico, verifica-se a reduo de 0,14% do consumo na ponta e,

    em relao demanda de ultrapassagem, o sistema capaz de reduzir a demanda em 70%,

    conforme registros nas tabelas 6.1.4.1 e 6.1.4.2.Os clculos foram realizados da seguinte

    forma:

    +

    Tabela 6.1.4.1 Estimativa de Reduo de Consumo no Horrio de Ponta

    anualmente.

    #

    Consumo ponta

    (kWh)

    anualizado

    Energia anual

    gerada pelo

    SFCR (kWh)

    Economia de

    consumo (% )

    Economia

    em R$

    Total 1.426.372,00 2.044,34 0,14% 3864,14

    Tabela 6.1.4.2 Estimativa de Reduo de Demanda de Ultrapassagem anualmente.

    #

    Demanda

    ultrapassagem

    (kWh) anualizado

    Energia anual

    gerada pelo

    SFCR (kWh)

    Economia de

    demanda (% )

    Economia

    em R$

    Total 4.855,50 3.407,23 70,17% 110227,64

  • 43

    6.1.5. Relao Benefcio Custo e Tempo de Retorno

    A partir do significado terico apresentado na seo 4.2.1, valores finais calculados

    para relao benefcio custo sero apresentados nas tabelas a seguir a fim de uma anlise

    econmica preliminar da viabilidade quanto instalao do sistema fotovoltaico de energia.

    Os custos envolvidos so referentes aquisio do sistema fotovoltaico de 10kW conforme a

    seo 6.1.3. A vida til do sistema considerada de 15 anos.

    Tabela 6.1.5.1 - Valor da RBC do SFCR para consumo na ponta

    #Benefcio

    anualizado

    Custo

    anualizado

    Total 3.864,14 18.236,48

    Reduo de Consumo (kWh)

    Anual RBC 0,2118905

    2.044,34

    Tabela 6.1.5.2 - Valor da RBC do SFCR para demanda de ultrapassagem

    #Benefcio

    anualizado

    Custo

    anualizado

    Total 110.227,64 18.236,48

    Demanda ultrapassagem (kWh)

    anual RBC 6,0443484

    3.407,23

    O tempo de retorno simples, tabelado a seguir, utilizado para analisar o tempo em

    que o benefcio se iguala ao investimento (seo 4.2.3). Para efeito de clculo, levado em

    considerao o custo anualizado sobre o benefcio anualizado.

    [Para

    Consumo na Ponta]

    [Para Demanda de

    Ultrapassagem]

    Tabela 6.1.5.3 Tempo de Retorno Simples

    Tempo de retorno simples (anos)

    # Na ponta Demanda de

    ultrapassagem

    4,72 0,17

  • 44

    Vale lembrar que o custo e benefcio apresentados na tabela acima so em relao ao

    perodo de um ano, ou seja, so benefcios e custos anualizados. Alm disso, a tarifa de

    ultrapassagem cobrada toda vez que a demanda contratada ultrapassada em mais de 10%

    de seu valor.

  • 45

    7. CONCLUSO

    O objetivo do trabalho foi orientao quanto implantao de um sistema

    fotovoltaico de energia eltrica conectado rede de baixa tenso para atender o consumo na

    ponta e a demanda de ultrapassagem no Centro de Tecnologia da UFRJ. A partir das faturas

    registradas pela concessionria no ano de 2009, foi analisado o potencial de energia

    economizada e reduo do custo da fatura, assim como o investimento necessrio para a

    implantao e tempo mdio de retorno do projeto de eficincia.

    A partir de consulta a fornecedores, estabeleceu-se a proposio de um sistema

    fotovoltaico de energia eltrica de 10kW conectado rede, com o objetivo se fazer uma

    anlise preliminar. A partir dos dados de irradiao mdia solar da cidade do Rio de Janeiro

    foi possvel estimar a energia mensal produzida pelo sistema fotovoltaico em um total de

    5.452 kWh por ano.

