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84 - Revista Tecnologística - Setembro/2006
Explorando o transporte ferroviá-rio de cargas de uma das regiõesmais desenvolvidas do País, o
Sudeste, a MRS Logística vem se con-solidando como uma das maiorestransportadoras de contêineres entreas ferrovias nacionais. Tal ascensãolevou a empresa a buscar ferramentasque otimizassem a movimentação de
vagões carregados e vazios, melho-rando, por conseqüência, a qualidadedo serviço prestado para o cliente.
Inicialmente, como explica Ra-phael Steinman, especialista da áreade Planejamento e Controle Opera-cional da MRS Logística, o foco eraencontrar um sistema que servisse deapoio às decisões. Ele iria organizar
todo o fluxo dos ativos da empresa,que incluem os vagões, maquinistas elocomotivas, “auxiliando-nos no jogodiário de planejamento”, conformeargumenta Luciano Torrens, gerente-geral de Atendimento ao Cliente daconcessionária. “Embora a MRS sejauma prestadora de serviços, na ver-dade encaramos a ferrovia como se
TECNOLOGIA
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Tomando decisões sobre os trilhos
Atuando na Malha Sudeste da Rede Ferroviária Federal,a MRS Logística vem registrando aumentos sucessivos de produção,
surgindo então a necessidade de otimizar a gestão. Para auxiliá-la no processo de movimentação de vagões carregados e vazios, foi implantado o OptVag,
sistema desenvolvido pela Gapso e que entrou em operação em julho
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fosse uma linha de produção, preocu-pando-nos em entregar o produto nohorário estabelecido e com segurança.Por isso, temos de ter precisão nocontrole dos ativos e, nesse ponto, aferramenta de apoio passou a serimprescindível”, argumenta.
Até então, todo o controle era feitode forma manual. A concessionáriaopera uma malha ferroviária comquase 1.700 km, pela qual circulam10.800 vagões, que são carregados edescarregados. O processo começa naárea comercial, com a solicitação dosclientes, e depois segue para a área deplanejamento, onde será dimensiona-do o montante de recursos que seráusado para atender a cada pedido.
Para operacionalizar os pedidos,são feitas reuniões mensais, onde sãoestabelecidos os planos de produçãocom a definição diária do que a MRSvai transportar. Cada cliente possuivários fluxos de transporte e cabe àconcessionária alocar essa demandaem um determinado fluxo.
O passo seguinte está nas mãos dosplanejadores, que estipulam osrecursos necessários para atender àdemanda. Feito isso, é gerada umaresposta para a área comercial e,internamente, é gerado um programade transporte. Embora seja feito umacompanhamento diário da operação,há também um plano semanal paracorreção de rotas.
Conceito único
A idéia de contratar uma solu-ção otimizada para esse processo sur-giu no início de 2004. “A proposta eracontar com uma ferramenta que fi-zesse esse trabalho de forma automáti-ca, inserindo alguns parâmetros e re-quisitos dentro do sistema de modo agerar uma fórmula, uma solução oti-mizada de como fazer essa distribui-ção. Assim poderíamos sair do empi-
rismo, do trabalho manual do gestorque era responsável por definir todos osparâmetros. Deixaríamos de lado ojogo operacional e partiríamos para umjogo mais estratégico”, define Torrens.
A MRS chegou então ao OptVag,sistema desenvolvido pela Gapso Ad-vanced Planning Solutions, empresabrasileira voltada a Soluções de Plane-jamento Avançado (APS). “Focamosnossa atuação na criação de ferra-mentas que utilizam o estado-da-artedas técnicas de otimização esimulação para ajudar os tomadoresde decisão a usar mais eficientemente
seus recursos, melhorando o nível deserviço e o retorno sobre os ativos”,destaca Oscar Porto, diretor de Pro-jetos da Gapso.
Segundo ele, o OptVag “é um sis-tema que determina a movimentaçãoótima de vagões carregados e vaziospara um horizonte de planejamentode alguns dias, tipicamente cinco ouseis. Dadas as demandas desses dias, osistema especifica a grade de trensprogramada e a situação inicial dafrota de vagões, baseado em dadosoperacionais e comerciais. A meta édeterminar a movimentação de va-gões com o melhor aproveitamentofrente à demanda, que resultará namaximização do lucro obtido com asdemandas a serem atendidas”.
Ele comenta que a Gapso temoutras versões do sistema implan-tadas em grandes corporações, comoa ALL e a Companhia Vale do RioDoce, desenvolvidas de acordo comas especificações e particularidadesde cada uma delas. Porém, o diretorfaz questão de ressaltar que não temconhecimento da existência de ne-nhum sistema similar implantado emoutros países “que considere simul-taneamente a movimentação de va-gões carregados e vazios e que in-corpore o nível de detalhe opera-cional do OptVag”.
