Tecnologia e Inovação na Cajuína São Geraldo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ INSTITUTO UFC VIRTUAL CURSO DE ADMINISTRAÇÃO SEMI-PRESENCIAL ANDRÉ FELIPE SILVA TORRES MICHELLE PARENTE SAMPAIO COSMO SILVA LEMOS TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA CAJUÍNA SÃO GERALDO Juazeiro do Norte 2010

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Pretendeu-se neste trabalho estudar inovações propostas nos produtos e nos processos produtivos da Cajuína São Geraldo, grupo empresarial atuante na cidade de Juazeiro do Norte, no estado do Ceará; trata-se de fabricante de refrigerantes, (em especial o refrigerante de Caju). Objetivamos estudar os impactos da adoção e implementação da inovação proposta no desempenho da organização.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

INSTITUTO UFC VIRTUAL

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO SEMI-PRESENCIAL

ANDRÉ FELIPE SILVA TORRES

MICHELLE PARENTE SAMPAIO

COSMO SILVA LEMOS

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA CAJUÍNA SÃO GERALDO

Juazeiro do Norte

2010

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ANDRÉ FELIPE SILVA TORRES

MICHELLE PARENTE SAMPAIO

COSMO SILVA LEMOS

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO NA CAJUÍNA SÃO GERALDO

Trabalho realizado e apresentado à disciplina de Seminário Temático de Tecnologia e Inovação como requisito parcial para obtenção de nota relativa ao curso.

Juazeiro do Norte

2010

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SUMÁRIO

1 INTRODUCAO............................................................................................................ 4

2 OBJETIVOS................................................................................................................. 6

2.1. Objetivo Geral.......................................................................................................... 6

2.2. Objetivos Específicos............................................................................................... 6

3 METODOLOGIA.......................................................................................................... 7

4 INOVACAO.................................................................................................................... 9

4.1 Conceito....................................................................................................................... 9

4.2 Tipologias da Inovação................................................................................................ 9

4.3 Fatores da Inovação..................................................................................................... 10

4.4 Fontes de tecnologia.................................................................................................... 10

4.5 Teoria das inovações segundo Christensen (2007)...................................................... 11

4.6 Estratégias competitivas e estratégias tecnológicas..................................................... 12

5 INOVAÇÕES E A CAJUÍNA SÃO GERALDO........................................................... 14

5.1 Breve histórico............................................................................................................ 14

5.2 INOVAÇÃO SELECIONADA................................................................................... 15

6 CONCLUSÃO............................................................................................................... 19

7 REFERÊNCIAS........................................................................................................... 20

8 ANEXO........................................................................................................................ 21

Questionário enviado à Colaboradora da empresa Cajuína São Geraldo....................... 21

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1. INTRODUÇÃO

Inovação, sem dúvida, é o grande tema do momento, recorrente nas grandes, médias,

pequenas e microempresas, bem ainda para empreendedores que estão visualizando seus

negócios em fase embrionária. Trata-se de uma ação que traz reflexos positivos para a

empresa, eis que proporciona crescimento, conquista de novos mercados e implica em

imagem positiva da empresa perante o mercado e a sociedade. E o que seria a Inovação?

Simplificadamente, uma inovação significa algo novo, mas que possua utilidade,

percebidas de imediato ou ainda latentes no mercado. Portanto, inovação pressupõe demanda

da sociedade por esta coisa nova, real ou latente, imediata ou menos imediata, e também de

um mercado definido, para sua utilização. A invenção é a implementação de um produto ou

processo completamente novo, sem nenhum similar. No entanto, a invenção só se torna

inovação quando esta implementação tem como escopo um objetivo bem definido, que é a sua

aplicabilidade no mercado. E, complementarmente, inovação pode se aplicar a um produto, a

um processo (de produção, atendimento, serviços, etc). Segundo a OCDE (2005, p. 46), além

das duas aplicações já descritas, as inovações podem ser ainda um método de marketing e

organizacional.

Em relação à tecnologia, ressaltamos esta afirmação interessante: “tecnologia é o

encontro entre ciência e engenharia”. A ciência pressupõe conhecimento, enquanto que a

engenharia presume habilidade para construir e manusear adequadamente artefatos úteis. A

tecnologia é o meio de que as pessoas usam para inovar, criar utilidades para a satisfação do

mercado, ou produzir esta necessidade. De posse dos conhecimentos aplicados a algo

concreto, com aplicabilidades bem definidas, está se usando tecnologia, e a consecução

poderá ser a inovação.

