tecnológicos” recursos linguagem e...

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“Mediação, linguagem e recursos tecnológicos” Ementa: A importância da linguagem no processo comunicativo por meio de recursos tecnológicos. A língua para além do texto sem erro gramatical. A elaboração de textos e devolutivas via recursos tecnológicos. Objetivos: - analisar a importância da linguagem na mediação via recursos tecnoló- gicos; - apropriar-se de estruturas dis- cursivas.

Transcript of tecnológicos” recursos linguagem e...

  • “Mediação,linguagem erecursostecnológicos”

    Ementa: A importância da linguagem noprocesso comunicativo por meio derecursos tecnológicos. A língua paraalém do texto sem erro gramatical. Aelaboração de textos e devolutivas viarecursos tecnológicos. Objetivos: -  analisar a importância da linguagemna mediação via recursos tecnoló-gicos;-  apropriar-se de estruturas dis-cursivas.

  • CRÉDITOS...UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ -UFPR REITORProf. Dr. Ricardo Marcelo Fonseca VICE-REITORAProf.ª Dr.ª Graciela Inês Bolzón de Muniz PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO - PROGRADProf. Dr. Eduardo Salles de Oliveira Barra PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - PRPPGProf. Dr. Francisco de Assis Mendonça PRÓ-REITOR DE EXTENSÃOE CULTURA -PROECProf. Dr. Leandro Franklin Gorsdorf PRÓ-REITOR DE GESTÃO DE PESSOAS -PROGEPEM. Douglas Ortiz Hamermuller PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO - PRAProf. Dr. Marco Antonio Ribas Cavalieri PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO,ORÇAMENTO E FINANÇAS – PROPLANProf. Dr. Fernando Marinho Mezzadri PRÓ-REITORA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS- PRAEProfª. Drª. Maria Rita de Assis Cesar

    COORDENADORIA DE INTEGRAÇÃODE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO ADISTÂNCIA - CIPEAD COORDENAÇÃO CIPEADProf.ª Dr.ª Maria Josele Bucco Coelho CONTEÚDO DO MÓDULOProf.ª Dr.ª Geovana Gentili Santos REVISÃO PEDAGÓGICA DOMATERIALMa. Marina Lupepso DIAGRAMAÇÃO DO MATERIALProf.ª Dr.ª Geovana Gentili Santos ILUSTRAÇÃO CAPA Julia Alessandra Ponnick Prof.ª Dr.ª Ana Carolina de AraújoSilva (supervisão)

  • Conteúdo

    03

    Vamos de Quiz?

    04

    "Sujeito, discurso e sala de aulavirtual"

    12

    "Tutorial: um gênero discursivovalioso em tempos de ensinoremoto emergencial (ERE)"

    https://pt.quizur.com/trivia/quais-sao-suas-escolhas-wD2rhttps://pt.quizur.com/trivia/quais-sao-suas-escolhas-wD2r

  • Vamos de Quiz?

    Como foi sua compra na quitanda? Como ficaria sua salada de frutas, fresquinha e sabo-

    rosa? A analogia proposta em forma de um Quiz nada mais é do que um convite à reflexão da

    importância das palavras e da nossa responsabilidade nas escolhas lexicais para a construção das

    nossas falas/enunciados.

    Nossa relação com o mundo é mediada pela linguagem - tanto a verbal quanto a não-verbal

    - e, por ser tão natural e intrínseca a nós, nem sempre paramos para pensar na qualidade das

    nossas interações, no modo como nos colocamos em diálogo com o outro, ou seja, com a

    coletividade. Não avaliamos ou não monitoramos o processo de seleção lexical que operamos no

    interior da língua, não analisamos os diferentes impactos que nossos atos de fala podem causar

    nas diferentes situações comunicativas das quais somos partícipes.

    E a essa não reflexão sobre nossas elaborações discursivas, somam-se aquelas poten-

    cializações geradas pela frieza dos aparelhos nas interações via recursos tecnológicos em que a

    presencialidade do interlocutor não se materializa diante de nós. Com essa "ausência" do outro, o

    cuidado com o texto - oral ou escrito - fica em segundo plano, a releitura antes do envio é

    deixada de lado e a reescrita para evitar colocações que possam afetar o outro, muitas vezes, não

    é feita.