    Tomando-se como base somente o consumo na ponta e fora da ponta, o consumo na

    ponta representa 8% do consumo total registrado no ano analisado, porm em relao ao custo

    global o aumento da ordem de trs vezes mais, uma vez que a tarifa de energia no horrio de

    ponta trs vezes maior em relao tarifa fora da ponta. De acordo com a tabela 6.1.5.1, a

    instalao do sistema fotovoltaico de energia eltrica conectado rede proposto trar uma

    reduo anual de R$ 3.861,14 na fatura de energia em relao ao consumo na ponta.O valores

    encontrados nas tabelas 6.1.5.1, 6.1.5.2 e 6.1.5.3,para consumo na ponta, o tempo de retorno

    de 4 anos e 8 meses e a RBC de 0,2 que no est de acordo com os padres da Aneel (RBC

    maior que 1) mas como o objetivo do trabalho a reduo do consumo de energia, o critrio

    vlido.

  • 46

    Ao analisarmos a demanda de ultrapassagem registrada ao longo do ano, verificamos

    que a demanda ultrapassada mais freqentemente no perodo mido onde os nveis de

    temperatura so mais elevados. No CT - UFRJ, o nvel da temperatura elevado aumenta o uso

    de aparelhos de climatizao, justificando a ultrapassagem da demanda contratada que

    acarretou na demanda excedente de 4.855,50 kWh, acarretando num acrscimo de R$

    346.978,53, conforme anexo 1. O sistema fotovoltaico de energia eltrica conectado rede

    capaz de suprir, anualmente, toda a demanda ultrapassada e, ainda, acarretar numa reduo

    em torno de 6% ao ano na fatura de energia ao permitir que 8.378,00 kWh deixem de ser

    faturados.

    No Brasil, a existncia deste tipo de sistema se restringe aos laboratrios e centros de

    pesquisa, uma vez que mesmo com a existncia de uma regulamentao especfica (RN

    ANEEL No 390/2009), barreiras so encontradas. Algumas delas so a falta de recursos

    especializados na tecnologia, aliada falta de interesse por parte das concessionrias em lidar

    com essa nova questo.

    A relao custo benefcio e o tempo de retorno do investimento demonstram que,

    econmica e financeiramente, o investimento inicial do projeto pago ao longo de sua vida

    til. Contudo, o investimento inicial cria mais um empecilho ao estmulo quanto

    implantao deste tipo de gerao de energia.

    Assim, demonstrou-se que o projeto tecnicamente vivel quanto sua implantao

    mostrando-se uma soluo para a oferta de energia de forma limpa, alm de promover maior

    diversificao da matriz energtica e postergar investimentos no aumento da capacidade do

    sistema de distribuio, por exemplo.

    Como trabalhos futuros sugere-se o estudo mais detalhado da implantao levando em

    conta as questes da ligao das placas ao sistema eltrico e da proteo contra o ilhamento.

  • 47

    8. Bibliografia:

    [1] Eficincia Energtica nas Edificaes, PROCEL. Disponvel em www.eletrobras.com.br

    [2] - Eletrobrs / PROCEL, 2006 Conservao de Energia: Eficincia Energtica em

    Instalaes e Equipamentos, terceira edio, Editora EFEI, Itajub, Minas Gerais, Brasil.

    [3] - Eletrobras / PROCEL - ano 2003. Disponvel em www.eletrobras.com.br

    [4] - POOLE;HOLLANDA;TOLMASQUIM - ano 1998.

    [5] GELLER ano 2003

    [6] - VARGAS JR- ano 2006.

    [7] Green Building & Human Experience Junho, 2010. Disponvel em www.usgbc.org.br

    [8] - CRESSESB - ano 2000.

    [9] - GREEN - ano 2000.

    [10] Kats ano 2003.

    [11] Tavares ano 2006.

  • 48

    [12] EPE Plano Nacional de Energia 2030 ano 2007. Disponvel em www.epe.gov.br

    ANEEL- Manual para elaborao do Programa de Eficincia Energtica da Aneel ciclo

    2005/2006 Disponvel em www.aneel.gov.br

    ANEEL Resoluo normativa ANEEL nmero 390 2009 Disponvel em

    www.aneel.gov.br

    CTE Centro de Tecnologia de Edificaes

    Em: http://www.cte.com.br ,acessado em 01/05/2011.

