Tecnica Da Vida Espiritual

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A TÉNICA DA VIDA ESPIRITUAL - CLARA CODD INTRODUÇÃO É patente que o mundo se encontra agora no limiar de uma Era inteiramente nova. A vida se processa em ciclos, nunca numa linha reta invariável. Este grande princípio é sempre válido. Não há uma tarde que não leve a outra manhã, nem inverno que não preceda outra primavera. O "dia" de um homem, segue exatamente a mesma série. O primeiro arco da vida do homem é de avanço, crescimento, progresso; o segundo é de volta, de lenta decadência das forças vitais, do princípio da paz noturna. Isto é verdade não somente para um dia, um ano, um ciclo vital, mas também para a vida coletiva de cada nação, civilização, planeta, sistema solar e, até mesmo, para o próximo universo ilimitado. Esta é a lei cíclica universal, movimento eterno, ritmo das marés altas e baixas de toda a Natureza. É assim que uma nação chega à extinção e deixa de existir, mas as almas que nela vivem renascem numa nova raça. Podemos ver os traços dos romanos, colonizadores obedientes às leis, nos ingleses modernos, e o meticulosos artistas gregos nos franceses de hoje. As civilizações, que as nações criam e corporificam, têm seu grande dia e depois passam, e de suas cinzas surge um novo e mais elevado conceito de vida. A consciência coletiva da humanidade atravessa muitos desses ciclos, e nisso, embora as formas possam ser destruídas, a vida imortal persiste e logo se expressa em novas formas. Muda a antiga ordem, dando lugar a uma nova, E Deus Se realiza de muitas maneiras, Não deixando que um velho hábito venha a corromper o mundo Um ciclo como esse, de aproximadamente 2.000 anos, está se encerrando agora. A humanidade encontra-se "um dia de marcha mais próxima de casa". Os sinais de encerramento de um ciclo são desordens generalizadas, caos, mudanças, cataclismos. Daí lentamente emerge o esboço do novo domínio de uma nação por outra são fatos do passado. A união de todo o mundo pelo sem-fio, pelo rádio, televisão, aviação, etc., pressagiam um sonho do poeta Tennyson: " O parlamento do homem, a Federação do mundo." A Nova Era que agora desponta verá o crescimento do princípio da cooperação entre todas as nações e todas as classes e, assim, o fim da guerra, bem como da pobreza, para o resto da vida neste planeta. Essas mudanças são acarretadas pelo crescimento da consciência do homem; e isto se projeta no mundo do pensamento religioso com mais intensidade mesmo que no mundo do relacionamento social este seja uma conseqüência daquele. O homem está passando da idéia do Deus Transcendental para a do Deus Imanente: Deus Imanente, acima de tudo, no mais profundo do coração do homem. Daí o rápido e extraordinário crescimento do interesse das pessoas no Misticismo, no Ocultismo, na Ioga e na vida dos grandes Santos e Sábios. Há oitenta ano atrás um adepto fez notar que uma onda de misticismo está varrendo a Europa. Agora ela está

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Técnica da Vida Espiritual

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  • A TNICA DA VIDA ESPIRITUAL - CLARA CODD

    INTRODUO patente que o mundo se encontra agora no limiar de uma Era inteiramente nova. A vida se processa em ciclos, nunca numa linha reta invarivel. Este grande princpio sempre vlido. No h uma tarde que no leve a outra manh, nem inverno que no preceda outra primavera. O "dia" de um homem, segue exatamente a mesma srie. O primeiro arco da vida do homem de avano, crescimento, progresso; o segundo de volta, de lenta decadncia das foras vitais, do princpio da paz noturna. Isto verdade no somente para um dia, um ano, um ciclo vital, mas tambm para a vida coletiva de cada nao, civilizao, planeta, sistema solar e, at mesmo, para o prximo universo ilimitado. Esta a lei cclica universal, movimento eterno, ritmo das mars altas e baixas de toda a Natureza. assim que uma nao chega extino e deixa de existir, mas as almas que nela vivem renascem numa nova raa. Podemos ver os traos dos romanos, colonizadores obedientes s leis, nos ingleses modernos, e o meticulosos artistas gregos nos franceses de hoje. As civilizaes, que as naes criam e corporificam, tm seu grande dia e depois passam, e de suas cinzas surge um novo e mais elevado conceito de vida. A conscincia coletiva da humanidade atravessa muitos desses ciclos, e nisso, embora as formas possam ser destrudas, a vida imortal persiste e logo se expressa em novas formas. Muda a antiga ordem, dando lugar a uma nova, E Deus Se realiza de muitas maneiras, No deixando que um velho hbito venha a corromper o mundo Um ciclo como esse, de aproximadamente 2.000 anos, est se encerrando agora. A humanidade encontra-se "um dia de marcha mais prxima de casa". Os sinais de encerramento de um ciclo so desordens generalizadas, caos, mudanas, cataclismos. Da lentamente emerge o esboo do novo domnio de uma nao por outra so fatos do passado. A unio de todo o mundo pelo sem-fio, pelo rdio, televiso, aviao, etc., pressagiam um sonho do poeta Tennyson: " O parlamento do homem, a Federao do mundo." A Nova Era que agora desponta ver o crescimento do princpio da cooperao entre todas as naes e todas as classes e, assim, o fim da guerra, bem como da pobreza, para o resto da vida neste planeta. Essas mudanas so acarretadas pelo crescimento da conscincia do homem; e isto se projeta no mundo do pensamento religioso com mais intensidade mesmo que no mundo do relacionamento social este seja uma conseqncia daquele. O homem est passando da idia do Deus Transcendental para a do Deus Imanente: Deus Imanente, acima de tudo, no mais profundo do corao do homem. Da o rpido e extraordinrio crescimento do interesse das pessoas no Misticismo, no Ocultismo, na Ioga e na vida dos grandes Santos e Sbios. H oitenta ano atrs um adepto fez notar que uma onda de misticismo est varrendo a Europa. Agora ela est

  • inundando o mundo inteiro e milhares de pessoas, voltando-se para dentro de si, tateiam em busca de Deus, procuram encontr-Lo, buscam no seu interior o Reino dos Cus e a felicidade duradoura. Esta a verdadeira religio; como Dean Inge disse, o misticismo - o conhecimento direto de Deus - a religio real, e sem seus grandes santos, conhecedores e amantes do Real, nenhum sistema religioso exotrico poderia durar. Mais e mais almas esto procurando seu interior, tentando encontrar a realizao divina. Isto leva-nos a outro grande princpio da Natureza: tudo vem-a-ser. Dentro da bolota (1) est o futuro gigante da floresta; dentro da semente a adorvel flor; e dentro da alma do homem, o futuro Deus, o Homem Perfeito. Est no destino do homem que um dia ele aprenda a mergulhar na misteriosa profundidade de seu glorioso ser, pois somente a se encontra a verdadeira sabedoria e o verdadeiro poder de ajudar. Essa necessidade humana est sendo preenchida hoje por numerosas escolas de pensamento oculto e mstico, alguma sinceras e verdadeiras e outras menos sbias e no devidamente informadas. Escrevo este livro com o propsito de fazer a pequena parte que me cabe na ajuda a essa mar de ascenso, formada por aqueles que procuram a Realidade, onde quer que possam estar, sejam eles ou no parte de alguma religio ou corpo mstico. A Realidade o fato puro e simples em toda parte, sem nome, sem rtulo, sem partido. Quando a Ela nos dirigimos revestimo-la com roupas do pensamento, no qual fomos educados, ou estamos imersos. Mas a Realidade Una, Simples e Bela. o topo resplandecente da grande Montanha de Deus, e o homem minsculo comea a ascend-la, partindo de qualquer ponto em sua base e escolhe o caminho que melhor lhe parece. Mas, chega ao Cume resplandecente, v que todas as estradas se juntaram, e apenas resta aquilo que o nobre Plotino chamou "o vo do um para o Uno". Notas: (1) Bolota ("arcon" no original) o pequeno fruto do carvalho (N.T.)

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  • CAPITULO II

    A COMPREENSO DE NS MESMOS: A PERSONALIDADE E O EGO

    Para compreender a tcnica desta grande jornada devemos compreender a ns mesmos e a constituio de nossas almas, bem como tentar ter um vislumbre da Pessoa que realmente somos. Podemos olhar num espelho e ver um corpo, sadio ou doente, belo ou no, e dizer: "Sou isto". Entretanto, o pensamento de um momento nos mostrar que no pode ser assim, pois quando a morte chegar, este corpo se esfacelar e desaparecer, mas temos a firme convico de que ns no desapareceremos! uma verdadeira intuio. O homem no somente este corpo que pode ser visto com os olhos fsicos. H para ele bem mais que isso. Com esse corpo ele se movimenta e age. So porm, bem mais importantes para ele seus pensamentos e sentimentos subjetivos. Sero eles originrios do crebro e das clulas nervosas do corpo? Se assim fosse eles deixariam de existir aps a morte. fato demonstrvel, mesmo para a razo e para os sentidos humanos, nestes admirveis dias, que um homem vive em diversos mundos de conscincia ao mesmo tempo, e esses se manifestam atravs de estados de matria mais rudes ou mais refinados ou de foras vibratrias. Cumpre lembrar que no h forma de conscincia que no se expresse atravs de alguma forma de matria. H muitos planos ou condies de conscincia e matria, interpenetrando o mundo fsico. em uma das quais o pensamento e a atividade mental so os fatores determinantes, e em outro se expressam a sensao e a emoo. Juntos eles constituem o mundo psquico ou o mundo da "alma", pois a palavra grega que traduzida como "alma" "Psyche", de onde tiramos os termos psquico e psicologia. Das tentativas modernas de explorar o mundo da alma, uma delas a do ponto de vista da matria ou forma, outra, a do ponto de vista de seu poder de conscincia. H.G. Wells uma vez escreveu que o grande avano cientfico do futuro ser feito no reino da psicologia, enquanto Sir Oliver Lodge afirma que a futura tarefa da cincia seria explorar e mapear o mundo da alma, comeando pela telepatia, fato atualmente bem comprovado. Para a compreenso completa desta questo cumpre que sejam estruturados os numerosos livros escritos por ocultistas. Talvez bastasse para nossa finalidade presente pensar em ns mesmo como um ser trplice - corpo, alma

  • e Esprito. O corpo o instrumento da ao e da experincia. Atravs dos acontecimentos da vida que nos atingem com tanta rapidez, formamos hbitos mentais, conceitos e idias e, mais ou menos baseados nisto, agimos. O corpo um instrumento valioso para o progresso de nossa alma, mas no realmente ns, nosso para nosso uso. Pelos seus nervos sensoriais ganhamos impresses que modelamos em conceitos. Pelos seus nervos motores atuamos em nosso ambiente. O que ento a alma que usa este corpo, por "osmose" se assim podemos dizer, pois pensamento e sentimento tm origem no interior, nos mundos mais sutis do ser onde eles so foras vivas, vibrantes e criativas da Natureza, imediatamente provocando vibraes sincrnicas (embora de voltagem mais baixa) nas clulas do crebro e dos nervos do corpo, transferindo assim essas foras para a conscincia fsica. E o que Esprito? Algumas pessoas confundem os dois termos, alma e Esprito, e julgam que eles so permutveis, mas no original grego so palavras bem diferentes. Esprito a palavra grega "pneuma", que praticamente tem o mesmo significado que a latina "spiritus", que quer dizer alento vital. A Vida Eterna insuflou no homem psquico e fsico o Alento de Vida e ele se tornou uma alma viva e imortal. Esse terceiro fator em ns a parte eterna, imortal, que dura para sempre. "No ser eliminado quando o corpo for destrudo". O esprito em ns a Palavra de Deus feia em carne, aquela que a Inteligncia Criadora pronunciou para expressar Seu Pensamento e enquanto o "cu" e a "terra" de nosso interior e exterior, psquico e fsico, passam e so repetidamente recriadas, a Palavra em ns nunca passar, nunca deixar de existir. Este nosso "Eu Superior", se, como natural, pensarmos nele como acima de ns. O pensar, o sentir e o agir do nosso eu, com seus planos de ser e expresso, no so seno instrumentos do Eu Superior, que acumula experincia e progresso por meio deles. Esse plano mais elevado do ser est onde todos somos "Filhos de Deus" porque no h filho do homem, por abandonado e degradado que esteja, que no tenha, mergulhado em seu interior, esta fagulha de Beleza e Eternidade. uma herana que ele no pode ignorar. Como visualizaremos este Eu superior em ns, pois no podemos v-lo, toc-lo, examin-lo com nossos sentidos fsicos? a que entra a poesia das escrituras religiosas. Pela imagem, glifo, analogia, smbolo, as escrituras indicam o indescritvel, o incomensurvel. O primeiro captulo do "Gnese" afirma que Deus fez o homem a Sua prpria imagem. Isto significa nosso corpo fsico? Em certo sentido, para o ocultista sim; pois ele sabe que o corpo do homem uma verdadeira coletnea de simbologias, indicando os Poderes Csmicos com os quais todas as suas partes esto em comunho. Mas para o homem comum isto pode mais facilmente ser expresso

