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II Encontro Nacional da Rede Alfredo de CarvalhoFlorianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004

GT História do JornalismoCoordenação: Prof. Dra. Marialva Barbosa (UFF)

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Tematização da cultura no jornalismo Brasileiro

Notas sobre a emergência das bases sociais do jornalismo cultural entre 1808 e os anos

19501

Sérgio Luiz Gadini (Doutor em Comunicação. Professor do Curso de Jornalismo da

Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG/PR)

Como e quando, efetivamente, surgem demandas sociais, público e a gradativa

formatação de produtos culturais no jornalismo brasileiro? O texto que segue apresenta

alguns aspectos em torno do gradual surgimento, presença e fortalecimento do campo

cultural e, ao mesmo tempo, dos como os periódicos do País passam a tematizar o campo

cultural, recortando referências históricas em busca de uma contextualização que está

associada ao que, hoje, se compreende como jornalismo cultural na mídia impressa.

Embora esse agendamento e, cada vez mais, presença instituinte do jornalismo nas

diversos setores culturais dos principais países europeus pode ser associada à emergência

da modernidade e das transformações que marcam os estados europeus (numa perspectiva

que, dependendo dos autores considerados, pode variar entre os séculos XV a XVII), esse

mesmo processo, só vai acontecer no Brasil – ainda que de forma mais lenta, devido ao alto

índice de analfabetismo, baixa concentração urbana e demais aspectos sócio-econômicos e

culturais – a partir do século XIX, tendo como marco a vinda da família real em 1808. Na

prática, em termos urbanos e públicos, só vai ser possível falar em consumo e crítica

cultural boas décadas mais tarde. Ou, para ser mais exato, a partir das últimas décadas

daquele século. E, de modo mais significativo, a partir dos anos 19302.

1 Este texto é parte de um capítulo da tese de doutorado “Interesses cruzados: a produção da cultura no jornalismo brasileiro” (defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos/RS), que discute as principais transformações históricas no jornalismo cultural. A discussão deste paper, contudo, concentra-se apenas no período que vai de 1808 ao término da Segunda Guerra e início dos anos 1950.2 Mesmo diante de análises diferenciadas entre historiadores sobre as etapas da profissionalização da imprensa brasileira, o jornalista Mário Pontes, ex-editor do suplemento Livros/Jornal do Brasil (em entrevista exclusiva para esta pesquisa, em 30/08/2001), é categórico em afirmar que até os anos 1930 praticamente não existia cobertura sistemática da área cultural no Brasil. “Não havia nenhum suplemento literário no Brasil. Você tinha espaço nas páginas dos jornais dedicados à literatura, que tanto podia entrar numa página, aqui ou lá”, explica.

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Em outros termos, pode-se pensar então que os modos como a cultura passa a ser

‘representada’ (tematizada, produzida e veiculada) nos diários impressos é simultâneo, e

diretamente ligado, ao papel de ‘agente’ integrado e instituinte que a imprensa vai

participando dos processos de construção cotidiana das relações que vão formando o campo

cultural. Daí a pertinência de situar historicamente a formação e ‘evolução’ da indústria

cultural no Brasil, associando-a aos momentos e situações mais importantes em que a

cultura adquire o status de interesse e, na mesma proporção em que vai se tornando tema de

informação pública, projeta e fortalece o próprio setor cultural no País. Embora esse

fortalecimento não seja linear, imediato e tampouco previsível, o que se dizer é que o

desenvolvimento é também co-responsável pela instituição do campo cultural e, dessa

forma, também se legitima em torno dos demais setores da emergente da vida social.

Discutir a maneira como esse produto (jornalismo voltado ao universo cultural)

chegou ao modo como hoje é ‘editado’ no País (em forma de cadernos diários) implica em

compreender o fortalecimento do campo cultural e mesmo a formação de um público

consumidor de cultura. Não se trata, portanto, de construir uma história da cultura

brasileira, mas destacar momentos importantes em que produções, fatos e situações

culturais passam a ocupar as páginas dos diários impressos, em forma de notícia, pelo

interesse, tematização e agendamento público, forjando uma legitimidade pública que

também se institui pela ação da imprensa.

O interesse pela história se justifica, assim, pela tentativa de situar os modos como o

jornalismo cultural brasileiro contemporâneo vai, gradativamente, participando da

formação do próprio campo cultural, não necessariamente de forma dependente, mas

instituindo práticas discursivas que imprimem reconhecimento, adesão ou mesmo

fortalecimento das mais diversas ações, iniciativas e relações que integram o setor cultural.