    A cada dia, principalmente nas vivências comunicativas via redes sociais, notamos o quan-

    to o filtro linguístico e a modalização do dizer são abandonados, os textos saem em seu estado

    bruto e, sem qualquer lapidação, revelam uma prática verbal centrada no descuido com outro e

    com uma forte centralização no "eu": "eu falo mesmo", "eu exponho o outro", "eu xingo" etc. Toda

    essa dinâmica - tal como abordado no texto "A frieza da tela e a potencialização do discursoagressivo em sala de aula virtual", na Gazeta do Curso - reverbera nos espaços deaprendizagem mediados por recursos tecnológicos, convocando-nos inevitavelmente a pensar e

    a dialogar sobre a temática: mediação, linguagem e recursos tecnológicos. PÁGINA 03

    Clique na imagem abaixo e participe do Quiz do Curso!

    https://pt.quizur.com/trivia/quais-sao-suas-escolhas-wD2r

  • Um dos aspectos que esse período de

    enfrentamento à pandemia da Covid-19 tem

    colocado em evidência é a natureza social do

    ser humano e sua necessidade de interação.

    Não somos seres isolados! Ao contrário,quando nos vimos restringidos da

    presencialidade nos espaços de convívio,

    prontamente intensificamos o uso de recursos

    tecnológicos para, minimamente, seguirmos

    em contato com o outro (família, amigos,

    colegas de trabalho etc.).

    Vivemos em sociedade e construímos

    nossos posicionamentos a partir das

    interações que estabelecemos. Significamos o

    mundo e nos colocamos nele por meio da

    linguagem, repleta de signos que emergem e

    significam no interior das relações sociais, isto

    é, entre seres socialmente organizados.

    s u j e i t o , D I S C U R S O e s a l a d e a u l a v i r t u a l

    Por Geovana Gentili

    PÁGINA 04

    As concepções de mundo, as crenças e mesmo os instáveis estados deespírito ideológicos também não existem no interior, nas cabeças, nas'almas' das pessoas. Eles tornam-se realidade ideológica quando realizadosnas palavras, nas ações, na roupa, nas maneiras, nas organizações daspessoas e dos objetos, em uma palavra, em algum material em forma de umsigno determinado. (MEDVIÉDEV, 2012, p. 48)

    Pelo nosso modo de ser, estar e enunciar,

    criamos e revelamos nossos posicionamentos

    axiológicos, evidenciando que não há

    neutralidade nas nossas construções discursivas

    e, mesmo quando afirmamos ser "neutros" ou

    "isentos" em algum tema ou assunto, assumimos

    essa postura como um ato valorativo ou

    responsivo ao contexto em que estamos. Essa

    atitude, por mais imparcial que se pretenda,

    expressa a tomada de um posicionamento

    sociopolítico-ideológico e revela, também, muito

    sobre nós.

    Assim, nos mais diferentes campos da

    atividade humana, estamos imersos em um

    grande e contínuo colóquio em que

    incorporamos ou repelimos em nossas falas os

    discursos de outrem. Nesse movimento, a partir

    do uso da linguagem, espelhamos quem

    somos e nossos enun-

    ciados, orais ou escritos,

    por meio de sua

    constituição (conteúdo,

    estilo e composição),

    refletem nossa individu-

    alidade.

  • "o ouvinte ao perceber e compreender o

    significado (linguístico) do discurso, ocupa

    simultaneamente em relação a ele uma ativa

    posição responsiva: concorda ou discorda dele

    (total ou parcialmente), completa-o, aplica-o,

    prepara-se para usá-lo etc.; essa posição

    responsiva do ouvinte se forma ao longo de

    todo o processo de audição e compreensão

    desde o seu início, às vezes literalmente a

    partir da primeira palavra do falante. Toda

    compreensão da fala viva, do enunciado vivo é

    de natureza ativamente responsiva [...]."

    (BAKHTIN, 2011, p. 271, grifo nosso)

    Atualmente, com o avanço dos estudos

    linguísticos, o esquema comunicativo ganhou

    uma nova percepção, na qual os sujeitos

    envolvidos são considerados ativos no uso da

    língua, pois, entende-se que o processo decompreensão da mensagem enunciadademanda do ouvinte um posicionamento:

    Quando pensamos nas interações no Am-

    biente Virtual de Aprendizagem (AVA) ou nos

    diversos espaços on-line de vivência formativa,

    compreender toda essa dimensão do processo

    comunicativo - os atores envolvidos, ospapéis desempenhados, as especificidadesdo canal e da linguagem - é de sumaimportância para assegurar a qualidade da

    experiência educacional.