  • em termos de conscincia, e ento descobriremos o verdadeiro significado da Deidade Trplice de mais de uma grande religio. O pensamento aspira a Sabedoria; o nico sentimento criativo, durvel o Amor; os resultados da ao so experincia, dotando-nos com o Poder. O Esprito no homem, como a fonte que lhe deu origem, a Sabedoria, o Amor e o Poder perfeitos. Mas em milhes de pessoas ele est profundamente sepultado. Dificilmente seu encanto pode ser notado. Mas est a. O Esprito no homem crescem como crescem as flores, de uma semente ou possibilidade. No princpio, sua semente deve "cair", morrer, perder-se na lama escura. Mas o crescimento se processa nas trevas. Ela somente visvel quando se ergue acima do solo; e, mesmo ento para ns, "no aparecer ainda como ser". Contudo, nutrida pelas chuvas que vem do cu ou pela chuva que vem das lgrimas, dos desgostos e das perdas, fortificada pelos ventos, desenvolvida pela luz solar da alegria e da justia, a planta divina cresce para o alto, at que por ltimo a flor, para quem tudo isso foi preparado, aparece e enche o ar com sua beleza e fragrncia. Assim cresce o Esprito no homem. Por muitas vidas ele germina no ventre da Natureza. mas um dia ele comea a influenciar a "natureza humana", nos momentos mais elevados, nos momentos de inspirao, no amor sem egosmo, no sacrifcio, nos xtases de respostas Beleza e Verdade. O caminho divisado e, e, uma vida, a alma resolve segui-lo at que, aps muitas existncias, chega o Dia em que floresce, em toda sua plenitude, a glria da Divindade Interior que enche o ambiente da alma com seu aroma inefvel de bem-aventurana e paz. Dizem as escrituras hindus que a alma do homem como a sagrada flor do ltus. Suas razes est mergulhadas profundamente no lodo do rio, mas atravessando a gua, cresce at abrir na superfcie, luz do sol, sua adorvel florao. Eis o Real, o Eterno em ns, "o homem para quem a hora nunca soar", a verdadeira Fonte, mesmo nas trevas da terra, de tudo quanto belo, encantador e verdadeiro. No mago de nosso corao, todos ns "amamos a Deus", no que todos ansiamos por beleza e verdade e pela alegria que nos vem de sua realizao. Pensamos que isso pode ser encontrado no exterior, que nos pode ser dado ou ensinado por alguma autoridade. De fato, est no mago de todos ns, para sempre aguardando, com a pacincia que tem a eternidade, que o procuraremos e o encontremos. Cristo chamou-o a "prola de grande preo", o Reino dos Cus que est no interior, e Ele disse que, se um homem soubesse onde ele est oculto, venderia tudo quanto possusse para comprar esse local ou campo e faria as escavaes necessrias sua procura. Verdadeiramente no ser encontrado, exceto ao preo de "tudo" que ns, como personalidade, temos aqui. O "campo" a nossa natureza

  • humana, Me-Natureza, o grande mar do nmero da matria, chamado no Oriente "Mulaprakriti", Me-Matria, em cuja entranha sombria, o "Filho de Deus", nosso Divino Eu, est em gestao e um dia nascer par a plena autoconscincia. Disse o Senhor a Nicodemus: " Quem no nascer da gua e do Esprito, no pode entrar no Reino de Deus ... No te admires eu te dizer: Importa nascer de novo." (Joo 3.3-9). "Nascer de novo" - na conscincia espiritual, o "nascido duas vezes" do Oriente; "nascido da gua" o smbolo da matria, sempre a escorrer para baixo; e "do Esprito" - cujo smbolo o fogo, sempre galgando alturas, e nunca diminudo, por mais que acenda outro fogo. Assim a natureza espiritual em ns nasce de me humana e de um Divino Pai oculto. Podemos nos aproximar cada vez mais Dele mas nunca tocar sua grandeza infinita. Outros smiles foram usados pelo Senhor Cristo. Ele falou sobre "Anjos" nos homens "que nos cus vem incessantemente a face de meu Pai Celeste". (Mateus 18.10). E firmemente Ele proclamou a Divindade do homem, como tambm o fizeram todos os grandes Instrutores. "Sois deuses", disse Ele em certa ocasio, citando o Rei Davi, que cantou: "Sois deuses, sois todos filhos do Altssimo." (Salmo 82.6). A verdade dessa Divindade interior foi magnificamente ensinada por So Paulo. Na verdade as Epstolas Paulinas so em sua maior parte tratadas sobre esse tema. "No sabeis que sois o santurio de Deus, e que o Esprito de Deus habita em vs?" (I Corntios 3.16). So Pedro fala sobre "o homem interior do corao, unido ao incorruptvel..." (I Pedro, 3.4). So Paulo denomina isto "Cristo em vs, a esperana de glria", e exorta seu povo: "Meus filhos, por quem de novo sofro as dores do parto, at ser Cristo formado em vs." (Glatas, 4.19). Podemos usar outro smile e pintar esta Divindade Pura dentro de ns como uma Chama Viva de Deus e o nosso eu trplice de pensamento, emoo e corpo como um globo que o envolve. O que ento podemos fazer apenas ir lentamente - isto pode tomar mais de uma vida - purificando e tornando limpo o globo, e procurar a Chama de modo que ela possa resplandecer cada vez mais para a bem-aventurana e conforto de todos os homens. O Esprito no homem o filho prdigo da grande alegoria. Por muitas e muitas vidas ele mergulha mais e mais no lodo, mas uma coisa ele nunca perde, pois seu prprio ser: a fome da Verdade, do Amor e da Alegria; de fato sua fome de deus. Este o verdadeiro sentido religioso, o "instinto do lar" do Esprito humano. "Porque", diz Santo Agostinho, "fomos criados para Vs, e nossos coraes esto inquietos at que em Vs encontrem seu descanso." Como a gua sempre procurando seu prprio nvel, o Deus-esprito procura sua unio com o Deus-esprito do universo. "O homem-esprito explica o Deus-esprito, como uma gota de gua prova uma fonte da qual proveniente." (Isis sem Vu, p. XII)

  • Esta a nossa parte mais profunda, mais "original". Aquilo que chamado "pecado original" somente o que no Oriente se chama " A- vidya", o no conhecimento, a ignorncia, o ser sem a verdadeira sabedoria. Mas esta uma lei da Natureza. Pode a semente mostrar a beleza que contm, e a criana, a sabedoria de seu pai? Como sabemos que chegamos ao ponto em que a procura da nossa Divindade pode comear? O prprio pensamento o comeo, porque nunca encontraremos aquilo em que no acreditamos. Assim o primeiro passo a "f", que foi definida como "o conhecimento no aprendido da alma". Quando muito pronunciado, denominado uma "vocao", que significa uma voz chamando, a voz do nosso eterno Eu. H.P.B. disse que, no mundo de hoje, so numerosas as pessoas capazes de encontrar e trilhar o caminho interior, mas sua conscincia cerebral ainda no compreendeu isto. Uma vez o Mestre K.H.(2) escreveu ao Dr. Sinnett. "Aquilo a que o homem interno desejou se ligar, o homem externo, o homem carnal, no ratificou. Tendo ouvidos, o homem externo no ouviu. O Senhor Budha falou de maneira semelhante a Seus Monges. Disse-lhes que h no mundo centena de jovens que, de bom grado, trilhariam a estrada mais elevada, bastando-lhes que algum a indicasse." Nestes dias admirveis isto cada vez mais verdadeiro, pois cada vez maior o nmero de eleitos, daqueles que verdadeiramente procuram. Este livrinho escrito com a esperana de abrir os olhos de algumas pessoas que procurem e encontrem o caminho da pura felicidade e do poder de ajudar. Vontade Espiritual (Desenho) A personalidade e o Ego (pag. 10) A PERSONALIDADE (nosso lado humano) Corpo - para experincia e servio. Corao - para resposta Beleza e ao Amor e para a irradiao de Beleza e Amor. Mente - para observar e compreender. Esta personalidade trplice o vaso de cristal que deve ser limpo e purificado, pois em seu interior queima a Chama Divina, a Fonte de todo encanto e bondade. O EGO OU ALMA (nosso lado divino) Vontade Espiritual - o propsito da Vida Amor Eterno - brilhando como o Sol sobre todas as coisas. Inteligncia Eterna - levando Sabedoria e ao Conhecimento Espiritual. ANTAHKARANA (a ponte entre os dois) A Mente e o corao purificados do egosmo e aspirando a ir firmemente em direo sua contraparte divina. Notas: (2) Um dos autores das Cartas dos Mestres a A.P. Sinnett (The Mahatma Letters to A.P. Sinnett).

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  • CAPITULO III

    A PREPARAO PARA O CAMINHO: A VONTADE

    A Importncia da Vontade

    A vontade o fator de suprema importncia em todo trabalho oculto de crescimento espiritual. O poder criador mgico de "Kriyashakti" a fora de "concentrao do pensamento e da vontade". Fora de vontade no somente significa a habilidade de escolher, mas tambm a de permanecer no caminho escolhido, de perseverar. Este poder freqentemente um dos pontos mais fracos na constituio do homem moderno. Toda a tendncia de nossa vida moderna suave e confortvel o solapamento da vontade e da capacidade de resistncia. A inteligncia para ver o melhor caminho e a vontade firme de continuar trilhando-o so necessidades absolutas para o sucesso em qualquer empreendimento, material ou espiritual. A posse do poder da vontade no um dom do alto. Se algum o possui por t-lo desenvolvido por si mesmo, em vidas passadas. A grande maioria dos homens mais ou menos deficiente neste particular. Mas ele pode ser desenvolvido. S h um modo de fazer isto - pela aquisio da faculdade, da aptido, de dizer "no" a ns mesmos, de enfrentar o desapontamento, a perda, o fracasso sem que isto abale nossas intenes finais. Se voc que l estas palavras jovem, comece cedo. Vontade uma forma superior de desejo. um desejo elevado, um desejo impessoal, considerado correto, necessrio, altrustico, oposto auto-satisfao, ao prazer momentneo, auto-indulgncia inferior. O homem auto- indulgente nunca pode vir ao ser o santo, o iluminado, aquele que irradia Deus. A fora de vontade desenvolvida pelo "passar sem alguma coisa", dizendo "no" ao pequeno eu em todas as ocasies possveis, at que ele cesse de pedir, reclamar, discutir, e obedea aos ditames do Eu Superior, sem mais questionamentos. Alguns de meus leitores encontraro em esplndido artigo do Dr. Cronin no Reader's Digest, de fevereiro de 1956, intitulado "A menos que voc negue a si mesmo". Dr. Cronin fala sobre um famoso mdico, Nikola Tesla, que comeou, quando menino, a aprender e a praticar o seguinte: "Se eu tinha alguma coisa de que eu particularmente gostasse, um doce, bolo ou chocolate, renunciava a ele, embora sofresse, assim fazendo. Se