Oportuno lembrar que essa mesma perspectiva está diretamente associada à

perspectiva de compreensão do jornalismo como campo polêmico (MOUILLAUD, 1997) e,

pois, instituinte da realidade social. Pode-se entender, assim, que a produção jornalística

cotidiana traduz-se em uma (ou mais) representação social da realidade, que constrói e

trans-porta um ‘mundo possível’ (ALSINA, 1989: 185). Pondere-se que a indústria cultural,

embora o conceito perpasse os processos produtivos de informação na contemporaneidade,

não configura o objeto deste estudo. Por isso mesmo, a problematização da indústria

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cultural é feita de uma maneira tangencial, mas necessária ao longo desta pesquisa. Dessa

forma, é oportuno ter presente a noção de indústria cultural que, inevitavelmente, passa

pelas contribuições já desenvolvidas por pensadores da Escola de Frankfurt, em especial de

Theodor Adorno e M. Horkheimer (1985).

Da formação industrial ao agendamento jornalístico do campo cultural brasileiro

Hábitos, valores e comportamentos passam a ser situações (mais) aceitáveis na

mídia brasileira, e aparecem de modo mais sistemático, na mesma proporção em que a

indústria cultural registra seu fortalecimento, proliferação e aceitabilidade junto ao

crescente – embora nem sempre tão ‘massivo’ – público consumidor no País.

A emergência da modernidade (na perspectiva do que se entende como

‘esclarecimento’ iluminista) também propicia o surgimento gradual do que se passou a

denominar de sociedade administrada – por um “mundo sistêmico” que, cada vez mais,

interfere e contagia o mundo da vida cotidiana (HABERMAS, 1989 e 1990).

É nessa perspectiva que, aos poucos, se consolida a idéia e a própria existência da

indústria cultural. Aquilo que, em momentos anteriores, configurava-se apenas como

expressão artística ou manifestação cultural (identitária, em muitos casos, na medida em

que integrava os modos de pensar e agir dos indivíduos que se deslocavam em um mesmo

espaço geográfico e temporal), passa a ser regido por lógicas externas, determinadas pelas

relações de mercado e por formas de organização da vida social (administrativa e

racionalizada).

Muitas atividades que, até então, estavam também associadas à reflexividade

cotidiana, ao lazer e à sociabilidade, começam a funcionar com base e orientação

controlada como ‘intervalos’ necessários à manutenção do trabalho integrado no processo

produtivo dos novos (e cada vez mais abrangentes) mercados. Como se sabe, essas

avaliações – obviamente em outros termos e com a originalidade que as caracterizaram –

foram desenvolvidas por vários pensadores e críticos da Escola de Frankfurt3.

Mas, efetivamente, quando e como esse fortalecimento jornalístico (instituinte) do

campo cultural acontece no Brasil? Algumas referências ajudam a contextualizar a história

3 A referência a estes velhos e eficientes discursos sobre o assunto se justifica, assim, pela busca de reflexões capazes de pensar as formas e relações com as quais a cultura passa a ser e, ainda hoje, é jornalisticamente produzida pelos principais diários do País.

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da indústrial cultural no País, com ênfase nos setores da produção da notícia e, pois, como

essa mesma segmentação do mercado vai, algumas décadas mais tarde, forjar condições

para que esse setor cultural passe a ser discutido e abordado como notícia, serviço ou

agenda, tendo por referência produtos, eventos e demais atividades que formam o campo

cultural no Brasil contemporâneo.

Alguns autores discutem a formação da indústria cultural no Brasil, a partir da

comercialização de produtos dirigidos ao consumo. É o que faz José Ramos Tinhorão com

sua História da Música Popular Brasileira, Márcia Tosta Dias com Os donos da voz (que

aborda a indústria fonográfica brasileira), Gisela Goldenstein com seu estudo sobre a

passagem Do jornalismo político à indústria cultural no País, Nicolau Sevcenko

problematizando as tensões sociais e as criações artístico-culturais na Primeira República

(Literatura como missão), Heloisa de Faria Cruz quando discute o embricamento da vida

urbana, cultura e periodismo na capital paulista da virada do século XIX/XX (São Paulo em

papel e tinta), além de vários outros ensaios e pesquisas sobre a introdução e

comercialização do cinema, rádio, televisão, dentre outros espaços e formas de produção da

cultura para consumo generalizado.

Mesmo com a existência de fatos isolados ou eventuais, registrados bem antes ou já

nos primeiros séculos do Brasil-Colônia, pode-se dizer que de maneira mais sistemática e

periódica é apenas a partir de meados do século XIX que o setor cultural do País é objeto de

interesse público, debate e agenda, por parte dos meios de comunicação.

