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Temas em Gestão Financeira de Empresas Orçamento Empresarial Jorge Assef Lutif Júnior Gestão de Capital de Giro e Tesouraria Jesús Leodaly Salazar Aramayo Finanças Empresariais Eduardo Heliodoro Arruda Gestão Estratégica de Custos Liêda Amaral de Souza Contabilidade e Planejamento Tributário Liêda Amaral de Souza Gestão de Investimentos e Financiamentos Jean Gleyson Farias Martins Finanças Internacionais Jorge Assef Lutif Júnior

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Temas em GestãoFinanceira de Empresas

Orçamento EmpresarialJorge Assef Lutif Júnior

Gestão de Capital de Giro e TesourariaJesús Leodaly Salazar Aramayo

Finanças Empresariais Eduardo Heliodoro Arruda

Gestão Estratégica de CustosLiêda Amaral de Souza

Contabilidade e Planejamento TributárioLiêda Amaral de Souza

Gestão de Investimentos e Financiamentos Jean Gleyson Farias Martins

Finanças InternacionaisJorge Assef Lutif Júnior

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnPPRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA EaD

Temas em Gestão Financeira de Empresas

NATAL2012

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DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

Reitoria Sâmela Soraya Gomes de Oliveira

Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária Sandra Amaral de Araújo

Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação Aarão Lyra

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

T278 Temas em Gestão Financeira de Empresas / organizadores, Daniel Pinto Negreiros, Luciana Lopes Xavier, Michelle Cristine Mazzetto Betti; autores, Eduardo Heliodoro Arruda... [ et al]. – Natal: UnP, 2012. 241p. : il. ; 20cm

Ebook – Livro eletrônico disponível on-line. ISBN 978-85-61140-57-1

1.Gestão Financeira de Empresas .I.Arruda, Eduardo Heliodoro. II.Martins, Jean Gleyson Farias. III.Aramayo, Jesús Leodaly Salazar. IV.Lutif Júnior, Jorge Assef. V.Souza, Liêda Amaral de. VI.Título.

RN/UnP/BCSF CDU 658.8

Coordenação Geral Barney Silveira Arruda

Coordenação Acadêmico-pedagógica Luciana Lopes Xavier

Apoio Acadêmico Edilene Cândido da Silva

Lidiane de Medeiros Lucena Úrsula Andréa de Araújo Silva

Apoio Pedagógico Priscilla Carla Silveira Menezes Michelle Cristine Mazzetto Betti

Produçãode Recursos Didáticos para a EaD Michelle Cristine Mazzetto Betti

Coordenação de Logística Helionara Lucena Nunes

Supervisão de Logística (Mossoró) Fábio Pereira da Silva

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Eduardo Heliodoro ArrudaJean Gleyson Farias Martins

Jesús Leodaly Salazar AramayoJorge Assef Lutif JúniorLiêda Amaral de Souza

Temas em GestãoFinanceira de Empresas

1ª edição

NATALUNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

2012

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EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS

Organização Daniel Pinto Negreiros Luciana Lopes Xavier

Michelle Cristine Mazzetto Betti

Revisão de Conteúdo Daniel Pinto Negreiros

Janduir Oliveira da Nóbrega Rodrigo José Guerra Leone

EQUIPE DE EDITORAÇÃO GRÁFICA Delinea - Tecnologia Educacional

Coordenação de Editoração Charlie Anderson Olsen

Larissa Kleis Pereira

Coordenação Pedagógica Margarete Lazzaris Kleis

Revisão Gramatical e Normativa Michelle Christie Olsen

Glaucia Juliana de Menezes

Diagramação Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro

Coordenação de Revisão Michelle Christie Olsen

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APR

ESEN

TAÇ

ÃOApresentação

Com o objetivo de oferecer aos alunos uma formação mais sensível às demandas do mercado de trabalho, a Universidade Potiguar oferta cursos de especialização lato sensu na modalidade MBA.

O intuito do MBA em Gestão Financeira de Empresas é permitir o desenvolvimento de um senso crítico e de aplicação dos conhecimentos aprendidos, permitindo a formação de profissionais não apenas competentes nas áreas específicas de Finanças, mas também gestores éticos e capazes de compreender as mudanças e transformações pelas quais o mundo corporativo vem passando.

O presente material traz uma coletânea de artigos desenvolvidos pelos professores da Universidade Potiguar, a fim de familiarizar os estudantes com os conceitos relacionados a Orçamento Empresarial, Gestão de Capital de Giro e Tesouraria, Finanças Empresariais, Gestão Estratégica de Custos, Contabilidade e Planejamento Tributário, Gestão de Investimentos e Financiamentos, Finanças Internacionais. Desejo a todos bons estudos!

Daniel Pinto Negreiros

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SUM

ÁR

IO

SumárioApresentação ...................................................................................................................... 7

Orçamento empresarial .....................................................................151 Introdução ......................................................................................................................152 Desenvolvimento .........................................................................................................17 2.1 Evolução do orçamento .......................................................................................17 2.2 Estrutura e finalidade ..........................................................................................21 2.3 Procedimentos ......................................................................................................23 2.3.1 Antecedentes à montagem do orçamento ...........................................24 2.3.2 Etapas do processo orçamentário ..........................................................24 2.4 Elaboração do orçamento ...................................................................................27 2.5 Implantação e tipos de orçamento ...................................................................31 2.6 Natureza do orçamento .......................................................................................33 2.6.1 Vantagens do orçamento .........................................................................33 2.6.2 Limitações do orçamento .........................................................................35 2.7 Necessidade de flexibilidade .............................................................................36 2.8 Controle orçamentário ........................................................................................37 2.9 Vendas projetadas ................................................................................................38 2.10 Orçamento de caixa ...........................................................................................39 2.11 Aplicação de um orçamento empresarial na prática .................................42 2.12 Passos de criação do orçamento empresarial .............................................443 Conclusão .......................................................................................................................454 Síntese ............................................................................................................................475 Questões para reflexão ...............................................................................................48Referências ........................................................................................................................48

Gestão de capital de giro e fluxo de caixa ..........................................551 Introdução ......................................................................................................................552 Desenvolvimento .........................................................................................................56 2.1 Finanças corporativas ..........................................................................................56 2.2 Demonstrações financeiras ................................................................................57 2.3 Gestão de capital de giro ....................................................................................59 2.3.1 Capital de giro líquido ou capital circulante líquido (CGL ou CCL) .60 2.3.2 Ciclo operacional e capital de giro .........................................................61 2.3.3 Modelo dinâmico ........................................................................................62 2.4 Ciclo de caixa como forma indireta de avaliar a necessidade de CG .......68 2.5 Monitoramento e mensuração das necessidades de CG através das ........... projeções de fluxos de caixa ..............................................................................70 2.6 Políticas de gestão do capital de giro ..............................................................73 2.7 Fontes de financiamento de capital de giro ...................................................773 Conclusão .......................................................................................................................784 Síntese ............................................................................................................................795 Questões para reflexão ...............................................................................................80Referências ........................................................................................................................81

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Finanças empresariais .........................................................................................851 Introdução ................................................................................................................................................................ 852 Desenvolvimento ................................................................................................................................ 86 2.1 Administração financeira ........................................................................................................... 86 2.2 Importância da análise financeira ............................................................................................ 87 2.3 Funções do administrador ......................................................................................................... 88 2.4 Sistemas financeiros ................................................................................................................... 90 2.5 Mercados financeiros intertemporais ..................................................................................... 91 2.6 Riscos financeiros ........................................................................................................................ 91 2.6.1 Tipos de risco ..................................................................................................................... 92 2.7 Carteiras financeiras ................................................................................................................... 94 2.8 Ebitda ............................................................................................................................................. 95 2.9 Payback .......................................................................................................................................... 96 2.10 Economic Value Added (EVA) e MVA ...................................................................................... 983 Conclusão ............................................................................................................................................1004 Síntese .................................................................................................................................................1005 Questões para reflexão ....................................................................................................................101Referências .............................................................................................................................................102

Gestão de custos: métodos de custeio ...............................................................1051 Introdução ...........................................................................................................................................1052 Desenvolvimento ..............................................................................................................................106 2.1 Terminologia em custos industriais ......................................................................................106 2.2 Gastos, custos e despesas ......................................................................................................109 2.3 Outras definições básicas de contabilidade de custos .....................................................109 2.4 Princípios contábeis aplicados a custos ...............................................................................110 2.4.1 Princípio da oportunidade ..........................................................................................110 2.4.2 Princípio do registro pelo valor original ...................................................................110 2.4.3 Princípio da competência .............................................................................................112 2.4.4 Princípio da prudência ..................................................................................................112 2.5 Métodos de custeio ...................................................................................................................113 2.5.1 Custeio por absorção .....................................................................................................113 2.5.2 Custeio variável ..............................................................................................................119 2.5.3 Custeio baseado nas atividades (ABC) .......................................................................121 2.5.4 O ponto de equilíbrio ....................................................................................................1223 Conclusão ............................................................................................................................................1264 Síntese .................................................................................................................................................1275 Questões para reflexão ....................................................................................................................128Referências .............................................................................................................................................129

Planejamento tributário – tributos federais ......................................................1331 Introdução ...........................................................................................................................................1332 Desenvolvimento ..............................................................................................................................134 2.1 Elisão e evasão fiscal ...............................................................................................................134 2.2 Regimes tributários: enquadramento ...................................................................................137 2.2.1 Lucro real ..........................................................................................................................138 2.2.2 Lucro presumido .............................................................................................................142 2.2.3 Simples nacional .............................................................................................................144 2.2.4 Como fazer um planejamento tributário ...................................................................147

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3 Conclusão ............................................................................................................................................1494 Síntese .................................................................................................................................................1505 Questões para reflexão ....................................................................................................................150Referências .............................................................................................................................................152

Gestão de avaliação de investimento e financiamento ......................................1571 Introdução ...........................................................................................................................................1572 Desenvolvimento ..............................................................................................................................158 2.1 Decisão de investimento .........................................................................................................158 2.1.2 Payback descontado (PBD) ...........................................................................................162 2.1.3 Valor presente líquido (VPL) .........................................................................................165 2.1.4 Taxa interna de retorno (TIR) ........................................................................................168 2.1.5 Taxa interna de retorno modificada (TIRM) ...............................................................170 2.1.6 Índice de lucratividade (IL) ...........................................................................................172 2.2 Decisão de financiamento .......................................................................................................174 2.2.1 Custo de capital ...............................................................................................................175 2.2.2 Custo de capital de terceiro ..........................................................................................175 2.2.3 Custo de capital próprio ...............................................................................................177 2.2.4 Custo médio ponderado de capital (CMPC) ..............................................................1813 Conclusão ............................................................................................................................................1854 Síntese .................................................................................................................................................1865 Questões para reflexão ....................................................................................................................186Referências .............................................................................................................................................188

Finanças Internacionais .....................................................................................1911 Introdução ...........................................................................................................................................1912 Desenvolvimento ..............................................................................................................................194 2.1 Visão geral sobre finanças .......................................................................................................194 2.2 O Processo de globalização e as finanças internacionais ................................................196 2.3 Finanças internacionais e o papel do gestor .......................................................................197 2.4 O mercado financeiro ...............................................................................................................198 2.4.1 Características do sistema financeiro atual ..............................................................200 2.5 Teoria keysinana e as inovações do mercado financeiro ................................................201 2.6 Risco de investimento e finanças internacionais ...............................................................203 2.7 Principais tipos de riscos financeiros ....................................................................................206 2.7.1 Risco de crédito ...............................................................................................................206 2.7.2 Risco de mercado ............................................................................................................206 2.7.3 Risco operacional ............................................................................................................207 2.7.4 Risco legal .........................................................................................................................208 2.7.5 Risco de imagem .............................................................................................................208 2.8 A relação da taxa de juros e a inflação com o risco país x risco cambial ......................208 2.9 O processo de gestão de risco financeiro ............................................................................215 2.10 Custo de capital e o risco país ..............................................................................................217 2.11. O mercado de euromoedas e os títulos internacionais..........................................2203 Conclusão ............................................................................................................................................2244 Síntese .................................................................................................................................................2255 Questões para reflexão ....................................................................................................................226Referências .............................................................................................................................................226

Referências ........................................................................................................229

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ARTIGO

OrçamentoEmpresarial

A utilização do orçamento empresarial como ferramentade apoio à formulação de estratégia, de monitoramentoe planejamento nas organizações.

Sobre o autorJorge Assef Lutif Júnior, formado em Ciências Contábeis e Bolsista/Capes no Mestrado de Eng. da Produção - UFRN. Pós Graduado em Administração Financeira (UECE), Pos Graduado em Auditoria (UFC) e Extensão em Comércio Exterior (FECOM/SENAC), com aperfeiçoamento pela Universidade Juan Carlos II / Madrid-Espanha na área de Finanças e Desenvolvimento Econômico Local. Foi, entre 2001 e 2010, Coordenador de Organismos Nacionais e Internacionais, atuando também em organizações privadas como Auditor e Controller. É Professor Titular nos Cursos de Ciências Contábeis, Administração e Tecnólogo em Gestão de Finanças nas disciplinas de: TCC, Laboratório Contábil, Auditoria e Perícia, Fundamentos de Contabilidade, Gestão Financeira II, Contabilidade Gerencial, Fluxo de Caixa e Técnicas de Formação de Preço dentre outras na UNP.

Revisor de conteúdo: Janduir Oliveira da Nóbrega

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Orçamento Empresarial 15

A utilização do orçamento empresarial como ferramenta de apoio à formulação de estratégia, de monitoramento e planejamento nas organizações.

1 IntroduçãoSobre discussões da aplicação de orçamento empresarial nas empresas, para muitos contadores e administradores o orçamento não cumpre seu principal papel: o de controlar e monitorar. Porém, Hansen et al (2003) citam que, das metodologias adotadas na influência de gestão, a prática orçamentária tem sido a mais discutida na literatura. Quanto à adoção do orçamento na gestão, Davila e Wouters (2004, p. 587) destacam que o “orçamento é a ferramenta de gerenciamento mais utilizada nas entidades”, assim como também registram na mesma concepção.

O orçamento consiste em uma série de informações que a entidade agrega com base no que tem como expectativa em cada área (condições internas) e na estrutura de mercado em geral (condições externas). A técnica orçamentária é o elemento chave do controle operacional e gerencial na maior parte das organizações. Sendo assim, orçamento empresarial nada mais é do que uma ferramenta de planejamento e controle das receitas, despesas e resultados do empreendimento.

O elemento básico para que haja o controle destas ferramentas orçamentárias é a previsão. Esta retrata o estudo prévio das alternativas de ação administrativa e das suas possibilidades de realização em função das previsões referentes a mais provável evolução de determinadas condições internas e externas à organização e que afetam o seu desempenho (PASSARELLI ; BOMFIM, 2004).

O orçamento é fundamental pela ênfase no domínio financeiro e na avaliação de curto e longo prazo como artifício de controle operacional, e contribui, ainda, para elaboração de estratégias e ferramentas de avaliação (HANSEN et al, 2003; COVALESKI et al, 2003; FREZATTI, 2007). Contudo, as críticas recaem sobre as operações complexas que o controle orçamentário exige em sua execução e, também, por não considerar limitações como: o campo de atuação da organização, as perspectivas dos gestores e tomadores de decisões em geral (WELSCH, 2007).

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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Esta estrutura orçamentária parte da investigação, ou melhor, do olhar do passado, e observa os horizontes para as possíveis mudanças futuras, quantificando, em termos financeiros e até mesmo econômicos, as ações da organização. Sendo assim, trata-se de uma previsão, uma meta, uma base na qual serão tomadas as decisões na organização.

Na investigação conduzida por Covaleski et al (2003) verifica-se que o orçamento focaliza o planejamento, a coordenação e organização de atividades, a alocação de recursos, a motivação de funcionários e expressa a conformidade com algumas normas sociais. Os propósitos do orçamento, no âmbito geral, têm encontrado tanto êxitos, quanto problemas.

Normalmente, o referencial teórico sobre orçamento evidencia-o como componente de cooperação e integração, com ênfase dada à prática. Portanto, só há pouco tempo buscou-se a explicação de como aplicá-lo na prática, aliado às outras áreas do conhecimento, tanto de negócios, como do comportamento humano. Junqueira et al (2007, p. 48) afirmam que “o problema não está na escolha da ciência social para a sustentação teórica do estudo como também na parcela limitada em que essas ciências são usadas”.

Em virtude das estimativas demonstradas, o artigo se desenvolverá tendo a seguinte questão: em que estágio de desenvolvimento e utilização o orçamento tem como validar o planejamento e monitoramento das estratégias pactuadas em empresas de pequeno porte? O objetivo principal é analisar se os problemas atribuídos ao orçamento persistem e se os benefícios alcançados pelo uso da ferramenta atendem as perspectivas dos administradores em suas decisões.

Além da introdução, que traz os elementos básicos desta discussão, o artigo está estruturado em mais cinco capítulos. As cinco seções seguintes apresentam o referencial teórico: a primeira trata dos conceitos gerais de orçamento, a segunda revisa conceitualmente os problemas mais frequentes no orçamento, a terceira ressalta a participação dos indivíduos no orçamento, a quarta apresenta as vantagens e os métodos de utilização e, por fim, as considerações finais.

A principal serventia do orçamento é orientar o planejamento e o controle, isto é, integrar aspectos operacionais e financeiros, ajudando a fixar objetivos, políticas e estratégias, harmonizar as ações ou metas das partes da entidade, quantificar as tarefas e as datas de realização, aperfeiçoar a avaliação e a utilização de recursos.

O orçamento é o nível financeiro para programar a tática da organização para determinado exercício. É mais do que uma simples estimativa, pois deve estar centrado

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Orçamento Empresarial 17

no comprometimento dos administradores em termos de metas a serem alcançadas. Contém as prioridades e o norteamento da empresa para um período e proporciona condições de avaliação de desempenho desta empresa, suas áreas internas e seus gestores.

A técnica orçamentária realiza-se no curto prazo, normalmente para um ano, e fornece uma direção dos passos que os administradores devem seguir no período corrente de maneira que os objetivos empresariais sejam alcançados.

Dependendo do tipo de empresa, pode ser desenvolvido de várias maneiras quanto à participação nas definições estruturais: top-down, ou seja, de cima para baixo; bottom-up, ou fluindo de baixo para cima da pirâmide organizacional; ou, então, a mistura dessas duas abordagens. A formatação mais frequente é a top-down, inclusive em questões de praticidade e tempo envolvido.

2 Desenvolvimento

2.1 Evolução do orçamento

Atualmente, as organizações inserem-se em um ambiente acirrado em competição, haja vista a expansão de novos produtos, os quais têm, por vezes, melhor qualidade e menor preço. Estudos revelam que o orçamento ligado ao processo de gestão desenvolve importante função de organização, controle, estratégias, planejamento do curto ao longo prazo e operacionalização (FREZZATI, 2006; WELSCH, 2007).

A globalização, nomenclatura trabalhada a partir da década de 80 que expressa o processo de internacionalização das organizações, possibilita a quebra das barreiras econômicas entre as nações e traz inovação tecnológica e comercial, promovendo uma união funcional de atividades geograficamente separadas nas organizações internacionais. Segundo Queiroz e Carvalho (2005, p. 56), “o resultado desse acontecimento é que o todo é maior do que a soma das partes, isto é, as organizações globalmente integradas obtêm vantagens competitivas em relação àquelas que operam com filiais relativamente independentes e autônomas”.

A principal serventia do orçamento é orientar o planejamento e o controle, isto é, integrar aspectos operacionais e financeiros, ajudando a fixar objetivos, políticas e estratégias, harmonizar as ações ou metas.

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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A palavra “orçamento” tem sua origem associada a uma bolsa de tecido chamada fiscus, utilizada pelos antigos romanos para coletar os impostos. Mais tarde, a palavra foi vinculada às bolsas da tesouraria e também aos funcionários que as usavam. Na França, o termo era conhecido como bougue ou bouguete e, provavelmente entre os anos de 1400 e 1450, o termo bougett foi incluído no vocabulário inglês.

Lunkes (2003, p. 35) afirma que “a evolução da Constituição Inglesa, em 1689, tornou-se o alicerce das práticas contemporâneas de orçamento, uma vez que estabelecia que o Rei – e depois o primeiro-ministro – poderia exigir certos impostos ou gastar certos recursos”, desde que com a autorização do Parlamento. Na metade do século XVIII, os planos de despesas do governo eram levados pelo primeiro-ministro ao parlamento em uma bolsa grande de couro, cerimonial esse denominado “opening of the budget”. Em 1800, a palavra budget foi incorporada ao léxico inglês.

O Quadro 1 ilustra algumas abordagens dos orçamentos apontadas pela literatura.

Quadro 1 – Características das abordagens do orçamento

PERÍODO ABORDAGEM CARACTERÍSTICA

1919 a 1940

Orçamento estático ou periódico

As receitas, os custos e as despesas são projetados em função de um nível de atividades específico, e que raramente se iguala às atividades reais. Geralmente é o próprio orçamento-mestre projetado para um ano. Geralmente parte dos dados passados adicionando-se valores incrementais.

1950 e 1960 Welsch, Hilton e Gordon

Orçamento contínuo

O objetivo é atualizar periodicamente o orçamento elaborado geralmente por 12 meses, ao final de cada ciclo. Os gestores e empregados envolvidos nesse modelo de processo orçamentário estão constantemente incorporando no orçamento as informações relevantes que surgem.

1970 Kilger e Plaut (Alemanha Horgren EUA)

Orçamento flexível

Projeção de receitas e despesas para vários níveis de atividade, ajustado de acordo com as mudanças no nível de atividade real ou receita e medidas de custos reais, permitindo que os gestores obtenham avalições de desempenho em relação ao nível de atividade, o que torna esta avalição mais objetiva.

1970

Peter Pyhrr

Orçamento base zero

Parte da análise das operações existentes e a continuidade ou utilidade. Cada gestor tem o ônus de justificar a necessidade do dinheiro a ser gasto e cada subunidade elabora orçamentos começando do nível zero. Deve conter as metas, os benefícios esperados e as consequências caso o pacote não seja aprovado, por exigir análises extensivas e em profundidade.

1990 Kaplan, Norton e Cooper

Orçamento por atividades

Como consequência do gerenciamento preditivo do ABC, Activity Base Budgeting - ABB permite identificar os recursos alocados em cada avitividade e como estas estão contribuindo para maximizar as oportunidades de seus produtos e clientes. Esta abordagem descreve o orçamento como custos de realização de diversas atividades necessárias à produção de bens e serviços.

Fonte: adaptado de Welsch (1978); Kaplan e Cooper (1998); Maher (2001); Hansen e Mowen (2003); e Lunkes (2003)

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Orçamento Empresarial 19

Embora a literatura caracterize como tipos de orçamentos, Lunkes (2003) prefere denominar de métodos orçamentários, justificando a escolha da palavra método por significar um caminho para chegar a um fim proposto, um processo racional e um conjunto de procedimentos dispostos convenientemente.

Buscando-se o fundamento de cada uma das diversas denominações ou tipos dos orçamentos elencados pela literatura, as abordagens dos orçamentos podem ser classificadas em quatro grupos: quanto à estrutura e finalidade; quanto ao nível de atividade; quanto ao período de tempo; e quanto à projeção dos valores. As características e metodologias das diversas abordagens serão a seguir apresentadas.

Por volta de 1860, com um sistema de contabilidade uniforme desenvolvido pela França, que era aplicado a todos os departamentos do governo e suas respectivas unidades, estabeleceu-se um ano fiscal padrão, além de convenções de tempo para prestação de contas. “Isso para que os departamentos explicassem a programação fiscal das contas de todos os recursos que foram alocados, bem como os procedimentos padrões e relatórios de fim de ano que comparavam estimativas e gastos” (LUNKES, 2003, p. 36).

Nos Estados Unidos, no século 20, iniciaram-se conceitos e uma série de práticas para planejamento e administração financeira que se tornaram conhecidas como o “movimento do orçamento público”. O orçamento era um plano elaborado que continha todas as atividades do governo e utilizava um número de contas-padrão para promover o controle dos gastos. “Em 1907, Nova Iorque foi a primeira cidade a implementar o orçamento público” (LUNKES, 2003, p. 36).

No Brasil, trabalha-se com orçamento desde a criação do Erário Régio e do Conselho da Fazenda, em 1808, com a vinda de D. João VI. Posteriormente, a Constituição de 1824 disciplinava que o Ministério da Fazenda deveria receber dos demais ministérios os orçamentos relativos às suas despesas. Já a Constituição de 1891 delegava ao Congresso Nacional o orçamento da receita e a fixação das despesas anuais. Entretanto, a Lei nº 4320/64 tornou-se o principal instrumento orientador e disciplinador do processo de elaboração e execução orçamentária. Recentemente, a Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/2000, conhecida como LRF, veio regulamentar uma série de questões, relacionadas à administração pública, que surgiram em períodos de gestões orçamentárias e financeiras desastrosas, as quais foram responsáveis, em grande parte, pela difícil situação econômica do país. Outro principal objetivo da LRF é assegurar à sociedade brasileira que todos os poderes da União terão de obedecer, sob pena de severas sanções, aos princípios do equilíbrio das contas públicas, de gestão orçamentária e financeira responsável, eficiente, eficaz e, sobretudo, transparente.

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Embora fosse desejável que os empresários adotassem a utilização do orçamento, algumas dificuldades não permitiam sua implantação.

Já na década de 1980, segundo Tung (1983, p. 49), “devido ao estágio de desenvolvimento em que se encontrava o Brasil, um maior número de organizações começava a utilizar o controle orçamentário como meio de alcançar maior rentabilidade, visto que esse novo pensamento estava se formando, principalmente, em decorrência da junção de circunstâncias que, de forma indireta, obrigavam os gestores a repensar sua produção de forma melhor e mais barata, sob pena de eliminação do mercado pela concorrência”. Antes este mercado era do vendedor, mas, desde então, começa a ser do comprador.

Nessa dinâmica, o planejamento para os lucros ou orçamento financeiro, mundialmente aceito a partir da década de 1920, deixou de atender as entidades em suas necessidades de lucratividade e de sobrevivência. Dessa forma, a gestão organizacional passou a se preocupar com elementos relevantes, como as estratégias, a missão, os valores, as metas e os objetivos, utilizando o planejamento estratégico, aliado ao orçamento, como meio de estabelecer estratégias e metas organizacionais e, assim, acompanhar a execução das atividades e obter o controle do seu desempenho. No que tange aos aspectos financeiros e econômicos, esperava-se a elaboração e execução de orçamentos que auxiliassem o planejamento destas entidades.

De forma analítica, um planejamento aliado ao orçamento envolve atividades, operações e particularidades de cada organização, formalizando a execução por meio de processos definidos e, por isso, tem sido alvo de críticas e defesas. Na abordagem de Garrison e Noreen (2007), é um plano detalhado do uso de recursos financeiros durante um período específico e um plano para o futuro em termos quantitativos. Do ponto de vista quantitativo, ressalta-se que o orçamento é uma prévia do que possivelmente poderá ocorrer no decurso das atividades da empresa, evidenciando as dificuldades e limitações decorrentes da gestão.

Já a bibliografia contábil destaca que o prosseguimento e o sucesso das entidades estão estreitamente relacionados à existência do planejamento e do orçamento atrelado ao controle destas atividades operacionais, os quais se iniciam pela definição da missão e das estratégias e, posteriormente, formalizam-se pelo ciclo orçamentário. No âmbito da Contabilidade Gerencial, observa-se que diversos autores abordam a questão do planejamento, dedicando ao assunto capítulos especiais, nos quais enfatizam sua

Um maior número de organizações começava a utilizar o controle orçamentário como meio de alcançar maior rentabilidade.

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relevância no processo de gestão. Nesse sentido, Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 229-230) observam que o “planejamento é a chave para uma boa gestão, seja para pequenas entidades familiares, grandes corporações, agências governamentais e organizações sem fins lucrativos, ou simplesmente para a vida pessoal dos indivíduos”. Portanto, espera-se que todos os gestores tenham algum tipo de planejamento atrelado ao orçamento, embora nas pequenas entidades as estratégias não sejam, muitas vezes, formalizadas.

A origem do orçamento remete aos tempos do Império Romano, em que a prática estava relacionada à arrecadação de impostos. A adoção do orçamento até a revolução industrial foi, basicamente, governamental e com finalidade fiscal (LUNKES, 2003). Johnson e Kaplan (1996) descrevem que, a partir de então, o crescimento de capital em atividades como tecelagem, ferrovias, siderurgias e o avanço nos transportes e comunicações, aliados à economia de escala e ao desenvolvimento de modernas técnicas de contabilidade gerencial, fortaleceram a adoção do orçamento em atividades empresariais, com fins de coordenação e planejamento das operações que as empresas necessitavam enquanto tornavam-se mais complexas. Lunkes (2003), Jonhson e Kaplan (1996), Tung (1983), Welsch (1971/2007), Moreira (1989), Schubert, (1985) são fontes importantes da evolução histórica do orçamento empresarial.

Quanto à aplicação do orçamento pelas entidades de pequeno porte, Borinelli et al (2005) e Cardoso et al (2007) citaram o estudo de Vollmers (1996) que revisou 44 textos da Accounting Review e Journal of Accountancy entre os anos de 1920 e 1950, evidenciando que as pesquisas daquele período tinham interesse em custo unitário, minimização de desperdícios, planejamento, eficiência, controle, padrões e custos para a formação de preços.

2.2 Estrutura e finalidade

A determinação do Orçamento empresarial, também denominada orçamento geral por Jiambalvo (2002) e orçamento-mestre por Hansen e Mowen (2003) e por Horngren, Sundem e Stratton (2004), corresponde ao orçamento pleno da organização constituído pelos: orçamentos operacionais, de caixa e de capital, e tem como implicação a projeção dos resultados operacionais, financeiros e de investimentos fundamentados nas

Planejamento é a chave para uma boa gestão, seja para pequenas entidades familiares, grandes corporações, agências governamentais e organizações sem fins lucrativos, ou simplesmente para a vida pessoal dos indivíduos.

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metas estratégicas pactuadas no planejamento da entidade, traduzindo os planos de curto e longo prazo em objetivos físicos e financeiros.

É notório destacar que a determinação acima apresentada não é unânime na literatura, pois, para Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 232-233), “as duas peças principais de um orçamento-mestre são o orçamento operacional e o orçamento financeiro”. Já o orçamento financeiro contempla os orçamentos de capital, de caixa e o balanço patrimonial orçado, e objetiva focalizar os efeitos que o orçamento operacional e outros planos terão no caixa da organização.

O orçamento também pode ser estruturado pensando em um sistema dirigido ao mercado, com planejamento contínuo e decisões de alocação de recursos descentralizados, possibilitando o pleno atendimento do mercado e a satisfação dos clientes. O planejamento contínuo e a descentralização preveem a flexibilidade que é necessária na atual conjuntura, conforme figura 1.

Figura 1 - Orçamento tradicional x Orçamento atual

Visão

Plano estratégico

Orçamento anual

Controle

Incentivos

- Iniciado por eventos chave - Planejamento contínuo - Foco nos fatores chave do sucesso - Descentralizado

feedback

e aprendizado

- Remuneração variável

- Outros

Orçamento atual Orçamentos tradicionais

Fonte: Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 16)

O orçamento também pode ser estruturado pensando em um sistema dirigido ao mercado, com planejamento contínuo e decisões de alocação de recursos descentralizados, possibilitando o pleno atendimento do mercado e a satisfação dos clientes.

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Conforme sugere a figura 1, nas organizações inseridas em estruturas externas competitivas, que apresentam mudanças frequentes, o processo orçamentário é essencialmente temporário, adaptável e complexo, ou seja, com grande variedade de movimentos possíveis. É um conjunto deliberado de ações orientadas buscando desenvolver e manter a vantagem competitiva da empresa. O orçamento empresarial é preparado pela estratégia empresarial, objetivando, irrestritamente, parametrizar estrategicamente o desempenho por meio das medidas de valor. Ele possibilita à alta administração focalizar a gestão em medidas amplas de desempenho, que agregam valor ao negócio.

A intenção é adotar um caminho evolucionário ao processo orçamentário, além de guiar gestores e empregados para alcançar metas financeiras predeterminadas, incluindo direcionadores de valor, como: inovação, qualidade, tempo, satisfação dos empregados e clientes, entre outros.

2.3 Procedimentos

O orçamento comprova, no futuro, o fruto da operação da entidade. Isto posto, é indispensável a total informação sobre o fluxo das rotinas e procedimentos utilizados na sua atual operação. Se a organização não possui um orçamento ou o existente não esta adequado à realidade, a busca de relatórios que suportem a gestão principal desta entidade e a visão global será necessária para definir o que é relevante nas perspectivas resultantes do orçamento.

Também é importante destacar que o controle orçamentário é utilizado ainda para revelar, aos proprietários e administradores, as intenções e concretizações da entidade e é bastante eficaz como ferramenta para avaliar se a realidade da organização está de acordo com aquilo que seus acionistas ou donos desejam dela. Além de ser mecanismo para a avaliação destas metas, permite a constatação do resultado por área de responsabilidade, desempenhando o papel de controle por meio dos mecanismos de custos e contabilidade. O orçamento está onipresente no ciclo de atividades da gestão.

O controle orçamentário é utilizado ainda para revelar, aos proprietários e administradores, as intenções e concretizações da entidade e é bastante eficaz como ferramenta para avaliar se a realidade da organização está de acordo com aquilo que seus acionistas ou donos desejam dela.

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2.3.1 Antecedentes à montagem do orçamento

Além da revisão e julgamento do estágio de adesão aos princípios de planejamento, os elementos que devem ser tratados antes do início da montagem do orçamento são os seguintes:

a) Diretrizes: correspondem ao briefing (instrução) da alta direção, balizada pelas ações para os vários segmentos. Em situações em que a estabilidade do ambiente macro é grande, isso já foi feito no momento de elaborar o plano estratégico. É a adaptação daquilo que foi diligenciado no momento do planejamento estratégico e deve ocorrer no intervalo de tempo a ser considerado pelo orçamento.

b) Cenários: o cenário deve considerar, dentre outros elementos, os aspectos que possam afetar o negócio da organização:

�� o cenário político;�� o cenário econômico;�� o cenário mercadológico (clientes, fornecedores e concorrência).

Tanto o ambiente, como as premissas são fundamentais na elaboração do orçamento, devendo estar definidos antes do início da montagem do instrumento propriamente dito, já que contêm informações indispensáveis à sua montagem.

c) Premissas: São também denominadas de pressupostos e são definidas por alguém na entidade antes de o processo de planejamento ser iniciado. Devem ser, de alguma forma, resultado de algum nível de consenso entre os gestores.

De qualquer maneira, as premissas utilizadas pela empresa, independentemente de quem as concebeu, são ações da administração, devendo ser por ela assumidas. Mesmo que terceiros tenham desenvolvido e fornecido tais premissas, elas tornam-se atos da organização quando utilizadas no orçamento. Isso é extraordinário porque elas têm impacto muito importante sobre os resultados, tornando o plano praticável e confiável ou não, dependendo do patamar estabelecido.

2.3.2 Etapas do processo orçamentário

O estágio inicial da preparação de um orçamento é a deliberação dos fatores chaves, ou restrições, que impõem os limites gerais aos planos orçamentários. Entre estes indicadores estão: a capacidade produtiva da estrutura operacional, os recursos

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financeiros disponíveis e, naturalmente, as condições de mercado que estabelecem os limites de saídas dentro dos quais a organização será capaz de vender.

Normalmente, do ponto de vista gerencial, a questão de apreciação é: o que a empresa é capaz de comercializar no período orçamentário? Esta questão abrevia todos os limites destes projetos orçamentários. Por essa razão, o orçamento de vendas é, por sua vez, o tema de partida e o suporte do processo orçamentário.

Uma vez que os níveis de vendas sejam estabelecidos, os custos de vendas e distribuição devem ser averiguados. O próprio orçamento de produção é determinado pelas estimativas de vendas, pelo nível de estoques de produtos acabados e pela capacidade da planta operacional.

No orçamento de produção poderão ser estimados os custos de produção e as necessidades de materiais, mão de obra e custos indiretos. Adicionalmente, o processo orçamentário para as saídas de capital reflete as decisões tomadas no desenvolvimento dos planos de longo prazo. O orçamento de Capital diz respeito a saídas de capital, durante o período orçamentário, para manutenção e aperfeiçoamento da capacidade produtiva existente. Associados a este orçamento, estão os custos com pesquisa e desenvolvimento para aperfeiçoamento dos métodos de produção, assim como melhoria do produto.

De um ponto de vista financeiro, o superávit e o déficit do orçamento geral são mostrados no orçamento de caixa, que incorpora todas as entradas e saídas de caixa, possibilitando à companhia uma adaptação de suas necessidades financeiras de acordo com este fluxo.

Finalmente, os resultados projetados, as mudanças em termos de lucro líquido geral e as transformações nas composições dos ativos e exigibilidades da organização são desvendadas nas demonstrações contábeis projetadas, de lucros e perdas e balanço patrimonial, no final do processo orçamentário. O planejamento orçamentário é uma atividade de importância crítica para a empresa. Os problemas envolvidos são sempre complexos, difíceis de resolver. A política de vendas da organização, por exemplo, não pode ser considerada isoladamente da sua política de preço e da sua composição de custos. Os custos esquematizados da empresa em relação às saídas requeridas podem

O próprio orçamento de produção é determinado pelas estimativas de vendas, pelo nível de estoques de produtos acabados e pela capacidade da planta operacional.

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ser muito altos para alcançar as metas de lucro. Se for o caso, preços e políticas de publicidade podem requerer futuras revisões, os custos de pesquisa e desenvolvimento podem precisar ser diminuídos e o próprio produto da organização pode ser transformado.

O papel do comitê orçamentário, portanto, é crucial, não somente para unificar ou harmonizar todos os orçamentos divisionais dentro do plano geral, mas também porque ele terá que manejar numerosas adequações que precisarão ser feitas se o orçamento geral não for capaz de atingir alguns dos objetivos da organização.

Conforme a figura 2 abaixo, é possível identificar todos os passos das relações existentes entre os diversos tipos de orçamento em uma organização:

Figura 2 – Fluxograma do processo orçamentário

Orçamentode vendas

Orçamentode produção

Previsão devendas a

longo prazo

Orçamento dedespesas de

marketing

Orçamentode materiais

diretos

Orçamento demão-de-obra

direta

Orçamento decustos indiretos

de fabricaçãoOrçamento de

despesasadministrativas

Orçamento deprodutos acabados

Orçamentocusto produtos vendidos

DRE orçada

Orçamentode caixa

Orçamentode capital

Balanço orçadoDemonstração

do fluxo decaixa orçado

Orçamento de despesasde pesquisa e desenvolvimento

Fonte: Hansen e Mowen (2003, p. 248)

A política de vendas da organização, por exemplo, não pode ser considerada isoladamente da sua política de preço e da sua composição de custos.

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Sendo assim, para que aconteçam todas essas integrações, é necessário que as organizações preparem planos detalhados sobre os setores e cada ação que eles esperam produzir ou vender no período seguinte, os respectivos preços, os custos de tais vendas, assim como o financiamento necessário para as operações. Estes orçamentos tornam-se contratos internos de cada centro de responsabilidade (centro de custo, de lucro ou centro de investimento) dentro da entidade. “Denominados de orçamentos de curto prazo em favor das expectativas para um ano do período, mas a maioria das entidades, antecipadamente, também projeta dois, cinco e algumas vezes dez anos” (ZIMMERMAN, 1997, p. 249).

Conforme Maher (2001, p. 561), “cada organização possui uma forma própria de elaborar os orçamentos, entretanto alguns elementos são comuns à maioria das organizações e, em geral, as atividades de orçamento têm início logo após terem sido estabelecidos os objetivos, as estratégias e os planos de longo prazo”.

Na maioria das organizações, a forma pela qual se evolui o mecanismo de preparação do orçamento é contínua, sendo que os aspectos centrais deste orçamento são desenvolvidos nos meses anteriores ao início do ano a que o orçamento se refere. “O orçamento finalizador é aprovado pelo principal gestor e, em alguns casos, juntamente com o conselho de administração, por volta de algumas semanas antes do início do ano” (MAHER, 2001, p. 561).

Rever o orçamento fornece diretrizes de política e meta atreladas à resolução de diferenças que podem surgir quando o orçamento está sendo preparado. É necessário, então, aprovar o orçamento final e monitorar o desempenho real da organização no decorrer do ano, para que se tenha a responsabilidade de garantir que esteja ligado ao plano estratégico da organização.

2.4 Elaboração do orçamento

Um orçamento implica a existência de um sistema de informações contábeis, como de controles e readaptação deste orçamento. Além disso, o orçamento deve ser elaborado com o intuito de unificar informações, tanto em quantidade, quanto em valores, classificadas em atividades, segundo a natureza e finalidade do processo administrativo e operacional da organização.

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Assim sendo, a elaboração de todo um processo orçamentário deve mencionar o conglomerado das atividades de coordenação, preparação, controle e reprogramação das operações da entidade para que possa atender não apenas às necessidades administrativas e financeiras, mas também contemple a missão e o negócio da organização. O esforço de unir os conceitos contábeis como alicerces fundamentais para a tomada de decisões pressupõe que durante a elaboração do orçamento esteja o fator de integração, contendo, na sinergia e nas políticas, diretrizes, planos e metas que devem ser repassadas para os gestores de todos os departamentos ou setores da organização.

Figura 3 – Fluxo operacional do processo orçamentário

PLANEJAR

EXECUTAR:- organizar- comandar- dirigir- motivar

CONTROLAR

A execução do orçamento contribui para assegurar a eficácia da organização e o comando que vai possibilitar a difusão dos planos. Isto ajuda a coordenar as diversas unidades da administração, motivando e avaliando os gestores e empregados. Ele serve como avalição de seu desempenho sendo a base para o sistema de remuneração.

O orçamento é um meio eficaz de efetuar a continuação dos planos. Ele fornece as medidas para avaliar o desempenho e a estratégia. Verificar seu grau de êxito e, em caso de necessidade, tomar ação corretiva.

O orçamento materializa os planos (planejar) sob a forma de valores.

Fonte: Boisvert e Hugues (1999)

O orçamento deve ser elaborado com o intuito de unificar informações, tanto em quantidade, quanto em valores, classificadas em atividades, segundo a natureza e finalidade do processo administrativo e operacional da organização.

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Os relatórios administrativos com perspectiva global estruturada, que são os mais utilizados na condução da organização, trazem significados sintéticos, criados por meio de inúmeras fontes com o objetivo de consolidar, em poucos números, a situação presente da organização. Para tanto, é de fundamental importância saber as fontes de que tais dados são oriundos, para que se entenda como os resultados são apurados. Assim, na composição do orçamento, podem-se desenvolver formas que os mesmos dados encontrados na organização sirvam para o recheio do orçamento.

Quanto à origem dos elementos necessários para a elaboração do orçamento ligado ao planejamento de uma entidade, Bio (1988, p. 47-48) “classifica-as em externas e internas. As externas compreendem: questões políticas, leis, normas econômicas, planos do governo etc.; questões sociais e demográficas como localização e posição etária das populações, tendências de distribuição de renda etc. Já as internas abrangem: histórico da evolução de vendas, de despesas e outros dados; capacidade de produção, custos e rentabilidade por produtos; situação financeira, fluxos de caixa etc”.

Para Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 232), “na metodologia de elaboração também deve haver um ‘modelo intermediário’ no qual os gestores planejam as operações do dia a dia, mas mantêm também o foco nas metas e planos de longo prazo”. Interligando os prazos do planejamento, surge o orçamento mestre, que é uma análise extensiva do primeiro ano do plano de longo prazo, resumindo e quantificando as metas de vendas, os direcionadores de custos de atividade, as compras, a produção, o lucro líquido, o saldo de caixa e todos os outros objetivos que a gestão especificar. O orçamento mestre não deixa de ser um plano de negócios periódico, que inclui as previsões de vendas, de outras receitas, de custos e despesas, dos recebimentos e dos desembolsos de caixa, permitindo a projeção da demonstração de resultado e, por conseguinte, do balanço patrimonial.

Os procedimentos necessários para elaboração e implementação do orçamento empresarial são descritos sistematicamente na figura 4.

Na metodologia de elaboração também deve haver um “modelo intermediário” no qual os gestores planejam as operações do dia a dia, mas mantêm também o foco nas metas e planos de longo prazo.

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Figura 4 - Visão geral das etapas de implementação

Fase 1- Pré-orçamentação Fase 2 - Elaboração e execução Fase 3- Acomp. e controle

Definição dos fatores - chave

Adequação da estrutura e processo de

gestão

Etapa 1

Etapa 2

Etapa 3

Estabelecimento das metas

orçamentárias

Estudo das condições

internas e de mercado

Etapa 4

Etapa 5

Workshop com as equipes

(discussão dos objetivos e P.I.)

Estabelecimento da base de incentivos

Monitoramento e análise das

metas

Aprendizagem e feedback

Etapa 8

Etapa 6

Etapa 7

Etapa 9

Etapa 5

Estabelecimento das premissas e

objetivos

Fonte: Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 76)

Para aprovar a eficiência e flexibilidade necessária ao processo orçamentário devem-se fazer reuniões periódicas, visando aprender com os erros e acertos. As metas e o próprio processo orçamentário devem sofrer modificações ou adaptações contínuas. Por isso, muitas perguntas não apresentam resultados prontos, sendo necessário aprofundá-las e aprender com elas, almejando o atingimento do equilíbrio.

A dificuldade para estabelecer um mapa de confecção e montagem do orçamento empresarial consiste nas diferentes necessidades de informação das entidades, com estrutura, processo de gestão, pessoas e tecnologia em diferentes níveis.

