Temas Fundamentais Da Fe Cristã 20

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Temas Fundamentais da Fe Cristã Nomes e Naturezas de Cristo Lição 20 Introduçao Thomas C. Oden comeca o segundo volume de sua teologia sistematica com a seguinte pergunta: “por que Cristo?” Antes de dizer algo como “a resposta e obvia”, devemos considerar o fato de que, na cultura pos-modema, onde existe uma miriade de “cristos”contraditorios, acompanhada de uma apatia generalizada para com o real Cristo Jesus que se revela nas Escrituras, a pergunta e, sem duvida, relevante. Num mundo onde parece nao haver respostas, nossa reivindicacao e que Jesus e a resposta a todas as perguntas realmente importantes. O cristianismo, em sua essencia, e um relacionamento com uma Pessoa. Como sistema, a funcao das doutrinas cristas e finalmente nos guiar a presenca de Deus. No Novo Testamento duas palavras sao traduzidas como doutrina didasKalia (didaskalia) e didaxh (didache). Ambas significam tanto o ato como o conteudo do ensino. Jesus possuia uma doutrina (Mt 7.28),e os apostolos tambem (At 2.42). Com o passar do tempo, a igreja elaborou um conjunto de ensinamentos sobre a pessoa de Jesus. Embora cada cristao autentico conheca a Jesus existencialmente, e importante ter algum conhecimento doutrinario sobre Jesus, para melhor compreensao de sua condiçao pessoal e para o testemunho. O vinculo entre doutrina e o encontro pessoal com Jesus e visto em suas palavras, registradas em Joao 8.24. Ele disse aos que nao creem na doutrina correta acerca de sua pessoa, que eles morrerao em seus pecados. A questao da salvacao depende de a pessoa ter a crenca correta sobre quem e Jesus. E o Jesus revelado nas Escrituras que salva. Ainda que a salvacao seja mais do que conhecimento doutrinario, sem esse conhecimento nao ha salvacao. Como Alister McGrath escreve: “A pessoa de Jesus Cristo e de central importancia para a teologia crista. Embora a ‘teologia’ pudesse ser definida como ‘falar acerca de Deus’ em geral, a ‘teologia crista’ confere um papel central a Jesus Cristo”. A questao, entao, e de muitissima importancia para nos. A. Os Nomes de Cristo 1. O NOME JESUS

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Temas Fundamentais da Fe CristãNomes e Naturezas de Cristo

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Temas Fundamentais da Fe Cristã

Nomes e Naturezas de Cristo

Lição 20

Introduçao

Thomas C. Oden comeca o segundo volume de sua teologia sistematica com a seguinte pergunta: “por que Cristo?” Antes de dizer algo como “a resposta e obvia”, devemos considerar o fato de que, na cultura pos-modema, onde existe uma miriade de “cristos”contraditorios, acompanhada de uma apatia generalizada para com o real Cristo Jesus que se revela nas Escrituras, a pergunta e, sem duvida, relevante. Num mundo onde parece nao haver respostas, nossa reivindicacao e que Jesus e a resposta a todas as perguntas realmente importantes.

O cristianismo, em sua essencia, e um relacionamento com uma Pessoa. Como sistema, a funcao das doutrinas cristas e finalmente nos guiar a presenca de Deus. No Novo Testamento duas palavras sao traduzidas como doutrina didasKalia (didaskalia) e didaxh (didache).

Ambas significam tanto o ato como o conteudo do ensino. Jesus possuia uma doutrina (Mt 7.28),e os apostolos tambem (At 2.42). Com o passar do tempo, a igreja elaborou um conjunto de ensinamentos sobre a pessoa de Jesus. Embora cada cristao autentico conheca a Jesus existencialmente, e importante ter algum conhecimento doutrinario sobre Jesus, para melhor compreensao de sua condiçao pessoal e para o testemunho.

O vinculo entre doutrina e o encontro pessoal com Jesus e visto em suas palavras, registradas em Joao 8.24. Ele disse aos que nao creem na doutrina correta acerca de sua pessoa, que eles morrerao em seus pecados. A questao da salvacao depende de a pessoa ter a crenca correta sobre quem e Jesus. E o Jesus revelado nas Escrituras que salva. Ainda que a salvacao seja mais do que conhecimento doutrinario, sem esse conhecimento nao ha salvacao. Como Alister McGrath escreve: “A pessoa de Jesus Cristo e de central importancia para a teologia crista. Embora a ‘teologia’ pudesse ser definida como ‘falar acerca de Deus’ em geral, a ‘teologia crista’ confere um papel central a Jesus Cristo”. A questao, entao, e de muitissima importancia para nos.