    Por muito tempo, a dinâmica comunicati-

    va foi entendida de modo que os sujeitos

    envolvidos eram ora ativos (quando falante) ora

    passivos (quando ouvinte) e, durante o proces-

    so de comunicação, trocavam de papéis.

    Nessa perspectiva, o emissor faz um uso

    ativo da língua e o receptor apenas um uso

    passivo, como se todo o sentido já estivesse

    contido e pronto no texto do enunciador e ele,

    receptor, apenas fosse o "depósito" final da

    mensagem, sem qualquer participação ou

    interferência na construção do sentido do texto

    enunciado.

    PÁGINA 05

    Emissor(falante)

    Ativo

    Receptor(ouvinte)Passivo

    Receptor(ouvinte)Passivo

    Emissor(falante)

    Ativo

    Não há passividade no processo comuni-

    cativo e os atores envolvidos desempenham

    papel fundamental um em relação ao outro,

    sendo as palavras a ponte entre eles, tal como

    se afirma na epígrafe desse Módulo, na

    formulação feita por Volóchinov.

    Essa responsividade pode ser no ato, gerando

    ações imediatas, ou pode ser silenciosa,

    atuando no ouvinte em manifestações, falas ou

    comportamentos posteriores.

    Nessa perspectiva, entende-se que a real

    unidade da comunicação discursiva é o

    enunciado, sempre fundido em uma forma -diálogo face a face, carta, bilhete, e-mail,

    notícia, telefonema etc. - pertencente a um

    sujeito que ocupa uma determinada posição

    social, política e ideológica.

  • E como a compreensão desse movimento

    durante o processo comunicativo pode ser útil

    para as interações em salas de aula virtual ou

    mediadas por recursos tecnológicos?

    Essa percepção do processo de comunica-

    ção permite-nos adotar uma postura discursiva

    mais consciente, com intervenções mais

    cuidadas, incluindo o outro no processo

    comunicativo não como mero "depósito" do

    que diremos, mas como partícipe ativo na

    construção dos sentidos e do próprio ato

    comunicativo.

    O texto - tanto o oral quanto o escrito -

    deixa de ser apenas uma sequência de palavras

    para a transmissão de um conteúdo e passa a

    ser entendido como a produção discursiva de

    um sujeito com sua visão de mundo e

    impregnado de valores.

    Com essa compreensão, as elaborações -

    desde uma mensagem de acolhimento até os

    exercícios - passam a ser produzidas com mais

    esmero, entendendo que as escolhas lexicais, a

    ordem das frases, o cuidado gramatical na

    composição dos enunciados não só cooperam

    para transmitir o conteúdo desejado como

    também falam/revelam sobre quem os

    enuncia.

    As formulações discursivas funcionamcomo  espelho, refletem também o quesomos. E, cientes dessa complexidade, na salade aula virtual, por meio das nossas inter-

    venções e mediações, podemos construir um

    ambiente de aprendizagem saudável, produ-

    tivo e colaborativo.

    Vamos analisar algumas situações em

    ambiente virtual de aprendizagem e tentar

    verificar como um texto reflete para além do

    plano temático:

    PÁGINA 06

    responsividade

    OuvinteAtivo

    FalanteAtivo

    ¿Hablas español?

    Contexto: curso de graduação em língua

    espanhola. Ocorre um problema no sistema

    e as questões da Atividade de Sistema-

    tização (AS) estão trocadas. Ao perceber

    essa falha, o professor-tutor envia uma

    mensagem aos estudantes:

    Prezados alunos

    ,

    Foi veri

    ficado que o ba

    nco de questõe

    s da

    AS I veio trocado

    na nossa discip

    lina.

    Nesse s

    entido, ele enc

    ontra-se indispo

    nível

    até que haja a

    revisão dos 

    altere o

    exercício por pa

    rte do setor de

    REVISÃO.