Por fim, na elaboração, a estrutura do processo orçamentário segue o formato conforme estabelecido por Frezatti (2006, p. 52): “plano de marketing: representa as estimativas de volume físico de vendas, por período, por área, por produto, por preço etc”.

Para aprovar a eficiência e flexibilidade necessária ao processo orçamentário devem-se fazer reuniões periódicas, visando aprender com os erros e acertos.

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Orçamento Empresarial 31

Nesta etapa estipulam-se políticas de crédito, assim como gastos com publicidade e propaganda; plano de produção: refere-se aos estoques de produtos acabados, produtos em processo, matérias-primas, suprimentos, de materiais e necessidade de mão de obra; plano de investimentos: especificam os gastos em aquisições, vendas e baixas a ativos permanentes; plano de recursos humanos: corresponde à etapa da identificação dos elementos de recursos humanos necessários para a efetivação da proposta de orçamento, como, por exemplo, treinamentos, contratações, demissões, remuneração, consultorias na área etc.; plano de custos e despesas: esta etapa tem por objetivo projetar os gastos em custos e despesas necessários ao adequado gerenciamento da organização, mediante os outros planos propostos; plano financeiro: esta etapa permite traduzir o processo de decisão na elaboração do orçamento em linguagem monetária, gerando demonstrações como o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e o fluxo de caixa projetado.

2.5 Implantação e tipos de orçamento

A implantação de um orçamento tem como alvo criar um aparelho de ação gerencial e operacional, para que os gestores, pelas áreas nas quais são responsáveis, comprometam-se com metas financeiras e econômicas, a partir de fundamentos da realidade do mercado da organização e, por consequência, com as despesas e investimentos necessários, autorizados e controlados dentro dos limites do equilíbrio financeiro. A figura 5 demonstra um modelo de orçamento geral com o fluxo das informações geradas em cada setor e a interdependência entre os diversos setores da organização como: de mão de obra, dos custos indiretos de fabricação e de despesas departamentais. É possível visualizar na figura 5 que o orçamento financeiro concentra as decisões nos meios para obter os recursos necessários e é formado pelos seguintes orçamentos: de capital, de caixa, balanço patrimonial e da demonstração de resultados projetados.

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Figura 5 - Orçamento de vendas e fluxo das receitas

Orçamento doestoque final

Orçamento doscustos dos

materiais diretos

Orçamento doscustos de mão-de-obra

direta

Orçamentode caixa

Orçamentode capital

Orçamento decustos indiretos

de fabricação

Orçamento de vendas/receitas

Orçamento de fabricação

Orçamento do custo dos produtos vendidos

Demostração de resultados orçado

Orçamento de despesas- Pesquisa e desenvolvimento- Vendas e marketing- Distribuição- Administração- Outros

Balançopatrimonial

orçado

Orçamentooperacional

Orçamentofinanceiro

Fonte: Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 215)

Já os controles vinculados ao orçamento são formas de atestação das diferenças verificadas entre a estimativa orçamentária e o desempenho real da organização, visto que o orçamento é um plano financeiro que apresenta as receitas e despesas planejadas para um período específico. A elaboração do orçamento denomina-se processo orçamentário. A utilização do orçamento no controle das atividades de uma organização é chamada de controle orçamentário. Existem diversos tipos de Orçamento, sendo que todos possuem uma estrutura básica formada por peças, ou seja, projeções financeiras dos orçamentos individuais de cada unidade da entidade, abrangendo o impacto tanto das decisões operacionais, quanto das decisões financeiras. Um dos principais orçamentos que retrata esta condição é o orçamento operacional que abrange decisões de aquisição e uso de recursos. É composto pelos seguintes orçamentos: de vendas, do estoque final, de fabricação e de custo dos materiais.

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2.6 Natureza do orçamento

O orçamento é uma modalidade quantitativa dos objetivos da gestão e um meio de dirigir o progresso na direção destes objetivos. Para ser efetivo, o orçamento deve ser bem administrado com a direção relacionada e com os sistemas contábeis. Por exemplo, deve haver um fluxograma, um organograma e um plano de contas extremamente bem definido. O organograma irá demonstrar as responsabilidades de cada executivo para o qual um orçamento é apresentado. Outra exigência importante de um orçamento é um sistema de custos padrão que acumule os custos e forneça informações para relatórios de acordo com a responsabilidade. Os diretores são responsáveis pela preparação e gestão de seus segmentos de orçamento. Para que seja eficiente, os dirigentes da entidade devem participar do planejamento do orçamento e devem compreender sua responsabilidade nesse trabalho.

Dependendo da modalidade de orçamento, ele pode cobrir diferentes períodos de tempo. Orçamentos de operações, por exemplo, normalmente cobrem um período de um ano ou menos (curto prazo). Orçamentos para alterações de produto ou de local da fábrica podem cobrir um período de 2 a 5 anos (longo prazo). O orçamento operacional, frequentemente, é dividido em meses no primeiro trimestre e apresentado no total nos três trimestres seguintes. No final do primeiro trimestre, os orçamentos para os três trimestres seguintes são reorganizados, baseando-se em novas informações. Muitas entidades utilizam atualmente orçamentos contínuos ou móveis, pelos quais estão sempre disponíveis dados de 12 meses. No final de cada mês, acrescenta-se um novo mês no final, de modo que sempre haverá um orçamento de 12 meses.

2.6.1 Vantagens do orçamento

O orçamento empresarial assume também a vantagem de sistematizar dados guardados pelas execuções da entidade, fortalecendo as informações para a tomada de decisão. Padoveze (2004, p. 127) acrescenta que “Orçar significa processar todos os dados constantes do sistema de informação contábil de hoje, introduzindo os dados previstos e considerando as alterações já definidas para o próximo exercício”.

O orçamento mede a habilidade produtiva e gerencial da entidade, definindo as diretrizes a serem alcançadas baseando-se no planejamento estratégico que está implícito em cada plano de ação executado pelos administradores da entidade. De acordo com Pereira (2007, p. 235), o orçamento deve “expressar quantitativamente os planos de ação, refletindo as diretrizes, os objetivos, as metas, as políticas estabelecidas para a empresa, para determinado período, servindo também para a coordenação e implantação desses planos”.

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Horngren, Sundem e Stratton (2004, p. 230) afirmam “os benefícios de se ter um quadro orçamentário, que são: os orçamentos compelem os gestores a pensar no futuro pela formalização de suas responsabilidades para planejar”; fornecem expectativas definidas, que são a melhor estrutura para julgar o desempenho subsequente; ajudam os gestores na coordenação de seus esforços, de modo que os planos das subunidades da organização satisfaçam os objetivos da organização como um todo.

Para Hansen e Mowen (2003, p. 246), “além de ser um plano financeiro abrangente para toda a organização, o orçamento tem várias vantagens: força os gerentes a planejar; compele os gestores a pensar no futuro pela formalização de suas responsabilidades para planejar; ajuda no uso de recursos empregados para estabelecer um nível de referência que pode ser usado para a subsequente avaliação de desempenho; melhora a comunicação e a coordenação”.

Para exemplificar a questão, Atkinson et al (2000) citam a hipótese de que a divisão comercial esteja projetando um aumento significativo das vendas. Contudo, ao se confrontarem os planos de vendas com a capacidade de produção, descobre-se que as operações industriais não corresponderão ao nível planejado de vendas. Nesse caso, pela atividade da coordenação, podem-se tomar medidas que identifiquem as dificuldades da área de produção, bem como os recursos de que ela necessita para que a meta de aumento nas vendas seja alcançada, reduzida ou até mesmo postergada.

Outra finalidade do orçamento é indicar a existência de problemas potenciais e servir como ferramenta para encontrar as respectivas soluções. Isso pode ser verificado nas entidades que têm fabricação de produtos sazonais e necessitam aplicar grandes quantias de dinheiro no processo de embalagem, para a conservação de seus produtos, uma vez que serão vendidos durante o ano quando, então, a organização recupera o dinheiro aplicado. O orçamento prevê esse ciclo e gera a informação de que a organização terá que providenciar os recursos necessários para financiar a formação dos estoques no início do ciclo.

Elaborando-se os orçamentos para tempos estipulados, permite-se o confronto entre os resultados previstos e os parâmetros efetivos. Por outro lado, as diferenças entre os resultados refletem as operações que não ocorreram tal qual planejado. As variações são as bases para controlar as atividades da organização por comparação em relação aos planos originais, fazendo-se os ajustes necessários e também fornecendo a base para a avaliação de cada gerente, tendo em vista suas metas pessoais e as de seu departamento.

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Outra vantagem do processo orçamentário, destacada por Atkinson et al (2000, p. 489), é o uso da análise “What-if”, que consiste em coletar a estrutura orçamentária, no caso “um modelo para predizer o resultado de variar os parâmetros ou as estimativas-chaves de um formato”. Um sistema orçamentário automatizado permite, em curto tempo, explorar os efeitos das estratégias alternativas para marketing, produção, vendas e outras e, assim, conhecer antecipadamente como o resultado seria afetado por uma redução ou um aumento nos preços de venda dos produtos, nos custos dos insumos, pelos reajustes salariais, por novos projetos etc.

O orçamento é crucial na execução da gestão, pois define ambientes, tanto na geração, como na destinação de faturamento ou receitas, a base de sustentação das empresas. Como crítica, a maior parte das empresas que o adotam de forma integral à redução de custos em detrimento da criação de valor (HANSEN et al, 2003).

2.6.2 Limitações do orçamento

Apesar das características favoráveis do orçamento, pode ocorrer que a adoção do sistema orçamentário não necessariamente conduza a entidade ao sucesso, pois este pode revelar aspectos que, se não contornados, tornam o processo em si impresumível. Por serem baseados em estimativas e julgamentos, é essencial haver flexibilidade na interpretação e utilização dos resultados. A aplicação de técnicas estatísticas, matemáticas, entre outras, revela-se eficaz para minimizar os problemas relacionados a estimativas e, quando são combinadas com julgamentos, proporcionam estimativas mais acuradas. Um programa de orçamento de resultados deve ser permanentemente adaptado às circunstâncias: na maioria dos casos, o orçamento leva mais de um ano para atender às necessidades da organização e, por isso, sofre constantes adaptações, seja em função de novas circunstâncias surgidas na organização, seja pela adoção ou aperfeiçoamento de novas técnicas, ou seja ainda pelo abandono ou substituição de técnicas. A execução de um plano de resultados não é automática: depende de que as pessoas, alta administração, gestores e empregados, executem as ações para que os objetivos constantes no orçamento se realizem. O processo de educação orçamentária

Um sistema orçamentário automatizado permite, em curto tempo, explorar os efeitos das estratégias alternativas para marketing, produção, vendas e outras e, assim, conhecer antecipadamente como o resultado seria afetado por uma redução ou um aumento nos preços de venda dos produtos, nos custos dos insumos, pelos reajustes salariais, por novos projetos etc.

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é uma forma de demonstrar como os orçamentos podem ajudar cada gestor e empregado a alcançar os melhores resultados.

Sanvicente e Santos (2005, p. 32-42) “apontam como limitação o fato de que os dados do orçamento são estimativas e estão sujeitos a erros maiores ou menores e nada pode ser feito para eliminar totalmente qualquer margem de erro. No entanto, é melhor que haja um planejamento com consciência de erro do que a ausência de planejamento”. Outra limitação é o custo do sistema, pois as entidades nem sempre dispõem de recursos necessários à implantação de um sistema de orçamentos, sejam humanos ou materiais. A parte do controle orçamentário também requer tempo dedicado à análise e solução das variações que, em função de sua complexidade, podem significar maior custo. A utilização de um sistema orçamentário integrado aos demais sistemas demanda investimentos e custos. O estilo de administração participativo geralmente é o mais indicado para um bom desempenho do sistema de orçamento.

2.7 Necessidade de flexibilidade

As condições da organização estão sempre mudando. Por isso, é necessário que o processo orçamentário seja visto como um guia para ações futuras em vez de um plano rígido que deve ser seguido, a despeito das mudanças circunstanciais.

Se o ciclo orçamentário é desafiado como um plano rígido, o gestor estará numa “camisa de força”, na qual é forçado a tomar decisões que não estarão de acordo com os objetivos da empresa.

Por exemplo, um gestor de departamento pode resolver que, devido às mudanças nas condições, ele não precisa gastar toda sua dotação orçamentária em um item particular. Neste caso, o administrador, para não sofrer cortes de recursos no próximo ano, utiliza estes recursos em destinações de pouca importância, embora eles pudessem ser muito melhor utilizados em outros departamentos da organização.

Apontam como limitação o fato de que os dados do orçamento são estimativas e estão sujeitos a erros maiores ou menores e nada pode ser feito para eliminar totalmente qualquer margem de erro. No entanto, é melhor que haja um planejamento com consciência de erro do que a ausência de planejamento.

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Antes de tudo, a administração deve planejar as mudanças nas condições do negócio, a fim de que a ação apropriada seja implementada, mesmo que para isso as premissas dos planos precisem ser mudadas.

Isto implica o entendimento de que planos de contingência devem estar disponíveis para serem implementados quando ocorrerem mudanças não previstas na época em que o plano foi originalmente preparado.

Algumas organizações adaptam seu planejamento orçamentário às modificações nas categorias, fazendo um orçamento transitório, que é preparado a cada trimestre, embora com duração de um ano. No fim de cada trimestre, o plano para os próximos três trimestres é revisado se necessário e um quarto trimestre é adicionado. Por este processo, o orçamento é mantido sempre atualizado.

A flexibilidade desta manutenção orçamentária também é crucial para que o controle deste orçamento seja efetivo. Comumente, o tipo de orçamento que é apropriado para planejamento pode não ser o mais adequado para controle, mesmo porque os orçamentos que são estabelecidos para propósito de controle devem refletir as condições operacionais que, muitas vezes, são diferentes nos estágios de planejamento. Isto é essencial principalmente se os administradores são responsabilizados exclusivamente pelas desestruturações sobre as quais eles têm controle, sendo este um dos requisitos para o uso do sistema de contabilidade por área de responsabilidade.

2.8 Controle orçamentário

Somente o planejamento não assegura a realização dos planos. É necessário também que exista controle. Este processo de controle exige que sejam estabelecidos padrões de desempenho, que atuarão como guias para a realização bem sucedida do planejamento orçamentário.

Efetivamente, o orçamento anual é separado em períodos reduzidos para propósitos de controle – em meses e semanas. Os custos incorridos nesse período orçamentário são checados como custos concretos para que as razões das inconsistências sejam constituídas e ações de adaptação sejam desenvolvidas, quando necessárias.

Da mesma forma como no planejamento orçamentário, o controle origina-se também no planejamento de longo prazo. O realinhamento orçamentário, contínua e progressivamente, indica a profundidade na qual a organização está em busca do seu planejamento de longo prazo.

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As situações inflacionárias acarretam em enormes limitações ao planejamento orçamentário e ao sistema de controle. O evento das rápidas alterações ou adaptações nos custos invalida todas as premissas que foram estabelecidas no planejamento orçamentário. Desse modo, deve ser confiada a maior importância às últimas projeções e às análises das modificações que estão ocorrendo, para que o orçamento seja efetivo para planejamento e controle. Uma vez que tenham sido estabelecidos procedimentos projetados efetivos, a comparação significativa não é mais entre custos reais e planejados, mas entre projeções como as apresentadas a seguir.

2.9 Vendas projetadas

O principal problema no orçamento é projetar as vendas porque vários fatores que as afetam estão fora do controle da organização como, por exemplo, o comportamento dos concorrentes e o cenário econômico futuro. A importância de uma projeção exata não pode ser subestimada.

Se a projeção das vendas é por demais otimista, a empresa pode ser induzida a expandir seu programa de saídas de capital e incorrer em custos que não poderão ser compensados futuramente.

Enquanto isso, os modelos de produção podem ser definidos como muito altos, o que resultará em um amontoamento de estoque de produtos acabados, trazendo consideráveis consequências financeiras para a empresa.

Além disso, uma projeção de vendas por demais otimista pode dissimular uma posição de vendas decadente. Assim, as economias necessárias não serão feitas.

Se, por outro lado, a previsão de vendas é pessimista, a empresa perderá oportunidade de melhores resultados líquidos correntes e pode estar reduzindo possibilidades de futuras expansões. Como resultado destas projeções, a organização pode subavaliar os compromissos de saídas de capital, o que poderá colocá-la em boa condição para explorar o mercado.

A projeção das vendas é o passo primordial e inicial na preparação do orçamento de vendas. Consiste não somente em uma crítica dos produtos da organização, mas

As situações inflacionárias acarretam em enormes limitações ao planejamento orçamentário e ao sistema de controle.

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também numa visualização do nível de vendas a diferentes preços. Assim, o histórico da política de preço é um aspecto integral da projeção das vendas.

Existem diversos mecanismos de projeção de vendas como, por exemplo:

�� O método do arranjo da força de venda: este método responsabiliza os vendedores individualmente pela preparação de sua correspondente projeção de vendas. A vantagem desse método é que, se o orçamento participativo é encorajado, o staff de vendas deve auxiliar na projeção de vendas.

�� A análise do negócio e fatores setoriais: esse método reconhece a seriedade de fatores que não são de conhecimento da força de vendas, como a projeção do produto nacional bruto, renda per capita, níveis de emprego e de preços etc. As estimativas dos vendedores serão modificadas à luz dessas informações.

�� Uma análise estatística das flutuações temporais: as vendas são geralmente comprometidas por quatro fatores fundamentais: tendências de crescimento, flutuações cíclicas do mercado, flutuações sazonais e variações irregulares na demanda. Uma análise das séries temporais de vendas é um método estatístico de separar e analisar a evidência histórica do comportamento das vendas e identificar o impacto desses vários fatores sobre as vendas. O resultado dessa análise aplicado na projeção das vendas é um meio de se testar a qualidade desta projeção.

�� Técnicas matemáticas de projeção de vendas: nos anos contemporâneos, as técnicas de álgebras têm sido aplicadas no estudo do relacionamento entre as convergências econômicas e os padrões de vendas da firma através do tempo, para se chegar à projeção de vendas futuras. Essas técnicas usualmente requerem o uso de equipamentos de informática. Uma dessas técnicas é conhecida por análise exponencial que, de fato, é uma projeção das vendas futuras baseadas nos dados históricos das vendas correntes, ponderados de maneira que as informações mais recentes de lucro tenham maior importância.

2.10 Orçamento de caixa

É fundamental para a gestão da organização saber quando poderão ocorrer carências e excesso de caixa, pois o sucesso na produção e vendas não será suficiente se houver problemas nas entradas e saídas de caixa.

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Segundo Zdanowicz (1984, p. 115), por meio do orçamento de caixa, “são levantados os recursos financeiros (entradas e saídas de caixa) necessários para a execução do plano geral de operações e também da realização das transações monetárias da organização”.

Para Hansen e Mowen (2003, p. 258), “é crítico conhecer os fluxos de caixa na gestão de um negócio”, pois uma entidade pode alcançar conquistas na fabricação e venda de produtos e fracassar em razão da ausência de gestão das entradas e saídas de caixa. Se o fluxo de caixa é a força vital da organização, o orçamento de caixa representa um plano minucioso que mostra todas as origens e aplicações esperadas de caixa, revelando as deficiências e/ou os excessos de caixa, de forma que os gestores possam planejar a contratação de empréstimos, quando necessário, bem como antecipar pagamentos.

Sá e Moraes (2005, p. 151) caracterizam o orçamento de caixa como o “fluxo de caixa projetado, mês a mês, ao longo do período que está sendo orçado” e concordam com sua seriedade ao assegurarem que “é perfeitamente possível uma entidade dar superávit ou lucro e apresentar um resultado de caixa negativo”. Entretanto, atenta-se para a razão de que a grande maioria das organizações que possui orçamento empresarial visualiza apenas a Demonstração de Resultado, não se preocupando com o Orçamento de Caixa e o Balanço Patrimonial em uma perspectiva de longo prazo, ou melhor, com o orçamento projetado. Talvez a projeção apenas da DRE esteja relacionada à necessidade de deliberar o resultado para os fins societários e tributários.

Os principais objetivos do Orçamento de Caixa de Longo Prazo são, segundo Sá e Moraes (2005, p. 151):

• verificar a geração de caixa da entidade, ou seja, a forma de a organização promover os recursos necessários ao financiamento de suas operações;

• validar a dependência da organização de empréstimos de curto prazo e de capitais não operacionais;

• constatar se a organização possui garantias suficientes para levantar os empréstimos necessários ao financiamento de seu capital de giro;

Orçamento de caixa, “são levantados os recursos financeiros (entradas e saídas de caixa) necessários para a execução do plano geral de operações e também da realização das transações monetárias da organização”.

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• verificar se a política de reposição de estoques está compatível com a capacidade de geração de caixa da organização;

• verificar qual o impacto que as políticas de financiamento aos clientes têm sobre o fluxo de caixa;

• verificar o quanto a organização poderá comprometer com imobilizações e em que épocas estes investimentos poderão ser feitos de forma a não fragilizar sua estrutura de capital de giro;

• verificar se a política de retirada dos acionistas e de distribuição de dividendos é compatível com a capacidade de geração de caixa e com a estrutura de capital de giro da organização.

Embora sejam reconhecidos como objetivos de longo prazo, estes orçamentos abrangem os de curto prazo, uma vez que geração de caixa, necessidade de capital de giro, políticas de estoques e de contas a receber estão relacionadas às atividades operacionais que ocorrem diariamente.

Percebe-se que estes objetivos destacam-se aos diretores e coordenadores para o impacto financeiro que as políticas, estratégias e metas estabelecidas no planejamento estratégico e operacional poderão trazer para a entidade. Se algum destes objetivos for prejudicado ou apresentar resultado financeiro contrário ao esperado, é possível tomar decisões para ajustar, incluir ou excluir as metas estabelecidas, já que se trata de orçamento.

A preparação do orçamento de caixa está atrelada à elaboração dos orçamentos de receita e de despesas, cujas premissas devem garantir a existência de lucro. Segundo Hansen e Mowen (2003, p. 258), o orçamento de caixa compõe-se de cinco partes:

• O total de caixa disponível: formado pelo saldo inicial de caixa e os recebimentos esperados, os quais incluem todas as fontes de caixa para o período considerado. As vendas constituem a principal fonte de caixa e, como uma significativa proporção das vendas são efetuadas a prazo, as organizações precisam definir um padrão de cobrança para as contas a receber. Com base na experiência passada, definem-se, geralmente em média, quais porcentagens das contas a receber são pagas nos meses seguintes às vendas.

A preparação do orçamento de caixa está atrelada à elaboração dos orçamentos de receita e de despesas, cujas premissas devem garantir a existência de lucro.

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• Os desembolsos de caixa: que envolve relacionar todos os gastos planejados de caixa para o período, com exceção dos pagamentos de juros sobre empréstimos de curto prazo, os quais devem constar na parte de financiamento. As despesas que não resultarem em efetivo desembolso, como a depreciação, não devem ser incluídas nesta relação.

• O excesso ou deficiência obtido pela comparação do caixa disponível com o caixa necessário: o qual é formado pelos desembolsos mais o saldo mínimo de caixa, ou seja, a quantia mínima de caixa determinada pelas políticas específicas da organização.

• O financiamento formado pelos empréstimos e restituições: que revela o montante necessário de empréstimo a ser tomado quando houver uma deficiência, assim como mostra as restituições planejadas e os juros, quando houver um excesso de caixa.

• O saldo de caixa: que corresponde ao saldo final de caixa planejado.

Hansen e Mowen (2003) ressaltam também a necessidade de dividir o orçamento anual de caixa em períodos menores, transmitindo mais informações para a tomada de decisões das entidades, pois muitas vezes as necessidades de empréstimos em curto prazo são somente identificadas quando o orçamento é desdobrado em períodos trimestrais, bimensais, mensais, semanais e diários. Conforme os autores, a maioria das organizações elabora orçamentos de caixa mensais e algumas até preparam orçamentos semanais e diários.

2.11 Aplicação de um orçamento empresarial na prática

Conforme Sá e Moraes (2005), o orçamento de uma empresa é um procedimento ritualizado e quantitativo dos propósitos estratégicos da entidade para um determinado momento. Assim, segundo Santos et al (2008, p. 50) pode ser explanado “como sendo a quantificação do planejamento estratégico da empresa”, no qual serão estabelecidas as finalidades quantitativas das operações de rendimento, de despesas, de caixa e de investimentos.

Por entender que o orçamento focaliza e identifica as ações mais significativas do exercício fiscal em uma esfera muito menor, Frezatti (2008) ainda faz um paralelo entre o orçamento e o plano estratégico, ressaltando que o primeiro serve como subsídio para a implementação de decisões ao último. Outro aspecto a ser observado em relação ao processo orçamentário no contexto organizacional diz respeito ao seu grau de importância, pois este refletirá na lucratividade, no uso adequado dos recursos

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financeiros, na otimização administrativa, na previsibilidade do caixa e até mesmo na motivação dos funcionários (HILÁRIO, 2003).

Segundo Sá e Moraes (2005, p. 40), “o orçamento exige idealização, cria compromissos, exige disciplina, limita poderes”. Para tanto, todos os envolvidos serão responsabilizados em relação aos objetivos e metas traçadas pela empresa, bem como o controle necessário para executá-las, a fim de que sejam previamente estabelecidas (SANTOS et al, 2008).

Para constituir um orçamento de vendas e produção que permeiem resultados realistas, Santos et al (2008) defendem uma integração paralela dos sistemas de custos com o setor de contabilidade da empresa. Desta forma, é possível apurar os balanços projetados e projetar os resultados a serem alcançados.

Há diversos tipos e técnicas orçamentárias, conforme o quadro 2 abaixo:

Quadro 2 - Tipos e técnicas orçamentárias

�� Curto Prazo – são detalhados e servem de instrumentos de controle.�� Longo Prazo - abrangem cerca de 5 anos e fazem parte do PE.�� Verbas Fixas – não permitem usar economias de uma rubrica em outra.�� Verbas Permutáveis – permitem transferências entre contas sem autorização superior.�� Estáticos – definidos para um valor fixo de atividade.�� Flexíveis – se ajustam ao volume de atividade.�� Incrementais – são definidos a partir de valores históricos ajustados.�� Base-zero – são definidos a partir de uma base nova.�� Periódicos – com período de tempo definidos (anuais e semestrais).�� Progressivo – possui escala móvel definida (12 últimos meses).

Fonte: Adaptado de Santos et al (2008)

Sendo assim, o orçamento empresarial vai servir como instrumento de planejamento e controle das receitas, despesas e resultados do empreendimento. O orçamento parte do comportamento do passado e olha para as possíveis mudanças futuras, quantificando, em termos econômicos e financeiros, as atividades da empresa. Trata-se de uma previsão, uma meta, de acordo com a qual serão tomadas as decisões na empresa.

O orçamento integra aspectos operacionais e financeiros, servindo para fixar metas, políticas e objetivos, harmonizar as estratégias das partes da organização, quantificar as atividades e suas datas de realização, melhorar a avaliação e a utilização de

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recursos. O controle orçamentário se presta ainda a comunicar, aos donos e administradores, as intenções e realizações da empresa e é um eficaz instrumento para avaliar se a realidade da empresa está de acordo com aquilo que seus proprietários desejam dela.

2.12 Passos de criação do orçamento empresarial

Para criar um orçamento, primeiramente é necessário apanhar as origens de recursos da companhia, isto é, suas vendas, empréstimos obtidos e outras fontes de receita e os usos e aplicações no processo empresarial, ou seja, seus custos, despesas e investimentos. A determinação das receitas e despesas deve levar em conta as necessidades gerenciais de cada entidade para poder responder às perguntas do tomador de decisão. Os passos a seguir descrevem um processo básico de planejamento orçamentário:

1) Receitas:

�� determinar o calibre atual de vendas e o preço médio por produto;�� determinar a taxa de crescimento esperada das vendas para o próximo ano, incluindo ou analisando as taxas de crescimento passadas, a situação econômica atual e futura do mercado demandante, as próprias metas de resultados para o negócio e as variações sazonais esperadas (período de festas e férias, entressafra etc.);�� projetar o valor esperado de vendas para o próximo ano, mês a mês;�� calcular os impostos sobre faturamento com base nas vendas projetadas;�� calcular a receita líquida do negócio.

2) Custos:

�� com base no volume de vendas esperado, calcular o custo de produtos vendidos (indústria), o custo de mercadorias vendidas (comércio) ou o custo de serviços prestados (serviços), contando com insumos diretos, mão de obra direta etc. É importante prever se há expectativa de inflação nos itens de custo para se poder projetar, adequadamente, os gastos na produção, comercialização e serviço.

Para criar um orçamento, primeiramente é necessário apanhar as origens de recursos da companhia, isto é, suas vendas, empréstimos obtidos e outras fontes de receita e os usos e aplicações no processo empresarial, ou seja, seus custos, despesas e investimentos.

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3) Despesas:

�� determinar o volume de despesas atuais, levando-se em conta as despesas de vendas, de administração e as despesas financeiras;�� com base nos orçamentos de receitas e custos, avaliar se serão necessárias ampliações na estrutura atual de despesas, tais como: mais pessoal de vendas, prêmios por atingimento de metas, gastos etc.

4) Resultados:

�� constatar se os orçamentos de receitas, custos e despesas estão determinados de forma homogênea ente si. Não se pode aguardar um aumento de receitas por maior volume de itens vendidos sem o relativo aumento nos custos de produção. Não se deve esperar que a entidade tenha mais produtividade, isto é, produza mais com menos insumos, sem que haja investimentos no processo produtivo ou no treinamento dos empregados;�� verificar se o resultado medianeiro (lucro bruto e lucro antes do imposto de renda) estão compatíveis com suas expectativas e objetivos. Caso não estejam, deve-se refazer o orçamento, pensando em ações e investimentos possíveis para aumentar as vendas, diminuir os custos e despesas, aumentar a produtividade etc.

Figura 6 - Representação das fases de controle orçamentário

Apuraçãoda

variação

Separaçãode variaçõescontroláveis

e não-controláveis

Análisedas variaçõescontroláveis

Identificaçãode

responsa-bilidade

Medidascorretivas ou

compensatórias

Nível delucro

assegurado

Fonte: Passarelli e Bomfim (2003, p. 145)

3 ConclusãoConforme pode-se observar, propostas para melhorar o processo orçamentário não são exclusividade do momento. No decorrer de décadas ocorreram inúmeras iniciativas. Talvez nesse momento estejamos em um desses ápices de iniciativas para renovar o orçamento.

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O orçamento não pode ser barreira para atingir qualquer que seja o estágio de desenvolvimento da empresa. Ele deve ser sim o guia, a alavanca que vai conduzir a empresa aos seus objetivos.

Para tanto, considera-se que o orçamento deva sofrer algumas adaptações como mudar sua cultura baseada no comando e controle etc. O momento exige organizações flexíveis, que concedem autonomia a empregados e gestores na tomada de decisões, visando satisfazer seus clientes. Há necessidade de reagir com rapidez às ameaças e aproveitar oportunidades com planejamento contínuo. O uso de metas amplas de desempenho, com medidas financeiras e não financeiras, melhora sensivelmente as informações orçamentárias.

A observância dos princípios e práticas orçamentárias, descritas anteriormente, tende a gerar a renovação tão necessária ao orçamento. O orçamento renovado equilibra as metas ou direcionadores e focaliza a viabilidade operacional antes de transformá-las em valores financeiros. Assim, são evitados ciclos desnecessários e melhora-se o controle do processo orçamentário como um todo. Com a inclusão de medidas não financeiras amplia-se a gama de informações disponíveis para tomada de decisões.

Planejamento orçamentário é uma atividade que deve ser vista como a implementação de um segmento anual do planejamento de longo prazo. O orçamento expressa este plano em termos financeiros e à luz das condições correntes.

Um planejamento orçamentário bem sucedido depende de vários outros fatores como, por exemplo, uma estrutura organizacional formal que designe claramente as áreas de autoridade e responsabilidade, somando a um sistema de informações contábeis que permita efetivo controle financeiro.

O orçamento renovado equilibra as metas ou direcionadores e focaliza a viabilidade operacional antes de transformá-las em valores financeiros. Assim, são evitados ciclos desnecessários e melhora-se o controle do processo orçamentário como um todo.

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4 SínteseO presente artigo indica a magnitude sobre as peculiaridades de orçamento empresarial, trazendo formas de implantá-lo como um instrumento de condução e um meio eficiente de atingir os objetivos.

O orçamento é um mapa lógico de planejar, com base nas variáveis existentes na entidade, o futuro previsto no planejamento estratégico, centrado nas matrizes estabelecidas no planejamento operacional, principalmente quanto ao cenário que melhor adapta-se à realidade.

A grande função do orçamento é simular a melhor maneira da organização para atingir as ações estratégicas pactuadas como objetivos que a diretoria deseja, por meio do conhecimento e experiência das pessoas que administram. Conforme descreve Arena (2002, p. 27), “o orçamento empresarial tem como pressuposto a necessidade que os gestores das entidades começaram a ter quando da análise dos resultados de seus negócios, que até então era feita apenas olhando-se para períodos anteriores”. Sendo assim, a metodologia será obtida por intermédio de um estudo empírico que demonstrará a relação do orçamento com os resultados que serão obtidos caso as previsões das pessoas sejam atingidas na realidade.

Tem-se como justificativa deste artigo a lógica matemática que, em qualquer organização, é necessária para ter parâmetros avaliativos capazes de identificar os erros e acertos tanto econômicos, como financeiros, permitindo assim alimentar um fluxo de dados previamente definidos com fins fixos.

A proposta, assim, é trazer uma vasta referência teórica que possa dar solidez à importância de um fluxo orçamentário básico em qualquer tipo de organização. Em termos específicos, este artigo representa um esforço a mais para esclarecer a problemática do orçamento. O principal objetivo deste artigo é levar ao leitor uma exposição mais ampla e profunda do orçamento como instrumento de planejamento e controle das atividades organizacionais, por meio da discussão de suas técnicas e requisitos fundamentais.

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5 Questões para reflexão1) São três tipos de orçamentos: o de resultado, orçamento de investimentos

e orçamento de caixa. Qual o papel destes orçamentos para a formulação das projeções financeiras da empresa e suas relações com o uso do Planejamento Estratégico?

2) Com base no artigo apresentado, existem similaridades entre orçamento geral e o orçamento flexível? Quais as vantagens e limitações no uso destes tipos de orçamento?

3) A partir do orçamento geral de uma empresa é possível realizar projeções financeiras de curto e longo prazo. Quais os fatores que podem influenciar negativamente estas projeções? Como uma empresa pode realizar o controle efetivo e eficiente destes orçamentos para que não haja distorções futuras nas projeções? Comente as informações retratadas com base no artigo e em pesquisas.

4) Caracterize as etapas de implantação de um orçamento de Caixa e de Produção em uma empresa e os itens cruciais para a estruturação destas.

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ARTIGO

Gestão de Capital deGiro e Tesouraria

Gestão de capital de giro e fluxo de caixa

Sobre o autorJesús Leodaly Salazar Aramayo é professor de Finanças Corporativas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da Universidade Potiguar. Graduado em Engenharia Industrial pela Universidad Mayor de San Simon (Bolívia) e Mestre em Administração Financeira pela Université Catholique de Louvain (Bélgica). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo (UFRN).

Revisor de conteúdo: Janduir Oliveira da Nóbrega

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Gestão de capital de giro e fluxo de caixa

1 IntroduçãoDurante todo o ciclo de produção ou de prestação de serviços, uma empresa está obrigada a cobrir diversos gastos que só serão recuperados quando os clientes pagarem efetivamente por esses produtos e serviços. Por exemplo, se a atividade consistir na venda de mercadorias, a empresa, normalmente, deverá adquirir um estoque mínimo, antes mesmo de começar suas operações comerciais. Se for uma empresa industrial que fabrica produtos acabados, ela deverá comprar as matérias-primas, começar a produção, o que gerará obrigações de salários e pagamento de outros fatores de produção, antes de vender a produção e receber dos clientes. Se a empresa é uma prestadora de serviços de consultoria, os profissionais trabalharão certo número de dias e a empresa deverá pagar por gastos antes de concluir o trabalho e receber por isso.

Claramente, em todos os casos citados, existe uma defasagem entre os fluxos de dinheiro de entrada e saída. Assim, há necessidade de “mobilizar” um montante de recursos financeiros para que a empresa possa cumprir, sem problemas, todas as suas atividades operacionais, pois de outra forma, sem poder pagar suas obrigações nos prazos, enfrentará sérias dificuldades e poderá inclusive descontinuar a operação por falta de liquidez, chegando a um estado de insolvência.

De forma bastante simplificada, o capital de giro (CG) representa o total dos recursos financeiros necessários para suprir as necessidades geradas pela defasagem entre os fluxos de caixa de entrada e saída de uma empresa, assegurando assim sua liquidez.

Sendo o comportamento desses fluxos muito dinâmico, produto de alterações que podem ocorrer ao longo do tempo, a necessidade de capital de giro variará, demandando, assim, um seguimento constante da parte do gestor para administrar as alterações.

O presente artigo trata, no contexto das finanças corporativas, da gestão da liquidez de uma empresa, isto é, da administração dos seus fluxos de caixa, resultado de um ciclo operacional característico que gera defasagens entre estes. Aborda-se o conceito de capital de giro, as formas de quantificá-lo, as políticas de gestão e as fontes de financiamento deste. Coloca-se principal ênfase no modelo dinâmico de gestão da liquidez (modelo de Fleuriet) e sua relação com os ciclos operacional e de caixa, com o objetivo de aproximar a gestão financeira aos aspectos operacionais de todo negócio como são os prazos de reposição ou giro dos estoques, o prazo de recebimento pelas vendas a crédito e o prazo concedido pelos fornecedores.

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2 Desenvolvimento

2.1 Finanças corporativas

As empresas privadas são criadas por investidores que aplicam seus recursos à procura de um retorno sobre esse capital. O dinheiro que os investidores colocam corresponde ao chamado capital inicial da empresa que é aplicado nos chamados ativos da firma, os quais incluem máquinas, equipamentos, estoques, caixa e outros itens necessários para o funcionamento da empresa. Outros ativos (investimentos) são menos óbvios, como o crédito a clientes. Em alguns casos, especialmente em pequenas empresas, os investidores não conseguem identificar nem mensurar todas as necessidades de investimentos em ativos para que a empresa opere em condições adequadas para alcançar seus objetivos (PREVE; SARRIA-ALLENDE, 2010).

Definidas as expectativas de rentabilidade dos investidores, a empresa usa seus ativos para produzir bens e/ou serviços que venderá aos clientes gerando receitas de vendas; por outro lado, a empresa incorrerá em custos como materiais, pessoal, energia, impostos e outros. A diferença entre as receitas e esses sacrifícios financeiros, sendo positiva, representa o lucro para os investidores e é a base para estimar a rentabilidade do empreendimento.

Os principais objetivos de uma empresa, em termos financeiros, são identificar o volume ótimo de investimentos, organizando a estrutura adequada de financiamento que permita gerar um retorno adequado para os investidores, dado o risco específico da atividade econômica desenvolvida. Como resultado da geração de lucros, surge ainda a necessidade de decidir sobre a porção de lucro a distribuir (dividendos) aos proprietários (DAMODARAN, 2002).

O capital investido em uma empresa tem sua origem em duas categorias principais: Fundos Próprios (corresponde ao capital investido pelos donos) e Fundos de Empréstimo (representa o capital de terceiros ou as dívidas).

Os principais objetivos de uma empresa, em termos financeiros, são identificar o volume ótimo de investimentos, organizando a estrutura adequada de financiamento que permita gerar um retorno adequado para os investidores, dado o risco específico da atividade econômica desenvolvida.

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2.2 Demonstrações financeiras

As atividades principais de uma empresa e as decisões financeiras supracitadas são descritas pelas demonstrações financeiras básicas como o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). O Balanço Patrimonial (BP) fornece uma visão sinótica e estática da empresa em um dado instante. Este relatório tem duas partes principais: o lado esquerdo, que representa os ativos e o lado direito que é representativo dos passivos da empresa. Os ativos representam os investimentos realizados, enquanto os passivos representam a maneira como os fundos necessários foram financiados. Então, é fácil entender que essas duas partes do balanço patrimonial são complementares entre si; não é possível alterar um lado sem alterar o outro e ambos os lados são de um mesmo tamanho.

Os itens reportados no balanço patrimonial são apresentados em uma ordem padrão; o ativo é organizado seguindo o princípio da liquidez decrescente (a facilidade com que um ativo é transformado em caixa). Por outro lado, o passivo é mostrado seguindo o princípio da exigibilidade decrescente, ou seja, as obrigações mais exigíveis estão no topo do balanço e as menos prioritárias, como o capital social, na parte baixa como mostrado na figura 1.

Figura 1 - Modelo de balanço patrimonial

ATIVO PASSIVOATIVO CIRCULANTECaixa e equivalente de caixa

Créditos realizáveis de curto prazo

Demais créditos e valores de curto prazo

Investimentos temporários

Estoques

Variações patrimoniais diminutivasPagas antecipadamente

ATIVO NÃO-CIRCULANTEAtivo realizável a longo prazoInvestimento

Imobilizado

Intangível

PASSIVO CIRCULANTEObrigações trabalhistas e previdenciárias

Empréstimos e financiamentos de curto prazo

Fornecedores e contas a pagar de curto prazo

Obrigações fiscais de curto prazo

Demais obrigações de curto prazo

Provisões de curto prazo

PASSIVO NÃO-CIRCULANTEObrigações trabalhistas e previdenciárias

Empréstimos e financiamentosFornecedores de longo prazo

Obrigações fiscais de longo prazo

Demais obrigações de longo prazoProvisões de longo prazo

Resultado diferido

PATRIMÔNIO LÍQUIDOPatrimônio social/capital social

Reservas de capital

Ajustes de avaliação patrimonial

Reservas de lucros

Resultados acumulados

Ações/cotas em tesouraria

Fonte: Adaptado de Rossetti et al (2008)

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Como anota Damodaran (2002), quando são analisados os investimentos e financiamentos de uma empresa ao longo do tempo, deve-se observar não somente o tamanho destes, mas também os tipos de evolução de cada item. Assim, quando se analisa o crescimento dos ativos é importante verificar como o financiamento acompanhou essa evolução (dívidas de curto e longo prazo e patrimônio líquido), porque a estrutura do financiamento altera diretamente o risco a que se expõe a empresa.

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) representa o detalhe das receitas e gastos gerados pelas operações da empresa ao longo de um dado período. Se o Balanço Patrimonial (BP) pode associar-se a uma “fotografia” da situação patrimonial da empresa, a DRE seria o “filme” que relata como a empresa evoluiu de uma situação inicial (BP inicial) para outra posterior (BP final).

O primeiro componente de uma DRE é representado pelas vendas de bens e/ou serviços, ou seja, o faturamento ao longo do período. Deve-se lembrar que este relatório é elaborado em regime de competência (não se faz distinção entre vendas a vista ou a prazo). Os outros componentes da DRE são os tributos sobre as vendas, os custos das vendas e outras despesas referentes ao período (sem importar se houve ou não desembolso). Dessa forma, pela comparação de receitas e gastos é possível apurar o resultado do período (lucro ou prejuízo). A figura 2 mostra o modelo de uma DRE.

Figura 2 - Modelo de demonstração do resultado do exercício

DISCRIMINAÇÃO

+ Receita bruta de vendas

- Deduções

= Receita líquida de vendas

- Custo das vendas

= Resultado bruto (+/-)

- Despesas operacionais

= Resultado operacional (+/-)

+ Receitas não-operacionais

- Despesas não-operacionais

= Resultado antes do imposto de renda (+/-)

- Provisão para o imposto de renda

= Resultado depois do imposto de renda (+/-)

- Participações e contribuições

= Resultado líquido (+/-)

Fonte: Adaptado de Rossetti et al (2008)

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Existe uma conexão direta entre o BP e a DRE e entender esta relação é crucial para alcançar uma leitura conclusiva sobre o desempenho da empresa. Uma empresa será considerada rentável para seus proprietários se gerar lucro suficiente para remunerar as expectativas de retorno pré-definidas (lucro adequado ao tamanho do investimento).

Todavia, lucro não é o único parâmetro de desempenho que interessa, pois a empresa ainda poderá enfrentar dificuldades financeiras se ela não gerar fluxos de caixa suficientes para honrar seus compromissos. Esta segunda dimensão representa o problema de liquidez que a tesouraria de uma empresa se empenha em assegurar por meio do uso de ferramentas adequadas e do financiamento de um capital de giro suficiente.

2.3 Gestão de capital de giro

Previamente ao estudo da gestão do Capital de Giro (CG) é preciso conceituá-lo adequadamente. Encontra-se aqui a primeira dificuldade para o estudioso, pois a literatura especializada apresenta diversos conceitos sobre capital de giro.

Assaf Neto (2005) salienta que, seja qual for a definição adotada para o capital de giro, esta deve identificar os recursos que circulam várias vezes em determinado período, mostrando seu caráter não-permanente. Sendo assim, o capital de giro diz respeito a uma parcela de recursos aplicada pela empresa em seu ciclo operacional (de curto prazo), a qual assume diversas formas ao longo de seu processo produtivo e de venda.

Vieira (2005) reforça a ideia ao afirmar que o capital de giro representa o volume de investimentos de curto prazo aplicados no ativo circulante, o que engloba caixa, bancos, aplicações financeiras, estoques e contas a receber de clientes.

Segundo Gitman (2010), os ativos circulantes são comumente chamados de capital de giro ou capital circulante e representam a porção de aplicações ou investimentos que circulam de uma forma para outra durante as operações normais de uma empresa.

Para Lemes Junior et al (2002), o capital de giro representa o valor dos recursos aplicados para movimentar o ciclo operacional, que compreende o espaço de tempo entre a entrada de matéria-prima no estoque até o recebimento das vendas dos produtos elaborados.

