Nematoides da soja e cultura do milho: mitos e verdadesTecnologias de Manejo

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Fotos 2: Penetração de juvenis nas raízes – Meloidogyne spp. Fonte: depto. desenvolvimento de Produtos agroeste.

Nematoides da soja e cultura do milho: mitos e verdades

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No Brasil, tem sido relatado um aumento de incidência de nematoides e maior preocupação dos agricultores. Segundo pesquisadores da Embrapa Dourados, MS, os maiores prejuízos vêm sendo registrados na região central do Brasil, em função das condições mais favoráveis, como temperatura, teores de Matéria Orgânica (MO), textura de solo e monocultivo da soja no verão.

No Brasil, as espécies que causam os maiores danos às culturas de soja são Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, Heterodera glycines e Pratylenchus brachyurus.

Nematoide de Galhas (meloidoGyNe spp.)M. javanica e M. incognita estão entre as espécies mais importantes para a cultura da soja. No milho, os danos causados por estes nematoides são raros.

A ocorrência de Meloidogyne javanica na cultura da soja é generalizada em todo o Brasil, enquanto Meloidogyne incognita predomina em áreas cultivadas anteriormente com café ou algodão (regiões no PR, SP, MG, MS, MT e BA). Os nematoides de galhas apresentam preferência por solos arenosos, podendo levar a perdas de até 40% nos cultivares mais suscetíveis. Sua disseminação ocorre principalmente pela movimentação de maquinário agrícola. Apresentam sobrevivência de 6 a 12 meses, sendo menor em plantio direto.

Sintomas: sistema radicular fica pouco desenvolvido, atrofiado e com presença de galhas. Presença de reboleiras de plantas pequenas e cloróticas (semelhante a deficiência nutricional). Podem favorecer podridões de raízes (Fusarium sp e Macrophomina sp).

Nematoide das lesões RadiculaRes (pRatyleNchus bRachyuRus)Pratylenchus brachyurus é conhecido como “nematoide das lesões radiculares”. Tem elevado a sua importância no Brasil, apresentando maior adaptação geográfica, alta capacidade de parasitar e multiplicar-se em grande número de plantas hospedeiras, além de ação patogênica pronunciada. Além da soja e do algodão, pode parasitar a aveia, o milho, o milheto, o girassol, a cana-de-açúcar, o amendoim, plantas daninhas e diversos adubos verdes. O milho apresenta moderada resistência; porém, redução de produtividade não tem sido observada. Apresenta baixa capacidade de sobrevivência na ausência de hospedeiros.

Sintomas como sistema radicular pouco vigoroso, com áreas parcialmente ou totalmente escuras (necrose), levando as plantas atacadas a exibir sintomas como enfezamento, nanismo, cloroses, murcha nas horas mais quentes do dia, dentre outros.

Foto 1: sintomas de galhas nas raízes da soja – Meloidogyne spp. Fonte: depto. desenvolvimento de Produtos agroeste.

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Foto 3: sintomas nas raízes da soja – P. brachyurus. Fonte: dr. mário inomoto esalQ/usP.

Foto 4: sintomas nas raízes da soja – P. brachyurus. Fonte: dra. Neucimara ribeiro – aProsmat.

RecomeNdações de coNtRole• Meloidogyne javanica: híbridos de milho mais resistentes podem ser utilizados como fonte de tolerância ao

nematoide para rotação com a soja; porém, a textura do solo irá influenciar numa maior ou menor multiplicação do nematoide pelo híbrido. A maioria dos cultivares de soja é altamente suscetível. Em áreas problemáticas, seria desejável o plantio de Ruziziensis (Brachiaria ruziziensis) e Crotalária (Crotalaria spectabilis).

• Meloidogyne incognita: grande variabilidade dos genótipos de soja quanto à tolerância para este nematoide. No caso do milho, podemos considerá-lo como fonte moderada de resistência. Os híbridos de sorgo apresentam boa fonte de resistência e também podem ser utilizados na rotação. Em áreas problemáticas seria desejável o plantio de Aveia (Avena sativa) e Crotalária (Crotalaria spectabilis).

• Pratylenchus brachyurus: híbridos de milho mais resistentes podem ser utilizados como fonte de tolerância ao nematoide para rotação com a soja. Atualmente temos diversos híbridos com baixo fator de multiplicação. Em áreas problemáticas deve ser recomendada a rotação de plantio com Decumbens (Brachiaria decumbens) ou Crotalária (Crotalaria spectabilis).

