TDAH: SUAS IMPLICAÇÕES COM A VIDA Por outro lado, o potencial de uma pessoa com esse transtorno é...
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Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.
Anais ISSN online:2326-9435
XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação
II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação
TDAH: SUAS IMPLICAÇÕES COM A VIDA
ALBERTI, YARA VIEIRA
BARTZ, ADRIANE DE LIMA VILAS BOAS
(Orientadora) [email protected]
FACULDADE DOM BOSCO DE UBIRATÃ
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa qualitativa enfocou, como tema, o TDAH e suas implicações com a
vida. Desse modo, como problema, analisou a falta de atenção e o comportamento alterado da
criança. Assim, de forma geral, objetivou identificar o TDAH e seus possíveis tratamentos, a
fim de amenizar seus sintomas. Igualmente buscou reconhecer os sinais de TDAH e fornecer
sugestões de intervenções para familiares e professores, a fim de que estes auxiliem nas
mediações para amenizar o comportamento decorrente do transtorno e, desse modo,
proporcionar uma melhor qualidade de vida para essas pessoas.
Todos, com certeza, conhecem alguma criança que vive “ligada no 220”, que pula de
um lado para o outro sem parar e que nos cansa somente ao olhá-la; também aquelas que
parecem viver “no mundo da lua”, desajeitadas, que parecem não prestar muita atenção nas
coisas, perdendo-se em seus devaneios. Algumas delas ainda possuem dificuldades de
aprendizagem, de relacionamento, e, por isso, quase sempre são tachadas como mal-educadas,
teimosas, cabeças-ocas, aluadas e, até mesmo, como desprovidas de inteligência.
Esse distúrbio é caracterizado por três sintomas básicos: desatenção, hiperatividade
(física ou mental) e impulsividade. Manifesta-se ainda na infância e, na maioria dos casos,
permanece também na fase adulta. Pode acometer qualquer um, independentemente de sexo,
cor, raça, cultura, nível socioeconômico, etc., podendo trazer vários danos à vida das pessoas
que acometem, caso não sejam diagnosticadas e tratadas precocemente.
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Por outro lado, o potencial de uma pessoa com esse transtorno é imenso. Ela possui
enorme criatividade e talento de sobra; o que lhe falta é apenas um direcionamento de suas
ideias, que podem ser brilhantes. Mas, nos dias de hoje, a grande vilã ainda é a
desinformação. O TDAH não é uma doença, e sim, um funcionamento mental diferenciado,
que não pode ser curado, mas pode ser orientado.
Familiares, educadores e especialistas podem trabalhar juntos, a fim de proporcionar
melhor qualidade de vida para essas pessoas, restaurando sua autoconfiança, ensinando-lhes a
descobrir o que eles têm de melhor e ajudando-os a dar sequência no processo fundamental da
vida: buscar a felicidade.
COMPREENDENDO E DEFININDO O TDAH
A pesquisa fundamentou-se na definição do Transtorno do Deficit de Atenção e
Hiperatividade, suas causas, sintomas, diagnóstico, e vários outros quesitos primordiais para a
compreensão do problema apresentado.
De acordo com Fiore (2007), o TDAH é uma disfunção neurológica capaz de alterar as
funções executivas do cérebro. É um desconcerto natural do lobo frontal cerebral que não
apresenta lesão em sua estrutura. Já Wuo (1999, p.7) afirmou que “o déficit de atenção é uma
deficiência neurobiológica frequentemente caracterizada por níveis de desatenção,
impulsividade, hiperatividade, desorganização e inabilidade social.”
Rohde e Mattos (2003) definiram o TDAH como um dos transtornos que mais
acometem crianças. A pessoa hiperativa possui uma deficiência neurobiológica, geralmente
de origem genética, responsável por um descontrole motor, mudanças súbitas de humor e
também uma afetividade instável.
Rohde e Mattos (2003) mostram que:
Esse sistema central de administração está relacionado com os circuitos pré-
frontais, e são cruciais não apenas na organização e planejamento, como
também na integração dos processos cognitivos ao longo do tempo, tendo
um papel cada vez mais importante quando a criança amadurece e passa a ter
atividades mais independentes e a se envolver com tarefas mais complexas
(ROHDE & MATTOS, 2003, p.221-222).