De qualquer forma, o gerenciamento do capital de giro encontra-se inserido no contexto das decisões das finanças corporativas e, por abranger uma boa parte de seus ativos totais investidos, é de grande importância para a manutenção da saúde financeira da empresa.

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Dado seu caráter abstrato e dinâmico, capital de giro é um conceito complexo. É comum encontrar gestores e donos de empresas com dificuldades quando tentam aplicar em situações reais as definições teóricas sobre capital de giro. A razão dessa dificuldade pode ser a aparente simplicidade do termo e a definição padrão dada pela contabilidade, que define capital de giro como a diferença entre o ativo circulante (AC) e o passivo circulante (PC). No entanto, esta definição e outras encontradas nos livros não se aplicam facilmente às tarefas rotineiras da administração financeira das empresas.

Faz-se necessário, então, encontrar formas alternativas de mensurar o capital de giro (CG) para orientar os administradores e ajudá-los na execução de suas funções. Nesta seção serão abordadas várias definições de capital de giro com foco na prática do gestor financeiro, ou seja, o interesse principal é dotar a quem atua na prática empresarial diária de ferramentas que ajudem nesse trabalho.

2.3.1 Capital de giro líquido ou capital circulante líquido (CGL ou CCL)

A definição mais difundida de capital de giro é a tradicional abordagem contábil que é representada pela seguinte relação:

CGL (CCL) = Ativo circulante – passivo circulante

Esta definição tradicional de CG mostra quanto de liquidez está disponível para cobrir obrigações de curto prazo (vencimentos com prazo menor a doze meses). Baseados neste critério, os ativos circulantes e os passivos circulantes são considerados itens de curto prazo. Assim, o capital de giro está associado com a gestão financeira de curto prazo. Como expressa Gitman (2010), chama-se gestão de capital de giro a administração de ativos e passivos circulantes.

Uma interpretação alternativa do CGL é considerar o Ativo Circulante (AC) como uma demanda de necessidades de investimento em ativos de vida curta (o termo circulante indica essa característica volátil dos ativos classificados neste grupo) e o Passivo Circulante (PC) como as fontes de curto prazo destinadas a financiar essas necessidades. Nestas condições, a diferença, se for positiva (CGL>0), é interpretada como o montante que falta para investir em circulante e terá que ser financiado com recursos de longo prazo. Em contrapartida, se o Passivo Circulante (PC) for maior que o Ativo Circulante (AC) (CGL<0), interpreta-se que os recursos levantados com vencimento no curto prazo são suficientes para financiar as necessidades de investimentos no curto prazo e,

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assim, não haveria necessidade de capital de giro financiado com recursos de longo prazo (ASSAF NETO; GUASTI LIMA, 2008).

Para completar a compreensão do CGL e aproximá-la dos aspectos operacionais do negócio, deve-se lembrar que para a empresa executar suas atividades precisa manter estoques de materiais e produtos, outorgar crédito a clientes e contar com um mínimo de disponibilidades em caixa e seus equivalentes (liquidez pura) para realizar transações, o que está representado pelo Ativo Circulante; este investimento é usualmente financiado em parte pelas obrigações emergentes dessas operações (fontes de financiamento espontâneas), como são os créditos recebidos de fornecedores, os impostos a pagar, os salários a pagar e outros. A diferença positiva (CGL>0) representaria o capital necessário para sustentar as operações da firma após ter honrado as obrigações de curto prazo. O caso de CGL<0 significaria que as necessidades de curto prazo estão cobertas pelas fontes de financiamento de curto prazo.

2.3.2 Ciclo operacional e capital de giro

A partir da discussão anterior, pode-se definir, de forma ampla, capital de giro como o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, ou seja, a necessidade de circulante desde a aquisição de materiais até o recebimento dos valores correspondentes à venda de produtos acabados. A figura 3 mostra o ciclo operacional simplificado de uma empresa industrial. Entende-se que os recursos estão indisponíveis (sem liquidez para cobrir obrigações) enquanto estão em forma de estoques de materiais, produtos em processo, produtos acabados e contas a receber. Assim, a tesouraria deve “alimentar” o ciclo operacional com dinheiro suficiente para evitar a insolvência (impossibilidade de pagar as obrigações nos prazos).

Capital de giro como o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, ou seja, a necessidade de circulante desde a aquisição de materiais até o recebimento dos valores correspondentes à venda de produtos acabados.

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Figura 3 - Fluxo do ativo circulante

Recursos aplicados no

ativo circulante

Disponível

Produção

Estoque de produtos acabados

Vendas a vista Vendas a prazo

Realizável

Estoque de materiais

Fonte: Assaf Neto (2005)

Observa-se que há necessidade de diferenciar, no ativo circulante, as contas que surgem das operações (estoques e contas a receber) daquelas que surgem de decisões da tesouraria (caixa, bancos, aplicações financeiras), isso para identificar a real necessidade de capital de giro de uma empresa. Este enfoque também se aplicaria ao passivo circulante, pois algumas contas surgem das operações (fornecedores, impostos a pagar, salários a pagar) e outras são decorrentes das decisões de financiamento tomadas pela administração (empréstimos bancários, dividendos a pagar). Esta análise diferenciada dos circulantes (ativo e passivo) dá origem a uma forma gerencial de ver o balanço patrimonial e é o fundamento principal do chamado Modelo Dinâmico ou Modelo de Fleuriet.

2.3.3 Modelo dinâmico

O modelo de Fleuriet, conhecido também como análise dinâmica da liquidez, foi desenvolvido pelo francês Michael Fleuriet, na década de 70, como forma de aprimorar

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a mensuração de liquidez, melhorando a abordagem simplificadora feita pelo Capital de Giro Líquido (CGL). Esta análise inicia-se com a reclassificação das contas do Ativo e Passivo Circulantes, dando origem ao chamado Balanço Patrimonial gerencial ou balanço funcional (VIEIRA, 2005).

Nesta nova organização, como anotam Fleuriet et al (2003), as contas do ativo circulante são subdivididas conforme sua natureza em operacionais ou cíclicas (ACC) e financeiras ou erráticas (ACF). Do lado do passivo circulante também se usa esta subdivisão, aparecendo um passivo circulante operacional ou cíclico (PCC) e o passivo circulante financeiro ou errático (PCF). As outras contas são agrupadas como ativo não circulante (ANC) e passivo não circulante (PNC), como mostra a figura 4.

Figura 4 – Balanço patrimonial gerencial

Fonte: Fleuriet et al (2003)

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Necessidade de capital de giro (NCG)

A análise da Necessidade de Capital de Giro (NCG) enfoca o ciclo operacional da empresa, tendo como referencial de pesquisa os seus demonstrativos financeiros. A ênfase será sobre as aplicações e fontes cíclicas.

NCG = ACC - PCC

A rigor, nada na empresa é literalmente espontâneo e não oneroso. Contudo, a concessão e a obtenção de certos recursos e/ou regalias decorrem, fundamentalmente, do mero custo/benefício/oportunidade da presença da empresa no mercado. Em outras palavras: para participar de determinada atividade é preciso que as organizações se amoldem às práticas de mercado.

As interpretações da necessidade de capital de giro (NCG) são:

�� NCG > 0 indica a necessidade de financiamento�� NCG < 0 indica um excedente de tesouraria

Como afirma Vieira (2005), o parâmetro NCG indica o impacto do ciclo operacional (estoques, contas a receber de clientes e crédito outorgado por fornecedores) sobre a tesouraria da empresa, ou seja, sobre a soma algébrica dos fluxos de caixa de recebimentos e pagamentos.

Para fins de cálculo, NCG é a diferença entre as aplicações cíclicas (ativo circulante cíclico – ACC) e as fontes cíclicas (passivo circulante cíclico – PCC), que se renovam automaticamente no dia a dia, estão intimamente ligadas às atividades da empresa e ocorrem de forma espontânea e natural.

Aplicações cíclicas - ACC

É o somatório das contas:

�� duplicatas a receber (menos provisão para devedores duvidosos);�� estoques (matéria-prima, produtos em elaboração e produtos acabados);�� adiantamento a fornecedores;�� mercadorias em trânsito;�� importações em cursos (de matéria-prima);�� despesas antecipadas.

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Fontes cíclicas - PCC

É o somatório das contas:

�� fornecedores (de matéria-prima / mercadorias);�� salários a pagar;�� comissões a pagar;�� encargos sociais a recolher (INSS, FGTS etc.);�� imposto de renda retido na fonte (sobre folha de pagamento);�� contas a pagar (referente a despesas operacionais: água, energia elétrica, aluguel, telefone etc.);�� adiantamento de clientes;�� impostos a pagar.

A interpretação do sinal do parâmetro Necessidade de Capital de Giro - NCG é a seguinte:

�� NCG com sinal positivo indica falta de financiamento de fontes operacionais (cíclicas) para cobrir as necessidades operacionais (cíclicas);

�� NCG com sinal negativo indica que as fontes operacionais são suficientes para financiar os ativos cíclicos, ou seja, não há necessidade de capital de giro adicional; esta situação é comum para empresas que recebem prazos longos de seus fornecedores (VIEIRA, 2005).

Tipos de NCG

A NCG pode apresentar-se de duas maneiras:

�� permanente;�� sazonal.

NCG permanente: Este tipo é próprio de empresas cujo nível de atividade de produção e vendas é distribuído com certa homogeneidade ao longo do ano.

NCG sazonal: Já este tipo, é característico das empresas com forte concentração de atividades em certas épocas do ano. É o caso das empresas que produzem brinquedos, artigos juninos, natalinos, entre outros.

O conhecimento do tipo de NCG das empresas é importante porque oferece ao administrador financeiro subsídio para realização de negócios, em especial no tocante

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à data ideal para vencimentos de eventuais empréstimos, bem como sinalizando oportunidades para aplicação em negócios correlatos.

Fontes de cobertura da NCG

A empresa com NCG negativo não necessita de financiamento bancário. Ao contrário, é indicativo de sobra de recursos para aplicar no mercado financeiro, caso não tenha optado por investimentos no Ativo Permanente ou distribuição de lucros. Quando a NGC for positiva, a empresa poderá ter necessidade de buscar recursos próprios ou de terceiros (onerosos) para complementar seu capital de giro.

Fonte onerosa – o que caracteriza essa fonte é o custo financeiro dos recursos alocados no giro. Geralmente, a empresa recorre a bancos para financiar essa parcela da NCG.

Salienta-se que eventuais parcelas lançadas inicialmente em “fontes cíclicas” poderão ser reclassificadas como “onerosas”. É o caso, por exemplo, de tributos e impostos não pagos nos respectivos vencimentos. A partir daí, há incidência de correção, juros e multa, descaracterizando, por conseguinte, sua condição “natural e espontânea”.

Fonte operacional - no decorrer do exercício social, podem – e devem – acontecer lucros. Esses lucros, acrescidos das despesas não monetárias constantes dos custos dos produtos vendidos (depreciação, por exemplo), vão sendo incorporados à conta “caixa”, quando do recebimento das vendas e, consequentemente, agregam-se ao giro dos negócios, constituindo-se Fonte operacional de financiamento da NCG.

Assim, uma forma mais adequada de definir o Capital de Giro é:

CG = PNC - ANC

O CG é a diferença entre o passivo não circulante (PNC) e o ativo não circulante (ANC). Esses grupos contemplam contas de longo prazo que parecem estacionárias quando comparadas com as cíclicas. São contas cuja movimentação está ligada à alta administração da empresa e, por conseguinte, são estratégicas. É importante destacar que numa situação de normalidade o CG constitui fonte de recursos, razão pela qual, em termos de natureza, difere do Capital de Giro Líquido (CGL), este obtido por Ativo Circulante (AC) menos passivo circulante (PC), cujo resultado, conquanto semelhante ao CG, é aplicação.

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Saldo de tesouraria

O saldo de tesouraria (ST) é dado pela diferença entre as contas de Ativo Circulante e de Passivo Circulante que não guardam relação com a atividade operacional da empresa, ou seja:

ST = ACF – PCF ou ST = CG - NCG

Quando o saldo de tesouraria (ST) for positivo, significa que a empresa tem disponibilidade de recursos, que poderão ser utilizados para financiamento do Ativo Permanente (AP) ou simplesmente ficar aplicados no mercado financeiro. Se negativo, demonstra dependência de fontes onerosas de recursos de curto prazo.

Quando o Saldo de Tesouraria, período após período, revelar-se crescentemente negativo é forte sinal de Efeito Tesoura, demonstrando que a empresa caminha para a insolvência. É importante observar que o fato isolado de o ST ser negativo é preocupante. Grave é a tendência. Assim, a existência de efeito tesoura evidencia o descontrole no crescimento da dependência de fontes onerosas de recursos no curto prazo. Portanto, ele ocorre quando o Saldo de Tesouraria apresenta-se crescentemente negativo.

Podem determinar o Efeito Tesoura:

�� crescimento real das vendas a prazo a percentuais muito elevados;�� imobilizações com recursos onerosos de curto prazo;�� prejuízos;�� distribuição excessiva de lucros;�� dependência sistemática de empréstimos de curto prazo, com pagamento de altas taxas de juros;�� ciclo financeiro crescente.

A dependência de recursos de terceiros a curto prazo torna a empresa altamente vulnerável. Qualquer corte de crédito pode levá-la à insolvência.

Quando o saldo de tesouraria (ST) for positivo, significa que a empresa tem disponibilidade de recursos, que poderão ser utilizados para financiamento do Ativo Permanente (AP) ou simplesmente ficar aplicados no mercado financeiro. Se negativo, demonstra dependência de fontes onerosas de recursos de curto prazo.

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2.4 Ciclo de caixa como forma indireta de avaliar a necessidade de CG

As atividades operacionais a curto prazo de uma empresa consistem em uma sequência de fatos e decisões, como a quantidade de compras de materiais, a forma e prazos de pagamento, o tipo de produto a fabricar, o processo selecionado para a produção, a forma e prazos de cobrança das vendas e outros (ASSAF NETO e GUASTI LIMA, 2008).

Estas atividades geram padrões de entradas e saídas de caixa como mostra a figura 5.

Figura 5 - As atividades operacionais ao longo do tempo

Momento da entrada de materiais no estoque

Pagamento pela compra de materiais

Momento da venda a prazo dos

Idade média dos estoques

Prazo médio de pagamento

Período médio de cobrança

Ciclo de caixa

Momento do recebimento de clientes

Ciclo de operacional

produtos acabados

Fonte: Ross et al (2002)

A partir da figura, é possível identificar o chamado Ciclo Operacional (ciclo econômico), que compreende o período entre o momento em que a empresa recebe em suas instalações os materiais (matérias-primas e insumos) e o momento em que recebe o dinheiro pela venda do produto acabado resultante. O Ciclo Operacional (CO) pode ser assim expressado:

CO = IME + PMC

Onde:

�� IME = Idade Média dos Estoques�� PMC = Período Médio de Cobrança

O Ciclo de Caixa (ciclo financeiro) compreende o período em que os recursos da empresa foram utilizados para o pagamento dos bens e/ou matérias-primas até o recebimento pela venda do produto acabado resultante. O Ciclo de Caixa (CC) pode ser

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assim expressado:

CC = IME + PMC - PMP

Onde:

�� PMP = Período médio de pagamento

Do ponto de vista da gestão de capital de giro, deve-se observar que o ciclo de caixa é a expressão do impacto que o capital de giro terá devido a alterações no giro do estoque, prazo de recebimento de clientes e prazo de pagamento a fornecedores. Operacionalmente, a ampliação de crédito a clientes de 30 para 60 dias, por exemplo, provocará aumento no ciclo de caixa, que deverá ser financiado com mais capital de giro (se os outros fatores permanecerem sem alteração). Em resumo, a gestão de capital de giro deve incluir o constante monitoramento do ciclo de caixa (ciclo financeiro), pois a partir da gestão desse ciclo será possível visualizar o impacto nas necessidades de capital de giro de um negócio ao longo do tempo (GITMAN, 2010).

Segundo Ross et al (2002), para quantificar o ciclo operacional e de caixa são utilizadas as demonstrações financeiras, especificamente o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício, todavia, na ausência desses relatórios é possível levantar gerencialmente os dados e aplicar as seguintes relações:

IME=Estoque

Custo de vendasx360

PMC=Contas a receberReceita líquida

x360

PMP=Fornecedores

Custo de vendasx360

Do ponto de vista da gestão de capital de giro, deve-se observar que o ciclo de caixa é a expressão do impacto que o capital de giro terá devido a alterações no giro do estoque, prazo de recebimento de clientes e prazo de pagamento a fornecedores.

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As interpretações dos diferentes prazos são:

�� o valor do IME representa uma média de giro de todos os estoques e todos os produtos, pois entende-se que uma avaliação por produto irá gerar tempos diferentes;

�� o valor do PMC é um valor que traduz o prazo médio representativo do crédito a clientes e não de uma venda em particular;

�� o PMP representa a média de crédito recebido dos fornecedores, ou seja, cada fornecedor poderá outorgar prazos diferentes.

O valor em dias (360) deve ser ajustado proporcionalmente se os denominadores das fórmulas forem avaliados em outros períodos diferentes do anual (30 para mês, 90 para trimestre etc.).

2.5 Monitoramento e mensuração das necessidades de CG através das projeções de fluxos de caixa

A tesouraria de uma empresa precisa monitorar rotineiramente as alterações nas necessidades de capital de giro, suas fontes de variação e as fontes de financiamento. Dado o caráter dinâmico do capital de giro e sua difícil visualização na prática, em muitas situações não é possível aplicar o modelo dinâmico de gestão, devido à necessidade de contar com as demonstrações financeiras completas e atualizadas. Por outro lado, o controle dos ciclos operacional e de caixa permite uma avaliação indireta do aumento ou diminuição das necessidades de capital de giro; indireta porque os ciclos são avaliados em dias e operacionalmente interessa quantificar as necessidades em valores monetários (MASAKAZU, 2003).

Como anotam Assaf Neto e Guasti Lima (2008), a administração de caixa visa, principalmente, manter uma liquidez imediata. As atividades de uma empresa geram entradas e saídas de recursos que quase nunca estão sincronizadas, nem são certas, qualquer que seja a sua ocorrência ou o seu valor. Para evitar eventuais problemas de caixa o gestor deve, dentre outras medidas, utilizar o orçamento de caixa para prever suas necessidades de caixa no curto prazo; assim, pode-se planejar e gerir a liquidez através de uma ferramenta de fácil uso.

A tesouraria de uma empresa precisa monitorar rotineiramente as alterações nas necessidades de capital de giro, suas fontes de variação e as fontes de financiamento.

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Segundo Ross et al (2002), o objetivo básico na administração de caixa é fazer com que o investimento nesse ativo seja tão pequeno quanto possível, sem prejudicar a eficiência e a eficácia das atividades da empresa.

O Orçamento de Caixa é um demonstrativo dos fluxos das entradas e saídas projetadas de caixa da empresa, utilizado para estimar suas necessidades de caixa de curto prazo e sua elaboração, portanto, deve ser feita em regime de caixa. Na sua construção são geralmente usados períodos mensais, semanais ou até mesmo diários, dependendo da necessidade específica da empresa. Esta previsão e o controle durante a execução são importantes mesmo para empresas que tenham como certa a geração de excedentes de caixa, pois a situação da liquidez pode alterar-se rapidamente por mudanças em qualquer uma das variáveis que compõem o ciclo operacional (GITMAN, 2010).

A figura 6 apresenta o formato geral para o orçamento de caixa.

Figura 6 – Modelo de orçamento de caixa

DescriçãoPeríodo

1 2 3 4 ... n

+ Recebimentos

- Pagamentos

= Fluxo líquido de caixa

+ Saldo inicial de caixa

= Saldo final de caixa

- Saldo mínimo de caixa

= Superávit ou Déficit

Fonte: Ross et al (2002)

A empresa dedica particular atenção ao planejamento de excedentes e faltas de caixa, pois poderá planejar investimentos a curto prazo (aplicações financeiras) se esperar sobras de recursos, ao passo que poderá se preparar com antecedência para obter financiamento em caso de falta de caixa.

Gitman (2010) expressa que o orçamento de caixa possibilita ao administrador financeiro uma visão clara do momento de ocorrência dos fluxos esperados de entradas e de saídas de recursos ao longo de um período.

O Orçamento de Caixa é um demonstrativo dos fluxos das entradas e saídas projetadas de caixa da empresa, utilizado para estimar suas necessidades de caixa de curto prazo.

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Para a preparação do orçamento de caixa há necessidade de projetar:

�� recebimentos;�� pagamentos;�� saldo inicial de caixa;�� saldo mínimo de caixa.

Recebimentos de caixa: Os recebimentos de caixa incluem todos os itens a partir dos quais se geram entradas de caixa em um dado período financeiro. Os recebimentos mais comuns são: vendas a vista e cobranças de vendas a crédito.

Pagamentos de caixa: Os pagamentos de caixa incluem todos os desembolsos no período coberto. Os pagamentos mais comuns são: compras a vista, pagamentos de duplicatas, pagamentos de aluguéis e parcelas de arrendamento mercantil, comissões e salários, pagamento de impostos, aquisição de equipamentos, pagamentos de juros, dividendos em dinheiro, pagamentos de empréstimos, recompra ou resgate de ações. Como se aplica o regime de caixa, é importante ressaltar que gastos que não envolvem desembolsos não são considerados pagamentos de caixa (por exemplo, a depreciação).

Fluxo líquido de caixa, saldo final de caixa, financiamento e caixa excedente: Acha-se o fluxo líquido de caixa subtraindo os pagamentos dos recebimentos em cada período. Somando o saldo inicial de caixa ao fluxo líquido de caixa se pode chegar ao saldo final de caixa. Finalmente, subtraindo do saldo final de caixa o saldo mínimo de caixa chega-se ao financiamento final necessário (déficit) ou ao saldo excedente de caixa (superávit).

Se o saldo final de caixa for menor que o saldo mínimo de caixa, requer-se um financiamento. Tal financiamento é tipicamente entendido como de curto prazo e, portanto, representado por empréstimos bancários. Se o saldo final de caixa for superior ao saldo mínimo de caixa, existe um saldo excedente de caixa e presume-se que qualquer excedente será investido em aplicações financeiras de curto prazo.

Cálculo do capital de giro a partir dos fluxos de caixa projetados

Utilizando o modelo de orçamento de caixa discutido anteriormente, o gestor financeiro pode projetar os fluxos de caixa para um horizonte específico (trimestre ou semestre, por exemplo) a fim de estimar a demanda adicional ou não de capital de giro para o horizonte estudado. No intuito de não desvirtuar o conceito do Capital de Giro será necessário ajustar os fluxos de caixa desconsiderando qualquer pagamento relacionado com aumento do ativo não-circulante.

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Nestas condições, se houver déficit de caixa em algum período projetado, deve-se entender que alguma necessidade de capital de giro existe, embora um adiamento de pagamentos e/ou uma antecipação de recebimentos possa solucionar o problema pontual. Todavia, se houver vários períodos com déficit de caixa, certamente uma solução pontual não será suficiente e, assim, deve-se concluir que há necessidade de um capital de giro adicional equivalente ao maior déficit encontrado. Desta forma, com uma ferramenta bastante prática, como o orçamento de caixa, é possível fazer o seguimento das necessidades de capital de giro de uma empresa, identificando com antecedência a necessidade de financiar mais capital para garantir a liquidez (GITMAN, 2010).

2.6 Políticas de gestão do capital de giro

Os Ativos Circulantes têm alta volatilidade e, portanto, qualquer política para administrá-los não terá uma aplicação assegurada indefinidamente. As políticas para a administração do Capital de Giro objetivam definir:

�� o volume de investimentos em Capital Circulante;�� a distribuição desses investimentos no nível de Caixa (disponibilidades), Contas a receber e Estoques;�� a forma de financiamento desses investimentos.

Do ponto de vista teórico, segundo Gitman (2010), podem identificar-se duas políticas financeiras de curto prazo: Política flexível (conservadora) e Política restritiva (agressiva), embora, na prática, as políticas se aproximem de um ou outro extremo teórico. As características básicas destas políticas estão na figura 7.

Quadro 1 - Características das políticas financeiras de curto prazo

Política flexível ou conservadora Política restritiva ou agressiva

�� manutenção de saldos elevados de caixa e título negociáveis;

�� manutenção de saldos reduzidos de caixa e nenhum investimento em títulos negociáveis;

�� investimentos elevados em estoques; �� pequenos investimentos em estoques;

�� concessão de crédito em condições liberais, resultando nível elevado de Contas a receber.

�� não realização de vendas a prazo, portanto, nenhum investimento em Contas a receber.

Fonte: Adaptado de Gitman (2010)

É importante, todavia, lembrar que uma política de gestão de capital de giro deve se adaptar rapidamente às condições específicas nas quais a empresa desenvolve suas atividades. Seria um erro acreditar que, uma vez selecionada uma política, deve permanecer indefinidamente (LEMES JUNIOR et al, 2002).

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Para determinar o nível ótimo de investimento em ativos circulantes é necessário identificar os diferentes custos das políticas financeiras a curto prazo. Na prática, o objetivo é compensar o custo das políticas restritivas com os custos das políticas flexíveis para conseguir um equilíbrio. Há necessidade de se trabalhar com ativos enxutos, pois quanto maior o valor do ativo, maior será o lucro necessário para se obter a taxa de retorno desejada (ROSS et al, 2002).

A análise do Ciclo de Caixa também indica a necessidade de encurtá-lo, pois quanto mais longo, maiores serão os recursos estarão aplicados em estoques e contas a receber. Assim, a gestão do ativo circulante implica uma compensação nos custos que aumentam com o volume de investimentos e os custos que diminuem com esse volume. Os custos que aumentam com o volume de investimentos em ativo circulante são conhecidos como custos de administração e os que diminuem são chamados de custos de escassez. Trata-se do dilema risco-retorno na composição de financiamento.

Como mostra a figura 8, os custos de administração são de dois tipos: custo de oportunidade, pela baixa rentabilidade dos ativos circulantes comparada com a rentabilidade dos ativos permanentes e custo de manutenção, como, por exemplo, o custo de armazenagem de estoques.

Figura 7 - Custos de administração e custos de escassez do ativo circulante

Custo total da manutenção do ativo circulante

Custos de administração

Custos de escassez

CA*

Volume ótimo de ativo circulante

Volume de ativo circulante

Reais

Fonte: Ross et al (2002)

É importante lembrar que uma política de gestão de capital de giro deve se adaptar rapidamente às condições específicas nas quais a empresa desenvolve suas atividades.

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Há custos de escassez quando o volume de investimento em ativo circulante é baixo. Se uma empresa consumir todas as disponibilidades, ela estará obrigada a vender títulos ou solicitar empréstimos. No extremo, não poderá cumprir suas obrigações (insolvência) ou não poderá atender os clientes, por falta de estoques, nem outorgar crédito.

A distribuição dos investimentos no Ativo Circulante dependerá do setor de atividade em que a empresa atua e as condições de mercado no qual opera. Existem setores de atividade em que há maior concentração de investimentos em estoques (supermercados, por exemplo) e outros nos quais não (por exemplo, as empresas de serviços). Há alguns setores comerciais em que as receitas estão suportadas, basicamente, por vendas a crédito e, consequentemente, haverá grandes volumes em contas a receber (exemplo: as concessionárias de automóveis).

Segundo Assaf Neto (2005), o Ativo Circulante, em uma economia ideal, pode ser financiado com dívida a curto prazo (passivo circulante) e os ativos permanentes com empréstimos a longo prazo e capital próprio. Na realidade, não é possível esperar que o ativo circulante possa ser financiado exatamente através do passivo circulante, isto porque existirão sempre variações do ativo permanente, variações sazonais do ativo circulante e, inclusive, variações aleatórias do ativo circulante, como mostra a figura 9.

Figura 8 - Necessidade de financiamento dos ativos

Crescimento do ativo permanente e a parte fixa do circulante

Variação sazonal

Tempo

Reais

Necessidade total de ativos

Fonte: Ross et al (2002)

Como ressalta Gitman (2010), uma estratégia flexível (conservadora) de administração do Capital de Giro financiaria com fundos de longo prazo (exigível e patrimônio líquido)

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o total dos ativos, inclusive nos picos sazonais, como mostra a figura 10. Por outro lado, uma estratégia restritiva (agressiva) financiaria as necessidades sazonais com empréstimos de curto prazo, como mostra a figura 11.

Figura 9 - Política flexível de financiamento

Aplicação em títulos negociáveis

Tempo

Reais

Financiamento

a longo prazo

Necessidade total de ativos

Fonte: Ross et al (2002)

Figura 10 - Política restritiva de financiamento

Reais

Financiamento

a longo prazo

Necessidade total de ativos

Financiamento

a curto prazo

Tempo

Fonte: Ross et al (2002)

Estas políticas são referências teóricas, pois na prática sempre existirão restrições que obriguem as empresas a praticar políticas intermediárias.

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2.7 Fontes de financiamento de capital de giro

Segundo Rossetti et al (2008), a contratação de obrigações de curto prazo é uma questão decisória que pertence ao âmbito da função financeira. Assim, as fontes de recursos para financiar o Capital de Giro estão divididas em duas categorias: crédito comercial e crédito bancário.

O Crédito Comercial tem origem nas operações mercantis da empresa, que podem ou não ter custos financeiros explícitos. Exemplos de fontes de financiamento de curto prazo são:

�� Crédito de fornecedores: decorre das condições negociais entre a empresa e seus fornecedores.

�� Crédito de impostos e obrigações sociais: surge dos prazos que as empresas têm para recolher os impostos, contribuições e obrigações sociais devidos ao Governo (ICMS, IPI, COFINS, INSS, IR, FGTS).

�� Outros créditos operacionais: pagamento de salários, cobrança antecipada etc.

O Crédito Bancário implica a utilização da operação de empréstimo que pode ser feita junto a bancos comerciais, financeiras e bancos de investimento (as empresas de factoring não são consideradas instituições financeiras).

�� Descontos de títulos: operações realizadas pelas empresas junto aos bancos comerciais. É a antecipação de recebimento de crédito através da cessão dos direitos a um banco (desconto de duplicatas, desconto de nota promissória etc.).

�� Créditos rotativos: funcionam como uma conta-corrente, com limite de crédito e prazo preestabelecido, e dentro desses limites a empresa pode efetuar saques ao descoberto.

�� Operação de vendor: é um financiamento da venda com cessão de crédito. O fornecedor vende a prazo, tem o recebimento a vista e assume o risco do não pagamento junto à instituição financeira que financia o comprador.

A contratação de obrigações de curto prazo é uma questão decisória que pertence ao âmbito da função financeira. Assim, as fontes de recursos para financiar o Capital de Giro estão divididas em duas categorias: crédito comercial e crédito bancário.

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�� Factoring: é a venda das contas a receber de uma empresa à uma instituição financeira conhecida como factor. Há várias modalidades de factoring no Brasil.

�� Outros: Commercial paper, debêntures, export note, hot money etc.

O gestor financeiro deverá analisar em cada situação a conveniência de usar uma fonte específica de financiamento ou uma combinação adequada de várias fontes.

3 ConclusãoPara assegurar a boa saúde de uma empresa não basta administrar a rentabilidade e o processo de criação de riqueza. Uma dimensão igualmente importante é a administração da liquidez, que consiste em garantir os recursos necessários para executar as atividades operacionais sem atrasos; esta segunda dimensão está relacionada com o conceito de capital de giro, seu dimensionamento, sua gestão e a procura de fontes de financiamento.

Pelo seu caráter abstrato e dinâmico, o capital de giro nem sempre é bem compreendido por gestores e donos de empresas, que encontram dificuldades para aplicar na prática as definições teóricas sobre o tema. De qualquer forma, além das diversas considerações que a literatura especializada traz sobre o assunto, não se deve esquecer que capital de giro tem como principal função outorgar a liquidez necessária para que uma empresa consiga operar, evitando os efeitos nocivos da insolvência. Neste contexto, capital de giro nada mais é que os recursos demandados para financiar o ciclo operacional de uma empresa, ou seja, a necessidade de circulante desde a aquisição de materiais até o recebimento dos valores correspondentes à venda de produtos acabados.

A definição contábil de capital de giro, usando o conceito de capital circulante líquido (CCL), é incompleta, pois não diferencia os diferentes tipos de ativos e passivos circulantes. Neste sentido, o modelo dinâmico ou modelo de Fleuriet e a reclassificação de ativos e passivos circulantes representa uma forma mais adequada de aproximar a teoria dos parâmetros operacionais que toda empresa precisa gerir em prol de garantir sua liquidez. A definição de Capital de Giro dada pelo modelo dinâmico, em contraposição ao conceito de Necessidade de Capital de Giro, torna mais fácil sua administração, sendo o Saldo de Tesouraria o termômetro da evolução da liquidez na organização.

Seguindo a lógica de aproximar a gestão financeira da liquidez dos parâmetros operacionais, surge o conceito de ciclo de caixa ou ciclo financeiro, que resume o impacto da política de estoques, do crédito a clientes e do financiamento de fornecedores sobre a tesouraria.

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Por outro lado, o modelo de Orçamento de Caixa permite um monitoramento da necessidade de capital de giro ao longo do tempo, dando um caráter dinâmico a sua gestão e permitindo, assim, que o gestor financeiro se antecipe e atue em consequência para evitar problemas de insolvência.

Finalmente, as referências teóricas fornecidas pela política flexível e a política restritiva de gestão de capital de giro orientam as decisões do administrador financeiro para selecionar as fontes mais apropriadas para seu financiamento dentre as inúmeras possibilidades que o mercado oferece hoje.

4 Síntese�� O lucro não é o único parâmetro de desempenho econômico-financeiro de uma empresa, pois a organização ainda poderá enfrentar dificuldades financeiras se não gerar fluxos de caixa suficientes para honrar seus compromissos. Esta segunda dimensão representa o problema de liquidez que a tesouraria se empenha em assegurar por meio do uso de ferramentas adequadas e do financiamento de um capital de giro suficiente.

�� Pode-se definir capital de giro como o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo operacional, ou seja, a necessidade de circulante desde a aquisição de materiais até o recebimento dos valores correspondentes à venda de produtos acabados.

�� Uma abordagem comum para mensurar o capital de giro de uma empresa é o conceito de Capital de Giro Líquido (CGL), que representa a diferença entre os ativos circulantes e os passivos circulantes.

�� O modelo de Fleuriet é uma forma de aprimorar a mensuração de liquidez, melhorando a abordagem simplificadora feita pelo Capital de Giro Líquido (CGL). Esta análise reclassifica as contas do Ativo Circulante em Ativos Financeiros e Cíclicos e as do Passivo Circulante em Passivos Financeiros e Cíclicos, a partir dos quais será possível calcular a Necessidade de Capital de Giro (NCG) de uma empresa.

�� Na gestão da liquidez, é também importante avaliar o chamado Ciclo de Caixa (ciclo financeiro) da empresa, que compreende o período em que os recursos foram utilizados para o pagamento dos bens e/ou matérias-primas até o recebimento pela venda do produto acabado resultante.

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�� O modelo de Orçamento de Caixa se usa para estimar as necessidades de caixa de curto prazo de uma empresa, sua elaboração e, portanto, deve ser feita em regime de caixa, em contraposição ao regime de competência usado para avaliar lucro ou prejuízo.

�� Existem duas políticas teóricas de administração do capital de giro: Flexível e Restritiva, que dão as referências ao gestor financeiro para orientar suas decisões de financiamento de ativos circulantes e não-circulantes.

5 Questões para reflexão1) Por que o lucro não deve ser o único parâmetro de avaliação do desempenho de

uma empresa privada?

2) Qual é a diferença entre o resultado econômico apurado na DRE e o resultado financeiro apurado em um fluxo de caixa projetado?

3) Em um sentido amplo, o que é capital de giro?

4) Como se interpreta um saldo de tesouraria negativo no modelo de Fleuriet?

5) O que é “efeito tesoura”?

6) Qual a importância de quantificar o ciclo de caixa de uma empresa?

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Gestão de Capital de Giro e Tesouraria 81

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FLEURIET, M.; KEHDY, R.; BLANC, G. O modelo Fleuriet: a dinâmica das empresas brasileiras, um novo método de análise, orçamento e planejamento financeiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

GITMAN, L. Princípios de administração financeira. São Paulo: Pearson, 2010.

LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira - Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

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PREVE, L. A.; SARRIA-ALLENDE, V. Working capital management. Oxford: Oxford University Press, 2010.

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ARTIGO

FinançasEmpresariais

Finanças empresariais

Sobre o autorEduardo Heliodoro Arruda Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, especialista em Docência no Ensino Superior – UnP. Atualmente é Professor DNS II na Escola de Gestão e Negócios da Universidade Potiguar e exerce atividade profissional na área de controle de processos internos na mesma IES.

Revisor de conteúdo: Janduir Oliveira da Nóbrega

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Finanças Empresariais 85

Finanças empresariais

1 IntroduçãoAs organizações, sob a ótica da Gestão Financeira, visam maximizar a riqueza de seus proprietários. Para atender este objetivo, uma empresa deve antes gerar lucro. Uma empresa não sobrevive se não gera riqueza, se não gera lucro. Para a geração de lucro, uma empresa deve primeiramente conseguir pagar todos os gastos decorrentes do seu funcionamento, tais como impostos, fornecimento de matéria-prima, contratação de serviços terceirizados, remuneração dos funcionários, cobertura de desperdícios e outros. Depois de arcar com todos estes gastos, uma empresa precisa ainda remunerar os investimentos realizados, conseguir retorno suficiente para investir em novas expansões e maximizar a riqueza de seus proprietários.

Para atender a estas exigências, uma empresa necessita trabalhar com preços de venda rentáveis e, ao mesmo tempo, competitivos para manter seus clientes. Essa situação é a mesma para todas as empresas, tanto para as pequenas, administradas de forma intuitiva por um profissional que somente conhece seu ofício, como um simples sapateiro, como também para uma grande organização com vários órgãos colegiados. Para atender a estes objetivos fundamentais à sobrevivência de uma organização, todas as outras áreas, mesmo as conhecidas pelo seu caráter subjetivo como Recursos Humanos e Administração Mercadológica, precisam entender de Administração Financeira para poder mensurar suas ações e explicar que podem trazer retorno para a empresa, bem como o montante desse retorno.

Todas as organizações possuem informações financeiras que interessam a muitos públicos como seus acionistas, seus gestores, governo, fornecedores, funcionários e até mesmo seus concorrentes.

As organizações, sob a ótica da Gestão Financeira, visam maximizar a riqueza de seus proprietários.

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2 Desenvolvimento

2.1 Administração financeira

A administração financeira em qualquer empresa tem papel fundamental nas tomadas de decisões em relação ao planejamento e na gestão da estrutura de Ativo e Passivo de uma organização, já que os investimentos feitos podem acarretar em grandes consequências no futuro.

Segundo Ross (2008, p. 44), “o objetivo da administração financeira é maximizar o valor de mercado do patrimônio líquido existente dos proprietários”.

Baseando-nos em Brigham (2007), podemos reunir as atribuições da área financeira em quatro atividades:

�� trabalho com os mercados financeiros: os acontecimentos do mercado financeiro têm forte influência no andamento do negócio. É essencial que o administrador financeiro atue no gerenciamento dos seus ativos a fim de aumentar o valor da empresa;

�� decisões de investimento e financiamento: toda e qualquer empresa tem que investir em materiais, equipamentos e instalações. Cabe aos gestores financeiros auxiliar na aquisição desses ativos, assim como na tomada de decisão sobre o financiamento destes;

�� coordenação e controle: a equipe de finanças deve estar ciente das decisões das demais equipes da organização, já que uma alteração no processo produtivo, por exemplo, pode gerar a necessidade de novos investimentos que devem ser acompanhados pela área financeira;

�� planejamento: é de suma importância para a empresa, pois ele delineia o futuro do negócio. Projeções como o fluxo de caixa ajudam a prever a situação futura do empreendimento e que ações devem ser tomadas no presente para que o planejamento ocorra.

Portanto, quando se estuda as organizações pela doutrina da Administração Financeira, seu principal objetivo torna-se maximizar a riqueza de seus proprietários.

Segundo Chiavenato (2006), a administração financeira desponta na atualidade como uma das áreas empresariais mais importantes na condução das empresas rumo

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à excelência e ao sucesso. A rentabilidade das empresas significa simplesmente o sinônimo da excelência e do sucesso empresarial para muitos executivos.

O mercado avalia o sucesso empresarial e as oportunidades de aplicação financeira por meio do balanço contábil e dos demonstrativos financeiros do negócio. Por todas essas razões, o executivo de negócios, o investidor - seja o proprietário do negócio ou um acionista - e todo aquele que lida com números precisam conhecer as bases da administração financeira para ter uma ideia segura a respeito de seus indicadores.

2.2 Importância da análise financeira

A análise financeira é fundamental para a empresa conhecer sua situação e tomar medidas de forma a sanar dificuldades, promovendo o seu crescimento. Também é fundamental para que acionistas, investidores, governo, clientes e fornecedores conheçam financeiramente a empresa.

O que se pretende é conhecer o ciclo de vida da empresa a fim de que todas as decisões nela tomadas sejam consistentes e capazes de conduzir a firma ao sucesso. Portanto, há duas preocupações básicas em se conhecer o valor e a importância das informações quando se faz análise de empresas: as informações necessárias à análise do ciclo de vida da organização e aquelas necessárias ao processo decisório destas organizações.

Não se pode deixar de dizer que as informações extraídas dos relatórios contábeis, especialmente as necessárias à formação da análise financeira da firma, são de suma importância para a tomada de decisão diária. Entretanto, a partir deste momento, as discussões estarão centradas em análise de balanços, de forma a enfocar sua importância para se conhecer o processo evolutivo (ciclo de vida) das organizações.

Para Oliveira (2007), a análise financeira examina minuciosamente dados financeiros disponíveis sobre a empresa e os fatores internos e externos que afetam seu desempenho. Outras definições se posicionam mais nas demonstrações contábeis, como a apresentada por Assaf Neto (2009), sendo que, segundo ele, a análise financeira tem sua base de dados nas demonstrações contábeis fornecidas pela empresa. Todas as definições de análise financeira circulam em torno do que todos fazem em suas vidas, ou seja, a tomada de decisões.

O mercado avalia o sucesso empresarial e as oportunidades de aplicação financeira por meio do balanço contábil e dos demonstrativos financeiros do negócio.

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2.3 Funções do administrador

Administração consiste em gerência, controle e direção de empresas públicas ou privadas, tendo como objetivo maior produtividade e lucratividade. Para se chegar a isso, o administrador avalia os objetivos organizacionais e desenvolve as estratégias necessárias para alcançá-los. Este profissional, no entanto, não tem apenas essa função teórica. Ele é responsável pela implantação de tudo que planejou e, portanto, vai ser aquele que define os programas e métodos de trabalho, avaliando os resultados e corrigindo os setores e procedimentos que estiverem com problemas.

Como é função do administrador que a produtividade e os lucros sejam altos, ele também terá a função de fiscalizar a produção e, para isso, é necessário que fiscalize cada etapa do processo, controlando, inclusive, os equipamentos e materiais envolvidos na produção, de modo a evitar desperdícios e prejuízos para a empresa. Para que tudo seja funcional, o administrador também faz um estudo do aproveitamento da mão de obra, atuando, inclusive, nas admissões dos funcionários. Atividades na área financeira também fazem parte da administração e, em seu cotidiano, o administrador trabalha com elaboração e análise de relatórios e tabelas, além de enfrentar muitos desafios, principalmente quando o trabalho diz respeito à reorganização e implantação de uma empresa ou, ainda, quando vai lançar um produto no mercado.

O administrador pode contribuir para a eficiência da organização com sua visão abrangente das atividades e a definição de seis funções básicas como:

�� Função técnica – que hoje é muita conhecida como área de produção e relaciona-se com aspectos de produção de bens e serviços.

�� Função comercial – denominada nos dias de hoje função de marketing, relaciona-se com a compra, venda e permuta dos bens produzidos e consumidos pela empresa.

�� Função financeira – ainda hoje mantendo essa mesma denominação relaciona-se com a busca e gerenciamento dos recursos financeiros utilizados pela empresa.

�� Função segurança – que nos dias de hoje está inserida na área de recursos humanos, tinha por atividade assegurar os bens das empresas e as pessoas envolvidas com a empresa (acidente de trabalho).

�� Função contábil – hoje essa função não constitui propriamente uma área dentro da empresa, mas uma atividade. Assim como hoje, na época, a função também consistia em registrar as contas efetuadas, elaborar balanço e estatísticas.

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�� Função administrativa – também hoje constitui uma atividade atribuída a todas as áreas da empresa e tem o caráter de coordenação das demais áreas. Fayol considerava essa atividade a integração da cúpula das demais funções.

Apesar de algumas diferenças de conceitos na visão da empresa como um todo, segundo Fayol (1960), devemos admitir que nos dias de hoje pouca alteração houve nessa concepção. Há autores contemporâneos que ainda exploram essas ideias, ampliando-as com informações do ambiente externo, que na época eram desconhecidas.

Definida a estrutura organizacional da empresa, cabe ainda conceituar a sexta função, uma vez que ela é a mais abrangente. Segundo Fayol (1960), a função administrativa é uma função que se reparte e se distribui em outras funções essenciais, proporcionalmente entre a cabeça e os membros do corpo social da empresa. Para melhor entendimento do que compõe essa função, ela foi dividida no que hoje denominamos processo administrativo, que Fayol definiu como atos administrativos, e dividiu-os em cinco: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.

�� Prever – definido como o ato de visualizar o futuro e traçar programas de ação. Hoje é denominado planejamento;

�� Organizar - definido como o ato de compor a estrutura funcional da empresa. Hoje é denominado do mesmo modo;

�� Comandar - definido como o ato de orientar e dirigir o pessoal. Hoje é denominado direção;

�� Coordenar - ato de ligar, unir, harmonizar todos os esforços da empresa em torno de seu objetivo. É hoje denominado execução;

�� Controlar - definido como o ato de verificar se as ações estão ocorrendo dentro das normas estabelecidas. Mantém hoje o mesmo nome.