Luiz Roberto Lopez (1995) diz que, do ponto de vista cultural, a formação histórica

brasileira vai acontecer a partir da vinda de D. João, fato esse que significou a

modernização do Rio de Janeiro – então capital da Colônia desde 1763, substituindo

Salvador, por decisão do Marquês de Pombal. “Desenvolveu-se então uma cultura laica,

mundana, cortesã e aristocrática” (LOPES, 1995: 14).

Assim, segundo o historiador, o Rio de Janeiro se torna o centro irradiador das

tendências neoclássicas da pintura brasileira do século XIX, além da referência cultural

urbana, tal como ocorreu na arquitetura e na escultura onde o estilo dominante no período

imperial foi o neoclassicismo formalista e convencional, calcado em modelos greco-

romanos (1995: 30). Aliado ao surgimento das escolas, academias, faculdades, imprensa

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régia e biblioteca pública, o Rio de Janeiro vai se constituindo como o principal centro

urbano, artístico e cultural ao longo do século XIX.

Claro que, na época (de meados até as últimas décadas do século XIX), a realidade

brasileira era muito desigual e, ainda, digamos, pouco estruturada em termos de

organização coletiva para se falar em ‘público urbano’4 potencialmente consumidor ou

capaz de sugerir demandas de produções culturais mais freqüentes e sistemáticas.

Naquele contexto, meados do século XIX, estima-se que a taxa de alfabetização no

Brasil era de 3%. Como pensar em cultura – produtos, consumo, acesso aos bens e

similares – nesse contexto? Guardadas as proporções, dá para se ter uma idéia da realidade

e também do que poderia representar a cultura, não é mesmo?

Nesse cenário, que se prolonga até as duas últimas décadas do século XIX, onde

também surgem três a quatro diários em São Paulo, o espaço que os poucos jornais vão

dedicar aos assuntos culturais – nomeadamente literários, com poesias, resenhas de alguns

livros publicados em Lisboa e Paris, além de novelas e contos – era veiculado nas edições

de fim de semana, buscando ampliar a influência junto aos alfabetizados, capazes de

envolver com isso alguns dos membros da família desses funcionários públicos, professores

e bacharéis que formavam a esfera ‘esclarecida’ das quatro principais cidades do País. A

presença de escritores nessas páginas vai ser visível, até porque a ausência de casas

editoriais forçava-os a ocupar as seções literárias das edições de final de semana dos diários

ou mesmo dos semanários e mensários que já circulavam em vários estados brasileiros.

É fundamental considerar, nessa tentativa de aproximação conceitual, o que

historicamente se entende por cultura no Brasil. Não se trata, obviamente, de esboçar

tratados históricos ou similiares, mas apenas de recolocar algumas referências para melhor

problematizar os modos como se pensa e faz jornalismo cultural no Brasil contemporâneo.

Como se sabe, o País só ‘ganha’ uma esfera efetivamente pública – onde se pode

debater e disputar a formação do imaginário coletivo, os hábitos, a ficção literária e o

cotidiano colonial – a partir ds primeiras décadas do século XIX. Mesmo que, até esse

momento, já existissem isoladas disputas que, em alguma proporção, deflagravam 4 É importante situar que em 1890 o Brasil tinha cerca de 14,3 milhões de habitantes que, já desde os anos 1870, crescia de forma acelerada principalmente com a rápida entrada de imigrantes europeus. Nos primeiros 50 anos do Império (1822/72), o número de brasileiros passa de 3 milhões, em 1822, para 10 milhões em 1872. Esse crescimento acelerado ocorreu, sobretudo, no campo e nas vila dependentes da agricultura. Apenas seis em cada 100 brasileiros (6%) viviam em cidades com mais de 50 mil habitantes (CALDEIRA, 1999: 228).

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movimentos de idéias e expressões sócio-artísticas, o surgimento mais efetivo e consistente

– ainda que insignificante, se considerado a média de habitantes – de uma esfera

propriamente cultural vai estar associada aos primeiros jornais (Correio Braziliense, em

1808 e, posteriormente, à independência brasileira da condição de colônia para o Império

em 1822).

Aliás, o controle político (ou, melhor, artístico e religioso que estavam subordinados

ao Império) estava ainda muito fechado ao alcance público da maioria da população.