Segundo os autores acima, as estruturas pré-frontais, quando desorganizadas,
influenciam no desenvolvimento psíquico, principalmente quando as crianças necessitam
realizar atividades mais complexas. O TDAH, conforme Goldstein (2006) é identificado por
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hiperatividade, impulsividade e/ou deficit de atenção, desencadeando consequências
acadêmicas e (ou) sociais. É conhecida como a “desordem do deficit de atenção”, e rotula a
criança que a possui como distraída e muito agitada.
HISTÓRICO
Benczik (2002) explica que, de acordo com a história, o médico G. Still (1902) foi
pioneiro na observação dos sintomas infantis, tais como impaciência, inquietação, cólicas,
etc., e na indicação do ópio como medicação. Ele ainda afirmou que certos comportamentos
infantis não poderiam resultar apenas de falhas no ambiente, mas que provinham de algum
sistema biológico, inexplorado até o momento.
Além disso, retratou um defeito nas crianças, descrito como uma falha na conduta
moral e observou-se que essa imperfeição impossibilitava as mesmas de submeterem-se a
regras e limites, de modo que elas manifestavam inquietação, desatenção e impaciência.
Entre os anos de 1917 e 1918, logo após um surto de encefalite, foram observados, nas
crianças recuperadas, comportamentos de inquietação, impaciência e desatenção; atitudes que
não existiam antes da doença. De acordo com Barkley (2008), observaram-se as alterações de
comportamentos após a doença, transformando as crianças, pois era visível as modificações
de condutas.
Lefrève (1975) alega que a partir da década de 60, essa síndrome precisava ser
definida sob um aspecto mais funcional, enfatizando a hiperatividade como sintoma principal.
Durante essa mesma década, o DSM-II descreveu a síndrome como Reação Hipercinética.
Na década de 70, a Classificação Internacional das Doenças, o CID-9, conservou uma
classificação parecida, “Síndrome Hipercinética”. Já em 1980, o DSM-III modificou o termo
para Distúrbio do Deficit de Atenção, destacando as características da síndrome, como falta
de atenção, falta de autocontrole e impulsividade. No ano de 1987, o DSM-III passou por uma
revisão, destacando a hiperatividade.
O transtorno teve seu nome modificado para Distúrbio de Hiperatividade com Deficit
de Atenção. Em 1993, o CID-10 conservou a nomenclatura de Transtornos Hipercinéticos.
Em 1994, foi intitulado, pelo DSM-IV, como Transtorno de Deficit de
Atenção/Hiperatividade, tendo, como base, dois grupos de sintomas: desatenção e
hiperatividade/impulsividade.
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CAUSAS
A Associação Brasileira de Deficit de Atenção (2012) afirma que, quando se fala em
TDAH, a responsabilidade por sua causa acaba recaindo sobre toxinas, problemas no
desenvolvimento, má alimentação, má formação, problemas na família e hereditariedade. É
certo que esses fatores realmente afetam o funcionamento cerebral, considerando o TDAH
como um transtorno funcional e hereditário.
Conforme explicam Rohde e Mattos (2003):
[...] embora a contribuição genética seja substancial, é improvável que exista
“o gene do TDAH”, causador desse fenótipo e fundamental em todos os
casos da doença. Ao contrário, como ocorre na maioria dos transtornos
psiquiátricos, acredita-se que vários genes de pequeno efeito sejam
responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade), genética ao
transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais. Nessa forma o
surgimento e a evolução do TDAH, em um indivíduo, parecem depender de
quais genes de suscetibilidade estão agindo e de quanto cada um deles
contribui para a doença, ou seja, qual o tamanho do efeito de cada um, e da
interação desses genes entre si e com o ambiente (ROHDE & MATTOS
2003, p.35).
Desse modo, Lewis (1993) afirma que há uma vasta série de fatores que podem ser
responsáveis pela aparição do TDAH, como irregularidades de origem genética, traumatismo,
alteração do metabolismo e dos neurotransmissores, entre outros.
DIAGNÓSTICO
Como citado acima, o médico Still (1902) foi um dos principais envolvidos com a
história oficial do diagnóstico do TDAH.
De acordo com Caliman (2010), suas análises abrangem a síndrome da encefalite, que
faz parte dos primórdios da constituição do TDAH, não sendo explicitado nem mesmo pelos
métodos científicos. Todos esses elementos, ocultos ou não, juntamente com suas
controvérsias e polêmicas geradas, ao todo, formam a história do TDAH.