Uma organização, para sobreviver e desenvolver-se frente às forças e exigências do

mercado precisa ter uma integração entre seus departamentos, através de um sistema de

planejamento estratégico que contemple todas as forças e oportunidades, e que mitigue as

fraquezas e ameaças. No entanto, deve ela primar pela inovação de seus produtos e serviços,

ou, conforme o caso, seus processos internos e externos, com a finalidade de adquirir

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vantagens competitivas que a deixem em posição de destaque em relação às demais. A

inovação tecnológica hoje é um fato importantíssimo na vida da empresa, e deve ser bem

cultivada para o sucesso na empreitada empresarial.

Cientes da importância deste tema, não só acadêmica, mas sobretudo prática, pretende-

se neste trabalho estudar inovações propostas nos produtos e nos processos produtivos da

Cajuína São Geraldo, grupo empresarial atuante na cidade de Juazeiro do Norte, no estado do

Ceará; trata-se de fabricante de refrigerantes, (em especial o refrigerante de Caju).

Objetivamos estudar os impactos da adoção e implementação da inovação proposta no

desempenho da organização. A sistemática do trabalho seguiu um roteiro no qual se procedeu

à classificação do tipo de inovação e a identificação de seus fatores condicionantes e a fonte

da tecnologia., Outrossim, identificação da estratégia competitiva adotada pela empresa e da

oportunidade de inovação de acordo com o consumidor de seus produtos. Para tanto, o

método de coleta de dados arrolou observação sistemática e realização de entrevistas semi-

estruturadas com os dirigentes da entidade.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Analisar uma inovação de produto na empresa Cajuína São Geraldo, identificando sua

influência no desempenho da Organização.

2.2. Objetivos Específicos

• Classificar as inovações propostas conforme as tipologias de inovação, conforme

as tipologias da OCDE (2005), Freeman (1997) Christensen (1997) e outros

autores;

• Identificar o tipo de inovação dominante, se abertas ou fechadas;

• Examinar como a empresa estudada seleciona suas fontes de tecnologia;

• Identificar os fatores condicionantes das inovações propostas;

• Criticar o tipo de estratégia tecnológica, à luz de Freeman e Soete (2008).

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3. METODOLOGIA

O presente estudo segue uma linha de pesquisa, no que se refere aos objetivos, de

descritiva.. Esta metodologia é a mais indicada, pois o objetivo do trabalho é analisar uma

empresa local, identificar uma inovação em seus produtos e/ou processos e classificá-lo à luz

dos conceitos e tipologias da inovação. A classificação proposta é importante para identificar

prováveis deficiências na implementação de seu planejamento estratégico, bem como

examinar as suas forças e a razão do sucesso de sua empreitada.

É imprescindível, no entanto, pesquisa bibliográfica acerca do tema, para o

levantamento dos critérios e a fim de se procederem às associações entre a prática,

demonstrada e verificada na empresa estudada e a teoria. Utilizamos documentação indireta

no sentido de conhecer a história da Cajuína São Geraldo e seus objetivos estratégicos, bem

como lançamos mãos de documentos contábeis para aferir seu crescimento ao longo de um

período.

O trabalho assume, em sua parte prática, de pesquisa de campo, e escolheu-se,

conforme já descrito anteriormente, a empresa Cajuína São Geraldo, que integra o Grupo São

Geraldo. Trata-se de uma indústria de refrigerantes, entre as quais o famoso refrigerante de

caju. Como instrumento de coleta de dados, procedeu-se à entrevista semi-estruturada com

colaboradores da empresa. Concomitantemente, foi utilizada a técnica da observação direta no

ambiente da organização, objetivando incluir os demais aspectos não coletados na entrevista.

Por fim, a análise de conteúdo foi realizada associando as proposições e conceitos

teóricos levantados na pesquisa bibliográfica, e o presente relatório de pesquisa segue a

estrutura analítica linear.

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4. INOVAÇÃO

4.1. Conceito

Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE),

o conceito de Inovação, conforme descrito na última versão do Manual de Oslo:

“É a implementação de um produto (bem ou serviço) novo

ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um

novo método de marketing, ou um novo método

organizacional nas práticas de negócios, na organização do

local de trabalho ou nas relações externas.” (OCDE, 2005,

apud Instituto UFC Virtual).