A. Os Nomes de Cristo

1. O NOME JESUS O Catecismo Maior na pergunta 41 diz: Por que foi nosso mediador chamado de Jesus? “O nosso mediador foi chamado de Jesus porque salva o seu povo dos pecados”. O nome Jesus é a forma grega do hebraico Iehoshua, Ioshua ou Ieshua e significa o Senhor salva. Ele recebeu este nome em função da obra que veio realizar (Mt 1.21). 2. O NOME CRISTO O Catecismo Maior na pergunta 42 diz: Por que foi nosso mediador chamado Cristo? “O nosso mediador foi chamado Cristo porque foi, acima de toda medida, ungido com o Espírito Santo, e assim separado e plenamente revestido com toda autoridade e poder para exercer as funções de profeta, sacerdote e rei da sua Igreja, tanto no estado de sua humilhação, como no de sua exaltação”. Cristo é o nome oficial do Messias. É o equivalente de Mashiach do Velho Testamento e, significa “o ungido”. Normalmente os reis, os sacerdotes e os profetas eram ungidos com óleo, durante a antiga dispensação. O óleo simbolizava o Espírito de Deus, Is 61.1; e a unção representava a transferência do Espírito para a pessoa consagrada, 1 Sm 10.1, 6, 10; 16.13, 14. Cristo foi instalado em Seus ofícios, ou designado para estes, desde a eternidade, mas historicamente a Sua unção se efetuou quando Ele foi concebido pelo Espírito Santo, Lc 1.35, e

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quando recebeu o Espírito Santo, especialmente por ocasião do Seu batismo, Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32. 3. O NOME FILHO DO HOMEM “Filho do Homem” Era a maneira mais comum de Jesus tratar-se a Si próprio. Ele aplicou o nome a Si mesmo em mais de quarenta ocasiões É difícil determinar por que Jesus preferiu este nome como forma de auto-tratamento. A expressão seja qual for a conotação que tenha, por certo indica a verdadeira humanidade de Jesus (Jo.3.13; At 7.56) 4. O NOME FILHO DE DEUS Jesus também chamou a Si mesmo de Filho de Deus e, outros o fizeram também (Jo 3.16,18;10.36; Mc 15.39; Lc 1.35). O próprio Deus chamou Jesus de Seu Filho (Mt 3.17; 17.5). Este nome é utilizado para indicar a divindade de Cristo, ou seja, sua relação de igualdade substancial com O Pai. 5. O NOME SENHOR (Kyrios) Este nome na septuaginta traduz o tetragrama IHVH, bem como Adonai que são nomes de Deus no Velho Testamento. Assim, este nome aplicado a Cristo, expressa o caráter exaltado de Cristo, e equivale ao nome “Deus”,( At 2.36; Fp 2.11). B. As Naturezas de Cristo Cristo é portador de duas naturezas. Uma divina e outra humana. Comecemos falando da natureza divina. 1. PROVAS BÍBLICAS DA DIVINDADE DE CRISTO As páginas do Novo Testamento estão repletas de passagens que admitem que O Senhor Jesus é Deus. Estas passagens além de usarem o nome “Deus” ao se referirem a Jesus também atribuem a Ele obras que somente Deus tem o poder de fazer, tais como: Criar o mundo, Ressuscitar os mortos, Julgar os vivos e os mortos etc. vejamos algumas destas passagens (Jo. 1.1-3; 5.18, 20-22, 25-27; 11.41-44; Rm 9.5; Fp 2.6; Cl 2.9; Hb 1.1-3, 5,8; 1 Jo. 5.20). 2. PROVAS BÍBLICAS DA VERDADEIRA HUMANIDADE DE CRISTO A Bíblia diz que o Senhor veio ou foi manifestado na carne, Jo 1.14; 1 Tm 3.16; 1 Jo 4.2. Nestas passagens o termo “carne” denota natureza humana. A Bíblia indica claramente que Jesus possuía os elementos essenciais da natureza humana, isto é, um corpo material e uma alma racional, Mt 26.26, 28, 38; Lc 23.46; 24.39; Jo 11.33; Hb 2.14. Há também passagens que mostram que Jesus estava sujeito às leis ordinárias do desenvolvimento humano, e aos sofrimentos e necessidades humanos, Lc 2.40, 52; Hb 2.10, 18; 5.8. Há demonstrações minuciosas de que Ele passou pelas experiências normais da vida humana como: Teve fome, sono, compaixão, sentiu indignação, sentiu agonia ao se aproximar a hora da sua morte, sentiu cansaço, chorou, sentiu angústia, teve sede, finalmente morreu, (Cf Mt 4.2; 8.24; 9.36, Mc 3.5; Lc 22.44; Jo 4.6; 11.35; 12.27; 19.28, 30). 3.PROVAS BÍBLICA DA IMPECABILIDADE DE CRISTO Atribuímos a Cristo não somente integridade natural, mas também moral, ou perfeição moral, isto é, impecabilidade. Isto significa não apenas que Cristo pôde evitar o pecado, e que de fato evitou, mas também que Lhe era impossível pecar , devido à ligação essencial entre as naturezas humana e divina. A Bíblia dá claro testemunho da impecabilidade de Cristo nas seguintes passagens: Lc 1.35; Jo 8.46; 14.30; 2 Co 5.21; Hb 4.15; 9.14; 1 Pe 2.22; 1 Jo 3.5. Apesar de Jesus ter-se feito pecado judicialmente, todavia, eticamente estava livre tanto da depravação hereditária como do pecado fatual. Ele jamais fez confissão de erro moral; tampouco se juntou aos Seus discípulos na oração: “perdoa as nossas dívidas”. Ele pôde desafiar os Seus inimigos a convencê-lo de pecado.. 4. A NECESSIDADE DAS DUAS NATUREZAS DE CRISTO Neste assunto, vejamos o que diz o Catecismo Maior de Westminster. a. Necessidade de Sua humanidade A pergunta 39 do Catecismo Maior diz: Qual a necessidade do mediador ser homem? “Era necessário que o mediador fosse homem, para poder levantar a nossa natureza e possibilitar a obediência à lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas enfermidades, para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e acesso, com confiança, ao trono da graça”