Duas etapas
O projeto de implantação foi divi-dido em duas etapas. Foram mapeadastodas as restrições relacionadas à mo-vimentação, abastecendo o sistemacom informações sobre estações,terminais e vagões. O conceito eraque qualquer restrição, por menorque fosse a sua importância, tinha deser apontada, pois poderia compro-meter a eficácia do sistema.
É importante ressaltar que o OptVagatende à demanda de movimentaçãoda carga geral, que é feita por cerca de3.500 vagões. O minério de ferro, jun-tamente com a bauxita e o carvão, for-ma o grupo de heavy haul da MRS, cor-respondendo a aproximadamente 77%da sua movimentação, que é feita por7.300 vagões. Nesse caso, o projeto dedistribuição é bem simplificado, poistrata-se de trens carregados com merca-dorias que têm pouca variabilidade,transitando com tabela formada,percorrendo poucas origens e destinos.
Na carga geral, o cenário é outro. Asmercadorias são mais pulverizadas, re-presentadas por cimento, produtossiderúrgicos, bobinas e placas, in-cluindo também contêineres carrega-dos de açúcar e soja. “São produtosque têm como característica andar em
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O OptVagdetermina a
movimentação ótimade vagões carregados
e vazios para umhorizonte dealguns dias
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trens compartilhados, o que exige umplanejamento logístico diferenciado”,avalia Steinman, da MRS.
À medida que as análises foramavançando, a proposta inicial teve deser reformulada, sendo então defla-grada a segunda etapa do projeto,como relata Oscar Porto: “A partir daincorporação ao modelo matemáticode diversos conjuntos de restrições eregras operacionais específicos nãoconsiderados na primeira etapa, comoblocagem de trens e terminais e res-trições fiscais, entre outras, passarama ser obtidos planejamentos de altaaderência, implementáveis com pou-ca interferência do gestor.”
A conclusão é que, se o sistemafuncionasse apenas como apoio àdecisão do gestor, se chegaria a umasolução, mas teriam de ser feitosmuitos ajustes. A quantidade de retra-balho seria tão grande que acabariainviabilizando o sistema, praticamentevoltando ao processo manual. Comisso, ele se transformou em um sistematomador de decisões.
Aprendizagem
Steinman ressalta que, dado o pio-neirismo do projeto, o processo deimplantação foi fruto do empenhoconjunto da concessionária e da Gapso.
Embora o OptVag tenha sido criadocom um fim específico e comfunções bem definidas, ele teve deser totalmente customizado combase nas necessidades da MRS.“Aprendemos com a Gapso quaismelhorias introduzir até chegar àversão final, que entrou na fase deimplantação em julho deste ano.”
Além dos quesitos estritamentetécnicos e operacionais, foi feito tam-bém um trabalho de conscientização
das equipes. Essa era, aliás, uma dasgrandes preocupações da MRS. Tantoque optou por dedicar um tempomaior à fase de desenvolvimento,antes de partir para a implantaçãopropriamente dita, até ter certeza deque o projeto estava bem estruturadoe de que não haveria resistência à no-va ferramenta por parte dos planeja-dores e operadores de campo.
“Nós nos empenhamos em mostrara eles que o OptVag não foi criado pa-
TECNOLOGIA
O domínio ferroviário na região Sudeste
Há dez anos no mercado, a MRS Logística é uma concessionária quecontrola, opera e monitora a Malha Sudeste da antiga Rede Ferroviária
Federal, interligando os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.Responsável por 1.674 quilômetros de malha ferroviária, a empresa tem
como missão facilitar o processo de transporte e distribuição de cargas emuma região que concentra aproximadamente 65% do Produto InternoBruto (PIB) do Brasil e onde estão instalados os maiores complexosindustriais do País, chegando até os portos de Sepetiba (RJ) e de Santos (SP).
A MRS dedica-se ao transporte ferroviário de cargas gerais, comominérios, produtos siderúrgicos acabados, cimento, bauxita, produtosagrícolas, coque verde e contêineres, incorporando todas as etapas dalogística integrada, o que implica em planejamento, multimodalidade etransit time definido.
Visando unir eficácia e tecnologia avançada, a MRS trabalha comequipamentos modernos de GPS – localização via satélite com posicio-namento de trens em tempo real –, sinalização defensiva, detecção deproblemas nas vias com apoio de raios-X e ultra-som para detectar fraturasou fissuras nos trilhos.