De fato, uma inovação pressupõe a constituição de algo completamente novo, ou de

algo que, embora conhecido no mercado, mude trazendo novas utilidades e serventias,

preenchendo a lacuna que o anterior não proporcionava. O campo para estudo da inovação é

surpreendentemente vasto, pois, em suma, tudo pode ser inovado. Simplificadamente, a

inovação é uma invenção que deu certo, que tem uma utilidade prática fácil de ser percebida.

A inovação também se coaduna com a ideia de evolução, pois o curso natural das

organizações e de seus produtos, serviços, processos, estratégias de marketing, etc, é se

desgastar com o tempo e encaminhar-se ao declínio. A inovação, desde que bem percebida,

estanca este processo de declínio, dando novo fôlego e aumentando a vida do produto.

Interessante notar que neste ambiente de intenso desenvolvimento tecnológico, a

inovação pode dar-se através da concepção de novos produtos completamente diferentes, em

sua tecnologia e concepção, dos antecessores. No entanto, mantém eles as mesmas utilidades,

desde que com um plus: pode ser maior agilidade e confiabilidade, beleza, conforto,

segurança, entre outros atributos valorizados pelos consumidores. Os destinatários da

inovação podem ser as próprias organizações, quando lançam inovadores processos de

produção, logística, atendimento, etc, visando redução de custos e incremento de receitas

frente ao ganho de escala. Enfim, uma inovação levada a efeito implica em consequências

positivas para as empresas.

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Em um ambiente ainda mais afetado pela grande concorrência e disputas competitivas

entre as empresas, inovar torna-se ainda um grande trunfo na manga. Trata-se da aquisição de

vantagens competitivas, que deixa a empresa líder em posição de destaque no mercado em

relação às demais. No entanto, as vantagens competitivas não são absolutas, visto que a

difusão tecnológica se encarrega de prover igualdade entre as partes. Desta forma, a inovação

gera ainda mais inovação.

4.2. Tipologias da Inovação

Quanto ao objeto, conforme classificação da OCDE, as inovações podem ser de

produto, de processo, inovações organizacionais e inovações de marketing. Os conceitos são

bem parecidos entre si, mantendo o mesmo denominador comum do “algo novo ou

significativamente melhorado”.

Quanto ao grau de novidade, destacamos a classificação proposta por Freeman (1997

apud Instituto UFC Virtual), que foca as mudanças tecnológicas e seu grau de extensão:

1) Inovações incrementais: inovações que

proporcionam apenas melhoramentos e modificações

constantes no objeto. Contrapõe-se a:

2) Inovação radical: que representa uma quebra de

paradigma em relação às mudanças incrementais. Trata-se

de um verdadeiro salto descontínuo, gerando um patamar

de trajetória tecnológica incremental;

3) Inovações que proporcionam um novo sistema

tecnológico: mudanças profundas que acarretam mudanças

e transformações de setores da economia;

4) Inovações que proporcionam um novo paradigma

técnico-econômico: são inovações que não ocorrem de

forma drástica, mas que altera substancialmente toda uma

economia ou um modo de vida. Podemos dizer hoje que

estamos na era da informação, não se concebe mais, na

atualidade, práticas negociais sem os meios de comunicação

como internet, celular, redes sociais e outras mídias.

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Já a diferença entre inovação aberta e inovação fechada reside no comportamento do

sujeito considerado, no caso, as empresas. A inovação fechada é conduzida no âmbito interno

das organizações, geralmente sob a responsabilidade de um departamento de P & D bem

delimitado. Parte-se da premissa de se manter os maiores talentos no âmbito da empresa,

proteção de sua propriedade industrial, enfim, é todo um processo de pesquisa e

desenvolvimento realizado internamente, e os resultados potenciais são enfim apresentados ao

mercado. A inovação aberta, pelo contrário, desenvolve-se não só no ambiente interno da

organização, mas resultados, ideias e pesquisas externas são também consideradas para a

consecução do objetivo final. “Pode proporcionar uma ampla gama de resultados, devido ao

crescimento de redes de operações entre empresas, e a grande competitividade existente entre

empresas de uma mesma rede” (INSTITUTO UFC VIRTUAL, 2010). Ademais, está presente

principalmente entre setores como informática e telecomunicações.