Caliman (2010) completa dizendo que:
O discurso neurocientífico sobre o TDAH não é uníssono, mas também cria
suas unanimidades, e nenhuma delas é mais forte do que a história do
diagnóstico. Nela, a criança TDAH surgiu na literatura médica da primeira
metade do século XX, e, a partir de então, foi batizada e rebatizada muitas
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vezes. Ela foi a criança com defeito no controle moral, a portadora de uma
deficiência mental leve ou branda, foi afetada pela encefalite letárgica,
chamaram-na simplesmente de hiperativa ou de hipercinética, seu cérebro
foi visto como moderadamente disfuncional, ela foi a criança com déficit de
atenção e, enfim, a portadora do transtorno do déficit de
atenção/hiperatividade. Desde os últimos 20 anos do século XX, ela é
marcada por um defeito inibitório que afeta o desenvolvimento das funções
executivas cerebrais (CALIMAN, 2010, p.49).
Em paralelo, Côas (2010) alerta que o diagnóstico deve considerar a intensidade dos
sintomas e o grau de comprometimento funcional, o qual acontece em todas as áreas, mas o
comprometimento maior é o acadêmico e comportamental. Já para Benczik (2002), a
principal característica da criança com TDAH é a constante falta de atenção e/ou
hiperatividade, muito maior do que a normalmente observada em outras crianças da mesma
faixa etária.
Côas (2010), segundo Barkley (2002), acredita que:
Para se obter um diagnóstico clínico do TDAH, é necessário avaliar os
critérios do DSM-IV a CID-10 (Organização Mundial de Saúde, 1993). O
Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais, o DSM-IV, em
1994, denominou o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade,
utilizando, como critérios, dois grupos de sintomas de mesmo peso para
diagnóstico: a) desatenção e b) hiperatividade/impulsividade (BARKLEY,
2002 apud CÔAS, 2010, p.29).
Em conformidade com Barkley (2002), para que se consiga realizar um diagnóstico de
TDAH, ao menos em partes, ele será fundamentado nos parâmetros do DSM-IV; porém,
detectar disfunções psiquiátricas em crianças não é uma ciência exata. A falta de meios
práticos diretos para a avaliação e somente a confiabilidade no relato dos pais podem gerar
dúvidas no processo de diagnóstico.
Portanto, no decorrer da análise, o profissional fará viáveis orientações de tratamento,
que serão expostas junto ao diagnóstico.
De acordo com Fiore (2007) o que discerne uma criança com TDAH das ditas
“normais” é a frequência e a intensidade dessas três características, ou seja, tudo na criança
que possui essa disfunção é “mais” em relação ao padrão comum aceitável da sociedade.
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TRATAMENTO
De acordo com Camara (2012), o TDAH vem sendo identificado mais facilmente e
considerado um problema sério, reconhecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde)
como um distúrbio psiquiátrico. A autora ainda apresenta três intervenções muito importantes
para que se obtenha o êxito terapêutico: medicamento, tratamento psicológico e tratamento
psicoeducacional (recomendações dadas a pais e professores). A medicação é a forma de
tratamento mais estudada para casos infantis e, apesar de existirem diversas pesquisas que
comprovam a eficácia e a necessidade desse método, há alguns anos ainda havia polêmica
envolvendo esse assunto.
De acordo com Mário Rodrigues Louzã Neto (2010):
O tratamento do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)
passou por muitas mudanças nos últimos anos, evoluindo de uma simples
extrapolação das medidas adotadas no tratamento de crianças para uma
abordagem mais específica e individualizada. Inicialmente, todo o
conhecimento a respeito do transtorno tinha base em pesquisas realizadas
com crianças hiperativas. Os resultados obtidos nos estudos de segmento
nessa população, concluídos a partir do início da década de 1980,
demonstraram que mais de 50% das crianças e adolescentes mantinham o
diagnóstico durante a vida adulta (LOUZÃ NETO, 2010, p.305).
Em paralelo, Santos (2010) afirma que a intervenção médica consiste na tentativa de
controlar os impulsos e viabilizar a adequação desses indivíduos na sociedade, visto que o
distúrbio não tem cura.
MEDICAÇÃO
Rotta (2006) afirma que o tratamento do TDAH não é feito para curá-lo, mas, sim,
para organizá-lo, possibilitando que a criança apresente um comportamento satisfatório
perante a família, escola e sociedade.
