Teatro do oprimido

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Indicação bibliográfica: Augusto Boal – Wikipédia. Apresenta informações gerais do dramaturgo carioca. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Boal>. Acesso em: 2 set. 2014. Augusto Boal nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1931. Dramaturgo revolucionário, ele possui mais de vinte livros publicados em diferentes línguas. Na década de 50 estuda na School of Dramatic Arts. De volta ao Brasil, passa a atuar no Teatro de Arena em São Paulo. Após a Revolução de 64, ajuda a confeccionar peças históricas de resistência como “Arena conta Zumbi” e “Arena conta Tiradentes”. Nos anos 70, viaja pela América Latina apresentando seu Teatro do Oprimido. Em 1986, cria o Centro do Teatro do Oprimido – CTO na Cidade Maravilhosa. Em 2008, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Foi nomeado pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) como embaixador. Boal faleceu na sua cidade natal em 2 de maio do ano seguinte 2009. Indicações bibliográficas: CASTRO-POZO, Tristan. As redes dos oprimidos: experiências populares de multiplicação teatral. São Paulo: Perspectiva, 2011. Currículo Lattes de Tristán David Castro-Pozo Castro. Apresenta informações acerca do pesquisador peruano. Disponível em:

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Teatro do oprimido de Augusto Boal

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Indicação bibliográfica:

Augusto Boal – Wikipédia. Apresenta informações gerais do dramaturgo carioca.

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Boal>. Acesso em: 2 set. 2014.

Augusto Boal nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1931. Dramaturgo

revolucionário, ele possui mais de vinte livros publicados em diferentes línguas.

Na década de 50 estuda na School of Dramatic Arts. De volta ao Brasil, passa

a atuar no Teatro de Arena em São Paulo. Após a Revolução de 64, ajuda a

confeccionar peças históricas de resistência como “Arena conta Zumbi” e

“Arena conta Tiradentes”. Nos anos 70, viaja pela América Latina apresentando

seu Teatro do Oprimido. Em 1986, cria o Centro do Teatro do Oprimido –

CTO, na Cidade Maravilhosa. Em 2008, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.

Foi nomeado pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and

Cultural Organization) como embaixador. Boal faleceu na sua cidade natal em

2 de maio do ano seguinte 2009.

Indicações bibliográficas:

CASTRO-POZO, Tristan. As redes dos oprimidos: experiências populares de

multiplicação teatral. São Paulo: Perspectiva, 2011.

Currículo Lattes de Tristán David Castro-Pozo Castro. Apresenta informações acerca do

pesquisador peruano. Disponível em:

<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4730705J4>. Acesso em:

30 ago. 2014.

De pronto, o autor já nos conta que o livro partiu de sua tese de

doutorado em 2006, a qual estudou o Teatro do Oprimido – TO, efetuando

pesquisas a grupos e avaliando suas inserções estéticas e políticas. Para ele, o

TO é “uma rede teatral de resistência antiglobalização” (p. IX). Essa resistência

ao imperialismo, lembrou-nos das palavras do nosso geógrafo Milton Santos,

em “Por uma outra globalização”. Castro-Pozo ressalta que durante tal jornada

acadêmica, foi obrigado a rever antigos conceitos devido às mudanças em que

sofreu o TO, indagando-se acerca dos modelos de oficinas aplicados, quais

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são pessoas interessadas nas técnicas desse processo teatral, os efeitos de

conscientização sobre os partícipes.

O conceito-mor de sua pesquisa é o Curinga, o qual é uma ampliação do

“distanciamento do ator” idealizada por Bertolt Brecht. A experimentação do

curinga foi aplicada, primeiramente, por Augusto Boal na peça “Arena Conta

Zumbi”, de 1965. Dentro de tal processo dramatúrgico, procurou-se a

construção de forma coletiva, obstruindo-se o papel tradicional dum único

protagonista na narrativa. Não podemos se esquecer de que a criação artística

no Brasil estava em crise em face do momento político da época: a ditadura

militar. A companhia de Boal do Teatro de Arena foi responsável por incluir, de

forma profissional, um ator negro – Milton Gonçalves – em suas peças e o

apresentá-lo como um dos protagonistas.