  • houvesse uma tarefa ou exerccio que me desagradasse, eu o fazia, no importando a tendncia contrria. Com o passar dos anos cessou o conflito. Meu desejo e minha vontade unificaram-se." Eis o verdadeiro ascetismo, to desprezado nos dias atuais, que d um poder soberano ao homem. Os Santos conheceram bem isto, e assim encontramos Santa Theresa de Lisieux fechando o livro que estava lendo, mesmo na parte mais interessante, no meio de uma frase, no momento em que soava o sino do convento; e contendo sua curiosidade e interesse naturais em uma carta at o dia seguinte. Os santos cristos contradiziam e desprezavam o corpo de tal maneira que muitas vezes o tornavam intil. O Caminho do Meio do Senhor Budha nem tratava mal nem era indulgente com o corpo e com as paixes e desejos que o movem. O pequeno eu de nossa mente, emoes e corpo comuns aprende a obedecer vontade do Eu Divino interior e ter muito que sofrer at que fique habituado e em paz. Esta batalha o primeiro passo, e, como diz o provrbio francs: "o primeiro passo o que conta". Um dos aspectos de uma vontade fraca o hbito da indeciso. Ningum com esta peculiaridade pode ser feliz por muito tempo. S h um meio de cur-la. Tome uma deciso, mesmo que seja errada (voc saber pelos resultados), permanea nela ainda que sua mente e emoes resmunguem, apresentem razes contra e o torturem. Eu conheo sua tortura, pois tenho essa peculiaridade. To logo seja tomada uma deciso o eu inferior comea a pensar que a outra era a certa! No d ouvidos. Alm disso, a pessoa indecisa est sempre procurando conselho que, na maior parte das vezes, no segue. Uma grande coisa o candidato a ocultista deve aprender, que tomar suas prprias decises, especialmente encontrar e seguir sua prpria Divindade. Ningum sabe isto melhor que ns. No devermos nunca permitir que os outros nos influenciem, por plausveis que possam ser seus argumentos. Sim, isto importar em dor e sofrimento. Mas um atleta recusa o desconforto do treinamento para uma grande corrida? Um homem ambicioso atinge um sucesso notvel sem desistir voluntariamente de seu conforto, de seu bem-estar, mesmo o bem-estar necessrio e passar longos anos em incessante esforo? Porque seria diferente como maior empreendimento do universo? H algo que devemos lembrar sempre: nosso "eu inferior", o instrumento do Eu real, consiste do corpo mental ou mente, do corpo emocional de sentimentos, desejos e paixes, e do corpo fsico que, muito freqentemente, vtima e no causador dos caminhos errados do pensamento e da vida, pois no geralmente o corpo o real tentador do homem, mas as imagens-pensamento evocadas pelas paixes; estes trs corpos, so, todos eles, criaturas de hbitos. Se perseverarmos, eles se tornaro to adaptados aos bons hbitos, como so agora

  • acostumados aos maus hbitos. Assim, como diz o "Bhagavad-Gita", aquilo "que no princpio como veneno, mas que acaba como nctar", vem ao homem que pode perseverar com bravura. No devemos forar a personalidade usando a personalidade; pelo pensamento do Imortal Governante Interior, pelo crescente vislumbre e amor do Belo, do Amvel, do Verdadeiro, que podemos nos tornar cada vez mais o canal dessa Beleza. Duas coisas cumpre-nos adquirir e reter desde o princpio: escolha correta e fora para nunca ficar desencorajado. A Escolha Certa Perguntaremos a ns mesmos: Ns aspiramos ao crescimento espiritual, mas qual a razo de eu desejar tal coisa? Sejamos absolutamente honestos conosco, desenvolvamos a habilidade de ver-nos, se possvel, sem aprovao ou reprovao, mas somente em busca da compreenso. Desejamos a felicidade e segurana espiritual para ns prprios? Desejamos ser ou tornar-nos algo de belo, louvvel, especial? Gostaramos que os outros homens nos olhassem de tal modo que, de nossa posio elevada, nos curvssemos para ajud-los? De fato, com o correr do tempo, faramos de "Deus", a Eterna Beleza, um apangio, um adorno, uma propriedade pessoal nossa? Tudo isso muito natural e Dra. Besant disse-nos em certa ocasio, que podemos legitimamente usar a ambio pessoal para, no princpio, sobrepujar nossos defeitos, mas devemos acabar abandonando isto completamente. Diz a Luz no Caminho: "Faa uma pausa e considere um pouco. o caminho que voc deseja ou tem em sua viso uma tnue perspectiva de grandes alturas a serem galgadas por voc, ou um belo futuro que voc vai conquistar? Esteja prevenido. O caminho tem que ser procurado pelo que ele vale e no em considerao aos seus ps que vo trilh-lo." Somente o puro amor de Deus, o Belo e Verdadeiro, e o amor dos homens e de toda a vida, pode conduzir-nos a Deus - quando o amor de ns mesmos, ainda que elevado e admissvel, esteja perdido. Que possamos nos tornar canais puros e abnegados do Amor Divino, da Sabedoria Divina, do Poder Divino, a fim de prestar ajuda! Esta a nica voz que pode ser ouvida nos Cus. Como difcil! Ser que podemos fazer isto? Sim, gradualmente; pela prece, pela aspirao, pela compreenso, pela prtica. Desnimo Nunca, nunca devemos ficar deprimidos. No comeo no compreendemos como grande o objetivo, como longo o caminho, como escuro no princpio. "Lentamente a estrada serpenteia para cima atravs dos anos. Na alegria ou na tristeza, na sade ou na doena, na prosperidade ou no revs, o esforo deve continuar. Ao cair a pessoa ergue-se e gradualmente adquire coragem, f, a vontade de ter sucesso e a capacidade de amar ... Inicialmente isso nos acarretar esforo, sacrifcio e sofrimento, como qualquer disciplina destinada ao treinamento da mente, dos rgos ou dos msculos. Mais tarde

  • nos trar algo de inestimvel valor, uma alegria peculiar e indefinvel, que se deve sentir para compreender. Somente naqueles que lhe serviram fielmente toda a vida o esprito continua a elevar-se at o fim." (Alexis Carrel). Santa Teresa de Lisieux tomou, por ocasio de sua primeira comunho, uma resoluo, que respeitou por toda a sua vida: "Nunca me permitirei desanimar." O desespero outro lado do egosmo, nosso inimigo no Caminho. "Que ele erga o eu pelo Eu, e no permita que o eu seja deprimido. Na verdade o Eu o amigo do eu, e tambm seu inimigo." (O Bhagavad Gita) O motivo certo e a cura da depresso so resumidos por um Instrutor, com estas palavras: "Voc deve viver para os outros e com eles, no para voc ou com voc mesmo." (Um Adepto a W.Q. Judge) Antes que voc possa aproximar-se do primeiro portal, deve aprender a separar seu corpo de sua mente, a dissipar a sombra e viver no eterno. Para isto cumpre viver e respirar em tudo, como tudo que voc percebe respira em voc; cumpre sentir-se em todas as coisas e todas as coisas no Eu ... "H muitos instrutores; a Alma-Mestra uma, Alaya, a Alma Universal. Viva nesse Mestre como seu raio em voc. Viva em seus semelhantes como eles vivem na Alma Universal ... "Sintonizou voc seu corao e mente com a grande mente e corao de toda a humanidade?... O corao daquele que entrar na corrente deve assim vibrar em respostas a todo suspiro e pensamento de todos os que vivem e respiram." (A Voz do Silncio)

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  • CAPTULO IV A PREPARAO PARA O CAMINHO: O CORPO

    O Treinamento do Corpo

    O plano fsico o mundo por excelncia para o treinamento da vontade, pois a prpria matria do plano fsico tem um preponderncia de "guna tamsica", a qualidade de inrcia ou resistncia. Isto porque ela um reflexo longnquo do plano da Vontade Divina onde essa vontade como uma corrente brilhante e irresistvel. Assim as dificuldades e problemas da vida so destinados a induzir em ns a expanso de nosso Atma ou inteligncia e vontade. mais fcil treinar o corpo quando aprendemos a no nos identificar com ele. Durante um ms lembre-se constantemente de que esse corpo no o "Eu". "No temos aqui uma cidade estvel, mas procuramos uma que vir." Isto literalmente verdade, pois esta residncia est continuamente mudando, de um momento para o outro, expelindo umas partculas e absorvendo outras. A "cidade eterna" que procuramos, mais ou menos inconsciente, a "Cidade do Deus" interior, eterna, imutvel e imortal. Mais de um smile tem sido usado para designar o corpo. No Gnese chamado o "casaco de pele" que o Senhor Deus fez e deu ao homem. Como todo casaco ele se desgasta, depois de algum tempo, temos de ter um novo. Mr. Arnold Bennett chama-o a mquina humana que ns, o invisvel maquinista, dirigimos. So Francisco chama-o "irmo-asno". Como uma coisa viva possuindo uma conscincia elemental prpria e fraca, separada de seu dono, a conscincia coletiva de sua clulas, melhor que se use o termo aplicado em "Aos Ps dos Mestres", "o cavalo que voc monta". Suponha agora que dispusssemos somente de um cavalo para ir a qualquer lugar, como teramos cuidado como o nosso cavalo, como o alimentaramos bem, como o trataramos e adestraramos. Isto exatamente o que deveramos fazer com os nossos corpos! Eles so uma espcie de animal, com instintos animais (que o homem aumentou enormemente pela ao da mente e das emoes), e com um poder de autocura admirvel e incessante, como os praticantes da Cura Natural descobriram. O corpo tem uma conscincia elemental prpria e separada de seu dono. Tal afirmativa fundamentada no fato de que tudo no universo vivo

  • e portanto, at certo ponto "consciente", embora a conscincia de um tomo em nada seja semelhante conscincia humana. Devido a virem agindo juntas, h muito tempo, as clulas do corpo adquirira, uma conscincia fraca e associada. Notem como as diferentes partes do corpo adquiriram uma conscincia fraca e associada. Notem como as diferentes parte do corpo cooperam. Se um rgo danificado, os demais tentam assumir seu trabalho. Quando ocorre um ferimento, a inteligncia corprea faz um maravilhoso conserto. At o momento da morte e o corpo luta valentemente para se ajustar e curar, muitas vezes contra probabilidades arrasadoras. Freqentemente a inteligncia corprea frustada e contrariada pela ignorncia da vontade e dos desejos do dono, o homem. O corpo dirigido, como todas as formas materiais, pela grande lei da autopreservao, instintiva e habitual. Sendo uma espcie de animal, o corpo uma criatura de hbitos, como todos os animais. Um cavalo domado est adquirindo hbitos, as habilidades de um co so hbitos, as maneiras de ser de um gato so sempre hbitos. bom para ns se nossos pais nos tiverem inculcado bons hbitos quando ainda ramos jovens, hbitos de espontaneamente acordar cedo, moderao e autolimitao no comer e beber, de estar apto a passar sem uma coisa ou outra e, em geral, vencer a inrcia natural do corpo. Sobre nossos corpos devemos sempre nos lembrar da preponderncia neles de "guna tamsica". Dizem as escrituras indianas que todas as formas de matria tm uma das trs gunas, ou qualidade da matria, preponderando sobre as demais. Assim,, tamas, inrcia, a qualidade principal da matria fsica; rajas, atividade rigorosa, a qualidade do circundante e interpenetrante plano emocional, da a violncia e premncia das paixes e emoes; sattva, estabilidade, que aps equilibrados os outros dois, reina mais sobre o plano mental, o plano da razo, com sua aptido de julgar e decidir. Cumpre-me apresentar agora os Sete Pecados Mortais do Catolicismo. Eles so chamados "mortais" porque "matam a alma", o que quer dizer que anula na alma suas manifestaes mais elevadas. 1. Indolncia, preguia - fsico 2. Ira. 3. Luxria. 4. Avidez - emocional. 5. Orgulho. 6. Inveja. 7. Cobia - mental. Trataremos dos seis outros no devido lugar, e agora examinamos o primeiro. O grande vcio do corpo fsico a inrcia, a preguia, o desagrado por qualquer esforo. Esta inrcia pode assumir muitas formas. Tornamo-nos preguiosos, com gosto pelo nada fazer, ineptos a qualquer esforo; h ainda formas mais sutis, tais como, deixar para amanha o que nos seria um incmodo fazer hoje; falta de pontualidade, desarrumao, hbitos de desordem. Escreve o Dr. Alexis Carrel: " A primeira coisa que devemos fazer remover os obstculos que perturbam nosso desenvolvimento espiritual ... necessrio renunciar s atitudes