4.3. Fatores da Inovação

Existem dois extremos do processo de inovação. Mas, para grande parte dos casos, não

se verifica nenhum deste dois extremos, e sim, uma combinação de ambos. O primeiro vem a

ser a oferta de produtos inovadores, criando o mercado ou a necessidade nos usuários. O

segundo, por sua vez, é a demanda do mercado, ou seja, consumidores que exigem cada vez

mais melhorias inovadoras para a satisfação de suas necessidades. Segundo TIGRE (2006,

apud Instituto UFC Virtual), a “difusão tecnológica tende a ser induzida pela oferta de novos

conhecimentos, enquanto que a difusão destas tecnologias é determinada pela demanda”. E

por outro lado, as próprias políticas públicas e trajetórias tecnológicas determinam os avanços

da ciência. Portanto, o que se verifica é uma interação entre essas duas forças, determinando o

sentido do desenvolvimento tecnológico. Os fatores condicionantes da difusão tecnológica

podem ser de ordem técnica, de ordem econômica-financeira, relativos à cadeira produtiva e

institucionais.

4.4. Fontes de tecnologia

As fontes de tecnologia são os, por assim dizer, locais ou meios nos quais a

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organização usa para desenvolver tecnologicamente seus produtos, processos e etc. Podem ser

internos ou externos, e a tendência é, para facilitar a inovação, deve-se utilizar uma

combinação de ambos. Existem várias fontes de tecnologia, e destacamos, conforme TIGRE

(2006, apud Instituto UFC Virtual), as seguintes:

• Desenvolvimento tecnológico próprio;

• Contratos de transferência de tecnologia;

• Tecnologia incorporada;

• Conhecimento codificado;

• Conhecimento tácito;

• Aprendizado cumulativo.

4.5. Teoria das Inovações segundo Christensen (2007)

Nesta teoria, há uma associação entre o desempenho de uma tecnologia (que pode ser

um processo, produto, etc) e a demanda dos consumidores (o desempenho de que podem

usufruir), ao longo do tempo. Desta forma, existem três tipos de inovação, que são:

• Inovações sustentadoras: Melhorias constantes de produtos e/ou serviços, fazendo com

que os consumidores valorizem ainda mais a tecnologia. Pode-se fazer um paralelo

com as inovações incrementais, mas, naquele caso, há a variável tempo e o feedback

dos consumidores.

• Inovação disruptiva de baixo mercado: Ocorre quando há os produtos existentes são

melhorados de forma a não mais chamar a atenção dos consumidores, eis que estes já

estão saciados. Desta forma, qualquer melhoria existente não aumentará o lucro

marginal da organização. A inovação disruptiva de baixo mercado ocorre quando se

implementa um modelo de negócios inferior ao original, mas de baixo custo. Com o

tempo, a organização tende a melhorar os seus produtos e serviços, acompanhando a

trajetória de demanda do consumidor, que também é crescente, a fim de aumentar sua

fatia de receitas.

• Inovação disruptiva de novo mercado: Aqui, há uma concorrência contra o não-

consumo, ou seja, um esforço em angariar consumidores que antes não o eram. Trata-

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se de uma inovação de ruptura, que com o tempo, serve-se a novos ou emergentes

mercados.

Essas teorias procuram explicar a trajetória das inovações tecnológicas com a

demanda do consumidor, sendo de grande valia seu conhecimento para a tomada de ações

práticas nas organizações.

4.6 Estratégias Competitivas e Estratégias Tecnológicas

As estratégias competitivas relacionam-se com os meios de que a organização se vale

para atingir os fins, em relação ao mercado. Ela pode ser vista sob a ótica da inovação fechada

e da inovação aberta. Sob a ótica da inovação fechada, ela costuma assumir a ideia de criar

barreiras para os entrantes no mercado, através da melhoria contínua de seus produtos e

serviços. Com essa barreira, a organização assume a estratégia de liderança em custos

(redução de custos incrementando a receita e a margem de lucro). Ela também pode assumir a

estratégia de diferenciação, através do desenvolvimento de produtos e serviços que criem

valor para o cliente.