Castro-Pozo assinala a mutação do sentido do termo curinga, onde

atualmente ele é o condutor da performance coletiva dentro do TO,

apresentando suas leis, efetuando tarefas de aquecimento de atores e plateia.

O curinga deve ter conhecimento sobre pedagogia, psicologia, política e ser

capaz de lidar democraticamente com o desconhecido, ou seja, o outro. Todos

podem ser curingas. A fim de tal intento, deve utilizar jogos, exercícios e

técnicas.

O Teatro do Oprimido busca revalorizar o conhecimento popular

oprimido através de intervenções político-sociais, reconstruindo o processo

cênico democrático que privilegia a cidadania. Tais ações se configuram em

passeatas, improvisações nas ruas e até em participações em campanhas

eleitorais. Castro-Pozo lembra que o pensamento esquerdista pode ser um

limitador da criação do fazer teatro apresentado pelo TO.

A metodologia do TO permite a conscientização de seus “espectatores”

no que tange às marcas da opressão internalizadas em corpos e mentes em

virtudes dos conflitos sociais. O conflito social é o motor contínuo do TO.

Profissionais da área da assistência social, pedagogia e psicologia participam.

Busca-se devolver a autoestima a camadas marginalizadas da sociedade,

utilizando-se da estética ameríndia, afrodescendente e miscigenada como

protagonista, contrapondo-se à estética burguesa ocidental estereotipada.

Para Castro-Pozo o TO toma corpo em meados dos anos 70, onde a

América Latina estava tomada por ditaduras a serviço do Imperialismo. Era

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preciso reagir à cultura dominante, opressora dos povos explorados do

continente. Negros e indígenas tornam-se símbolos de resistência. Esse teatro

revolucionário, baseado em preceitos do educador Paulo Freire, que dialoga

com a educação popular a uma consciência libertária, suscitando uma

linguagem teatral comunitária e multiplicadora, opositora aos parâmetros

mercantis da Indústria Cultural. Boal permite que as antes passivas plateias

participem do processo improvisacional a fim de encontrarem soluções

diversas para as celeumas de contrastes sociais. Não busca se enquadrar em

formas acadêmicas, de debate intelectual teórico e sem práxis. Afinal, as ideias

são ações.

A ação do TO utiliza-se de poemas, de declarações de identidade,

músicas com ritmos indígenas e africanos. Para a criação de personagens

utilizam-se os conflitos entre opressores e oprimidos. Para a composição da

estória, utilizam-se relatos vivenciados, onde se buscam as similitudes. O

curinga supervisiona as atividades de modo democrático, propõe alternativas,

facilita o “empoderamento” dos envolvidos.

O TO percebe que mesmo em grupos oprimidos há bastante

heterogeneidade, com diferentes demandas, inclusive de origens interculturais.

Diante do fim da União Soviética, o Teatro do Oprimido vocaciona-se a

apresentar a democracia participativa. Grupos do TO estiveram presentes no

Fórum Mundial Social e em eventos do Movimento dos Trabalhadores Rurais

Sem-Terra.

Não obstante, diante das mudanças velozes da realidade imposta pela

elite globalista, questiona-se se inserções do TO serão suficientes para

destronar tal domínio ressaltado na prepotência digital. O frankfurtiano Herbert

Marcuse já salientava que o proletariado perdeu o poder revolucionário.

Sobre o autor

Bacharel em Comunicação Social pela Universidad de Lima (Peru), em 1994.

Doutor em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicações e Artes da

Universidade de São Paulo (2006). Pesquisador sobre teatro latino-americano.

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Coordenador de grupos de pesquisa acerca do Teatro do Oprimido. Participou

de produções teatrais.