  • mentais que tanto atrofiam a conscincia, a ponto de levar ao suicdio espiritual. A preguia particularmente letal. A preguia no consiste somente em nada fazer, em dormir demais, em trabalhar mal ou no trabalhar de todo, mas tambm em devotar nosso lazer a coisas tolas e inteis. Tagarelices infindveis, jogos de cartas, corridas de automveis sem destino, abuso de cinema e rdio - tudo isto reduz a inteligncia." Tagarelar longamente desgasta nossa energia nervosa. Os fatores acima mencionados so realmente mecanismos escapistas. No desejamos encarar- nos, ou ouvir aquilo que nosso Eu Superior, manifestando-se s vezes como "conscincia", quer que faamos. Estes fatores somente podem ser tratados pela vontade, lembrando, como j foi dito, que a inrcia da matria o reflexo da vontade irresistvel dos mundos espirituais. Podemos ver agora o uso da vida fsica, com todas as suas frustraes, desapontamentos e obstculos. Combatendo-os, vencendo-os, suportando-os quando no possvel anul-los, atrai para ns mais e mais Atma, a vontade espiritual. Todos aqueles que desejam sucesso em qualquer empresa sabem que cumpre vencer esta inrcia. Toda liderana no esporte necessita de um treinamento prprio, prolongado e fatigante. So Paulo usa este smile. "Assim apresse-se", escreve ele, "para que voc possa alcanar" e diz que todos os que lutam pelo mestrado so moderados em tudo e tm o corpo sob comando. Se sucesso devido, diz ele, a dias e noites de trabalho rduo, a energia, perseverana e fadiga desmesuradas. Porque pensaramos ns que os grandes prmios da vida espiritual seriam ganhos com qualquer dispndio de esforo? Venamos, portanto, a preguia, a indeciso, a averso ao esforo. Devemos ter sempre viva em ns a capacidade para o esforo, para a fadiga. Lembremos, mais uma vez, a inerente tendncia de todas as formas da matria para criar um hbito. A medida que a vida corre, adquirimos muitos maus hbitos, comer em demasia, fumar em demasia, deixar que outra pessoa faa as coisas em vez de nos prontificarmos ns mesmos. bom que adquiramos, cedo na vida, bons hbitos, pois mais difcil alter-los com o correr dos anos. Entretanto isso pode ser feito, se tivermos a vontade, a coragem, a persistncia, de suportar a dor de abandonar um mau hbito e formar um novo. Vale a pena faz-lo. No tema a dor, o sofrimento, a privao. O primeiro Caminho da Purificao, significa ascetismo e vontade. Mas dor e sofrimento so os anjos negros auxiliares do homem, sem os quais ele se tornaria um autmato insensvel, egosta. "A Harmonia", escreve H.P.B., " a lei da vida, a discrdia, a sua sombra, de onde se origina o sofrimento, instrutor, despertador da conscincia". A dor aqui est; no podemos escapar dela; assim tome-a pela mo, esta admirvel e misteriosa mensageira dos Deuses. Os antigos celtas

  • diziam que um homem que sofria estava "fazendo sua alma". Como alimentaremos o corpo, o "cavalo que montamos"? Deve-se considerar aqui circunstncias, idade e hereditariedade. Est dito em Aos Ps do Mestre: "Voc deve estudar profundamente as leis ocultas da Natureza, quando j as conhecer, ordenar sua vida de acordo com elas, usando sempre a razo e o bom senso. No so todos que podem tornar-se vegetarianos. Se possvel, v aos poucos deixando de comer carne. O longo e aneliforme intestino do homem no adaptado assimilao de carne, como o o intestino curto e liso dos carnvoros; da a enorme absoro pelo homem de toxinas venenosas. Os mdicos descobriram que a gordura animal, e no a vegetal, causa a obstruo das artrias e, assim, a predominncia da trombose,, uma das freqentes causas da morte do homem moderno. A carne bovina a que tem os piores efeitos na aura psquica e nos centros cerebrais. Alguma coisa do reino animal invade-nos com sua carne. Em cerimoniais, os canibais comem um inimigo valente de modo que a sua coragem entre naqueles que dele compartilham! As tropas japonesas, que comumente se alimentavam de arroz, na guerra comiam carne para se tornarem melhores combatentes. Para aqueles que desejam levar uma vida espiritual, os melhores alimentos so descritos no "Bhagavad Gita" como "sttvicos": "Alimentos que aumentam a vitalidade, a energia ... deliciosos, agradveis." Os alimentos "sttvicos" incluem gros, frutas frescas, vegetais no cozidos e que crescem acima do solo, leite. Entretanto aqui se deve fazer uma discriminao. No razovel que algum abandone a carne para tentar viver somente de amido e ch! Hoje em dia tudo isto pode ser estudado facilmente. O principal inimigo comer em demasia. Dizem as escrituras hindus que se deve encher o estmago com um tero de alimento, um tero de gua, e deixar um tero par Shiva. Ou, para expressar isto nas palavras muito conhecidas de Sir Philip Sidney, "devemos acordar com apetite". Diz H.P.B. que nada mais destruidor dos impulsos mais sutis, mais elevados, do que a glutonia. Freqentemente a "glutonia" uma "compensao" para uma satisfao emocional frustrada; muitas vezes uma pessoa desapontada volta-se para a comida. O lcool tem efeito ainda pior. No de admirar que o Budismo e o Islamismo probam seu uso. O lcool se volatiza e afeta muito desfavoravelmente os centros do crebro pelos quais a conscincia espiritual pode entrar no fsico. Lembro-me de um homem que tinha sido um beberro, mas que se corrigira e adotara uma vida de meditao, dizendo-me como sua cabea doa quando meditava, mas que de qualquer maneira persistiria. " claro que produz dor", disse-lhe eu, "voc deve ter pacincia at que se desvanea o efeito de todo lcool que voc ingeriu." Cumpre notar que a meditao deve ser sempre

  • moderada quando sentir dor ou presso na cabea. Isto significa tenso nas clulas nervosas; se continuada, acabar por frustrar qualquer propsito mais elevado. Quanto ao fumar, diz-se que os fumantes exagerados correm o risco de cncer no pulmo. Falando isto esotericamente, com o tempo, afeta o corpo psquico interpenetrante e radiante, tornando-o mais grosseiro e menos sensvel. Cessar o hbito de fumar um esforo terrvel, porque o fumo realmente uma droga possessiva. As mulheres, especialmente, devem deixar de fumar, pois algumas enfermeiras dizem-me que as crianas nascem impregnadas de nicotina. E sobre o exerccio? claro que devemos usar nossos msculos, ou eles se atrofiaro. O melhor exerccio do mundo andar rpido, pois isso massageia os msculos abdominais. Alguns trabalhos domsticos fazem o mesmo efeito. os msculos mais importantes a serem desenvolvidos no so os dos braos e os das pernas, mas os do abdmen, os do dorso e os do pescoo. Para esta finalidade benfica a prtica em voga de hatha- yoga. Podem-se aprender alguns exerccios moderados de livros tais como, por exemplo, os escritos por um raja hindu, intitulado "o Caminho dos Dez Pontos para a Sade" (The Ten-point Way to Health); e "Para Sempre Jovem - Para Sempre Saudvel" (Forever Young Forever Healthy), de Indra Devi. H ainda outro lado da vida fsica que requer exerccios de pensamento e vontade; o planejamento das atividades de nossa vida, do que deve ser feito ou no deve ser feito, como empregar o tempo e no desperdi-lo e o hbito de decidir aps pensar devidamente. Muita gente querer dirigir nossa vida, mas no seremos felizes, a menos que ns mesmos o faamos. Dr. Edware Bach, o Bom Doutor que largou seu trabalho como bacteriologista para curar as pessoas com flores, escreve: "Nosso nico dever obedecer aos ditames de nossa conscincia, e isto nunca, em momento algum, suportaria o domnio de outra personalidade ... necessrio que compreendamos que todo ser est aqui para desenvolver sua prpria evoluo, de acordo com a orientao de sua Alma, to somente de sua Alma, e nenhum de ns deve fazer qualquer coisa que no seja encorajar nosso irmo nesse desenvolvimento." Gosto de alguns versos do poema de Sir Richard Burton, o autor da verso em ingls das Noites Arbicas (The Arabian Nights): Faa aquilo que sua natureza humana compele-o a fazer, De ningum seno de si prprio espere aplauso; Aquele que cria e respeita suas prprias Leis Vive e morre com a maior nobreza. (O Kasidah de Haji Abdu El-Yazdi)

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  • CAPTULO V A PREPARAO PARA O CAMINHO: AS EMOES O treinamento das Emoes

    Repetindo, a primeira coisa a fazermos compreender que no somos nossas sensaes. Observe-as como se movimentam, apelam, erguem-se. O mesmo corpo psquico expressa desejo, paixo e amor. Motivado pelo simples exame superficial, o pequeno "Eu" deseja, apodera-se, agarra alguma coisa como uma criana que quer ter um objeto. Geralmente sente- se isso prximo da cintura e indica atividade de centro de fora, ou chacra, chamado plexo solar. O Amor menos pessoal, Divino, sentido no chacra do corao. As emoes "inferiores" so de um comprimento de onda de vibraes mais lentas, mais grosseiras do que as ondas dos sentimentos mais "elevados", e tendem a se deslocar para a parte mais baixa da "aura" radiante e interpenetrante que nos cerca. Possivelmente est a a origem do costume cristo de se ajoelhar em orao ou prece, e do avental manico que simbolicamente separa a parte inferior. As emoes mais elevadas brilham na parte superior da aura. A aspirao mais elevada aparece acima da cabea. Os "pecados mortais" da luxria e avidez so sentimentos aquisitivos, possessivos; a ira a exploso do pequeno eu quando frustrado ou rejeitado. isto pode ser facilmente visvel nas criancinhas, pois atravessam, nos primeiros anos, um eptome da evoluo da raa passada. As criancinhas, salvo excees, so naturalmente vidas, egostas, sem considerao, possessivas. No so ainda bastante crescidas para "dar". lamentvel, mas muita gente nunca cresce e continua pela vida afora tomando, exigindo. "A porta do inferno trplice", diz o Bhagavad Gita, "destrutiva do Eu - luxria, ira e avidez". Note uma coisa sobre o desejo. Ele impele-o at que cedemos e o satisfazemos. Mas no acaba a; ele se ergue muitas vezes, mais forte do que nunca, exigindo sempre mais. O desejo nunca vencido pela satisfao. Diz "A Voz do Silncio" (The Voice of Silence): "No acredite que a luxria possa ser morta se for gratificada ou saciada ... Alimentando-se o vcio, ele se expande e aumenta sua fora." Se temos suficiente vontade e coragem para suportar a dor de uma negativa ao desejo, ele aos poucos pra e no mais incomoda. A paixo uma forma muito forte de desejo.