Com isso entendeu-se que em cada função definida anteriormente estavam inseridos os cinco atos administrativos. Apesar de cada função necessitar de várias pessoas com capacidade específica pertinente à função, tais como técnica ou financeira, essas pessoas deveriam também ser treinadas de maneira organizada para o desempenho da função administrativa. Essa prática é utilizada ainda hoje.

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2.4 Sistemas financeiros

O sistema financeiro é um dos pilares do desenvolvimento econômico das sociedades: por um lado, as empresas optam por determinados projetos de investimento e formas de assegurar o respectivo financiamento e, por outro, os consumidores tomam decisões sobre a afetação do seu rendimento disponível entre poupança e consumo.

As instituições financeiras desempenham um papel determinante ao assegurarem o funcionamento dos sistemas de pagamentos e liquidação, permitindo ainda o desenvolvimento de uma variedade de produtos financeiros que facilitam as transações.

Ao mobilizar os fundos de investimentos, canalizando-os para o setor produtivo, o sistema financeiro possibilita a transferência de recursos econômicos no tempo e no espaço, além das fronteiras e entre setores, facilitando também por esta via a gestão de riscos através da diversificação. Tipicamente, podemos distinguir entre dois tipos de sistemas financeiros – aqueles ausentes no sistema bancário, os casos da Alemanha, Japão e França, ou os sistemas mais dependentes dos mercados de capitais, como EUA e Reino Unido.

Podemos ainda identificar três segmentos, outrora bem distintos – o bancário (que aceita depósitos e concede empréstimos), o segurador (que garante um pagamento em caso de ocorrência de uma determinada contingência) e o financeiro (permite o acesso direto ao mercado). No entanto, a fronteira de delimitação entre eles tem sido relevante devido a um processo de integração de natureza tecnológica, geográfica e funcional. O fato de se assistir à progressiva integração destes segmentos nas instituições, nos instrumentos e mercados possibilitou diagnosticar situações que, no futuro, terão de ser evitadas.

Por um lado, a gestão de muitas dessas instituições financeiras manteve-se fiel aos seus princípios tradicionais, não acautelando devidamente os riscos inerentes a uma exposição mais global, provocando, por vezes, situações de rompimento, como foi o caso do Barings no setor bancário ou do Lloyds no setor segurador.

Por outro lado, a crescente integração dos mercados financeiros, nomeadamente as diversas tentativas de alianças entre bolsas de valores no espaço Europeu, as fusões e aquisições além das fronteiras entre bancos, empresas financeiras e seguradoras, aumentou a dificuldade em manter a regulamentação e a supervisão a um nível nacional.

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2.5 Mercados financeiros intertemporais

No mercado financeiro e de capitais está presente uma variedade de produtos e serviços à disposição dos investidores. O processo de seleção dessas alternativas de investimento deveria basear-se em uma análise detalhada e igualmente ponderada de todas as informações relevantes que contribuem para a identificação dos respectivos custos de oportunidade. Essa condição propõe, inicialmente, a existência de investidores racionais dotados de amplo conhecimento técnico e de boa dose de bom senso em suas tomadas de decisões.

Todavia, é importante destacar que nem todos os investidores interpretam da mesma forma as informações relevantes divulgadas no mercado, o que pode ser explicado pelas seguintes condições divergentes e/ou diferentes: crenças, valores, qualidade das informações utilizadas, nível de conhecimento técnico e importância que atribuem às informações qualitativas e quantitativas extraídas do objeto de avaliação.

Como exemplo, considere o processo de tomada de decisão sobre um investimento em previdência privada. A determinação de investir em previdência implica dispor de tempo para analisar alternativas complexas, pensar em diversos cenários sobre a própria vida – o que pode ser desagradável – e, por fim, abrir mão do consumo no presente em favor da expectativa de um futuro mais confortável.

A avaliação sobre o investimento é, ainda, amplamente determinada pelas perspectivas de permanência no emprego, pela provável necessidade de reaver o dinheiro investido, pelo atual estado civil (e pela ocasional alteração desse estado) e pela presença de dependentes e sua situação.

A escolha, muitas vezes, é intertemporal, ou seja, envolve optar entre eventos presentes e futuros, sendo estes últimos evidentemente incertos. A escolha intertemporal envolve, portanto, riscos, como o de não sobreviver para aproveitar o dinheiro poupado, por exemplo. Isso significa trocar satisfação imediata por um prazer maior posterior, porém hipotético.

2.6 Riscos financeiros

O líder financeiro, seja controller ou tesoureiro, deve ter uma noção exata do que sejam os riscos sistemáticos ou não diversificados e não sistemáticos ou diversificados, inclusive, no que tange ao risco país.

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Segundo Assaf Neto (2009), as atividades das instituições bancárias sofrem muito o reflexo das condições econômicas, da política econômica e fiscal, fatores estes muito imprevisíveis. Diante deste quadro, o capital próprio ou patrimônio líquido de uma instituição financeira é muito “dependente do risco assumido em seus negócios, devendo ser suficiente para cobrir eventuais perdas que possam ocorrer” Assaf Neto (2009, p. 32). Além de cobrir tais perdas, o autor afirma que o patrimônio líquido tem que superar o financiamento do ativo permanente para financiar as necessidades mínimas em capital operacional de giro. O montante de capital próprio que uma instituição bancária deve manter é de difícil quantificação prática, devido a esta informação estar muito dependente de fatores cuja exatidão não tem como mensurar. Ainda segundo Assaf Neto (2009), existem alguns índices que auxiliam no cálculo da quantia adequada de capital próprio e algumas autoridades monetárias os utilizam para estabelecerem normas sobre o montante de capital próprio a ser mantido pelas instituições financeiras.

Três conceitos importantes, quando se está investindo no mercado financeiro, são: retorno, incerteza e risco. Retorno pode ser entendido como a apreciação de capital ao final do horizonte de investimento. Infelizmente, existem incertezas associadas ao retorno que efetivamente será obtido ao final do período de investimento. Qualquer medida numérica desta incerteza pode ser chamada de risco.

2.6.1 Tipos de risco

Risco está presente em qualquer operação no mercado financeiro. Risco é um conceito “multidimensional” que cobre quatro grandes grupos: risco de mercado, risco operacional, risco de crédito e risco legal.

Risco de mercado

Risco de mercado depende do comportamento do preço do ativo diante das condições de mercado. Para entender e medir possíveis perdas devido às flutuações do mercado é importante identificar e quantificar o mais corretamente possível as volatilidades e correlações dos fatores que impactam a dinâmica do preço do ativo.

Risco de mercado pode ser dividido em quatro grandes áreas: risco do mercado acionário, risco do mercado de câmbio, risco do mercado de juros e risco do mercado

Três conceitos importantes, quando se está investindo no mercado financeiro, são: retorno, incerteza e risco.

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de commodities. É possível que alguns instrumentos tenham seus riscos considerados separadamente dentro das quatro áreas acima. Por exemplo, quando consideramos um contrato futuro no IBOVESPA negociado na BM&F temos dois tipos de risco:

a) risco do mercado acionário, que pode ser aproximado por um fator de mercado como o IBOVESPA;

b) risco do mercado de juros, que pode ser aproximado por um grupo de fatores de mercado relacionado à estrutura a termo dos juros brasileiros.

Risco operacional

Risco operacional está relacionado a possíveis perdas como resultado de sistemas e/ou controles inadequados, falhas de gerenciamento e erros humanos.

Risco operacional pode ser dividido em três grandes áreas:

a) risco organizacional: está relacionado com uma organização ineficiente, administração inconsistente e sem objetivos de longo prazo bem definidos, fluxo de informações internas e externas deficientes, responsabilidades mal definidas, fraudes, acesso a informações internas por parte de concorrentes etc.;

b) risco de operações: está relacionado com problemas como overloads, que são sobrecargas de sistemas como: telefonia, elétrico, computacional etc., processamento e armazenamento de dados passíveis de fraudes e erros, confirmações incorretas ou sem verificação criteriosa etc.;

c) risco de pessoal: está relacionado com problemas como empregados não-qualificados e/ou pouco motivados, personalidade fraca, falsa ambição, “carreiristas” etc.

Risco de crédito

Risco de crédito está relacionado a possíveis perdas quando um dos contratantes não honra seus compromissos. As perdas aqui estão relacionadas aos recursos que não mais serão recebidos.

Risco de crédito pode ser dividido em três grupos:

a) risco do país: como no caso das moratórias de países latino-americanos;

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b) risco político: quando existem restrições ao fluxo livre de capitais entre países, estados, municípios etc. Este pode ser originário de golpes militares, novas políticas econômicas, resultados de novas eleições etc.;

c) risco da falta de pagamento: quando uma das partes em um contrato não pode mais honrar seus compromissos assumidos.

Risco legal

Finalmente, o risco legal está relacionado a possíveis perdas quando um contrato não pode ser legalmente amparado. Podem-se incluir aqui riscos de perdas por documentação insuficiente, insolvência, ilegalidade, falta de representatividade e/ou autoridade por parte de um negociador etc.

Nem sempre é fácil diferenciar qual o tipo de risco presente em determinada situação. O tipo de risco pode variar dependendo da ótica sob a qual o problema é observado. Podemos ilustrar esta situação por meio de um exemplo bastante simples. Suponhamos que o Banco X tenha sofrido perdas substanciais no mercado acionário por dois motivos:

a) uma aposta mal sucedida feita em um grupo de ações, muito embora todos os riscos da operação fossem conhecidos. Neste caso, temos risco de mercado;

b) a segunda parte das perdas deveu-se a um operador que tomou posições no mercado de futuros sem conhecimento prévio do comitê de investimentos. Neste caso, temos risco operacional devido à falta de controles internos efetivos.

2.7 Carteiras financeiras

Uma carteira de investimento é um conjunto de investimentos que compõem um patrimônio formado por um investidor com o objetivo de capitalização do valor investido. Não há limite inferior ou superior: é possível ter uma carteira com somente um ativo ou com muitos ativos de várias naturezas, tangíveis (como imóveis) e intangíveis (como títulos).

Ao começar o primeiro investimento, o investidor criou sua carteira de investimento. A quantidade e o tipo de ativos para compor uma carteira dependem do perfil do investidor. À medida que novos investimentos são adicionados à carteira, esta carteira passa a ter um ou outro comportamento da rentabilidade.

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Ter uma carteira de investimentos bem gerenciada é importante para concretizar o desejo do investidor com seus objetivos pessoais. A forma como é gerenciada a carteira de investimento, na escolha dos ativos, interfere diretamente no retorno potencial que a carteira pode dar ao investidor.

A diversificação é a pulverização do investimento entre diversos ativos, de forma minimizar o risco geral da carteira sem comprometer muito o retorno. Gerenciar uma carteira de investimentos está diretamente ligado ao conceito de diversificação. O grande benefício da diversificação está na melhoria da relação risco/retorno.

Criar uma carteira de investimentos envolve decisões em três dimensões:

�� tempo de investimento;�� capital investido;�� nível de risco aceito.

É preciso conhecer os produtos de investimento também, para saber quais proporções serão utilizadas para cada produto, dependendo do seu perfil de investidor.

Descobrir seu próprio perfil de investimento irá definir qual a composição inicial entre renda fixa e renda variável da carteira de investimento. Um perfil conservador exige uma predominância de renda fixa. Um perfil moderado permite o equilíbrio entre os dois tipos. Um perfil arrojado permite a presença maior da renda variável.

2.8 Ebitda

Ebitda significa, em inglês, Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization. Em português significa: lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização. É um termo muito utilizado por analistas financeiros na análise de balanços contabilísticos de empresas cotadas na Bolsa.

O Ebitda é utilizado para comparar a rentabilidade de uma empresa com outras empresas do mesmo tamanho na mesma indústria, mas que podem ter diferentes níveis de dívida ou diferentes situações fiscais.

A diversificação é a pulverização do investimento entre diversos ativos, de forma minimizar o risco geral da carteira sem comprometer muito o retorno.

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Ebitda pode ser utilizado para analisar e comparar a lucratividade entre as empresas e indústrias porque elimina os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis. No entanto, esta é uma medida não-GAAP, ou seja, não reconhecida pelo conjunto comum de princípios contábeis, normas e procedimentos que as empresas utilizam para compilar as suas demonstrações financeiras. GAAP é uma combinação de padrões de autoridade (conjunto pelos conselhos de políticas) e simplesmente as formas comumente aceitas de gravação e divulgação de informações contábeis que permitem maior discrição em termos do que é (e não é) incluído no cálculo. Isso também significa que as empresas costumam alterar os itens incluídos no seu cálculo do Ebitda de um período para o outro.

A análise financeira baseada nesse mecanismo entrou em cena durante o boom de compras alavancadas nos anos 1980, quando foi usado para indicar a capacidade de uma empresa a serviço da dívida. Com o tempo, tornou-se popular em indústrias. Com o desenvolvimento das organizações, esse mecanismo de Ebitda é citado comumente por muitas empresas, especialmente no setor de tecnologia, mesmo quando não se justifica. Um equívoco comum é que o Ebitda representa ganhos em dinheiro e é uma boa métrica para avaliar a rentabilidade, mas não fluxo de caixa. O Ebitda também deixa de fora o dinheiro necessário para financiar capital de giro e a substituição de equipamentos antigos, que pode ser significativo, sendo frequentemente usado como um artifício contábil para vestir-se ganhos de uma empresa. Investidores não devem olhar o balanço financeiro sozinho, mas também devem olhar para outras medidas de desempenho para ajudar a identificar se uma empresa está escondendo alguma coisa em seus resultados.

2.9 Payback

O método do payback representa o período de recuperação do investimento inicial. É obtido calculando-se o número de anos que será necessário para que os fluxos de caixa futuros acumulados igualem o montante do investimento inicial.

Esta alternativa pressupõe inicialmente a definição de um limite de tempo máximo para retorno do investimento. Após a definição deste prazo, é analisado o fluxo de recursos do projeto, comparando o volume necessário de investimento com os resultados a serem alcançados futuramente, verificando o período em que o saldo tornou-se igual a zero. Se esse prazo de recuperação for um período aceitável pelos proprietários, então o projeto será efetivado; caso contrário, será descartado.

Podemos aplicar o método payback de duas formas: payback simples e payback descontado.

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Payback simples

O payback é uma das técnicas de análise de investimento mais comuns que existem. Consiste em umas das alternativas mais populares ao VPL (Valor Presente Líquido). Sua principal vantagem em relação ao VPL consiste no fato de que a regra do payback leva em conta o tempo do investimento e, consequentemente, é uma metodologia mais apropriada para ambientes com risco elevado.

Este método visa calcular o número de períodos ou quanto tempo o investidor irá precisar para recuperar o investimento realizado. Um investimento significa uma saída imediata de dinheiro. Em contrapartida se espera receber fluxos de caixa que visem recuperar essa saída. O payback calcula quanto tempo isso irá demorar.

As pessoas (inclusive as que não têm muito conhecimento em finanças) usam constantemente esse método e a fórmula para calcular o payback é:

Payback Simples = Saldo a recuperar Cashflow

Ano antes da recuperação +

Podemos considerar alguns pontos importantes referentes à utilização do método payback simples como:

Vantagens

1) de fácil compreensão;

2) leva em conta a incerteza de fluxos de caixa mais distantes;

3) tem um viés em favor da liquidez (quanto mais curto o tempo do retorno, ou quanto menor o payback, maior a liquidez do projeto e, por conseguinte, menor o risco);

4) mostra o ponto de equilíbrio contábil de um projeto ou de uma empresa.

Desvantagens

1) ignora o valor do dinheiro no tempo;

2) exige um período de corte arbitrário;

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3) ignora fluxos de caixa além da data de corte;

4) tem um viés contra projetos de longo prazo, tais como os de pesquisa e desenvolvimento de novos projetos.

Payback descontado

Segundo Souza e Clemente (2008), payback descontado é o tempo necessário para recuperação do investimento em um determinado projeto, mas que depende da taxa de desconto considerada e tem como objetivo considerar o valor do dinheiro com o passar do tempo.

Este método tem vantagem em relação ao payback simples porque ele questiona quantos períodos serão necessários para o projeto ser aceito em termos de valor presente líquido. Isso quer dizer que é dada uma ponderação igual a todos os fluxos, antes do período limite, mas ele continua a não considerar os fluxos de caixa que ocorrem após o período.

Para o método de payback descontado utilizamos a fórmula de cálculo abaixo:

Payback Descontado= Saldo a recuperar Cashflow (Valor presente)

Ano antes da recuperação +

Com a utilização do método payback descontado destacamos as principais limitações desse método que são:

1) ter o enfoque total na variável tempo, não se preocupando com os possíveis fluxos de caixa após o tempo de recuperação do investimento;

2) não desconta os fluxos de caixa adequadamente, pois para ele não importa a “sobra” do investimento;

3) determinar o período de payback é um tanto arbitrário, pois para que o payback seja o desejado pode-se incorrer em taxas de juros que não são as praticadas pelo mercado.

2.10 Economic Value Added (EVA) e MVA

Economic Value Added, por definição, o EVA, como é mais conhecido, é um modelo que foi criado para a utilização em empresas, como fonte de informação relacionada

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à criação de valor ao acionista, que possibilita o conhecimento e a mensuração do desempenho empresarial.

O conceito de valor econômico agregado ou adicionado (Economic Value Added) foi criado por Joel Stern e Bernnett G. Stewart durante os anos de 1980. Ambos presidem a empresa de consultoria Stern & Stewart, com sede em Nova York. O conceito deriva da abordagem do lucro econômico, o qual mede o valor criado em um negócio em um período de tempo que é dado, sinteticamente, pela seguinte fórmula:

Lucro econômico = capital investido x (retorno sobre o capital investido – custo do capital investido).

O EVA é, basicamente, utilizado para calcular a riqueza criada em determinado espaço de tempo, buscando exatamente o cálculo da rentabilidade real de um capital aplicado.

O EVA é considerado um modelo bastante complexo que apresenta certas limitações de aplicação. A maior crítica oferecida é a do uso de ajustes contábeis, tão arbitrários quanto as regras de contabilização inicialmente utilizadas para o ajuste das demonstrações utilizadas no cálculo. De qualquer modo, o valor da empresa através do modelo é dado pela adição ao capital dos acionistas do valor presente do valor econômico adicionado pela empresa, considerando o custo de capital e a expectativa de crescimento futuro.

As grandes virtudes do EVA, tratadas pelos autores da área, envolvem variáveis de gerenciamento e de participação dos envolvidos nos conceitos de criação de valor para o acionista. A expectativa e o crescimento futuro da empresa são direcionados por conceitos que envolvem gastos com pesquisa e desenvolvimento, vendas e marketing como investimentos para melhoria de desempenho, habilidades para diferenciação do produto, entre muitas outras.

São as variáveis de mensuração da criação de valor, que, agregadas ao capital, fornecem o valor da empresa. Assim, o valor da empresa no mercado é a razão direta de seu desempenho como organização geradora de valor ao acionista, baseada em seus resultados.

Um conceito muito relacionado ao do EVA é o do MVA (Market Value Added). O MVA é um indicador que mede a criação de valor de uma empresa em relação aos recursos atribuídos ao negócio, em termos de mercado, ou seja, a diferença entre o valor de mercado da empresa e o capital investido pelos acionistas. O MVA mede a geração de valor de uma empresa em relação aos investimentos realizados.

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3 ConclusãoNo contexto de organizações modernas, a administração financeira passou a exercer papel preponderante, monitorando dados e permitindo a adoção mais imediata de medidas corretivas e/ou preventivas em planos e programas de desenvolvimento e crescimento da empresa.

Além disso, apoiando e fornecendo subsídios para os diversos gestores no planejamento e controle das atividades operacionais, comerciais, financeiras, administrativas e tributárias, estes serviços partem da premissa da integração de diversos setores de uma organização.

Assim, procurou-se discutir neste artigo a importância da Administração Financeira e da Análise Financeira através dos principais pontos de índices financeiros. Foi também levantado referencial sobre a análise financeira por meio de índices, primeiramente tratando sobre sua importância e depois passando aos seus grupos de índices, os quais foram tratados individualmente. Os índices foram divididos em indicadores de Solvência e Liquidez, Estrutura de Capital e Risco e de Rentabilidade e Lucratividade.

4 SínteseQuando falamos de finanças empresariais é imprescindível conhecer um termo mais amplo: Finanças, que significa “a arte e a ciência da gestão de ativos financeiros”. Essa arte é tão importante na empresa que mesmo os profissionais de áreas muito subjetivas, como Recursos Humanos e Marketing, precisam entender de Finanças, pois as decisões e as ações de um negócio têm implicações financeiras.

Conhecemos um pouco também sobre a análise financeira que atende a vários usuários, como clientes, fornecedores, credores, acionistas, investidores, governos, funcionários e pode atender até mesmo concorrentes. Esses usuários buscam, da análise financeira, informações para a tomada de decisões retiradas das demonstrações contábeis.

Vimos que a administração consiste em gerência, controle e direção de empresas públicas ou privadas, tendo como objetivo maior produtividade e lucratividade. Para se chegar a isso, o administrador avalia os objetivos organizacionais e desenvolve as estratégias necessárias para alcançá-los. Algumas funções básicas da administração são: função técnica, função comercial, função financeira, função segurança, função contábil e função administrativa.

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Segundo Assaf Neto (2009), as atividades das instituições bancárias sofrem muito o reflexo das condições econômicas, da política econômica e fiscal, fatores estes muito imprevisíveis. Diante desse quadro, o capital próprio ou patrimônio líquido de uma instituição financeira é muito “dependente do risco assumido em seus negócios, devendo ser suficiente para cobrir eventuais perdas que possam ocorrer” (ASSAF NETO, 2009, p. 22). Alguns tipos de riscos presentes são: risco de mercado, risco operacional, risco de crédito e risco legal.

Consciente da falta de conhecimentos, por parte dos empresários, sobre as finanças empresariais, foram evidenciados conceitos sobre a importância da Administração Financeira e do Administrador Financeiro, bem como os Demonstrativos Financeiros utilizados para o desempenho de suas funções e, ainda, uma visão geral sobre a situação da Administração Financeira das Micro e Pequenas Empresas.

5 Questões para reflexão1) Analisando as organizações sob a ótica da gestão financeira comente sobre a

importância da análise financeira para as empresas.

2) Qual a relação entre o administrador e a gestão financeira?

3) Quais tipos de riscos estão presentes no mercado financeiro e como estes riscos são caracterizados?

4) O que é Ebitda e como ele deve ser utilizado pelas organizações?

5) O que é payback? Qual a diferença entre o payback simples e o descontado?

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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ReferênciasASSAF NETO, A. Mercado financeiro. Ribeirão Preto: Inside Books, 2009.

BRIGHAM, E. F.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira. Teoria e prática. 10. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

CHIAVENATO, I. Administração financeira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

FAYOL, H. Administração industrial e geral. Tradução de Irene de Bjano e Mário de Souza. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1960.

OLIVEIRA, D. de P. R. de. Manual de consultoria empresarial: conceitos, metodologia, práticas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2008.

SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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ARTIGO

Gestão Estratégicade Custos

Gestão de custos: métodos de custeio

Sobre o autorLiêda Amaral de Souza, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, especialista em Custos pelo Instituto Superior de Estudos Contábeis da Fundação Getúlio Vargas - ISEC-FGV-RJ, mestre em Engenharia da Produção pela UFRN, doutoranda em Tecnologia e Sistemas de Informações pela Escola de Engenharia da Universidade do Minho – Portugal (em fase de conclusão de tese), professora das Disciplinas de Gestão de Custos, Planejamento e Contabilidade Tributária e Contabilidade Gerencial da Universidade Potiguar - UnP. Membro do painel de especialistas do FMI (Fiscal Affair Department of the International Monetary Fund) desde 2003. Diversas participações em missões técnicas internacionais em matéria tributária e de gestão de riscos (Argentina, Chile, Portugal, México, Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Irlanda, Espanha, Itália, Suíça e Moçambique) e instrutora da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization). Professora de cursos MBA da Fundação Getúlio Vargas - FGV - Brasília, no período de 2003 a 2008.

Para mais informações, acesse: <http://lattes. cnpq.br/7703650553090691>.

Revisor de conteúdo: Rodrigo José Guerra Leone

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Gestão de custos: métodos de custeio

1 IntroduçãoAs organizações empresariais estão inseridas em um contexto competitivo, no qual o objetivo primordial é gerar lucros para remuneração dos sócios e acionistas e, principalmente, manter suas atividades operacionais. No ambiente empresarial existem informações contábeis qualitativas e quantitativas que auxiliam os gestores a tomarem decisões.

Na prática, encontramos dois subsistemas contábeis principais. O primeiro é caracterizado como Contabilidade Financeira, estruturado a partir de normativos legais e com obediências aos princípios fundamentais de Contabilidade, atendendo, simultaneamente, a usuários internos e externos. O segundo é caracterizado como Contabilidade Gerencial, estruturado exclusivamente para atender os usuários internos com informações contextualizadas ao problema a ser solucionado (PARISI e MEGLIORINI, 2011).

Os fundamentos contábeis na era mercantilista, séculos 16 e 17, deram suporte à Contabilidade Financeira (ou Geral). De acordo com Martins (2010), essa contabilidade foi desenvolvida na era Mercantilista e estava bem estruturada para servir as empresas comerciais. Com o advento da Revolução Industrial, originou-se a Contabilidade de Custos, como complemento à Contabilidade Financeira.

Inicia-se o presente artigo com uma abordagem sobre os conceitos fundamentais para a Contabilidade de Custos, bem como as principais semelhanças e diferenças entre a Contabilidade de Custos e a Contabilidade Financeira, compreendendo seus conceitos básicos subjacentes, seus princípios norteadores, objetivos e finalidades da contabilidade de custos e sua classificação. Em seguida, destacam-se os métodos de custeio e seus efeitos sobre o lucro e o processo de decisão. Por fim, uma análise de custo/volume/lucro.

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2 DesenvolvimentoA Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade Financeira, quando houve a necessidade de avaliar estoques na indústria. Seus princípios derivam dessa finalidade primeira (MARTINS, 2010).

A contabilidade de custos é o ramo da contabilidade que se destina a produzir informações para diversos níveis gerenciais e é voltada à análise dos gastos realizados pela entidade no decorrer de suas operações. A contabilidade de custos pode ser vista sob dois aspectos: o auxílio ao controle e a ajuda no processo de tomada de decisões.

“Na verdade, um sistema de custo não tem fim em si mesmo, ele tem o objetivo de gerar informações contábeis, quais só têm validade se puderem ser utilizadas para o gerenciamento e para auxílio à tomada de decisão.” (PADOVEZE, 2003, p. 12)

Dentro dessa perspectiva, podemos destacar que a gestão de custos trata de questões vitais para decisões de planejamento de produção, do tipo: (1) O que vamos fabricar? (2) Quanto irá custar? (3) Por quanto vamos vender? (4) Qual o melhor mix de produção, ou seja, aonde é melhor investir os recursos da empresa? (5) Vale a pena ratear? (6) Em caso positivo, como? (7) Que vantagens e desvantagens para a tomada de decisão decorreram dessas decisões (de ratear ou não e de como ratear)?

Como sistema de informação, a Contabilidade de Custos disponibiliza os dados e informações necessários para que se realize a medição do desempenho organizacional. Isso decorre em função da sua estreita ligação com as funções de planejamento, orçamento e controle, permitindo ao administrador estabelecer uma clara ligação entre as informações de custos e a estratégia organizacional adotada.

2.1 Terminologia em custos industriais

A maioria das organizações industriais classifica os custos de produção em três categorias amplas: matéria-prima direta, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação (gastos gerais de fabricação). Os custos dos produtos incluem todos os custos envolvidos na aquisição ou fabricação de um produto. A utilização de uma

A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade Financeira, quando houve a necessidade de avaliar estoques na indústria. Seus princípios derivam dessa finalidade primeira (MARTINS, 2010).

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terminologia homogênea facilita o entendimento dos principais aspectos relacionados à Contabilidade de Custos. Faremos, a seguir, uma breve discussão das principais definições relacionadas ao aprendizado de custos.

Matérias-primas diretas (MP) – são os materiais utilizados para fazer um produto e são incorporadas aos produtos finais. O custo dos estoques normalmente é identificado pelo valor do documento de aquisição (nota fiscal ou fatura). Entretanto, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 16 – Estoques, o valor do custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação.

O custo de aquisição dos estoques de matérias-primas compreende o custo líquido das compras (excluídos os impostos recuperáveis e adicionados os custos incorridos adicionalmente até a chegada do item no estabelecimento da empresa, tais como transporte, seguros e manuseio).

Mão de obra direta (MOD) – refere-se aos custos de mão de obra que podem ser diretamente vinculáveis aos produtos. Os custos de mão de obra que não podem ser fisicamente vinculados aos produtos são chamados de mão de obra indireta e tratados como custos indiretos de fabricação.

Custos indiretos de fabricação (CIF) – também são chamados de gastos gerais de produção ou overheads de produção e abrangem todos os demais custos de produção (exceto matéria-prima direta e mão de obra direta). Segundo Bornia (2009), essa classificação teve origem nos primórdios da contabilidade, quando os custos de matéria-prima e mão de obra direta representavam a grande maioria dos custos e o restante dos itens foi agrupado numa classe comum, já que não eram relevantes.

Custo primário – é o somatório das matérias-primas diretamente consumidas com a mão de obra direta. Resulta nos recursos mínimos necessários para produzir.

Custos diretos - são aqueles que podem ser facilmente associáveis a um determinado produto. Incluem matérias-primas, mão de obra direta e outros materiais diretos. Para Horngren et al. (2000, p. 20), os “custos diretos são os custos que estão relacionados a um determinado objeto de custo e que podem ser identificados com este de maneira economicamente viável”.

Os tipos diferentes de custos comportam-se de maneiras diferentes. Talvez, a chave para se entender o comportamento dos custos seja distinguir os custos variáveis dos fixos.

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Custos fixos – Para Koliver (2002, p. 30), “custos fixos são aqueles que tendem a permanecer num determinado nível, entre certos limites no uso da capacidade instalada da entidade”.

Custos variáveis - Para Dutra (1995, p. 37), “define-se custos variáveis como os custos que variam em função da variação do volume de atividade, ou seja, da variação da quantidade produzida no período”.

Quadro 1 – Características dos custos fixos e variáveis

CARACTERÍSTICASCustos Fixos Custos VariáVeis

�� o valor total permanece constante dentro de determinada faixa da produção;

�� o valor por unidade produzida varia à medida que ocorre alteração do volume de produção, por tratar de um valor fixo diluído por uma quantidade maior;

�� sua alocação para os departamentos ou centros de custos necessita, na maioria das vezes, de critérios de rateios determinados pelo contador de custos;

�� a variação dos valores totais pode ocorrer em função de desvalorização da moeda ou por aumento/redução significativa do volume de produção.

�� seu valor total varia na proporção direta do volume de produção;

�� o valor é constante por unidade, independentemente da quantidade produzida;

�� a alocação aos produtos ou centros de custos é, normalmente, feita de forma direta, sem a necessidade de utilização de critérios de rateios.

Fonte: Souza (2011)

Despesas diretas: são as que podem ser facilmente quantificadas e apropriadas em relação às receitas de vendas e de prestação de serviços. Para cada bem vendido, é possível identificar o custo incorrido em sua aquisição ou produção, os impostos incidentes sobre o faturamento etc.

Despesas fixas: são as despesas que permanecem constantes, independentemente do volume de vendas ou de prestação de serviços. Por exemplo, as comissões pagas aos vendedores são consideradas despesas variáveis, pois o seu valor é em função do volume de vendas, enquanto o aluguel do escritório da administração é uma despesa fixa, que deve ser paga independentemente do volume de vendas.

Despesas variáveis: são as despesas que variam proporcionalmente às variações no volume das receitas. Exemplos: impostos sobre faturamento, comissões sobre venda e serviços.

Custos de transformação ou de conversão – é o somatório dos custos indiretos de fabricação à mão de obra direta. Em regra, são os custos necessários para converter matéria-prima em produto final.

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2.2 Gastos, custos e despesas

A definição de um custo como custo de produto ou despesa do período pode exercer um impacto relevante na demonstração de resultado do exercício da empresa. Além das várias classificações possíveis, muitos conceitos são utilizados para distinguirmos os custos.

Gasto – aquisição de produto ou serviço qualquer que gera sacrifício financeiro para a entidade. Sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos (MARTINS, 2010).

Custo – gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços (MARTINS, 2010).

Despesa – é o valor dos insumos consumidos para o funcionamento da empresa e não identificados com a fabricação (BORNIA, 2009). Geralmente são relacionados com a administração geral da empresa e a comercialização do produto. Para Martins (2010), trata-se de bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.

2.3 Outras definições básicas de contabilidade de custos

Custo de oportunidade – “é o benefício em potencial que é sacrificado quando uma alternativa é escolhida em detrimento de outra.” (GARRISON, NOREEN e BREWER, 2007, p. 41)

Investimento – gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros.

Perda ou desperdício

Perdas são insumos consumidos de forma anormal e involuntária (MARTINS, 2010). As perdas são separadas dos custos, não sendo incorporadas aos estoques. O conceito de desperdício é mais abrangente que o de perdas, pois significa o valor do esforço econômico que não agrega valor ao produto, englobando, além das perdas normais,

A definição de um custo como custo de produto ou despesa do período pode exercer um impacto relevante na demonstração de resultado do exercício da empresa. Além das várias classificações possíveis, muitos conceitos são utilizados para distinguirmos os custos.

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também as ineficiências do produto (BORNIA, 2009). As perdas podem ser gastos não intencionais decorrentes de fatores externos, fortuitos (perdas anormais) ou da atividade normal da empresa (perdas normais).

Perdas normais: são apropriadas aos produtos em elaboração e se constituem em custos de produção. Exemplo: parte de chapa de aço inservível1 após corte de peça.

Perdas anormais: são apropriadas diretamente ao resultado do exercício. Exemplo: salário dos operários da produção durante período de greve.

Custo corrente de reposição – é o custo que a entidade incorreria para adquirir o ativo na data da demonstração contábil.

Estoques – são ativos na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos no processo de produção; na forma de materiais ou suprimentos a serem empregados na prestação de serviços; mantidos para venda ou distribuição no curso normal das operações ou no processo de produção para venda ou distribuição (NBC-TSP-12).

2.4 Princípios contábeis aplicados a custos

A Resolução CFC nº 1.282/10 trata dos Princípios Contábeis. Verificaremos nesse capítulo alguns princípios contábeis aplicados à contabilidade de custos.

2.4.1 Princípio da oportunidade

Refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância. Por isso, é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.

2.4.2 Princípio do registro pelo valor original

Determina que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. As seguintes

1 De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, significa: Adj. Que não serve, sem utilidade, imprestável.

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bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:

I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações.

II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:

a) custo corrente: os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis;

b) valor realizável: os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que se espera que seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade;

c) valor presente: os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera que seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera que seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade;

d) valor justo: é o valor pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo liquidado entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e

e) atualização monetária: os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

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São resultantes da adoção da atualização monetária:

I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;

II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e

III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período.

2.4.3 Princípio da competência

Determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.

2.4.4 Princípio da prudência

Determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

O Princípio da Prudência impõe a escolha da hipótese que resulte em menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais (Resolução CFC nº 1.282/10).

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2.5 Métodos de custeio

Uma das tarefas mais complexas na Contabilidade prende-se aos aspectos de apuração e determinação dos custos dos estoques e tem reflexo direto na apuração do resultado do exercício. Cabe aos métodos de custeio definir quais gastos devem fazer parte da apuração do custo unitário dos produtos e serviços finais (PADOVEZE, 2003).

No âmbito do processo de mensuração e custeio, há uma diversidade de métodos pautada pela multiplicidade de informações necessárias para atender aos diversos tipos de usuários da Contabilidade de Custos.

Para Crepaldi (2004, p. 223), “custear significa acumular, determinar custos. Custeio ou custeamento são métodos de apuração de custos, maneiras segundo as quais procederemos à acumulação e apuração dos custos.” Métodos de custeio são formas de determinar os valores de custos dos bens, mercadorias ou serviços.

Há duas questões básicas em estudo:

1) quais custos considerar na mensuração; 2) como esses custos devem ser tratados.

Nesta sessão abordaremos os métodos mais comumente referendados na literatura contábil brasileira: Custeio por Absorção, Custeio Variável e Custeio Baseado nas Atividades.

2.5.1 Custeio por absorção

“O Custeio por Absorção ou Custeio Pleno consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos” (CREPALDI, 2004, p. 83). Trata-se de um método totalmente aderente aos princípios contábeis e reconhecido tanto pela legislação societária, quanto pela legislação fiscal.

Uma das tarefas mais complexas na Contabilidade prende-se aos aspectos de apuração e determinação dos custos dos estoques e tem reflexo direto na apuração do resultado do exercício. Cabe aos métodos de custeio definir quais gastos devem fazer parte da apuração do custo unitário dos produtos e serviços finais (PADOVEZE, 2003).

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A principal característica do custeio por absorção reside, portanto, no fato de que os custos de transformação dos estoques incluem todos os custos gerados durante o processo produtivo. Assim sendo, apropriam-se à produção todos os custos, fixos e variáveis, diretos e indiretos.

Os custos fixos e variáveis são agregados aos estoques e lançados ao resultado apenas quando da venda do produto, ou seja, incluem custos diretamente relacionados às unidades de produção, tais como matérias-primas e mão de obra direta, e também incluem os custos indiretos de produção, sejam eles fixos ou variáveis (aluguel da fábrica, iluminação da fábrica, depreciação de instalações e equipamentos fabris etc.).

De acordo com Padoveze (2003, p. 79), “O processo de distribuição de gastos indiretos e fixos aos produtos e serviços finais é mais comumente denominado rateio, sendo utilizadas também as denominações alocação ou apropriação de custos indiretos aos produtos.”

Para melhor exemplificação, o Professor Eliseu Martins (MARTINS, 2010) apresenta o fluxo básico do custeio por absorção (sem departamentalização), o qual pode ser visualizado na Figura 1 – Esquema Básico de Custeio por Absorção (sem departamentalização), enquanto na Figura 2, procuramos apresentar um fluxo mais detalhado.

Figura 1 - Esquema básico de custeio por absorção - sem departamentalização

Disponível

Indiretos Diretos

Rateio

Produto A

Produto B

Produto C

Estoque

Resultado

Custos dos produtosvendidos

Despesas

Vendas

Fonte: Martins (2010, p. 62)

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Conforme podemos observar, o esquema de custeio representado na Figura 1 (sem departamentalização) passa por três passos básicos: separação entre custos e despesas, apropriação dos custos diretos e apropriação dos custos indiretos.

Figura 2 - Fluxo detalhado do custeio por absorção

Compras líquidas de matérias primas

(+) Estoque inicial de matérias primas (+) Estoque final de matérias primas

= Matérias primas requisitadas

(+) Mão de obra direta + Custos indiretos de fabricação

= Custo de produção do período (CPP)

+ Estoque inicial de produtos em processo (-) Estoque final de produtos em processo

= Custo de produção acabada no período (CPA)

= Custo de produtos vendidos

+ Estoque inicial de produtos acabados (-) Estoque final de produtos acabados

Fonte: Souza (2011)

Os Produtos acabados são unidades já concluídas e ainda não vendidas a clientes (disponíveis em estoque para venda). Recebem os débitos pela transferência da conta de produtos em processos e os créditos pelas vendas ou transferência da fábrica para outras unidades filiais.

Os Produtos em processo (em elaboração ou em andamento), por sua vez, envolvem unidades de produtos parcialmente concluídas e que exigem processamento adicional para ficarem prontas. Recebem os débitos de todos os custos de matérias-primas requisitadas do almoxarifado e que estão em processo de transformação e os demais custos diretos e indiretos relativos à produção não concluída no período. Ao término dos produtos, seus custos são transferidos para a conta Estoques de Produtos Acabados.

Exemplo:

(Exame CFC-CONTADOR – 2º/2000) - Uma empresa produziu, no mesmo período, 100 unidades de um produto A, 200 unidades de um produto B e 300 unidades de um produto C. Considerando R$ 176,25 de custos indiretos e que os custos diretos unitários de matérias-primas foram, respectivamente, R$ 1,50, R$ 0,90 e R$ 0,60 e

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os custos unitários de mão de obra direta, R$ 0,60, R$ 0,30 e R$ 0,25, o custo final indireto unitário de cada produto, proporcional ao custo direto total de cada produto, será, respectivamente:

a) R$ 52,00, R$ 60,00 e R$ 63,75.

b) R$ 210,00, R$ 240,00 e R$ 255,00.c) R$ 3,86, R$ 2,08 e R$ 1,44.d) R$ 0,52, R$ 0,30 e R$ 0,21.

SOLUÇÃO:

Custos diretos:

Produto A = 100 unidades x (R$ 1,50 + R$ 0,60) = R$ 210,00Produto B = 200 unidades x (R$ 0,90 + R$ 0,30) = R$ 240,00Produto C = 300 unidades x (R$ 0,60 + R$ 0,25) = R$ 255,00Total dos custos diretos = R$ 210,00 + R$ 240,00 + R$ 255,00= R$ 705,00Rateio dos custos indiretos totais com base nos custos diretos totais por produto:Produto A = (R$ 210,00 / R$ 705,00) x R$ 176,25 = R$ 52,50Produto B = (R$ 240,00 / R$ 705,00) x R$ 176,35 = R$ 60,03Produto C = (R$ 255,00 / R$ 705,00) x R$ 176,35 = R$ 63,78

Custos unitários:

Produto A = R$ 52,50 / 100 unidades = R$ 0,52Produto B = R$ 60,03 / 200 unidades = R$ 0,30Produto C = R$ 63,78 / 300 unidades = R$ 0,21

Considere as informações a seguir para responder a próxima questão:

A empresa apresentou os seguintes saldos no mês de agosto:

Materiais diretos R$ 400.000,00Depreciação de equipamentos administrativos R$ 15.000,00Vendas R$ 650.000,00Depreciação de equipamentos de fábrica R$ 25.000,00Energia elétrica consumida na fábrica R$ 80.000,00Mão de obra direta R$ 15.000,00

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Salário da equipe de vendas R$ 6.000,00Materiais indiretos R$ 3.000,00Salário da equipe de administração R$ 3.000,00Mão de obra indireta R$ 70.000,00Seguro das instalações fabris R$ 2.000,00Total R$ 1.269.000,00

Posição dos estoques

Estoques Julho 2001 Agosto 2001Matéria-prima R$ 50.000,00 R$ 20.000,00Produtos em elaboração R$ 40.000,00 R$ 20.000,00Produtos acabados R$ 40.000,00 R$ 20.000,00

(CFC-CONTADOR – 2º/2001) Indique, respectivamente, a alternativa que concentra os Custos Apropriados à Produção e os Custos dos Produtos Vendidos:

a) R$ 589.000,00 e R$ 615.000,00.b) R$ 592.000,00 e R$ 655.000,00.c) R$ 593.000,00 e R$ 635.000,00.d) R$ 595.000,00 e R$ 635.000,00.

SOLUÇÃO:

Descrição ValorMateriais diretos R$ 400.000,00Depreciação de equipamentos da fábrica R$ 25.000,00Energia consumida na fábrica R$ 80.000,00Mão de obra direta R$ 15.000,00Materiais indiretos R$ 3.000,00Mão de obra Indireta R$ 70.000,00Custos apropriados à produção no período R$ 595.000,00

Custo da produção acabada = Estoque inicial produtos em elaboração + Custo apropriados à produção no período – Estoque final produtos em elaboração

Custo da produção acabada = R$ 40.000,00 + R$ 595.000,00 – R$ 20.000,00Custo da produção acabada = R$ 615.000,00Custo dos produtos vendidos = Estoque inicial produtos acabados + Custo produção Acabada – Estoque final produtos acabados

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Custo dos produtos vendidos = R$ 40.000,00 + R$ 615.000,00 – R$ 20.000,00Custo dos produtos vendidos = R$ 635.000,00

Equivalente de produção

O conceito de equivalente de produção é utilizado quando a produção é contínua e, ao final do período, a indústria apresenta estoques de produtos acabados e produtos em elaboração. A indústria, então, determina qual o nível de produção dos produtos em elaboração e, consequentemente, consegue chegar ao custo médio dos produtos acabados.

Exemplo:

(CFC-CONTADOR – 2º/2004) No mês de agosto de 2004, foi iniciada a produção de 1.700 unidades de um determinado produto. Ao final do mês, 1.400 unidades estavam totalmente concluídas e restaram 300 unidades em processo, as quais estavam 75% acabadas. O Custo Total de Produção do período foi de R$ 640.250,00. O Custo de Produção dos Produtos Acabados e o Custo de Produção dos Produtos em Processo são, respectivamente:

a) R$ 527.264,71 e R$ 112.985,29.b) R$ 551.600,00 e R$ 88.650,00.c) R$ 555.512,00 e R$ 84.738,00.d) R$ 640.250,00 e R$ 0,00.

SOLUÇÃO:

Equivalente de produção = unidades concluídas + (unidades em processo x percentual de conclusão)

Equivalente de produção = 1.400 un. + (300 un. x 0,75) = 1.400 un. + 225 un. = 1.625 un.Custo unitário de produção = R$ 640.250,00 / 1.625 un.Custo unitário de produção = R$ 394,00Custo dos produtos acabados = 1.400 un. x R$ 394,00Custo dos produtos acabados = R$ 551.600,00Custo dos produtos em processo = 225 un. x R$ 394,00Custo dos produtos em processo = R$ 88.650,00

O conceito de equivalente de produção é utilizado quando a produção é contínua e, ao final do período, a indústria apresenta estoques de produtos acabados e produtos em elaboração.