    EPE- Resenha Mensal do Mercado de Energia Eltrica Julho de 2010 Disponvel em

    www.epe.gov.br

    CEPEL,2003 Um ano e meio de operao do sistema fotovoltaico conectado a rede do

    CEPEL Disponvel em www.cepel.br

    ANEEL Atlas captulo 3 Energia Solar Primeira edio 2002.Disponvel em

    www.aneel.gov.br

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    Eltrica na Universidade Federal do Rio de Janeiro,Rio de Janeiro RJ,Outubro de 2005.

    Gerao distribuda no Brasil: oportunidade e barreiras - Revista Brasileira de Energia Vol. 11

    | N 02.

  • 49

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    EPE Balano Energtico Nacional, 2010. Disponvel em www.epe.gov.br.

    JNIOR, Orlando Lista; Sistemas Fotovolticos conectados a rede: Estudo de caso 3kW

    instalados no estacionamento do IEE SP So Paulo,2005.

    PALO, Paulo Rogrio; Estudo da Viabilidade da Construo de edifcios Inteligentes

    Sustentveis, So Paulo, 2006

    EPE Boletim Energtico Nacional 2010, ano base 2009. Disponvel em: www.epe.gov.br

    Pgina oficial do INEE. Disponvel em www.inee.org.br.

    Pgina oficial do MME. Disponvel em www.mme.gov.br

  • 50

    Anexo 1 Tabela de Dados Faturamento de Energia

    Energia Eltrica Faturada em 2009.

    Energia Eltrica Contratada em 2009.

    #Consumo

    ponta (kWh)Tarifa Valor a pagar

    Consumo fora

    ponta (kWh)Tarifa Valor a pagar

    Demanda

    medida

    (kWh)

    TarifaValor a

    pagar

    Demanda

    contratada

    (kWh)

    TarifaValor a

    pagar

    Demanda

    ultrapassagem

    (kWh)

    TarifaValor a

    pagar

    Demanda

    Ociosa

    (kWh)

    TarifaValor a

    pagar

    UFER

    Ponta

    (kWh)

    TarifaValor a

    pagar

    UFER Fora

    Ponta

    (kWh)

    TarifaValor a

    pagar

    Valor total

    da fatura

    Janeiro 84100 1,96 164735,52 1063368 0,21 229183,26 4873 - - 4700 18,68 91.046,55 - - - - - - 11.722,00 1,96 22.961,11 82.512,00 0,21 17.783,47 525.709,91

    Fevereiro 102453 1,94 199228,76 1308960 0,21 280066,91 5192,6 - - 4700 18,54 87.176,83 492,6 55,64 27410,62 - - - 8.763,00 1,94 17.040,41 49.032,00 0,21 10.490,96 621.414,49

    Maro 141631 1,94 275839,79 1509192 0,21 323408,29 6177,6 - - 4700 18,57 87.311,68 1477,6 55,73 82347,92 - - - 7.234,00 1,94 14.088,90 53.136,00 0,21 11.386,64 794.383,22

    Abril 140664 1,94 272607,14 1491696 0,21 318084,6 5564,2 - - 4700 18,48 86.881,64 864,2 55,45 47925,39 - - - 7.318,00 1,94 14.182,30 50.328,00 0,21 10.731,79 750.412,86

    Maio 114227 1,98 226743,07 1262520 0,23 296328 4993,9 - - 4100 18,6 76271,69 893,9 55,8 49887,26 - - - 7.757,00 1,98 15.397,81 64.800,00 0,23 15.209,33 679.837,63

    Junho 120422 1,95 235358,25 1212624 0,23 280233,2 5132,2 - - 4750 18,32 94002,93 0 - - - - - 8.221,00 1,95 16.067,50 57.024,00 0,23 13.178,05 638.839,93

    Julho 114119 1,86 213298,51 1176984 0,22 260123,36 3974,4 - - 4750 17,51 83199,59 0 - - 775,6 - 13585,18 7.990,00 1,87 14.934,02 58.536,00 0,22 12.936,95 584.492,43