“No século XVIII, o Brasil já tinha algumas cidades de maior porte e uma elite urbana capaz de consumir cultura. Já vimos que as tipografias não eram permitidas e que os estudos superiores só eram possíveis na Europa. As danças populares estavam sob suspeita e proibição, notadamente da Inquisição que para cá enviava os seus juízes-visitadores e comissários. Reisado, bumba-meu-boi, lundu e batuque eram vistos como indecências pagãs. Em 1792, o Rio de Janeiro tinha 216 botequins, 52 barbearias e uma livraria. Desde 1748, possuia um teatro. E, desde 1752, uma Casa de Ópera. De resto, também o teatro se achava sob suspeita permanente de imoralidade. Por édito real, mulheres não podiam subir ao palco... A repressão cultural era direto resultado da sobrevivência de estruturas feudo-clericais medievalizantes num país que não chegara a formar uma sociedade burguesa, o que seria progressista para a época” (LOPEZ, 1994: 70).

Mas, nos primeiros anos da existência da Imprensa Régia, em 1812, também se

pode dizer que surge no País uma variação do jornalismo: a era das revistas. É nesse ano

que é lançada a primeira revista brasileira: As Variedades ou Ensaio de Literatura, editada

pelo português Diogo Soares da Silva Bívar, em Salvador. Um ano depois, em 1813, surge

a Segunda revista do País, com uma abordagem mais cultural: O Patriota, de Manuel

Ferreira de Araújo Guimarães.

É oportuno destacar que essa característica de ‘revista de variedades’ vai

influenciar, algumas décadas mais tarde, os diários a lançaram suplementos literários e de

variedades, onde curiosidades, notas sociais e afins vão dar o tom de ‘coluna’ e rechear as

páginas de final de semana (e, depois, diárias) de importantes publicações brasileiras.

Guardadas as proporções, pode-se dizer que as revistas brasileiras – em certa

medida ‘adaptadas’ dos modelos similares das publicações existentes na Europa em meados

do século XVII – já surgem com as características e tendências a explorar mais as

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ilustrações, artesanais obviamente, buscando tornar mais leve a estrutura do texto pesado

que domina os periódicos até as primeiras décadas do século XX.

Enquanto os jornais circulavam basicamente com textos, as revistas apostavam mais

em desenhos das cenas descritas nos ainda pequenos textos jornalísticos veiculados nas

mesmas. Valem como exemplo os desenhos dos conflitos policiais, registrados nas crônicas

e nos relatos da revolta da vacina, de 1904, que a Revista da Semana (RJ), publicava com

freqüência e criatividade. Há que se considerar, obviamente, que as imagens fotográficas

editadas nessa época eram muitas vezes de simulações produzidas em laboratórios

fotográficos, com base nos depoimentos e textos elaborados.

Entretanto, nas páginas das revistas, o gênero reportagem – voltado aos mais

diversos setores sociais, que nos jornais já ocupava as páginas desde o final do século

anterior – vai conquistar espaço e adquirir notoriedade a partir da criação da revista O

Cruzeiro, em 1928, por Assis Chateaubriand. E, mais tarde, também através da Realidade,

que circulou entre 1966 e 1976 (FARO, 1999: 13). Ao mesmo tempo, o uso da imagem

ganha espaço com mais rapidez nas revistas: a partir do início dos anos 1920, primeiro de

modo mais acentuado nas revistas e, em meados da mesma década, também nos jornais

impressos, as imagens passam a fazer parte da produção jornalística brasileira e adquirem

grande influência e efeito editorial no País.

A revista vai, dessa forma e gradualmente, adquirindo um espaço próprio e

igualmente dirigido aos mais diversos segmentos do público brasileiro. Na área cultural a

produção editorial, seja voltada ao cinema, música, literatura, teatro, artes plásticas ou

dança, dentre outros aspectos e setores da indústria cultural contemporânea, tem sido uma

constante ao longo do século XX, muitas vezes com alcance regional, algumas nacionais,

com periodicidade não definida, mas igualmente importantes no fortalecimento e busca de

conquista de um público e mercado nem sempre delineado e estatisticamente ampliado no

cenário nacional.

É oportuno lembrar que o humor, a publicidade, a cultura do rádio, a poesia e

mesmo o conto também tiveram – e, em alguns casos, têm – publicações específicas e

dirigidas, com reconhecida contribuição e impacto no setor cultural brasileiro. Isso, sem

dúvida, tem validade e importância ao longo dessa história do País e, claro, hoje, com a

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tendência e crescimento da segmentação do mercado, com importância cada vez mais forte,

dirigida e reconhecida pelo respectivo público-alvo.