Em conformidade com Barkley (2002), entende-se que os estimulantes aumentam o
nível de atividade no cérebro, principalmente nas áreas responsáveis pelo comportamento e
pela atenção. É comprovado que medicamentos estimulantes ativam substâncias químicas no
cérebro, como a noradrenalina e a dopamina, aglomerando essas substâncias na fronte
cerebral.
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Barkley (2008) assinala que os medicamentos estimulantes são a única forma de
tratamento capaz de produzir melhoras significativas no comportamento desatento, impulsivo
e hiperativo de muitos indivíduos com TDAH. Ressalta, ainda, que o resultado positivo do
uso de medicação é muito superior ao alcançado somente com terapias psicossociais.
Considerando esse ponto de vista, o remédio é indispensável, além de ser a maneira eficaz
para o progresso do tratamento e enfrentamento dos problemas.
Bonadio e Mori (2013) comentam que o metilfenidato mais conhecido é a Ritalina,
sendo o medicamento psicoestimulante mais indicado e utilizado no Brasil e também em
outros países. Ele vem em forma de comprimidos de 10 mg, e sua ação dura por volta de 3 a 4
horas; já os comprimidos de 20 até 40 mg têm duração de ação de 6 a 8 horas. A Ritalina LA
é a que possui maior duração de ação.
Rotta (2006), por sua vez, acrescenta que existe outro metilfenidato conhecido como
Concerta, que é administrado via oral e possui rápida absorção. Ele vem em comprimidos de
18 a 40 mg e seus efeitos podem durar entre 10 a 12 horas. Esse remédio seria mais benéfico
para a criança, por ser utilizado em dose única diária; porém, devido ao seu alto custo, não é
tão utilizado como a Ritalina.
TDAH NA ESCOLA
Fiore (2007) afirma que a criança com TDAH pode sofrer bastante em seu dia a dia
escolar, pois ela precisará manter-se parada e concentrada em temas não tão interessantes,
sem contar que o aluno com esse transtorno possui grande dificuldade de autocontrole e de
obedecer às regras.
Para Camara (2012), o comportamento de uma criança com TDAH é inesperado e
repentino, não reagente às práticas casuais do professor, o que geralmente faz com que ela
seja vista como desobediente. Essas dificuldades enfrentadas por professores não devem ser
vistas como consequência da falta de limite, falha na educação ou ausência dos pais, pois a
hiperatividade, o deficit de atenção e a impulsividade, principais características desse
transtorno, são decorrentes do distúrbio e transformam essa criança num perito em quebrar
regras.
Para Bromberg (2002), a estrutura é estabelecida por meio de comunicação clara e
específica, regras bem estabelecidas, expectativas bem expostas, recompensas e
consequências condizentes e um acompanhamento diário. A rotina de atividades deve ser bem
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planejada, com momentos de descanso determinado, e os alunos devem ser orientados sobre a
organização do local de trabalho, dos materiais, das decisões e do tempo.
Benczik (2002) orienta que:
Fornecer instruções diretas, orientações curtas e claras, para que a criança
possa compreender e corresponder, simplificando as instruções, as opções,
as programações, dando-lhe o máximo de atenção, olhando diretamente nos
olhos dela para “trazê-la de volta”; isto ajuda a tirá-la de seu devaneio e dar-
lhe liberdade para fazer perguntas ou apenas dar-lhe segurança
silenciosamente e, quando necessário, auxiliá-la diante de suas dificuldades
(BENCZIK, 2002, p.87-90).
Sam Goldstein e Goldstein (1994) apontam que o professor precisar deixar claro,
antecipadamente, para o aluno, o que espera dele, mas também compreender suas dificuldades
e necessidades, sempre lembrando a ele suas atividades, limites, comportamento e
organização. Logo, é preciso ser flexível com a criança com TDAH na área da aprendizagem,
execução de tarefas, prazos determinados, e também revisão de currículo e didática. É
fundamental que se tenha recursos e estratégias em mãos, a fim de descobrir o modo de
aprendizagem desse aluno, modificando a forma de ensino até que este se ajuste à criança.
Antunes 2003 conclui que uma criança com TDAH é tão capaz de aprender como
todas as outras, basta que sejam tomadas as cabíveis providências de auxílio e que os
educadores tenham conhecimento sobre o transtorno e sobre como trabalhar em sua
totalidade.