A MRS Logística vem apresentando um ritmo constante de crescimento.Em 2005, a empresa transportou 108,3 milhões de toneladas de carga, volu-me superior em 10,4% ao total de 2004, e registrou lucro, pelo terceiro anoconsecutivo, desta vez de R$ 410,3 milhões, o que representa quase o dobrodo obtido no ano anterior.
Nesse mesmo período, ampliou o atendimento às demandas dos clientesheavy haul (minério, bauxita, carvão e coque), batendo diversos recordesmensais e setoriais de transporte – como a marca de 9,7 milhões detoneladas úteis, atingidas no mês de outubro –, chegando ao melhorresultado mensal de sua história. O crescimento também foi sentido notransporte de contêineres, que totalizou em 2005 o volume de 120,3 milTEUs (contêiner de 20 pés) contra 91,9 mil unidades no ano anterior,registrando um aumento de 30,9%.
O OptVag tem foco nos3.500 vagões de carga geral
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ra eliminar vagas de trabalho e quetampouco iria atrapalhar a rotina de-les. Ao contrário, ele seria adaptado àrotina atual, tendo como foco otimi-zar a distribuição, que é bastante com-plexa, em função da quantidade devariáveis, muito acima do potencialde uma única pessoa para adminis-trar”, lembra Steinman.
O escopo de atuação do OptVag,reforça Oscar Porto, são os vagões decarga geral, mais particularmente oscerca de 2.300 destinados à movimen-tação de produtos siderúrgicos, con-têineres e cimento. Esse montantecorresponde a 89 estações de origem,77 estações de destino e 192 termi-nais. Essa estrutura está disponívelpara movimentar 29 milhões de to-neladas este ano, com perspectiva dechegar a 52 milhões em 2009.
Cabe ressaltar que o sistema não fazo gerenciamento das locomotivas. Elese baseia em uma grade de trens emque constam os horários e as locomo-
tivas que serão usadas para cada trem.Com essa informação, ele calcula acapacidade de tração de cada trem ealoca os vagões, visando atingir alotação máxima.
Ganhos estratégicos
Steinman explica que os pedidosdos clientes feitos via área comercialda MRS ficam armazenados no Sislog,que é o sistema de gestão de operaçãoferroviária da empresa. Ele centralizatodas as informações, dando a posiçãodos trens, dos vagões e dos horáriosem que eles circulam.
Ele enfatiza que o OptVag foi desen-volvido para ser um sistema indepen-dente, permitindo, através de menus, ainserção todas as restrições que sur-girem. Cabe ao Sislog alimentar auto-maticamente estes menus, enquanto omódulo administrador do Opt-Vag im-porta esses dados. Embora seja um sis-tema todo parametrizado, ele permite
A estrutura da MRS está preparada para movimentar29 milhões de toneladas este ano e pode chegar a 52 milhões em 2009
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que sejam feitas intervenções, até comoum modo de deixá-lo mais flexível.
“Se o processo estiver redondo eperfeito, não há a necessidade de in-tervir, é claro; mas há restrições quenão têm como ser previstas, comomudança nos horários de funciona-mento de terminais, alterações nastaxas de carga e/ou nas taxas de des-carga, blocagem e outras, que podemser inseridas pelo operador”, destaca.
Entre os ganhos advindos da im-plantação do OptVag, Oscar Porto, daGapso, cita “a redução do ciclo dosvagões, através de uma distribuiçãomais eficiente dos vazios e, conse-qüentemente, maior volume trans-portado e maior receita, além demais qualidade na visualização eanálise da informação”.
Raphael Steinman, da MRS, acres-centa que esse ganho é direto e de-ve ficar na ordem de 5%. “Em umuniverso de 2.300 vagões, issoequivale a 115 vagões, ou seja, como crescimento da demanda previs-to no nosso plano de negócios,evitaremos essa aquisição. Só paradar uma idéia, estimando o valoraproximado de R$ 150 mil paraum vagão plataforma, vamos deixarde adquirir 115 vagões, o que repre-senta uma economia impressionante.”
Para Luciano Torrens, nesse con-texto estão outros ganhos ineren-tes ao processo, que passam pelamudança do perfil de trabalho dogestor, pois, como o OptVag geren-cia as informações de uma for-ma mais inteligente e eficiente, o
funcionário pode se dedicar aocontrole da operação com um viésmuito mais estratégico, ao contrá-rio do puramente operacional, comoera antes.
“Sem contar que o sistema nospermite fazer simulações de me-lhorias, para ver o impacto que elasterão antes de implantá-las efetiva-mente, trazendo outros ganhos àqualidade dos nossos serviços e àredução dos custos”, sentencia ogerente da MRS.
Fátima Cardoso
Gapso: (21) 2117-8000MRS: 0800 993636
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