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Para ser redentor da raça humana, Cristo tem que atuar como o representante legal dos seres humanos, e para que isso seja possível, ele precisa, antes de mais nada, ser um membro da raça humana. Cristo não poderia ser o Redentor da raça humana se, antes de tudo, não fosse membro dessa raça. b. Necessidade de Sua Divindade O Catecismo Maior, na pergunta 38 diz: Qual era a necessidade do mediador se Deus? “Era necessário que o mediador fosse Deus, para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair debaixo da infinita ira de Deus e do poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna”. O Catecismo Maior na pergunta 36 afirma: “...O Senhor Jesus Cristo, que sendo o eterno Filho de Deus, da mesma substância e igual ao Pai, no cumprimento do tempo fez-se homem, e assim foi e continua a ser Deus e homem em duas naturezas perfeitas e distintas, e uma só pessoa para sempre”. Todos os seres humanos são pecadores por natureza, e por isso não estariam qualificados para a obra de salvar outros do pecado. Aqueles que em si mesmos carecem de salvação não podem realizar a salvação de outros. Mesmo um ser humano sem pecado, se meramente humano, não seria capaz de suportar a ira e a maldição de Deus como Cristo o fez. Era necessário que Cristo fosse Deus para que pudesse sustentar e apoiar a Sua natureza humana em Suas tentações e sofrimentos. Como Jesus Cristo não era era exclusivamente um ser humano, mas era também verdadeiramente Divino, foi-Lhe possível “dar a Sua vida em resgate por muitos”, tornando-se o legítimo substituto de todo o povo de Deus. A Sua natureza divina deu à Sua natureza humana um valor infinito, de modo que Ele pudesse sofrer e morrer por muitos a um só tempo. Se Jesus Cristo tivesse sido apenas humano seria possível que Ele falhasse na realização dessa obra,cedendo à tentação e caindo em pecado. Mas Jesus Cristo não era apenas humano, era também verdadeiramente divino; Ele era e é onipotente. Por isso o Seu sucesso é uma certeza, porquanto Ele não pode falhar em Sua obra nem cair em pecado.