    Assim

    que for soluc

    ionado o prob

    lema,

    envio uma mensa

    gem a vocês inf

    ormando a

    liberação.

    Aguarde

    m!

    Un abra

    zo,

    Prof. Fulano.

    Este AV

    ISO NÃO é pa

    ra ser respond

    ido.

    Caso queira fala

    r comigo, entre

    em contato

    pelo canal FAL

    E COM O SEU

    TUTOR na

    plataforma do A

    VA."

  • Como você se sentiu ao ler essa mensagem? O que lhe ressaltou mais pós-leitura? O que visualmente lhe chamou a atenção? Com qual impressão do professor-tutor você ficou? Ao término da mensagem, o que você recorda mais: a explicação sobre a falha ou aorientação final sobre o canal de contato com o professor-tutor?

    Iniciemos por analisar a mensagem em três planos: estrutural, linguístico e afetivo. Na

    sequência, vejamos como cada um dos aspectos mencionados são decisivos para a leitura que

    fazemos, para a construção da imagem do emissor e para a criação de um posicionamento

    responsivo.

    O texto do primeiro núcleo da mensagem

    - aquele em cinza - é conciso e bastante

    direto, elaborado com frases curtas. Além da

    exposição do problema e do encami-

    nhamento já adotado, há uma orientação

    final feita de modo bastante contundente

    com o uso isolado, na frase, do verbo no

    imperativo: "aguardem". Na sequência, é feita

    a saudação final em língua espanhola "un

    abrazo".

    O segundo núcleo da mensagem, ainda

    que não seja o que trata da essência do

    problema, é o que ganha destaque pelo uso

    da cor vermelha e das letras em maiúscula.

    Na mensagem com um todo, nota-se,

    ainda, um descuido na revisão do texto antes

    da publicação, com trechos fragmentados e

    desconexos, com desvio das normas

    gramaticais da língua portuguesa.

    A mensagem como um todo revela a

    preocupação em notificar a falha no

    sistema e assegurar que não haja excesso

    de mensagens reportando o mesmo

    problema para o professor-tutor. Não há,

    no texto, qualquer indício verbal de

    empatia à situação de possível confusão

    pelo alunado diante do banco de questões

    trocado. A saudação final no idioma em

    estudo, seja, talvez, uma tentativa de

    manter algum vínculo afetivo.

    PÁGINA 07

    Plano Linguístico A mensagem enviada pelo professor-

    tutor tem 2 núcleos. O primeiro, escrito na

    cor cinza, tem como temática a falha do

    sistema e a troca do banco de questões da

    atividade AS I. O segundo, escrito na cor

    vermelha, tem como foco o pedido de não 

    comunicação/interação com o professor-

    tutor.

    Plano Estrutural

    Plano Afetivo

    Pelos planos analisados, podemos perceber que pressa e escrita são dois elementos quenão combinam! E o resultado dessa junção é sempre um texto descuidado em seus diferentesníveis.

  • Se, por um lado, os desvios gramaticais

    e a falta de revisão textual revelam a pressa

    do professor-tutor em realizar/publicar o

    comunicado (e aqui podemos entender

    esse comportamento por inúmeras razões);

    por outro, eles indicam ou podem sugerir

    uma postura de relapso e/ou de

    desprestígio para com o interlocutor.

    Alguns podem pensar que seria um

    pouco de exagero sustentar essa leitura,

    afinal, tais deslizes textuais acontecem com

    todos nós! Sim, isso é verdade! Estamos

    todos suscetíveis a cometer equívocos;

    mas, cada vez mais, precisamos nos

    conscientizar de que a elaboração

    discursiva requer cuidado e atenção em

    sua construção e enunciação. Da mesma

    forma que não presenteamos alguém com

    algo quebrado ou pelas metades, nossa

    fala também deve ser o mais inteira

    possível em respeito aos outros sujeitos

    envolvidos no processo comunicativo.

    As cores selecionadas na mensagem

    revelam uma certa inversão de relevância

    dos conteúdos. Se a primeira parte sobre a

    falha no sistema devesse receber a ênfase

    maior na mensagem por ser o âmago da

    questão e o motivo da escrita da mensa-

    gem; com a cor vermelha e as letras em

    maiúscula, o destaque fica para o pedido

    post-scriptum "não resposta a este aviso".