  • Muita gente sabe quo difcil control-la e domin-la. Mas se as paixes forem fortes e incontrolveis no homem, elas o impediro de atingir o Reino dos Cus aqui na terra. Entretanto a melhor maneira de lidar com as paixes no pensar constantemente nelas e lutar com elas, a menos quando necessrio. Vamos, aos poucos, expulsando-as de ns, cultivando desejos e emoes mais elevados, mais nobres e desprendidos. O amor beleza e a resposta amabilidade, a generosa apreciao da delicadeza da alma dos outros, a ausncia de inveja, o verdadeiro cuidado com a felicidade e bem-estar dos outros, a doao de ns prprios e daquilo que nos pertence queles que necessitam, as ainda mais elevadas faculdades de venerao, adorao, a abnegada orientao de ns mesmos para a Eterna Beleza e para o Eterno Amor, tudo isto, cultivado e crescendo em ns, extirpar lenta e seguramente os desejos inferiores. "O eu da matria e o Eu do Esprito nunca podem encontrar-se. Um dos dois deve desaparecer; no h lugar para ambos". Substituio sempre melhor do que mera extino. Esta a verdade que est por trs da parbola do Senhor Cristo sobre o homem que tinha sete demnios e expele-os, mas no como no ps sete anjos em seus lugares, todos os demnios voltaram com mais fora que antes. Mera represso no soluo. A vibrao das paixes e das emoes significa a presena de um tipo correspondente de matria psquica no eu interior. Encorajando as emoes mais elevadas, aos poucos construmos em ns um tipo mais elevado de matria que impede a volta das formas inferiores. O que ento desejamos par ns mesmos, posto que desejo a fora-motora da vida? Desejemos o melhor, desejemos as coisas mais amveis da vida, e finalmente, desejemo-las no para ns prprios, mas para toda a vida que nos cerca, que toda vida possa crescer em felicidade, em sabedoria, em poder, como Deus quis que crescessem, no como o homem pensa que devam crescer. A Luz no Caminho (Light on the Path) diz que devemos "desejar tais posses como podem ser tidas pela alma pura; que voc acumule fortuna para este esprito unido da vida que seu nico e verdadeiro "Eu". "Bem-aventurados os pobres em esprito porque eles vero Deus". Bem-aventurados so aqueles que nada pedem do universo, mas apenas do. Disse o grande sbio Patanjali que, quando cessa todo desejo de possuir, ento todas as coisas colocam-se aos ps do homem. Cultivemos as respostas mais belas para a vida. Quantos de ns tm olhos que no vem e ouvidos que no ouvem! Esteja consciente (sem ser necessariamente clarividente) que voc tem uma aura radiante, pulsando, brilhando ao seu redor, e no somente um ncleo slido dum corpo fsico. O hbito de pensar que somos apenas este corpo fsico influencia a radiao do corpo psquico, que facilmente

  • segue o pensamento, e assim se encolhe em sua radiao e adquire uma certa congesto. Enchamos nosso coraes com amor, alegria e coragem e, ento, pela vontade, irradiemo-los. Se de ajuda, imagine uma cor rosada, brilhante, forte e refulgente e, ento, usando a vontade, pense nela se expandindo e irradiando-se em torno de voc, to longe quanto possa. A aura elstica e seguir a vontade e a imaginao. Isto feito regularmente expande e aumenta a radiao pessoal, em benefcio da sade psquica e fsica. Acima de tudo tentemos compreender o verdadeiro amor, o eterno doador de vida e o salvador de tudo. Quando dizemos que amamos certas pessoas e pedimos sua ateno e sua presena, no as amamos. Amamos a ns prprios e ansiamos pelo conforto que sua presena nos traz. Podemos, diz So Paulo, ter toda espcie de admirveis dons psquicos e fsicos, mas se no temos amor e nossas aes no so feitas por amor, eles nada valem. E quando sentimos amor e ternura por outrem, expressemos isto por um toque de ternura, um olhar, uma palavra, com suavidade, beleza e considerao. Alguns de ns foram educados na proibio de demonstrar emoo. Pare com isto. Muitas vezes ouvi pessoas se lamentarem que algum amado tinha morrido antes que pudessem dizer-lhe o quanto era querido. Todas as crianas necessitam de ateno e de amor terno e compreensivo. a sua segurana para a vindoura batalha da vida. Estimule as crianas a amar, admirar e apreciar, em vez de, como hoje to freqentemente fazemos, competir, invejar, superar quem quer que seja. Amar e apreciar generosamente o grande, o encantador e o verdadeiro, participar um pouco do seu encanto. Muitas vezes ouvimos o oposto: crtica, demolio, repetio maldosa de falatrio. Sabe por que h pessoas que assim procedem? Porque suas almas esto esfomeadas, confinadas e frustradas. Ame-as, pois somente o amor pode ajud-las a conquistar a liberdade e a alegria. (Mais sobre o assunto pode ser lido no captulo "Amor - O Curador", em meu livro A Perene Sabedoria da Vida (The Ageless Wisdom of Life) Gostaria tambm de dizer uma palavra sobre os impulsos sexuais, to fortes na maioria de ns. Voc pode encontrar no segundo volume de A Doutrina Secreta, p. 428, a razo disto. O abuso e a degradao da funo sexual to desastrosos em seus efeitos por ser ela um reflexo na terra do poder criador mais elevado do universo. Todas as formas de Ioga, tanto no Oriente como no Ocidente, so bem claras sobre a necessidade do controle e da sublimao do sexo. O celibato imposto no saudvel. Mas, a medida que o homem avana no caminho para o mundo mais elevado verifica que a solicitao carnal vai diminuindo, pois a fora sexual tende a se sublimar no poder espiritual elevado. Enquanto isto no acontece impedido o registro da conscincia espiritual no crebro. Mas nunca

  • experimente apressara ou usar mtodos especiais par atingir essa finalidade. Pureza de vida e de pensamento, considerao e carinho pelo outro no relacionamento sexual legtimo traro esse resultado. Na antiga ndia o homem tinha sua vida sexual por algum tempo como dever sua raa. Depois, com o pleno consentimento de sua mulher, ambos retiravam-se da vida no lar para seguir o caminho direto para o Mais Elevado. A vida matrimonial pode ser um meio de elevao dependendo tudo de nossa atitude. A educao da maioria de ns no nos conduz a essa perspectiva. Nada mais pode ser dito aqui. (Recomendaria queles que estejam interessados, a leitura do meu livrinho, O Poder Criador (The Criative Power), publicado pela Sociedade Teosfica Americana, em Wheaton, I11, E.U.A., e reimpresso pela Casa Publicadora Teosfica de Londres). Cumpre tambm lembra que a fluncia das correntes prnicas mais elevadas no corpo, induzidas pela meditao, s vezes acentuam os impulsos inferiores. Esta a razo por que as pessoas religiosas so freqentemente culpadas de pecados sexuais. Mantido com constncia, o pensamento elevado religioso acabar por transformar o sexo, mas nos perodos em que afrouxado, freqentemente ser observado o estmulo citado. Devo mencionar agora mais um ponto. Freqentemente tenho encontrado homens e mulheres fascinados pelo Ocultismo, que o compreenderam de maneira elementar, e cuja descrio dos poderes supra-normais atraiu seu egotismo e orgulho que anunciam sua deciso de seguir uma vida de celibato sem qualquer pensamento do que isto possa significar para seus associados. A esses eu diria: "Voc tem o compromisso do qual no deve fugir." O primeiro dever ensinado em ocultismo cumprir o dever pelo prprio dever. No se pode atingir a essncia do amor abnegado e a ausncia de todo egotismo, que o objetivo do esforo oculto, por meio desse egosmo superior. o desejo de poderes ocultos e do assim chamado desenvolvimento oculto, uma forma sutil de egosmo, mais perigoso para o verdadeiro progresso que as formas usuais de ambio fsica. Um livro muito til para a compreenso de nossa natureza emocional A Cincia da Emoes (The Science of Emotions), de Dr. Bhagavan Das.

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  • CAPITULO VI

    A PREPARAO PARA O CAMINHO: A MENTE

    O Treinamento da Mente

    Uma vez mais necessrio compreendermos que no somos a nossa mente. Para principiar, observe algumas vezes seus pensamentos. Deixe-os fluir e veja para onde vo. Voc verificar que so extraordinariamente mercuriais, rpidos, sempre mutveis. Eles so sempre assim, mas ns s nos conscientizamos disto observando-os. Se tomarmos parte num trfego veloz, no percebemos quo rpido ele ; mas se ficarmos parados e o olharmos, imediatamente o fato chamar nossa ateno. Note tambm que o pensamento pode ser provocado por um acontecimento fsico ou um desejo emocional. interessante observar como a mente acomodatcia; como a natureza-desejo e a mente manejam- se mutuamente. Se desejarmos muito alguma coisa, a mente encontrar toda espcie de razes plausveis para satisfazer o desejo! H dois passos preliminares para o controle da mente: ateno e concentrao. Nunca faa qualquer coisa com a metade de sua mente, sonhando com outras coisas, Esteja atento ao que voc est fazendo e nisso empenhe-se por completo. Est em "Aos Ps dos Mestre (At The Feet of the Master): "Aqueles que mais sabem mais sabero o que estes versos querem dizer: 'Seja l o que for que sua mo encontre para fazer, faa-o com toda ateno'." Quando, de todo o corao, agimos para o bem, fazemos descer a ateno e o poder de nosso Eu imortal. verdade que com longa prtica de meditao desenvolvemos uma espcie de conscincia dual. Uma parte de nossa mente est atendendo alguma coisa aqui na terra e a outra, sem cessar, olhar para o cu. Mas mesmo ento nossa mente inferior controlada ser exata e atenta. Na verdade, deveramos saber o que estamos fazendo e, se possvel, por qu. Concentrao, a habilidade de pensar sobre alguma coisa, sem desvio por um certo tempo, todos ns a praticamos naturalmente, quando muito interessados. Escolha assim um objeto de pensamento que lhe interesse. Pratique interessar-se pelo assunto do momento. Devemos pensar clara e ininterruptamente sobre um objeto escolhido. O pensar sem interrupo leva concentrao. Siga uma continuidade do pensamento; faa um passeio imaginrio.

  • Este ltimo ponto leva-nos a outra grande fora da mente que pode tornar-se criativa e poderosa: a imaginao. Mas lembre-se de que a meditao, especialmente em seus primeiros estgios, pensamento dirigido. Imaginao significa faculdade de criar imagens. Com esta fora podemos encher nosso mundo interior, subjetivo. Se fecharmos nossos olhos, exclumos os objetos do plano fsico, mas em vez disso, podemos ver toda espcie de idias, figuras e cenas interiores. Olhando para trs, a jusante da torre do tempo, podemos ter memrias de pessoas, lugares e acontecimentos. Olhando torrente acima podemos ver mais quadros, quadros de esperanas, desejos e aspiraes. Estas so criaes involuntrias de pensamentos e desejos (Kama-manas). Mas podemos tambm cri-los pela vontade e pela imaginao controlada e dirigida. A imaginao no controlada pode pregar-nos uma pea. Por conseguinte, nossa imaginao deve ser controlada, dirigida, desenvolvida, at que se torne verdadeiramente criativa. Parte deste desenvolvimento da imaginao o poder de visualizar. Algumas pessoas tem este poder fortemente desenvolvido. Podem facilmente se tornar psquicas, porque os poderes de visualizao so o comeo da viso psquica. Olhe atentamente para uma rosa. Feche os olhos e reproduza sua imagem. Se voc est lendo uma boa histria visualize-a medida que vai avanando. Este desenvolvimento leva ao crescimento da imaginao criadora, um poder de grande uso na meditao. O desenvolvimento da imaginao habilita-nos a "nos colocarmos no lugar de outro", e assim aprendemos a compreender melhor os outros. A razo, a compreenso e a intuio devem ser desenvolvidas. Isto feito pela prtica da meditao, e tambm pelo pensamento e estudo paciente, cuidadoso. A inteligncia deve crescer, crescendo para cima, despertar a intuio. Isto feito pelo pensar firme e perseverante, pela emoo ardente assim desperta e pelo aprendizado de como lutar com a vida. O estudo espiritual no tanto um acmulo de fatos (os fatos, muito freqentemente, no so o que parecem ser), mas o desenvolvimento da faculdade. Leia num livro bom, que exija reflexo, alguma afirmativa ou idia. Empregue alguns minutos pensando sobre o assunto. Se isto nunca foi feito antes pode acontecer uma certa insuficincia de pensamento. Persevere. Logo comearo a fluir idias, compreenso e inspirao. Sua mente est crescendo e atingindo outras idias correlatas do universo. Quando voc tiver pensado to forte e to longe quanto possa, espere, "olhando aquilo que invisvel, ouvindo aquilo que inaudvel." Quando tiver chegado ao fim de um pargrafo, escreva, em to poucas palavras quanto lhe for possvel, a essncia dele. Faa o mesmo com o captulo e com o livro inteiro. Um resultado disto ser o crescimento da faculdade