Pistas para compreender a formação cultural pela influência do jornalismo

Mesmo não tendo uma data específica ou pontual, pode-se dizer que é a partir de

meados do século XIX que o jornalismo brasileiro, notadamente político até então, começa

a ceder espaço para uma ação mais ou também cultural, por meio do debate e agendamento

– aqui compreendido, ainda, na maior parte dos casos em sua expressão literária. É,

digamos, o momento em que o jornalismo passa a adquirir uma perspectiva já comum nos

similares europeus, configurando uma certa confluência centrada no tripé

política/economia/variedades.

Até o início do século XX, imprensa e literatura ainda se confundem, numa

abordagem miscigenada ou ‘literatice’, como diz Sodré (1999: 288) – com apoio de

intelectuais que continuam mais voltados para a Europa do que ao lugar de onde escrevem.

Apesar de a realidade cultural na capital, em plena virada de século, não ser das mais

animadoras, o jornal apresenta-se como uma opção de manifestação e acesso cultural. A

conhecida dificuldade dos escritores para publicar seus trabalhos entre o final do século

XIX e início do XX pode ser bem ilustrada pelo caso de Lima Barreto que, em 1909,

precisou abrir mão de seus direitos autorais para publicar Recordações do Escrivão Isaías

Caminha, em Lisboa. Issso porque, no Brasil, o autor não encontrou nenhuma editora

interessada (SODRÉ, 1999).

Em função dessas e outras dificuldades, ao que se associa à pequena faixa de

público consumidor no Brasil da época, “os homens de letras buscavam encontrar no jornal

o que não encontravam no livro: notoriedade, em primeiro lugar; um pouco de dinheiro, se

possível” (SODRÉ, 1999: 292).

A história de como a cultura passou a adquirir mais importância e, assim, também

conquista um status de sistemática noticiabilidade, debate e agendamento nos jornais

diários no Brasil não poderia ignorar um importante periódico que marcou época na

imprensa brasileira: o Correio da Manhã (que circulou de 1901 até 1974), como um dos

mais prestigiados espaços de mídia impressa do País. Desde seu surgimento, o Correio

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circulou com seções voltadas ao campo cultural, como a ‘Letras de artes’, ‘Teatro’ e outros

eventuais setores destacados.(ANDRADE, 1991: 369).

Essa mesma trajetória de como o campo cultural vai conquistando espaço e interesse

público, também por meio dos jornais brasileiros, está associada, por um lado, a uma certa

fragilidade da sociedade civil e, por um lado, à incipiente urbanização com crescente

exclusão cultural. No início dos anos 1920, a cidade do Rio de Janeiro tinha 13 cinemas,

vários teatros, além das festas populares e das diversas praias que, a partir das primeiras

décadas do século XX, começavam a ser exploradas como espaço de lazer na cidade

(BRANDÃO, 2003: 25). Esse circuito cultural e de lazer, entretanto, já não estava ao pleno

alcance de boa parte dos moradores da capital federal. Até porque, como indica história do

Brasil, a criação da indústria e mercado de consumo está associada ao processo de

urbanização emergente do público potencialmente consumidor só a partir do início do

século XX.

Alguns décadas depois, com o término da Segunda Guerra, o Brasil enfrenta outro

momento político que interfere, como seria de supor, também na esfera cultural. Nas

palavras de José Ramos Tinhorão (1998: 307), com o advento das importações, “a massa

urbana atirou-se às compras que lhe conferiam a desejada modernidade pelo uso de óculos

ray-ban, de calças blue jeans, pelo consumo de whisky, pela busca de diversão em locais

sombrios e fechados (boites) e, naturalmente, pela adesão à música das orquestras

internacionais que divulgavam os ritmos da moda feitos para dançar, como o fox-blue, o

bolero, o be-bop, calipso e, afinal, a partir da década de 1950, do ainda mais movimentado

rock’n roll”.

Pode-se dizer também que essa realidade não vai registrar significativas alterações

sociais até a última década do século (XIX). Situação essa que, inevitavelmente, refletia e,

pois, (com) formava a própria realidade do setor cultural5.

O gradual fortalecimento dos centros urbanos do País, aliado ao surgimento de

emergentes camadas sociais, contribui para essa realidade, possibilitando que, poucas

décadas mais tarde, alguns intelectuais reproduzissem os movimentos literários europeus:

da poesia parnasiana, passando pela fase romântica, bem como a tendência realista que,

aqui, adquire entonações específicas e próprias do cenário nacional.

5 “Os próprios jornais não têm circulação, os que se publicam nessa capital de um milhão de almas, reunidos, não dão uma tiragem de 50.000 exemplares” (Samuel de Oliveira, apud Sevcenko, 1999: 89).