    A objetividade das frases curtas, o uso

    do verbo imperativo e, sobretudo, a

    ausência de qualquer expressão que

    manifestasse um lamento ou um pesar

    pelo ocorrido e pela confusão na hora

    de tentar realizar a AS I com questões

    trocadas gera uma impressão de fala

    grossa e ríspida por parte do professor-

    tutor; por mais que a intenção original não

    fosse essa.

    PÁGINA 08

    A saudação em língua espanhola até fun-

    cionaria como uma tentativa de reaver o vínculo

    e a gentileza, mas, a ênfase dada ao pedido de

    não resposta ao aviso devora qualquer tentativa

    de aproximação ou empatia.

    Com isso, verificamos que se a comunicação

    face a face já exige de nós um esforço para

    sermos compreendidos, na interação mediada

    por recursos tecnológicos, o cuidado deve ser

    redobrado nas elaborações discursivas haja vista

    a ausência de elementos que demonstrem a

    responsividade imediata do interlocutor

    mediante nosso texto, tais como: entonação da

    voz e expressão facial/corporal.

    Vejamos outra situação...

    Nota injusta!

    Contexto: simulemos que você é estudante de

    um curso e não concorda com a correção feita

    de sua atividade, em especial, por um desconto

    na nota. Você escreve para o seu professor-

    tutor pedindo revisão e recebe a seguinte

    resposta:

    Prezad

    o aluno

    ,

    Seu

    questio

    namento

    sobre a

    reduçã

    o da not

    a

    por atr

    aso nã

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    undame

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    Guia do

    Curso,

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    leituras.

    Sendo

    assim

    , sua n

    ota seg

    ue a

    mesma.

  • Como você se sentiu ao ler essamensagem? Com qual impressão do professor-tutor você ficou? Apesar do texto estar bem escrito,

    seguindo as regras da norma culta da

    língua portuguesa, seu impacto é bastante

    negativo. Mediante um pedido de revisão

    de nota, obter como resposta um texto que

    ainda indique uma displicência do

    interlocutor não parece ser uma boa

    maneira de mediar questões e problemas

    no espaço da sala de aula virtual.

    Uma elaboração discursiva como a dada

    no exemplo desconsidera por completo o

    sentimento manifesto pelo interlocutor - o

    estudante - e foca apenas na "verdade" e

    segurança (isto é, no respaldo dado pelo

    Guia do Curso para o desconto de nota por

    atraso) que o professor dispõe para efetuar

    a redução da nota. Por mais correta que

    esteja a atitude do docente, respeitando

    uma política de desconto de nota, o nãocuidado com a forma de dizer - ainda quegramaticalmente o texto esteja impecável -

    pode incitar uma responsividadenegativa para a vivência formativa: raiva,indignação, desmotivação, humilhação,

    hostilidade, desprezo, inferioridade etc.

    Todo o cuidado com o outro deve

    manifestar-se nas construções discursivas e

    isso não quer dizer aceitar tudo que o outro

    diz. Podemos e devemos nos colocar

    assertivamente, faz parte, inclusive, das

    práticas-docente a formação de uma pos-

    tura ética e condizente com as regras,

    normas e combinados estabelecidos para a

    boa vivência em sala de aula (presencial ou

    virtual) bem como para o desempenho nas

    atividades, avaliações e futuro exercício

    profissional do estudante.

    PÁGINA 09

    Olá, Fulano, Que bom que entrou em contato para

    esclarecer sobre a sua nota! A política

    de desconto na nota por período de

    atraso consta no “Guia do Curso”, lá se

    explica que passados 8 (oito) dias do

    prazo de entrega, desconta-se 15

    (quinze) pontos.O mais importante para o seu processo

    formativo foi ter vivenciado a realização

    da atividade. Sigo à disposição.

    Professor Beltrano

    Sentiu diferença entre esta resposta eaquela anterior? Como estudante, a sua responsividade aessa nova mensagem seria a mesma daquelaprimeira resposta? É importante observar que apesar de o pro-

    fessor indicar e reforçar de forma assertiva ao

    estudante que a informação sobre o desconto

    na nota por entrega da atividade em atraso está

    disponível no Guia do Curso e que, portanto, ele

    procedeu conforme as normas e a nota estava

    adequada, a aceitabilidade dessa mensagem é

    maior. Isso se deve a alguns elementos

    presentes no texto que auxiliam no

    estabelecimento de um diálogo mais amigável.