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Gestão Estratégica da Custos 119

2.5.2 Custeio variável

No custeio variável (muitas vezes confundido com custeio direto, posto que a maioria dos custos variáveis são diretos), são apropriados aos produtos apenas os custos variáveis de produção, sendo os custos fixos lançados diretamente ao resultado, como se fossem despesas, sem transitar pelos estoques. Parisi e Megliorini (2011) relatam que, enquanto no custeio por absorção os custos fixos são rateados aos produtos, no custeio variável, são tratados como custos do período, indo diretamente para o resultado igualmente às despesas.

Exemplificando, para um melhor entendimento da questão, consideremos que uma indústria tenha apurado os seguintes gastos em um determinado período de atividades:

Custos variáveis totais R$ 20.000,00Custos fixos totais R$ 5.000,00Despesas administrativas R$ 4.000,00

Consideremos que a indústria vendeu toda a sua produção no final do período, com receita total de 50.000,00. Comparando o resultado pelo custeio por absorção com o resultado apurado pelo custeio variável, teremos:

Tabela 1 - Demonstração do resultado: custeio por absorção x custeio variável

Demonstração do resultado Custeio por absorção Custeio variávelFaturamento bruto 50.000,00 50.000,00

(-) CPV 25.000,00 20.000,00

= Lucro bruto 25.000,00 30.000,00

(-) Despesas 4.000,00 4.000,00

(-) Custos fixos - 5.000,00

= Lucro líquido 21.000,00 21.000,00

Fonte: Souza (2011)

Utilizando os mesmos dados do exemplo anterior, vamos supor que apenas 80% das unidades tivessem sido vendidas. Neste caso, teríamos:

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Tabela 2 – Demonstração do resultado: custeio por absorção x custeio variável

Demonstração do resultado Custeio por absorção Custeio variávelFaturamento bruto 40.000,00 40.000,00

(-) CPV 20.000,00 16.000,00

= Lucro bruto 20.000,00 24.000,00

(-) Despesas 4.000,00 4.000,00

(-) Custos fixos - 5.000,00

= Lucro líquido 16.000,00 15.000,00

Fonte:Souza (2011)

Como podemos verificar nos exemplos anteriores, caso parte da produção iniciada e acabada em determinado período permaneça em estoque, o lucro bruto nesse período apresentará maior valor pelo custeio variável, em função de os custos fixos não integrarem a composição do CPV. Em compensação, o lucro líquido será maior pelo custeio por absorção, tendo em vista que no custeio variável os custos fixos são lançados integralmente no resultado do exercício.

Vantagens e desvantagens do custeio variável

Padoveze (2003, p. 170) elenca algumas vantagens e desvantagens associadas ao uso do método de custeio variável, apresentadas no Quadro 4:

Quadro 2 – Custeio varável – vantagens e desvantagens

CuSTEIO VARIáVEL Vantagens DesVantagens

a) os custos dos produtos são mensuráveis objetivamente, pois não sofrerão processos arbitrários ou subjetivos de distribuição dos custos comuns;

b) o lucro líquido não é afetado por mudanças de aumento ou diminuição de inventários;

c) os dados necessários para a análise das relações custo-volume-lucro são rapidamente obtidos do sistema de informação contábil;

d) é mais fácil para os gerentes industriais entender o custeamento dos produtos sob o custeio direto, pois os dados são próximos da fábrica e de sua responsabilidade, possibilitando a correta avaliação de desempenho setorial;

e) o custeamento direto é totalmente integrado com o custo padrão e o orçamento flexível, possibilitando o correto controle de custo.

a) a exclusão dos custos fixos indiretos para valoração dos estoques causa a sua subavaliação, fere os princípios contábeis e altera o resultado do período;

b) na prática, a separação de custo fixos e variáveis não é tão clara como parece, pois existem custos semivariáveis e semifixos, podendo o custeamento direto incorrer em problemas semelhantes de identificação dos elementos de custeio;

c) o custeamento direto é um conceito de custeamento e análise de custos para decisões de curto prazo, mas subestima os custos fixos, que são ligados à capacidade de produção e de planejamento de longo prazo, podendo trazer problemas de continuidade para a empresa.

Fonte: Souza (2011)

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2.5.3 Custeio baseado nas atividades (ABC)

A abordagem do ABC (Activity Based Costing) é um método alternativo ao custeio clássico por absorção. O método de custeio por atividade consiste em secionar as unidades da empresa em atividades, calcular o custo destas atividades por meio dos recursos consumidos por cada uma delas, compreender o comportamento destas atividades, identificando as causas dos custos relacionados a elas (direcionadores de custo) e, em seguida, alocar os custos das atividades aos procedimentos, produtos e serviços prestados.

O custeio baseado nas atividades (ABC) utiliza o conceito de direcionadores de custo, os quais podem ser definidos como atividades ou variáveis que determinam os custos das atividades, ou seja, são as causas principais dos custos das atividades. Com a utilização dos direcionadores de custo, o custeamento ABC objetiva encontrar os fatores que geram os custos e, por conseguinte, determinar a origem dos custos de cada atividade para, desta maneira, alocá-los corretamente aos produtos, considerando o consumo das atividades por eles assim determinados.

O intuito principal do custeio baseado nas atividades é a atribuição de uma parcela dos custos indiretos aos produtos, com base na proporção de cada atividade que causem (SHANK e GOVINDARAJAM, 1997). Os autores mencionados rejeitam a ideia de que toda a alocação de custos indiretos é arbitrária. O método de custeio ABC foi proposto pelos professores Kaplan e Cooper em Harvard em meados da década de 1980, com o objetivo de garantir uma correta imputação de todos os custos, incluindo os custos indiretos, às atividades que estão na sua origem. O custeio baseado em atividades, conhecido como ABC (Activity Based Costing), é uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário (MARTINS, 2010). Simon (1997) identifica as seguintes vantagens básicas na utilização do ABC: a determinação mais precisa dos custos por meio do cálculo de cada atividade produtiva e a minimização dos custos, eliminando atividades que não agregam valor nem ao produto, nem aos clientes. As principais desvantagens elencadas por muitos autores (HORNGREN, FOSTER e DATAR, 2000) e (MARTINS, 2010) referem-se à complexidade do sistema e o fato de misturar custos fixos e variáveis, enquanto no sistema de custeio por absorção são alocados aos produtos ou serviços os custos dos insumos diretamente utilizados neles e os demais custos são rateados arbitrariamente, seguindo algum

O método de custeio ABC foi proposto pelos professores Kaplan e Cooper em Harvard em meados da década de 1980, com o objetivo de garantir uma correta imputação de todos os custos, incluindo os custos indiretos, às atividades que estão na sua origem.

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critério preestabelecido, muitas vezes gerando significativas distorções. No custeio ABC segue-se os seguintes passos básicos: (1) mapeamento das atividades; (2) alocação dos custos às atividades; (3) redistribuição dos custos das atividades indiretas às diretas; (4) cálculo do custo dos produtos. A Figura 3 apresenta graficamente as principais diferenças e semelhanças entre os métodos de custeio por absorção e custeio ABC.

Figura 3 - Custeio por absorção x custeio ABC

Custosdiretos

Custosindiretos

Critério únicode alocação

Produto A, B, C... Objeto decusto 1

Objeto decusto 2

Objeto decusto 3

Recursos

Atividade1

Atividade2

Atividade3

Atividade4

Custeio por absorção Custeio ABCCustos totais

O quegastamos

Comogastamos

Por quegastamos

Direcionador de recurso

Direcionador de recurso

Fonte: Disponível em: <http://www.ecrbrasil.com.br/ecrbrasil/page/custeio_atividades.asp>. Acesso em: 4 jul. 2011

2.5.4 O ponto de equilíbrio

A análise do ponto de equilíbrio destina-se a responder questões como: quanto as vendas podem cair sem que a empresa comece a ter prejuízo? O ponto de equilíbrio pode ser analisado sob três aspectos distintos: contábil, financeiro e econômico.

Ponto de equilíbrio contábil

Segundo Iudícibus e Marion (2000), o ponto de equilíbrio irá ocorrer exatamente no ponto em que as receitas totais (RT) forem iguais aos custos totais (CT).

Conforme Brunstein e Miori (1988), o conceito de ponto de equilíbrio surgiu como uma forma de avaliação do grau de alavancagem operacional obtido com a variação do volume de vendas para uma dada estrutura de custos fixos. Para os autores, o modelo tem várias limitações significativas derivadas das seguintes hipóteses: a) que os custos possam ser classificados, com realismo, em fixos e variáveis; os primeiros sendo

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aqueles que não variam com alterações do volume de vendas ou do nível de atividade, dentro de um intervalo relevante de operações, e os últimos, os que se alteram em proporção direta do volume de vendas ou nível de atividade, dentro de um intervalo relevante; b) que o preço de venda não se altere em função de modificações no volume físico de vendas; c) que haja somente um produto ou, no caso de vários produtos, que sua distribuição relativa seja constante; d) que as políticas administrativas básicas em relação às operações permaneçam essencialmente uniformes; e) que o nível de preços mantenha-se inalterado a curto prazo; f) que haja uma sincronização entre vendas e produção, ou seja, que os estoques se conservem constantes ou nulos; g) que a produtividade dos recursos empregados na produção e comercialização permaneça constante. Para Martins (2010), o ponto de equilíbrio (também denominado ponto de ruptura) nasce da conjugação dos custos totais com as receitas totais. Estas, numa economia de mercado, têm uma representação macroeconômica também não linear.

Existem três métodos de apuração do ponto de equilíbrio: pela equação matemática, pela margem de contribuição e pelo gráfico.

Método de apuração pela equação

Mostra-se a seguir a fórmula do método da equação:

Receitas – custos variáveis – custos fixos = lucro(PVu x Q) – (CVu x Q) – CF = LOOnde: PVu = preço de venda unitárioQ = quantidadeCVu = custo variável unitárioCF = custo fixoLO = lucro zero.

Método de apuração pela margem de contribuição

Ilustra-se, a seguir, o método da margem de contribuição:

A margem de contribuição é igual às receitas, menos os custos dos produtos ou serviços, que variam em função do nível de atividade.

(PVu x Q) – (CVu x Q) – CF = LO(PVu – Cvu) x Q = CF+ LOMCu x Q = CF + LOQ = (CF + LO)/MCu

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Método gráfico

Assim como os métodos de equação e da margem de contribuição para o cálculo do ponto de equilíbrio, tem-se o método gráfico, que traça a linha dos custos totais e a das receitas totais. O ponto de interseção das duas linhas é o ponto de equilíbrio, como ilustra a figura 4.

Figura 4 - Gráfico do ponto de equilíbrio contábil

Prejuízo

Lucro

Receita

Custo

Equilíbrio

Fonte: Souza (2011)

Ponto de equilíbrio econômico

É o Ponto de Equilíbrio com um lucro desejado.

O ponto de equilíbrio econômico diferencia-se do ponto de equilíbrio contábil, pois considera que a margem de contribuição, além de cobrir os custos e despesas fixos, deve, também, ser suficiente para, pelo menos, cobrir os custos de oportunidade do capital investido na empresa (PARISI e MEGLIORINI, 2011, p. 87).

Esquematicamente teremos:

Ponto de equilíbrio = (gastos fixos + lucro desejado)/ margem de contribuição unitária

Portanto, “para o ponto de equilíbrio econômico, são também imputados nos custos e despesas fixos considerados todos os custos de oportunidade referentes ao capital próprio, ao possível aluguel das edificações (caso a empresa seja proprietária), e outros do gênero.” (BORNIA, 2009, p. 63)

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Ponto de equilíbrio financeiro

É quando, dentro dos Gastos Fixos, existem variações patrimoniais que não significam desembolsos para a empresa, mas que, de acordo com os Princípios Contábeis, devem figurar no resultado do exercício, sendo confrontadas com as receitas porque contribuíram para a constituição desta. Um exemplo clássico é a depreciação. Esquematicamente teríamos a seguinte representação:

Ponto de equilíbrio financeiro = gastos fixos desembolsáveis/ margem de contribuição unitária

A diferença básica entre os três pontos de equilíbrio são os custos e despesas fixos a serem considerados para cada caso. Os três pontos de equilíbrio fornecem informações importantes para o bom gerenciamento da empresa.

O ponto de equilíbrio financeiro informa o quanto a empresa terá que vender para não ficar sem dinheiro para cobrir suas necessidades de desembolso. [...] o ponto de equilíbrio econômico mostra a rentabilidade real que a atividade escolhida traz, confrontando-a com outras opções de investimento (BORNIA, 2009, p. 63).

Os exemplos apresentados a seguir foram adaptados de Bornia (2009):

Supondo que uma empresa produz um produto com preço de venda de $ 8 por unidade, os custos variáveis são $ 6 por unidade e os custos fixos totalizaram $ 14.000 por ano, dos quais $ 4.000 são relativos à depreciação, o patrimônio líquido da empresa é de $ 50.000 e sua taxa mínima de atratividade é 10% ao ano. Calcule o ponto de equilíbrio contábil.

Resposta: A margem de contribuição unitária é $ 2 /unidade (8-6) e os custos fixos são $ 14.000 por ano. O ponto de equilíbrio contábil da empresa é 7.000 unidades por ano (14.000/2).

Considerando o mesmo enunciado do exemplo anterior, calcular o ponto de equilíbrio econômico.

A diferença básica entre os três pontos de equilíbrio são os custos e despesas fixos a serem considerados para cada caso. Os três pontos de equilíbrio fornecem informações importantes para o bom gerenciamento da empresa.

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Resposta: A margem de contribuição é $ 2/unidade e os custos de oportunidade são $ 5.000 por ano (50.000 x 0,1). O ponto de equilíbrio econômico é de 9.500 unidades por ano [(14.000 + 5.000)/2].

Considerando o mesmo enunciado do exemplo inicial, calcular o ponto de equilíbrio financeiro.

Resposta: A margem de contribuição unitária é $ 2/unidade e os custos desembolsáveis são $ 10.000 por ano (14.000 – 4.000). O ponto de equilíbrio financeiro é $ 5.000 unidades por ano (10.000/2).

Jiambalbvo (2002) apresenta uma série de premissas que podem afetar a validade da análise do ponto de equilíbrio. Para o referido autor, a principal premissa é a de que os custos podem ser separados com precisão em seus componentes fixos e variáveis, pois em algumas empresas, essa é uma tarefa bastante difícil e custosa de ser realizada. Outra premissa considerada é a de que os custos fixos permanecem fixos e que os custos variáveis unitários não se alteram em diversos níveis de atividades. Chama ainda atenção para o fato de que, apesar de tais premissas, a maioria dos gestores considera que a análise de custo, volume e lucro são uma ferramenta de grande utilidade para explorar as diversas metas de lucro e para realizar possíveis análises de sensibilidade2.

3 ConclusãoMartins (2010) afirma que a expressão gestão estratégica de custos vem sendo utilizada nos últimos tempos para designar a integração que deve haver entre o processo de gestão e os custos da empresa em sua totalidade. Entende-se que essa integração e sistematização são necessárias para que as empresas possam sobreviver num ambiente de negócios crescentemente globalizado e competitivo. O uso de um sistema de informações relativas aos custos de produção compreende a apuração, a análise e a divulgação das informações de custos, corroborando com a definição de sistema defendida pelo Professor Leone, ou seja, “[...] o conjunto de componentes administrativos, de registros, de fluxos, de procedimentos e de critérios que agem e interagem de modo coordenado para atingir determinado objetivo, que, no caso, é o custeio da produção e do produto” (LEONE, 2000).

2 “A equação de lucro também pode mostrar como o lucro é afetado pelas diversas opções consideradas pela administração. Essa análise é, às vezes, denominada análise de sensibilidade, porque examina o que acontecerá se uma ação em particular for tomada.” (JIAMBALVO, 2002, p. 84)

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Embora haja diversas perspectivas sob as quais se pode olhar e postular a gestão dos custos empresariais, a opção estratégica da empresa terá influência direta na definição e desenvolvimento do sistema de custos a ser implantado.

Um bom sistema gerencial pressupõe atingir finalidades específicas que podem estar relacionadas ao fornecimento de informações de custos para medição dos lucros, avaliação patrimonial e determinação da taxa de retorno sobre o capital empregado nos negócios, identificação de estratégias e procedimentos para o controle operacional e fornecimento de informações de custos que auxiliem na tomada de decisão.

Neste artigo procuramos apresentar aos leitores os principais conceitos e métodos de custeio utilizados pela contabilidade de custos tradicional. A informação em custos é fundamental à empresa que quer maximizar a sua lucratividade. Quanto mais intensa a competição a que estiver submetida uma organização, mais importante será dispor de instrumentos integrados de gestão que lhe permitam conhecer seus custos e, a partir daí, obter vantagem competitiva.

Finalizando, por meio da revisão de literatura constatamos que, com o passar do tempo, as finalidades dos sistemas de custeio tradicionais evoluíram para a busca de informações que suportassem o controle gerencial das atividades, a avaliação dos resultados, e o custeio e análise da produção.

4 SínteseA Contabilidade de Custos representa um papel cada vez mais estratégico na sobrevivência das organizações empresariais. Baseado em conceitos referendados na literatura, este artigo procurou abordar os tópicos indispensáveis ao entendimento da disciplina. O texto oferece uma cobertura dos principais aspectos utilizados na gestão dos custos industriais, dando especial ênfase aos princípios contábeis aplicados à Contabilidade de Custos, bem como os principais métodos de custeio.

Embora haja diversas perspectivas sob as quais se pode olhar e postular a gestão dos custos empresariais, a opção estratégica da empresa terá influência direta na definição e desenvolvimento do sistema de custos a ser implantado.

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Existem vários métodos para apuração e apropriação dos custos de produção, sendo todos de grande utilidade. No método de custeio por absorção há que se evidenciar a necessidade de separação entre os itens de custos e despesas. Os gastos incorridos durante o processo produtivo são custos e aqueles utilizados, direta ou indiretamente, na geração de receitas são despesas. De acordo com o custeio por absorção, tal separação é de extrema importância visto que as despesas são lançadas diretamente no resultado do período. Os custos relativos aos produtos em processo e aos produtos acabados ainda não vendidos estarão ambos ativados em contas de estoques. No custeio variável são apropriados aos produtos apenas os custos variáveis de produção, sendo os custos fixos lançados diretamente ao resultado, como se fossem despesas, sem transitar pelos estoques. O custeio baseado em atividades, conhecido como ABC (Activity Based Costing), é uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário (MARTINS, 2010).

5 Questões para reflexãoApós a leitura do conteúdo do artigo, esperamos que este tenha contribuído para ampliação e revisão sobre o assunto, com especial atenção aos principais métodos de custeio adotados pelas organizações fabris.

Reflita sobre as seguintes questões:

1) Quais as principais semelhanças e diferenças entre os métodos de custeio por absorção, direto e ABC?

2) É possível desenvolver/aperfeiçoar um sistema de custos em sua instituição?

3) Em sua opinião, dentre os métodos de custeio apresentados, qual melhor se adequa às necessidades de informações por parte de sua instituição?

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Gestão Estratégica da Custos 129

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ARTIGO

Contabilidade ePlanejamento Tributário

Planejamento tributário – tributos federais

Sobre o autorLiêda Amaral Souza, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, especialista em Custos pelo Instituto Superior de Estudos Contábeis da Fundação Getúlio Vargas - ISEC-FGV-RJ, mestre em engenharia da Produção pela UFRN, doutoranda em Tecnologia e Sistemas de Informações pela Escola de Engenharia da Universidade do Minho – Portugal (em fase de conclusão de tese), professora das Disciplinas de “Gestão de Custos”, “Planejamento e Contabilidade Tributária” e “Contabilidade Gerencial” da Universidade Potiguar - UnP. Membro do painel de especialistas do FMI (Fiscal Affair Department of the International Monetary Fund) desde 2003. Diversas participações em missões técnicas internacionais em matéria tributária e de gestão de riscos (Argentina, Chile, Portugal, México, Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Irlanda, Espanha, Itália, Suíça e Moçambique). Instrutora da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization). Professora de cursos MBA da FGV-BSB – no período de 2003 a 2008.

Para mais informações, acesse: <http://lattes.cnpq.br/7703650553090691>.

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Planejamento tributário – tributos federais

1 IntroduçãoGrandes crises financeiras e políticas emergiram a partir da década de 1980 e levaram muitos países a reorganizarem seus mercados internos em busca de competitividade. A adoção de novas práticas gerenciais mais eficazes e de novas tecnologias e a busca pela redução de custos e despesas em geral passaram a ser objeto de atenção na maioria das organizações.

Sabe-se que conhecer quais tributos incidem sobre as atividades empresariais e os respectivos dispositivos legais do ponto de vista tributário que os regem é condição sine qua non para condução de uma gestão tributária eficaz.

Ao longo dos anos, o complexo modelo tributário adotado no Brasil tem levado estudiosos a buscarem alternativas de atenuar a carga tributária para as empresas. Como resposta, surge o chamado “Planejamento Tributário”.

Malkowsi (2000) considera o planejamento tributário dentro do contexto do planejamento empresarial e o define como sendo a designação contemporânea para uma série de procedimentos tradicionalmente conhecidos como formas de economia de imposto.

Para Torres (2001), o planejamento tributário é uma ação preventiva na qual são apontadas saídas lícitas para economia de impostos. Há quem prefira definir o planejamento tributário pelos efeitos obtidos.

Há uma busca mundial, por parte das autoridades tributárias, por formas de mitigar as possibilidades de elisão fiscal, territorial e internacional, editando normas que proíbam ou dificultem a economia de tributos.

Torres (2001) chama a atenção para o fato de que essas hipóteses de planejamento tributário, algumas vezes, prestam-se a usos indevidos, abusivos ou podem apresentar conteúdos ilícitos, mas devemos evitar generalizar sobre a licitude destas, posto que toda generalização indutiva em matéria jurídica conduz à imprecisão.

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2 DesenvolvimentoO Código Tributário Nacional em seu artigo 3º define tributo:

Art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (BRASIL, 1966).

O planejamento tributário “se caracteriza pelo arranjo jurídico dos negócios do contribuinte de tal maneira que logra reduzir ou eliminar a carga dos impostos, sem infringir, obviamente, nenhum preceito de lei” (MACHADO, 1988).

2.1 Elisão e evasão fiscal

A doutrina costuma identificar a elisão como atos ou omissões destinados a evitar ou retardar (atos anteriores à incidência tributária) o envolvimento do sujeito passivo na relação tributária, mediante a utilização de meios lícitos e sem qualquer ofensa a ordenamentos jurídicos. Por sua vez, a evasão fiscal refere-se à conduta que enseja o não pagamento de tributos devidos (posterior à incidência tributária) mediante a violação direta da norma tributária. Assim, existem contornos básicos que diferenciam elisão de evasão.

Segundo Oliveira (2010, p. 189), o conceito corrente na doutrina brasileira de evasão fiscal corresponde ao contribuinte que por “meios ilícitos, visa eliminar, reduzir ou retardar o reconhecimento de um tributo, já devido pela ocorrência de um fato gerador”. Enquanto isso, segundo o mesmo autor, na elisão fiscal o contribuinte licitamente visa evitar, minimizar ou adiar a ocorrência do próprio fato gerador, que daria origem à obrigação tributária.

Mas, até que ponto a prática de atos para reduzir o impacto fiscal nas contas das empresas é lícita e quando a conduta passa a ser ilícita?

O planejamento tributário “se caracteriza pelo arranjo jurídico dos negócios do contribuinte de tal maneira que logra reduzir ou eliminar a carga dos impostos, sem infringir, obviamente, nenhum preceito de lei” (MACHADO, 1988).

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 A evasão fiscal é caracterizada pelas seguintes práticas:

a) Sonegação: ato realizado visando suprimir ou reduzir tributo, mediante omissão, fraude, falsificação, alteração, adulteração ou ocultação.

A Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, em seu artigo 1º, define o crime de sonegação:

Art. 1º Constitui crime de sonegação fiscal:

I - prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei;

II - inserir elementos inexatos ou omitir rendimentos ou operações de qualquer natureza em documentos ou livros exigidos pelas leis fiscais, com a intenção de exonerar-se do pagamento de tributos devidos à Fazenda Pública;

III - alterar faturas e quaisquer documentos relativos a operações mercantis com o propósito de fraudar a Fazenda Pública;

IV - fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas, majorando-as, com o objetivo de obter dedução de tributos devidos à Fazenda Pública, sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis;

V - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário da paga, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida do Imposto sobre a Renda como incentivo fiscal. (acrescentado pela Lei nº 5.569, de 25 de novembro de 1969).

Pena: Detenção, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vezes o valor do tributo.

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b) Fraude: do latim fraudis, corresponde a atos tais como adulteração ou falsificação de documentos, por meio dos quais o contribuinte furta-se ao pagamento de tributo devido por lei.

c) Simulação: pode ser absoluta (fingindo o que não existe) ou relativa (sob o ato ou negócio praticado jaz outro negócio, oculto, que corresponde à real vontade das partes - dissimulação).

Também se constituem crimes os atos praticados por particulares, visando suprimir ou reduzir tributo ou contribuição social e qualquer acessório, por meio da prática das condutas definidas nos artigos 1º e 2º da Lei nº 8.137/1990:

Art. 1o Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativo à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-lo em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

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Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:

I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;

III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;

IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.

      

2.2 Regimes tributários: enquadramento

Para um bom planejamento tributário, a escolha do regime tributário e seu enquadramento é que irão definir a incidência e a base de cálculo dos tributos federais. Conforme forem as atividades desenvolvidas, as empresas podem se enquadrar em um dos seguintes regimes tributários: Lucro Real, Lucro Presumido ou Simples Nacional.

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2.2.1 Lucro real

De acordo com o art. 247 do Decreto Lei nº 1.598/77, em seu inciso I, o lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal. A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período com observância das leis comerciais, ou seja, o Lucro Real é uma forma de tributação que toma como base o lucro líquido contábil de uma empresa.

O lucro real será determinado a partir do lucro líquido do período de apuração, obtido na escrituração comercial (antes da provisão para o imposto de renda) e demonstrado no Lalur (Livro de Apuração do Lucro Real), observando-se que:

1) Serão adicionados ao lucro líquido:

a) os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real (exemplos: resultados negativos de equivalência patrimonial; custos e despesas não dedutíveis);

b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam ser computados na determinação do lucro real (exemplos: ajustes decorrentes da aplicação dos métodos dos preços de transferência; lucros auferidos por controladas e coligadas domiciliadas no exterior).

2) Poderão ser excluídos do lucro líquido:

a) os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração (exemplo: depreciação acelerada incentivada);

b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados no lucro real (exemplos: resultados positivos de equivalência patrimonial; dividendos);

c) poderão ser compensados, total ou parcialmente, à opção do contribuinte, os prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores, desde que observado

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o limite máximo de 30 % (trinta por cento) do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação tributária. O prejuízo compensável é o apurado na demonstração do lucro real de períodos anteriores e registrado no Lalur (Parte B).

De acordo com o RIR/1999, art. 228, parágrafo único, e art. 542, parágrafo 4º (BRASIL, 2011), a partir do ano-calendário de 1996, as pessoas jurídicas, independentemente da forma de constituição e da natureza da atividade exercida, passaram a pagar o imposto de renda à alíquota de 15 % (quinze por cento), incidente sobre a base de cálculo apurada na forma do lucro real, presumido ou arbitrado.

Sobre a parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, o adicional incidirá à alíquota de 10% (dez por cento). Aplica-se esse adicional, inclusive, na exploração da atividade rural e, também, nas hipóteses de incorporação, fusão e cisão.

Conforme o Decreto - Lei nº 2.341, de 1987, em seus artigos 32º e 33º, aplicam-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e, no que couberem, as referentes à administração, ao lançamento, à consulta, à cobrança, às penalidades, às garantias e ao processo administrativo, observadas, quanto à base de cálculo e as alíquotas, as normas específicas previstas na legislação da referida contribuição, em especial.

A CSLL será determinada mediante a aplicação da alíquota de 9% (nove por cento) sobre o resultado ajustado, presumido ou arbitrado. A partir de 1º de maio de 2008, a alíquota da CSLL é de 15% (quinze por cento) no caso das pessoas jurídicas de seguros privados, das de capitalização e das referidas nos incisos I a VII, IX e X do parágrafo 1º do art. 1º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001.

Serão consideradas adições ao lucro líquido para fins de obtenção do resultado tributável:

a) o valor de qualquer provisão, exceto as para o pagamento de férias e décimo terceiro salário de empregados, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, das entidades de previdência complementar e das operadoras de planos de assistência à saúde, quando constituídas por exigência da legislação especial a elas aplicável;

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b) o valor da contrapartida da reavaliação de quaisquer bens, no montante do aumento do valor dos bens reavaliados que tenha sido efetivamente realizado no período de apuração, se não computado em conta de resultado (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

c) o ajuste por diminuição do valor dos investimentos avaliados pelo patrimônio líquido (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

d) a parcela dos lucros, anteriormente excluídos, de contratos de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, celebrados com pessoa jurídica de direito público ou empresa sob o seu controle, empresa pública, sociedade de economia mista ou sua subsidiária, recebida no período de apuração, inclusive mediante resgate ou alienação sob qualquer forma de títulos públicos ou Certificados de Securitização, emitidos especificamente para quitação desses créditos, observado o disposto em normas específicas (Lei nº 8.003, de 1990, art. 3º);

e) a parcela da reserva especial, mesmo que incorporada ao capital, proporcionalmente à realização dos bens ou direitos mediante alienação, depreciação, amortização, exaustão ou baixa a qualquer título (Lei nº 8.200, de 1991, art. 2º);

f) os juros sobre o capital próprio, em relação aos valores excedentes aos limites de dedução estabelecidos na legislação;

g) as despesas não dedutíveis (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13º);

h) os prejuízos e perdas incorridos no exterior e computados no resultado (MP nº 2.158-35, de 2001, art. 21º);

i) os valores excedentes aos limites estabelecidos para o Preço de Transferência (Lei nº 9.430, de 1996, arts. 18º a 24º e IN SRF nº 243, de 2002, com as alterações introduzidas pela IN SRF nº 321, de 2003, e pela IN SRF nº 382, de 2003);

j) o valor dos lucros distribuídos disfarçadamente (Lei nº 9.532, de 1997, art. 60º);

k) os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas, que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada

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no Brasil no curso do ano-calendário (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, parágrafo 1º, redação da Lei nº 9.959, de 2000, art. 3º; MP nº 2.158-35, de 2001, art. 74º);

l) os juros sobre empréstimos pagos ou creditados a controladas e coligadas equivalentes a lucros não disponibilizados (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, parágrafo 3º, redação da Lei nº 9.959, de 2000, art. 3º);

m) os rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior, os quais devem ser considerados pelos seus valores antes de descontado tributo pago no país de origem (IN SRF nº 213, de 2002, art. 1º, parágrafo 7º);

n) o valor das variações monetárias passivas das obrigações e direitos de crédito, em função das taxas de câmbio, ainda não liquidados, tendo havido a opção pelo seu reconhecimento quando da correspondente liquidação (MP nº 2.158-35, de 2001, art. nº 30);

o) o valor das variações monetárias ativas das obrigações e direitos de crédito, em função das taxas de câmbio, quando da correspondente liquidação, tendo havido a opção pelo seu reconhecimento nesse momento (MP nº 2.158-35, de 1999, art. 30º);

p) as perdas de créditos nos valores excedentes ao legalmente permitido (Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, combinado com art. 28º).

Serão consideradas exclusões ao lucro líquido para fins de obtenção do resultado tributável:

a) o valor da reversão dos saldos das provisões não dedutíveis, baixadas no período de apuração, seja por utilização da provisão, ou por reversão, e anteriormente adicionadas (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

b) os lucros e dividendos de investimentos no Brasil avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

c) o ajuste por aumento no valor de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

d) a parcela dos lucros de contratos de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, celebrados com

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pessoa jurídica de direito público ou empresa sob o seu controle, empresa pública, sociedade de economia mista ou sua subsidiária, computada no lucro líquido, proporcional à receita dessas operações, considerada nesse resultado e não recebida até a data do balanço de encerramento do período de apuração, inclusive quando quitados mediante recebimento de títulos públicos ou Certificados de Securitização, emitidos especificamente para essa finalidade, observado o disposto em normas específicas (Lei nº 8.003, de 1990, art. 3º e ADN CST nº 5, de 1991);

e) o valor ainda não liquidado correspondente a variações monetárias ativas das obrigações e direitos de crédito registradas no período (em função das taxas de câmbio), tendo havido a opção pelo seu reconhecimento quando da correspondente liquidação (MP nº 2.158-35, de 2001, art. 30º);

f) o valor liquidado no período correspondente a variações monetárias passivas das obrigações e direitos de crédito (em função das taxas de câmbio), tendo havido a opção pelo seu reconhecimento nesse momento (MP nº 2.158-35, de 2001, art. 30º).

Os tributos federais incidentes nas empresas optantes pelo Lucro Real são o PIS, a COFINS, o IRPJ e a CSLL, sendo os dois primeiros apurados mensalmente sobre o faturamento e os dois últimos anualmente ou trimestralmente, tendo como base o Lucro Líquido contábil, ajustado pelas adições, exclusões e compensações permitidas ou autorizadas pelo RIR -Regulamento do Imposto de Renda.

2.2.2 Lucro presumido

De acordo com este regime tributário, o montante a ser tributado é determinado com base na receita bruta, por meio da aplicação de alíquotas variáveis em função da atividade geradora da receita.

Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta são os abaixo discriminados:

Atividades Percentuais (%)Atividades em geral (RIR/1999, art. 518º) 8,0Revenda de combustíveis 1,6Serviços de transporte (exceto o de carga) 16,0Serviços de transporte de cargas 8,0Serviços em geral (exceto serviços hospitalares) 32,0

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Serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico eterapia, patologia clínica, imagenologia, anatomiapatológica e citopatológica, medicina nuclear eanálises e patologias clínicas 8,0Intermediação de negócios 32,0Administração, locação ou cessão de bens e direitos de qualquer natureza (inclusive imóveis) 32,0

O imposto de renda com base no lucro presumido é determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário.

Geralmente, a opção é manifestada com o pagamento da primeira quota ou da quota única do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração, sendo considerada definitiva para todo o ano-calendário.

As pessoas jurídicas que tenham iniciado suas atividades ou que resultarem de incorporação, fusão ou cisão, ocorrida a partir do segundo trimestre do ano-calendário, poderão manifestar a sua opção por meio do pagamento da primeira ou única quota relativa ao trimestre de apuração correspondente ao início de atividade.

Podem optar as pessoas jurídicas:

a) cuja receita bruta total tenha sido igual ou inferior a R$48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais) no ano-calendário anterior ou a R$4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses em atividade no ano-calendário anterior; e b) que não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real em função da atividade exercida ou da sua constituição societária ou natureza jurídica.

Para efeito da verificação do limite, considera-se como receita bruta total o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia, acrescidos das demais receitas, tais como: rendimentos de aplicações financeiras (renda fixa e variável), receita de locação de imóveis, descontos ativos, variações monetárias ativas, juros recebidos como remuneração do capital próprio e dos ganhos de capital.

O imposto de renda com base no lucro presumido é determinado por períodos de apuração trimestrais, encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário.

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Nos casos em que a Pessoa Jurídica iniciou as atividades ou submeteu-se a algum processo de incorporação, fusão ou cisão durante o curso do ano-calendário anterior, o limite a ser considerado será proporcional ao número de meses em que esteve em funcionamento no referido período, isto é, deverá ser multiplicado o valor de R$4.000.000,00 (quatro milhões de reais) pelo número de meses em que esteve em atividade para efeito de verificação do limite em relação à receita bruta total.

Não podem optar pelo lucro presumido aquelas pessoas jurídicas que, por determinação legal, estão obrigadas à apuração do lucro real:

a) pessoas jurídicas cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguro privado e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

b) pessoas jurídicas que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

c) pessoas jurídicas que, autorizadas pela legislação tributária, queiram usufruir de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto de renda;

d) pessoas jurídicas que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado o recolhimento mensal com base em estimativa;

e) pessoas jurídicas que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

2.2.3 Simples nacional

O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, aplicável às Microempresas - ME e às Empresas de Pequeno Porte - EPP, a partir de 1 de julho 2007.

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Considera-se Microempresa, para efeito do Simples Nacional, o empresário e a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que aufira em cada ano-calendário receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00.

Considera-se Empresa de Pequeno Porte, para efeito do Simples Nacional, o empresário e a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que aufira em cada ano-calendário receita bruta superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00. No entanto, são impedidas de optar pelo Simples Nacional as Microempresas (ME) ou as Empresas de Pequeno Porte (EPP) (lista atualizada em função da Lei Complementar nº 128, de 19 de dezembro de 2008):

�� que tenham auferido, no ano-calendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 2.400.000,00;

�� de cujo capital participe outra pessoa jurídica;

�� que sejam filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior;

�� de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00;

�� cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00;

�� cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00;

�� constituídas sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;

�� que participem do capital de outra pessoa jurídica;

Considera-se Microempresa, para efeito do Simples Nacional, o empresário e a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que aufira em cada ano-calendário receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00.

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�� que exerçam atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar;

�� resultantes ou remanescentes de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 anos-calendário anteriores;

�� constituídas sob a forma de sociedade por ações;

�� que explorem atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);

�� que tenham sócio domiciliado no exterior;

�� de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal;

�� para os fatos geradores até 31 de dezembro de 2008, que prestem serviço de comunicação;

�� que possuam débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa;

�� que prestem serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;

�� que sejam geradoras, transmissoras, distribuidoras ou comercializadoras de energia elétrica;

�� que exerçam atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas;

�� que exerçam atividade de importação de combustíveis;

�� que exerçam atividade de produção ou venda no atacado de:

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�� cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes;

�� bebidas a seguir descritas:

�• alcoólicas;

�• refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas;

�• preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrigerante, com capacidade de diluição de até 10 partes da bebida para cada parte do concentrado;

�• cervejas sem álcool;

�� que tenham por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como as que prestem serviços de instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios;

�� que realizem cessão ou locação de mão de obra;

�� que realizem atividade de consultoria;

�� que se dediquem ao loteamento e à incorporação de imóveis; e

�� que realizem atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir à prestação de serviços tributados pelo ISS.

2.2.4 Como fazer um planejamento tributário

Uma das dificuldades que os planejadores encontram na realização de um planejamento fiscal é determinar qual o montante líquido da economia que efetivamente representa (ou representará) tal conjunto de ações.

Uma das dificuldades que os planejadores encontram na realização de um planejamento fiscal é determinar qual o montante líquido da economia que efetivamente representa (ou representará) tal conjunto de ações.

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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Chaves (2010), em artigo disponível para download por meio do website do Conselho Regional de Contabilidade do Ceará, dá algumas dicas para se fazer um bom planejamento tributário. Segundo o referido autor, a empresa deve procurar profissionais especializados em planejamento tributário para constituir um comitê de impostos formado por advogado, contador e administrador da empresa. Esse comitê deverá:

�� fazer um levantamento histórico da empresa, identificando a origem de todas as transações efetuadas, e escolher ação menos onerosa para os fatos futuros;

�� verificar a ocorrência de todos os fatos geradores dos tributos pagos e analisar se houve cobrança indevida ou recolhimento a maior;

�� verificar se houve ação fiscal sobre fatos geradores decaídos, pois os créditos constituídos após cinco anos são indevidos;

�� verificar se a empresa calculou a diferença de IPC/90 com saldo credor e tributou esse resultado;

�� analisar, anualmente, qual a melhor forma de tributação do imposto de renda e da contribuição sobre o lucro, calculando em que forma (real ou presumido) a empresa pagará menos tributo;

�� levantar o montante dos tributos pagos nos últimos dez anos, para identificar se existem créditos fiscais não aproveitados pela empresa;

�� analisar os casos de incentivos fiscais existentes, tais como: isenções, redução de alíquotas etc.;

�� analisar qual a melhor forma de aproveitamento dos créditos existentes (compensação ou restituição).

Cumpridas todas essas etapas e análises, o comitê demonstrará quais os procedimentos a serem adotados para reduzir a carga tributária.

Tomemos por base o seguinte exemplo:

Uma determinada empresa pretende mudar as suas operações de um município, onde a alíquota do ISS é de 5%, para um outro, cuja tributação é de 3%. Ao calcularmos qual será a sua economia tributária, consideremos não somente a diferença de alíquota de ISS, mas também o impacto dos tributos federais (IRPJ e CSLL), pois uma redução de custos, caso a empresa seja optante pelo lucro real, representará um maior lucro

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Contabilidade e Planejamento Tributário 149

tributável. Supondo que o contribuinte seja tributado pelo lucro real, teríamos a alíquota do IRPJ de 25% e da CSLL de 9%. Então, o impacto líquido projetado seria:

�� Diferença de alíquota ISS = 5% - 3% = 2%�� IRPJ sobre a diferença = 25% sobre 2% = 0,5%�� CSLL sobre a diferença = 9% sobre 2% = 0,18�� Teríamos, portanto, uma economia tributária igual a 1,32%, ou seja, 2% – 0,5% - 0,18%, e não de 2% como poderíamos inicialmente imaginar.

Logicamente, ainda teríamos que considerar outros fatores, tais como: os gastos adicionais relativos ao estudo de mercado na nova cidade e manutenção dos antigos clientes, taxas de alvará para funcionamento da nova filial, despesas com mudança, aluguel ou aquisição de novas instalações etc.

3 Conclusão Em um mundo de crescente competitividade, torna-se cada vez mais necessário buscar estratégias de redução de custos e maximizar os resultados. Nesse contexto, é indispensável que se busquem alternativas legais para reduzir a carga tributária dos negócios.

O Código Civil Brasileiro, em seu art. 116º, prevê que a autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os preceitos legais.

O planejador tributário tem que ter o cuidado de observar os limites existentes entre as práticas tributárias elisivas daquelas consideradas como sendo evasão tributária. Esta última, ilegal.

Um bom planejador tributário deve dominar a legislação societária e tributária do contexto no qual se insere o empreendimento a ser analisado e dispor de ferramentas para análise dos possíveis impactos tributários.

O planejamento tributário é uma abordagem inteligente de gestão organizacional focada na otimização dos gastos tributários e consequente aumento da lucratividade dos negócios mediante a utilização dos instrumentos legais vigentes.

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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4 SínteseAtualmente, a competitividade entre as organizações e as frequentes alterações na legislação fiscal que trazem reflexos diretos na vida organizacional levam à necessidade de buscarmos alternativas de redução de custos por meio do planejamento tributário.

Este artigo procurou apresentar os principais conceitos associados ao planejamento tributário, dando especial ênfase aos possíveis modelos de regimes tributários em voga na legislação tributária brasileira.

Fazer planejamento tributário significa, antes de tudo, conhecer quais os tributos incidem sobre as atividades empresariais e os respectivos dispositivos legais do ponto de vista tributário que os regem.

Ao longo dos anos, o complexo modelo tributário adotado no Brasil tem levado estudiosos a buscarem alternativas para atenuar a carga tributária das empresas.

A elisão tributária é definida como o conjunto de atos ou omissões destinados a evitar ou retardar (atos anteriores à incidência tributária) o envolvimento do sujeito passivo na relação tributária, mediante a utilização de meios lícitos e sem qualquer ofensa aos ordenamentos jurídicos em vigor.

5 Questões para reflexãoApós a leitura do conteúdo do artigo, esperamos que este tenha contribuído para ampliação do seu conhecimento e revisão sobre o assunto, com especial atenção aos principais instrumentos legais de planejamento tributário.

Considere que a empresa ABC tenha duas atividades operacionais:

1) Comércio varejista, no qual o lucro médio é de 6% sobre o faturamento (antes do IRPJ e CSLL).

2) Prestação de serviços, no qual o lucro médio é de 41% sobre o faturamento (antes do IRPJ e CSLL).

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Contabilidade e Planejamento Tributário 151

Sabe-se que atualmente a empresa é optante pelo lucro real. Na condição de planejador, você deve sugerir à direção da empresa qual a melhor forma de tributação. Analise a possibilidade de fazer a cisão de ativos para constituição de uma nova empresa.

Estima-se um custo administrativo adicional, por ano, de R$ 60.000,00 para a nova empresa. Considere que não haverá despesas financeiras, pois a nova empresa receberá apenas os ativos (todos os passivos onerosos serão mantidos pela ABC).

Inicialmente, o planejador levantará o balanço ajustado, por atividade, obtendo o seguinte demonstrativo, cujas lacunas deverão ser preenchidas por você:

Valores R$/ano Comércio Serviços Total

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 25.000.000 5.000.000 30.000.000

PIS e COFINS*

ICMS e ISS

Custos das mercadorias e serviços 13.750.000 1.250.000 15.000.000

Despesas operacionais 4.250.000 1.050.000 5.300.000

Despesas financeiras 625.000 125.000 750.000

Resultado operacional antes do IR e CSL

Resultado operacional % receita 6% 41%

IRPJ lucro real

CSLL lucro real

Total dos tributos lucro real

* Calcular os valores ajustados para a incidência não cumulativa

Projete o seguinte demonstrativo de resultados anual após a cisão, considerando-se que a nova empresa constituída (serviços) será optante pelo lucro presumido:

Valores R$ projetados Comércio real Serviços presumido Total

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 25.000.000 5.000.000 30.000.000

PIS e COFINS

ICMS e ISS

Custos das mercadorias e serviços 13.750.000 1.250.000 15.000.000

Despesas operacionais 4.250.000 1.110.000 5.350.000

Despesas financeiras 750.000 - 750.000

Resultado operacional antes do IR e CSL

Resultado operacional % receita

IRPJ

CSLL

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Calcule a economia líquida resultante do planejamento:

Projeção antes e após a cisão R$ Atual Planejado Diferença IRPJ

CSLL

PIS e COFINS

Despesas operacionais adicionais 60.000,00

TOTAL

Pergunta-se: Essa empresa poderia optar pelo simples Nacional?