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É desse modo que, no final do século XIX, os jornais brasileiros passam a exercer

maior influência, junto aos seus leitores, através do folhetim-novelesco que acompanha as

edições periodísticas (é, aliás, uma das marcas do jornalismo que vai existir, em meio aos

embates políticos que vão orientar os diários do País, ao longo de algumas décadas, e

seguramente até os anos 1930/40). Assim como havia acontecido em vários países

europeus, algumas décadas antes, o Brasil passa, nos últimos anos do século XIX, a gerar

novas ocupações aos poetas e escritores nos emergentes periódicos nacionais. De um modo

freqüente, ou mais sistemático, é possível falar então de jornalismo cultural: ainda que de

maneira incipiente, talvez frágil e, mesmo, pouco especializada.

Mas, se nessa época os jornais impressos do País se ocupam basicamente das

disputas políticas, o restrito cenário cultural também vai forjar espaço nas revistas de

variedades, anúncios e colunas sociais, inicialmente mais preocupadas em ‘oficiar’ e

veicular intrigas, visitas ou aparições públicas de algumas poucas famílias oligarcas das

principais cidades brasileiras que dispunham de uma estrutura e público minimamente

alfabetizado para garantir a manutenção de um hebdomadário.

De toda forma, até o início do século XX, pode-se dizer que vários dos veículos

(revistas e variedades), que tematizam basicamente questões literárias, com rápidas notícias

e notas de entretenimento, circulam aos domingos tornando-se ‘leitura domingueira’. Aliás,

os jornais semanais – que ainda hoje percorrem os bairros ou pequenas cidades e povoados

desse País – parecem manter essa característica, circulando fundamentalmente aos finais de

semana, com várias dessas mesmas questões em pauta. Além disso, observe-se que as

edições dominicais – seja como proposta de lazer, programa televisivo, agenda social,

dentre outros encartes de inúmeros impressos editados no Brasil – também preservam

características similares.

O Jornalismo como integração e fortalecimento da vida cultural

Em estudo sobre a imprensa nas primeiras décadas do século XX, Karina Janz

Woitowicz (2003) apresenta algumas pistas que podem indicar o modo como a cultura

agendada e construída com e pela ação dos diários, a partir do estudo de caso do jornal mais

importante que circulava na capital paranaense (por volta de 1912-16).

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É a partir do final do século XIX que a introdução de rotativas, linotipos e bobinas

de papel, aliado ao formato standard que ganha adesão, os jornais também passam a

assumir características mais empresariais, aumentam as tiragens e modificam assim o

próprio processo de trabalho e estilos de redação, adotando mais habitualmente a forma de

‘notícia literária’ (que tem seu auge entre as décadas de 1890 e 1920), prioriza-se o debate

em torno de assuntos atuais e, simultaneamente, desamarra-se dos compromissos político-

doutrinários que marcam a imprensa brasileira até a entrada do período republicano.

No menu dos jornais, a literatura também não podia faltar, lembra Karina

Woitowicz (2003:18): “vinha sob a forma de textos avulsos, em verso e prosa, ou de

folhetins que se revelaram uma verdadeira febre na imprensa nacional”. Ao discutir o modo

como a mídia impressa se articula, Karina Janz aborda o que se denomina de um fazer

discursivo, onde “o jornal vai dizendo (e, de certo modo, também fazendo) a cidade”.

O início do século XX também pode ser compreendido a partir dos textos de João

do Rio6. É, aliás, nesse momento (entre os últimos anos do século XIX e o início da

primeira década do século XX), que o clima da boemia marcou o circuito intelectual da

vida urbana na então capital federal. “Viver a literatura talvez seja a frase que melhor

defina estes intelectuais boêmios” (BRANDÃO, 2003: 75) que fizeram a história da época.

A imprensa passa, aos poucos, a fazer o que efetivamente vai ser entendido como

uma “cobertura da vida cotidiana” de forma mais sistemática, impulsionado por

simultâneas mudanças e profissionalização nas redações (o jornalismo começa então a

deixar de ser um bico), em que a chamada imprensa de artigos e ensaios político-partidários

começa a ceder espaço às crônicas e matérias mais jornalísticas que falam da cidade, dos

problemas sociais, das reclamações populares etc. A crônica de João do Rio – que também

abre caminho para um jornalismo de reportagem e mais investigativo e não apenas oficial –

ilustra, desse modo, uma importante passagem e mudança do olhar da imprensa brasileira

sobre a sociedade.