    Agosto 103468 1,81 187588,07 1068984 0,21 229168,23 4458,2 - - 4750 16,98 80701,42 0 - - 291,8 - 4957,62 8.119,00 1,81 14.719,79 54.216,00 0,21 11.622,80 523.800,31

    Setembro 124150 1,83 227867,34 1303128 0,21 282817,65 5313,6 - - 4750 17,19 81699,12 563,6 51,59 29081,45 0 - - 7.344,00 1,83 13.479,32 53.568,00 0,21 11.625,85 646.570,73

    Outubro 123563 1,83 226300,35 1350432 0,21 292451,3 5313,6 - - 4750 17,16 81522,74 563,6 51,48 29018,66 0 - - 6.884,00 1,83 12.607,75 55.296,00 0,21 11.974,97 653.875,77

    Novembro 126325 1,85 234181,03 1579824 0,22 352952,02 4750 - - 4750 17,02 80864,15 0 51,07 81307,23 0 - - 6.957,00 1,85 12.896,87 41.688,00 0,22 9.313,61 771.514,91

    Dezembro 131250 1,82 239576,05 1601424 0,21 335883,89 5050 - - 5050 16,62 83.973,00 0 49,9 0 0 - 0 7.305,00 1,82 13.334,12 39.744,00 0,21 8.335,94 681.713,26

    Total 1.426.372,00 - 2.703.323,88 15.929.136,00 - 3.480.700,71 - - - - - 1.014.651,34 4.855,50 - 346.978,53 - - 18.542,80 95.614,00 - 181.709,90 659.880,00 - 144.590,36 7.872.565,45

    Perodo mido

    Perodo seco

    Fonte:Elaborao prpria a partir dos dados encontrados na fatura de energia eltrica emitida pela concessionria de energia eltrica no ano de 2009

  • 51

    Energia e Valor Economizado Consumo na Ponta

    #Consumo ponta

    (kWh)Tarifa Valor a pagar

    Energia

    gerada

    pelo SFCR

    (kWh)

    Valor

    Economizado

    (R$)

    Janeiro 84.100,00 1,96 164.735,52 177,80 348,50

    Fevereiro 102.453,00 1,94 199.228,76 165,59 321,23

    Maro 141.631,00 1,94 275.839,79 193,63 375,65

    Abril 140.664,00 1,94 272.607,14 169,58 328,98

    Maio 114.227,00 1,98 226.743,07 153,88 304,67

    Junho 120.422,00 1,95 235.358,25 131,81 257,03

    Julho 114.119,00 1,86 213.298,51 148,35 275,94

    Agosto 103.468,00 1,81 187.588,07 174,12 315,16

    Setembro 124.150,00 1,83 227.867,34 193,80 354,65

    Outubro 123.563,00 1,83 226.300,35 170,81 312,58

    Novembro 126.325,00 1,85 234.181,03 183,11 338,76

    Dezembro 131.250,00 1,82 239.576,05 181,85 330,97

    Total 1.426.372,00 - 2.703.323,88 2.044,34 3.864,14

  • 52

    Energia e Valor Economizado Demanda de Ultrapassagem

    #

    Demanda

    ultrapassagem

    (kWh)

    Tarifa Valor a pagar

    Energia

    gerada

    pelo SFCR

    (kWh)

    Valor

    Economiza

    do (R$)

    Janeiro 0 - - 296,34

    Fevereiro 492,6 55,64 27.410,62 275,98 15.355,25

    Maro 1477,6 55,73 82.347,92 322,72 17.985,35

    Abril 864,2 55,45 47.925,39 282,63 15.671,56

    Maio 893,9 55,8 49.887,26 256,46 14.310,49

    Junho 0 - - 219,69 -

    Julho 0 - - 247,26 -

    Agosto 0 - - 290,21 -

    Setembro 563,6 51,59 29.081,45 323,00 16.663,57

    Outubro 563,6 51,48 29.018,66 284,68 14.655,50

    Novembro 0 51,07 81.307,23 305,19 15.585,93

    Dezembro 0 49,9 0,00 303,09 -

    Total 4.855,50 346.978,53 3.407,23 110.227,64

  • 53

    Anexo 2 Definies e Siglas Principais.