Reflita, ainda, sobre as questões a seguir:

1) Do ponto de vista tributário, como diferenciar conduta elisiva de conduta evasiva?2) Quais os requisitos para um bom planejamento tributário?3) Qual o regime de tributação que melhor se adequa à sua instituição?4) Quais os limites legais do planejamento tributário?

ReferênciasBRASIL. ADN CST nº 5, de 13 de março de 1991. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 15 mar. 1991.

______. Decreto 3.000, de 26 de março de 1999. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 29 mar. 1999.

______. Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 27 dez 1977.

______. Decreto-Lei nº 2.341, de 29 de junho de 1987. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 30 jun. 1987.

______. Instrução Normativa SRF nº 213, de 7 de outubro de 2002. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 8 out. 2002.

______. Instrução Normativa SRF nº 243, de 11 de Novembro de 2002. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 13 nov. 2002.

______. Instrução Normativa SRF nº 321, de 14 de abril de 2003. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 15 abr. 2003.

______. Instrução Normativa SRF nº 382, de 30 de dezembro de 2003. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 5 jan. 2004.

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Contabilidade e Planejamento Tributário 153

______. Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasilia, DF, 19 de julho de 1965.

______. Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasilia, DF, 27 out.1966.

______. Lei nº 8.003, de 14 de Março de 1990. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, DF, 14 mar. 1990.

______. Lei nº 8.034, de 12 de abril de 1990. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, DF, 14 abr. 1990.

______. Lei nº 8.200, de 28 de junho de 1991. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, DF, 28 jun 1991.

______. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasília, DF, 30 dez. 1996.

______. Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Diário Oficial da União. Poder Executivo. Brasilia, DF, 11 dez. 1997.

______. Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 27 dez. 1995.

______. Lei nº 9.959 de 27 de janeiro de 2000. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 28 jan. 2000.

______. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 2006.

______. Lei Complementar nº 128, de 19 de dezembro de 2008. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 22 dez. 2008.

______. Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 27 ago. 2001.

______. SRF.DIPJ/2011: Perguntas e Respostas. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2011/PergResp/default.htm>. Acesso em: 5 jun. 2011.

CHAVES, F. C. CRC-CE. Disponível em: <http://www.crc-ce.org.br/v2/download/apostila_plan.PDF>. Acesso em: 30 jun. 2011.

MACHADO, B. Cisão de sociedade de capital estrangeiro e imposto de renda . Repertório IOB de Jurisprudência: tributário, constitucional e administrativo, São Paulo. n. 17, Caderno 1, p. 46-87, 1988.

MALKOWSKI, A. Planejamento tributário e a questão da elisão fiscal. São Paulo: Editora de Direito, 2000.

OLIVEIRA, G. Contabilidade tributária. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

TORRES, H. Direito tributário internacional - planejamento tributário e operações transnacionais. Revista dos Tribunais, São Paulo. n. 14, 2001.

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ARTIGO

Gestão de Avaliação deInvestimento e Financiamento

Gestão de avaliação de investimento e financiamento

Sobre o autorJean Gleyson Farias Martins graduado em Administração pela Universidade Potiguar - UnP, em 2006. Especialista em Administração Financeira pela Faculdade Natalense para o Desenvolvimento – FARN, em 2009. Atualmente é Consultor Financeiro e Professor da Universidade Potiguar – UnP do Rio Grande do Norte e leciona, desde 2009, as disciplinas de Finanças Aplicadas, Administração Financeira, Mercado Financeiro e de Capitais, Finanças Empresariais, Introdução à Gestão Financeira, Gestão Financeira I e II na graduação e Gestão de Riscos e Finanças Corporativas na Pós-Graduação.

<http://lattes.cnpq.br/6240918896914838>

[email protected]

Revisor de conteúdo: Daniel Pinto Negreiros

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 157

Gestão de avaliação de investimento e financiamento

1 IntroduçãoAtualmente, de todo colaborador, seja da área de marketing, finanças, recursos humanos ou produção, são exigidas as competências multidisciplinares, em particular do gestor financeiro que tem a enorme responsabilidade de realizar investimentos e financiamentos. As possíveis necessidades de investimento e financiamento podem ser originadas de diversas situações, como por exemplo: compra de uma máquina, utensílios, aumento ou não do volume de compra de estoques, ampliação da empresa, modernização de equipamentos, abertura de uma filial, todos os elementos necessários à produção de bens e serviços.

O resultado desse investimento é julgado pelo aumento do valor da empresa, refletido em ganho para os acionistas. A boa decisão de investimento concretiza-se na compra de um ativo real que vale mais do que seu custo. É preciso identificar se a oportunidade proporciona um valor superior ao seu custo e se o encargo da dívida adicional pode ser suportado com segurança.

O sucesso de qualquer companhia é a maximização do retorno para os detentores do capital, ou seja, acionistas, empresários e investidores. Diante do cenário bastante competitivo, o gestor financeiro possui um papel importantíssimo na gestão empresarial e, portanto, deve ser capaz de captar os melhores recursos financeiros e alocar os recursos obtidos de forma que os ativos investidos possam gerar riqueza. A incessante busca pela hegemonia do mercado é um desafio de todos que compõem a organização: a diretoria, gerentes, supervisores, assistentes e auxiliares.

A função do profissional de finanças é tomar decisões financeiras, as quais envolvem os processos de: a) planejamento financeiro - a necessidade de ampliação, rentabilidade e lucratividade sobre os investimentos realizados; b) controle financeiro - o mecanismo de interpretar e corrigir as variações entre previsto e realizado; c) administração de ativos - o administrador terá a tarefa de melhorar a estrutura de investimentos em terno risco e retorno; d) administração de passivos - o gestor vai gerenciar a composição de financiamento (ASSAF NETO, 2010).

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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As decisões de investimento abarcam a maneira ou a forma como o gestor vai aplicar os recursos, ou seja, o processo de identificação, avaliação e seleção das melhores alternativas de aplicações na expectativa de fluxo de caixas futuros. As decisões de financiamento descrevem quais recursos serão captados de terceiros, os próprios ou de ambos. O propósito das decisões de investimento e financiamento é a maximização da riqueza e, consequentemente, o bem estar do proprietário de capital.

O financista de uma empresa tem a grande responsabilidade de tomar decisão de investimento, para a qual ele necessita utilizar uma taxa como ponto de referência. Essa taxa é denominada taxa de corte ou taxa mínima aceitável, isto é, custo de capital. O custo de capital da empresa vai refletir a renumeração mínima exigida pelos proprietários do dinheiro.

Portanto, toda atividade organizacional ou empresarial apresenta variáveis internas e externas que poderão afetar diretamente e indiretamente o desempenho operacional da companhia. Esse ambiente turbulento envolve uma gama de complexidade no mundo dos negócios, tornando o papel do gestor importantíssimo nas atividades inerentes a decisões de investimento e financiamento na produção de bens e serviços, a fim de minimizar os riscos financeiros e econômicos.

Os modelos que auxiliam os gestores na decisão de análise de investimentos são: Valor Presente Líquido - VPL, Taxa Interna de Retorno - TIR, Taxa Interna de Retorno Modificada TIRM, Índice de Lucratividade – IL, Payback Simples - PBS e Payback Descontado - PBD; e na análise de financiamento: CAPM e WACC. Estes modelos visam encontrar a melhor decisão, que maximize a riqueza do acionista, entretanto, na prática empresarial, pouco se estuda sobre a eficiência do montante a ser investido por uma companhia.

2 Desenvolvimento

2.1 Decisão de investimento

Em toda e qualquer empresa de poucos recursos financeiros, os gestores têm a responsabilidade de aderir a projetos que tragam maior agregação de valor para a empresa, a fim de alcançar um objetivo fundamental: a maximização de riqueza do acionista.

Segundo Groppelli e Nikbakht (2002, p. 121), “orçamento de capital é um sólido conjunto de procedimentos para avaliar, comparar e selecionar projetos”.

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 159

O orçamento de capital é um vasto demonstrativo de recursos para a obtenção de ativos de longo prazo, sendo uma importante ferramenta gerencial para a organização.

Conforme Laponni (2007, p. 9), “de forma geral, numa empresa em funcionamento, as operações são os trabalhos repetitivos do dia-dia, e o projeto é um esforço com início e fim definidos empreendidos para criar um produto ou serviço único para a empresa”.

Dentre as decisões mais importantes de competência dos diretores financeiros está a elaboração do orçamento de capital e a estimativa de custo de capital. Neste processo, é fundamental utilizar métodos acurados de análise para maximizar a riqueza do acionista (RYAN, 2002).

Payback simples (PBS)

Uma das preocupações do gestor após sua decisão de financiamento e, posteriormente, a de investimento é saber quando a empresa vai recuperar o investimento, isto é, em quanto tempo o investimento vai ser recuperado. A técnica utilizada para encontrar o período de recuperação do investimento é denominada payback. O período de recuperação é alcançado calculando-se o número de anos que serão necessários para que os benefícios futuros acumulados igualem o montante do investimento inicial.

Segundo Assaf Neto (2010, p. 321),

o período de payback, de aplicação bastante generalizada na prática, consiste na determinação do tempo necessário para que o dispêndio de capital (valor do investimento) seja recuperado por meio dos benefícios incrementais líquidos de caixa (fluxo de caixa) promovidos pelo investimento.

O tempo máximo de recuperação do investimento é determinado pelo gestor da organização. Se o prazo determinado pelo investidor for menor do que o período máximo aceitável de recuperação, o investimento deverá ser aceito. Contudo, se o prazo for maior do que o tempo máximo aceitável de recuperação, o investimento deverá ser rejeitado.

O Payback é uma técnica usualmente utilizada por empresas de grande porte para avaliar pequenos investimentos e por pequenas empresas de pequeno e médio porte para avaliar a maioria de seus projetos. Há dois tipos de recuperação: Payback Simples (PBS) e Payback Descontado (PBD) (BRUNI, 2008).

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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A utilização do payback na prática corporativa é bastante utilizada como ferramenta de análise de novos projetos e demonstra o número de períodos necessários para se recuperar o dinheiro investido, sendo um método simples e direto, pois envolve as estimativas de benefícios futuros esperados que são necessários para pagar o investimento.

Segundo Damodaran (2010, p. 256), “o payback de um projeto é uma medida da rapidez com que os fluxos de caixa gerados por esse projeto cobrem o investimento inicial”.

Conforme Bruni (2008, p. 229),

o método do payback simples é uma forma simples, fácil e direta, que estima o prazo necessário para se recuperar o investimento realizado. Quando o custo de capital do investimento não é considerado, denomina-se o método do Payback Simples.

O investidor pode utilizar-se do payback como ferramenta para simples seleção de riscos de projetos. Dois projetos, A e B, possuem o mesmo valor inicial de investimento e no projeto “A” tem-se um período de recuperação de quatro anos, enquanto a alternativa “B” possui dez anos. Então, a alternativa “A” possui um risco menor, pois o período de recuperação do investimento é mais rápido, o que significa que o projeto “A” está em risco por um período mais curto (TITMAN; MARTIN, 2010).

O gestor precisa ter certa precaução quando for utilizar o payback simples como ferramenta de análise, pois ele não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo e nem os fluxos de caixa que ocorrem após o período de payback.

Conforme Groppelli e Nikbakht (2008, p. 136),

o método do período de recuperação do investimento é largamente utilizado para calcular quanto tempo demora até que um capital original, ou investimento inicial, seja recuperado. Esse método não é recomendado por duas razões: do mesmo modo que a taxa média de retorno não leva em conta o valor do dinheiro no tempo, nem serve como uma medida de lucratividade (já que os fluxos de caixa após o período de amortização (payback) são ignorados).

Para Bruni (2008, p. 231), “O método payback simples só pode ser aplicado quando o fluxo de caixa é do tipo simples (isto é, os fluxos de caixa apresentam apenas uma mudança de sinal, como investimento com sinal negativo e n recebimentos com sinal positivo”.

�� se o payback simples for menor que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto deve ser aceito;

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 161

�� se o payback simples for igual ao prazo máximo de recuperação do capital investido, é indiferente aceitar ou não o projeto;

�� se o payback simples for maior que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto não deve ser aceito.

Exemplo: A empresa ABC Ltda. estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 50.000,00. O valor residual do investimento é considerado zero. Pede-se para calcular o payback simples sabendo que o prazo máximo tolerável pela empresa é de 4 anos.

O diagrama de fluxo de caixa abaixo demonstra um período de quatro anos para um investimento inicial de R$ 50.000,00, que proporcionou fluxos de caixas anuais de R$ 10.000,00 no ano 1; R$ 20.000,00 no ano 2; R$ 25.000,00 no ano 3; R$ 30.000,00 no ano 4.

Figura 1 - Diagrama de fluxo de caixa da empresa ABC Ltda.

0

R$ 10.000

R$ 20.000

R$ 25.000

R$ 30.000

R$ -50.000

1 2 3 4

Fonte: Bruni, 2008

Sendo o valor a ser investido de R$ 50.000,00, a empresa recupera R$ 10.000,00 no primeiro ano e R$ 20.000,00 no segundo. Você pode ver por essa informação que após dois anos a companhia terá recuperado R$ 30.000,00 dos R$ 50.000,00 investidos. Então, calculemos a proporção do terceiro ano, que a empresa precisará para recuperar os R$ 20.000,00 restantes do seu investimento inicial. Para fazer isso, simplesmente divide-se os R$ 20.000,00 pela entrada de caixa no terceiro ano.

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162

PBs R R RPBs R R

= − + = −= − +

$ . $ . $ .$ .

50 000 10 000 40 00040 000 $$ . $ .

$ .$ .

,

20 000 20 00020 000

25 0000 80

= −

=−

=

R

PBs RR

PBs == 2 8, anos

Portanto, o período de recuperação da empresa ABC Ltda. corresponde a 2,8 anos. Se o gestor desta empresa determinar o período de recuperação como no máximo 3 anos, a empresa deve investir nesse projeto.

2.1.2 Payback descontado (PBD)

O Payback descontado, mais comumente utilizado pelas empresas, leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Para poder calcular o período de recuperação do investimento no payback descontado é preciso antes descontar os fluxos de caixas futuros e, para isso, torna-se necessário conhecer a taxa mínima de atratividade do investimento ou taxa de corte.

Neste sentido, Correia Neto (2009, p. 157) explica:

O PPB descontado diferencia-se do simples por considerar o efeito do tempo sobre o dinheiro. A forma de implementação de ambos é similar, apenas usando diferentes fluxos de caixa. No período de payback descontado, não serão utilizados os valores nominais dos fluxos, tal qual no simples, e sim os valores descontados para o presente, através de uma taxa de juros. Essa taxa de juros deve ser ajustada ao risco e compatível com o tipo de fluxo de caixa. Ela é a taxa mínima de atratividade (TMA), explicada no estudo de financiamento.

Conforme Laponni (2007, p. 236), “o payback é o tempo necessário para recuperar o custo inicial remunerado, na decisão com o método do PBD, este é comparado como tempo máximo tolerado, TMT, definido pela empresa”.

O payback descontado considera o efeito do dinheiro no tempo diferentemente do payback simples que não leva isso em consideração. O payback descontado é assim denominado porque em todos os fluxos de caixa esperados pelo investimento vão ser descontadas a taxa mínima aceitável ou taxa mínima de atrativade no projeto (CORREIA NETO, 2009).

Denomina-se payback descontado quando o gestor, em sua análise, considera o valor do dinheiro no tempo, isto é, em todos os fluxos de caixa futuros é descontada a taxa de desconto (BRUNI, 2008).

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 163

Para atualizar o fluxo de caixa é necessário utilizar a fórmula dos juros compostos: um valor futuro (FV), trazendo-o a valor presente (VP), em que (n) é o período e (i) a taxa de desconto. Basta aplicar a seguinte fórmula:

Figura 2 - Fórmula de juros compostos e suas derivações

Valor Presente Prazo Taxa de Juros

Fonte: Puccini (2000)

Neste sentido, Correia Neto (2008, p. 233) esclarece:

Quando o valor do dinheiro no tempo é considerado na análise, o método do payback passa a ser denominado payback descontado. Os procedimentos de caçulo são similares aos empregados no payback simples, bastando trazer os fluxos de caixa no valor presente, usando o regime de juros compostos.

Este método foi criado para corrigir uma das principais falhas do payback simples, que não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. O payback descontado é o tempo necessário para se recuperar um determinado investimento, ou seja, qual é o período imprescindível para que os fluxos de caixa futuros, atualizado a uma taxa de corte, recuperem o capital investido (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010).

�� se o payback descontado for menor que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto deve ser aceito;

�� se o payback descontado for igual ao prazo máximo de recuperação do capital investido, é indiferente aceitar ou não o projeto;

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

164

�� se o payback descontado for maior que o prazo máximo de recuperação do capital investido, o projeto não deve ser aceito.

Exemplo: A empresa CBC Ltda. estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 50.000,00, que proporcionou fluxos de caixa anuais de R$ 10.000,00 no ano 1; R$ 20.000,00 no ano 2; R$ 25.000,00 no ano 3; R$ 30.000,00 no ano 4. O valor residual do investimento é considerado zero. Pede-se para calcular o payback descontado sabendo que a taxa de desconto corresponde a 3% a.a. e o prazo máximo tolerável pela empresa é de 3 anos.

O primeiro passo é atualizar cada fluxo de caixa para data zero.

PV FVi n=

+( )1

PV

PV

1 1

2 2

10 0001 0 03

9 708 74

20 0001 0 03

=+

=

=+

.( , )

. ,

.( , )

== 18 851 92. ,

PV

PV

3 3

4

25 0001 0 03

22 878 54

30 0001 0 03

=+

=

=+

.( , )

. ,

.( , )44

26 654 61= . ,

Sendo o valor a ser investido de R$ 50.000,00, a empresa recupera R$ 9.708,74 no primeiro ano e R$ 18.851,92 no segundo. Você pode ver, por essa informação, que após dois anos a companhia terá recuperado R$ 28.560,66 dos R$ 50.000,00 investidos. Então, calculemos a proporção do terceiro ano que a empresa precisará para recuperar os R$ 21.439,34 restantes do seu investimento inicial. Para fazer isso, simplesmente divide-se os R$ 21.439,34 pela entrada de caixa no terceiro ano.

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 165

PBDPBD

= − + = −= − +50 000 9 708 74 40 291 2640 291 26 1. . , . ,. , 88 851 92 21 439 34

21 439 3422 878 54

0 94

. , . ,

. ,

. ,,

= −

=

=PBD 22 9, ANOS

Portanto, o período de recuperação da empresa CBC Ltda. corresponde a 2,9 anos. Se o gestor desta empresa determinar o período de recuperação como no máximo 3 anos, a empresa deve investir nesse projeto.

2.1.3 Valor presente líquido (VPL)

O objetivo maior da decisão de investimento é a maximização da riqueza da empresa. Esta decisão inerente aos gestores parte, inicialmente, de uma decisão de financiamento para depois alocar os recursos de forma que gerem riqueza para os proprietários, investidores ou acionistas, o que é fundamental para o sucesso da companhia.

A regra do valor presente líquido (VPL) satisfaz muitas das condições apresentadas para criar uma ótima regra que auxilie o administrador ou gestor financeiro a tomar melhor as suas decisões sobre os investimentos realizados pela empresa. O método permite que os analistas de projetos avaliem melhor a taxa de desconto e os fluxos de caixa futuros esperados, ao levar em consideração um valor final que capta as expectativas além do horizonte no tempo da análise de viabilidade (DAMODARAM, 2010).

Nesse sentido, Damodaran (2010, p. 257) afirma que “o valor presente líquido (VPL) de um projeto é a soma dos valores presentes de cada um dos fluxos de caixa – tanto positivos como negativos – que ocorrem ao longo da vida do projeto”.

O objetivo maior de um investimento é maximizar o valor da organização. A forma como o gestor pretende alocar todos os recursos captados para os projetos de investimentos é imprescindível para o sucesso do empreendimento, até mesmo porque existe uma enorme sinergia de tempo, dinheiro e gerenciamento (LAPONNI, 2007).

A regra do valor presente líquido (VPL) satisfaz muitas das condições apresentadas para criar uma ótima regra que auxilie o administrador ou gestor financeiro a tomar melhor as suas decisões sobre os investimentos realizados pela empresa.

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

166

Segundo Correia Neto (2009, p. 160), “o VPL é igual ao valor atual das entradas de caixa menos o valor atual das saídas”.

Após a realização do desembolso para constituir o projeto, no qual se espera receber fluxos de caixa futuros, a empresa necessita saber se este investimento vai gerar valor ou não. A técnica de valores líquidos descontados é a mais utilizada na análise de viabilidade econômico-financeira.

Segundo Assaf Neto (2010, p. 335),

a medida do valor presente líquido é obtida pela diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa, previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o valor presente do investimento (desembolso de caixa).

Sendo um dos métodos que considera o fluxo de caixa líquido da companhia, após a realização do investimento, o gestor espera obter fluxos de caixa futuros positivos, nos quais serão descontados a uma taxa de corte, e, por fim, diminuídos do investimento inicial.

Na prática, como anota Laponni (2007, p. 133), “o valor presente líquido é obtido a partir do desconto de todos os fluxos de caixa para momento inicial, o instante 0, quando ocorre o primeiro desembolso”.

O cálculo do valor presente líquido é bastante simples de entender: é preciso atualizar cada fluxo de caixa para a data do investimento inicial, ou seja, ano zero, e, depois de atualizado, deve-se somar todos os fluxos positivos e depois diminuir do desembolso inicial.

Segundo Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 176), “valor presente líquido é o valor presente do fluxo de caixa operacional do projeto, descontado ao custo de capital da empresa.”

Conforme Correia Neto (2009, p. 160), “o valor presente líquido (VPL) consiste em trazer todos os fluxos financeiros do projeto, tanto positivos como negativos, para um único período (o atual) e somá-los”.

De acordo com Puccini (2000, p. 125), “denomina-se o valor presente de um fluxo de caixa o valor monetário (PV) do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de suas parcelas futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa de juros”.

O valor presente é um dos métodos mais utilizados e pode ser representado pela seguinte fórmula:

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 167

Figura 3 - Valor presente líquido

VPL FC FCk

FCk

FCk

FCk

= ++

++

++

++

( )( ) ( ) ( ) ( )0

1 22

33

4

1 1 1 1 44 1+ +

+...

( )FCknn

Fonte: Lemes Júnior; Rigo; Cherobim (2010)

Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 177), “regra do valor presente líquido – um projeto deve ser aceito se o VPL for positivo e rejeitado se ele for negativo.”

�� se VPL > 0 aceita-se o projeto;�� se VPL = 0 aceita-se o projeto;�� se VPL < 0 rejeita-se o projeto.

Exemplo: A empresa J.M estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 600,00, sendo que os fluxos de caixa projetados são respectivamente R$ 120,00; R$ 135,00; R$ 150,00; R$ 180,00; R$ 225,00; R$ 250,00. O valor residual do investimento é considerado zero. A taxa mínima aceitável do projeto 15% a.a. Pede-se para calcular o Valor Presente Líquido.

Tabela 1- Fluxo de caixa da empresa J.M

Ano Fluxo de caixa

0 (600,00)

1 120,00

2 135,00

3 150,00

4 180,00

5 225,00

6 250,00

VPL =−+

++

++

+600

1 0 15120

1 0 15135

1 0 15150

0 1 2( , ) ( , ) ( , ) (( , ) ( , ) ( , ) ( ,1 0 15180

1 0 15225

1 0 15250

1 0 153 4 5++

++

++

+ ))6

VPL = − + + + + + +600 104 35 102 08 98 63 102 92 111 86 108, , , , , ,008

VPL = − + =600 627 92 27 92, ,

VPL = 27 92,

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168

A interpretação desse resultado revela que, ao aceitar o projeto e implementá-lo, como o VPL é positivo, a J.M estará aumentando a riqueza de seus acionistas ou proprietários em R$ 27,92, além de pagar o custo do capital. Portanto, a empresa deve realizar o investimento.

2.1.4 Taxa interna de retorno (TIR)

A taxa interna de retorno é a taxa de corte que iguala o valor atual líquido dos benefícios futuros de um investimento a zero. Em outras palavras, é a taxa que, com o valor atual das entradas, seja igual ao valor atual dos desembolsos. Para se tomar uma decisão, a taxa deve ser confrontada com a taxa que representa o custo do capital do investidor ou da companhia.

Para Assaf Neto (2010, p. 325), “o método da taxa interna de retorno (IRR) representa [...] a taxa de desconto que iguala, em determinado momento (geralmente usa-se a data de início do investimento – momento zero) as entradas com saídas previstas de caixa.”

A taxa interna de retorno é o valor em percentual do retorno do investimento; técnica bastante utilizada na análise de viabilidade de projetos e torna o valor presente líquido igual a zero.

Segundo Correa Neto (2009, p. 163), “em termos operacionais, a TIR é a taxa de desconto que faz com que o somatório dos valores presente das entradas de caixa se iguale ao somatório dos valores presentes das saídas de caixa, resultando em um VPL nulo.”

Taxa Interna de Retorno é um dos principais métodos de análise de projetos econômico-financeiros, seja para diagnosticar a viabilidade de projetos, seja para acompanhar e comparar a rentabilidade de investimentos. Ela representa para os investidores o percentual adquirido pelos investimentos realizados no ativo.

Segundo Damodaran (2008, p. 261),

a taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que torna o valor presente líquido zero. Ela é a medida do retorno que você está obtendo sobre um investimento, considerando tanto quanto serão os fluxos de caixa sobre o investimento, quanto quando eles serão recebidos. Trata-se do fluxo de caixa descontado análogo às taxas de retorno contábeis.

A taxa interna de retorno é a taxa de corte que iguala o valor atual líquido dos benefícios futuros de um investimento a zero.

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 169

Para Bruni (2008, p. 299), “a taxa interna de retorno é a taxa de juros recebida para um investimento que consiste em pagamentos (valores negativos) e receitas (valores positivos) que ocorrem em períodos regulares.”

A taxa interna é um indicador de rentabilidade do projeto e deve ser avaliada com a taxa mínima aceitável da empresa. Esta taxa mínima é a taxa que corresponde à melhor remuneração que poderia ser adquirida com o emprego do capital em um investimento.

Segundo Titman e Martin (2010, p. 86),

a TIR é definida simplesmente como a taxa de retorno anual composta obtida em um investimento. Nas análises introdutórias de projetos de investimento, geralmente consideramos que os fluxos de caixa negativos associados a um projeto, como os custos de desenvolvimento, ocorrem no início da vida do projeto, e os fluxos de caixa positivos ocorrem depois.

Figura 4 - Taxa interna de retorno

( )( ) ( ) ( ) (

FC FCTIR

FCTIR

FCTIR

FC0

1 22

33

4

1 1 1 1+

++

++

++

+ TTIRFCTIR

nn)

...( )4 1

0+ ++

=

Fonte: Lemes Júnior; Rigo; Cherobim (2010)

Para Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 180), “regra da TIR – um projeto de investimento é aceitável se sua TIR for igual ou superior ao custo de capital. Caso contrário, deve ser rejeitado”.

�� se TIR > ke aceita-se o projeto;�� se TIR = ke aceita-se o projeto;�� se TIR < ke rejeita-se o projeto.

Exemplo: A empresa M.J Ltda. estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento e o investimento inicial para este projeto corresponde a R$ 600,00, sendo que os fluxos de caixa projetados são respectivamente R$ 120,00; R$ 135,00; R$ 150,00; R$ 180,00; R$ 225,00; R$ 250,00. O valor residual do investimento é considerado zero. A taxa mínima aceitável do projeto 15% a.a. Pede-se para calcular a taxa interna de retorno.

( )( ) ( ) ( ) (

600 1201

1351

1501

18012 3+

++

++

++

+TIR TIR TIR TTIR TIR TIR) ( ) ( )4 5 6225

1250

10+

++

+=

TIR = 16 49, %

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170

Como o custo de capital utilizado pela empresa foi de 15% a.a. para seus projetos, a interpretação desse resultado é que, ao aceitar o projeto, a companhia estará aumentando a riqueza de seus acionistas, pois a TIR é maior que a taxa de desconto.

2.1.5 Taxa interna de retorno modificada (TIRM)

Normalmente, adota-se a TIRM para confrontá-la com a TIR. De acordo com Assaf Neto (2010, p. 334), o método da Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) “[...]leva em consideração em seu cálculo as taxas de investimento para reaplicação dos fluxos de caixa intermediários mais compatíveis com o mercado”.

Para chegar à TIRM, os fluxos de caixa intermediários negativos são trazidos a valor presente com uma taxa de financiamento, enquanto os fluxos intermediários positivos são levados a valor futuro, no último período do fluxo de caixa, a partir de uma taxa de reinvestimentos. Com os valores do fluxo de caixa no instante zero e no período final, o cálculo da taxa interna de retorno poderá ser aplicado direto na fórmula de juros compostos.

De acordo com Kassai et al (2000, p. 778), “o método da TIRM resgata a vantagem da facilidade de interpretação dos resultados na forma de taxa; possibilita a comparação entre as diversas taxas de mercado; e obtém uma taxa de retorno do investimento mais realista.”

Figura 5 - Taxa interna de retorno modificada

TIRMFC K

FC K

PTn t

t

n

NTt

t

n=+

+

=

=

.( )

.( )

1

1

10

20

1

1

t

Fonte: Bruni (2008)

Onde:

taxa que remunera aplicações de recursos

taxa de captação de recursos

fluxo de caixa positivo no ano t

fluxo de caixa negativo no ano t

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 171

A TIRM leva em conta uma taxa reinvestimentos mais realista que a TIR, na qual considera em um investimento as possibilidades de ser lucrativo, indiferente ou insatisfatório, baseando-se pelos resultados maiores, iguais ou menores que a taxa do custo de capital ou da taxa de rendimento em outro investimento.

Exemplo: A empresa YZW Ltda. quer analisar a taxa interna de retorno modificada decorrente do investimento realizado. O investimento inicial foi na ordem de R$ 400.000,00 , inteiramente desembolsados no ano inicial. Os benefícios gerados pela operação em um horizonte de 10 anos foram de R$ 120.000,00. Contudo, a empresa estima a necessidade de um novo investimento no valor de R$ 200.000,00 no final do quinto ano, o que causará uma redução do fluxo de caixa que, neste caso, será negativo no valor de R$ 80.000,00. No último ano analisado, a empresa estima que conseguirá realizar o valor residual dos equipamentos pela importância de R$ 40.000,00 que deverá ser somada aos fluxos previstos. As taxas de captação são iguais a 25% ao ano, enquanto as taxas de aplicação são próximas a 18% ao ano.

Tabela 2 - Fluxo de caixa da empresa YZW Ltda.

Ano Fluxo de caixa anual

Valor positivo capitalizado para a data terminal

Valor negativo capitalizado para a data zero

0 R$ (400.000,00) R$ (400.000,00)1 R$ 120.000,00 R$ 532.254,46 2 R$ 120.000,00 R$ 451.063,10 3 R$ 120.000,00 R$ 382.256,87 4 R$ 120.000,00 R$ 323.946,50 5 R$ (80.000,00) R$ (26.214,40)6 R$ 120.000,00 R$ 232.653,33 7 R$ 120.000,00 R$ 197.163,84 8 R$ 120.000,00 R$ 167.088,00 9 R$ 120.000,00 R$ 141.600,00

10 R$ 160.000,00 R$ 160.000,00 Soma R$ 2.588.026,11 R$ (426.214,40)

Fonte: Bruni (2008)

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= + ) $) $

) $VF vp iVF RVF

n= +

= + =

.( ). .( , . ,1

120 000 1 0 18 532 254 469

== + =

= +

120 000 1 0 18 451 063 10120 000 1 0

8. .( , ) $ . ,. .(

RVF ,, ) $ . ,

. .( , ) $ .18 382 256 87

120 000 1 0 18 323 9

7

6

=

= + =

RVF R 446 50

120 000 1 0 18 232 653 33120 0

4

,. .( , ) $ . ,.

VF RVF

= + =

= 000 1 0 18 197 163 84120 000 1 0 18

3

2

.( , ) $ . ,. .( , )

+ =

= + =

RVF RVF RV

$ . ,. .( , . ,

167 088 00120 000 1 0 18 141 600 001= + =

FVF R

==160 000 1 0 18 160 000 002 588 026

0. .( , . ,$ . . ,,11

F R

VP FVi

VP R R

n=+

=−

+= −

( )$ .

( , )$ . ,

1400 000

1 0 25400 000 000

VVP R R

VP R

=−

+= −

= −

$ .( , )

$ . ,

$ .

80 0001 0 25

26 214 40

426 21

5

44 40,

TIRM

TIRM

=

=

2 588 026 11426 214 40

1

6 07

110. . ,

. ,

, 22122634 11 1976614 1 0 19761419

110( ) −

= − ==

TIRMTIRM

, ,,, %77

2.1.6 Índice de lucratividade (IL)

O índice de lucratividade (IL) é definido como a divisão da soma dos valores presentes do projeto descontando a taxa mínima de atratividade, ou seja, a taxa de corte do investimento, pelo valor do investimento (LAPPONI, 2007).

O índice de lucratividade consiste em outra técnica para avaliação de investimentos, pois ela diz, de modo geral, quanto será obtido a valor presente através dos fluxos de caixa esperados (BRUNI, 2007).

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 173

Na prática, como anota Damodaran (2010, p. 310),

o índice de lucratividade é o método mais simples de incluir o racionamento de capital na análise de investimentos. É particularmente útil para empresas que têm restrições somente no atual período e relativamente poucos projetos.

O índice de lucratividade mede o retorno por cada unidade de valor investida no projeto. Esse método consiste em estabelecer a divisão entre os valores presentes líquidos de caixa e o desembolso inicial de caixa.

Segundo Assaf Neto (2010, p. 338), “o índice de lucratividade (IL), ou índice de valor presente, é uma variante do método do NPV; é determinado por meio da divisão do valor presente dos benefícios líquidos de caixa pelo valor presente dos dispêndios (desembolso de capital)”.

Um determinado investimento realizado pelo gestor obteve um índice de lucratividade de R$ 2,50. A interpretação do índice será que para cada R$ 1,00 investido será possível agregar R$ 2,50 a valor presente através dos benefícios futuros.

Na prática, como anota Correia Neto (2009, p. 159), “o índice de lucratividade (IL) mede o retorno por unidade monetária investida em termos presentes, indicando quantas unidades monetárias são geradas por unidade monetária desembolsada”.

O critério do índice de lucratividade pode ser representado pela seguinte fórmula:

Figura 6 - Índice de lucratividade

IL

FCk

Inv

jj

j

n

=+=

∑ ( )11

Fonte: Bruni (2008)

O índice de lucratividade mede o retorno por cada unidade de valor investida no projeto. Esse método consiste em estabelecer a divisão entre os valores presentes líquidos de caixa e o desembolso inicial de caixa.

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Onde:

fluxo de caixa no período j

custo de capital ou TMA

período analisado

número de períodos analisados investimento inicial, que corresponde ao fluxo de caixa na data zero,

Exemplo: Utilizando o mesmo exemplo anterior, a empresa JM estuda a viabilidade de adquirir um novo equipamento, sendo o investimento inicial para este projeto correspondente a R$ 600,00 e os fluxos de caixa projetados são respectivamente R$ 120,00; R$ 135,00; R$ 150,00; R$180,00; R$ 225,00; R$ 250,00. O valor residual do investimento é considerado zero. A taxa mínima aceitável do projeto é 15% a.a. Pede-se para calcular o índice de lucratividade.

Tabela 3 - Fluxo de caixa da empresa JM Ltda.

Ano Fluxo de caixa Valor presente do fluxo de caixa

0 (600,00) (600,00)1 120,00 104,35 2 135,00 102,08 3 150,00 98,63 4 180,00 102,92 5 225,00 111,86 6 250,00 108,08

Veja bem, o índice de R$ 1,05 indica que para cada R$ 1,00 investido no projeto, ele retorna R$ 1,05 em termos atuais.

2.2 Decisão de financiamento

Para tomar decisões financeiras a longo prazo é preciso considerar o custo de capital da companhia, isto é, a soma de todo o caixa investido nos ativos da empresa, não importando a forma de financiamento (capital de terceiro ou próprio). O custo de capital, por sua vez, é o mínimo retorno sobre o investimento aceitável, sendo a linha divisória entre a boa e a má performance corporativa; é a taxa de retorno esperada exigida pelo mercado para financiar determinado investimento. Assim, o custo do

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 175

dinheiro reflete as expectativas dos detentores de capital, as quais estão relacionadas a condições gerais da economia, do mercado e decisões operacionais e financeiras da empresa (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010).

O estudo de financiamentos de recursos tem o propósito de determinar como os investimentos e reinvestimentos necessários ao projeto serão financiados. Existem várias formas de você captar recursos para financiar o seu investimento, podendo ser de capital de terceiro, próprio ou os dois.

2.2.1 Custo de capital

Segundo Assaf Neto (2010, p. 392), “o custo de capital de uma empresa reflete, em essência, a remuneração mínima exigida pelos proprietários de suas fontes de recursos (credores e acionista)”.

O custo de capital da companhia pode ser visto ainda como um custo de oportunidade, que iguala o retorno total que os investidores desta companhia esperam ganhar investindo o mesmo montante em um portfólio de ações e títulos de risco semelhante, ou seja, o custo de capital deriva da relação entre risco e retorno de certo investimento.

Nesse sentido, Bruni (2008, p. 157) afirma que

todas as decisões de financiamento de uma empresa são refletidas pelo custo de oportunidade dos recursos nela investidos. Da ponderação dos custos das diferentes fontes por suas participações na estrutura de financiamento da entidade surge a definição de custo médio ponderado de capital ou, simplesmente custo de capital.

2.2.2 Custo de capital de terceiro

Segundo Assaf Neto (2010, p. 393), “o custo de capital de terceiro é definido de acordo com os passivos onerosos identificados nos empréstimos e financiamentos mantidos pela empresa.”

Groppelli e Nikbakht (2008, p. 169) complementam:

o custo da dívida é menor que o custo de capital próprio. O aumento do custo da divida está diretamente relacionado às mudanças nas taxas de

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juros do mercado. Quando novos títulos são emitidos, a empresa incorre em custos de colocação, que elevam o custo da dívida. Entretanto, os custos da dívida são reduzidos porque os juros pagos são dedutíveis do imposto de renda. Dívidas em excesso podem aumentar o risco de insolvência para a empresa; elas forçarão o aumento do custo da dívida a ponto de inviabilizar negócios com novos títulos. As duas fórmulas para calcular o custo da dívida são: o método da taxa de retorno aproximada e o método do valor presente, que calcula a taxa interna de retorno desconhecida. Lembre-se de que o custo da dívida deve ser ajustado ao efeito do imposto de renda ou K Kd tdt = −( ).1

Para se estimar o custo do capital de terceiro é necessário, inicialmente, identificar o grau de endividamento da companhia junto a fontes de financiamento. O capital de terceiro define o custo da dívida, que representa as taxas de juros do mercado para um financiamento com o mesmo nível de risco demostrando pela organização (ASSAF NETO, 2010).

Há uma grande preocupação do gestor financeiro em determinar a taxa mínima aceitável ou de atratividade do projeto, pois ela é utilizada para descontar os fluxos de caixa futuros, isto é, o retorno exigido pelos investidores. Ao buscar uma fonte de financiamento de terceiro, a taxa de desconto do projeto vai ser determinada pelo custo da dívida aparente.

Nesse sentido, Damodaran (2010, p. 215) salienta que “o custo das dívidas mede o custo para empresa dos empréstimos assumidos para o financiamento de projetos.”

O custo do capital de terceiros representa a remuneração que a entidade paga para a instituição financeira nos empréstimos obtidos pela empresa, isto é, a remuneração mínima dos financiamentos de logo prazo após a dedução do imposto de renda (LEMES JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2010).

O custo de capital de terceiro pode ser representado pela seguinte fórmula:

Figura 7 - Custo de capital de terceiro

Kd Ka IR= −.( %)1

Fonte: Bruni (2008)

Onde:

Kd = custo da dívidaKa = custo aparente da dívida

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Gestão de Avaliação de Investimento e Financiamento 177

IR = alíquota do imposto de renda

Exemplo: A empresa CMV Ltda. apresentou os seguintes demonstrativos contábeis:

Figura 8 - Resolução do custo de capital da empresa CVM Ltda.

DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIORECEITAS R$ 3.000,00 (-) CMV R$ 1.000,00 (-) DESPESAS PRÓPRIAS R$ 500,00 (-) JUROS R$ 100,00 RESULTADO ANTES DO IR R$ 1.400,00 IMPOSTO DE RENDA R$ 280,00 RESULTADO LÍQUIDO R$ 1.120,00

BALANÇO PATRIMONIALATIVOS PASSIVOS E PL

CIRCULANTE R$ 200,00 CIRCULANTE R$ - REALIZAVÉL R$ 700,00 EXIGÍVEL R$ 700,00 PERMANENTE R$ 1.300,00 PL R$ 1.500,00 TOTAL R$ 2.200,00 TOTAL R$ 2.200,00

IR%.

%= =2801 400

20 Ka = =100700

14 29, %

Re :.( %), %.( %)%

soluçãoK K IRKK

d a

d

d

= −= −=

114 29 1 2011

Por meio dos demonstrativos financeiros, pode-se determinar o custo de capital de terceiro da Empresa CMV Ltda. Ela apresenta um custo efetivo de capital de terceiro igual a 11% ao ano.

2.2.3 Custo de capital próprio

Os investidores aplicam recursos no ativo a fim de adquirir retornos de duas maneiras: a primeira com a distribuição de dividendos e a segunda forma de renumeração do capital próprio com a valorização da empresa. São fontes de financiamento a longo prazo. Os recursos originários dos sócios podem ser divididos em duas categorias: retenção de benefícios, quando a inversão na empresa é tão atrativa quanto a melhor

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alternativa de investimento do mercado e ampliação do capital social mediante novas emissões (CORREIA NETO, 2009).

Segundo Bruni (2008, p. 164),

o custo do capital próprio representa o custo das fontes de financiamento fornecidas pelos sócios por meio do patrimônio líquido. Existem, basicamente, dois procedimentos distintos para a obtenção do custo do capital próprio: o modelo de crescimento constante de dividendos e o modelo de precificação de ativos financeiros, CAPM (iniciais de capital asset pricing model).

Uma forma simples de calcular o custo de capital próprio da empresa é utilizando a geração de lucros, metodologia proposta por Gordon e Shapiro em que o custo de capital das ações ordinárias pode ser apurado por meio do fluxo de dividendos que seus titulares esperam receber. Este método é expresso pela fórmula:

Figura 9 - Custo de capital próprio

K DP

gso

= +1

Fonte: Bruni (2008)

Onde:

Ks = custo do capital próprio Po = preço da ação no ano zeroD1 = dividendos distribuídos pela ação no ano 1g = taxa de crescimento dos dividendos

Exemplo: A companhia ABC Paulista S/A está cotada neste momento a R$ 5,50 (Po). Sabendo que está previsto para o próximo dividendo anual (D1), a ser distribuído pela empresa, ser igual a R$ 0,70 e que os dividendos têm crescido a uma média anual igual a 2%, calcular o custo do capital próprio da empresa, mediante o emprego do modelo apresentado por Gordon e Shapiro.

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K DP

g

K

K

so

s

s

= +

= +

=

1

0 705 50

0 02

15

,,

,

%

O custo de capital próprio da empresa ABC Paulista S/A é igual a 15% a.a.

Para Damodaran (2010, p. 188)

o custo de capital próprio é a taxa de retorno que os investidores exigem para realizar um investimento nas ações de uma empresa. Os modelos de risco descritos [...] necessitam de uma a taxa livre de risco e de um prêmio pelo risco (no CAPM) ou prêmios (no APM e nos modelos multifuncionais), que foram estimados, [...]. Também necessitam de medidas da exposição da empresa ao risco de mercado, na forma de betas. Esses dados são usados para chegar a um retorno esperado sobre um investimento em ações:

Re tornoesperado = + ).

O método do CAPM (Capital Asset Pricing Model ou Modelo de Precificação de Ativos de Capital) é um modelo que associa o prêmio pelo risco e o prêmio pelo tempo para determinado ativo e pode ser calculado através da seguinte equação:

E R R E R RI f m f( ) [ ( ) ]= + −β

Onde:

E Ri( ) = retorno esperado do ativo I.

Rf = taxa livre de risco

β = beta, nível de risco sistemático

E Rm( )= retorno esperado do mercado

O modelo do CAPM requer a determinação de três variáveis, descritas no quadro abaixo:

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Quadro 1 - Variáveis do CAPM

Variável Descrição

Rf

Denominada taxa livre de risco, do inglês riskfreee rate, correspodende à taxa de risco zero da economia, geralmente representada pela taxa de rentabilidade de títulos públicos de curto prazo. No mercado dos E.U.A., a melhor aproximação da taxa livre de risco consiste na rentabilidade do Tbilis, ou Treasury Bills, títulos públicos de curto prazo. No Brasil, a melhor representação da taxa livre de risco é a taxa média ofertada do Sistema Especial de Liquidação e custódia (Selic) que registra a taxa média ofertada por títulos públicos brasileiros.

E Rm( )-

Rf

Denominado prêmio pelo risco do mercado (market risk premium), prêmio acima do título livre de risco, função da diferença entre o retorno do mercado e da taxa livre de risco, função da diferença entre o retorno do mercado é a taxa livtre de risco.

βOu beta, Corresponde ao nível de risco sistemático da empresa, representado pelo coeficiente angular da reta de regressão entre os excessos de retornos do mercado e a taxa livre de risco.