Esse cenário, entretanto, vai registrar uma importante mudança a partir da

emergência de um novo meio de comunicação: o rádio. A partir da Era do Rádio começam,

ainda que de modo incipiente, a surgir novas demandas por serviços/variedades e uma

informação mais voltada ao interesse do campo cultural (seja pela curiosidade e mistério

6 Pseudônimo de Paulo Barreto (que foi jornalista, teatrólogo e cronista), João do Rio fala do Rio de Janeiro a partir da vida e de situações do cotidiano da já população que não tinha acesso aos serviços e bens culturais.

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em torno da vida do artista do rádio-teatro, da voz do locutor que chegava ao lar dos

ouvintes, dos mecanismos de produção de som ou das promessas que o áudio lançava aos

possíveis consumidores, chamando-os para adquirir determinado produto ou afim).

Numa perspectiva crítica, já discutida por pensadores da Escola de Frankfurt (em

especial Adorno e Horkheimer), Gisela Taschner (1992: 18) diz que a noção de indústria

cultural refere-se a um

“conjunto de complexos empresariais, altamente concentrados do ponto de vista técnico e contralizados do ponto de vista do capital, que produzem e distribuem em grande escala, empregando métodos muitas vezes (mas nem sempre) marcados por um alto grau de divisão do trabalho, baseado em fórmulas, e tendo em vista a rentabilidade econômica, objetos culturais”.

Na esteira do que diz a bibliografia corrente da história do Brasil, a partir do final

do século XIX, no auge da economia cafeeira, os excedentes da produção agro-exportadora

possibilitam a gradativa industrialização por meio da diversificação dos investimentos.

Aliado ao rápido crescimento urbano e industrial da capital paulista, o setor cafeeiro

começa registrar a crise (pós-Primeira Guerra) que vai culminar no final dos anos 1920. A

mesma crise, aliás, que possibilita o rompimento da política café-com-leite e cria as bases

para a era industrialista a partir da década de 1930.

No cenário cultural, os anos 1920 registram significativas transformações, como a

Semana de Arte Moderna (1922), além de outros movimentos e atividades artístico-

culturais e intelectuais, como é o caso da Escola Nova, que influenciam nos rumos da

reforma do ensino, dentre outras iniciativas.

Assim, aliado a esses aspectos, poder-se-ia pensar que, de fato, a imprensa ainda iria

demorar mais alguns anos para registrar sua efetiva industrialização, na forma capitalita de

organização (explorando o caráter mercantil da notícia), na própria compreensão do

trabalho jornalístico em seu valor de troca e também na perspectiva da indústria cultural, na

perspectiva de veiculação de massa e, simultaneamente, segmentada.

Como se sabe, alguns fatores históricos dificultaram o fortalecimento do campo

cultural, como revelam os dados referentes à formação de um público leitor. É o caso do

baixo índice de escolarização e do alto percentual de alfabetização no Brasil: em torno de

84% da população em 1890, 75% em 1920 e de 57% da população em 1940 (ORTIZ, 1995:

28).

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É, aliás, na virada da década de 1920/30 que “a diversão, as artes e o lazer começam

a romper os domínios da produção ‘caseira’ para adquirir o status de bens de consumo”

(GAMA, 1998: 39). Impulsionado pelo crescimento urbano, especialmente em São Paulo,

“as camadas médias se diferenciam e adquirem um poder maior de compra. A política

nacionalista do período getulista, a valorização do regionalismo e o recente aparecimento

do rádio – de válvulas elétricas – como principal veículo de comunicação trazem uma

divulgação maior das músicas carioca e nordestina e da viola caipira”. Paralelamente, “a

partir dos anos 30, a música caipira passa a ser gravada em discos”. Contudo, “ao lado da

divulgação mais ampla da música brasileira, a americana e a latina vão ocupando espaço

nos ouvidos locais” (GAMA, 1998: 42).

Nesse contexto, pode-se entender porque, até 1930, a produção e o comércio de

livros configurava um mercado bastante frágil em nível nacional, com baixas tiragens,

poucos títulos e a própria ausência do hábito de leitura, capaz de impulsionar uma maior

produção e circulação literária.

Assim, o País só começa a forjar um fortalecimento dos setores mais esclarecidos

que buscam informação, lazer e cultura a partir dos anos 1930, quando a urbanização se

fortalece e passa a criar demandas por novos espaços públicos. É, simultaneamente, a partir

dos anos trinta que também surgem as primeiras universidades no País. E, como se pode

verificar, a Era do Rádio contribui nesse momento para com a formação de novos leitores,

que desejavam saber mais do rádio-teatro, programas de auditório, curiosidades sobre a

vida dos artistas e, fundamentalmente, gerando emergentes setores dispostos ao consumo

musical.