  • de ver o essencial na vida como nos livros, bem como o poder de condensar e esclarecer. Muita gente com a mente no adestrada no tem o poder de se expressar com clareza e conciso, e de chegar ao essencial. Sir Francis Bacon uma vez escreveu que a leitura forma um homem completo, a palavra, um homem preparado e a escrita, um homem exato. No apenas devemos estudar livros, mas tambm, e ainda mais, a prpria vida. Pensemos sobre a vida, seu significado e propsito; sobre gente que podemos compreender e amar; sobre acontecimentos que podem conter uma mensagem para ns. "Oua a cano da vida"; tente intuir o encanto e o propsito fundamentais da vida. Contemple intensamente toda a vida ao seu redor. Aprenda a olhar inteligentemente no corao dos homens." Isto da Luz no Caminho (Light on the Path), que nos aconselha a tentar isso de um ponto de vista absolutamente impessoal; de outro modo, nossa viso ser parcial. "A inteligncia imparcial; ningum seu inimigo, ningum seu amigo. Todos so seus mestres". Mais uma vez: "Estude os coraes dos homens, de modo que voc possa saber como este mundo em que voc vive, e do qual quer ser uma parte. Olha a mudana constante e a vida em movimento ao seu redor, pois formada por coraes de homens; e, a medida que voc for compreendendo sua constituio e significado, gradativamente ir habilitando-se a ler o mundo maior da vida." Inteligncia no o mesmo que intelectualidade. Inteligncia um poder, uma faculdade - o poder de compreender, de ver o sentido bsico. Intelectualidade o poder de acumular e lembrar fatos. claro que o futuro ocultista torna-se um superpsicolgo. Mais informao sobre o desenvolvimento do poder do pensamento ser encontrado em meu panfleto. Pensamento, o Criador (Thought, the Creator). O Caminho Preparatrio O caminho preparatrio para a grande estrada foi muito bem descrito por H.P.B. em "A Escada de Ouro": "Contemple a Verdade que est a sua frente. Vida limpa, mente aberta, corao puro, intelecto ardente, afeto fraternal para todos, presteza para dar e receber conselho e instruo ... nimo valoroso para suportar as injustias pessoais, destemida declarao de princpios, valente defesa daqueles que so injustamente atacados, e mira constante no ideal de progresso e perfeio humanos que nos revela a Cincia Sagrada. Eis a Escada de Ouro por cujos degraus pode o estudante galgar o Templo da Sabedoria Divina." Esse Caminho Preparatrio sempre foi o mesmo desde o princpio do mundo. Ele exposto no Nobre Caminho ctuplo do Buddha, e nas Bem-Aventuranas do Cristo. A antiga escola Trans-Himalaica chama os degraus de Paramitae; eles so seis: 1. Caridade, amor. Todos os sistemas de Ioga comeam assim. 2. Moralidade, relacionamento correto com os

  • outros. 3. Pacincia amvel, "que nada pode perturbar", ser paciente no prazer ou na dor at que no sejamos afetados pelo prazer ou pela dor. 4. Energia destemida, que abre seu caminho para a verdade suprema acima do lodo das iluses da vida. 5. Meditao profunda ou contemplao, cujo portal de ouro, uma vez aberto, leva a alma aos reinos eternos. 6. Sabedoria, que, identificando o homem com Deus, torna-o conscientemente o Filho do Altssimo. O Inimigo H somente um inimigo nesse caminho, aquele contra o qual devemos fazer uma guerra sem trguas, at que seja destrudo para sempre, e esse inimigo "Ahamkara", o sentido do "eu", "mim" e "meu". No nos censuremos por isso. Desde tempo imemoriais esse sentido tem sido o protetor e uma concha necessria, como a casca do ovo protege o pinto que est crescendo. Diz H.P.B. que seu papel na evoluo o de uma salvaguarda, de modo que, dentro da carapaa, a individualidade possa crescer em segurana at o soar da hora em que a armadura possa lenta e continuamente ser posta de lado e, firmemente estabelecida a individualidade imortal, sem limitao, entrar em contato com a vida de todas as coisas, sem exceo, e dela participar. Usando ainda o smile da casca do ovo, quando a hora chegada, o pinto no interior quebra a casca com bicadas de modo que possa sair para a gloriosa luz do dia, e a galinha ajuda-o do exterior. Do mesmo modo comeamos a quebrar a barreira de nosso minsculo eu, e o "Mestre" e "Guardio" de nossa alma, originalmente nosso Eu Superior (em algumas pessoas ajudadas por um Guru ou Mestre da Sabedoria), ajuda do exterior. At que essa hora chegue, impossvel para qualquer um de ns, verdadeiramente, vislumbrar a glria que nos aguarda. o mesmo que se falasse ao pinto, que ainda no nasceu, sobre a luz solar exterior, pois, nunca a tendo visto, no poderia imagin-la. Ele poderia at mesmo recusar- se a acreditar na existncia de outro mundo que no aquele dentro da rbita de sua pequena conscincia. Ou como se tentssemos dizer ao boto sobre a maravilha e a luz em que em breve floresceria. Cumpre-me citar aqui as belas palavras da Luz no Caminho (Light on the Path): "No antes que toda a personalidade do homem tenha se fundido e dissolvido, no antes que tenha sido tomada pelo fragmento divino que a criou como simples objeto de experincias e experimentos srios, no antes que toda a natureza tenha cedido e se submetido ao Eu superior, pode a flor se abrir... Chame isto pelo nome que lhe aprouver, uma voz que fala onde no h nada que fale; um mensageiro que chega, um mensageiro sem forma ou substncia; ou a flor da alma que se abriu. isto no pode ser descrito por qualquer metfora. Mas pode ser sentido depois de procurado e desejado, mesmo no meio do bramido e da tormenta." Pode assim o boto sentir o calor do sol, mesmo antes que tenha

  • florido e esteja "ardentemente ansioso de abrir sua alma para o ar". Cumpre-nos lembrar aqui que "deve ser o Eterno que estimule sua fora e beleza e no o desejo de crescimento". Deus, o Belo, deve ser amado por causa Dele prprio. O velho inimigo, como a hidra, reerguer a cabea muitas e muitas vezes e com muitas formas. Quando no mais usar uma veste material, aparecer com uma forma espiritualizada. Podemos carreg-la conosco numa grande parte do caminho, mas quanto mais longe formos mais difcil se tornar mat-lo. importante elimin-lo agora, no comeo do caminho, e assim milhares de serpentes seriam afastadas de nossa rota. aqui que os pecados especficos da mente tornam-se claros - orgulho, inveja, cobia. Todos eles tm sua origem no sentimento exagerado do "eu", do "mm" e do "meu". Talvez seja por isso que Santa Teresa ordenou que sua monjas dissessem sempre "nosso" para tudo, mesmo um copo ou um prato. A Idia e o Amor de Deus Algumas vezes me admiro do interesse, muito em moda sobre os caminhos sagrados do Oriente. O Oriente pode considerar uma Deidade impessoal; o Ocidente, somente uma pessoal. H um certo perigo na idia pessoal da Vida Eterna. Temos a tendncia a atribuir a Deus os vcios e peculiaridades do ser humano. O ctico Voltaire disse em certa ocasio: "No comeo Deus criou o homem a Sua imagem, e o homem vem retribuindo- Lhe a gentileza desde ento". Mas h tambm um perigo na maneira impessoal. O Impessoal, como Shri Krishna disse, " difcil para o corporificado alcanar". A pessoa torna-se ento apta a pensar que Ele pode ser apropriado e usado pela personalidade para seu adorno e prestgio, ou para obter benefcios pessoais, ao passo que Ele a Mente de nossas mentes, o Corao de nossos coraes, a Vida de nossas vidas. O perigo que podemos "nos acostumar na forte paixo pela estrutura pessoal". Como disse o Senhor Cristo: "Qual de vs, por ansioso que esteja, pode acrescentar um cncavo ao curso da sua vida?" (3) Todos ns crescemos, como crescem as flores, em virtude da presso evolutiva que nos impele, e do nosso desejo espiritual. Para evitar esses perigos ponhamos o Amor em primeiro lugar. O conhecimento quando vem antes pode ser duro e orgulhoso. A mente no iluminada "a grande assassina do Real". O caminho do amor real, mesmo quando parece uma "via dolorosa", uma estrada cheia de desgostos. O amor a grande fora propulsora e vivencial do universo. Permita-me citar mais uma vez Dr. Alexis Carrel: "Somente o amor tem o poder de pr abaixo as barreiras atrs das quais nosso egosmo se refugia, para inflamar nosso entusiasmo, para fazer-nos trilhar alegremente a "via dolorosa" do sacrifcio." E ainda mais: "O Sacrifcio no uma virtude reservada aos santos e aos heris. uma necessidade especfica da vida humana." impossvel amar-se uma abstrao. Mas o Eterno

  • uma personalidade. "Ele no menos que pessoal". (Dean Inge). Cada uma de nossas pequeninas personalidades a soma total, a eflorescncia, das qualidades do universo. Isto demasiado grande para que possamos figurar, embora possamos acreditar como as criancinhas acreditam em seu pais que, para elas, so incompreensveis. Assim olhamos para um irmo crescido que chegou a ser um com o Pai, e que nos revela a Divindade do homem e a humanidade de Deus. A Ele podemos amar com toda a nossa mente, corao e alma. Para muitos o Cristo, que o Instrutor do Mundo, dos Deuses, dos anjos e dos homens. Nunca deixe que o amor se v, pois o conhecimento pode dissipar-se agora mesmo. Aquele que ama nascido de Deus e conhece Deus. Tem ternura no corao, bem como humildade e pacincia. Pois o amor nada exige, procura se derramar, procura brilhar porque deve brilhar. Consideremos agora o "Caminho". Ele tem quatro pontos: meditao, estudo, autoconhecimento, servio de toda a vida. Examinaremos um de cada vez, no captulo sobre "O Mtodo". Eles constituem um sistema multissecular de autodisciplina. No recuemos ante o termo autodisciplina. Sem ela no possvel o verdadeiro conhecimento nem o poder adicional de ajudar. Como muito bem expressa o poeta Tennyson em seu poema: Auto-reverncia, autoconhecimento, autocontrole, Somente estes trs levam a vida para o poder soberano. Ningum faz isso para ns. Ns mesmos temos de faz-lo, o que nos leva integrao da personalidade.

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  • CAPTULO VII A PREPARAO PARA O CAMINHO: PECADOS E VIRTUDES

    Os Sete Pecados Mortais

    1. Fsico: Indolncia, preguia, protelao. Conserve-seem movimento; a falta de exerccio ocasiona doenas nosmsculos e nos ossos.

    2. Emocional: Ira, Luxria, Avidez. A extrema ira causadano ao corpo psquico, permitindo que entidades malficas openetrem e o dominem. A luxria e a extrema sensualidadeentopem os rgos e impedem a circulao do prana, a foravital. A avidez embrutece tanto o interior quanto o exteriordo corpo fsico. A avidez por posses tem um efeito isolantesobre a conscincia.

    3. Mental: Orgulho, Inveja, Cobia. O orgulho envolve ohomem como um manto que o impede de reunir-se aos outros (opecado da separatividade), um impedimento mortal ao seuprogresso. A inveja a essncia dos pequenos desejos. Elafragmenta o eu, por assim dizer, e faz cessar a integrao.Cobia o desejo de possuir os poderes ou propriedades deoutrem. De algum que sofra muito desse mal partemfilamentos semelhantes a ganchos que vo ter quilo que desejado. Com o correr do tempo isto significa a perda dafaculdade, a decadncia mental.

    Estes "sete pecados mortais" todos acabam por "matar" aalma, impedindo-as de entrar em contato com o superior.

    Os Antdotos

    1. Fsico: Diligncia, perseverana, esforo. "Trabalhopesado nunca matou ningum; preocupao j matou muitagente." 2. Emocional: Bondade, castidade, temperana,generosidade. A bondade desarma; a pureza de pensamento e devida uma necessidade para a iluminao; a temperanasignifica austeridade, controle pela mente e pela vontade.