    Mas, vejamos uma outra resposta possível

    que o professor poderia ter elaborado e enviado:

  • “Que bom que entrou em contato para esclarecer sobre a sua nota!”

    esclarecimento

    Procura-se esclarecer a dúvida exposta ou o questionamento feito. Para tanto, explica-se

    ou fundamenta-se a ação realizada com o cuidado de elucidar e não de assinalar um típico:

    "você não sabe de nada" ou, pior, de "ostentar saber ou superioridade".

    acolhimento

    motivação/reconhecimento

    Acolher o outro não é sinônimo de aceitar tudo e agradecer por um ataque, uma falta de

    respeito, de educação etc., veja que se considera positivo o contato e não o teor/tom da

    mensagem recebida (caso tivesse sido grosseira).

    “A política de desconto na nota por período de atraso consta no Guia do Curso, láse explica que passados 8 (oito) dias do prazo de entrega, desconta-se 15 (quinze)

    pontos.”

    Reforça-se o que há de positivo, conduzindo a uma mudança de foco da reclamação para

    a importância da vivência formativa, o cumprimento da atividade independente do atraso.

    “O mais importante para o seu processo formativo foi ter vivenciado arealização da atividade.”

    saudações (inicial e final) / individualização

    Os sujeitos envolvidos na comunicação são devidamente nomeados. A personalização – o

    emprego dos nomes próprios –, nesse tipo de resposta, ressalta a atenção dada para a

    mensagem recebida, o atendimento particular oferecido ao estudante (= acolhimento).

    “Olá, Fulano // Sigo à disposição, Professor Beltrano”

    PÁGINA 10

  • Com os dois exemplos mencionados - ¿Hablas español? e Nota injusta! - pudemos analisar a

    importância do cuidado nas elaborações discursivas na sala de aula virtual ou nas interações

    mediadas por recursos tecnológicos, verificando algumas estratégias textuais - acolhimento,

    esclarecimento, motivação/reconhecimento, saudação/individualização - para elaborar mensagens

    que, em sua estrutura, considerem o outro e um possível direcionamento de sua responsividade.

    Para finalizar essa primeira parte de nossa reflexão sobre linguagem, mediação e sala de au-

    la virtual, lembre-se: se precisar "tomar um respiro" antes de responder a alguém, faço-o! Pormais que recebamos uma mensagem ofensiva, cabe ainda a nós a decisão de apenas reagir(seguindo no mesmo clima discursivo proposto por nosso interlocutor) ou agir (dando o nosso tomà conversa, mantendo nossa essência e solicitando ao nosso interlocutor uma nova

    postura/responsividade).

    Nossos enunciados falam muito sobre nós e sobre nossa essência, sobre aqueles com quem

    dialogamos e nos afinamos nesse simpósio de vozes que é vida. Tanto nas interações pessoais

    quanto nas profissionais (seja com colegas ou com discentes) nos colocamos textualmente para

    além do conteúdo que tratamos. Ter essa consciência em nossas práticas-docente nos auxilia a ler

    as mensagens de nossos estudantes para além do exposto no plano temático, passamos a ler nas

    tramas do texto a complexidade do sujeito enunciador. Com isso, certamente, nos tornamos mais

    competentes e habilidosos na condução e na mediação das interações via recursos tecnológicos.

    BAKHTIN, Mikail M. Estética da criação verbal. Tradução e Introdução: Paulo Bezerra, 6. ed. SãoPaulo: WMF Martins Fontes, 2011.

    MEDVIÉDEV, Pável N. O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poéticasociológica. Tradução: Sheila Grillo e Ekaterina V. Américo. São Paulo: Contexto, 2012.

    VOLÓCHINOV, Valentin (Círculo de Bakhtin). Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução: SheilaGrillo e Ekaterina V. Américo. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2018.

    PÁGINA 11

    Referências bibliográficas

  • Em tempos em que o sistema educa-

    cional se vê impedido de seguir com suas

    práticas de ensino de forma presencial, dado o

    enfrentamento à pandemia que exige, como

    medida de proteção à vida, o distanciamento

    social, as atividades de ensino e aprendizagem

    passam a ser executadas remotamente,

    conforme os amparos legais assegurados

    tanto pelo Ministério da Educação (MEC)

    quanto pelos órgãos superiores no âmbito de

    cada universidade.