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FatoR de RepRodução (FR) do NematoideO Fator de Reprodução (FR) é o teste realizado que expressa se o cultivar é excelente, bom ou fraco hospedeiro da espécie de nematoide avaliada. Apesar de ser a melhor metodologia para avaliarmos o comportamento dos cultivares, os resultados nem sempre têm sido coincidentes entre os diversos laboratórios. Este teste é utilizado como indicativo para classificarmos os híbridos.

Rotação com milho e maNejo de Nematoides da sojaA primeira pergunta que devemos responder é: o que se espera de um híbrido de milho, quanto à multiplicação de nematoides da soja?

Para melhor entendimento, o milho apresenta níveis variáveis de reprodução de nematoides (FATOR DE MULTIPLICAÇÃO) e, além disso, níveis variáveis de tolerância a nematoides, sendo que raramente sofre impactos na sua produtividade (FATOR DE REAÇÃO).

Existem espécies realmente não-hospedeiras, por exemplo, a Crotalaria spectabilis para M. javanica. Estas espécies realmente não permitem a reprodução do nematoide.

Além disso, dependendo da infestação na área, será necessária a rotação com culturas resistentes por um período mais longo, para que a população do nematoide fique suficientemente baixa para não causar perdas à cultura de soja. Este tema será detalhado em outra oportunidade!

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Revisão de Literatura[1] DIAS, W.P.; SILVA, J.F.V.; GARCIA, A.; CARNEIRO, G.E.S. Nematoides de importância para a soja no Brasil. In: Boletim de Pesquisa de Soja 2007. Rondonópolis, Fundação MT (org.), 2007. p.173-183.

[2] INOMOTO, M. M; ASMUS, G. L.; SILVA, R. A.; MACHADO, A. C. Z. Nematoides uma ameaça a cotonicultura brasileira, 2007.

[3] DIAS, W.P; RIBEIRO, N.R.; LOPES, I. O. N.; GARCIA, A.; CARNEIRO, G. E.S.; SILVA, J. F. V. Manejo de nematoides na cultura da soja. 2007.

[4] CAMPOS, H. D. Manejo de nematoides na cultura da soja e do milho. FESULV, Rio Verde, 2006.

[5] FERRAZ, L. C. C. B. O nematoide Pratylenchus brachyurus e a soja sob plantio direto. Piracicaba: ESALQ/USP, Revista Plantio Direto, 2006.p. 26-27.

[6] INOMOTO, M. M. Principais nematoides na cultura da soja e seu manejo. Piracicaba: ESALQ/USP, 2006.

[7] FERRAZ, L. C. C. B. As meloidogynoses da soja: passado, presente e futuro. In: SILVA, J.F.V. (Org.) Relações parasito-hospedeiro nas meloidogynoses da soja. Londrina: Embrapa Soja/Sociedade Brasileira de Nematologia, 2001. p. 15-38.

[8] SILVA, J.F.V.; DIAS, W.P. et al. Controle de nematoides de galhas em soja: O uso de híbridos de milho na rotação. Embrapa Soja, 2001.

[9] GARCIA, A.; SILVA, J.F.V.; PEREIRA, J.E.; DIAS, W.P. Rotação de culturas e manejo do solo para controle do nematoide de cisto da soja. In: Sociedade Brasileira de Nematologia (Ed.) O Nematoide de cisto da soja: a experiência brasileira. Jaboticabal: Artsigner Editores, 1999. p. 55-70.

[10] ROBBINS, R.T.; RAKES, L. Resistance to the reniform nematode in selected soybean cultivars and germplasm lines. Journal of Nematology, 28 (4S): 612-615, 1996.

[11] TOWNSHEND, J.L. Methods for evaluating resistance to lesion nematodes, Pratylenchus species. In: STARR, J.L. (ed.). Methods for evaluating plant species for resistance to plant-parasitic nematodes. Hyattsville: The Society of Nematologists, 1990.

[12] LORDELLO, L.G.E. Nematologia das plantas cultivadas.

comeNtáRios FiNaisO nematoide do cisto (Heterodera glycines) é a espécie de fitonematoide de maior importância econômica para a cultura da soja, pela facilidade de disseminação e pela agressiva redução na produtividade em cultivares de perfil MS e S. Para este nematoide, a rotação de cultura com milho é altamente eficiente.

O tratamento de sementes com Avicta está atualmente em fase de avaliação pelo departamento de TD da Monsanto.

Em áreas com suspeita de nematoides, o agricultor deve coletar amostras de solos e raízes a uma profundidade de 0 a 30 cm, acondicioná-las em sacos plásticos bem amarrados, pôr dentro de caixas térmicas e encaminhar para identificação da espécie e nível populacional, que serão necessários para a definição da melhor estratégia de manejo.

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