É importante situar o contexto cultural no período do governo Getúlio Vargas (que

começa em 1930 e se prolonga até 1945). Durante o Estado Novo (que ganhou forma e

estrutura com o golpe de 1937), o rádio vai desempenhar um papel importante, seja pelas

dimensões geográficas do país ou em função dos altos índices de analfabetismo (56,4% da

população adulta em 1940), em especial na execução da propaganda oficial.

Sob uma estrutura política ditatorial ausente de representação partidária e

parlamentar eletiva, o governo Vargas cria, em 1939, um dos mais centralizadores órgãos

de comunicação de se tem notícia na história brasileira: o DIP (Departamento de Imprensa

e Propaganda) que vai “centralizar, coordenar e superintender a propaganda nacional”.

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No processo de difusão da ‘cultura do samba’, que se desenvolve basicamente na

capital federal, a Rádio Nacional – incorporada ao patrimônio da União em 1940 – vai

exercer importante papel e, ao mesmo tempo, fortalecer a cultura radiofônica sustentada

num projeto de integração da vida nacional. “A programação da Rádio Nacional torna-se

uma espécie de ‘padrão musical da metrópole’, ao qual os compositores das diversas

regiões do país podiam se reportar em suas produções” (JANK, 1994).

Ao seu modo, e de uma forma até retraída politicamente, a imprensa – através da

aproximação de escritores com o espaço jornal, em vários diários, revistas e mesmo

periódicos especializados existentes no País – possibilita a existência de um circuito de

críticos literários, de teatro, artes ou mesmo de cinema.

Pela avaliação de Renato Ortiz (1995: 38), “é somente na década de 40 que se pode

considerar seriamente a presença de uma série de atividades vinculadas a uma cultura

popular de massa no Brasil”. Isso porque uma das condições para atingir esse estágio é a

existência de uma sociedade urbano-industrial7, o que só se pode considerar como realidade

no Brasil a partir da década de 1940, em especial após a Segunda Guerra Mundial.

As demandas de um consumo cultural, contudo, vão encontrar projeções nas

próprias condições técnicas e de fortalecimento do mercado brasileiro associado ao

processo de urbanização e de desenvolvimento industrial. Assim, se “os anos 40 e 50

podem ser considerados como momentos de incipiência de uma sociedade de consumo”, o

período de 1960/70 se define pela consolidação de um mercado de bens culturais (ORTIZ,

1995: 113).

Enfim, pode-se dizer que a história do desenvolvimento e construção do espaço hoje

ocupado pela mídia em muito se deve à presença simultânea que os meios impressos foram

marcando ao longo do surgimento das principais cidades brasileiras. Por um lado, devido à

ausência de um projeto público de educação/cultura etc e, por outro, pela própria formação

excludente que o País forjou em suas relações econômicas escravistas e desiguais no que

diz respeito aos bens (e produtos) culturais existentes. Afinal, o fortalecimento do mercado

cultural não ocorre de forma isolada ou pontual, mas integrada a outros modos de

proliferação da lógica do consumo da indústria.7 Oportuno lembrar que até 1946 o Brasil não tinha nenhum periódico com tiragem superior a 200 mil exemplares. Nesse mesmo período, o mercado livreiro, que até então parecia muito tímido, também registra uma significativa expansão, com um crescimento de 46,6% entre 1936-44 e de 31% entre 1944-48 (ORTIZ, 1995: 43).

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É, assim, a partir do pós-guerra, e em especial nos anos 1950, que acontecem as

reformas gráfica e editorial em alguns importantes diários do País que irão, posteriormente,

nortear algumas das transformações na cobertura e ação jornalística no campo cultural, num

processo muito próximo e, em certo sentido, impulsionado pela industrialização econômica

brasileira, surgimento da televisão, profissionalização das agências publicitárias e das

escolas de comunicação.

É, pois, na perspectiva de industrialização da cultura que se pode encontrar

elementos para traçar uma história do jornalismo cultural que, ao longo desse processo de

fortalecimento e autonomização dos espaços midiáticos, também foi criando as condições

e, de algum modo, impulsionando demandas sociais (e de mercado) por produtos

igualmente setorizados e não necessariamente especializados. Em outros termos, um fazer

jornalístico que participa – por vezes em menor e em outros momentos de forma mais

atuante e efetiva – da instituição cotidiana das relações e fatos que integram o campo

cultural. Mas, essas transformações do campo cultural brasileiro – e, pois, também da

imprensa – podem ser discutidas em outro momento e texto.

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