    Carga Instalada

    a soma das potncias nominais dos equipamentos eltricos instalados na unidade

    consumidora, em condies de entrar em funcionamento, expressa em quilowatts (kW).

    Demanda

    a mdia das potncias eltricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema eltrico pela

    parcela da carga instalada em operao na unidade consumidora, durante um intervalo de

    tempo especificado.

    Demanda Contratada

    a demanda de potncia ativa a ser obrigatria e continuamente disponibilizada pela

    concessionria, no ponto de entrega, conforme valor e perodo de vigncia fixados no contrato

    de fornecimento e que dever ser integralmente paga, seja ou no utilizada durante o perodo

    de faturamento, expressa em quilowatts (kW).

    Demanda de Ultrapassagem

    a parcela da demanda medida que excede o valor da demanda contratada, expressa

    em quilowatts (kW).

    Demanda Medida

    a maior demanda de potncia ativa, verificada por medio, integralizada no

    intervalo de 15 (quinze) minutos durante o perodo de faturamento, expressa em quilowatts

    (kW).

    Energia Eltrica Ativa

    a energia eltrica que pode ser convertida em outra forma de energia, expressa em

    quilowatts-hora (kWh).

  • 54

    Energia Eltrica Reativa

    a energia eltrica que circula continuamente entre os diversos campos eltricos e

    magnticos de um sistema de corrente alternada, sem produzir trabalho, expressa em

    quilovolt-ampere-reativo-hora (kvarh).

    Tarifa

    o preo da unidade de energia eltrica e / ou da demanda de potncia ativa.

    Estrutura Tarifria Convencional

    a estrutura caracterizada pela aplicao de tarifas de consumo de energia e / ou

    demanda de potncia independentemente das horas de utilizao do dia e dos perodos do ano.

    At 1981 era o nico tipo de tarifa convencional.

    Estrutura Tarifria Horosazonal

    a estrutura caracterizada pela aplicao de tarifas diferenciadas de consumo de

    energia eltrica e de demanda de potncia de acordo com as horas de utilizao do dia e dos

    perodos do ano, conforme a seguinte especificao:

    Horrio de Ponta (P)

    o perodo definido pela concessionria e composto por 3 (trs) horas

    dirias consecutivas, execuo feita aos sbados, domingos e feriados nacionais,

    considerando as caractersticas do seu sistema eltrico. A concessionria LIGTH -

    Servios de Eletricidade S.A. define o intervalo de 17h30min s 20h30min para o

    horrio de ponta.

    Horrio Fora da Ponta (F)

    o perodo composto pelo conjunto das horas dirias consecutivas e

    complementares quelas definidas no horrio de ponta.

  • 55

    Perodo mido (U)

    o perodo de 5 (cinco) meses consecutivos, compreendendo os

    fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano

    seguinte.

    Horrio Seco (S)

    o perodo de 7 (sete) meses consecutivos, compreendendo os

    fornecimentos abrangidos pelas leituras de maio a novembro.

    Fator de Carga

    a razo entre a demanda mdia e a demanda mxima da unidade consumidora,

    ocorridas no mesmo intervalo de tempo especificado.

    Fator de Potncia

    a razo entre a energia eltrica ativa e a raiz quadrada da soma dos quadrados da

    energia eltrica ativa e reativa, consumidas num mesmo perodo especificado.

  • 56

    Anexo 3 Grupos Tarifrios

    Grupo Tarifrio A

    So os consumidores cujo fornecimento de energia em tenso igual ou superior a 2,3

    kV. Os grupos atendidos hoje pela Light so os seguintes:

    Tabela A2: Subgrupos do grupo tarifrio A.

    Fonte: Resoluo ANEEL n 563/07, de 06/11/2007.

    (vigncia a partir de 07/11/2007)

    Subgrupos Tenso

    A2 88 k V a 138 k V

    A3A 30 k V a 44 k V

    A4 2,3 k V a 25 k V

    AS*(Subterrneo) menos de 2,3 k V