Sob a ótica da inovação aberta, no entanto, existem vários estudos que tentam explicar

as respostas para possíveis questionamentos e problemas associados ao tipo de estratégia

competitiva. No entanto, há consenso de que a estratégia utilizada não busca a liderança em

custos e diferenciação, já que não há a ideia de se criar barreiras parar novos entrantes. Há,

pelo contrário, a busca pelo crescimento, por cooperação, pelo crescimento da rede.

Em relação à estratégia tecnológica:“A estratégia tecnológica de uma empresa relaciona-se

diretamente com os seus objetivos de atuar no mercado

(ex.: missão e negócios). A empresa tem como obstáculo

inicial avaliar o ambiente no qual deseja se posicionar,

oportunidades e ameaças a sua atuação, além de suas

vantagens e desvantagens” (INSTITUTO UFC VIRTUAL,

2010)

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A estratégia tecnológica, por assim dizer é bem intrínseco à organização estudada.

Depende de seus objetivos estratégicos, sua missão, de todo o seu contexto interno e externo e

até mesmo da cultura da mesma. Desta forma, segundo Freeman e Soete (2008, apud Instituto

UFC Virtual), as estratégias tecnológicas podem ser de seis tipos, a saber, ofensivas,

defensivas, imitativa, dependente, tradicional e oportunista.

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5. INOVAÇÕES E A CAJUÍNA SÃO GERALDO

5.1. Breve histórico

A história da Cajuína São Geraldo começa no ano de 1934, a princípio uma pequena

fábrica de bebidas alcoólicas, localizada em Juazeiro do Norte, que produzia vinhos

compostos de frutas, tais como: caju, jurubeba e jenipapo.

No início da década de quarenta, a pequena fábrica é vendida ao senhor Luciano

Teófilo de Melo, tendo suas atividades continuadas e implementadas com novos produtos:

Aguardente – composta de hortelã, Vinagre e Conhaque. Todos os produtos recebiam a marca

São Geraldo.

Em 1946, José Amâncio de Sousa, começa a integrar o quadro de funcionários do

senhor Luciano Teófilo. Posteriormente, em 1948, torna-se proprietário da pequena fábrica.

A década de cinquenta foi marcada pela aquisição dos primeiros maquinários (todos

totalmente manuais), pelo ingresso dos irmãos Francisco de Sousa e Tarsila de Sousa como

sócios do empreendimento, mais precisamente em 1957, e pelo início da fabricação do

primeiro refrigerante – O Guaraná Brasil – um refrigerante à base de guaraná que circulou no

mercado até o início dos anos 70.

Com a chegada da energia elétrica na região, em 1962, houve uma ampliação do

processo, os maquinários manuais foram substituídos por máquinas semi-automáticas,

aumentando a produção para trezentas grades por dia. Nesse mesmo ano surge o Refrigerante

de Caju, recebendo o nome de Cajuína. Porém, somente em 1976 é oficializada a razão social

Cajuína São Geraldo LTDA.

Ainda na década de 80, inicia-se os investimentos na marca São Geraldo. Em 1987 um

novo terreno é adquirido para a transferência da fábrica para um local mais amplo, já que o

antigo galpão estava pequeno para comportar a quantidade de pedidos. Esse terreno foi

totalmente reformado, as edificações foram melhoradas e ampliadas.

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Em 1991, descobre-se que há uma fonte de Água Mineral no terreno da empresa. A

conclusão de todo o processo para a concessão de lavra e expedição de autorização para

exploração e envase de água mineral, bem como a construção das instalações e compra de

equipamentos demora aproximadamente 7 anos. Em agosto de 1998, surge a São Geraldo

Águas Minerais.

O Grupo São Geraldo, do qual fazem parte a Cajuína São Geraldo, São Geraldo Águas

Minerais e Cemitério Parque das Flores, é pioneiro na produção de Refrigerante de Caju na

Região do Cariri, sendo a único no mundo a preparar o refrigerante de caju à base do suco

natural. Presente em Juazeiro há mais de 70 anos, e mantém até hoje seu principal produto, o

Refrigerante de Caju; produz outros sabores como: laranja, uva e cola, todos nos tamanhos

600ml (retornáveis), 350ml, 1 litro e 2 litros (descartáveis). Produz em média 330.000

volumes/mês em suas 07 linhas de envase.

5.2. Inovação selecionada

Para atender aos objetivos do trabalho, selecionamos uma tecnologia (no caso, um

produto), a fim de fazer as classificações propostas nos objetivos específicos. Selecionamos o

famoso Refrigerante de Caju, como produto.