  • 3. Mental: Humildade, conscincia altrustica,contentamento, generosidade. A verdadeira humildade noconsiste em diminuirmos, o que freqentemente significaorgulho invertido. Consiste em nunca pensarmos em nsmesmos.

    O contentamento significa compreenso de que ningum temaquilo que no seja seu por seu destino, e que a vida temboas intenes conosco.

    O amor generoso e fraterno anula a inveja e a cobia;quanto mais dermos aos outros mais a vida nos dar. "Dai edar-se-vs-; boa medida, recalcada, sacudida,transbordante, generosamente vos daro; porque com a medidacom que tiverdes medido vos mediro tambm". (Lucas, 6.38)

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    Codd 1997 - 2005 by

  • CAPTULO VIII O CAMINHO

    O primeiro e mais importante ponto neste artigo e eterno Caminho a Meditao. Sem a meditao diria, paciente, persistente nunca poder ser encontrado o Caminho. Isto parece, para algumas pessoas, uma atividade difcil e fatigante. Entretanto, dentro de certa medida, todos ns "meditamos". Se estamos empenhados no pensamento de um esquema de trabalho, ou mesmo num novo trabalho, estamos de certo modo "meditando". O homem de negcios, que aprende a concentrao do pensamento e um planejamento bem dirigido de suas atividades, est aprendendo algo que ser de valor quando comear, em uma vida futura, a meditar de verdade. Planejar e pensar no que pode ser feito de melhor so formas de "meditao". Permita-me dar uma lista de estados meditativos da mente na ordem de sua intensidade: 1. Aspirao, nsia do corao para a Estrela, o Ideal, o Verdadeiro. 2. Prece, levando ao reconhecimento de um "mundo interior", e de que o homem uma alma, bem como um corpo. 3. Concentrao direta ou pensamento em seqncia. Isto, com o tempo, integra a personalidade. 4. Pensamento concentrado num ideal, que acarreta a unio do pensador com sua vida superior. 5. Adorao e venerao. A mente tendo criado a forma, o corao estimulado e brilha para o alto. 6. Um apelo ao Eu Superior, pondo em atividade a Vontade espiritual. 7. A conscientizao do Mestre e da "Presena de Deus". Duas Grandes Verdades H duas grandes verdades que so a base de todas as formas de meditao. 1. O Eu Interior toma a semelhana daquilo que a mente contempla. Muitos escritos bblicos assim confirmam: "Como ele pensa em seu corao assim ele. (Provrbios, 23.7) "E todos ns com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glria do Senhor, somos transformados de glria em glria, na sua prpria imagem, como pelo Senhor, o Esprito." (II Corntios, 3.18) "Tendo desaparecido todas as modificaes, a mente, qual cristal transparente, toma a natureza e a forma daquilo que lhe est prximo, quer seja o conhecedor, o conhecido, ou o ato de conhecer." (Patanjali, Aforismos da Ioga, I, 41) O amor e a concentrao da mente com base no amor levam a isso, como to belamente descrito por Tennysom em Idlios do Rei. Mas quando ele falou e alegrou sua Tvola Redonda Com palavras grandiosa, divinas e confortadoras, Alm do que minha lngua pode contar-lhes - eu observei De face para face, por toda a Ordem, relampejar Um semelhana, momentnea com o Rei. Diz-se que marido e mulher que se amam verdadeiramente, com o passar do tempo comeam a se assemelhar - porque se amam e pensam constantemente um no outro. Assim S. Paulo exortou seu povo a pensar em todas as coisas que sejam verdadeiras, honestas, justas, amveis, e que meream ser ditas, contendo virtude ou

  • louvor. 2. A Energia Vital do universo, chamada no Oriente Prana, e que nos planos csmicos a Vontade Divina, segue o pensamento, inspira, aviva e torna reais as criaes mentais daquele que pensa. Finalmente o pensador unificado com o Encanto que ele vislumbrou atravs de suas formas-pensamentos autocriadas. A Gradual Mudana na Atitude assim claro meditar aproximar-se do Supremo que est no interior, e devido a essa incurso o mundo interno cresce, fica mais vvido e real, enquanto o externo perde muito de sua influncia e realidade. Isto fica bem evidente nos estgios mais avanados da meditao. Diz A Voz do Silncio: "Quando para si prprio sua forma aparece irreal, como ao acordar parecem todas as formas vistas em sonhos; quando ele deixou de ouvir os muitos, e pode discernir o Um, o som interior que elimina o exterior". Santa Teresa d'Avila descreve um fenmeno similar. Escreva ela: "Olho para baixo, no mundo, como se fora de uma grande altura e muito pouco me importa o que dizem ou sabem a meu respeito. Nosso Senhor tornou minha vida agora uma espcie de sonho, pois quase sempre o que vejo parece-me como um sonho, nem tenho grande sensao de prazer ou de dor." Este o comeo da ida "do irreal para o Real". Nosso corpo parece-nos real, nossas emoes parecem-nos reais, nosso pensamento parece-nos importante, porque ainda no compreendemos como realidade a Divindade interior. O sbio Shankaracharia diz que assim como os sonhos parecem verdadeiros enquanto a pessoa no desperta, assim a identificao de algum com o corpo, etc. e a autenticidade das percepes sensoriais e tudo mais pertencente ao estado desperto continua, enquanto no houver o "Autoconhecimento". De fato, uma pessoa se torna progressivamente cnscia da alma das coisas em vez do corpo das coisas, e assim, aos poucos vai tendo lugar a mudana correspondente dos valores. P.W. Martin, em Experincia em Profundidade (Experience in Depth), num relato de seu mergulho nas profundidades de seu subconsciente, diz que, uma vez atingido o Centro, tem lugar uma mudana fundamental na atitude do homem em relao aos acontecimentos externos, ao relacionamento com os outros, s suas fontes de ao e sua perspectiva final, e que esta mudana no nem resignao nem otimismo fcil. " a viso das coisas deste mundo em seu aspecto interior, to bem quanto na forma que aparece externamente. O homem que tenha encontrado seu caminho para essa viso interior sabe que deve e pode acreditar no processo, desde que sua atitude seja a apropriada." Jung denomina esta mudana de atitude em relao aos acontecimentos externos como a experincia do Tao, cujo esprito corporificado na expresso de So Paulo: "Todas as coisas trabalham juntas em benefcio daqueles que amam a Deus". Encontramos tambm nas palavras de J: "ainda que venha me matar, mesmo assim acreditarei Nele", e na bela frase de Dante no Paraso: "Em Sua Vontade est nossa paz". O relacionamento com os outros tambm se altera. A maior parte do contato pessoal por intermdio da persona ou mscara, o que significa nenhum contato. O relacionamento em profundidade diferente. um encontro numa "outra dimenso espiritual", nas "coisas que

  • so eternas", to bem e no menos que no mundo externo. Aqui o "ser real" de uma pessoa fala ao "ser real" da outra. A Ponte entre a Conscincia Inferior e Superior Esta viagem para o interior, ou para cima, como preferirmos descrev- la, finalmente chega a um ponto em que construdo o Anthakarana, a ponte entre a conscincia inferior e a superior. Diz H.P.Blavastky que a verdadeira mente em ns, que essencialmente conscincia espiritual, no pode entrar em relacionamento direto com a personalidade, exceto atravs de seu reflexo, a inteligncia comum, inferior. ", portanto, tarefa de Manas inferior, ou personalidade pensante, se ele deve fundir- se com seu Deus, o Ego Divino, dissipar e paralisar os Tanmatras, ou propriedades de forma material... Isto Kama-Manas (pensamento influenciado pela paixo), ou o Eu inferior, o qual, iludido por uma noo de existncia independente... Torna-se Ego-Ismo, ou eu egosta." A Doutrina Secreta (The Secret Doctrine, III, 519). Certamente um grande desenvolvimento de "manas-inferior" muitas vezes fechar as percepes mais elevadas. Diz ela ainda: "Devido ao extraordinrio crescimento do intelecto humano e do desenvolvimento me nossa poca de Manas no homem, seu rpido progresso paralisou as percepes espirituais. custa da sabedoria que o intelecto geralmente vive." A Doutrina Secreta (The Secret Doctrine, III, 331). Essa escadaria ou ponte (o smile que preferimos usar) da conscincia inferior ou comum para a conscincia superior ou espiritual descrita por vrios videntes. So Paulo fala de "vu" que ser removido quando a vida de Cristo estiver pronta para se manifestar em ns. (II Corntios, 3 e 4). Ele tambm fala do muro divino a ser demolido quando a conscincia de Cristo a surgir em ns. (Efsios, 2.14). A escadaria o uso, desenvolvimento e purificao progressiva da inteligncia. H.P.B. diz-nos que, fazendo crescer os estados meditativos, as imagens empregadas vo se tornando cada vez mais simples e mais abrangentes de modo que a mente ultrapassa completamente as imagens e atinge as chamadas regies "sem forma", embora, ainda diz ela, sem forma somente para os estados inferiores da conscincia. A Luz no Caminho (Light on the Path) tambm descreve essa escadaria: "De maneira absoluta cada homem para si prprio o caminho, a verdade e a vida. Mas ele somente ser assim quando tomar firmemente sua total individualidade e, por fora de sua vontade espiritual desperta, reconhecer essa individualidade, no como sendo ele prprio, mas como aquilo que a duras penas criou para seu uso, e por meio do qual se prope, com o desenvolvimento lento de sua inteligncia, atingir a vida alm da individualidade." Dr. Alexis Carrel, em seu ltimo livro publicado depois de sua morte, tem coisas de grande importncia a dizer sobre a vida supernormal. Ele afirma que o propsito da evoluo da alma tem um objetivo ambicioso e espantoso: "atingir o reino desconhecido que se estende alm da cincia e da filosofia, o reino em cujo limiar o intelecto automaticamente se imobiliza ao chegar. "O esprito se ergue mais pelo sofrimento e desejo do que pelo intelecto; em certo ponto da jornada ele deixa para trs o intelecto, pois seu peso demasiado. Ele se reduz

  • essncia da alma que o amor. Sozinho, no meio da noite escura da razo, ele escapa ao tempo e ao espao e, pelo processo que os prprios grandes msticos nunca conseguiram descrever, une-e ao inefvel substrato das coisas." Esse caminho nos destinado desde o comeo da evoluo. Pois a profunda sabedoria, que pertence ao nosso Eu evolutivo, est esperando a evocao desde a aurora da grande jornada evolutiva. O Senhor Cristo, em Sua prece antes de Seu julgamento e crucificao, fala a Seu Pai sobre a "glria que tive junto de Ti antes que houvesse mundo". So Paulo fala daquele que nos chamou com santa vocao... Conforme sua prpria determinao... antes que o mundo comeasse (II Timteo, 1.9) Diz H.P.B. que a semente dessa sabedoria divina foi implantada nas almas nascentes dos homens pelos Dhyan Chohans no alvorecer da evoluo. Ela cita as palavras do velho instrutor Aryasangha: "Aquilo que no nem Esprito nem Matria, nem Luz nem Trevas, mas verdadeiramente o receptculo e raiz de tudo isso ... Tu s isso... a Luz-Vida derrama-se para baixo pela escadaria dos sete mundos , escadas cujos degraus vo se tornando cada vez mais densos e cada vez mais escuros. dessa srie sete-vezes-sete que s o fiel escalador e espelho , homem pequeno! s isto mas no sabes." (A Doutrina Secreta, The Secret Doctrine, III, 513) Somente o homem, em toda a criao, tem o poder de ficar face a face com Deus, porque tem em si uma fagulha, um germe da Vida Eterna e da Conscincia do Universo. "O Princpio que d a vida mora em ns e, fora de ns, imortal e eternamente beneficente, no ouvido, no visto, no cheirado, mas percebido pelo homem que deseja percepo". (As Trs Verdades"). Este Caminho ascensional tambm apreciado com grande beleza pelo Mestre K.H. numa carta senhora Francisca Arundale (4): "Filha de sua raa e de sua poca, tome sua pena de diamante e encha as pginas de seu dirio com a histria de nobres feitos, dias bem empregados, anos de santa luta. Voc conquistar assim seu caminho sempre ascendente para os planos mais elevados da conscincia espiritual. No tema, no desanime, seja fiel ao ideal que voc pode agora vagamente vislumbrar." Com o progresso lento no caminho a idia e a viso vo-se tornando mais claras e mais fortes. O Mestre K.H., numa carta a outra senhora (no mesmo livro (5)), diz: "Aos poucos sua viso ir ficando mais clara, voc ver passar a nvoa, suas faculdades interiores sero fortalecidas, sua atrao para ns ganhar fora, e a certeza tomar o lugar das dvidas." O Antahkarana, a "ponte", uma vez formada, permitir inteligncia transferir-se da mente do pensamento concreto comum para o plano mais elevado, para a mente mais divina. Este o "Filho de Deus", o esprito de Cristo em ns. Alm est plano da Conscincia Divina universal e eterna, mas, primeiramente, deve-se atingir a conscincia de nosso prprio Ego mortal. Atravs dele chegamos a Deus, a Vida Divina. Isto simbolizado pelo Senhor Cristo quando diz, identificando-se com o Eu Divino em todos os homens: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; nenhum homem chegar ao Pai seno por mim." Diz H.P.B.: "Nenhum degrau da escada que vai ter ai conhecimento pode ser omitido. Nenhuma