Fonte: Bruni (2008)

O modelo de precificação do CAPM possui duas variáveis principais, sendo: dinheiro e tempo. Para simplificar os usos e aplicações das técnicas financeiras, as duas variáveis costumam ser analisadas sob a forma de dinheiro no tempo, que representa a taxa de corte ou de juros de uma operação.

Nesse sentido, Damodaran (2010, p. 189) complementa:

A inclinação da regressão corresponde ao beta da ação, e mede o seu grau de risco. O ponto de interseção da regressão fornece uma medida simples de desempenho do investimento durante o período de regressão, quando os retornos estão sendo medidos contra os retornos operadores a partir do CAPM.

Segundo Groppelli e Nikbakht (2008, p. 173), “o CAPM é uma outra maneira de determinar a taxa de desconto para as ações ordinárias que é igual ao custo de emissão da ação ordinária”.

De acordo com Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 204), “o custo de capital próprio é a renumeração mínima que os acionistas exigem por financiarem permanentemente a empresa”.

O beta é uma das mais importantes variáveis do modelo de precificação de ativos, representado pelo coeficiente angular de uma regressão dos retornos sobre o

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investimento em comparação com os retornos sobre o índice de mercado. O beta demonstrar o risco sistemático do investimento analisado.

A empresa WD S/A possui ações negociadas em bolsa, com beta igual a 1,05. Sabe-se que a taxa livre de risco do país onde as ações são negociadas é igual a 9% a.a. O retorno esperado é igual 15% a.a. Obtenha o custo do capital próprio.

E R R E R R

E R

E R

I f m f

I

I

( ) .[ ( ) ]

( ) % , .[ % %]

(

= + −

= + −

β

9 1 05 15 9

)) % , .[ %]

( ) % , %

( ) , %

= +

= +

=

9 1 05 6

9 6 30

15 30

E R

E R

I

I

A taxa a ser utilizada para descontar os fluxos de caixa líquido do projeto a valor presente deve ser aquela que melhor reflita o custo de oportunidade e os riscos inerentes ao negócio. Essa taxa de desconto deve ser utilizada pelos gestores financeiros para converter os fluxos de caixa livre esperados para calcular o valor da companhia.

2.2.4 Custo médio ponderado de capital (CMPC)

Nesse sentido Titman e Martin (2010, p. 149) afirmam que “o WACC da empresa pode ser visto como o seu custo de oportunidade do capital, que é a taxa de retorno esperada que seus investidores teriam em outras oportunidades de investimentos com risco equivalente.”

O WACC da empresa fornece a taxa mínima aceitável ou a taxa de desconto apropriada para avaliação de toda a empresa, isto é, o custo de capital médio ponderado (Weighted Average Cost of Capital ou WACC, em inglês) é uma taxa que quantifica a remuneração requerida sobre o capital investido.

Segundo Assaf Neto (2010, p. 406), “o custo de capital representa a taxa de atratividade da empresa, que indica a remuneração mínima que deve ser exigida na alocação de capital, de forma a maximizar seu valor de mercado.”

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O custo médio ponderado de capital representa a média ponderada do custo da dívida e do custo de capital próprio. Ele vai representar o preço que a companhia paga pelos recursos obtidos junto a suas fontes de financiamento (capital de terceiros e capital próprio). Consiste em um modelo para auxiliar na tomada de decisões de investimento, à medida que, aplicando recursos no ativo, espera-se obter fluxos de caixa esperados futuros, nos quais serão descontados os custos das fontes de financiamentos e o objetivo é gerar um retorno maior que o custo do capital (BRUNI, 2008).

Nesse sentido, Titman e Martin (2010, p.150) enfatizam que

o custo médio ponderado de capital (WACC) é uma medida ponderada dos custos, após os impostos, das várias fontes de capital arrecadado pela empresa para financiar suas operações e investimentos. Definimos o capital investido da empresa como o capital arrecadado através da emissão de dívida sujeita a juros e da emissão de capital (preferencial e ordinário).

O custo médio ponderado de capital representa os custos de todas as fontes de capital utilizadas para financiar os recursos aplicados. Esse custo representa a taxa de corte do investimento realizado pelo gestor financeiro e é fundamental para empresa, pois representa o quanto os financiadores da organização exigem, em média, após impostos.

Segundo Correia Neto (2007, p. 186), “o custo de capital de uma empresa é a composição dos custos de suas fontes de financiamentos (próprio e de terceiro) ponderados pela participação relativa de cada uma.”

A taxa mínima de atratividade de um investimento escolhida pelos gestores é geralmente o custo médio ponderado de capital (CMPC), pois, além de agrupar os riscos inerentes ao negócio, reflete com propriedade os custos de oportunidade dos detentores do dinheiro que financiam as atividades operacionais da empresa (capital próprio: acionistas, sócios, proprietários e capital de terceiros: credores externos), assim como os benefícios fiscais decorrentes das decisões estratégicas de estrutura de capital.

Segundo Lapponi (2007, p. 471), “o custo de capital da empresa é o resultado da soma dos custos ponderados das fontes de capital a valor de mercado.”

A administração financeira busca maximizar a riqueza dos acionistas. O custo médio ponderado de capital pode ser obtido pela ponderação do custo de cada fonte de financiamento pela proporção na participação no capital global da empresa refletindo a política da estrutura de capital da companhia.

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Conforme Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 211), “o custo médio ponderado de capital é o custo de capital calculado pela ponderação da participação das fontes específicas de capital de longo prazo, pelos seus respectivos custos de capital, e que é tomado como padrão financeiro na avaliação de projetos.”

Damodaran (2010, p. 226) complementa:

Desde que a empresa pode levantar dinheiro a partir de três fontes – capital próprio, capital de terceiros, e ações preferenciais – o custo do capital é definido como a média ponderada de cada um desses custos. O custo de capital próprio (Ke) reflete o risco do investimento em capital próprio da empresa, o custo de capital de terceiro após impostos (Kd) é uma função do risco de inadimplência da empresa, e o custo de ação preferencial (Kps) é uma função de sua posição intermediária, em termos, de risco, entre o capital de terceiros e o capital próprio. Os pesos de cada um desses componentes devem refletir suas proporções em valor de mercado, visto que essas proporções medem melhor como a empresa está sendo financiada.

O custo médio ponderado de capital é encontrado obtendo-se a participação em percentual na estrutura de capital do financiamento do passivo oneroso e do percentual do capital próprio e, depois, multiplicando-se pelo seu respectivo custo de capital e, então, do imposto de renda e somando os resultados. O custo de capital da empresa pode ser assim traduzido:

Figura 11 - Custo médio ponderado de capital

WACC K IR w k w k wd d p p e e= − + +( ).1

Fonte: Titman e Martin (2010)

Titman e Martin (2010, p. 151) afirmam que

o WACC como a média das taxas de retorno requeridas pela dívida onerosa da empresa (Kd ), pelas ações preferenciais (Kp )e pelas ações ordinárias (Ke ). Os pesos usados para cada fonte de recursos são iguais às proporções que elas representam do total de recursos captados. Isto é, (wd )é o peso associado à dívida, (wp )é o peso associado à ação preferencial, (we ) é o peso associado ao capital próprio.

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Exemplo: A empresa HD Ltda. financia-se exclusivamente com fundos de longo prazo. O balanço patrimonial está apresentado a seguir. O percentual do imposto de renda da organização é igual a 35%, seu risco sistemático é igual 1,25, a taxa livre de risco é igual 9% a.a. e o retorno do mercado esperado é estimado em 26% a.a. A operação financeira contratada com o banco ABC apresenta uma taxa igual a 30%. Determine o custo médio ponderado de capital da empresa HD.

Tabela 4 - Balanço patrimonial da empresa HD Ltda.

ATIVOS PASSIVOS E PLCIRCULANTE R$ 20.000,00 CIRCULANTE R$ - REALIZAVÉL R$ 32.000,00 EXIGÍVEL R$ 40.000,00 PERMANENTE R$ 48.000,00 PL R$ 60.000,00 TOTAL R$ 100.000,00 TOTAL R$ 100.000,00

Cust ap TerceiroK K IRKK

i d

i

i

.( )%.( %)

= −= −=

130 1 35119 50, %

Cust ap óprioKe R R RK

f m f

i

Pr. .( )% , .(

= + −= +

β9 1 25 26%% %), %

−=

930 25Ki

Participação Ca erceiro

PCT ..

, .= =40 000100 000

0 40 1100 40= %

Participação Cap óprio

PCT

: . Pr ..

, .= =60 000

100 0000 60 1000 60= %

WACC

WACC

= +

= +

( %. , %) ( , %. %)

, % , %

40 19 50 30 25 60

7 80 18 15

WWACC = 25 95, %

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3 ConclusãoA gestão da avaliação de investimento e financiamento é algo extremamente complexo, embora existam vários critérios que auxiliam o gestor a tomar a melhor decisão na captação de recursos e aplicação desses recursos de forma eficiente e eficaz, fazendo com que a empresa maximize a sua riqueza. A principal técnica recomendada na avaliação de investimentos é o método do valor presente líquido (VPL), pois contempla todos os fluxos de caixa esperados futuros, juntamente com o custo de capital empregado indicando se há aumento na geração da riqueza da empresa, além de poder ser utilizado em cenários com ou sem riscos.

O período de recuperação de um investimento é outra técnica utilizada, para a qual o método apresentado foi o payback simples (PBS) e o descontado (PBD). Essa técnica nos permite identificar o tempo necessário para que um investidor recupere o seu capital inicial. A rentabilidade do investimento é encontrada através do método da taxa interna de retorno (TIR), lembrando que o investidor deve analisar o custo de oportunidade. Para os caixas esperados do projeto pode e deve ser aplicada a técnica da taxa interna de retorno modificada (TIRM). O índice de lucratividade (IL) representa quanto de retorno o gestor financeiro está tendo em seu investimento por cada real aplicado no projeto.

Com o advento da globalização e o desenvolvimento tecnológico, aumentou a capacidade de manipulação de grande quantidade de informações com rapidez, fornecendo o ferramental necessário para acompanhamento do ambiente externo e interno do comportamento da organização e do caixa gerado, favorecendo a adoção de uma postura proativa. Contudo, não basta simplesmente elaborar o fluxo de caixa e adotar um bom critério para decidir sobre novos investimentos. É preciso captar as melhores fontes de financiamentos, isto é, captar os recursos com menor custo possível, pois elas vão compor o custo médio ponderado de capital, isto é, a taxa mínima aceitável do investimento.

A gestão de avaliação de investimento e financiamento em uma economia dinâmica torna cada vez mais imperiosa a necessidade do gestor em buscar melhores decisões e práticas de análise de investimento e de custo de capital. Em um ambiente bastante volátil, uma companhia precisa ser bem financiada e bem investida para criar maior riqueza para os acionistas, mantendo-se competitiva no mercado.

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4 SínteseRealizar planejamento que envolva as decisões de investimentos e financiamentos é tarefa difícil, que requer do administrador tempo e dedicação para decidir entre as melhores alternativas de captação (financiamento) e alocação de recursos (investimento).

Quando os acionistas ou proprietário investem em um projeto, o que eles esperam é o retorno do capital inicial investido, isto é, a riqueza gerada. Essa depende de um bom planejamento financeiro. Não basta só utilizar as técnicas de análise de viabilidade econômico-financeiras, também é preciso identificar o custo médio ponderado de capital, assim como interpretar a atual conjuntura econômica.

A gestão financeira por meio do planejamento financeiro permite identificar, obter recursos e mostra como aplicá-los. A obtenção dos recursos diz respeito às decisões de financiamento, ou seja, como conseguir dinheiro para melhorar e investir nas atividades da empresa. Já a utilização desses recursos representa as decisões de investimento.

Há uma imposição para contínuas alterações nas empresas, seja no processo produtivo, seja na necessidade de renovação tecnológica, para atingir uma melhor competitividade e inserção ou manutenção neste mercado globalizado. O sucesso do gestor financeiro é avaliado pela maximização da riqueza dos proprietários das empresas, sendo imperiosa a atenção às sinalizações da economia e adoção de ferramentas cada vez mais eficientes para análise e controle de risco associado a estes novos projetos.

Portanto, os principais métodos de avaliação de novos investimentos e financiamentos, em contextos com e sem risco, foram abordados por meio das técnicas de análise de viabilidade e o orçamento de custo do capital empregado e são critérios que auxiliam o gestor financeiro na tomada de decisão.

5 Questões para reflexão1) A Confecções Martins Ltda. planeja realizar o investimento na abertura de uma

loja nova. Projeta um investimento inicial em equipamentos e instalações no valor de R$ 150.000,00. Os recursos necessários serão integralmente colocados pelos sócios. As receitas são previstas como sendo iguais a R$ 200.000,00 no primeiro ano, com aumentos anuais iguais a R$ 35.000,00. Os gastos fixos são

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projetados como sendo iguais a R$ 30.000,00 (exceto depreciação) e gastos variáveis são projetados como sendo iguais a 40% das receitas. Sabe-se que a vida útil dos equipamentos e das instalações é igual a cinco anos. A abertura do negócio igualmente prevê um investimento em capital de giro igual a R$ 20.000,00. A alíquota de IR da empresa é igual a 30%. Projete os lucros para os cinco anos de operação da empresa e calcule a viabilidade da empresa.

2) Uma transportadora pensa em investir R$ 400.000,00 em um novo equipamento de transportes. A empresa pensa em utilizá-Io por cinco anos vendendo-o por R$ 100.000,00 líquido ao final do quinto ano (no último dia do ano para ser exato). Os fluxos de caixa operacionais e incrementais do negócio são projetados como sendo R$ 60.000,00 distribuídos no ano 1, com acréscimos de R$ 20.000,00 por ano. Calcule o Payback Simples e Descontado da operação.

3) Calcule o Payback Descontado de um projeto com fluxos de caixa distribuídos no ano, sendo o investimento inicial de R$ 300.000,00, FCLs anuais iniciando em R$ 70.000,00 no ano 1, com acréscimos de R$ 25.000,00 por ano, vida útil de sete anos e TMA de 8% a.a.

4) A Prosopopéia S/A possui três empréstimos com taxas extracontratuais iguais a 10% a.a., 20% a.a. e 20% a.a. Qual o custo efetivo dessas operações para a empresa? A alíquota de IR é igual a 35%.

5) A Brinquedos S/A está tentando determinar seu custo de capital de terceiros. A empresa emitiu debêntures que vencerão daqui a oito anos, a um custo aparente de 8% a.a. Qual é o custo de capital de terceiro antes do imposto? Sendo a alíquota de imposto de 40%, qual é o custo de capital de terceiros após o imposto?

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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BRUNI, A. L. Avaliação de investimento. Série Finanças na Prática. São Paulo: Atlas, 2008.

CORREIA NETO, J. F. Elaboração e avaliação de projetos de investimento: considerando o risco. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

______. Excel para profissionais de finanças: Manual Prático. 5. Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

DAMODARAN, A. Introdução à avaliação de investimento: ferramenta e técnicas para a determinação do valor de qualquer ativo. Tradução Kleber Nunes. Revisão técnica Eduardo Fortuna e José Rabello Moraes. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.

______. Finanças corporativas: teoria e prática. Tradução Jorge Ritter. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.

GROPPELLI A. A.; EHSAN N. Administração financeira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

KASSAI, S.; SANTOS, A. dos; ASSAF NETO, A. Retorno de investimento: abordagem matemática e contábil do lucro empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.

LAPPONI, J. C. Projetos de investimento na empresa. 3. Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

LEMES JÚNIOR, A. B; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas financeiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

PUCCINI, A. de L. Matemática financeira objetiva e aplicada. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

ROSS, S.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Adminitração financeira. São Paulo: Atlas. 2002.

TITMAN, S.; MARTIN J. D. Avaliação de projetos e investimentos: valuation. Tradução Heloísa Fortuna. Revisão técnica: Luiz Eduardo T. Brandão. Porto Alegre: Bookman, 2010.

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ARTIGO

FinançasInternacionais

O cenário de finanças internacionais no contextocontemporâneo e as reais modalidades deanalisar o risco financeiro de uma empresa

Sobre o autorJorge Assef Lutif Júnior, formado em Ciências Contábeis, mestrando e Bolsista/Capes em Eng. da Produção - UFRN. Pós Graduado em Administração Financeira (UECE), Auditoria (UFC) e Comércio Exterior (FECOM/SENAC), com aperfeiçoamento pela Universidade Juan Carlos II / Madrid-Espanha na área de Finanças e Desenvolvimento Econômico Local. Foi, entre 2001 e 2010, coordenador de Organismos Nacionais e Internacionais sem Fins Lucrativos, Auditor e Controle. É professor titular nos cursos de Ciências Contábeis, Administração e tecnólogo em Gestão de Finanças nas disciplinas de: TCC, Laboratório, Auditoria e Perícia, Fundamentos de Contabilidade, Gestão Financeira II, Fluxo de Caixa e Técnicas de Formação de Preço na Um.

Revisor de conteúdo: Rodrigo José Guerra Leone

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Finanças Internacionais 191

O cenário de finanças internacionais no contexto contemporâneo e as reais modalidades de analisar o risco financeiro de uma empresa

1 IntroduçãoA Macroeconomia internacional, também titulada de finanças internacionais, abrange muitos temas da atualidade. O que aconteceu e o que vai acontecer com o dólar e as demais moedas e suas paridades cambiais e de mercado? É o déficit em conta corrente que está extremamente grande? Ou é a China que está desvalorizando sua moeda, o yuan? Ou uma política de estado deveria primeiro liberalizar os fluxos financeiros ao invés de desistir de sua moeda para aderir ao mercado comum? Economia de mercados emergentes deve liberalizar seus mercados financeiros? Isso é bom para o crescimento econômico mundial ou é uma fonte de instabilidade?

Como há de se reformar o Fundo Monetário Internacional - FMI? E a globalização? Todas essas são questões interessantes ligadas diretamente ao entendimento de finanças internacionais.

Para respondê-las é necessário entender um pouco de finanças internacionais. Tal como acontece com o comércio internacional, finanças internacionais são o resultado do fato de que a atividade econômica é afetada pela existência das nações, em especial dos mercados. Se não houvesse as economias nacionais, então, não haveria este campo. Se não houvesse o comércio internacional, não seriam precisos estudos macroeconômicos internacionais também. Mas, os países fazem comércio uns com os outros e muitos utilizam suas próprias moedas para que aconteçam estas transações. De maneira mais sutil, no entanto, há de se considerar também o fato de que os países emprestam uns aos outros. Em outras palavras, por causa de empréstimos internacionais, a ocorrência das oportunidades econômicas é expandida e as famílias têm melhores opções para ampliar os seus rendimentos. Todavia, assim como a existência de bancos, é necessária a existência de um sistema financeiro internacional para que essas transações aconteçam também entre países, mercados e indivíduos. Essas relações acabam, assim, refletindo períodos cíclicos de alta estabilidade econômica e financeira até o surgimento de crises financeiras.

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Em 2008, a crise financeira global pôs em destaque as limitações da atual teoria financeira internacional e seus modelos. Fiore (2008) destaca que foi a crise mais grave desde a Grande Depressão dos anos 30. Até um colapso das hipotecas, titulada como crise de subprime dos EUA, em 2007, rapidamente se espalhou para o setor financeiro dos EUA e cresceu em uma crise bancária mundial em 2008. Segundo Bresser (2008), a liquidez dos ativos desapareceu, os preços dos ativos caíram drasticamente e a volatilidade do mercado financeiro subiu para níveis sem precedentes.

Conforme Beinstein (2009), o impacto da crise variou bastante entre as regiões geográficas e até mesmo entre os países destas regiões. As ferramentas convencionais financeiras pareciam ser de pouca ajuda, já que a recessão continuava a se aprofundar e formuladores de políticas experimentavam, com diferentes abordagens, a inclusão de pacotes de resgate e estímulo para tirar a economia da recessão. Essas ações terminaram por afetar países da União Europeia que, a princípio, eram tidas como economias extremamente fortes.

As crises financeiras têm gerado um intenso debate sobre suas causas e as consequências para o sistema financeiro global e dos mercados. A maioria das teorias econômicas e financeiras está sendo fortemente questionada na esteira da crise financeira.

A crise mostrou que diversas dimensões de incerteza, como risco de liquidez e volatilidade do mercado, que estão em seu cerne, ainda estão em falta na maioria dos modelos. Outra questão importante no rescaldo da crise é a regulamentação sobre a adequação dos fundos próprios dos bancos. Os bancos normalmente enfrentam dois tipos de riscos: risco de mercado, que é cobrado à carteira de negociação, e risco de crédito, relacionado com os empréstimos que são cobrados à carteira bancária. Antes da crise, os bancos foram capazes de atribuir ativos como títulos lastreados por hipotecas para a carteira de negociação, sob a suposição de que a liquidez do mercado permitiria aos bancos lidar com esse risco.

Segundo Ohlweiler (2009), o pressuposto de liquidez do mercado, no entanto, dissolveu-se após o desaparecimento do Lehman Brothers, resultando em perdas substanciais de

Em 2008, a crise financeira global pôs em destaque as limitações da atual teoria financeira internacional e seus modelos. Fiore (2008) destaca que foi a crise mais grave desde a Grande Depressão dos anos 30. Até um colapso das hipotecas, titulada como crise de subprime dos EUA, em 2007, rapidamente se espalhou para o setor financeiro dos EUA e cresceu em uma crise bancária mundial em 2008.

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marcação a mercado devido à deterioração da falta de liquidez e de crédito. Conforme a crise se aprofundou, as instituições financeiras sofreram perdas significativas em sua carteira de negociação a partir de migrações de crédito, alargamento de spreads de crédito e de evaporação de liquidez. Para lidar com essa questão, o Comitê de Basileia de Supervisão Bancária iniciou com o aumento dos requisitos de capital para livros dos bancos comerciais por meio da introdução de uma carga incremental de risco (IRC). Uma questão importante é se a taxa de IRC será suficiente para uma profunda crise financeira semelhante à atual.

Cintra (2008) diz que há experiências de várias grandes crises financeiras pelas quais o mundo passou, tais como a “Segunda-feira Negra” ou a quebra da bolsa de valores de Nova York em 1929, a crise do mercado de ações japonês em 1990, a crise da moeda europeia em 1992, a crise do peso mexicano em 1994, a crise asiática financeira em 1997 e, mais recentemente, a bolha imobiliária americana de 2008. Davidson (2009) reforça que a crise dos EUA de 2008, titulada subprime, e da União Europeia em 2010 se deu em virtude dos gastos públicos e ausência de investimentos privados oriundos de empréstimos a fundos internacionais. A partir dessas situações, a crise financeira vem dando enormes prejuízos para a economia mundial e ao desenvolvimento saudável dos mercados financeiros, inclusive ao brasileiro, cujas divisas estão atreladas aos mercados internacionais, especialmente ao mercado americano e europeu. Conscientizar as pessoas sobre a gestão do risco financeiro e sobre o entendimento de finanças internacionais deve ser tratado com urgência.

O mecanismo desta influência pode ser exposto da seguinte forma: em uma configuração de contrato incompleto, a dependência de financiamento externo e os problemas de agência são indissociáveis e constituem as características definidoras do relacionamento financeiro internacional. Conforme Shumpeter (1982, p. 141),

fatores que podem ser classificados como grau de desenvolvimento financeiro, ou seja, o nível de desenvolvimento do sistema financeiro: a extensão da proteção dos investidores, tecnologias de monitoramento produtivo e aplicação de direitos de propriedade contribuem para limitar a gravidade do problema em relação aos riscos de investimentos e proteger os interesses dos financiadores.

Mazzuchelli (2008) indica, ainda neste contexto, que a decisão de investimento de uma empresa situada em um país com um menor grau de desenvolvimento financeiro pode ser inclinada para alocar recursos em setores com mais ativos tangíveis ou com menores graus de riscos de investimentos, principalmente aqueles países que suportaram crises mais recentes como a do Japão, da União Europeia e dos EUA. Isso traz a seguinte hipótese: países com um baixo nível de desenvolvimento financeiro devem

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ter uma maior participação na balança comercial e, principalmente, menos riscos em ter prejuízos financeiros relacionais aos seus ativos ligados a investimentos estrangeiros.

Observe que, apesar dessa hipótese, de acordo com Svaleryd e Vlachos (2005), amplamente argumentada sobre a importância do desenvolvimento financeiro, há de se verificar um mecanismo totalmente diferente por meio do qual o padrão das relações do comércio internacional pode ser influenciado pelo nível de desenvolvimento financeiro destes países envolvidos, haja vista que as relações de troca financeira advêm de seus fluxos operacionais existentes, favorecendo, assim, as diferenças entre países. A diferença surge devido às características diferentes das indústrias localizadas em suas regiões, ou seja, o grau de tangibilidade dos ativos e a dependência de financiamentos externos que influenciam o mecanismo por meio dos quais as questões de desenvolvimento financeiro são colocadas em um primeiro plano, juntamente com a avaliação dos riscos em se investir nestas empresas.

Sendo assim, este trabalho visa ampliar as discussões sobre a relação entre desenvolvimento financeiro, finanças internacionais e análise de riscos para investimentos entre países. Mais especificamente, visa analisar a relação entre o desenvolvimento do setor financeiro e do padrão de estrutura de ativos de um país e, por outro lado, avaliar como a composição dos riscos dos títulos e as estruturas de capital dos países afeta o grau de investimentos a eles atribuídos.

2 Desenvolvimento

2.1 Visão geral sobre finanças

Primeiramente, é importante definir algumas áreas que serão correlacionadas neste estudo. Segundo Iudicibus (1979, p. 23), “Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio”. Marion (1987, p. 48) define que “finanças ou administração financeira é o estudo de como os agentes econômicos alocam recursos ao longo do

O padrão das relações do comércio internacional pode ser influenciado pelo nível de desenvolvimento financeiro destes países envolvidos, haja vista que as relações de troca financeira advêm de seus fluxos operacionais existentes, favorecendo, assim, as diferenças entre países.

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tempo”. O estudo de finanças tem como objetivo o patrimônio líquido ou riqueza dos proprietários dos recursos. A contabilidade contribui com informações relevantes que devem possibilitar ao usuário destas informações responder, pelo menos, três perguntas básicas sobre um negócio: 1) Quanto vale, aproximadamente, a empresa?; 2) Qual a probabilidade de ela cumprir com suas obrigações futuras?; e 3) Qual o papel dos gerentes na execução do negócio frente aos problemas financeiros e econômicos?

O gestor financeiro, em geral, preocupa-se com três questões básicas: como obter a máxima lucratividade das operações, resultados de curto prazo e, principalmente, a manutenção contínua e próspera do negócio. Já sobre as questões do orçamento de capital, no que diz respeito ao processo de planejamento e gerência dos investimentos de longo prazo, o gestor procura identificar oportunidades de investimento que tenham valor superior a seu custo de aquisição. Em outras palavras, isto significa que o valor atual dos fluxos de caixa gerados pelo ativo deve exceder seu custo de aquisição.

É importante destacar que o princípio do investimento, segundo Ross (2000, p. 120) é: “Invista em ativos e projetos que ofereçam um retorno maior do que a menor taxa aceitável de retorno, que deve ser maior para ativos ou projetos com maior risco”, enquanto o princípio do financiamento indica: “Escolha um mix de financiamentos que maximize o valor dos investimentos feitos e que case com o período de retorno dos ativos financiados”(ROSS, 2000, p. 120). Ainda segundo Ross (2000, p. 121), o princípio dos dividendos diz: “se não houver investimentos com rentabilidade maiores que a taxa de retorno exigida pelos acionistas, devolva os recursos para os mesmos”.

Ross (2000), em seu estudo sobre decisões de estrutura de capital com informação assimétrica, sugeriu que a remuneração do investimento fosse composta de duas partes distintas: uma pelo capital investido de longo prazo a taxas variáveis pelo mercado de títulos públicos e a outra pela obtenção de ativos fixos de longo prazo a taxas fixas negociáveis. Já Braga (1993 e 1997) elaborou o conceito de “financeirização” da riqueza para traduzir a principal característica do capitalismo atual. Como lembra Belluzzo (2002), a natureza do capitalismo deve ser procurada nas relações financeiras ou no “comércio do dinheiro” e não no nível da produção e do comércio de mercadorias. As decisões econômicas são sempre decisões financeiras. Chesnais (1998 e 2002) utiliza o conceito de “regime de acumulação financeirizado” para caracterizar as finanças internacionais capitalistas atuais.

É importante destacar que o princípio do investimento, segundo Ross (2000, p. 120) é: “Invista em ativos e projetos que ofereçam um retorno maior do que a menor taxa aceitável de retorno, que deve ser maior para ativos ou projetos com maior risco.”

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2.2 O Processo de globalização e as finanças internacionais

Arrighi (1999) confere um significado histórico à formula teórica quanto à perspectiva de desenvolvimento do capital, permitindo compreender o processo de globalização e de integração financeira das economias nacionais e não a partir das políticas de integração e globalização financeira. Por isso, o aprofundamento das relações financeiras e a abolição progressiva das fronteiras territoriais e legais das economias nacionais não podem ser analisados como resultado aleatório ou como resultado intencional das políticas de globalização e análise dos riscos a serem feitos em favor das variáveis internacionais aplicadas em finanças.

Para Tavares e Melin (1997, p. 71) por exemplo, “a globalização financeira resulta de políticas macroeconômicas internacionais”, parte integrante da estratégia de retomada da hegemonia norte-americana. Fiori (1997, p. 34) afirma que “foram políticas as decisões dos estados nacionais que aplainaram o caminho da riqueza financeira”. Eichengreen (2000) também esclarece que o regime de taxas de câmbio flutuante resulta de uma decisão política atrelada a estruturas macroeconômicas entre relações de países, enquanto Gowa (2003, p. 27) diz que

as principais características da globalização têm suas origens em decisões deliberadas da administração Nixon e demais presidentes norte-americanos, como fator influenciador em toda economia mundial, isto é, empréstimos a diversos países criando dependências financeiras internacionais que até hoje é emblemático do liberalismo econômico mundial.

Franco (1998) também defende que as políticas públicas têm uma responsabilidade na globalização e em finanças internacionais, pois, em primeiro plano, as mutações recentes que desestabilizaram a economia mundial estiveram condicionadas ao crescimento econômico da maioria dos países ligados a um nível elevado de empréstimos e à gerência destas práticas de políticas públicas.

Segundo Cardim (2008), no mundo, a crise e as transformações dos anos 70 e 80 evoluíram no sentido da consolidação de um novo regime financeiro internacional, que pode ser denominado de globalização financeira. A novidade desse sistema fica evidente quando confrontada com as principais regras: taxas de câmbio flexíveis em vez das taxas fixas e ajustáveis; a liberdade em vez de controle sobre o movimento de capitais; o predomínio do crédito direto securitizado no mercado internacional de capitais em vez do crédito intermediado pelo sistema bancário; o predomínio dos capitais privados em substituição aos créditos oficiais, de governos e organismos

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internacionais; e, por fim, ampla desregulamentação, liberalização e integração dos mercados financeiros, a nível nacional e internacional, sendo este último fruto das atuais crises financeiras atrelado ao aumento dos riscos de investimentos.

A liberalização e as inovações financeiras significaram a ampliação dos movimentos de capitais, o desenvolvimento das instituições financeiras não bancárias, uma maior variação das taxas de juros e de câmbio, bem como a criação de novos produtos e mecanismos financeiros destinados a ampliar os ganhos e a deduzir os riscos dos investimentos financeiros internacionais.

Esse conjunto de características pode ser sintetizado no conceito de securitização, pois ele representa uma das mudanças fundamentais do Sistema Financeiro Internacional (SFI). Para contrapor-se à grande instabilidade que caracteriza esse mercado de capitais, num contexto de ampla liquidez, flutuação das taxas de câmbio e intensa mobilidade dos capitais, o próprio mercado criou os chamados contratos de derivativos: um sistema de proteção e defesa contra os riscos inerentes a essa forma de investimentos financeiros. Eichengreen (2000) coloca a flexibilidade das taxas de câmbio como uma das principais características do novo SFI, pelas consequências que estas provocam nas demais variáveis econômicas, e associa sua intensa oscilação ao incontrolável movimento de capitais. Como acentua Arienti (2008, p. 7):

O pleno desenvolvimento só foi possível pelo desenvolvimento paralelo dos mercados e mecanismos de proteção de riscos contra a variação de preços dos ativos em diferentes moedas. Portanto, é a imbricação da securitização com a ampla disponibilidade e mecanismos de transferência de risco que imprime atualmente a dinâmica aos mercados financeiros, que se caracterizam por uma extrema flexibilidade em termos de taxas de remuneração, prazos e moedas, gerando, em contrapartida, um aumento do processo especulativo.

2.3 Finanças internacionais e o papel do gestor

O dicionário Aurélio (2008, p. 122) conceitua Finanças como a “ciência e a profissão do manejo do dinheiro, particularmente do dinheiro do Estado”. De uma forma mais completa, finanças pode ser entendida como a ciência que trata do processo, das instituições, dos mercados e instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre entidades, empresas e governos. Literalmente, todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. Em última análise, finanças é a arte e a ciência de administrar fundos.

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Gilpin (2002) cita que as relações internacionais por meio das finanças requerem do gestor financeiro conhecimento para decisões principais no âmbito empresarial, podendo envolver a estrutura de ativos, a estrutura financeira ou planejamento e controle da gestão na obtenção de resultado de companhia e órgãos governamentais. A área de Investimentos lida com ativos financeiros e, principalmente, com análise de riscos no uso de aplicações como: ações, debêntures, títulos públicos e privados, derivativos e outras obrigações.

É por meio dessa atividade que se revela a principal premissa da existência do gestor em finanças para determinar os valores desses ativos, além de determinar os riscos envolvidos e o retorno possível, ligado a uma análise do contexto para definição da melhor composição de carteiras para cada tipo de investidor. Esse gestor pode atuar como Operador de Bolsa de Valores, Administrador de Carteiras de Fundos ou, ainda, como Analista de Títulos.

Já instituições financeiras são aquelas que lidam primeiramente com assuntos financeiros, como bancos, associações de poupança e empréstimo e seguradoras. Essas instituições necessitam de profissionais para uma grande variedade de tarefas relacionadas a finanças. Podem atuar na área de empréstimos, captação de recursos, seguros, previdência privada e capitalização, entre outras.

Damodaran (2004) conceitua que o gestor de finanças internacionais pode ser enquadrado como um especialista que requer conhecimento em todas as áreas citadas. Sua atuação envolve aspectos internacionais como taxa de câmbio e risco político, empréstimos internacionais, administração de carteira e análise de títulos de empresas sediadas em vários países.

2.4 O mercado financeiro

A palavra mercado remonta a ocasiões anteriores à existência da moeda e seu conceito original designa o local onde as pessoas se encontram para comprar, vender ou trocar mercadorias. Com o passar do tempo, o termo mercado foi evoluindo para um conceito de conjunto de elementos envolvidos entre: produtores, consumidores, intermediários, regulamentos, preços etc.

É por meio dessa atividade que se revela a principal premissa da existência do gestor em finanças para determinar os valores desses ativos, além de determinar os riscos envolvidos e o retorno possível, ligado a uma análise do contexto para definição da melhor composição de carteiras para cada tipo de investidor.

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Calvo (1996) explica que o mercado financeiro também tem o seu produto, que é o uso do dinheiro no tempo, ou melhor, conceitua-se como a transferência temporária, entre agentes econômicos, da capacidade de consumo, como, por exemplo, do poder de compra que a posse do dinheiro proporciona. Portanto, mercado financeiro é o conjunto de mecanismos voltados para a transferência de recursos entre os agentes econômicos. Seu papel essencial é viabilizar e operacionalizar os fluxos de financiamentos na economia. Como qualquer mercado, o financeiro também tem suas figuras básicas, que são os compradores (tomadores de empréstimos), vendedores (poupadores) e os intermediários (instituições financeiras).

Cabe aos “intermediários financeiros” efetuar a ponte entre os dois segmentos. Ao concentrar os recursos dos agentes superavitários, os intermediários financeiros viabilizam a ampliação das escalas de produção, financiando investimentos de maior vulto.

Figura 1 – A intermediação financeira

Agentes econômicos

superavitários

Agentes econômicos deficitários

Intemediários financeiros

demandade

recursos

ofertade

recursos

Fonte: Damodaran (2004)

A circulação do dinheiro tem a capacidade de aumentar ou diminuir a produção de bens e serviços, aumentando ou diminuindo o bem-estar material das pessoas. Por esse motivo, o mercado financeiro recebe uma atenção especial do governo que, por meio da atuação das autoridades financeiras, interfere na economia.

Um sistema financeiro eficiente é aquele que tem capacidade de viabilizar a realização de financiamentos de curto, médio e longo prazo, sob condições de minimização de risco e atendendo aos desejos e necessidades dos agentes superavitários, que determinam a oferta de recursos, e dos agentes deficitários, que materializam a demanda por recursos.

Quando a sociedade não consegue gerar um excedente de produção ou este não é reinvestido, obstruindo a transformação da poupança em investimentos, a geração de bens e serviços é reduzida e o bem-estar material das pessoas diminui.

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Segundo Nieto (1993, p. 77), “o sistema financeiro é o conjunto de intermediários, mercados e instrumentos que apontam as decisões para salvar a despesa, isto é, para dizer que a renda transferência do excedente para as unidades deficitárias”.

Conforme Tola (1994, p. 49), “este sistema financeiro é composto por instituições de intermediação financeira que conduzem de forma: indireta (bancos comerciais, companhias de seguros, financeiras) e direta (Stock Exchange), que opera o último em dois mercados”. Para os mercados financeiros, o conjunto de canais de interação entre oferta e demanda de fundos pode-se distinguir aqui entre assistir ao dinheiro e a estrutura de capital na oferta e demanda de fundos de curto prazo, a médio e longo prazo.

2.4.1 Características do sistema financeiro atual

Há um tratamento das finanças empresarias na dimensão mais ampla das relações econômicas internacionais, haja vista que a desregulamentação dos mercados financeiros vem reduzindo as transações financeiras de bancos e empresas privadas, afetando, atualmente, todo o mercado internacional, já que são efetuadas em mais de uma divisa.

A Cotação das ações em diferentes Bolsas vem trazendo a introdução de novos instrumentos financeiros, ou melhor, a redução dos custos de informação e a redução dos custos de transação, principalmente, com o intuito de criar e manter valor, maximizando a riqueza do acionista, ou seja, o valor de mercado da empresa.

Sendo assim, a gestão financeira internacional tem como função a aquisição e alocação destes recursos financeiros entre as atividades da empresa e os seus investimentos, ou seja, os investimentos financeiros entre as atividades da empresa e os fluxos financeiros de curto e longo prazo, admitindo sempre a análise de variáveis econômicas e os graus de riscos a serem pactuados. É neste cenário que as empresas multinacionais têm acesso, a nível local e global, aos mercados de capitais para financiar os seus investimentos atuais e futuros.

“O sistema financeiro é o conjunto de intermediários, mercados e instrumentos que apontam as decisões para salvar a despesa, isto é, para dizer que a renda transferência do excedente para as unidades deficitárias”.

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2.5 Teoria keysinana e as inovações do mercado financeiro

A presente crise financeira mundial tem gerado um consenso em torno da necessidade de reestruturação do sistema financeiro internacional como condição imprescindível para que a economia mundial possa voltar a experimentar períodos de expansão e prosperidade econômica. De fato, as instituições internacionais remanescentes do sistema de Bretton Woods, entre as quais o FMI, não têm mostrado capacidade de monitorar e solucionar a crise.

Se há um consenso em torno da necessidade de reestruturar o sistema monetário-financeiro, não se pode dizer o mesmo em relação aos mecanismos que devem ser implementados para eliminar as instabilidades dos mercados financeiros e cambiais e, consequentemente, solucionar a crise mundial. Carvalho (2002) considera que a dinâmica da economia global está, atualmente, marcada pela imprevisibilidade no comportamento das taxas de juros e de câmbio e reflexões acerca da análise pioneira e inovadora de Keynes podem ser de extrema utilidade para a articulação de um novo sistema monetário-financeiro internacional, capaz de superar a atual crise financeira e promover o crescimento econômico e o pleno emprego.

Arthmar (2006) afirma que Keynes, há mais de 50 anos, por ocasião da conferência de Bretton Woods, propôs a criação de um sistema monetário internacional capaz de gerar, manter e distribuir a liquidez internacional voltada para a expansão da demanda agregada mundial. Para tanto, suas sugestões podem ser resumidas em três proposições básicas:

Quadro 1 - Sugestões de equilíbrio do sistema monetário internacional

1) Criação de um banco central mundial, emissor de uma moeda própria, como prestador de última instância;

2) Regras monetárias e cambiais fixas, porém ajustáveis, previamente acordadas pelos países-membros do sistema monetário internacional; e

3) Regulação, por parte dos bancos centrais nacionais, dos fluxos de capitais de curto prazo, para evitar que estes pudessem desestabilizar as instituições financeiras das economias.

Fonte: Arthmar (2006, p. 39)

Arthmar (2006) afirma que Keynes, há mais de 50 anos, por ocasião da conferência de Bretton Woods, propôs a criação de um sistema monetário internacional capaz de gerar, manter e distribuir a liquidez internacional voltada para a expansão da demanda agregada mundial.

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A globalização dos mercados e dos fluxos financeiros são fenômenos que avançam inexoravelmente e as empresas que pretendem manter o poder da competitividade estão se tornando cada vez mais globais. O ciclo de vida dos produtos é cada vez mais curto e as tecnologias envolvidas em sua produção e em suas características tornam-se cada vez mais complexas. O nível de exigência dos consumidores por novidades, qualidade e preço vem evoluindo. Mesmo as empresas que trabalham apenas em âmbito doméstico estão, atualmente, muito mais expostas aos efeitos dos acontecimentos internacionais.

Sobre esses aspectos, Margarido (1997, p. 45) afirma que

a regulamentação para a realização de operações de empréstimos mediante lançamento de títulos no exterior por empresas e instituições financeiras e a abertura do mercado de capitais a investidores estrangeiros de portfólio, retirando-se restrições de prazo e de tributação e a sua movimentação, foram fundamentais para incentivar o crescimento de ambas as operações.

Um fator relevante para a perspectiva dos investidores internacionais interessados nesses títulos emitidos por organizações está associado ao conceito de fresh money, aplicado ao procedimento de contratação de novos empréstimos externos que não serão afetados em eventuais acordos futuros de renegociação.

Sobre as características das inovações financeiras, Bhatt (1988, p. 282) afirma que “a evolução e integração dos mercados de capitais através da introdução e difusão de inovações financeiras não são possíveis sem a especialização operacional na área de crédito e finanças”. Sobre esses fluxos, Kuczynski (1992, p. 323) comenta que “esses capitais têm sido atraídos por ativos financeiros, causando um crescimento em seus mercados de títulos (até mesmo os menos negociados) e uma redução nas taxas domésticas de juros”.

Discorrendo sobre as dificuldades operacionais relacionadas à emissão de títulos no mercado externo, Yoshinari (1991, p. 40) aponta algumas das principais:

Os títulos requerem maior esforço na sua colocação e venda aos investidores internacionais do que títulos de empresas de países desenvolvidos; As informações sobre a situação financeira dessas empresas não são suficientemente detalhadas para satisfazer às exigências dos investidores institucionais dos grandes mercados; Os padrões contábeis utilizados são, em grande parte dos países em desenvolvimento, diferentes dos padrões existentes nos países desenvolvidos; A fixação de prazos e valores depende da aprovação das autoridades dos países em desenvolvimento.

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Referindo-se ao processo decisório, Bird (1999, p. 2) afirma que “todos os emprestadores, sejam eles oficiais ou privados, consideram a importância de diversos indicadores relacionados ao desempenho doméstico e políticas das economias receptoras de seus capitais”. A análise dos fatores determinantes dos fluxos internacionais de capitais tem sido realizada ao longo da década de 1990. Dentre os diversos estudos, podem ser destacados os trabalhos de Taylor e Sarmo (1997), Fernándezarias e Montiel (1996), Fernándezarias (1996), Dooley, Fernándezarias e Kletzer (1996), Calvo, Leiderman e Reinhart (1996), e Lensink e Van Bergeijk (1991).

Ahmed e Gooptu (1993) destacam que os países em desenvolvimento estão se esforçando mais para incentivar os investidores estrangeiros. Têm diminuído as regulamentações restritivas, por meio do aperfeiçoamento da liquidação e da compensação, bem como da redução de impostos e comissões sobre as transações. Finalmente, deve-se ressaltar que a participação dos investidores institucionais foi decisiva para o delineamento do perfil dos mercados internacionais de capitais. A ampliação da participação desses investidores possibilitou a mobilização de elevadas somas de recursos nos mercados internacionais.

Openhayn (1995), comentando os diversos aspectos relacionados ao acelerado processo de movimentos internacionais de capitais, afirma que os investidores institucionais revelam muito da natureza e da dimensão contemporânea dos mercados de capitais e estão entre as fontes mais importantes que nutrem os mercados.

Deve-se destacar, sobre esse aspecto, que os diversos intermediários financeiros não bancários, como instituições financeiras de desenvolvimento, companhias de seguro e fundos de aposentadoria, são outras fontes de financiamento a curto prazo.

Reconhecendo o papel dos investidores institucionais nos mercados internacionais de capitais, West (1991, p. 65) avalia que eles “têm maior capacidade que os investidores individuais para analisar as condições creditícias de uma grande variedade de captadores, bem como para fazer o acompanhamento dos mercados e responder às suas condições”.

2.6 Risco de investimento e finanças internacionais

Situações de elevado risco para um determinado agente podem ser de risco aceitável para outros. As diferentes observações, provocadas por diferentes conjuntos de dados, é que constituirão o nível de risco para um evento. Explica-se, assim, o fato de uma organização ou investidor aplicar suas economias em bolsas de valores enquanto os

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demais estarão dispostos na segurança de uma aplicação em renda fixa, como o caso de poupança ou aplicações financeiras de curto prazo.