A “Cajuína”, por assim dizer popularmente o refrigerante de Caju, é realmente um

produto diferente dos demais refrigerantes. Trata-se de um refrigerante que lembra um

guaraná, mas que possui um leve gosto de caju. É utilizado, em sua fabricação, suco natural

de caju, o que faz ser um produto único no mercado. Começou a ser comercializado em

garrafas âmbar, das de cerveja, de 600 ml, mantendo a tradição até hoje (típica dos

refrigerantes baratos, de sabor duvidoso). No entanto, não é assim que se verifica com o

produto. Posteriormente, com a explosão da utilização das embalagens PETI, a empresa se viu

compelida a utilizá-la, e hoje a maior parte de sua produção é engarrafada nestas garrafas, em

embalagens de 2 litros, 1 litro e 350 ml.

Embora há um bom tempo no mercado, a Cajuína São Geraldo possui mercado

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relativamente limitado, que é o Nordeste. No entanto, a presença de produtos de sua marca

não é assim tão uniforme: é muito presente na região do Cariri, mas, à medida que vai se

afastando desta região, a presença de seus produtos é mais escassa. Conforme entrevista com

colaboradora da empresa, a meta, em relação à expansão do mercado, “é em 2026 estar

presente em todo o mundo”. No entanto, não obtivemos informações detalhadas e precisas de

quais estratégias a empresa tomará para executar seus planos.

Conforme entrevista e observação, não há na empresa um departamento responsável

pela promoção de novos produtos e novo design. Isso se torna evidente pelo fato de os

produtos da linha manterem o mesmo rótulo desde que foi criada. A empresa também não

lançou refrigerantes em novas embalagens há muitos anos. A empresa possui contrato apenas

com agências de publicidade.

Não há dúvida de que a “cajuína” é uma inovação, ainda mais sentida quando em

novos mercados geográficos. Pelo objeto, trata-se evidentemente de uma inovação de produto.

Quanto ao grau de novidade, deverá haver alguns melhoramentos e variantes do produto (por

exemplo, envasar o refrigerante em latinhas, já que muitos gostam das latinhas; uma versão

zero; versões em novos volumes de embalagens; alguma promoção, com tampinhas e rótulos

premiados, etc), para que hajam inovações incrementais.

Quanto ao sujeito, o produto citado é fruto de inovação fechada, eis que trata-se de

uma invenção produzida por um particular, levada à aceitação satisfatória do mercado.

Em relação aos fatores condicionantes da inovação, ocorre exatamente o que se foi

debatido no item 4.3. Quando lançado no mercado, o refrigerante de caju era realmente uma

inovação fruto do desenvolvimento tecnológico, tornando-se uma alternativa às líderes do

setor (como a Coca-Cola, a Fanta, Pepsi). Posteriormente, a demanda do mercado “puxa” a

produção, obrigando a empresa a produzir mais, com menores custos. Como foi falado

anteriormente, o produto ainda carece de versões novas, também demandadas pelo mercado.

A fonte de tecnologia predominantemente utilizada é do desenvolvimento tecnológico

próprio. A empresa utilizou, para lançamento do produto, suas próprias pesquisas e fórmulas,

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Page 17: Tecnologia e Inovação na Cajuína São Geraldo

até a implementação do produto final. No entanto, como discutido em outra ocasião, a

empresa não se preocupou em promover inovações no produto, o que pode gerar estagnação

no mercado local e com o tempo, em outros mercados.

Quanto à identificação da oportunidade de inovação de acordo com o tipo de

consumidor, utilizamos a teoria de Christensen. Para angariar novos mercados, a empresa

lançou novos sabores de refrigerantes, de laranja, cola e uva. Esta estratégia da empresa foi

alcançar novos consumidores, que gostam da marca São Geraldo mas que estão dispostos a

experimentar algo novo, bem como para novos consumidores que trocam de marca de

refrigerante apenas pelo preço mais baixo. No entanto, o próprio mercado é muito volúvel

neste caso, já que o preço dos produtos são baixos e as características são pelo menos

semelhantes. Quando lançou os novos sabores, a Cajuína São Geraldo inovou de forma

disruptiva de baixo mercado, de forma a angariar novos consumidores, através de um produto

mais barato.