METODOLOGIA
A metodologia consiste em analisar a fundo esse tema, a fim de entender um pouco
mais sobre as diferenças dessas pessoas, suas necessidades especiais, suas relações pessoais e
a postura do professor frente a esse distúrbio. Essa análise ocorreu por meio de pesquisa
bibliográfica e por meio de estudos de casos, com a aplicação de questionários para o
professor das determinadas pessoas a serem analisadas.
Para Vergara (2005, p.48), a pesquisa bibliográfica “é o estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas,
isto é, material acessível ao público em geral”. Desse modo, a pesquisa bibliográfica tem
como objetivo viabilizar dados e informações.
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Já para Cervo e Bervian (2002), estudo de caso é “como uma pesquisa sobre um
determinado indivíduo, família ou grupo ou comunidade que seja representativo do seu
universo, para examinar aspectos variados de sua vida”. Desse modo, o estudo de caso é
realizado sobre determinado ambiente, a fim de contribuir com o processo de observação,
evidências, argumentos e tomada de decisões sobre a vida da pessoa analisada.
Questionário, de acordo com Marconi e Lakatos (1999, p.100), é “uma técnica de
pesquisa elaborada com uma série de questões, que devem ser respondidas por escrito sem a
presença do pesquisador”. Neste caso, o questionário foi o método de aprofundamento
utilizado para averiguação, em que professores responderam perguntas sobre a conduta e
aprendizagem da pessoa investigada.
Perguntou-se aos professores do Colégio Estadual Padre Jorge Scholl, quais aspectos
podem ser observados na relação entre o aluno com TDAH e os seus pares.
A professora R. afirma que B. é um aluno bem agitado, porém, não é agressivo. Possui
boa relação com seus colegas, mas discute frequentemente.
Já a professora A. declara que J., de forma geral, relacionava-se bem com os colegas,
apesar de não se envolver muito nas conversas e brincadeiras da maioria. Era mais de
observar, demonstrando um perfil introspectivo, às vezes, meio incógnito; evitava conflitos,
mas não omitia sua opinião que, comumente, era diferente dos demais garotos da sala.
Demonstrava-se seletivo para as amizades mais próximas, partilhando conversas e ideias com
quem tinha maior afinidade. Percebia-se que a turma o via como o intelectual da sala.
Segundo Sena e Souza (2010):
A relação de crianças com TDAH e seus pares é repetidamente descrita na
literatura como insatisfatória e deteriorada, estando essas crianças em
constantes situações de rejeição e vitimização por seus pares (Hoza et al.,
2005; Pelham e Bender, 1982; Tonelotto, 2002; Unnever e Cornell, 2003).
Assim, Pelham e Bender (1982) estimam que 50% das crianças com TDAH
apresentam problemas significativos em seus relacionamentos sociais. O
comportamento disruptivo, desatento, imaturo e provocativo que essas
crianças costumam apresentar evoca reações autoritárias e controladoras por
parte de seus pares (SENA & SOUZA, 2010, p.22-23).
Para os autores acima, as crianças com TDAH tendem a ser menos interativas, na
maioria dos casos. Também possuem baixa tolerância a frustrações e, portanto, querem
sempre estar no controle da situação, gerando uma certa aversão por parte das outras crianças,
o que dificulta a tarefa de fazer/manter amigos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda pessoa tem o direito a viver bem, crescer, aprender e prosperar. Para isso, é
preciso saber lidar com as dificuldades e sentir-se bem consigo mesma. Este trabalho buscou
trazer alguma luz para o termo “TDAH”, pois muitas pessoas ainda encontram-se no escuro
em relação às características desse distúrbio. Indiscutivelmente, o primeiro passo para
compreendê-lo constitui buscar informação, pois o poder consiste no saber.
São vários os conflitos que envolvem as pessoas com TDAH, visto que, geralmente,
são mal compreendidas na família, na escola e na sociedade. Portanto, pessoas com TDAH
têm direitos e merecem dispor de uma atenção diferenciada. Suas limitações devem ser
respeitadas e compreendidas, a fim de que elas se desenvolvam de forma sadia e eficaz, tendo
a chance de mostrar e aperfeiçoar todo o seu talento, que, com frequência, vem a ser superior
em relação aos demais a sua volta.
Como já disse Albert Einstein: "A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará
ao seu tamanho original". Desse modo, acredita-se que a informação é capaz de abrir novos
horizontes, e, quem sabe algum dia, levará a sociedade a contemplar o TDAH com novos
olhos. Por ainda haver essa esperança é que foi realizado este trabalho.
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