A variedade de posturas destas entidades em relação ao risco é que permite, muitas vezes, a concretização de um amplo volume de mercados, como no Mercado de Derivativos.

Considerações distintas são utilizadas para risco e para incerteza, não podendo ser confundidas. Em Finanças, pode-se dizer que o Risco existe quando o tomador da decisão pode fortalecer-se em probabilidade para estimar diferentes resultados, de modo que a sua expectativa baseie-se em informações históricas, ou seja, a decisão é aceita a partir de estimativas julgadas confiáveis. A incerteza ocorre quando o tomador não dispõe de dados históricos acerca de um fato, o que poderá exigir que a decisão se faça de forma subjetiva, apenas pelo sentimento do tipo de investimento que o investidor pretende alcançar.

A atuação do gestor em finanças internacionais deve procurar abolir sempre a incerteza, ou seja, estimar a expectativa de ocorrência do fato, saindo do conceito de insegurança e chegando ao julgamento de risco. Como não há possibilidade de eliminação do risco, cabe ao profissional de finanças aprender como administrá-lo. Em toda e qualquer ação que a organização atue existe um componente de risco que será maior ou menor dependendo de duas variáveis: o impacto quantitativo que possa causar sobre os resultados ou receitas da empresa e a probabilidade estatística de que esse fato ou impacto aconteça.

Gestão de Risco é tomar providências hoje para garantir a sobrevivência do empreendimento no futuro, caso ocorra um cenário improvável, porém possível. Para saber qual ação deve ser tomada, é necessário mensurar o risco. De um modo geral, o risco total de um ativo é subdividido em uma parcela causada por eventos controláveis pela organização e uma parcela causada por eventos não controláveis pela companhia, denominados riscos sistemáticos e riscos próprios.

Morreira (2003) preceitua que o Risco Sistemático é aquele proveniente de mudanças no cenário macroeconômico, aqueles que os sistemas econômico, político e social, impõem em geral a todos os ativos e, naturalmente, à sua taxa de retorno. Nesta categoria estão aqueles riscos que nenhum administrador ou investidor pode controlar ou evitar.

“Têm maior capacidade que os investidores individuais para analisar as condições creditícias de uma grande variedade de captadores, bem como para fazer o acompanhamento dos mercados e responder às suas condições.”

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Ainda Morreira (2003) diz que o Risco Não Sistemático ou Específico consiste no risco intrínseco ao ativo e é gerado por fatores que atingem diretamente o ativo em estudo ou, no máximo, um pequeno número de ativos, e não atinge os demais. Esse tipo de risco é evitável, uma vez que a determinante é a escolha ou não dessa classe de investimento.

Incertezas sobre condições econômicas gerais, como PIB, taxa de juros ou inflação, são exemplos de risco sistêmico, pois afetam praticamente todas as empresas em algum nível. O anúncio da descoberta de um novo remédio para determinada doença por uma empresa afetará, principalmente, aquela empresa e seus competidores, não envolvendo outras. É, portanto, um evento não sistêmico.

Gráfico 1 - Comparativo no Nível de Investimento (tracejado) x Grau de Risco (pontilhado)

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0

-100

-200

-300

2007 2008 2009Jan Abr Jul Out Jan Abr Jul Out Jan Abr Jul Out Jan

Fonte: Ricardo (2010)

Em um cenário interno, nota-se o boom econômico do crescimento do Brasil junto à economia internacional a partir do ano de 2007. Segundo dados de duas empresas de análises de investimento, a Moodys e a Santandard & Poor´s (2010), as políticas de austeridade em termos de controle dos ajustes nas finanças públicas, advindas da lei de responsabilidade fiscal, levou o Brasil a garantir o grau de investimento (investiment grade) internacional de risco credenciado por essas agências. Desta forma, o Brasil absorveu capital privado de investidores pelo mundo, ampliando a entrada de capitais, mas empregando novos recursos ao patrimônio líquido das empresas que puderam investir em novos projetos e ampliar a margem de lucro e, consequentemente, reduzir o grau de risco em investimentos internos.

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206

2.7 Principais tipos de riscos financeiros

O risco financeiro é a incerteza dos resultados futuros dos participantes do mercado financeiro nas atividades financeiras. De acordo com as diferentes fontes de risco, estes riscos financeiros podem ser divididos nos seguintes tipos principais:

2.7.1 Risco de crédito

O Risco de crédito está condicionado a razoáveis perdas quando um dos contratantes não quita seus compromissos. As perdas aqui mencionadas estão condicionadas aos recursos que não mais serão recebidos ou serão recebidos fora do prazo ou das condições pactuadas. Este tipo de risco está associado à possibilidade de perda devido ao mutuário ou não cumprimento da contraparte (não pode pagar ou não pode pagar a tempo). Quase todas as transações financeiras envolvem risco de crédito. Além das tradicionais obrigações financeiras e pagamentos de risco, as questões financeiras de risco envolvendo crédito em redes tornaram-se mais acentuadas. De maneira geral, o mercado tende a integrar essas redes ou grupos de organizações com sua habilidade de pagamento. Segundo Nakamura (2003), Risco de crédito pode ser dividido em três grupos:

a) risco da falta de pagamento ou de inadimplência - quando uma das partes em um contrato não pode mais honrar seus compromissos assumidos;

b) risco de concentração de crédito - possibilidade de perdas em função da não diversificação do crédito concedido a clientes;

c) risco soberano ou risco do país - quando existem restrições ao fluxo livre de capitais entre países, podendo ser originários de golpes militares, novas políticas econômicas, resultados de novas eleições etc., ou como no caso das moratórias de países latino-americanos.

2.7.2 Risco de mercado

Risco de mercado significa o risco de alterações no valor dos ativos financeiros dos participantes, devido às flutuações de fatores de mercado (como taxas de juros, taxas de câmbio, as cotações e preços de commodities etc.).

O risco financeiro é a incerteza dos resultados futuros dos participantes do mercado financeiro nas atividades financeiras.

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Finanças Internacionais 207

Esses tipos de riscos dependem do comportamento do preço do ativo diante das condições de mercado. Para entender e medir possíveis perdas devido às flutuações do mercado é importante identificar e quantificar o mais corretamente possível as volatilidades e correlações dos fatores que impactam a dinâmica do preço do ativo. Segundo Frade (2002, p. 59),

O risco de mercado pode ser dividido em quatro grandes áreas:

a) risco do mercado acionário – possibilidade de perdas decorrentes de mudanças adversas nos preços de ações ou em seus derivativos;

b) risco do mercado de câmbio – possibilidade de perdas devido a mudanças adversas na taxa de câmbio ou em seus derivativos;

c) risco do mercado de juros – possibilidade de perdas no valor de mercado de uma carteira decorrentes de mudanças adversas nas taxas de juros ou seus derivativos;

d) risco do mercado de commodities – possibilidade de perdas decorrentes de mudanças adversas nos preços de commodities e/ou em seus derivativos.

Todos estes riscos estão associados à liquidez do investimento, ou melhor, são tipos de risco em que há perda possível devido à liquidez dos ativos financeiros reduzidos em virtude de oscilações do mercado acionário. Quando os investidores financeiros não podem transferir os seus ativos em dinheiro ou não podem transferir os ativos como equivalentes de caixa para pagar a dívida, todos estes riscos podem ocorrer, principalmente o risco da liquidez.

Atualmente, cada vez mais organizações têm percebido que o risco financeiro não pode ser eliminado, mas pode, por meio de uma variedade de teorias existentes e instrumentos financeiros, tais como análise de variações financeiras, ser gerido.

2.7.3 Risco operacional

Bernstein (1997) indica que o risco operacional está relacionado a possíveis perdas como resultado de sistemas e/ou controles inadequados, falhas de processos internos, gerenciamento e erros humanos. O risco operacional pode ser dividido em três grandes áreas:

a) Risco organizacional – está relacionado com uma organização ineficiente, administração inconsistente e sem objetivos de longo prazo bem definidos, fluxo de informações internos e externos deficientes, responsabilidades mal definidas, acesso a informações internas por parte de concorrentes etc.

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b) Risco de operações – pode ser relacionado com problemas tecnológicos, equipamentos (telefonia, elétrico, computacional etc.), processamento e armazenamento de dados, fluxo operacional inadequado etc.

c) Risco de pessoal – pode estar relacionado com falhas humanas, como empregados não-qualificados, por exemplo, ou fraudes, do tipo adulteração de documentos, vazamento de informações privilegiadas, desvio de valores, entre outras.

2.7.4 Risco legal

Assaf (2006) define que o risco legal pode estar associado a perdas oriundas de falta da definição técnica legal ou organização jurídica em alguma operação realizada. Pode ser relacionado à ausência de técnica jurídica na elaboração de contratos, expondo a organização excessivamente a uma contra parte ou levando ao fechamento de contratos sem garantias suficientes de execução. Pode estar relacionado, ainda, à inexistência de verificação sobre a legitimidade de contra partes ou autenticidade de documentos apresentados etc.

2.7.5 Risco de imagem

O risco de imagem está relacionado a perdas decorrentes de causas imateriais, gerando a possibilidade de perdas decorrentes de desgastes com a imagem da instituição junto ao mercado ou a autoridades, em razão de publicidade negativa, de ações particulares ilegais ou irresponsáveis, que podem ser verdadeiras ou não.

2.8 A relação da taxa de juros e a inflação com o risco país x risco cambial

Os capitais que envolvem risco perderam a liberdade de movimentos da fase do padrão ouro, durante a qual a totalidade dos créditos era de fontes privadas, para um ciclo de restrições e de controles nacionais, seguido do surgimento, em Bretton Woods e nas duas

O risco operacional está relacionado a possíveis perdas como resultado de sistemas e/ou controles inadequados, falhas de processos internos, gerenciamento e erros humanos.

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décadas seguintes, de mecanismos multilaterais de financiamento público, como o Banco Mundial (1945) e os bancos regionais (BID, BAD, BASD - nos anos 60).

Geralmente vinculados a projetos de infraestrutura, mas crescentemente também a programas de cunho social, os financiamentos dos organismos multilaterais de crédito permitiram suprir as necessidades de alguns países numa conjuntura (do final dos anos 40 aos 60) na qual eram poucas as fontes de capitais voluntários de caráter comercial para esse tipo de investimento de maturação mais demorada.

Segundo Assaf (2006), para as economias mais pobres, como os novos Estados saídos da descolonização em 1960, foram criados mecanismos e instituições (como a AID, vinculada ao Banco Mundial) que passaram a oferecer a esses países empréstimos altamente concessionais, a custos moderados (praticamente sem juros e a prazos mais longos) e complementados por assistência técnica na formulação dos projetos.

Os grandes fluxos de capitais deixam de ser privados para assumir a forma de transferências públicas (por meio dos bancos de desenvolvimento) em uma primeira fase do pós-guerra, mas voltam a ser predominantemente comerciais a partir dos anos 70, quando as especulações nos mercados de futuros (cambiais e bolsas de mercadorias) e a reciclagem de petrodólares colocam enormes somas de dinheiro relativamente barato, em função da defasagem entre as taxas de juros e os níveis de inflação, à disposição dos mercados emergentes.

Uma interpretação do aparecimento desses desequilíbrios e de uma possível mudança no sistema monetário internacional foi dada pelos economistas do Deutsche Bank, David Folkerts-Landau, Michael Dooley e Peter Garber (2007). Segundo essa equipe, influente na literatura sobre as finanças internacionais, o sistema mundial atual pode ser visto como um novo Bretton Woods. Um conjunto de países do Leste Asiático, incluindo a China, aplica um regime cambial fixo ou quase fixo em relação ao dólar, formando um sistema monetário padrão-dólar informal. Como no regime original de Bretton Woods, os EUA representam o “centro” que se beneficia do privilégio de emitir a principal moeda de reserva internacional, que os países da “periferia” desejam adquirir a fim de acelerar o seu desenvolvimento.

Para as economias mais pobres, como os novos Estados saídos da descolonização em 1960, foram criados mecanismos e instituições (como a AID, vinculada ao Banco Mundial) que passaram a oferecer a esses países empréstimos altamente concessionais, a custos moderados (praticamente sem juros e a prazos mais longos) e complementados por assistência técnica na formulação dos projetos.

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Essa tese se inspira, é claro, na época do pós-guerra, quando as economias da Europa e do Japão estavam em ruínas e se recuperavam dolorosamente da Segunda Grande Guerra, suas moedas estavam desvalorizadas e inconversíveis.

Somente o valor do dólar estava garantido, pela conversibilidade em ouro, por uma taxa fixa. Algumas semelhanças podem ser observadas entre os dois esquemas monetários, mas as diferenças são grandes e suas consequências também são distintas. No sistema original de Bretton Woods, contrariamente ao sistema atual, a economia norte-americana estava amplamente superavitária. No pós-guerra, eram os norte-americanos que exportavam capital e hoje são importadores líquidos. Segundo Larry Summers (2009), ministro das finanças no governo de Clinton, a Ásia e os EUA estão condenados a se sustentarem mutuamente, qualificando essa situação de “equilíbrio do terror financeiro”. Os asiáticos estariam pressionados a prosseguir na compra dos títulos norte-americanos, apesar do risco cambial crescente dos engajamentos em dólar. Uma atitude contrária pode levar a um crash financeiro desastroso para o mundo, sendo os países credores da Ásia suas principais vítimas.

A operação em fase com a economia mundial conduzirá o Brasil a uma rota de desaceleração, acomodando e/ou interrompendo a trilha crescente vivenciada entre 2006 e 2009. Os impactos poderão ser diferenciados nas contas comerciais e financeiras. Mas não há como negar que, em condições de elevação dos níveis de endividamento e de redução da poupança do setor privado (empresas e famílias), haverá perda maciça das vendas, da produção, da renda, do consumo e do investimento, no clássico formato do círculo vicioso.

Decerto, o efeito negativo produzido pela rota cadente da demanda e dos preços globais, e do mercado de commodities em particular, pode até ser contrabalançado parcialmente pela trajetória de depreciação do real, que redefiniu a estrutura de preços relativos. Haverá, ainda, a redução de importações e, consequentemente, o abrandamento da fragilização da balança de pagamentos, associada aos déficits em conta corrente e o encarecimento dos bens de investimento. Porém, é prudente não esquecer que a valorização do dólar no Brasil vem sendo gerada por eventos patológicos e não por orientações deliberadas ou acertos da gestão econômica.

O efeito negativo produzido pela rota cadente da demanda e dos preços globais, e do mercado de commodities em particular, pode até ser contrabalançado parcialmente pela trajetória de depreciação do real, que redefiniu a estrutura de preços relativos.

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No campo financeiro, percebe-se a reduzida exposição dos bancos brasileiros em situações de elevado risco e ainda não tão expressiva presença, no País, dos bancos estrangeiros em situação de colapso. No final das contas, por aqui, os intermediários financeiros prosseguiram participando da rolagem dos títulos da dívida pública, detentores de liquidez, segurança (garantia de recompra) e rentabilidade (taxas de juros reais mais de três vezes acima da média internacional).

Parece correto também atribuir a menor vulnerabilidade dos organismos bancários do país, diante do colapso americano, a dois instrumentos de socorro público, como, por exemplo, abertura a capital estrangeiro ou redução da taxa de juros interna executados nos anos 90, como forma de viabilização do ajuste das instituições financeiras às dificuldades impostas pelo desaparecimento do lucro inflacionário, ocasionado pela estabilidade monetária propiciada pelo Plano Real.

Gráfico 2 - A Evolução dos juros em %

A EVOLUÇÃO DOS JUROS, EM %

OUTRAS MEDIDAS JÁ ADOTADASNos últimos meses, o governo vem tomando uma série de outras medidaspara frear o crédito, segurar a inflação e o câmbio

* Previsão segundo Boletim Focus, do BC Fontes: Ministérios da Fazenda e do Planejamento e IBGE

Dez. 2010O Banco Centralanuncia restrições aocrédito ao cosumocom prazo superior a60 meses

Mar. 2010Governo anuncia aumentode IOF sobre compras comcartão de crédito noexterior e empréstimosexternos de até um ano

Abr. 2010É anunciado o aumento doIOF sobre empréstimostomadas no exterior comprazo de até dois anospara pagamento

8,75jan. 10 9,5

abr. 10

10,25jun. 10

10,75jul. 10

11,25jan. 11

11,75mar. 11

12 a12,25abr. 2011*

Economistas apontamque, na próximareunião, o BC vai elevaro juro entre 0,25 e 0,5ponto percentual

Fonte: Ministérios da fazenda e planejamento e IBGE (2011)

Com as constantes interferências do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, elevando a taxa básica de juros (Selic) 0,25% para 12,25% ao ano, o Brasil continua com os maiores juros reais do mundo. Os juros reais descontam a inflação projetada para os próximos 12 meses. Fazendo essa conta, os juros básicos no Brasil ficam em 6,8% ao ano.

Em segundo, vem o Chile com taxa real de 1,5%. Em terceiro, está a Austrália com 1,4%. Na outra ponta da tabela, está a Venezuela, que tem a menor taxa real de juros

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do mundo com -5,6% ao ano. Segundo dados do Banco Central (2011), no entanto, falando em juros nominais (que não descontam a inflação), a Venezuela tem a maior taxa do mundo, com 18,87%. O Brasil vem em segundo no ranking dos juros nominais. A Argentina está em terceiro, com 9%. No início do primeiro mandato de Lula, a taxa real, que desconta a inflação, era de 11% ao ano; agora é de 4,8%, uma das mais baixas dos últimos vinte anos.

Gráfico 3 - Juros reais em economias selecionadas

JUROS REAIS EM ECONOMIAS SELECIONADAS

As dez maiores e as dez menores taxas de juros descontada a inflação projetadapara os próximos 12 mesesEm %

Brasil

Chile

Austrália

África

do Sul

Hungria

México

China

Colômbia

Indonésia

Taiwan

Espanha

Canadá

Grécia

Portugal

Estados U

nidos

Índia

Inglaterra

Hong Kong

Cingapura

Venezuela

8

6

4

2

0

-2

-4

-6

Fonte: Cucolo (2010)

Considerando dados do Banco Central (2011) para efeito de comparação, nos EUA a taxa real é hoje negativa (o juro é inferior à expectativa de inflação). Os EUA não precisam atrair divisas (dólares) com altas taxas de juros.

Nos EUA a taxa real é hoje negativa (o juro é inferior à expectativa de inflação). Os EUA não precisam atrair divisas (dólares) com altas taxas de juros.

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Gráfico 4 - Inflação no mundo em 2011

INFLAÇÃO NO MUNDO EM 2011

INDICADORES, EM %

EUAInflaçãoNúcleo da inflaçãoMeta (sobre o núcleo)Juros

2,7 1,2 20 a 0,25

Alimentos e energia pressionam preços em países emergentes e desenvolvidos*

R. UnidoInflaçãoMetaJuros

4 20,5

Zona do euro 2,7 21,25

RússiaInflaçãoJuros

9,58

ChinaInflaçãoJuros

5,46,31

ÍndiaInflaçãoJuros

8,986,75

BrasilInflaçãoMetaJuros

6,3 4,5 11,75

Fonte: Nogueira (2011)

Segundo Davino (2011), para enfrentar o carry-trade, isto é, a arbitragem internacional em que se toma dinheiro onde está barato para se aplicar onde está caro, mais o ganho com o cupom cambial (internaliza-se dólar com cotação mais elevada do que a vigente quando o repatria), o Banco Central do Brasil adota a mesma política dos outros BRICs (e Japão): comprar dólares, para evitar a apreciação da moeda nacional, com consequente queda de competitividade comercial. Resultado: entre os países, as reservas internacionais do Brasil são a quarta maior no mundo, o que tem custo financeiro expressivo, pois, inversamente, capta-se via títulos de dívida pública interna com juros altos e aplica-se em juros externos baixos. Tornou-se um círculo vicioso que necessita ser interrompido.

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Gráfico 5 - Evolução da taxa de câmbio efetiva

Jan Out Jun Dez Mar

1999 2002 2004 2008 2011

Forte ValorizaçãoA taxa de câmbio real afetiva (média 2000=100)200

170

140

110

80

50

95,82

176,62

148,86

109,27

75,03

O modelo econométrico mostra que, de 1999 a 2010 os os termos de troca e o diferencial entre jutos internos e externos são os principais fatores que explicam a valorização do câmbio

Fonte: Nassif, Feijó e Araújo (2011).

Sergio Lamucci (2011) afirma que “o câmbio brasileiro deveria estar na casa de R$ 2,90 para atingir a taxa ‘ótima’ real de longo prazo, definida como aquela que induz à alocação de recursos para os setores de maior produtividade da economia e leva ao desenvolvimento econômico”. Conforme o Gráfico 5, sobre o estudo dos economistas André Nassif, do BNDES e da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carmem Feijó, da UFF, e Eliane Araújo confirmam a ideia. O modelo desenvolvido pelos três indica que, no período de 1999 a 2010, os termos de troca, isto é, a relação entre preços de exportação e importação, e o diferencial entre os juros internos e externos são as variáveis mais importantes para explicar a tendência de sobrevalorização da taxa de câmbio.

Os resultados mostram duas conclusões básicas: “Primeiro, a moeda brasileira ficou persistentemente sobrevalorizada por quase todo o período analisado; segundo, a taxa ‘ótima’ real de longo prazo foi atingida em 2004” (NASSIF; FEIJÓ; ARAÚJO, 2011, p. 29). Em março de 2011, quando a cotação média do dólar ficou em R$ 1,659, a taxa nominal deveria estar em R$ 2,91 para voltar ao nível “ótimo”.

No artigo, os economistas adotam uma “abordagem estruturalista-keynesiana” para verificar quais fatores definem a taxa real de câmbio. Dizem que “a tendência de longo prazo é mais bem explicada não apenas por forças estruturais, mas também por políticas de curto prazo ligadas ao Risco País e às estratégias em combate ao risco do câmbio da moeda” (NASSIF; FEIJÓ; ARAÚJO, 2011, p. 29). Desse modo, no modelo

A tendência de longo prazo é mais bem explicada não apenas por forças estruturais, mas também por políticas de curto prazo ligadas ao Risco País e às estratégias em combate ao risco do câmbio da moeda.

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entram tanto fatores estruturais, como os termos de troca e o PIB per capita em dólares, quanto aspectos de curto prazo, caso do diferencial de juros básicos brasileiros e americanos e volume de reservas internacionais.

Sendo assim, conclui-se que os fatores determinantes da taxa de câmbio são três. Primeiro, os fundamentos macroeconômicos que são subdivididos também em variáveis como a paridade entre as taxas de juros (interna e externa) no curto prazo; o saldo do balanço de transações correntes (incluindo o balanço comercial e a conta serviços), afetado pelos diferentes ritmos de crescimento econômico entre os países, em médio prazo; a paridade entre poderes de compra, ou seja, entre a evolução interna e externa dos preços dos bens negociáveis no comércio exterior em longo prazo. Segundo, a expectativa dos participantes do mercado, que baliza o jogo especulativo entre moedas. Por fim, a política cambial, que pode deixar a taxa de câmbio livremente flutuante, tentar influenciá-la, ou buscar fixá-la em certa cotação oficial. Para adotar o regime de câmbio fixo, a autoridade monetária tem que deter volume de reservas internacionais suficiente para sua defesa.

2.9 O processo de gestão de risco financeiro

Assaf (2006) caracteriza que o Risco Financeiro é o que representa a possibilidade de perda financeira para a empresa, no presente ou no futuro, denotada pela possibilidade de perda de valor.

Este tipo de risco compõe um conjunto de vários eventos de riscos que se sobrepõem e se diversificam, formando o risco financeiro total assumido pela empresa. Como o resultado de uma empresa ocorre da disposição de assumir riscos financeiros, a qualidade da gestão destes riscos é que determina a habilidade de gerar valor.

Segundo Assaf (2006, p. 49), “a administração da companhia quanto à avaliação do risco financeiro pode ser dividida em três etapas principais: a identificação ou confirmação do risco existente, a medição dos riscos e o gerenciamento dos riscos inerentes ao compromisso financeiro”.

É muito comum os fatores de risco de mercado terem uma influência significativa para a empresa e, em seguida, esta mesma empresa colocar como necessidade real

Risco Financeiro é o que representa a possibilidade de perda financeira para a empresa, no presente ou no futuro, denotada pela possibilidade de perda de valor.

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Temas em Gestão Financeira de Empresas

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a capacidade de medir os fatores de risco, que se dá inicialmente com a descrição quantitativa do risco. Atualmente, as medidas frequentemente usadas de abordagem de risco de mercado podem ser classificadas em medidas relativas e absolutas:

a) Os métodos de medida relativa medem a relação entre a sensibilidade de fatores de flutuações do mercado e as mudanças de preços de ativos financeiros, tais como a duração e a sua complexidade.

b) Os métodos de medida absoluta incluem variância ou desvio padrão e o indicador de desvio absoluto, Mínimo Máximo e o valor em risco (VaR).

Segundo Securato (1996), o VaR tem origem na década de 1980 e indica a perda máxima que pode ocorrer dentro de um determinado nível de confiança. Em matemática, o VaR é expresso como um veículo de investimento ou uma combinação de ganhos e perdas de distribuição de um quartil, que declara o seguinte: Pr (<= ILP - VaR) = a, onde a ILP é a perda de investimento na exploração em relação ao prazo do nível de confiança, determinado por: (1-a).

Quadro 1 - Variável de perda ou ganho em investimento

VaR = Value at Risk ou combinação de ganhos e perdas de distribuição de um quartil

Prazo <= ILP - VaR

ILP ou Internal Lost Payment é a perda de investimento na exploração em relação ao prazo

a = ou Amostral: é a estimativa correspondente ao quantil amostral α

Fonte: Securato (1996, p. 121)

Por exemplo, se o VaR de uma empresa é de 100 milhões de reais investido no Brasil com 95% de confiança em 10 dias, então a média nos próximos 10 dias, aplicando o indicar Var, o risco de perdas poderá ser que ocorra em mais de 1 milhão de dólares, se o nível de confiança no Brasil ficar em apenas 5%.

Por meio dessa medida quantitativa, a empresa pode excluir os seus riscos e, portanto, ter a capacidade de realizar a próxima etapa de gestão de risco quantitativa.

O próximo passo é a gestão destes riscos financeiros. Uma vez que a empresa identificou os principais riscos e mensurou uma ideia quantitativa destes riscos por meio de métodos de avaliação de riscos, as companhias podem recorrer a diversos

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meios e ferramentas para gerenciar os riscos quantitativamente.

A gestão de riscos internacionais traz benefícios substanciais para as organizações empresariais. A proteção contra vários tipos de riscos é uma prática comum nas instituições financeiras, normalmente com cobertura, é exercido em bancos de derivativos, havendo, assim, dois tipos de instrumentos derivativos. O principal deles é o Hedge, que bloqueia nas taxas de futuro, tendo como desvantagem dar possibilidades de beneficiar movimentos favoráveis ao custo de oportunidade.

O segundo é Hedge de Opções, que fornece proteção contra movimentos adversos e permite tirar proveito dos mercados favoráveis, sem custo de oportunidade, este custo relacionado ao deixar de aplicar em determinado negócio para usufruir em outro. Hedging e derivados desempenham um papel vital com o enfrentamento, reduzindo os riscos como: o risco de taxa de juros, risco cambial, riscos de mercado etc.

2.10 Custo de capital e o risco país

Custo de capital, conforme Pratt (apud Alencar, 2007), é uma taxa esperada de retorno que o mercado procura para direcionar recursos em determinado investimento. Lima (2007) inclui também o conceito de custo de oportunidade, o qual deve ser menor do que outro com características semelhantes para que seja vantajoso. O custo de capital divide-se em dois: de terceiros e próprio.

O custo de capital de terceiros, segundo Assaf Neto (apud Lima, 2006, p. 3), é definido “a partir da caracterização dos passivos onerosos de empréstimos e financiamentos em posse da empresa. Já o custo de capital próprio possui características subjetivas em seu conceito, pois não é uma variável diretamente observável, tendo uma natureza ex ante, sendo necessária estimação”.

Assim sendo, o custo de capital é a taxa de retorno que o gestor deve iniciar em suas aplicações de modo que seus recursos no mercado permaneçam inalterados. Esse

A proteção contra vários tipos de riscos é uma prática comum nas instituições financeiras, normalmente com cobertura, é exercido em bancos de derivativos, havendo, assim, dois tipos de instrumentos derivativos. O principal deles é o Hedge, que bloqueia nas taxas de futuro, tendo como desvantagem dar possibilidades de beneficiar movimentos favoráveis ao custo de oportunidade.

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custo é também chamado de taxa de desconto de lucros futuros das companhias, razão pela qual as finanças do negócio devem fornecer ferramentas necessárias para tomar decisões sobre investimentos futuros e, portanto, o mais conveniente para a companhia. Lima (2007, p. 28) também conceitua custo de capital como “o que custa a empresa ter investido cada dólar em ativos; implicando em duas abordagens: Todos os ativos têm o mesmo custo; E todos os ativos são financiados na mesma proporção de passivos e ativos”.

O custo de capital está baseado em fontes da estrutura de capital próprio e de terceiros para buscar insumos essenciais específicos em determinar este custo total da empresa. As fontes devem ser de longo prazo, como as que proporcionam um financiamento permanente, para evitar longos prejuízos financeiros.

As principais fontes de recursos de longo prazo são dívidas de longo prazo, as partes de ações, preferenciais comuns e lucros acumulados, cada um associado a um custo específico já que ambas trazem consigo a consolidação do custo total de capital.

Quadro 2 - Fatores fundamentais subjacentes ao custo de capital

Fatores fundamentais subjacentes ao custo de capital:

�� o grau de risco de negócios financeiros;�� imposição de impostos e taxas;�� a oferta e demanda de recursos, financiamento.

Fonte: Assaf Neto (apud LIMA, 2006, p. 8)

Geralmente, o custo de capital é calculado como um custo caixa após impostos. Os principais apontamentos na literatura de finanças para apuração do custo de capital próprio são o de Gordon (2006), o Arbitrage Princing Model (APM) e o de Sharp (apud OHLSON, 1964), que trata sobre o Capital Asset Princing Model (CAPM).

O modelo de precificação de ativos financeiros (SHARPE, 1964; LINTNER, 1965) é um modelo econômico utilizado para avaliar títulos do mercado de capitais ao relacionar risco e retorno. Sua formulação decorre da ideia inicial de Markowitz (1952) de que

o custo de capital é a taxa de retorno que o gestor deve iniciar em suas aplicações de modo que seus recursos no mercado permaneçam inalterados.

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a decisão de investimento limita-se à combinação de uma taxa livre de risco mais o prêmio pelo risco oferecido pela carteira de mercado.

O CAPM pode ser utilizado para a mensuração do retorno esperado (custo de capital próprio) de um ativo individualmente e para a mensuração do retorno esperado de uma carteira de ativos. Contudo, em ambos os casos, o CAPM tem como hipótese fundamental que o prêmio para o investidor seja determinado pelo risco sistêmico. A equação do CAPM é representada pela seguinte fórmula:

Quadro 3 - Capital Asset Princing Model (CAPM)

rpt = rft + p rmt rft( )Em que:

rpt = rft + p rmt rft( ) = é o retorno esperado (custo de capital) da carteira p (ou do ativo), ao longo do período t;

rpt = rft + p rmt rft( ) = é o risco sistemático da carteira p (ou do ativo em relação ao risco de mercado);

rpt = rft + p rmt rft( ) = é o prêmio pelo risco;

rpt = rft + p rmt rft( ) = é o retorno do ativo livre de risco, ao longo do período t.

Fonte: Sharp (apud OHLSON, 1964)

Normalmente, o ativo livre de risco é representado por títulos públicos e o retorno do mercado por um índice que represente a negociação ocorrida em mercado secundário, pois seria impraticável incluir todos os ativos com riscos da economia e avaliar as suas respectivas ponderações (GREGÓRIO, 2005).

O custo de capital de uma organização depende da composição, isto é, do mix ou estrutura dos capitais que a caracterizam. O custo do capital pode ser definido como o custo médio ponderado do capital próprio e do capital de terceiros, cabendo levar em conta igualmente neste cálculo os impactos dos benefícios fiscais do imposto de renda e da contribuição social.

Em termos de coeficiente, o custo do capital está formulado como uma taxa mínima que a companhia precisa obter em suas ações, o que indica, assim, a remuneração mínima necessária a ser auferida para manter o valor de suas ações e o respectivo

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crescimento sustentável da empresa. Desta forma, observa-se que todos os projetos, empreendimentos e novos negócios precisam apresentar, em média, uma taxa de retorno maior ou pelo menos igual à taxa do custo de capital da empresa.

Segundo Gregório (2005), existe também o custo das ações preferenciais que é encontrado pela divisão do dividendo anual em relação ao preço e a taxa de ágio ou deságio desta ação preferencial pelo produto líquido da venda de ações preferenciais. A atribuição de dividendos fixos ou mínimos para ações preferenciais é relativamente comum entre outros países, embora não o seja no Brasil. Nesse caso, por não ter nenhum direito sobre o lucro integral, as ações preferenciais são equivalentes a empréstimos, porém, sem prazo determinado de vencimento.

CAP = dividendo anual por ação / produto líquido da venda

Custo de ações preferenciais: o valor de custo das ações ordinárias é um pouco complicado de calcular, já que o valor dessas ações é baseado no valor presente de todos os dividendos futuros que serão pagos em cada ação. A taxa à qual os dividendos futuros são descontados a valor presente é convertido para o custo de ações ordinárias.

2.11. O mercado de euromoedas e os títulos internacionais

O acordo de Bretton Woods, firmado por 44 países, em 1º de julho de 1944, na cidade americana que empresta seu nome ao acordo, tinha por intenção restaurar o equilíbrio econômico que fora devastado pela crise de 1929 e pela Segunda Guerra Mundial (MOFFITT, 1984). A partir desse acordo, houve preocupações em consolidar mercados em tratados que favorecem tanto a moeda, quanto as relações cambiais existentes.

Os investimentos em diversos setores foram realizados pelo governo da grande maioria dos países europeus em razão das próprias características econômicas da época, em que estes governos entendiam que os setores de infraestrutura e indústria de base eram estratégicos e deveriam ser realizados pelo governo. Um fator adicional era que a primeira onda de investimentos estrangeiros foi realizada por indústrias dos setores

O Euromercado, ou mercado de euromoedas, é um mercado internacional onde moedas de diversos países (notadamente as moedas dos países desenvolvidos) são negociadas pelos bancos desses países.

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de bens de consumo, favorecendo assim o surgimento de novas nomenclaturas em finanças internacionais, como é o caso da euromoeda (REGO e MARQUES, 2000).

Segundo Rego e Marques (2000), o Euromercado, ou mercado de euromoedas, é um mercado internacional onde moedas de diversos países (notadamente as moedas dos países desenvolvidos) são negociadas pelos bancos desses países.

O mercado de euromoedas teve início na década de 1950, quando os Estados Unidos financiavam seus déficits comerciais nos mercados europeus, o que inundou a Europa com dólares. Com o fim de Bretton Woods e o fim das taxas de câmbio fixas que os bancos e demais instituições financeiras começaram a operar nos diferenciais das taxas de câmbio presente e futuras dos países, via compra e venda destas, o fluxo internacional de capital começou a aumentar com maior intensidade (BAUMANN et al., 2000).

Sendo assim, o mercado de euromoeda (“eurocurrency”) compreende as transações bancárias (ativo/passivo) realizadas por bancos internacionais (eurobanks) em moeda diferente daquela do banco/país da transação. Um banco europeu pode aceitar depósitos e fazer empréstimos em eurodollar ou um banco americano pode aceitar depósitos e/ou fazer empréstimos em eurosterling.

BANCO EUROPEU BANCO DOS EUA

Valores em USD (eurodollars) Valores em Euros (euromoney)

Os tipos de transações realizadas pelos bancos são:

a) Captação:

�� Eurodeposits (depósitos a prazo com taxa fixa);�� NCD (negotiable certificates of deposits).

b) Aplicações:

�� empréstimos (interbancários e outros); �� títulos (securities) de governos e grandes empresas.

Londres é o principal centro mundial de transações em euromoeda, mas tais transações são também realizadas em Nova York, Paris, Singapura e outras cidades. Essas transações

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são realizadas entre bancos internacionais (eurobanks) e outras instituições financeiras (investidores institucionais). Segundo Baumann et al. (2000), as taxas de juros desse mercado são denominadas LIBOR (London Interbank Offered Rate) para empréstimos, e LIBID (London Inrterbank Bid Rate) para captação (depósitos e NCD). Em Paris e Singapura, essas taxas são denominadas PIBOR/PIBID E SIBOR/SIBID. Nos Estados Unidos, a taxa de juros básica do mercado financeiro é denominada PRIME RATE, aplicando-a às grandes empresas que oferecem pouco risco de inadimplemento. Para clientes que oferecem maior nível de risco, adiciona-se uma spread de risco.

O aumento dos fluxos internacionais de capitais não foi imediato. O mercado de euromoeda expandiu-se desde fins dos anos 50. Inicialmente, foram os países do bloco soviético que utilizavam mercados financeiros off shore (LUCATELLI, 1997). Nos anos 60, prevaleceram os capitais que buscavam fugir de impostos e regulamentações. A partir dos anos 70, diversos países afrouxaram suas políticas de regulação sobre operações cambiais dentro de uma estratégia competitiva de atração de capitais (DEVLIN, 1994).

Com relação aos Estados Unidos, especificamente, sabe-se que as crescentes pressões sobre sua moeda conduziram o governo americano ao rompimento, em meados de 71, com o sistema de conversão do acordo de Bretton Woods. Em 1973, com a desvalorização do dólar, veio o “golpe derradeiro” sobre a articulação formal do sistema monetário estável do pós-guerra (DEVLIN, 1994).

A partir de então, internacionalizaram-se as carteiras de instituições financeiras e não financeiras. Os processos de securitização intensificaram-se e as taxas cambiais, antes fixas, passaram a ser determinadas pelo mercado (BRUNHOFF, 1998). Com a crescente participação dos derivativos financeiros, a volatilidade dos mercados tornou-se crescente.

A fonte inicial dessas operações “internacionalizadas”, no chamado euromercado, foi certamente os dólares que brotavam dos crescentes déficits do balanço americano e excediam a demanda dos agentes econômicos e das autoridades monetárias estrangeiras. Já o Reino Unido optou pela desregulamentação no intuito de fortalecer a cidade e reabilitar, ao menos parcialmente, a posição que representou como centro financeiro internacional no século 19. Para recuperar um pouco da importância

A fonte inicial dessas operações “internacionalizadas”, no chamado euromercado, foi certamente os dólares que brotavam dos crescentes déficits do balanço americano e excediam a demanda dos agentes econômicos e das autoridades monetárias estrangeiras.

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financeira que possuía quando da Pax Britannica, tornar-se um centro off shore era não apenas uma alternativa, como também o único caminho possível.

Lucatelli (1997) acrescenta que a Europa continental, por sua vez, preocupava-se com os déficits norte-americanos. Países superavitários, como a Alemanha e a Suíça, sofriam pressões inflacionárias para esterilizar os dólares em excesso e, caso não esterilizassem, perderiam competitividade no comércio internacional. Assim, o euromercado era uma alternativa para esses países. A possibilidade de aplicação dos dólares neste mercado diminuía os dólares excedentes que as Autoridades Monetárias destes países eram obrigadas a reter.

O mercado para os investimentos denominados em moedas, não aquele em que o investimento é negociado, pode ser também transacionado na custódia de títulos internacionais, a grande maioria de dívidas públicas. Por exemplo, um eurodólar é um dólar dos EUA depositado fora da jurisdição do Federal Reserve (isto é, fora dos Estados Unidos). Investimentos em Eurodollar podem ser negociados em qualquer outro país fora os Estados Unidos, mas são normalmente comercializados em Londres. Da mesma forma, um Euroyen é um depósito de ienes fora do Japão.

Conforme o Dicionário Farlex Financial (2009), o mercado de euromoedas também pode se referir à negociação de títulos euromoedas. É importante notar que o termo não tem nada a ver com o euro e o prefixo “euro” é usado mais genericamente para referir-se a depósitos fora da jurisdição do local do banco central.

Segundo Vicent (1995, p. 525), “paralelo a euromoedas existe o mercado primário de títulos mobiliários internacionais negociados e oferecidos em bolsas de valores por empresas a fim de obter novos recursos, seja para a criação de novas empresas ou para injetar novos investimentos de capital”. Cada conjunto de títulos internacionais deste mercado primário forma parte de uma única transação financeira, incluindo os fundos de financiamento, em especial de títulos de dívida pública dos países, que são atribuídos aos direitos de propriedade destas dívidas governamentais ou de fundos privados.

Já o mercado secundário, conforme Vicente (1995, p. 527) é onde

Há execução das transferências de títulos mobiliários, locais ou internacionais que tenham sido previamente colocadas no mercado primário, proporcionando a liquidez, segurança, rentabilidade, permitindo aos investidores para reverter as decisões de compra e venda é aquele em que os investidores trocam os títulos emitidos anteriormente.

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Por fim, existe o mercado de ações, que constitui uma primeira abordagem ao mercado de ações com estruturações oficiais, organizado e aberto. Por um lado, é mais estreito do que os demais mercados, uma vez que não cobre todas as partes negociadas do mercado primário e secundário. Por outro lado, é mais amplo, visto que se estende às áreas limítrofes do mercado monetário, como acontece com a negociação de letras de câmbio e notas promissórias. Além disso, o sistema de crédito liga as transações em dinheiro no mercado monetário e ao mercado de ações.

3 ConclusãoNo mundo empresarial moderno de hoje, a gestão de riscos financeiros é uma das metodologias mais importantes para as empresas, instituições financeiras e públicas.

Neste trabalho, foi apresentado como as diferentes abordagens de gestão de riscos financeiros interagem em um processo integrado de gestão de risco para as sociedades financeiras e empresas, existindo também a mitigação de risco elaborada em uma companhia e baseada em acordos de Basileia e redução de risco convencionais ou aproximações, atenuações de hedge, derivativos e VaR.

Gestão de riscos em finanças internacionais apoia a implementação de práticas de análise qualitativas e quantitativas das possibilidade de risco baseadas em práticas de mercado. Os riscos que um banco ou empresas enfrentam atualmente são as perdas potenciais de amanhã. No entanto, esses riscos não são visíveis e tangíveis como as receitas e os custos. Na verdade, a sensibilidade e a visibilidade aos riscos é inevitável para a gestão de uma organização privada ou pública. Para as instituições financeiras, simplesmente por serem consideradas “máquinas de risco”, estas devem assumir riscos, transformá-los e incorporá-los em produtos e serviços financeiros institucionais.

O objetivo da implementação de práticas de gestão dos riscos é fornecer uma visão equilibrada da existência e potencialização destes riscos e retornos de um ponto de vista da gestão, para desenvolver uma vantagem competitiva e cumprir as regulamentações cada vez mais rigorosas.

O objetivo da implementação de práticas de gestão dos riscos é fornecer uma visão equilibrada da existência e potencialização destes riscos e retornos de um ponto de vista da gestão, para desenvolver uma vantagem competitiva e cumprir as regulamentações cada vez mais rigorosas.

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Por fim, percebe-se que as grandes companhias estão cada vez mais embarcando em programas ambiciosos para quantificar os riscos financeiros de forma sistemática e abrangente. Agora, a tendência é de taxas combinadas de capital de crédito, mercado e riscos operacionais.

O papel da gestão de riscos financeiros é fundamental para facilitar a coordenação entre a função real da gestão de riscos na produção e na função de operações de gestão em um contexto no qual as atividades de gestão de ativos reais são descentralizadas. Embora as operações de gestão de risco financeiro sobre os mercados financeiros não gerem valor diretamente, elas geram flexibilidade e, portanto, contribuem indiretamente para o valor de uma empresa.

4 SínteseNo cenário atual, a conexão internacional das finanças empresariais em várias áreas atingiu um nível de comprometimento extremamente elevado, no qual o contexto econômico de cada país não pode ser mais analisado de forma isolada. Nas atividades econômico-financeiras, partindo das recentes crises de mercado, esse efeito é muito importante. A compreensão de operações financeiras internacionais de captação ou investimento, dos fluxos financeiros entre países, das transações comerciais, das decisões de empresas e governos no âmbito econômico internacional, entre outros assuntos, sugere a possessão de conceitos que integram várias áreas do conhecimento. Este trabalho objetiva identificar a visão geral sobre finanças internacionais e o poder de análise de risco a partir dos recentes fatores econômicos que ocasionaram diversas crises, deixando Países com baixo índice de investimento em virtude do crescimento de risco dos negócios. Ligados aos acontecimentos globais e sobre os métodos didáticos de como avaliar, o trabalho justifica-se de forma a contribuir para o aprimoramento do entendimento de finanças internacionais para o cenário brasileiro e para os gestores de empresas.

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5 Questões para reflexão1) Por que os capitais internacionais referentes a investimentos em capital físico

ou em capitais financeiros estão fluindo para os países asiáticos (China e Índia) e não estão fluindo para os países Africanos? Por que certos países dependem deste capital internacional?

2) Como um investidor deve aplicar os seus recursos: num país que forneça a maior rentabilidade ou menor risco? Quais as características e concepções a serem pautadas em relação a um país que o investidor deve olhar antes e durante a tomada de decisão?

3) Por que os títulos públicos federais são os de menor risco em um país? Quais são os diversos tipos de títulos públicos negociados internacionalmente?

4) O que determina o fluxo de capital para um país? O que leva alguém a investir em determinado país e não investir, por exemplo, nos EUA?

5) Quais os efeitos da saída de capitais estrangeiros do Brasil? Por que isso ocorre? Na proteção do risco de variação da taxa de juro de curto prazo inerente a um excedente de tesouraria que se espera obter no futuro, qual deverá ser a atitude do investidor?

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