Os concorrentes da Cajuína São Geraldo são as grandes líderes do mercado, como a

Coca-Cola, e outros refrigerantes, de empresas de menor porte. A estratégia competitiva da

empresa parece ser claramente a da liderança em custos, visto que possui fábrica na região, os

custos com distribuição são menores, há grande demanda, etc. No entanto, a empresa precisa

ser mais agressiva, de modo a promover outras versões de seu produto, e promovê-los com

mais afinco, a fim de buscar maiores fatias no mercado em que seja entrante.

Quanto estratégia tecnológica, a Cajuína São Geraldo se enquadra na estratégia

tradicional. De fato, trata-se de produção de um mesmo produto, estático, com inovações

mínimas. A concorrência costuma fazer inovações incrementais. Sugere-se à empresa

promover inovações incrementais em seu produto, de forma a angariar novos mercados,

reduzir mais custos e aumentar a eficiência.

Enfim, o produto analisado é inovador, mas carece de aperfeiçoamentos a serem feitos

de forma incrementais. Como foi debatido, a estratégia tecnológica da empresa é voltada para

o tradicional, devido até mesmo à linha de produtos fabricados e comercializados. Outras

ações visando aumento da produção, maior eficiência e redução de custos são também bem-

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vindos para a empresa, que possui um ambicioso objetivo de estar presente em todo o mundo

em um futuro próximo.

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6. CONCLUSÃO

O presente trabalho seguiu um roteiro pré-definido, da escolha de tecnologia presente

em uma empresa local e a classificação conforme as tipologias de Inovação segundo os mais

consagrados autores. De fato, o refrigerante de caju é um produto inovador, por ser único no

mercado com as características referentes ao sabor. No entanto, percebe-se uma carência da

empresa em incrementar o produto, de forma a tornar mais atrativo e angariar novos

consumidores

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7. REFERÊNCIAS

Instituto UFC Virtual. Aulas Seminário Temático de Tecnologia e Inovação. 2010, UFC

Portal Inovação. Seis fatores que estimulam a inovação nas empresas. Disponível em http://www.portalinovacao.mct.gov.br/pi/?tp=noticia&id=2033#/pi/ noticias/noticia$MzYw OQ== (Acesso em 03/11/2010)

SHIMENES, Stefan. O que é inovação? In: http://www.mundoinnova.com.br/index.php?

option=com_content&view=article&id=199&Itemid=218 (Acesso em 03/11/2010)

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Page 21: Tecnologia e Inovação na Cajuína São Geraldo

8. ANEXO

Questionário enviado à Colaboradora da empresa Cajuína São Geraldo:

1) Como e quando a Cajuína São Geraldo percebeu que precisava criar novos sabores

para os refrigerantes? Como se deu esse processo?

2) Em relação à água mineral, em que ano se deu a entrada da Cajuína São Geraldo no

ramo, e, se foi feita antes alguma pesquisa de mercado?

3) Quais os tipos de embalagem usados nos refrigerantes? Existe alguma proposta de

uma inovação, ou seja, novas embalagens?

4) Quais as empresas que são as maiores concorrentes da Cajuína São Geraldo? No

que se refere aos refrigerantes e à água mineral.

5) Qual a estratégia da Cajuína São Geraldo para diferenciar-se de seus concorrentes, e

assim, incrementar seu faturamento e suas receitas?

6) Existe algum departamento na Cajuína São Geraldo que cuida especialmente da

promoção de novos produtos, novo design? Como eles realizam o trabalho, de forma

independente ou atento aos movimentos dos concorrentes?

7) Há na empresa algum setor que trabalha na melhoria dos processos produtivos da

empresa, caso positivo, como eles realizam o trabalho?

8) Quais, na sua opinião, são os produtos mais inovadores da empresa?

9) Quais, na sua opinião, são os processos produtivos mais inovadores da empresa

(Trata-se de maquinários mais eficientes, estrutura de trabalho que otimize a produção, etc)?

Porquê?

10) As inovações propostas foram responsáveis por incremento na receita,

desenvolvimento da empresa e melhor aceitação no mercado? Explique, se possível, falando

sobre o antes (das inovações) e o depois), como era a situação.

11) Em quais regiões os produtos da marca São Geraldo estão mais presentes? Existe

proposta de ampliação destes mercados, e para quais lugares?

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