    Entender que se trata de um período

    excepcional e nomeá-lo como tal é

    fundamental para que não se incorra no risco

    de confundir as práticas-docente a serem

    adotadas nesse momento atípico com a

    modalidade a distância, sobretudo.

    Essa distinção, tal como já discutido em

    oportunidade anterior, é basilar para que

    saibamos compreender, analisar e não

    pactuar com qualquer medida ou tentativa de

    banalização dos princípios que regem a

    educação pública.

    t u t o r i a l : u m g ê n e r o d i s c u r s i v o v a l i o s o e m t e m p o s

    d e E n s i n o R e m o t o E m e r g e n c i a l ( E R E )

    Por Geovana Gentili

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    Para esse momento de ensino remoto

    emergencial (ERE), nos vemos impelidos a

    repensar a metodologia de ensino de nossas

    disciplinas/módulos, valendo-nos, principal-

    mente dos recursos tecnológicos.

    À diferença da comunicação face a face,

    as interações mediadas por recursos tecnoló-

    gicos demandam estratégias ou gêneros

    discursivos específicos para assegurar uma

    comunicação de qualidade e eficaz.

    Nesse sentido, o gênero "tutorial" tem sido

    de grande valia, na medida em que "oferece

    instruções práticas sobre um assunto

    específico" (Michaelis).

    O tutorial caracteriza-se, portanto, por ter

    um conteúdo orientativo,

    "[...] baseado em informações iniciais ou primárias

    sobre determinado assunto [...]. As informações

    transmitidas nos tutoriais, por norma, apresentam

    um 'passo a passo' sobre determinado tema,

    ensinando as funções básicas e tirando as dúvidas

    corriqueiras." (Significados)

    https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/tutorial%20/https://www.significados.com.br/tutorial/

  • Instruções

    1 - abra o programa Power Point;

    2 - crie sua apresentação (com imagens, textos

    etc.) e salve como arquivo "pptx";

    3 - na aba "Apresentação de Slides", clique em

    "Gravar apresentação de slides";

    4 - na nova tela, clique no botão redondo

    vermelho, à esquerda, na parte superior para

    iniciar sua gravação. Caso deseje que além do

    áudio também haja captura do vídeo, clique no

    ícone da câmera, na parte inferior, à direita;

    5 - faça a gravação tela por tela;

    6 - na aba "Arquivo", em "salvar como" selecione

    o tipo de arquivo "vídeo mp4".

    Para fins pedagógicos, o tutorial pode ser um grande aliado para explicações pontuais de

    um conteúdo, para resolução de exercícios, para orientar a execução de tarefas, para sanar

    dúvidas etc.

    A produção de um tutorial pode ser feita a partir de software de captura/gravação de

    tela  ou é possível, pelo programa Power Point, criar uma apresentação narrada. Para essa

    produção, o procedimento é bastante simples: leia as instruções abaixo (de 1 a 6) ou aperte o

    play e veja o tutorial...

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    BAKHTIN, Mikail M. Estética da criação verbal. Tradução e Introdução: Paulo Bezerra, 6. ed. SãoPaulo: WMF Martins Fontes, 2011. DICIONÁRIO MICHAELIS. Disponível em: Acesso

    em 25 de maio de 2020, às 02h55m. SIGNIFICADOS. Disponível em: Acesso em: Acesso em 25de maio de 2020, às 02h55m.

    Referências

    Dica de leitura

    SILVA, Priscilla C. D. et al.  Afetividade nas interações em AVA: um estudo sobre a interação em

    educação a distância. In: Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância  (RBAAD). SãoPaulo, v. 14, 2015,

    https://youtu.be/VACTDgkv4Y4https://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2014/12/lista-tem-cinco-programas-gratuitos-para-gravar-tela-do-seu-computador.htmlhttps://www.techtudo.com.br/dicas-e-tutoriais/noticia/2014/12/lista-tem-cinco-programas-gratuitos-para-gravar-tela-do-seu-computador.htmlhttp://seer.abed.net.br/index.php/RBAAD/article/view/261/174

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