  • personalidade pode atingir ou entrar em comunicao com Atma (Divindade) a no ser atravs de Budhi-Manas (nossos Egos divinos)." (A Doutrina Secreta, III, 522) A Conscincia do Eu Superior, uma vez atingida, ilumina e inspira a conscincia humana inferior. Certamente, como foi dito anteriormente, todo o propsito da evoluo assim fazer, mas antes que a "Graa de Deus" possa descer e se apossar de ns devemos, para que isto seja possvel, empenhar todos os esforos. A este respeito H.P.B. cita a Cabala: "Todas as criaturas no mundo tem algum que lhes fica acima. Este superior tem o prazer interior de esparzir sobre elas seus eflvios mas no pode faz-lo enquanto elas no o tenham adorado" (isto , meditando como se faz na Ioga). (A Doutrina Secreta, II, 122) A Conscincia Espiritual O que conscincia do Eu Superior e como pode ser descrita? Na verdade no pode ser descrita com palavras humanas, pois est alm do espao e do tempo. liberdade, luz, amor, bem-aventurana. No um conhecimento intelectual, nem composto puramente de emoo humana, embora os movimentos mais puros do corao lhe estejam mais prximos do que qualquer jogo do intelecto. O Conhecimento espiritual no evolui nem se desenvolve com o conhecimento humano. Ele "nasce" num homem quando a hora chegada. A Raa dos Msticos, diz Hermes, o Trs Vezes Grande, no ensinada, mas sua sabedoria lembrada por Deus quando Ele assim o quer. O mesmo diz Plato. Nada do mundo, em torno de ns, pode ajudar-nos individualmente e atingir p Conhecimento-Divino. Pois a pessoa comum nada pode fazer. Ela to somente o canal da sabedoria e de poder de ajudar infinitamente maiores. "Eu vivo" escreve S. Paulo, "entretanto no Eu, mas Cristo vive em mim". A unio com nossa Divindade interior dota a personalidade de uma sabedoria e de um poder muito alm de sua capacidade. Thomas Merton, no Silncio Escolhido (Elected Silence) escreve: "Para todos os grandes msticos, sem exceo, o ponto culminante da vida mstica o casamento da alma com Deus, que d aos santos um poder miraculoso, uma energia serena e incansvel no trabalho para Deus e para as almas, que frutifica na santidade de milhares de pessoas e muda o curso das religies e mesmo da histria secular." Aqueles que eu encontrei, que sentiram e conheceram sua beleza, dizem ser um fluxo de poder alm da compreenso que conduz para a felicidade e para o bem de todos os seres vivos circundantes; um sentimento de completa paz em que nada pessoal importa ou tem a possibilidade de perturbar; essa sensao de amor divino enche o corao e transborda para tudo quanto vive; um mundo de espantosa luz se abre ante eles, luz que bem-aventurana, poder e amor por todas as coisas. Os primeiros sintomas freqentemente aparecem como a sensao de uma enorme lua interior, de intensa felicidade, de fora resplandecente. Santa Teresa d'Avila assim a descreve: "O brilho de tal viso ultrapassa qualquer coisa que se possa imaginar na terra ... uma luz completamente diferente da que vemos na terra. Em comparao com a luz visionria, a radiao do sol que ns vemos parece escura, e como se nunca mais pudssemos abrir os olhos." Quo apropriado o velhssimo mantra do Oriente: "Do irreal

  • conduza- me ao Real; das trevas conduza-me Luz; da morte conduza-me imortalidade." No forro de um casaco, usado pelo grande mstico Blaise Pascal, foi encontrado um papel no qual estava escrito: "No ano da graa, 1645. Segunda Feira, 23 de novembro, de 10.30 da tarde at 12.30: "Fogo! Deus de Abrao, Deus de Isaque, Deus de Jac, No dos filsofos e dos sbios. Certeza, alegria, certeza, emoo, viso, alegria, Esquecimento do mundo e de tudo que no seja Deus. O mundo no Vos conheceu, mas eu Vos conheci. Alegria! alegria! lgrimas de alegria. Meu Deus, Vs me deixareis? Nunca permitais que de Vs eu seja separado." So Paulo tambm descreve essa conscincia. "Se necessrio que me glorie, ainda que no convenha, passarei s vises do Senhor. Conheo um homem em Cristo (6) que h quartzo anos foi arrebatado at o terceiro cu, se no corpo ou fora do corpo, no sei, Deus o sabe. E Sei que o tal homem, se no corpo ou fora do corpo no sei, Deus o sabe, foi arrebatado ao paraso e ouviu palavras inefveis, as quais no lcito ao homem referir." Digamos "impossvel referir", pois no h termos ou meios de expresso na terra que possam fielmente transmitir o Inefvel. "Voc no pode denominar aquilo que no tem nome, oh meu filho!" (Tennyson) Este um estado, atingido em meditao muito profunda, chamado samadhi, no Oriente, e xtase no Ocidente. Diz-nos Patanjali que o samadhi tem profundezas dentro das profundezas, e o mesmo nos diz Ramakrishna, o grande santo indiano. H Samadhi com semente e sem semente. Pense que o primeiro significa conscincia de nosso Egos Divinos, e o segundo, a conscincia universal para o qual ele a porta. No primeiro h uma conscincia de "dois", eu e Deus. No segundo, eu desapareci completamente e somente Deus ficou. Nas palavras de Santa Catarina de Gnova: "Meu eu Deus, no me conheo separado Dele". H as belas palavras de Plotino dizendo-nos que poucas vezes na vida ele atingira tal conscincia. "Mas no estamos sintonizados com a viso, e assim no temos o poder de desenvolver os olhos de nossa mente e olhar a beleza do Bem. Aquele que percebeu Isto no pode perceber outra coisa, nem aquele que olhou para Isto pode olhar para outra coisa, nem ouvir, nem mover qualquer parte do corpo; ele esquece todos os sentidos e movimentos corpreos, e fica quieto. Iluminando ento tudo em torno da sua mente, Ele inunda de luz toda a alma, tomando-a de corpo e transformando o homem todo em puro ser". "Esteja tranqilo e saiba que sou Deus", canta o salmista; tranqilidade do corpo, tranqilidade das emoes, tranqilidade da mente. Pois nesse silncio, pode-se ouvir a "voz baixa, tranqila" que falou a Elias. Tranqilidade mesmo do corao: "Eu dormia, mas meu corao velava" (Cantares de Salomo 5.2); o "silncio no cu" do qual fala o Apocalipse. "Procure a flor que desabrocha no silncio que segue a tormenta." (Luz no Caminho). Nenhum homem pode reter sempre esta conscincia, no enquanto for homem. "O silncio pode durar um instante ou pode durar mil anos. Mas ter um fim. Entretanto voc carregar sua fora. Muitas e muitas vezes a batalha deve ser travada e ganha". Para um homem que uma vez experimentou isso, a vida nunca mais ser a mesma,

  • Da em diante sua vida pessoal estar fundida com a do Cristo interior e com a de Deus. Mas para isso temos que nos preparar. Somente o puro de corao pode "ver Deus". Aquele que tem o corao puro lhe vem tambm esprito tranqilo, pensamento concentrado, vitria sobre a sensualidade e aptido para contemplar o Eu." (Aforismos da Ioga, II, 41, de Patanjali) Diz o evangelho Plotino: "Por conseguinte todos devem tornar-se divinos, e de beleza divina antes que possam olhar para um deus e para a Prpria Beleza." Orgos Fsicos da Conscincia Espiritual H certos rgos no corpo fsico que so, uma vez desenvolvidos, o meio pelo qual a conscincia espiritual e tambm a conscientizao do reino psquico podem ser trazidos conscincia fsica. As duas glndulas no crebro, o corpo pituitrio e a glndula pineal, so muito importantes a este respeito. Durante a vida, o crebro, com todas as cmaras e centros, pulsa com luz. Mediante um esforo espiritual constante isto se intensifica e a luz toma um movimento oscilante. "O arco da pulsao do corpo pituitrio eleva-se, mais e mais, at que, qual uma corrente eltrica quando se choca com um objeto slido, a corrente finalmente atinge a glndula pineal, e o rgo adormecido despertado e posto a brilhar com o puro fogo Akshico." Um vez desperta a glndula pineal, "a luz que se irradia deste stimo sentido ilumina os campos da infinidade. Por uma pequena frao do tempo o homem se torna onisciente; Passado e Futuro, Espao e Tempo tornam-se para ele o presente (o Eterno Agora dos filsofos). Se um Adepto, ele armazenar em sua memria fsica o conhecimento assim adquirido e nada, salvo o crime de se permitir magia negra, pode obliterar essa lembrana. Se somente um chela (discpulo), apenas fragmentos de toda a verdade se imprimiro em sua memria, e ele ter de repetir o processo por muitos anos, nunca deixando que um gro de poeira o macule, mental ou fisicamente." (A Doutrina Secreta, III, 505) Portanto a glndula pineal o rgo fsico para trazer a conscincia espiritual conscincia fsica, e a glndula pituitria o rgo para despertar a conscincia do plano psquico circundante. Ela ligada tambm com os olhos e com o centro etrico entre as sobrancelhas. Outros transmissores fsicos das impresses interiores so os sete grandes centros, mais ou menos correspondentes aos grandes plexos nervosos, chamados no Oriente Chacras ou "Rodas" por causa de seus movimentos de rotao. Eles esto situados na base da espinha, prximo ao bao, na cintura (o familiar plexo solar), no corao, na garganta, entre as sobrancelhas e no topo da cabea. Todos estes so, quando completamente desenvolvidos, rgos de viso interior e de resposta. Eles podem ser desenvolvidos, especialmente, por certos meios ocultos, ligados com o estmulo e direo do "fogo de Kundalini", enrolado na base da espinha, mas isto muito perigoso e doloroso; a menos que seja feito sob a direo de um verdadeiro Adepto, deve ser deixado de parte. Os diversos chacras devem ser desenvolvidos natural e lentamente por uma vida espiritual e altrustica. H tambm trs canais para o acesso das foras espirituais na espinha, chamados no Oriente os "alentos vitais". Um sobe em linha reta no centro da espinha e se irradia do grande chacra

  • no topo da cabea. Este chamado no Oriente o Sushumna Nadi. Ele acompanhado em cada lado por dois outros, um positivo e outro negativo, de acordo com as foras que veiculam, e chamados respectivamente Ida e Pingala. Eles se cruzam da maneira representada no smbolo antigo do Caduceu e, finalmente, um penetra no corpo pituitrio e outro na glndula pineal. As asas no smbolo indicam a alma livre do homem que aprendeu a despertar e usar os poderes ocultos. um fato interessante que as foras positivas e negativas agem em direes opostas nos corpos dos homens e das mulheres. Pode-se discernir uma sensao de queimadura ou calor em certas partes da espinha. A mesma sensao poder ser percebida s vezes na v